TESE DE DOUTORADO N° 155 DESENVOLVIMENTO DE COMPENSADOR SÉRIE PARA MITIGAÇÃO HARMÔNICA DISTRIBUÍDA E CORREÇÃO DINÂMICA DE FATOR DE POTÊNCIA Gleisson Jardim França DATA DA DEFESA: 28/02/2013 Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica DESENVOLVIMENTO DE COMPENSADOR SÉRIE PARA MITIGAÇÃO HARMÔNICA DISTRIBUÍDA E CORREÇÃO DINÂMICA DE FATOR DE POTÊNCIA Gleisson Jardim França Tese de Doutorado submetida à Banca Examinadora designada pelo Colegiado do Programa de PósGraduação em Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito para obtenção do Título de Doutor em Engenharia Elétrica. Orientador: Professor Braz de Jesus Cardoso Filho, PhD. Belo Horizonte Escola de Engenharia da UFMG Março, 2013 Dedico este trabalho à minha família e especialmente à minha filha Vitória por preencher minha vida com alegria, mostrando nos momentos difíceis o que é realmente importante. Agradecimentos Agradeço àqueles que me apoiaram na escalada para esta conquista: • Meus pais, Aderaldo e Ilda, pela dedicação, afeto e confiança. • Minha filha Vitória e minha esposa Horádia que foram cruciais para me motivar nos momentos difíceis; • Meu irmão Dionison pela amizade, incentivo e inspiração; • Ao prof. Braz pela orientação e principalmente confiança; • Aos engenheiros Flávio Rezende Garcia e Marcelo Lemes, da empresa IESA, pelas valiosas informações, que ajudaram a viabilizar o desenvolvimento do trabalho; • À FAPEMIG pelo financiamento da pesquisa; • Ao aluno Clóvis Fritzen do Centro Universitário Católica de Santa Catarina por sua contribuição ao desenvolvimento do trabalho. Resumo O avanço das aplicações da eletrônica de potência, impulsionado pelos crescentes avanços da tecnologia de dispositivos semicondutores, vem aumentando significativamente a quantidade de cargas não-lineares no sistema elétrico, tais como inversores de freqüência, softstarters, fornos a arco, máquinas de solda, etc. Consecutivamente, a garantia da confiabilidade dos sistemas elétricos passa a exigir cuidados especiais com a distorção harmônica da tensão e corrente. As soluções normalmente utilizadas para a mitigação harmônica passam por alternativas passivas, que utilizam apenas indutores, capacitores e resistores em sua construção, alternativas ativas, as quais utilizam filtros ativos série e /ou paralelo, cujo elemento fundamental é um conversor CC/CA controlado e, finalmente, soluções híbridas que são uma combinação das soluções ativas e passivas. As principais dificuldades na aplicação dos filtros passivos são a reduzida flexibilidade e o desempenho fortemente dependente da configuração das cargas no sistema, enquanto que a principal dificuldade para a aplicação dos filtros ativos e híbridos tem sido o custo de implementação, especialmente crítico para sistemas com altos valores de corrente e/ou tensão de operação. Reconhecendo o fato de que é necessário apenas reduzir o conteúdo harmônico dos sistemas elétricos para valores dentro dos níveis de compatibilidade dos equipamentos que compartilham o sistema, e não necessariamente o total cancelamento dos harmônicos, este trabalho apresenta o desenvolvimento de um compensador série com a propriedade de inserir impedâncias no sistema elétrico. Essas impedâncias são inseridas apenas na(s) freqüência(s) de interesse e podem ser utilizadas, por exemplo, para a dessintonia ativa de bancos de capacitores, bem como para o controle do fluxo de harmônicos, direcionando os harmônicos de corrente para um caminho elétrico que não cause danos aos componentes do sistema. A utilização de transformadores coaxiais, no qual o secundário é formado pelo próprio cabo que faz a conexão do sistema elétrico (enrolamento de apenas uma espira), para a inserção das impedâncias harmônicas ativas, confere ao sistema proposto uma grande flexibilidade de aplicação, facilitando sobremaneira a avaliação da aplicação em plantas existentes, dispensando e/ou minimizando o tempo de parada para a implementação da solução de filtragem. Abstract The advance of power electronic applications, stimulated by increasing advances on semiconductor devices technologies, has significantly increased the presence of non-linear loads on electric systems, such as frequency inverters, soft-starters, arc furnaces, welding machines, etc. The increase of non-linear loads introduces additional characteristics to the electric power system in such a way that its trustworthiness begins to demand a special care with current and voltage harmonic distortions generated from this kind of loads. The solutions normally utilized for harmonic mitigation passes from passive alternatives, which utilizes only inductors, capacitors and resistors in its construction, active alternatives, which utilizes series and/or parallel active filters where the main structure is composed by a controlled DC/AC converter (inverter) and, finally, hybrid solutions that are a composition of active and passive alternatives. The main difficulties of the passive solutions are the reduced flexibility and performance strongly dependent of system impedance and load configuration, while the main difficulty of active and hybrid solutions application is the implementation cost, manly in high currents and/or voltages systems. Recognizing the fact that it is only necessary to reduce the harmonic content of the electric systems to the compatibility levels of the equipment that shares it, and not completely eliminates the harmonic content, this work presents the developing of an active harmonic impedance system with the property that it inserts, on a selective way, specific series impedances in the electric system. The impedances are inserted only at specific frequency(ies) and can be utilized, for example, to active detune capacitor banks and to control de harmonic flow, with the objective of direct current harmonics to an electric way that don’t cause damage to the system components. The utilization of coaxial transformers, where the secondary side is composed only by the power system cable (one turn secondary), for insertion of the harmonic active impedances, gives a significant flexibility to its application, allowing an easy evaluation of application in existing systems, excusing or minimizing the downtime for solution implementation. viii Sumário Lista de Figuras...................................................................................................................... 11 Lista de Tabelas...................................................................................................................... 16 Lista de Símbolos e Abreviações........................................................................................... 17 1. Introdução........................................................................................................................... 23 1.1. Relevância................................................................................................................ 23 1.2. Objetivos .................................................................................................................. 27 1.3. Proposta de Trabalho ............................................................................................... 27 1.4. Contribuições ........................................................................................................... 28 1.5. Organização do Texto .............................................................................................. 29 2. Harmônicos – Recomendações e Soluções para Mitigação. ........................................... 31 2.1. Introdução ................................................................................................................ 31 2.2. Principais Recomendações sobre Harmônicos ........................................................ 31 2.2.1. Recomendações Direcionadas a Sistemas............................................................ 32 2.2.2. Recomendações Direcionadas para Equipamentos.............................................. 36 2.3. Soluções para a Mitigação de Harmônicos .............................................................. 38 2.3.1. Filtros Passivos .................................................................................................... 38 2.3.2. Filtros Ativos........................................................................................................ 39 2.3.2.1. Filtros Ativos Paralelos.................................................................................... 40 2.3.2.2. Filtros Ativos Série .......................................................................................... 42 2.3.2.3. Principais Estratégias para a Obtenção dos Sinais de Compensação para os Filtros Ativos..................................................................................................................... 44 2.3.2.4. 2.4. Filtros Híbridos ................................................................................................ 48 Bancos de Capacitores para Correção de Fator de Potência e Harmônicos............. 51 2.4.1. Tecnologias .......................................................................................................... 51 2.4.2. Considerações de Custo Relacionadas à Correção de Fator de Potência na Presença de Harmônicos ................................................................................................... 52 2.4.3. Compensação Harmônica Série-Paralela Distribuída .......................................... 54 2.5. Filtros Ativos Comerciais no Brasil......................................................................... 55 2.6. Conclusão................................................................................................................. 61 3. Impedâncias Harmônicas Ativas ...................................................................................... 63 3.1. Introdução ................................................................................................................ 63 ix 3.2. Concepção do Sistema.............................................................................................. 63 3.3. Implementação dos Algoritmos PLL (Phase Locked Loop) .................................... 66 3.3.1. PLL para o Rastreamento da Componente Fundamental ..................................... 67 3.3.2. PLL para o Rastreamento da Componente Harmônica ........................................ 70 3.4. Implementação da Impedância Harmônica Ativa .................................................... 71 3.4.1. Introdução de Amortecimento Ativo.................................................................... 73 3.4.2. Compensação Simultânea de Harmônicos ........................................................... 74 3.5. Controle do Barramento CC do conversor ............................................................... 75 3.6. Considerações Básicas sobre o Conversor Estático ................................................. 78 3.4.3. Capacitância do Barramento CC .......................................................................... 78 3.4.4. Dimensionamento dos Dispositivos Semicondutores do Conversor.................... 79 3.7. Transformador Coaxial............................................................................................. 80 3.7.1. Projeto Básico – Abordagem Analítica ................................................................ 80 3.7.2. Ensaios e Levantamento de Parâmetros de um Protótipo de Transformador Coaxial 84 3.8. Proteção Contra Curto-Circuito................................................................................ 92 3.9. Extensão para Utilização de Compensador trifásico ................................................ 96 3.10. Conclusão ................................................................................................................. 98 4. Simulações Computacionais e Resultados Práticos....................................................... 100 4.1. Introdução............................................................................................................... 100 4.2. Simulações do compensador monofásico............................................................... 101 4.2.1. Simulações preliminares – harmônico implementado como fonte de corrente ideal 101 4.2.2. Simulação com Introdução de Amortecimento Ativo ........................................ 107 4.2.3. Simulação de Compensação de Distorção de Tensão na Rede de Alimentação 109 4.2.4. Simulações utilizando retificador como carga não-linear .................................. 111 4.2.5. Simulação com compensação Simultânea de 5° e 7° harmônicos ..................... 114 4.2.6. Consideração Sobre a Efetividade da Solução em Função dos Parâmetros do Sistema 119 4.2.7. 4.3. 4.3.7. Simulação de sistema de compensação trifásico ................................................ 121 Resultados Experimentais ...................................................................................... 125 Descrição do setup de teste................................................................................. 125 x 4.3.8. 4.4. Resultados .......................................................................................................... 126 Conclusão............................................................................................................... 130 5. Conclusões e Propostas de Continuidade ...................................................................... 131 5.1. Conclusões ............................................................................................................. 131 5.2. Propostas de continuidade...................................................................................... 132 Referências Biliográficas ..................................................................................................... 135 ANEXOS ............................................................................................................................... 143 A.1. Harmônicos – Fontes e efeitos em equipamentos elétricos ................................... 143 A.1.1. Introdução .............................................................................................................. 143 A.1.2. Principais fontes de harmônicos ............................................................................ 143 Retificadores Não-Controlados ....................................................................................... 143 Retificadores Controlados ............................................................................................... 151 Dispositivos a Arco ......................................................................................................... 153 Dispositivos Saturáveis ................................................................................................... 155 A.1.3. Efeitos dos Harmônicos nos Principais Equipamentos Elétricos Industriais......... 157 Transformadores.............................................................................................................. 157 Motores............................................................................................................................ 158 Bancos de Capacitores..................................................................................................... 159 Equipamentos Eletrônicos............................................................................................... 162 Equipamento de Seccionamento e Proteção – Disjuntores, contatores, seccionadores e fusíveis............................................................................................................................. 162 A.2. Diagramas e códigos utilizados nas simulações. ................................................... 164 A.3. Código C da implementação do controle do conversor na plataforma UPCC2812. 169 Lista de Figuras Figura 2.1: Filtro passivo série para bloqueio de harmônicos.................................................. 38 Figura 2.2: Filtro passivo paralelo (shunt) para confinamento de harmônicos. ....................... 38 Figura 2.3: Esquema básico de funcionamento dos filtros ativos ............................................ 40 Figura 2.4: Filtros ativos série e paralelo ................................................................................. 41 Figura 2.5: Filtro ativo em um sistema de alimentação............................................................ 42 Figura 2.6: Filtros ativos série .................................................................................................. 42 Figura 2.7: Topologia típica dos filtros ativos série ................................................................. 43 Figura 2.8: Estratégias para obtenção dos sinais de referência para compensação harmônica.45 Figura 2.9: Filtros híbridos: ..................................................................................................... 49 Figura 2.10: Utilização da indutância de magnetização do transformador para síntese de tensão harmônica de controle: implementação física e circuito equivalente.................... 50 Figura 2.11: Indutor mecanicamente variável proposto em [66]. ............................................ 51 Figura 2.12: Conceito de compensação harmônica série-paralela distribuída. ........................ 54 Figura 2.13: Linha PQFI de filtros ativos ABB ....................................................................... 57 Figura 2.14: Linha PQFM de filtros ativos ABB. .................................................................... 57 Figura 2.15: Filtro ativo StacoSine – STACO.......................................................................... 58 Figura 2.16: Linha AIM AHF – AIM Europe .......................................................................... 58 Figura 2.17: Filtros Ativos ECOsine (Bluewave) – Schaffner................................................. 59 Figura 2.18: Filtros Ativos AHF/VLT - Danfoss ..................................................................... 59 Figura 2.19: Filtros Ativos AccuSine – Schneider-Electric. .................................................... 60 Figura 2.20: Filtro Ativo AHF6000 – EPCOS ......................................................................... 60 Figura 2.21: Filtro Ativo MGETM SineWave – APC/Schneider-Electric............................... 60 Figura 2.22: Filtro Ativo FILTERON – RTA .......................................................................... 61 Figura 3.1: Sistema para implementação de uma impedância harmônica ativa monofásica. .. 64 Figura 3.2: Diagrama geral em blocos da implementação da impedância harmônica ativa. ... 65 Figura 3.3: Diagrama em blocos do algoritmo PLL (Phase Locked Loop) monofásico. ......... 67 Figura 3.4: Diagrama em blocos do algoritmo PLL (Phase Locked Loop) monofásico linearizado em torno do ponto de operação Iq,Id e θ0. ...................................................... 68 Figura 3.5: Avaliação da rigidez dinâmica do algoritmo PLL (θ0 = π/4)................................. 69 12 Figura 3.6: Resposta do PLL aplicado para a estimação da componente fundamental de um sinal composto por 1 pu de fundamental + 1.pu 5° harmônico + 0,1 p.u. de 7° harmônico. .......................................................................................................................................... 70 Figura 3.7: Resposta do PLL aplicado para a estimação da componente harmônica. ............. 71 Figura 3.8: Referenciais utilizados para os cálculos das transformações de eixos. ................. 72 Figura 3.9: Diagrama de blocos para compensação simultânea de 5° e 7° harmônicos. ......... 75 Figura 3.10: Controle da tensão no barramento CC do conversor........................................... 76 Figura 3.11: Referências para análise do núcleo do transformador coaxial. ........................... 80 Figura 3.12: Seção do transformador axial com a introdução de entreferro............................ 82 Figura 3.13: Efeito da introdução de entreferro na corrente de magnetização do transformador coaxial. ............................................................................................................................. 84 Figura 3.14: Protótipo de transformador coaxial utilizado para avaliação experimental. ....... 85 Figura 3.15: Circuito equivalente para o transformador coaxial no ensaio a vazio................. 85 Figura 3.16: Circuito equivalente para o transformador coaxial no ensaio em curto-circuito. 87 Figura 3.17: Resultados do ensaio do transformador coaxial com secundário aberto. ............ 88 Figura 3.18: Resultados do ensaio do transformador coaxial com secundário em curtocircuito. ............................................................................................................................ 89 Figura 3.19: Funcionamento do transformador coaxial. .......................................................... 90 Figura 3.20: Diagrama em blocos do circuito de proteção contra curto-circuito. ................... 93 Figura 3.21: Obtenção da curva de magnetização do transformador coaxial . ........................ 94 Figura 3.22: Circuito para teste preliminar da proteção........................................................... 95 Figura 3.23: Teste preliminar do circuito de proteção de curto circuito.................................. 95 Figura 3.24: Circuito equivalente para o transformador coaxial no ensaio em curto-circuito. 96 Figura 3.25: PLL utilizado para .a implementação trifásica do compensador harmônico série. .......................................................................................................................................... 97 Figura 4.1: Sistema monofásico com banco automático de capacitores com dessintonia ativa. ........................................................................................................................................ 101 Figura 4.2: Sistema monofásico com banco automático de capacitores com dessintonia ativa. ........................................................................................................................................ 102 Figura 4.3: Correntes no banco de capacitores sem injeção de tensão harmônica (1 p.u. = 434A). ............................................................................................................................ 103 Figura 4.4: Correntes na fonte e na carga sem injeção de impedância harmônica. ............... 103 13 Figura 4.5: Correntes no banco de capacitores com injeção de tensão harmônica. ............... 104 Figura 4.6: Correntes na fonte e na carga com injeção de tensão harmônica......................... 104 Figura 4.7: Tensão no barramento CC, referência de tensão para controledo barramentoCC e referência de tensão harmônica para o modulador PWM............................................... 105 Figura 4.8: Diagrama (Simulink®) simplificado para obtenção da tensão harmônica. ......... 106 Figura 4.9: Correntes no banco de capacitores utilizando o algoritmo da figura 4.8............. 106 Figura 4.10: Simulação considerando variação de -20% em L*. ........................................... 107 Figura 4.11: Correntes no banco de capacitores com a introdução de amortecimento ativo. 108 Figura 4.12: Tensão no barramento CC e referências de tensão de compensação com a introdução de amortecimento ativo. ............................................................................... 108 Figura 4.13: Sistema utilizado para simulação de compensação de distorção de tensão. ...... 110 Figura 4.14: Resultado de simulação considerando compensação de distorção de tensão. ... 110 Figura 4.15: Sistema utilizado para simulação de compensação com carga retificadora....... 111 Figura 4.16: Resultado de simulação considerando compensação de distorção de tensão. ... 112 Figura 4.17: Espectro harmônico da corrente no banco de capacitores com retificador – sem compensação harmônica................................................................................................. 112 Figura 4.18: Correntes no banco de capacitores com compensação ativada – carga retificador. ........................................................................................................................................ 113 Figura 4.19: Espectro das correntes no banco de capacitores com compensação ativada – carga retificador.............................................................................................................. 114 Figura 4.20: Controladores PI utilizados para a geração da referência de indutância ativa... 115 Figura 4.21: Corrente no banco de capacitores e respectiva estimativa da componente fundamental. ................................................................................................................... 116 Figura 4.22: Espectro harmônico da corrente no banco de capacitores. ................................ 116 Figura 4.23: Espectro harmônico do sinal de referência para compensação harmônica. ....... 117 Figura 4.24: Corrente no banco de capacitores e respectiva estimativa da componente fundamental. ................................................................................................................... 118 Figura 4.25: Espectro corrente no banco de capacitores e respectiva estimativa da componente fundamental. ................................................................................................................... 118 Figura 4.26: Correntes na carga e no conversor – compensação com medição apenas da corrente do conversor. .................................................................................................... 119 Figura 4.27: Avaliação da influência da relação X/R na relação Ich/Ih................................... 120 14 Figura 4.28: Associação série de compensadores para o aumento da capacidade de compensação harmônica. ............................................................................................... 120 Figura 4.29: Modelo de simulação do compensador trifásico no Simulink........................... 121 Figura 4.30: Modelo de simulação do compensador trifásico no Simulink –conversor + transformador coaxial. ................................................................................................... 122 Figura 4.31: Correntes nas fases do banco de capacitores – sem compensação ativa. .......... 122 Figura 4.32: Corrente na fase A do banco de capacitores e estimativas das componentes fundamental e de quinto harmônico – sem compensação.............................................. 123 Figura 4.33: Espectro harmônico da corrente na fase A do banco de capacitores................. 123 Figura 4.34: Corrente na fase A do banco de capacitores e estimativas das componentes fundamental e de quinto harmônico – com compensação. ............................................ 124 Figura 4.35: Espectro harmônico da corrente na fase A do banco de capacitores - com compensação. ................................................................................................................. 124 Figura 4.36: Diagrama da montagem realizada para obtenção dos resultados experimentais preliminares.................................................................................................................... 126 Figura 4.37: Resultados experimentais obtidos sem a injeção de tensão harmônica............. 127 Figura 4.38: Espectro harmônico da corrente no capacitor sem a injeção de tensão harmônica. ........................................................................................................................................ 128 Figura 4.39: Resultados obtidos com a injeção de tensão no quinto harmônico. .................. 128 Figura 4.40: Espectro harmônico da corrente no capacitor com e sem a injeção de tensão harmônica....................................................................................................................... 129 Figura A.1: Circuito básico de uma fonte chaveada [23]. ..................................................... 144 Figura A.2: Corrente de entrada (a) de uma fonte chaveada e respectivo espectro harmônico (b) [23]. .......................................................................................................................... 145 Figura A.3: Estrutura básica de um retificado trifásico. ........................................................ 146 Figura A.4: Corrente de entrada de um retificador trifásico com reator de entrada de 3%. .. 146 Figura A.5: Espectro harmônico da corrente de entrada apresentada na figura A.4.............. 147 Figura A.6:Distorção harmônica de corrente (THDi) x reatância % do indutor de entrada .. 147 Figura A.7: Estrutura de um retificador de 12 pulsos (conexão série ou paralela de duas pontes de 6 pulsos). ................................................................................................................... 149 Figura A.8: Esquema elétrico e respectivo diagrama fasorial de um transformador Delta/Delta-Estrela para a alimentação de um retificador trifásico de 12 pulsos. ......... 149 15 Figura A.9: Forma de onda típica da corrente de entrada de um conversor 12 pulsos........... 149 Figura A.10: Espectro harmônico típico da corrente de entrada (medição no primário do transformador) de um retificador 12 pulsos. .................................................................. 