Questão 1 No ano passado, aconteceu em Pequim mais uma Olimpíada. No mundo, peças teatrais estão sendo continuamente encenadas. Como se sabe, Olimpíadas e teatro (ocidental) foram uma criação da Grécia antiga. Discorra sobre a) o significado dos jogos olímpicos para os antigos gregos; b) as características do teatro na Grécia antiga. Resposta a) Os jogos olímpicos na Grécia Antiga contavam com a participação de várias pólis, tendo essencialmente um significado religioso. Os exercícios físicos eram formas de homenagem às divindades gregas. Diferentemente dos jogos olímpicos modernos, criados no século XIX, as modalidades eram em menor número e praticadas por indivíduos do sexo masculino. Visavam também à preparação do corpo para eventuais guerras. Os jogos eram realizados em Olímpia, daí o nome do certame. b) O teatro na Grécia Antiga era representado através das tragédias e comédias. As tragédias acompanhavam a trajetória de um personagem central – o herói – que deveria resistir bravamente a um destino inexorável que o levaria à decadência. As comédias, por sua vez, eram veículos de crítica de costumes, tendo também um viés político. O teatro grego remonta, em suas origens, ao culto do deus Dionísio (deus do vinho e do entusiasmo). Questão 2 No feudalismo, a organização da sociedade baseava-se em vínculos de dependência pessoal como os de vassalagem e servidão. Descreva o que eram e como funcionavam, na sociedade feudal, a) a vassalagem; b) a servidão. Resposta a) A vassalagem se constituía em um laço de dependência pessoal e política de um senhor feudal em relação ao seu senhor (suserano), que era hierarquicamente superior àquele. Este laço de dependência se traduzia, entre outros aspectos, em receber proteção do suserano e reciprocamente servir ao suserano, por exemplo, em caso de guerra. b) A servidão é uma forma de trabalho compulsório, segundo a qual o servo paga com o seu trabalho (através de numerosas obrigações servis) o direito de viver nas terras do senhor. Questão 3 A Reforma religiosa do século XVI provocou na Europa mudanças históricas significativas em várias esferas. Indique transformações decorrentes da Reforma nos âmbitos a) político e religioso; b) sócio-econômico. Resposta a) No plano político a Reforma constitui-se, entre outros aspectos, em um desafio e ao mesmo tempo no enfraquecimento da autoridade do imperador do Sacro Império Romano-Germânico, no fortalecimento da autoridade dos príncipes alemães, no enfraquecimento da autoridade da Igreja Católica, bem como propiciou o fortalecimento da autoridade do poder real face à nobreza e à Igreja, como foi o caso, por exemplo, da Inglaterra, cujo movimento envolveu a confiscação dos bens da Igreja e o estabelecimento do absolutismo pela Dinastia Tudor. Ainda no plano político, a Reforma projetou os monarcas espanhóis no cenário europeu como um dos baluartes da Contrarreforma e de confrontação ao protestantismo. No plano religioso, a Reforma provocou o rompimento da unidade da Igreja de Roma e deu origem às Igrejas Reformadas (o protestantismo), destacando-se o calvinismo, o luteranismo e o anglicanismo. Além disso, provocou a reação da Igreja Católica – a Reforma Católica –, que tinha que passar por reformas caso quisesse sobreviver poderosa como o fora até então. Os pilares da Reforma Católica, ou Contrarreforma, foram: a aprovação dos Estatutos da Companhia de Jesus (1540), a reorganização da Inquisição (o Tribunal do Santo Ofício – 1542), a criação do Index Librorum Prohibitorum (1559) e a reunião do Concílio de Trento (1545). história 3 b) No plano socioeconômico, a Reforma ocorre em um momento de afirmação das prerrogativas de um grupo social emergente, a burguesia mercantil, que vê no fortalecimento da autoridade do poder real uma forma de combater os privilégios dos senhorios locais no sentido de garantir a livre-circulação de pessoas e mercadorias no interior do Estado, tal como ocorreu, por exemplo, na monarquia inglesa. A teologia calvinista, por sua vez, vem coonestar o individualismo e o