1 DESENVOLVIMENTO HUMANO E ACESSO AO TRABALHO: UMA ANÁLISE PARA OS MUNICÍPIOS DA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL O presente trabalho, “resultado de pesquisa concluída”, foi elaborado para ser apresentado no XXIX Congresso da Associação Latinoamericana de Sociologia, realizado em Santiago, Chile, de 29 de Setembro a 04 de Outubro de 2013. Luiz Eduardo de Vasconcelos Rocha Professor Associado do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal de São João del Rei - UFSJ [email protected] Marcos Santos de Oliveira Professor Adjunto do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade Federal de São João del Rei - UFSJ [email protected] Janaina Teodoro Guiginski Mestranda do Curso de Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG [email protected] Resumo: O trabalho, através do Índice de Desenvolvimento da Família (IDF), analisa comparativamente o desenvolvimento humano dos municípios da Região Nordeste do Brasil, utilizando como fonte de dados os Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010. O Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) é um indicador multidimensional, composto por seis dimensões relacionadas à habitação, desenvolvimento infantil, recursos, acesso ao trabalho, acesso ao conhecimento e ausência de vulnerabilidade. Por meio da estimação do IDF, desenvolveu-se duas análises. A primeira buscou descrever o perfil socioeconômico das famílias da região Nordeste do Brasil e a segunda estimou a influência do acesso ao conhecimento e da ausência de vulnerabilidade na probabilidade das famílias terem acesso ao trabalho. Palavras-chave: Desenvolvimento humano, Transição demográfica, Acesso ao trabalho. 1. Introdução Nas últimas décadas, a América Latina foi fortemente influenciada pelas trasformações no modo de produção capitalista e, também, pelas reformas neoliberais que resultaram no desmantelamento das incipientes “redes de seguridade” social. Além dessas transformações, no caso específico da sociedade brasileira, verificou-se também uma rápida “transição demográfica”, caracterizada por forte queda da fecundidade, decréscimo da mortalidade infantil e aumento da esperança de vida, levando a modificações na estrutura das famílias e na dinâmica dos arranjos domiciliares. A família, diante do quadro de recorrentes crises internacionais, com forte impacto no nível de emprego, e na ausência de políticas compensatórias, passou a ter o papel de minimizar os efeitos deletérios das crises através da solidariedade entre os seus membros. 2 Dentro deste contexto, o trabalho, a partir da metodologia proposta por Barros et. al. (2003), estima o Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) para os municípios da Região Nordeste do Brasil, utilizando como fonte de dados os Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010. O Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) é um indicador multidimensional, composto por seis dimensões relacionadas à habitação, desenvolvimento infantil, recursos, acesso ao trabalho, acesso ao conhecimento e ausência de vulnerabilidade. Cada dimensão representa, em parte, o acesso aos meios necessários para as famílias satisfazerem suas necessidades e, em outra parte, a consecução de fins, ou seja, a satisfação efetiva de tais necessidades. Por meio da estimação do IDF, o trabalho desenvolve duas análises. A primeira busca descrever o perfil socioeconômico das famílias da região Nordeste do Brasil, para os anos de 1991, 2000 e 2010, utilizando a Análise Exploratória de Dados Espaciais (AEDE) para determinar o relacionamento e a distribuição do IDF e de suas dimensões entre os municípios da região, identificando os efeitos de dependência e heterogeneidade espaciais. A segunda análise, ao assumir a premissa que a dimensão acesso ao trabalho representa a oportunidade das famílias utilizarem a sua capacidade produtiva e, através da renda, terem autonomia para a consecução dos fins do desenvolvimento, através do modelo de regressão beta (Ferrari e Cribari-Neto, 2004), estima, para os municípios da região nordeste, a influência do acesso ao conhecimento e da ausência de vulnerabilidade na probabilidade das famílias terem acesso ao trabalho. Além da presente introdução, o trabalho é constituído de mais quatro seções. A segunda seção descreve de forma sucinta a metodologia de cálculo do IDF, os método utilizados na análise espacial e o modelo de regressão beta. A terceira seção apresenta os resultados empíricos. E a quarta seção, a título de conclusão, traça alguns comentários. 2. METODOLOGIA Serão apresentadas, nesta seção, as dimensões, componentes e indicadores socioeconômicos que compõem o IDF e o cálculo utilizado para sua estimação. Em seguida, são apresentadas, de forma sucinta, as razões para a utilização da AEDE; e, por fim, descreve-se a especificação do modelo de regressão beta e a fonte dos dados utilizados na pesquisa. 2.1. Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) 2.1.1. Composição do IDF. O IDF, segundo a metodologia desenvolvida por Barros et. al. (2003), é composto por seis dimensões, quais sejam, a) ausência de vulnerabilidade, b) acesso ao conhecimento, c) acesso ao trabalho, d) disponibilidade de recurso, e) desenvolvimento infantil e f) condições habitacionais. “Cada uma dessas dimensões representa, em parte, o acesso aos meios necessários para as famílias satisfazerem suas necessidades e, em outra parte, a consecução de fins, ou seja, a satisfação efetiva de tais necessidades”. O diagrama, descrito na Figura 1, demonstra a inter-relação dessas dimensões, partindo daquelas mais relacionadas ao acesso a meios para concluir com as dimensões mais relacionadas com as consecuções de fins. As dimensões se desdobram em 24 componentes, constituídos de 43 indicadores socioeconômicos, descritos no Quadro A1, em anexo. O IDF, a título de exemplo, é calculado como se cada família respondesse sim ou não para cada um dos 43 indicadores. Cada sim é computado como algo positivo e aumenta a pontuação da família na direção de um maior nível de desenvolvimento humano. O IDF, 3 resultante desse questionário, pode variar entre zero (para aquelas famílias na pior situação possível) e um (para as famílias na melhor situação possível).1 Figura 1 - Dimensões do IDF Desenvolvimento infantil Ausência de vulnerabilidade Conhecimento Trabalho Disponibilidade