0 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pedagogia Maria Cristina dos Santos A MATEMÁTICA E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO 3º E 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL LINS – SP 2013 1 Maria Cristina dos Santos A MATEMÁTICA E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO 3º E 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Pedagogia, sob a orientação do Prof. Me. Marcos José Ardenghi e orientação técnica da Profª Esp. Érica Cristiane dos Santos Campaner. LINS – SP 2013 2 Maria Cristina dos Santos A MATEMÁTICA E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO 3º E 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia. Aprovada em: _____/______/_____ Banca Examinadora: Orientador: Prof. Me. Marcos José Ardenghi Mestre em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-São Paulo). Assinatura: _________________________________________ 1º. Professor (a): _____________________________________________________ Titulação: ___________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Assinatura: _________________________________________ 2º. Professor (a): _____________________________________________________ Titulação: ___________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Assinatura: __________________________________________ 3 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais, a todos os professores, em especial ao professor Marcos José Ardenghi envolvido em um projeto educativo e formativo, que muito contribuiu para o término desta monografia. Maria Cristina dos Santos 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, que nunca me abandonou mesmo nos momentos mais difíceis sendo meu amparo e refúgio. Aos meus pais, sempre presentes em meu coração e pensamento, responsáveis por tudo que sou hoje, pois não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida. Ao professor Marcos pela paciência na orientação e incentivo que tornou possível a execução e conclusão desta monografia. Aos meus queridos amigos, em especial, Elaine, Laércio, Marlene e Renata e tantos outros que de alguma forma colaboraram com incentivo e apoio constantes na elaboração desse trabalho. Enfim, para todas às pessoas que contribuíram e participaram na reflexão e realização deste trabalho de modo particular, a Maria Angélica, às professoras e a diretora Vânia da EMEF “João Alves da Costa” pelas observações e entrevistas realizadas na construção da presente monografia. 5 A Matemática, quando a compreendemos bem, possui não somente a verdade, mas também a suprema beleza. (Bertrand Russel) 6 RESUMO Aprender matemática para muitos é uma tarefa muito árdua, pois historicamente é considerada uma disciplina difícil na vida cotidiana escolar. A matemática desempenha seu papel no desenvolvimento de competências intelectuais, para que os alunos aumentem suas posturas críticas diante das questões sociais. Para que se percebam caminhos para o desenvolvimento dessa competência, analisar as causas das dificuldades apresentadas pelos alunos no processo da resolução de problemas matemáticos se faz necessário. A presente pesquisa teve como objetivos identificar quais os fatores que dificultam o ensino de matemática e o processo de resolução de problemas nos alunos do 3º e 4º ano do Ensino Fundamental e investigar a formação inicial e continuada dos professores para o ensino de Matemática no Ensino Fundamental da EMF “João Alves da Costa”. A metodologia utilizada foi observar a resolução de quatro situações problema aplicada para dezoito alunos do terceiro ano e oito situações problema para dezenove alunos do quarto ano do ensino fundamental e entrevistar dois professores da turma. As principais dificuldades apresentadas pelos alunos durante a resolução foram interpretações das situações problema e não possuírem um repertório de estratégias a ser utilizado na resolução. Da entrevista com os professores foi constatado que a resolução de problemas é pouco utilizada nas séries iniciais do Ensino Fundamental como recurso para o ensino aprendizagem de Matemática. O fator primordial dessa constatação se refere à formação do magistério desses Professores. Também é primordial a reflexão sobre a necessidade de uma metodologia mais dinâmica com a constante participação dos alunos para aprendizagem efetiva. Palavras-chave: Resolução de problemas. Professor mediador. Conhecimento matemático. 7 ABSTRACT Learning mathematics for many is a very hard task because historically is considered a difficult subject in everyday school life. Mathematics plays a role in the development of intellectual skills, so that students increase their critical positions on social issues. In order to understand ways to develop this competence, analyze the causes of the difficulties presented by the students in the process of mathematical problem solving is required. This research aimed to identify the factors that hinder the teaching of mathematics and the process of problem solving in students of 3rd and 4th year of elementary school and investigate the initial and continuing training of teachers for the teaching of Mathematics in Elementary Education from EMF "João Alves da Costa". The methodology used was to observe the four situations problem solving applied to eighteen students of the third year and eight problem situations to nineteen students of the fourth year of elementary school and interview two teachers in the class. The main difficulties presented by the students during the resolution were interpretations of problem situations and do not have a repertoire of strategies to be used in the resolution. Interview with teachers was found that problem solving is rarely used in the early grades of elementary school as a resource for teaching and learning of Mathematics. The primary factor in this finding refers to the training of teachers of these teachers. It is also essential to reflect on the need for a more dynamic approach to the constant participation of students for effective learning. Keywords: Troubleshooting. Facilitator. Mathematical knowledge. