FABÍOLA SOARES MOREIRA CAMPOS ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM LAPAROSCOPIA GINECOLÓGICA Trabalho Final do Mestrado Profissional apresentado à Universidade do Vale do Sapucaí para obtenção do Título de Mestre em Ciências Aplicadas à Saúde. POUSO ALEGRE 2015 FABÍOLA SOARES MOREIRA CAMPOS ANTIBIOTICOPROFILAXIA EM LAPAROSCOPIA GINECOLÓGICA Trabalho Final do Mestrado Profissional apresentado à Universidade do Vale do Sapucaí para obtenção do Título de Mestre em Ciências Aplicadas à Saúde. ORIENTADORA: Profª. Drª. Daniela Francescato Veiga COORIENTADORES: Prof. Dr. Antônio Marcos Coldibelli Francisco Profª. Drª. Silvânia de Cássia Vieira Archangelo POUSO ALEGRE 2015 Campos, Fabíola Soares Moreira. Antibioticoprofilaxia em laparoscopia ginecológica./Fabíola Soares Moreira Campos. – Pouso Alegre, 2015. x,40f. (Trabalho Final do Mestrado Profissional) - Universidade do Vale do Sapucaí. Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde. Título em inglês: Antibiotic prophylaxis in gynecologic laparoscopy. 1. Procedimentos Cirúrgicos em Ginecologia. 2. Laparoscopia. 3. Infecção da Ferida Operatória. 4.Antibioticoprofilaxia. UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE COORDENADOR: Prof. Dr. Taylor Brandão Schnaider DEDICATÓRIA A Deus, meu guia. Aos meus queridos pais, Guilhermina e Alfredo, que me ensinaram que viver é lutar para ser feliz, e me fizeram acreditar no poder da oração e na força da palavra Gratidão. Exemplos vivos de que amor de pai e mãe é aquele em que a vaidade do casal se emudece para que o filho cante ao mundo. Hoje eu canto, em alto e bom tom, que amo vocês! Muito obrigada! Ao meu querido marido Guilherme, que soube ser paciente e companheiro, exemplo de esposo, pai e profissional, um verdadeiro presente que recebi da vida, meu amor. Ao meu pequeno, meu filho, meu amor maior, Eduardo, que nasceu literalmente com este mestrado seus sorrisos tornaram meus dias mais fáceis, sua existência me fez existir e persistir, Meu anjinho, esta tese se tornou mais leve com você e por você. A minha família, pelo carinho e apoio, pela credibilidade e simplesmente, por serem minha família, um pedaço fundamental de mim. À minha amiga e orientadora, minha “mãezinha” no campo da pesquisa, Profª. Daniela Francescato (Dani), meus eternos agradecimentos e admiração. Aos meus amigos, pela cumplicidade, em especial, Marina e Ivanildo, como é bom tê-los por perto! i AGRADECIMENTOS PROFª. DRª. DANIELA FRANCESCATO VEIGA, PROFESSORA ORIENTADORA DO MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE DA UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ, minha orientadora, pelo estímulo à formação científica, por sua atenção, paciência e disponibilidade, pelo exemplo de ética e profissionalismo. PROFª. DRª. LYDIA MASAKO FERREIRA, COORDENADORA DA MEDICINA III DA CAPES, pelos exemplos de ética e liderança. PROF. DR. ANTÔNIO MARCOS COLDIBELLI FRANCISCO E PROFª. DRª. SILVÂNIA DE CÁSSIA VIEIRA ARCHANGELO, PROFESSORES DA DISCIPLINA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA DA UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ, grandes amigos e colegas de profissão, exemplos de retidão, pelo incentivo e disponibilidade, e por fazerem parte de forma atuante em minha trajetória profissional, acadêmica e pessoal. Aos PROFESSORES DO MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIAS APLICADAS À SAÚDE DA UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ, pelos conselhos, correções e ensinamentos. Aos COLEGAS DE PÓS-GRADUAÇÃO, pelas críticas, comentários e sugestões. Ao colega RODRIGO PEDRO FAUSTO DE LIMA e aos seus residentes LUIZ CARLOS SOUZA TOSTES E LOURENÇO FERREIRA DA CRUZ, pelo companheirismo, força e prestatividade. Às RESIDENTES E EX-RESIDENTES DO SERVIÇO DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE POUSO ALEGRE, CAROLINE RIBEIRO CORREIA, MEIRY FARIA MARQUES, CAROLINA SANTOS DONATO E MARCELA GONÇALVES FERREIRA, pela confiança, disposição e participação em todos os momentos. ii Aos PROFs. DRs. YARA JULIANO e NEIL FERREIRA NOVO, PROFESSORES TITULARES DE BIOESTATÍSTICA DA UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ, pela convivência e orientações. Ao colega DR. ADILSON DE OLIVEIRA FRAGA, pelo empenho em disponibilizar o centro cirúrgico do Hospital e Maternidade Santa Paula, bem como toda sua equipe. Ao SANDRO JOSÉ FERREIRA DOS PASSOS, TÉCNICO DE ESTATÍSTICA da UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ, pela disponibilidade e interesse. Às secretárias LIDIANE FERREIRA LIMA, ANA CLÁUDIA PEREIRA DE CASTRO E MARIA BEATRIZ LEAL, pelos cuidados e prestatividade. Às instrumentadoras LÍDIA PROUSE E CÍNTIA MARIA CARNEIRO DO PRADO, pelo auxílio direto e carinho em todas as fases deste trabalho. Aos FUNCIONÁRIOS DO HOSPITAL E MATERNIDADE SANTA PAULA, pelo agendamento das cirurgias e organização das salas. Às PACIENTES, por confiarem na equipe e por participarem deste estudo. iii “A causa do homem só será servida se o conhecimento estiver unido à consciência” João Paulo II iv SUMÁRIO DEDICATÓRIA.................................................................................. i AGRADECIMENTOS........................................................................ ii LISTAS................................................................................................. vi RESUMO.............................................................................................. ix ABSTRACT......................................................................................... x 1. CONTEXTO.................................................................................... 1 2. OBJETIVO...................................................................................... 5 3. MÉTODOS....................................................................................... 6 4. RESULTADOS/ PRODUTO......................................................... 12 5. APLICABILIDADE........................................................................ 19 6. CONCLUSÃO.................................................................................. 22 7. IMPACTO SOCIAL...................................................................... 23 8. REFERÊNCIAS.............................................................................. 24 NORMAS ADOTADAS...................................................................... 29 APÊNDICES........................................................................................ 30 ANEXOS.............................................................................................. 37 FONTES CONSULTADAS................................................................ 