150 Figura A.11: Acionamento de máquina CC por retificador controlado. ................................ 151 Figura A.12: Espectro harmônico da corrente de entrada de um retificador controlado........ 152 Figura A.13:Circuito equivalente de um dispositivo à arco [23]. .......................................... 153 Figura A.14: Forma de onda de uma lâmpada fluorescente com reator magnético (a) e respectivo espectro harmônico (b) [23]. ......................................................................... 154 Figura A.15: Corrente de magnetização de um transformador [23]....................................... 155 Figura A.16: Corrente de magnetização de um transformador e respectivo espectro harmônico [23]. ................................................................................................................................ 156 Figura A.17: Sistema com potencial para ocorrência de ressonância paralela [23]. .............. 160 Figura A.18: circuito com potência para ressonância série [23] . .......................................... 161 Figura A.19: Resposta em freqüência do circuito da figura A.19 [23]. ................................. 162 Figura A.20: Diagrama de implementação do bloco “Impedância Ativa” da figura 4.1. ...... 164 Figura A.21: Diagrama de implementação do bloco “Filtro Ativo” da figura A.20. ............. 165 Figura A.22: Diagrama de implementação do bloco “PLL” da figura A.21. ......................... 166 Figura A.23: Diagrama de implementação do conversor PWM transformador de acoplamento.................................................................................................................... 166 16 Lista de Tabelas Tabela 2.1: Valores de referência global das distorções harmônicas totais (% da tensão fundamental). ................................................................................................................... 32 Tabela 2.2: Níveis de referência para distorções individuais de tensão (% da tensão fundamental). ................................................................................................................... 33 Tabela 2.3: Limites globais de tensão expressos em porcentagem da tensão fundamental [27]. .......................................................................................................................................... 34 Tabela 2.4: Limites individuais em porcentagem da tensão fundamental [27]. ...................... 34 Tabela 2.5: Normas Internacionais .......................................................................................... 35 Tabela 2.6: Reprodução da Tabela 10.3 – IEEE519-1992....................................................... 35 Tabela 2.7: Padrões internacionais relativos a distorção harmônica de equipamentos elétricos. .......................................................................................................................................... 37 Tabela 2.8: Comparação de custos de soluções para correção de fator de potência na presença de harmônicos. ................................................................................................................. 52 Tabela 2.9: Filtros Ativos no Mercado – Modelos, fabricantes e capacidades........................ 56 Tabela 2.10: Filtros Ativos no Mercado – Principais funções ................................................. 56 Tabela 3.1 : Parâmetros de circuito equivalente do transformador coaxial. ............................ 88 17 Lista de Símbolos e Abreviações ABREVIAÇÕES ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas; ANEEL – Agência nacional de Energia Elétrica; CC – Corrente contínua; CA – Corrente alternada; DTC – Distorção harmônica total de corrente; DTT - Distorção harmônica total de tensão; EMC – Electromagnetic Compatibility; FFT– Fast Fourier Transform; FP – Fator de potência; IEC – International Electrotechnical Commission; IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers; IGBTs – Insulated Gate Bipolar Transistors; LC – Filtro indutivo-capacitivo; PAC – Ponto de acoplamento comum; PRODIST – Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional; PCC – Point of Common Coupling; PLL – Phase Locked Loop; PPM – Polipropileno metalizado; PROINPES - Programa de Incentivo à Pesquisa; PWM – Pulse Width Modulation; THD – Total Harmonic Distortion; UPQC – Unified Power Quality Conditioner; UPS – Uninterruptible Power Supply; VSI – Voltage Source Inverter; SCRs – Silicon Controlled Rectifiers; 18 SÍMBOLOS I L - Corrente de carga; I S - Corrente na fonte; Io – Corrente de carga; If – Componente fundamental da corrente de carga; ILf – Componente fundamental da corrente de carga; V1 – Componente fundamental da tensão; Vh – Componente do harmônico de ordem h da tensão; I1 – Componente fundamental da corrente; Ih – Componente do harmônico de ordem h da corrente; ZS – Impedância equivalente da fonte de alimentação; p0 – componente de sequência zero da potência instantânea; p0 – componente de sequência zero da potência instantânea; pαβ – componentes em quadratura (αβ) da potência instantânea; pαβ – componentes em quadratura (αβ) da potência reativa instantânea; v0 – componente de sequência zero da tensão instantânea na carga; vα – componente de eixo α da tensão instantânea na carga; vβ – componente de eixo β da tensão instantânea na carga; i0 – componente de sequência zero da corrente instantânea na carga; iα – componente de eixo α da corrente instantânea na carga; ω - freqüência angular da rede de alimentação; t – constante de tempo; θ - ângulo de defasagem entre a tensão de alimentação e corrente da carga; hmáx - máxima ordem da componente harmônica de tensão ou corrente; r1- resistência do enrolamento primário do transformador; r2’- resistência do enrolamento secundário referida ao primário do transformador; x1 – reatância de dispersão do enrolamento primário; x2 – reatância de dispersão do enrolamento secundário; xm – reatância de magnetização referida ao primário do transformador; 19 rm – resistência equivalente para modelagem das perdas no núcleo ferromagnético referida ao primário do transformador; rp- resistência do enrolamento primário do transformador; rs- resistência do enrolamento secundário do transformador; Lp – indutância de dispersão do enrolamento primário do transformador; Ls – indutância de dispersão do enrolamento secundário do transformador; i1 – corrente no primário do transformador; i2‘– corrente no secundário referida ao primário do transformador; Vfund – componente de freqüência fundamental da tensão de compensação; Is – Corrente no sistema de potência; Vcc – Tensão no barramento CC do conversor de freqüência; vcc(t)– Tensão instantânea no barramento CC do conversor de freqüência; If^ - Estimativa da componente fundamental da corrente no banco de capacitores; Ih^ - Estimativa da componente harmônica de ordem h da corrente no banco de capacitores; θh – ângulo de fase da componente de ordem h da corrente no banco de capacitores; θf – ângulo de fase da componente fundamental da corrente no banco de capacitores; ωh – freqüência angular da componente de ordem h da corrente no banco de capacitores; Iqh_flt – Componente de eixo em quadratura da componente harmônica de ordem h filtrada; Iqf_flt – Componente de eixo em quadratura da componente fundamental filtrada; ^ - símbolo usado para indicar grandezas estimadas; B(z) – numerador da função de transferência do filtro passa-baixas (PB) discreto; A(z) – denominador da função de transferência do filtro passa-baixas (PB) discreto; L* - referência de indutância ativa a ser sintetizada pelo compensador; Vh(t) – tensão harmônica instantânea; d - derivada em relação ao tempo; dt Iα - componente α no da referência de corrente para os algoritmos PLL – referencial estacionário; Iβ - componente β no da referência de corrente para os algoritmos PLL – referencial estacionário; Id - componente de eixo direta da corrente nos algoritmos PLL; Iq - componente de eixo direta da corrente nos algoritmos PLL; 20 * - valores utilizados para grandezas de referência; ωfbk - freqüência angular resultante da malha de realimentação dos algoritmos PLL; ωff – componente feed forward de freqüência utilizada nos algoritmos PLL; τ - constante de tempo; PI – controlador proporcional-integral Kp – ganho proporcional; Ki – ganho integral; Iq5h – componente de eixo em quadratura da corrente de quinto harmônico; Iq7h* –componente de eixo em quadratura da corrente de sétimo harmônico; L5h* – referência de indutância ativa para o quinto harmônico; L7h* – referência de indutância ativa para o quinto harmônico; vf(t) – componente fundamental instantânea da tensão de compensação para controle do barramento CC; g(t) – condutância em função do tempo; v1(t) – referência de tensão fundamental instantânea para controle do barramento CC do conversor; i1(t) – corrente instantânea fundamental utilizada para controle do barramento CC do conversor; Ip – corrente de pico da componente fundamental da corrente; P(t) – potência instantânea na saída do conversor; PQ(t) – potência reativa instantânea; ∆E(t) – Variação de energia armazenada no barramento CC do conversor; C – Capacitância do barramento CC do conversor; ∆vcc – Ripple de tensão no barramento CC do conversor; Ph – potência aparente associada à componente harmônica h; Ihrms’ – valor eficaz da corrente harmônica referida ao primário do transformador; Vhrms’ – valor eficaz da tensão harmônica referida ao primário do transformador; H – campo magnético; dl – incremento diferencial em comprimento; dr – incremento diferencial na direção radial; dz – incremento diferencial na direção z; B – vetor densidade de fluxo magnético; 21 d A – vetor diferencial de área; B(r)- densidade de fluxo magnético em função do raio r; µ - permeabilidade magnética do meio; µ0 - permeabilidade magnética do vácuo; µr - permeabilidade magnética relativa do material utilizado para construção do transformador; φ - fluxo magnético; b – comprimento do núcleo do transformador coaxial; r0 – raio externo do núcleo do transformador coaxial; ri – raio interno do núcleo do transformador coaxial; Ac – área da seção transversal do transformador coaxial; B(t) – densidade de fluxo instantânea no núcleo do transformador coaxial; Bf(t) – densidade de fluxo instantânea na freqüência fundamental; Bh(t) – densidade de fluxo instantânea na freqüência harmônica de ordem h; Bsatmax – máxima densidade de fluxo de saturação do material magnético utilizado no transformador coaxial; Vh2_rms – tensão eficaz sintetizada na componente harmônica de ordem h referida ao secundário do transformador; Vf2_rms – tensão eficaz sintetizada na freqüência fundamental referida ao secundário do tranformador; Lms – indutância de magnetização do transformador (referida ao secundário); g – comprimento do entreferro do transformador; Imag_h_p – corrente de magnetização referente à síntese de tensão no harmônico de ordem h do transformador referida ao primário; Imag_f_p – corrente de magnetização referente à síntese de tensão na freqüência fundamental do transformador referida ao primário; Imag_rms_p – corrente total eficaz de magnetização do transformador referida ao primário; vaux – tensão auxiliar utilizada para modelagem do transformador coaxial (ver figura 3.12); vp – tensão no primário do transformador; vL – tensão na indutância de dispersão do transformador (ver figura 3.12); vs‘– tensão no secundário do transformador referida ao primário; ip – corrente no primário do transformador (ver figura 3.12); 22 is – corrente no secundário do transformador; v ah (t ) – tensão harmônica de compensação na para fase a; vbh (t ) – tensão harmônica de compensação na para fase a; vvh (t ) – tensão harmônica de compensação na para fase a; ∆iα – perturbação na componente de eixo α da corrente rastreada pelo PLL; ∆iβ – perturbação na componente de eixo β da corrente rastreada pelo PLL; θ0 – ângulo de fase do ponto de operação do PLL; φf - densidade de fluxo no frequência fundamental; φh - densidade de fluxo no frequência harmônica de ordem h; vf1 – tensão induzida no enrolamento primário do transformador na frequência fundamental; vh1 – tensão induzida no enrolamento primário do transformador na frequência harmônica; vf2 – tensão induzida no enrolamento secundário do transformador na frequência fundamental; vh2 – tensão induzida no enrolamento secundário do transformador na frequência harmônica. ∆θ - pertubação em torno do ponto de operação θ0. Capítulo 1 Introdução 1.1. Relevância O avanço da tecnologia nos sistemas industriais, impulsionado pelo contínuo desenvolvimento da eletrônica de potência, vem aumentando significativamente a quantidade de cargas não-lineares, tais como inversores de freqüência, soft-starters, fornos a arco, máquinas de solda, etc., [1], [2], [3]. O aumento das cargas não-lineares introduz características adicionais no sistema elétrico de forma que a correção de fator de potência exija cuidados especiais com a distorção harmônica de tensão e corrente provocada por este tipo de carga. O efeito da distorção harmônica, caracterizado na literatura pelo fator de distorção [4], [5], aumenta as perdas no sistema de distribuição, reduz o fator de potência e pode provocar interferência eletromagnética nos equipamentos interligados ao sistema elétrico. Uma constante preocupação em relação à operação eficiente de uma instalação elétrica, seja industrial ou comercial, está relacionada ao fator de potência associado ao consumo de energia da instalação. A operação com baixo fator de potência implica em aumento da demanda de corrente para a realização de uma determinada atividade o que por sua vez aumenta as perdas nos sistemas de distribuição. O aumento das perdas, do ponto de vista da instalação consumidora, implica em aumento do custo de operação e, do lado da concessionária, aumenta os custos relativos ao dimensionamento e manutenção, uma vez que a capacidade do sistema de distribuição deve ser aumentada em comparação com uma mesma demanda de energia realizada com maior fator de potência. A solução mais empregada para a correção de fator de potência de um sistema elétrico industrial é a instalação de bancos de capacitores. Esta compensação é implementada de quatro maneiras distintas: correção na entrada de energia em alta tensão, correção na entrada de energia em baixa tensão, correção por grupos de cargas, correção localizada ou ainda uma solução mista utilizando as alternativas anteriores [6]. Quando a potência instalada de cargas não-lineares é significativa com relação às cargas lineares, as correntes que circulam no sistema podem apresentar forte distorção harmônica. Neste caso, a correção de fator de 24 potência utilizando somente banco de capacitores pode não ser efetiva e, além disso, a interação das reatâncias do sistema com o banco de capacitores pode resultar em ressonâncias potencialmente perigosas. Essas ressonâncias podem ser excitadas pelas componentes harmônicas originadas pelas cargas não-lineares, impossibilitando a utilização de banco de capacitores para a correção do fator de potência [7]. Esse tipo de ocorrência é freqüente no meio industrial, elevando o custo de operação de várias indústrias devido ao pagamento de multas pelo consumo excessivo de reativos e a majoração dos gastos para expansão dos sistemas de alimentação. Uma solução para a atenuação das harmônicas de corrente é a utilização de alternativas passivas, as quais consistem na utilização de filtros sintonizados constituídos basicamente por combinações da estrutura LC série [8]. Podem ser empregados tanto como filtros de bloqueio, criando caminhos de alta impedância entre a fonte e a carga, bem como filtros de confinamento que consistem basicamente na criação de caminhos de baixa impedância para a circulação de harmônicas de corrente [9]. Os filtros para confinamento das harmônicas de corrente podem provocar ressonâncias em outras freqüências, elevando os níveis de harmônicas que não causavam perturbações antes de sua instalação. Os filtros passivos apresentam características de compensação fixas. Sua utilização exige um criterioso estudo da planta antes de sua instalação. Estudos adicionais também serão necessários sempre que houver um acréscimo de carga no sistema ou mudanças na estrutura de distribuição de energia dentro da industria. Além dos problemas de ressonância pode-se citar como desvantagem dos filtros passivos o volume significativo e o fato de que as características de filtragem dependem da impedância da rede [9]. Como solução alternativa para a minimização da distorção harmônica de tensão e/ou corrente e correção de fator de potência em sistemas elétricos atualmente são empregados os filtros ativos [9], [10], [11], [12]. Estes são baseados na utilização de conversores estáticos controlados que são conectados com a rede de maneira a eliminar distorções de tensão ou de corrente e ainda efetuar a correção do fator de potência da carga [1], [9], [13]. Os filtros ativos podem ser agrupados em dois tipos: série e paralelo. Os filtros ativos tipo série isolam a carga contra perturbações na tensão da rede, tais como flutuações de tensão, distorção harmônica e notching. Os filtros do tipo paralelo funcionam injetando corrente 25 harmônica para compensar a demanda originada pela carga não-linear, evitando que essa corrente harmônica seja fornecida pela rede de alimentação. Se controlados adequadamente, podem compensar também a defasagem entre a tensão da rede e a corrente da carga, de maneira que o conjunto constituído da carga e filtro ativo demande uma corrente praticamente senoidal e em fase com a tensão da rede. Comparados com os filtros passivos os filtros ativos apresentam menor volume, não há problemas de ressonância com a rede e têm a capacidade de se adaptar às modificações de carga, ou seja, as características de compensação não são fixas. Além disso, normalmente não há a necessidade de um conhecimento prévio detalhado da planta antes da sua instalação. Os princípios básicos dos filtros ativos trifásicos foram propostos na década de 70 [9], [14],[15], [16], sua popularização ocorreu na década de 80 com o trabalho de Akagi e Nabae [17], no qual uma nova teoria de potências real e imaginária baseada no domínio do tempo, foi apresentada, permitindo a compensação em tempo real. A teoria é baseada no cálculo das componentes média e oscilante da potência e utiliza a transformação αβ0 (Clark). Os filtros ativos são constituídos de conversores estáticos que utilizam dispositivos semicondutores de potência para sua implementação. Os dispositivos semicondutores de potência representam grande parte do custo de tais equipamentos, sendo que este custo aumenta significativamente com a elevação da potência que deve ser manipulada pelo filtro, definida pelos níveis de tensão e corrente do sistema onde os filtros serão inseridos. O requisito de compensação de harmônicos implica na necessidade de ampla faixa de passagem do filtro, o que, por sua vez, limita a máxima potência dos conversores que podem ser utilizados. Uma alternativa que vem sendo proposta na literatura é a associação de diversos elementos de filtragem independentes, posicionados de forma distribuída na planta industrial com o objetivo de se otimizar o processo de filtragem [18], [19], [20]. O conceito desta abordagem é instalar diversos filtros, onde cada filtro é instalado junto a uma carga ou conjunto de cargas não-lineares específicas, evitando que as correntes harmônicas associadas a estas cargas circulem pelo sistema. A estratégia de filtros distribuídos pode permitir a obtenção dos resultados de compensação desejados a partir da utilização de filtros com menor capacidade, de forma que a potência total de filtragem seja menor quando comparados à instalação de filtros de forma localizada. 26 Para a redução do custo dos filtros ativos é proposta na literatura [9], [21], [22], a utilização de filtros híbridos, que consistem de uma combinação entre filtros passivos e filtros ativos. Além da redução de custo, a utilização de filtros híbridos apresenta desempenho superior, uma vez que a parte passiva do filtro pode ficar responsável por compensar uma maior parcela de reativos e/ou eliminar uma determinada componente harmônica e o filtro ativo faria a compensação final, garantindo uma compensação dinâmica ótima do sistema. A estrutura híbrida também contribui para atenuar as limitações do conversor, pois minimiza a potência necessária da parte ativa do filtro e ainda pode promover o ajuste “fino” no processo de correção de fator de potência e distorção harmônica. Apesar de praticamente sempre presentes no sistema elétrico, os harmônicos só geram problemas em casos específicos, entre os quais, destaca-se a interação com os capacitores para correção de fator de potência os quais, juntamente com as impedâncias do sistema, definem ressonâncias que são excitadas pelo conteúdo harmônico existente. É importante mencionar que independente da ocorrência da excitação de ressonâncias, a característica de impedância versus freqüência dos capacitores os converte em “absorvedores” naturais de harmônicos [23], [24]. Nessas condições os capacitores normalmente são os primeiros a falhar [25], trazendo prejuízos materiais e multas devido ao pagamento de multas por baixo fator de potência. Qualquer alternativa que possa ser utilizada para permitir a operação do sistema de correção de fator de potência na presença de harmônicos sem o desgaste prematuro de seus componentes e não representando um custo excessivo, quando comparado ao do sistema de correção de fator de potência, tem grande potencial de aplicação no meio industrial, justificando o empreendimento de esforço para o seu desenvolvimento. A possibilidade de introduzir seletivamente impedâncias série em freqüências harmônicas específicas fornece uma valiosa ferramenta de controle de fluxo de harmônicos, mantendo-se totalmente independente o fluxo de potência na freqüência fundamental, o que confere um alto grau de flexibilidade para o gerenciamento de instalações elétricas e redução dos custos na implementação de soluções. O foco deste trabalho é a implementação de um sistema capaz de sintetizar e introduzir de forma flexível impedâncias harmônicas em sistemas elétricos industriais. O trabalho pretende apresentar uma estrutura para estimativa de amplitude e fase das correntes fundamental e 27 harmônica e realização da geração das tensões correspondentes para a síntese das impedâncias harmônicas desejadas. Será realizada também uma avaliação dos requisitos do projeto do sistema de injeção de tensão, baseado em conversor de freqüência e transformador de acoplamento coaxial, o qual constitui uma forma eficiente e flexível para injeção das tensões harmônicas, permitindo a rápida instalação a partir da utilização do próprio cabo do sistema de potência como secundário do transformador. 1.2. Objetivos Os objetivos desse trabalho de pesquisa podem ser sumarizados da seguinte forma: • Desenvolver um sistema ativo, baseado no uso de conversor de freqüência, para síntese de impedâncias em harmônicos específicos permitindo o controle de fluxo de harmônicos em sistemas elétricos industriais; • Desenvolver uma estratégia para a obtenção da amplitude e fase das componentes fundamental e harmônica de corrente e respectiva síntese de tensão harmônica correspondente à impedância a ser inserida; • Propor um sistema de indução de tensão baseado no uso de transformador coaxial para permitir a utilização do próprio cabo de potência do sistema alvo como secundário, resultando em um sistema de grande flexibilidade para instalação; • Avaliar o desempenho do sistema proposto na aplicação na dessintonia ativa de bancos de capacitores e controle do fluxo de harmônicos. 1.3. Proposta de Trabalho A proposta de trabalho consiste na realização das seguintes atividades: 28 • Estudo de estruturas para realizar a estimativa da amplitude e fase das componentes de corrente do sistema a ser compensado; • Levantamento dos requisitos de projeto do transformador axial para a indução da tensão harmônica desejada; • Definição dos parâmetros construtivos básicos do conversor estático utilizado para a síntese da tensão desejada; • Projeto das estruturas de controle necessárias – barramento CC do conversor e sintonia de algoritmos PLL; • Avaliação dos requisitos de proteção do sistema; • Projeto de protótipo para a avaliação prática do sistema proposto; • Obtenção e avaliação de resultados experimentais da aplicação do sistema desenvolvido. 1.4. Contribuições As principais contribuições deste trabalho de pesquisa são destacadas abaixo: • Avaliação de custos de soluções para correção de fator de potência na presença de harmônicos; • Desenvolvimento de uma estratégia de estimação de correntes e síntese de tensões harmônicas de forma seletiva; • Desenvolvimento de um sistema inovador, baseado na utilização de transformador coaxial, para a inserção de impedâncias controladas em sistemas elétricos industriais para o controle de fluxo de harmônicos; • Redução da utilização de sensores e a dependência do conhecimento imediato da causa da distorção de corrente para a efetivação da compensação harmônica; 29 • Apresentação de resultados de simulação da aplicação do sistema proposto em uma aplicação industrial típica, a qual apresenta significativa variação dinâmica, confirmam a viabilidade da utilização do sistema. 1.5. Organização do Texto No capítulo 2 é feita uma descrição geral sobre a questão de harmônicos em sistemas elétricos. São apresentadas as principais recomendações nacionais e internacionais e as soluções normalmente adotas para a mitigação. Também é apresentada uma pesquisa bibliográfica sobre ativos filtros híbridos, tema diretamente relacionado à proposta apresentada neste trabalho, acompanhada de uma pesquisa de mercado que avalia as alternativas de filtros ativos e híbridos efetivamente disponíveis para aquisição no mercado. Uma discussão objetiva sobre as soluções para correção de fator de potência quando da presença de harmônicos é apresentada, a qual aborda aspectos importantes sobre o custo da solução e a necessidade de uma solução com melhor custo-benefício. O capítulo 3 apresenta toda a formulação da estratégia e respectiva fundamentação do sistema de síntese da impedância harmônica ativa, apresentando a estratégia de estimação de correntes harmônicas e síntese de tensão. Também são abordadas as características básicas do projeto dos itens que compõe o hardware do sistema: o transformador coaxial e o conversor de freqüência. O transformador coaxial é analisado de forma analítica e experimental através de ensaios de determinação de parâmetros de um protótipo. Também é discutida uma estratégia para proteção do compensador proposto contra curto-circuito no sistema de potência, incluindo resultados de simulação e experimentais preliminares do sistema de proteção. Finalmente no capítulo é apresentada a formulação necessária para a extensão do conversor proposto para uma versão trifásica do compensador. O capítulo 4 é dedicado à apresentação dos resultados de simulação da aplicação do sistema de impedância harmônica ativa em um banco de capacitores para correção de fator de potência, o qual apresenta ressonância no quinto harmônico. Nas simulações o sistema desenvolvido é aplicado para o bloqueio de fluxo de harmônico no banco capacitores. São apresentadas simulações considerando fonte harmônica ideal de corrente e tensão, fonte 30 harmônica representada por retificador e ainda compensação simultânea de quinto e sétimos harmônicos. Também são apresentados neste capítulo resultados de simulação relacionados à implementação trifásica do compensador proposto. Finalmente, no mesmo capítulo são apresentados os resultados experimentais obtidos até a elaboração deste texto. Os resultados apresentados foram obtidos com protótipo monofásico em pequena escala e representam uma prova de conceito para atestar a viabilidade do projeto proposto. O capítulo 5 sumariza as conclusões deste trabalho ressaltando os principais resultados e contribuições. Também são apresentadas propostas de investigações futuras a partir das idéias e resultados desenvolvidos neste trabalho. Capítulo 2 Harmônicos – Recomendações e Soluções para Mitigação. 2.1. Introdução Com o objetivo de evidenciar os principais aspectos considerados no desenvolvimento do trabalho, neste capítulo é realizada uma revisão geral sobre harmônicos apresentando os principais padrões internacionais relacionados ao controle dos níveis de distorção harmônica e as principais técnicas utilizadas atualmente para a mitigação de harmônicos. Resultados de uma pesquisa bibliográfica relacionada a alternativas ativas e híbridas de mitigação harmônica são apresentadas neste capítulo. Também é apresentado um levantamento da disponibilidade comercial das soluções ativas e híbridas no mercado nacional incluindo alguns fabricantes de atuação mundial. Na seção 2.4 é apresentado um estudo objetivo relacionado ao custo de soluções para correção de fator de potência em sistemas com significativa distorção harmônica, evidenciando a necessidade de soluções com melhor relação custo-benefício. Os tópicos abordados neste capítulo permitem obter uma visão geral do cenário de inserção deste trabalho e não tem o objetivo de discorrer sobre detalhes específicos sobre os respectivos tópicos. Discussões mais detalhadas poderão ser encontradas nas referências ao longo do texto. No anexo deste trabalho, para fins de referência rápida, é apresentado um resumo que descreve as principais fontes de harmônicos e os efeitos nos principais equipamentos elétricos industriais. Referências citadas ao longo do texto devem ser consultadas para se obter uma descrição mais detalhada dos tópicos abordados. 