XLV CONGRESSO DA SOBER
"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"
ANÁLISE DO PERFIL TÉCNICO E SOCIOECONÔMICO DE UMA
COOPERATIVA DE PRODUTORES DE LEITE DO NOROESTE DO PARANÁ
LUCAS DA ROCHA FERREIRA; CINTIA NATACHA TAKAHASHI; MATEUS
AUGUSTO DONEGA; JOÃO HENRIQUE CASTALDO; ALISSON MARCEL
SVERSUTI BRANCO.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ, UMUARAMA, PR, BRASIL.
[email protected]
POSTER
INSTITUIÇÕES E ORGANIZAÇÕES NA AGRICULTURA
Análise do perfil técnico e socioeconômico de uma cooperativa
de produtores de leite do noroeste do Paraná
Grupo de Pesquisa: Instituições e Organizações na Agricultura.
RESUMO
O Brasil é o sétimo maior produtor mundial de leite, mas sua posição vai para décimo
sétimo quando trata-se de produtividade, isto ocorre devido a baixa eficiência produtiva
dos estabelecimentos rurais brasileiros. Além disso, o mercado global está muito
competitivo e exigente. Os produtores precisam investir em tecnologia e qualidade para
não serem excluídos do mercado. A melhor forma de garantir a comercialização do
produto, melhorar os preços, agregar valor e investir em tecnologia de produção é a
organização dos produtores em cooperativas. A Incubadora de Empreendimentos
Econômicos Solidários de Umuarama-PR por meio de seus técnicos e estagiários iniciou
em 2006 o processo de organização de um grupo de produtores de leite dos municípios de
Cruzeiro do Oeste e Tapejara oferecendo todo suporte técnico. Assim, o presente trabalho
objetivou realizar um levantamento técnico dos quatorze estabelecimentos leiteiros que
formam a cooperativa e também socioeconômico dos responsáveis por estes
estabelecimentos, por meio de questionários. Pelos dados obtidos, a cooperativa é
composta em sua maioria por pequenas propriedades e produtores familiares com um bom
índice de escolaridade. Possuem uma produtividade média (litros/vaca/ano) superior a dos
municípios de Cruzeiro do Oeste e Tapejara, reflexo do bom nível tecnológico da maioria.
Mas existem grandes diferenças, tendo desde pequenos a grandes produtores e
produtividades muito altas, mas também muito baixas. A Cooperativa possui atualmente
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23 membros e mesmo sendo formada há pouco tempo já demonstra resultados, pois alguns
produtores aumentaram em até sete centavos de real o preço pago pelo litro de leite. A
cooperativa deve trabalhar ao longo do tempo para garantir além de melhores preços,
aumento de tecnologia, redução de custos, agregação de valor, integração entre os
cooperados, auto gestão e qualidade de vida.
Palavras-chave: Cooperativismo; Produção Leiteira; Agricultura Familiar
ABSTRACT
The Brazil is the seventh greater milk producer of the world, but your position fall for 17th
in productivity due the low efficiency of the brazilians establishments. The global market
is very competitor and exacting. The producers need invest in technology and quality. The
best form of warrant the sell of the product and improve the price, aggregate value and
invest in technology is the organization of the producers in cooperative. The Incubadora de
Empreendimentos Econômicos Solidários de Umuarama-PR started in 2006 the process of
organization of a group milk producers in Cruzeiro do Oeste and Tapejara. The present
work objective know the milk establishments of the cooperative and the profile of the
responsible for production, with application of questionnaire. The formation of the
cooperative is with majority family producers and little establishments, with a good level
of school and technology, yours middle productivity is superior in Cruzeiro do Oeste and
Tapejara. But exist big difference, with big and little producers, productivity very rise and
very low. There are 23 members in the cooperative and exist good results with increase in
R$ 0,07 cents in the milk liter. The cooperative owe work for increase the technology,
reduction cost, aggregate value, integrate the members of the cooperative and quality of
life.
Key Words: Cooperative System; Milk Producer, Family Agriculture.
1.INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos principais produtores mundiais de leite, ocupando a 7º posição
no ranking em volume total produzido com cerca de 25 milhões de toneladas, segundo as
estimativas da Embrapa Gado de Leite para o ano de 2006. Mas, em relação à
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produtividade, o Brasil ocupa apenas a 17º posição com 1219 litros/vaca/ano, enquanto os
Estados Unidos chegam a 8810 litros/vaca/ano estando na 1ª colocação, sendo que a
Argentina em 10º lugar produz 4050 litros/animal/ano e o México em 15º produz 1437
litros/vaca/ano. (EMBRAPA Gado de Leite, 2005/2006)
Com isso, podemos avaliar de forma geral, a baixa eficiência produtiva do Brasil,
mas mesmo assim demonstra que de acordo com a grande quantidade produzida, o leite
está presente em milhões de propriedades, sendo um grande gerador de renda e divisas
para a agricultura patronal, mas, sobretudo, para a agricultura familiar.
