IMPLANTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA PARA PRODUÇÃO DE POLPA DE FRUTAS EM, ESCALA COMERCIAL, NA APROCOR DE CORUMBATAÍ DO SUL-PR Área: Ciências Econômicas Categoria: EXTENSÃO Heron dos Santos Lima1,2 [email protected] Jefferson Nascimento Medeiros1,3 [email protected] João Carlos Leonello1,4 [email protected] João Paulo Delapria1,5 paulodelapriahotmail.com Maria Helena da Cruz1,6 [email protected] 1 Participante no projeto “IMPLANTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA PARA PRODUÇÃO DE POLPA DE FRUTAS EM ESCALA COMERCIAL - APROCOR – ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE CORUMBATAÍ DO SUL-PR”, Universidade sem Fronteiras, da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM) – Av. Comendador Norberto Marcondes, 733 – Campo Mourão - PR; 2 Graduação em Química Industrial pela Universidade Federal da Paraíba, mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá e doutorado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas; 3 Graduação em Engenharia de Produção Agroindustrial pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM); 4 Graduação em Ciências Econômicas pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM), mestrado em Economia Industrial pela Universidade Federal de Santa Catarina e Doutorando em Serviço Social pela Unesp - Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita; 5 Acadêmico em Ciências Econômicas pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM); 6 Graduação em Agronomia pelo Centro Integrado de Ensino Superior de Campo Mourão (CIES). Cascavel – PR – 22 à 24 de junho de 2009 Resumo Este trabalho tem como objetivo ressaltar a importância da agregação de valor na agricultura familiar mediante a implantação de agroindústrias, visando uma melhor renda aos pequenos produtores e contribuindo para o desenvolvimento econômico regional. Sendo assim, serão abordados os resultados parciais da implantação da agroindústria de processamento de polpa de frutas da Associação de Produtores de Corumbataí do Sul – Pr (APROCOR), que conta com o apoio do Programa de Extensão Universitária – Universidade sem Fronteiras – Sub Programa Extensão Tecnológica Empresarial no projeto denominado “Projeto de implantação e desenvolvimento de tecnologia para a produção de polpa de frutas”. Palavras Chaves: Agregação de Valor, Agroindústria, Agricultura Familiar, Associativismo. 1. INTRODUÇÃO A agricultura familiar é formada por pequenos e médios agricultores. E representa a maioria dos produtores rurais do Brasil, responsáveis por grande parte da produção nacional de produtos básicos (arroz, feijão, milho, frutas, pequenos animais, entre outros) e por movimentar a economia em pequenos municípios do território nacional, gerando emprego e renda no meio rural e dinamizando a atividade comercial nestas localidades. O associativismo, por sua vez, é tido como forma de fortalecer a agricultura familiar e como propósito fundamental de substituir a individualidade pela ação coletiva, baseando-se em conceitos e valores humanísticos como solidariedade, confiança e organização de grupos. Também é visto como uma importante ferramenta capaz de alavancar competitividade local e regional, trazendo às populações maior participação e inclusão social, uma vez que os pequenos negócios, quando mobilizados e organizados, tornam-se mais produtivos e capazes de gerar produtos de melhor qualidade; condições essenciais para enfrentar com êxito as dificuldades e incertezas na economia. De acordo com Canterle (2004), o associativismo pode ser definido como uma forma de união de interesses comuns, onde a sociedade se organiza através da ajuda mútua para resolver diversos problemas relacionados ao seu dia a dia. Já para Alencar (1997) o associativismo representa uma importante opção estratégica capaz de transformar ou modificar a realidade, ou como um instrumento que proporciona aos diferentes atores sociais leis para se adaptar a essa realidade. Deste modo, a agroindústria surge como estratégia de melhoria da renda dos produtores associados da APROCOR (Associação de Produtores de Corumbataí do Sul), pois ao agregar valor à produção primária destes, proporciona também a geração de emprego. A agroindústria segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (BRASIL, 2005) é o “beneficiamento e/ou transformação de produtos agrosilvopastoris, aqüicolas