2.2. Principais Recomendações sobre Harmônicos Basicamente existem dois conjuntos de recomendações sobre harmônicos: um voltado para o estabelecimento de condições gerais dos sistemas de potência e de distribuição das 32 concessionárias e consumidores, e outro voltado para o estabelecimento de requisitos de emissão e suscetibilidade de equipamentos elétricos. 2.2.1. Recomendações Direcionadas a Sistemas No Brasil, no final de 2008, foi aprovado junto à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) o PRODIST – Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional [26]. As Tabelas 2.1 e 2.2, retiradas de [26] mostram, respectivamente, os valores de referência globais para as distorções harmônicas totais de tensão e os níveis de referência para distorções harmônicas individuais de tensão. A distorção harmônica total da tensão (DTT) e a distorção harmônica total de corrente (DTC) são calculadas pelas expressões (2.1) e (2.2), respectivamente. O espectro harmônico a ser considerado para o cálculo da distorção total de tensão ou da corrente deve compreender uma faixa de freqüências que considere desde a componente fundamental até no mínimo a 25ª componente harmônica. (2.1) hmáx ∑Vh2 DTT = h=2 V1 × 100 (2.2) hmáx ∑ I h2 DTC = h=2 I1 × 100 Tabela 2.1: Valores de referência global das distorções harmônicas totais (% da tensão fundamental). Tensão nominal do Barramento Distorção Harmônica Total de Tensão – DTT VN ≤ 1kV 10% 1kV < VN ≤ 13,8 kV 8% 13,8kV < VN ≤ 69 kV 6% 69kV < VN ≤ 230 kV 3% 33 Tabela 2.2: Níveis de referência para distorções individuais de tensão (% da tensão fundamental). O sub-módulo 2.8 do documento “Procedimentos de Rede” [27], estabelece os critérios a serem adotados para a distorção harmônica de tensão na rede básica e seus componentes. Os limites são estabelecidos considerando a determinação do valor de distorção de tensão que foi superado em apenas 5% dos registros obtidos no período de 1 dia (24 horas), ao longo de 7 dias consecutivos, sendo o maior valor diário utilizado como referência para comparação com 34 os limites estabelecidos nas tabelas 5 (limites globais) e 6 (limites individuais) do referido documento, as quais são reproduzidas nas tabelas 2.3 e 2.4 a seguir. Tabela 2.3: Limites globais de tensão expressos em porcentagem da tensão fundamental [27]. Tabela 2.4: Limites individuais em porcentagem da tensão fundamental [27]. A tabela 2.5, extraída de [28], resume os padrões internacionais adotados com relação à distorção harmônica. É importante mencionar que a tabela 10.3 do padrão IEEE 519, reproduzida na tabela 2.6, têm sido utilizado de forma errônea [29] para o estabelecimento de limites para a análise de equipamentos ou subsistemas, utilizando-se como referência a razão de curto circuito do equipamento, enquanto que o padrão estabelece a avaliação de toda a instalação consumidora, utilizando-se a razão de curto circuito no PCC e a corrente de demanda de toda a instalação. Também é importante citar o padrão IEC 61000-4-30 “Testing Measurement Techniques – Power Quality Measurement Methods”, a qual define requisitos básicos para a realização de medições para caracterização da qualidade da energia em sistemas elétricos. No Brasil, a ABNT deverá editá-la gerando a norma NBR IEC 61000-4-30 Compatibilidade Eletromagnética (CEM) Parte 4-30 “Técnicas de Medição – Métodos de Medição da Qualidade da Energia Elétrica”. 35 Tabela 2.5: Normas Internacionais Norma IEC 61000-3-6 IEC 61000-2-2 IEEE 519 Abrangências Sub-área de abrangências Rede de distribuição das concessionárias Estabelece os níveis de planejamento para os sistemas das concessionárias e as etapas que devem ser consideradas para limitar as injeções dos harmônicos dos consumidores, assegurando a Compatibilidade Eletromagnética. Sistemas de baixa São estabelecidos os níveis de compatibilidade tensão de distribuição dos distúrbios conduzidos no ponto de das concessionárias. acoplamento comum, PAC, dos sistemas de distribuição das concessionárias. Sistemas das Estabelece alguns critérios técnicos, para concessionárias e dos avaliações dos harmônicos, os limites máximos consumidores em das correntes harmônicas injetáveis nos qualquer nível de sistemas e os níveis máximos das tensões tensão harmônicas permitidas para estes sistemas. Tabela 2.6: Reprodução da Tabela 10.3 – IEEE519-1992 36 2.2.2. Recomendações Direcionadas para Equipamentos A tabela 2.7 apresenta uma lista dos principais padrões internacionais voltados para o estabelecimento de critérios de emissão e suscetibilidade de equipamentos com relação à distorção harmônica [29]. O conhecimento dos padrões relativos aos equipamentos apresenta grande importância no momento do planejamento da aquisição e instalação dos mesmos, pois a partir da verificação dos padrões atendidos pelos fabricantes pode-se realizar a avaliação do impacto desses equipamentos na instalação elétrica onde os mesmos serão instalados. No Brasil, a prática tem sido a adoção das normas internacionais, principalmente as normas IEC. Atualmente no Brasil não existe uma regulamentação em relação à limitação de distorções harmônicas semelhante à existente em relação ao fator de potência, o que implica que não são estabelecidas multas em caso de não atendimento aos critérios adotados. Os padrões relativos à distorção harmônica têm sido discutidos mas, ações efetivas para a mitigação só são realizadas quando há ocorrência de problemas de funcionamento dos sistemas elétricos e/ou dos equipamentos a eles conectados. Por outro lado, têm-se verificado nos últimos anos uma intensa movimentação por parte dos agentes (ANEEL, concessionárias, fabricantes de equipamentos elétricos e consumidores) no sentido de estabelecer uma regulamentação que preverá a taxação dos agentes, de acordo com sua responsabilidade, conforme pode ser observado nas apresentações plenárias e palestras apresentadas durante a Conferência Brasileira sobre Qualidade da Energia, realizado em Blumenau em 2009. 37 Tabela 2.7: Padrões internacionais relativos a distorção harmônica de equipamentos elétricos. Padrão Descrição IEC61000-2-2 Compatibility Electromagnetic Compatibility conducted disturbances and signalling in (EMC) public low-voltage power supply systems. levels for low frequency Estabelece os níveis de compatibilidade para distúrbios de baixa freqüência em sistemas elétricos públicos de baixa tensão. Este padrão define basicamente os critérios de projeto para os fabricantes de equipamentos de forma a garantir características mínimas de imunidade. IEC61000-2-4 Compatibility levels in industrial plants for low Electromagnetic Compatibility frequency conducted disturbances. (EMC) Este padrão é semelhante ao IEC1000-2-2, porém o mesmo compatibilidade estabelece para redes níveis de industriais e privadas. São cobertas tanto redes de baixa tensão quanto de média tensão, excluindo redes para embarcações, aeronaves, plataformas marítimas e ferrovias. IEC61000-3-2 Limits Electromagnetic Compatibility (equipment current < 16 A per phase). Este (EMC) padrão trata dos limites de emissão de corrente for harmônica harmonic de current equipamentos emissions individuais conectados a redes públicas. IEC61000-3-4 Este padrão determina os limites de emissão de Electromagnetic Compatibility corrente (EMC) individuais tendo corrente nominal de 16A até harmônica para equipamentos 75 A, sendo aplicado à redes públicas com tensões nominais entre 230V monofásico a 600V trifásico 38 2.3. Soluções para a Mitigação de Harmônicos Nesta seção as principais soluções utilizadas atualmente para a mitigação de distorção harmônica são abordadas. O objetivo é apresentar os tipos de soluções empregadas, dando-se foco nas alternativas ativas e híbridas de compensação. Não serão discutidas neste trabalho soluções alternativas como, por exemplo, alterações na instalação elétrica no sentido da redistribuição de cargas, as quais são demasiadamente dependentes da configuração do sistema em cada caso. 2.3.1. Filtros Passivos Uma solução para a atenuação das harmônicas de corrente, utilizando componentes passivos, consiste na utilização de filtros sintonizados constituídos basicamente da estrutura LC série [23], [30], [31]. Podem ser empregados tanto como filtros de bloqueio, criando caminhos de alta impedância entre a fonte e a carga (figura 2.1), bem como filtros de confinamento (figura 2.2) que consistem basicamente na criação de caminhos de baixa impedância para a circulação de harmônicas de corrente [9], [24]. Figura 2.1: Filtro passivo série para bloqueio de harmônicos. Figura 2.2: Filtro passivo paralelo (shunt) para confinamento de harmônicos. 39 Os filtros passivos apresentam características de compensação fixas. Sua utilização exige um criterioso estudo da planta antes de sua instalação e também toda vez que houver um acréscimo de carga no sistema. Além dos problemas de ressonância pode-se citar como desvantagem dos filtros passivos o volume físico significativo e o fato de que as características de filtragem dependem da impedância da rede [24]. 2.3.2. Filtros Ativos Uma solução alternativa para a correção de fator de potência e minimização da distorção harmônica de tensão e/ou corrente em sistemas elétricos esta no uso de filtros ativos [9], [10], [11], [31]. Estes são constituídos basicamente por conversores estáticos conectados com a rede de maneira a eliminar distorções de tensão ou de corrente e ainda efetuar a correção do fator de potência da carga [1], [8], [9], [13]. Na figura 2.3 é apresentado o diagrama em blocos generalizado que descreve o princípio de funcionamento dos filtros ativos. Basicamente, a informação relacionada às correntes e/ou tensões do sistema são obtidas e repassadas ao estimador dos sinais de referência, o qual realiza o desacoplamento entre a componente fundamental e as componentes harmônicas e calcula as referências a serem utilizadas para gerar os comandos de controle do circuito de potência, de forma a realizar a mitigação harmônica de acordo com a estratégia escolhida. Como apresentado na figura 2.3, é possível realizar a compensação utilizando-se as grandezas no lado da carga ou no lado da fonte. 40 Figura 2.3: Esquema básico de funcionamento dos filtros ativos 2.3.2.1. Filtros Ativos Paralelos A configuração paralela, também denominada “shunt” é a mais difundida em aplicações de filtragem ativa e existe uma ampla literatura técnica sobre sua implementação e aplicação [10], [32], [33], [34], [35], [36], [37], [38], [39], [40], [41], [42]. Filtros tipo shunt atuam como fonte de corrente, compensando as harmônicas de corrente devido à presença de cargas não-lineares. A operação do filtro paralelo, mostrada de forma simplificada na figura 2.4, é baseada na injeção da corrente de compensação a qual é igual à componente de corrente de distorção, defasada em 180 graus, eliminando, portanto, a componente de corrente distorcida original, do ponto de vista da fonte. A corrente de compensação é obtida a partir da medição da corrente na carga e subtraindo-a de uma referência senoidal. O objetivo do filtro é fazer com que seja drenada da fonte apenas uma corrente senoidal, sendo que as componentes harmônicas drenadas pela carga não-linear sejam fornecidas pelo filtro. De acordo com [43] e [44], caso não ocorra compensação harmônica total, existe a possibilidade de existência de amplificação harmônica devido à ressonância nos métodos baseados na compensação da 41 corrente na carga. Nas subseções seguintes são tratadas as principais implementações ativas encontradas na literatura. Figura 2.4: Filtros ativos série e paralelo Supondo que a corrente de carga não-linear possa ser escrita como a soma da componente fundamental e as componentes harmônicas então: I L = I Lf + I Lh (2.1) Quanto a corrente de compensação a ser fornecida pelo filtro ativo esta deve ser: I f = I Lh , fato este que conduz a: I s = I L − I f = I Lf (2.2) A qual deverá conter apenas a componente fundamental da corrente da carga. Do ponto de vista da carga não-linear o filtro pode ser considerando como uma impedância paralela variável. A impedância é zero, ou bem pequena, para as freqüências harmônicas e praticamente infinita para a freqüência fundamental. Como resultado, a redução da distorção de tensão ocorre pelo fato de que o fluxo de correntes harmônicas pela impedância da fonte ser reduzida. Filtros paralelos têm a vantagem de suprirem basicamente a corrente de compensação adicionada a uma pequena corrente fundamental necessária para compensar as perdas no sistema. É possível também realizar compensação de reativos. Além disso, é também possível conectar diversos filtros em paralelo para obter altas correntes de compensação , o que torna este tipo de circuito aplicável a uma ampla faixa de potências [45] e ainda adequado para realização de compensação distribuída [18], [19], [20]. Comparando com os filtros passivos, não geram problemas de ressonância com a rede e têm a capacidade de se adaptar as modificações de carga, ou seja, as características de compensação não são fixas. Além disso não há, normalmente, a necessidade de um conhecimento prévio detalhado da planta antes da sua instalação. 42 Do ponto de vista de hardware, um filtro ativo paralelo consiste no uso do conversor VSI (voltage source inverter) controlado como fonte de corrente, devido a sua topologia já conhecida e bem estabelecida e ainda a facilidade de instalação. A figura 2.5 apresenta a topologia típica utilizada. Ela consiste no conversor PWM, o qual utiliza IGBTs como dispositivos semicondutores para implementação das chaves eletrônicas, capacitores para a formação do barramento CC e indutores de acoplamento. Figura 2.5: Filtro ativo em um sistema de alimentação. 2.3.2.2. Filtros Ativos Série O princípio de aplicação e a topologia típica dos filtros série são apresentados nas figuras 2.6 e 2.7. O filtro é conectado em série com o alimentador através de um transformador de acoplamento. O conversor VSI é utilizado como fonte de tensão controlada. O princípio de operação é semelhante aos filtros paralelos, porém, substituindo-se o indutor de acoplamento pelo transformador [9], [35]. Figura 2.6: Filtros ativos série 43 Figura 2.7: Topologia típica dos filtros ativos série A operação dos filtros série é baseada no bloqueio do fluxo dos harmônicos entre a carga nãolinear e a fonte. Isto é obtido a partir da injeção de tensões harmônicas (vf) através do transformador de acoplamento. As tensões harmônicas injetadas são somadas/subtraídas com/da tensão da fonte com o objetivo de manter uma forma de onda senoidal para a carga não-linear. O filtro série pode ser pensado como um isolador de harmônicos. Ele é controlado de forma que apresenta impedância nula para componente fundamental, mas aparece como um resistor com alta impedância para componentes harmônicas. Filtros ativos série são bem menos comuns do que os filtros paralelos, o que é resultante dos altos níveis de corrente a qual o filtro deve ser submetido, uma vez que toda a corrente fundamental passa pelo primário do transformador de acoplamento, aumentando as perdas no filtro. Outra dificuldade é a proteção do conjunto em situações de falta tais como curtocircuito por exemplo. Contudo, a principal vantagem dos filtros série é que eles são ideais para eliminação de distorção de tensão. Com os filtros série é possível fornecer uma tensão praticamente senoidal para as cargas sensíveis (tais como dispositivos de proteção). Essa característica torna os filtros série aplicáveis na melhoria da qualidade da tensão de distribuição [35], [46], [47]. Na literatura a implementação de filtros ativos série é extensivamente discutida quando da utilização para a implementação de filtros híbridos, os quais serão discutidos na seção 2.4.2.4. 44 2.3.2.3. Principais Estratégias para a Obtenção dos Sinais de Compensação para os Filtros Ativos A obtenção dos sinais de referência a serem sintetizados pelo conversor para a realização da compensação harmônica representa um componente de grande importância para que seja assegurada a operação correta do filtro ativo. A obtenção da estimativa do sinal de referência é iniciada a partir da medição dos sinais essenciais de tensão ou corrente, de forma que seja possível obter de forma precisa a informação sobre as variáveis de interesse. Tipicamente, a tensão da fonte CA, a tensão do barramento CC do inversor e a tensão de saída do transformador de interface são adquiridas. As variáveis de corrente típicas são: corrente de carga, da fonte, de compensação e no link CC. Baseado nesses sinais de feedback, os sinais de referência em termos de níveis de tensão ou corrente harmônicos são estimados no domínio do tempo ou no domínio da freqüência. A figura 9, adaptada de [35] apresenta as principais técnicas de estimação de sinais de referência, as quais podem ser divididas em dois grupos principais: técnicas baseadas em análise no domínio do tempo e técnicas baseadas na análise no domínio da freqüência. Uma classificação semelhante também é utilizada em [48]. Neste último é realizada uma comparação, em termos de resultados de simulação, de desempenho entre as várias técnicas tanto no domínio do tempo quanto das técnicas baseadas no domínio da frequência. Em suma, as técnicas baseadas no domínio da freqüência são baseadas no princípio de análise de Fourier. Em princípio, a transformada rápida de Fourier (FFT) é aplicada ao sinal amostrado de tensão ou corrente e então as componentes harmônicas são separadas da componente fundamental. A transformada inversa de Fourier é então aplicada para estimar o sinal de referência para o conversor PWM responsável por sintetizar a grandeza de controle [33], [35], [48]. A principal desvantagem das técnicas baseadas no uso da transformada de Fourier é o atraso, de meio a um ciclo de rede, relacionado ao processo de amostragem e cálculo dos coeficientes de Fourier, o que é especialmente crítico para cargas elevada dinâmica [13], [33], [35], [48]. Algumas modificações foram propostas com o objetivo de acelerar o processamento, como em [49], onde somente a componente fundamental é calculada e utilizada para separar as componentes harmônicas do sinal amostrado. 45 Figura 2.8: Estratégias para obtenção dos sinais de referência para compensação harmônica. As técnicas baseadas no domínio do tempo foram identificadas como as mais difundidas na literatura sobre filtros ativos e são baseadas na estimação instantânea dos sinais de referência na forma de uma tensão ou corrente a partir de sinais instantâneos medidos no sistema. Embora sejam baseados no uso de transformações de coordenadas [48], [49] ou na integração de grandezas para cálculo de potências médias, esses métodos mantém seu fundamento na obtenção de funções no domínio do tempo ao invés da realização de transformações no domínio da freqüência como nos métodos baseados na transformada Fourier. A teoria das potências ativa e reativa instantâneas (p-q) foi proposto por Akagi et. al. [9], [50], [51], [52]. A teoria é baseada na transformação αβ0 a qual representa grandezas trifásicas no sistema estacionário αβ0. A partir destas quantidades transformadas as potências reativa e ativa instantâneas da carga não-linear são calculadas (utilizando-se a equação (2.3)), as quais consistem de uma componente CC e uma componente CA [53]. A componente CA é extraída utilizando um filtro passa altas e a aplicação da transformada inversa resulta na obtenção dos sinais de referência para compensação harmônica. Alternativamente [35], ao 46 invés das componentes CA serem extraídas, as componentes CC são extraídas utilizando-se filtros passa-baixa e aplicando-se a transformação inversa para obter os sinais de compensação. p 0 v 0 pαβ = 0 q 0 αβ 0 vα − vβ 0 i0 v β ⋅ iα vα i β (2.3) Para aplicar o teorema p-q em sistemas monofásicos, algumas modificações no teorema original foram propostas, conforme apresentado por Dobrucky [54]. Assumindo que a tensão da fonte (vs) e a corrente de carga (iL) de um sistema monofásico são definidos como: vs (t ) = 2Vs sin(ωt ) (2.4) iL (t ) = 2 I L sin(ωt + θ ) (2.5) Incluindo um deslocamento de fase de 90°, obtém-se a tensão e correntes complementares, definidas como: v 's (t ) = 2Vs sin(ωt − 90°) (2.6) i 'L (t ) = 2 I L sin(ωt + θ − 90°) (2.7) As componentes no sistema ortogonal αβ são obtidas como: vα = vs (t ) e vβ = v 's (t ) (2.8) iα = iL (t ) e iβ = iL' (t ) (2.9) Portanto, a potência ativa instantânea da carga pode ser calculada como: p = vα iα + vβ iβ = p + ~ p (2.10) A potência reativa instantânea pode ser escrita como: q = vα iβ − vβ iα = q + q~ (2.11) 47 ~ ~ As componentes CA das potências ativa e reativa instantânea ( q e p ) são extraídas utilizando-se filtros passa altas. As componentes CA são utilizadas para gerar os sinais de referência para a compensação de harmônicos. O teorema da detecção síncrona [55] é similar ao teorema p-q. Esta técnica é aplicável somente para sistemas trifásicos e sua operação considera o fato de que as correntes trifásicas são balanceadas. Ele é baseado na idéia de que o filtro ativo força a corrente da fonte a ser senoidal e em fase com a fonte, independentemente das variações da carga. A potência média é calculada e dividida igualmente entre as três fases. O sinal de referência é então sincronizado relativo à tensão na fonte de cada fase. A teoria do sistema de referência síncrono é baseada no uso transformação de Park, a qual transforma o sistema trifásico de variáveis de tensão e corrente em um sistema síncrono girante [33], [35], [43], [46], [56], [57], [58], [59]. Nesta técnica, é utilizado um sistema de coordenadas (dq) girando à velocidade síncrona sobre o qual as grandezas elétricas de interesse (correntes, por exemplo) são referenciadas. Como resultado, as componentes fundamentais são transformadas em quantidades CC as quais são separadas das quantidades harmônicas utilizando-se filtros passa-baixas. É possível, como comentado em [57] e também utilizado neste trabalho, aplicar a transformação de Park utilizando-se um conjunto de referenciais girantes em cada freqüência harmônica desejada. Dessa forma deve-se para cada harmônica aplicar filtro passa-baixa para determinar sua amplitude. Uma desvantagem da utilização de referenciais síncronos é a necessidade de implementação de algoritmos PLL para a determinação do ângulo de fase utilizado como referência para o cálculo da transformação de referenciais. Originalmente as técnicas baseadas na transformação para referencial síncrono são aplicadas somente a sistemas trifásicos, porém, em [60] e [61] é apresentada uma estratégia para a emulação de sistemas trifásicos com o objetivo de aplicar a técnica a sistemas monofásicos. O cálculo das grandezas de interesse é instantâneo porém existe um atraso inerente à utilização dos filtros para obtenção das quantidades CC. O teorema da multiplicação por seno é baseado no processo de multiplicar a corrente de carga não-linear por uma senoide na frequência fundamental e integrando o resultado para calcular a componente fundamental real da corrente de carga [33], [34], [35], [62]. Esta técnica é 48 aplicável a sistemas trifásicos e monofásicos. A diferença entre a corrente instantânea da carga e a componente fundamental é usada como referência para a compensação harmônica. Embora esta técnica elimine o atraso relativo ao uso de filtros, seu desempenho ainda é lento devido ao processo de integração e amostragem, de forma a ter desempenho similar às técnicas baseadas na análise de Fourier [35]. 2.3.2.4. Filtros Híbridos Para a redução do custo dos filtros ativos propõem-se a utilização de filtros híbridos, que consistem de uma combinação entre filtros passivos e filtros ativos [9], [21], [22], [63], [64]. Além da redução de custo, a utilização de filtros híbridos apresenta desempenho superior, uma vez que a parte passiva do filtro pode ficar responsável por compensar uma maior parcela de reativos e/ou eliminar uma determinada componente harmônica e o filtro ativo faria a compensação final, garantindo uma compensação dinâmica ótima do sistema. As principais configurações de filtros híbridos são: • Filtro passivo paralelo combinado com filtro ativo paralelo, conforme indicado na figura 2.9 – a, onde o filtro ativo compensa as harmônicas de corrente de baixa ordem e o filtro passivo compensa as harmônicas de alta freqüência [35], [36], [56], [65], [66]. De fato, do ponto de vista de opções no mercado, este é o filtro híbrido mais aplicado em campo na compensação de sistemas em baixa tensão. • Filtro ativo série combinado com filtro passivo paralelo [9], [21], [62], [65], [67], [68], [69], [70] conforme apresentado na figura 2.9 - b. Neste caso o filtro ativo série atua como uma impedância variável de maneira que o filtro passivo passa a ter uma característica praticamente ideal. Duas características são conseguidas com este tipo de configuração: o filtro passivo apresenta uma característica de impedância mínima para a harmônica de corrente em questão e a impedância da rede apresenta valor máximo com o objetivo de bloquear o fluxo de componentes harmônicas para a fonte. As ressonâncias entre o filtro passivo e a impedância da rede são eliminadas. • Filtro ativo conectado em série com o filtro passivo paralelo, como apresentado na figura 2.9 - c. Neste caso o filtro híbrido, conectado em paralelo com a carga passa a ter uma característica de filtragem praticamente ideal [9], [21], [71], [43], [57], 49 [59], [63], [64], [65], [72], [73], [74], de forma que a parcela ativa compensa os desvios associados ao filtro passivo. Esta alternativa é a mais indicada para a compensação em sistemas em média e altas tensões, uma vez que a tensão suportada pelo filtro ativo é, tipicamente, da ordem de 1 a 5% da tensão nominal do sistema. Essa alternativa de filtro híbrido é a mais discutida na literatura, conforme indicado nas referências citadas. Figura 2.9: Filtros híbridos: a) Filtro híbrido ativo paralelo combinado com filtro passivo paralelo. b) Filtro ativo série combinado com filtro passivo paralelo. c) Combinação série, instalada em paralelo com a carga, de filtro passivo e filtro ativo série. 50 Embora a maioria das referências sobre filtros híbridos que utilizam filtro ativo série utilizarem o transformador funcionando, praticamente, como um transformador de corrente, de forma que a tensão fundamental seja praticamente nula, trabalhos recentes [62], [71] têm utilizado a indutância de magnetização do transformador como elemento para inserção da tensão harmônica de controle. Nesses trabalhos como mostrado na figura 2.10 (adaptada de [71], o conversor injeta no secundário do transformador apenas correntes harmônicas (i2), funcionando como um circuito aberto para a fundamental, assim, a indutância de magnetização é inserida em série com o sistema de potência, o que implica numa queda de tensão não desprezível na freqüência fundamental. Essa queda é minimizada projetando-se o transformador para obter-se um valor reduzido para a indutância de magnetização. Essa alternativa possui uma grande vantagem do ponto de vista do conversor , uma vez que o mesmo não necessita suprir a componente fundamental da corrente no sistema. Por outro lado, uma vez que o transformador deve suportar a queda de tensão relativa a passagem da corrente fundamental pela indutância de magnetização, o volume desse transformador deverá ser maior em relação às abordagens anteriores. Figura 2.10: Utilização da indutância de magnetização do transformador para síntese de tensão harmônica de controle: implementação física e circuito equivalente. A necessidade de utilização de indutores controláveis para a implementação de filtros híbridos também têm levado a caminhos alternativos para a sua implementação. Em [66] uma estrutura baseada em um indutor ajustado mecanicamente, através de um sistema de controle de posição, é utilizada para o ajuste da sintonia de um filtro harmônico híbrido. Essa abordagem leva à necessidade de construção mecânica especial, a qual é baseada na variação da indutância a partir do controle de posição angular entre um enrolamento fixo e um núcleo magnético móvel, como mostrado na figura 2.11. Além da construção mecânica especial, 51 ainda é necessário um sistema de posicionamento de precisão, que torna sua aplicação pouco interessante para produção em série. Figura 2.11: Indutor mecanicamente variável proposto em [66]. 2.4. Bancos de Capacitores para Correção de Fator de Potência e Harmônicos 2.4.1. Tecnologias Bancos de capacitores na indústria não são diretamente associados com o processo produtivo e é comum que sua necessidade seja reconhecida pelos gerentes industriais apenas através de multas por operação em baixo fator de potência [75] aplicadas pela concessionária de energia elétrica. Duas tecnologias de capacitores são amplamente aplicadas em sistemas para correção de fator de potência: capacitores de filme polipropileno metalizado (capacitores a seco) capacitores de filme polipropileno impregnados a óleo. Normalmente, por causa do custo de aproximadamente 30% em relação aos capacitores impregnados a óleo, os capacitores de filme polipropileno metalizado – PPM são a primeira escolha quando o objetivo é satisfazer os requisitos de fator de potência impostos pelas concessionárias de energia elétrica. Os fabricantes desta tecnologia de capacitores normalmente recomendam sua utilização em níveis máximos de corrente e tensão harmônica limitados a 10-15% e 2-5%, respectivamente, embora seja muito comum que a aplicação de 52 bancos de capacitores resulte em níveis maiores de distorção, quando da presença significativa de cargas não-lineares, levando a freqüentes falhas nos capacitores e outros componentes do sistema. 