Em âmbito nacional, os agricultores de sistemas familiares produzem 52% do VBP
total da pecuária de leite, 24% da pecuária de corte, 58% de suínos e 40% de aves e ovos, o
que demonstra a importância deste segmento nos produtos destinados ao mercado interno e
também entre os principais produtos de exportação agrícola brasileira. (GUANZIROLI &
CARDIM, 2000).
A cadeia produtiva de leite passa por várias transformações, decorrentes de
processos de abertura comercial e globalização financeira que se coadunam com as
políticas que colocam todo o setor rural, de certa forma, como lastro de sustentação do
plano de estabilização econômica no Brasil, à medida que os preços agrícolas vêm
sofrendo reduções constantes. Assimilar as mudanças em curso é fundamental para manter
esta atividade, dado o caráter de competitividade enfrentado. (ALEIXO, 2001)
Esse cenário demonstra que o produtor rural, principalmente da agricultura familiar
deve encontrar meios de sobreviver nesse mercado competitivo garantindo a
comercialização do seu produto, reduzindo custos e também industrializando a produção,
objetivando manter a viabilidade da propriedade e garantir uma boa renda. A melhor
maneira de gerar esses resultados está na formação de estruturas organizacionais como, por
exemplo, as cooperativas.
Na produção leiteira, o que se constatou foi que o padrão tecnológico moderno de
produção gerou um processo de exclusão de 107.000 pequenos produtores familiares do
mercado das oito maiores agroindústrias do setor, no período de 1996 e 2000, o que
significou 56,21% do número de produtores do seu mercado, conforme dados da
Associação Brasileira dos Produtores de Leite (2002). Verificou-se, na presente pesquisa,
que o processo de modernização dos produtores de leite exigido pelas agroindústrias,
apresentou-se de forma diferente no estado do Rio Grande do Sul. Nesse estado houve uma
menor exclusão do número de produtores de leite (26,85%). Isto se deve, em parte, ao fato
de os produtores familiares de leite do Estado, em sua grande maioria, estarem organizados
em cooperativas, o que garante a comercialização do leite mesmo em pequena escala.
(WAGNER et al., 2004)
O estado do Paraná é o terceiro maior produtor no ranking nacional, tanto em
quantidade total produzida, com 2 bilhões e 394 milhões de litros, como em produtividade
com 1834 litros/vaca/ano (Tabela 2). No Estado, a região Noroeste tem papel significativo
nessa produção, com 221 milhões e 860 mil litros estando em quinto lugar dentre as
mesorregiões do estado, mas ainda perde, principalmente em tecnologia de produção, isto
se reflete na baixa produtividade, pois ocupa a nona posição no estado, com 1257
litros/vaca/ano, enquanto que as mesorregiões Oeste e Centro Oriental chegam a 2502 e
2763 litros/vaca/ano (Tabela 1). Esses locais, mesmo apresentando características
diferentes tanto no clima, mais frio, como também na colonização, formada principalmente
por imigrantes europeus e seus descendentes, serve de referência para demonstrar que o
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noroeste ainda pode crescer muito em produtividade e consequentemente aumentar seu
volume e valor de produção.
A parte Oeste (região de Cascavel) e Centro Oriental (região de Ponta Grossa)
possui uma alta tecnologia de produção com equipamentos adequados, alimentação
balanceada, alto padrão de qualidade e rebanho melhorado geneticamente. Para que a
região Noroeste possa começar a desenvolver essa estrutura, a organização dos agricultores
é fundamental, principalmente dos pequenos e médios produtores.
A falta de organização faz com que as usinas de beneficiamento (laticínios)
estabeleçam preços e condições de pagamento. Assim, o produtor fica sujeito às condições
impostas, já que a mudança de atividade é muito complicado, assim, para garantir sua
renda, o mesmo passa a aceitar as condições impostas pelos compradores.
Com a formação de uma organização por meio de uma cooperativa, todos os
associados negociam em conjunto, aumentando assim o poder de negociação e,
consequentemente, o preço obtido, já que para o laticínio, significa prejuízo perder grandes
volumes de produtos para os seus concorrentes. Além disso, a formação de uma
cooperativa de produtores possibilita uma maior e melhor assistência técnica, podendo
assim padronizar o produto, obter acesso a financiamentos, e no futuro, os mesmos
poderão ser responsáveis pela industrialização de seus produtos, agregando valor e não
mais dependendo das usinas de beneficiamento.
A Unitrabalho é uma rede universitária nacional que agrega, atualmente, 92
universidades e instituições de ensino superior de todo o Brasil. Constitui-se juridicamente
na forma de fundação de direito privado e sem fins lucrativos. Foi criada, em 1996, com o
objetivo de contribuir para o resgate da dívida social que as universidades brasileiras têm
com os trabalhadores. Sua missão se concretiza por meio da parceria em projetos de
estudos, pesquisas e capacitação (CULTI, M. N., 2006).
