UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO INSTITUTO QUALITTAS ESPECIALIZAÇÃO EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL QUALIDADE DO LEITE DE VACA: MICROBIOLOGIA, RESÍDUOS QUÍMICOS E ASPECTOS DE SAÚDE PÚBLICA Cleber Eduardo Galvão Campo Grande, Março – 2009 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO INSTITUTO QUALITTAS ESPECIALIZAÇÃO EM HIGIENE E INSPEÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL QUALIDADE DO LEITE DE VACA: MICROBIOLOGIA, RESÍDUOS QUÍMICOS E ASPECTOS DE SAÚDE PÚBLICA Trabalho monográfico de conclusão da especialização em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal (TCC), apresentado à UCB/QUALITTAS como requisito parcial para obtenção do título de Especializado, sob a orientação da Profª. Cassia Rejane Brito Leal. Cleber Eduardo Galvão Campo Grande, março – 2009 QUALIDADE DO LEITE DE VACA: MICROBIOLOGIA, RESÍDUOS QUÍMICOS E ASPECTOS DE SAÚDE PÚBLICA Elaborado por Cleber Eduardo Galvão Aluno do curso de especialização em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal Foi analisado e aprovado com grau:...................................... Campo Grande-MS_____de______________de________. Cássia Rejane Brito Leal Orientador Campo Grande, Março – 2009 GALVÃO, Cleber Eduardo Qualidade do leite de vaca: microbiologia, resíduos químicos e aspectos de saúde pública. RESUMO Esta revisão bibliográfica tem como objetivo esclarecer os aspectos relacionados à contaminantes químicos e microbiológicos no leite de vaca para consumo humano, suas principais causas, seus agentes etiológicos e os riscos que pode acarretar à saúde pública. O leite é um líquido branco e levemente viscoso produzido pelas glândulas mamárias das fêmeas dos mamíferos. Sua composição e características físico-químicas sofrem variações de uma espécie animal para outra, e inclusive entre diferentes raças (ROBINSON, 1987). O leite de vaca é considerado um dos alimentos de maior importância na alimentação humana. É rico em proteína, gordura, carboidratos, sais minerais e vitaminas A e D dentre outros. O leite oferece, também, elementos anticarcinogênicos, presentes na gordura, como o ácido linoléico conjugado, esfingomielina, ácido butírico e beta-caroteno (II SUL-LEITE, 2002). As características de um leite de boa qualidade são: Ser livre de todos os microrganismos patógenos; possuir baixa contagem de células somáticas; ser livre de sedimentos e matérias estranhas; possuir sabor levemente adocicado e um “flavor” levemente aromático, livre de sabores e aromas estranhos; estar de acordo com os padrões legais, para o mínimo de gordura, sólidos totais e sólidos desengordurados (NASCIMENTO et al., 2001). Atualmente existem vários tipos de métodos para detecção de resíduos de antibióticos de leite, incluindo testes inibidores de crescimento microbiano, testes imunológicos e testes de receptores de enzimas. Os testes de resíduos podem ser qualitativos e quantitativos, ou semiquantitativos (CARRARO, et al. 2000). Muitas infecções podem ser transmitidas à população pela ingestão de leite, ou seus derivados, produzidos ou manipulados de forma incorreta. A partir do conhecimento dos principais perigos microbiológicos e químicos no leite é possível a tomada de medidas preventivas de forma a minimizar a exposição a estes contaminantes que apresentam risco à saúde da população. Palavras-chave: Leite, Microrganismos, Resíduos químicos, Saúde. GALVÃO, Cleber Eduardo Quality of the cow milk: microbiology, chemical residues and aspects in public health. ABSTRACT This bibliographical revision has as objective to clarify the aspects related to the chemical contaminants and microbiological in the milk of cow for human consumption, its main causes, its etiological agents and the risks that can cause the public health. Milk is viscous a white liquid and lightly produced by the mammary glands of the females of the mammals. Its composition and characteristics physicist-chemistries suffer variations from an animal species for another one, and also between different races (ROBINSON, 1987). The cow milk is considered one of foods of bigger importance in the feeding human being. He is rich in protein, fat, carbohydrates, you leave minerals and vitamins A and D amongst others. Milk offers, also, anticarcinogenic elements, gifts in the fat, as the linoleic acid conjugated, esfingomieline, butyric acid and beta-carotene (II SUL-LEITE, 2002). The characteristics of a milk of good quality are: To be free of all the patogens microrganisms; to possess low counting of somatic cells; to be free of sediments and strange substances; to possess lightly sweet and a aromatical “flavor”, lightly free flavor” of flavors and strange flavorings; to be in accordance with the legal standards, for the minimum of fat, taken away the total solid and defatted solids (NASCIMENTO et al., 2001). Currently some types of methods for detention of residues of milk antibiotics exist, including inhibiting tests of microbians growth, imunologics tests and tests of enzyme receivers. The tests of residues can be qualitative and quantitative, or semiquantitative (CARRARO, et al. 2000). Many infections can be transmitted to the population for the milk ingestion, or its derivatives, produced or manipulated of incorrect form. From the knowledge of the main microbiological and chemical riskiness in milk the taking of writs of prevention of form to minimize the exposition to these contaminants is possible that present risk to the health of the population. Key-words: Milk, Microrganisms, Chemical residues, Health. SUMÁRIO Página Resumo...................................................................................................................iii Abstract...................................................................................................................iv Lista de Tabelas.....................................................................................................vii Lista de Quadros....................................................................................................vii Introdução................................................................................................................1 1. Valor nutricional do leite de vaca para os humanos............................................4 1.1 Composição do leite de origem bovina 1.2 Papel