PROPRIEDADES FÍSICAS DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS Prof. Keite França Disciplina: Química 2 2 PROPRIEDADES FÍSICAS Os principais fatores que influenciam nas propriedades físicas dos compostos orgânicos são: - O tamanho das moléculas; - Os tipos de interação intermolecular. 3 1 - Temperatura de Ebulição e Fusão Quanto mais fortes forem as forças de atração entre as moléculas no estado líquido(ou sólido), maiores serão as temperaturas de ebulição e de fusão. Quanto maior for o tamanho da molécula, maior será também as temperaturas de ebulição e fusão. 4 Relação de alguns compostos orgânicos e inorgânicos e os pontos de fusão e ebulição. Molécula polar - A soma vetorial, dos vetores de polarização é diferente de zero. Possuem maior concentração de carga negativa numa parte da nuvem e maior concentração positiva noutro extremo ( eletronegatividade). Molécula apolar - A soma vetorial, dos vetores de polarização é nula. A carga eletrônica está uniformemente distribuída, ou seja, não há concentração 5 Forças Intermoleculares Forças intermoleculares são as forças que ocorrem entre uma molécula e a molécula vizinha. Forças intermoleculares têm origem eletrônica: surgem de uma atração eletrostática entre nuvens de elétrons e núcleos atômicos. São fracas, se comparadas às ligações covalentes ou iônicas. 6 Forças Intermoleculares Força ou atração de Van der Waals: É produzida pela correlação dos movimentos dos elétrons de um átomo com os movimentos dos elétrons de outro átomo tendendo a se aproximar para atingir a distância de energia mínima. Quanto maior o número de elétrons de que a molécula dispõe, mais polarizável será e portanto maior será a atração de Van der Waals. ** reconhecida pelo físico polonês Fritz London 7 Forças Intermoleculares Força ou atração de Van der Waals: Podem surgir de 3 fontes: 1- Dipolo-dipolo (ou Dipolo permanente - Dipolo permanente) 2- Dipolo instantâneo-dipolo induzido 3- Pontes de Hidrogênio ou Ligação de Hidrogênio 8 Forças Intermoleculares 1- Dipolo permanente-dipolo permanente: A maioria das moléculas orgânicas oxigenadas possui um momento dipolo permanente que resulta em moléculas polares. São características de moléculas polares. Acetona, etanal e acetato de etila são exemplos de moléculas com dipolos permanentes pois apresentam o grupo carbonila. C O 9 Exemplo Mesma função Maior cadeia carbônica TE 10 Forças Intermoleculares 2- Dipolo instantâneo-dipolo induzido: Ocorre quando a molécula é apolar. Normalmente hidrocarbonetos (substâncias formadas apenas por Hidrogênio e Carbono) são consideradas apolares: apesar do átomo de carbono ser mais eletronegativo que o átomo de hidrogênio, esta diferença de eletronegatividade não é significativa. Existem dois fatores importantes responsáveis pela intensidade das forças de dipolo instantâneo-dipolo induzido e, assim, responsáveis pelos ponto de fusão e ebulição: a massa molecular e a forma da molécula (se normal ou ramificada). 11 Temperatura de ebulição em função do número de átomos de carbono para alcanos não ramificados. Alcenos e alcinos apresentam o mesmo comportamento. Massa molecular TE 12 Considerando Ramificação os alcanos de fórmula C5H12: TE Diferenças na TE deve-se à ramificação. À medida que a ramificação aumenta o composto torna mais esférico, diminuindo a superfície de interação entre as moléculas e as interações intermoleculares. 