enriquecimento como um sinal de bênção divina e, por essa via, num plano mais amplo, a Reforma incentiva a mobilidade social. O sectarismo de muitos movimentos religiosos no interior da Reforma propiciou também uma mobilidade social horizontal, levando à ocupação de outras regiões, como foi o caso do início da colonização da América inglesa. Questão 4 E [os índios] são tão cruéis e bestiais que assim matam aos que nunca lhes fizeram mal, clérigos, frades, mulheres... Esses gentios a nenhuma coisa adoram, nem conhecem a Deus. Padre Manuel da Nóbrega, em carta de 1556. (...) Não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra. (...) Esses povos não me parecem, pois, merecer o qualitativo de selvagens somente por não terem sido se não muito pouco modificados pela ingerência do espírito humano e não haverem quase nada perdido de sua simplicidade. Michel de Montaigne. Ensaios, 1588. a) Compare as concepções dos dois autores sobre as populações nativas do Brasil. b) Indique a concepção que prevaleceu e quais as conseqüências para a população indígena. Já a avaliação de Montaigne revela uma compreensão quase antropológica da diferença, da existência do outro. A ênfase nesse caso é chamar a atenção para a inocência e simplicidade dos nativos quando comparados aos europeus. b) Prevaleceu a concepção expressa pelo padre Nóbrega, o que teve várias consequências para as populações nativas. Entre elas, podemos destacar: • O esforço da Igreja Católica e mesmo da Reforma no sentido de catequização e conversão das populações nativas ao cristianismo, nas suas mais variadas manifestações. • Nesse processo houve também um esforço no sentido da aculturação para integrar os nativos nos moldes da cultura e ideologia do colonizador. • As resistências das populações nativas a essas iniciativas foram, por sua vez, severamente punidas. • Legitimou-se, nesse contexto, o conceito de "guerra justa", segundo a qual os nativos resistentes poderiam ser combatidos militarmente e submetidos à escravidão. • A propósito, a Igreja condenou a escravidão indígena, que só era tolerada em caso de "guerra justa". • Não é difícil perceber que, dada a superioridade tecnológica do colonizador nos equipamentos de guerra, provocava-se uma sucessão de "guerras justas" nas regiões onde o uso da mão de obra escrava africana era difícil. • Ao mesmo tempo a resistência indígena à escravidão serviu também de pretexto para incentivar o tráfico de escravos africanos para as áreas coloniais. • Por fim, vale igualmente registrar que a ocupação do europeu e de seus descendentes nas áreas coloniais levou a várias formas de extermínio das populações nativas, não só pelo uso da violência física, como também pela transmissão de doenças e hábitos que a médio e longo prazos desencadearam um processo de liquidação de suas respectivas identidades. Resposta a) A avaliação do Padre Nóbrega sobre os nativos é claramente eurocêntrica. Segundo esse ponto de vista, os nativos contrastam radicalmente – "cruéis, bestiais, (...) nenhuma coisa adoram, nem conhecem Deus" – com a chamada "civilização cristã europeia". Questão 5 Imagem de Ângelo Agostini sobre o impacto da Guerra do Paraguai na sociedade brasileira. história 4 Questão 6 CUSTO DE VIDA, SALÁRIOS E PRODUÇÃO INDUSTRIAL NO BRASIL ANO CUSTO PRODUÇÃO SALÁRIOS DE VIDA INDUSTRIAL 1914 100 100 100 1915 108 100 118 1916 116 101 140 1917 128 107 197 1918 144 117 171 1919 148 123 209 1920 163 146 188 Fonte: Simonsen, R.C. A Evolução Industrial do Brasil, 1939. Observando a ilustração, explique a) o impacto social a que ela se refere; b) os desdobramentos políticos dessa guerra. Resposta a) A Guerra do Paraguai (1864-1870) envolveu de um lado a Tríplice Aliança, formada por Brasil, Argentina e Uruguai, e de outro, o Paraguai. Durante a guerra, houve a participação de escravos que lutaram com a expectativa de receberem a alforria após o término do conflito. Na imagem, observa-se a grande contradição entre a participação de escravos na guerra e a continuidade da escravidão no Brasil. Como impacto