Desigualdades no Acesso à Tecnologia: Relevância para Grupos de Pacientes Capacitação ACS /FEMAMA 2012 Eduardo Cronemberger Oncologia em 120 anos Willian Halsted Mastectomia en bloc (1890) Aqui está minha sequencia! Charge de 2010 Oncologia básica e clínica Evolução importante nos últimos 30 anos. O entendimento da atividade de drogas já conhecidas e a busca e descoberta de alvos terapêuticos contribuíram para essa evolução. O conceito de “bala mágica”, criado no final do século XIX, veio à tona na busca por drogas com alvos específicos. Bomba Nuclear Mostarda Nitrogenada Como se inicia o processo para descoberta de novas drogas Exemplo do Trastuzumabe ou Herceptin® A descoberta Pesquisa básica Publicados artigos comemorando a identificação de um gene alterado encontrado em carcinomas de mama, o HER-2/neu ou cerb-B2. Estudo retrospectivo. Em 1987, um estudo incluindo amostras tumorais de 189 pacientes foram submetidas à análise para amplificação do gene cerb-B2. Foi descoberto que 30% das pacientes apresentavam amplificação do gene. Isso conferia maior mortalidade a este grupo. Estudos pré-clínicos (uso de modelos animais) Em outubro de 1998, artigo publicado mostrou que células de câncer de mama de humanos com hiperexpressão do cerb-B2 implantadas em ratos foram inibidas por um anticorpo monoclonal recombinante humanizado. Análise de segurança. Estudos clínicos de fase 1 mostraram que o anticorpo monoclonal, já nomeado trastuzumabe, era seguro em humanos. Análise de resposta Estudos clínicos de fase 2 demostraram que muitas mulheres com câncer de mama metastáticos tinham tido resposta com trastuzumabe. As respostas foram maiores quando combinado à quimioterapia . Análise de eficácia e benefício comparado a terapias convencionais. Estudo clínico de fase 3 com 469 pacientes mostrou que o trastuzumabe combinado à quimioterapia em mulheres com câncer de mama avançado aumentou resposta e diminuiu a mortalidade por câncer de mama . Em 2005, o Herceptin foi aprovado para uso em câncer de mama inicial, com base em estudos publicados naquele ano mostrando aumento na sobrevida das pacientes incluídas nos estudos. Mais de 4000 pacientes foram incluídas nestes estudos no mundo todo. A participação destas pacientes nos estudos clínicos foi fundamental para que a droga estivesse disponível no mercado hoje, salvando a vida de milhares de mulheres. Indicações atuais do Herceptin Herceptin é usado em pacientes com câncer de mama inicial localmente avançado e metastático (contanto que haja hiperexpressão de HER-2). Tumor localmente avançado Antes Resposta parcial com QT+Herceptin Depois Linha do tempo para uma droga nova entrar no mercado No entanto... O Herceptin não está disponível no Brasil na rede pública (SUS). O teste FISH (importante para detecção de amplificação do HER-2) também não está disponível pelo SUS. No Ceará, as pacientes só conseguem adquirir a medicação por via judicial, através do fornecimento pela Secretaria de Saúde do Estado (SESA). Com a evolução da pesquisa básica e da pesquisa clínica, há perspectiva de novas drogas-alvo direcionadas, como o Herceptin, serem lançadas. O Pertuzumab (Perjeta®) já foi aprovado pelo FDA e brevemente será aprovada no Brasil pela ANVISA. E outras medicações estão vindo por aí... A questão é: Essa evolução vem para todos? Enfermaria da emergência do HGF Hospital Sírio-Libanês Barreiras: Custos elevados tanto das drogas novas quanto das tecnologias que a envolvem (FISH, por exemplo). Ausência de estudos de fármaco-economia pelo governo, para garantir que a nova droga ou tecnologia realmente acrescenta benefício para nossa população. Falta de investimentos para desenvolvimento de drogas pela indústria nacional, principalmente a partir de estudos em Universidades e instituições de pesquisa públicas. Pouco acesso à informação por parte da população, para garantir seu direito ao acesso universal à saúde. Perspectivas e alternativas: Articulação de uma Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Oncologia, gerenciada pelo Intituto Nacional de Câncer (INCA) para incentivar e monitorar estudos clínicos no Brasil. Estímulo recente do governo para desenvolvimento de novos medicamentos pela indústria nacional. Organização de grupos e ações de impacto para cobrança do governo por melhor acesso à saúde para todos. Orientação à população sobre Pesquisa clínica, estimulando sua participação como voluntárias. Mas, afinal, o que é Pesquisa Clínica? Segundo conceito da Sociedade Brasileira de Profissionais de Pesquisa Clínica: “A pesquisa clínica é uma investigação que envolve seres humanos e que tem por finalidade comprovar que determinado medicamento ou vacina funciona para determinada doença... e mais, se este medicamento ou vacina são seguros para o doente (ou seja, se os efeitos colaterais são poucos e suportáveis)”. Site : http://www.sbppc.org.br Mitos sobre pesquisa clínica: “Eu que não vou ser cobaia!” “Não quero ser a primeira a testar um remédio que ninguém sabe se serve!” “Eu quero mesmo o tratamento normal, não vou me arriscar”! “Pesquisa é só para pacientes com câncer que já não têm mais tratamento” (pensamento comum até entre oncologistas) Tratamento oncológico individualizado. O que é isso? A evolução da oncologia molecular permitiu dividir os tipos de tumores malignos de mama em vários subtipos, de acordo com seu perfil genético. Cada um destes perfis apresenta respostas diferentes aos tratamentos, dentre eles, quimioterapia, hormonioterapia e terapias-alvo. Caracterizando-se este perfil em cada caso, pode-se indicar o tratamento mais apropriado, evitando-se toxicidades desnecessárias. R$ 4000,00 Tratamento oncológico individualizado. O que é isso? Outras ferramentas são importantes para definir o melhor tratamento para cada paciente: Testes imunohistoquímicos (Receptor de estrógeno e progesterona, Ki-67, Her-2) Teste moleculares: FISH em casos de imunohistoquímica duvidosa para Her-2. Exames especiais, como, Ressonância das mamas, cintilografia óssea, Tomografias computadorizadas, PET-CT ( em casos específicos). • No entanto, o mais importante e mais barato é o diagnóstico precoce. Baixa chance de cura e alto índice de recaída Alta chance de cura e baixo índice de recaída Mamografia é um exame de baixo custo e altamente eficaz para diagnóstico precoce de câncer de mama. Muitas mulheres são informadas, mas “esquecem” que deveriam fazer. Deve haver campanhas para informar e estimular a população feminina entre 40 e 69 anos a realizar este exame anualmente.