de recursos Condições habitacionais Fonte: Barros et al. (2003). Apesar das inter-relações das dimensões, demonstradas no diagrama acima, com as setas indicando a direção da influência entre os meios e os fins do desenvolvimento, os autores fazem uma ressalva em relação à dimensão ausência de vulnerabilidade, que busca representar a necessidade de recursos adicionais de uma família compostas por idosos e crianças em relação a uma família padrão, não representando, portanto, segundo os autores, nem meio ou fim do desenvolvimento. Em uma visão distinta, a presente pesquisa pretende incorporar as inter-relações do diagrama, estimando, através da regressão beta, a influência da ausência de vulnerabilidade e do acesso ao conhecimento na probabilidade das famílias terem acesso ao trabalho. Além da clara relação do acesso ao conhecimento, embasada amplamente pela teoria do capital humano, a ausência da vulnerabilidade, ao representar a composição demográfica da família, no nosso entender, influencia no acesso ao trabalho pelas seguintes razões: i) na sociedade brasileira, onde ocorre uma rápida transição demográfica, a modernização da economia representou uma restrição às famílias com idosos e crianças, antes adaptada as condições da sociedade rural, ao acesso ao trabalho em uma economia urbana; ii) essas mudanças, tanto a transição demográfica quanto a modernização econômica, ocorrem de forma distintas entre regiões e grupos sociais, sendo assim, esperasse, segundo o grau de desenvolvimento regional, relações diferentes entre a estrutura demografica da familia e o acesso ao emprego. 2.1.2. Metodologia para o cálculo do IDF. O IDF, como já foi dito anteriormente, é um índice que procura sintetizar, em um único número, as informações de 6 dimensões, constituídas por 24 componentes e 43 indicadores socioeconômicos. Na sua construção, optou-se por tratar todas as dimensões e seus componentes de forma simétrica, mais especificamente atribuindo o mesmo peso: a) a todos os indicadores de cada componente de uma dimensão; b) a todos os componentes de uma dimensão; c) a cada uma das seis dimensões que compõem o IDF. Desta forma, admitindo que cada indicador varie entre 0 e 1, o indicador sintético fica definido a partir dos indicadores básicos através da seguinte equação: 1 1 1 .∑ S = .∑ .∑ BIJK (1) 6 K mK J nJK I 1 A escolha dos indicadores que compõem os índices sintéticos e os seus respectivos pesos não se trata de uma questão técnica, mas sim do juízo de valor do pesquisador, que deve refletir, nesta perspectiva, as preferências da sociedade. No presente trabalho, optamos por utilizar a mesma composição do IDF calculado por Barros et al. (2003) porque: (1) os indicadores representam com bastante propriedade as dimensões do nível de vida da família brasileira e (2) permitirá uma análise comparativa do IDF do presente trabalho com o índice calculado pelos autores para as grandes regiões do Brasil. 4 em que BIJK denota o i-ésimo indicador básico do j-ésimo componente da k-ésima dimensão, mK o número de componentes da k-ésima dimensão e nJK o número de indicadores do j-ésimo componente da k-ésima dimensão. 2.2 Análise exploratória de dados espaciais (AEDE) As AEDEs são úteis para estudar os diversos fenômenos entre regiões, dentre eles os socioeconômicos, levando-se em consideração o relacionamento e a distribuição dos dados no espaço. Essas análises, em geral, podem diagnosticar dois efeitos distintos: dependência e heterogeneidade espaciais. Para implementar a AEDE, serão utilizados a Autocorrelação Global Univariada, por meio do I de Moran que identifica a autocorrelação entre os indicadores de desenvolvimento, e também os LISA que buscam identificar agrupamentos espaciais significantes de valores similares em torno da observação (regiões). Pelo amplo conhecimento da economia regional e pela limitação de espaço, essas metodologias não serão apresentadas no presente trabalho. Esses métodos são descritos detalhadamente em Almeida (2007). 2.3 Regressão beta: aplicação ao Acesso ao Trabalho Dotar as famílias de meios sem garantir que elas possam efetivamente utilizá-los para a satisfação de suas necessidade não é uma política eficaz. Assim, tão importante quanto garantir que as famílias tenham acesso aos meios que necessitam é dar-lhes a oportunidade de usá-los (Barros et al., 2003). Assim, o acesso ao trabalho representa a oportunidade, que uma pessoa tem, de utilizar sua capacidade produtiva. Sem contrariar o dito acima, uma questão que surge com a possibilidade de ser analisada empiricamente é se os meios, acesso ao conhecimento (AC) e ausência de vulnerabilidade (AV), não só influenciam estatisticamente o acesso ao trabalho (AT) como qual deles exerce efeito maior sobre tal indicador. A análise apoia-se no diagrama apresentado na Figura 1 que mostra a inter-relação entre as dimensões do IDF. Dessa forma, propõe-se estimar, para os municípios dos nove estados da Região Nordeste do Brasil, para os anos de 1991, 2000 e 2010, a influência do acesso ao conhecimento (AC) e da ausência de vulnerabilidade (AV) no acesso ao trabalho (AT) das famílias, a partir do modelo de regressão beta. Ferrari e Cribari-Neto (2004) propuseram um modelo de regressão para os casos em que a variável endógena (y) é medida de forma contínua no intervalo unitário padrão, isto é, 0 < y < 1, que é o caso do IDF, chamado Modelo de Regressão Beta, onde sugeriram uma parametrização diferente da densidade beta para chegar a uma estrutura de regressão para a média da resposta, juntamente com um parâmetro de precisão. Para obter os modelos de regressão beta, assume-se que a variável resposta pt (Acesso ao Trabalho) tem uma distribuição beta com média µt e considera-se o modelo em que g representa a função de ligação logito, o que pode ser representado por: g (µ t ) = α 0 + α 1 AC + α 2 AV . (2) em que a variável dependente AT (Acesso ao Trabalho) é influenciada pelas covariadas AC (Acesso ao Conhecimento) e AV (Ausência de Vulnerabilidade). Os cálculos computacionais para a regressão beta foram realizados usando o software livre estatístico R (R Core Team, 2013). A estimação foi realizada empregando o algoritmo quasi-Newton BFGS, e a escolha dos valores iniciais para os parâmetros desconhecidos segue a sugestão de Ferrari e Cribari-Neto (2004). 