Educacional: os espaços de atuação coletiva O antigo modelo de trabalho do Orientador, que propiciava os atendimentos individualizados e terapêuticos, hoje dá lugar a novos espaços de sistematização de um trabalho coletivo no interior da escola, conduzidos por uma prática democrática e mediadora. Espaços como reuniões sistemáticas com os professores, reuniões de conselho de classe, conselho de escola, reuniões de pais, entre outros, propiciam momentos de reflexão coletiva sobre o trabalho pedagógico e troca de informação sobre os alunos. A seguir, vamos examinar atentamente cada um desses momentos. 6.1 Conselho de Escola O Conselho de Escola, por exemplo, é um espaço democrático que propicia a participação, a articulação e o diálogo entre os diversos segmentos, como professores, pais, alunos, direção e funcionários. O Conselho de Escola deveria constituir-se um momento de reflexão e de experiência coletiva de trabalho orientado para a prática pedagógica. Com relação a sua composição, deve ter no mínimo 20 componentes e no máximo 40; 40% devem ser docentes, 25% funcionários, 25% pais e alunos (da Educação de Jovens e Adultos), 25% alunos e 05% membros da Equipe Técnica, com exceção do Diretor da Escola, que é o presidente com direito a voz e voto. Nota: Tais quantidades podem variar de acordo com cada Regimento Escolar. Os membros do Conselho de Escola são representantes eleitos, e a eleição deve ser feita no primeiro mês letivo em assembléias distintas para cada segmento, ou seja, docente vota em docente, pais votam em pais etc. Geralmente o Diretor realiza duas reuniões por semestre, mas pode convocar mais, caso seja necessário. O Conselho de Escola confere transparência às ações da Direção, impedindo o seu isolamento, colabora para o esclarecimento de dificuldades vividas pela escola e permite a distribuição de tarefas, sem descaracterizar o trabalho do corpo diretivo da escola. O Orientador Educacional pode atuar como um investigador das necessidades do grupo, mediando as diferentes opiniões das pessoas e despertando a cooperação e a comunicação a partir dos relacionamentos interpessoais, auxiliando o Diretor no processo de gestão participativa da escola. Pense e responda: Você já participou de algum Conselho de Escola? Em caso positivo, relembre como foi. Em caso negativo reflita como o Conselho de Escola poderia ter sido importante para sua formação. 6.2 Conselho de Classe O Conselho de Classe segue a legislação educacional, bem como o regimento das escolas, mas de modo geral é mais uma das instâncias da escola em que as adversas condições de trabalho (especialmente a falta de tempo dos educadores) e as exigências burocráticas a que se tem de atender acabam por impedir a realização satisfatória dos objetivos proclamados. Este deve ser integrado pelo Diretor (que é o presidente nato), pelo Orientador Educacional e pelo Coordenador Pedagógico, assim como, pelos docentes da classe a que se refere o Conselho e um funcionário da secretaria, que faz as anotações. Suas reuniões ocorrem ao final de cada bimestre, tem a duração de dois ou quatro dias, dependendo da realidade da escola. Durante a realização do Conselho de Classe, os demais alunos devem continuar com atividades em sala de aula, sob a responsabilidade do aluno monitor e supervisão de alguns funcionários da escola. A reunião de Conselho de Classe não deixa de constituir um espaço de encontro de posições diversificadas relativas ao desempenho do aluno, que não fica, assim, restrito à avaliação de apenas uma pessoa. Entre tanto, esse momento tão rico precisa ser explorado em todas as suas potencialidades, para que as atividades do Conselho de Classe não fiquem restritas ao mero cumpri mento de uma rotina burocrática. Paro (1996) adverte que o Conselho de Classe, em grande parte das escolas, reduziu-se a um conjunto de procedimentos mais ou menos ritualizados, que muito longe ficam de apresentar toda a riqueza de um trabalho conjunto de pessoas empenhadas em atingir objetivos sociais. Caso não se tome cuidado, tal instrumento torna-se apenas um documento burocrático, sem propósitos pedagógicos. Na prática, há alguns entraves para se realizar um Conselho de Classe que realmente seja eficaz e contribua para o processo de ensino-aprendizagem do aluno. Um desses entraves é a dificuldade de reunir todos os docentes, ocorrendo algumas vezes a eleição de um professor “conselheiro” de cada classe, escolhido pelos alunos em cada turma, para cuidar das atividades concernentes ao Conselho de Classe e para atender os pais nas chamadas reuniões bimestrais de pais. Geralmente, são objeto de exame e discussão no Conselho de Classe apenas os casos de alunos que têm conceitos muito baixos. Os professores discutem entre si e com o diretor a razão que levou cada aluno a ter conceito insuficiente no bimestre. O registro do Conselho de Classe é muito importante. Além de anotar as causas do mau aproveitamento, devem-se discutir e sugerir propostas de solução e auxílio ao aluno. Os documentos, que oferecem os indicadores para realização do Conselho de Classe, são o consolidado, com o rendimento escolar geral da classe; boletim, que apresenta os resultados de aproveitamento e os índices de freqüência percentual por disciplina e geral e, quando há, a ficha de acompanhamento individual do aluno. Esse procedimento de análise permite que a equipe procure novos caminhos e estabeleça outras ações, para que todos tenham oportunidade de aprender, garantindo o direito do aluno a um ensino de qualidade e o cumprimento da função social da escola. O Conselho de Classe terá significado se possibilitar a análise do desempenho da própria Escola, de forma conjunta e cooperativa pelos que integram a organização escolar (professores e outros profissionais, alunos e pais), como também se auxiliar na proposição de ações, rompendo-se com as finalidades classificatórias. A preocupação deve ser com o resgate da auto-estima do aluno, tornando-o consciente, crítico, criativo e interessado. O Orientador Educacional tem a função de mediar os trabalhos, juntamente com o Diretor e o Coordenador Pedagógico, possibilitam verificar a coerência entre a prática pedagógica e a proposta da escola e, ainda, coesão entre critérios de avaliação adotados pelos diferentes professores. Também, proporciona ao Orientador Educacional analisar e explicitar o ponto de vista do aluno, auxiliando os professores na reflexão e descoberta de alternativas para a recuperação de possíveis “deficiências” no processo ensino-aprendizagem.