A RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO EM SALA DE AULA
SILVA, Ligia Terezinha Bontorin Dipp da – PUCPR
[email protected]
GARBIN, Aline Regina – PUCPR
[email protected]
NASCIMENTO, Nicileia Batista – PUCPR
[email protected]
Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O presente relatório de pesquisa propõe identificar a prática docente de professores de uma
escola municipal da educação básica no município de Curitiba, por meio da descrição dos
procedimentos adotados em sala de aula, e a análise fundamentada em autores para
reconhecer a relação existente entre o professor e seus alunos. Este trabalho é de extrema
relevância aos profissionais da área da educação por contribuir para uma reflexão crítica
acerca da relação que professores mantém com seus alunos na sala de aula, ressaltando a
importância da conduta do professor e sua influência no aprendizado e na motivação de seus
educandos, principalmente na primeira etapa da educação básica. A metodologia utilizada é
de abordagem qualitativa e utiliza-se como instrumento para coleta de dados a observação
direta, que proporciona ao pesquisador estar em contato com a real prática pedagógica. O
campo empírico se efetivou em duas salas de aula com turmas de 1° e 5° ano do período da
manhã. A pesquisa mostra que nesta interação social existente entre o professor e aluno não
há possibilidade de não haver um comprometimento entre ambos no sentido de promover a
aprendizagem como um todo. Nas observações realizadas se verificou que os alunos que
possuem uma professora amorosa, paciente, têm mais participação e rendimento escolar. Se o
professor não favorece um clima cordial, afetuoso em sala, a tendência é a falta de interesse e
desmotivação para aprender. O aporte teórico fundamenta-se nos autores: Barbosa (2009),
Carvalho (2005), Delorenzo (1977), Durkhein (1978), Freire (2007, 2009), Guebert (2008),
Queluz (1999), Nérice (1985), Snyders (1993), Tardiff (2006), Vasconcellos (1993),
Vygotksy (1984) e as normas vigentes da educação, para compreender os conceitos
específicos e para auxiliar nas análises dos dados coletados.
Palavras-chave: Prática docente. Professor. Relacionamento
Introdução
Um dos temas debatidos atualmente no âmbito escolar é a importância da convivência
saudável e motivadora que deve existir entre professores e seus alunos, logo, se fez necessário
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descrever e analisar a prática docente de duas professoras no contexto de uma escola
municipal de Curitiba. Para desenvolver a pesquisa utilizamos o instrumento da observação
de professoras regentes do 1º e do 5º ano do ensino fundamental.
Ao entender que a aprendizagem está impregnada de afetividade, buscou-se o aporte
teórico em Vygotsky (1984) para compreender como é construída a relação professor-aluno.
Segundo Vygotsky (1984), o educador precisa contextualizar a sua prática docente,
considerando o aluno como um sujeito integral e concreto, historicamente situado, isto é, um
indivíduo que a partir da sua história de vida, tem um capital cultural construído na interação
com o meio em que está inserido, tendo uma identidade que além de individual, é também
coletiva e que o liga a sua classe social de origem.
Sendo assim, é essencial que o educador busque na sua formação permanente, o
sentido do porque e para que ensinar aos seus alunos, levando sempre em consideração a
realidade e a experiência de cada um, preparando e planejando sua prática docente,
procurando sempre transmitir aos seus alunos aquilo que faz parte de sua realidade.
Prática do professor em sala de aula
Segundo Vasconcellos (1993), a prática realizada em sala de aula exige do professor o
entendimento de como acontece e se constrói a aprendizagem na vida do ser humano. Para
que haja a compreensão deste processo, é necessário que o professor crie vínculos afetivos
com seus alunos, ter em mente que o seu aluno é um ser cheio de idéias, experiências próprias
que precisa ser escutado para a construção de seu conhecimento.
Para Tardiff (2006), um professor não é somente alguém que aplica conhecimentos
produzidos por outros, não é somente um agente determinado por mecanismos sociais, mas
sim um ator no sentido forte do termo, isto é, um sujeito que assume sua prática a partir dos
significados que ele mesmo dá, um sujeito que possui conhecimentos e um saber-fazer
provenientes de sua própria atividade e a partir dos quais ele a estrutura e orienta.
O espaço da sala de aula é um lugar privilegiado, onde se encontram professores e
alunos que participam de ambientes sociais diversificados que necessitam estabelecer uma
convivência, acredita-se ainda que;
[...] a sala de aula é o lugar em que há uma reunião de seres pensantes que
compartilham ideias, trocam experiências, contam histórias, enfrentam desafios,
rompem com o velho, buscam o novo, enfim, há pessoas que trazem e carregam
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consigo saberes cotidianos que foram internalizados durante sua trajetória de vida,
saberes esses que precisam ser rompidos para dar lugar a novos saberes
(VASCONCELLOS, 1993, p. 35).
