UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO DE FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA MONOGRAFIA VALUE AT RISK MODELO DE RISCO APLICADO AO MERCADO FINANCEIRO BRASILEIRO ALUNO: GUSTAVO PINHEIRO GONÇALVES Orientadora: Aleksandra Slowowska Bartsch, MSC SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. A APLICAÇÃO DO MODELO DERISCO NO MERCADO FINANCEIRO DO BRASIL 3. METODOLOGIA 4. O MODELO VaR 5. GERENCIAMENTO RISCO DO BANCO PROSPER 6. CONCLUSÕES FINAIS 7. ANEXO I Prosper e Prime acertam a fusão 8. ANEXO II Resolução 2972 do Banco Central do Brasil 1. INTRODUÇÃO 1.1 O Que É Risco? Os riscos podem ser definidos como a dispersão de resultados, as medidas de dispersão indicam como os valores de uma amostra se dispersam em relação a seu ponto central (média). Tanto as dispersões positivas quanto às negativas devem ser vistos como fontes de risco. Muitas vezes, apesar de alguns investimentos terem desempenhos positivos extraordinários, por trás carregam enormes riscos também. Os riscos podem ser quantificáveis através de métodos estatísticos que calculam as volatilidades dos preços dos ativos. A volatilidade nada mais é do que a dispersão, que também é conhecida como o Desvio Padrão (s). Essa medida visa estimar estatisticamente o grau de dispersão de um conjunto em relação a sua média (m). Para o cálculo de risco, estimamos o desvio padrão dos retornos logaritmos dos ativos dentro de um processo estocástico. Qualquer variável cujo comportamento varia ao longo do tempo, de uma forma incerta, é considerada um processo estocástico. O processo pode ser discreto, ou seja, a variável se altera apenas a certos intervalos de tempo ou pode ser contínuo, podendo variar a qualquer momento. Ao assumir que o ativo-objeto tem um comportamento estocástico contínuo, isto é, a distribuição probabilística dos preços do ativo-objeto, em uma data futura, é log-normal, podese afirmar que, a distribuição probabilística das taxas de retorno, calculada de forma contínua e composta entre duas datas, é normal. Sendo assim, deriva-se a série de retornos diários em Ln(Pf /Pi). O logaritmo natural da razão dos preços se aproxima da taxa de retorno (Pf /Pi)-1 e tem a propriedade de provocar simetria e homogeneidade na distribuição dos retornos, podem ser suficientemente bem aproximados pela distribuição normal (Curva Normal ou Curva de Gauss). Para essa distribuição são utilizados, a média (m) e o desvio-padrão (s). Sendo essas distribuições de probabilidades contínuas, o valor da probabilidade é calculada unicamente para determinado intervalo de valores. A curva normal pode ser graficamente representada pela função de densidade de probabilidade, que é dada por: f (x) = 1 2×p×s ×e - 1 2×s 2 ×( x - m )2 onde: f(x) = freqüência de determinado valor; Intervalo -¥ < x < +¥ m-s Figura 1.1 – Curva Normal m m+s Tabulação Própria A função f(x) da equação indica a probabilidade de um intervalo infinitesimal ao redor de x conter a variável aleatória. Na distribuição normal, a probabilidade de um intervalo ao redor da média com a largura de dois desviospadrões conter uma variável aleatória é de 68%, 68% é o intervalo de confiança, ou seja: Pr ob (m - s < x < m + s) = 0,68 Para o cálculo de risco, estamos interessados em encontrar o intervalo de confiança à esquerda, dos retornos dos fatores de risco que geram prejuízo inferior ao que ocorre no intervalo de confiança escolhido. Para se achar o número de desvios padrão referente ao intervalo de confiança, é necessário determinar a variável padronizada denominada de z. A expressão é calculada da seguinte forma: z = ( x - m )/s. Onde: z representa a variávelpadrão, ou seja, o número de desvios-padrão existente a partir de sua média. Para se calcular o Intervalo de Confiança (IC), um dos parâmetros do VaR, utiliza-se a função da Distribuição Cumulativa Normal Padrão N(z). Sendo z = ( x - m )/s => N (x, m, s). Assume-se: m = 0 e s = 1 Logo: z =( x - 0 )/1 = x. Para acharmos o número de desvios padrões (z) correspondente ao IC desejado, devemos usar o a Tabela inverso da Normal Padrão, anexo ao trabalho. Dada uma distribuição normal perfeita, a probabilidade de estarmos a 1 desvio-padrão da média, como já mencionada, é de 68%, a de estarmos a 2 desvios da média é de 95%. Finalmente, a probabilidade de estarmos a 3 desvios é inferior a 1%. A utilidade da distribuição normal está em reforçar as observações sobre a volatilidade do mercado. Esses intervalos e probabilidades são ilustrados conforme a Figura 1.2. Figura 1.2. – Inte rv alo de Confiança Tabulação Própria O Banco Prosper estipulou um intervalo de confiança de 99% que corresponde aproximadamente 2,33 desvios padrões. N(z) = 99% InvN(99%) = 2,33 Logo : N(2,33) = 99% de Confiança 2. A APLICAÇÃO BRASIL DO MODELO DERISCO NO MERCADO FINANCEIRO DO 2.1. História do VaR Alguns fatos de tragédia financeira levaram as instituições à necessidade de controle de risco. A crise mexicana em 1995, crise no Sudeste da Ásia em 97, crise da Rússia em 98, o processo de desvalorização da moeda brasileira em 99 e a Crise da Argentina, refletem momentos de amargura de investidores que possuíam ativos atrelados a esses países. O VaR, Value at Risk (Valor em Risco), se tornou um dos métodos estatísticos mais utilizados para gerenciamento de risco de mercado. O VaR surgiu em 1994, depois de uma série de desastres financeiros com derivativos, devido à alta alavancagem financeira. Especulações em operações com derivativos podem se tratar de ferramentas perigosas se mal administradas, podem até levar a quebra de um banco. Operações de especulação com derivativos vão contra suas premissas iniciais que foram criados para Hedgear (proteger) contra oscilações no mercado à vista. Mas infelizmente os avanços com mercados de derivativos foram mais rápidos do que a capacidade de controlá-lo. Além dos desastres financeiros, o uso do cálculo do VaR se tornou ainda mais sólido quando órgãos reguladores impuseram a utilização de gerenciamento de risco. Visando assim, assegurar um sistema financeiro seguro e confiável para evitar inadimplências de efeito cascata. Ou seja, a quebra de um banco pode gerar a falência de outro e que por sua vez pode falir um terceiro banco e quebrar um sistema financeiro. Para assegurar a estabilidade financeira, foi feito um pacto financeiro histórico que resultou no Acordo da Basiléia, feito em 15 julho de 88 e firmados pelos bancos centrais do G-10. São eles Bélgica, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Holanda, Suécia, Reino Unido e EUA. Seu principal objetivo era proporcionar condições de equilíbrio aos Bancos Comerciais, estabelecendo um padrão mundial. Sendo assim o Comitê da Basiléia de Supervisão Bancária (Basle Committee on Banking Supervision), o Banco Central norte-americano (U.S. Federal Reserve Bank) e o Banco Central do Brasil concluíram que o VaR servia como medida aceitável de risco de mercado. A partir das estimativas obtidas pelo VaR, as entidades reguladoras estabeleceram requerimentos mínimos de capital para o posicionamento em instrumentos dos mercados financeiros. Em Setembro de 98, o Banco Central do Brasil publicou a resolução 2.554/98 que dispõe sobre a implementação de sistema de controle internos de risco. De acordo com essa resolução, as instituições financeiras foram obrigadas a implementar controles internos de risco de suas operações. Os resultados obtidos pelo VaR devem estar à disposição de todos os funcionários e seu sistema, sujeito à auditoria externa e fiscalização. 