e extrativistas, abrangendo desde processos mais simples até os mais complexos, incluindo o artesanato no meio rural”. O principio da agroindústria propõe a industrialização e comercialização da produção dos produtos in natura provenientes da agricultora familiar como forma de agregar valor, criando renda e oportunidades de trabalho, ou seja, melhorando a vida dos agricultores rurais (MDA-BRASIL, 2005). Cascavel – PR – 22 à 24 de junho de 2009 Desta forma a implantação de agroindústrias busca promover a industrialização nas áreas rurais criando uma alternativa de renda que venha estimular os agricultores e conseqüentemente promover o bem estar no campo. Na maioria das vezes as pequenas agroindústrias (familiares) conforme Vieira Filho (1995) são empreendimentos que surgem muitas vezes da iniciativa de pessoas sem conhecimentos administrativos, mas com muito estímulo para produzir. O incentivo a implantação de agroindústrias familiares é uma forma de fomentar o desenvolvimento sustentável em regiões pobres, pois possibilita novas oportunidades de renda aos produtores, geração de emprego, maior inserção das mulheres nas atividades, redução da migração dos jovens do campo para os grandes centros urbanos e movimentação do comércio regional. Portanto, espera-se que mediante o incentivo para a implantação de agroindústrias provenientes da agricultura familiar, este segmento venha a fortalecer-se economicamente buscando cada vez mais se consolidar no mercado, ou seja, aumentando a demanda por produtos agroindustriais não somente no mercado local, mas também no mercado regional e interestadual. Em vista do acima exposto, o presente estudo descreve a implantação da agroindústria de produção de polpa de frutas em escala comercial na APROCOR, que tem como finalidade a agregação de valor através da industrialização da produção de frutas dos associados, principalmente maracujá que está sendo produzido em grande escala no município e da acerola em fase de implantação da cultura. 2. METODOLOGIA O presente trabalho utilizou-se do Método de Abordagem Qualitativo, pois objetivou salientar a importância de se agregar valor a agricultura familiar mediante a agroindustrialização dos produtos in natura. Como tipo de pesquisa foi utilizado o estudo de caso, pois foi abordado os resultados parciais da implantação da agroindústria de polpa de frutas da APROCOR. Já a técnica de pesquisa envolvida foi à bibliográfica para definir o conceito e o objetivo do associativismo e o de uma agroindústria. 3. IMPLANTAÇÃO DA INDÚSTRIA DE POLPA DE FRUTAS NA APROCOR A pesquisa abordada está inserida no Projeto do Departamento de Ciências Econômicas da Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM), intitulado “Implantação e desenvolvimento de tecnologia para a produção de polpa de frutas em escala comercial – APROCOR”. Tal projeto é vinculado ao Sub-Programa Extensão Tecnológica Empresarial do Programa Universidade sem Fronteiras – Programa de Extensão Universitária – SETI/PR. A Associação de Produtores de Corumbataí do Sul, formada por pequenos produtores da agricultura familiar, foi fundada no ano de 1992, com o nome de AMACOR (Associação dos Moradores e Agricultores de Corumbataí do Sul), através da reestruturação do Estatuto em novembro de 1997, sua Razão Social foi alterada passando para o atual nome com a sigla de APROCOR. A formação da APROCOR teve como finalidade unir os pequenos produtores através da proposta do associativismo, buscando juntos superar as dificuldades relacionadas à produção e barreiras de comercialização do café, que até então predominava como a cultura com maior importância econômica para o município. Cascavel – PR – 22 à 24 de junho de 2009 Com os problemas climáticos (chuvas de granizo e geadas) ocorridos entre os anos de 1997 até 1999, o que reduziu drasticamente a produção de café, os gestores e associados da APROCOR passaram por um processo de capacitação através de cursos promovidos por convênios firmados entre Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e a Secretaria de Estado do Emprego e Relações do Trabalho (SERT-PR), tendo como abordagem definir o conceito de associativismo e como deve ser gerida através das técnicas de gestão empresarial. Com a absorção de novos conhecimentos adquiridos nos cursos e através de visitas a outras associações, o café passou a ser