GESTÃO DO CONHECIMENTO NA PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO – PGM Fernanda Gomes Pinheiro, Paulo Cezar dos Santos, Ruy de Oliveira PROJETO FINAL SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM GESTÃO DO CONHECIMENTO E INTELIGÊNCIA EMPRESARIAL. Aprovado por: __________________________________________ Prof. Marcos do Couto Bezerra Cavalcanti, D.Sc __________________________________________ Profª Elizabeth Braz Pereira Gomes, M.Sc __________________________________________ Profª Raquel Borba Balceiro, M.Sc RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL MARÇO DE 2003 i OLIVEIRA, RUY DE PINHEIRO, FERNANDA GOMES SANTOS, PAULO CEZAR DOS Gestão do Conhecimento na Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro – PGM. [Rio de Janeiro] 2003. VII, 43 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, Pós-Graduação, Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial, 2003) Projeto Final - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE. 1. Gestão do Conhecimento I. COPPE/UFRJ II. Título (série) ii Dedicatória A todos que se alegram por compartilhar do conhecimento. Agradecimentos À Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro, pelo apoio e patrocínio oferecidos, nas pessoas de Rubem Ferman, Ângela Araújo, Janete Rocha, Célia Escobar e Paula Elizabeth. À nossa orientadora Elisabeth Gomes, pela presteza, objetividade e competência com que nos ajudou a crescer. Aos nossos professores, pelos ensinamentos e novas idéias. E aos nossos colegas, pela oportunidade de convivência e pelas trocas. Fernanda Gomes Pinheiro Paulo Cezar dos Santos Ruy de Oliveira Rio de Janeiro, março de 2003. iii Resumo do Projeto Final apresentado à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Especialista em Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial. MAPEAMENTO DO CONHECIMENTO NA PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO – PGM Fernanda Gomes Pinheiro, Paulo Cezar dos Santos e Ruy de Oliveira Março/2003 Orientador: Elisabeth Braz Pereira Gomes Programa: Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial Este trabalho apresenta o desenvolvimento de um projeto de Gestão do Conhecimento, enfatizando o Capital Intelectual, o Estrutural e o de Relacionamento, para a Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro – PGM. Nele encontram-se descritos o objetivo do projeto, a metodologia adotada para a realização do mesmo e os resultados encontrados. Para a realização deste projeto, foi analisado um conjunto de ferramentas de Gestão do Conhecimento, dentre elas o Mapeamento de Processos e o Mapa dos Capitais do Conhecimento, a partir dos quais foi feita uma avaliação de aplicabilidade ao negócio. Os resultados experimentais observados corroboram os resultados previstos analiticamente. iv Abstract of Final Project presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of specialist in Knowledge Management and Enterprise Intelligence KNOWLEDGE MAPPING IN MUNICIPAL GENERAL ATTORNEY’S OFFICE - PGM Fernanda Gomes Pinheiro, Paulo Cezar dos Santos e Ruy de Oliveira Março/2003 Advisor: Elisabeth Braz Pereira Gomes Department: Master Business of Knowledge Management This work presents the development of a knowledge management project emphasizing intellectual, structural and relationship capitals to the Municipal General Attorney’s Office – PGM. A description of the project targets, the theoretical methodology adopted and the results obtained can be found. A group of knowledge management tools was analysed such as Business Processes and Knowledge Capitals. An evaluation was obtained and the most applicable and adequate tool was selected. The experimental results agree with those predicted analytically. v ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................1 2. PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO – PGM ..........................3 2.1. Histórico ..........................................................................................................................3 2.2. Estrutura Organizacional e Funcional.............................................................................6 3. ANÁLISE ESTRATÉGICA DA PROCURADORIA ..................................................................8 3.1. Elementos do Planejamento Estratégico da PGM de 2002 ...........................................8 3.1.1. Visão da PGM.....................................................................................................8 3.1.2. Linhas Estratégicas ............................................................................................8 3.1.3. Focos de Atuação Estratégica..........................................................................10 3.2. Elementos estratégicos desenvolvidos pelos autores deste trabalho ..........................11 3.2.1. Modelo de Porter Adaptado..............................................................................11 3.2.2. Análise SWOT ..................................................................................................12 4. METODOLOGIA E TIPO DE PROJETO ..............................................................................14 4.1. Metodologia adotada ....................................................................................................14 4.2. Tipo de projeto ..............................................................................................................14 5. SELEÇÃO DO PROCESSO A SER MAPEADO ..................................................................15 5.1. A escolha da área .........................................................................................................15 5.2. Escolha do processo foco do projeto............................................................................17 6. PROCESSO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO ....................................................................17 6.1. Escolha da atividade foco do projeto ............................................................................19 7. IDENTIFICAÇÃO DAS PESSOAS-CHAVE ..........................................................................20 8. MAPEAMENTO DO CONHECIMENTO ...............................................................................21 8.1. Mapeamento do conhecimento necessário ..................................................................21 8.1.1. Capital intelectual .............................................................................................22 8.1.2. Capital estrutural...............................................................................................25 8.1.3. Capital de relacionamento ................................................................................26 8.2. Mapeamento do conhecimento existente .....................................................................29 8.2.1. Capital intelectual .............................................................................................30 8.2.2. Capital estrutural...............................................................................................31 8.2.3. Capital de relacionamento ................................................................................31 vi 9. ANÁLISE DOS GAPS ...........................................................................................................32 9.1. Análise dos gaps do capital intelectual.........................................................................32 9.1.1. Visão macro dos déficits de competências ......................................................32 9.1.2. Análise dos gaps técnicos, por competência ...................................................34 9.2. Análise dos gaps do capital estrutural ..........................................................................36 9.3. Análise dos gaps do capital de relacionamento ...........................................................38 10. PLANO DE AÇÃO .................................................................................................................38 11. CONSIDERAÇÕES DOS AUTORES ...................................................................................40 12. CONCLUSÃO .......................................................................................................................41 13. BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................................43 vii 1. INTRODUÇÃO Conforme CAVALCANTI, GOMES et al. [1], a Sociedade do Conhecimento é um fato. A experiência brasileira ao longo do processo de abertura econômica dos últimos anos tem tornado nosso cotidiano cada vez mais suportado por produtos e serviços intensivos em conhecimento, tornando-nos atores de um contexto repleto de sinais que confirmam a abrangência cada vez maior de comentários como o de RAGGLES, apud GOMES e BARROSO [2], que afirma que gerir o conhecimento tem sido o caso da maioria das empresas por ser ele o seu próprio produto. Ônibus e trens de metrô com ar condicionado, celulares que fotografam e se conectam com sinal excelente em inúmeros pontos do planeta, a possibilidade de saber o que acontece do outro lado do mundo instantaneamente, a divisão da linha telefônica convencional em uma linha de voz e outra que recebe e transmite dados ininterruptamente. Certamente ocuparíamos muitas outras linhas fornecendo exemplos de produtos e serviços intensivos em conhecimento. Mas basta nos remetermos ao nosso dia-a-dia para confirmarmos estimativas como a de DRUCKER [3] ao afirmar que “as empresas que produzem ou distribuem bens e produtos tangíveis estão desocupando o lugar central entre as organizações que geram maior riqueza. Este lugar será provavelmente ocupado por empresas que produzem e distribuem informação e conhecimento. Nessa nova sociedade, a riqueza será gerada pela inovação e, esta, pela capacidade de agregar conhecimento aos produtos e serviços oferecidos”. Nessa transição para a Sociedade do Conhecimento, identificamos vários esforços de aplicação de tecnologias e metodologias que têm o objetivo de gerir o conhecimento, consolidando a Gestão do Conhecimento [4], como nos casos da British Petroleum e da Eletrobrás [4], e da Módulo Security Solutions [1], por exemplo. A grande maioria dessas organizações pertence, entretanto, ao setor privado ou são de economia mista. E as experiências públicas nessa direção? E o setor público brasileiro? Em que posição está e onde poderá estar no futuro, no que diz respeito à sua participação no contexto de geração de riqueza por meio do conhecimento? Nosso objetivo aqui não é responder a essas perguntas; mas sim clarificar a natureza de nossa motivação ao abordarmos a Gestão do Conhecimento em um país com enorme potencial, mas também com enormes limitações decorrentes das práticas políticas e de seus inúmeros desdobramentos no nosso posicionamento mundial e, conseqüentemente, nos direitos básicos da nossa população. O foco dos nossos esforços é o serviço público brasileiro, do qual um dos autores deste projeto fez parte nos últimos quatro anos. Até que ponto ele está 1 antenado e comprometido com as questões e com as práticas da Gestão do Conhecimento, as quais podem auxiliar na obtenção de alta performance e, em última instância, gerar melhorias no que diz