40 v LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Estatística descritiva da idade, em anos, das pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de MannWhitney)..........................................................................................................................13 Tabela 2 - Estatística descritiva do Índice de Massa Corpórea, em kg/m², das pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de Mann-Whitney).....................................................................................13 Tabela 3 - Estatística descritiva do tempo de cirurgia, em minutos, das pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de Mann-Whitney).................................................................................................14 Tabela 4 - Estatística descritiva do número de incisões realizadas nas pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de Mann-Whitney).................................................................................................14 Tabela 5 - Análise do tamanho da maior incisão, em milímetros, realizada nas pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de Mann-Whitney).....................................................................................14 Tabela 6 - Estatística descritiva do somatório do tamanho das incisões, em milímetros, realizadas nas pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de Mann-Whitney).......................................................15 Tabela 7 - Frequência absoluta e relativa dos tipos de cirurgia realizadas nos grupos Placebo (GP) e Estudo (GE)...........................................................................................15 Tabela 8 - Incidência de infecção do sítio cirúrgico e abscesso de sutura no seguimento de 30 dias de pós-operatório no Grupo Placebo (P) e no Grupo Estudo (E) e comparação estatística entre os grupos (teste Exato de Fisher).........................................................16 vi Tabela 9 -Análise multivariada da idade, índice de massa corpórea (IMC), tempo de cirurgia, número de incisões e tamanho das incisões dos grupos Placebo e Estudo em relação à incidência de infecção do sítio cirúrgico através do teste de Regressão Logística Múltipla............................................................................................................16 Tabela 10 - Análise multivariada da idade, índice de massa corpóre (IMC), tempo de cirurgia, número de incisões e tamanho das incisões dos grupos Placebo e Estudo em relação à incidência de abscesso de sutura através do teste de Regressão Logística Múltipla...........................................................................................................................17 vii LISTA DE ABREVIATURAS ASA American Society of Anesthesiologists CAM Concentração alveolar mínima CDC Centers for Disease Control and Prevention g Gramas GE Grupo Estudo GP Grupo Placebo HCSL Hospital das Clínicas Samuel Libânio HMSP Hospital e Maternidade Santa Paula IMC Índice de massa corpórea ISC Infecção do sítio cirúrgico Kg Quilogramas Kg/m2 Quilogramas por metro quadrado mcg Microgramas mg Miligramas ml Mililitros mm Milímetros viii RESUMO Contexto: O uso da antibioticoprofilaxia é amplamente aceito e realizado pela maioria dos ginecologistas. Entretanto, não existem na literatura evidências que embasem o uso rotineiro de antibióticos na profilaxia de cirurgias pélvicas por via laparoscópica. Objetivo: Avaliar a incidência de infecções do sítio cirúrgico para verificar a necessidade de antibioticoprofilaxia em laparoscopias ginecológicas que não incluam abertura de víscera oca. Métodos: Trata-se de ensaio clínico, prospectivo, duplo cego, aleatorizado. Foram selecionadas 114 mulheres com doenças ginecológicas, em que havia indicação de abordagem cirúrgica por via laparoscópica. As pacientes foram aleatoriamente alocadas para o grupo placebo (GP, n=57), que recebeu 10 ml de água destilada estéril, ou para o grupo estudo (GE, n=57), que recebeu 1g de Cefazolina intravenosa, sempre 30 minutos antes do procedimento cirúrgico. Para avaliação da ocorrência de infecção do sítio cirúrgico foram utilizados os critérios e definições do Centers for Disease Control and Prevention (CDC). As pacientes foram avaliadas semanalmente durante 30 dias. Resultados: GP e GE foram semelhantes quanto à idade, IMC, tempo de cirurgia, tamanho e número de incisões. Houve apenas um caso de infecção do sítio cirúrgico, sendo este no grupo placebo. Comparando os grupos placebo e estudo quanto à incidência de infecção, não houve diferença significante (p=0,491). Também não houve diferença significante entre os grupos quanto à ocorrência de abscesso de sutura (p=0,679), sendo dois casos no GP e quatro no GE. Conclusão: Antibioticoprofilaxia é desnecessária em laparoscopias ginecológicas que não incluam abertura de víscera oca. Registro do ensaio clínico: ClinicalTrials.gov: NCT01991834. Palavras-chave: Doenças Ginecológicas; Procedimentos Cirúrgicos Ginecológicos; Procedimentos Cirúrgicos Minimamente Invasivos; Laparoscopia; Antibioticoprofilaxia; Cuidados Pós-operatórios; Infecção da Ferida Operatória. ix ABSTRACT Background: The use of antibiotic prophylaxis is widely accepted and performed by most gynecologists. However, no evidence exists in the literature to support the routine use of antibiotics in the prophylaxis of wound infection in laparoscopic pelvic surgery. Objective: This study aims to assess the surgical site infection rates for gynecological laparoscopies, not involving the opening of hollow viscera. Methods: This is randomized, double-blind, clinical trial. A total of 114 women with gynecological pathologies, undergoing laparoscopic surgical approach, were selected. The patients were randomly allocated to either placebo group (PG, n = 57), to receive 10 mL of intravenous sterile saline, or to antibiotic group (AG, n = 57), to receive 1 g of intravenous Cefazolin 30 minutes before the surgery. To assess the incidence of surgical site infection, criteria of the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) were used. The patients were evaluated weekly for 30 days. Results: PG and AG were similar in regard to age, BMI, duration of surgery, size and number of incisions. There was only one case of surgical site infection, which was in the placebo group. Comparing PG and AG on the incidence of infection, no significant difference was found (p = 0.491). Also, there was no significant difference between the groups regarding the occurrence of suture abscess (p = 0.679), two cases in GP and four GE. Conclusion: Antibiotic prophylaxis is not necessary in gynecological laparoscopies. Trial registration: ClinicalTrials.gov identifier: NCT01991834. Keywords: Gynecologic Diseases; Gynecologic Surgical Procedures; Minimally Invasive Surgical Procedures; Laparoscopy; Antibiotic Prophylaxis; Postoperative Care; Surgical Wound Infection. x 1 - CONTEXTO A laparoscopia é uma técnica cirúrgica em que as operações são realizadas através de pequenas incisões, utilizando um laparoscópio: sistema de lentes e haste telescópica ligada à câmara de vídeo (MEDEIROS et al., 2009). O seu desenvolvimento representa um dos avanços mais importantes no campo da cirurgia dos últimos 20 anos (CHAPRON et al., 1998). Depois de inicialmente ser recomendada para investigação de infertilidade feminina, tornou-se modalidade terapêutica (CHAPRON et al, 1998). Atualmente, a maioria dos procedimentos cirúrgicos ginecológicos está ao alcance da laparoscopia e, sempre que os resultados forem pelo menos iguais ao da cirurgia convencional, deve se optar pela via laparoscópica (TIZZOT & PAZELLO, 2011). As vantagens da laparoscopia são consideráveis: menores cicatrizes cirúrgicas, diminuição da dor pós-operatória, menor tempo de hospitalização e período de recuperação; ampliação da imagem, possibilitando maior precisão cirúrgica com menor trauma; menor incidência de hematomas e infecções de parede (CHAPRON et al., 1998; TIZZOT & PAZELLO, 2011). Desta forma, é o tratamento de escolha para grande parte das doenças ginecológicas, tais como gravidez ectópica, cistos ovarianos benignos, infertilidade tubo-peritoneal, entre outras (CHAPRON et al., 1998). Um procedimento para ser realizado pela via laparoscópica deve ter indicação precisa e a paciente deve ser preparada adequadamente, seguindo uma rotina para evitar complicações. Neste âmbito, a antibioticoprofilaxia para cirurgia ginecológica é prática amplamente utilizada para reduzir complicações pós-cirúrgicas (UENO & SASAKI, 1996). Antibioticoprofilaxia se refere à prevenção de infecção e pode ser caracterizada como profilaxia primária, prevenção de uma infecção inicial; secundária, prevenção da recorrência; ou erradicação, eliminação de um organismo colonizado para evitar o desenvolvimento da infecção (BRATZLER et al., 2013). A antibioticoprofilaxia cirúrgica trata-se de profilaxia primária e refere-se à aplicação de antimicrobiano iniciada minutos antes do início do procedimento. Não é tentativa de esterilização de tecidos, mas complemento para diminuição da carga 1 microbiana de contaminação intraoperatória (MANGRAM et al., 1999). Logo, a profilaxia bem sucedida é aquela em que o antimicrobiano alcança o local da cirurgia antes que a contaminação ocorra. Assim, o agente antimicrobiano deve ser administrado de forma que forneça concentrações séricas e teciduais superiores à concentração inibitória mínima para os organismos comumente relacionados ao procedimento no momento da inicisão e durante todo o período do ato operatório (GALANDIUK et al., 1989; BRATZLER & HOUCK, 2004). Idealmente, um agente antimicrobiano para profilaxia cirúrgica deve evitar a infecção do sítio cirúrgico (ISC), a morbidade e a mortalidade por ISC (ALERANY et al., 2005; ALLERBERGER et al., 2009. ISC são definidas como infecções de feridas que ocorrem após procedimentos invasivos (HORAN et al., 1992). Correspondem de 14 a 16% de todas as infecções nosocomiais em pacientes internados, sendo as mais comuns entre os pacientes cirúrgicos, e levam a um aumento médio de 60% no tempo de internação (OMS, 2009). O patógeno mais frequentemente relacionado às ISCs é o Staphylococcus aureus (OMS, 2009; SANTOS et al., 2015) As ISCs estão relacionadas a fatores intrínsecos (do paciente) e fatores extrínsecos, relacionados ao ambiente, membros da equipe, materiais, entre outros (SANTOS et al., 2015). Desta forma, a prevenção e o controle das ISCs dependem da adesão dos profissionais às medidas preventivas (CUNHA et al., 2011; CARNEIRO et al., 2013). No Brasil, em estudo realizado pelo Ministério da Saúde, encontrou-se taxa de ISC de 11% do total de procedimentos cirúrgicos analisados (BRASIL, 2013). No entanto, a maior parte dos hospitais brasileiros limita-se à vigilância de ocorrência de ISC somente durante o período de internação. Considerando que 12 a 84% das ISCs são diagnosticadas após a alta hospitalar (BATISTA & RODRIGUES, 2012), pode haver uma subnotificação dos casos (BELUSSE et al., 2015). As incisões umbilicais utilizadas nas videolaparoscopias estão associadas a taxas de infecção em torno de 8% (HAMZAOGLU et al., 2004). Em cirurgias laparoscópicas ginecológicas, não incluindo as histerectomias, as taxas de infecção variam na literatura de 0% a 5,5% (MORRILL et al., 2013). Apesar dos baixos índices de infecção, mais de 50% dos ginecologistas utilizam antibioticoprofilaxia em suas laparoscopias (SCHIMPF et al., 2012). Em estudo realizado em Campinas para avaliação da carga microbiana de trocartes 2 reprocessáveis após laparoscopias ginecológicas, 93,9% dos ginecologistas realizaram profilaxia (VILAS-BOAS et al., 2009). Embora a profilaxia geralmente seja pensada para segurança no pósoperatório, a administração desnecessária de antibióticos é indesejável, pois pode resultar no desenvolvimento de bactérias resistentes aos antibióticos, reações adversas, mudanças na flora natural e custo aumentado (ACOG, 2009). Em 2014, no estado de Minas Gerais, foram realizados 429.577 procedimentos cirúrgicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 12.012 de caráter ginecológico para abordagem de anexos, tratamento de malformações congênitas, infertilidade, endometriose e correção de prolapsos, totalizando um gasto de R$ 62.482.436,43 (SIH/SUS, 2015). No município de Pouso Alegre, em 2009, 42,2% de todas as internações foram cirúrgicas e destas, 5,5% foram para tratamento ginecológico. O gasto total destes procedimentos foi de R$ 14.715.974,79, sendo que o gasto somente com medicamentos chegou a R$ 8.745.481,00 (SIH/SUS, 2010). Este uso excessivo de medicamentos, principalmente o uso excessivo de antibióticos, ampliou a necessidade de instituições criarem comitês de controle de infecção hospitalar para coibir o uso indevido destes através de inquéritos baseados em protocolos estabelecidos por outras organizações (HEGDE, 2013). Como acontece com qualquer prática amplamente aceita, a antibioticoprofilaxia tem revisões periódicas sobre suas indicações. No entanto, as orientações coletivas disponíveis a partir do Projeto Diretrizes de 2001 (Recomendação de antibioticoprofilaxia para procedimentos cirúrgicos selecionados) da Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina não fornecem orientação uniforme para cirurgiões ginecológicos em relação à laparoscopia. Apesar de recomendar antibioticoprofilaxia para cirurgias como ooforectomia e miomectomia, o Projeto não considera a via abordada. Em cirurgias do trato digestivo, no entanto, a via laparoscópica não requer profilaxia pelo baixo risco de ISC (MACHADO et al., 2001). Litta e colaboradores (2010), em estudo prospectivo com 300 mulheres submetidas à laparoscopia, compararam o uso de antibioticoprofilaxia e placebo e não observaram diferença significante em complicações infecciosas e morbidade febril. Também segundo o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, não é recomendado o uso de antibiótico profilático para procedimentos laparoscópicos que não envolvam acesso direto à cavidade abdominal através da cavidade endometrial ou vagina (VAN EYK & VAN SCHALKWYK, 2012). 