2.4.2. Considerações de Custo Relacionadas à Correção de Fator de Potência na Presença de Harmônicos Com o objetivo de esclarecer a necessidade de soluções com melhor relação custo-benefício para compensação reativa na presença de harmônicos, é interessante realizar uma comparação de custos considerando soluções desde bancos de capacitores puros e avançando em direção às alternativas onde harmônicos são tratados numa ordem crescente de complexidade tecnológica e desempenho [36]. A tabela 2.8 mostra os dados de comparação de custo baseada numa demanda de potência reativa de 200kVAr em 440V, considerando que o primeiro caso (banco de capacitores puros), implica numa condição de ressonância. Nesse trabalho não será tratado o estudo de caso detalhado mas sim considerar-se-á um cenário exemplo comumente encontrado na indústria como comentado em [36]. Os custos foram obtidos a partir de cotações realizadas em fornecedores localizados no Brasil. Tabela 2.8: Comparação de custos de soluções para correção de fator de potência na presença de harmônicos. Solução 1 2 3 4 5 Banco de Capacitores (4 estágios) Banco de Capacitores (4 estágios) Filtro Dessintonizado (4 estágios) Filtro Sintonizado (na 5a harmônica) Filtro Ativo + Banco de Capacitores Tecnologia dos Capacitores PPM Impregnado em óleo PPM Impregnado em óleo PPM Custo (%) 100 176 200 333 542 Peso (%) 100 178 376 475 347 O primeiro caso apresentado na tabela 2.8 é a condição base onde o banco de capacitores de menor custo é instalado, porém, sua operação leva a ocorrência de níveis harmônicos inaceitáveis para os capacitores PPM. A segunda solução é o caso onde são utilizados capacitores impregnados em óleo em substituição aos capacitores PPM. Nesse caso, considera-se que é possível realizar a compensação de fator de potência desconsiderando-se os efeitos das harmônicas nos componentes do sistema. Os capacitores impregnados a óleo são projetados para suportar elevados níveis de distorção harmônica e normalmente são aplicados na implementação de filtros passivos de harmônicas . 53 A terceira opção da tabela é baseada no uso de capacitores PPM com reatores de bloqueio instalados em cada estágio, de forma que o fluxo de harmônicas pelos capacitores seja minimizado. Essa solução necessitaria, por exemplo, de 12 reatores em um banco automático de 12 estágio, o que torna a solução final extremamente cara e volumosa. A solução quatro consiste na implementação de filtros LC os quais são também responsáveis por fornecer a energia reativa necessária para correção de fator de potência. Esta solução é baseada na utilização de capacitores impregnados a óleo e reatores série os quais devem ser adequadamente projetados de forma a suportar as perdas adicionais relacionada ao conteúdo harmônico que passa pelo filtro. O reator é um componente crítico nesta solução impactando significativamente no volume e custo, sendo altamente recomendado monitorar sua temperatura com o objetivo de evitar uma possível falha de origem térmica. A solução 5 é baseada na utilização de um filtro ativo paralelo, responsável pela compensação harmônica, combinado com um banco de capacitores com tecnologia PPM para correção de fator de potência. A corrente nominal do filtro ativo foi especificada em 100A e é capaz de reduzir a distorção harmônica de 50 para 5% na base de 200kVA. O cenário apresentado na tabela II é bastante desafiador, do ponto de vista de custo. Ela demonstra que um sistema de correção de fator de potência pode ter uma ampla faixa de custo e ilustra claramente a razão do fato de que alguns gerentes industriais preferem incluir o custo de substituição de capacitores no orçamento de manutenção, ao invés de investir em um estudo detalhado de fluxo harmônico e na aquisição de equipamento para mitigação, o qual não está diretamente associado à produtividade da empresa. Adicionalmente, o espaço físico industrial é um ativo de custo elevado, de forma que é difícil alocar recursos para disponibilizar espaço para instalação de um equipamento volumoso e pesado, especialmente em instalações antigas. Como discutido em [36] e [40], a solução mais cara pode não ser, necessariamente, a mais adequada para cada caso específico, mas, mesmo a solução mais simples para a correção de fator de potência que contempla a convivência com harmônicos (solução 2 da tabela) apresenta um acréscimo de custo significativo quando comprado à solução básica com capacitores PPM. Nossa proposta neste trabalho é introduzir uma alternativa com elevada flexibilidade e boa relação custo-benefício, obtendo as vantagens dos filtros de-sintonizados e sintonizados, porém com características de menor custo e volume. O sistema de acoplamento 54 é projetado para permitir uma rápida avaliação em campo de diferentes configurações de forma a permitir a escolha da estratégia mais efetiva para cada caso específico. 2.4.3. Compensação Harmônica Série-Paralela Distribuída O conceito de compensação harmônica distribuída pode ser entendido observando-se a figura 2.12. Esse conceito foi utilizado anteriormente em [18], porém considerando-se apenas a compensação baseada na utilização de filtros ativos paralelos para supressão de ressonância harmônica. O objetivo é introduzir compensação harmônica em diferentes pontos de um sistema de distribuição, de forma a minimizar a potência total requerida para a compensação harmônica utilizando-se características de bloqueio e drenagem harmônica. Por exemplo, na figura 2.12, a impedância ativa 1 é usada para bloquear o conteúdo harmônico originado das cargas não-lineares evitando seu fluxo pelo banco de capacitores, a impedância ativa 2 é utilizada para introduzir um caminho de baixa impedância para o fluxo harmônico de forma a desviar parte da corrente harmônica direcionando-a para a fonte B, compartilhando a corrente harmônica com a fonte A, minimizando a distorção harmônica nesta última. Assim, dada a flexibilidade introduzida pelo sistema de acoplamento proposto, diferentes estratégias podem ser diretamente avaliadas em campo de forma a obter a solução mais efetiva. Figura 2.12: Conceito de compensação harmônica série-paralela distribuída. É interessante salientar que o conceito de impedâncias distribuídas é discutido em [76], [77], [78], porém, nessas referências o foco é voltado para o controle de fluxo de potência na freqüência fundamental. 55 2.5. Filtros Ativos Comerciais no Brasil Do ponto de vista comercial, existe um número razoável de fabricantes que comercializam filtros ativos, embora o número seja bem inferior aos fabricantes de inversores de frequência para acionamento de motores. A maioria dos fabricantes de filtros ativos possuem tradição no fornecimento de soluções em sistemas de energia, acionamentos elétricos, UPS ou componentes elétricos, tais como ABB, Schneider-Electric, EPCOS, APC e RTA por exemplo. Alguns fabricantes onde o principal produto era relacionado à filtragem ativa de harmônicos têm sido absorvidos por fabricantes maiores, como foi o caso da BlueWave e APC, os quais foram abarcados pela Schneider-Electric e Schaffner, respectivamente. O único fabricante brasileiro identificado é a RTA, que, embora em seu site tenha dados de filtros para aplicação em até 690V, informa da possibilidade de aplicação em sistemas de 13,8kV, o que é implementado, provavelmente a partir da utilização de transformador. As tabelas 2.9 e 2.10 mostram um levantamento dos principais fabricantes de filtros ativos encontrados no mercado, incluindo os modelos, faixas de aplicação e características principais. Apenas os filtros paralelos foram encontrados como itens de série em todos os fabricantes pesquisados. A proposição de filtros híbridos somente é brevemente citada por alguns fabricantes e, nesses casos, somente está relacionada à utilização de filtros passivos paralelos sintonizados em conjunto com o filtro ativo paralelo. Do ponto de vista de funções de controle, a maioria dos fabricantes implementa em seus modelos a possibilidade de seleção entre compensação global, onde todos os harmônico dentro da capacidade do filtro são compensados, ou compensação seletiva, onde o nível de compensação para cada harmônico de interesse é programada. Outras funções comuns são a compensação de reativos na frequência fundamental e o balanceamento de carga entre fases. A maioria dos fabricantes disponibiliza modelos para compensação em sistemas a três e quatro fios (3 fases + neutro). 56 Tabela 2.9: Filtros Ativos no Mercado – Modelos, fabricantes e capacidades Modelo Fabricante Corrente Tensão PQF/PQFI/PQFS/PQFM ABB 250 A, 450 A 208 ≤ U ≤ 480V 180 A, 320A 408 ≤ U ≤ 690V StacoSine Staco Energy Products Co. (US) 25-200 A 480 V (690 com uso de transformador) AIM AIM Europe (UK) 25 a 400A; 208-600V 100, 200 A 690Vca ECOsineTM Schaffner 30 a 300A 380 - 480 V Danfoss 10 a 400A AccuSine® PCS Schneider-Electric 50 A, 100 A e 300 A 208-480V AHF6000 EPCOS 50, 100 e 300A 380-480Vca MGETM SineWave APC (Schneider) 20/30/45/60/90/120A 400V FILTERON RTA 25 a 800 A 220/380/480/690V AHF 005/010 VLT® AAF006 380 – 480V (60Hz) 380 – 690V (50Hz) Tabela 2.10: Filtros Ativos no Mercado – Principais funções Modelo Faixa de Compensação Tipo de Compensação Capacidade para compensação de reativos PQF/PQFI/PQFS/PQFM 2ª à 50ª 3/4 fio- Seletiva sim StacoSine 3ª à 51ª 3/4 fios - Global/Seletiva sim AIM 2ª à 51ª ¾ fios - Global sim ECOsineTM até 50ª 3 fios / Global/Seletiva sim * 3 fios * AccuSine 2ª à 50ª 3 fios/Global sim AHF6000 2ª à 50ª - - MGETM SineWave 2ª à 25ª 3 fios / Global/Seletiva sim FILTERON - 3 ou 4 fios/ sim AHF 005/010 VLT VLT® AAF006 57 Figura 2.13: Linha PQFI de filtros ativos ABB Figura 2.14: Linha PQFM de filtros ativos ABB. 58 Figura 2.15: Filtro ativo StacoSine – STACO Figura 2.16: Linha AIM AHF – AIM Europe 59 Figura 2.17: Filtros Ativos ECOsine (Bluewave) – Schaffner. Figura 2.18: Filtros Ativos AHF/VLT - Danfoss 60 Figura 2.19: Filtros Ativos AccuSine – Schneider-Electric. Figura 2.20: Filtro Ativo AHF6000 – EPCOS Figura 2.21: Filtro Ativo MGETM SineWave – APC/Schneider-Electric 61 Figura 2.22: Filtro Ativo FILTERON – RTA 2.6. Conclusão Neste capítulo foi apresentada uma discussão geral sobre harmônicos, abordando os principais padrões nacionais e internacionais e as principais soluções para a mitigação da distorção harmônica. Também foi apresentada uma pesquisa bibliográfica sobre filtros ativos e híbridos. Foram apresentadas as topologias e estratégias divulgadas na literatura e ainda uma pesquisa de mercado que evidencia a preponderância dos filtros ativos paralelos. Outro importante tópico abordado no capítulo foi a correção de fator de potência na presença de harmônicos. Nesta área destaca-se o fato de que as soluções atualmente implementadas se situam em uma ampla faixa de custo. Mesmo a solução mais simples, baseada apenas no uso de reatores de bloqueio representa um custo significativamente alto quando comparado ao custo de um banco de capacitores básico utilizado para apenas a compensação reativa. Também foi introduzido no capítulo o conceito de compensação harmônica série-paralela distribuída, o qual se baseia na utilização de um único tipo de dispositivo para a implementação de compensação harmônica, ora agindo como fonte de tensão série, ora funcionando em conjunto com um banco de capacitores para drenar corrente harmônica. Capítulo 3 Impedâncias Harmônicas Ativas 3.1. Introdução Este capítulo trata efetivamente da descrição da implementação do sistema de síntese e inserção de impedâncias harmônicas ativas associadas ao conversor série proposto. O objetivo principal do capítulo é apresentar de forma detalhada as estruturas implementadas e respectivas estratégias de controle do sistema a partir do desenvolvimento das equações e diagramas descritivos. Na seção 3.2 é realizada a descrição geral do sistema proposto, considerando uma abordagem monofásica. Os algoritmos PLL (phase locked loop) para a obtenção de amplitude, freqüência e fase da componente fundamental e harmônica da corrente no sistema elétrico de interesse são apresentados na seção 3.3. O desenvolvimento do cálculo da referência de tensão para a síntese da impedância harmônica ativa é apresentado na seção 3.4, incluindo uma abordagem referente à introdução de amortecimento ativo e uma proposição para a compensação simultânea de múltiplas componentes harmônicas. Também são apresentados, nas seções 3.5 e 3.6, os aspectos relacionados ao conversor de frequência – controle do barramento CC e dimensionamento do conversor. Na seção 3.7 é apresentada uma abordagem analítica para estudo e projeto básico do transformador coaxial utilizado para o acoplamento do conversor. Também é apresentada uma análise experimental de um protótipo do transformador coaxial. A análise é realizada a partir dos ensaios em curto e em vazio para levantamento de parâmetros de circuito equivalente do transformador. Uma proposta de proteção contra curto-circuito no sistema de potência e a proposição de implementação trifásica do conversor são abordadas nas seções 3.8 e 3.9, respectivamente. . 3.2. Concepção do Sistema O conversor proposto neste trabalho implementa uma impedância harmônica ativa a qual é definida como uma fonte controlada, via conversor estático, que implementa uma relação 64 específica entre a tensão e a corrente que percorre o secundário do transformador utilizado para acoplamento. Esta relação é definida, de forma independente da freqüência fundamental, para uma ou mais freqüências harmônicas presentes no sistema elétrico de interesse. A principal característica inovadora deste sistema é a flexibilidade introduzida pela utilização de transformadores coaxiais para o acoplamento com o sistema elétrico de interesse, conforme pode ser visualizado na versão monofásica apresentada na figura 3.1, onde o secundário do transformador axial é constituído pelo próprio cabo de potência existente no sistema elétrico de interesse. O uso de transformadores coaxiais para a inserção de impedâncias no sistema elétrico foi proposto por Harjeet Johal e Deepak Divan nas referências [76], [77] e [78], porém nestas o foco foi dado no controle do fluxo de potência na freqüência fundamental, tendo o objetivo de direcionar a potência de pontos de geração específicos para consumidores específicos, de forma a viabilizar um mercado para a comercialização de energias renováveis. Figura 3.1: Sistema para implementação de uma impedância harmônica ativa monofásica. 65 Na figura 3.2 é apresentado o diagrama em blocos do sistema proposto. O funcionamento do sistema é baseado na medição da corrente Is no secundário do transformador coaxial (cabo de potência) e utilização de um algoritmo PLL (phase locked loop) para a obtenção da amplitude e fase da componente fundamental da corrente. A componente fundamental estimada - If^ é subtraída da corrente medida e o resultado - Ih^ é aplicado na entrada de outro PLL monofásico, sintonizado para estimar a fase θh, a frequência ωh e amplitude Iqh_flt, da componente harmônica de interesse - h. Os algoritmos PLL utilizados são baseados na aplicação das transformações de Park para o tratamento das grandezas de interesse no referencial síncrono, tendo como princípio de rastreamento a anulação da componente de eixo direto (eixo d na figura 3.8) resultante da aplicação da transformação [60]. Dessa forma, a componente de eixo em quadratura resultante (eixo q na figura 3.8) é equivalente a amplitude da grandeza rastreada. Na seção 3.3 será discutida a implementação dos PLLs utilizados neste trabalho. Figura 3.2: Diagrama geral em blocos da implementação da impedância harmônica ativa. A impedância harmônica a ser sintetizada neste trabalho é constituída por uma reatância indutiva, sendo representada por uma indutância L* obedecendo à equação: 66 Vh (t ) = L* dI h dt (3.1) Onde Ih é a componente harmônica de ordem h da corrente a ser compensada. Neste trabalho a implementação da equação 3.1 é realizada no referencial síncrono utilizandose a transformação de Park. Considera-se que a corrente Is, que circula no secundário do transformador coaxial, corresponde à componente de eixo α referente à transformação de Clark, conforme descrito na implementação do PLL monofásico apresentado na seção 3.3. O cálculo da tensão a ser sintetizada para a implementação da impedância harmônica ativa será descrito detalhadamente na seção 3.4. 3.3. Implementação dos Algoritmos PLL (Phase Locked Loop) No sistema em desenvolvimento são necessários dois algoritmos PLL distintos: um para a obtenção da amplitude, freqüência e fase da componente fundamental da corrente e outro com o objetivo de obter os mesmos parâmetros para a componente harmônica de interesse. Na literatura são encontradas diversas alternativas de implementação de algoritmos PLL [61], [79] entre as quais têm se destacado a utilização do método das transformações de coordenadas para a utilização de referenciais síncronos [60], [80],[81], [79], [82]. Em [79] são apresentadas e comparadas outras alternativas para a implementação de algoritmos PLL: o método do atraso de tempo, baseado na obtenção de um sinal idêntico à tensão de entrada atrasada de 90° e anulação do cálculo da potência média no referencial estacionário, o método “rms” convencional, baseado no cálculo do valor eficaz da tensão de entrada e estimação da tensão de pico, e o método “rms” bifásico de referencial estacionário, semelhante ao método “rms” convencional, porém é gerada uma componente de tensão adicional para o cálculo geométrico do valor de pico da tensão de entrada. Para o projeto em questão, foi escolhido o algoritmo apresentado na referência [60]. Nas subseções seguintes são apresentadas as implementações dos dois PLLs utilizados no projeto. 67 3.3.1. PLL para o Rastreamento da Componente Fundamental Para realizar a implementação da impedância harmônica ativa faz-se necessária a utilização de um algoritmo capaz de fornecer a amplitude, freqüência e fase da componente fundamental da corrente no secundário do transformador axial. A estrutura utilizada neste projeto é mostrada na figura 3.3 . Figura 3.3: Diagrama em blocos do algoritmo PLL (Phase Locked Loop) monofásico. Basicamente o PLL simula um sistema trifásico equilibrado utilizando como entrada as componentes dos eixos α e β (transformação de Clark) do referencial estacionário para a aplicação da transformação para obtenção das grandezas no referencial síncrono. A componente β é obtida a partir da componente de eixo q, obtida da transformação de Park aplicada a um bloco de atraso no qual a constante de tempo é τ [60], [61]. A saída do algoritmo é a amplitude do vetor representante da corrente de interesse – componente de eixo q, juntamente com a freqüência e fase do vetor. O alinhamento é garantido a partir do controlador PI que objetiva manter nula a componente de eixo d calculada pela transformação de Park. A sintonia do PLL é baseada no desenvolvimento do modelo para pequenos sinais do sistema e alocação dos pólos para obtenção de faixa de passagem e característica de rigidez dinâmica com relação a perturbações na variável de entrada Iα adequados [60]. Para obter uma melhor resposta com relação à estimativa de amplitude e fase da componente fundamental, a variável 68 de entrada do algoritmo PLL neste projeto é constituída da corrente medida Is subtraída da estimativa da corrente harmônica – Ih^, conforme apresentado na figura 3.2. Figura 3.4: Diagrama em blocos do algoritmo PLL (Phase Locked Loop) monofásico linearizado em torno do ponto de operação Iq,Id e θ0. O modelo do algoritmo PLL linearizado em torno do ponto de operação Iq,Id e θ0, é apresentado na figura 3.4. A equação característica que define os pólos do sistema é dada por: s 2 + k p sI q + k i I q (3.2) A partir do diagrama da figura 3.4 é possível calcular a relação que define a característica de rejeição à pertubações: 2 ∆iα s + k p sI q + k i I q = ∆θ senθ 0 (k p s + k i ) (3.3) Os valores dos parâmetros utilizados no projeto em questão são: τ = 0,001s; k = 1; Kp = 314 rad/A/s; Ki = 3,14 rad/A/s2; ωff = 377 rad/s, e os pólos do sistema são: 0,001 e 314 rad/s,. O processo de modelagem e sintonia do PLL também é apresentado detalhadamente em [60]. A característica de rigidez dinâmica, considerando um ângulo θ0 = π/4, é apresentada na figura 3.5. Na figura 3.6 são apresentados os resultados de simulação do PLL aplicado a uma onda composta pela componente fundamental acrescida do quinto e sétimo harmônico, com amplitudes de 1 p.u., 1 p.u, e 0,1 p.u, respectivamente. 69 Figura 3.5: Avaliação da rigidez dinâmica do algoritmo PLL (θ0 = π/4). Na implementação do sistema faz-se necessária a utilização de filtros passa-baixa aplicados as estimativas de amplitude resultantes do algoritmo PLL. Os filtros utilizados no projeto são do tipo Butterworth de quarta ordem e foram projetados utilizando-se a ferramenta Filter Design & Analysis do MATLAB, com os seguintes parâmetros de entrada: Fpass = 50Hz; Fstop = 360Hz, Apass =1; Astop = 60dB, Fs = 10kHz. O resultado da aplicação do filtro passa-baixa à estimativa da amplitude da componente de corrente fundamental é apresentado na figura 3.6. 70 Figura 3.6: Resposta do PLL aplicado para a estimação da componente fundamental de um sinal composto por 1 pu de fundamental + 1.pu 5° harmônico + 0,1 p.u. de 7° harmônico. 3.3.2. PLL para o Rastreamento da Componente Harmônica A estrutura utilizada para o rastreamento da componente harmônica de interesse é idêntica a utilizada para a componente fundamental, mostrada na figura 3.3. Para o sincronismo com a componente harmônica de interesse são realizadas as seguintes alterações nos parâmetros do algoritmo PLL: τ = 0,001 s; ωff = 1885 rad/s (5º harmônico), os demais parâmetros não foram alterados. A variável de entrada do PLL para a freqüência harmônica é a componente Ih, a qual é obtida subtraindo-se da corrente medida Is o valor instantâneo da corrente fundamental estimada pelo PLL sincronizado com componente fundamental, conforme apresentado na figura 3.2. Essa estratégia foi adotada para reduzir as oscilações resultantes da presença da componente fundamental no cálculo da amplitude da componente harmônica de interesse, permitindo que os filtros digitais a serem utilizados nas variáveis de saída dos algoritmos PLL tenham maior faixa de passagem e menor ordem. Os resultados da estimação de amplitude fornecidos pelos 71 algoritmos PLL serão utilizados, após a filtragem digital, para a síntese da tensão associada à impedância harmônica ativa de referência e controle da tensão no barramento CC do conversor. A figura 3.7 apresenta os resultados para estimação da componente de 5° harmônico do mesmo sinal utilizado para a avaliação do PLL da componente fundamental. Figura 3.7: Resposta do PLL aplicado para a estimação da componente harmônica. 3.4. Implementação da Impedância Harmônica Ativa Assim como nos algoritmos PLL utilizados, a equação (3.1) é implementada considerando-se a emulação de um sistema trifásico equilibrado. O calculo da tensão a ser sintetizada a partir da equação (3.1) é realizado no referencial síncrono tendo como base o desenvolvimento a seguir, observando os referenciais de eixos da figura 3.8. 72 Figura 3.8: Referenciais utilizados para os cálculos das transformações de eixos. A transformação de Park aplicada às componentes α e β é dada por: I q = I α cos θ h + I β senθ h (3.4) I d = I α senθ h − I β cos θ h (3.5) θ h = ω h t + φh (3.6) onde: Derivando-se as equações 3.4 e 3.5 com relação ao tempo temos: dI dI = α cos θ h + β senθ h − ω h (I α senθ h − I β cos θ h ) dt dt dt (3.7) dI dI d dI α = senθ h − β cos θ h + ω h (I α cos θ h + I β senθ h ) dt dt dt (3.8) dI q Assumindo, como aproximação, uma condição de regime permanente : dI q dt = dI d =0 dt (3.9) 73 dI dI α cos θ h + β senθ h = ω h I d dt dt (3.10) dI dI α senθ h − β cos θ h = −ω h I q dt dt (3.11) Com base no desenvolvimento representado pelas equações 3.4 a e 3.11, e reconhecendo que nas equações 3.7 e 3.8, os termos do primeiro parênteses após o sinal de igualdade representam a transformação de Park das derivadas das componentes α e β das correntes de interesse, as componentes da tensão a ser sintetizada são calculadas, no referencial síncrono, da seguinte forma [57]: Vqh = ω h L* I dh (3.12) Vdh = −ω h L* I qh (3.13) Aplicando-se a transformação inversa de Park ao resultado das equações 3.12 e 3.13 e tomando-se a componente de eixo α, obtém-se a equação 3.14 que representa a referência de tensão a sintetizada pelo modulador PWM, responsável pela injeção da tensão associada à impedância (indutância) harmônica ativa de referência - L*. Vh = Vα = −ωL* I qh senθ h (3.14) Na seção 3.8 são apresentados os resultados de simulação da aplicação da equação 3.14 para a implementação do sistema de impedância harmônica ativa. Resultados práticos preliminares serão apresentados no capítulo 4. 3.4.1. Introdução de Amortecimento Ativo A introdução de amortecimento ativo pode ser obtida a partir da inclusão na equação 3.14 de um termo em fase com a corrente harmônica de interesse, conforme a equação 3.15. A introdução de amortecimento ativo implica em demanda de energia do barramento CC do inversor além da compensação das perdas nos componentes do compensador. Essa energia adicional deve ser contrabalanceada pela geração de uma tensão na freqüência fundamental. A geração da tensão para o balanço de energia é baseada na malha de controle de tensão do 74 barramento CC, descrita na seção 3.5. O amortecimento ativo contribui para a estabilização da compensação principalmente em condições prévias de ressonância contribuindo para otenção uma resposta amortecida para a tensão de compensação e respectiva corrente harmônica compensada. Vh = Vα = Ra I qh cos θ h − ωL* I qh senθ h (3.15) É importante observar que é preciso observar o compromisso, do ponto de visa da densidade de fluxo no transformador, em relação à geração simultânea de tensão para compensação harmônica e tensão na freqüência fundamental para o controle do barramento CC. Outro ponto a observar é que, considerando a utilização de abordagem monofásica para o compensador e ainda a existência de desequilíbrio entre fases na corrente harmônica a introdução de amortecimento ativo implica na introdução de sequência negativa de tensão na freqüência fundamental, porém, como será discutido no projeto do transformador, o projeto irá considerar somente uma pequena tensão na freqüência fundamental de valor inferior a 1V eficaz, o implicaria em um sistema com tensão de fase nominal de 220V (380V de linha) em um desequilíbrio máximo injetado da ordem de 0.5%. 3.4.2. Compensação Simultânea de Harmônicos Para ilustrar a possibilidade do sistema proposto ser utilizado para a compensação de múltiplos harmônicos um diagrama de blocos considerando a compensação de quinto e sétimo harmônicos é apresentado na figura 3.9. Neste diagrama nas variáveis de entrada de cada PLL é efetuado um desacoplamento das grandezas harmônicas estimadas. Assim, para o rastreamento da componente de quinto harmônico, por exemplo, o sinal de referência para o PLL consiste no sinal de corrente medido no sistema subtraído das estimativas da corrente na freqüência fundamental e da estimativa da corrente de sétimo harmônico. Raciocínio semelhante é implementado para o rastreamento da componente de sétimo harmônico. 75 Figura 3.9: Diagrama de blocos para compensação simultânea de 5° e 7° harmônicos. Embora a figura 3.9 apresente a compensação simultânea de dois harmônicos ela resume a estratégia para a compensação de múltiplos harmônicos. Assim, para cada harmônico a ser compensado é necessário a adição de um algoritmo PLL específico. Quanto menor a amplitude do harmônico de interesse menos importante torna-se a realização do desacoplamento, uma vez que sua projeção em outro referencial diminui conforme sua amplitude seja reduzida. 