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Professor Como Mediador.................................................................... 23 Figura 2: Resolução de problemas...................................................................... 25 Figura 3: Resolução de produtos na vida cotidiana............................................. 26 Figura 4: Foto da fachada da EMEF “João Alves da Costa”................................ 30 Figura 5: Tangram................................................................................................ 44 Figura 6: Jogo de dominó convencional............................................................... 44 Figura 7: Dominó de Frações............................................................................... 45 Figura 8: Dominó da Tabuada.............................................................................. 45 Figura 9: Jogo o Intruso........................................................................................ 45 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Formação de Professores – EMEF..................................................... 31 Quadro 2: Resultados de cada aluno do 3º ano por questão.............................. 34 Quadro 3: Resultados de cada grupo de alunos do 4º ano por questão............ 36 LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS Tabela 1: Desempenho Geral dos alunos do 3 º Ano do Ensino Fundamental 35 Tabela 2: Desempenho Geral dos alunos do 4 º Ano do Ensino Fundamental.. 37 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS HM - Habilidades Matemáticas SBEM - Sociedade Brasileira de Educação Matemática ENEM - Encontro Nacional de Educação Matemática PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais MEC - Ministério da Educação e Cultura EMEF - Escola Municipal de Educação Fundamental 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ......................................................................................... ........ 11 CAPÍTULO I – PANORAMA DO ENSINO DE MATEMÁTICA NO BRASIL 13 1 HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DA MATEMÁTICA .................................... 13 1.1 Formação do ensino matemático no Brasil............................................. 15 1.2 O ensino da Matemática à partir da instalação dos PCNs..................... 17 CAPÍTULO II – A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS ............................................................................................ ....... 2 ENSINO-APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ATRAVÉS 21 DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ................................................................... ........ 21 2.1 A criança e a aprendizagem matemática ............................................. 22 2.2 O professor como mediador ................................................................... 23 2.3 Resolução de Problemas – uma alternativa para o ensino de matemática ....................................................................................................... 25 CAPÍTULO III - A PESQUISA ................................................................. ....... 29 3 A MATEMATICA E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO 3º E 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ................................................................ ....... 29 3.1 Matemática e Resolução de Problemas................................................. 29 3.2 Contexto da Pesquisa .................................................................... ....... 30 3.2.1 Caracterização da escola e dos professores.......................................... 30 3.2.2 Caracterização dos professores entrevistados .............................. ........ 31 3.3 Métodos de pesquisa ........................................................................... 31 3.3.1 Delimitação do campo de pesquisa ....................................................... 31 3.3.3 Método de estudo de caso .................................................................... 32 3.3.4 Técnica ......................................................................................... ........ 32 3.4 33 Resultados e análise.............................................................................. 3.4.1 Resultados e análise das situações problemas resolvidos pelos alunos 33 3.4.2 Resultados e análise da entrevista com as professoras......................... 38 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ............................................................ ......... 43 10 CONCLUSÃO .......................................................................................... ........ 47 REFERÊNCIAS ........................................................................................ ........ 49 APÊNDICES ............................................................................................ ........ 51 ANEXOS .................................................................................................. ........ 57 11 INTRODUÇÃO O foco desse estudo é observar e abordar um tema tão complexo: A Matemática e especialmente a resolução de problemas no decorrer do ensino fundamental. É sabido que aprender matemática para muitos é uma tarefa muito árdua. Historicamente a Matemática é rotulada como uma disciplina difícil, um bichopapão da vida cotidiana escolar. Várias pesquisas apontam que para um ensino e aprendizagem eficaz é necessária a ação do aluno. Segundo Coll e Solé (1998), “aprendemos quando somos capazes de elaborar uma representação pessoal sobre um objeto da realidade ou conteúdo que pretendemos aprender”. É preciso atribuir sentido ao que se aprende e esse processo não ocorre pela acumulação de conhecimentos. De acordo com esses autores, aprender é modificar o que o aprendiz já possui e interpretar o novo de forma peculiar, para poder integrá-lo e torná-lo seu. Para melhor entender o tema, no Capítulo I realiza-se um estudo sobre o panorama do ensino Matemático no Brasil. Acomete-se a formação do ensino Matemático no Brasil, chegando até os dias atuais com a contribuição (ou não) dos Parâmetros Curriculares Nacionais. No Capítulo II aborda-se como se dá o ensino aprendizagem de Matemática utilizando-se da metodologia da resolução de Problemas para incentivar a aprendizagem das crianças e o papel do professor como mediador desse processo de aquisição de conhecimento. Para atingir o objetivo proposto, no Capítulo III apresenta-se o resultado da pesquisa realizada no 3º e 4º ano da Escola Municipal do Ensino Fundamental “João Alves da Costa”, a partir do trabalho com dez alunos de uma sala de 3º ano de ensino fundamental e dez alunos do 4º ano, bem como as entrevistas com os profissionais da educação. Sabendo que o ensino-aprendizagem da Matemática tem sido motivo de preocupação dos professores e dos próprios alunos; em função desta problemática, examinam-se estas questões relacionadas às dificuldades do ensino-aprendizagem, buscando identificar criteriosamente as causas e consequências dos problemas 12 existentes nas salas de aula, entre professores e alunos do Ensino Fundamental I da rede pública municipal. 13 CAPÍTULO I PANORAMA DO ENSINO DE MATEMÁTICA NO BRASIL 1 HISTÓRICO DA CRIAÇÃO DA MATEMÁTICA A Matemática é um campo do conhecimento que apareceu e tem-se desenvolvido a partir das dificuldades que o homem encontrou no cotidiano de sua vida, assim, pensar em Matemática é pensar em resolver problemas. A Matemática é descrita como um campo de conhecimento fundamental para o conhecimento do mundo e participação efetiva do homem na sociedade. As primeiras concepções matemáticas que supostamente se têm notícia na história, surgiram no tempo das cavernas (período Paleolítico). Nesse período, as necessidades do homem primitivo de medir quantidades de alimentos, pessoas e animais contribuíram para o surgimento do conceito de número. (BOYER, 1974) O desenvolvimento dos argumentos matemáticos aconteceu de forma gradual e perceptiva, já que no decorrer dos episódios corriqueiros o homem se vê diante de desafios que faz com que seja necessária a criação e recriação da Matemática para a solução de seus problemas. Com o passar do tempo os conhecimentos matemáticos foram sendo aperfeiçoados com o aumento das necessidades das pessoas a partir do surgimento de pequenas civilizações e cidades. A ativação e aceleração da aquisição e desenvolvimento matemático aconteceram no Egito com a criação de métodos de medição e demarcação de terras em relação às águas do rio Nilo e com os registros em papiros (espécie de papel da época) os quais foram difundidos e apreciados ao longo do tempo. A Matemática não era empregada como uma ciência organizada e sim para solucionar situações práticas da vida diária. Assim, de acordo com Viana; Silva (2007, p. 3): [...] O conhecimento da História da Matemática possibilita perceber que as teorias que hoje aparecem acabadas e elegantes, resultaram em desafios que os matemáticos encararam, e que foram desenvolvidas com grande esforço, quase sempre, numa ordem bem diferente daquela em que são apresentadas após o processo de formalização. [...] 