CARACTERIZAÇÃO DAS INTERNAÇÕES EM UMA UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA DE UM HOSPITAL ESCOLA DA
REGIÃO SUL DO BRASIL.
Rosemeire Cristina Moretto Molina 1
Sonia Silva Marcon 2
Taqueco Teruya Uchimura 3
Resumo
Introdução: Com o avanço tecnológico ocorrido nas ultimas décadas, muitas Unidades de
Terapia Intensiva pediátrica (UTIP) foram criadas, com o objetivo de salvar e prolongar a vida
de crianças graves de todas as idades, visto que diversos fatores colocam a criança em situação
de risco (PIVA, 2005; TACSI, 2004; EINLOFT, 2002). Atualmente existem muitas UTIP
espalhadas pelo mundo, mas a nível nacional pouco se conhece sobre o perfil epidemiológico
das crianças que internam nestas unidades. Objetivo: Este trabalho teve como objetivo
conhecer o perfil das crianças internadas na UTIP do Hospital Universitário Regional de
Maringá (HURM), nos anos de 2004 a 2006. Materiais e Método: Trata-se de um estudo
transversal descritivo exploratório, que foi desenvolvido na UTIP do Hospital Universitário
Regional de Maringá (HURM). O município de Maringá está situado na região noroeste do
Paraná, é sede da 15ª Regional de Saúde, que abrange 30 municípios. A assistência hospitalar
no município é prestada por 10 hospitais, do quais dois são públicos (um municipal e um
estadual), sete privados e um filantrópico. O HURM é um hospital escola de médio porte com
120 leitos, constituindo-se em referência para o município de Maringá e demais municípios da
15ª Regional de Saúde. A UTIP do HURM foi inaugurada em janeiro de 2004 e dispõe de 6
leitos para internação de crianças acima de 28 dias de vida até 13 anos 11 meses e 29 dias, e
eventualmente, recém nascidos que vêm transferidos da UTI neonatal desta instituição.A
população em estudo foi constituída por todas as crianças internadas na UTIP durante um
período de 24 meses (418 crianças), e que corresponde aos dois primeiros anos de
funcionamento da unidade.Os dados foram coletados em planilha e as variáveis estudadas
foram: sexo, idade, diagnóstico na internação (CID-10) procedência, tempo de permanência na
unidade, destino da criança após a alta, óbito e causas básicas do óbito (CID-10).Os dados
foram coletados a partir de fontes secundárias: o Livro de Registro diário de internações na
UTI; prontuários de pacientes; as fichas de internamento arquivada na Divisão de
Contabilidade e Finanças e as Declarações de Óbito, arquivadas no Serviço de Vigilância
Epidemiológica do Município. Após a coleta, esses dados foram agrupados em capítulos.Para
a análise dos dados referentes á idade adotou-se uma distribuição de faixa etária preconizada
por Marcondes : neonato (0 a 28 dias); lactente (29 dias a 2 anos incompletos); pré-escolar (2
anos a 7 anos incompletos); escolar (7 anos a 10 anos incompletos) e adolescentes ou
pré-púbere (10 anos a 14 anos). Os dados referentes à causa básica de óbito foram coletadas
nas Declarações de óbito, arquivadas no Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretária
Municipal de Saúde e as declarações que não foram encontradas nestes registros, foram
pesquisadas no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM-MS). Os dados foram registrados
em uma planilha no Excel e posteriormente ordenados, classificados e interpretados a partir de
tratamentos estatísticos, com uso de softwers e apresentados em forma de tabelas segundo as
variáveis em estudo. Foi utilizado o programa computacional Statistica 6.0. Em todos os testes
foram observados o nível de significância de 5%.Para a realização do estudo foram observados
os preceitos éticos que envolvem a pesquisa com seres humanos disciplinados pela resolução
196/96, do Ministério da Saúde, sendo este estudo aprovado sob o parecer nº.137/2006. A
pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade
Estadual de Maringá, além da autorização da Superintendência do Hospital Universitário de
Maringá, foi assegurado o anonimato dos pacientes quanto às informações coletadas. E o
TCLE (termo de Consentimento Livre e Esclarecido) não foi utilizado por serem dados
secundários. Resultados: Os resultados revelaram que das 418 admissões, 55,74% eram do
sexo masculino com predominância de lactentes (50,71 %). A idade variou de 1 dia de vida a
14 anos incompletos. A maioria das internações apresentava doenças predominantemente
clínicas. Todos os pacientes eram usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Quanto à
procedência, verificou-se que 64,60 % dos pacientes eram de outros municípios do estado do
Paraná. O tempo de internação variou de 1 a 196 dias, sendo que 82,21% das crianças
permanecerem internadas de 0 a 10 dias, destas, 46,63% eram do sexo masculino. As causas
mais freqüentes de internação foram às afecções do aparelho respiratório com (41,63 %) com
maior prevalência entre lactentes. As lesões, envenenamentos e outras causas externas foram
as principais causas de internação dos pré – púberes (22,72%). Foram transferidas para a
enfermaria pediátrica do HURM 61,96% das crianças. A taxa de mortalidade geral foi de
6,94% sendo maior em 2004 (4,30%) e as maiores causas dos óbitos foram as doenças do
aparelho respiratório (31,03 %) seguidas de doenças do Sistema Nervoso Central e a
mortalidade foi mais freqüente entre os lactentes (55,17 %), com maior índice de mortalidade.
Houve deficiência nos registro de 1,43 % dos prontuários analisados. Considerações finais:
Constatou-se que a grande maioria das internações na UTIP neste período foi por causas
evitáveis, que poderiam ter sido resolvidas na atenção primária, se os programas voltados á
saúde da criança fossem intensificados, não somente com a assistência curativa, mas sim com a
educação em saúde da população para o reconhecimento dos sinais de gravidade e a
capacitação de recursos humanos no manejo adequado desse grupo de doenças. Considera-se
que o estudo possui alguns limites, devido à deficiência nos registros dos prontuários.
Palavras chave: Hospitalização; Cuidados intensivos; Perfil de Saúde.
Referências
EINLOFT, P.R GARCIA, P.C, PIVA, J.P et al. Perfil epidemiológico de dezesseis anos de
uma unidade de terapia intensiva pediátrica. Rev. Saúde Pública, São Paulo, VOL.36, N.6,
P.728-733, DEZEMBRO. 2002.
PIVA, P.J; GARCIA,P.C.R. Medicina intensiva em pediatria. 1ª. ed. Rio de Janeiro: Revinter,
2005.p.1.
TACSI, Y.R.C; VENDRUSCOLO, D, M.S. A assistência de enfermagem no serviço de
emergência pediátrica. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, vol.12, n.3, p.477-484,
mai/jun. 2004.
1Enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica do Hospital Universitário Regional de
Maringá. Mestranda do curso de Mestrado em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá.
E-mail [email protected]. Telefone (44) 3252-0112.
2 Enfemreira. Doutora em Filosofia da Enfermagem. Coordenadora do Mestrado em Enfermagem na
Universidade Estadual de Maringá-UEM. Coordenadora do Nepaaf - Núcleo de Estudos, Pesquisa,
Assistência e Apoio à Família.
3 Enfermeira Doutora em Saúde Pública. Professora do Departamento de Enfermagem da Universidade
Estadual de Maringá-UEM.
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