2.2. Vantagens do Modelo O VaR consegue resumir os riscos de operações financeiras em termos financeiros e não técnicos, sendo assim a interpretação de risco se tornou muito mais fácil para os membros da diretoria e acionistas. O VaR viabiliza um melhor controle de alocação de recursos, podendo ser utilizado para estabelecer limites de aplicações para operadores. Além disso, VaR ainda pode ser decomposto em diversos VaR´s, ajudando a instituição a ponderar os riscos financeiros em relação ao risco global da empresa. A mensuração dos riscos possibilita uma melhor visão de investimento, de forma a otimizar as expectativas de retorno equilibrado a um determinado nível de risco suportável. 3. METODOLOGIA Este trabalho se baseia numa análise de um Banco de Investimento, o Banco Prosper. Sua metodologia de pesquisa se dará por um estudo de caso em como o Banco tem lidado com riscos de mercado diariamente, seus atuais problemas e a forma de divulgação dos riscos para a diretoria. Para isso será necessária a coleta de dados no próprio Banco como, forma de cálculo, sua periodicidade de divulgação, tipos de relatórios e ainda, testar a efetividade dos cálculos. Também serão utilizados exemplos a serem tratados de forma quantitativa, utilizando procedimentos estatísticos paramétricos. 4. O MODELO VaR 4.1. Metodologia e Parâmetros do VaR Existem diversas metodologias de Cálculo de VaR, como Paramétrico Analítico, Histórico e Monte Carlo. Mas nos focaremos na metodologia aplicada no Banco Prosper que é a Paramétrica Analítica. Este modelo utiliza distribuições paramétricas, divididas em fatores de risco (taxas de juros, dólar, Ibovespa), conhecidas para estimar a distribuição de probabilidade do valor de mercado da carteira. Este método é de fácil implementação, seu processamento é rápido e também é muito utilizado no mercado financeiro. O VaR é uma estimativa de perda máxima de uma carteira, num determinado período, com determinado intervalo de confiança e sob condições normais de mercado. O VaR pode ser aplicado para qualquer tipo de carteira e seu valor resume em valor monetário a exposição do banco ao risco de mercado. Para se calcular o modelo VaR necessitamos selecionar a utilização dos parâmetros quantitativos: · · · Determinar o horizonte de tempo (Hold Period) para estimativa de perda, dependendo do perfil do investidor. No caso do Banco Prosper é feita a utilização com janela de 10 dias. Selecionar o intervalo de confiança para a estimativa, sabendo que a perda máxima mais provável estará no intervalo probabilístico escolhido. Caso o VaR esteja sendo utilizado como limitador de posição das carteiras da empresa, a utilização de um alto nível de Intervalo de Confiança leva a níveis de VaR extremamente altos, sendo bastante conservadora. Já para níveis baixos de intervalos de confiança, entretanto, levam a uma subestimação do potencial de perda da carteira. Como dito anteriormente o Banco Prosper utiliza 99% de confiança. Mapear os ativos da carteira em fatores de riscos correspondentes. Montar uma série de distribuição de retornos logaritmos dos fatores em questão. O importante também, é definir que método será utilizado para o cálculo da volatilidade, o Banco Prosper utiliza a média móvel ponderada. Figura 4.3 - Fórmula do VaR. VaR = VA x IC x Ö HP x s VA = Valor Ap licado M tM IC = Interva lo de Confiança HP = Hold Per iod (Tempo) s = Volati lidade Vamos supor que o Banco Prosper adquiriu 20.000 ações da Petrobrás a R$50,00. Totalizando um valor aplicado de R$1.000.000. O desvio padrão dos logaritmos dos retornos diários da Petrobrás com uma janela de 20 dias é de 4,3%. O calculo do VaR será calculado para 10 dias, com 99% de intervalo de confiança (z=2,33 da tabela inverso normal padrão). Temos: VaR = 1.000.000 x 2,33 x 10½ x 4,3% = R$ 316.830 Significa que o Banco poderá perder em 10 dias um valor máximo de R$316.830 e apenas 1% de chance de apresentar perda superior ao valor calculado pelo VaR. O intervalo de confiança é ilustrado de acordo com a Figura 3.4. Distribuição do Valor de Mercado da Carteira 99% VaR = 316.830 683.170 1.000.000 , Valor de Mercado da Carteira Figura 4.4 – Valor de Mercado da Carteira Tabulação Própria 4.2. Montante Exposto Um importante parâmetro para o cálculo do VaR é a avaliação do montante exposto ao risco. Para tal, o Banco Prosper se preocupa em utilizar a metodologia chamada marcação a mercado (MtM). Nesta metodologia, o cálculo do valor da carteira é feito através cotação dos preços de mercado de cada um dos produtos que a compõe. Pois como o gestor de risco vai estimar quanto tem a perder se não sabe quanto,financeiramente, dispõe. Para produtos negociados no mercado à vista e que possuam grande liquidez, o valor de mercado é facilmente calculado através da simples multiplicação da cotação unitária pela quantidade de produto disponível na carteira. A carteira que varia na mesma proporção que seus preços de mercado são conhecidos como lineares, pois suas posições financeiras são uma função linear das variáveis de mercado (fator de risco). Por exemplo: Comprar 1.000.000 de ações da Telemar, sendo o lote de 1.000 a R$30,00. Logo montante exposto é (1.000.000/1.000)* 30 = R$30.000. Se o valor das ações da Telemar subir 10% no mês o valor da carteira composta apenas por Telemar subirá na mesma proporção: 10%. Com a mesma carteira: 1.000.000 * 30 * 110% = R$33.000. Já o valor de mercado de títulos de renda fixa como CDB e Títulos Públicos pré-fixados podem ser expressos pela seguinte equação: VP = VF (1 + i) t onde: VF - é o valor de 1 contrato na data do vencimento a ser resgatado; VP - é o valor presente do valor a ser resgatado no futuro; i - é a taxa de juros diária esperada para o período, vista pelo mercado no dia em que é calculado o VP; t - é o número de dias úteis para o vencimento do contrato; O valor de mercado de um título de renda-fixa é dependente do tempo e de taxas de juros praticadas no mercado. Com relação ao tempo, a cada dia o título rende juros, sendo assim, quanto menos tempo até o vencimento, maior será o seu valor de mercado. Para taxas de juros (fator de risco), para todos os dias existem uma nova taxa de CDI. Sendo assim, se possuo um título pré-fixado a 20% aa e o mercado está 19% aa, o titular do título está tendo uma rentabilidade acima do mercado. Em contra partida, se a taxa de juros subir para 21% e tenho um título a 20%, o VP cairá pois será descontado por uma taxa mais alta. Sendo assim, para títulos pré-fixados, quanto mais sobe a taxa de juros, maior será o desconto e menor o valor de mercado do título. Sendo o VP inversamente proporcional ao seu fator de risco (taxa de juros). Já para o mercado de derivativos, principalmente as opções, devido a sua não-linearidade, não poderemos calcular diretamente a volatilidade do ativo-objeto e o cálculo do VaR não será estimado a partir da sua posição financeira. Calcularemos o VaR a partir de sua posição Delta (δ), que representa a exposição de risco da opção com relação a flutuações no valor do ativo-objeto. As variações do valor de mercado de seus contratos podem ser razoavelmente bem aproximadas somente pelos termos da primeira derivada do ativo objeto (deltas). Para calcularmos a posição Delta das modelo de Black & Scholes. Devido à demonstração da derivação da fórmula de apresentação detalhada desse modelo estará trabalho. opções aplicaremos o complexa e extensa Black & Scholes, a fora do escopo deste O modelo de Black & Scholes nos permite calcular o preço justo de uma opção, de modo a eliminar as possibilidades de lucro por arbitragem (sem risco). Para o caso de opções do tipo européia, sobre ativos que não distribuam dividendos, Black & Scholes apresentaram as seguintes fórmulas para a avaliação dos seus prêmios: Fórmula de Black & Scholes O modelo: C= A.N(d1) - E.e-rt.N(d2) onde: d1 = ((ln(A/E) + (r+0,5.v2)t)/ (v.