5 2.4 Fonte de dados e divisão regional do nordeste do Brasil Os dados da pesquisa foram obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), extraídos do Censos demográficos de 1991, 2000 e 2010. A região é constituída de 9 estados, quais sejam, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. Em 1991, a região era composta por 1509 municípios. A partir do processo de criação de novas unidades administrativas, a região alcança, em 2000, a magnitude de 1787 municípios e, em 2010, 1804. 3. ANÁLISE DOS RESULTADOS Nesta seção do trabalho são expostos, inicialmente para os anos de 1991, 2000 e 2010, os indicadores do IDF e sua evolução no período para a região Nordeste, desagregado para os nove estados e para os municípios. A AEDE verifica a existência de autocorrelação espacial global e local. Visando facilitar a análise dos indicadores e das dimensões do IDF, foram utilizados mapas, gráficos de radar (biogramas) e diagramas. Em seguida, é estimado o modelo de regressão beta para medir a influência do acesso ao conhecimento (AC) e da ausência de vulnerabilidade (AV) no acesso ao trabalho (AT) das famílias. 3.1 Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) para a região Nordeste2 A partir da amostra de 25% dos microdados dos Censos Demográficos trabalhou-se com uma base de dados de 1.151.190 famílias em 1991, 1.523.197 famílias em 2000 e 1.700.319 famílias em 2010. Utilizando o fator de expansão disponibilizado pelo IBGE3, trabalhou-se com o universo de 9.816.820 de famílias em 1991, 12.573.858 em 2000 e 14.956.922 famílias em 2011. A distribuição das famílias por estado e as variações percentuais entre os anos 1991 e 2000 e entre 2000 e 2010 são exibidas na Tabela 1. O número de famílias do Nordeste como um todo aumentou 28,1% na primeira década e 19% na segunda década. Nos dois períodos, o estado que menos cresceu foi a Paraíba, com um aumento de 23,2% no primeiro período e 16,1% no segundo. O estado que apresentou maior elevação percentual na quantidade de famílias foi Sergipe, com 35,9% de aumento entre 1991 e 2000 e 23,8% entre 2000 e 2010. Tabela 1 – Número de famílias desagregado para os estados e suas respectivas variações percentuais – Região Nordeste, Brasil – 1991/2000/2010 2 Para uma descrição mais detalhada do IDF nos anos de 1991 e 2000 para os muncicípios nordestinos, ver Rocha e Guiginski (2012). Outros trabalhos utilizaram também o cálculo do IDF na analise de disparidades regionais, entre eles, destacam-se Rodrigues et. al. (2012) e Rocha e Fontes (2011). 3 O fator de expansão refere-se ao valor da ponderação para cada unidade amostral, através do qual torna-se possível estimar o universo populacional. Maiores informações sobre o cálculo do fator de expansão podem ser obtidos nos manuais dos Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010. 6 Estados Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe Nordeste Nº famílias 1991 Nº famílias 2000 Nº famílias 2010 Variação 91 – 00 (%) Variação 00 – 10 (%) 575005 722016 847326 25,6 17,4 2706464 3493513 4105319 29,1 17,5 1476234 1927961 2369726 30,6 22,9 1071059 1378930 1656630 28,7 20,1 756619 932274 1082533 23,2 16,1 1734906 2163223 2551259 24,7 17,9 565483 728007 849964 28,7 16,8 578592 748879 900898 29,4 20,3 352458 479054 593267 35,9 23,8 9816820 12573858 28,1 14956922 19,0 Fonte: elaboração própria com base nos dados dos Censos de 1991, 2000 e 2010 (IBGE). A Tabela 2 apresenta o IDF e suas dimensões para a região Nordeste e também para os seus nove estados em 1991. O IDF do Nordeste alcançou índice de 0,55. Pernambuco e Sergipe foram os estados com os maiores níveis de desenvolvimento, ambos com IDF igual a 0,57. Por outro lado, Maranhão e Piauí são os estados que atingiram os mais baixos níveis de desenvolvimento, 0,50 e 0,51, respectivamente. A observação das dimensões que compõem o índice revela que, para todos os estados, há um desequilíbrio entre elas. As dimensões acesso ao conhecimento e acesso ao trabalho, consideradas como meios de se obter o desenvolvimento, apresentaram indicadores inferiores a 0,40. Por outro lado, vale dizer que Ausência de Vulnerabilidade e Desenvolvimento Infantil foram as dimensões que apresentam os maiores valores absolutos e a menor dispersão entre os estados, com os valores orbitando em torno da média. Tabela 2 – IDF e suas dimensões – Estados do Nordeste, Brasil – 1991 Estados Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe Nordeste AV 0,65 0,66 0,65 0,63 0,65 0,66 0,65 0,66 0,66 0,65 AC 0,21 0,34 0,23 0,20 0,23 0,26 0,21 0,26 0,24 0,26 AT 0,39 0,39 0,34 0,34 0,36 0,41 0,35 0,40 0,41 0,38 DR 0,72 0,66 0,71 0,69 0,67 0,75 0,66 0,73 0,77 0,70 DI 0,81 0,82 0,82 0,80 0,82 0,85 0,81 0,84 0,84 0,82 CH 0,45 0,49 0,44 0,36 0,47 0,51 0,37 0,49 0,53 0,46 IDF 0,54 0,56 0,53 0,50 0,53 0,57 0,51 0,56 0,57 0,55 Fonte: elaboração própria com base nos dados do Censo de 1991 (IBGE). A Tabela 3 mostra os valores do IDF e de suas dimensões para o ano 2000. O Nordeste melhorou as condições de vida de suas famílias, elevando o IDF para 0,61. A dinâmica dos indicadores socioeconômicos da região sofreu algumas alterações, mas o estado com o menor nível de desenvolvimento continuou sendo o Maranhão, com IDF de 0,55. Os estados com o maior nível de desenvolvimento passaram a ser Bahia e Ceará, ambos com IDF de 0,63. Tabela 3 – IDF e suas dimensões – Estados do Nordeste, Brasil – 2000 7 Estados Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe Nordeste AV 0,67 0,68 0,67 0,65 0,68 0,68 0,67 0,68 0,68 0,68 AC 0,27 0,31 0,31 0,27 0,29 0,33 0,27 0,33 0,31 0,30 AT 0,35 0,59 0,58 0,31 0,28 0,37 0,31 0,38 0,37 0,45 DR 0,66 0,70 0,68 0,63 0,68 0,71 0,64 0,71 0,71 0,68 DI 0,89 0,83 0,91 0,89 0,82 0,91 0,90 0,92 0,91 0,88 CH 0,63 0,68 0,65 0,57 0,69 0,69 0,61 0,70 0,69 0,66 IDF 0,58 0,63 0,63 0,55 0,57 0,62 0,57 0,62 0,61 0,61 Fonte: elaboração própria com base nos dados do Censo de 2000 (IBGE). Seguindo a tendência de aumento, o IDF da região Nordeste chegou a 0,65 em 2010. A Tabela 4 apresenta o IDF e suas dimensões para a região Nordeste e também os dados desagregados para cada estado. Alguns pontos merecem destaque. O Rio Grande do Norte é o estado com o maior nível de desenvolvimento da região, no ano 2010, com IDF de 0,67; exibindo os maiores valores absolutos em todas as dimensões. Os estados Bahia, Pernambuco e Sergipe, todos com IDF de 0,66, também mostram níveis do IDF acima da média