14 A preocupação com o ensino da matemática é histórica. Na Grécia antiga a matemática era ensinada na escola pitagórica como um conhecimento necessário para a formação dos filósofos e dos futuros governantes. Para Platão a matemática deveria ser desdobrada até ao nível das crianças, assim para elas deveria ser evitado: (...) os exercícios puramente mecânicos, propor problemas adequados à idade das crianças e ser ampliados de maneira lúdica, por meio de jogos. Além disso, as punições corporais não deveriam ser utilizadas, pois a coação não seria a forma mais adequada para resolver o problema da falta de interesse pelos estudos. (MIORIM, 1998, p.18) Com a Revolução Industrial no continente Europeu e o progresso do comércio marítimo o ensino da matemática, dotada de cursos de aritmética prática, álgebra, contabilidade, navegação e trigonometria, começaram a se desenvolver, assim entre os séculos XV e XVII houve tentativa de ordenação dos conhecimentos matemáticos. No final desse período, ocorre a superação dos dados dos antigos dando início ao conhecimento moderno, no qual, a Matemática passa a combinar os métodos experimentais e indutivos com a dedução matemática. Segundo Boyer (1974) o século XVIII foi considerado um marco histórico em relação ao desenvolvimento da Matemática. Ocorreu nesse momento, a abertura entre o século de superação da Matemática grega, do século do desenvolvimento da geometria e do rigor matemático. Grandes transformações se fizeram necessárias, devido ao progresso tecnológico se dá no século XIX, com o surgimento de um novo contexto sóciopolítico-econômico, assim o trabalhador deveria ter conhecimentos básicos de escrita e de matemática para poder desenvolver suas funções bem como operar as novas máquinas. Pode-se distinguir claramente que a essência da Matemática é a resolução de problemas, assim, para o seu ensino não basta só conhecer as fórmulas e teorias, é necessário ter criatividade, fazer com que os alunos participem de suas resoluções e sintam-se desafiados a resolvê-los com prazer. 15 1.1 Formação do ensino matemático no Brasil A Matemática no Brasil ao longo de sua iniciação e formação caracteriza-se na „história serial‟ (BURKE, 1992, p.29) que ocorre ao longo dos cinco séculos de existência do nosso país. Essa história por tomar como referência o próprio conhecimento matemático, pode ser agrupada em quatro períodos, segundo Silva (2003): 1° A matemática jesuíta: os primeiros mestres do Brasil ensinavam a ler, a escrever e a contar. Inicialmente a meta era a catequese dos índios. À medida que uma sociedade de brancos e mestiços aqui ia se formando, o ensino dos jesuítas foi se expandindo. Nas escolas elementares eram ensinadas as quatro operações. A Matemática mais avançada era ensinada nos cursos da Escola das Artes, fundada em 1572, na cidade de Salvador, na Bahia, que conferia aos alunos o grau de Mestre em Artes, assemelhando-se a um curso universitário. Os cursos destinavamse ao estudo da Lógica, da Física, da Metafísica, da Ética e da Matemática. O ensino de Matemática iniciou-se com a Aritmética, e ia até o conteúdo ensinado na Faculdade de Matemática (fundada somente em 1757) abrangendo tópicos de Geometria, Trigonometria, equações algébricas, razão, proporção e juros. 2° A matemática militar: surge no Brasil Colônia, devido às necessidades militares. Com a precisão de proteger seu território, a Coroa Portuguesa precisava instruir seus militares no Brasil para a construção de fortificações para a artilharia. José Fernandes Pinto Alpoim, um militar português, instituiu então, as primeiras obras do gênero, que abrangiam conhecimentos elementares de aritmética e geometria. Com a Independência do Brasil, houve a obrigação da elite brasileira de instituir uma universidade no Brasil, em especial para a criação de cursos jurídicos. Com as discussões sobre a concepção, decidiu-se então com a adesão de militares, que os exames de ingresso no curso deveriam incluir geometria. Portanto, dá-se início à criação de cursos preparatórios para o ingresso em cursos superiores. Desde a criação do Colégio Pedro II, em 2 de dezembro de 1837, e com a inauguração solene das aulas, que ocorreu em 25 de março de 1838, iniciou-se as primeiras tentativas de preparação de um currículo para ensino secundário. Entretanto, como os cursos preparatórios eram um percurso mais curto para passar nos exames de ingresso, havia um grande abandono do colégio. Portanto, os conteúdos dos exames se tornaram a primeira referência curricular, que era o 16 mesmo oferecido nos cursos preparatórios. 3º A matemática positivista: durante o período colonial e no início do Império, as ideias pré-positivistas orientaram a reforma educacional em Portugal, que tornou a Matemática uma disciplina obrigatória em todos os cursos da Universidade de Coimbra e instituiu a Faculdade de Matemática e a profissão de matemático. Com a mesma concepção fundou-se no Brasil a Academia Militar do Rio de Janeiro, de caráter utilitarista e cientificista. Depois desta primeira fase, temos no Brasil a presença do positivismo francês de Auguste Comte. O Positivismo foi aceito pela intelectualidade que aspirava mudanças políticas e sociais na sociedade monárquica da época, e, de maneira especial houve uma grande adesão ao positivismo entre os docentes de Matemática e engenheiros da Academia Militar do Rio de Janeiro, que no início do Império passaram a difundir a filosofia positivista para o restante do país. Foi decisiva a influência dos positivistas nas mudanças políticas e sociais ocorridas na passagem Império-República. A influência do positivismo na matemática, ainda se fazia notar no início do século XX, sobretudo, na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, mas também nas outras escolas superiores do país, dentre as quais as clássicas Faculdades de Direito de São Paulo e de Olinda, ambas fundadas em 1827, no Colégio de Minas, em Ouro Preto, fundado em 1875, e na Escola Politécnica de São Paulo, fundada em 1893. 