Öt) d2 = ((ln(A/E) + (r-0,5.v2)t) / (v.Öt) ou δ d2 = d1 - v.Öt = N(d1) – Delta da Opção de compra Definições: C => Valor da Opção de Compra A => Preço da Ação-Objeto E => Preço de Exercício t => Prazo de maturação (em dias) r => taxa de juros (diária) v => volatilidade diária N( ) => Função de Distribuição Normal Acumulada n( ) => Função de Densidade Normal A fórmula de Black&Scholes, representa o preço justo da opção, da probabilidade de se obter ganhos após o pagamento do preço de exercício E, somente quando A, valor do ativo-objeto, na data de exercício, for maior que E. O primeiro termo da fórmula A.N(d1) é o valor presente esperado para todos os possíveis valores do ativo-objeto no vencimento dependentes da chance de dar exercício. O segundo termo E.e-rt.N(d2) é o valor presente esperado para o pagamento do preço de exercício para as chances de dá exercício. Sendo que no vencimento, a volatilidade, o tempo até o vencimento e taxas de juros, terão valor igual a zero. Sendo assim, o valor da opção no vencimento terá somente seu valor intrínseco (A-E), pois a única vantagem que o titular terá com aquela opção será preço à vista subtraído do preço de exercício. Para uma opção com preço de exercício R$40 e mercado à vista está R$30, o preço de uma opção de compra será 0, pois o titular não terá vantagem alguma em pagar R$40 por um ativo que hoje está valendo R$30. Sendo assim o preço da opção será 0. Em contrapartida se os preços forem trocados, o titular da opção terá o direito de comprar R$30 e o mercado está pagando R$40, a opção me dá uma vantagem de R$10 seu preço no vencimento será de R$10. Voltando ao conceito de Delta, o delta de uma opção δ, é definido como taxa de variação de valor do ativo em relação as variações no preço de seu ativo-objeto, A, a primeira derivada. Dc = dC/dA = N(d1) Sendo C o preço de uma opção de compra, A o preço do ativo-objeto e N(d1), a distribuição normal padrão de d1 conforme a fórmula de Black&Scholes. Suponha que à medida que a opção de compra fica muito fora do dinheiro, isto é, o valor presente do preço de exercício é bem superior ao preço do ativo-objeto, ou seja, as chances de dar exercício é remota, seu delta tende a ficar próximo de 0. Se a opção estiver muito dentro do dinheiro, essa opção terá um delta próximo de 1, indicando que as chances de exercício são grandes. O delta de uma posição comprada em opções de compra é sempre positivo, já uma posição vendida em opções de compra tem delta negativo. O delta de um portifólio de diversas séries de opções é dado pelo somatório dos deltas individuais de cada ativo. O comportamento relativo dos preços entre ativos-objeto e suas opções permitem a construção de portfólios protegidos contra oscilações nos preços do ativo-objeto, podendo-se fazer hedge de posição. O delta de uma opção indica a quantidade de ativos-objeto que se deve adquirir para hedgear um portfólio com opções. Para proteger um portfólio vendido com opção de compra, é necessário comprar delta ativos-objeto. Um portfólio estará 100% protegido se o delta total for igual a 0, indicando que o valor do portfolio não se altera para pequenas mudanças no preço do ativo objeto. O ajuste para hedge deve ser feito diariamente, visto que os deltas das opções variam todos os dias. Suponha uma opção de Telemar, TNLPF30, cujo vencimento é daqui a 30 dias, com preço de exercício R$30 e preço à vista esteja R$31. Se o delta da opção for de 0,80, o significa que para cada R$1,00 que o preço do ativo-objeto (Telemar) suba, o preço da opção subirá 80% dos R$1,00, sendo R$0,80. Se o preço de Telemar for para R$32,00, suponha o preço de R$1,40 para Opção, a mesma pulará para R$2,20. O Delta de uma posição pode ser chamado de Taxa de Hedge, taxa de hedge significa quantas ações eu preciso comprar para cada opção lançada, isto é, para cada posição vendida de opção de compra. Pois se a opção cresce menos que a ação, ou seja, enquanto a ação sobe R$1,00, a opção sobe R$0,80, para compensar o ganho financeiro, eu ajusto a quantidade, ou seja, a posição deverá ter em quantidade menos ações do que opções para compensar a variação. Assumindo lançamento de 1.000 opções: ∆ Pa*Qa – ∆ Pc*Qc = 0 ∆ Pa*Qa = ∆ Pc*Qc Sendo Pa*Qa - preço e quantidade à vista e Pc*Qc - preço e quantidade da opção ∆ – variação dos preços Se Qa = Qc 1*1000 = 0,8* 1000 (errado) Logo: Qa = Qc* δ Qa = 1000 * 0,8 = 800 Logo: 1* 800 = 0,8* 1000 Hegde perfeito! Ativo Quant Pi δ TNLP4 800,00 31,00 1,00 1,00 0,80 1,00 TNLPF30 (1.000,00) 1,40 ∆ ação δ *(Pf-Pi) Pf Resultado 1,00 32,00 800,00 0,80 2,20 (800,00) O ganho de R$800 com as ações será compensado com a perda desse mesmo valor com as opções, o ganho líquido foi nulo. Logo se teve um hedge perfeito. Para calcularmos o VaR de um ativo não linear como as opções, podemos utilizar o Delta das opções. Visto que, uma posição de R$1.400 de opção,TNLPF30, com preço de exercício 30, tem a mesma posição em risco de R$24.800 de Telemar à vista. Sendo assim, para calcularmos o VaR da Opção utilizaríamos sua posição Delta e trataríamos como uma posição à vista de Telemar. Sendo: Posição Delta = Quantidade Opções * Preço à vista * Delta Posição Delta TNLPF30 = 1000 * 31 * 0,8 = R$24.800 Achamos o mesmo valor em risco se tivéssemos uma posição de 800 ações de Telemar à vista. Para acharmos o delta da opção necessitaremos de todas as variáveis que afetam o preço da opção, todos são observáveis, com exceção da volatilidade do ativo-objeto. Os derivativos fornecem informações sobre preços de equilíbrio, o que também inclui volatilidade. A partir do momento que conheço o valor da opção negociado no mercado, pode-se obter a volatilidade implícita da opção igualando o preço de mercado a seu valor teórico, variável será a volatilidade. Normalmente, diversas volatilidades implícitas são obtidas ao mesmo tempo a partir de diferentes séries de opções para a mesma ação-objeto, o que nos levaria a uma média ponderada para a estimativa da volatilidade implícita. Mas para opções, devemos levar em consideração que a estimativa da volatilidade implícita a partir de séries no dinheiro, que refletem uma volatilidade da ação-objeto mais precisa. 