3.5. Controle do Barramento CC do conversor O controle da tensão no barramento CC é um item de grande importância para o funcionamento de qualquer esquema de filtragem ativa baseado em conversor VSI. O 76 desempenho do sistema de controle da tensão no barramento CC deve garantir que não ocorra interação desta malha com o controle da tensão de saída associada à componente harmônica de interesse [58], [83]. Figura 3.10: Controle da tensão no barramento CC do conversor. O sistema de controle do barramento CC do inversor monofásico utilizado neste projeto é apresentado novamente na figura 3.10. A energia necessária para manter o barramento carregado é obtida a partir da geração de uma tensão em fase (ou em oposição de fase) com a corrente fundamental que circula no secundário do transformador coaxial. Semelhante às estratégias apresentadas em [33], [34], e [83] é utilizado um controlador tipo proporcionalintegral para a regulação da tensão Vcc, com a diferença que neste trabalho é gerada uma tensão em fase com a corrente fundamental obtida a partir do algoritmo PLL e nas referências citadas é gerada uma referência de corrente em fase com a tensão obtida pela utilização de PLL, semelhantemente às estratégias utilizadas em [21], [57], [72], e [73]. A sintonia da malha de controle de tensão no barramento CC é baseada na obtenção do modelo para pequenos sinais do sistema para a determinação dos ganhos do controlador PI. A obtenção do modelo de pequenos sinais é necessária devido à relação não-linear entre a tensão do barramento CC e a potência drenada no lado CA conversor . Em [58] é apresentada uma estratégia baseada no controle do quadrado da tensão no barramento CC do conversor com o objetivo de facilitar a modelagem da malha de controle. Em [32] é apresentada uma estratégia baseada no uso de lógica Fuzzy. Uma vez que a banda passante da malha de controle da tensão do barramento CC seja pequena o suficiente para não interagir com o controle das freqüências harmônicas geradas pelo conversor, não foi identificada, a partir da análise dos resultados apresentados nas referências citadas, diferença 77 significativa entre as estratégias pesquisadas. A seguir é apresentado o desenvolvimento do modelo para pequenos sinais referente à estratégia de controle utilizada no projeto em desenvolvimento. A referência de tensão fundamental na saída do conversor para o controle do barramento CC é dado por: (3.16) v f (t ) = g (t )i1 (t ) A potência instantânea, associada à componente fundamental na saída do conversor é: P (t ) = v1 (t )i1 (t ) = g (t )i12 (t ) P (t ) = g (t ) I p2 cos 2 (ωt ) = g (t ) I p2 1 (1 + cos(2ωt ) ) 2 (3.17) (3.18) A potência instantânea na saída do conversor deve balancear a variação da energia armazenada no capacitor do barramento CC, a qual ocorre devido à troca de energia na frequência harmônica, assim temos: g (t ) I p2 1 (1 + cos(2ωt ) ) = − 1 C d vcc2 (t ) 2 2 dt (3.19) Para obter o modelo de pequenos sinais consideramos que as variáveis de interesse são compostas por uma parcela definida para regime permanente e uma parcela relativa à pequenas perturbações: vcc = VCC + ∆vcc (t ) (3.20) v1 = V1 + ∆v1 (t ) (3.21) i1 = I 1 + ∆i1 (t ) (3.22) g = G0 + ∆g (t ) (3.23) Substituindo-se as equações 3.20 a 3.23 na equação 3.18 obtém-se: 78 ∆g (t ) I 12 (1 + cos(2ωt )) = −CVcc d ∆vcc (t ) dt ∆vcc ( s ) I2 =− 1 ∆g ( s ) CVcc s (3.24) (3.25) A malha fechada para o controle do barramento CC, baseada no modelo para pequenos sinais, constitui um sistema de segunda ordem. Para o projeto em questão os pólos da malha foram sintonizados em 0,1 e 125 rad/s, considerando um barramento com capacitância de 2000µF. Uma questão importante a ser observada é a máxima tensão que poderá ser injetada na frequência fundamental. Uma vez que a densidade de fluxo máxima no núcleo depende da interação entre a(s) componente(s) harmônica(s) e a componente fundamental é importante limitar a tensão máxima nesta componente a um valor que não limite a injeção de tensão harmônica considerando operação do transformador abaixo do nível de saturação magnética. Para altos valores de corrente fundamental, uma vez que as perdas no conversor aumentam aproximadamente na proporção com o quadrado da corrente eficaz que por ele circula, pode haver dificuldade em satisfazer o balanço de energia para manter a tensão no barramento CC no valor desejado. Nesse caso pode ser necessária a utilização de alimentação externa do barramento CC do inversor para manter de forma a manter a tensão no valor de referência. 3.6. Considerações Básicas sobre o Conversor Estático Nesta seção serão discutidos dois aspectos básicos do dimensionamento do conversor estático PWM necessário para a implementação da impedância ativa: o dimensionamento do barramento CC do conversor e dos semicondutores. Uma proposta de proteção do conversor contra curto-circuito será apresentada na seção 3.8. 3.4.3. Capacitância do Barramento CC Uma vez que o conversor irá emular uma reatância indutiva, a capacitância utilizada no barramento CC do conversor PWM é determinada a partir da circulação da potência reativa na 79 frequência harmônica de interesse. Essa potência reativa pode ser expressa [58] da seguinte forma: pQ (t ) = Ph cos(hωt + φ n ) (3.26) A variação da energia armazenada no barramento CC é dada por: ∆E (t ) = 1 1 C (Vcc + ∆vcc (t )) 2 − CVcc2 = CVcc ∆vcc (t ) 2 2 (3.27) Igualando-se 3.27 à integral da equação 3.26, obtemos a capacitância mínima do barramento CC para um dado valor de ripple de tensão ∆vcc _ max : C min = Ph ∆vcc _ maxVcc hω (3.28) Onde: ' ' Ph = I hrms V hrms (3.29) A escolha da capacitância do barramento CC deve considerar o efeito de todos os harmônicos de interesse e ainda a resistência série equivalente do(s) capacitor(es) a ser(em) utilizado(s), de forma que o ripple de tensão no barramento esteja de acordo com a especificação e não interfira significativamente na geração da tensão relativa à impedância harmônica ativa de interesse. 3.4.4. Dimensionamento dos Dispositivos Semicondutores do Conversor A corrente que circula no primário do transformador axial é a corrente do secundário dividida pelo número de espiras do primário. Essa corrente é composta pela componente fundamental, a componente harmônica de interesse e pelas demais componentes harmônicas presentes na corrente do circuito de potência. A avaliação das perdas nos dispositivos semicondutores deve levar em consideração todas as componentes harmônicas e para isso, serão realizadas em etapa posterior simulações para a determinação das correntes envolvidas e respectiva seleção e dimensionamento térmico dos dispositivos a serem utilizados no projeto. 80 3.7. Transformador Coaxial O projeto do transformador coaxial deve levar em consideração a tensão máxima a ser injetada na frequência de interesse e ainda garantir a utilização do núcleo magnético em um nível de densidade de fluxo inferior ao nível de saturação magnética do material utilizado em sua construção. Outro fator de importância é número de espiras do primário, o qual deve ser definido levando em consideração a tensão e corrente de trabalho dos semicondutores com melhor custo benefício encontrados no mercado. A seguir é apresentado o equacionamento e as especificações do transformador. A seção 3.7.2 apresenta a respectiva modelagem e ensaios de um protótipo do transformador. 3.7.1. Projeto Básico – Abordagem Analítica Figura 3.11: Referências para análise do núcleo do transformador coaxial. Aplicando-se a lei de Ampère (equação 3.30) à configuração mostrada na figura 3.11, obtemse a expressão 3.31 que relaciona a densidade de fluxo magnético no núcleo com a corrente no condutor principal Is (secundário do transformador) em função do raio r, considerando que o material do núcleo possui permeabilidade magnética µ. ∫ H ⋅ dl = I B(r ) = (3.30) s Is µ 2πr O fluxo magnético total Φ, no núcleo magnético de dimensões ro,ri e b é dado por: (3.31) 81 φ = ∫ B⋅dA = ∫ b 0 S φ= ∫ r0 ri Isµ drdz 2πr r Isµ b ln o 2π ri (3.32) (3.33) A amplitude média da densidade de fluxo magnético no material é dada por: φ (I s ) B = (3.34) Ae Assim, para uma dada corrente máxima no secundário do transformador, deve-se escolher um núcleo nos quais as características dimensionais e a permeabilidade magnética do material resulte numa amplitude da densidade de fluxo inferior ao nível de saturação do material, conforme a equação 3.35. B(t ) = B f (t ) + ∑ Bh (t ) < Bsat max (3.35) h A tensão harmônica eficaz induzida no secundário do transformador é dada pela equação 3.36 e a seção mínima do núcleo magnético, para que seja possível induzir a tensão harmônica eficaz desejada, é dada pela expressão 3.37. A expressão 3.38 define a relação entre a componente de tensão na freqüência fundamental e a respectiva densidade de fluxo máxima, considerando a seção mínima calculada em 3.36. O núcleo magnético deve ser escolhido de forma a atender simultaneamente às equações 3.35, 3.37 e 3.38. Adicionalmente, dividindo-se o fluxo magnético obtido na equação 3.33 pela corrente Is, obtemos a equação 3.39 que representa a indutância de magnetização vista no secundário do transformador. BhωhAc Vh 2 _ rms = Ac = (3.36) 2 2Vh 2 _ rms (3.37) Bhωh V f 2 _ rms = B f ωAc 2 (3.38) 82 Lms = r µ b ln o 2π ri (3.39) Inicialmente o sistema será projetado para a injeção de uma tensão máxima de 6Vrms de quinto harmônico. Assumindo uma densidade de fluxo de quinto harmônico máxima de 1T, a equação 3.37 estabelece uma seção mínima de 0,0045m2. Inicialmente portanto, consideramos a utilização de núcleos magnéticos toroidais com as seguintes dimensões: ro = 5 cm, ri = 3 cm e comprimento b = 4 cm. Cada núcleo toroidal possui uma área de seção Ac igual a 8x10-4m2, o que implica na utilização de 6 (seis) núcleos para que seja possível a indução da tensão harmônica desejada. Neste ponto, vamos definir uma densidade de fluxo máxima para a freqüência fundamental Bf = 0,5T. Utilizando 3.36, obtemos uma tensão eficaz máxima na freqüência fundamental, Vfs_rms igual a 0,64Vrms. Essa tensão na freqüência fundamental será utilizada para realizar o balanço de energia para compensar as perdas no conversor e efetivação de amortecimento ativo que será discutido em seções posteriores. Uma vez realizada a escolha inicial do núcleo magnético do transformador axial, é necessária a verificação da equação 3.35 para garantir a possibilidade de utilização da configuração escolhida. Para o projeto em questão, considerando o efeito combinado da injeção de tensão harmônica e tensão fundamental, o nível máximo de densidade de fluxo será igual a 1,5T (Bf+Bh). A escolha do material a ser utilizado no núcleo deve levar em conta o nível máximo calculado, resultando em operação fora do ponto de saturação magnética. Figura 3.12: Seção do transformador axial com a introdução de entreferro. Para obter máxima flexibilidade para a instalação em campo do sistema proposto, o projeto do transformador deverá envolver a utilização de entreferro para permitir o acoplamento do sistema sem a necessidade de desfazer conexões de potência existentes, conforme indicado na 83 figura 3.12. Nesta condição, reescrevendo a equação 3.32 para considerar o efeito do entreferro obtemos a equação 3.39 que, junto com a equação 3.40, obtemos 3.41, define a amplitude da corrente de magnetização, vista no primário do transformador, necessária para a indução da tensão harmônica desejada, considerando a densidade de fluxo harmônico máxima no núcleo. De forma similar, a equação 3.42 apresenta a corrente de magnetização relativa a indução da tensão na freqüência fundamental. A corrente de magnetização eficaz total é dada pela expressão 3.43. A figura 3.13 apresenta o resultado da avaliação da equação 3.41, tendo como base o projeto básico descrito. φ= 2 g + 2πro / µ r I s µr µ0 b ln 2π 2 g + 2πri / µ r Bh = 2g + (3.39) (3.40) I s µ0 2πri − 2 g µr I mag _ h _ p = Bh 2 g 2πri − 2 g + N1 µ 0 µ r µ 0 (3.41) I mag _ f _ p = B f 2 g 2πri − 2 g + N1 µ 0 µ r µ 0 (3.42) I mag _ rms _ p I mag _ f _ p = 2 2 I mag _ h _ p + 2 2 (3.43) 84 Figura 3.13: Efeito da introdução de entreferro na corrente de magnetização do transformador coaxial. A análise apresentada aqui é simplificada, nas seções seguintes é realizada uma análise experimental de um protótipo construído para testes preliminares. Os parâmetros de circuito equivalente serão levantados e deverão ser úteis para estabelecer critérios para dimensionamento do transformador em projetos futuros. 3.7.2. Ensaios e Levantamento de Parâmetros de um Protótipo de Transformador Coaxial Para se realizar uma avaliação mais detalhada do transformador foi utilizada uma abordagem experimental a partir da realização dos ensaios a vazio e em curto-circuito. O objetivo foi obter valores para os parâmetros de circuito equivalente e estabelecer uma base de referência para análise de projetos futuros. Como o transformador projetado na seção 3.7.1 ainda não estava disponível para testes, optou-se por realizar um ensaio com o transformador mostrado na figura 3.14. O transformador protótipo é construído utilizando-se 4 núcleos toroidais extraídos de transformadores toroidais, constituído de lâminas (fitas) de aço, que estavam 85 disponíveis no LAI. As dimensões de cada núcleo eram: ro = 5 cm, ri = 3 cm e comprimento b = 4 cm. Embora o transformador deva trabalhar principalmente com a(s) freqüência(s) harmônica(s) de interesse os ensaios foram realizados utilizando-se freqüência da rede – 60Hz. Essa condição foi estabelecida devido à dificuldade de se disponibilizar uma fonte com tensão e freqüência controladas para realizar os ensaios em freqüências superiores à da rede de alimentação. Figura 3.14: Protótipo de transformador coaxial utilizado para avaliação experimental. Figura 3.15: Circuito equivalente para o transformador coaxial no ensaio a vazio. A figura 3.15 apresenta o circuito equivalente do transformador para o ensaio a vazio. Neste ensaio o transformador foi alimentado pelo secundário (lado do conversor) e a tensão no secundário foi medida. A tensão após a resistência do primário é dada por: 86 v aux = v p − rp i p = v L + v s ' (3.44) Considerando-se que a resistência do primário foi medida diretamente e que o número de espiras no primário é conhecida (Np = 20) podemos escrever: v L = vaux − vs ' = L p (3.45) di p dt Assumindo uma condição de regime permanente e utilizando valores eficazes obtemos: (3.46) VL = L p ω I P Lp = (3.47) VL ωI p A resistência rm pode ser obtida a partir da diferença entre a potência de entrada no ensaio e a potência dissipada em rp: Prm = T T 1 2 v ( t ) i ( t ) dt − r1i p (t )dt ∫ s p ∫ T 0 0 rm = (3.48) (3.49) (Vs ' ) 2 Prm Utilizando-se o valor de rm e a tensão no secundário referida ao primário podemos obter a corrente de magnetização: im = i p (t ) − irm (t ) = i p (t ) − v's rm (3.50) Usando valores eficazes podemos obter a indutância de magnetização: V ' s = LmωI m Lm = V 's ωI m (3.51) (3.52) 87 Figura 3.16: Circuito equivalente para o transformador coaxial no ensaio em curto-circuito. Os parâmetros restantes são obtidos a partir do ensaio com secundário em curto-circuito, cujo circuito equivalente é apresentado na figura 3.16. Neste caso a tensão no ramo de magnetização pode ser escrita como: v' s = vs − r1i p − L p di p (3.53) dt Considerando condição de regime permanente senoidal e utilizando-se o Matlab para o processamento e obtenção dos fasores das formas de onda obtidas por medição, podemos reescrever equação 3.53 na forma fasorial: V ' s = V s − r p I p − L p ωI p (3.54) A corrente no secundário referida ao primário é dada por: Is '= I p − V 's jωLm + rm (3.55) Desenvolvendo a equação da corrente no secundário obtem-se: V 's = (ωL' s ) 2 + rs2 I 's L's = 1 V 's 2 ω I 's 2 (3.56) (3.57) 2 s −r 88 Utilizando-se o desenvolvimento acima em conjunto com os resultados de medições apresentados nas figuras 3.17 e 3.18, obtemos os resultados apresentados na tabela 3.1 para os parâmetros do transformador utilizado. As resistências do primário e secundário foram medidas a partir da realização de ensaio com corrente contínua. Tabela 3.1 : Parâmetros de circuito equivalente do transformador coaxial. rp Lp Lm rm Ls rs 0,275 Ω 1,33 mH 513 mH 101 Ω 37µH 0,05Ω Figura 3.17: Resultados do ensaio do transformador coaxial com secundário aberto. 89 Figura 3.18: Resultados do ensaio do transformador coaxial com secundário em curtocircuito. Com o objetivo de ser ter uma melhor idéia do funcionamento do transformador utilizado neste trabalho será realizada uma análise simplificada do processo de indução de tensão. A análise é baseada na figura 3.19, onde pode ser visualizado que a indução de tensão no condutor de potência (enrolamento de uma espira) é resultante na variação do fluxo que atravessa a superfície definida por um caminho fechado, o qual é composto pelo condutor e os demais elementos no qual o condutor é conectado. Embora em relação ao condutor do sistema de potência a ser compensado a estrutura seja coaxial, é possível observar da figura 3.19 que o funcionamento do transformador é semelhante aos transformadores toroidais utilizados como medição de corrente, ou ainda em soluções de transformadores de potencial com o objetivo de se obter baixos níveis de dispersão. Com base na figura 3.19, o fluxo resultante no núcleo do transformador é dado por: φ= N1i1 − N 2 i2 ℜc (3.58) Onde ℜc é a relutância equivalente do núcleo magnético toroidal percorrido pelo fluxo φ. Desprezando-se, para fins de simplificação da análise, o efeito de dispersão de fluxo, as tensões induzidas nos enrolamentos primários e secundários do transformador são dadas por: 90 v1 = N1 dφ dt (3.59) Figura 3.19: Funcionamento do transformador coaxial. v2 = N 2 dφ dt (3.60) Considerando-se que as correntes no primário e secundário do transformador são compostas por uma componente na frequência fundamental if e uma componente harmônica ih tem-se que: i1 = i f 1 + ih1 (3.61) i1 = i f 2 + ih 2 (3.62) Onde os sub-índices 1 e 2 indicam primário e secundário, respectivamente. Dessa forma, a equação 3.58 pode ser reescrita da seguinte forma: φ= N1i f 1 − N 2 if 2 ℜc + N1ih1 − N 2 ih 2 = φ f + φh ℜc (3.63) A qual evidencia que no núcleo magnético existe uma parcela de fluxo de frequência fundamental somado à uma parcela de fluxo de frequência harmônica. Por conseqüência, as 91 tensões induzidas nos enrolamentos primário e secundário podem ser escritas da seguinte forma: v f 1 + vh1 = N1 dφ f dt dφ f v f 2 + vh 2 = N 2 dt + N1 dφ h dt (3.64) + N2 dφ h dt (3.65) Lembrando que φ = BAc, onde B é a densidade de fluxo no núcleo magnético, tem-se: v f 1 + vh1 = N1 Ac dB f v f 2 + vh 2 = N 2 Ac dt dB f dt + N1 Ac dBh dt + N 2 Ac dBh dt (3.66) (3.67) As equações 3.66 e 3.67 evidenciam o fato de que, para que o sistema seja capaz de induzir tensões significativas na frequência harmônica, é interessante que a tensão sintetizada pelo conversor na frequência fundamental – vf1, tenha valor reduzido. A tensão fundamental irá definir o nível de fluxo fundamental no núcleo. A soma dos fluxos em ambas as componentes (fundamental e harmônica) deve ser sempre inferior ao nível de saturação magnética no material, conforme estabelecido na equação 3.35. Como exemplo, considerando que a tensão sintetizada pelo conversor é nula vf1= 0, tem-se: vh1 = N1 Ac dB f dt + N1 Ac dBh dt (3.68) Para o caso de síntese de tensão fundamental nula é necessário que, na equação 3.68, dB f seja dt igual a zero, condição está que só ocorre se Bf = 0 ou Bf = constante. A condição de fluxo constante só ocorrerá caso o conversor sintetize um valor médio de tensão diferente de zero e é uma condição que deve ser evitada pelo controle do conversor. Portanto, nesse caso, embora a corrente na frequência fundametal seja diferente de zero, o fluxo resultante desta componente no núcleo do transformador é nulo. 92 3.8. Proteção Contra Curto-Circuito Uma vez que o sistema proposto consiste num conversor série, é de suma importância, considerando um sistema para aplicação prática, considerar seu comportamento e proteção na ocorrência de eventos de curto-circuito. Eventos de curto-circuito são comuns em sistemas elétricos e ocorrem por diversos motivos desde falhas em componentes como falhas operacionais resultantes de erros humanos. Embora seja identificada na literatura técnica disponível ampla discussão sobre o desempenho de diversos tipos de filtros ativos série no quesito de compensação de harmônicos, poucas referências tratam do comportamento do compensador em condições de operação adversas, tais como sobretensões e sobrecorrentes no sistema elétrico [47], as quais podem danificar os diversos componentes do sistema. Um evento de curto-circuito secundário será refletida no primário do transformador de acoplamento, causando fluxo excessivo de corrente e sobretensões potencialmente perigosas ao conversor estático utilizado para síntese de tensão harmônica. Uma vez que o transformador coaxial funciona basicamente como um transformador de corrente, não é possível simplesmente abrir o circuito do secundário do transformador. Esta operação implicaria que a indutância de magnetização ficaria em série com o sistema elétrico e assumiria durante o período do distúrbio a maior parte da tensão de rede, o que resulta em operação em altíssimo nível de saturação e conseqüente elevação de temperatura devido ao correspondente aumento nas perdas por histerese [47]. Outro ponto a considerar é que apenas desabilitar/desligar o conversor estático resulta em que o fluxo de energia se daria através dos diodos de roda-livre conectados em paralelo com os transistores de potência (IGBTs), o que poderá levar à elevação da tensão no barramento a níveis inaceitáveis. Mesmo que a tensão no barramento CC do conversor não atinja níveis danosos, ao fim da elevação de tensão, devido ao efeito de saturação, o efeito de introduzir a indutância de magnetização em série com o circuito de potência manteria elevada solicitação térmica do transformador. A utilização de disjuntores ou fusíveis em série com o conversor estático também não é eficiente devido aos altos tempos de resposta dos mesmos, da ordem de dezenas de milésimos de segundo, o que poderá ser suficiente para danificar os componentes sensíveis antes mesmo da atuação da proteção. O sistema de proteção deverá garantir atuação suficientemente rápida, limitando os níveis de tensão e correntes durante o distúrbio a níveis adequados aos componentes do conversor. 93 As referências [84] e [85] abordam uma alternativa baseada no uso de tiristores de potência e varistor, sendo que a atuação é baseada na medição da corrente no varistor a qual aumenta durante o distúrbio como resultado da elevação da tensão. Alguns artigos voltados para restauradores dinâmicos de tensão e UPQC (Unified Power Quality Conditioner) , também propõe estratégia semelhante para a proteção de sistema de injeção série. Uma vez que essas propostas são voltadas para diferentes especificações relacionadas aos níveis de tensão, frequência e metodologia de projeto dos transformadores de acoplamento, é necessário analisar a implementação de um sistema de proteção que leve em consideração as características específicas do projeto em questão. A proposta básica para o sistema de proteção, apresentada de forma de diagrama em blocos na figura 3.20, é baseado no uso de tiristores (SCR’s) conectados em paralelo com o secundário dos transformadores de acoplamento, de modo a tornar possível o desvio da corrente de curtocircuito de forma que ela não circule pelo conversor estático de potência, evitando ainda a elevação da tensão no primário a níveis potencialmente perigosos para o conversor. A proposta de proteção trabalha em conjunto com a proteção de curto-circuito no sistema de potência, normalmente efetuada por disjuntores ou relés de proteção. Os tiristores deverão ser dimensionados para conduzir a corrente de curto refletida ao primário durante o tempo necessário para que a proteção do circuito principal atue. Os tempos de atuação típicos dos sistemas de proteção contra curto-circuito [47], [84] são da ordem dezenas de milissegundos e estão relacionados aos tempos típicos de abertura de disjuntores e fusíveis de proteção. Figura 3.20: Diagrama em blocos do circuito de proteção contra curto-circuito. 94 Uma diferença importante é que no projeto proposto a tensão de projeto na frequência fundamental do transformador é da ordem de 1,0V no secundário. Assim, no evento de curtocircuito espera-se que o transformador de acoplamento entre rapidamente em saturação, resultando em uma solicitação de tensão comparativamente mais baixa em relação às outras propostas na literatura, eliminando portanto a necessidade de utilização de varistor e a respectiva medição de corrente. Para se ter uma referência prática da característica de saturação a curva de tensão x corrente no primário do transformador coaxial foi levantada e apresentada na figura 3.21. O objetivo final é a utilização da própria medição de corrente do conversor ao invés da corrente no secundário para a identificação da condição de curtocircuito e a realização do comando dos tiristores de potência. Figura 3.21: Obtenção da curva de magnetização do transformador coaxial . Afim de se realizar uma análise experimental do sistema de proteção foi montado um circuito eletrônico para implementar as funções apresentadas na figura 3.20. Adicionalmente foi implementado um circuito básico para teste, apresentado na figura 3.22. Neste experimento no lado do secundário foram utilizadas 10 espiras para simular uma condição de maior corrente no primário, uma vez que a carga no circuito principal foram lâmpadas incandescentes. Neste este inicial, o conversor estático foi representado por um retificador, simulando um desligamento dos IGBTs de potência durante o curto. 95 Figura 3.22: Circuito para teste preliminar da proteção. Figura 3.23: Teste preliminar do circuito de proteção de curto circuito. CH1 – Tensão primário do transformador (lado do conversor); CH 2 – Corrente no circuito secundário (fonte); CH 3 – Corrente no conversor; CH 4 – Corrente nos tiristores; O resultado do teste preliminar do circuito de proteção é apresentado na figura 3.23. Nesta figura é possível observar que no evento de curto-circuito a corrente no secundário faz saturar a ponta de medição de corrente (canal 2), logo em seguida os tiristores entram em condução, como pode ser visto na respectiva medição de corrente no canal 4. A tensão no conversor, registrada no canal 1, atinge 300V de pico. O tempo necessário para a abertura do circuito 96 pela proteção do sistema (disjuntor termomagnético de 2 A) foi de cerca de 8 ms. Devido a dificuldades técnicas ainda não foi realizado o teste com o conversor em funcionamento. O teste com o uso do conversor deverá ser realizado em trabalhos futuros. É importante frisar que foi escolhida uma estratégia baseada em hardware para identificação do curto-circuito e respectivo disparo dos tiristores. Uma vez que não depende do processo de aquisição e processamento pelo firmware do sistema de controle, essa abordagem permite minimizar o tempo de atuação da proteção minimizando, por conseqüência, as solicitações de tensão e corrente no conversor e transformador de acoplamento. 3.9. Extensão para Utilização de Compensador trifásico A implementação do sistema proposto em forma trifásica é apresentada na figura 3.24. Para sistemas trifásicos, a implementação trifásica tem a vantagem de ter menor custo em relação à abordagem monofásica uma vez que utiliza um número menor de dispositivos semicondutores para sua implementação. A fonte auxiliar pode ser implementada a partir da utilização de um transformador de baixa potência. Figura 3.24: Circuito equivalente para o transformador coaxial no ensaio em curto-circuito. 97 Uma diferença importante em relação à implementação monofásica é a implementação dos algoritmos PLL, cuja estrutura trifásica é apresentada na figura 3.25. Como na estrutura trifásica não existe o filtro passa baixas associado à geração da componente de quadratura – Iβ, a interação entre a dinâmica de compensação, PLLs e filtros passa-baixas nas variáveis de no referencial síncrono é mais estável do que na implementação monofásica. Figura 3.25: PLL utilizado para .a implementação trifásica do compensador harmônico série. No referencial síncrono, as equações a serem utilizadas para compensação, já considerando a utilização de amortecimento ativo são: Vqh = Ra I qh − ω h L* I dh (3.68) Vdh = Ra I d + ω h L* I qh (3.69) As tensões de referência referenciadas ao sistema estacionário abc são: v ah (t ) = Ra I qh cos θ h − ωL* I qh senθ h (3.70) vbh (t ) = Ra I qh cos(θ h m 120 o ) − ωL* I qh sen(θ h m 120 o ) (3.71) vch (t ) = Ra I qh cos(θ h ± 120 o ) − ωL* I qh sen(θ h ± 120 o ) (3.72) 98 Nas equações 3.71 e 3.72, os sinais referentes ao ângulo a ser adicionado a θh dependem da sequência do harmônico (se positiva ou negativa). A implementação trifásica do compensador proposto permite uma flexibilidade maior para a implementação do amortecimento ativo. Uma vez que o barramento CC é compartilhado pelas três fases é possível implementar uma solução em que a demanda de energia na freqüência fundamental seja distribuída de forma a minimizar a introdução de desequilíbrio de tensão resultante no sistema. 