nutritivo do leite 1.3 Leite de vaca x leite de mulher 2. Microbiologia do leite.........................................................................................11 2.1 Análises bacterianas 3. Resíduos de antibióticos e pesticidas................................................................24 4. Inspeção sanitária do leite.................................................................................28 5. Impacto em saúde pública.................................................................................30 5.1 Brucelose bovina 5.2 Tuberculose bovina 5.3 Diarréia aguda Conclusão..............................................................................................................36 Referências bibliográficas......................................................................................37 LISTA DE TABELAS 1. Quantidade de nutrientes (%) oferecida por produtos lácteos ao homem.....................................................................................................................8 2. Composição do leite e velocidade de crescimento de crias de diferentes espécies...................................................................................................................9 3. Características das principais frações protéicas do leite de vaca......................10 LISTA DE QUADROS 1. Microrganismos associados ao leite..................................................................14 INTRODUÇÃO Esta monografia contribui em termos teóricos para a compreensão dos riscos de contaminações microbiológicas e resíduos antimicrobianos e pesticidas no processo de produção de leite bovino, com importância em saúde pública. Para tanto será analisado o tema resíduos químicos e microbiológicos no leite de vaca, estudando-se as características de resíduos, principalmente antimicrobianos e praguicidas, e alguns microrganismos contaminantes do leite de importância em saúde publica. As divisões desta monografia foram elaboradas através de revisão bibliográfica realizada por consulta feita em livros, revistas, jornais, artigos científicos, entre outros, utilizando-se citações das obras pesquisadas. O leite é considerado uma das mais completas fontes de nutrientes, contendo proteínas, vitaminas e sais minerais e apresenta uma atividade que tem impacto sócioeconômico significativo em nosso país. A produção e o consumo de leite de vaca e derivados têm crescido no Brasil e em muitos países em desenvolvimento. Internacionalmente, têm se observado várias exigências na maneira de produzir e como gerenciar a saúde dos rebanhos, especialmente com relação à produção do leite. Dentre elas destacam-se: equipamentos automatizados para produzir análises com rapidez, exatidão e precisão; conhecimento da patogenia das infecções, gerando métodos de controle e prevenção de doenças importantes como a mastite; adoção de critérios gerenciais para promoção da saúde dos rebanhos, em contraposição aos conceitos tradicionais de tratamento individual dos animais; desenvolvimento de métodos epidemiológicos analíticos; e inclusão de parâmetros econômicos no gerenciamento da saúde dos rebanhos. A microbiologia está diretamente relacionada com a indústria leiteira. Os princípios microbiológicos são a base para as técnicas de produção higiênica do leite de vaca, desde a sua transformação industrial até a conservação de seus produtos derivados. A qualidade do leite depende em grande parte de sua microbiologia, incluindo sempre normas padronizadas para o controle de microrganismos. No estudo do leite, aplicam-se conhecimento microbiológico com três finalidades: 1) Prevenir e impedir a transmissão de microrganismos patógenos veiculados pelo leite, protegendo a saúde dos consumidores; 2) Prevenir e reduzir o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis no leite impedindo sua alteração; 3) Favorecer e controlar o desenvolvimento de microrganismos úteis para fabricação de derivados do leite. A presença de contaminantes químicos em alimentos pode causar reações de hipersensibilidade e de toxicidade. O leite contaminado por substâncias químicas é considerado adulterado e impróprio para o consumo, pois representa um risco à saúde. Tem havido um grande esforço por parte das instituições brasileiras oficiais e privadas para modernização da cadeia agroindustrial do leite, tendo como objetivo, entre outros, melhorar a sua qualidade. Em decorrência destes fatores, esta revisão bibliográfica tem como objetivo esclarecer os aspectos relacionados à contaminantes químicos e microbiológico no leite de vaca para consumo humano, suas principais causas, seus agentes etiológicos e os riscos que pode acarretar a saúde pública. 1. VALOR NUTRICIONAL DO LEITE DE VACA PARA OS HUMANOS O leite é um líquido branco e levemente viscoso produzido pelas glândulas mamárias das fêmeas dos mamíferos. Sua composição e características físico- químicas sofrem variações de uma espécie animal para outra, e inclusive entre diferentes raças. Durante a lactação estas características também variam em função do estágio ou período (ROBINSON, 1987). 1.1 COMPOSIÇÃO DO LEITE DE ORIGEM BOVINA O leite de vaca é considerado um dos alimentos de maior importância na alimentação humana. É rico em proteína, gordura, carboidratos, sais minerais e vitaminas A e D dentre outros. O leite oferece, também, elementos anticarcinogênicos, presentes na gordura, como o ácido linoléico conjugado, esfingomielina, ácido butírico e betacaroteno (II SUL-LEITE, 2002). Também são encontradas no leite enzimas que são catalizadoras em determinadas reações para decompor, sintetizar ou transformar algumas características. As enzimas são: lipase, fosfatase, oleinase, butirinase, salolase, peptidase, galactase, lactase, amilase, aldolase, xantín oxidase, peroxidase e catalase (CIÊNCIA DO LEITE, http://www.cienciadoleite.com.br/composicaoleite.htm). A água existe em maior quantidade no leite. Nela encontram-se dissolvidos, emulsionados ou suspensos os outros componentes. A cor amarelada do leite se dá por causa da gordura, ela forma uma emulsão constituída por glóbulos de pequenos diâmetros, bem distribuídos. As proteínas dão ao leite a cor branca opaca, quando essas coagulam formam uma massa branca, que é muito utilizada na fabricação de queijos. As proteínas do leite são formadas de caseína, sendo a maior parte; albumina ou lacto-albumina e globulina. A lactose é conhecida como o açúcar do leite, e é encontrada no leite de todos os mamíferos. Com relação aos sais minerais do leite, existem principalmente fosfatos, citratos, carbonato de sódio, cálcio, potássio e magnésio. O fosfato de cálcio é muito importante na formação de ossos e dentes. As vitaminas encontradas no leite são basicamente as vitaminas A, B1, B2, B4, B6, B12, C, D e K. O leite bovino normal conta com todos os elementos vitamínicos necessários a uma boa nutrição (CIÊNCIA DO LEITE, http://www.cienciadoleite.com.br/composicaoleite.htm). 