4.3. Volatilidade O parâmetro principal do cálculo do VaR, a volatilidade, ao longo do tempo não é constante, é dinâmica. Isto poderia explicar o motivo de uma distribuição real de retornos não se ajustar, de forma exata, a uma distribuição normal. O desvio-padrão da variação proporcional no preço da ação num intervalo de tempo t, é igual a s ÖT. Sendo assim a volatilidade pode ser interpretada como o desvio-padrão da variação no preço da ação num determinado intervalo de tempo. Na Figura 4.5, a seguir, temos uma amostra de retornos históricos do Ibovespa e Dólar com 180 observações. Na coluna observado, trata-se de uma distribuição de freqüência e a coluna normal, trata-se da aproximação normal para amostra infinita. E logo a seguir, o gráfico, ilustra tanto a curva normal como as barras de distribuição de freqüência, o real e a aproximação infinita. Figura 4.5 – Retornos e Frequência Ibovespa Dólar Retorno Observ. Normal Retorno Observ. Normal -5,43% 1 0,57 -2,47% 1 0,01 -4,45% 2 1,87 -2,08% 0 0,09 -3,47% 8 4,82 -1,70% 1 0,72 -2,48% 6 9,76 -1,31% 1 4,01 -1,50% 21 15,56 -0,92% 3 14,80 -0,52% 44 19,49 -0,53% 9 36,34 0,46% 29 19,18 -0,14% 36 59,33 1,44% 34 14,84 0,25% 65 64,41 2,43% 16 9,03 0,64% 38 46,50 3,41% 13 4,32 1,02% 16 22,32 4,39% 5 1,62 1,41% 5 7,12 5,37% 1 0,48 1,80% 2 1,51 6,35% 0 0,11 2,19% 3 0,21 Acima 1 Acima 1 Média -0,09% Média 0,13% Desvio 2,00% Desvio 0,61% Histograma - Ibovespa 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 R et or n -5 o ,4 3 -4 % ,4 5 -3 % ,4 7 -2 % ,4 8 -1 % ,5 0 -0 % ,5 2% 0, 46 % 1, 44 % 2, 43 % 3, 41 % 4, 39 % 5, 37 % 6, 35 % Ac im a 0 Figura 4.6 – Histograma Ibovespa Tabulação Própria Histograma - Dólar 70 60 50 40 30 20 10 -2 ,4 7% -2 ,0 8% -1 ,7 0% -1 ,3 1% -0 ,9 2% -0 ,5 3% -0 ,1 4% 0, 25 % 0, 64 % 1, 02 % 1, 41 % 1, 80 % 2, 19 % Ac im a 0 Figura 4.7 – Histograma Dólar Tabulação Própria As Figuras 4.6 e 4.7., comparam a distribuição real da taxa de retorno de um ativo com a aproximação normal. Na distribuição real, existe um maior número de observações na parte central e nas caudas do que na distribuição normal. Isso porque a distribuição real é estacionária e realmente contém caudas grossas, a aproximação normal varia ao longo do tempo, de forma bastante simétrica. Para continuarmos a prosseguir, antes devemos aprimorar o cálculo da volatilidade, estipulando o tamanho da amostra, ou seja, a janela de tempo ao qual iremos nos basear para o cálculo da volatilidade e também a forma de cálculo. Corretas estimativas de volatilidade proporcionam ao analista de risco uma maior precisão e qualidade de informação. Sendo o principal elemento para o cálculo de riscos. Os fatores de risco são taxas e preços que influenciam a formação do valor de mercado dos produtos que compõem a carteira. Através do estudo do comportamento passado desses fatores, podemos estimar suas distribuições de probabilidade e aplicando os seus efeitos sobre o valor da carteira, estimar a sua distribuição de probabilidade Como dito anteriormente, a amostra contém o logaritmo dos retornos dos ativos em séries históricas, este retorno é calculado da seguinte forma: æ F ö rt = lnçç t ÷÷ è Ft -1 ø onde rt é o retorno logarítmico do fator de risco F; Ft é o valor do fator de risco no instante t; Ft-1 é o valor do fator de risco no instante t – 1. Uma primeira forma de se calcular a volatilidade é através da média móvel, que consiste na utilização de uma janela móvel de extensão fixa. Média Móvel Simples A volatilidade da média móvel simples é calculada da seguinte maneira: sˆ = N å i =1 (ri - r )2 N -1 sendo: ŝ o desvio-padrão amostral dos retornos diários; ri retorno observado; r é a média amostral de r (aproximadamente igual a zero); N é o tamanho da amostra. N é o número de dias de observação e rt são os retornos sobre N dias. Os valores de N podem variar de acordo com o critério estipulado, o Banco Prosper utiliza janelas com 20 dias de retornos para o cálculo da volatilidade. A metodologia consiste que todo dia a previsão é atualizada, calculando-se os retornos até o dia anterior e desconsiderando-se a informação de (N+1) dias atrás. Esta metodologia atribui o mesmo peso para todos os dias, não considerando que informações mais recentes provavelmente têm um peso maior. A previsão da volatilidade poderá ser afetada se houver um retorno muito distorcido em algum dos dias observados. Por exemplo, se houver um retorno muito fora do comum em N dias atrás, quando a janela móvel se deslocar para o dia seguinte, este retorno não estará mais contido na amostra e a previsão será muito afetada. Esse método é simples e de pouca precisão, mas é muito utilizado no mercado brasileiro devido a sua fácil implementação. Desta forma, quanto maior N, mais exagerada é a ênfase dada a informações antigas e menos sensível ele se torna a informações mais recentes. A Figura 3.8 mostra as médias móveis de 20 e 60 dias para a taxa de câmbio de dólares por libra. Nota-se que valores de N diferentes podem levar a valores de volatilidades muito distintos, e ao utilizar uma janela de 20 dias, a amostra se torna mais sensível à novas variações do que com 60, pois cada retorno possui um peso 3 vezes maior na amostra de 20 dias. Figura 4.8 – Comparação volatilidade para 20 dias e 60 dias Tabulação Própria Alguns analistas contestam o uso de pesos iguais para as observações (retornos) para serem incluídas no cálculo da volatilidade, pois acham que devem ser dadas mais importância às informações mais recentes. Para isso existe uma outra forma de estimar a volatilidade, que é a volatilidade ponderada. Média Móvel Ponderada Uma maneira de atribuir mais pesos às informações mais recentes da amostra é, utilizar o método da média móvel ponderada, dando mais peso aos retornos mais recentes, o processo chama-se alisamento exponencial. O peso do retorno mais próximo seria determinado arbitrariamente e os demais obtidos conseqüentemente de acordo com uma série infinitamente longa: α + α (1 - α) + α (1 - α)2+ α (1 - α)3+ α (1 - α)4 + ................... = 1 sendo: α = peso da última observação Intervalo de α = [0 ;1] O Banco Prosper usufrui desta metodologia de cálculo usando α = 6%, intervalo de 20 dias úteis para o cálculo da volatilidade. Como a série de preços usada é finita, estes pesos são recalculados para que somem 1 ou 100%. Quanto mais próximo o α estiver de 0, mais próximo fica a estimativa ponderada com a histórica. Dia Preço Retorno Peso -20 29,42 - - -19 29,72 1,01% 1,85% -18 31,11 4,57% 1,97% -17 31,02 -0,29% 2,10% -16 30,60 -1,36% 2,23% -15 30,29 -1,02% 2,37% -14 29,90 -1,30% 2,52% -13 29,08 -2,78% 2,68% -12 29,34 0,89% 2,86% -11 28,89 -1,55% 3,04% -10 28,95 0,21% 3,23% -9 29,45 1,71% 3,44% -8 28,01 -5,01% 3,66% -7 28,05 0,14% 3,89% -6 28,15 0,36% 4,14% -5 29,00 2,97% 4,40% -4 29,21 0,72% 4,68% -3 30,30 3,66% 4,98% -2 30,01 -0,96% 5,30% -1 30,20 0,63% 5,64% 0 30,10 -0,33% 6,00% Figura 4.9 – Retornos Ponderados Telemar A série acima se refere aos preços de fechamento de Telemar referentes ao dias 22/04/2002 até 21/05/2002 e seus respectivos retornos logaritmos e pesos. A última linha, dia 0, exibe o quanto de peso, no caso 6%, foi atribuído ao dia 21/05/2002, o último dia observado. Sendo assim, encontramos uma volatilidade ponderada de 2,1619%, enquanto que a volatilidade da média móvel simples foi de 2,1730%, uma volatilidade um pouco maior. A diferença entre as duas volatilidade foi pequena mas dependendo da variação dos últimos retornos pode ser significativo. E ao mesmo tempo consigo ajustar o peso que me satisfaz com relação ao último retorno. Figura 3.9 – Retornos Ponderados Telemar Figura 4.10 – Alisamento Exponensial Tabulação Própria 4.4. Cálculo do VaR 4.4.1. VaR 1 Ativo Individual Vamos partir do pressuposto que o Banco Prosper possua 4 Ativos em sua carteira de renda variável, com as seguintes posições financeiras: Índice Futuro -500.000 Dólar à vista 10.000.000 Banespa PN 2.000.000 Termo Petrobrás PN 6.000.000 O primeiro passo para o cálculo do VaR é identificar os fatores de risco para cada ativo isoladamente. î î î î Índice Futuro – Ibovespa à vista Dólar à vista – Ptax venda dólar Banespa Pn- Própria cotação Termo Petrobrás – Petrobrás Pn à vista Identificado seu fator de risco, deve-se disponibilizar e organizar uma amostra de retornos logaritmos históricos desses respectivos fatores e calcular a volatilidade dos ativos. O Intervalo de confiança estipulado é de 99% e o VaR é calculado para 10 dias úteis. Calcula-se o VaR individualmente: VaR unitário Posição ($) Volatilidade VaR 1 dia Índice Futuro -500.000 2,00% 23.211,51 Dólar à vista 10.000.000 0,61% 141.098,93 Banespa PN 2.000.000 3,87% 179.888,62 