O trabalho de formação da Cooperativa dos Produtores de Leite do Arenito Caiuá foi
desenvolvido pela Incubadora de Empreendimentos Econômicos Solidários de UmuaramaPR (Extensão do grupo Unitrabalho da Universidade Estadual de Maringá) junto a um
grupo produtores de leite de 14 estabelecimentos rurais que localizam-se na região
Noroeste do Paraná, nos municípios de Cruzeiro do Oeste e Tapejara.
A Incubadora e seus Núcleos possuem o diferencial de fomentar ações de
desenvolvimento humano integral e de infra-estrutura física. Beneficiam pessoas em estado
de exclusão ou em vias de exclusão do mercado de trabalho, assim como grupos de
agricultura familiar, a fim de proporcionar inclusão social e geração de trabalho e renda,
organizando cooperativas e associações no contexto da Economia Solidária e visando
gestão autônoma e independente, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida da
comunidade. (CULTI, M. N., 2006).
A Unitrabalho utiliza a seguinte metodologia de trabalho: Levantamento da
trajetória ocupacional e pessoal dos interessados, primeiros contatos com a comunidade
interessada, formação do grupo beneficiário, discussão sobre o cooperativismo e
associativismo, avaliação de alternativas e decisão da atividade fim do empreendimento,
capacitação técnica, capacitação administrativa, elaboração do estatuto e regimento
interno, legalização do empreendimento. (CULTI, M. N., 2006).
Inicialmente o processo de organização dos produtores foi realizado no município de
Cruzeiro do Oeste e depois em Tapejara. Municípios estes onde a produção,
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comercialização e industrialização de leite têm parcela muito importante na renda da
população em geral.
Em Cruzeiro do Oeste são produzidos 4 milhões e 619 mil litros de leite, com um
rebanho de 4382 vacas ordenhadas em 446 estabelecimentos, totalizando 12.533 hectares.
Em Tapejara são produzidos 4 milhões de litros de leite, com um rebanho de 5500 vacas,
ordenhadas em 189 estabelecimentos, em 6.631 hectares. (EMBRAPA Gado de Leite,
2005; SEAB-PR, 2004/2005).
Assim, o presente trabalho, através da Unitrabalho, por meio de seus técnicos e
estagiários, objetivou realizar um levantamento socioeconômico e técnico dos
estabelecimentos leiteiros e seus responsáveis, a fim de identificar os pontos positivos e
negativos, como também conhecer o perfil dos mesmos e de suas propriedades, para assim
poder fornecer suporte adequado à formação de uma cooperativa, e para contribuir para
uma melhor produção e qualidade do produto.
Para o levantamento de dados, foi aplicado um questionário com 100 questões
fechadas e abertas ao responsável por cada uma das 14 propriedades que compõe a
cooperativa. As questões tratavam tanto da parte social do entrevistado, como também da
parte produtiva e técnica da propriedade como um todo. Os entrevistadores se deslocaram e
fizeram o questionário junto ao produtor em sua propriedade de forma a interagir com o
mesmo e conhecer sua realidade. O período de realização da coleta de dados foi de
setembro a novembro de 2006.
2.RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.1 - Perfil Socioeconômico.
25 a 30
1
3
2
30 a 35
35 a 40
40 a 45
45 a 50
1
2
1
2
2
50 a 55
55 a 60
Acima de 60
Figura 01 – Idade dos produtores responsáveis pelos estabelecimentos
Fonte: Dados da Pesquisa, 2006.
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Dos 14 produtores, cinco têm de 25 a 35 anos, quatro têm de 35 a 45 anos e quatro
de 45 a 60 anos, sendo que apenas um produtor possui acima de 60 anos. Desses
produtores, dez são do sexo masculino e quatro são do sexo feminino. Com relação à
idade, os produtores responsáveis pelas propriedades são relativamente novos, já que
muitos estão dando continuidade a atividade rural exercida pelos pais. No caso dos
produtores mais velhos, esses vieram de outros estados na época da abertura de terras no
Paraná e desde então continuam tendo a atividade rural como sua principal fonte de renda.
Com relação à naturalidade, doze são nascidos no estado do Paraná e dois são
nascidos nos demais estados do Brasil. Aqueles que nasceram no Paraná são os
descendentes dos agricultores que desbravaram a região nas décadas de 1940 e 1950 e que
em sua grande maioria são originários de outros estados brasileiros. Foi constatado que
onze são casados, um solteiro e dois são separados ou divorciados.
3
Zona Rural
11
Zona Urbana
Figura 02 – Local de residência
Fonte: Dados da Pesquisa, 2006.
