BIBLIOTECÁRIO: gestor das Unidades de Informação Cínthia Holanda 1 Amanda Nascimento2 Resumo: Comenta sobre o desenvolvimento da profissão de bibliotecário, bem como a sua evolução nos conhecimentos e habilidades exigidas. Descreve-se a reorganização e reestruturação do perfil profissional do bibliotecário, cujo objetivo é aprimorar a prestação de serviços proporcionados aos usuários das Unidades de Informação. Explana que bibliotecário almeja atender às necessidades informacionais dos diversos setores e segmentos da sociedade, seguindo a evolução da profissão e o desenvolvimento de novos espaços além da biblioteca, tais como: centros de documentação, centros culturais e de pesquisa, serviços ou redes de informação, arquivos, museus, instituições públicas e privadas, consultorias e etc. Coloca que o bibliotecário não pode continuar a ser apenas um mero arrumador e catalogador de livros, que deve assumir o papel de um técnico que entende além da Biblioteconomia, com características, com noções sólidas sobre assuntos gerais ou mesmo assuntos que compõem o acervo do centro informacional que trabalha. Faz uma comparação do profissional de biblioteconomia e o desenvolvimento tecnológico, com propósito de recuperar, disseminar e preservar o conhecimento, tanto o contido nos livros, quanto nos outros suportes. Descreve algumas características do perfil gerencial do bibliotecário, destacando que o profissional passou a ser mais proativo e com perfil que exige uma postura de líder. Enfatiza que o bibliotecário enquanto gestor da informação deveria desenvolver ferramentas administrativas dentro das Unidades de Informação e que tais ferramentas disponíveis devem ser acopladas a habilidade de administrar, identificar, observar e analisar problemas, soluções e projetos. Palavras-chave: Gerência de Unidades de Informação. Unidades de Informação. Profissional de Biblioteconomia. 1 2 Discente do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: [email protected] Bibliotecária da Faculdade Santa Helena. E-mail: [email protected] 1 INTRODUÇÃO A Biblioteconomia é a disciplina que estuda os fluxos, serviços e produtos da informação registrada. Nesse âmbito, trata sobre o diagnóstico, planejamento, implementação, organização, administração, disseminação e uso da informação em bibliotecas, centro de documentação, sistemas de informação, sites, entre outros. Segundo Souza (1997, p.49) a “Biblioteconomia é uma arte de organizar bibliotecas”. O termo “Biblioteconomia” deriva do termo biblioteca, que é composto por biblio (livro) e theke (caixa), formação esta que evidencia a concepção de biblioteca enquanto caixa de livros. Talvez por esse fato, o grande público associe o termo “biblioteconomia” aos livros, à biblioteca, às técnicas empregadas e aos serviços prestados no âmbito desta instituição. Todavia, já há algumas décadas, a área vem trabalhando com a informação independente do seu suporte físico (discos, patentes, cds, vídeos, anais de congressos, manuscritos, cartazes, fotografias, histórias em quadrinhos, mapas, relatórios técnicos) e da instituição que a possui (GOMES; ALBUQUERQUE, p. 3). O bibliotecário é o profissional que torna acessível à informação ao usuário, independentemente do suporte que ela apresente, ou seja, a base do trabalho desse profissional se direciona para as técnicas de organização e o tratamento da informação para fins de recuperação e uso. Nesse processo entre busca e recuperação da informação o bibliotecário é o mediador, sendo o que busca o aprimoramento crítico para avaliar os recursos e os produtos que a informação disponibiliza. Além de perito no tratamento da informação, é o responsável pela democratização do acesso à mesma, colaborando para o desenvolvimento social e os avanços científicos e tecnológicos. Carvalho (1998 apud LIMA; SANTOS; SANTOS; MACIEL, 2007) exemplifica com exatidão o bibliotecário, classificando-o como o profissional da Ciência da Informação que desenvolve as seguintes atividades: administrativa (planejamento e organização para gerir um bom funcionamento); formação e manutenção do acervo (aquisição e doação de materiais