O BUTÃO ESTÁ FICANDO PARA TRÁS
Kuensel, jornal nacional de Butão, 2ª feira, 30 de
novembro
Delegação do 1o Ministro retorna de Brasil com um aprofundado
comprometimento de perseguir o FIB
O conceito de Felicidade Interna Bruta pode ter se originado no Butão, mas
quando se trata de implementar esse conceito, o Butão está ficando para trás em
relação a outros países.
Isto é o que a delegação butanesa, liderada pelo 1º Ministro Lyonchhoen Jigmi Y
Thinley, se deu conta, depois de participar da 5ª Conferência Internacional sobre FIB,
em Foz de Iguaçu, Brasil.
O 1º Ministro Lyonchhoen Jigmi Y Thinley, que retornou para casa ontem, disse
que voltou com a determinação de impulsionar a Felicidade Interna Bruta (FIB) de um
modo que cada cidadão butanês comece a desempenhar um papel mais envolvente. “A
conferência foi altamente educativa, e aprendemos muito. O FIB está sendo
implementado por ONGs, empresas e governo local em algumas partes do Brasil, algo
que está muito além do que o Butão está de fato fazendo ou já alcançou”, disse
Lyonchhoen. “Estamos voltando com o tipo de preocupação de que o povo e o país,
onde o FIB nasceu, estão na verdade ficando para trás”.
A conferência aconteceu de 20 a 24 de novembro, e contou com a participação
de cerca de 800 profissionais, incluindo doutores, advogados, educadores, bem como
de formuladores de políticas públicas, líderes da sociedade civil, intelectuais e
acadêmicos, estudantes e executivos de empresas privadas. A conferência foi
organizada pelo Instituto Visão Futuro e pela Itaipu Binacional.
Liderando uma delegação de 27 pessoas de diferentes seções da sociedade
butanesa, Lyonchhoen disse que os quatro pilares do FIB, que são divididos em nove
domínios, e que por sua vez ainda são subdivididos em 72 variáveis, foram totalmente
compreendidos e apreciados pelo poder público de dois municípios brasileiros – cujas
respectivas populações são de cerca de 150.000 e mais de 1 milhão de pessoas
(Itapetininga e Campinas). Essas duas cidades estão adaptando os princípios do FIB
como política pública, sendo que outros 14 municípios também reportaram a intenção
de ministrar o questionário e aplicar o processo FIB.
Uma empresa nacionalmente conhecida, a Natura Cosméticos, também adotou
sua própria abordagem FIB, com vistas a melhorar o bem-estar dos seus funcionários,
de acordo com o Primeiro Ministro. “Essa empresa está interessada em implementar o
FIB na sua estrutura organizacional e na gestão de pessoas”, disse ele.
Lyonchhoen acrescentou que uma reputada universidade brasileira, a Unicamp,
também começou a oferecer um curso sobre FIB, e está conduzindo uma pesquisa
sobre esse mesmo tema. “No Butão, nenhum dos nossos institutos já fez isso” disse
ele.
O FIB também está sendo praticado em nível comunitário no Brasil, de acordo
com Lyonchhoen. “Numa ecovila em particular, as nove dimensões do FIB estão sendo
praticadas no seu dia-a-dia”, disse ele.
Da 1ª conferência internacional à 5ª, Lyonchhoen Jigmi Y Thinley disse que o
conceito do FIB cresceu. “O foco e as discussões durante a 5ª conferência se
concentraram na maior parte na prática e na implementação do FIB”, disse ele. Mas o
Primeiro Ministro também disse que a idéia do FIB está se espalhando, e que, embora
o Butão tenha sido o berço desse conceito, ele precisa aprender e compreendê-lo
ainda mais. “O FIB continua uma idéia que necessita de um constante desenvolvimento
e refinamento. Esse conceito não foi suficientemente infundido e embutido nas nossas
políticas públicas. Em níveis escolar, universitário, poder público e privado, o conceito
ainda não é bem compreendido”, afirmou ele.
O Brasil é a jornada mais longa que o FIB jamais fez, em termos de distância
geográfica, idioma e cultura, de acordo com as informações prestadas pelo Secretário
de Comunicação, Kinley Dorji, um dos membros da delegação. Ele disse que, para os
brasileiros, que estão assumindo as atividades relacionadas ao FIB, a 5ª Conferência
Internacional cumpriu o papel de introduzir aos brasileiros pessoas e idéias do Butão,
que é a fonte e o lar do FIB. “Os participantes butaneses testemunharam de fato que
as pessoas estão fazendo FIB no Brasil”, disse ele.
Uma alta autoridade governamental butanesa disse que eles agora estão se
dando conta que o Butão não está de fato implementando o FIB.
A delegação butanesa decidiu formar um grupo nuclear de pessoas que
começará agora a discutir como começar a implementar o FIB nos níveis individual e
familiar, na comunidade e em vários níveis institucionais, de acordo com Lyonchhoen.
“A mídia também terá que desempenhar um importante papel nesse processo”, disse
ele.
Lyonchhoen disse que o Butão atualmente alcançou um estágio onde o FIB
pode ser infundido de formas práticas dentro da sociedade, começando pelo sistema
educacional. “A conferência internacional aprofundou e impulsionou nossa
compreensão de como o FIB pode ser implementado, medido e monitorado”, disse. “E
também aprofundou e impulsionou nosso comprometimento em persegui-lo”, disse
ele.
Por Phuntsho Choden
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