Dos 14 produtores responsáveis pelos estabelecimentos, doze residem na zona rural
e dois na zona urbana, juntamente com suas famílias. Uma observação muito importante
deve ser feita sobre esse assunto, pois todos os produtores que não residem na zona rural
tem funcionários na propriedade responsáveis pela condução da atividade produtiva, sendo
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que tais estabelecimentos possuem área mais extensa do que os demais que constituem a
cooperativa.
1
3
1º Grau Incompleto
1º Grau Completo
2º Grau Incompleto
2
7
1
2º Grau Completo
3º Grau Completo
Figura 03 – Escolaridade dos produtores responsáveis pelas propriedades.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2006.
Dos quatorze produtores, sete possuem 2º grau completo, um possui ensino
superior, três possuem 1º grau incompleto e os outros três têm 1º grau completo ou 2º grau
incompleto. Quanto à dificuldade em ler ou escrever, treze declaram não ter nenhuma
dificuldade, sendo que dos quatorze produtores, oito gostam muito de ler e escrever, cinco
gostam pouco de ler e escrever e apenas um não gosta. Com relação à matemática, mais
especificamente à realização de cálculos, nove entrevistados gostam muito e cinco gostam
pouco. Esses índices demonstram que os responsáveis pelas propriedades na cooperativa
estão em um nível educacional muito superior ao da média nacional na zona rural. No
campo, cerca de 29,8% da população com idade de 15 anos ou mais é analfabeta, enquanto
na área urbana esse índice atinge 10,3% da população (HAGE, 2006). Ainda no meio rural,
a média de escolaridade da população com 15 anos ou mais é de 3,4 anos, enquanto a
população urbana a média estimada é de 7 anos.
Com relação às moradias, doze dos entrevistados possuem casa própria e apenas
dois possuem casa cedida, sendo que todas as casas possuem instalações de água e energia
elétrica.
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PESSOAS NO DOM ICÍLIO POR IDADE
26 a 35
10
9
15 a 2 5
0 7 a 14
36 a 45
8
46 a 55
A c i m a de 5 5
7
6
0 a 0 6 a n os
5
4
3
2
1
0
Figura 04 – Número de pessoas no domicílio por idade.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2006.
Pela figura 04 podemos observar que o número de pessoas no domicílio por faixa
etária é bastante variável, mas o número de pessoas com idade entre 15 e 35 se sobrepõe
aos demais, sendo também significativo o número de pessoas entre 7 e 14 anos.
Quanto à religião dos produtores entrevistados, a mais comum é a religião católica,
sendo nove os participantes deste grupo, três são protestantes e dois declararam que não
participam de nenhum grupo religioso..
Em relação a principal atividade, doze produtores declaram que sua atividade
principal está ligada ao meio rural e que não gostariam de mudar de atividade; dois
declaram que a sua principal atividade está ligada ao meio urbano, sendo que o mesmo
número declarou estar disposto a mudar de atividade. Aqueles que estão dispostos a mudar
de atividade são proprietários de grandes estabelecimentos e também não residem na zona
rural.
A renda média das propriedades é bastante variável, conforme o tamanho e
também ao grau de tecnificação das mesmas. Sete afirmaram que possuem renda igual ou
superior a 4 salários mínimos, ou seja, R$ 1.400,00; cinco afirmaram possuir 2 salários
mínimos de renda e dois possuem 3 salários mínimos. Os produtores que aplicam melhores
tecnologias na produção, realizando conservação de pastagem, suplementação nutricional,
ordenha mecânica e resfriamento do leite conseguem obter uma renda superior a 3 salários
mínimos. Todos os produtores com renda média de 2 salários possuem propriedade com
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menos de 20 hectares e em algumas delas a pastagem está degradada e realizam a ordenha
manualmente, sendo nesse caso mais barato o preço do leite.
Apenas uma propriedade com tecnologia simples possui renda superior a 5 salários
mínimos, fato explicado por essa propriedade ter uma grande extensão de área e também
por produzir outras culturas como a cana-de-açúcar.
5
6
02 SM
03 SM
04 SM
acima de 05 SM
1
2
Figura 05 – Renda média mensal dos produtores rurais e suas famílias
Fonte: Dados da Pesquisa, 2006.
Ao longo dos últimos anos a renda média do produtor que tem como atividade
principal o leite vem caindo de forma preocupante. Tal fato pode ser verificado a partir dos
seguintes dados: em julho de 2006 com o preço do litro de leite a R$ 0,50 centavos, um
produtor precisava vender 700 litros de leite para conseguir 1 salário mínimo de R$
350,00. Em julho de 2000 com o litro de leite sendo vendido a R$ 0,37 centavos,
precisava-se vender 408 litros para garantir 1 mínimo de R$ 151,00. Já em julho de 1995,
com o litro a R$ 0,25 centavos era necessário vender 400 litros para 1 salário de R$ 100,00
(EMBRAPA/CEPEA/FGV, 2006 com valores da moeda corrente na época).