respeito ao atendimento dos direitos do cidadão? De forma mais específica, até que ponto o serviço público está favorecendo a aplicação de metodologias de gestão do conhecimento, as quais têm se revelado ferramentas valiosas no desenvolvimento de organizações privadas? A Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento - SBGC∗ teve a iniciativa de promover o Congresso Nacional de Gestão do Conhecimento na Esfera Pública CONGEP 2001, com a finalidade de ser o marco inicial de um processo de discussão mais amplo, dando origem a grupos de trabalho e a comitês temáticos para a proposição de diretrizes para a Gestão do Conhecimento na área pública brasileira. Entre as conclusões do CONGEP 2001, está a de que a Gestão do Conhecimento na área publica se distingue em muito do setor privado, já que a competitividade não deve ser entendida como uma luta contra a concorrência, mas sim contra a ineficiência, a corrupção, a descontinuidade administrativa, a formação de feudos, a desvalorização do servidor público e a falta de integração entre os vários níveis e âmbitos de poder. Com esse enfoque, a Gestão do Conhecimento será uma nova forma de abordar os processos, levando a uma maior integração entre os diversos órgãos, ao mapeamento e desenvolvimento de competências, a soluções para a descontinuidade administrativa, à criação de bancos de soluções abertos e à consideração dos servidores e dos cidadãos como seres dinâmicos na sociedade do conhecimento, capazes de contribuir ativamente na definição dos rumos das organizações. Para que essas ações de Gestão do Conhecimento aconteçam, é necessária a transição da máquina burocrática para a máquina integrativa, isto é, para uma máquina que aprende e interage eficientemente com a sociedade, que possua novos perfis profissionais formadores de opinião, facilitadores e produtores de conhecimento. Alinhado com essas idéias e objetivos, este projeto foi desenvolvido na Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro - PGM, para a qual parte das conclusões do CONGEP 2001 se adequam, segundo a experiência de um dos autores que trabalhou na PGM nos últimos quatro anos. Porém, há um aspecto que a distingue da maioria dos órgãos públicos: ela tem que estar preparada para a presença de novos entrantes, conforme mostraremos à frente na análise estratégica da PGM, no item “Elementos estratégicos desenvolvidos pelos autores deste trabalho”. ∗ A Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento foi constituída em maio de 2001 com o propósito de disseminar a filosofia da Gestão do Conhecimento no país. Possui representação em treze estados brasileiros. 2 2. PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO – PGM A PGM é o órgão do Poder Executivo responsável pela defesa judicial do Município e pela manutenção da legalidade dos atos de todos os setores da administração municipal. 2.1. Histórico Até 1985, a tarefa de representar o município na esfera jurídica era incumbência da Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro. Nesse ano, na gestão do prefeito Saturnino Braga, foi promulgada a lei municipal 788, criando a Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro – PGM. À época, para minimizar o alto risco de quebra de continuidade do fluxo de trabalho já operacionalizado pelo Estado, foi adotada a estratégia de alocação de Procuradores estaduais na composição do quadro de pessoal da PGM. Uma vez implantada e já em funcionamento, foram realizados concursos para a formação do quadro próprio e, gradativamente, os servidores estaduais retornaram para as suas origens. Ao final desse processo, que durou de 5 a 6 anos, o quadro de pessoal da PGM estava integralmente formado por servidores municipais, a partir do ProcuradorGeral, seu principal cargo de direção, até todos os demais cargos e níveis funcionais. Da mesma forma que a operação da PGM foi iniciada por servidores estaduais, o modelo de funcionamento estadual também foi nela implantado e se mantém até hoje, caracterizando-se pela organização do trabalho de acordo com as matérias da área de Direito. Fez parte da concepção da Procuradoria do Município, portanto, a herança da cultura e de um conjunto de práticas da instituição estadual que lhe deu origem, a qual, se por um lado era reconhecida como modelo de excelência no meio jurídico, por outro ainda não havia desenvolvido nenhum processo significativo ou qualquer sistema voltado para melhorias e para o desenvolvimento organizacional. De acordo com levantamentos internos realizados, a demanda de trabalho sobre a PGM apresentou crescimento constante desde a sua criação até o presente, salientando-se os últimos cinco anos, em que a curva de crescimento apresentou aceleração bastante superior à dos anos anteriores. Como exemplo desse fato, reproduzimos o seguinte dado do Relatório Final de Gestão∗ do ano de 2000: “No ano de 2000 houve aumento significativo do volume de processos judiciais em relação ao ano anterior: 61% maior, com média mensal de 405 processos, contra 252 no ano de ∗ O “Relatório Final de Gestão” é um documento administrativo cuja função é oficializar o desempenho da PGM junto ao Gabinete do Prefeito. 3 1999”. Como conseqüência, a PGM foi levada a impulsionar o seu amadurecimento organizacional, tendo para isso iniciado um processo de modernização administrativa que, ao longo dos últimos 6 a 7 anos, vem tendo como principais ações: a) a informatização, que consistiu em equipar com microcomputadores praticamente todos os funcionários entre os anos de 97 a 2000, sofisticar sua rede interna, desenvolver sistemas de controle de documentos e aperfeiçoar o sistema da dívida ativa do município; b) a consolidação do Sistema Jurídico Municipal, por meio do qual a Procuradoria fornece orientação e apoio a todos os órgãos municipais e às empresas públicas municipais; c) a intensificação de ações voltadas para o aperfeiçoamento da estrutura organizacional, destacando-se: i) a realizada na área responsável pela cobrança da dívida ativa do município, no ano de 2000, a qual contribuiu para um significativo aumento da arrecadação e, ao mesmo tempo, promoveu sensível melhoria no padrão de atendimento ao contribuinte; ii) a realizada em meados de 2002, que criou uma coordenação administrativa com a competência de gerir praticamente todos os processos de apoio às áreas-fim, incluindo a área de recursos humanos, também criada nessa ocasião. d) A realização, em 2002, do primeiro exercício de Planejamento Estratégico da Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro. Não podemos deixar de considerar, ainda, a importância e a abrangência do papel da PGM, decorrentes dos efeitos diretos e indiretos de sua atuação enquanto órgão do poder executivo, na medida em que exerce as competências a seguir apresentadas, oficializadas pelo Decreto 21.564, de 12 de Junho de 2002∗. As competências da Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro são as seguintes: ∗ Extraído do Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro de 12 de junho de 2002. 4 • Representar judicialmente o Município e suas entidades autárquicas junto ao Poder Judiciário, em todas as instâncias e tribunais; • Exercer a consultoria jurídica do Município, emitindo pareceres, para fixar a interpretação jurídica das leis ou atos normativos, ressalvadas as competências da Procuradoria da Câmara Municipal. • Defender em juízo ou fora dele, ativa ou passivamente, os atos e prerrogativas do Prefeito; • Coordenar e supervisionar técnica e administrativamente os órgãos do Sistema Jurídico Municipal, estabelecendo normas complementares sobre seu funcionamento integrado; • Inscrever e cobrar a Dívida Ativa do Município; • Elaborar minutas de informações a serem prestadas ao poder judiciário em mandados de segurança impetrados contra ato do Prefeito; • Propor ao Prefeito o encaminhamento de representação para a declaração de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos, bem como as informações que devam ser prestadas pelo Prefeito, na forma da legislação específica; • Defender os interesses do Município e do Prefeito junto aos contenciosos administrativos; • Assessorar o Prefeito e os órgãos da Administração Direta, cooperando na elaboração legislativa; • Opinar sobre providências de ordem jurídica reclamadas pelo interesse público e pela aplicação das leis vigentes; • Propor ao Prefeito a edição de normas legais ou regulamentares de natureza geral; • Propor ao Prefeito, aos órgãos da Administração Direta, Indireta e às fundações instituídas ou mantidas pelo Poder Público, medidas de caráter jurídico que visem a proteger-lhes o patrimônio ou a aperfeiçoar as práticas administrativas; • Propor ao Prefeito medidas que julgar necessárias à uniformização da jurisprudência administrativa; • Elaborar minutas padronizadas dos termos de contratos a serem firmados pelo Município; • Opinar, por determinação do Prefeito, sobre as consultas que devam ser formuladas ao Tribunal de Contas e demais órgãos de controle financeiro e orçamentário; • Opinar previamente, com referência ao cumprimento de decisões judiciais; 5 • Opinar, sempre que solicitada, nos processos administrativos em que haja questão judicial correlata ou que neles possa influir como condição de seu prosseguimento; • Tomar, em juízo, as iniciativas necessárias à legalização dos loteamentos irregulares ou clandestinos; • Promover, a juízo do Prefeito, Representação ao Procurador-Geral da República; 2.2. Estrutura organizacional e funcional A PGM é caracterizada por uma organização hierárquico-burocrática, atua de forma verticalizada, de acordo com seu organograma específico apresentado pela Figura 1, representando todo o ciclo de representação jurídica do município. PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO Gabinete do Procurador-Geral Conselho Consultivo do Centro de Estudos Subprocuradoria Geral Centro de Estudos Coordenadoria Administrativa Procuradorias Especializadas (7) Coordenação de Informática PROCURADORIAS ESPECIALIZADAS 1. PROCURADORIA DA DÍVIDA ATIVA 2. PROCURADORIA DE URBANISMO E MEIO AMBIENTE 6. PROCURADORIA DE PESSOAL 3. PROCURADORIA TRIBUTÁRIA 7. PROCURADORIA DE PATRIMÔNIO E DESAPROPRIAÇÃO 4. PROCURADORIA TRABALHISTA Figura 1 - Organograma da Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro Fonte: Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro, Decreto 21.564, de 12 de Junho de 2002 A gestão da PGM cabe ao Procurador-Geral que, em conjunto com o Subprocurador-Geral, é responsável pela administração superior da organização. O Conselho Consultivo do Centro de Estudos é constituído de membros indicados pelo Procurador-Geral e também por membros eleitos pelos Procuradores do Município, tendo a função de propor e opinar a respeito das estratégias e objetivos 6 do Centro de Estudos. Este, por sua vez, é entendido como um setor crítico para o desenvolvimento da PGM, por ser o propositor das diretrizes e condutor das ações voltadas para o aperfeiçoamento dos profissionais especializados da organização. Subordinados ao Procurador-Geral estão, ainda, a Chefia de Gabinete, a Coordenação de Informática, a Coordenadoria Administrativa, sete Procuradorias Especializadas e doze Procuradorias Setoriais. As Procuradorias Especializadas e as Procuradorias Setoriais, cada uma destas últimas ligadas a um órgão ou secretaria municipal, constituem-se nas áreas-fim da PGM. O conjunto da PGM e de suas Procuradorias Setoriais forma o Sistema Jurídico Municipal. O suporte às áreas-fim é feito pela Coordenação de Informática, pela Diretoria de Documentação (subordinada ao Centro de Estudos) e pela Coordenadoria Administrativa à qual subordinam-se as áreas de Infra-estrutura e Logística, de Recursos Humanos, a Contadoria Jurídica e a área de Engenharia e Arquitetura. A PGM tem em seus quadros 418 servidores, distribuídos pelos cargos conforme mostra a Figura 2. PROCURADOR ASSISTENTE DE DOCUMENTAÇÃO ASSISTENTE TÉCNICO ARQUITETO ENGENHEIRO CONTADOR AGENTE DE PROCURADORIA AUXILIAR DE PROCURADORIA TELEFONISTA AGENTE DE PORTARIA SERVENTE ESTRANHOS AOS QUADROS 103 08 01 01 02 04 04 143 04 18 26 104 Figura 2 – Quadro de distribuição dos servidores da PGM por cargo Fonte: Relatório da Diretoria de RH da PGM – Fevereiro de 2003 7 3. ANÁLISE ESTRATÉGICA DA PROCURADORIA Este item apresenta os elementos estratégicos desenvolvidos no Planejamento Estratégico da PGM em 2002 e outros desenvolvidos pelos autores, com o objetivo de complementar a análise estratégica da organização. 