regional. Tabela 4 – IDF e suas dimensões – Estados do Nordeste, Brasil – 2010 ESTADOS Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe Nordeste AV 0,70 0,72 0,71 0,69 0,71 0,71 0,71 0,72 0,72 0,71 AC 0,35 0,41 0,41 0,37 0,38 0,41 0,36 0,43 0,41 0,40 AT 0,37 0,39 0,38 0,34 0,36 0,39 0,35 0,41 0,40 0,38 DR 0,64 0,69 0,67 0,60 0,67 0,66 0,62 0,72 0,70 0,67 DI 0,94 0,95 0,95 0,94 0,95 0,95 0,95 0,95 0,95 0,95 CH 0,79 0,80 0,80 0,76 0,80 0,80 0,78 0,82 0,81 0,80 IDF 0,63 0,66 0,65 0,62 0,64 0,66 0,63 0,67 0,66 0,65 Fonte: elaboração própria com base nos dados do Censo de 2010 (IBGE). Para melhor caracterizar a evolução do desenvolvimento familiar no Nordeste, as Tabelas 5 e 6 mostram, respectivamente, a variação percentual do IDF e de suas dimensões no período de 1991 a 2000, e no período de 2000 a 2010. No primeiro período, o IDF da região Nordeste aumentou 11,3% e no segundo 6,9%. Entre 1991 e 2000, observa-se grande variação nos desempenhos dos estados. Enquanto o IDF de Alagoas, Pernambuco e Sergipe aumentaram por volta de 7%, o estado do Ceará apresentou a maior variação, com 19,4% de aumento em seu IDF. Bahia e Piauí também se destacam, com aumentos de 12,6% e 12%, respectivamente. O Piauí, no entanto, apesar da evolução de 12% no seu IDF no período, não conseguiu atingir o nível do IDF da região. No período de 2000 a 2010, Maranhão, Paraíba e Piauí tiveram as maiores variações percentuais do IDF, respectivamente 11,8%, 12,2% e 10,6%, permanecendo, porém, com índices abaixo da média regional. Tabela 5 – Taxa de variação do IDF e suas dimensões – Estados do Nordeste, Brasil – 1991/2000 (em %) 8 Estados Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe Nordeste AV 2,5 3,9 2,8 3,2 4,4 2,9 3,6 3,7 3,2 3,4 AC 28,5 -9,9 33,5 37,5 28,4 25,5 32,0 28,9 26,7 15,7 AT -12,1 48,5 73,0 -9,4 -21,5 -8,7 -9,8 -6,4 -9,5 17,9 DR -8,4 5,9 -3,5 -9,5 1,7 -5,5 -2,9 -3,3 -8,1 -2,1 DI 10,0 0,7 11,3 12,0 0,6 8,1 12,0 8,8 9,1 6,8 CH 39,3 40,2 47,7 58,2 47,7 33,8 62,2 41,8 31,0 42,8 IDF 7,0 12,6 19,4 9,9 8,0 7,3 12,0 9,7 6,5 11,3 Estados Alagoas Bahia Ceará Maranhão Paraíba Pernambuco Piauí Rio Grande do Norte Sergipe Nordeste AV 5,3 4,4 5,5 5,1 4,0 4,6 5,2 5,3 5,4 4,8 AC 31,3 34,2 33,3 38,5 29,7 26,0 32,6 30,8 33,2 32,2 AT 5,7 -33,1 -35,7 10,5 29,8 4,3 10,6 9,4 7,1 -15,1 DR -2,1 -1,1 -1,6 -3,6 -1,9 -6,4 -3,1 0,8 -1,1 -2,5 DI 5,6 14,8 4,4 5,2 15,1 4,0 4,9 3,8 4,2 7,9 CH 25,0 17,1 23,3 34,9 16,0 16,7 29,7 17,5 17,4 20,7 IDF 9,6 4,6 2,9 11,8 12,2 6,5 10,6 9,1 8,6 6,9 Fonte: elaboração própria com base nos dados dos Censos de 1991 e 2000 (IBGE). Tendo em vista que no próximo tópico será analisado as relaçõeos entre as dimensões vulnerabilidade e acesso ao conhecimento na probabilidade das famílias terem acesso ao trabalho, o comportamento dessas dimensões será descrito mais detalhadamente. Nos dois períodos, a dimensão Ausência de Vulnerabilidade aumentou em todos os estados, de modo relativamente uniforme, sem grandes discrepâncias tanto na taxa de variação quanto nos indicadores de vulnerabilidade. A variação é ligeiramente maior no segundo período, de 2000 a 2010, com variação de 4,8%. Entre 1991 e 2000, a dimensão Acesso ao Conhecimento para a região Nordeste, mesmo com o crescimento de 15,7%, continua com o menor valor absoluto dentre as seis dimensões que compõem o IDF. Todos os estados aumentaram o Acesso ao Conhecimento acima dos 25%, com exceção da Bahia, que apresentou decréscimo de -9,9%. Dada a grande participação do estado no número total de famílias, esse decréscimo influenciou de forma negativa o desempenho da região, no primeiro período. Para o período de 2000 a 2010, a dimensão Acesso ao Conhecimento revelou-se a mais dinâmica, com a maior variação percentual dentre as dimensões, tanto para a região, com aumento de 32,2%, quanto para os estados. O Maranhão mostra os maiores aumentos percentuais nesta dimensão nos dois períodos, mas seu Acesso ao Conhecimento continua abaixo da média regional em 2010. No primeiro período de análise, a região Nordeste apresentou evolução de 17,9% na dimensão Acesso ao Trabalho, apesar de sete dos nove estados da região apresentarem variação negativa. A variação positiva do Acesso ao Trabalho para a região Nordeste se deu graças à Bahia e ao Ceará, estados com grande participação no total de famílias, que tiveram crescimento de 48,5% e 73%, respectivamente. Os maiores decréscimos foram observados na Paraíba, -21,5%, e em Alagoas, -12,1%. O decréscimo ocorrido explica o baixo nível de Acesso ao Trabalho em 2000, na maioria dos estados, fato esse preocupante tendo em vista que o trabalho é uma forma autônoma das famílias alcançarem melhorias em outros atributos do desenvolvimento humano. Tabela 6 – Taxa de variação do IDF e suas dimensões – Estados do Nordeste, Brasil – 2000/2010 (em %) elaboração própria com base nos dados dos Censos de 2000 e 2010 (IBGE). Fonte: 9 Já no segundo período, a situação do Acesso ao Trabalho se inverte. Todos os estados da região, embora com desempenhos distintos, mostram variação positiva para esta dimensão, exceto Bahia e Ceará, que tiveram variação negativa de -33% e -35,7% respectivamente. A maior variação no Acesso ao Trabalho ocorreu na Paraíba (29,8%). A região como um todo apresentou decréscimo de -15% para esta dimensão. Por isso, a dimensão Acesso ao Trabalho apresenta o menor valor absoluto dentre as dimensões do IDF em 2010, com valor de apenas 0,38. Entre 1991 e 2000, o Ceará é o estado com o desempenho mais notável: partiu de um IDF inferior à média em 1991, 0,53, para o maior IDF estadual de 2000, 0,63. Esse desempenho se deve a melhorias nas dimensões Acesso ao Conhecimento, Acesso ao Trabalho e Condições Habitacionais, que apresentaram, durante o período, aumentos de 33,5%, 73% e 47,7%, respectivamente. Entretanto, no período de 2000 a 2010, o estado mostra a menor evolução do índice de desenvolvimento dentre os estados nordestinos, com aumento de apenas 2,9% em seu IDF, além de um decréscimo de -35,7% no Acesso ao Trabalho. A Figura 2 mostra o biograma das dimensões do IDF para a região Nordeste nos anos 1991, 2000 e 2010. O biograma é uma forma alternativa de visualizar e analisar as dimensões que compõem o IDF, assim como as alterações sofridas nos períodos. É uma representação gráfica que demonstra o estado das seis dimensões em três pontos distintos no tempo. É um “gráfico de radar” que permite exibir as alterações no valor de cada dimensão, representada num eixo próprio, a partir de um ponto central. Em princípio, a partir do biograma, nota-se que, de modo geral, houve uma melhora do desenvolvimento das famílias no período, tendo em vista que o hexagrama se expandiu e aproximou da borda. Entretanto, essa melhora se deu de forma desequilibrada. Na comparação de 1991 e 2000, percebe-se que as dimensões meios, como o Acesso ao Conhecimento (AC) e o Acesso ao Trabalho (AT), que dão autonomia para as famílias alcançarem os fins do desenvolvimento, expandiram pouco e permaneceram com valores inferiores às demais dimensões. Comparando 2000 e 2010, observa-se grande expansão na dimensão Acesso ao Conhecimento, 32% de acordo com a Tabela 6, mas decréscimo do Acesso ao Trabalho, que retornou ao nível observado em 1991. Figura 2 – Biograma das dimensões do IDF do Nordeste – 1991/2000/2010 AV 1 CH 0,5 AC 1991 0 2000 2010 DI AT DR Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. Até o momento, o IDF e suas respectivas dimensões foram apresentados para a Região Nordeste e desagregados para os seus nove estados. Torna-se interessante analisar também a dinâmica das condições de vida das famílias em nível municipal. A Figura 3 a seguir apresenta a divisão dos 10 municípios do Nordeste por estrato do IDF em 1991, em 2000 e em 2010. Para facilitar a análise, os municípios da região Nordeste estão separados segundo os limites dos estados. Na parte superior do mapa, seguindo em sentido horário, temos os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. Os intervalos são equivalentes ao desvio-padrão em relação à média. Percebe-se que, no período, a média progrediu e, da mesma forma, os limites inferiores e superiores dos estratos. A análise dos mapas revela dois pontos interessantes. O primeiro é que os municípios com maior desenvolvimento familiar, acima de dois desvios, encontram-se, em sua maioria, próximos ao litoral, nas regiões metropolitanas das capitais. O segundo ponto é a mudança da realidade das famílias cearenses. Em 1991, quase a totalidade dos municípios do estado apresentava índice abaixo da média da região, situação equivalente aos estados do Maranhão e Piauí. Em 2000, a maioria dos municípios apresenta indicadores superiores à média da região; e em 2010, volta a aumentar o número de municípios com IDF abaixo da média regional. O mais importante a destacar é que esse desempenho ocorreu em função de aumentos das dimensões Acesso ao Trabalho e Acesso ao Conhecimento entre 1991 e 2000, bem acima dos verificados para a região e, após 2000, devido ao decréscimo na dimensão Acesso ao Trabalho. Dado o grande número de municípios da região Nordeste, é mais adequado, em vez da inspeção visual dos mapas, utilizar o método da Análise Exploratória de Dados Espaciais para observar a dinâmica dos indicadores entre os anos de 1991, 2000 e 2010. Os resultados encontrados são apresentados a seguir. Figura 3 – IDF dos municípios da região Nordeste, Brasil – 1991/2000/2010 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. 3.2 Análise exploratória de dados espaciais (AEDE) A dependência no espaço é multidirecional e recíproca, a reciprocidade é dada pelo fato de que a região influencia o seu vizinho e é por ele influenciada. Neste estudo, espera-se que os indicadores socioeconômicos dos municípios influenciem e sejam influenciados significativamente pelas regiões vizinhas. Dentro deste contexto, primeiramente, serão analisadas a Autocorrelação Espacial Global Univariada dos municípios da região e, posteriormente, os Indicadores Locais de Associação Espacial (LISA) 3.2.1 Autocorrelação Espacial Global Univariada – Diagramas de dispersão de Moran 11 Por intermédio da estatística I de Moran é possível verificar a existência de autocorrelação espacial do IDF. A Figura 4 mostra o diagrama de dispersão para o IDF dos municípios nordestinos para os anos de 1991, 2000 e 2010. O diagrama de dispersão foi produzido pela estatística I de Moran global univariada, em que no eixo vertical está representada a defasagem espacial do IDF (ou seja, a média dos vizinhos), e no eixo horizontal estão representados os valores do IDF. Utilizou-se a matriz de pesos espaciais do tipo Torre, com contiguidade de ordem 1. Figura 4 – Diagramas de dispersão de Moran para o IDF – Municípios do Nordeste, Brasil – 1991/2000/2010 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. A autocorrelação positiva encontrada indica que, no geral, municípios com altos valores do IDF tendem a estar circundados por vizinhos com altos valores e, de modo semelhante, municípios com baixos valores do IDF tendem a estar rodeados por municípios limítrofes também com baixos valores o IDF. É importante frisar que, entre 1991 e 2000, o índice passou de 0,5149 para 0,6094, um ligeiro acréscimo que indica certa tendência de aumento da autocorrelação entre as regiões. Porém, entre 2000 e 2010, a autocorrelação espacial retrocedeu para 0,5065. 3.2.2 Autocorrelação Espacial Local Univariada - Indicadores Locais de Associação Espacial (LISA) O diagrama de dispersão, além da declividade da reta de regressão da variável de interesse em relação à média dos atributos dos vizinhos, que representa a medida global de associação linear, fornece a informação de quatro tipos de associação linear espacial: Alto-Alto (AA), Baixo-Baixo (BB), AltoBaixo (AB) e Baixo-Alto (BA). O mapa de Cluster LISA ilustra essas quatro categorias de associação espacial, combinando a informação do diagrama de dispersão com o mapa de significância das medidas de associação local. Visando aprofundar a análise da interação espacial, são apresentados a seguir, na Figura 5, os mapas de Clusters para o IDF nos anos de 1991, 2000 e 2010, utilizando, para tanto, o nível de significância de 5%, ou seja, os clusters persistentes a este nível de significância mereceram maior atenção. Figura 5 – Mapas de Clusters para o IDF – Municípios do Nordeste, Brasil – 1991/2000/2010 12 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. Em 1991, os agrupamentos Baixo-Baixo, apresentados em azul, na Figura 5, localizaram-se de forma mais marcante nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará e no oeste da Paraíba. Estes agrupamentos são rodeados por alguns municípios com alto desenvolvimento, apresentados em rosa. Os