S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO Aula 6 Funções sintáticas e transitividade verbal (segunda parte) Pablo Faria HL220C – Prática de análise gramatical IEL/UNICAMP R EFER ÊNCIAS S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR Classificações da regência verbal Um “meio-termo” satisfatório R EG ÊNCIA VERBAL Rocha Lima (1994) A LGUNS PROBLEMAS Hauy (1983) Critérios C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS C LASSIFICAÇ ÕES DA REG ÊNCIA VERBAL NGB Rocha Lima Said Ali Fernandes Aurélio Houaiss de ligação de ligação relacional predicativo predicativo predicativo intransitivo intransitivo intransitivo intransitivo transitivo direto nocional intransitivo intransitivo transitivo direto transitivo transitivo direto transitivo direto transitivo indireto transitivo indireto nocional transitivo relativo transitivo indireto transitivo indireto transitivo relativo birrelativo transitivo circunstancial transitivo relativo transitivo circunstancial transitivo direto predicativo bitransitivo transitivo predicativo transitivo direto e indireto transitivo indireto predicativo transitivo direto e circunstancial bitransitivo pronominal transobjetivo pronominal transitivo indireto e circunstancial transobjetivo bitransitivo indireto bitransitivo circunstancial pronominal S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS U M “ MEIO - TERMO ” SATISFAT ÓRIO I Limitações da NGB: termos disponı́veis não permitem descrever certas distribuições da lı́ngua. I Predicação verbal: como classificar a regência de “rogar” em “rogou ao pai por paciência”? I Termos integrantes da oração: como explicar a distribuição dos pronomes no papel de complementos/adjuntos? I por paciência: termo acessório? I Antônio falou a Maria / lhe / *-a I Marco foi a Roma / * lhe / * -a I Rocha Lima: ao propor mais classes, embora moderadamente, permite descrever melhor certas particularidades da lı́ngua. S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS R ETOMANDO R OCHA L IMA (1994) Tipos de verbo, quanto à regência: I de ligação: serve apenas de relacionar o predicado com o sujeito; intransitivo: encerram em si a noção predicativa; dispensam quaisquer complementos; I transitivo direto: que exigem a presença de um objeto direto; I I transitivo indireto: que pedem a presença de um objeto-indireto; I transitivo relativo: que apresentam um complemento preposicional, chamado relativo; A classe dos transitivos só se aplica em circunstâncias exclusivas, isto é, em que há exclusivamente apenas um complemento. S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS R OCHA L IMA (1994) ( CONT.) Continuando: I transitivo circunstancial: que requerem um complemento, preposicional ou não, chamado circunstancial, como em irei a Roma; I bitransitivo: que tem concomitantemente um objeto direto e um indireto ou relativo (p.e., dividi o pão com eles).1 Subclasses: OBJ.D + OBJ.I (bitransitivo), OBJ.D + C.REL (bitransitivo relativo), OBJ.D + C.CIRC (bitransitivo circunstancial). I transobjetivo: a compreensão do fato verbal vai além do objeto-direto, como em o sofrimento torna os homens humanos. Verbos cujo pronome reflexivo corresponde a uma fossilização, visto não ter função objetiva e nem de complemento, são analisados como um só elemento: arrepender-se, abster-se, ... 1 Ou, ainda, circunstancial como em recuou a mesa três metros. S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS R OCHA L IMA (1994) ( CONT.) Objeto indireto x relativo x circunstancial (ver Lima, 1994, p.248–253): I objeto indireto: ser animado a que se dirige ou destina a ação ou estado que o processo verbal expressa; I complemento relativo: tem valor de objeto direto, isto é, é o ser sobre o qual recai a ação; distingue-se do objeto indireto por (a) não representar pessoa/coisa a que se destina a ação; e (b) não pode ser substituı́do por pronome lhe, mas por ele/ela (p.e., “depender dela” x “*depender-lhe”); I complemento circunstancial: complemento de natureza adverbial tão indispensável à construção do verbo quanto, em outros casos, os demais complementos verbais (p.e., “irei a Roma” x “jantei em Roma”). Outros exemplos: estar à janela, distar dez metros, viver muitos anos, custar mil cruzeiros, entre outros. S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS R OCHA L IMA (1994) ( CONT.) Classificações e questões: I (g) Tirou as crianças da sala (apostila, p.16) OBJ.D + C.CIRC (bitransitivo) I (i) Indagaram-lhe sobre a prova (apostila, p.16) A passiva, aqui, tem o ‘objeto indireto’ como sujeito (‘Pedro foi indagado sobre a prova’). Portanto, vamos analisar ‘lhe’ aı́ como ‘objeto direto preposicional‘: OBJ.D + C.REL. I Caso similar: amou a mim: OBJ.D. A noção de ‘objeto direto preposicional’ de Rocha Lima é útil nestes casos em que o verbo parece