1.2 PAPEL NUTRITIVO DO LEITE As proteínas do leite são fontes importantes de aminoácidos essenciais como a isoleucina, lisina, metionina, treonina, triptofano fenilanina e valina. Elas constituem 16% da composição do corpo humano. Sua função nutritiva ao organismo humano é oferecer, através do processo de digestão e absorção, os aminoácidos essenciais que o organismo não consegue sintetizar. No primeiro ano de vida das crianças, estas proteínas desempenham grande importância devido ao desenvolvimento de novos tecidos. As proteínas entram na composição da parede celular, pele, pêlos; catalizam enzimas; dentre outras funções. Elas têm um papel energético secundário no organismo humano, compondo 12% das calorias ingeridas pelo ser humano (AMIOT, 1991). A lactose é o açúcar do leite, e se apresenta no leite de todos os mamíferos. É responsável pelo gosto adocicado. No sistema digestivo é hidrolisada em glicose e galactose, sendo que ambas passam por processos metabólicos para serem utilizadas como fonte de energia para o organismo (AMIOT, 1991). Os principais sais minerais encontrados no leite são fosfatos, citratos, carbonato de sódio, cálcio, potássio e magnésio. A ação fisiológica dos diferentes sais do leite é importante, principalmente do fosfato de cálcio, na formação de ossos e dentes. Por isso a necessidade de se alimentar as crianças com maior quantidade de leite (CIÊNCIA DO LEITE, http://www.cienciadoleite.com.br/composicaoleite.htm). As vitaminas são obtidas diretamente dos alimentos, pois não são produzidas pelo organismo em quantidades necessárias. Os humanos precisam de uma pequena parte de vitaminas ao dia sendo menos de 1/500.000 parte do total ingerido diariamente. As vitaminas se classificam como hidrossolúveis e lipossolúveis. Dentro do grupo das hidrossolúveis encontram-se as vitaminas do grupo B, como a riboflavina ou vitamina B12 que é a mais importante nos produtos lácteos e contribui com 41% das necessidades diárias nos humanos. Entre as lipossolúveis, o leite contém principalmente a vitamina A, D, E e K, sendo a vitamina A a mais importante. A vitamina A atua na proteção dos olhos contra os raios solares, na síntese de progesterona e na proteção de células do epitélio cutâneo (AMIOT, 1991). Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sobre o consumo per capita mundial de leite fluido, de 2000 a julho de 2008, mostra que a Austrália é o maior consumidor com 103,9 Kg de leite/pessoa/ano em 2000 e 108,5 Kg/pessoa/ano em 2008, havendo pouca oscilação dos valores entre os 9 anos pesquisados. A Romênia também se destaca, pois em 2006 seu consumo foi de 171,2 Kg/pessoa/ano. O país com menor consumo de leite é a China com 3 Kg de leite/pessoa/ano em 2000 aumentando, com passar dos 9 anos pesquisados, para 12 Kg/pessoa/ano em 2008. Na América do Sul os países pesquisados foram Brasil e Argentina. Durante os anos pesquisados o Brasil sempre teve vantagem de consumo em relação à Argentina. Em 2008 o Brasil apresentou consumo de 83,2 Kg de leite/pessoa/ano e a Argentina apresentou 53,7 Kg/pessoa/ano. Em 2004 a Leite Brasil e a Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa Vida (ABLV-UHT) realizaram uma pesquisa sobre o consumo brasileiro de leite pasteurizado entre os anos de 1990 e 2004. Os leites UHT e tipo C são os mais consumidos desde 1990 a 2004. O leite UHT em 1990 foi consumido em 184 milhões de litros, e os valores foram aumentando onde em 1995 o consumo foi de 1050 milhões de litros chegando até 4403 milhões de litros em 2004. O leite tipo C mesmo sendo um dos mais consumidos no Brasil, teve uma queda em 1990 cujo consumo foi de 3655 milhões de litros chegando a 1075 milhões de litros em 2004. Os leites tipo A e tipo B foram também pesquisados, mas não sofreram grandes alterações de consumo entre os anos pesquisados. O leite tipo A passou de 28 milhões de litros em 1990 para 55 milhões de litros em 2004. O tipo B foi de 347 milhões de litros em 1990 para 460 milhões de litros em 2004 (EMBRAPA GADO DE LEITE, http://www.cnpgl.embrapa.br/nova/informacoes/estatisticas/consumo/consumo.php). Tabela 1. Quantidade de nutrientes (%) oferecida por produtos lácteos ao homem Adolescente de 13 a 15 Homem adulto de 35 a anos 50 anos Proteína 66 36 Cálcio 119 83 Fósforo 90 65 Vitamina A 44 24 Riboflavina 73 35 Niacina 45 25 Nutriente AMIOT, 1991 1.3 LEITE DE VACA X LEITE DE MULHER O aumento de casos de alergia ao leite de vaca nos últimos anos está relacionado com a diminuição da amamentação humana. Não se tem descrito alergias aos ácidos graxos do leite e nem à lactose, mas sim a diferentes frações protéicas como principalmente às β – lactoglobulinas solúveis. Existem diferenças fundamentais na composição e distribuição das proteínas nos dois tipos de leite. A alergia às proteínas do leite de vaca se manifesta por transtornos digestivos como diarréias, vômitos e dores abdominais; transtornos dermatológicos como eczemas e transtornos respiratórios como bronquite e asma. O leite da mulher possui 3 vezes menos proteínas, 10 vezes menos caseína e pouquíssima ou nada β – lactoglobulina mas tem 3 vezes mais aminoácidos livres e 3 vezes mais α – lactalbumina, contém mais gordura e 3 vezes menos quantidade de sais minerais comparado com o leite de vaca (AMIOT, 1991). A tabela 2 resume a composição do leite em diferentes espécies. Tabela 2. Composição do leite e velocidade de crescimento de crias de diferentes espécies Espécie D Composição do leite (g/100 ml) G P L C Homem 140 3,8 1,0 7,0 0,2 Cavalo 60 1,9 2,5 6,2 0,5 Bovino 47 3,7 3,4 4,8 0,7 Caprino 19 4,5 2,9 4,1 0,8 Ovino 10 7,4 5,3 4,8 1,0 Rato 6 10,3 8,4 2,6 1,3 Coelho 6 18,3 13,9 2,1 1,8 AMIOT, 1991 D: Dias necessários para duplicar o peso de nascimento; G: Gordura; P: Proteínas ; L: Lactose; C: Cinzas O leite da mulher continua sendo o mais indicado para recém nascidos, principalmente devido a proteção de anticorpos que passa da mão para o filho. Mesmo assim o leite de vaca é considerado um alimento de grande importância para todas as idades, devido ao seu valor nutritivo (AMIOT, 1991). Tabela 3. Características das principais frações protéicas do leite de vaca Fração Protéica Distribuição (%) Alergenicidade Estabilidade a 100ºC Caseína 82 ++ +++ β – lactoglobulina 10 +++ ++ α – lactalbumina 4 ++ + Albumina sérica 1 + +/- Imunoglobulina 2 + - AMIOT, 1991 2. MICROBIOLOGIA DO LEITE Do ponto de vista biológico o leite é um liquido secretado da glândula mamária das fêmeas dos mamíferos, um pouco antes e principalmente após o parto. Já do ponto de vista químico, é uma mistura complexa, constituída de substâncias orgânicas e inorgânicas, dispersas de maneira diferente no leite, tendo como meio dispersante a água. As características de um leite de boa qualidade são: Ser livre de todos os microrganismos patógenos; possuir baixa contagem de células somáticas; ser livre de sedimentos e matérias estranhas; possuir sabor levemente adocicado e um “flavor” levemente aromático, livre de sabores e aromas estranhos; estar de acordo com os padrões legais, para o mínimo de gordura, sólidos totais e sólidos desengordurados. Testes bacteriológicos, químicos e físicos, juntamente com testes sensoriais devem ser empregados no controle da qualidade do leite, tanto para o leite cru como pasteurizado O leite é considerado anormal quando o colostro é obtido até 7 dias após o parto; for proveniente de animal portador de mastite ou mamite com aspecto semelhante ao soro; possuir muitos leucócitos, conter contaminantes como, pesticidas, poeira, radiações (NASCIMENTO et al., 2001). Segundo CARRARO et al. (1998), os pontos básicos da estratégia do Programa nacional de Melhoria de Qualidade (PNQL) são: desestimular a venda de leite não resfriado na fazenda e melhorar a higiene no processo da ordenha, incluindo orientação dos funcionários e cuidados com a limpeza das instalações. Conseguindo-se isso, já se igualaria ao padrão do leite B. No momento seguinte, já se teriam condições de atingir o tipo A. Os pesquisadores lembram que a legislação brasileira obriga o leite A a ser pasteurizado na própria fazenda e ainda comentam que em nenhum outro país isso ocorre, pois o leite pode chegar com qualidade na plataforma da usina e então ser pasteurizado. Para uma obtenção higiênica do leite é preciso ter regras eficientes. O estábulo deve ser localizado longe da estrada para evitar poeira e de pocilgas para evitar moscas. As paredes devem ter proteção contra ventos. Remover atrativos que possam atrair moscas, como fezes e palha. Deve-se prover de água de boa qualidade, para melhor segurança microbiológica para qualquer tipo de manipulação (SPREER, 1991). Os animais devem ser livres de quaisquer enfermidades, isso se refere principalmente à presença de infecções no úbere. A mastite também é uma enfermidade considerável que atinge 40% do rebanho leiteiro. Para melhor obtenção de leite em bom estado de qualidade sanitária deve-se usar caneca telada para observar a presença de coágulos e outras sujidades. É recomendável que sejam eliminados os primeiros jatos de leite a fim de limpar os canais, lactíferos. O leite mastítico pode conter Streptococcus agalactae, através do ordenhador (com gripe, feridas nas mãos, falta de higiene pessoal), pode-se inocular Staphylococcus aureus, o qual representa um problema para queijos fabricados a partir de leite cru (SPREER, 1991). Estudo realizado por STAMFORD et al. (2006), avaliou a enteroxigenicidade de Staphylococcus spp, na região de Garanhuns no agreste de Pernambuco. O mesmo avaliou 109 cepas de Staphylococcus spp, oriundas do leite in natura de vacas com mastite subclinica, procedentes de oito fazendas, desta região. O S. aureus foi mais prevalente no leite in natura. As espécies S. aureus e S. intermedius são as que produzem enterotoxinas com maior freqüência. O estudo feito por CATÃO e CEBALLOS (2001), avaliou a presença de Listeria spp, coliformes totais e fecais e E. Coli no leite cru e pasteurizado de uma indústria de laticínios, no estado da Paraíba (Brasil). Foram avaliadas 75 amostras de leite, sendo 45 de leite cru (15 no município de Souza, 15 em Campina Grande e 15 em Garanhuns) e 30 do pasteurizado tipo C (15 saídos do pasteurizador e 15 ensacados pronto para entrega). Das 75 amostras, 42 apresentaram Listeria spp, senda mais frequente no leite cru. As amostras de leite cru dos produtos apresentaram elevada incidência de coliformes totais e coliformes fecais e E. coli, evidenciando alta contaminação da matéria prima. Listeria esteve presente em porcentagens elevadas nas amostras do leite cru, os quais apresentaram também elevados níveis de coliformes. As amostras ensacadas apresentaram índices de coliformes totais e fecais mais elevadas que as recém pasteurizadas, sugerindo que a contaminação é pós-pasteurização ou decorrente de falhas no armazenamento. Quadro 1. Microrganismos associados ao leite FAMILIA Pseudomonadaceae GÊNERO ESPÉCIE CARACTERÍSTICAS ALTERAÇÕES NO LEITE Pseudomonas P. aeruginosa Bacilos curvos; Gram Produzem enzimas hidroliticas negativos; Móveis; Catalase termorresistentes que alteram o positivos; Oxidase positivos; leite P. fluorescens P. putida Quimiorganótrofos P. maltophilia Não fermentativos; Aeróbios e P. cepacia Anaerobios; Crescimento a 41ºC; Encontradas no solo e P. fragi P. putrefaciens água. Brucella B. abortus B. melitensis Mutações espontâneas; Podem ser transmitidas via formam vários tipos de leite. colônias; Imóveis; Oxidase positivo; Crescimento a 37ºC; Afetam o homem, bovinos, caprinos, ovinos e outros. Enterobacteriaceae Escherichia E. coli Bacilos retos; podem ter Produz gás e um odor cápsula; Móveis ou imóveis; relacionado à sujidade fecal; Gram negativos; Podem produzir viscosidade no Quimiorganotrófo; Crescimento leite. a 37ºC; Encontrados no intestino do homem e outros animais; Não resistentes ao calor; Conhecidos por coliformes; Produtor de gás. Salmonella S. typhi S. dublin S. typhimurium Produzem gás; P. typhi causa Contaminam o leite através de febre tifóide; Produzem material fecal; São eliminados endotoxina; Causam febre através do leite; O leite cru é entérica e enterite; um