bibliográficos); preparo técnico do acervo (representar e descrever de forma temática o acervo que possui para facilitar sua utilização) e finalmente a atividade de referência. O ofício de bibliotecário é uma das mais antigas profissões. Para se ter uma ideia o termo “bibliotecário” surge no ano de 1751, onde foi apresentado em um artigo de uma Enciclopédia, em que aparece conceituado como “aquele que é responsável pela guarda, preservação, organização e pelo crescimento dos livros de uma biblioteca. Ele pode ter também funções literárias que demandam talento.” (DIDEROT; D’ALEMBERT, 1993, p. 212). Estima-se, ainda, que a profissão tenha iniciado nos primórdios da civilização com as práticas dos monges copistas, mas na Antiguidade Clássica a prática de organização da informação já existia e era entregue as pessoas consideradas sábias. Martins (1996, p.71) diz que: “Até a Renascença, as bibliotecas não estão à disposição dos profanos: são organismos mais ou menos sagrados, ou, pelo menos, religiosos, a que têm acesso apenas os que fazem parte de uma certa ‘ordem’, de um ‘corpo’ igualmente religioso”. Hoje, o profissional de Biblioteconomia tem como objetivo trabalhar com os diversos suportes que a informação apresenta, gerindo as Unidades de Informação e buscando as mais variadas ferramentas disponíveis para os processos de organização, disseminação e gestão da informação. Nesse horizonte, o Bibliotecário almeja atender às necessidades informacionais dos diversos setores e segmentos da sociedade, seguindo a evolução da profissão e o desenvolvimento de novos espaços além da biblioteca, tais como: centros de documentação, centros culturais e de pesquisa, serviços ou redes de informação, arquivos, museus, instituições públicas e privadas, consultorias e etc. Mas quais seriam as novas maneiras utilizadas pelo Bibliotecário para atender essa chamada “necessidade informacional”? O presente artigo busca investigar os novos instrumentos utilizados pelos bibliotecários para a gestão das Unidades de Informação (UIs), tendo como objetivo fundamental identificar algumas dessas ferramentas, passando pelo desenvolvimento do profissional bem como a sua adaptação ao desenvolvimento gerencial das UIs. 2 O BIBLIOTECÁRIO E A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA A evolução tecnológica e social desenvolvida cotidianamente pelo homem tem provocado diversas mudanças comportamentais, mudanças essas que vão desde uma simples tomada de decisão a uma resolução estrutural no ambiente de trabalho. Esse acréscimo diário é o que proporciona soluções mais rápidas aos problemas encontrados posteriormente, pois estimula os profissionais a se aprofundarem para alargar o conhecimento organizacional. O bibliotecário não fica de fora dessa evolução, a atuação profissional dessa classe tem sofrido grandes mudanças em virtude das demandas oriundas das novas tecnologias, do processo de globalização, bem como da valorização da inteligência e do conhecimento. Nesse cenário, atitudes pró-ativas têm sido destacadas, assim como a qualificação e a adequação às constantes alterações produzidas por uma sociedade em progresso. Coloca-se então que o bibliotecário não pode continuar a ser apenas um mero arrumador e catalogador de livros. Deve assumir o papel de um técnico que entende além da Biblioteconomia, com características, com noções sólidas sobre assuntos gerais ou mesmo assuntos que compõem o acervo do centro informacional que trabalha (COUTO apud CASTRO, 2000). Coelho Neto (1996) diz que o bibliotecário tem adotado um novo perfil face às novas mudanças organizacionais e com a proliferação rápida da informação, passando do acervo físico para o virtual, pois até pouco tempo os bibliotecários carregavam um perfil insaturado na Idade Média, onde a biblioteca era um lugar de retiro, de isolamento, permitindo a privilegiados, e quem ali atuava era um membro do poder e estabelecia as relações entre o autor e o leitor como intermediário (dono da informação), orientador de leituras (ideologia do poder), um intercessor (censura). Foi-se o tempo em que a biblioteca se parecia com um museu e o bibliotecário era o catador