3.1. Elementos do Planejamento Estratégico da PGM de 2002 Como mencionamos anteriormente, no início de 2002 a PGM elaborou o seu primeiro planejamento estratégico. O processo de elaboração consistiu em a) levantamento interno de informações por meio de questionário e de entrevistas, abrangendo cerca de 30% dos servidores; b) levantamento externo por meio de entrevistas com pessoas com influência sobre o ambiente da PGM; c) elaboração de cenários futuros; d) quatro workshops com toda a linha gerencial da PGM, nos quais, a partir dos produtos das etapas anteriores, foi elaborada a Visão da PGM, bem como suas linhas estratégicas e os seus focos de atuação estratégica, elementos que serão apresentados nos próximos itens. 3.1.1. Visão da PGM “A PGM será reconhecida pela sociedade como órgão de reflexão e excelência jurídica, capaz de atender com eficiência às demandas, atuar pró-ativamente junto à administração municipal e participar na formação das políticas públicas. Irá priorizar os segmentos de infra-estrutura, regularização fundiária, meio ambiente e arrecadação, aumentando consultas e diminuindo o contencioso judicial. A PGM atuará de forma conjunta com o MP, Defensoria e outras procuradorias, estando presente junto aos tribunais superiores, fortalecendo o sistema jurídico e consolidando-se como órgão de estado. Contará com uma equipe de servidores motivados, engajados, bem selecionados e treinados, com atribuições equalizadas e remuneração compatível, criando um ambiente de transparência com agilidade no fluxo de informações e envolvimento de todos nos resultados alcançados.” 3.1.2. Linhas Estratégicas Visando a direcionar a organização rumo à sua Visão estratégica, o Planejamento Estratégico de 2002 definiu cinco Linhas Estratégicas de atuação, apresentadas na Figura 3. 8 RECONHECIMENTO INTERNO REPUTAÇÃO EXTERNA VISÃO PGM GESTÃO E RESULTADOS ATUAÇÃO E ESCOPO IDENTIDADE Identidade Atuação e Escopo • Investir na PGM como entidade autônoma, tendo • Suprir carências de funcionários da PGM e no como prioridade mudanças na Lei Orgânica da instituição. • Criar cultura de acesso e postura proposicional dos chefes setoriais em relação ao Procurador-Geral. • Crescimento do Centro de Estudos • Maior integração dos servidores às funções da PGM. sistema jurídico. • Incorporar núcleos especializados em questões de interesses coletivos e difusos, como a questão fundiária, serviços públicos, meio ambiente e indenizações administrativas. • Atuar preventivamente, refletindo sobre os grandes problemas enfrentados pela PGM. Reputação Externa Reconhecimento Interno • Firmar convênios com o Ministério Público, • Criação de gratificações por produtividade efetiva, Defensoria e Judiciário. • Promover Workshops com os membros do Judiciário. além da revisão das atuais, considerando critérios objetivos, segundo decisão do Conselho da PGM. • Rever rotinas de modo a tornar o trabalho mais • Promover Seminários Jurídicos. interessante. • Elaborar Plano de Marketing. • Interagir a Estrutura Interna. • Incentivar a realização e divulgação de trabalhos jurídicos que reflitam posições institucionais. Gestão e Resultados • Reorganizar e modernizar a estrutura. • Treinamento de pessoal, tanto de procuradores quanto do quadro de apoio. • Criar política de benefícios indiretos. • Criar política de premiação de acordo com a produtividade. • Implementar gestão institucional compartilhada com um conselho criado por Lei. Figura 3 – Linhas Estratégicas da Procuradoria Geral do Município do Rio de Janeiro Fonte: Planejamento Estratégico da PGM - 2002 A Figura 3 mostra as cinco Linhas Estratégicas de atuação, bem como as ações necessárias para o desenvolvimento de cada uma delas. Estas ações, por sua vez, possuem afinidades entre si, independentemente das Linhas Estratégicas às quais estão atreladas. Procedendo ao seu agrupamento por afinidade, foram definidos, então, sete Focos de Atuação Estratégica. 9 3.1.3. Focos de Atuação Estratégica Visando à operacionalização das ações relativas às Linhas Estratégicas, foram definidos sete Focos de Atuação Estratégica, que são os seguintes: Benefícios, Interesses Coletivos, Treinamento, Centro de Estudos, Política de Remuneração, Reorganização e Autonomia. Para definir prioridades, alocar recursos e direcionar os esforços organizacionais, os Focos de Atuação Estratégica foram analisados segundo a matriz bidimensional Importância Estratégica X Capacidade de Implementação e os Capacidade Implementação resultados dessa análise são mostrados na Figura 4. Treinamento Interesses Coletivos Benefícios Centro de Estudos Reorganização Política de Remuneração Autonomia Importância Estratégica Figura 4 – Matriz Importância Estratégica X Capacidade de Implementação Fonte: Planejamento Estratégico da PGM - 2002 Como podemos observar na Figura 4, o Foco de Atuação Estratégica Centro de Estudos é prioritário pois, na análise elaborada pelo grupo de gestores participantes do Planejamento Estratégico, foi o único integralmente colocado no quadrante superior direito da matriz, o que significa que tem grande importância estratégica para a PGM e esta, por sua vez, tem alta capacidade para implementá-lo. Foram planejadas ações específicas para a implementação de cada um dos Focos de Atuação Estratégica, a exemplo das seguintes, relativas ao Centro de Estudos: a) Criar a Escola de Direito da Procuradoria Geral do Município b) Promover Seminários e Palestras sobre mudanças legislativas c) Financiar cursos de pós-graduação para procuradores 10 d) Promover discussões temáticas sobre questões jurídicas com as procuradorias especializadas e setoriais e) Elaborar consolidações da legislação municipal f) Promover o acesso informatizado ao texto integral da legislação municipal g) Concluir o processo de informatização dos pronunciamentos da PGM h) Melhorar os mecanismos de divulgação de matéria jurídica (decisões em ADIN, jurisprudência, doutrina e legislação) i) Criar nova Biblioteca da PGM, unindo o acervo Afonso Arinos com o atual. 3.2. Elementos estratégicos desenvolvidos pelos autores deste trabalho Como anteriormente mencionado, utilizamos duas ferramentas estratégicas que mais se adaptam às características da empresa, complementarmente ao Planejamento Estratégico da PGM - 2002: • Modelo de Porter Adaptado [5] – Permite visualizar o ambiente de atuação da empresa de forma ampla, seus fornecedores e clientes, seus concorrentes, os possíveis novos entrantes e os substitutos, bem como a vigilância econômica, a social, a tecnológica e a política/legal. • Metodologia SWOT∗ – Analisa a capacidade interna da empresa avaliando suas forças e fraquezas e, externamente, as oportunidades e ameaças. 3.2.1. Modelo de Porter Adaptado No Modelo de Porter Adaptado (Figura 5) verificamos que a PGM tem como clientes o Governo Municipal e, em segunda instância, a População que usufrui dos resultados da Administração Municipal. Tem como seus fornecedores o Município, através de transferências do tesouro e o Sistema Jurídico, por meio da Legislação e dos requerimentos (prazos, sentenças etc.) relativos ao trâmite processual. Os novos entrantes são: a) Bancos, devido à possibilidade de operacionalizarem a cobrança da dívida ativa do município e b) Grandes Escritórios de Advocacia, que poderiam vir a defender o município, bem como desempenhar outras funções que hoje são atribuídas à PGM. Conforme citamos no final da Introdução, estes ∗ SWOT: Strength (força), Weaknesses (fraqueza), Opportunities (oportunidades), Threats (ameaças). 11 AMEAÇA DE N O VOS ENTRAN TES - GOVERNO MUNICIPAL - SISTEMA JURÍDICO V - Novas tecnologias da informação - Metodologias de trabalho GI MERCADO JURÍDICO PÚBLICO CLIENTES PGM - GOVERNO MUNICIPAL - POPULAÇÃO SEM CONCORRENTES PO D ER DE BARGAN H A D O S CLIEN TES O LÍ TI CA CI A P /L E VI L GA VIG PO D ER DE N EGOCIAÇÃO D O S FORNECED O RES ÂN IL I CI A ECO N Ô M LÂN I IC G A VI CI A TECN O LÓ CA G N I LÂ ÂN CI A SO CI A GIL L - Indicadores sociais: renda, trabalho, saúde, ocupação do solo NÃO EXISTEM AMEAÇA DE PRODUTOS O U SERVIÇOS SU BSTITUTOS Figura 5 - Modelo de Porter Adaptado para a PGM Fonte: elaboração própria, 2002 elementos devem ser monitorados para o sucesso da PGM, pois a entrada dos mesmos no mercado provavelmente significará a terceirização de serviços, expondo o município a riscos que hoje são muito pequenos, como os relativos à diminuição da necessária neutralidade de atuação na sua representação, ou os relativos à diminuição da segurança resultando na ocorrência de fraudes, por exemplo. Não existem substitutos óbvios ou inusitados. Como a dependência ao Governo Municipal e ao Sistema Jurídico é total, a influência desses atores é extremamente significativa. 3.2.2. Análise SWOT A partir de uma análise feita por meio da utilização da Metodologia SWOT, identificamos os pontos fortes e fracos da PGM e também as oportunidades e ameaças oferecidas pelo ambiente no qual se insere, conforme apresentados a seguir. 12 Pontos Fortes • Alta competência profissional do quadro de Procuradores do Município. • A PGM realiza os investimentos necessários no que se refere ao desenvolvimento profissional dos Procuradores. • Tecnologia atualizada no que se refere a microcomputação, rede interna, sistemas de controle e gerenciamento da informação e informatização de processos críticos de trabalho. • Bom nível de autonomia financeira e orçamentária, oriundo dos recursos gerados por meio da taxação da atuação dos Procuradores nos processos judiciais relativos à dívida ativa do município. • Habilidade política no relacionamento com o sistema judiciário, que possibilita eficácia na parceria crítica com o Cartório da Dívida Ativa do Município. • Crescente valorização dos processos de desenvolvimento organizacional. Pontos Fracos • A PGM é gerida por especialistas em Direito e não tem tradição de investimento no desenvolvimento destes enquanto gestores. • Baixo investimento no desenvolvimento profissional dos funcionários técnicoadministrativos. • Traço cultural de segmentação entre as classes profissionais (Procurador e servidores técnico-administrativos) que desfavorece o trabalho cooperativo. • Subutilização dos recursos tecnológicos disponíveis. • Estrutura verticalizada e segmentada. • Restrições culturais, legais, temporais e políticas próprias do setor público. Oportunidades • Inadimplência no pagamento de impostos municipais muito superior à atual capacidade de cobrança da PGM. • Intensificação da descentralização do atendimento aos inadimplentes da dívida ativa, o qual atualmente é feito somente no centro do Rio e em outros três postos, um na Barra da Tijuca e dois na Zona Norte. • Postura propositiva frente às demandas fundiárias, de meio ambiente e de serviços públicos no município do Rio de Janeiro. 