Termo Petrobrás PN 6.000.000 2,48% 346.728,71 Tabulação Própria Observamos que de um Patrimônio de R$17.500.000, aplicado diversificadamente, atingiu uma soma de VaR´s de R$690.927, uma perda percentual de 3,95%. O Banco tem 1% de chance de apresentar perda maior que 3,95% para 1 dia. Para 10 dias VaR10 = VaR1 * 10½ VaR10 = R$2.184.903, percentual 12,49% para 10 dias. 4.4.2. VaR 2 Ativo Individual – Efeito Diversificação Ao contrário do que se pode pensar, o VaR total da carteira não é simplesmente a soma algébrica dos riscos de cada um dos seus contratos. O risco total, é um risco diversificado, podendo, um compensar o outro. O VaR somado leva em conta as correlações entre os retornos dos fatores de risco que influenciam o valor de cada um dos ativos que compõem a carteira. Suponha que o Prosper está aplicado tanto em Bolsa quanto em títulos cambiais, uma queda no mercado de ações pode ser compensada com uma valorização da taxa de câmbio e das taxas de juros. O VaR calculado para cada contrato considera a perda devido ao movimento adverso do fator de risco que forma o seu valor de mercado. Entretanto, a probabilidade de que ocorram movimentos adversos em todos os fatores de mercados, gerando prejuízo para todos os contratos da carteira ao mesmo tempo é pequena. As medidas estatísticas que refletem a variabilidade dos valores individualmente em relação a sua média são o desvio padrão e a variância. Quando estamos falando de 2 ativos que compões uma carteira diversificada, as medidas de risco são a covariância e a correlação. A covariância é a representação de como os 2 ativos se relacionam e se comportam ao mesmo tempo em relação a seus valores médios. Se 2 ativos possuem covariância positiva, significa que suas taxas de retorno possuem comportamentos de mesma tendência. Quando a variância é negativa significa que seus comportamentos caminham em direções opostas. Já a correlação representa o grau de relacionamento de 2 ou mais variáveis. Por exemplo um fundo de renda fixa deve estar mais ou menos correlacionado com o referencial de renda fixa que é o CDI. Um fundo cambial tende a ser bem correlacionado com o cupom cambial e o dólar. O coeficiente de correlação é a medição do grau de relacionamento entre variáveis. O coeficiente de correlação varia entre –1 e +1. -1<=ρa , b <= +1 Cova , b = ρa ,b * σa * σb Sendo ρa , b a correlação entre os ativos A e B. Cova , b a covariância entre A e B. Sendo assim ao calcular o risco dos ativos do Banco, devese separar em grupos de correlação distinta e depois, com base na correlação existente entre cada um de seus componentes encontra-se o VaR total do Banco. A vantagem de se obter menores riscos de mercado para qualquer combinação de ativos com correlação menor que 1 é conhecida como a Teoria do Portifólio (Markovitz). Essa teoria tem como principal fundamento de que uma carteira diversificada, o investidor estará incorrendo em ganhos de diversificação, podendo aumentar seu potencial de ganho, exposto a um mesmo nível de risco. Baixas correlações indicam que o risco de uma carteira pode ser muito menor do que a soma dos riscos de componentes individuais, carteiras bem diversificadas possuem correlação próximas de –1. Já para carteiras não diversificadas, tendem a 1 pois um risco quase não compensa o outro, se correlação igual a 1, então poderemos voltar a somar os VaR´s, pois os 2 ativos caminham juntos na mesma direção. O cálculo do VaR para 2 ativos possue a seguinte fórmula: ) ( VaR= $2As A2 + 2$ A$ B s AB + $2B s B2 * N º desvios_ padrão Suponha que o Banco Prosper se depare com a seguinte situação, um fundo ao qual é gestor aplica seus recursos somente em DI, mas poderia diversificar sua carteira com ativos em ações. A carteira do Fundo com 100% em DI, possui um risco de s 10,37% e retorno esperado de 24,13% aa. Em compensação se o gestor utilizar 6% dos recursos e aplicar em Bolsa, o fundo terá uma possibilidade de rentabilidade maior 25,39%aa e ao mesmo tempo uma queda de estimativa de risco para 9,25%. Logo, estatisticamente seria mais adequado uma composição que aumente a possibilidade de ganho e diminua o risco da carteira. Figura 4.11 – Retornos DI x Bolsa Ano DI (%) Bolsa (%) 1995 42,47 (1,26) 1996 21,60 63,76 1997 17,84 44,83 1998 20,38 (33,46) 1999 18,35 151,93 Média 24,13 45,16 Desvpad 10,37 70,86 Covariância (243,73) Correlação (0,41) Tabulação Própria Carteira CDI Bolsa Risco Rent.Médio 1 100% 0% 10,37 24,13 2 97% 3% 9,56 24,76 3 94% 6% 9,25 25,39 4 92% 8% 9,34 25,81 5 90% 10% 9,66 26,23 6 85% 15% 11,33 27,28 7 82% 18% 12,77 27,91 8 79% 21% 14,41 28,54 9 76% 24% 16,20 29,18 10 73% 27% 18,09 29,81 11 70% 30% 20,05 30,44 Figura 4.12 – Composição de Carteira 32 30 Retorno 28 26 24 22 20 - 10 20 30 Risco RiscoxRentab Figura 4.13 – Retorno x Rentabilidade Tabulação Própria Na Figura 4.13, o ponto onde a seta indica, é o ponto onde otimizo a carteira do Fundo de Investimento ao invés de aplicar 100% em DI, disponibilizar 6% do Patrimônio e aplicar em Bolsa. O gráfico exibe a combinação entre risco e retorno esperado, observe que para pontos abaixo da seta a carteira está diminuindo o retorno esperado e ainda pior, aumentando o risco da carteira. Pontos acima da seta, mostram que quanto maior o retorno, maior o risco, esse ponto da seta é conhecido como fronteira eficiente, pois a partir do ponto, já não tenho mais vantagens de diversificação do que a fronteira eficiente, a partir da seta a vantagem é a mesma. 4.4.3. VaR para n-Ativos – Multiplicação de Matrizes A seguir, apresentaremos a metodologia utilizada para levar em conta as correlações entre os movimentos dos fatores de risco, de forma que possamos sintetizar a estimativa do VaR para toda a carteira, para 3 ou mais ativos. A metodologia começa em identificar a posição de cada um dos contratos que compõe a carteira em risco, o valores de cada ativo deve ser dispostos em uma Matriz [M1 x n ], achar sua T matriz transposta M n ´1 e encontrar a matriz N ´ N de variância-covariância. VaRcarteira = Raiz (M Intervalo de Confiança * Matriz æ é s A2 s AB ç ê ç s BA s B2 ê VaR = ç [$ A $ B L $ k ] * ê M M ç ê ç ëês kA s kB è de covariância * MT ) * L s Ak ù é$ A ù ö÷ ú ê ú L s Bk ú ê$ B ú ÷ * ÷ * N º desvios _ padrão O M ú ê M ú÷ ú ê ú L s k2 ûú ë$ k û ÷ ø Voltando a carteira do Banco e observaremos a diferença de estimativa do risco levando em conta a diversificação com relação ao somatório dos VaR´s individuais. Posições -500.000 10.000.000 2.000.000 6.000.000 Matriz de Covariâncias Banespa PN Termo Petrobrás PN Índice Futuro Dólar Índice Futuro 0,000398217 -6,55972E-05 0,000144468 0,000298268 Dólar -6,55972E-05 3,67875E-05 -2,96085E-05 -4,87738E-05 Banespa PN 0,000144468 -2,96085E-05 0,001494859 0,000126823 Termo Petrobrás PN 0,000298268 -4,87738E-05 0,000126823 0,000617064 Posições -500.000 10.000.000 2.000.000 6.000.000 Multiplicação das matrizes 1223,46 Multiplicação das matrizes 26.556.029.102 VaR da carteira 379.101,16 Soma dos VaR individuais 690.927,78 48,81 3382,34 3319,16 Nota-se que para uma mesma carteira, levando em conta o efeito diversificação da carteira para ativos com correlação negativa, pode-se diminuir o risco total. Como já era de se esperar, o ativo que proporciona uma correlação negativa é a posição em Dólar, os demais ativos possuem correlação baixas mas não negativos. Sendo a posição em dólar, o ativo que mais contribui para uma diminuição do risco da carteira. A combinação de ativos em bolsa com aplicação em dólar, se obtém bastante vantagem de diversificação pois suas correlações são negativas. Estimando um VaR diversificado para 1 dia de quase a metade da soma dos individuais. Se calcularmos o VaR para 10 dias em termos financeiros e não percentuais a diferença aumentará ainda mais. Para 10 dias VaR10 = VaR1 * 10½ VaR10 = R$1.198.823,13 percentual 6,85% contra 12,49%. Essa diferença ainda é vantajosa quando o Banco estipula limites de VaR da carteira do Banco, como é feito no Prosper. 