de ratos entre livros embalara dos e os visitantes olhavam com olhos curiosos tomos e manuscritos antigos. Agora a biblioteca é como uma escola, e o bibliotecário é, no mais alto sentido, um professor, e o visitante é um leitor entre livros como um trabalhador entre suas ferramentas (COELHO NETO, 1996, p. 6). Seguindo a linha de raciocínio de Coelho Neto (1996, p. 5), quando destaca que: O papel do Bibliotecário na sociedade está se alterando devido às novas tecnologias de informação e comunicação. Novas formas de trabalhar surgiram porque novas ferramentas foram criadas para o controle, organização e disseminação da informação. O profissional não está mais limitado ao espaço físico da biblioteca; agora ele trabalha com vários suportes em que a informação está registrada, onde o usuário passa a ser o foco principal e não mais o acervo, ao mesmo tempo que a disseminação passa a ter mais importância que a preservação da informação. É possível enxergar que o Bibliotecário vem tomando novas formas e tendo mais representação social, mas para que isso ocorresse foi preciso adotar a tecnologia como aliada, o que deixou a imagem do profissional mais dinâmica ao ver das outras profissões como diz Cunha (2000, p. 160): Como bibliotecários, fazemos parte de um grupo cada vez mais diversificado de profissionais que lidam com a informação, entre eles os arquivistas, documentalistas, os gerentes de base de dados, os consultores da informação, os profissionais da informação, entre outros, e ainda, porque o trato com a informação na sociedade contemporânea requer a atuação de profissionais com uma grande variedade de competências. O que se pode entender é que com o passar dos tempos o bibliotecário foi se modificando, de acordo com a época, a sociedade e as tecnologias disponíveis e que todo esse trabalho, ou melhor, toda essa mutação vem sendo feita para recuperar, disseminar e preservar o conhecimento, tanto o contido nos livros, quanto nos outros suportes. Portanto, não é apenas uma mudança no perfil do profissional tradicional de biblioteconomia ou nos rótulos que a sociedade o coloca, é uma adaptação a novas exigências organizacionais para melhorar assim o seu desempenho profissional, o que se faz valer as cinco leis de Ranganathan que são leis fundamentais instituídas para a Biblioteconomia (os livros são para serem usados; todo leitor tem seu livro; todo livro tem seu leitor; poupe o tempo do leitor; uma biblioteca é um organismo em crescimento), sendo que agora aplicadas aos diversos formatos de informação. 3 GESTOR DAS UNIDADES DE INFORMAÇÃO A profissão de Bibliotecário sempre exigiu a prática da administração, uma vez que a gestão envolve a elaboração de projetos e a junção de habilidades que vão desde o saber de lidar com pessoas a solução de problemas. O bibliotecário passou a ser um profissional mais proativo, que não tem medo de ousar, o que refletiu consideravelmente para que se tornasse um bom líder com criatividade, passando a cunhar um ambiente propício a ampliação das Unidades de Informação. Fujita (2006) chama atenção para as mudanças dos paradigmas da informação, o que considera como os fatores determinantes para a inovação das gestões aplicadas nas Unidades de Informação: “forma: a diversidade de formatos exige tratamento temático e descritivo compatíveis com conseqüente modificação de Normas, diretrizes, manuais e metodologias; a coexistência do formato impresso e do formato eletrônico: evolução semelhante à ocorrida com o documento manuscrito para o documento impresso, em ritmo acelerado; acesso: evolução tecnológica da comunicação de dados facilitou o acesso simultâneo de todos a todos os registros; valor: a informação registrada, tratada e disseminada por meio do aparato tecnológico de comunicações tem um valor mais alto”. Atualmente, o Profissional de Biblioteconomia deve ir além da aptidão a trabalhar nos processos de organização, disseminação e gestão da informação. A sociedade percebeu que a Informação em si é uma ferramenta estratégica em variadas áreas e que pode interferir no desenvolvimento econômico e social. Com isso, o bibliotecário passa a apresentar