4° A matemática institucionalizada: a matemática científica estudada, sobretudo em 1960 e 1970, gerou mudanças significativas nas práticas escolares, bem como uma série de controvérsias, transformações, mudanças, inovações afetaram de maneira geral todos os seus aspectos constitutivos, desde a sua organização profissional, até os seus fundamentos epistemológicos e metodológicos, passando pela estruturação das suas subáreas disciplinares, com notáveis repercussões nos resultados da produção do conhecimento. No Brasil a primeira tentativa de reforma curricular da matemática secundária se dá com as reformas Francisco Campos (1931) e Capanema (1942); com a realização de Congressos Nacionais e os Grupos de Estudos brasileiros. Elementos esses que circularam compondo e constituindo uma rede, posteriormente, denominada de modernização da matemática no século XX no Brasil. A Matemática Moderna não conseguiu resolver o problema do ensino da Matemática, a forma de como foi aplicada, compreendida e ensinada foi cheia de exageros e não houve a preocupação com a realidade e a formação dos 17 professores. Desprezavam-se as aplicações e a Matemática prática, a matemática ensinada não era aquela da „tabuada‟, operações não eram mais ensinadas. Os pais viam os cadernos dos filhos e não entendiam e não sabiam como auxiliá-los. Diante desse quadro, a Educação Matemática surge nos anos 1980 com o fracasso da Matemática Moderna. O epílogo dos esforços dos precursores do movimento da Educação Matemática no Brasil foi concretizado através da criação da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM), durante o II Encontro Nacional de Educação Matemática (ENEM), em 1988, em Maringá – PR. 1.2 O ensino da Matemática a partir da instalação dos Parâmetros Curriculares Nacionais Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), são referenciais para a renovação e reelaboração da proposta curricular, fruto na nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação e reforçam a importância de que cada escola estabeleça seu projeto educacional, compartilhado por toda a equipe, para que a melhoria da qualidade da educação resulte da corresponsabilidade entre todos os educadores. Eles ajudam o professor na tarefa de reflexão e discussão de aspectos do cotidiano da prática pedagógica, a serem transformados sucessivamente pelo docente. Configuram uma proposta flexível, a ser concretizada nas deliberações regionais e locais sobre os currículos e programas de mudanças da realidade educacional empreendidos pelas autoridades governamentais, pelas escolas e pelos professores. Não configuram, portanto, um modelo curricular homogêneo e impositivo. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), sugerem uma abordagem de educação que propicia o processo de reconstrução do conhecimento para a compreensão da realidade, no sentido de resolver seus problemas, tratando o conhecimento em sua unicidade, por meio de inter–relações entre ideias, conceitos, teorias e crenças sem dicotomizar as áreas de conhecimento entre si e tampouco valorizar uma determinada área em detrimento de outra. Indica a resolução de problemas como ponto de partida da atividade Matemática e trata de caminhos para fazer Matemática na sala de aula, destacando a importância da História da Matemática e das Tecnologias da Comunicação. 18 Discute a especificidade do processo ensino-aprendizagem levando em conta o desenvolvimento afetivo, social e cognitivo dos estudantes. Destaca o uso da calculadora, a necessidade de conhecer e valorizar as experiências dos estudantes, a significação cultural. Colaboram com o ensino e aprendizagem por meio de projetos, contextualizados, por meio da abordagem etnomatemática e modelagem. Apontam principalmente a importância do ensino contextualizado. Os PCNs trouxeram à tona a discussão sobre o currículo, partindo com a visão inercial atual até então, integrada à ideia da lista fechada de tópicos e objetivos. Ele contribuiu para perturbar a relação passiva de professores, coordenadores e pedagogos com o currículo, tendo que buscar mecanismos didáticos diversificados. Sustentou a direção em torno de abordagens e soluções metodológicas como resolução de problemas, exploração e uso de jogos e materiais manipuláveis, história da Matemática, interdisciplinaridade. A concepção adotada levou em conta os componentes: (objetivos; conteúdos; métodos de D‟Ambrósio), colocando a avaliação como um dos focos da discussão sobre o currículo. Centrou em objetivos mais que em tópicos e introduziu novidades de modo explícito: conteúdos como o tratamento da informação; e recursos didáticos como as calculadoras. Recuperou temas importantes que faziam parte do ensino antes do advento do Movimento da Matemática Moderna como o cálculo mental e a estimativa e trouxe para o centro da discussão curricular temática e abordagens não tradicionais como a etnomatemática, na perspectiva de matemática para todos. Valorizou e deu visibilidade aos aspectos e temáticas sociais, como: cidadania, valorização do trabalho, saúde, sexualidade e outros temas transversais. Segundo Lopes 2004, algumas críticas em torno dos PCNs são: a) exagero de conteúdos, sem especificar o peso que deveria ser dado aos obsoletos. Vários docentes acrescentaram algumas propostas dos PCNs as que já