4.5. Limitações do VaR - Stress Test A grande dificuldade do VaR é não cobrir situações catastróficas, como crises, por ser um modelo estatístico. Essa limitação deve ser coberta através de uma análise de cenário. O método de stress test permite que os riscos não abrangidos pelo VaR sejam avaliados. Neste método, pressupõe-se mudanças totalmente anormais em ativos e calcula-se a rentabilidade em cada um dos cenários. Os resultados atingidos alertam os administradores de risco quanto a possíveis perdas. Para isso, foi estipulado pelo comitê de Risco do Banco Prosper os seguintes cenários de Stress dos fatores de risco: ØDólar - oscilação de 10% a d ØTaxas de Juros – oscilação de 5% aa ØBolsa – oscilação de 15%ad A partir dos cenários elaborados, os valores das carteiras são recalculados. Os resultados obtidos refletem as perdas patrimoniais que decorriam dos cenários. Esses resultados são conhecidos como stress test, ou seja, testes que refletem o impacto de situações hipotéticas de stress nas carteiras. Além disso, o stress test tem o objetivo de evitar que o administrador se exponha a riscos muito grandes em situações que possuam baixos níveis de retorno. O stress test apontará perdas que não compensariam. O objetivo do teste de stress é a de simular situações completamente ausentes nos dados históricos, para que seja avaliado o valor no risco da carteira em situações extremas. Apesar dos testes de stress serem uma ferramenta muito importante para o cálculo do VAR em cenários extremos, não têm nenhum embasamento científico, pois são completamente subjetivos. Desta forma, se um cenário for mal construído ou for improvável de ocorrer, o VAR não corresponderá à realidade, ou seja, não simbolizará uma perda potencial possível de acontecer. Os testes de stress têm um inconveniente: são pouco eficazes na forma com que lidam com as correlações, que são um componente importantíssimo do risco da carteira. Em geral, os testes de stress analisam efeitos provocados por um grande movimento numa variável financeira por vez ou, talvez, num pequeno conjunto de variáveis financeiras. 4.6. Back Test A observação posterior de como o modelo estatísticomatemático se verifica, é de total importância para o modelo, até mesmo para dar mais confiança nos cálculos. Para isso é utilizado o método de Back Test, que coloca em prova o modelo do VaR. O Back Test consiste em um teste estatístico para verificar se o VaR calculado está dentro do intervalo de confiança definido, baseado numa amostra de situações já ocorridas. Exemplificando, supondo que o modelo estime um VaR para 1 dia e 99% de confiança de R$ 100.000,00. A seguir simulam-se as variações do mercado para 252 dias; se em 3 ou menos dias (1% de 252 dias) as perdas estiveram acima de R$ 100.000,00, os resultados estarão dentro dos valores estimados pelo VaR, caso contrário é oportuna uma revisão da metodologia de cálculo do VaR. O back test permite não só avaliar o nível de qualidade do modelo como também definir fatores de ajuste para o mesmo, quando a qualidade não for considerada aceitável. O nível de qualidade dos modelos estatísticos utilizados são avaliados periodicamente através de back test. 5. GERENCIAMENTO RISCO DO BANCO PROSPER O controle de risco do Banco Prosper está estruturado em 3 pilares, o Comitê de Risco (responsável pelo processo de controle e sua administração), o Sistema de Informações Gerenciais (organiza todas as informações e controla os limites operacionais) e o Supervisor Independente do Risco. 5.1. Comitê de Risco O comitê de risco conta com o envolvimento da alta direção do Banco Prosper, e é o responsável pelo gerenciamento efetivo dos riscos. Todas as tarefas essenciais, como decisões estratégicas, o monitoramento do risco, a fixação dos limites operacionais, a administração de eventuais exceções etc., são executadas pelo comitê de risco. O Comitê de Risco tem como membros o vice-presidente do conselho de administração do Banco, o superintendente, todos diretores e o supervisor independente. As reuniões ocorrem regularmente uma vez por mês, e eventualmente, em caso de eventos extraordinários. A pauta é dividida em análise do desempenho recente, uso de limites, cenários, planejamento de estratégias e gestão do risco. 5.2. Sistema de Informações Gerenciais A gestão de risco conta com um sistema de informações gerenciais feita pelo departamento de controles internos, que calcula o VaR e Stress diariamente e efetua os Back Tests uma vez por mês. Verifica também, o cumprimento dos objetivos propostos, verifica o uso de limites e prepara os relatórios de risco do banco. As informações sobre risco também são divulgadas todos os dias para a Diretoria, acompanhando de perto as posições. A área de controles internos é submetida a Diretoria Institucional não sofrendo nenhum tipo de influência da área operacional. Caso o VaR e o Stress, calculado ultrapasse os limites aprovados, cabe a área de controles internos comunicar o desenquadramento ao superintendente e exigir a reversão imediata de exposições dos operadores. 5.3. Supervisor de Risco Toda a gestão de riscos conta com a supervisão de um elemento externo ao banco e independente. Fica de responsabilidade do consultor elaborar os cenários de stress, verificar o cumprimento dos objetivos fixados, aferir a acurácia das informações gerenciais e desenvolver as metodologias utilizadas para os cálculos. 6. CONCLUSÕES FINAIS Através desse trabalho pôde-se perceber a importância do cálculo do VaR para instituições financeiras. Para se entrar num determinado mercado, por mais que lhe seja atraente, mostrando grandes rentabilidades passadas, deve ter conhecimento do risco ao qual estará correndo e ainda avaliar se os riscos compensam seus retornos. Muitas vezes o investidor está entrando num verdadeiro “campo minado” com diamantes em toda sua volta. A ganância pelos diamantes pode levar a explodir uma mina e até perder o que já possuía. Um dos principais aspectos que deve se levar em conta é a volatilidade, sendo assim a volatilidade é o parâmetro mais importante no cálculo de risco, sua metodologia deve ser muito bem avaliada assim como foi demonstrado no trabalho. Outro aspecto importante é o efeito diversificação da carteira para a diminuição da exposição ao risco. Note que o VaR total da carteira é menor que a soma do VaR de cada ativo. Isso se deve ao fato que, não necessariamente ocorrerão efeitos negativos para todos ativos da carteira ao mesmo tempo, sendo a perda de um ativo compensada pelo ganho de outro ativo. Por isso deverão ter baixas correlações, pois quanto mais negativas melhor, pois estatisticamente caminharão em direções opostas. É importante perceber que o VaR não deve ser utilizado como única ferramenta de gerenciamento de risco de mercado. Deve-se utilizar técnicas como o stress test e o back test para complementar a análise. Assim, pode-se avaliar perdas extremas da carteira e o desempenho do modelo utilizado. O gerenciamento de risco deve estar sempre verificando o desempenho do modelo, se as estimativas realmente fornecem informações satisfatórias e confiáveis, pois em alguns casos, dependendo do intervalo de confiança escolhido, algumas perdas excedem o VaR. Outro fator é a Marcação dos títulos a mercado, erros de marcação de mercado poderá trazer problemas para padronização de retornos e liquidez do ativo no mercado secundário, muitas vezes, levar o papel pela curva não reflete a realidade. Apesar de todo o cuidado e por mais testes que se façam, os investimentos jamais estão totalmente seguros ou totalmente sob controle. É imprescindível saber que as incertezas econômicas e políticas podem sempre surpreender tais modelos. E foi assim que ocorreu em 2002 na marcação a mercado dos títulos do governo causando prejuízos inesperados como se pode ver na reportagem extraída do jornal Valor Econômico no Anexo I. Por fim, o processo de gerenciamento de risco não deverá ser nunca encarado como um simples cálculo rotineiro e sim um processo de informação importante que deverá ser muito bem respeitado pela área operacional, para assim não perder a efetividade do gerenciamento de risco. Criando uma cultura a ser difundida no Banco, uma cultura de Gerenciamento de Risco admirada e respeitável. 