3.10. Conclusão Neste capítulo foram apresentadas as estruturas de controle e hardware para a implementação do sistema de inserção de impedância harmônica ativa, tanto para a compensação de um único harmônico quanto uma estratégia para a compensação simultânea de dois ou mais harmônicos. A amplitude, freqüência e fase das componentes fundamental e harmônica foram obtidas a partir da utilização de algoritmos PLL (phase locked loop). Foi apresentado o equacionamento para o cálculo da tensão harmônica associada à impedância ativa, o qual é baseado na transformação de coordenadas para o referencial síncrono. Também foi apresentado o equacionamento para a determinação da capacitância mínima do barramento CC a partir da determinação de um ripple máximo de tensão e ainda a obtenção do modelo de pequenos sinais utilizado como referência para o projeto da malha de controle de tensão. O projeto básico do transformador coaxial, o qual utiliza o próprio cabo do sistema de potência a ser compensado como secundário, foi apresentado sendo avaliados os efeitos da introdução de entreferro na densidade de fluxo magnético do núcleo utilizado e na corrente de magnetização do transformador. Os parâmetros de circuito equivalente de um protótipo de transformador coaxial foram obtidos e indicam a necessidade de se otimizar as dimensões do núcleo de forma a reduzir o efeito de dispersão de fluxo magnético. Também foi apresentada uma proposta de proteção contra curto-circuito no sistema de potência a qual é baseada na utilização de tiristores de potência no primário do transformador (lado do conversor) para desviar a corrente de curto do conversor e evitar níveis de tensão e corrente capazes de danificar o conversor de freqüência. Resultados de ensaios preliminares do circuito de proteção foram apresentados. A característica de projeto do transformador 99 implica em operação com alto nível de saturação do transformador durante o curto-circuito o que contribui para minimizar a tensão no lado do conversor. Finalmente, foi apresentada uma proposta para a implementação trifásica do sistema de compensação. A implementação trifásica tem a vantagem de diminuir a interação entre as estruturas do sistema de compensação uma vez que o algoritmo PLL não necessita de malha adicional para geração da componente de quadratura (emulação de sistema trifásico). Resultados de simulações computacionais relacionadas à aplicação do sistema proposto serão apresentados no capítulo 4. Capítulo 4 Simulações Computacionais e Resultados Práticos 4.1. Introdução Neste capítulo são apresentados os resultados de simulação da aplicação do sistema de impedância harmônica ativa em uma situação de significativa importância no meio industrial: a dessintonia de bancos automáticos de capacitores para correção de fator de potência. Dessintonizar [23], [75] um banco de capacitores é projetar reatores série para cada estágio, de forma que a freqüência de ressonância de cada estágio esteja sintonizada em um valor fora (normalmente abaixo) da(s) freqüência(s) harmônica(s) significativas presentes no sistema. O objetivo é garantir que as ressonâncias do sistema não sejam excitadas em qualquer das configurações possíveis do banco, evitando a sintonia dos capacitores para a criação de filtros. A introdução dos reatores aumenta em cerca de 30% o custo do banco para correção de fator de potência. Qualquer alternativa que implique em desempenho, redução de volume e custo nesse sistema possui grande possibilidade de aplicação, uma vez que a necessidade de correção de fator de potência é contínua e ainda é regulamentada pela ANEEL, que aplica pesadas multas [75] quando ocorre a operação de um consumidor com fator de potência abaixo de 0,92. Na seção 4.3 também são apresentados os resultados experimentais obtidos a partir experimentos realizados no Laboratório de Aplicações Industrias da UFMG. O objetivo dos experimentos era o de avaliar a viabilidade de induzir tensões harmônicas e ainda a utilização dos algoritmos PLL para a obtenção em tempo real da amplitude e fase das componentes fundamental e harmônica de interesse. Os experimentos foram realizados utilizando-se um protótipo básico constituído por um transformador coaxial, um conversor PWM comercial e placa de controle UPCC2812. 101 A ordem das seções deste capítulo procura dar uma idéia da evolução dos conceitos do trabalho e guarda uma relação direta com os aspectos teóricos avaliados no capítulo 3. A seção 4.2.5 apresenta o resultado de simulação considerando compensação simultânea de harmônicos e considerando ainda um importante avanço: a utilização da corrente do conversor como referência para a detecção das componentes harmônicas e respectiva síntese da tensão de compensação. 4.2. Simulações do compensador monofásico Todas as simulações apresentadas no trabalho foram implementadas a partir da construção de modelos no Matlab/Simulink. A figura 4.1 apresenta o diagrama principal utilizado como plataforma para as simulações com implementação monofásica do compensador. Os subsistemas apresentados na figura 4.1 serão apresentados no anexo deste trabalho. Nas subseções posteriores são indicados os valores dos parâmetros utilizados em cada simulação realizada. Figura 4.1: Sistema monofásico com banco automático de capacitores com dessintonia ativa. 4.2.1. Simulações preliminares – harmônico implementado como fonte de corrente ideal Como passo inicial para a análise do compensador proposto foi realizado o estudo da aplicação da impedância harmônica a partir da implementação do sistema monofásico exemplo apresentado na figura 4.2. É importante mencionar que o sistema da figura 4.2 foi 102 simulado utilizando-se o sistema implementado no Simulink® apresentado na figura 4.1. O sistema é constituído basicamente por uma fonte e sua impedância, uma carga com fator de potência indutivo, um banco para correção de fator de potência com um estágio fixo e três estágios comutados a tiristor e uma fonte harmônica injetando uma componente de 5° harmônico. Os dados do sistema são: potência base = 150kVA, X = 7%, X/R = 15, carga: 80kW, FP = 0,8 indutivo, Ih = 0,15 p.u. de 5° harmônico (100 Apico). A capacitância de cada estágio é de 925µF e na condição em que todos os estágios de capacitores estão acionados uma ressonância paralela no 5° harmônico é verificada, conforme pode ser observado nas figuras 4.3 e 4.4 que apresentam as correntes no banco de capacitores e na fonte de alimentação respectivamente. Figura 4.2: Sistema monofásico com banco automático de capacitores com dessintonia ativa. Com a ativação do sistema de impedância ativa para a síntese de uma indutância de 0,25mH no quinto harmônico obtem-se os resultados apresentados na figuras 4.5 e 4.6. A referência de tensão para o modulador PWM e a tensão no barramento CC do conversor são apresentados na figuras 4.7. Os resultados mostram a capacidade do sistema em realizar a dessintonia do banco de capacitores. Embora os ganhos dos algoritmos PLL tenham sido calculados considerando um valor referência de 1,0 p.u. de corrente, tanto para a componente fundamental, quanto para a componente harmônica, a resposta dinâmica do sistema é satisfatória uma vez que o valor de regime é atingido em aproximadamente 3 ciclos de rede. 103 Figura 4.3: Correntes no banco de capacitores sem injeção de tensão harmônica (1 p.u. = 434A). Figura 4.4: Correntes na fonte e na carga sem injeção de impedância harmônica. 104 Figura 4.5: Correntes no banco de capacitores com injeção de tensão harmônica. Figura 4.6: Correntes na fonte e na carga com injeção de tensão harmônica. 105 Figura 4.7: Tensão no barramento CC, referência de tensão para controledo barramentoCC e referência de tensão harmônica para o modulador PWM. Para fins de comparação a figura 4.9 apresenta os resultados de simulação da corrente no banco de capacitores do sistema da figura 4.2 com todos os estágios acionados em t = 0. Neste caso o cálculo da tensão harmônica é realizado de forma simplificada, conforme mostrado na figura 4.8, no qual a corrente harmônica é obtida subtraindo-se a componente fundamental, previamente calculada, da corrente no banco dos capacitores, sendo o resultado aplicado a um bloco derivador para a síntese da tensão indutiva. A tensão harmônica é injetada no sistema utilizando-se uma fonte ideal. Embora o resultado obtido seja melhor do ponto de vista de dinâmica, por utilizar grandezas pré-calculadas e bloco derivador ideal, este resultado indica um bom desempenho da estratégia de compensação proposta neste trabalho uma vez que o valor da componente harmônica após a passagem do transitório de chaveamento de capacitores é praticamente igual em ambos os casos. 106 Figura 4.8: Diagrama (Simulink®) simplificado para obtenção da tensão harmônica. Figura 4.9: Correntes no banco de capacitores utilizando o algoritmo da figura 4.8. A indutância harmônica a ser sintetizada deve ser definida de acordo com o objetivo de controle, o qual pode ser um filtro sintonizado ou dessintonizado, por exemplo. Como a tensão de compensação é obtida diretamente pela multiplicação de L* pela estimativa da amplitude da componente harmônica Iqh, qualquer desvio em L* deverá ter um impacto direto nos resultados da mesma forma que em filtros passivos. Essa condição é especialmente crítica em filtros sintonizados, onde uma frequência de ressonância específica deve ser implementada de forma a se obter o desempenho de filtragem esperado. Como L* é uma variável controlada, efeturar seu ajuste em campo torna-se uma tarefa simples. Como exemplo 107 de avaliação de desvio em L*, a figura 4.10 apresenta uma simulação do sistema da figura 4.2 considerando uma variação de -20% em L*. O resultado apresentado ainda apresenta compensação efetiva o que indica a indutância sintetiza ainda é capaz de realizar a dessintonia do banco eliminando a ocorrência de ressonância. Figura 4.10: Simulação considerando variação de -20% em L*. 4.2.2. Simulação com Introdução de Amortecimento Ativo O sistema da figura 4.2 foi simulado introduzindo-se uma componente de tensão de compensação harmônica em fase com a corrente harmônica estimada, conforme apresentado na equação 3.15. A resistência ativa introduzida foi representada por uma tensão da 10% em relação à queda de tensão referente à indutância ativa de referência. A introdução de uma componente resistiva implica na necessidade de se contrabalancear o correspondente fluxo de energia ativa no barramento CC. O balanço de energia é realizado através da malha de controle de tensão, apresentada na seção 3.5 O resultado da introdução do amortecimento ativo é apresentado na figura 4.11. A figura 4.12 apresenta a tensão no barramento CC, a referência de tensão do controlador do barramento, a referência para síntese da tensão harmônica e respectiva estimativa de corrente harmônica. Pode ser observada a redução do ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente harmônica, comparando-se ao resultado da figura 4.7, e ainda o conseqüente aumento da referência de tensão na frequência fundamental. 108 Esta última ocorre devido à necessidade de compensar a variação de energia no barramento CC associada ao fornecimento de potência ativa na frequência harmônica. Figura 4.11: Correntes no banco de capacitores com a introdução de amortecimento ativo. Figura 4.12: Tensão no barramento CC e referências de tensão de compensação com a introdução de amortecimento ativo. 109 Comparando-se os resultados das figuras 4.11 e 4.5 (sem amortecimento ativo) pode-se verificar que introdução do amortecimento ativo apresentou apenas uma pequeno impacto nas oscilações da estimativa da componente harmônica que ocorrem após o transitório de comutação dos capacitores. Por outro lado, principalmente após a entrada do último estágio capacitivo ocorreu o aumento do valor de pico no transitório de comutação. No caso apresentado foi necessária apenas uma tensão da ordem de 1% para manter o barramento CC do conversor no valor de referência. Num sistema trifásico considerando-se a presença de harmônicos desequilibrados entre as fases, o amortecimento ativo pode contribuir com o aumento da componente de sequência negativa de tensão no sistema. Adicionalmente, tem-se que a introdução de tensão fundamental necessária para balancear o fluxo de energia relacionado ao amortecimento ativo contribui para aumentar o nível de fluxo magnético no transformador de acoplamento, o que pode implicar na necessidade de sobredimensionamento deste componente. 4.2.3. Simulação de Compensação de Distorção de Tensão na Rede de Alimentação O sistema mostrado na figura 4.2 foi simulado alterando a fonte de harmônicos para considerar uma fonte de tensão harmônica em série com a rede, conforme mostrado na figura 4.13, para simular distorção prévia de tensão na rede de alimentação. Foi introduzida uma distorção de tensão de 10% e simulação foi executada considerando todos os estágios capacitivos ativados. O resultado dessa simulação é apresentado na figura 4.14, onde são apresentadas a corrente no capacitor e seu respectivo espectro harmônico antes e após a compensação harmônica ser ativada. O desempenho mostrado na figura 4.14 demonstra a capacidade do sistema, cuja compensação é baseada na leitura de corrente harmônica, para mitigação de distorção de tensão. É importante ressaltar que uma importante diferença neste trabalho em relação à diversos outros relacionados à compensação harmônica ativa é que normalmente, a geração dos sinais de compensação harmônica é obtida a partir do processamento de leituras junto a carga geradora de harmônicos. Numa condição de regime, por exemplo, a amplitude harmônica no lado da carga é constante independentemente da ativação ou não do filtro ativo. Isso evidencia 110 uma limitação das propostas citadas nas referências deste trabalho: o compensador precisa sempre de uma medição adicional para a realização da compensação. O trabalho proposto necessita apenas uma medição de corrente para sua implementação. Figura 4.13: Sistema utilizado para simulação de compensação de distorção de tensão. Figura 4.14: Resultado de simulação considerando compensação de distorção de tensão. 111 4.2.4. Simulações utilizando retificador como carga não-linear Afim de avaliar a aplicação do compensador proposto em uma situação mais próxima de uma aplicação real, a fonte ideal foi substituída por um retificador com carga resistiva de 5 ohms e um capacitor de filtro, como apresentado na figura 4.15. Na entrada do retificador foi introduzida uma indutância de 10µH. Os demais parâmetros foram idênticos aos utilizados nas simulações anteriores. Figura 4.15: Sistema utilizado para simulação de compensação com carga retificadora. Na figura 4.16 é apresentada a corrente no banco de capacitores e as respectivas estimativas da componente fundamental e de quinto harmônico obtidos sem a operação do compensador. Com a entrada do quinto estágio uma forte ressonância no quinto harmônico é identificada conforme esperado. Mesmo na presença de diversas componentes harmônicas, conforme pode ser visto no espectro harmônico mostrado na figura 4.17, os algoritmo PLLs foram capazes de rastrear as componentes de interesse na corrente do banco de capacitores. 112 Figura 4.16: Resultado de simulação considerando compensação de distorção de tensão. Figura 4.17: Espectro harmônico da corrente no banco de capacitores com retificador – sem compensação harmônica. 113 As figuras 4.18 e 4.19 apresentam os resultados obtidos para a corrente no banco de capacitores com a compensação ativada. O sistema reduziu a distorção de corrente, no caso de todos os capacitores conectados, de cerca 0,39 pu para 0,13 pu, que corresponde à uma redução de 66%. Essa redução foi obtida limitando-se a tensão de compensação harmônica em 6V no lado dos capacitores. Os resultados apresentados na figura 4.18 indicam um comportamento mais oscilatório o qual está relacionado a não completa atenuação das componentes harmônicas próximas (terceiro e sétimos harmônicos) que são projetadas no referencial síncrono. Figura 4.18: Correntes no banco de capacitores com compensação ativada – carga retificador. 114 Figura 4.19: Espectro das correntes no banco de capacitores com compensação ativada – carga retificador. As oscilações verificadas também estão associadas a interações entre as malhas de controle dos algoritmos PLL, filtros passa-baixa utilizados nas variáveis de saída dos PLLs,e ainda à resposta do sistema de potência em relação à introdução da tensão harmônica. A principal dificuldade em relação à redução das oscilações está nas proximidades das frequências de corte dos filtros e faixas de passagem das malhas de controle. É esperado que para cada sistema a resposta seja diferente e propõe-se, para trabalhos futuros, o desenvolvimento de uma modelo detalhado para avaliação da aplicação em diferentes configurações. 4.2.5. Simulação com compensação Simultânea de 5° e 7° harmônicos Nesta seção é apresentada a simulação considerando a compensação simultânea de duas componentes harmônicas: quinto e sétimo. A carga considerada foi o retificador apresentado na figura 4.20. Nesta simulação foi utilizado um controlador tipo proporcional-integral (PI) para a geração da referência de indutância ativa, conforme apresentado na figura 4.18. A referência para cada controlador PI (cada componente harmônica) é zero. Cabe lembrar que a tensão máxima aplicada para cada componente foi limitada em 9V de pico. 115 Figura 4.20: Controladores PI utilizados para a geração da referência de indutância ativa. A figura 4.21 apresenta a corrente no banco de capacitores e a estimativa da componente fundamental. O respectivo espectro harmônico é apresentado na figura 4.22. Pode-se verificar comparando-se o espectro da figura 4.23 com o da figura 4.17, que o sistema proposto realiza a atenuação das duas componentes harmônicas. Foi percebido também um aumento não previsto na componente de nono harmônico (540 Hz). Com o objetivo de avaliar a origem da influência sobre a componente de nono harmônico foi calculado o espectro harmônico do sinal de referência para o modulador o qual é apresentado na figura 4.23. Como a componente de nono harmônico da tensão de referência possui pequena amplitude sugere-se que a origem principal do acréscimo na referida componente de corrente esteja no processo de geração da onda PWM pelo inversor, o que deverá ser investigado em trabalhos futuros. 116 Figura 4.21: Corrente no banco de capacitores e respectiva estimativa da componente fundamental. Figura 4.22: Espectro harmônico da corrente no banco de capacitores. 117 \\ Figura 4.23: Espectro harmônico do sinal de referência para compensação harmônica. Com o objetivo de simplificar o sistema proposto e ainda eliminar a medição de corrente realizada no secundário do transformador foram realizadas simulações adicionais utilizandose a medição de corrente no lado do conversor de frequência. Essa modificação aparentemente simples contribui significativamente para o conceito de flexibilidade do conversor proposto e ainda reduz o custo relativo ao sistema de medição necessário para a implementação. Os parâmetros do transformador utilizados para esta simulação constam na tabela 3.1. Os resultados de simulação para este caso são apresentados nas figuras 4.24 a 4.26. Os resultados de simulação mostram que os parâmetros do transformador influenciam no desempenho do sistema uma vez que pode ser percebido na figura 4.24 um aumento do tempo necessário para o sistema atingir o regime. 118 Figura 4.24: Corrente no banco de capacitores e respectiva estimativa da componente fundamental. Figura 4.25: Espectro corrente no banco de capacitores e respectiva estimativa da componente fundamental. 119 Figura 4.26: Correntes na carga e no conversor – compensação com medição apenas da corrente do conversor. 4.2.6. Consideração Sobre a Efetividade da Solução em Função dos Parâmetros do Sistema Considerando, por exemplo, o sistema apresentado na figura 4.2, o qual considera como origem da distorção harmônica uma fonte de corrente ideal, é razoável considerar que a efetividade da solução proposta neste trabalho seja influenciada pelos parâmetros da fonte, ou seja, sua reatância equivalente Xs e sua relação com a resistência equivalente Rs. Para se avaliar essa influência podemos utilizar a equação 4.1 onde é calculado o ganho G, o qual corresponde à relação entre a amplitude da componente harmônica que flui no capacitor e a amplitude da corrente fornecida pela fonte ideal. G= ( jωh ) 2 Ls Ceq + jωhCeq Rs 2 * jωh ) ( Ls + L )Ceq + jωhCeq Rs + 1 = I Ch Ih (4.1) Calculando-se 4.1 considerando ωh = 5º harmônico, L* = 0,25mH e ainda Ceq = 4*925uF (quatro estágios acionados), Ls = 60uH e variando-se a relação X/R da fonte, obtém-se a figura 4.27. É possível verificar que para valores muito baixos de Xs/Rs a amplitude da componente harmônica no capacitor aumenta, o que pode resultar em amplitudes não 120 aceitáveis. Neste caso, a exemplo da conexão paralela de filtros tipo shunt para o aumento da capacidade de filtragem, podem ser associados mais compensadores em série, conforme apresentado na figura 4.28, tendo o objetivo de aumentar a indutância no harmônico de interesse, melhorando, portanto, o desempenho da compensação harmônica. Figura 4.27: Avaliação da influência da relação X/R na relação Ich/Ih. Figura 4.28: Associação série de compensadores para o aumento da capacidade de compensação harmônica. 121 4.2.7. Simulação de sistema de compensação trifásico Nesta seção são apresentados os resultados de simulação resultantes da utilização da extensão trifásica apresentada no capítulo 3. O modelo geral de simulação é apresentado na figura 4.29 e o modelo utilizado para representar o conversor PWM e o transformador coaxial é apresentado na figura 4.30. Os parâmetros por fase utilizados na simulação foram os mesmo utilizados nas simulações monofásicas. Neste caso foi simulada a situação considerando todos os capacitores conectados. A figura 4.31 apresenta as correntes no banco de capacitores simuladas sem compensação ativada. A figura 4.32 apresenta as estimativas da componente fundamental e de quinta harmônica da corrente na fase A do banco de capacitores. O respectivo espectro harmônico é apresentado na figura 4.33. Figura 4.29: Modelo de simulação do compensador trifásico no Simulink. Com a ativação da compensação são obtidos os resultados apresentados nas figuras 4.34 e 4.35. A implementação trifásica do compensador é capaz de reduzir a componente de quinto harmônico de 140 Apico para aproximadamente 15 Apico. O espectro apresentado na figura 4.35 indica que além do efeito de atenuação na componente desejada o compensador exerceu 122 influência no nono harmônico. Essa interação abre uma perspectiva de estudos futuros para sua mitigação. Figura 4.30: Modelo de simulação do compensador trifásico no Simulink –conversor + transformador coaxial. Figura 4.31: Correntes nas fases do banco de capacitores – sem compensação ativa. 123 Figura 4.32: Corrente na fase A do banco de capacitores e estimativas das componentes fundamental e de quinto harmônico – sem compensação. Figura 4.33: Espectro harmônico da corrente na fase A do banco de capacitores. 124 Figura 4.34: Corrente na fase A do banco de capacitores e estimativas das componentes fundamental e de quinto harmônico – com compensação. Figura 4.35: Espectro harmônico da corrente na fase A do banco de capacitores - com compensação. 125 4.3. Resultados Experimentais O objetivo desta seção é apresentar os resultados práticos preliminares obtidos a partir de experimentos realizados no Laboratório de Aplicações Industrias da UFMG. O objetivo dos experimentos era o de avaliar a viabilidade de induzir tensões harmônicas e ainda a utilização dos algoritmos PLL para a obtenção em tempo real da amplitude e fase das componentes fundamental e harmônica de interesse. Os experimentos foram realizados utilizando-se um protótipo básico constituído por um transformador coaxial, um conversor PWM comercial e placa de controle UPCC2812. 4.3.7. Descrição do setup de teste O sistema básico utilizado para os ensaios é apresentado na figura 4.36. Foi utilizado um capacitor para correção de fator de potência com capacitância de 104µF, sendo alimentado a partir de um auto-transformador. O experimento realizado pode ser considerado como uma avaliação em escala reduzida da simulação referente à compensação de distorção de tensão, apresentada na seção. 4.2.3. O hardware UPCC2812, baseado no processador TMS320F2812 foi utilizado para a geração de referência de tensão harmônica e síntese dos sinais PWM para o controle dos IGBTs do inversor de freqüência utilizado no protótipo. O firmware desenvolvido implementa algoritmo PLL para o rastreamento da amplitude e fase das componentes fundamental e de 5° harmônico corrente no capacitor. Adicionalmente foi implementada a leitura de um potenciômetro que foi utilizado para a geração da referência de indutância ativa utilizada para síntese da tensão harmônica de referência para compensação. O retificador de entrada do barramento CC do inversor CFW09 foi alimentado a partir de um auto-transformador monofásico. 126 Figura 4.36: Diagrama da montagem realizada para obtenção dos resultados experimentais preliminares. O transformador coaxial foi construído utilizando-se quatro núcleos toroidais constituídos de lâminas de aço-silício os quais foram extraídos de transformadores de alimentação (60 Hz) disponíveis no LAI. As dimensões dos núcleos utilizados são as indicadas na seção 3.8 deste trabalho e, como foram utilizados apenas dois núcleos, a tensão harmônica a ser injetada ficou limitada a 5,0V eficaz. O primário do transformador foi constituído por 20 espiras de fio de cobre de 1,0 mm2. 4.3.8. Resultados Foram realizados dois ensaios: o primeiro sem injeção de tensão harmônica (referência nula para o modulador PWM) e o segundo ensaio com compensação ativa no quinto harmônico. Na figura 4.37 são apresentadas as correntes no capacitor e no conversor PWM obtidas no primeiro ensaio. Na figura 4.38 é apresentado o espectro da corrente no capacitor sem compensação harmônica. É possível verificar a forte presença de harmônicos na corrente do capacitor, associada à distorção de tensão pré-existente no sistema de alimentação do LAI. 127 Nas figuras 4.39 e 4.40 são apresentados os resultados com a ativação da compensação. É preciso salientar que, para eliminar os ruídos de chaveamento do inversor nas medições, foi alterado o modo de aquisição do osciloscópio para apresentar na saída a média das últimas quatro amostras uma vez que ainda não projetado um filtro de saída no inversor para reduzir o ruído associado às comutações no conversor. Figura 4.37: Resultados experimentais obtidos sem a injeção de tensão harmônica. 128 Figura 4.38: Espectro harmônico da corrente no capacitor sem a injeção de tensão harmônica. Figura 4.39: Resultados obtidos com a injeção de tensão no quinto harmônico. 129 Figura 4.40: Espectro harmônico da corrente no capacitor com e sem a injeção de tensão harmônica. Os resultados obtidos mostram que apesar da reduzida tensão induzida no secundário do transformador (5V rms), foi possível obter uma redução de 75% na componente de quinto harmônico existente (de 20% para 5%). Resultados ainda mais efetivos devem ser conseguidos com a construção do protótipo de transformador projetado no trabalho o qual prevê a utilização de seis núcleos ferromagnéticos em paralelo. No anexo deste trabalho é apresentado o firmware de controle desenvolvido para a implementação do conversor proposto. Infelizmente não foi possível obter mais resultados experimentais devido à ocorrência da queima do hardware de controle (UPCC e interface JTAG) durante a realização de testes preliminares e ainda a impossibilidade de reposição dentro do prazo proposto para a conclusão do trabalho. De qualquer forma, os resultados obtidos e o conjunto de simulações demonstram a viabilidade do projeto. 130 4.4. Conclusão Neste capítulo foram apresentados os resultados de simulação da aplicação da impedância harmônica ativa para o controle do fluxo do quinto harmônico em um sistema de bancos de capacitores sintonizados para a ocorrência de ressonância paralela. Foram apresentados os resultados de simulação considerando fontes harmônicas ideais de corrente e tensão e ainda simulações considerando um retificador como carga não-linear. Os resultados confirmaram a capacidade do sistema em controlar o fluxo de harmônicos implementando com sucesso a dessintonia ativa do banco Resultados considerando a compensação simultânea de duas componentes harmônicas e ainda a utilização de compensador trifásico ampliam a flexibilidade do sistema proposto. A utilização de medição de corrente apenas no lado do conversor PWM representa grande avanço na flexibilidade de aplicação e destaque relativo às propostas apresentadas na literatura técnica pesquisada. Também foram apresentados os resultados práticos preliminares da aplicação do conceito de inserção seletiva de impedâncias harmônicas em sistemas elétricos utilizando transformador coaxial para a indução da tensão, no qual o secundário é o próprio cabo de alimentação do sistema onde a referida impedância é inserida. Os resultados mostram que mesmo uma pequena tensão induzida é capaz de exercer significativa influência no fluxo harmônico, o que indica de forma eficaz a viabilidade deste projeto de pesquisa. Capítulo 5 Conclusões e Propostas de Continuidade 5.1. Conclusões Neste trabalho foi esboçado o cenário de compensação de harmônicos em sistemas elétricos industriais apresentando as principais recomendações e soluções normalmente utilizadas. A argumentação apresentada mostra que a presença de harmônicos associados às cargas nãolineares representa um problema em que se necessita intervenção principalmente quando são utilizados capacitores na instalação, notadamente, os capacitores para correção de fator de potência. Uma discussão objetiva sobre a disponibilidade e custo de soluções para compensação de fator de potência na presença de harmônicos destacou a necessidade de uma solução com melhor flexibilidade e relação custo-benefício. Uma pesquisa de mercado relacionada aos filtros ativos e híbridos mostra ainda que as topologias disponíveis para aquisição no mercado são baseadas no uso de filtros ativos paralelos ou a combinação destes com filtros passivos, no caso dos filtros híbridos. Essa constatação contrasta com a ampla literatura técnica relativa à utilização de filtros híbridos que utilizam compensador ativo série. Importantes aspectos relacionados à implementação do sistema, tais como o transformador coaxial e a proteção contra curto-circuito foram apresentados incluindo avaliações experimentais. A construção do transformador coaxial deve ter atenção especial relativo a saturação magnética e ainda em relação à minimização dos efeitos de dispersão magnética. A proteção de curto-circuito, baseada no uso de tiristores de potência, deve ser capaz de desviar a corrente de curto refletida no primário em tempo suficiente para evitar sobretensão e sobre corrente no conversor de freqüência. Deve ser capaz ainda de suportar a corrente de curto durante o tempo necessário para abertura da proteção principal do sistema de potência. Foi apresentada uma proposição para a implementação trifásica do compensador proposto. Esta implementação tem a vantagem de reduzir ainda mais o custo total da solução considerando um sistema industrial trifásico, uma vez que necessita de menos dispositivos semicondutores de potência para sua implementação. 