13 Ameaças • Descontinuidade administrativa. • Riscos de privatizações dos Serviços Jurídicos. • A recessão econômica gera um círculo vicioso de diminuição da arrecadação, aumento da informalidade, reforma tributária postergada e postergação da solução dos conflitos sociais. • Temas críticos, como por exemplo a má distribuição de renda, gerando a ocupação desordenada do solo, inadimplência dos tributos municipais e aumento da demanda por serviços públicos. 4. METODOLOGIA E TIPO DE PROJETO 4.1. Metodologia Adotada Para o desenvolvimento deste projeto, considerou-se a metodologia do CRIE/UFRJ [6], que pressupõe a condução do trabalho por meio das etapas expostas na Figura 6. 1. Identificar 2. Identificar as 3. Identificar os 4. Identificar 5. Habilitar os processos pessoas-chave capitais os capitais mecanismos a serem e relacioná-las intelectual, intelectual, de mapeados e às atividades atualização estrutural e de estrutural e suas relacionamento de relacio- atividades necessários namento para realizar as existentes atividades Figura 6: Metodologia para o projeto de mapeamento do conhecimento Fonte: Crie - Coppe, 2001-2002 4.2. Tipo de Projeto Com base no diagnóstico apresentado anteriormente, identificamos a necessidade de um projeto de Gestão do Conhecimento, que visa a mapear os capitais do conhecimento, que são compostos do Capital Intelectual, Capital Estrutural, Capital de Relacionamento e Capital Ambiental [7]. O foco principal deste trabalho é nos três primeiros. O trabalho foi realizado a partir de entrevistas, reuniões e análise documental, de modo a identificar os capitais necessários, os existentes, bem como os gaps entre eles, visando a sugerir ações direcionadas para a eliminação dos mesmos. 14 5. SELEÇÃO DO PROCESSO A SER MAPEADO 5.1. A escolha da área A escolha da área e do processo a mapear demandou uma série de reuniões com o Coordenador Administrativo da PGM, responsável pelos projetos de desenvolvimento institucional, bem como a aplicação da matriz bidimensional representada pela Figura 7, na qual uma das dimensões refere-se à intensidade da utilização do conhecimento num determinado processo e a outra refere-se à relevância deste processo em relação aos objetivos estratégicos. Segundo a metodologia CRIE de mapeamento do conhecimento, na sua “Etapa 1 – Identificação dos processos a serem mapeados e suas atividades”, o enfoque para se iniciar o processo de mapeamento deve ser dado aos processos posicionados no quadrante Fraca RELEVÂNCIA ESTRATÉGICA Forte identificado pelo número 2. 1 2 3 4 Fraca INTENSIDADE DO CONHECIMENTO Forte Figura 7 – Matriz de classificação dos processos da organização Fonte: Cadernos CRIE, Projetos de Gestão do Conhecimento, 2001-2002 No início das entrevistas com a PGM, junto ao Coordenador Administrativo, considerávamos que o projeto seria mais contributivo se desenvolvido em uma das áreas fim, as quais influenciam diretamente os objetivos estratégicos e os resultados da organização, além de realizarem um trabalho bastante especializado na área do Direito, cuja execução se dá por meio de processos intensivos em conhecimento. Para a identificação de sua relevância estratégica, baseamo-nos principalmente no papel das Procuradorias Especializadas na consecução da Visão da PGM, que diz: “A PGM será reconhecida pela sociedade como órgão de reflexão e excelência jurídica...”. Para a avaliação da intensidade do conhecimento desses processos, foi 15 utilizada uma ferramenta de apoio que caracteriza indicadores para a determinação da intensidade de conhecimento de um processo, apresentada na Tabela 1. Característica Descrição Intensidade do Conhecimento Ambiente As atividades dos agentes∗ mudam constantemente devido a várias eventualidades e mudanças no ambiente onde o processo está inserido? Não – Fraco Sim – Forte Decisão Os agentes têm muitas possibilidades na maneira com que as decisões relacionadas ao processo podem ser tomadas? Não – Fraco Sim – Forte Inovação O agente tem que resolver os problemas relacionados ao Não – Fraco processo com criatividade e inovação? Sim – Forte Tempo de vida O conhecimento do agente para realizar as atividades do Não – Fraco processo se torna rapidamente obsoleto? Sim – Forte Impacto do agente O agente tem forte influência nos resultados finais e andamento do processo? O agente necessita de um longo período de tempo para Tempo de aprendizado adquirir o conhecimento necessário para as atividades do processo? Não – Fraco Sim – Forte Não – Fraco Sim – Forte Tabela 1 – Características de processos intensivos em conhecimento Fonte: Cadernos CRIE, Projetos de Gestão do Conhecimento, 2001-2002. Avaliamos a possibilidade de focar a Procuradoria de Serviços Públicos, por ser a de maior volume de trabalho e ter, à época, um gestor fortemente interessado nos aspectos relacionados à gestão e reorganização da área. Porém, os esforços que essa área já vinha fazendo nessa direção comprometiam totalmente o tempo das pessoas. Consideramos também que não seria adequada a implementação de ações simultâneas concorrendo com o trabalho cotidiano. Tais fatores nos levaram a considerar uma segunda hipótese, qual seja, o desenvolvimento do projeto em outra Procuradoria Especializada. Nas outras Especializadas, porém, avaliamos que os seus gestores seriam mais facilmente sensibilizados para a importância de um projeto de gestão do conhecimento na medida em que a PGM já tivesse um projeto piloto bem sucedido. Procuramos identificar, então, entre as áreas de suporte, aquela com maior impacto estratégico, com gestores mais familiarizados com ações de melhoria de processos e que, ainda, tivesse processos intensivos em conhecimento. Entre os processos de suporte, foram considerados o de recursos humanos, o processo contábil, o de engenharia e arquitetura, o de informática e os pertinentes ao Centro de ∗ Agentes podem ser pessoas, comunidades ou máquinas processadoras de informação. 16 Estudos. Para essa análise, utilizamos novamente a matriz bidimensional apresentada na Figura 6 e os indicadores apresentados na Tabela 1. Os resultados dessa análise, somados aos resultados da análise estratégica apresentados na Figura 4 confirmaram o Centro de Estudos como um foco estratégico prioritário para o conseqüente desenvolvimento das Linhas Estratégicas da PGM. 5.2. Escolha do processo foco do projeto À época da análise para definição do processo foco do projeto, ao Centro de Estudos subordinavam-se o Departamento de Seleção e Treinamento e a Diretoria de Documentação. Entretanto, a subordinação do primeiro estava sendo transferida para a Diretoria de Recursos Humanos. Nossos esforços foram direcionados, então, para a Diretoria de Documentação que, além de ser a única área subordinada ao Centro de Estudos e em condições de dar início ao projeto, pelo motivo exposto no parágrafo anterior, estava diretamente envolvida em mais de 50% das ações específicas planejadas para o Centro de Estudos no Planejamento Estratégico da PGM. Nos referimos às ações “e” a “i”, relacionadas anteriormente no item 3.1.3. O processo pelo qual se responsabiliza a Diretoria de Documentação é o Processo de Gestão da Informação∗, a seguir descrito. 6. PROCESSO DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO Por meio desse processo são classificadas e catalogadas as informações jurídicas e os atos oficiais e administrativos, de acordo com diretrizes estabelecidas pela legislação municipal, pelas normas técnicas e pelas diretrizes internas da PGM, disponibilizando-as ao Sistema Jurídico Municipal e aos cidadãos. Os insumos desse processo constituem-se de: • Documentos administrativos da PGM (Processos administrativos, relatórios, atas etc.); • Pronunciamentos elaborados pelos Procuradores do Município; • Legislação Municipal, Estadual e Federal; • Andamentos das Representações de Inconstitucionalidade (RI´s); • Livros e periódicos da área jurídica. ∗ O nome do processo, bem como o seu objetivo, os nomes de seus subprocessos e das atividades apresentadas na Tabela 2 são de nossa autoria, elaborados em consonância com o Planejamento Estratégico da PGM-2002 e foram validados pelas pessoas-chave relacionadas na Tabela 3. 17 Todas essas matérias são classificadas e catalogadas pela Diretoria de Documentação, gerando informação primária (referências) e secundária (textos na íntegra). A classificação e catalogação dos documentos administrativos, livros e periódicos geram informação primária e facilitam o acesso rápido dos usuários aos arquivos físicos onde são organizados. Já os Pronunciamentos e a Legislação, bem como o Andamento das RI´s, geram informação primária e secundária em meio eletrônico, que são disponibilizadas pela intranet para o Sistema Jurídico Municipal e, parte dela, pela internet, para o cidadão. Aos livros e periódicos classificados e catalogados, também tem acesso a população em geral, por meio do arquivo físico da Biblioteca da PGM. De acordo com a Etapa 1 da metodologia apresentada na Figura 6, “Identificação dos processos a mapear e de suas atividades”, registramos na Tabela 2 o processo de Gestão da Informação, seus objetivos estratégicos, os subprocessos que o compõem e suas respectivas atividades. Quantificamos o percentual do conhecimento necessário para cada atividade, definindo-o como codificado e não codificado. Consideramos conhecimento codificado o que se encontra documentado em manuais e normas da empresa e, não codificado, o conhecimento que não está documentado. 18 Processo Gestão da informação Objetivos estratégicos Classificar e catalogar os documentos administrativos da PGM, o andamento das RI´s, os Pronunciamentos proferidos pelos Procuradores do Município, a doutrina jurídica existente na PGM em livros e periódicos e a legislação municipal, estadual e municipal, disponibilizando informação primária e secundária ao cidadão e ao Sistema Jurídico Municipal. Subprocessos 1. Tratamento e Acompanhamento da legislação, do andamento das RI´s, dos pronunciamentos, livros, periódicos e documentos administrativos. 2. Atendimento ao Público. 