5. Bibliografia Hull, John. Introdução aos mercados futuros e de opções. São Paulo: Editora Cultura BMF, 1996. Jorion, Philippe. Value at Risk. São Paulo: Editora Cultura BMF, 1998. Luquet, Mara. Guia Valor Econômico de Finanças Pessoais. São Paulo: Editora Globo, 2000. Ross, Stephen A; Westerfield, Randolph W; Jordan, Bradford D. Princípios de Administração Financeira São Paulo: Editora Atlas S.A., 1998. Neto, Alexandre Assaf. Mercado Financeiro São Paulo: Editora Atlas quarta edição, 2001 www.andima.com.br Andima, Site Institucional Bacen, Site Institucional BM&F, Site Institucional www.bancen.gov.br www.bmf.com.br Bovespa, Site Institucional www.bovespa.com.br Valor Econômico, Site www.valoronline.com.br ANEXO I Prosper e Prime acertam a fusão Heloisa Magalhães e Vera Saavedra Durão , Do Rio Os bancos Prosper e Prime estão se fundindo. O processo começou com a união das corretoras Equity e a do Prosper, que registraram prejuízo no primeiro semestre de R$ 22 milhões, com Letras Financeiras do Tesouro (LFTs). O novo banco que adotará o nome de Prosper, nasce com patrimônio que somará R$ 52 milhões. O movimento, que culmina com junção das instituições, tem como objetivo somar forças para enfrentar a conjuntura difícil que o país atravessa e afeta, em especial, as instituições financeiras de menor porte. O novo Prosper assume portfólio conservador, de produtos e serviços menos dependentes das oscilações de mercado, com a meta de ganhar a confiança do investidor, cada vez mais cauteloso após as perdas que amargou com marcação a mercado dos fundos de investimentos. Antes das perdas, o Prosper já vinha reestruturando as atividades, diminuindo a mesa de captação dos fundos. "Não adianta ficar batendo em ferro frio. Com os prejuízos, juntamos as corretoras, vendemos metade das cartas-patentes, pois ficamos com tudo dobrado. Crescemos então o faturamento e diminuímos custos", diz o principal executivo do Prosper, Edson Figueiredo Menezes. O Prime, que inicialmente atuava como corretora, já vinha solicitando ao Banco Central sua transformação para se tornar o Banco Equity, só de investimentos. Agora, passa a subsidiária integral do Prosper que opera como banco múltiplo. No dia 5, o Prosper entra firme em mercado futuro atuando em corretagem na BM&F. O perfil essencial será a prestação de serviços. A tesouraria financeira continua, embora em menor escala. Também encolhe a área de administração de recursos, "o que vai acontecer não só aqui como em todo lugar", diz Menezes. "Depois do susto", o diretor afirma que o Prosper não quer mais trabalhar com LFTs. A nova carteira vai operar com um novo produto - Equity Cli, fundo de recebíveis de grandes clientes para fomentar fornecedores desses mesmos clientes. O novo fundo de investimento, lançado em 5 de julho, que já conta com R$ 6,5 milhões, trabalha com títulos curtos, de prazo médio, entre 20 a 30 dias, com perfil totalmente conservador, pós-fixados, rendendo 110 pontos acima do CDI. "Nossa operação de crédito é baseada em convênios com empresas de grande porte que nos contratam para fomentar o prestador de serviços delas que não encontram amparo no sistema financeiro maior. A Light, por exemplo, precisa de fornecedores com boa qualificação financeira. São empresas pequenas que só recebem 30 dias após o execução do trabalho. Nós passamos a adiantar as contas a receber deles. A vantagem desse fundo é a ótima rentabilidade, liquidez da totalidade a cada 30 dias e ativo de uma empresa privada nacional de grande porte", explica Menezes. O outro produto, também voltado para micro empreendedores, é repasse de crédito do BNDES. O Prosper atuava timidamente com agente financeiro e agora está incrementando a atividade. "Vamos fomentar crédito de longo prazo, sem risco. Só neste semestre repassaremos R$ 10 milhões. A maior parte das operações está sendo feita com postos de gasolina, que compram equipamentos de gás veicular. O BNDES assume 82% do crédito e o restante é risco nosso", diz. Na estrutura societária do novo Prosper a família Peixoto de Castro mantém a posição de sócio controlador e os demais são Edson Menezes , Maurício Manfredi, Alcides Morales e Álvaro Otero. Reportagem extraída do site do Jornal Valor Econômico CIRCULAR 2.972 -------------- Estabelece critérios e condições para a apuração da parcela do Patrimônio Líquido Exigido (PLE) para cobertura do risco decorrente da exposição das operações denominadas em Real e remuneradas com base em taxas prefixadas de juros à variação das taxas praticadas no mercado, de que trata a Resolução nº 2.692, de 2000. A Diretoria Colegiada do Banco Central Do Brasil, em sessão realizada em 23 de março de 2000, tendo em vista o disposto no art. 2º, parágrafo 3º, do Regulamento Anexo IV à Resolução nº 2.099, de 17 de agosto de 1994, com a redação dada pelo art. 2º da Resolução nº 2.692, de 24 de fevereiro de 2000, D E C I D I U: Art. 1º Estabelecer que a apuração do valor diário da parcela do Patrimônio Líquido Exigido (PLE) para cobertura do risco decorrente da exposição das operações denominadas em Real e remuneradas com base em taxas de juros prefixadas à variação das taxas de juros praticadas no mercado (EC (Juros Pre),t), de que trata a Resolução nº 2.692, de 24 de fevereiro de 2000, obedecerá à seguinte fórmula: Mt 60 EC = max ( ( ---- . S [Juros Pré],t 60 i=1 Padrão VaR ) , t-i Padrão VaR ), onde: t-1 Mt = multiplicador para o dia t, divulgado diariamente pelo Banco Central do Brasil, determinado como função decrescente da volatilidade, compreendido entre 1 e 3; Padrão VaR = valor em risco em reais do conjunto das operações de que t se trata para o dia t, obtido de acordo com a seguinte fórmula: Padrão VaR \ = t ---------------------------------n n \ / S S VaR x VaR x RO \/ i=1 j=1 i,t j,t i,j / , onde: n = número de vértices, assim compreendidos os prazos Pi; VaR i,t = valor em risco em reais associado ao vértice Pi obtido de acordo com a seguinte fórmula: Pi VaR = 2,33 x ----- x i,t 252 SIG x VMTM t i,t no dia t, --x \/ D , onde: Pi = prazos de 21, 42, 63, 126, 252, 504 e 756 dias úteis (vértices), considerados para efeito de agrupamento dos fluxos de caixa, conforme procedimento descrito no art. 3º; SIG t = volatilidade padrão para o dia t, divulgada diariamente pelo Banco Central do Brasil; VMTM i,t = soma algébrica em reais das parcelas/valores dos fluxos de caixa marcados a mercado no dia t e alocados no vértice Pi, positiva ou negativa, conforme