social, a guerra fará crescer o sentimento abolicionista. b) Durante a segunda metade do século XIX, o Brasil passou por importantes transformações econômicas, sociais e políticas. Houve na política o crescimento do Movimento Republicano entre os membros da elite cafeeira. Com a Guerra do Paraguai, os militares, sobretudo do Exército, passaram a exigir uma maior participação política defendendo, em alguns casos, a república. Dessa forma, a Guerra do Paraguai contribuiu para o enfraquecimento da monarquia e para a Proclamação da República, realizada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, membro das Forças Armadas. a) Os dados da tabela indicam que, apesar das oscilações, houve expressivo crescimento industrial no período 1914-1920. Explique as razões desse crescimento. b) Estabeleça relações entre os dados da tabela sobre custo de vida e salários com o movimento operário do período. Resposta a) Não existe um único fator responsável pelo referido crescimento. Entre eles, podemos destacar: • a pujança da economia cafeeira, que incentivou a existência de setores ligados ao beneficiamento do produto, redes de comércio, casas comissárias, redes de comunicação e transporte – especialmente ferrovias –, o que, no conjunto, propiciou a urbanização, a monetarização da economia e a livre-circulação de pessoas e mercadorias; • a existência de uma conjuntura econômico-financeira internacional com excedentes de capitais nos grandes centros financeiros e interessados em investir em outras regiões da periferia onde houvesse perspectiva de melhores ganhos; • a significativa mudança na sociedade brasileira com a transição de uma economia baseada na mão de obra escrava para o uso cada vez mais extensivo do trabalho assalariado, o que resultou na formação de um expressivo mercado de consumo, propício portanto para a referida expansão industrial; história 5 • a presença significativa de imigrantes europeus nos centros urbanos, estes qualificados para o trabalho urbano-industrial, imprescindível para a dinamização da indústria; • por fim, vale destacar uma conjuntura específica associada à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Até a eclosão desse conflito prevalecia o chamado modelo primário-exportador. O Brasil exportava produtos primários e, com as divisas provenientes das exportações, importava manufaturados. Entretanto, a conjuntura da guerra faz com que as potências beligerantes reconvertam suas respectivas economias para o esforço de guerra. Assim, na periferia, criava-se uma situação específica: existiam divisas provenientes das exportações que agora não podiam mais comprar os manufaturados estrangeiros. Os empresários locais perceberam que havia uma demanda reprimida de bens de consumo manufaturados e passam a investir nesse setor. Aos poucos o chamado "modelo primário-exportador" cede lugar a um outro modelo conhecido como "industrialização substitutiva de importações". Ou seja, cria-se uma indústria de bens de consumo, dadas as dificuldades de importação devido à conjuntura da guerra. Passa-se a produzir os bens de consumo que até então eram importados. Eis, de uma forma geral, os fatores que nos ajudam a entender os dados da tabela apresentada. b) Os dados da tabela nos informam que o crescimento dos salários não acompanhou na mesma proporção o aumento do custo de vida e da produção industrial. Apesar disso, no final do período referido (19181920) o crescimento do salário é significativo em relação aos anos anteriores. Igualmente, não há um único fator capaz de explicar totalmente o fenômeno, todavia é possível estabelecer alguma correlação entre o crescimento da combatividade do operariado urbano, nas suas variadas tendências políticas – trabalhistas, anarcossindicalistas e, após 1917, comunistas – e a melhoria das condições de salário. Apesar da repressão a tais movimentos, seja pelo setor empresarial, seja pelas autoridades governamentais, no final do período referido na tabela há um recrudescimento do movimento operário que se traduz, entre outros