novas características o que exige novas competências, competências estas que pedem uma nova dimensão no campo de trabalho abrangido pelo gestor. De acordo com Barbalho et al (2000) a postura mais ativa do Bibliotecário, começou a ser tracejada entre as décadas de 50 e 80, quando os bibliotecários passaram a trocar experiências, apresentar teses e debates, o que proporcionou mais benefícios aos próprios profissionais, pois surgiu novos referenciais para serem aplicados na atuação qualificada. Esse compartilhamento de experiências, fez com que o Bibliotecário visse o seu trabalho como um agente de mudanças empregado à sociedade, tentando assim, acompanhar as novas tendências e paradigmas administrativos apoiando as tomadas de decisão. Alguns fatores contribuíram para o crescimento das Unidades de Informação, tais como: a) aumento considerável da produção bibliográfica do mundo, tornando mais complexa a seleção e aquisição de livros, a organização e manuseio do material; b) o desenvolvimento de novas áreas do conhecimento e uma crescente interrelação entre campos afins; c) a elevação do nível médio de cultura em muitos países, pela escolarização; d) a difusão do ideal democrático, que destaca a dignidade do homem e o estimula a preparar-se para assumir maiores obrigações para seu próprio bem estar; e) a transformação do conceito de biblioteca, para uma “casa de conhecimentos”, com missão educadora, guia e inspiração de todos (LITTON, 1975, p. 109). Com isso, essas Unidades de Informação passaram a serem vistas como uma empresa, começando a exigir uma gestão que possuísse eficiência e produtividade. Para que isso ocorresse, o bibliotecário passou a dispor, a estudar, conhecimentos técnicos e administrativos, o que permitiria manter diretrizes e liderança na atividade desenvolvida, como traçar metas, estabelecer planos e políticas. 4 FERRAMENTAS UTILIZADAS NA GESTÃO DE UNIDADES DE INFORMAÇÃO Para Miranda (2004, p. 119) às atividades tradicionais atribuídas aos bibliotecários, como mediador entre a informação e o usuário, devem ser agregadas às experiências com as técnicas de gerenciamento e conhecimento de tecnologias da informação, para que assim haja a assunção do papel de filtro informacional ao agregar valor aos produtos e serviços de informação. Assim, o bibliotecário monitora com mais precisão a Unidade de Informação, identificando ricos e oportunidades que são apresentadas nas atividades desenvolvidas. Seria o estudo dos fatores de acréscimo interno e externo aplicados a UIs. O propósito principal dessa avaliação seria melhorar o desempenho organizacional implantado e estudar quais decisões devem ser tomadas. Para acompanhar as mudanças os Bibliotecários começaram a repensar os serviços apresentados nas UIs, aprimorando suas visões estrategistas, o que aumentou a habilidade de identificar e solucionar os problemas apresentados. Com isso, os gestores foram fadados a desenvolver capacidades individuais, onde aumentaram gradativamente uma postura administrativa. Le Coadic (1997, p. 112-113) ressaltou algumas qualificações que devem ser aprimoradas nos Gestores da Informação, tais como: “avaliar, planejar, vender e fazer funcionar redes locais de comunicação de informação em instituições; administrar unidades de informação e implantar programas de gerenciamento de informação para informatizá-las; procurar, preparar, resumir e editar informações de natureza científica e técnica; dirigir a redação de revistas científicas em empresas de editoração; organizar (adquirir, registrar, recuperar) e distribuir informação em sua forma original ou como produtos elaborados a partir dela”. Mas tais qualificações devem ser acompanhadas por algumas ferramentas disponíveis para administrar, identificar, observar e analisar problemas, soluções, projetos e etc. Segundo Barbalho et al (2000) a administração, hoje é concebida com objetivo de proporcionar a integração de indivíduos que contribuem, com seus esforços, para atingir ações predeterminadas, o que reflete diretamente em várias áreas fora das Ciências Aplicadas. Para Oliveira e Pereira (2003 apud NEVES, SOUZA, OLIVEIRA, 2006), a