dos responsáveis por surtos de salmonelose. Enterobacter E. cloacae E. aerogenes Algumas cepas são Algumas cepas com cápsulas encapsuladas; São produzem grande viscosidade encontrados em material fecal, no leite. solo, vegetais, água e etc. Yersinia Y. pestis Y. pseudotuberculosis Imóveis a 37ºC; Móveis abaixo de 37ºC; Acometem homem e animais; Encontrados em Y. enterocolitica fezes, urina e insetos; Crescem entre -2 a 45ºC; Causam distúrbios gastrointestinais. Micrococcaceae Micrococcus M. luteus M. varians Esféricos; Gram positivos; Imóveis; Catalase positivos; Quimiorganotrófos; Fermentativos; Aerobios ou anaeróbios facultativos; Encontrados no solo, água e pele de homens e animais; Não é patogênico; Crescem a 37ºC. Staphylococcus S. aureus S. epidermitis Encontram-se nas membranas Produzem coagulase, e nasais e pele de homem e enterotoxina termoestável. animais; Crescem a 37ºC. S. saprophyticus Streptococcaceae Streptococcus S. pyogenes S. equisimilis S. zooepidermicus Fermentam a glicose; Infectam o leite através de Homofermentativos; Catalse lesões no úbere com mastite. negativos; Encontram-se na Alguns dão ao leite e produtos boca, garganta, trato lácteos sabor de malte. respiratório, intestino, fezes, S. dysgalactiae S. acidominimus sangue; pele e exudatos inflamatórios de homens e animais; úbere de vacas com S. bovis mastite, leite; Crescem a 37ºC. S. thermophilus S. faecalis S. uberis S. lactis S. lactis diacetylactis S. cremosis Leuconostoc L. mesenteroides L. dextranicum Heterofermentativos; Encontrados no leite, soluções açucaradas viscosas, frutas, L. parmesenteoides vegetais; Crescem a 37ºC. Produzem limo. L. lactis L. cremosis Bacillaceae Bacillus B. cereus B. subtilis B.stearothermophilus B. coagulans Bacilos retos; Forma Produzem fosfolipase D endósporos; Imóveis ou móveis produzindo no leite por flagelos laterais ou pasteurizado uma coagulação perítricos; Gram positivos até doce e aspecto cremoso; nas ultimas etapas de Produzem viscosidade e limo; crescimento; Aeróbios Alguns como o S. facultativos ou anaeróbios; stearothermophilus são Quimiorganotrófos; Encontram- importantes na industria láctea. se no solo, ar, água, forragem e etc.; Crescem a 55ºC.; Termoresistentes. Clostridium C. thermosaccharolyticum C. butyricum Encontrados no trato intestinal Fermentam a lactose do homem e animais, forragem; acidificando o leite e Anaeróbios. produzindo coágulos. C. tyrobutyricum C. sporogenes Lactobacillaceae Lactobacillus L. lactis L. bulgaricus L. helveticus L. acidophilus Bacilos retos ou curvos; Gram São muito utilizados na positivos; Raras vezes móveis; indústria de produtos lácteos Catalase negativos; Negativos para fabricação de queijos e a prova de benzidina; iogurtes. Anaeróbios ou facultativos; Crescem a 35ºC. L. casei L. plantarum L. curvatus L. fermentum L. brevis L. jugurti Listeria L. monocitogenes Patogênico para o homem e bovinos; causam aborto nos bovinos; Cocobacilos pequenos; Gram positivos; Móveis; Catalase positivos; Aeróbios ou microaeróbios; Crescem a 37ºC. Bactérias Corynebacterium Corineformes C. pyogenes C. bovis Bacilos retos ou ligeiramente Podem ser transmitidos pelo curvos; Imóveis; Gram leite através das lesões de positivos; Algumas cepas mastite. podem ser Gram negativas; Aeróbios e Anaeróbios facultativos; Quimiorganotrófos; Crescem a 37ºC; Patogênicos para os homens e os animais; Causam mastite nas vacas. Mycobacteriaceae Mycobacterium M. tuberculosis Cocóides a largos filamentos Leite contaminado pode causar M. bovis dependendo da cepa; Gram tuberculose. positivos; Ácido-álcool resistentes; Aeróbios; Patogênicos para cabras, bovinos e aves domésticas e homem; Crescem a 37ºC; Leveduras Debaryomyces hansenii Células esféricas ou ovais curtos; Germinação multipolar; Não se observa pseudomicelio; Não fermenta a lactose. Kluyveromyces fragilis Kluyveromyces lactis Células elipsoidal e cilíndricas; Fermenta a lactose. Associado Diferentes graus de ao iogurte pseudomicelio. Saccharomyces cerevisiae Esféricas, globosas, ovóides, elipsóides variando de cilíndricas e alongadas; Fermentam a glicose Candida lipolytica Candica kefir ROBINSON, 1987. Forma ovóide; Fermentam a Associadas ao queijo, manteiga glicose e a lactose. e margarina. 2.1 ANÁLISES BACTERIANAS Para se proceder ao exame de qualidade higiênica do leite (análise microbiológica), além do cuidado com a homogeneização do leite e amostragem proporcional, devem-se utilizar frascos esterilizados. Nesse caso, não se deve adicionar conservante às amostras, de modo algum. O leite pode ser refrigerado ou até mesmo congelado para envio ao laboratório. O conhecimento do conteúdo bacteriano, assim como do tipo de bactéria presente no leite é de grande importância no controle de qualidade , uma vez que uma contagem elevada pode indicar: leite velho; refrigeração inadequada; métodos não higiênicos de produção; manuseio e processamento. Um leite com uma população bacteriana elevada é mais provável ser prejudicial à saúde pública que aquele com uma contagem relativamente baixa, pois o leite, obtido sob condições higiênicas adequadas, sempre terá uma carga microbiana, representada principalmente por bactérias lácticas, as quais não representam nenhum risco à saúde do consumidor (CHAPAVAL e PIEKARSKI, 2000). Um estudo realizado sobre a contagem, isolamento e caracterização de bactérias psicrotróficas de leite cru refrigerado, utilizando amostras coletadas de tanques coletivos de diferentes propriedades leiteiras em Minas Gerais e Rio de Janeiro num período de 15 meses. A técnica empregada foi o plaqueamento das amostras em Plate Count Agar para contagem e isolamento das colônias e, o sistema API para identificação por gênero ou espécie. A bactéria Pseudomonas fluorescens (94 estirpes identificadas) apareceu em maior quantidade em grupo de 24 espécies bacterianas identificadas, mostrando que o leite de conjunto e a falta de boas praticas de produção aumenta a possibilidade de contaminação por várias bactérias (ARCURI et al., 2008). 3. RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS E PESTICIDAS O leite, como outro alimento qualquer, pode causar reações alérgicas nas pessoas que o ingerem. Estas reações podem ocorrer devido a resíduos de substâncias presentes no leite. Estes resíduos podem ser tanto de antibióticos e outros medicamentos utilizados na medicação dos animais ou até mesmo de agrotóxicos utilizados nas pastagens. Os sintomas mais comuns de uma intoxicação alimentar são: náuseas, vômitos, diarréias, constipação, indigestão, dores de cabeça, erupção cutânea ou urticária, prurido, falta de ar (inclusive ataques de asma), sendo o edema de glote potencialmente fatal. Nos casos mais graves, pode ocorrer o choque anafilático, um colapso dos sistemas respiratório e circulatório de curso grave (CARRARO, et al. 2000). O teste de conservantes serve para avaliar se houve adição de dicromato de potássio, acido bórico, e boratos, água oxigenada, antibióticos e outras substâncias conservantes cuja adição ao leite é proibida (CHAPAVAL e PIEKARSKI, 2000). Atualmente existem vários tipos de métodos para detecção de resíduos de antibióticos de leite, incluindo testes inibidores de crescimento microbiano, testes imunológicos e testes de receptores de enzimas. Os testes de resíduos podem ser qualitativos e quantitativos, ou semiquantitativos. Os testes quantitativos classificam as amostras como positivas ou negativas relativamente à concentração de uma droga especifica. Testes quantitativos exigem que controles abrangendo uma larga faixa de concentração de droga sejam testados com cada amostra, permitindo assim quantificar os resíduos pela extrapolação de uma curva padrão. Testes microbiológicos possuem baixo custo e facilidade de execução podendo garantir que seja feito maior quantidade de amostras, tendo isto como vantagem na realização do teste. Apresentam como desvantagens um elevado tempo de incubação, alem de serem afetados por inibidores naturais (CARRARO, et al. 2000). Outro tipo de teste seria o que emprega método imunológico baseado na reação de antibióticos (antígeno) com anticorpos, estes testes empregam substâncias radioativas, ou enzimas, em ensaios de imunoadsorção enzimática (ELISA). Nestes métodos, anticorpos específicos ou anticorpos monoclonais se ligam ao antibiótico, quando presente na amostra. Em um estudo realizado em Piracicaba, SP, foi avaliada a ocorrência de resíduos de antibióticos em 96 amostras de leite pasteurizado de diferentes marcas. O método empregado foi o de discos impregnados com amostras de leite em culturas de Bacillus sthearothermophillus. Após incubação de 4 horas a 56 ºC foram observados halos de inibição da bactéria, em decorrência da presença de resíduos de antibióticos, não havendo diferença significativa entre elas. O antibiótico mais encontrado foi à penicilina. Inúmeras bactérias patogênicas foram isoladas de amostras de leite pasteurizado, avaliando a ocorrência de resistência destes isolados frente à penicilina, polimixina, cloranfenicol, ampicilina, carbenicilina, eritromicina, gentamicina, canamicina, e tobramicina. Observaram a ocorrência de resistência múltipla de 27% dos coliformes fecais, 4% em Salmonela, e 3% em Staphylococcus aureus. Isso indica que, embora haja legislação que regulamenta a presença de resíduos de antibióticos no leite, os produtores não têm o rigor de cumpri-las e nem a fiscalização vigente dos órgãos competentes pode garantir a segurança dos alimentos, tanto o leite quanto seus derivados (NASCIMENTO et al., 2001). A Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, descobriu resíduos químicos em 11,4% de 210 amostras de leite de cru recolhidas no Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. A pesquisa divulgada em junho de 2004 apresenta o resultado de coletas realizadas entre 2003 e 2004. As substâncias encontradas podem ser tanto resíduos de agrotóxicos como de medicamentos veterinários (carbamatos e organofosforados). As amostras foram obtidas de diversas propriedades com o objetivo de representar a produção de leite nas regiões. As substâncias químicas encontradas no leite podem vir de medicamentos para tratar os animais contra parasitas e da ingestão de alimentos ou água contaminados. Os resíduos de agrotóxico não são eliminados durante o processo de beneficiamento do leite UHT (leite aquecido em altas temperaturas) e a pasteurização. Estes processos não eliminam os resíduos químicos apenas os microrganismos (AGROSOFT BRASIL, http://www.agrosoft.org.br/agropag/26976.htm). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), classificaram como “fraude de caráter econômico” o episódio de adulteração do leite por duas cooperativas de Minas Gerais, com suspeita de contaminação por soda cáustica e água oxigenada. A ANVISA e o MAPA reafirmam que as duas substâncias não “oferecem riscos iminentes à saúde do consumidor” e que os envolvidos no esquema respondem a inquérito criminal. A ANVISA, por sua vez, informa que interditou os produtos com problemas e enviou amostras para análise laboratorial. Diariamente, são realizadas 10 mil análises para avaliar a qualidade do leite no Brasil (AGÊNCIA BRASIL, http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/10/31/materia.200710-31.8085401431/view). FOLLY e MACHADO (2001), desenvolveram uma pesquisa para avaliar a presença de resíduos de antibióticos, utilizando métodos de inibição microbiana, enzimática e imuno-ensaios no leite pasteurizado comercializado na região norte do Estado do Rio de Janeiro. Foram avaliadas 300 amostras de 14 marcas comerciais diferentes, do tipo C. As amostras foram coletadas aleatoriamente dos estabelecimentos comerciais. Os autores verificaram que os leites apresentaram resíduos de antibióticos, sendo principalmente detectados os antibióticos Beta- Lactâmicos e tetraciclina. OKADA et al. (1997), avaliaram os níveis de chumbo e cádmio em leite decorrente de contaminação ambiental, na região do vale do Paraíba, sudeste do Brasil. Foram avaliadas 208 amostas de leite in natura e pasteurizado. O cádmio e o chumbo foram determinados por espectrofometria de absorção anatômica em chama. Concluiu-se que 43 amostras apresentaram teores de chumbo acima do limite máximo estabelecido. Os níveis de cádmio de todas as amostras foram menores que o limite de quantificação. Apesar da contaminação ambiental, os níveis encontrados para o cádmio no leite estão abaixo do limite estabelecido pela legislação brasileira. 