4.2 - Perfil da Propriedade em Geral
De acordo com os questionários realizados, confirmou-se que sete propriedades
rurais foram adquiridas mediante compra e seis mediante herança, sendo que uma é
utilizada em forma de parceria. Podemos perceber que a herança como forma de aquisição
representa parcela significativa dos estabelecimentos, justificando assim uma grande
parcela de produtores com até 45 anos.
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Sete dos produtores declararam residir na propriedade há mais de 10 anos, sendo
que quatro moram a menos de 10 anos e outros três não residem na área rural. Os
produtores que possuem residência no estabelecimento rural e que moram na propriedade
entre 10 e 20 anos são dois; entre 20 e 30 anos são três e entre 30 e 40 anos são dois.
De acordo com a figura 06 podemos observar que seis propriedades rurais possuem
área de 6 a 20 hectares, sendo que cinco estão na faixa de 21 a 40 hectares e três possuem
mais de 80 hectares. A presença das pequenas propriedades na composição da cooperativa
é muito significativa, sendo ao todo onze estabelecimentos.
3
3
06 a 10 ha.
11 a 20 ha.
21 a 30 ha.
3
4
1
31 a 40 ha.
acima de 80 ha.
Figura 06 – Área das propriedades.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2006.
Em Cruzeiro do Oeste, há 354 estabelecimentos com menos de 10 ha, 551
propriedades com área entre 10 e 100 ha, 64 com área entre 100 e 200 ha, 49 na faixa entre
200 e 500 ha, e 24 com mais de 500 ha.(IBGE, Censo Agropecuário 95/96). Através desses
dados podemos perceber que o município é composto, sobretudo, por propriedades com até
100 hectares, o que caracteriza o município como tendo uma zona rural onde há a
predominância de agricultores familiares.
Um aspecto muito importante a ser observado e, posteriormente, analisado é o tipo
de mão-de-obra utilizada nas propriedades. Nove estabelecimentos utilizam mão-de-obra
essencialmente familiar, sendo que dois utilizam mão-de-obra familiar e funcionários. Já
em três, somente mão-de-obra contratada é utilizada.
São os três estabelecimentos com área superior a 80 hectares que fazem uso
somente de mão-de-obra contratada.
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Somente mão-de-obra
familiar
3
Familiar e funcionários
fixos
1
9
1
Familiar com func.
temporários
Somente func. fixos ou
temporários
Figura 07 – Mão-de-obra utilizada.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2006.
No Brasil, a agricultura familiar representa 85,2% dos estabelecimentos e apenas
30,5% da área total, enquanto a agricultura patronal representa somente 11,4% do total de
estabelecimentos rurais possuindo 67,9% da área total. Mesmo com uma área bastante
inferior à patronal, a agricultura familiar responde por 37,9% do valor bruto da produção
nacional. (INCRA/FAO/IBGE, 95/96).
No estado do Paraná, a agricultura familiar representa 86,9% dos estabelecimentos
e 41% da área total, participando com 48,2% do valor de produção. A agricultura patronal
representa 12% dos estabelecimentos rurais e 52,2% da área total, respondendo por 51,3%
do valor bruto de produção. Com relação à geração de empregos no estado do Paraná, a
agricultura familiar é responsável por 833.977 vagas para a família e 36.500 contratados, já
a patronal responde por 74.000 vagas para a família e 212.000 contratações.
(INCRA/FAO/IBGE, 95/96). Por meio desses dados podemos perceber a importância da
agricultura familiar no estado do Paraná, não apenas pela significativa participação no
valor bruto de produção, mas também pela geração de empregos no meio rural.
No município de Cruzeiro do Oeste a agricultura familiar possui 28,7% da área
total e 80,1% dos estabelecimentos agropecuários, participando com 30,4% do valor de
produção, já a agricultura patronal possui 71,3% da área total, representando 19,8% dos
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estabelecimentos e 69,6% do valor bruto de produção. Nesse município a agricultura
familiar gera postos de trabalho para 2.088 pessoas da família e 143 pessoas contratadas,
enquanto a agricultura patronal gera postos de trabalho para apenas 335 pessoas da família
e 585 contratadas. (INCRA/FAO/IBGE, 95/96). Percebe-se, desta maneira, que a
agricultura familiar no município de Cruzeiro do Oeste, entre outras características,
contribui para manter a população no meio rural.
Com relação a financiamento, doze produtores afirmaram que o utilizam para
adquirir recursos para investimentos e custeio da produção. Entre as linhas de
financiamento adquiridas pelos produtores, onze fazem aquisição de recursos através do
Pronaf e um utiliza outros meios.