aspectos, em greves – como a emblemática greve de 1917 em São Paulo – que, de alguma forma, podem ter pressionado as autoridades patronais e governamentais no sentido da melhoria dos salários. Questão 7 A expressão “política do café com leite” é muito utilizada para caracterizar a Primeira República no Brasil. Sobre essa política, descreva a) seu funcionamento; b) seu colapso na década de 1920. Resposta a) Em 1900, o presidente Campos Sales montou um esquema para garantir apoio no Congresso Nacional, que ficou conhecido como Política dos Governadores. O governo central apoiava os governos estaduais desde que estes o apoiassem no Congresso. Esse sistema de apoio mútuo resultou no predomínio político dos estados mais ricos, São Paulo e Minas Gerais – política do café com leite – pois as maiores bancadas na Câmara dos Deputados eram provenientes desses dois estados (os mais populosos e, portanto, com maior número de representantes). Os componentes dessas bancadas garantiam o esquema de apoio e chegaram a fazer um acordo tácito para que mineiros e paulistas se revezassem na presidência. b) Vários fatores contribuíram para o colapso da política do café com leite, entre os quais podemos citar: • rompimento do modelo agrário-exportador com a industrialização substitutiva das importações a partir da Primeira Guerra Mundial; • centros que abrigam a indústria nascente tornam-se importantes aglomerados urbanos, densamente povoados, geram trabalho, produtos e serviços, tornando-se independentes do mundo rural, e atraem migrantes que buscam melhores condições de trabalho; • industrialização e urbanização eliminam a base de sustentação dos coronéis; • cidades industriais formam massas anônimas que escapam às formas tradicionais de controle político e social; • intensificação das greves operárias; • início do movimento tenentista, que passa de uma atitude de crítica ao esquema vigente à ação armada (Revolta do Forte de Copacabana e Coluna Prestes); • surgimento de novas lideranças políticas que, aproveitando a pouca infraestrutura dos centros urbanos para receber tanta gente, acenam com promessas para obter o apoio das massas urbanas; • a Crise de 1929, que promove enorme queda no valor das exportações; • rompimento da aliança São Paulo-Minas Gerais nas eleições de 1930. história 6 Questão 8 Questão 9 Dentre as Revoluções ocorridas na América Latina, no século XX, duas sobressaem: a Mexicana de 1910 e a Cubana de 1959. Pode-se afirmar que o traço distintivo da primeira é seu caráter camponês e o da segunda, seu caráter socialista. Explique o significado desses traços distintivos em relação à a) Revolução Mexicana. b) Revolução Cubana. A construção de Brasília foi um marco no governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961). a) Relacione a construção de Brasília com as metas do governo JK. b) Indique algumas decorrências da mudança da capital federal para o interior do país. Resposta a) A Revolução Mexicana de 1910 foi o primeiro grande levante popular do século XX, sendo responsável pela queda do governo Porfirio Díaz (1871-1911). No período da ditadura de Porfirio Díaz, a economia mexicana era dependente do capital estrangeiro. Com a finalidade de atender aos interesses da economia de exportação, a população camponesa e indígena fora expropriada de suas terras comunais, dando origem a uma massa de camponeses e indígenas empobrecidos e marginalizados. O poder político de Porfirio Díaz foi questionado por liberais como Francisco Madero, descontentes com as constantes re-eleições que perpetuavam o regime porfirista, os quais contaram com a adesão de lideranças populares como as de Emiliano Zapata e Francisco "Pancho" Villa, que passaram a defender, no contexto da revolução, a reforma agrária. b) A Revolução Cubana foi responsável pela derrubada do governo Fulgêncio Batista (19331959). O regime político imposto por Batista não deixava espaço para uma oposição política institucional, restando o recurso à luta armada. Os métodos de governo e a corrupção política forneceram