4. INSPEÇÃO SANITÁRIA DO LEITE O Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) rege as normas que regulam, em todo o Brasil, a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal, dentre eles o leite e seus derivados. A inspeção de que trata o RIISPOA será realizada por médico veterinário nas propriedades rurais, nos estabelecimentos que recebem o leite para beneficiamento ou industrialização e ainda abrange o estado sanitário do rebanho, o local da ordenha, o ordenhador, o material empregado, o acondicionamento, a conservação e o transporte do leite. A inspeção Federal será permanente nos estabelecimentos que recebem e beneficiam leite e o destinem, no todo ou em parte, ao consumo público. Na inspeção deve-se realizar a verificação dos caracteres organolépticos, realização das provas de lacto-filtração, densidade, teor de gordura pelo método de Gerber, acidez pelo acidímetro de Dornic, exames bacteriológicos, prova de catalase, prova de cocção, álcool, alizarol, peroxidase e fosfatase, extrato seco e desengordurado. Observar as operações de filtração, padronização e pasteurização e após o beneficiamento total ou parcial verificar a eficiência das operações. Quando o leite for considerado alterado, adulterado ou fraudado, o servidor responsável pela Inspeção Federal fornecerá ao industrial o resultado do exame e respectivas conclusões, para conhecimento dos fornecedores. Nas provas de laboratório são adotados os métodos e técnicas aprovadas pela Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (D.I.P.O.A.). Os exames exigidos na inspeção do leite devem ser realizados diariamente por servidores das próprias empresas nos estabelecimentos sujeitos à inspeção periódica e constar de boletins que serão exibidos ao funcionário responsável pela Inspeção Federal. Os funcionários da indústria podem assistir aos exames de rotina para aprender, devendo o servidor do D.I.P.O.A. esclarecer dúvidas quando houver. A instrução normativa 51, editada pelo MAPA em 18/09/2002 aprova os Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, do Leite tipo B, do Leite tipo C, do Leite Pasteurizado e do Leite Cru Refrigerado e o Regulamento Técnico da Coleta de Leite Cru Refrigerado e seu Transporte a Granel. Esta instrução estabelece, à partir de datas pré-fixadas, critérios mais rígidos nos índices de contagem bacteriana total do leite cru refrigerado, entre outros parâmetros. 5. IMPACTO EM SAÚDE PÚBLICA O leite é um excelente alimento pelo seu valor nutritivo, constituído principalmente de proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais, vitaminas e água. Ocupa lugar de destaque em nutrição humana, pois constitui um alimento essencial para todas as idades, principalmente para recém nascidos. No entanto a composição química do leite pode ser alterada em vários fatores, tais como raças, idades, alimentação do animal, estágio de lactação, variações climáticas ou ainda infecções no úbere da vaca (NASCIMENTO et al., 2001). A mastite bovina é uma doença multifatorial, de etiologia complexa e variada, e se encontra disseminada em todas as regiões produtoras de leite. A maioria das infecções tem origem bacteriana, predominando o Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae. Em função destas infecções, os antibióticos têm sido bastante usados, até mesmo de forma indiscriminada, para fins terapêuticos, visando à cura dos animais ou incorporados na alimentação como suplementos. A difusão de boas práticas veterinária e agrícola levaria a uma redução dos níveis de substâncias tóxicas, assim diminuindo a incidência de acidentes alimentares (NASCIMENTO et al., 2001). Enterotoxemia é quando certos microrganismos liberam toxinas no trato gastroitestinal causando enterites (JONES et al., 2000). O estudo da enterotoxigenicidade de 109 cepas coagulase positiva e negativa de Staphylococcus spp. isolados de leite in natura no Estado de Pernambuco, mostrou que 43 cepas apresentaram reações termonuclease para enterotoxinas de acordo com o ensaio imuno-enzimatico de adsorção (ELISA), onde o S. aureus e o S. intermedius apresentaram-se como os mais enterotoxigênicos. Isso pode estar relacionado com a manipulação inadequada do leite, principalmente no seu armazenamento e distribuição (STAMFORD et al., 2006). O isolamento, identificação, ação lipolítica e proteolítica de coliformes, estafilococos e enterococos de leite cru refrigerado de tanques comunitários foram realizados em 16 fazendas no município de Boa Esperança – MG. As amostras das 16 fazendas apresentaram bactérias fecais, como Escherichia coli e Enterococcus ssp., bactérias Gram negativas oxidase positiva foram encontradas em 5 propriedades, em 10 propriedades foram encontrados Staphylococcus ssp. Todos os microrganismos testados obtiveram atividades de lípase e protease que comprometem a qualidade do leite causando amargor e gelatinização. Essas bactérias têm grande importância em saúde publica e os cuidados com a saúde dos animais e higiene na manipulação do leite são importantes para garantir boa qualidade do produto final (TEBALDI et al., 2008). Muitas infecções podem ser transmitidas à população pela ingestão de leite, ou seus derivados, produzidos ou manipulados de forma incorreta. Algumas das principais infecções transmitidas pelo leite são descritas a seguir. 5.1 BRUCELOSE BOVINA A Brucelose bovina é causada pela bactéria Brucella abortus, que provoca problemas reprodutivos (aborto e infertilidade), estes problemas influenciam na produtividade do rebanho, na lucratividade do produtor e na saúde pública por ser uma zoonose. Segundo a Organização Mundial da Saúde OMS estima-se que a cada ano surgem 500 mil novos casos de brucelose humana. A enfermidade acomete pessoas de vários países de todo o mundo, é mais comum em pessoas que manipulam carcaças contaminadas ou que ingerem leite cru, não pasteurizado. Em todas as espécies animais, inclusive no homem, as principais portas de entrada do agente são a pele e as mucosas digestoras e conjuntiva (ALMEIDA et al., 2004). Um estudo realizado por MARIANELLI et al (2008) revelou que amostras de leite obtidas de búfalos sorologicamente positivos para Brucella, apresentavam a bactéria em um percentual relevante. Para detecção do agente os autores usaram métodos tradicionais de cultivo e métodos moleculares. Das 53 amostras de leite avaliadas foi possível obter culturas positivas em 37 delas. O PCR e PCR real-time detectaram o agente em respectivamente 33 e 35 amostras avaliadas. Pode-se portanto concluir que o agente é eficientemente eliminado no leite, representando um risco à população que o consome. Outro estudo avaliou pessoas com suspeitas de brucelose num hospital regional da Grécia num período de 2003 a 2005. O estudo levou em consideração os principais fatores de risco como: contato direto com os animais, consumo de produtos derivados do leite pasteurizados ou não. Foram avaliadas 821 pessoas suspeitas de infecção por Brucella spp, onde foram confirmados 271 casos positivos. A maioria dos casos foram atribuídos em pessoas que tem contato direto com os animais, 8,4% foram atribuídos ao consumo diário de leite e a população urbana não apresentou potencial de risco para brucelose pelo fato de consumirem leite pasteurizado (MINAS et al., 2007). 