Os recursos adquiridos com os financiamentos são todos destinados às melhorias na
produção leiteira, como o aumento do rebanho, a aquisição de equipamentos e infraestrutura (resfriador, ordenhadeira, barracão) e ainda utilizam parte do financiamento para
o custeio da produção de alimentos para a silagem (milho, cana).
Em relação ao valor dos financiamentos adquiridos via Pronaf, 34% dos produtores
utilizaram financiamentos que variam de R$ 4.000,00 a R$ 10.000,00, e 58% dos
produtores utilizaram valores acima de R$ 10.000,00. Todos os produtores com menos de
40 hectares, que fazem uso de financiamento, utilizam a linha de crédito do Pronaf.
Com a criação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF, em 1995/96, visando aumentar a capacidade produtiva, a geração de emprego e
renda e a melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares, foram assinados, no
período de 1995 a 1999, em torno de 2,4 milhões de contratos de financiamentos,
resultando em empréstimo de mais seis bilhões de reais, o que melhorou significativamente
os recursos financeiros aplicados neste segmento (Mattei, 2001). O orçamento da
agricultura familiar para a safra 2004/2005 foi de R$ 7 bilhões, enquanto a safra 2003/2004
foi de R$ 5,4 bilhões. Esse recurso possibilitou ampliar de 1,4 milhão para 1,8 milhão o
número de famílias de agricultores atendidas por políticas de crédito rural (MANZANO,
2006).
Dos produtores pesquisados, doze afirmaram fazer uso de assistência técnica,
apesar desse serviço ser escasso para eles, dois não utilizam nenhum tipo de assistência
técnica. Dos produtores que possuem assistência técnica, dez afirmaram que recebem esse
tipo de trabalho de instituições públicas como a Emater, e dois utilizam esse tipo de
trabalho através de contratação particular. Dos produtores com menos de 40 hectares, que
perfazem total de onze, apenas um utiliza assistência técnica particular. Isso demonstra a
importância da assistência pública para a pequena e média propriedade rural e deve servir
de incentivo para maiores investimentos no setor.
Ainda em relação à assistência, oito fazem uso da mesma para a produção
agropecuária e quatro para elaboração de projetos de acesso a créditos rurais. Quanto à
avaliação do trabalho de assistência técnica, oito produtores pesquisados classificaram-na
como boa, três como regular e um como muito boa. Isso nos mostra que apesar de poucos
produtores terem acesso esse tipo de trabalho, aqueles que possuem acreditam que o
trabalho dos extensionistas é importante para a atividade na propriedade.
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Quanto à capacitação profissional, os dados da pesquisa apresentaram um fato
interessando, pois a metade dos produtores de leite disseram que já participaram de algum
curso de capacitação.
4.3 - Perfil da Produção de Leite
Dentre as propriedades, oito possuem como área de pastagem para produção de
leite no máximo 25 hectares, quatro possuem área entre 26 e 50 hectares, restando ainda
dois com área destinada a pastejo superior a 50 hectares. Em dois dos estabelecimentos
pesquisados acima de 80 ha, a produção leiteira possui menos importância quando
comparada a área destinada a outros produtos, como a cana-de-açúcar e a carne. Apenas
em uma das propriedades maior que 80 hectares, a produção leiteira tem importância
fundamental, mas divide espaço com a produção de cana-de-açúcar destinada para as
usinas da região. Contudo, em todos os estabelecimentos com área inferior a 40 hectares, o
leite é o principal produto comercializado e o principal gerador de renda, pois em média
cerca de 80 a 90% dessas áreas são destinadas ao pastejo ou à produção de alimentação
animal. Mas 50% desses estabelecimentos ainda comercializam outros produtos,
principalmente carne e café, mas também mandioca, melancia e abacaxi.
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"Conhecimentos para Agricultura do Futuro"
2
2
Até 5 ha.
1
06 a 10 ha.
3
11 a 15 ha.
16 a 25 ha.
26 a 35 ha.
3
36 a 50 ha.
1
2
Acima de 50 ha.
Figura 08 – Área de Pastagem
Fonte: Dados da Pesquisa, 2006.
Quanto às condições das pastagens, sete produtores consideraram seus pastos como
sendo regulares, quatro consideraram como bons e três como pastagem degradada.
Em relação ao rebanho leiteiro, oito estabelecimentos possuem entre 10 e 25 vacas,
três possuem entre 25 e 45 vacas e outros três possuem acima de 45 vacas. Com relação ao
número de vacas em lactação, uma propriedade possui até 5 animais, quatro possui entre 5
e 15 animais em lactação, oito entre 15 e 35 animais e uma acima de 45.