Ainda Vasconcellos (1993), enfatiza que o professor para atuar verdadeiramente como
tal deve considerar sempre a realidade da sala de aula, sabendo que é com os alunos que ali
estão que ele terá que trabalhar, mesmo não sendo estes o modelo ideal. Além disso, a escola
e o país são aqueles elementos que terá que considerar, independentemente de suas
preferências.
Ao reconhecer que nos primeiros anos do ensino fundamental é usual a prática de ser
uma mesma professora para atender a turma em todas as disciplinas, e esta deve ser capaz de
conciliar as diferenças individuais, considerando o que Carvalho (2005) afirma:
[...] os ritmos de aprendizagem variam as experiências anteriores dos alunos com a
leitura e a escrita também. Crianças pequenas devem assimilar normas escolares de
conduta e aprender a viver em grupo. Há conflitos e disputas, a professora é ao
mesmo tempo mediadora, juíza, apaziguadora, estimuladora. Além disso, tem que
ensinar a ler e a escrever. (CARVALHO, 2005, p. 17).
Podemos dizer que a prática docente exige do professor uma ação consciente das
funções que desempenha na sua sala de aula. Essa tomada de consciência os levaria a
organizar seu trabalho pedagógico de forma a desenvolver no educando suas várias
capacidades, como a de desafiar, de provocar, de contagiar, de despertar o desejo, fazendo
com que ele realize, por meio da interação educativa, a construção do seu próprio
conhecimento.
Segundo Queluz (1999, p. 43), o professor deve buscar o fazer pensar e propiciar a
reflexão crítica e coletiva em sala de aula, ou seja, uma verdadeira atividade interativa que
possibilite processos mentais superiores, ajudando os alunos a entenderem a realidade em que
se encontram, tendo como mediação o conhecimento, assim o professor atuaria como
facilitador das relações e problematizador em diferentes situações, “a prática reflexiva tem um
caráter emancipatório quando é capaz de perceber e desmistificar as desigualdades e injustiças
que se produzem na sala de aula a partir da própria ação do professor e dos alunos”.
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Postura do professor em sala de aula
Todo pessoa que idealiza seguir a carreira da docência, deve ter consciência de que
somente após a formação onde recebeu um embasamento teórico e iniciado o exercício da
prática propriamente dita é que ele perceberá qual é de fato a postura em sala de aula.
Para Queluz (1999, p. 15), o professor precisa estar preocupado com o aluno mais do
que com o conhecimento a ser transmitido, com suas reações frente a esse conhecimento, com
os seus propósitos em termos de ensino e aprendizagem e estar consciente de suas
responsabilidades nesse processo.
O professor também deve estar ciente de que para uma prática inovadora e que dê
resultados na aprendizagem de seus alunos, é necessário uma constante reflexão do que e
como ensinar, refletindo e percebendo quais os pontos que precisam ser modificados para
uma prática de sucesso.
De acordo com Freire (2009, p. 65-66), os alunos emitem juízo de seus professores e
os usam como exemplo, sendo assim, o professor deve ter ciência que deixa sempre uma
marca em seus educandos, seja como autoritário, licencioso, competente ou irresponsável, daí
a importância de sua postura em sala e na comunidade.
No entanto além de ter a tarefa de passar para os alunos as informações que lhe são
pertinentes, cumprindo o planejamento e conteúdos, ainda vai se deparar com as exigências de
uma conduta ética moral, “a prática docente especificamente humana, é profundamente
formadora, por isso, ética. Se não se pode esperar de seus agentes que sejam santos ou anjos,
pode-se e deve-se exigir seriedade e retidão” (FREIRE, 2009, p. 65).
Relação professor aluno em sala de aula
Até a década de 60 as instituições escolares acreditavam que a rigidez no trato era
essencial para que as crianças aprendessem. Esse modelo de escola conservadora e retrógrada
não deveria ter espaço na sociedade do século XXI, mas infelizmente, há escolas que se
vestem de modernidade, mas em sua prática explicitam uma educação rígida.