5.2 TUBERCULOSE BOVINA A transmissão da tuberculose causada pelo Mycobacterium bovis de bovinos para o homem ocorre pela ingestão de leite cru de vacas contaminadas. Quando a infecção se dá por via digestória, as lesões iniciais são encontradas nestes órgãos. Entretanto a tuberculose pode afetar qualquer órgão. No Brasil, o controle da tuberculose bovina é feito por uma série de medidas, que incluem a certificação do rebanho livre, treinamento dos médicos veterinários para diagnostico em campo, certificação de laboratórios de diagnostico e campanhas publicas de educação sanitária. A tuberculose bovina é uma enfermidade infecciosa e crônica nos bovinos e também acomete outras espécies de animais, animais silvestres livres ou de cativeiro, assim como o homem (ALMEIDA et al., 2004). As micobactérias causadoras da tuberculose em mamíferos fazem parte do complexo Mycobacterium tuberculosis. O agente da tuberculose humana, M. tuberculosis, e da tuberculose bovina, M. bovis, pertencem ao mesmo complexo. Tanto a tuberculose bovina quanto a humana são de grande importância mundial, por questões de saúde publica. A OMS declarou a tuberculose como doença de emergência, tendo em vista mais de 30 milhões de morte em humanos. Inúmeros casos estão associados com os casos de AIDS. Estima-se que 5% dos casos de tuberculose em humanos são de origem bovina (ALMEIDA et al., 2004). Mesmo sendo a prevalência da tuberculose causada por M.bovis na população humana pouco conhecida, e raramente quantificada, é sabido que a participação deste agente é relevante para o surgimento de novos casos. Esse crescimento tem maior importância em regiões onde a ocorrência da tuberculose bovina é alta e o consumo de leite e derivados é de forma in natura. A tuberculose bovina é uma zoonose, em contraste com a tuberculose humana, cujo agente M. tuberculosis é patogênico para o homem, mas não é para os bovinos. Mesmo antes de desenvolver lesões teciduais, o bovino infectado já é capaz de disseminar M. bovis por descarga nasal, leite, fezes, urina, pelas secreções nasal, vaginal, uterina e sêmen. A freqüente ingestão de leite cru contaminado é a principal fonte de infecção da doença pelos homens. No entanto esta infecção também pode ser por manuseio de carcaças contaminadas (ALMEIDA et al., 2004). Um trabalho foi realizado com 780 amostras de 52 vacas, positivas e suspeitas para tuberculose, de fazendas do Estado de São Paulo, para o isolamento de Mycobacterium spp. Do leite, resultou em 10% das amostras confirmadas para a presença do microrganismo. As amostras foram provenientes de 19 vacas que eliminaram M. avium (5,26%), M. fortuitum (10,52%), M. bovis (5,26%) e outros Mycobacterium ssp (78,95%) (PARDO et al., 2001). Outro estudo realizado por testes bioquímicos, cromatografia de camada delgada e reação em cadeia da polimerase (PCR) para identificação de Mycobacterium, mostrou que de 128 amostras de leite, coletadas de cinco Estados brasileiros, 38 apresentaram-se positivas para Mycobacterium, sendo 11 para M. bovis e 27 para outras espécies do microrganismo. Os produtos de origem animal, assim como o leite, são freqüentes reservatórios de micobactérias, o que representa risco à saúde publica (LEITE et al., 2003). 5.3 DIARRÉIA AGUDA A diarréia aguda é uma síndrome prevalente na infância e observada com maior freqüência nas crianças de tenra idade. Diversos estudos realizados em centros urbanos, de países em desenvolvimento, têm mostrado que os sorogrupos de Escherichia coli entero patogênica clássica são os principais agentes enteropatogenicos em crianças menores de dois anos de idade, pertencentes às classes socioeconômicas menos favorecidas, acometidas de formas graves de diarréia aguda (OLIVA et al., 1997). Diarréia aguda foi definida como processo sindrômico de duração igual ou inferior a dez dias, de etiologia provavelmente infecciosa (viral, bacteriana ou parasitaria), induzindo má absorção da água e eletrolíticos, gerando aumento do numero de evacuações e do volume fluido fecal, acarretando depleção hidrossalina de intensidade variável (ALMEIDA et al., 2004). Um estudo feito com 475 crianças de ambos os sexos em período de seis anos, revelou que os casos diarréicos detectados foram mais freqüentes nas crianças alimentadas com leite de vaca. Neste grupo foi possível efetuar isolamento de E. coli em 134 amostras fecais de crianças. Os sinais clínicos mais comuns foram diarréia, vômito e febre (OLIVA et al., 1997). CONCLUSÃO Esta monografia pretendeu esclarecer, ao longo do seu desenvolvimento, a importância dos agentes microbiológicos e dos resíduos químicos no leite de vaca que podem influenciar na saúde pública. A partir do conhecimento dos principais perigos microbiológicos e químicos no leite é possível a tomada de medidas preventivas de forma a minimizar a exposição a estes contaminantes que apresentam risco à saúde da população. A presença desses microrganismos evidencia a necessidade de serem realizados, nas propriedades rurais e outros estabelecimentos leiteiros, treinamento, implementação e monitoramento contínuo de boas práticas para prevenir contaminação e crescimento microbiano no leite. A presença de contaminantes químicos no leite reforça a necessidade de um monitoramento de medicamentos veterinários, praguicidas, entre outros compostos antimicrobianos. A partir daí será possível estimar uma ingestão diária e assim avaliar os riscos à saúde que os contaminantes químicos possam ocasionar na população. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA R. F.C.; SOARES. C. O.; ARAUJO.F. R. Brucelose e Tuberculose Bovina: Epidemiologia, controle e diagnóstico. 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