agrupamentos Alto-Alto, apresentados em vermelho, localizaram-se no entorno das capitais e, também, no sul do estado da Bahia. Em 2000, observa-se um aumento dos clusters do tipo Baixo-Baixo nos estados do Maranhão, Piauí, Paraíba e oeste de Alagoas. Nota-se também diminuição dos agrupamentos do tipo Alto-Alto em Pernambuco e Sergipe. No Ceará, surgem clusters Alto-Alto, em substituição aos clusters Baixo-Baixo verificados na década anterior. Na Bahia, há visível expansão dos clusters do tipo AltoAlto no entorno da capital e, sobretudo, no interior do estado. Em 2010, há redução e desaparecimento de alguns clusters do tipo Alto-Alto no Ceará. Observa-se aumento dos clusters Alto-Alto no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Sergipe. Na Bahia, diminuem os clusters Alto-Alto no litoral sul e nas proximidades da região metropolitana de Salvador, e desaparem os clusters Alto-Alto no interior do estado. Embora menores, os clusters do tipo BaixoBaixo persistem no Maranhão e no Piauí. Há também notável redução nos clusters do tipo Baixo-Baixo no estado da Paraíba. 3.3 Acesso ao Trabalho: uma aplicação do modelo de regressão beta4 Nesta seção, serão estimados, para os nove estados do nordeste nos anos de 1991, 2000 e 2010, a influência do acesso ao conhecimento e da ausência de vulnerabilidade das famílias na probabilidade das mesmas obterem acesso ao trabalho. Para tanto, como foi apresentado na metodologia, para se obter os modelos de regressão beta, assume-se que a variável resposta pt (Acesso ao Trabalho) tem uma distribuição beta com média µt e considera-se o modelo em que g representa a função de ligação logito, o que pode ser representado por: g (µ t ) = α 0 + α 1 AC + α 2 AV . (3) em que a variável dependente AT (Acesso ao Trabalho) é influenciada pelas covariadas AC (Acesso ao Conhecimento) e AV (Ausência de Vulnerabilidade). A modelagem inicial do índice de acesso ao trabalho parte de uma análise de regressão múltipla, estimada para os nove estados da região nordeste. Os resultados das estimativas de máxima verossimilhança estão sintetizados nas tabelas A1, para o ano de 1991, A2, para o ano de 2000 e A3 para 2010, apresentadas no anexo do trabalho. Os cálculos computacionais para a regressão foram realizados usando o software livre estatístico R (R Core Team, 2013). A estimação foi realizada 4 Rocha et. al. (2012) utilizaram essa mesma metodologia para estimar a influência da ausência de vulnerabilidade e do acesso ao conhecimento sobre a probabilidade das famílias terem acesso ao trabalho nas microrregiões urbanas e rurais do estado de Minas Gerais. 13 empregando o algoritmo quasi-Newton BFGS, e a escolha dos valores iniciais para os parâmetros desconhecidos segue a sugestão de Ferrari e Cribari-Neto (2004). Verifica-se, a partir dos p-valores das variáveis explicativas, para todos os estados e nos três períodos, que todas as relações são estatisticamente relevantes para explicar a variável resposta “Acesso ao Trabalho” a um nível de significância de 1%. Nota-se, também, que os meios, acesso ao conhecimento e ausência de vulnerabilidade, com exceção da estimação para o estado do Ceará em 2000, possuem para todas as demais regressões um efeito positivo na resposta média, indicando que um aumento em algum destes indicadores, considerando os demais fatores constantes, eleva o acesso ao trabalho das famílias nos municípios. As análises de diagnóstico de todos as regressões se mostraram adequadas, sendo que por motivo de espaço não foi possível apresentar os gráficos relativos a essas análises. Os parâmetros das regressões, apresentados nas tabelas em anexo, têm importante interpretação quando o valor da i-ésima variável regressora é aumentado em c unidades e todas as outras variáveis µ 1− µ : em que exp{cβ i } é a independentes permanecem inalteradas, pois verifica-se que exp(cβ i ) = µ (1 − µ ) razão de chances (odds ratio). Dessa forma, a título de exemplo, na primeira relação estimada para o estado de Alagoas, em 1991, o coeficiente de regressão para ausência de vulnerabilidade assume o ∧ valor de 4,226. Neste caso, nota-se que exp 0,01 × α 1 = exp(0,04226 ) ≅ 1,043 . Isso significa que a chance de acesso ao trabalho nos municípios alagoanos aumenta em 4,3% para cada 1 ponto percentual adicional no indicador de ausência de vulnerabilidade. Na tabela 7, observa-se a Razão de chances para a característica Acesso ao Trabalho, com relação às características Ausência de Vunerabilidade (AV) e Acesso ao Conhecimento (AC), para todos os estados da região Nordeste do Brasil, nos anos de 1991, 2000 e 2010. Tabela 7. Razão de chances para a característica Acesso ao Trabalho, com relação às características Ausência de Vunerabilidade (AV) e Acesso ao Conhecimento (AC), para todos os estados da região Nordeste do Brasil, nos anos de 1991, 2000 e 2010. ( ) 1991 2000 2010 Estado AV AC AV AC AV AC Alagoas 1,043 1,026 1,035 1,035 Bahia 1,045 1,065 1,012 1,010 1,048 1,026 Ceará 1,028 1,050 0,968 1,016 1,032 1,033 Maranhão 1,027 1,021 1,014 1,023 1,048 1,024 Paraíba 1,026 1,066 1,019 1,027 Pernambuco 1,069 1,019 1,048 1,029 1,071 1,023 Piauí 1,022 1,018 1,009 1,020 1,026 Rio Grande do 1,028 1,033 1,019 1,034 Norte Sergipe 1,051 1,022 1,024 1,026 1,056 1,024 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da pesquisa. O destaque dos resultados da tabela acima, fica por conta do fato da variável “ausência de vulnerabilidade”, para todos os estados em todo o período, afetar mais a chance de acesso ao trabalho do que a variável “acesso ao conhecimento”. Esses resultados, que merecem ser melhor analisados e explorados, indicando uma importante linha de investigação ainda pouco explorada, demonstra a influencia da composição familiar na autonomia das famílias obterem acesso aos meios do desenvolvimento através do trabalho. Com a modernização da economia, a família numerosa composta 14 por crianças e idosos, adaptada neste caso as condições da sociedade rural, deixou de ser funcional em uma economia urbana onde a inserção no mercado de trabalho passa pela exigência da educação e da necessidade de conciliar o trabalho com o cuidado dos dependentes – crianças e idosos. Neste caso, as famílias mais vulneráveis e com maior necessidade de recursos são justamente as que apresentam menor probabilidade de acesso ao mercado de trabalho, necessitando, por parte