III Congresso Brasileiro de Oceanografia – CBO’2010 Rio Grande (RS), 17 a 21 de maio de 2010 BANCO DE DADOS COMO SUPORTE À GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS NO COMPLEXO LAGUNAR MIRIM-PATOS-MANGUERIA Caldeira, T. L.¹; Santos, J. P.¹; Abreu, A. S.¹; Simões, M. C.¹; Nunes, P. C.¹; Tavares, V. E. Q.²; Collares, G. L.³; Milani, I. C. B.³; Nebel, A. L. C.³; Suzuki, L. E. A. S.• 1 2 Acadêmicos de Engenharia Hídrica – UFPel , e-mail: [email protected] Professor do Departamento de Engenharia Rural, FAEM/UFPel (bolsista SESu), e-mail: [email protected] Professores do Curso de Engenharia Hídrica – UFPel , e-mail: [email protected]:, [email protected]. 4 Professor do Departamento de Solos, FAEM/UFPel, e-mail: [email protected] 3 RESUMO Na região sul do Rio Grande do Sul existem extensos corpos d’água, como a Lagoa dos Patos, a Lagoa Mirim, o Canal São Gonçalo e a Lagoa Mangueira, que são de grande importância em termos sociais, econômicos e ambientais e necessitam de constante monitoramento para o desenvolvimento sustentável da região. Como objetivo geral, este trabalho visa auxiliar a compreensão da dinâmica da gestão dos recursos hídricos regionais e preencher a lacuna existente relativa à informações disponíveis sobre este sistema hídrico, tendo os seguintes objetivos específicos: i) formação de um sistema de dados relativo à estudos envolvendo a gestão dos recursos hídricos em nível local e regional e, ii) levantamento, sistematização e divulgação de informações referentes à legislação, estrutura administrativa, e procedimentos relativos à obtenção do licenciamento ambiental e da outorga de direito de uso d’água, das principais atividades usuárias. Palavras chave: Licenciamento ambiental, outorga, informações regionais. INTRODUÇÃO No litoral brasileiro, as lagoas costeiras são abundantes e variam desde pequenas depressões, preenchidas com água da chuva e/ou do mar, de caráter temporário, até corpos d’água de grandes extensões como a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul. O complexo lagunar Mirim-Mangueira-Patos é de grande importância, constituindo-se em região de interface entre zonas costeiras, águas interiores e águas costeiras marinhas. Nestes ambientes há uma grande dinâmica e interdependência entre fauna e flora. São locais em que as atividades antrópicas devem ser realizadas com a ética e a consciência de que diversos seres, sejam eles humanos ou não, necessitam de sua existência. Desta forma é essencial a disponibilização de dados relativos a informações que auxiliem na gestão adequada dos recursos hídricos desta região. O levantamento de dados incluiu informações relativas à irrigação, legislação/gestão, abastecimento público, drenagem urbana, mudanças climáticas e navegação. Os dados foram agrupados e serão disponibilizados na página do curso de Engenharia Hídrica da UFPel em formato de tabelas e em banco de dados físico proporcionando a leitura pelos pesquisadores e alunos na própria Universidade, sendo permitida apenas a execução de cópia e não a retirada do documento para empréstimo, evitando-se assim o extravio do material. Este banco de dados será de extrema utilidade para pesquisadores das diversas áreas do conhecimento que trabalham com recursos hídricos, pois permitirá o fácil acesso a informações dos ambientes em estudo auxiliando na gestão dos mesmos. MATERIAIS E MÉTODOS As informações necessárias para realização deste trabalho foram obtidas por meio de pesquisa bibliográfica, consulta aos bancos de dados on-line dos diversos órgãos e instituições envolvidos com pesquisa e gestão ambiental e de recursos hídricos, especialmente aqueles responsáveis pela emissão de licença ambiental e de outorga de direito de uso da água, tais como: Secretaria de Qualidade Ambiental de Pelotas, Secretaria Estadual do Meio Ambiente/RS, Fundação Estadual de Proteção Ambiental/RS, e as bases de dados como Periódicos Capes, Scopus, ISI Web of Knowledge dentre outros. Foram considerados neste levantamento os trabalhos relacionados à gestão de recursos hídricos, mais especificamente AOCEANO – Associação Brasileira de Oceanografia 00626 III Congresso Brasileiro de Oceanografia – CBO’2010 Rio Grande (RS), 17 a 21 de maio de 2010 aqueles realizados na Lagoa dos Patos, Lagoa Mangueira e Lagoa Mirim. Estas lagoas são circundadas, em parte, por municípios como Porto Alegre, Pelotas, São Lourenço do Sul, Tapes e outros de grande significância para o Estado (Fig. 1). Fig. 1: Mapa com a Hidrografia do Estado do Rio Grande do Sul.Fonte: DRH/SEMA. Esta etapa da pesquisa foi realizada no período de agosto à outubro de 2009 por alunos do curso de Engenharia Hídrica da UFPel, organizados em grupos tutoriais. Para organizar os artigos encontrados foi elaborada uma planilha digital no formato Microsoft Excel , sendo este o banco de dados contendo os artigos. Na planilha, as seguintes informações foram organizadas em colunas: número, fonte, revista, ano de publicação, volume, páginas, título do artigo, autores e local/região. Os assuntos abordados nos artigos, relacionados com a gestão de recursos hídricos, foram classificados em: irrigação, legislação/gestão, abastecimento público, drenagem urbana, mudanças climáticas e navegação. As informações das publicações ligadas à gestão de recursos hídricos e temas correlatos, relativos à área do estudo, foram inseridas na planilha, sendo também armazenadas cópias digitais das mesmas, para consulta futura. Além de artigos em formato digital, versões impressas também foram catalogadas. Esse banco de dados digital e impresso está disponível, respeitados os direitos autorais, no Curso de Engenharia Hídrica da UFPel, localizado no Campus CAVG (Av. Ildefonso Simões Lopes, 2791, CEP 96060 – 290, Pelotas – RS), para pesquisa da comunidade acadêmica e científica e, futuramente, estará disponível online, na página eletrônica do Curso (http://www.ufpel.edu.br/hidrica). Fig. 2: Distribuição do número de publicações de acordo com os temas abordados. RESULTADOS E DISCUSSÕES Como pode ser observado na Fig. 2, ao avaliar as publicações especificamente voltadas para a região focalizada no estudo, percebe-se que predominam os temas relacionados à gestão dos recursos hídricos propriamente dita (59 publicações) e à irrigação (32 publicações). O tema navegação é o que apresenta o menor número de publicações AOCEANO – Associação Brasileira de Oceanografia 00627 III Congresso Brasileiro de Oceanografia – CBO’2010 Rio Grande (RS), 17 a 21 de maio de 2010 relacionadas (6 publicações). Merece ser ressaltado o equilíbrio entre as publicações encontradas sobre um tema tradicional, como a drenagem urbana e um tema relativamente recente, como mudanças climáticas, ambos com o mesmo número de publicações (22). Ao analisarmos a distribuição temporal das publicações (Fig. 3), constata-se que a partir da segunda metade da década de 80 ocorre um aumento no número de publicações relacionadas aos temas avaliados, sendo que este aumento se intensifica a partir da segunda metade da década de 90. Esta variação temporal pode estar relacionada com a previsão da instituição de um Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos na Constituição Federal de 1988. Outros dois aspectos relevantes para justificar a variação ascendente no numero de trabalhos publicados seriam a publicação da Lei Estadual 10.350 em 1994 e da Lei Federal 9.433 de 1997 que instituíram os Sistemas Estadual e Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos respectivamente. Não se pode deixar de considerar o aumento na facilidade de publicação de trabalhos que tem ocorrido nos anos mais recentes. Fig. 3: Produção de artigos no período entre 1980 e outubro de 2009. Este banco de dados será periodicamente atualizado conforme novas publicações científicas sobre o assunto em estudo sejam divulgadas. Quanto ao levantamento de informações referentes à legislação, estrutura administrativa e procedimentos necessários à obtenção do licenciamento ambiental e da outorga de direito de uso da água, das principais atividades usuárias de água, grande parte da informação relativa aos impactos de nível regional e local já estão sistematizadas. CONCLUSÕES Este banco de dados deverá ser de grande utilidade para estudantes, pesquisadores, gestores e outros profissionais das diversas áreas do conhecimento que trabalham com recursos hídricos, pois permitirá o fácil acesso a várias informações relativas à gestão dos recursos hídricos dos ambientes em foco, além de possibilitar a elaboração de um futuro roteiro com os passos necessários para obtenção de licenciamento ambiental e outorga de direito de uso da água. REFERÊNCIAS SECRETARIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE (SEMA) – DEPARTAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS. Disponível em: http://www.sema.rs.gov.br/sema/html/mapa_hidro.htm. Visitado em: 7 de outubro de 2009. AOCEANO – Associação Brasileira de Oceanografia 00628