aceitar “opcionalmente” a preposição. I O verbo ‘assistir’: Rocha Lima (1994, p. 252) o considera transitivo relativo (‘assistir a um baile’). Pensando nos vários sentidos possı́veis do verbo (‘ver’, ‘acudir’ e ‘estar presente’), como fica a classificação dos complementos? S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS D ETERMINAÇ ÃO DA FUNÇ ÃO Outros critérios: I objeto direto: quando indica (a) o ser sobre o qual recai a ação (“chutar a bola”), (b) o resultado da ação (“construir uma casa”), ou (c) o conteúdo da ação (“discutir polı́tica”). I objeto indireto: em geral, não aceita ser sujeito da passiva. I substituição por pronome: se pode ser substituı́do por o/a é objeto direto; por lhe é objeto indireto; se nem um nem outro, pode ser complemento relativo, circunstancial ou adjunto adverbial. I papel temático (em geral, para sintagmas preposicionados): I C.REL : se indica o TEMA do evento ou estado de coisas designado. I C.CIRC : se a natureza adverbial é LOCATIVA, DURATIVA ou de MEDIDA/EXTENSÃO. I A.ADV : se a natureza adverbial é INSTRUMENTAL, MANEIRA etc. S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS O COMPLEMENTO CIRCUNSTANCIAL Qual é a função de mal em “ela saiu-se mal na entrevista”? Do site hispanoteca.eu (URL: http://goo.gl/PxL0ud): I [...] algumas gramáticas distinguem claramente entre um advérbio e um complemento circunstancial, chamando advérbios somente aquelas palavras invariáveis que servem para precisar ou modificar um verbo, adjetivo ou outro advérbio: bem, mal, enormemente, muito. [Elementos adverbiais] que também podem ter outras funções gramaticais [...] chamam de complemento circunstancial. Note que este é um critério sintático. Assim, consideraremos mal como adjunto adverbial, sendo saiu-se verbo intransitivo, no caso. Casos similares: custa muito, dista enormemente, saiu-se muito bem. É diferente, por exemplo, de dez reais em custa dez reais: dez reais pode exercer outras funções sintáticas, como sujeito em dez reais é uma ninharia e objeto em eu tenho dez reais. S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS O COMPLEMENTO CIRCUNSTANCIAL ( CONT.) Como analisar “Pedro correu de casa até o armazém”? O sentido que damos ao verbo aqui incide sobre o deslocamento até um certo ponto, isto é, poderia ser parafraseado por “Pedro foi correndo de casa até o armazém”. Neste caso, os sintagmas preposicionados funcionam como complementos circunstanciais. PRED.V NUC C.CIRC C.CIRC correu REL NUC REL A.ADN de casa até o NUC armazém Portanto, nesta acepção, o verbo é considerado bitransitivo circunstancial. S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS H AUY (1983, P.78-88) “Tudo ficou reduzido a cinzas” (ver Hauy, p.78): I Cegalla: ‘a cinzas’ é complemento nominal. Por quê? Por ‘reduzido’ ser uma forma nominal. I Hauy: ‘a cinzas’ é objeto indireto. Por quê? Em função de complementar o sentido do verbo mas ser preposicionado. I Quem está certo? Ou nenhum está? Não é óbvio! I Seria um predicativo (de caráter resultativo)? Neste caso, não se trata de complemento ou objeto indireto, mas de predicativo do sujeito na passiva e predicativo de objeto na ativa. Segundo Rocha Lima, verbos como “arrepender-se” e “abster-se” não tem objeto direto ou indireto. Sim, mas quem ‘se arrepende’ se arrepende de algo, o mesmo valendo para ‘abster-se’. São, portanto, transitivos relativos. S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS C RIT ÉRIOS DE CLASSIFICAÇ ÃO I Quais os critérios para classificar os diferentes tipos de complemento verbal quando regidos por núcleo nominal (p.e., em ida a Lajes)? I Se, em relação ao verbo correspondente, for OBJ.D, C.REL ou C.CIRC, então é complemento nominal. I Caso contrário, é adjunto adnominal (SUJ, AG.PASS, OBJ.I, A.ADV etc.). I Podem ser aplicados critérios de natureza diversa (semânticos, sintáticos e morfológicos) na determinação e diferenciação das várias funções sintáticas. S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS C ONCLUS ÃO I A classificação prevista pela NGB é demasiadamente pobre para permitir uma adequada discriminação de funções sintáticas. I Classificações alternativas acabam sendo mais ou menos arbitrárias e determinadas por critérios diversos (semânticos, sintáticos e morfológicos), algumas vezes conflituosos entre si. I A classificação proposta por Rocha Lima é relativamente satisfatória, embora também apresente incompletudes e mesmo problemas de análise/aplicação. S UM ÁRIO A ULA ANTERIOR R EG ÊNCIA VERBAL A LGUNS PROBLEMAS C ONCLUS ÃO R EFER ÊNCIAS R EFER ÊNCIAS 1. HAUY, Amini Boainain. Da Necessidade de uma Gramática-Padrão da Lı́ngua Portuguesa. Ensaios 99, São Paulo: Editora Ática, 1983. 2. LIMA, R. Gramática normativa da lı́ngua portuguesa. 32. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.