PERFIL DO PROFESSOR DE QUÍMICA E DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO, TURNO VESPERTINO, C.E. DÉBORAH CORREA LIMA, MUNÍCIPIO DE SÃO BERNARDO, MARANHÃO Helilton Costa Belfort¹ Janaina Viana Corassa² Maycon Douglas Silva dos Santos³ RESUMO Abordagem acerca do perfil docente de Química e do perfil discente do ensino médio, C. E. Déborah Correa Lima, em São Bernardo-MA. A Química é muitas das vezes taxada como matéria difícil e monótona, o que exige uma atenção especial pela comunidade docente envolvida e preocupada em mudar este cenário. Neste trabalho procurou-se criar um panorama acerca da relação dos alunos com a disciplina química, bem como com seu professor. A pesquisa foi realizada na escola de ensino médio C.E. Déborah Correa Lima, município de São Bernardo MA, por meio de um questionário com questões objetivas e subjetivas de caráter descritivo e qualitativo. Os alunos responderam um questionário com cinco perguntas e o professor de química um com dez questões. Com os resultados verificouse que os alunos possuem dificuldades com a disciplina bem como com a metodologia existente. Palavras-chave: Ensino de Química. Perfil do professor. Perfil do aluno. _____________________________________ 1 Estudante de Graduação 8º. semestre do Curso de Licenciatura em Ciências Naturais da UFMA, email: [email protected] ² Estudante de Graduação 8º. semestre do Curso de Licenciatura em Ciências Naturais da UFMA, email: [email protected] 3 Estudante de Graduação 8º. semestre do Curso de Licenciatura em Ciências Naturais da UFMA, email: [email protected] 1 INTRODUÇÃO Um ensino de qualidade é um grande desafio em nosso país, na verdade as disciplinas que demandam algum raciocínio mais profundo ou que possuem o cálculo como quesito indispensável acaba por ser um problema para nossos docentes. A Química, a Física e a Matemática acabam por serem as disciplinas com menor número de fãs e o estereótipo de disciplinas difíceis predomina. Vários fatores históricos contribuem para esta não afinidade dentre as quais podemos destacar a falta de infraestrutura das escolas e o despreparo de muitos professores. De acordo com Brasil (2004, p.30), Na escola, de modo geral, o indivíduo interage com um conhecimento essencialmente acadêmico, principalmente através da transmissão de informações, supondo que o estudante, memorizando-as passivamente, adquira o ‘conhecimento acumulado’. A promoção do conhecimento químico em escala mundial, nestes últimos quarenta anos, incorporou novas abordagens, objetivando a formação de futuros cientistas, de cidadãos mais conscientes e também o desenvolvimento de conhecimentos aplicáveis ao sistema produtivo, industrial e agrícola. Apesar disso, no Brasil, a abordagem da Química escolar continua praticamente a mesma. Embora às vezes “maquiada” com uma aparência de modernidade, a essência permanece a mesma, priorizando-se as informações desligadas da realidade vivida pelos alunos e pelos professores. Saber o perfil da interação aluno/professor de Química é importante, pois detectamos os erros cometidos e sabemos por onde começar para sanar o problema. Atualmente sabe-se que o docente deve ter uma boa formação e um conhecimento bem amplo e diversificado para atender aos novos e modernos métodos de ensino. Assim, a melhoria do ensino de Química (ou de qualquer outra disciplina) é baseada primeiramente em uma boa formação docente. “A Química é também uma linguagem. Assim, o ensino da Química deve ser um facilitador da leitura do mundo. Ensina-se Química, então, para permitir que o cidadão possa interagir melhor com o mundo” (CHASSOT, 1990, p. 30 apud TREVISAN; MARTINS, 2006, p. 04). No presente artigo procurar-se-á apresentar um panorama do professor de química bem como dos seus alunos no turno vespertino de uma escola do ensino médio do município de São Bernardo Maranhão. A atividade buscou, entre outras coisas, atuar sobre a disciplina de Química, objetivando diagnosticar a efetividade do ensino-aprendizagem dos alunos bem como os métodos usados por seu professor. 