3 Diante das divergências entre a prática ginecológica, as diretrizes brasileiras e os dados da literatura, sabendo-se que protocolos e diretrizes devem ser baseados em evidências, ensaios clínicos bem desenhados são essenciais para justificar ou ajustar a prática clínica. Desta forma, este ensaio clínico aleatório foi desenhado para avaliar a necessidade de antibioticoprofilaxia em cirurgias ginecológicas por via laparoscópica. 4 2 - OBJETIVOS 1. Avaliar a incidência de infecções do sítio cirúrgico para verificar a necessidade de antibioticoprofilaxia em laparoscopias ginecológicas que não incluam abertura de víscera oca. 2. Criar um algoritimo de conduta para antibioticoprofilaxia em laparoscopia ginecológica para o setor de Cirurgia Minimamente Invasiva do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas Samuel Libânio. 5 3. MÉTODOS 3.1. Tipo de estudo: Ensaio clínico prospectivo, aleatorizado, intervencional, analítico, duplo cego. 3.2. Aspectos éticos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí sob o número CAAE: 1979691.8.0000.5102 (Anexo 1). Foram rigorosamente observados e seguidos os princípios da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e da Declaração de Helsinki, 2013. 3.3. Casuística: 3.3.1. Cálculo do tamanho: Para o cálculo do tamanho da casuística foram utilizados dados de um estudo prévio que avaliou a necessidade de antibioticoprofilaxia em cirurgias ginecológicas (MORRILL et al., 2013), e foi utilizado o teste t de Student, monocaudal. Considerando significativa uma diferença de 10 pontos percentuais, o número calculado de pacientes, por grupo, foi de 57, com nível de significância de 5% e poder do teste de 80%. 3.3.2. Seleção: Foram selecionadas, nos consultórios privados de três cirurgiões ginecológicos (Anexo 2) com atuação em Cirurgia Minimamente Invasiva, 114 pacientes com doenças ginecológicas, em que havia indicação de abordagem cirúrgica por via laparoscópica, com o procedimento já agendado. As pacientes que preencheram os critérios de elegibilidade foram esclarecidas sobre o estudo e só foram incluídas aquelas que concordaram em participar, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 2). 6 Para a seleção das pacientes foram considerados os critérios de elegibilidade relacionados a seguir. Critérios de inclusão: Pacientes do sexo feminino, entre 18 e 65 anos de idade, sem restrição quanto à etnia, escolaridade e classe social; Pacientes com patologia ginecológica com indicação para abordagem por via laparoscópica que não incluíssem abertura de víscera oca. Critérios de não inclusão: Comorbidades ou condições que constituíssem contra-indicação para o procedimento cirúrgico; Pacientes com história de alergia à Cefazolina; IMC (Índice de Massa Corporal) superior a 30 Kg/m2; Diabetes mellitus tipo 1 ou tipo 2 cuja hemoglobina glicada fosse superior a 6,5% (PIMAZZONI NETTO et al., 2007); Tabagismo ≥ 10 cigarros/dia (ADSIT & FIORE, 2013); Pacientes cuja classificação de risco cirúrgico da Sociedade Americana de Anestesiologistas (“American Society of Anesthesiologists” – ASA, 1963) fosse ASA III ou superior; Pacientes que fossem submetidas à histerectomia ou tratamento de endometriose profunda que incluísse retossigmoidectomia; Recusa em participar. Critérios de exclusão: Pacientes que no pós-operatório tiveram indicação de antibioticoterapia por outra intercorrência clínica (cistite, pneumonia,entre outras); Pacientes que retiraram seu consentimento informado em qualquer etapa do estudo; Pacientes que não retornaram a alguma das visitas semanais para avaliação da ferida operatória. Pacientes cuja cirurgia foi convertida para via aberta (laparotomia). 3.3.4. Alocação: Para alocação das pacientes nos grupos foi gerada uma seqüência aleatória pelo software Bioestat 5.0 (Instituto Mamirauá, Brasil), e o sigilo de alocação foi 7 garantido por envelopes opacos selados, abertos pelo anestesiologista no momento da indução anestésica. As pacientes foram aleatoriamente alocadas para os grupos: GP- PLACEBO (n=57): as pacientes receberam 10 ml de água estéril para injeção intravenosa 30 minutos antes do ínicio do procedimento cirúrgico por meio de administração direta durante 3 a 5 minutos; GE – ESTUDO (n=57): as pacientes receberam 1g de Cefazolina (MACHADO et al., 2001) intravenosa 30 minutos antes do início do procedimento cirúrgico, reconstituído o conteúdo do frasco-ampola com 10 mL de água estéril e com administração direta durante 3 a 5 minutos. Alguns critérios foram seguidos na escolha da antibioticoprofilaxia: deveria ser de apresentação parenteral, ter baixa toxicidade e baixo custo, ser fraco indutor de resistência bacteriana assim como apresentar atividade contra a maioria dos patógenos responsáveis por infecção do sítio cirúrgico na instituição. Neste contexto, seguidos dos critérios estabelecidos pela Sociedade Brasileira de Doenças Infecciosas para cirurgias ginecológicas, optou-se pelo uso da Cefazolina (MACHADO et al., 2001; BRATZLER et al., 2013) . 3.4. Procedimentos: As pacientes foram internadas no dia da cirurgia, pelo menos uma hora antes do horário previsto para o início do procedimento, com jejum de pelo menos oito horas para sólidos e seis horas para líquidos. 