O ideal segundo Freire (2007, p. 69-70), são professores sem receio de expressar sua
afetuosidade, “é preciso não ter medo do carinho [...]. Só os mal-amados e as mal-amadas
entendem a atividade docente como um quefazer de insensíveis, de tal maneira cheios de
racionalismo que se esvaziam de vida e de sentimentos”. Os vínculos afetivos positivos
promovem o desenvolvimento, conforme Snyders (1993, p.13), “a escola deve proporcionar
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aos jovens vontade de viver e oferecer-lhes sustentação e ponto de apoio, e a arte mais
importante do mestre é provocar a alegria da ação criadora e do conhecimento”. Mas há
alunos que vêem a escola como algo necessário, mas desagradável. Cita-se
Não só os alunos que fracassam, como é de se esperar, mas também muitos e muitos
daqueles que são bem sucedidos, de acordo com as regras convencionais,
consideram evidente que a escola é triste e está condenada a ser triste [...] Alguns
guardam rancor contra a escola, mas o pior talvez seja o fato de que a maioria dos
alunos se resigna docemente à monotonia da escola, esperando que ela termine ao
fim de cada dia, ao fim de cada ano, ao fim da juventude – na expectativa (e
conformando-se com isso) de que ela os prepare para aquele famoso futuro cheio de
promessas e ameaças (SNYDERS, 1993, P.14)
O espaço destinado à construção do conhecimento deve ser um referencial de aspectos
positivos e motivadores. Cada um dos presentes na sala de aula tem uma história que será
modificada a partir das experimentações que ocorreram ao longo de sua existência e
convivência estudantil. Para afirmar esta idéia, utilizamos Guebert (2008),
É de suma importância destacar que todo processo de construção precisa de uma
referência. Neste caso professora-educadora, é uma profissional responsável por ser
esta referência, logo sua comunicação verbal, gestual, sua observação e seu desejo
de contribuir devem ser intensos. Portanto este estilo da professora-educadora que
influencia o desenvolvimento cognitivo e lingüístico das crianças e, por outro lado, a
interação entre elas, influencia também o estilo comunicativo da própria professoraeducadora (GUEBERT, 2008, p.12).
Aprendemos que o ser humano torna-se humano pela socialização que é necessária
para sua saúde física e mental. Essa socialização deve ser aprendida, exercitada, e nada
melhor do que a instituição escolar para cumprir esta idéia. Concordando com essa idéia das
pesquisadoras, Snyders (1993) posiciona-se
Dentro da sala de aula, os alunos vivem a experiência das particularidades
individuais e das diferenças de grupos e do todo da classe: os indivíduos são
diferentes entre si, e muitas vezes de difícil acesso. [...] O todo da classe e o todo da
escola têm muita dificuldade em constituir uma unidade. r Na maioria das vezes,
eles a encontram mais em fases de oposição comum a uma autoridade exterior do
que em suas próprias riquezas. [...] O aluno pode sentir sua originalidade individual
ameaçada tanto por seus pares quanto por seus superiores ou pela instituição. A
questão é atingir uma alegria das relações, superando esses graves riscos de nãoalegria (SNYDERS, 1993, p. 69-70)
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Mas a relação que existe entre o professor e o aluno não é fácil, nem simples porque
temos normalmente diferenças nas idades, na forma de ter constituídos os valores, crenças,
princípios, e comportamentos, onde cada uma das partes tem incorporado conceitos diferentes
de mundo, principalmente esta nova geração do século XXI que tem acesso às diferentes
informações, ao que acontece no mundo e facilidade de manuseio dos modernos recursos,
muitas vezes mais fluentemente do que os seus professores.
A importância que o professor tem na vida de um aluno é expressa na fala de Snyders
(1993, p. 73), “as coisas que eu aprendi diretamente da boca de meus professores (na escola,
portanto, e não nos livros) permanecem estreitamente ligadas, na minha lembrança, àqueles
que as formularam”.
Os professores têm ainda a responsabilidade e o dever de tentar minimizar seus gostos
pessoais e preferências para não prejudicar e confundir seus alunos, provocando sentimentos
de baixa auto-estima. Para confirmar essa ideia, cita-se Snyders (1993, p. 76-77),
“inevitavelmente, introduzem-se naquelas longas horas de aula as mudanças de humor do
professor, seus equívocos e seus momentos de distração, suas escolhas arbitrárias ou que, pelo
menos, assim parecem, dividindo a classe em rejeitados, suspeitos e preferidos”.
A interação, o comprometimento entre o professor e seus alunos, deve refletir a
importância da relação, tanto da parte do professor que deve almejar que todos os seus alunos
comprometam-se do mesmo modo – o qual ele considera o correto, bem como os alunos que
não podem confundir a função.
Apresentação e análise dos dados
Este relatório de pesquisa é o resultado desta observação que se deu em duas salas de
aula com professoras atuantes nas séries iniciais, conforme os objetivos propostos.