gestão eficaz de uma Unidade de Informação está intimamente ligada às filosofias administrativas, que devem ser conhecidas e adaptadas à realidade de casa instituição. Pereira (2003) destaca três aspectos importantes relacionados à Gestão das Unidades de Informação: Teórico (um conjunto de saberes interdisciplinares das áreas de administração, ciência da informação e tecnologia de informação); Prático (um conjunto de métodos/metodologias, técnicas e ferramentas); e Processo (um recurso estratégico de intervenções governamentais). Esses aspectos, Segundo Farias (2007, p. 50), além de serem estratégicos para a economia contemporânea, permitem enxergar a Gestão da Informação como um modelo que fornece as condições necessárias para gerir eficazmente a informação na organização, ou seja, a junção desses aspectos permite a elaboração das ferramentas necessárias no contexto gerencial procurado dentro das Unidades de Informação. Além de todas as etapas de planejamento, é necessário que o marketing se faça presente nas UIs. O marketing seria mais uma estratégia para dar visibilidade ao trabalho desenvolvido dentro da organização, seria a parte do processo da Gestão que propõe a distribuição dos serviços/atividades estabelecidos. Concordando com Ottoni (1995) o marketing em unidades de informação: “pode ser entendido como uma filosofia de gestão administrativa na qual todos os esforços convergem em promover, com a máxima eficiência possível, a satisfação de quem precisa e de quem utiliza produtos e serviços de informação. É o ato de intercâmbio de bens e satisfação de necessidades”. Santos (1996, p. 9) abordou alguns conhecimentos, listados pela Library Associaton de Londres, para a formação dos bibliotecários para lidar com o desenvolvimento da Gestão das Unidades de Informação: 1 Desenvolvimento de habilidades analíticas e gerenciais que possam ser aplicadas na aquisição e organização de recursos e na promoção da biblioteca e dos serviços de informação numa determinada organização. Conteúdos sugeridos: modelos organizacionais, análise e solução de problemas, comportamento e motivação humanos, administração financeira e orçamentária, análise das necessidades de informação, profissionalismo e códigos de conduta [ética], administração de recursos humanos, marketing e promoção, planejamento e tomada de decisões. 2 Compreensão das necessidades de informação da sociedade. Conteúdos sugeridos: liberdade de informação e censura, multiculturalismo, oportunidades iguais e práticas não-opressivas, economia da informação, direitos autorais e propriedade intelectual, necessidades de informação para grupos específicos, informação como bem de consumo e acesso à informação em países em desenvolvimento. 3 Conhecimento dos papéis, funções e valores da biblioteca e dos serviços de informação. Conteúdos sugeridos: políticas nacionais e internacionais de informação, legislação e seu impacto, recreação, entretenimento e artes, literaturas especializadas e serviços cooperativos. 4 Compreensão dos processos de produção, aquisição, organização e disseminação da informação. Conteúdos sugeridos: controle bibliográfico e fontes de informação, seleção, administração e preservação de materiais, aplicação das tecnologias da informação, sistemas e serviços on-line, indexação, classificação e catalogação, avaliação e reempacotamento da informação, planejamento e construção de bases de dados, seleção de sistemas e serviços informáticos, produção e editoração de livros, sistemas de informação avançados, hipertexto etc. 5 Competência para o desenvolvimento de habilidades práticas, por meio de metodologias de pesquisa, comunicação, métodos estatísticos, funções básicas de contabilidade, processadores de texto, criação de pacotes multimídia, línguas estrangeiras. Podem-se listar, após uma análise do desenvolvimento profissional dos bibliotecários e as novas formas de gerência das UIs, algumas ferramentas básicas que são exigidas na gestão das Unidades de Informação, ferramentas essas que modificam a Unidade tanto estruturalmente como na organização das políticas administrativas aplicadas: Planejamento estratégico: seria um processo onde são formulados os objetivos para a seleção das ações que serão implantadas e suas respectivas execuções, levando em conta as condições internas e externas da UI. Na Administração de Empresas, de acordo com Oliveira (1994, p. 46), as organizações que formam um plano estrategista, puderam conhecer melhor os pontos fortes, conhecer e eliminar ou adequar seus pontos fracos, conhecer e usufruir as oportunidades externas, conhecer e evitar as ameaças externas e ter um efetivo plano de trabalho estabelecendo as premissas básicas, as expectativas e os caminhos almejados pela empresa. Análise: seria identificação das características apresentadas pela UI. Para Cury (2002), a análise administrativa é um processo de trabalho, dinâmico e permanente, que tem como objetivo efetuar diagnósticos situacionais das causas e estudar soluções integradas para os problemas administrativos, envolvendo, portanto, a responsabilidade básica de planejar as mudanças, aperfeiçoando o clima e a estrutura organizacionais, assim como os processos e métodos de trabalho. Marketing: seria o processo de planejar e executar a precificação, promoção e distribuição de bens, idéias e serviços de modo a criar trocas que satisfaçam da melhor maneira os objetivos da UI. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As alterações na sociedade contemporânea, tanto no cenário mundial, nacional ou regional, acarretam mudanças nos perfis dos profissionais de diversas áreas. A tecnologia vem proporcionando cada vez mais ferramentas para o desenvolvimento das organizações e tais ferramentas exigem profissionais especializados com a forma tanto estrutural como organizacional do universo da instituição. A partir do século XIX, as atividades ligadas à Biblioteconomia foram desenvolvendo-se efetivamente, uma vez que, como é conhecido até hoje se exigiam práticas e técnicas apropriadas para a sistematização das informações existentes nos acervos das bibliotecas. Um exemplo que pode ser citado é o de 1876, quando Melvil Dewey publica nos Estados Unidos a primeira edição de sua Classificação Decimal (a CDD), sendo o primeiro sistema de classificação de assuntos a ser amplamente adotado nas bibliotecas, inclusive até a atualidade. Essa evolução ultrapassou os limites das bibliotecas, chegando a todos os tipos de Unidades de Informação, com isso, se exigiu, por parte dos bibliotecários, competências gerenciais e administrativas o que alterou diretamente as práticas exigidas anteriormente a esses profissionais. Os bibliotecários tornaram-se gerentes dessas unidades e com isso passaram a estudar as tendências administrativas contemporâneas, como também as teorias administrativas que as fundamentam e tudo isso sendo adaptadas para que fossem aplicados ao universo das UIs. O bibliotecário passou a desenvolver com mais exatidão a forma de pensar, decidir e agir para obter resultados mais positivos à disseminação da Informação. E as Unidades de Informação passaram a serem tratadas como empresas que exigem resultados, resultados esses que devem ser projetos, previstos, definidos, analisados e avaliados. Por fim, se pode dizer que a função gerencial do Bibliotecário estabelece profissionais capacitados que procuram novas ferramentas para serem aplicadas dentro das Unidades de Informação. Essas ferramentas podem ser buscadas tanto no cotidiano como em análises de trabalhos realizados em outras Unidades. A troca de experiência permite uma comparação que é importante no planejamento e elaboração da política gerencial a ser aplicada, ressaltando que a maneira de captar, processar e analisar informações externas e internas pode melhorar as estratégias organizacionais e as soluções dos problemas. E se o bibliotecário conhecer as funções e modificações que devem ser implantadas nas Unidades de Informação, tendo como objetivo principal as necessidades informacionais dos usuários, poderá desenvolver com mais eficiência a função de gerente. REFERÊNCIAS Barbalho, C. R. S. et al. Gestão de bibliotecas: um estudo sobre o perfil do Bibliotecário-gestor na cidade de Manaus. 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