procedimento descrito no art. 3º; D = 10 (número de dias úteis considerados necessários para a liquidação da posição); RO i,j = correlação entre os vértices i e j, utilizada para efeito de padrão determinação do VaRt , obtida de acordo com a seguinte fórmula: k max(Pi,Pj) ( ----------- ) min(Pi,Pj) RO = RO + (1 - RO) , onde: i,j RO = parâmetro-base para o cálculo de RO i,j, divulgado no último dia útil de cada mês ou a qualquer momento, a critério do Banco Central do Brasil; k = fator de decaimento da correlação, divulgado no último dia útil de cada mês ou a qualquer momento, a critério do Banco Central do Brasil. Parágrafo 1º O risco referido no caput é aquele que afeta a condição financeira da instituição devido a existência de operações que tem o seu valor de mercado dependente de movimentos nas taxas de juros. Parágrafo 2º A Pré),t do PLE deve ser qual, juntamente com os lo correspondente, deve sil. apuração do valor diário da parcela EC (Juros feita por meio de relatório extracontábil, o documentos que serviram de base para o cálcuficar à disposição do Banco Central do Bra- Art. 2º Para efeito da apuração do valor diário da parcela EC (Juros Pré),t do PLE para cobertura do risco de que se trata nos termos do art. 1º, define-se cada fluxo de caixa (Fl) como o resultado líquido do valor dos ativos menos o valor dos passivos que vencem em um mesmo dia, referentes ao conjunto das operações mantidas em aberto no dia útil imediatamente anterior. Parágrafo 1º Os fluxos de caixa são obtidos mediante a decomposição de cada operação mantida em aberto em uma estrutura temporal equivalente de recebimentos/pagamentos que leve em consideração as datas de vencimento contratadas. Parágrafo 2º O número de fluxos de caixa corresponderá ao número de vencimentos em que os resultados líquidos apurados nos termos deste artigo forem diferentes de zero. Parágrafo 3º Os valores dos ativos e passivos que compõem os fluxos de caixa devem compreender o principal, os juros e os demais valores relacionados a cada operação. Parágrafo 4º Os valores dos ativos e passivos que compõem os fluxos de caixa devem ser marcados a mercado mediante a utilização da estrutura temporal das taxas de juros representativa das taxas em vigor no mercado no dia útil imediatamente anterior. Parágrafo 5º As operações sem vencimento definido ou cujo vencimento dependa da aplicação de cláusulas contratuais específicas devem ter os correspondentes fluxos de caixa obtidos com base em critérios consistentes e passíveis de verificação pelo Banco Central do Brasil. Parágrafo 6º Para efeito da obtenção dos fluxos de caixa das operações com contratos de derivativos, devem ser observados os seguintes critérios: I - no caso de operações de swap, o tratamento da posição do contrato referenciada em Real e em taxa de juro prefixada deve ser idêntico ao dispensado a um título com remuneração em taxa prefixada, com a mesma data de vencimento do swap, cujo valor de resgate seja o valor final resultante para a posição prefixada em Real; II - no caso de operações com contratos a termo e de futuros referenciados em Real e em taxa de juro prefixada, o tratamento correspondente deve ser idêntico ao dispensado a um título com remuneração em taxa prefixada, com a mesma data de vencimento dos contratos cujo valor de resgate seja o valor dos contratos; III - no caso de operações de liquidação futura envolvendo título de renda prefixada, devem as mesmas ser consideradas como duas posições opostas em títulos prefixados, sendo: a) uma, representada por um título com data de vencimento coincidente com a da transferência da propriedade do título objeto da operação para o adquirente, cujo valor de resgate seja o valor da operação; e b) a outra, representada por um título com a mesma data de vencimento do título objeto da operação, cujo valor de resgate seja o valor de resgate desse último; IV - no caso de operações com opções referenciadas em Real e em taxa de juro prefixada: a) o valor representativo de cada posição deve ser obtido multiplicando-se a quantidade de contratos pelo seu tamanho e pela variação do preço da opção em relação à variação do preço de seu ativo objeto (delta); e b) os fluxos de caixa correspondentes a cada operação devem ser obtidos separadamente e o resultado dos mesmos incluído no fluxo de caixa da data do vencimento do contrato. Parágrafo 7º A cada fluxo de caixa Fl deve ser associado um prazo T1, correspondente ao número de dias úteis remanescentes até a data de seu vencimento. Art. 3º Para efeito de determinação de VMTM i,t, define-se vértice como o prazo Pi em que os fluxos de caixa devem ser alocados/agrupados. Parágrafo 1º Os fluxos de caixa com ser alocados nos correspondentes vértices Pi. prazo igual a Pi devem Parágrafo 2º Os fluxos de caixa com prazo inferior a 21 dias úteis ou superior a 756 dias úteis devem ser alocados nos vértices de 21 e 756 dias úteis, respectivamente, de acordo com os seguintes critérios: I - a fração Tl/21 do valor marcado a mercado do fluxo de caixa Fl deve ser alocada no vértice de 21 dias úteis; II - a fração Tl/756 do valor marcado a mercado do fluxo de caixa Fl deve ser alocada no vértice de 756 dias úteis. Parágrafo 3º Nas demais situações, o fluxo de caixa deve ser alocado nos vértices anterior (Pi) e posterior (Pj), de acordo com os seguintes critérios: I - a fração ( Pj - Tl ) / ( Pj - Pi ) do valor marcado a mercado do fluxo de caixa Fl deve ser alocada no vértice de prazo Pi; II - a fração ( Tl - Pi ) / ( Pj - Pi ) do valor marcado a mercado do fluxo de caixa Fl deve ser alocada no vértice de prazo Pj. Art. 4º Não integram a base de cálculo do PLE as operações nas quais a instituição atue exclusivamente como intermediadora, não assumindo quaisquer direitos ou obrigações para com as partes. Art. 5º A metodologia de apuração das taxas utilizadas para a marcação a mercado das posições sujeitas ao risco de que se trata é de responsabilidade da instituição líder do conglomerado e deve ser estabelecida com base em critérios consistentes e passíveis de verificação que levem em consideração a independência na coleta de dados em relação às taxas praticadas em suas mesas de operações. Art. 6º O valor da parcela do PLE apurado nos termos desta Circular deve ser contabilizado na forma do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF). Art. 7º As instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, exceto as cooperativas de crédito e as sociedades de crédito ao microempreendedor, terão prazo de trinta dias, contados da data da entrada em vigor desta Circular, para indicar ao Banco Central do Brasil/Departamento de Cadastro e Informações do Sistema Financeiro (DECAD) o nome do ad- ministrador tecnicamente qualificado responsável pelo gerenciamento de risco da instituição, de que trata o art. 3º da Resolução nº 2.692, de 2000. Parágrafo único. Na hipótese de substituição do administrador de que trata o caput, o fato deverá igualmente ser comunicado ao Banco Central do Brasil/DECAD, no prazo máximo de trinta dias de sua ocorrência. Art. 8º Esta Circular entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 23 de março de 2000 Armínio Fraga Neto Presidente, respondendo pelos assuntos de política econômica Sérgio Darcy da Silva Alves Diretor --------------------------------------------------------------------Observações: 1) S = somatório SIG = Sigma RO = Ro; 2) está sendo disponibilizada Nota Técnica sobre esta Circular no endereço do Banco Central do Brasil na internet (www.bcb.gov.br), na página Normativos e Audiências Públicas.