Atrair a atenção das crianças e perceber que foi possível despertar o interesse para o
novo é desafiador e ao mesmo tempo satisfatório, pois ter a oportunidade de participar destas
descobertas e o gosto pelos novos saberes através da leitura e interpretação dos textos;
provocá-los à reflexão e à participação crítica pressupõe o inicio de um grande sucesso.
A função que a escola exerce de ensinar, deveria contemplar outra categoria, a alegria,
como destaca Snyders (1993, p. 27), “afirmo que a escola preenche duas funções: preparar o
futuro e assegurar ao aluno as alegrias presentes durante esses longuíssimos anos de
escolaridade que a nossa civilização conquistou para ele. Durante a observação da sala do 1º
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ano, a professora A, correspondia a este aspecto destacado pelo autor, pois ela valorizava a
alegria presente em sala, falava carinhosamente com as crianças e demonstrava satisfação em
estar com seus alunos, mesmo quando chama a atenção: “Tem gente que levou livros para
casa e fez tudo, que não era para fazer... mas não faz mal, vamos abortar essa atividade”
(fala da Professora A).
Nas observações realizadas no campo empírico, constata-se que na sala de aula do 1º
ano, o vínculo afetivo da professora com a turma proporcionava uma interação e o
desenvolvimento das atividades de modo muito mais satisfatório que a da turma do 5º ano,
onde a professora não demonstrava interesse em manter um vínculo emocional positivo com
seus alunos.
A professora B, do 5º ano, não demonstrava afeto, valorizando um clima sisudo e
cheio de ameaças, como se observa em sua fala: “Bico fechado! Você ficará amanhã comigo
no recreio! – Chama outro aluno e diz, ”Venha marcar os nomes de quem não fica quieto”
(fala da Professora B). Com essa forma de agir, a professora B não contribuía para a alegria
em sala, e esta segundo Snyders (1993, p. 29) deve estar presente, “a alegria do aluno não
pode ser separada da alegria do jovem, da alegria de ser jovem”.
A postura que o professor adota em sala de aula é determinante para a facilitação ou
não da aprendizagem de seus alunos. Se o professor se mostra muito “sabido”, faz com que a
criança fique receosa de não corresponder às expectativas e desestimula a participação e o
envolvimento no processo de ensino. De acordo com Snyders (1993, p.16), “o medo do
fracasso, o medo de enfrentar o difícil acionam mecanismos profundos de defesa: ceticismo
generalizado, recurso das obrigações e avaliações” Nas interações observadas foi nítida essa
diferença que a postura do professor cria para facilitar ou não a aprendizagem.
A professora A, desde o começo, estabeleceu com clareza o objetivo da aula e
trabalhou nele até o fim. Com muita facilidade e desenvoltura verbal e de expressão, conduziu
bem o assunto com a explicação do som das palavras com e sem vogal, onde os alunos tinham
a oportunidade e liberdade de se expressarem de forma a participarem ativamente
completando as palavras de acordo com as letras que a professora trabalhava. A experiência
vivida permitiu perceber que a aula deve ser um momento de troca. Para Delorenzo (1977), o
educador não é um expectador dos fenômenos no processo educacional, mas sim um agente
das experiências e condutor das mudanças. Deve ter conhecimento suficiente da classe e
utilizá-lo objetivamente para criar um tipo de ambiente mais eficaz para o ensino.
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O conhecimento que a professora A, externava tanto pelo controle que tinha da turma
como também pela sua fala, transpassava um clima de compreensão, entendimento e
serenidade, tendo em vista que mesmo com algumas conversas entre os alunos, eles
participavam da aula.
A professora B conduz sua aula de uma forma ríspida, na sua maneira de tratar os seus
alunos, com a voz alterada, em tom alto, pedia para que concluíssem a prova que já estava em
andamento. Os demais alunos tinham a oportunidade de fazer algumas palavras cruzadas até
que todos pudessem iniciar a próxima atividade. Para Durkheim (1978), a autoridade do
professor implica a confiança e o sentimento da própria autoridade, pois ninguém pode
“manifestar autoridade se efetivamente não a possui”. Ela não é fruto do direito de punir e de
recompensar, mas sim da consciência que o professor tem de seu papel. É necessário que ele
“creia na missão que lhe cabe e na grandeza dessa missão”.
No entanto a professora B procurava manter o controle da classe com ameaças,
falando que não teriam intervalo no próximo dia de aula, a no decorrer de outra atividade,
enquanto ela escrevia no quadro, pediu para que um aluno estivesse observando seus colegas,
e os que conversavam tinham o seu nome escrito quadro por ele, mas quando este mesmo
aluno estava em sua carteira conversava e fazia outra coisa.