3.4.1. Procedimento cirúrgico: As operações foram realizadas sob anestesia geral, no centro cirúrgico do Hospital e Maternidade Santa Paula (HMSP), Pouso Alegre-MG. A indução anestésica, em todas as pacientes, foi realizada com Propofol 2 a 2,5mg/Kg, Alfentanil 30mcg/kg e Rocurônio 0,6mg/kg e a manutenção, inalatória com Isoflurano 1 CAM. Como antieméticos, foram utilizados ondansetrona 8mg, metoclopramida 10mg e dexametasona 8mg (SCHNAIDER et al., 2008). Para controle da dor, utilizou-se antiinflamatório não esteroidal e dipirona. Os efeitos do opióide (alfentanil), foram revertidos com a administração de Nalbufina 10mg. 8 As pacientes foram submetidas à laparoscopia ginecológica, com primeira punção para passagem da óptica em cicatriz umbilical com incisão de 10mm (GUIMARÃES, 2001) e duas ou três punções auxiliares, em região suprapúbica e flancos (HURD et al., 2007), com incisões de 5 a 10mm para adequada utilização do instrumental cirúrgico e retirada das peças para estudo anatomopatológico, sendo que em alguns casos houve necessidade de ampliação da incisão auxiliar para até 20mm para retirada da peça quando esta apresentou diâmetro superior ao da incisão inicial. A antissepsia do campo operatório foi realizada com solução alcoólica de clorexidina 0,5% após preparação da pele com clorexidina degermante a 4% (VEIGA et al., 2008). Após o término do procedimento, um curativo convencional com gazes foi colocado, o qual era retirado após 24 horas segundo recomendação do CDC (Centers for Disease Control and Prevention) – categoria IB (MANGRAM et al., 1999) 3.4.2. Acompanhamento e avaliação da infecção do sítio cirúrgico: O CDC considera ISC a que ocorre até 30 dias após a operação, quando não são utilizados implantes, ou até um ano após a cirurgia, nos casos em que houve implantes e a infecção aparenta estar relacionada ao procedimento cirúrgico (HORAN et al., 1992). Assim, as pacientes foram sistematicamente seguidas quanto à ocorrência de infecção no primeiro dia de pós-operatório, ainda em ambiente hospitalar, e uma vez por semana, durante os primeiros 30 dias, em visita ao consultório do médico cirurgião. Neste acompanhamento, as informações referentes à evolução das pacientes foram anotadas conforme protocolo para coleta de dados (Apêndice 1). Neste período, foram avaliados: temperatura axilar, aspecto da ferida operatória (como drenagem de secreção purulenta, dor ou ardência, deiscência, vermelhidão e calor local) e o estado geral da paciente. Para estabelecer quais critérios seriam classificados como ISC, foram utilizadas as definições e classificações adotadas pelo CDC (Quadro 1) (HORAN et al., 1992). O CDC considera abscesso de sutura, sem caracterizar infecção superficial, reação inflamatória mínima com presença de secreção confinados ao local de penetração dos pontos de sutura (HORAN et al., 1992). 9 Quadro 1 – Definições de infecção do sítio cirúrgico adotadas pelo CDC (HORAN et al., 1992) Incisional Superficial Envolve apenas pele ou tecido Incisional Profunda Envolve tecidos moles profundos De órgão ou espaço Envolve qualquer parte da subcutâneo e apresenta pelo (fáscia, músculo) e apresenta pelo anatomia (órgãos, espaços) e menos um dos seguintes itens: menos um dos seguintes itens: apresenta pelo menos um dos Secreção purulenta da porção Secreção purulenta de porção seguintes itens: profunda da incisão, mas não superficial da incisão; Isolamento de microorganismos em cultura envolvendo órgão ou espaço; deiscência superficial da incisão; deliberadamente Pelo menos um dos seguintes dreno colocado em órgão ou Porção profunda da incisão com de fluído ou tecido da porção cirurgião espontânea aberta quando o Secreção purulenta oriunda de ou espaço; Isolamento de pelo microorganismos em cultura paciente de fluído ou tecido coletados de apresenta pelo menos um dos infecção: dor, turgor, edema seguintes sinais ou sintomas: Abcesso ou outra evidência de localizado, hiperemia ou calor, febre (>38°C), dor localizada ou infecção envolvendo órgão ou abertura deliberada da porção turgor, espaço, encontrado em exame superficial negativa; sinais ou sintomas da ferida pelo cirurgião, a menos que com de infecção com cultura direto, durante reoperação ou Abcesso ou outra evidência de infecção cultura negativa; Diagnóstico mesmo envolvendo porção profunda da incisão, encontrado superficial pelo médico ou em cirurgião assistente. reoperação de órgão ou espaço; exame direto, ou em durante exame em exame radiológico ou histopatológico; Diagnóstico de infecção de órgão ou espaço pelo médico ou cirurgião assistente. radiológico ou histopatológico; Diagnóstico de infecção profunda pelo médico ou cirurgião assistente. 3.5. Método estatístico: Os dados foram tabulados e submetidos à análise estatística. Para a análise foram utilizados os programas SPSS (Statistical Package for Social Sciences, Inc., Chicago, USA) e Bioestat 5.0 (Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, Belém, PA, Brazil), com nível de rejeição da hipótese de nulidade fixado em 5% (p 0,05). Para as variáveis numéricas utilizou-se estatística descritiva, com cálculos da mediana, média e desvio padrão. O teste de Mann-Whitney foi utilizado para 10 comparação dos grupos quanto à idade, IMC, tempo de duração do procedimento cirúrgico, número de incisões e tamanho das incisões. O teste exato de Fisher foi utilizado para a comparação entre os grupos quanto à ocorrência de infecção do sítio cirúrgico e presença de sinais flogísticos (inflamação da ferida operatória). Para correlacionar a ocorrência de infecção e abscesso de sutura com as variáveis idade, IMC, tempo de cirurgia, número e tamanho de incisões, em cada grupo, foi utilizado o teste de Regressão Logística Múltipla. 11 4 – RESULTADOS Das 114 pacientes incluídas no estudo, quatro foram excluídas, permanecendo 110 pacientes, 54 no grupo Placebo e 56 pacientes no grupo Estudo (Figura 1). Avaliados para elegibilidade (n= 141) Não incluídos (n= 27) Não preencheram critérios de inclusão (n= 27) Recusa em participar (n= 0 ) RECRUTAMENTO Aleatorizados (n= 114) Alocação Alocados para grupo Placebo (n= 57) Receberam placebo (n= 57) Não receberam a intervenção (n= 0) Alocados para grupo Estudo (n= 57) Receberam antibioticoprofilaxia com Cefazolina (n= 57) Não receberam intervenção (n= 0) Seguimento Excluídos durante seguimento (1 não retornou às consultas de acompanhamento, 1 conversão para laparotomia, 1 infecção urinária no pós-operatório) (n= 3) Excluídos durante seguimento (1 conversão para laparotomia) (n= 1) Descontinuou intervenção (n= 0) Descontinuou intervenção (n= 0) Analisados (n= 54) Excluídos da análise (n= 0) Analisados (n= 56) Excluídos da análise (n= 0) Figura1. Diagrama CONSORT – Fluxo de pacientes no estudo 12 A análise descritiva das pacientes de cada grupo quanto à idade, IMC, tempo de cirurgia, número de incisões e tamanho das incisões é apresentada nas tabelas de 1 a 6. Os tipos de procedimentos realizados em cada grupo são apresentados na tabela 7. Tabela 1. Estatística descritiva da idade, em anos, das pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de MannWhitney) GP GE Variação 18 – 65 20 – 64 Mediana 34,5 34,0 Média 34,8 34,0 Desvio Padrão 10,1 9,3 Mann-Whitney p = 0,620 Tabela 2. Estatística descritiva do Índice de Massa Corpórea, em kg/m², das pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de Mann-Whitney) GP GE