a oportunidade para que a oposição se aglutinasse em torno do advogado Fidel Castro. Assim que Fidel Castro assumiu o poder, implantou uma série de alterações na estrutura socioeconômica do país: nacionalizou a indústria, realizou uma reforma agrária e educacional e aproximou Cuba dos países da área socialista. Os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com Cuba em 1961. Na mesma ocasião, Castro definia-se "marxista-leninista" e declarava o caráter socialista da Revolução Cubana. Com o esfacelamento do regime soviético, a economia cubana passou por uma gravíssima crise, mas ainda mantém um regime socialista. Resposta a) A construção de Brasília, cujos projetos arquitetônicos e paisagísticos são de autoria de Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, respectivamente, inseriu-se em uma estratégia mais ampla de desenvolvimento econômico e social chamada de Plano de Metas. De acordo com o Plano de Metas o desenvolvimento ocorreria a partir dos eixos energia e transporte, através de estímulos ao desenvolvimento da indústria automobilística com capital externo, da instalação de hidrelétricas (Furnas, Três Marias) e a criação da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). A construção da nova capital federal mobilizou amplos setores da construção civil e grandes contingentes de mão de obra, principalmente migrantes do Norte e Nordeste, servindo também como símbolo de concretização do Plano de Metas. Deve-se acrescentar também que para além de obedecer a dispositivos constitucionais anteriores, a construção de Brasília representava a interiorização do desenvolvimento econômico. b) O deslocamento da capital federal da cidade do Rio de Janeiro para Brasília teve como consequência uma maior aproximação do centro político da vida nacional com regiões até então afastadas devido à ocupação tardia, resultado de maior concentração econômica e populacional em áreas litorâneas, cuja origem remonta ao Período Colonial. A criação e a manutenção da infraestrutura urbana e burocrática de Brasília tornaram a cidade um polo de atração de atividades econômicas e mão de obra, além de desempenhar uma função estratégica no processo de ocupação do interior do país. Questão 10 Criado em 1948, o Estado de Israel acaba de completar 60 anos. Discorra sobre a) o contexto histórico internacional que levou à criação desse Estado; b) as razões históricas dos conflitos entre israelenses e palestinos, que persistem até hoje. história 7 Resposta a) As perseguições aos judeus sempre foram constantes na Europa desde a Antiguidade. Na Época Contemporânea, com a Revolução Francesa, a situação dos judeus, apesar de melhorar, não impediu novas perseguições. No contexto das manifestações nacionalistas do século XIX, organizou-se o Primeiro Congresso Internacional Sionista presidido por um intelectual de origem judaica, Theodor Herzl, que pregava a volta de judeus para a "Terra de Sion", argumentando que as perseguições aos judeus europeus poderiam ser evitadas com a criação de um "lar judeu". No entanto, essa proposta não se concretizou, ficando apenas no plano das ideias. A região onde se localiza a Palestina pertencia ao Império Turco-Otomano e com sua decadência aquela área passou a ter maior influência de potências europeias. Durante a Primeira Guerra Mundial, o Império Turco alia-se à Alemanha e, portanto, com a sua derrota, algumas áreas do antigo Império Otomano passam ao controle britânico (Palestina, Jordânia e Iraque) e aos franceses (Síria e Líbano). Durante o período do mandato britânico, por intermédio da "Declaração Balfour" (nome do ministro britânico autor da declaração), afirmava-se que o governo daquele país via com bons olhos a criação de um lar judeu na Palestina, área de cultura islâmica. A ação do governo britânico, no entanto, era dúbia, ora favorável aos judeus, ora pendendo às populações árabes contrárias à presença judaica na região. Somente em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, a imigração judaica na Palestina aumentou consideravelmente. O