realizavam; b) indefinição de um projeto: Falta de identidade tem produzido verdadeiras „colchas de retalho‟ de técnicas didáticas denominadas como „diferentes‟ e 19 sem um eixo definido; c) fundamentação psicológica inadequada ou insuficiente: os cursos de psicologia cognitiva não foram corretamente incorporados pela comunidade que atua nos segmentos de 5ª a 8ª séries e ensino médio; d) ignorância ou desprezo das realidades e necessidades regionais; e) os vestibulares ignoram os PCNs bem como o próprio governo; f) influência de empresários de editoras no MEC, nas escolas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) permitiram uma nova visão e propõe um Ensino da Matemática dinâmica, voltado para o cotidiano do aluno, procurando a formação básica do mesmo para o mercado do trabalho e relações sociais. Um ensino, em que os conceitos auxiliem em fatos reais, na formação de capacidades intelectuais e na agilidade do raciocínio. No ensino da Matemática, destacam-se dois aspectos básicos: um consiste em relacionar observações do mundo real com representações (esquemas, tabelas, figuras); outro consiste em relacionar essas representações com princípios e conceitos matemáticos. (BRASIL, 1997, p.19) Obtendo a constituição e a ligação dos diferentes campos da Matemática, será possível oportunizar melhores condições de compreensão dos significados e consequentemente a aquisição de aprendizagem significativa a todos os alunos, independente de ter ou não dificuldades. O educando terá condições de desvendar por si mesmo, as diferentes relações dos conceitos matemáticos. [...] Se concordamos com as vantagens do ensino interdisciplinar, com mais forte razão devemos professar o ensino intradisciplinar, o qual pode ser reduzido, sinteticamente, ao ensino integrado da aritmética, álgebra e geometria. Portanto, os alunos irão perceber o consenso, coerência e beleza que a Matemática encerra, apesar de suas várias partes possuírem diferentes características, tal qual uma orquestra. Além disso, seriam eliminadas algumas prolixidades que nele persistem e ainda, seria facilitada a muitos estudantes a desejada aprendizagem. (LORENZATO, 2006, p.60) Partes dos problemas referentes ao ensino da matemática estão relacionadas ao processo de formação do magistério, tanto em relação à formação inicial quanto a formação continuada. (BRASIL, 1997, p. 24) Para que essa reflexão seja efetiva e produtiva é necessário avaliar suas dificuldades, origens e o impacto que o mesmo representa no ensino escolar. Esta prática congrega o professor e o conhecimento contextualizado na escola. 20 A Matemática precisa desempenhar sua função, na formação de habilidades intelectuais, para que os alunos desenvolvam posturas críticas diante de questões sociais. Para isso é preciso antes de tudo desmistificar a Matemática como algo assustador e complicado. 21 CAPÍTULO II A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS 2 ENSINO-APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ATRAVÉS DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Já algum tempo o processo ensino-aprendizagem inserido dentro do contexto de uma aprendizagem matemática voltada para a resolução de problemas, tem sido percebido como relevante nesse processo para um aprendizado eficaz e prazeroso. Segundo Onuchic, (1999) problemas de Matemática têm ocupado um lugar central no currículo de matemática escolar desde a Antiguidade. Registros de problemas matemáticos são encontrados na história antiga egípcia, chinesa e grega, e são ainda, encontrados problemas em livros-texto de matemática dos séculos XIX e XX. O mesmo autor afirma que as mudanças do ensino da Matemática se caracterizam dois movimentos de Reforma: a) o ensino da matemática por repetição: no início do século XX o ensino da Matemática foi assinalado por um trabalho por repetição. A repetição era o recurso de memorização mais importante. O aluno teria que demonstrar seu aprendizado nas avaliações, tal qual o professor havia ensinado. Alguns deles até entendiam o que estavam fazendo, mas logo esqueciam o que haviam memorizado; b) o ensino da matemática por compreensão: nessa concepção o aluno deveria compreender os assuntos abordados, para depois resolver as situações propostas. Houve uma tentativa de mudança na melhoria do ensino da Matemática buscando a compreensão, os professores, porém não foram preparados para essa transição e o aluno continuou a escutar e repetir os ensinamentos do professor. A resolução de problemas tem se mostrado eficaz para que ocorra o desenvolvimento intelectual visando o desenvolvimento matemático, sendo que é primordial que este seja trabalhado inicialmente a partir de conhecimentos prévios, bem como em concordância com uma prática docente em que se busquem novas maneiras de orientar, refletir e organizar o ensino matemático. 