comercializado na Bolsa de Mercadorias de Londrina e em outros canais de comercialização, eliminando a interferência de atravessadores, e assim atingindo um maior lucro mediante a venda da saca de café com preço mais elevado. Para evitar dificuldades iguais às ocorridas em anos anteriores com a cultura do café, a APROCOR buscou, no início de 2001, a diversificação através da implantação da cultura de maracujá, visando a melhor utilização das terras e geração de renda. A cultura de maracujá adaptou-se bem as condições climáticas da região, ocupando quantidades consideráveis de terras que até então eram destinadas à pecuária, devido à grande incidência de relevo acidentado, o que não dificulta o plantio do maracujá. Em razão dos resultados positivos obtidos, o maracujá passou a ser o principal produto de comercialização da APROCOR juntamente com outras culturas de frutas, legumes e o café. É importante salientar que a APROCOR, como já foi dito, está sediada no município de Corumbataí do Sul, que possui um dos mais baixos Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) do Estado do Paraná. O IDH-M tem por objetivo avaliar as condições de vida das pessoas com base em indicadores sociais tais como: taxa de natalidade, mortalidade, expectativa de vida, analfabetismo, condições médico-sanitárias, entre outros. Desta forma, ocorrem diferenças entre regiões, estados ou municípios entre maior ou menor índice de IDHM. O Brasil possui o IDH7 de 0,807 ocupando a posição número 70 no ranking mundial de desenvolvimento humano, conforme a PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Já o Estado do Paraná tem o IDH de 0,820, ocupando a sexta posição no ranking nacional, atrás apenas dos Estados de Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Distrito Federal. O município de Corumbataí do Sul tem IDH-M de 0,678, o que coloca entre os municípios com IDH-M de 0,5 a 0,8, considerados de médio desenvolvimento humano. Porém, comparando Corumbataí do Sul com outros municípios do Estado do Paraná, observa-se que o mesmo ocupa a 377ª posição, sendo esta uma posição ruim, pois 376 municípios (94,2%) apresentam o IDH-M maior e os demais 22 municípios (5,8%) possuem situação igual ou pior. Atualmente, a APROCOR atende 310 produtores familiares, sendo sua maioria do próprio município de Corumbataí do Sul e o restante distribuído entre os municípios de Godoy Moreira, Nova Tebas, Barbosa Ferraz, Quinta do Sol, Peabiru, Iretama, Roncador e Fênix. Na tabela 01 consta o histórico de produção e comercialização de maracujá pela APROCOR entre os anos 2001 e 2008. TABELA 01 – Comercialização de maracujá pela APROCOR, 2001 a 2008. Ano Vendas a Indústria Vendas à Mesa 7 Para países e estados é calculado o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), enquanto para os municípios se calcula o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M). Cascavel – PR – 22 à 24 de junho de 2009 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 kg 3.000 30.000 275.007 613.068 261.621 416.724 849.901 923.689 Preço Médio/kg 0,41 0,43 0,42 0,37 0,56 0,57 0,40 0,44 Caixa de 13 kg 5.149 7.988 8.907 30.159 51.679 48.414 Preço Médio/caixa 6,18 7,22 10,11 10,35 9,26 10,51 Fonte: APROCOR – registros gerenciais, 2009. De acordo com os dados da tabela acima, nos primeiros anos o maracujá foi comercializado inicialmente para a indústria, passando a ser vendido com destino a mesa in natura somente em 2003, demandas estas ampliadas nos demais anos. Segundo dados do Departamento de Economia Rural – DERAL - da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná – SEAB/PR, a produção paranaense de maracujá nas últimas safras foi de 1800 toneladas na safra 03/04; 512 toneladas na safra 04/05; 1.560 toneladas na safra 06/07, a qual deverá se mantida e ampliada para os próximos anos, visando o fornecimento de matéria-prima para a agroindústria. Diante deste contexto, a APROCOR pretende, através da agregação de valor ao produto in natura, maximizar os lucros dos produtores com a instalação de uma agroindústria de processamento de polpa de frutas, ampliando as margens de lucro dos produtores. Para assessorar a APROCOR na implantação da agroindústria de processamento de polpa de frutas, a mesma conta com o apoio do projeto de implantação e desenvolvimento de tecnologia para a produção de polpa de frutas em escala