2 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho de pesquisa foi realizado na escola estadual C.E. Déborah Correia Lima situada no município de São Bernardo, MA no turno vespertino em duas turmas da primeira série e uma da segunda série, neste turno não há terceira série, sendo a base de dados principal dois questionários com questões objetivas e subjetivas, aplicados na própria escola, sendo um questionário aplicado com os alunos e outro com o professor de química. Havia apenas um docente no turno pesquisado, o que contribuiu para a pesquisa ser realizada num único dia. Dentre as questões pesquisas referentes aos alunos têm-se: o que é Química e para que serve? Você gosta das aulas de Química? O que poderia ser feito para melhorar as aulas de Química? Os conteúdos repassados são relacionados ao dia a dia? Pretende ser professor (a) de Química? Quanto ao docente procurou-se investigar sua formação acadêmica, sua carga horária, sua satisfação com a docência e com a infraestrutura disponível, seus principais métodos de ensino. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados revelaram grandes respostas, o que possibilitou traçar um panorama do ensino e aprendizagem naquela escola de ensino médio. 3.1. Alunos do primeiro Ano Nesta série participaram da pesquisa 58 alunos distribuídos nas turmas A e B, sendo média de idade dos alunos 15,4 anos. Dentre as questões subjetivas procurou-se verificar os conhecimentos pessoais dos alunos de forma que as respostas mostrassem o pensamento de cada um acerca dos temas. Abaixo se encontra as questões e os resultados verificados. 1. O que é Química e para que serve? Segundo Ricardo Feltre (FELTRE, 2004, p.07), “Química é o ramo da ciência que estuda a matéria, as transformações da matéria e a energia envolvida nessas transformações”. Aqui se esperava que os alunos mostrassem algum conhecimento sobre o conceito de Química; respostas pessoais, mas que fizessem relação com ciência, energia, matéria, fenômenos, transformações, reações. 40% dos alunos responderam de forma errada, vaga ou sem uma relação adequada, alguns até confundiram com o conceito de matéria. Já o restante conseguiu dar uma boa definição ou pelo menos encontraram alguns pontos considerados como que relevantes ao se dar um conceito pessoal de um fato conhecido de todos; no entanto poucos souberam dizer para que serve com mais propriedade, alguns responderam “serve para muitas coisas”. 2. Gosta das aulas de Química? Quando perguntados se gostam das aulas de Química 31% relevaram não gostar ou somente às vezes quando tem um assunto interessante, nesse grupo as justificativas eram associadas a explicações insuficientes, assuntos difíceis, aulas monótonas ou antipatia com o professor. O restante afirmou gostar e dentre a maioria das justificativas destaca-se o fato de os alunos reconhecerem que os assuntos são importantes, ajudam a entender melhor o mundo, e há vários temas interessantes de se estudar. 3. O que poderia melhorar? Quando questionados sobre o que poderia ser feito para melhorar, 33% responderam que “nada”, justificando que as aulas já estão boas da forma que estão; 26% responderam que deveriam ter mais aulas no laboratório ou mais usos de experiências; o restante dos alunos, 41%, respondeu que poderia melhorar a explicação do professor bem como sua frequência em aula. Alguns comentários são interessantes nesse sentido. “Que os professores viessem todo dia, mas não! Eles só vêm bem dizer uma vez no ano, parece que não gostam de dar aula”. Aluno da 01 ª Série “Melhoraria se o professor frequentasse mais as aulas”. Aluno da 01 ª Série “Pode ser o professor”. Aluno da 01 ª Série 4. Os assuntos apresentados pelo livro didático e pelo professor em aula são relacionados com seu cotidiano? 57% responderam que não ou somente às vezes, 43% responderam que sim. 5. No futuro você pretende ser professor de Química? Ou professor de outra disciplina? Apenas 7% (04 alunos) disseram que pretendem ser professor de Química no futuro. 