132 Os resultados de simulação apresentados no capítulo 4, foram obtidos a partir da avaliação da aplicação do sistema proposto em uma aplicação industrial típica, a qual apresenta significativa variação dinâmica. Esses resultados confirmam a viabilidade da utilização do sistema. Os resultados experimentais apresentados no capítulo 5, corroboram que a inserção de impedâncias harmônicas permite direcionar o fluxo de harmônicos específicos de forma a bloquear seu fluxo natural para os capacitores, eliminando os efeitos de ressonâncias e contribuindo para a redução das possibilidades de falhas nos capacitores associadas aos efeitos dos harmônicos. A inovadora utilização de transformadores coaxiais para a injeção de tensões harmônicas garante uma grande flexibilidade para a instalação do sistema, uma vez que facilita a realização de testes preliminares antes da definição da localização permanente da solução. Em comparação com as propostas existentes na literatura, o compensador proposto neste trabalho reduz a utilização de sensores e a dependência do conhecimento imediato da causa da distorção de corrente (medição junto à carga não-linear). O sistema desenvolvido é capaz de compensar distorções de tensão e corrente sem a necessidade de medição direta de corrente na carga não-linear. Como resultado adicional do trabalho tem-se a contribuição para a produção de pesquisa no Centro Universitário - Católica de Santa Catarina através da realização de um projeto de iniciação científica cujo tema era a proteção de curto-circuito do compensador proposto neste trabalho. Outra contribuição relevante foi a publicação na Revista da SOBRAEP – Eletrônica de Potência do artigo “Series-shunt Compensation for Harmonic Mitigation and Dynamic Power Factor Correction”o qual apresenta o trabalho desenvolvido. 5.2. Propostas de continuidade A perspectiva apresentada pela proposta de flexibilidade do compensador proposto abre diversos pontos para pesquisa futura. A opção pela redução do número de sensores para implementação da compensação harmônica traz diversos desafios os quais justificam a dedicação de esforço de pesquisa. Os principais pontos identificados para pesquisa futura são: 133 • Estudo da aplicação de impedâncias harmônicas ativas para o controle de fluxo de harmônicos em um sistema radial; • Análise da aplicação do sistema proposto para a compensação série-shunt distribuída conforme discutido no capítulo 2. • Estudo experimental incluindo todas as funcionalidades propostas no trabalho. • Estudo de alternativas para redução das interações entre os blocos de controle – PLLs, filtros e ainda métodos adaptativos para melhorar a sintonia das estruturas que compõe a estratégia de controle; • Análise de viabilidade e projeto de um sistema para aplicação em redes de distribuição em média tensão – 13,8kV de forma a propor a utilização da estratégia em sistemas de distribuição urbana das concessionárias. • Detalhamento do projeto e avaliação de desempenho de um filtro senoidal para a saída do conversor PWM; • Modelagem do transformador coaxial fia elementos finitos; • Avaliação das perdas no transformador considerando diferentes materiais para a confecção do núcleo (aço-silício de grão orientado, ligas amorfas, etc.). 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Existem diversos tipos de cargas não-lineares, porém, as principais cargas não-lineares de interesse em sistemas industriais e comerciais podem ser agrupadas em: retificadores não-controlados, retificadores controlados, dispositivos a arco e dispositivos saturáveis. Nas subseções seguintes iremos evidenciar as principais características de cada grupo. Retificadores Não-Controlados Retificadores não-controlados são equipamentos que convertem energia na forma alternada CA para forma contínua CC utilizando diodos em sua estrutura. Uma grande variedade de equipamentos utiliza retificadores como interface com a rede de energia alternada. Esses equipamentos podem variar desde pequenas fontes chaveadas monofásicas utilizadas em PCs, PLCs e outros dispositivos eletrônicos de baixa potência, até dispositivos de grande potência utilizados em sistemas de acionamento de motores de corrente contínua utilizados em grandes sistemas de laminação da indústria siderúrgica. Nas subseções seguintes serão apresentados a topologia básica e espectro harmônico típico dos principais tipos de retificadores nãocontrolados 144 Retificadores monofásicos Os retificadores monofásicos com filtro capacitivo utilizados em fontes chaveadas, como mostrado no exemplo da figura A.1, são conectados diretamente à rede CA. O espectro harmônico típico deste tipo de carga é apresentado na figura A.2. É interessante mencionar o significativo conteúdo de terceiro harmônico observado no espectro de corrente drenada por este tipo de carga, o qual na grande maioria das vezes representa uma componente de seqüência zero, na qual as correntes harmônicas apresentam a mesma fase nas três fases do sistema, somando-se no condutor de neutro. Essa corrente de neutro de terceiro harmônico resulta em aumento de perdas nos condutores e sobreaquecimento de transformadores de alimentação. Quando as componentes harmônicas 3º, 9º, 15º, etc (normalmente seqüência zero) apresentam diferentes amplitudes entre as fases, devido a desequilíbrios de carga por exemplo, esses harmônicos apresentam componentes de seqüência positiva e negativa além da seqüência zero, o que pode aumentar os requisitos de filtragem do sistema [23]. Figura A.1: Circuito básico de uma fonte chaveada [23]. 145 Figura A.2: Corrente de entrada (a) de uma fonte chaveada e respectivo espectro harmônico (b) [23]. Retificadores trifásicos Na figura A.3 é apresentada a estrutura básica de um retificador trifásico. Embora para baixas potências os retificadores trifásicos sejam conectados diretamente à rede de energia, na medida em que a potência dos sistemas aumenta, tem se tornado prática comum a introdução de reator de entrada para a melhoria da distorção de corrente drenada pelo equipamento. Esse reator pode ser introduzido tanto do lado CA quando no lado CC do conversor, apresentando efeito similar em ambos os casos com relação à distorção de corrente, porém apresentando diferenças com relação a outros aspectos de aplicação, como, por exemplo, necessidade de maior capacidade de taxa de variação de corrente quando da aplicação de filtro ativo no caso de utilização de reator no link CC do conversor ([65], [86]). Na figura A.4 é apresentada a corrente de entrada de um retificador com indutor de entrada Ls com reatância de 3% (3% de queda de tensão na frequência nominal e na condição de 146 potência nominal do conversor) e na figura 2.5 é mostrada a relação entre a THD de corrente e a impedância de entrada Ls. Pode ser verificado na figura 2.5 que a introdução de um reator de entrada pode reduzir a THD de 100%, quando não há reator de entrada, a até 33% com reator de 3%. É importante ressaltar que mesmo com a introdução do reator de entrada o nível de distorção harmônica de corrente resultante pode, caso a potência do conversor seja significativamente alta com relação às demais cargas sistema, implicar em não atendimento aos critérios estabelecidos na norma IEEE 519, principal padrão utilizado internacionalmente. Cabe lembrar ainda a possibilidade de excitação de ressonâncias no sistema, podendo resultar na amplificação dos efeitos dos harmônicos característicos gerados por este tipo de conversor. Figura A.3: Estrutura básica de um retificado trifásico. Corrente de Entrada - Retificador Trifásico com Ls = 3% 60 40 Is (A) 20 0 -20 -40 -60 0 10 20 30 40 50 60 70 t (ms) Figura A.4: Corrente de entrada de um retificador trifásico com reator de entrada de 3%. 147 Figura A.5: Espectro harmônico da corrente de entrada apresentada na figura A.4. THDi x Ls% 140 120 THD i (%) 100 80 60 40 20 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 Ls% Figura A.6:Distorção harmônica de corrente (THDi) x reatância % do indutor de entrada 148 Retificadores Trifásicos Multi-pulsos Os retificadores multi-pulsos são estruturas derivadas da estrutura básica apresentada na figura A.3. Nas estruturas de retificadores multipulsos são utilizadas combinações de defasamentos angulares que implicam em cancelamento de uma parcela dos harmônicos gerados por cada retificador trifásico, reduzindo a distorção de corrente vista pela fonte [87]. A utilização de retificadores multipulsos implica em utilização de transformadores de múltiplos enrolamentos (Delta/Delta – Estrela(Y) para o retificador de 12 pulsos, por exemplo) ou combinações de transformadores com secundário em Y, Delta e/ou zigzag. Na figura A.7 é apresentado um retificador de 12 pulsos utilizado como estágio de entrada de um conversor de fequência. Na figura A.8 são indicadas as conexões dos enrolamentos do transformador necessário para o funcionamento deste retificador em conjunto com os diagramas fasoriais correspondentes, evidenciando a defasagem angular de 30 graus elétricos entre os secundários ligados em estrela (Y) e triângulo (D), característico para operação 12 pulsos. Na figuras A.9 e A.10 são apresentados a forma de onda e o respectivo espectro harmônico da corrente de entrada deste conversor, respectivamente. Na tabela A.1 é apresentado um comparativo entre retificadores trifásicos simples (6 pulsos) e retificador de 12 pulsos, evidenciando as características de THDi, fator de potência e custo (desconsiderando-se o custo do transformador). 149 Figura A.7: Estrutura de um retificador de 12 pulsos (conexão série ou paralela de duas pontes K V CA Kd dV AB de 6 pulsos). A VC KY Figura A.8: Esquema elétrico e respectivo diagrama fasorial de um transformador Delta/Delta-Estrela para a alimentação de um retificador trifásico de 12 pulsos. TT 12 > 1) Ch 1: 100 mV 5 ms 2) Ref A: 200 mV 5 ms Figura A.9: Forma de onda típica da corrente de entrada de um conversor 12 pulsos (corrente no primário do transformador) 150 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Figura A.10: Espectro harmônico típico da corrente de entrada (medição no primário do transformador) de um retificador 12 pulsos. Tabela A.1: Comparação entre retificadores trifásicos 6 pulsos e 12 pulsos. Tipo de Retificador THD (I) Típico Fator de Potência Custo 6 pulsos + Reatância de Rede ou Bobina C.C. 40% 0.90 100% 12 Pulsos 12% 0.98 a 0.99 150% Na prática industrial, os retificadores de 12 e 18 pulsos (3 pontes de 6 pulsos) são os mais utilizados, porém, também são encontradas configurações de 24 e 36 pulsos em sistemas industriais de grande potência. Cabe salientar que a principal barreira para a utilização de retificadores multipulsos é o custo associado do transformador, o qual aumenta significativamente com o aumento do número de pulsos. É fato conhecido também que, nas configurações de 18 pulsos e principalmente acima (24 e 36 pulsos), existem dificuldades construtivas associadas ao transformador, tais como número discreto de enrolamentos e grande número de conexões e formatos de núcleo, os quais implicam em assimetrias de impedâncias entre fases e defasagens angulares diferentes das ideais, de forma que o cancelamento de harmônicos pode ficar comprometido podendo-se, em 151 muitos casos, não obter-se a redução esperada do conteúdo harmônico da corrente de entrada, e ainda ter assumido um custo de implementação significativamente maior. Retificadores Controlados Retificadores controlados são estruturas semelhantes aos retificadores não-controlados porém utilizam componentes de potência comandáveis no lugar dos diodos, normalmente tiristores de potência. Um exemplo deste tipo de equipamento trata-se de um acionamento de máquina de corrente contínua, mostrado na figura A.11.A figura A.12 apresenta o espectro harmônico da corrente de entrada obtido através de simulação utilizando Simulink® considerando a frequência fundamental de 60Hz. De acordo com [86], nesses tipos de retificadores, os harmônicos característicos são determinados de forma semelhante ao retificador nãocontrolado, utilizando-se a relação (2.1), conforme IEC 61000-2-1, onde k é a ordem do harmônico. Figura A.11: Acionamento de máquina CC por retificador controlado. Ik 1 = 1, 2 I1 5 k − k (A.1) 152 Figura A.12: Espectro harmônico da corrente de entrada de um retificador controlado. Nos retificadores controlados, além da geração dos harmônicos ímpares característicos também ocorre a geração de inter-harmônicos [3]\, harmônicos pares e harmônicos triplos. Esses harmônicos adicionais aprecem em virtude da existência de assimetrias no disparo dos dispositivos semicondutores, variação de carga e assimetrias existentes no sistema de alimentação (assimetrias de tensão e das indutâncias de dispersão dos transformadores de potência) [2], de forma semelhante aos softstarters [3] que apesar de serem conversores CA/CA utilizam dispositivos controlados em sua estrutura e têm sido cada vez utilizados para a partida de grandes motores, inclusive na média tensão industrial A presença de harmônicos não-característicos nesses tipos de conversores aumenta a possibilidade de excitação das freqüências de ressonância do sistema podendo resultar em distorções de tensão e/ou ocorrente intoleráveis, de forma que seja necessária a implementação de alguma estratégia de mitigação. 153 Dispositivos a Arco Nesta categoria de equipamentos geradores de harmônicos estão incluídos fornos a arco, máquinas de solda por arco e dispositivos de iluminação do tipo descarga (lâmpadas fluorescentes, vapor de mercúrio e vapor de sódio) com reator magnético [88]. O circuito equivalente de dispositivos a arco é apresentado na figura A.13, onde o arco é, basicamente, uma fonte de tensão, a qual apresenta componentes harmônicas, em série com um reator que limita a corrente do dispositivo. Figura A.13:Circuito equivalente de um dispositivo à arco [23]. A característica tensão-corrente do arco elétrico é não-linear. A partir da ignição do arco, a tensão decresce enquanto a corrente aumenta, limitada somente pela impedância do sistema. Esse comportamento confere ao arco a característica aparente de resistência negativa em uma parte de seu ciclo de operação. Dentre os dispositivos dessa classe, os fornos à arco, utilizados nas indústrias siderúrgica e metalúrgica, são os grandes causadores de problemas relacionados à distorção harmônica. Isso é devido ao fato de que normalmente os fornos a arco, com potências da ordem de megawatts [89], representam uma parcela significativa da carga instalada da maioria das indústrias que os utilizam [90]. Assim, a distorção gerada pelos fornos apresenta grande potencial para influenciar o comportamento de toda a instalação elétrica onde esses fornos estão instalados. Nos fornos a arco, a impedância limitadora é, primariamente, a dos cabos e terminais com alguma contribuição do sistema de potência e transformador do forno. O conteúdo harmônico de um forno a arco e outros dispositivos a arco é similar ao conteúdo harmônico gerado por dispositivos de iluminação baseados em reatores magnéticos, apresentado na figura 2.14. 154 Figura A.14: Forma de onda de uma lâmpada fluorescente com reator magnético (a) e respectivo espectro harmônico (b) [23]. As duas fases de operação dos fornos a arco são: o estágio de derretimento e o estágio de refinamento. As magnitudes das componentes harmônicas são diferentes entre os estágios de operação do forno, sendo que o estágio de derretimento apresenta amplitudes maiores que o estágio de refinamento. Isso acontece devido ao fato de que no estágio de derretimento uma condição desbalanceada ocorre: a condução desigual dos eletrodos do forno. A condução desbalanceada entre os eletrodos resulta na circulação de harmônicos triplos (principalmente o terceiro) no sistema de alimentação, independente do tipo de conexão do transformador [23]. Variações no material a ser derretido e nas distâncias do eletrodo ao material, principalmente, quando ajustado manualmente, conferem uma característica variável ao espectro harmônico dos fornos a arco [91], [92], [93]. A tabela A.2, obtida a partir da referência [91] apresenta os valores das amplitudes dos harmônicos de três fornos a arco durante seus estágios de refinamento. 155 Tabela A.2: Conteúdo harmônico da corrente de três fornos a arco [91]. Ordem Forno 1 Forno 2 Forno 3 2 3,2 4,1 4,5 3 4,0 4,5 4,7 4 1,1 1,8 2,8 5 3,2 2,1 4,5 6 0,6 Não informado 1,7 7 1,3 1,0 1,6 8 0,4 1,0 1,1 9 0,5 0,6 1,0 Dispositivos Saturáveis Os dispositivos saturáveis a que nos referimos são os equipamentos baseados no princípio de indução magnética que possuem núcleos de material ferromagnético. Os principais equipamentos dessa classe são os transformadores e motores elétricos. A geração de harmônicos a partir desses dispositivos é originada pela característica de magnetização nãolinear dos materiais ferromagnéticos utilizados em sua construção, conforme apresentado na figura A.15 [23]. Figura A.15: Corrente de magnetização de um transformador [23]. 156 Nos transformadores a parcela não-linear da corrente drenada por esses equipamentos é formada pela corrente de magnetização, apresentada juntamente com seu espectro harmônico na figura A.16, a qual, normalmente, corresponde a cerca de 1% da corrente nominal do equipamento. Na prática os transformadores não são considerados como fontes significativas de harmônicos, a não ser em sistemas de distribuição com um grande número de transformadores. Os harmônicos em transformadores são mais facilmente identificados em condições de operação a baixa carga, onde a probabilidade de operação acima do joelho da curva de magnetização é maior. Figura A.16: Corrente de magnetização de um transformador e respectivo espectro harmônico [23]. 157 A.1.3. Efeitos dos Harmônicos nos Principais Equipamentos Elétricos Industriais Transformadores Os transformadores são projetados para transferir uma determinada potência com o mínimo de perdas na freqüência fundamental. Quando as cargas alimentadas por um transformador são não-lineares, gerando distorção harmônica na corrente drenada, o resultado é a geração de perdas adicionais, as quais impactam diretamente no comportamento térmico do transformador implicando em aumento de temperatura e conseqüente diminuição da vida útil do equipamento. Apesar de melhorias construtivas serem possíveis, tais como o uso de cabos transpostos ao invés de condutores sólidos [23], ou a utilização de dutos de refrigeração, normalmente é utilizado um fator de derating no transformador quando a distorção de corrente excede 5%. O fator de derating é aplicado com o objetivo de manter o nível de aquecimento do transformador compatível com os níveis de temperatura de trabalho das classes do sistema isolante e do material magnético utilizado núcleo. O aquecimento adicional resultante da distorção harmônica da corrente no transformador é originado por três efeitos: • Aumento da corrente eficaz: I rms = I 12 + I 32 + I 52 + L + I h2 • Perdas associadas às correntes parasitas induzidas pelas componentes harmônicas de força magnetomotriz geradas pelas correntes harmônicas que percorrem o enrolamento do transformador • Perdas no núcleo associadas ao aumento da distorção harmônica da tensão que, por sua vez, aumentam as correntes parasitas no núcleo. O padrão ANSI/IEEE C57.110-1998 [94], Recommended Practices for Estabilishing Transformer Capability When Supplying Nonsinusoidal Load Currents apresenta orientações bastante utilizadas em aplicações práticas. As considerações do referido padrão são baseadas num fator de derating apresentado na equação A.2. 158 ∑ (I h ) ∑I 2 h K= 2 (A.2) h 2 h h A expressão (A.3), baseada no uso do fator K da equação (2.2), é utilizada para determinar a corrente permitida para o transformador: I max = 1 + PEC . R (I R ) 1 + KPEC . R (A.3) Onde IR é a corrente eficaz nominal do transformador é PEC.R é razão entre as perdas por correntes parasitas e as perdas I2R nominais [94]. Em [23] são apresentadas considerações adicionais a respeito de transformadores quando da presença de harmônicos de seqüência zero, offsets DC de corrente e indução de correntes parasitas em peças metálicas, as quais representam aspectos importantes para análise e solução de problemas nesses equipamentos. Motores Motores podem ser significativamente impactados pela distorção harmônica de tensão. A norma NBR 7094 para motores de indução [95] e o padrão IEEE 519-1992 estabelecem que o motor só será capaz de fornecer seu conjugado nominal caso a distorção harmônica total de tensão - THD e a amplitude máxima de cada harmônico individual sejam inferiores a 5% e a a 3% da tensão fundamental, respectivamente. A presença de tensões harmônicas em motores implica na presença de fluxos harmônicos no material ferromagnético do motor, o que por sua vez resulta em [23] e [94]: • Aumento das perdas e redução da eficiência; • Presença de conjugados pulsantes; • Vibrações mecânicas; • Elevação de temperatura. 159 Bancos de Capacitores Os capacitores possuem a característica de que sua impedância é inversamente proporcional à freqüência de excitação. A presença de distorção de tensão implica em aumento da corrente eficaz e das perdas dielétricas nos capacitores, as quais podem ser calculadas a partir da equação A.5 [94] , onde tan δ = R/(1/ωC) é o fator de perdas do capacitor, ωn = 2πfn e Vn é a tensão eficaz do enésimo harmônico. Outro fator a ser levado em consideração é que a potência reativa total fornecida pelo capacitor, determinada pela equação A.4 não deve exceder a potência reativa nominal, levando ainda em consideração os efeitos de sobretensões admissíveis e tolerâncias de fabricação ∞ PD = ∑ C (tan δ )ω nVn2 (A.4 n =1 N QT = ∑ Q n (A.5 n =1 A presença de bancos de capacitores apresenta ainda um aspecto muito importe – a possibilidade de ressonâncias série e paralela entre os capacitores e o resto do sistema, as quais podem resultar em altas tensões e correntes, aumentando drasticamente as perdas e sobreaquecimento dos capacitores, levando a uma rápida destruição dos mesmos, assim como dos equipamentos conectados ao sistema em ressonância. Na referência [25] é apresentado um exemplo bastante representativo de sistema com ocorrência de ressonâncias. O artigo trata de um sistema de carga de baterias existente na fábrica de baterias Moura. Nesse caso o sistema de compensação de reativos existente, baseado em bancos automáticos utilizando contatores para manobra de capacitores, sintonizava as freqüências de ressonância do sistema nas freqüências harmônicas geradas pelos conversores utilizados no processo de formação (carga) das baterias. Essa condição resultou na sobrecarga dos condutores de neutro do transformador de alimentação do sistema, redução de vida útil e eventuais explosões de células capacitivas. Outra conseqüência significativa era a operação do sistema com baixo fator de potência. As ressonâncias série e paralela são discutidas nas subseções seguintes. 160 Ressonância Paralela A ressonância paralela pode ser entendida a partir da visualização de um exemplo. A figura A17 (extraída de [23]) apresenta um sistema com potencial para ocorrência de problemas com ressonância paralela. Do ponto de vista das fontes harmônicas, o capacitor aparece em paralelo com a impedância equivalente do sistema (indutâncias do transformador e da fonte), uma vez que a fonte é considerada ser composta apenas pela componente de freqüência fundamental, representando um curto-circuito para as freqüências harmônicas. Se assumirmos que a impedância do sistema é puramente indutiva, a freqüência de ressonância paralela pode ser calculada a partir da potência de curto-circuito SS, a potência reativa do banco de capacitores SC e a freqüência fundamental f, através da equação A.6 [94]. S f p = f S SC (A.6) Na ressonância paralela a fonte harmônica enxerga uma alta impedância, resultando numa alta distorção de tensão. Nos ramos em ressonância paralela são verificadas altas correntes. A severidade da ressonância também é fortemente dependente das resistências envolvidas no circuito, as quais contribuem para o amortecimento do efeito ressonante. Figura A.17: Sistema com potencial para ocorrência de ressonância paralela [23]. 161 Ressonância Série O potencial para ressonância série ocorre em situações onde o capacitor e a indutância do transformador de distribuição se apresenta como um circuito LC série do ponto de vista da fonte harmônica, como na figura A18. Essa condição pode ser verificada por um consumidor que apesar de não possuir carga não-linear significativa, utiliza capacitores para correção de fator de potência e compartilha uma rede em que existam fontes harmônicas [23] . A ressonância série é evidenciada no circuito simplificado da figura A.19. A figura A.20 apresenta a resposta em freqüência referente ao circuito da figura A.19, onde pode ser verificada também a ocorrência de uma ressonância paralela. Figura A18 – Sistema com potência para ressonância série [23]. Figura A.18: circuito com potência para ressonância série [23] . 162 Figura A.19: Resposta em freqüência do circuito da figura A.19 [23]. Equipamentos Eletrônicos Controles eletrônicos são freqüentemente dependentes da identificação da passagem por zero ou pelo pico de tensão para a realização da correta função de controle. A presença de harmônicos de tensão pode significativamente alterar esses parâmetros implicando em alteração das características de funcionamento de tais equipamentos, podendo inclusive resultar em operação errática de acionamentos estáticos e falha prematura de equipamentos [45]. Em [7] é relatada a freqüente ocorrência de falhas em acionamentos, aceleração de relógios, queima de fontes de computadores e mal-funcionamento de sistema de iluminação. Equipamento de Seccionamento e Proteção – Disjuntores, contatores, seccionadores e fusíveis. O principal efeito verificado nessa classe de equipamentos é a elevação de temperatura associado ao aumento das perdas elétricas provocados pelo conteúdo harmônico. Na medida em que o efeito pelicular é mais pronunciado nas freqüências harmônicas essas correntes circulam principalmente na periferia dos condutores. Como conseqüência da reduzida área equivalente, a resistência efetiva para a componente harmônica é maior em relação à componente fundamental contribuindo para elevação de perdas e respectivo aquecimento nos 163 materiais condutores. Esse aquecimento adicional provoca [45] a atuação indevida de disjuntores e fusíveis e degradação acelerada de seccionadores e contatores. A presença de distorção harmônica de corrente pode acarretar ainda em ocorrência excessiva de arco elétrico em dispositivos de manobra, reduzindo sua vida útil [96]. 164 A.2. Diagramas e códigos utilizados nas simulações. Figura A.20: Diagrama de implementação do bloco “Impedância Ativa” da figura 4.1. 165 Figura A.21: Diagrama de implementação do bloco “Filtro Ativo” da figura A.20. 166 Figura A.22: Diagrama de implementação do bloco “PLL” da figura A.21. Figura A.23: Diagrama de implementação do conversor PWM transformador de acoplamento. 