3. Suporte administrativo e de informática. Subprocessos 1. Tratamento e Acompanhamento da Legislação, do andamento das RI´s, dos pronunciamentos, livros, periódicos e documentos administrativos 2. Atendimento ao Público 3. Suporte administrativo e de informática % Codificado % Não Codificado Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s 40% 60% Tratamento dos pronunciamentos 30% 70% Classificação e catalogação de livros e periódicos 30% 70% Classificação e arquivo de documentos administrativos 30% 70% Atender ao Sistema Jurídico Municipal 30% 70% Atender ao Cidadão 30% 70% Digitação e conferência de textos 40% 60% Inserção de dados no sistema Informa 2000 40% 60% Tramitação de documentos no SIGA (Sistema de Gestão de Acervo) 80% 20% Manutenção dos arquivos físicos e eletrônicos de livros, periódicos e documentos administrativos 30% 70% Autuação e encaminhamento de processos administrativos 95% 05% Atividades Tabela 2: Identificação do processo e avaliação do conhecimento Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 6.1. Escolha da atividade foco do projeto Identificamos, em entrevista com a Diretora de Documentação, que o Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s é a atividade mais desafiadora. Enquanto as outras atividades estão normalizadas, submetidas a padrões regulares, novas e arrojadas metas vêm sendo impostas pela administração 19 municipal à Diretoria de Documentação, demandando a disponibilização da informação primária e secundária relativa à toda a Legislação, via internet, até o final do mandato do atual Prefeito César Maia. Com a nova demanda, a atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s se destaca das outras e requer atenção e esforço diferenciados. Além disso, analisando-se todas as atividades dos três subprocessos em relação aos critérios expostos na Tabela 1 – Características de Processos Intensivos em Conhecimento -, ela é, claramente, a atividade mais intensiva em conhecimento. Procedemos, então, ao levantamento do conjunto de tarefas envolvidas na atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s, como mostra a Figura 8. Tarefas de suporte Tarefas técnicas DOS CRIAÇÃO / TRATAMENTO SELEÇÃO ⇒ LEITURA ⇒ DADOS TÉCNICO ⇒ DOS DADOS REVISÃO DE CADASTRA⇒ DESCRITORES MENTO DOS DADOS ⇒ INSERÇÃO NA INTRANET ARQUIVA⇒ MENTO FÍSICO Figura 8 – Tarefas da atividade de Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s Fonte: elaboração própria, 2003 Como podemos observar na Figura 8, a atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s é realizada por meio de tarefas de suporte e de tarefas técnicas. As de suporte consistem basicamente no apoio administrativo e de informática e são realizadas por Auxiliares Administrativos. As tarefas técnicas consituem-se nas tarefas-fim da atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s e são intensivas em conhecimento, ao contrário das de suporte. Por esses motivos, as próximas etapas da metodologia foram focadas nas tarefas técnicas. 7. IDENTIFICAÇÃO DAS PESSOAS-CHAVE De acordo com a Etapa 2 da metodologia de mapeamento do conhecimento, foram identificadas as pessoas-chave relacionadas à parte técnica da atividade de Tratamento e Acompanhamento da Legislação e de RI´s, no total de três servidores, conforme a Tabela 3. 20 Pessoas-Chave Função Atividade Subprocesso Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s Tratamento e Acompanhamento da Legislação, do andamento das RI´s, dos pronunciamentos, livros, periódicos e documentos administrativos Servidor A Servidor B Assistente de Documentação Servidor C Tabela 3: Identificação das pessoas-chave e suas atividades Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 8. MAPEAMENTO DO CONHECIMENTO Seguindo os passos para o desenvolvimento da Etapa 3 da metodologia de mapeamento do conhecimento, identificamos os capitais intelectual, estrutural e de relacionamento necessários para realizar a atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s e, a seguir, os capitais intelectual, estrutural e de relacionamento existentes. 8.1. Mapeamento do conhecimento necessário Para obtermos o conjunto final das competências e habilidades essenciais ao capital intelectual, bem como para obtermos os elementos necessários ao capital estrutural e ao de relacionamento, levantamos dados e informações na própria área analisada. As fontes de pesquisa foram: • Decreto 21.564, de 12 de Junho de 2002, que relaciona as atribuições da Diretoria de Documentação; • Documentação sobre os requisitos básicos e atribuições dos Assistentes de Documentação; • Informações relevantes e específicas fornecidas pelas pessoas-chave para o mapeamento do capital intelectual do capital estrutural e do capital de relacionamento; • Considerações da Diretora da Diretoria de Documentação, área onde foi desenvolvido o projeto e da coordenadora da atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s. Utilizamos, ainda, os modelos de tabelas para mapeamento dos três capitais do conhecimento indicados em material bibliográfico do curso de Gestão do Conhecimento e Inteligência Empresarial, promovido pelo CRIE – COPPE, 2001-2002; A seguir, demonstramos os resultados obtidos nessa fase. 21 8.1.1. Capital intelectual Depois de identificadas e definidas as 21 (vinte e uma) competências necessárias para a atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s, conforme Tabela 4, levantamos junto ao Servidor A, coordenador da atividade, o nível de experiência requerido para cada uma, atribuindo graus de acordo com os critérios da Tabela 5. Atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s Capital Intelectual Nível de Experiência Requerido Competências e habilidades técnicas Conhecimento de técnicas de indexação 5 Conhecimento de técnicas de consolidação 5 Conhecimento do processo legislativo 5 Conhecimento do controle de constitucionalidade das leis 5 Conhecimento de administração pública 5 Conhecimento da área jurídica 4 Conhecimentos gerais 4 Conhecimento dos softwares Informa 2000 5 Habilidade de pesquisa na Internet 5 Competências e habilidades comportamentais Atenção concentrada 5 Capacidade de interpretação 4 Hábito de leitura 4 Capacidade de síntese 4 Rapidez de raciocínio 4 Memória 4 Capacidade de tomar decisões 5 Capacidade de trabalhar sob pressão 5 Discernimento 5 Abertura a críticas ao trabalho 5 Paciência 4 Responsabilidade 5 Tabela 4: Identificação do capital intelectual necessário para Tratamento e Acompanhamento da Legislação. Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003. Na Tabela 5 mostramos a gama de níveis de experiência selecionados com a definição e a experiência requerida para cada um deles. 22 Nível de Experiência Definição Experiência 0 Sem perfil Nenhuma 1 Conhecimento limitado Nenhuma 2 Habilidade limitada para atuar. Tem apenas conhecimento conceitual. Muito limitado 3 Pode atuar com assistência. Tem conhecimento aplicado. Atuou com assistência em múltiplas ocasiões.l Atuou independentemente somente em situações rotineiras 4 Pode atuar sem assistência. Tem conhecimento profundo em alguns aspectos. Repetitiva e bem sucedida Pode liderar a atuação de outros. 5 Orienta e lidera outros. É reconhecido como um especialista. Tem conhecimento amplo e Extensa profundo. Tabela 5: Valores para os níveis de experiência do capital intelectual Fonte: Crie - Coppe, 2001-2002 Desenvolvemos um dicionário das competências e habilidades para o capital intelectual, apresentado na Tabela 6, a fim de homogeneizar o entendimento, facilitar as entrevistas e dirimir dúvidas. Habilidades / Competências Observações Conhecimento de Técnicas de indexação Conhecimento voltado para a avaliação, dentre as técnicas de indexação, da que é mais adequada ao tratamento técnico dos dispositivos legais, levando-se em conta, inclusive, a automação do processo de documentação legislativa Conhecimento de técnicas de consolidação Apresentação, de maneira clara e objetiva, a evolução / transformação ocorrida com determinado ato (alterações, retificações, revogações, inclusões, renumerações etc.) Conhecimento do processo legislativo Conhecimento do processo de elaboração das leis, da tramitação do projeto de lei (incluindo a apresentação de emendas, os vetos, a rejeição dos vetos e a promulgação da lei, caso não sancionada pelo chefe do Poder Executivo), bem como todos os procedimentos referentes à modificação da legislação através de alterações e revogações. Saber avaliar a revogação de um dispositivo legal quando esta é feita tacitamente e não de maneira expressa. Conhecimento do controle de constitucionalidade das leis Compreender a hierarquia das leis, bem como dos atos administrativos normativos (decretos, resoluções, portarias etc.) Conhecimento da administração pública Conhecimento da cultura, dos procedimentos, das vantagens e restrições da administração pública nas suas relações institucionais, comerciais, políticas, etc. Tabela 6: Dicionário do capital intelectual Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 23 Habilidades / Competências Conhecimento da área jurídica Observações Conhecimento das fases do processo judicial, em função do acompanhamento das representações de inconstitucionalidade dos dispositivos legais e sua divulgação, já que esta informação tem relação direta com a informação sobre a vigência do ato; e Conhecimento dos ramos do Direito brasileiro – que assunto se enquadra dentro de cada ramo – e do vocabulário utilizado na área jurídica. Conhecimentos gerais Conhecimento sobre todos os assuntos que envolvem a vida e a sociedade, uma vez que o Direito alcança todos os assuntos que envolvem o ser humano, desde antes do seu nascimento (vide o direito do nascituro) até depois da morte (vide o direito das sucessões). Conhecimento do software Informa 2000 Software que cadastra e disponibiliza a informação legislativa Habilidade de pesquisa na Internet Conhecimento dos portais que disponibilizam informações da área jurídica, em especial legislação das áreas federal, estadual e municipal. Atenção concentrada Capacidade de se concentrar num determinado assunto, independente do que está acontecendo a sua volta que poderia tirar o foco da sua atenção. Capacidade de interpretação Capacidade de associar e traduzir dados de forma que explicitem uma informação dentro do contexto analisado. Hábito de leitura e informação geral Leitura sistemática de jornais; acompanhamento, pela mídia em geral, dos acontecimentos nas áreas de economia, tributos, social, etc., uma vez que importantes modificações no cenário jurídico são noticiadas pela mídia antes das publicações nos Diários Oficiais. A leitura também promove o conhecimento da linguagem que o usuário está utilizando para aqueles assuntos e que poderá ser a linguagem utilizada no momento da pesquisa à Diretoria de Documentação. Esse conhecimento também é importante para a atividade de indexação, tanto em relação ao vocabulário utilizado pelo usuário quanto pela interpretação do próprio ato que, na maioria das vezes, utiliza linguagem muito técnica e/ou “disfarçada”. Também neste caso a mídia ajuda, pois escancara as intenções. Capacidade de síntese Capacidade de apreensão de todos os pontos importantes de um ato e de elaboração e/ou explicitação escrita da ementa do mesmo. Rapidez de raciocínio Capacidade de encadear de forma rápida e lógica os pensamentos e os dados a respeito de um determinado assunto. Memória Capacidade de retenção e utilização, no momento necessário, de dados e informações. Capacidade de tomar decisões Capacidade de, baseado em dados e informações, equacionar um problema e ter proatividade em direção à solução do mesmo, com efetiva operacionalização dentro de seu grau de autonomia. Capacidade