22 2.1 A criança e a aprendizagem matemática As primeiras noções bem como as relações iniciais dos indivíduos com a Matemática apresentam-se cedo já que pais querem ensinar as crianças a contarem e a numerar suas idades, ensinam números de telefones, da casa, etc., à medida que a criança cresce, ela vai interagindo com o meio em que está inserida, através de práticas de cofrinhos, compras e quantificando preços. Quando ela ingressa na escola, já possui noções matemáticas simples, adquiridas pelo convívio com familiares e “o ingresso na educação infantil determina uma passagem de um contexto exclusivamente familiar a um contexto altamente influenciado pela escola e pela sociedade.” (FAINGUELERNT, 1998, p. 36) As informações relacionadas à matemática que as crianças já possuem ao chegarem à escola são formadas por interações com situações da vida cotidiana e pelos conhecimentos prévios que eles já têm na escola, esses conhecimentos vão se transformando em conhecimentos mais sofisticados e abrangentes, já que ela é capaz de incentivar a criança a buscar dentro de si os recursos para as soluções dos problemas, sendo necessária uma grande concentração para sua realização. A criação da Matemática no Ensino Fundamental precisa buscar o desenvolvimento das capacidades cognitivas no aluno, buscando a estruturação de seu pensamento, e resolvendo situações problemas da escola e sua vida cotidiana. O ensino de Matemática apresenta sua relevância quando conseguem estabelecer no universo educacional conexões com os demais componentes curriculares. Assim, a Matemática deve ser para o aluno um elo de desenvolvimento de competências e habilidades que inevitavelmente levarão ao desenvolvimento do raciocínio e de sua sensibilidade expressiva, de sua sensibilidade estética e de sua imaginação. (BRASIL, 1997) Para Piaget (1987), a criança aprende muito através de experiências vividas, assim, uma atividade que envolva situações–problema decorre de um elemento fundamental como facilitador do desenvolvimento e do raciocínio. Ele garante que a matemática deve ser o resultado do método mental da criança em relação ao cotidiano. Para ele o ensino deve ser formador de raciocínio lógico matemático para a condução da interpretação e compreensão, chegando assim à aprendizagem efetiva e não a mera memorização. 23 2.2 O professor como mediador As noções matemáticas adquiridas pela criança no ambiente familiar corroboram para que o professor possa ter referências para a organização do seu trabalho e na elaboração de planos de ações processo de trabalho para desenvolvimento adequado de seu trabalho e elaboração de plano de trabalho adequado. É função primordial do professor comprometido com uma educação de qualidade, investigar o que cada aluno sabe suas habilidades e dificuldades a serem sanados, por conseguinte se aprimorará dos conhecimentos matemáticos de forma mais ampla possível. Nos PCNs de matemática encontramos que: É importante que a matemática desempenhe, equilibrada e indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na facilidade do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação de problemas, situações de vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio a construção de conhecimento em outras áreas curriculares. (BRASIL, 1997, p. 29) O professor mediador deve propiciar ao seu aluno que se inventem como elemento ativo na construção de seu conhecimento, bem como no seu desenvolvimento integral. Para que efetivamente ocorra uma ação educativa eficaz que se faz necessária à ação desses professores que são capazes de mediar à aprendizagem despertando no seu aluno seu potencial e gosto pela descoberta de conhecimentos eficazes para sua vida. Esse professor atua como facilitador e questionador, sendo capaz de intervir na aprendizagem e na atuação e gosto pelo saber em seu aluno, norteando, incentivando, questionando e motivando esse aluno para que se desenvolva, para que ocorra a aprendizagem. Figura 1 - Professor Como Mediador Disponível em: Fonte: http://elisete-nunes.blogspot.com.br, 2012 24 De acordo com a autora, “o professor deve provocar a construção do conhecimento, propondo bons problemas! Esses problemas devem gerar os conflitos cognitivos nos alunos, que os levarão a (re) elaborar o próprio pensamento.” (STAREPRAVO, 2009, p. 43) STAREPRAVO, também afirma que: Já é senso comum, em nossa sociedade, a crença de que o bom professor é aquele que tira todas as dúvidas dos alunos. Entretanto, o professor que faz isso pensa pelo aluno e, consequentemente, impede que o aluno desenvolva seu próprio raciocínio. (2009, p. 43) Aos professores compete propor situações em que as crianças aprendam a pensar de forma articulada, coordenada e coerente, assim o aluno irá desenvolver o exercício do pensar, e para que isso ocorra é necessária a atuação do professor mediador que também precisa ser formado e capacitado para que tenha segurança para auxiliar nessa busca da construção do conhecimento, já que é relevante no desenvolvimento do raciocínio. Ao educador cabe a função de auxiliar seus alunos a trilharem pelo caminho do novo, da descoberta. Carraher; Carraher e Schliemann (1999), concluem que o modelo cognitivo de conhecimento implica em mudanças fundamentais no modo de visualizar a prática de educação. Para esses autores, os professores precisam entender que a educação começa pelos conhecimentos prévios das crianças sendo a função do professor estimular e propiciar o desenvolvimento do raciocínio, ao invés de sobrecarregar a memória. O educador deve mudar sua estratégia toda vez em que os conteúdos não tenham sido atingidos sendo de sua responsabilidade o auxílio na descoberta e na aprendizagem, ensinando seus alunos a pensarem e levantar suas hipóteses. Também deve considerar os saberes de seus alunos, as suas situações