comercial, projeto este que faz parte do Sub-Programa Extensão Tecnológica Empresarial do Programa de Extensão Universitária mantido pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) em parceria com a Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (FECILCAM) e Universidade Tecnológica Federal do Paraná – campus de Campo Mourão (UTFPR). O projeto teve inicio no final de Novembro de 2008 e conta com a participação de bolsistas dos cursos de graduação em Ciências Econômicas e Ciências Contábeis, além de bolsistas recém formados nos cursos de Engenharia Agronômica e Engenharia de Produção. O projeto é coordenado/orientado por professores do Departamento de Ciências Econômicas e Ciências Contábeis da FECILCAM, além de professores do Departamento de Alimentos da Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR) – Campus de Campo Mourão. Tanto bolsistas como professores envolvidos com o projeto, desenvolvem as atividades de consultoria/assessoria junto a APROCOR e seus associados, utilizando-se da interdisciplinaridade, levando o conhecimento da academia para ser confrontado com o conhecimento tácito dos produtores/associados, elevando o conhecimento sobre as atividades desenvolvidas na propriedade, elevando a produção, o nível de emprego dos recursos de produção e a renda da propriedade. A construção da indústria de polpa de frutas iniciou-se no mês de janeiro de 2009, até o presente momento a equipe do projeto vem desenvolvendo as seguintes atividades: assistência técnica aos produtores associados; criação do layout do processo produtivo da indústria de polpa de frutas; adaptações na planta do projeto da indústria conforme especificações dos órgãos governamentais fiscalizadores; acompanhamento freqüente na obra; pesquisa para o aproveitamento dos resíduos da polpa através da extração do óleo das sementes e da pectina Cascavel – PR – 22 à 24 de junho de 2009 da casca e a criação da cooperativa dos produtores de Corumbataí do Sul com a finalidade de comercializar a polpa de frutas e as frutas in natura e também negociar a compra de insumos. Diante dos resultados alcançados até o presente momento almejam-se dar continuidade as atividades conforme as metas preestabelecidas com o intuito de estruturar a agroindústria de processamento de polpa de frutas, contribuindo para a melhoria no IDH do município por meio da geração de emprego e renda. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando a implantação da agroindústria, aliado as atividades associativistas desenvolvidas pela APROCOR no Município de Corumbataí do Sul - PR, estas podem contribuir na implementação e otimização de diversas ações de amplo interesse público, especialmente nas políticas de consolidação da Agricultura Familiar, ampliação do emprego e combate à precarização das relações de trabalho, distribuição de renda, acesso ao crédito, gestão participativa no desenvolvimento de pequenos municípios, organização e acesso ao mercado, capacitação e organização produtiva de segmentos produtivos. O associativismo favorece o desenvolvimento de ações dinamizadoras nos territórios integrando organização social ao fortalecimento econômico fator essencial para a viabilidade das cadeias produtivas e dos pequenos empreendimentos. Diante disso, a APROCOR busca através da implantação de sua agroindústria de processamento de polpa de frutas, agregação de valor a produção de seus associados, buscando fortalece-los cada vez mais nas redes mercadológicas de comercialização, garantindo a geração de empregos e o aumento da renda dos pequenos produtores, contribuindo assim para o desenvolvimento do município e região. 5. REFERÊNCIAS ALENCAR, E. Associativismo rural e participação. Lavras: UFLA/FAEPE, 1997. CANTERLE. N. M. G. O associativismo e sua relação com o desenvolvimento. Francisco Beltrão-PR.: Unioeste, 2004. Disponível em: www.unioeste.br, acessado em 28 de Maio de 2009. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Agroindústria. 2005. Disponível http://www.mda.gov.br/saf/index.php?sccid=290, acessado em 25 de Maio de 2009. em VIEIRA FILHO, G. Planejar a Qualidade – caminho para o desenvolvimento das pequenas empresas. Belo Horizonte: Sebrae – MG, 1995. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. http://www.pnud.org.br, acessado em 28 de Maio de 2009. Cascavel – PR – 22 à 24 de junho de 2009 2009. Disponível em