de trabalhar sob pressão Capacidade de desenvolver normalmente o trabalho, mantendo a concentração no trabalho e a calma e no trato com as pessoas, em ambiente de pressão pelo cumprimento diário de prazos. Tabela 6: Dicionário do capital intelectual (continuação) Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 24 Habilidades / Competências Observações Discernimento Capacidade de identificar o que deve ser indexado e o que deve ser divulgado urgentemente por meio do Serviço de Alerta. Abertura a críticas ao trabalho Capacidade de receber feedback e de leva-lo em consideração para o aperfeiçoamento do trabalho. Paciência Constância na manutenção do padrão minucioso e detalhista exigido pela atividade. Responsabilidade Preocupação e responsabilidade de tratar a informação legislativa na sua totalidade. No caso de livros e artigos de periódicos (doutrina), 70% do material bibliográfico levantado pode ser, às vezes, um excelente percentual. No caso da legislação, 99% não é um bom resultado. Dependendo, pode até ser um péssimo resultado, pois o 1% restante pode estar revogando todos os outros 99% Tabela 6: Dicionário do capital intelectual (continuação) Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 8.1.2. Capital estrutural Para o capital estrutural, identificamos a quantidade e o nível de prioridade para as estruturas, métodos e sistemas requeridos na atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s, apresentados na Tabela 7. Os valores dos níveis de prioridade utilizados para cada estrutura / método / sistema estão relacionados na Tabela 8. Atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s Estrutura / Método / Sistema Quantidade Nível Manual de Normas e Procedimentos de Tratamento e Acompanhamento da Legislação 1 2 Sistema Informa 2000 1 3 Computador 3 3 Impressora 3 3 Tabela de descritores de assuntos 1 3 1 3 1 3 Caixa Postal de correio eletrônico Lotus Notes 5 3 Assinatura do Jornal do Brasil e O Globo 0 2 Rotina sobre o fluxo interno de informação e documentação 1 2 Banco de dados de legislação (da Secretaria Municipal de Administração - SMA) Banco de dados de Representações de Inconstitucionalidade Tabela 7: Capital estrutural necessário para a realização da atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s. Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 25 Nível de Prioridade Definição 1 Pode aguardar 2 Necessário 3 Imprescindível Tabela 8: Valores para os níveis de prioridade Fonte: Crie - Coppe, 2001-2002 Desenvolvemos um dicionário do capital estrutural, exemplificado na Tabela 9, a fim de homogeneizar o entendimento, facilitar as entrevistas e dirimir dúvidas. Estrutura / Método / Sistema Observações Manual de Tratamento e Acompanhamento da Legislação Conjunto de diretrizes, normas e procedimentos para a realização das tarefas da atividade de Tratamento e Acompanhamento da Legislação. Sistema Informa 2000 Sistema adquirido de terceiros e adaptado para as necessidades da Diretoria de Documentação, que armazena a informação primária e secundária sobre a legislação, é conectado ao banco de dados da Secretaria Municipal de Administração e disponibiliza seu conteúdo na Intranet. Tabela de descritores de assuntos Módulo do Software Informa 2000, possui os assuntos categorizados segundo os quais um documento / ato deve ser classificado e poderá ser posteriormente rastreado. Banco de dados de legislação da Secretaria Municipal de Administração Conjunto de dados eletrônicos que contém parte da legislação municipal, localizado na Secretaria Municipal de Administração. Rotina sobre o fluxo interno de informação e documentação Conjunto de normas sobre a distribuição da informação (principalmente da informação sobre as RI´s) a serem seguidas pelas Procuradorias Especializadas, direcionando as informações sobre o andamento dos processos para a Diretoria de Documentação. Tabela 9: Dicionário do capital estrutural Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 8.1.3. Capital de Relacionamento Em relação ao capital de relacionamento, apresentamos na Tabela 10 as pessoas e instituições com quem os atores da atividade precisam se relacionar e o tipo do relacionamento, pessoal ou profissional, bem como o nível do mesmo, variando de péssimo a excelente. 26 Atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s Relacionamento (Interno – Pessoas) Tipo de relacionamento Nível de relacionamento Servidores da Biblioteca 2 5 Coordenadores de outras atividades do subprocesso a que pertence a atividade foco do projeto 2 5 Procuradores 2 4 Área de Informática 2 4 Tipo de relacionamento Nível de relacionamento Relacionamento (Externo – Pessoas) Instituição Equipe do banco de dados Secretaria Municipal de Administração 2 4 Equipe de E-licitações Secretaria Municipal de Assuntos Especiais 2 4 Tipo de relacionamento Nível de relacionamento 2 4 Relacionamento (Externo – Instituições) Secretaria Municipal de Administração Tabela 10: Capital de relacionamento necessário para a realização da atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 Os valores dos tipos e níveis de relacionamento e as suas definições são apresentados nas Tabelas 11 e 12. Entidade Pessoa (Interna ou Externa) Tipo de relacionamento 1 2 1 Instituição 2 Definição Pessoal Profissional Parceria Informal - Existe uma parceria de trabalho sem documentos formalizados Parceria Formal - Existe uma parceria de trabalho com documentos formalizados, tais como convênios e acordos de cooperação Tabela 11: Valores e definições para os tipos de relacionamento Fonte: Crie - Coppe, 2001-2002 27 Nível de relacionamento 1 2 3 4 5 Definição Péssimo Ruim Indiferente Bom Excelente Tabela 12: Nível de relacionamento para a realização de uma atividade Fonte: Crie - Coppe, 2001-2002 Exemplificamos, na Tabela 13, o dicionário elaborado para o capital de relacionamento. Atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s Relacionamento (Interno - Pessoas) Descrição Biblioteca Setor da Diretoria de Documentação responsável pelo atendimento ao público. Procuradores Profissionais internos da PGM que utilizam o produto da atividade de Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s como insumo para o trabalho. Relacionamento (Externo-Pessoas) Instituição Observação Equipe do banco de dados SMA Servidores responsáveis pela atualização e manutenção do banco de dados de legislação municipal Equipe de e-licitações Secretaria Municipal de Assuntos Especiais Disponibiliza, na Internet, editais, procedimentos padronizados, catálogos, certificados, relação de documentos necessários a uma concorrência, bem como a legislação federal, estadual e municipal que regulamenta as licitações. Relacionamento (Externo – Instituições) Secretaria Municipal de Administração Órgão responsável pela administração de todos os órgãos municipais. Tabela 13: Dicionário do capital de relacionamento. Fonte: Elaboração própria, 2003 28 8.2. Mapeamento do conhecimento existente Para mapear o conhecimento existente desenvolvemos, com relação ao capital intelectual, formulários específicos para que cada pessoa-chave pudesse se autoavaliar, em entrevistas, quanto ao nível das suas competências técnicas e comportamentais atuais. Para facilitar o entendimento dos entrevistados, foram acrescentadas aos formulários, descrições mais detalhadas das habilidades e competências. As entrevistas foram feitas individualmente no local de trabalho e tiveram duração média de uma hora. Com a coordenadora da atividade foram necessárias cinco entrevistas, também com duração média de uma hora. A coordenadora da atividade de Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s, além de se auto-avaliar, também avaliou os outros servidores. Ocorreram pequenas diferenças entre as auto-avaliações e a avaliação da coordenadora, porém não houve antagonismo entre elas. Portanto, as conseqüências da adoção da métrica da coordenação em detrimento da auto-avaliação ou vice-versa, poderão gerar pequenos ajustes na intensidade de medidas que venham a ser adotadas para a eliminação de gaps, mas não é provável que acarrete necessidade de revisão de sua natureza. Por esse motivo e para manter o mesmo critério adotado em relação à coordenadora, que se auto-avaliou e não foi avaliada pela sua chefia, pois esta encontrava-se em férias, optamos por adotar a auto-avaliação para a identificação dos gaps do capital intelectual. Consideramos também, para tomar essa decisão, a importância de que os indivíduos que participavam do projeto se vissem posteriormente nele refletidos. Com relação ao capital estrutural e ao de relacionamento, seus níveis atuais foram aferidos junto às três pessoas-chave, validados por elas, nas mesmas reuniões acima mencionadas. Mostramos os resultados das avaliações dos três capitais nas Tabelas 14, 15 e 16. 29 8.2.1. Capital Intelectual Atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s Nº de Pessoas Capital Intelectual Atual Req. N.E. Servidor A GAP Req. Nível GAP Servidores Servidor B Servidor C Nível GAP Nível 1 4 GAP Competências e habilidades técnicas Conhecimento de técnicas de indexação 2 3 1 5 5 4 Conhecimento de técnicas de consolidação 1 2 1 5 N/A∗ N/A Conhecimento do processo legislativo 3 4 1 5 5 3 Conhecimento do controle de constitucionalidade das leis 3 4 1 5 5 Conhecimento de administração pública 3 4 1 5 Conhecimento da área jurídica 3 4 1 Conhecimentos gerais 3 4 Conhecimento do software Informa 2000 3 Habilidade de pesquisa na Internet 3 2 3 2 4 1 4 1 4 5 3 2 5 4 5 2 2 4 1 4 4 5 4 1 5 5 4 1 4 4 1 5 5 3 2 5 1 4 2 Competências e habilidades comportamentais Atenção concentrada 3 4 1 5 4 1 Capacidade de interpretação 3 4 1 4 4 3 Hábito de leitura 3 4 1 4 4 4 5 Capacidade de síntese 3 4 1 4 4 4 5 Rapidez de raciocínio 3 4 1 4 4 3 Memória 3 4 1 4 3 Capacidade de tomar decisões 3 4 1 5 5 Capacidade de trabalhar sob pressão 3 4 1 5 4 Discernimento 3 4 1 5 Abertura a críticas ao trabalho 3 4 1 Paciência 3 4 Responsabilidade 3 4 1 5 5 1 1 4 4 5 4 4 1 5 4 1 5 5 4 1 5 5 5 4 1 5 1 4 4 4 5 1 5 5 5 5 1 Tabela 14: Identificação do capital intelectual necessário, requerido e gaps para realização da atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 ∗ Não se aplica 30 8.2.2. Capital Estrutural Atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s Estrutura / Método / Sistema Quantidade Status Manual de Normas e Procedimentos de Tratamento e Acompanhamento da Legislação 0 Inexistente Sistema Informa 2000 1 OK Computador 3 OK Impressora 3 OK Tabela de descritores de assuntos 1 Completa Banco de dados de legislação da Secretaria Municipal de Administração 1 OK Banco de dados de Representações de Inconstitucionalidade 1 OK Caixa Postal de Correio eletrônico Lotus Notes 3 OK Assinatura do Jornal do Brasil e O Globo 0 Não há Rotina sobre o fluxo interno de informação e documentação 0 Não há iniciativa neste sentido Tabela 15: Identificação do capital estrutural, sua quantidade e status Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 8.2.3. Capital de Relacionamento Atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s Relacionamento (Interno – Pessoas) Necessário Tipo Rel. Nível Rel. Tipo Equipe GAP Nível Servidores da Biblioteca 2 5 2 5 Coordenadores das outras atividades do subprocesso 2 5 2 5 Procuradores 2 4 2 4 Área de Informática 2 4 2 4 Instituição Tipo Rel. Nível Rel. Secretaria Municipal de Administração 2 4 2 4 2 4 2 4 Tipo Rel. Nível Rel. 2 5 Relacionamento (Externo – Pessoas) Equipe do banco de dados Equipe e-licitações Relacionamento (Externo – Instituições) Secretaria Municipal de Administração 1 1 GAP 4 Tabela 16: Identificação do capital de relacionamento e dos gaps Fonte: elaboração própria a partir de levantamento interno, 2003 31 9. ANÁLISE DOS GAPS Este tópico refere-se às análises comparativas entre os capitais do conhecimento necessários e os existentes. 