Há indagações sobre a construção do pensamento dos alunos, bem como a construção
dos modelos sociais que a professora expressa ao atuar em uma sala de aula onde os alunos
são objetos de intervenção e estão sendo constituídas as regras, a cultura, os valores, as
crenças, efetivados no processo de escolarização efetivado pela prática docente. Para eles,
qual é o exemplo maior que a professora transmite? Freire (2007) afirma que a prática
pedagógica tem uma natureza formadora a partir do exemplo.
A professora B propôs uma atividade da disciplina de Português, onde disse para os
alunos que os textos escritos por eles seriam expostos aos pais, mas precisavam de correções
porque havia alguns erros ortográficos. Seria mais conveniente fazer uma reescrita do texto e
por fim foi escolhido um texto para tal atividade. Ela escreveu na íntegra o mesmo no quadro.
E juntos os alunos reescreveram o texto da melhor maneira possível.
Freire (2007) diz que ensinar é criar possibilidades para a sua construção. Na reescrita
do texto foi possível perceber algo muito positivo, inovador, foi de uma riqueza imensa
oportunizar aos alunos essa experiência, para que eles possam refletir sobre suas ações e seu
conhecimento.
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Segundo Nérici (1985), aprendizagem pressupõe exercício, elemento indispensável
para desenvolver aptidões. Permitir ao aluno ler, ainda que com suas limitações, é dar-lhe
oportunidade de aprender. A partir do exercício de leitura, o professor pode estimular seus
alunos e desenvolver neles a autoconfiança e a perseverança.
Conclusão
Ao buscar e identificar como se dá a relação professor-aluno, entende-se que a prática
pedagógica do professor em sala de aula deve ser algo a ser realizado com bastante dedicação,
planejamento e sempre voltado aos interesses dos alunos, relacionando sempre com sua
realidade, sem deixar de embasar sua prática docente ao projeto político pedagógico da
escola.
Percebe-se também que, a professora A tem uma melhor organização e preocupação
com o desenvolvimento de seus alunos, e que durante a observação em sala de aula, podemos
perceber que sua pratica está voltada aos interesses e realidade de seus alunos, pois, ela
sempre está perguntando e questionando a eles assuntos relacionados ao conteúdo, mas que ao
mesmo tempo seja algo relacionado aos os interesses deles.
Ao analisarmos a relação que as professoras mantêm com seus alunos, nos deparamos
com duas situações distintas, entendo se que a professora A realiza uma atividade pedagógica
prazerosa, demonstrando que seu intuito é favorecer a aprendizagem de seus alunos e a
condução para a autonomia dos mesmos. Já a professora B, mantém uma relação baseada no
medo, na ameaça, passando conteúdo, mas sem a preocupação de que seus atos refletirão de
maneira negativa no desenvolvimento das crianças, como ressalta Barbosa (2009, p.80), “não
precisamos de cabeças cheias, mas de cabeças capazes de pensar, de fazer relações, reflexões,
e de colocar ideias em movimento, tornando-as realidade”.
Esta pesquisa abre espaço para questionarmos o que falta a essa professora B e a tantas
outras para que reaprenda o que é realmente ensinar, qual o valor de ser exemplo, de agir com
justiça, de ter paciência e controle de suas emoções para tratar o outro com respeito e
empatia? .
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Laura Monte Serrat. Psicopedagogia – Um diálogo entre a psicopedagogia e a
educação. 3. ed. Curitiba: Bolsa Nacional do Livro, 2009.
12845
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre a teoria e a prática.
Petrópolis, RJ.: Vozes, 2005.
DELORENZO NETO, Antonio. Sociologia Aplicada a Educação. 2. ed. São Paulo: Duas
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DURKHEIM, Emile. Educação e Sociologia. 11. ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 35. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
_____________ Pedagogia da Autonomia. 40. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009.
GUEBERT, Miriam Célia Castellain. A identidade e autonomia em crianças de 0 a 5 anos:
Abordagem sistêmica. Curitiba: Pro-Infantil, 2008.
QUELUZ, Ana Gracinda. O Trabalho Docente. Teoria e Prática. São Paulo: Editora
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NÉRICI, Imídio. Educação e Ensino. 1. ed. São Paulo: Ibrasa, 1985.
SNYDERS, George. Alunos Felizes. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
TARDIFF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis, RJ: Vozes,
2006.
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Construção do conhecimento em sala de aula. São
Paulo: Salesiana Dom Bosco, 1993.
VYGOTKSY, Lev Semynovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1994.
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