do setor público, políticas para viabilizar o seu acesso ao mercado de trabalho e, consequentemente, sua autonomia na obtenção do desenvolvimeto humano 4. Conclusões O trabalho, ao utilizar a família como unidade de análise do desenvolvimento humano, procurou enfatizar que a composição e o convívio dos seus membros pode gerar externalidades positivas e negativas que condicionam a liberdade de escolha dos indivíduos e a possibilidade de acesso a importantes atributos do desenvolvimento humano, entre eles o acesso ao trabalho. Outro aspecto considerado no estudo foi a dimensão territorial. As condições de vida e o bem-estar das famílias estão condicionados à realidade socioeconômica e geográfica das regiões em que estão inseridos. Neste sentido, analisou-se comparativamente o nível do bem estar das famílias dos municípios da região Nordeste do Brasil nos anos de 1991, 2000 e 2010. Os resultados indicam que a região Nordeste apresentou melhora nas condições de vida das famílias. Entretanto, essa melhora deu-se de forma desigual entre os estados e municípios e, também, entre as seis dimensões do índice, demonstrando falta de autonomia das famílias no processo de desenvolvimento econômico. A Análise Exploratória de Dados Espaciais revelou autocorrelação espacial positiva do IDF, com tendência de aumento entre 1991 e 2000 e decréscimo no período seguinte. A estimação dos modelo de regressão beta apresentou qualidade de ajuste e, além dos resultados mostrarem sinais esperados para os parâmetros das variáveis explicativas, as estimativas indicaram uma relação significativa entre o acesso ao conhecimento e ausência de vulnerabilidade na probabilidade das famílias terem acesso ao trabalho. A principal contribuição da pesquisa foi demonstrar que, além do capital humano, as mudanças na estrutura demográfica, que ocorrem de forma diferenciada entre regiões e grupos sociais, representada na dimensão ausência de vulnerabilidade, determina a probabilidade do acesso das famílias no mercado de trabalho. Com a modernização da economia, a família numerosa composta por crianças e idosos, adaptada neste caso as condições da sociedade rural, deixou de ser funcional em uma economia urbana onde a inserção no mercado de trabalho passa pela exigência da educação e da necessidade de conciliar o trabalho com o cuidado dos dependentes – crianças e idosos. Neste caso, as famílias mais vulneráveis e com maior necessidade de recursos são justamente as que apresentam menor probabilidade de acesso ao mercado de trabalho, necessitando, por parte do setor público, políticas para viabilizar o seu acesso ao mercado de trabalho e, consequentemente, garantindo sua autonomia na obtenção do desenvolvimento humano. Bibliografia ALMEIDA, E. S.(2007). Econometria Espacial Aplicada. Apostila, FEA/UFJF. BARROS, R. P.; CARVALHO, M. & FRANCO, S. (2003) Índice de desenvolvimento da família (IDF). IPEA: Rio de Janeiro (Texto para discussão N0 986). FERRARI, S. L. P. & CRIBARI-NETO, F. (2004). Beta regression for modeling rates and proportions. Journal of Applied Statistics, vol. 31, n. 07. IBGE. (1991). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico de 1991. Rio de Janeiro. 15 IBGE. (2005). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico de 2000. Rio de Janeiro. IBGE. (2012). Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico de 2010. Rio de Janeiro. RODRIGUES, L. A.; GOMES, M.F.M. & ROCHA, L.E.V. (2012). Nível de desenvolvimento das familias cearenses por grupos demográficos nos anos de 1991 e 2000. Revista Econômica do Nordeste, V. 43, n. 04, out./dez. R Core Team (2013). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL: http://www.R-project.org/. ROCHA, L. E. V. & GUIGINSCK, J. T. (2012). Índice de desenvolvimento da família (IDF) e convergência de renda: uma análise espacial para os municípios da região Nordeste do Brasil. Desenbahia, Salvador, V. 9, n. 17. ROCHA, L. E. V.; CAETANO, S. M. & GUIGINSCK, J. T. (2012). Desenvolvimento humano e acesso ao trabalho: uma análise para as microrregiões rurais e urbanas do estado de Minas Gerais. In: Anais do XV Seminário sobre a Economia Mineira, Cedeplar, Diamantina. ROCHA, L. E. V. & FONTES, R. M. O. (2011). Disparidades do desenvolvimento urbano e rural: uma análise espacial para as microrregiões do estado de Minas Gerais. Revista de Economia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, V.37, n.1(ano 35), jan./abr. Anexo Nesta seção são a presentados o Quadro A1. Dimensões, Componentes e Indicadores Sócioeconômicos que compõem o Índice de desenvolvimento da família (IDF) e as Tabelas A1, A2 e A3 com, respectivamente, os Resultado da análise de regressão beta para a característica Acesso ao Trabalho, com relação às características Ausência de Vunerabilidade (AV) e Acesso ao Conhecimento (AC), para todos os estados da região Nordeste do Brasil, nos ano de 1991, 2000 e 2010. Capacidade de geração de renda Trabalho precoce Extrema pobreza Pobreza Remuneração Disponibilidade de trabalho. Qualidade do posto de trabalho Qualificação profissional Escolaridade Analfabetismo Atenção e cuidados especiais com idosos Dependência econômica Atenção e cuidados especiais com crianças, adolescentes e jovens COMPONENTES Fecundidade V7- Presença de cônjuge. V8- Mais da metade dos membros encontra-se e C1 - Ausência de adulto analfabeto C2 - Ausência de analfabeto funcional C3- Presença de pelo menos um adulto com fun C4- Presença de pelo menos um adulto com ensi C5- Presença de pelo menos um adulto com alg C6- Presença de pelo menos um trabalhador co T1- Mais da metade dos membros em idade ativ T2- Presença de pelo menos um ocupado no set T3- Presença de pelo menos um ocupado em ati T4- Presença de pelo menos um ocupado com re mínimo T5- Presença de pelo menos um ocupado com re mínimo R1- Renda familiar per capita superior à linha d R2- Renda familiar per capita superior à linha d V6- Ausência de idoso INDICADORES SÓCIO-EC V1- Nenhuma mulher teve filho nascido vivo mulher teve filho nascido vivo nos últimos dois V3- Ausência de criança. V4- Ausência de crian V5- Ausência de criança, adolescente ou jovem. R3- Maior parte da renda familiar não advém de D1- Ausência de criança com menos de 14 anos D2- Ausência de criança com menos de 16 anos Desenvolvimento Infantil Acesso à escola D3- Ausência de criança até 6 anos fora da escol 7-14 anos