Lembrando a aula anterior: Qual era a questão central texto de Oliveira Vianna? Qual era o papel das 3 raças? E qual seria a solução para a questão Racial do Brasil? Interpretações do Brasil O paradigma Culturalista entre os pensadores do Brasil 'Abaporu'-1928 Tarsila do Amaral Interpretações do Brasil Franz Boas (1858, Alemanha - 1942, EUA) Imigrou para os EUA em 1886 Físico e geógrafo (Se tornou antropólogo após uma expedição a Baffin Land, em 1883, onde conviveu com os esquimós) 1º a apontar as falhas do evolucionismo, em “As limitações do método comparativo” (1896) Criador do culturalismo e responsável pela formação de antropólogos como Edward Sapir, Ruth Benedict, Margareth Mead, Linton, Gilberto Freyre, etc. Interpretações do Brasil “Sou agora um verdadeiro esquimó. Vivo como eles, caço com eles e faço parte dos homens de Anarnitung”. • “Freqüentemente me pergunto que vantagens nossa ‘boa sociedade’ possui sobre aquela dos ‘selvagens’ e descubro, quanto mais vejo de seus costumes, que não temos o direito de olhá-los de cima para baixo. [...]” • “Creio que, se esta viagem tem para mim (como ser pensante) uma influência valiosa, ela reside no fortalecimento do ponto de vista da relatividade de toda formação, e que a maldade, bem como o valor de uma pessoa, residem na formação do coração , que eu encontro, ou não, tanto aqui quanto entre nós.” (Trechos do diário de campo de Boas, durante sua estada na ilha de Baffin, Canadá, entre 1883 e 1884) Interpretações do Brasil Franz Boas (1858, Alemanha - 1942, EUA) Categorias propostas História particular de cada povo (cultura deve ser compreendida no seu particular, como produto de sua própria história, de suas condições ambientais e de seus processos psicológicos, não como um programa fixo, obedecendo a um curso único da humanidade, conforme os evolucionistas). Idéias centrais do autor Seu relativismo cultural é embasado na necessidade de maior cuidado metodológico na comparabilidade. RELATIVISMO METODOLÓGICO: Contingência histórica dos valores que guiam nossa percepção do mundo Diversidade de culturas cada ser humano percebe o mundo (não existe desenvolvimento único e linear, mas do ponto de vista da cultura em que cresceu: uma pluralidade de culturas. Os traços de cada “Estamos acorrentados aos grilhões da tradição” cultura deveriam ser investigados nos seus próprios termos, como parte de uma totalidade coerente) . => Não aceita determinismos biológicos, geográficos ou psiciológicos Interpretações do Brasil Franz Boas “Raça e progresso” – conferência proferida em 1931 Crítica vigorosa às teorias racistas que dominavam entre os intelectuais e o senso comum “(...) o ambiente cultural é o mais importante fator para determinar os testes de inteligência” pág 80 “ Acredito que o estado atual de nosso conhecimento nos autoriza a dizer que, embora os indivíduos difiram, as diferenças entre as raças são pequenas. Não há razão para acreditar que uma raça seja naturalmente mais inteligente, dotada de grande força de vontade, ou emocionalmente mais estável do que outra, e que essa diferença iria influenciar significativamente sua cultura (...) Biologicamente não há razão para se opor à endogenia em grupos saudáveis, nem à mistura das principais raças” pág 82 “(...) Discordo de sir Arthur Keith, a quem se atribui a afirmação (...) de que ´a natureza implantou em vocês a antipatia e o preconceito raciais para cumprir sua própria finalidade – o aperfeiçoamento da humanidade por meio da diferenciação racial´. Eu o desafio a provar que antipatia racial é ´implantada pela natureza´, e não o efeito de causas sociais atuantes em todo grupo social fechado, não importando se ele seja racialmente heterogêneo ou homogêneos” pág 85 Interpretações do Brasil Gilberto Freyre Forte influência de Boas em sua produção, desde o lançamento de Casa Grande & Senzala em 1933 Com o professor Boas, diz ele, “aprendi a considerar fundamental a diferença entre raça e cultura.” O efeito de tal influência é declamado em versos por Manoel Bandeira em 1949 “Essa história de raça, Raças más, raças boas -Diz o Boas – É coisa que passou Com o franciú Gobineau Pois o mal do mestiço Não está nisso Está em causas sociais De higiene e outras que tais Assim pensa, assim fala Casa Grande & Senzala” Interpretações do Brasil O teu cabelo não nega, mulata Porque és mulata na cor Mas como a cor não pega, mulata Mulata eu quero teu amor Lan Tens um sabor, bem do Brasil Tens a alma cor de anil Mulata, mulatinha meu amor Fui nomeado teu tenente interventor Quem te inventou meu pancadão Teve uma consagração A lua te invejando fez careta Porque mulata tu não és deste planeta “O teu cabelo não nega mulata” (Lamartine Babo e dos irmãos Valença). Marchinha lançada no carnaval de 1932. Quando meu bem vieste à Terra Portugal declarou guerra A concorrência então foi colossal Vasco da Gama contra o Batalhão Naval Interpretações do Brasil Exercício A partir da leitura dos fragmentos de Macunaíma , publicado por Mário de Andrade, em 1928; da crônica “A dança no Rio de Janeiro”, que saiu em 1906 na Revista Kósmos escrita por Olavo Bilac, sob o pseudônimo de Fantasio e da letra da marchinha de carnaval “O teu cabelo não nega mulata” de Lamartine Babo e dos irmãos Valença, de Recife, lançada no carnaval de 1932, discutam em grupo de 4 pessoas, os seguintes pontos: a) Como a literatura e a música estão se apropriando do conceito de raça em cada um dos exemplos? Em que aspectos os exemplos se afastam e se aproximam? b) Como vocês relacionariam cada um dos exemplos ao pensamento de Von Martius, Nina Rodrigues e Oliveira Vianna? É possível fazer alguma relação com eles? Interpretações do Brasil