Variação 17,5 – 30,0 15,6 – 30,0 Mediana 24,1 24,5 Média 24,3 24,3 3,4 3,8 Desvio Padrão Mann-Whitney p = 0,943 13 Tabela 3. Estatística descritiva do tempo de cirurgia, em minutos, das pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de Mann-Whitney) GP GE Variação 20 – 135 20 – 190 Mediana 57,5 60,0 Média 59,5 71,2 Desvio Padrão 22,2 35,7 Mann-Whitney p = 0, 147 Tabela 4. Estatística descritiva do número de incisões realizadas nas pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de Mann-Whitney) GP GE Variação 3–4 2–4 Mediana 3,0 4,0 Média 3,4 3,6 Desvio Padrão 0,5 0,6 Mann-Whitney p = 0, 146 Tabela 5. Análise do tamanho da maior incisão, em milímetros, realizada nas pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de Mann-Whitney) GP GE Variação 10 – 20 10 – 12 Mediana 10,0 10,0 Média 10,3 10,1 1,4 0,4 Desvio Padrão Mann-Whitney p = 0,846 14 Tabela 6. Estatística descritiva do somatório do tamanho das incisões, em milímetros, realizadas nas pacientes no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste de Mann-Whitney) GP GE Variação 20 – 40 15 – 32 Mediana 23,5 27,5 Média 24,7 25,7 5,1 5,0 Desvio Padrão Mann-Whitney p = 0,245 Tabela 7. Frequência absoluta e relativa dos tipos de cirurgia realizadas nos grupos Placebo (GP) e Estudo (GE). Tipo de cirurgia GE GP Total n (%) n (%) n (%) Ooforoplastia ou ooforectomia uni/bilateral 10 (18,5) 15 (26,8) 25 (22,7) Laqueadura tubária 14 (25,9) 9 (16,1) 23 (20,9) Tratamento de endometriose profunda (peritoneal/ligamentar) 7 (13,0) 11 (19,6) 18 (16,4) Investigação de Infertilidade com cromotubagem 6 (11,1) 3 (5,4) 9 (8,2) Anexectomia uni/bilateral 3 (5,6) 6 (10,7) 9 (8,2) Salpingectomia uni/bilateral 3 (5,6) 4 (7,1) 7 (6,4) Tratamento de endometriose profunda com abordagem anexial 4 (7,4) 3 (5,4) 7 (6,4) Exerese de cisto de mesossalpinge 3 (5,6) 2 (3,6) 5 (4,5) Videolaparoscopia diagnóstica 0 2 (3,6) 2 (1,8) Miomectomia 2 (3,7) 0 2 (1,8) Lise de aderências 1 (1,8) 1 (1,8) 2 (1,8) Retirada de corpo estranho 1 (1,8) 0 1 (0,9) 15 A tabela 8 apresenta a incidência de infecção do sítio cirúrgico e a incidência de abscesso de sutura em cada grupo. Nas tabelas 9 e 10, encontram-se as análises multivariadas de antibioticoprofilaxia, idade, IMC, tempo de cirurgia, número e tamanho das incisões em relação à presença de infecção ou abscesso de sutura. Tabela 8. Incidência de infecção do sítio cirúrgico e abscesso de sutura no seguimento de 30 dias de pós-operatório no Grupo Placebo (GP) e no Grupo Estudo (GE) e comparação estatística entre os grupos (teste Exato de Fisher) n (%) Infecção Abscesso de sutura GP (n = 54) 1 (1,8) 2 (3,7) GE (n = 56) 0 4 (7,1) 1 (0,9) 6 (5,4) Total (n = 110) Teste Exato de Fisher p = 0,491 p = 0,679 Tabela 9. Análise multivariada da idade, índice de massa corpórea (IMC), tempo de cirurgia, número de incisões e tamanho das incisões dos grupos Placebo e Estudo em relação à incidência de infecção do sítio cirúrgico através do teste de Regressão Logística Múltipla Qui Quadrado Graus de liberdade p 5,640 7 0,582 Variáveis p Antibioticoprofilaxia 0,685 Idade 0,721 IMC 0,689 Tempo de cirurgia 0,986 Número de incisões 0,993 Tamanho da maior incisão 0,987 Somatório do tamanho das incisões 0,909 16 Tabela 10. Análise multivariada da idade, índice de massa corpórea (IMC), tempo de cirurgia, número de incisões e tamanho das incisões dos grupos Placebo e Estudo em relação à incidência de abscesso de sutura através do teste de Regressão Logística Múltipla Qui Quadrado Graus de liberdade p 4,474 7 0,724 Variáveis p Antibioticoprofilaxia 0,355 Idade 0,416 IMC 0,869 Tempo de cirurgia 0,540 Número de incisões 0,833 Tamanho da maior incisão 0,824 Somatório do tamanho das incisões 0,841 17 PRODUTO Com os resultados deste estudo, e embasado no ensaio clínico de Litta et al. (2010) e nas diretrizes norte-americanas, criou-se este algoritimo de conduta para antibioticoprofilaxia em laparoscopia ginecológica no setor de Cirurgia Minimamente Invasiva do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HCSL. Laparoscopia ginecológica Patologia maligna ou suspeita de malignidade Patologia benigna Abertura de víscera oca (histerectomias, abordagem vaginal, endometriose com lesão intestinal…) Acesso abdominal sem abertura de víscera oca Se abordagem intestinal, Ceftriaxona 2g + Metronidazol 1,5g Seguir critérios do setor de Oncoginecologia Tempo de cirurgia com estimativa inferior a 90 minutos Tempo de cirurgia com estimativa superior a 90 minutos Pacientes <80kg Pacientes ≥80kg 1g de Cefazolina 30 minutos antes do procedimento 2g de Cefazolina 30 minutos antes do procedimento cirúrgico Não realizar antibioticoprofilaxia Cirurgia com duração > 180 min, reaplicar antibioticoprofilaxia nas doses acima mencionadas Figura 2. Fluxograma da aplicação de Antibioticoprofilaxia em Laparoscopia Ginecológica 18 5 - APLICABILIDADE Nas últimas quatro décadas, assistiu-se a mudança cirúrgica de laparotomia para laparoscopia nas cirurgias ginecológicas (BRADFORD & BORUTA, 2013). As inovações técnicas em instrumentação afetaram os procedimentos simples como tratamento de gravidez ectópica, e cirurgias de alta complexidade, incluindo tratamento oncológico (SHAPIRO & ADLER, 1973; MEDEIROS et al., 2009; NEIBOER et al., 2009). O desenvolvimento rápido da laparoscopia no campo da cirurgia ginecológica é resultado das vantagens apresentadas pela cirurgia minimamente invasiva. Em dias em que o resultado estético é fator decisivo na escolha das pacientes, a laparoscopia, com suas menores incisões, representa a primeira opção, principalmente para pacientes jovens em que geralmente as cirurgias são indicadas por doenças benignas (LEE et al., 2014). Neste estudo, 46% das cirurgias realizadas foram para abordagem anexial e a mediana de idade das pacientes foi de 34,0 anos (GP = 34,5 anos e GE = 34,0 anos). O tempo das cirurgias variou de 15 a 190 minutos, com mediana no GP de 57,5 minutos e no GE de 60 minutos. O tempo das cirurgias foi um fator limitante neste estudo, pois 87% das cirurgias tiveram duração inferior ou igual a 90 minutos. Embora doenças malignas não fossem um critério de não inclusão, só foram observadas doenças benignas. Nos demais estudos placebo-controlados previamente realizados, patologias malignas também não foram avaliadas (KOCAK et al., 2005; LITTA et al., 2010;JAYARATHNA et al., 2014) . As menores incisões da laparoscopia, com menor trauma cirúrgico, além de resultados cosméticos superiores, levam a redução da dor pós-operatória, menor tempo de internação, recuperação mais rápida, retorno mais precoce às atividades normais (DARZI & MACKAY, 2002) e baixos índices de infecção (MORRIL et al., 2013). A média do somatório do tamanho das incisões das pacientes em ambos os grupo foi de 25 mm (GP = 24,7 mm e GE = 25,7 mm). A otimização dos resultados cirúrgicos é uma prioridade para médicos, pacientes, instituições e órgãos de acreditação. No entanto, apesar da largamente utilizada, a profilaxia antibiótica para a cirurgia ginecológica se baseia em poucos ensaios clínicos randomizados (MORRIL et al., 2013). 