fora da escola. D5- Ausência de crian Progresso escolar D6- Ausência de criança de até 14 anos com mai Ausência de adolescente de 10 a 14 anos analfab de 15 a 17 anos analfabeto Mortalidade infantil D9- Ausência de mãe cujo filho tenha morrido. filho nascido vivo. Propriedade. H1- Domicílio próprio. H2- Domicílio próprio Déficit habitacional. H3- Densidade de até 2 moradores por domicílio Condições Habitacionais Acesso a abastecimento de água / H4- Acesso adequado a água. H5- Esgotamento Saneamento / coleta de lixo / energia coletado elétrica / bens duráveis. H7- Acesso a eletricidade. H8- Acesso a fogão e fogão, geladeira, televisão ou rádio. H10- Acess ou rádio e telefone. H11- Acesso a fogão, gelade e automóvel particular Quadro A1. Dimensões, Componentes e Indicadores Sócio-econômicos que compõem o Índice de desenvolvimento da família (IDF) Disponibilidade de Recursos Acesso ao Trabalho Acesso ao Conhecimento Ausência de Vulnerabilidade DIMENSÕES 16 17 Tabela A1. Resultado da análise de regressão beta para a característica Acesso ao Trabalho, com relação às características Ausência de Vunerabilidade (AV) e Acesso ao Conhecimento (AC), para todos os estados da região Nordeste do Brasil, no ano de 1991. Variáveis Preditivas Constante AV AC Variáveis Preditivas Constante AV AC Variáveis Preditivas Constante AV AC Beta Alagoas Erro Z Padrão 0,755 -4,913 Bahia p 0,000* 3,709 4,226 1,206 3,505 0,000* 2,520 0,337 7,480 0,000* R2ajustado = 50,57%; *p<0,05. Ceará Beta Erro Z p Padrão 0,965 -3,747 0,000* 3,616 2,756 1,541 1,789 0,074 4,889 0,431 11,331 0,000* R2ajustado = 47,82%; *p<0,05. Paraíba† Beta Erro Z p Padrão 0,037 - 0,000* 1,249 33,690 Beta -5,500 Erro Padrão 0,335 z p 0,000* 16,437 4,389 0,554 7,923 0,000* 6,263 0,477 13,115 0,000* R2ajustado = 44,59%; *p<0,05. Maranhão Beta Erro z p Padrão -2,830 0,460 -6,157 0,000* 2,679 0,744 3,601 0,000* 2,096 0,227 9,212 0,000* R2ajustado = 42,73%; *p<0,05. Pernambuco Beta Erro z p Padrão -5,276 0,584 -9,022 0,000* 6,670 0,939 7,102 0,000* 1,931 0,239 8,071 0,000* R2ajustado = 63,05%; *p<0,05. Rio Grande do Norte† Beta Erro z p Padrão -1,146 0,041 0,000* 28,210 2,610 0,237 11,010 0,000* R2ajustado = 39,23%; *p<0,05. Piauí Variáveis Beta Erro Z p Preditivas Padrão Constante 0,525 -4,702 0,000* 2,468 AV 2,150 0,830 2,590 0,009* AC 1,774 0,306 5,794 0,000* 2,717 0,227 11,960 0,000* 2 2 R ajustado = 29,00%; *p<0,05. R ajustado = ; *p<0,05. Sergipe Variáveis Preditivas Beta Erro Padrão z p Constante -4,140 0,726 -5,699 0,000* AV 4,948 1,156 4,281 0,000* AC 2,187 0,291 7,513 0,000* 2 R ajustado = 65,08%; * p<0,05. † Para os Estados de Paraíba e Rio Grande do Norte, apenas a variável Acesso ao Conhecimento se mostrou importante para prever o Acesso ao Trabalho, no ano de 1991. Tabela A2. Resultado da análise de regressão beta para a característica Acesso ao Trabalho, com relação às características Ausência de Vunerabilidade (AV) e Acesso ao Conhecimento (AC), para todos os estados da região Nordeste do Brasil, no ano de 2000. 18 Variáveis Preditivas Constante AV AC Variáveis Preditivas Constante AV AC Variáveis Preditivas Constante AV AC Beta 1,595 Alagoas† Erro Z Padrão 0,080 20,009 Bahia p Beta 0,000* -0,822 3,426 0,403 8,504 0,000* R2ajustado = 39,89%; *p<0,05. Ceará Beta Erro Z p Padrão 1,033 0,205 5,034 0,000* 0,403 0,000* 3,257 8,090 1,560 0,183 8,541 0,000* R2ajustado = 39,53%; *p<0,05. Paraíba† Beta Erro Z p Padrão 0,091 - 0,000* 3,462 38,030 Erro Padrão 0,217 z p -3,791 0,000* 1,212 0,331 3,666 0,000* 0,972 0,091 10,725 0,000* R2ajustado = 29,31%; *p<0,05. Maranhão Beta Erro z p Padrão -2,401 0,194 0,000* 12,350 1,409 0,402 3,510 0,000* 2,304 0,207 11,120 0,000* R2ajustado = 36,54%; *p<0,05. Pernambuco Beta Erro z p Padrão -4,655 0,773 -6,023 0,000* 4,676 1,211 3,862 0,000* 2,885 0,258 11,198 0,000* R2ajustado = 62,36%; *p<0,05. Rio Grande do Norte† Beta Erro z p Padrão -1,655 0,057 0,000* 29,260 6,428 0,473 13,600 0,000* R2ajustado = 37,44%; *p<0,05. Piauí Variáveis Beta Erro Z p Preditivas Padrão Constante 0,170 - 0,000* 2,215 13,044 AV 0,905 0,308 2,942 0,003* AC 1,972 0,207 9,532 0,000* 3,223 0,232 13,890 0,000* R2ajustado = 33,44%; *p<0,05. R2ajustado = 51,57; *p<0,05. Sergipe Variáveis Preditivas Beta Erro Padrão z p Constante -2,999 0,732 -4,097 0,000* AV 2,416 1,121 2,155 0,031* AC 2,568 0,272 9,424 0,000* R2 ajustado = 60,17%; * p<0,05. † Para os Estados de Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte, apenas a variável Acesso ao Conhecimento se mostrou importante para prever o Acesso ao Trabalho, no ano de 2000. Tabela A3. Resultado da análise de regressão beta para a característica Acesso ao Trabalho, com relação às características Ausência de Vunerabilidade (AV) e Acesso ao Conhecimento (AC), para todos os estados da região Nordeste do Brasil, no ano de 2010. 19 Variáveis Preditivas Constante AV AC Variáveis Preditivas Constante AV AC Variáveis Preditivas Constante AV AC Variáveis Preditivas Constante AV AC Beta 1,767 Alagoas† Erro Z Padrão 0,053 33,370 Bahia p Beta 0,000* -4,866 0,000* 3,432 0,200 17,160 0,000* R2ajustado = 73,14%; *p<0,05. Ceará Beta Erro Z p Padrão -4,129 0,460 -8,972 0,000* 3,165 0,688 4,604 0,000* 3,2167 0,148 21,789 0,000* 2 R ajustado = 79,06%; *p<0,05. Paraíba Beta Erro Z p Padrão -3,012 0,505 -5,967 0,000* 1,929 0,747 2,584 0,010* 2,620 0,150 17,499 0,000* 2 R ajustado = 63,89%; *p<0,05. Piauí† Beta Erro Z p Padrão 0,043 - 0,000* 1,688 39,600 Erro Padrão 0,394 z p 0,000* 12,347 4,670 0,587 7,955 0,000* 2,540 0,112 22,602 0,000* R2ajustado = 70,54%; *p<0,05. Maranhão Beta Erro z p Padrão -4,808 0,445 0,000* 10,800 4,650 0,687 6,770 0,000* 2,397 0,152 15,720 0,000* 2 R ajustado = 68,45%; *p<0,05. Pernambuco Beta Erro z p Padrão -6,332 0,512 0,000* 12,365 6,882 0,769 8,945 0,000* 2,301 0,151 15,225 0,000* 2 R ajustado = 79,98%; *p<0,05. Rio Grande do Norte Beta Erro z p Padrão -3.214 0,618 -5,203 0,000* 1,918 0,931 2,060 0,039* 2,568 0,158 16,250 0,000* 3,306 0,205 16,150 0,000* R2ajustado = 51,73%; *p<0,05. R2ajustado = 72,83%; *p<0,05. Sergipe Variáveis Preditivas Beta Erro Padrão z p Constante -5,349 0,840 -6,364 0,000* AV 5.489 1,214 4,521 0,000* AC 2,393 0,196 12,214 0,000* R2 ajustado = 73,32%; * p<0,05. † Para os Estados de Alagoas e Piauí, apenas a variável Acesso ao Conhecimento se mostrou importante para prever o Acesso ao Trabalho, no ano de 2010.