Quanto à produção leiteira, nove propriedades produzem no máximo 6.000 litros de
leite, sendo que três delas produzem até 3.000 litros e seis produzem entre 3.000 e 6.000
litros, duas produzem entre 6.000 e 9.000 litros, uma entre 9.000 e 12.000 litros e uma
acima de 15.000 litros. O conjunto de produtores que formam a cooperativa possuem um
total de 547 vacas e um volume anual de cerca de 1 milhão e 210 mil litros de leite
produzidos.
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1
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1
Até 3000
3000 a 6000
6000 a 9000
2
9000 a 12000
6
12000 a 15000
Acima de 15000
Figura 09 – Produção mensal de leite (litros)
Fonte: Dados da Pesquisa, 2006.
A produtividade média dos produtores que participam da cooperativa é de 2.213
litros/vaca/ano. De acordo com as tabelas 1 e 2, a produtividade de 2.213 litros/vaca/ano é
considerada muito boa quando comparada à produtividade de outras regiões. Assim, essa
produtividade supera a produtividade do estado do Paraná e de outros importantes estados
produtores de leite. Dentro do Paraná, essa produtividade, se aproxima da produtividade de
mesorregiões como a oeste que possui um dos melhores índices do estado e do país. A
produtividade nacional que é de 1.219 litros/vaca/ano, a qual é bastante inferior à média
dos produtores da cooperativa, o mesmo ocorre com a produtividade de Cruzeiro do Oeste
com 1.054 litros/vaca/ano e Tapejara com 727 litros/vaca/ano, municípios onde se
localizam as propriedades.
Tabela 1 – Produção anual de leite dos principais estados produtores do Brasil
Produção de leite (milhões Produtividade
de litros)
(litros/vaca/ano)
1º - Minas Gerais
6.908.683
1.482
2º - Goiás
2.648.599
1.134
3º - Paraná
2.518.929
1.842
4º - Rio Grande do Sul
2.467.630
2.050
5º - São Paulo
1.744.179
1.065
6º - Santa Catarina
1.555.622
2.153
Fonte: IBGE, 2005
Elaboração: Embrapa Gado de Leite
Tabela 2 - Produção anual de leite das Mesorregiões do Paraná
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MESORREGIÂO Vacas ordenhadas
Produção (mil litros) Produtividade
(cabeças)
(litros/vaca/ano)
Centro Ocidental
59.640
78.077
1.309
Centro Oriental
121.823
336.627
2.763
Centro Sul
99.387
168.260
1.692
Metropolitana de
44.492
69.106
1.553
Curitiba
Noroeste
176.390
221.860
1.257
Norte Central
172.247
239.968
1.393
Norte Pioneiro
110.758
124.697
1.125
Oeste
298.022
745.715
2.502
Sudeste
51.629
72.263
1.399
Sudoeste
232.973
462.356
1.984
Fonte: IBGE, 2005
Elaboração: Embrapa Gado de Leite
Mesmo possuindo uma boa produtividade média, a diferença entre os produtores
ainda é muito grande, como mostra a figura 10. Nessa figura são apresentados dados desde
a menor produtividade (730 litros/vaca/ano) até a maior produtividade (5.475
litros/vaca/ano).
Litros/vaca/ano por Estabelecimento Individual
6000
1
2
3
5000
4
4000
5
6
Litros/vaca/ano 3000
7
2000
8
1000
9
10
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9 10 11 12 13 14
Estabelecimento
11
12
13
14
Figura 10 – Produtividade individual dos estabelecimentos.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2006.
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De acordo com GONZALES (2002), as unidades de produção leiteiras foram classificadas
nos sistemas de produção: especializado (ES), semi-especializado (SE) e não especializado
(NE). No sistema ES, as UPL utilizaram: alimentação à base de ração balanceada, silagem
e pastagem cultivada de forma contínua durante o ano, com boa oferta de alimento; sala de
ordenha higiênica; sistema de ordenha em circuito fechado; resfriamento com tanque de
expansão; curral de espera pavimentado; manejo de ordenha adequado. No sistema SE, as
UPL utilizaram: alimentação à base de ração balanceada, silagem e pastagem cultivada,
mas não mantiveram a qualidade e a constância durante o ano; sistema de ordenha em
circuito fechado ou balde-ao-pé; curral de espera sem piso; manejo de ordenha inconstante.
E no sistema NE, as UPL não utilizaram ração balanceada, nem silagem ou pastagem
cultivada; apresentaram condições nutricionais e sanitárias precárias; manejo de ordenha
inadequado e sistema de ordenha balde-ao-pé ou manual.
A classificação dos estabelecimentos de acordo com sua tecnologia ou grau de
especialização exige um estudo mais apurado, assim tomaremos o estudo de GONZALES
(2002) como uma referência para entender as diferenças produtivas dos estabelecimentos.
De fato, as propriedades com as menores produtividades utilizaram menos tecnologia. A
única propriedade que não faz o resfriamento do leite e também não faz suplementação
está com sua produtividade entre as mais baixas, mesmo realizando ordenha mecânica.