holocausto judaico provocado pelo nazismo sensibilizou o mundo para a necessidade de um lar judeu. Aos europeus judeus sobreviventes, a ideia da criação de um Estado na Palestina tornou-se forte. A presença cada vez maior de judeus na região levará a um confronto com as populações árabes na Palestina, que estava sob o mandato britânico. A ONU, recém-criada no Pós-Guerra, propôs uma solução para a Questão Judaica – a Partilha da Palestina entre judeus e palestinos (árabes habitantes da região). Esse plano foi rejeitado por todos os países árabes e pelos palestinos, persistindo o conflito. Quando, em 1948, as tropas britânicas deixaram a região, os judeus proclamaram o Estado de Israel, dando continuidade a um estado de guerra entre as partes envolvidas que se estende até hoje. b) Na Antiguidade, durante o Império Romano, ocorreu uma das diásporas judaicas. Os judeus, dispersos por todas as áreas do Império Romano, mantiveram-se unidos, entre outros aspectos, pela ideia da volta à "Terra de Sion" – a Terra Prometida. Após a Segunda Guerra Mundial, na criação do Estado de Israel os judeus argumentavam "razões religiosas", enquanto os palestinos, na região desde a Idade Média, argumentavam "razões históricas" no direito à terra. Com o impacto do holocausto judeu, a opinião pública mundial tendia a ser favorável à criação de um lar judeu, pondo um fim à "Questão Judaica". A imigração de judeus europeus para a Palestina resultou em conflitos com populações árabes. O plano da ONU – Partilha da Palestina – dividiu a terra entre um Estado palestino e um Estado judeu. Em 1948, os judeus proclamam o Estado de Israel, rejeitado imediatamente pelos palestinos e pelos países árabes. Nesse contexto, ocorreu a primeira guerra árabe-israelense (1948-1949) com vitória de Israel. O saldo dessa guerra foi a ocupação de territórios que eram destinados aos palestinos, imediatamente ocupados na sua maioria por Israel e outras regiões menores pelos países árabes vizinhos. Assim a antiga "Questão Judaica" transformava-se na "Questão Palestina", isto é, agora eram os palestinos que lutavam pela criação de um Estado. Após a primeira guerra (1948-1949), outras ocorreram até os dias atuais, e podemos dar destaque à Guerra dos Seis Dias (1967), que com a vitória de Israel, são anexados ao seu território o Sinai, a Faixa de Gaza (do Egito), a Cisjordânia e Jerusalém Oriental (da Jordânia), e as Colinas de Golã (da Síria), tornando a ideia do Estado palestino mais distante. Somente de 1993 a 1995, com os acordos de Oslo entre as partes, os palestinos passam a ter relativo controle de um grande trecho da Faixa de Gaza e de parte da Cisjordânia. Os palestinos conquistam graus diferenciados de autonomia nessas regiões. Em 2003, propostas de paz elaboradas pela ONU, Rússia, EUA e União Europeia visam à existência de um Estado Nacional Palestino. Esses esforços de paz não encontram apoio em certos setores tanto dos palestinos como dos israelenses, pois grupos radicais nos dois lados condicionam a existência de seus estados com a aniquilação da outra parte. As diferenças religiosas entre os dois povos não são causas fundamentais do conflito, embora sejam intensificadoras da questão, envolvendo outros países muçulmanos e potências mundiais, como os EUA. O problema principal é o conflito de caráter político-territorial, ou seja, a luta de dois povos por um mesmo território. história 8 História – bem elaborada e extensa Comparada à prova do ano anterior, a prova deste ano apresentou um baixo grau de dificuldade para os candidatos quanto ao conteúdo. Prevaleceram questões de baixa complexidade. Todavia as vinte questões (10 questões divididas em dois itens) podem ter apresentado dificuldade quanto ao tempo e espaço disponíveis, pois algumas respostas exigiriam um espaço maior que o oferecido na folha de respostas. A prova premiou os candidatos que se prepararam e que dominavam a disciplina. Uma boa prova. República 30% América 10% Medieval 10% Moderna 10% Monarquia 10% Colônia Antiga 10% 10% Contemporânea 10%