9.1. Análise dos gaps do capital intelectual 9.1.1. Visão macro dos déficits de competências O reduzido número de pessoas (três) que executam as tarefas técnicas da atividade de Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s permite-nos ter uma visão macro e, ao mesmo tempo, individualizada, em relação aos seus níveis de competência e em relação aos níveis de competência requeridos para a execução da atividade. A Tabela 16 mostra os déficits de competências e habilidades, considerando os subconjuntos de competências e habilidades técnicas e de competências e habilidades comportamentais. Chamamos de déficit a porcentagem de competências e/ou habilidades que apresentam gap, independentemente da magnitude de cada um deles. Os dados percentuais foram calculados aplicando-se sobre os dados da Tabela 13 a seguinte fórmula: Déficit = Σ Competências/Habilidades com “gap” Σ Competências/Habilidades X 100 % de Competências / habilidades que apresentam gap Pessoas-Chave Técnicas Comportamentais Servidor A 0% 25% Servidor B 78% 50% Servidor C 44% 0% Tabela 16: Déficits das Competências e Habilidades Fonte: elaboração própria, 2003 32 Em relação às competências e habilidades técnicas, o Servidor B apresenta o maior déficit, em 78% das competências e habilidades técnicas; o Servidor C apresenta déficit em 44% e o Servidor A não apresenta déficit. Esses resultados refletem o tempo de experiência dos servidores na atividade de Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s. Uma conclusão a que chegamos quando pela primeira vez nos deparamos com esses resultados foi que, apesar de podermos inferir um déficit coletivo bastante influenciado pela magnitude dos déficits individuais dos Servidores B e C, por outro lado, a equipe conta com a vantagem de ter em sua composição o Servidor A, acumulando larga experiência na função e não apresentando déficit. Porém, há um evidente desequilíbrio entre os níveis de competência dos servidores, que se justificaria se a complexidade do trabalho atribuído a cada um fosse diferenciada. Entretanto, identificamos nas entrevistas que, na sua grande maioria, a distribuição do trabalho entre os servidores se dá por volume e não por tipo ou nível de complexidade, exigindo o mesmo nível de competência de todos os executores das tarefas. Dessa forma, o que de fato ocorre, é que o Servidor A é sobrecarregado com tarefas voltadas para a orientação dos outros servidores. Esse fato poderia, por sua vez, ser estimulante para o Servidor A, por enriquecer o seu trabalho, bem como para a equipe, por perceber-se orientada e se desenvolvendo. Poderíamos também entendê-lo como positivo para a organização, na medida em que ocorre a multiplicação do conhecimento. Entretanto, como mostra a Tabela 13, também constatamos nas entrevistas que há um déficit de um Assistente de Documentação na atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s. Além disso, há ainda uma meta contratada com a direção, que estabelece o prazo de 24 horas para a disponibilização, na Intranet, da informação primária e secundária sobre a legislação municipal. Assim, o volume de trabalho aumentado pela falta de um servidor, somado à pressão por cumprimento de prazos, impacta negativamente na possibilidade de sistematização e, portanto, na efetividade da multiplicação interna do conhecimento. Relacionando-se estreitamente a essa questão identificamos, ainda nas entrevistas, um nível visível de descontentamento com a impossibilidade de maior dedicação ao planejamento e ao aperfeiçoamento das ferramentas e dos processos de trabalho, limitação também atribuída ao volume de trabalho e à pressão pelo cumprimento de prazos. Os déficits comportamentais são mais baixos e tendem a ser considerados pouco significativos. Durante as entrevistas, identificamos que as pessoas-chave têm 33 menor nível de preocupação com os mesmos e parecem considerar o déficit técnico como sendo o que efetivamente interfere nos resultados da atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s. Por outro lado, o pequeno déficit comportamental e a ausência de déficit técnico do Servidor A, de acordo com a sua auto-avaliação, são pontos que nos chamaram a atenção. Com relação ao segundo ponto, nas entrevistas, os Servidores B e C fizeram várias referências positivas ao preparo e à experiência do Servidor A, denotando forte coerência entre suas avaliações a respeito dos níveis de competência do Servidor A e a auto-avaliação deste. Porém, não podemos abandonar a hipótese de ter ocorrido uma limitação no levantamento das competências necessárias para a atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s, uma vez que ele foi realizado junto ao Servidor A, o qual se mantém na área há muitos anos e, por um mecanismo natural de formação de paradigmas, pode ter excluído competências que trariam alterações nos resultados. Da mesma forma, embora com menor experiência, os Servidores B e C podem ter passado pelo mesmo processo, pois não sugeriram alterações ou acréscimos de competências e seus respectivos níveis por ocasião do preenchimento dos formulários. 9.1.2. Análise dos Gaps técnicos, por competência Os Gráficos 1 e 2 mostram os gaps das competências técnicas, individuais e da equipe, respectivamente. Observa-se que o maior gap refere-se à competência Conhecimento de técnicas de consolidação. Chama-nos a atenção o fato de a tarefa correlata Consolidação de leis ser executada apenas pelo Servidor C, por ser o que tem maior conhecimento e experiência, oriundos de sua larga vivência anterior na coordenação da Biblioteca da PGM. Outro aspecto que nos chama a atenção é relacionado às competências ligadas a informática. Tanto o Conhecimento do Software Informa 2000, no que se refere aos Servidores B e C, quanto a Habilidade de Pesquisa na Internet, com relação ao Servidor B, apresentam gaps significativos. É necessário ressaltar que observamos, nos levantamentos, que a área de trabalho (assim como toda a PGM) encontra-se muito bem equipada no que se refere a hardware e software, o que nos leva a excluir a falta de recursos como possível causa desses gaps. 34 Também em relação às competências mais fortemente relacionadas à esfera jurídica – Conhecimento do Processo Legislativo, Conhecimento do controle de constitucionalidade das leis e Conhecimento da área jurídica, bem como em relação ao Conhecimento da área pública, observam-se gaps significativos, principalmente em relação ao Servidor B. 6 5 Níveis 4 3 2 1 0 A B C D E F G H I Competências Requerido Níveis Paula A - Conhecimento de técnicas de indexação B - Conhecimento de técnicas de consolidação C - Conhecimento do processo legislativo D - Conhecimento do controle de constitucionalidade das leis E - Conhecimento de administração pública Níveis Célia F - Conhecimento da área jurídica G - Conhecimentos gerais H - Conhecimento do software Informa 2000 I - Habilidade de pesquisa na Internet Gráfico 1: Gaps das competências técnicas individuais Fonte: elaboração própria baseada na Tabela 13, 2003 35 6 5 Níveis 4 3 2 1 0 A B C D E F G H I Competências Requerido A - Conhecimento de técnicas de indexação B - Conhecimento de técnicas de consolidação C - Conhecimento do processo legislativo D - Conhecimento do controle de constitucionalidade das leis E - Conhecimento de administração pública Nível Equipe F - Conhecimento da área jurídica G - Conhecimentos gerais H - Conhecimento do software Informa 2000 I - Habilidade de pesquisa na Internet Gráfico 2: Gráfico dos gaps das competências técnicas da equipe Fonte: elaboração própria baseada na Tabela 13, 2003 9.2. Análise dos gaps do capital estrutural No que se refere a instalações físicas e equipamentos, a atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s está muito bem estruturada. Há, entretanto, gaps significativos em relação a métodos e sistemas, que são os seguintes: • Não há um Manual de Normas e Procedimentos. A codificação hoje existente, cerca de 40%, como mostra a Tabela 1, não está organizada e encontra-se em papel e em meio eletrônico, principalmente em mensagens de Lotus Notes trocadas entre as servidoras e com a Diretora da Diretoria de Documentação. • O Sistema Informa 2000, embora completamente instalado, não tem toda a sua capacidade utilizada. O módulo de Empréstimo, a ser empregado pela Biblioteca da PGM, por exemplo, está em fase inicial de implementação. Porém, em ritmo lento, pois é uma atividade de melhoria / desenvolvimento que concorre com as tarefas ordinárias. 36 • A atualização da Tabela de Descritores de Assuntos precisa ser feita em conjunto com as coordenações das outras atividades do Subprocesso “Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s, dos pronunciamentos, livros, periódicos e documentos administrativos”. Isso acontece atualmente, porém de maneira assistemática. É necessário implementar uma rotina de sistematização da integração / atualização dos indexadores bem como um processo coordenado para o seu cumprimento. • O banco de dados de legislação da Secretaria Municipal de Administração é constituído de uma base concebida para suportar publicação em papel e, além disso, tem apenas parte da legislação municipal nele inserida. Havia uma equipe estruturada na SMA, procedendo à sua atualização tecnológica (para suportar sistemas de intranet e de internet) e de conteúdo. Porém, os integrantes dessa equipe estão atualmente dispersos em várias áreas da SMA e sem coordenação com relação à atualização do banco de dados. Estima-se que o projeto de atualização cumpriu, até o momento, 40% dos seus objetivos. O desenvolvimento dos 60% restantes vem ocorrendo lentamente e dependendo do envolvimento e paixão pelo projeto, características apresentadas por alguns integrantes da equipe da SMA, os quais se apropriam de parte do seu tempo de trabalho para atualizar o banco de dados e não deixar que o projeto pare completamente. Além disso, atualmente, a qualidade do conteúdo do banco de dados gera suspeita sobre sua fidedignidade, pois já houve constatação de conteúdo desatualizado. • Assinaturas do Jornal do Brasil e do O Globo já estão sendo providenciadas. • A inexistência da Rotina sobre o Fluxo Interno de Informação e Documentação acarreta esforços adicionais à equipe e gera retrabalho na PGM. O objetivo principal dessa rotina é a obtenção das informações referentes ao andamento das RI’s, que são originadas no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e fluem, entre outros destinos, para as Procuradorias Especializadas. Porém, não fluem, em seguida, para a equipe de Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s. Criou-se, então, nessa atividade, a alternativa de recorrer ao site do Tribunal de Justiça, o que acarreta vários problemas, pois este não disponibiliza toda a informação necessária ao acompanhamento da RI. Por último, identificamos nas entrevistas que a atividade de Tratamento e Acompanhamento da Legislação das RI´s, assim como outras da Diretoria de 37 Documentação, não está formalizada na estrutura organizacional da PGM. Na cultura do serviço público, esse fato dificulta a organização do trabalho em várias dimensões, tais como: informalidade da liderança/coordenação da equipe, baixo nível de autonomia para tomada de decisão, baixo nível de transparência e conhecimento da atividade pelas áreas / processos que atende, pelas que demanda e por aquelas com as quais tem interface. 