19 Dada a escassez de evidência científica sobre antibioticoprofilaxia em cirurgia ginecológica, procedimentos semelhantes de outras especialidades foram extrapolados para preencher estas lacunas, como estudos de cirurgia do sistema digestivo, cirurgia geral e cirurgia urológica. Neste âmbito, é prudente considerar que esta prática deve ser temporária e que estudos específicos para mulheres submetidas a procedimentos ginecológicos devem ser realizados com intuito de proporcionar melhor orientação (ROGERS & ERICKSON, 2012; MORRIL et al, 2013). Clifford e Daley (2012), em revisão de literatura, concluíram que há apenas um ensaio clínico placebo-controlado, randomizado, sobre o uso de antibioticoprofilaxia em laparoscopia ginecológica e que este não conseguiu comprovar os benefícios de seu uso. E consideram estes dados insuficientes para decidir sobre a necessidade de antibioticoprofilaxia neste tipo de procedimento, uma vez que não descreve se o estudo foi duplo-cego, e portanto, os médicos poderiam ter conhecimento sobre os dados da alocação. O presente estudo, no entanto, corrobora com os dados apresentados no ensaio clínico de Litta et al. (2010), apresentando apenas um caso de infecção de sítio cirúrgico, com incidência de 0,9%. E, apesar deste um caso ter sido relatado no grupo placebo, foi apenas um caso em 54 pacientes avaliadas e não apresentou diferença significante em relação ao grupo estudo (p=0,491). Jayarathna et al. (2014) também observaram baixa incidência de infecção, um caso em 218 pacientes avaliadas; no entanto, o período de seguimento foi de apenas duas semanas, contrariando o prazo de 30 dias preconizado pelo CDC (MANGRAM et al., 1999). Kocak et al. (2005) não encontraram diferenças quanto à incidência de infecção em estudo placebo-controlado, aleatorizado, porém o tempo de acompanhamento foi de apenas sete dias e o seguimento não foi feito por profissionais cegos, os cirurgiões conheciam a alocação das pacientes. Todos estes quatro estudos, incluindo esta pesquisa, condizem com os baixos índices de infecção e sugerem que a antibioticoprofilaxia é desnecessária em laparoscopias ginecológicas. Segundo os critérios do CDC, não podem ser considerados infecção de sítio cirúrgico vermelhidão e secreção restritos aos locais dos pontos de sutura; estes são classificados como abscesso de sutura (MANGRAM et al., 1999). Na literatura, não existem dados sobre este aspecto nos acompanhamentos pós-laparoscopias. Evidenciaram-se, neste estudo, seis casos no seguimento da primeira semana, sendo dois no grupo placebo e quatro no grupo estudo. Todos evoluíram com remissão 20 completa dos sintomas, sem necessidade de terapêutica, até a segunda semana de seguimento, e não houve diferença significante entre os grupos (p=0,679). Nos Estados Unidos, o Departamento de Sáude Americano (National Guideline Clearinghouse) não preconiza o uso de antibioticoprofilaxia em laparoscopias (VAN EYK et al., 2012). No entanto, segundo revisão realizada entre os anos de 2003 e 2010, o uso de antibioticoprofilaxia indevida foi realizada em 40,2% das mulheres submetidas a laparoscopias e aumentou de 47% para 63% em ooforectomias laparoscópicas, de 37% para 51% em ooforoplastias laparoscópicas e de 15% para 30% em ligaduras tubárias por laparoscopia (WRIGHT et al., 2013). Em 2011, no encontro da Sociedade Americana de Cirurgiões Ginecológicos, foi abordado o tema antibioticoprofilaxia e 54,1% reconheceram que fazem uso em suas laparoscopias (SCHIMPF et al., 2012). No Brasil, onde não há consenso sobre o assunto, a porcentagem de ginecologistas que utilizam antibioticoprofilaxia nas laparoscopias chega a 93,9% (VILAS-BOAS et al., 2009). No serviço em que foi realizado este estudo, até o início da pesquisa, a antibioticoprofilaxia era utilizada em 100% dos procedimentos. Desta forma, seguindo as orientações de Stein (2005) sobre a importância de diretrizes em serviços de saúde, em que afirmou que a qualidade da atenção deve ser mensurada pela melhor aplicação dos recursos disponíveis, a fim de se obter os maiores índices possíveis de saúde dos usuários do sistema ao mais baixo custo e com os mais baixos riscos e efeitos adversos sobre os indivíduos, esta pesquisa culminou em mudança na conduta dos profissionais envolvidos e demais membros da equipe, assim como a instituição de um fluxograma para protocolo de conduta de antibioticoprofilaxia em laparoscopias ginecológicas no Setor de Cirurgia Minimamente Invasiva que está sendo implantado no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas Samuel Libânio (Figura 2). 21 6 – CONCLUSÃO Antibioticoprofilaxia é desnecessária em laparoscopias ginecológicas que não incluam abertura de víscera oca. 22 7 – IMPACTO SOCIAL Esta pesquisa focou sua inserção social no princípio da não maleficência, cuja finalidade é reduzir os efeitos adversos ou indesejáveis das ações diagnósticas e terapêuticas em humanos, e no impacto econômico com mudanças no meio de trabalho, em instituições de caráter público e privado deste Município, por meio da implementação de protocolo institucional. 23 8 – REFERÊNCIAS ACOG Committee on Practice Bulletins - Gynecology ACOG practice bulletin No. 104: antibiotic prophylaxis for gynecologic procedures. 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Protocolo para coleta de dados Identificação: Protocolo no ______ Cor ________ Idade _______ DN ________ Telefones ________________________ História Patológica Pregressa: ( ) HAS ( )controlada ( )não controlada Medicação:__________________________ ( ) DM ( ) tipo I ( ) tipo II ( )controlada ( )não controlada Medicação:__________________________ ( ) Outros__________________________________________________________________ ( ) Cirurgias prévias__________________________________________________________ ( ) Uso crônico de medicação __________________________________________________ História Fisiológica: G______ P______ A______ P. Natural ______ Ces.