13 A temperatura de fusão é influenciada pelo empacotamento das moléculas. Quanto melhor for esse empacotamento, maior será a energia necessária para desestabilizar a estrutura cristalina (↑ TF). As moléculas do isômero trans são mais simétricas (nuvens eletrônicas possibilitam um melhor empacotamento) gerando uma estrutura cristalina mais estável (↑ TF). 14 Forças Intermoleculares 3- Ligação de hidrogênio: - Quando um átomo de hidrogênio liga-se por covalência a um átomo mais eletronegativo mantém uma afinidade residual por outro átomo eletronegativo (O, N ou F). - Esse tipo de interação acontece nos álcoois, ácidos carboxílicos e aminas. - Esta interação é a mais intensa de todas as forças intermoleculares 15 Exemplo: 16 Exemplo TF e TE : > > Aminas primárias e secundárias podem formar ligações de hidrogénio entre si, sendo estas mais significativas nas primeiras. Aminas terciárias não realiza ligação de hidrogênio. A menor eletronegatividade do N faz com que as ligações de hidrogênio sejam mais fracas quando comparadas aos álcoois de volumes moleculares similares. 17 Compostos Halogenados Halogênios: Flúor (F), Cloro (Cl), Bromo (Br), Iodo (I) e Astato (At) "Fernando Collor Brasileiro Inganou A Todos“ “Fica Claro Brama Imita Antártica” Eletronegatividade: - F > O > N > Cl > Br > I > S > C > P > H Polarizabilidade** + “FONCLore BRasileiro:Iara, Saci, CuruPiraH” **A polarizabilidade mede a facilidade com que uma nuvem eletrônica pode ser distorcida. 18 Quando o halogênio presente for o iodo, a polarizabilidade da molécula aumentará sensivelmente, assim como a intensidade das interações intermoleculares. A polarizabilidade também aumenta com o acréscimo no número de halogênios: as interações dipolo instantâneodipolo induzido se intensificam o suficiente para elevar a temperatura de ebulição. 19 Somente para a T.F. o empacotamento das moléculas também deve ser analisado. A T.F. no isômero trans é maior: a maior simetria da molécula possibilita um melhor empacotamento. A maior polaridade do isômero cis faz com que sua temperatura de ebulição (que independe de empacotamento) seja ligeiramente maior 20 Resumindo Hierarquia das Forças Intermoleculares: Ligação de Hidrogênio > dipolo permanente-dipolo permanente> dipolo instantâneo-dipolo induzido LH >> DP-DP>> DI-DI 21 Resumindo Compostos orgânicos polares de massas moleculares iguais e mesmo tipo de cadeia: O de maior P.F. e P.E. é de aquele que estabelecer pontes de hidrogênio. 22 2 - Volatilidade Tendência de as moléculas escaparem da fase líquida e entrarem na fase de vapor, numa dada temperatura. Assim, dizemos que um líquido é volátil quando ele vaporiza com grande facilidade. Envolve afastamento das moléculas presentes na fase líquida. Interações intermoleculares Fracas Tendência de escape de suas moléculas (volatilidade) Temperatura de ebulição 23 Hidrocarbonetos, cujas moléculas apresentam pequenas cadeias carbônicas, apresentam interações intermoleculares de baixa intensidade. Logo, são muito voláteis e apresentam baixas temperaturas de ebulição. À medida que a cadeia carbónica aumenta, intensificam-se as interações intermoleculares e, assim, diminui-se a volatilidade. Esta também diminui com o aumento da polaridade e será ainda menos intensa caso os grupos polares estabeleçam ligações de hidrogênio intermoleculares. Hidrocarbonetos Cadeias carbônicas Volatilidade Polaridade Volatilidade 24 3 - Solubilidade Quebra das ligações químicas que compõem a substância, retirando de um arranjo ordenado para um desordenado em que o composto tem uma interação com o solvente. Substâncias apolares tendem a dissolver substâncias apolares. Substâncias polares tendem a dissolver substâncias polares. Semelhante dissolve semelhante. Hidrocarbonetos