Outra unidade com produtividade baixa possui ordenha manual e tem problemas com o
manejo a pasto. Os estabelecimentos com melhor suplementação, higiene, pastagem,
equipamentos e infra-estrutura tem uma produtividade muito superior aos demais, além de
um melhor aproveitamento do espaço na propriedade rural.
Os dados da pesquisa apontam para o fato de que treze produtores têm a intenção
de aumentar a produção leiteira em suas propriedades. Porém, nove dos produtores
declararam fazer adubação frequentemente nas pastagens, e cinco disseram que não fazem.
Em relação ao tipo de ordenha realizado, em quatro propriedades este trabalho é
realizado manualmente e, a maioria das propriedades possuem ordenhadeira mecânica,
perfazendo um total de dez. A maioria dos estabelecimentos (13) utiliza refriador, seja em
conjunto com outros produtores ou sozinho. Dos que possuem resfriador, dez possuem o
resfriador tipo a granel e três fazem uso do tipo por imersão. É interessante citar que
metade dos produtores utiliza a tecnologia de inseminação artificial como forma de
melhoria genética do rebanho leiteiro.
4.4 - Cooperativismo
Dos produtores rurais pesquisados, metade afirmou possui possuem algum
conhecimento sobre cooperativismo. Porém, para doze dos produtores pesquisados, os
principais motivos que os levaram a fazer parte de uma cooperativa foi adquirir melhores
preços na comercialização e ter acesso a insumos mais baratos.
A formação oficial da cooperativa é bastante recente, cerca de 4 meses apenas,
antes disso muitas reuniões e debates foram realizados junto aos agricultores pela
Unitrabalho, mostrando e levando até eles conhecimentos sobre o funcionamento e as
finalidades de uma cooperativa, como assessoria jurídica e contábil, sendo que a partir de
2007 planeja-se entrar com assessoria técnica na produção.
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Mesmo com a formação recente, já possui um quadro de 27 associados e mudanças
significativas ocorreram. Uma dessas mudanças foi o desenvolvimento do censo crítico dos
produtores e o sentimento de união. No caso dos produtores de Cruzeiro do Oeste, houve
um aumento de renda, já que com um maior volume de leite adquiriram maior força nas
negociações e isso aumentou o preço do litro de leite pago pelos laticínios a alguns
produtores em até R$ 0,07; ou seja, o preço aumentou de R$ 0,42 para R$ 0,49
centavos/litro. Para os produtores de Tapejara, não ocorreu aumento no preço pago pelo
leite, pois os mesmos já comercializavam seu produto por R$ 0,49 centavos.
Apesar dos resultados positivos, no município de Cruzeiro do Oeste dos 835
estabelecimentos familiares existentes, apenas 30 fazem parte de associação ou cooperativa
e dos 206 patronais, apenas 29 participam. (IBGE, Censo Agropecuário 95/96). Em
Tapejara, dos 374 estabelecimentos familiares, 10 fazem parte de cooperativas ou
associações e das 152 patronais, 21 fazem parte. (IBGE, Censo Agropecuário 95/96). Esses
dados nos indicam que são poucos os produtores que conseguem se organizar e formar
cooperativas ou associações. Esse talvez seja um desafio para as instituições de assistência
técnica e extensão rural do estado do Paraná.
5.CONCLUSÃO
A maioria dos novos cooperados é composta por jovens, possuindo escolaridade
acima da média nacional, são mais politizados, também possuem uma boa renda média e,
sobretudo, possuem suas propriedades funcionando em regime familiar. Mesmo sendo
recente, a Cooperativa dos Produtores de Leite do Arenito Caiuá já demonstra resultados
positivos como o aumento de preços e a união dos produtores, além de mesma apresentar
ótimo resultado médio de produtividade, graças à tecnologia empregada pela maioria dos
produtores.
Mesmo com bons resultados, ainda apresenta muitos contrastes tendo em seu grupo
desde pequenos a grandes produtores e produtividades muito altas, mas também muito
baixas. Esses são fatores que devem ser analisados, encontrando meios de aumentar a
tecnologia e, consequentemente, a produtividade daqueles que apresentam baixos índices.
A cooperativa deve garantir sempre a autonomia e a participação igualitária nas decisões,
independente da quantidade de terras e do volume de produção de cada cooperado.
De fato, a cooperativa abriu mais espaço para os produtores nas negociações e
garantiu melhor comercialização dos produtos, mas a partir de certo tempo e com uma
maior experiência dos cooperados, a mesma deve desenvolver meios de contribuir para a
melhoria da produção, reduzindo custos de produção, principalmente na aquisição de
insumos e equipamentos mais baratos, fornecendo cursos e assistência técnica e, no futuro,
industrializando a própria produção para agregação de valor ao produto e aumento na
renda do produtor.
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS
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Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,
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