167 Código Matlab para implementação do PLL monofásico function [Iq_fund,angulo] = PLLf(I_alfa,Kp,Ki,Ts) % This block supports an embeddable subset of the MATLAB language. % See the help menu for details. %========================================================================== % Sintonia do PLL tau = 0.001; K = 1.0; %========================================================================== dt = Ts; % Intervalo de integração f0 = 60; Wff = 2*pi*f0; %========================================================================== % inicializacao de variaveis para simulação persistent executa I persistent I_n1 I_n2 I_n3 Iq_flt_n1 Iq_flt_n2 Iq_flt_n3 ddt_teta erro_n1 int_erro persistent Wfbk Wfbk_n1 Iq_ref teta dIq_dt Id_ref int_Wfbk if isempty(executa) I_n1 = 0; I_n2 = 0; I_n3 = 0; Iq_flt_n1 = 0; Iq_flt_n2 = 0; Iq_flt_n3 = 0; ddt_teta = Wff; erro_n1 = 0; int_erro = 0; erro_5h_n1 = 0; Wfbk = 0; Wfbk_n1 = 0; Iq_ref = 0; teta = 0; dIq_dt = 0; Id_ref = 0; int_Wfbk = 0; end teta = teta+ddt_teta*dt; if teta > pi teta = teta-2*pi; elseif teta<-pi teta = teta+2*pi; end Iq_ref = Iq_ref+dIq_dt*dt; I_beta = Iq_ref*sin(teta);%-Iq_ref*sin(teta); Iq = I_alfa*cos(teta)+I_beta*sin(teta);%I_alfa*cos(teta)I_beta*sin(teta); dIq_dt = (1/tau)*(K*Iq-Iq_ref); Id = I_alfa*sin(teta)I_beta*cos(teta);%I_alfa*sin(teta)+I_beta*cos(teta); erro = Id_ref-Id; int_Wfbk = int_Wfbk+(Wfbk_n1+Wfbk)*dt/2; int_erro = int_erro+(erro_n1+erro)*dt/2; 168 Wfbk = Ki*int_erro+Kp*erro; ddt_teta = Wfbk+Wff; %=================================== executa = 1; Iq_fund = Iq; angulo = teta; Código Matlab para implementação da função Vh_5h do diagrama da figura A.2 function [Vh,Vout,erroaux,a,b] = fcn(Iqh_flt,angulo,Ts,Vlim,estagio,Lcmp,Habilita,kp,ki,k2i) % This block supports an embeddable subset of the MATLAB language. % See the help menu for details. %========================================================================== persistent executa erro int_erro int_int_erro int_erro_k1 erro_k1 Vo_k1 estagio_k1 persistent Ctr_k1 Ctr_k2 erro_k2 if isempty(executa) erro = 0; int_erro = 0; int_erro_k1 = 0; int_int_erro = 0; erro_k1 = 0; Vo_k1 = 0; estagio_k1 = 0; end %========================================================================== % Definicação de Parâmetros h = 5; % Ordem do harmônico wh = 2*pi*60*h; % frequência do harmônico dt = Ts; % Passo de integração Ih_ref = 0; Kd = 0; %========================================================================== % if (estagio ~= estagio_k1) % int_erro = 0; % int_int_erro = 0; % end %========================================================================== Vff = Iqh_flt*wh*Lcmp; erro = -Ih_ref+Iqh_flt; derro_dt = (erro-erro_k1)/Ts; int_erro = int_erro+(erro_k1+erro)*Ts/2; int_int_erro = int_int_erro+(int_erro_k1+int_erro)*Ts/2; acao_integ = ki*int_erro; acao_integ2 = k2i*int_int_erro; if acao_integ > 3 acao_integ = 3; 169 end if acao_integ2 > 2 acao_integ2 = 2; end Vh_ampl = kp*erro+acao_integ+acao_integ2-Kd*derro_dt+Vff; % end %========================================================================== % Armazena estados anteriores estagio_k1 = estagio; erro_k1 = erro; int_erro_k1 = int_erro; Vo_k1 = Vh_ampl; %========================================================================== % Verifica se a compensasao está habilitada if Habilita == 0 Vh_ampl = 0; erro = 0; int_erro = 0; int_int_erro = 0; end %========================================================================== % Limita a tensão de saída if Vh_ampl > Vlim % Limitação da tensão de compensação Vh_ampl = Vlim; elseif (Vh_ampl < -Vlim) Vh_ampl = -Vlim; end %========================================================================== % Valor instantâneo da tensão a ser sintetizada Vh = -Vh_ampl*(sin(angulo)-0.02*cos(angulo)); %========================================================================== % Variáveis de saída do bloco erroaux = erro; Vout = acao_integ; a = int_erro; b = int_int_erro; %========================================================================== executa = 1; % Variável de controle de execução A.3. Código C da implementação do controle do conversor na plataforma UPCC2812. // // Impedancia ativa : TMS320F2812 // (C) Gleisson Jardim França // //######################################################################### ## // // FILE: SFI.c 170 // // TITLE: DSP28 Event Manager A and B. // // //######################################################################### ## // // Ver | dd mmm yyyy | Who | Description of changes // =====|=============|======|=============================================== // 1.0 | 31 Março 2011 | GJF | Fsw = 8kHz;Funcoes teste //######################################################################### ## #include "DSP281x_Device.h" //extern Uint16 RamfuncsLoadStart; //extern Uint16 RamfuncsLoadEnd; //extern Uint16 RamfuncsRunStart; #define GLOBAL_Q 24 // -128 to ~ +128 long GlobalQ = GLOBAL_Q; // Used for GEL & Graph Debug. #include #include #include #include #define #define #define #define "math.h" "IQmathLib.h" "UPCC2812_DAC.h" "UPCC2812_Peripheral.h" Hum _IQ(1.0) DoisPI _IQ(6.2831853071795864769252867665590) DoisPIs3 _IQ(2.0943951023931954923084289221863) PI _IQ(3.1415926535897932384626433832795) #define SIM 1 #define ASM 2 #define fclk 50.0e6 os timers de EVA e EVB #define fs 10000.0 //15360.0 8k #define K_MI _IQ(6.4) // frequência de clock para // frequência do PWM/amostragem // fundo de escala da corrente(10) //========================================================================= ======== // Prototype statements for functions found within this file. void dac_update(UPCC2812_DAC *p); void Gpio_select(void); void InitSystem(void); void EvaInit(void); void EvbInit(void); void GeraRef(_iq,_iq,_iq,_iq*,_iq*); void PLL_1f(_iq I_alfa,_iq Kp,_iq Ki,_iq Wff,_iq *theta,_iq *Iq,_iq *Id,_iq *seno,_iq *cosseno,_iq *w); void PLL_1f_5h(_iq I_alfa,_iq Kp,_iq Ki,_iq Wff,_iq *theta,_iq *Iq,_iq *Id,_iq *seno,_iq *cosseno,_iq *w); void PLL_1f_7h(_iq I_alfa,_iq Kp,_iq Ki,_iq Wff,_iq *theta,_iq *Iq,_iq *Id,_iq *seno,_iq *cosseno,_iq *w); void BPPWM(_iq Vdc,_iq *fa,_iq *D); 171 //========================================================================= ======== // Interrupções interrupt void eva_timer1_isr(void); interrupt void evb_timer3_isr(void); interrupt void ADC_ISR(void); //========================================================================= ======== // Global counts used in this file Uint32 EvaTimer1InterruptCount; Uint32 EvbTimer3InterruptCount; Uint16 TxPR = ((Uint16) (SIM*fclk/(2*fs))); // Período do PWM = 75e6/(2*fs) (div. por 2 - up/down mode) //========================================================================= ======== // Global variables used in this file UPCC2812_DAC dac = DAC_DEFAULTS; int offset = 2047; // offset para adaptação da leitura AD //==================================================== // Medição e filtragem das correntes do conversor _iq Ia; // Correntes de saída do inversor //_iq Ib,Ic; //==================================================== // Medição e controle do link CC //_iq Vdc; // Tensão no link CC //_iq Vdc_flt;//,_iq Vdc_n1,Vdc_n2,Vdc_flt_n1,Vdc_flt_n2; // Controle de tensão no barramento CC //_iq erro_Vdc,int_erro_Vdc =_IQ(0.0),Vdc_ref =_IQ(0.0); //_iq Ki_Vdc = _IQ(40.0),Kp_Vdc = _IQ(20.0); //20,15 ganhos do controlador de tensâo do link CC //==================================================== // Referencias de tensao _iq Vo_ref,Vo_ref2; // referencia de amplitude para a tensão de saída _iq Vo_ref_mod; // referência (forma de onda) de tensão para o modulador //_iq fase_ref; // referência de fase para a tensão de saída //==================================================== // Parametros do controle de corrente //_iq dt = _IQ(0.000125); // passo de tempo para o controle 1/fs = Ts (8kHz) //_iq dts2 = _IQ(0.0000625); // passo de tempo dividido por dois (8kHz) //_iq dt10 = _IQ(0.00125); // passo de tempo para o controle 10/fs multiplicado por 10 para uso no PLL (8kHz) //_iq dt100 = _IQ(0.0125); // passo de tempo para o controle 100/fs multiplicado por 100 para uso no PLL (8kHz) _iq dt = _IQ(0.0001); // passo de tempo para o controle 1/fs = Ts (10kHz) _iq dts2 = _IQ(0.00005); // passo de tempo dividido por dois (10kHz) _iq dt10 = _IQ(0.001); // passo de tempo para o controle 10/fs multiplicado por 10 para uso no PLL (10kHz) _iq dt100 = _IQ(0.01); // passo de tempo para o controle 100/fs multiplicado por 100 para uso no PLL (10kHz) //========================================================================= ======== // Variáveis do PLL _iq seno,cosseno,seno_5h,cosseno_5h,seno_7h,cosseno_7h; _iq theta = 0,theta_5h = 0,theta_7h = 0; _iq fa = 0,fa5h = 0,fa7h = 0; //_iq theta_teste = 0 172 _iq theta_teste = 0;_iq theta_teste5h = 0;_iq theta_teste7h = 0; _iq WeTs,WeTs5h,WeTs7h; // passo angular = We*Ts (Ts - intervalo de amostragem 1/fs) _iq wff = _IQ(37.699111843077518861551720599354); // wff dividido por 10 para manter I8Q24 _iq wff_5h = _IQ(94.247779607693797153879301498385);// wff5h dividido por 20 para manter I8Q24 _iq wff_7h = _IQ(65.97344572538565800771551104885); // wff7h dividido por 40 para manter I8Q24 _iq w = 0,w_5h = 0,w_7h = 0; // frequencia angular calculada pelo PLL sem parcela wff _iq Kp = _IQ(2.56); // Kp do controlador PLL freq. fundamental _iq Ki = _IQ(0.128); // Ki do controlador PLL freq. fundamental _iq Kp_h = _IQ(30); // Kp do controlador PLL freq. harmônica _iq Ki_h = _IQ(2); // Ki do controlador PLL freq. harmônica _iq Id = 0,Iq = 0,Iq_ref = 0,Iq_5h = 0,Id_5h = 0,Iq_7h = 0,Id_7h = 0; _iq Ia_f; // Estimativa para a corrente fundamental _iq Ia_5h; // Estimativa para a quinta harmonica _iq Ia_7h; // Estimativa para a sétima harmonica _iq Iq_flt,Iq_flt_n1,Iq_flt_n2,Iq_n1,Iq_n2; // sufixo _n1 = variavel no instante (k-1) // sufixo _n2 = variavel no instante (k-2) //_iq Iq_flt,Iq_flt_n1,Iq_flt_n2,Iq_flt_n3,Iq_flt_n4,Iq_n1,Iq_n2,Iq_n3,Iq_n4; _iq Iq_5h_flt,Iq_5h_flt_n1,Iq_5h_flt_n2,Iq_5h_n1,Iq_5h_n2; _iq Iq_7h_flt,Iq_7h_flt_n1,Iq_7h_flt_n2,Iq_7h_n1,Iq_7h_n2; //========================================================================= ======== // Variaveis associadas a determinação dos offsets da leitura de corrente _iq soma_Ia = 0,off_Ia = 0; int N = 32000,j = 0,protecao = 0; // número de pontos amostrados em um período de rede // com fs = 8 kHz _iq sN = _IQ(0.00003125); // 1/N //========================================================================= ======== // Coeficientes do filtro das correntes //_iq A_I[2] = {_IQ(1.0), _IQ(-0.9919)}; //_iq B_I[2] = {_IQ(0.041), _IQ(0.0041)}; // Coeficientes do filtro das tensões de rede geradas pelo PLL _iq A_Vr[2] = {_IQ(1.0), _IQ(-0.9959)}; _iq B_Vr[2] = {_IQ(0.0020), _IQ(0.0020)}; //_iq A_Vr[5] = {_IQ(0.171970792504847),_IQ(0.677163983217458),_IQ(1.0),_IQ(0.656385203465571),_IQ(0.161578445429471)}; //_iq B_Vr[5] = {_IQ(0.028661802167561),_IQ(0.114647198419984),_IQ(0.171970792504847),_IQ(0 .114647198419984),_IQ(0.028661802167561)}; // fim - Variaveis - filtro //========================================================================= ======== // Variaveis associadas a geração de referência e modulador PWM _iq D; // Razão cíclica _iq Vr_CMPR; // Valor a ser utilizado na comparação PWM: (TxPR-Vr_CMPR) int Habilita_geral = 1; 173 int count = 0; //========================================================================= ======== void main(void) { inicio_do_programa: asm(" SETC SXM"); InitSystem(); // Initialize the DSP's core Registers // memcpy(&RamfuncsRunStart,&RamfuncsLoadStart,&RamfuncsLoadEnd &RamfuncsLoadStart); // InitFlash(); // Initialize the Flash; Call original function from "DSP281x_SysCtrl.c" Gpio_select(); DINT; // Setup the GPIO Multiplex Registers // Disable CPU interrupts InitPieCtrl(); // Clear all pending PIE-Interrupts and // disable all PIE interrupt lines. // Disable CPU interrupts and clear all CPU interrupt flags: IER = 0x0000; IFR = 0x0000; InitPieVectTable(); "PieVectTableInit()" // Copies a predefined interrupt table // to the global variable "PieVectTable", defined // in "DSP281x_GlobalVariableDefs.c". InitAdc(); // ADC module inicialization - Lyra_29/09/08 // Interrupts that are used in this example are re-mapped to // ISR functions found within this file. EALLOW; // This is needed to write to EALLOW protected registers GpioMuxRegs.GPADIR.bit.GPIOA15 = 1; PieVectTable.T1UFINT = &eva_timer1_isr; PieVectTable.T3UFINT = &evb_timer3_isr; PieVectTable.ADCINT = &ADC_ISR; EDIS; registers // This is needed to disable write to EALLOW protected PieCtrlRegs.PIEIER1.bit.INTx6 = 1; - for ADC PieCtrlRegs.PIEIER2.bit.INTx6 = 1; for T1UFINT PieCtrlRegs.PIEIER4.bit.INTx6 = 0; for T3UFINT // Enable PIE group 1 interrupt 6 IER = 3; // |= (M_INT2 | M_INT4 ); (INT1). Modify register IER // Enable interrupt core line 1 EINT; ERTM; // Enable PIE group 2 interrupt 6 // Enable PIE group 4 interrupt 6 // Enable interrupts globally. // Enable Global realtime interrupt DBGM EvaInit(); EvbInit(); // Event Manager Initialization EvaTimer1InterruptCount = 0; // Initialize count values to 0 174 EvbTimer3InterruptCount = 0; EvaRegs.T1CON.bit.TENABLE = 1; EvaRegs.T1CON.bit.TENABLE = 1 EvbRegs.T3CON.bit.TENABLE = 1; EvbRegs.T3CON.bit.TENABLE = 1 // Enable T1PWM, set // Enable T1PWM, set //========================================================================= ======== // Initialize Global Variables // // fe = fenom; WeTs = _IQ(0.047123889803846898576939650749193); //fs = 8000Hz WeTs = _IQ(0.037699111843077518861551720599354); //fs = 10kHz WeTs5h = _IQ(0.23561944901923449288469825374596);//_IQ((DoisPI*(fe/fs))); 8000Hz WeTs5h = _IQ(0.18849555921538759430775860299677);//_IQ((DoisPI*(fe/fs))); 10kHz // WeTs7h = _IQ(0.329867228626928290038577555243);//_IQ((DoisPI*(fe/fs))); 8kHz WeTs7h = _IQ(0.2638937829015426320308620441944);//_IQ((DoisPI*(fe/fs))); 10kHz //========================================================================= ======== // Sincronizando os contadores EvaRegs.T1CNT = 0x0000; EvbRegs.T3CNT = 0x0001; //========================================================================= ======== /*---------------------------------------------------------------------------*/ while(1) { EALLOW; SysCtrlRegs.WDKEY = 0x55; // Reset Watchdog. if ((Habilita_geral == 0)&(primeira==1)) { primeira = 1;///0 goto inicio_do_programa; } SysCtrlRegs.WDKEY = 0xAA; // Restart Watchdog. // // // // // // EDIS; } /*---------------------------------------------------------------------------*/ } void Gpio_select(void) { EALLOW; GpioMuxRegs.GPAMUX.all GpioMuxRegs.GPBMUX.all GpioMuxRegs.GPDMUX.all GpioMuxRegs.GPFMUX.all = = = = 0x003F; 0x003F; 0x0; 0x0; // all GPIO port Pin's to I/O 175 GpioMuxRegs.GPEMUX.all = 0x0; GpioMuxRegs.GPGMUX.all = 0x0; EDIS; } void InitSystem(void) { EALLOW; SysCtrlRegs.WDCR= 0x00AF;//0x0068; // Setup the watchdog SysCtrlRegs.PLLCR.bit.DIV = 10; // Setup the Clock PLL to multiply by 5 (10/2) - CLKIN = 30MHz -> 150MHz internal clock SysCtrlRegs.SCSR = 0x0; // Watchdog(WDENINT)to generate a RESET SysCtrlRegs.HISPCP.all = 0x0001; // Setup Highspeed Clock Prescaler to divide by 2 (used for high speed peripherals) - 75MHz SysCtrlRegs.LOSPCP.all = 0x0002; // Setup Lowspeed CLock Prescaler to divide by 4 (used for low speed peripherals) // Peripheral clock enables set for the selected peripherals. SysCtrlRegs.PCLKCR.bit.EVAENCLK=1; SysCtrlRegs.PCLKCR.bit.EVBENCLK=1; SysCtrlRegs.PCLKCR.bit.SCIAENCLK=0; SysCtrlRegs.PCLKCR.bit.SCIBENCLK=0; SysCtrlRegs.PCLKCR.bit.MCBSPENCLK=0; SysCtrlRegs.PCLKCR.bit.SPIENCLK=0; SysCtrlRegs.PCLKCR.bit.ECANENCLK=0; SysCtrlRegs.PCLKCR.bit.ADCENCLK=1; EDIS; } void EvaInit(void) { // Configure EVA // Assumes EVA Clock is already enabled in InitSysCtrl(); // Drive T1PWM / T2PWM by T1/T2 - logic //0000.0000.0100.0001 - Habilita EvaRegs.GPTCONA.all = 0x41; comparadores(bit 6) //Pinos T1PWM e T1CMP em "forced high" //Pinos T2PWM e T2CMP em "forced low" EvaRegs.T1CON.bit.FREE = 0; // Stop on emulation suspend EvaRegs.T1CON.bit.SOFT = 0; // Stop on emulation suspend EvaRegs.T1CON.bit.TMODE = SIM; // Continuous up/down count mode EvaRegs.T1CON.bit.TPS = 0; // prescaler = 1 : 75 MHz (prescaler com relação ao high speed peripheral clock) EvaRegs.T1CON.bit.TENABLE = 0; // disable GP Timer 1 now EvaRegs.T1CON.bit.TCLKS10 = 0; // internal clock EvaRegs.T1CON.bit.TCLD10 = 0; // Compare Reload when zero EvaRegs.T1CON.bit.TECMPR = 1; // Enable Compare operation EvaRegs.T1PR = TxPR; EvaRegs.T1CNT = 0x0000; // período do PWM -> 1/fs // Timer1 counter initialization EvaRegs.EVAIMRA.bit.T1UFINT = 1;// Habilita geração de interrupção quado Timer1 = underflow 176 EvaRegs.ACTRA.all = 0x0666; // Compare action takes place on a compare event 0000.0110.0110.0110 // output pin 1 CMPR1 // output pin 2 CMPR1 // output pin 3 CMPR2 // output pin 4 CMPR2 // output pin 5 CMPR3 // output pin 6 CMPR3 - control. Action that active high (PWM1) active low (PWM2) active high (PWM3) active low (PWM4) active high (PWM5) ative low (PWM6) EvaRegs.DBTCONA.all = 0x0CF4; // Deadband - clock derivado do high speed peripheral clok (após HISPCP) // 0x0CF4 = 0000.1100.1111.0100 // período = 12*1/75MHz*prescaler= 5,12us (bits 8 a 11) // PWM1, 2 e 3 com deadband (bits 5 a 7) // prescaler = 32 (bitts 2 a 4) EvaRegs.COMCONA.all = 0x8200; // 0x8200 = 1000.0010.0000.0000 // bit 15 - habilita comparação // bits 14 e 13 - reload when T1CNT=0 (compare registers) // bits 11 e 10 - reload when T1CNT=0 (action control registers) // bit 9 - Habilita as saídas dos comparadores (com EXTCONA[0]=0; } void EvbInit(void) { // Configure EVB // Assumes EVB Clock is already enabled in InitSysCtrl(); // Drive T3PWM / T4PWM by T3/T4 - logic EvbRegs.GPTCONB.all = 0x41; EvbRegs.T3CON.bit.FREE = 0; // EvbRegs.T3CON.bit.SOFT = 0; // EvbRegs.T3CON.bit.TMODE = SIM; EvbRegs.T3CON.bit.TPS = 0; // EvbRegs.T3CON.bit.TENABLE = 0; EvbRegs.T3CON.bit.TCLKS10 = 0; EvbRegs.T3CON.bit.TCLD10 = 0; // EvbRegs.T3CON.bit.TECMPR = 1; // EvbRegs.T3PR = TxPR; EvbRegs.T3CNT = 0x0000; Stop on emulation suspend Stop on emulation suspend // Continuous up/down count mode prescaler = 1 : 75 MHz // disable GP Timer 1 now // internal clock Compare Reload when zero Enable Compare operation // Período do PWM // Inicialização do Timer3 counter EvbRegs.EVBIMRA.bit.T3UFINT = 1; // Compare action control. Action that takes place // on a cmpare event // output pin 1 CMPR1 - active high // output pin 2 CMPR1 - active low // output pin 3 CMPR2 - active high // output pin 4 CMPR2 - active low // output pin 5 CMPR3 - active high // output pin 6 CMPR3 - active low EvbRegs.ACTRB.all = 0x0666;//0x0666;// EvbRegs.DBTCONB.all = 0x0000;//0x0CF4; // Deadband EvbRegs.COMCONB.all = 0x8200; 177 } void dac_update(UPCC2812_DAC *p) { DACA0 = p->A.ch0 + p->A.offset_ch0; DACA1 = p->A.ch1 + p->A.offset_ch1; DACA2 = p->A.ch2 + p->A.offset_ch2; DACA3 = p->A.ch3 + p->A.offset_ch3; DACB0 DACB1 DACB2 DACB3 = = = = p->B.ch0 p->B.ch1 p->B.ch2 p->B.ch3 + + + + p->B.offset_ch0; p->B.offset_ch1; p->B.offset_ch2; p->B.offset_ch3; } interrupt void ADC_ISR(void) { // 0x000D4A ADCINT (ADC) /*** Manage the ADC registers ***/ AdcRegs.ADCTRL2.bit.RST_SEQ1 = 1; CONV00 state AdcRegs.ADCST.bit.INT_SEQ1_CLR = 1; interrupt flag PieCtrlRegs.PIEACK.all = PIEACK_GROUP1; the PIE group } // end ADCINT_ISR() // Reset SEQ1 to // Clear ADC SEQ1 // Must acknowledge void eva_timer1_isr(void) { DOUT0 = 0; interrupção // utilizado para medicao do tempo de processamento da AdcRegs.ADCTRL2.all |= BIT14; // reset to CONV0 14/11/2008 AdcRegs.ADCTRL2.all |= BIT13; // inicialização da conversão AD 14/11/2008 /** Manage the ADC registers ***/ //======================================================== // Leituras das correntes de saída 1A na entrada = 1A representação interna //Ia = _IQmpy(_Q15toIQ((int)((AdcRegs.ADCRESULT0 >> 4) - offset) << 4),K_MI); // convertido para amperes // // //if (Habilita_geral==0) //{ Ia = Ia-off_Ia; // compensação de offset analógico } //if (Ia>30) //{ //protecao = 1; //} // Ib = _IQmpy(_Q15toIQ((int)((AdcRegs.ADCRESULT1 4),K_MI); // convertido para amperes // Ib = Ib+_IQ(1.30); >> 4) - offset) << 178 // Ic = _IQmpy(_Q15toIQ((int)((AdcRegs.ADCRESULT2 >> 4) - offset) << 4),Ipk); // convertido para amperes // Ic = Ic-_IQ(1.15); // Ic = -Ia-Ib; ///======================================================== // Leituras das tensões no link DC // Vdc = _Q15toIQ((int)((AdcRegs.ADCRESULT3 >> 4)-offset) << 4); //======================================================== // Filtragem da tensao do link CC // Vdc_flt = _IQmpy(Vdc,B_Vr[0])+_IQmpy(Vdc_n1,B_Vr[1])// _IQmpy(Vdc_flt_n1,A_Vr[1]); // Vdc_n2 = Vdc_n1; // Vdc_n1 = Vdc; // Vdc_flt_n2 = Vdc_flt_n1; // Vdc_flt_n1 = Vdc_flt; //========================================================================= ======== // Leitura da referência de fase da tensão de saída // fase_ref = _Q15toIQ((int)( ( (AdcRegs.ADCRESULT7 >> 4) - offset) << 4)); // Leitura de potênciometro externo // fase_ref = _IQmpy(fase_ref,_IQ(17.5))-PI; // Normalização: PI/2<fase<PI/2 //========================================================================= ======== Vo_ref2 = _Q15toIQ((int)( ( (AdcRegs.ADCRESULT7 >> 4) - offset) << 4))+_IQ(0.06459453);//correção associada a offset analógico incorreto Vo_ref2 = _IQmpy(Vo_ref2,_IQ(2.32)); // Normalização (Vo_ref max = 1.0 pu) // Leitura da referência de amplitude para a tensão de saída Vo_ref = _Q15toIQ((int)( ( (AdcRegs.ADCRESULT4 >> 4) - offset) << 4))+_IQ(0.06459453);//correção associada a offset analógico incorreto Vo_ref = _IQmpy(Vo_ref,_IQ(2.32)); // Normalização (Vo_ref max = 1.0 pu) // Vo_ref = _IQ(1.0); // Saturação da referência de tensão (para Vdc = 311V -> vo max = 220*0.5 = 110Vrms // if (Vo_ref>_IQ(1.0)) // { // Vo_ref = _IQ(1.0); // } GeraRef(Vo_ref,WeTs,PI,&theta_teste,&fa); GeraRef(Vo_ref2,WeTs5h,PI,&theta_teste5h,&fa5h); GeraRef(Vo_ref2,WeTs7h,PI,&theta_teste7h,&fa7h); Ia = fa+fa5h+fa7h; //======================================================== // Leituras da tensão de linha - 311V - entrada - 0,5 representação interna // Vab = _Q15toIQ((int)(((AdcRegs.ADCRESULT5 >> 4) - offset) << 4)); // Vbc = _Q15toIQ((int)(((AdcRegs.ADCRESULT6 >> 4) - offset) << 4)); // 86 - offset devido ao offset analógico incorreto // if (Habilita_geral==0) // { // Vab = Vab-off_Vab; // compensação de offset analógico // Vbc = Vbc-off_Vbc; // compensação de offset analógico // } //======================================================== // Estimativas para cada componente Ia_f = _IQmpy(Iq_flt,cosseno); Ia_5h = _IQmpy(Iq_5h_flt,cosseno_5h); Ia_7h = _IQmpy(Iq_7h_flt,cosseno_7h); 179 //======================================================== // PLL - frequência fundamental PLL_1f(Ia-Ia_5h-Ia_7h,Kp,Ki,wff,&theta,&Iq,&Id,&seno,&cosseno,&w);//fa //======================================================== // Filtragem da corrente fundamental no referencial síncrono Iq_flt = _IQmpy(Iq,B_Vr[0])+_IQmpy(Iq_n1,B_Vr[1])_IQmpy(Iq_flt_n1,A_Vr[1]); // Iq_flt = _IQmpy(Iq,B_Vr[0])+_IQmpy(Iq_n1,B_Vr[1])+_IQmpy(Iq_n2,B_Vr[2])+_IQmpy(Iq_n3 ,B_Vr[3])+_IQmpy(Iq_n4,B_Vr[4])// _IQmpy(Iq_flt_n1,A_Vr[1])-_IQmpy(Iq_flt_n2,A_Vr[2])_IQmpy(Iq_flt_n3,A_Vr[3])-_IQmpy(Iq_flt_n4,A_Vr[4]); // Iq_n4 = Iq_n3; // Iq_n3 = Iq_n2; // Iq_n2 = Iq_n1; Iq_n1 = Iq; // Iq_flt_n4 = Iq_flt_n3; // Iq_flt_n3 = Iq_flt_n2; // Iq_flt_n2 = Iq_flt_n1; Iq_flt_n1 = Iq_flt; // OBS O filtro está apresentando ganho de 3,6 //======================================================== // PLL - frequência de quinto harmônico PLL_1f_5h(Ia-Ia_fIa_7h,Kp_h,Ki_h,wff_5h,&theta_5h,&Iq_5h,&Id_5h,&seno_5h,&cosseno_5h,&w_5h); //======================================================== // Filtragem da corrente harmônica no referencial síncrono Iq_5h_flt = _IQmpy(Iq_5h,B_Vr[0])+_IQmpy(Iq_5h_n1,B_Vr[1])_IQmpy(Iq_5h_flt_n1,A_Vr[1]); // Iq_5h_n2 = Iq_5h_n1; Iq_5h_n1 = Iq_5h; // Iq_5h_flt_n2 = Iq_5h_flt_n1; Iq_5h_flt_n1 = Iq_5h_flt; //======================================================== // PLL - frequência de sétimo harmônico PLL_1f_7h(Ia-Ia_fIa_5h,Kp_h,Ki_h,wff_7h,&theta_7h,&Iq_7h,&Id_7h,&seno_7h,&cosseno_7h,&w_7h); //======================================================== // Filtragem da corrente harmônica no referencial síncrono Iq_7h_flt = _IQmpy(Iq_7h,B_Vr[0])+_IQmpy(Iq_7h_n1,B_Vr[1])_IQmpy(Iq_7h_flt_n1,A_Vr[1]); // Iq_7h_n2 = Iq_7h_n1; Iq_7h_n1 = Iq_7h; // Iq_7h_flt_n2 = Iq_7h_flt_n1; Iq_7h_flt_n1 = Iq_7h_flt; //======================================================== // Geração da tensão de referência para o modulador Vo_ref_mod = -_IQmpy(_IQmpy(_IQmpy(Iq_5h_flt,_IQ(1.0)),seno_5h)_IQmpy(_IQmpy(Iq_7h_flt,_IQ(0.05)),seno_7h),Vo_ref); //Vo_ref_mod = -_IQmpy(Vo_ref,seno_5h)-_IQmpy(Vo_ref2,seno_7h); //======================================================== // Controle da tensão do Link CC // Vdc_ref = _IQmpy(Vq_flt,_IQ(3.1617));//3.81 // erro_Vdc = _IQmpy(Vdc_flt-Vdc_ref,Dez); // PI_Controller(Ki_Vdc,Kp_Vdc,erro_VDC,&int_erro_VDC,dt,&Iq_ref,_IQ(0.0 ),Ipk,-Ipk); //======================================================== 180 EvaTimer1InterruptCount++; // EvaRegs.EVAIFRA.all = BIT9; //======================================================== // Mostra sinais nas saídas analógicas dac.A.ch0 = _IQtoQ8(Iq_flt); dac.A.ch1 = _IQtoQ8(Iq_5h_flt); dac.A.ch2 = _IQtoQ8(Iq_7h_flt); dac.A.ch3 = _IQtoQ8(Iq_flt); dac.update(&dac); //======================================================== // Determinação dos offsets nas leituras das tensões de linha //if (protecao==0) //{ // Habilita_geral = DIN0; // leitura de entrada digital DIN0: // 1 - PWM desligado e executa calculo dos offsets // 0 - PWM habilitado //} //else //{ // Habilita_geral = 1; //} if (Habilita_geral==1) { EvaRegs.COMCONA.all = 0x0; // Desabilita comparação (0x8200 = 1000.0010.0000.0000) if (j==N) { off_Ia = _IQmpy(soma_Ia,sN); Habilita_geral = 0; j = 0; soma_Ia = 0; EvaRegs.COMCONA.all = 0x8200; // 0x8200 = 1000.0010.0000.0000 //Ia_pk = 0; } else { j++; soma_Ia = soma_Ia+Ia; //if ((Ia)>Ia_pk) Ia_pk = (Ia); } } else { // BPPWM(Vdc_flt,&Vo_ref_mod,&D); // Executa modulador PWM BPPWM(Hum,&Vo_ref_mod,&D); // Executa modulador PWM } //======================================================== EALLOW; SysCtrlRegs.WDKEY = 0x55; // Reset Watchdog. EDIS; 181 PieCtrlRegs.PIEACK.all = PIEACK_GROUP2; DOUT0 = 1; // Note: To be safe, use a mask value to write to the entire // EVAIFRA register. Writing to one bit will cause a read-modifywrite // operation that may have the result of writing 1's to clear // bits other then those intended. EvaRegs.EVAIFRA.all = BIT9; } void GeraRef(_iq Vo_ref,_iq WeTs,_iq fase,_iq *theta,_iq *fa) { _iq falfa; *theta = *theta+WeTs; if (*theta > PI) { *theta = *theta-DoisPI; } else if (*theta < -PI) { *theta = *theta+DoisPI; } falfa = _IQmpy(_IQ(sin(_IQtoF(*theta+fase))),Vo_ref); *fa = falfa; } void evb_timer3_isr(void) { EvbTimer3InterruptCount++; EvbRegs.EVBIMRA.bit.T3UFINT = 1; // Note: To be safe, use a mask value to write to the entire // EVBIFRA register. Writing to one bit will cause a read-modify-write // operation that may have the result of writing 1's to clear // bits other then those intended. EvbRegs.EVBIFRA.all = BIT9; // // // EALLOW; SysCtrlRegs.WDKEY = 0x55; EDIS; // Reset Watchdog. PieCtrlRegs.PIEACK.all = PIEACK_GROUP4; } // --------------------------------------------------------------------------void BPPWM(_iq Vdc,_iq *fa,_iq *D) 182 { _iq Vdc_min = _IQ(0.1); if (Vdc<Vdc_min) { Vdc = Vdc_min; } *D = *fa;//_IQdiv(*fa,Vdc); if (*D>=0) { Vr_CMPR = _IQmpy(*D,EvaRegs.T1PR); EvaRegs.CMPR1 = ((Uint16) (_IQsat((EvaRegs.T1PRVr_CMPR),EvaRegs.T1PR,0))); // PWM1 and PWM2 => S1 and S2 EvaRegs.CMPR2 = EvaRegs.T1PR; // PWM3 and PWM4 => S3 and S4 } else { Vr_CMPR = _IQmpy(_IQabs(*D),EvaRegs.T1PR); EvaRegs.CMPR1 = EvaRegs.T1PR; // PWM1 and PWM2 => S1 and S2 EvaRegs.CMPR2 = ((Uint16) (_IQsat((EvaRegs.T1PRVr_CMPR),EvaRegs.T1PR,0))); // PWM3 and PWM4 => S3 and S4 } EvaRegs.CMPR3 = EvaRegs.CMPR2; S6 and S6 - nâo serão utiizadas } // PWM3 and PWM4 => void PLL_1f(_iq I_alfa,_iq Kp,_iq Ki,_iq Wff,_iq *theta,_iq *Iq,_iq *Id,_iq *seno,_iq *cosseno,_iq *w) { static _iq Iq_ref = 0,erro_Id = 0,int_erro_Id = 0,I_beta=0; _iq um_s_tau = _IQ(100),K = Hum,Id_ref = 0,erro_Id_n1,dIq_dt = 0; *theta = *theta+_IQmpy((*w+Wff),dt10); // theta = theta+ddt_theta*dt if (*theta > PI) { *theta = *theta-DoisPI; } else if (*theta < -PI) { *theta = *theta+DoisPI; } *seno = _IQ(sin(_IQtoF(*theta)));//_IQsin(*theta); *cosseno = _IQ(cos(_IQtoF(*theta)));//_IQcos(*theta); I_beta = _IQmpy(Iq_ref,*seno); //-Iq_ref*sin(teta); *Iq = _IQmpy(I_alfa,*cosseno)+_IQmpy(I_beta,*seno); dIq_dt = _IQmpy((um_s_tau),(_IQmpy(K,*Iq)-Iq_ref)); Iq_ref = Iq_ref+_IQmpy(dIq_dt,dt10); *Id = _IQmpy(I_alfa,*seno)-_IQmpy(I_beta,*cosseno);// I_alfa*sin(teta)+I_beta*cos(teta); erro_Id_n1 = erro_Id; erro_Id = Id_ref-*Id; int_erro_Id = int_erro_Id+_IQmpy((erro_Id_n1+erro_Id),dts2); 183 *w = _IQmpy(Ki,int_erro_Id)+_IQmpy(Kp,erro_Id); } void PLL_1f_5h(_iq I_alfa,_iq Kp,_iq Ki,_iq Wff,_iq *theta,_iq *Iq,_iq *Id,_iq *seno,_iq *cosseno,_iq *w) { static _iq Iq_ref = 0,erro_Id = 0,int_erro_Id = 0,I_beta=0; _iq um_s_tau = _IQ(50),K = Hum,Id_ref = 0,erro_Id_n1,dIq_dt = 0; *theta = *theta+_IQmpy(*w,dt10)+(_IQmpy(Wff,dt10)<<1); theta+ddt_theta*dt if (*theta > PI) { *theta = *theta-DoisPI; } else if (*theta < -PI) { *theta = *theta+DoisPI; } // theta = *seno = _IQ(sin(_IQtoF(*theta)));//_IQsin(*theta); *cosseno = _IQ(cos(_IQtoF(*theta)));//_IQcos(*theta); I_beta = _IQmpy(Iq_ref,*seno); //-Iq_ref*sin(teta); *Iq = _IQmpy(I_alfa,*cosseno)+_IQmpy(I_beta,*seno); dIq_dt = _IQmpy((um_s_tau),(_IQmpy(K,*Iq)-Iq_ref)); //dIq_dt = _IQmpy(_IQmpy((um_s_tau),(_IQmpy(K,*Iq)-Iq_ref)),_IQ(100)); Iq_ref = Iq_ref+_IQmpy(dIq_dt,dt100); *Id = _IQmpy(I_alfa,*seno)-_IQmpy(I_beta,*cosseno);// I_alfa*sin(teta)+I_beta*cos(teta); erro_Id_n1 = erro_Id; erro_Id = Id_ref-*Id; int_erro_Id = int_erro_Id+_IQmpy((erro_Id_n1+erro_Id),dts2); *w = _IQmpy(Ki,int_erro_Id)+_IQmpy(Kp,erro_Id); } void PLL_1f_7h(_iq I_alfa,_iq Kp,_iq Ki,_iq Wff,_iq *theta,_iq *Iq,_iq *Id,_iq *seno,_iq *cosseno,_iq *w) { static _iq Iq_ref = 0,erro_Id = 0,int_erro_Id = 0,I_beta=0; _iq um_s_tau = _IQ(50),K = Hum,Id_ref = 0,erro_Id_n1,dIq_dt = 0; *theta = *theta+_IQmpy(*w,dt10)+(_IQmpy(Wff,dt10)<<2); theta+ddt_theta*dt if (*theta > PI) { *theta = *theta-DoisPI; } else if (*theta < -PI) { *theta = *theta+DoisPI; } *seno = _IQ(sin(_IQtoF(*theta)));//_IQsin(*theta); *cosseno = _IQ(cos(_IQtoF(*theta)));//_IQcos(*theta); // theta = 184 I_beta = _IQmpy(Iq_ref,*seno); //-Iq_ref*sin(teta); *Iq = _IQmpy(I_alfa,*cosseno)+_IQmpy(I_beta,*seno); dIq_dt = _IQmpy((um_s_tau),(_IQmpy(K,*Iq)-Iq_ref)); //dIq_dt = _IQmpy(_IQmpy((um_s_tau),(_IQmpy(K,*Iq)-Iq_ref)),_IQ(100)); Iq_ref = Iq_ref+_IQmpy(dIq_dt,dt100); *Id = _IQmpy(I_alfa,*seno)-_IQmpy(I_beta,*cosseno);// I_alfa*sin(teta)+I_beta*cos(teta); erro_Id_n1 = erro_Id; erro_Id = Id_ref-*Id; int_erro_Id = int_erro_Id+_IQmpy((erro_Id_n1+erro_Id),dts2); *w = _IQmpy(Ki,int_erro_Id)+_IQmpy(Kp,erro_Id); }