9.3. Análise dos gaps do capital de relacionamento Não há gap no nível de relacionamento entre as pessoas. Com relação ao relacionamento com a Secretaria Municipal de Administração existe a necessidade de estabelecer uma parceria formal, conforme mostra a Tabela 15, relativa à atualização do banco de dados de legislação que, embora localizado na SMA, integra o processo de trabalho de Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s. 10. PLANO DE AÇÃO Para melhor visualização do Plano de Ação, elaboramos a Tabela 17, que contém os seguintes conteúdos: • Capital - indica o capital do conhecimento em que foi identificado umo gap: Intelectual, Estrutural ou de Relacionamento; • Gap - relaciona o gap identificado; • Ação - indica a(s) ação(ões) sugerida(s) para eliminação do gap. Capital Intelectual Ação Gap Competências Técnicas • Identificar internamente os especialistas nestas competências e promover palestras sobre os assuntos. • Identificar instituições externas que promovam cursos voltados para o nível de entendimento requerido para a boa performance da atividade. • Promover apresentações entre os componentes da equipe de trabalho sobre os temas que dominam individualmente. • Identificar cursos online e incentivar a participação. • Promover reuniões com o objetivo de documentar o conhecimento. • Promover a participação da coordenadora da atividade em um curso de técnicas didáticas com ênfase no treinamento on the job. • Reorganizar o trabalho da coordenadora da atividade de modo a permitir sua dedição sistemática à multiplicação do seu conhecimento. Tabela 17: Plano de Ação Fonte: elaboração própria, 2003 38 Capital Intelectual Ação Gap • Competências comportamentais Sessões de coaching sistemáticas, a cada dois meses, nas quais as servidoras tenham a oportunidade de autoavaliação, criando, assim, a oportunidade de discussão da percepção do avaliado de forma pontual, sistemática e exemplificada por comportamentos e situações vivenciados no dia-a-dia. Intelectual Estrutural • Competências Reuniões mensais da equipe, visando à troca de Técnicas e informações sobre as atividades individuais e à resolução Comportamentais em conjunto de problemas que surgem no dia-a-dia. Conhecimento da • Atualizar a estrutura formal de maneira que ela retrate os atividade pelas processo e atividades da Diretoria de Documentação. outras áreas da • PGM Elaborar pesquisa de satisfação do cliente interno, visando à identificação das falhas e a abertura para sugestões de melhorias. Estrutural Inexistência do • Desenvolver ações de endomarketing. • Criar um grupo de trabalho para a elaboração do Manual. • Sensibilizar a alta direção da PGM para os benefícios da Manual de Normas e Procedimentos Estrutural Inexistência da criação e adoção da rotina. Rotina do Fluxo Interno de • Informação e Criar grupo inter setorial para o desenvolvimento e implantação da rotina. Documentação Estrutural Banco de dados • Elaborar documento descrevendo a situação e propondo de legislação, da soluções e apresentá-lo à alta administração da PGM, SMA com vistas à resolução da situação junto ao Prefeito Cesar Maia∗. Tabela 17: Plano de Ação Fonte: elaboração própria, 2003 ∗ A disponibilização de toda a legislação municipal na Internet é meta administrativa prioritária da gestão do atual prefeito. 39 Capital Estrutural Ação Gap Ausência de • Instituir grupo de trabalho inter setorial e sistematizar sua atuação. coordenação da atualização da tabela de descritores de assuntos • Sensibilizar a alta administração da PGM para os ganhos Relacionam Ausência de ento parceria formal da parceria formal, principalmente no que tange à meta com a SMA de atualização do banco de dados de legislação municipal. Tabela 17: Plano de Ação (continuação) Fonte: elaboração própria, 2003 11. CONSIDERAÇÕES DOS AUTORES Do ponto de vista do aprendizado, entre os vários ganhos percebidos por nós nesta oportunidade de aplicação da Metodologia de Gestão do Conhecimento, consideramos um deles bastante importante, porque se relaciona fortemente com pessoas e não somente com os objetivos organizacionais de um projeto dessa natureza. Esse ponto consistiu na percepção, durante o trabalho de campo, da expectativa gerada em relação à continuidade do trabalho, em relação à influência que os autores teriam em questões e problemas nem sempre relacionados aos possíveis resultados do projeto. Vimos, na prática, a importância de dar feedback imediato com base no papel dos autores e na abrangência pretendida com a aplicação da metodologia, favorecendo a formação de expectativas realistas. Embora abrangendo uma única atividade e um pequeno quantitativo de pessoas, a oportunidade de vivenciar a aplicação da metodologia foi muito gratificante, pois paulatinamente foi ficando perceptível o ganho de conhecimento advindo da prática. Além disso, apesar dos entraves normais, principalmente aqueles relativos à escassez de tempo das pessoas, tanto do nosso quanto daqueles com quem mantivemos contatos na PGM, tivemos muita receptividade e colaboração de todos, sem exceção; bem como percebemos a expectativa de que os resultados do projeto 40 sejam comunicados à alta administração da PGM e considerados, na medida do possível, para a melhoria do desempenho das pessoas e dos processos de trabalho. Pelos resultados obtidos com o mapeamento dos capitais do conhecimento requeridos e necessários à atividade Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI´s, bem como na identificação dos gaps existentes entre eles, consideramos a continuidade do mapeamento do conhecimento como sendo de fundamental importância para a PGM pois, pelo conhecimento adquirido por um dos autores que trabalhou ao longo dos últimos quatro anos na organização, nela há uma grande quantidade de processos intensivos em conhecimento, a maior parte não mapeado e não codificado. Nossa recomendação para a continuidade do trabalho é estendê-lo a toda a Diretoria de Documentação em primeira instância e, a seguir, à PGM. E a nossa responsabilidade de recomendar a continuidade do trabalho cresce, na medida em que compreendemos um pouco mais, ao longo do projeto, a enorme importância da Procuradoria Geral do Município nas questões éticas, legais, sociais, econômicas e ambientais da nossa cidade. 12. CONCLUSÃO Ao final deste Projeto tivemos forte identificação com as seguintes idéias, expostas por TEIXEIRA FILHO e OLIVEIRA [8]: “...algumas organizações públicas..., salvo as pouquíssimas exceções, estão em falta de muita coisa. Falta memória organizacional, faltam processos de qualidade e gerenciamento, falta cultura de atendimento a clientes, falta até mesmo autoconfiança e esperança no futuro, principalmente entre os níveis hierárquicos inferiores. Mas, por outro lado, há uma enorme riqueza em ‘conhecimento tácito’. Há um grande número de especialistas, muitos bem formados e com muita experiência. Um dos principais desafios, inclusive, para muitas dessas organizações, é explicitar e compartilhar todo esse conhecimento, antes que essas pessoas se aposentem”. O conhecimento tácito existente na Diretoria de Documentação é enorme e, não por acaso, a equipe que executa a atividade de Tratamento e Acompanhamento da Legislação e das RI’s passa exatamente pela situação descrita no parágrafo anterior: os servidores A, B e C têm a possibilidade de se aposentar em poucos anos. A Servidora A em três anos, a Servidora B em 1 ano e meio a dois e a Servidora C em alguns poucos mais, ainda não exatamente calculados. Faz-se necessário, portanto, planejar a renovação da equipe e conduzir esse processo em tempo hábil para que seus atuais componentes transfiram seus conhecimentos para os novos. De acordo 41 com o Servidor A, o tempo necessário para formar um Assistente de Documentação competente para executar o trabalho é de, pelo menos, um ano, de forma que tenha o domínio mínimo do conhecimento requerido. Além disso, as outras atividades da Diretoria de Documentação não podem prescindir dos técnicos já experientes que nelas atuam, não havendo, portanto a possibilidade de realocação de pessoas. A Direção da PGM, já sensibilizada para o problema, prepara um Projeto de Lei para ser encaminhado ao Prefeito; uma vez por ele aprovado, o projeto segue para a Câmara, que também deverá aprová-lo e, vencidas essas duas etapas, a próxima será, então, a organização e execução de concurso público para contratação de novos Assistentes de Documentação. Se tudo der totalmente certo nesse processo, a partir do momento que o Projeto de Lei for encaminhado ao Prefeito, estima-se o prazo de um ano para a chegada de novos Assistentes de Documentação. Somando-se um ano necessário à sua formação serão, no total, dois anos para que estejam minimamente competentes para o trabalho. A maior preocupação da equipe de Tratamento e Acompanhamento da Legislação é que o Projeto de Lei que está sendo elaborado pela PGM trata também do assunto Remuneração, que normalmente é bastante polêmico e, no caso, provavelmente extenso, pois abrange todos os servidores da PGM, prolongando, assim, as suas etapas, desde a elaboração até a aprovação pelas instâncias competentes. Dessa forma, há um risco evidente de que os gaps atuais se avolumem no futuro, caso eventos adversos prolonguem o prazo estimado para a contratação e formação de novos Assistentes de Documentação. 42 13. BIBLIOGRAFIA [1] CAVALCANTI, M., GOMES, E., PEREIRA, A. Gestão de Empresas na Sociedade do Conhecimento: um roteiro para a ação. 3ª ed. Rio de Janeiro, Campus, 2001. [2] GOMES, E. e BARROSO, A. C. "Tentando Entender a Gestão do Conhecimento". Revista de Administração Pública, vol. 33, nº. 2, pg. 147-170. Março-abril, 1999. [3] DRUCKER, P. Sociedade Pós-Capitalista. 3ª ed., SP, Pioneira, 1994. [4] CAVALCANTI, M., ROSSATTO, M. A., “Modelo Estratégico de Gestão do Conhecimento”. XVI Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, STE III, Campinas, Outubro, 2001. [5] GOMES, E., BRAGA, F. Inteligência Competitiva – Como transformar informação em um negócio lucrativo. 2ª ed. Rio de Janeiro, Campus, 2001. [6] CRIE, “Projetos de Gestão do Conhecimento”. Cadernos CRIE, 2001-2002. [7] GOMES, E., CAVALCANTI, M. “A nova riqueza das organizações: Os capitais do conhecimento”. Revista Brasileira de Tecnologia e Negócios de Petróleo, Petroquímica, Química Fina, Gás e Indústria do Plástico, v. 3, n. 16, 2000. [8] TEIXEIRA FILHO, J., OLIVEIRA, G. N. “Gestão do Conhecimento no Espaço Público”. Insight Informal, nº 47, Dez. 2001. Disponível em <www.informal.com.br/insight/insight47.htm> 43