24% pretendem ser professor, mas de outra disciplina. O restante dos alunos, ou seja, 69% disse não ter nenhum interesse pela docência. 3.2 Alunos do 2° Ano Na única segunda série deste turno participaram da pesquisa 27 alunos, sendo média de idade dos alunos 16,5 anos. Os resultados encontrados nesta turma encontram-se abaixo. 1. O que é Química e pra que serve? 81,5% dos alunos conseguiram dar uma definição plausível, sendo a resposta mais recorrente “Ciência que estuda os elementos químicos”. O restante respondeu dando uma definição restrita, associando apenas a conceitos de soluções. Quanto à utilidade da química apenas 33,3% tentaram formular um conceito, ainda assim de forma vaga, muitos restringindo a temas de soluções, como na seguinte resposta: “[...] serve para saber a concentração do líquido, do volume, etc.”. 2. Gosta das aulas de Química? Quando questionados sobre sua afinidade pelas aulas de Química 52% responderam não ou às vezes, justificaram que a matéria é difícil, não gostam de cálculos, não conseguem entender os conteúdos ou o professor explica muito rápido. O restante, 48%, afirmaram que gostam das aulas. 3. O que poderia melhorar? 15% disseram que deveriam usar mais o laboratório, 11% disseram que não precisa de mudança. 74% responderam que a explicação de professor deveria melhorar. Sobre esta última porcentagem, podemos destacar alguns comentários: “Eu queria que o professor explicasse de uma forma que eu pudesse compreender e entender os assuntos mais difíceis etc.” (Aluno da 2ª Série) “O professor porque ele não explica muito bem mais ele é um ótimo professor só que mais explicação” (Aluno da 2ª Série) “Bom para as aulas ficarem melhor eu gostaria que o professor explicasse melhor as aulas, porque eu não consigo entender da maneira que ele explica” (Aluno da 2ª Série). 4. Os conteúdos apresentados pelo livro didático e pelo seu professor são relacionados com seu cotidiano? Todos os alunos responderam que somente às vezes. 5. Você pretende ser professor de Química? Ou professor de outra disciplina? Nenhum aluno mostrou interesse em ser professor de Química; 55,5% demonstraram interesse pela docência, mas em outra disciplina; o restante dos alunos, 44,5%, não mostrou interesse pela docência. 3.3 Um panorama do aluno Fazendo uma análise acerca das duas séries, observa-se que na primeira série o conhecimento sobre a Química é tanto menor do que na segunda série, talvez porque os alunos vêm de um ensino fundamental onde a química não é tão bem trabalhada. Conforme a Figura 1, observa-se que diminuem consideravelmente os alunos que possuem um conceito equivocado. Figura 1 – Conceito de Química 90% 80% 70% 60% Entendem o conceito 50% 40% Não entendem 30% 20% 10% 0% 1 Ano Fonte: o Autor 2 Ano Quanto a gostar das aulas de química as duas séries mostraram que a disciplina é até bem vinda (Figura 2), no entanto existe nos alunos um sentimento de dificuldade proveniente da disciplina, um estereótipo trazido desde o ensino fundamental. Observa-se que os alunos até possuem certa afinidade com a aula, mas faltam estímulos. Figura 2- Gosto pelas aulas de química 80% 70% 60% 50% Sim Não/Ás vezes 40% 30% 20% 10% 0% 1 Ano 2 Ano Fonte: o Autor Sobre as mudanças que ajudariam a melhorar o ensino-aprendizagem na disciplina nota-se que os alunos, em sua maioria, ficando mais evidente na segunda série, colocam a metodologia do professor como fator principal de mudança; a Figura 3 detalha esta situação e mostra ainda que os alunos da segunda série são mais críticos e demandam por uma exigência maior quanto ao ensino. Figura 3 – O que poderia melhorar Fonte: o Autor A área da educação exige que os professores sejam cada vez mais qualificados, tendo domínio nas áreas que atuam. Sendo assim o trabalho teve como objetivo observar qual o perfil do professor de Química de acordo com a metodologia adotada nas suas aulas. Tratase de uma pesquisa qualitativa e descritiva. A coleta de dados foi feita por questionários, contendo questões sobre a sua formação e metodologias, foram entregues aos docentes efetivos que lecionam a disciplina de Química no Ensino