Compostos apolares de pequena solubilidade em água (polar) e grande na gasolina (apolar). São solúveis em solventes orgânicos. Álcoois Moléculas com uma parte apolar (cadeia carbônica) e outra polar. Quanto maior a cadeia carbônica, menor a solubilidade em água. 26 Compostos que possuem grupos hidrofílicos seguem algumas regras: 1) compostos com 1 a 3 átomos de carbono são solúveis; 2) compostos com 4 a 5 átomos de carbono estão no limite da solubilidade; 3) compostos com mais de 6 átomos são insolúveis. Essas regras não se aplicam quando um composto contém mais de um grupo hidrofílico. Os polissacarídeos, as proteínas e os ácidos nucléicos contêm milhares de átomos de carbono e são todos solúveis. Porque eles possuem também milhares de grupos hidrofílicos. 27 Éter Muito pouco solúveis em água (devido à força dipolo). Ácidos Carboxílicos Os 4 primeiros ácidos são solúveis em água devido à polaridade e às pontes de H. Aldeídos e Cetonas Aldeídos e Cetonas de baixo PM são solúveis em água (os outros são insolúveis). Ésteres Os ésteres de massa molecular baixa são parcialmente solúveis em água; os demais são insolúveis. Aminas e Amidas São solúveis em água. Seção ENEM 28 29 ÁCIDOS E BASES DE BRONSTEDLOWRY E LEWIS 1. Conceito de ácido e base de Bronsted (Teoria Protônica): ÁCIDO – é uma espécie química (molécula ou íon) que doa próton (H+) em uma reação. BASE - é uma espécie química (molécula ou íon) que recebe próton (H+) em uma reação. Resumindo: “Ácido é definido como um doador de próton e base como um receptor de próton” 30 Exemplo As estruturas formadas H3O+ e Cl- também reagem com transferência de próton (H+), regenerando as estruturas iniciais: 31 Assim, temos um processo reversível, onde cada espécie funciona como acido ou base: A partir deste conceito de acido e base de BronstedLowry e muito importante considerar os pares conjugados: PAR CONJUGADO ácido-base é aquele par formado por duas espécies químicas que diferem entre si por um H+. 32 Observação A água pode apresentar comportamento duplo, de ácido e de base. Na verdade a água é uma substância anfótera que pode apresentar o seguinte equilíbrio: H2O + H2O ↔ H3O+ + OH- 33 ÁCIDOS E BASES DE BRONSTEDLOWRY E LEWIS 2. Conceito de acido e base de Lewis (Teoria Eletrônica): ÁCIDO – é uma espécie (átomo, cátion) que GANHA um par de elétrons em uma reação química. BASE - é uma espécie (átomo, molécula) que DOA um par de elétrons numa em uma reação química. 34 A reação ácido-base fundamental, no conceito de Lewis, consiste na formação de uma ligação covalente coordenada (dativa) entre um ácido e uma base. O ácido é a espécie receptora de par de elétrons e a base, a espécie doadora de par de elétrons. Amônia Trifluoreto de boro Complexo coordenado 35 Dicas São ácidos de Lewis: 1) Todos os cátions são ácidos de Lewis, tendo em vista que são deficientes em elétrons, e normalmente podem aceitar elétrons para formar ligações. Ex.: Li+, Na+, Ca2+, etc. 2) Todos os compostos cujo átomo central não tem o octeto completo, são capazes de receber elétrons para completar seu octeto. Ex.: BCl3, AlCl3,BF3, etc. 36 Dicas São bases de Lewis: 1) Todos os ânions são espécies ricas em elétrons, podendo fornecê-los para outra espécie. Ex. : F-, Cl-, I-, S-2, etc. 2) Todos os compostos cujo átomo central tem um ou mais pares de elétrons não compartilhados (livres) pois podem doar elétrons a uma espécie deficiente em elétrons. Ex. : NH3, PCl3, NCl3 37 Resumindo Ácido Base Bronsted-Lowry Doador de prótons Receptor de prótons Lewis Receptor de par eletrônico Doador de par eletrônicos