______ DUM.: Menopausada ( ) sim ( ) não. Se sim, há quanto tempo? ________ Uso de TH ( ) sim ( ) não. Se sim, qual? ________________________ História Social: ( ) Tabagismo Há _____ anos. ______Cig./dia Parou há____________ ( ) Etilismo Há _____ anos. ______l/dia Parou há____________ Exames Laboratoriais: Hb ____ Htc ____ Leucócitos ____ Glicemia jejum ______ Hb glicada (se DM) ______ Uréia _____ Creatinina _______ Plaquetas ________ INR _____ AP (%) _________ Exame Físico: Altura ______ Peso ________ IMC _______ Inspeção do abdome (anotar alterações) _______________________________________ Dados da cirurgia: Data: __/__/____ Início da cirurgia ______ Fim da cirurgia _______ Número de inciões _____ Local das incisões e tamanho ___________________________ ________________________________________________________________________ Intercorrências ____________________________________________________________ Tipo de cirurgia ___________________________________________________________ 30 Dados do acompanhamento pós-operatório: 1o dia de pós-operatório: ( ) febre ( ) secreções ( ) sinais flogísticos Quais _____________________________________________________ Obs.: ______________________________________________________ Semana 1: ( ) febre ( ) secreções ( ) sinais flogísticos Quais _____________________________________________________ Obs.: ______________________________________________________ Semana 2: ( ) febre ( ) secreções ( ) sinais flogísticos Quais _____________________________________________________ Obs.: ______________________________________________________ Semana 3: ( ) febre ( ) secreções ( ) sinais flogísticos Quais _____________________________________________________ Obs.: ______________________________________________________ Semana 4: ( ) febre ( ) secreções ( ) sinais flogísticos Quais _____________________________________________________ Obs.: ______________________________________________________ 31 Apêndice 2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Responsáveis: Dra. Fabíola Soares Moreira Campos, Dra. Silvânia de Cássia Vieira Archangelo, Dr. Antônio Marcos Coldibelli Francisco Título do trabalho: “Antibioticoprofilaxia em laparoscopia ginecológica” Eu compreendo que fui convidada para participar como voluntária nesta pesquisa. Serão convidadas a participar desta pesquisa mulheres que tenham patologia ginecológica com indicação de tratamento cirúrgico por via laparoscópica. O objetivo deste estudo é avaliar a necessidade do uso de antibioticoprofilaxia em laparoscopias. Para isso, será ou não realizado antibiótico, pela veia, 30 minutos antes do início da cirurgia (isso só será definido pelo anestesiologista aleatoriamente). O procedimento cirúrgico em si não sofrerá alterações. Não está bem estabelecido se o antibiótico é ou não necessário, por isso este estudo está sendo realizado. Você será avaliada uma vez por semana pelo seu cirurgião ginecologista, que vai verificar se existe infecção pós-operatória no local das incisões na pele. Já é rotina a paciente retornar toda semana, no primeiro mês após a cirurgia (para avaliação, retirada dos pontos e entrega de resultados das biópsias, quando realizadas), portanto isso não significa retornos adicionais. Sua participação neste estudo não é remunerada, assim também como os pesquisadores não terão qualquer benefício financeiro com ele. Você não terá benefício direto com a realização desta pesquisa. Somente no final do estudo poderemos concluir se existe diferença nas taxas de infecção relacionada ao uso ou não de antibiótico como prevenção da infecção. Ainda não foram realizados estudos que esclareçam definitivamente esta questão. Em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é a Dra. Fabíola Soares Moreira Campos, você pode contactá-la no consultório, situado na Av. Francisca Ricardina de Paula, 45, Medicina - Pouso Alegre – MG, telefone: (35)3423-5988. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVÁS (CEP): Av. Prefeito Tuany Toledo, 470, Pouso Alegre-MG, telefone: (35)3449-9270. Os pacientes serão informados sobre os resultados parciais da pesquisa, quando em estudos abertos, ou de resultados que sejam do conhecimento dos pesquisadores. Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa. Riscos para a paciente: Você está sujeita aos riscos inerentes ao procedimento cirúrgico a que irá se submeter, que foram discutidos com seu cirurgião. Não há riscos adicionais conhecidos relacionados ao uso ou não de antibiótico prévio à cirurgia como prevenção de infecção. Você não deixará de receber tratamento com antibiótico, caso haja presença de infecção seja da ferida operatória ou de órgão relacionado ou não ao ato cirúrgico. Direito de privacidade: Você tem garantida a liberdade de retirar seu consentimento e deixar de participar do estudo em qualquer momento sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento. As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outras pacientes, não sendo divulgada a identificação de nenhuma paciente. 32 Declaração de danos: Caso ocorra algum dano à sua pessoa, ainda que improvável, resultante diretamente de sua participação nesta pesquisa, o pesquisador e a Instituição serão os responsáveis. Você terá também, gratuitamente, todo o tratamento para recuperar algum dano causado pela pesquisa. Recusa ou retirada: Eu compreendo que minha participação é voluntária e eu posso recusar e retirar o meu consentimento a qualquer momento, sem que isso prejudique meu cuidado atual ou futuro nesta Instituição. Eu confirmo que a Dra. Fabíola Soares Moreira Campos ou a Dra. Silvânia de Cássia Vieira Archangelo ou o Dr. Antônio Marcos Coldibelli Francisco me explicaram os objetivos desta pesquisa e os procedimentos a que serei submetida e que li e compreendi este formulário de consentimento. Portanto, concordo em participar desta pesquisa, e uma cópia deste termo ficará em meu poder. Pouso Alegre, ____/____/____ ________________________________________ Paciente ou Responsável ________________________________________ Pesquisador 33 Apêndice 3. . 34 Apêndice 4. 35 Apêndice 5. 36 ANEXOS Anexo 1. 37 38 Anexo 2. Antônio Marcos Coldibelli Francisco CV: http://lattes.cnpq.br/7210266261357701 Fabíola Soares Moreira Campos CV: http://lattes.cnpq.br/7647811854577860 Silvânia de Cássia Vieira Archangelo CV: http://lattes.cnpq.br/6907043482811142 39 FONTES CONSULTADAS DeCS - Descritores em Ciências da Saúde. Disponível em: http://www.decs.bvs.br Houaiss A, Villar MS, Franco FMM. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva; 2009. 1986 p. Tufano D. Michaelis - Guia Prático da nova ortografia: saiba o que mudou na ortografia brasileira. 1ª ed. São Paulo: Melhoramentos; 2008. 32p. U.S. National Library of Medicine - National Institutes of Health. Medical Subject Headings. Disponível em: http://www.nlm.nih.gov/mesh U.S. National Library of Medicine - National Institutes of Health. National Library of Medicine - Citing Medicine. Disponível em: http://www.nlm.nih.gov/pubs/formats/recommendedformats.html 40