Médio no Instituto Federal. Dos quatros docentes, apenas dois participaram. Com as informações adquiridas concluiu-se que os docentes do Instituto Federal, possuem uma boa metodologia para o desenvolvimento dos conhecimentos sobre os conteúdos de Química. O gráfico da Figura 4 mostra que a maioria dos alunos acha que o assunto não é tão bem contextualizado, na segunda série nenhum aluno disse que os assuntos eram relacionados com fatos do cotidiano, no máximo disseram “às vezes”. A figura 4 ainda retrata a pretensão baixíssima dos alunos quanto a uma possível docência em Química, no futuro. Figura 4 – Relação com cotidiano e pretensão à docência Fonte: o Autor 3.4 Perfil do professor de química Quanto ao questionário aplicado ao professor procurou verificar sua carga horária semanal, sua formação acadêmica, sua afinidade e satisfação com docência, suas dificuldades enfrentadas na profissão, bem como sua metodologia. Logo, o perfil traçado pelo professor segundo suas respostas ao questionário fica assim definido: Possui somente graduação, sendo licenciado em química; tem uma carga horária de 40 horas semanais distribuídas em duas escolas e só leciona a disciplina de química. O professor se identifica com a docência, em suas palavras este fala “sim, pois ser professor ensino e aprendo com todos os alunos. Principalmente suas maiores dificuldades”. Quanto a sua satisfação, este se mostra insatisfeito com a falta de estrutura das salas. O professor apontou como maior dificuldade enfrentada a falta de conceitos básicos que os alunos deveriam absorver no ensino fundamental. Segundo o professor, a maioria dos alunos se interessa pelos conteúdos de Química, admitiu a insuficiência de aulas práticas, pois a escola não possui alguns materiais necessários. 4 CONCLUSÃO O ensino em nossa região está longe de ser o ideal, é um problema histórico e inúmeras são suas causas. Neste estudo confirmaram-se várias suposições: alunos provenientes de um ensino fundamental deficiente e sem muita afinidade com disciplinas de cálculos, professor insatisfeito com suas condições de trabalho, alunos insatisfeitos com as metodologias empregadas. A capacidade do professor é inegável, a qualidade do ensino ofertada é baseada na infraestrutura disponível, logo o desempenho de qualquer docente e minimizada, no entanto uma metodologia um pouco mais voltada aos alunos talvez pudesse melhorar em algumas críticas feitas por alguns alunos. Os resultados foram satisfatórios e esclarecedores; as aulas de química ainda têm muito que melhorar e muito a evoluir, professores capacitados e dedicados e alunos provenientes de um bom ensino fundamental é o passo inicial para se reverter o estereótipo criado com a disciplina de química. PROFILE PROFESSOR OF CHEMISTRY AND HIGH SCHOOL STUDENTS, AFTERNOON SHIFT, C.E. DEBORAH CORREA LIMA, COUNTY SÃO BERNARDO, MARANHÃO ABSTRACT Approach on teaching chemistry profile and profile high school student, C.E. Deborah Correa Lima in Sao Bernardo-MA. Chemistry is often rated as difficult and boring subject, which requires special attention by concerned and worried about changing this scenario teaching community. This paper sought to create an overview of the relationship of students to the chemistry discipline, as well as his teacher. The survey was conducted in high school C.E. Deborah Correa Lima, São Bernardo MA, through a questionnaire with objective and subjective questions of descriptive and qualitative. Students answered a questionnaire with five questions and chemistry teacher with ten questions. From the results it was found that students have difficulties with discipline as well as the existing methodology. Keywords: Chemistry Teaching, teacher’s profile, Student’s profile REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais Ensino Médio. Brasília, DF: MEC, 2004. FELTRE, Ricardo. Química Geral. 6 ed. v. 1, p. 07. São Paulo. Moderna, 2004. TREVISAN, S.T; MARTINS, P.L.O. A prática pedagógica do professor de química: possibilidades e limites. UNIrevista, [S.l.], v. 1, n. 2, abr. 2006.