de vida devem ser levadas em consideração, pois é uma forma de integração para o ensino dos conteúdos. As pessoas fazem e vivencia a matemática o tempo inteiro, em casa, na rua, nas brincadeiras. O professor deve trazer a matemática da vida para escola, para que os alunos estabeleçam relação amistosa com esta disciplina. A meta maior do educador é agir com capacidade criadora e buscando caminhos que desafiem os alunos a vivenciar situações essenciais à aprendizagem. A sociedade atualmente exige pessoas com capacidades cada vez maiores de aprendizagem e estratégia: aprender e transferir a aprendizagem para outras 25 situações do seu habitual, resolvendo problemas, o educador deve nesse contexto, desempenhar seu papel ativo na escola. Ele não é um mero assistente da educação, ele é um educador, profissional da Educação com sérias responsabilidades na formação dos cidadãos que constituem a sociedade. É muito importante e fundamental que os professores tenham consciência de seu papel e busquem ampliar competências para atuar como mediadores capazes, eficazes e sabedores da importância de uma prática eficaz na construção de cidadãos mais atuantes e sabedores de seu papel em uma sociedade em construção. 2.3 Resolução de problemas – uma alternativa para o ensino de matemática As situações de resolução de problemas se apresentam como uma forma eficaz de promover a aprendizagem significativa e funcional da Matemática. Quando se fala em resolução de problemas, percebemos situações novas que requerem reflexão e utilização de estratégias para a sua resolução e não aqueles exercícios repetitivos com procedimentos do tipo automático, onde se pode dispor de respostas quase imediatas. Ao lecionar Matemática, através da Resolução de Problemas, busca-se auxiliar o aluno em seu começo do aprendizado matemático. Resolvendo problemas desejamos que os alunos encontrem a interpretação, o entendimento e a resolução dos mesmos, fazendo com que essa atividade se torne rotineira, assim, será possível que a Matemática seja entendida a partir da resolução de problemas, já que o tipo de abordagem auxilia no desenvolvimento do raciocínio e motiva o estudo da Matemática. Figura 2- Resolução de problemas Fonte: http://acaixamagicadosaber.blogspot.com.br, 2009. 26 A resolução de problema no ensino matemático permite aos alunos se posicionarem diante de questionamentos a cerca da resolução, já que através desse método ele deve desenvolver o seu pensando e consequentemente o raciocínio lógico. A capacidade do individuo em solucionar problemas é exigida nos mais diversos momentos da vida do individuo, já que são uma habilidade fundamental em algumas atividades corriqueiras da vida, como agrupamentos de produtos por tipos e qualidades, cálculos mentais de preços, entre outras coisas. Figura 3 – Resolução de produtos na vida cotidiana Fonte: www.sp.senai.br A resolução de problemas em sua essência contribui para o processo ensinoaprendizagem, já que é capaz de criar condições do aluno desenvolver o pensamento matemático, não se reduzindo a exercícios rotineiros que levam a reprodução sem apreensão de conhecimento significativo, assim a sua importância esta no fato de: [...] permitirem aos alunos adquirirem conhecimentos para desenvolverem a capacidade para compreenderem as informações que estão ao seu alcance dentro e fora da sala de aula. Portanto, os alunos terão chances de ampliar seus conhecimentos acerca de conceitos e procedimentos matemáticos bem como do mundo em geral e desenvolver sua autoconfiança. (SCHOENFELD apud BRASIL, 1997, p.81) A aquisição de conceitos matemáticos nas primeiras séries do Ensino Fundamental é suporte não só para o decorrer da vida escolar, mas também para o cotidiano dos alunos. Por estar tão presente no dia a dia, este conceito deve ser bem trabalhado e desenvolvido ao longo do processo. 27 Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997) propõe “um ensino da Matemática dinâmico, voltado para a realidade do alunado, procurando a formação básica do educando para o mercado do trabalho, e suas relações sociais”. Indica um ensino em que os conceitos auxiliem em fatos reais, na formação de capacidades intelectuais e na agilidade do raciocínio. No ensino da Matemática, destacam-se dois aspectos básicos: um incide em relacionar observações do mundo real com representações (esquemas, tabelas, figuras); o outro consiste em relacionar essas representações com princípios e conceitos matemáticos. (BRASIL, 1997, p.19) Segundo Onuchic (1999, p. 204), a resolução de problemas permite aplicar a Matemática ao mundo real, acolher à teoria e à prática das ciências contemporâneas e emergentes, e resolver questões que ampliam as fronteiras das próprias ciências. Shroeder; Lester apud Onuchic (1999, p. 206), apresentaram três modos diferentes de ensinar a Resolução de Problemas: ensinar sobre a resolução de problemas; ensinar a definir problemas e ensinar Matemática, através da resolução de problemas. Segundo Coll e Solé (1998), “aprendemos, quando somos capazes de elaborar uma reprodução particular sobre um objeto, da realidade ou conteúdo que pretendemos aprender.” É preciso atribuir sentido ao que se aprende e esse processo não ocorre pela acumulação de conhecimentos. De acordo com esses autores, aprender é modificar o que o aprendiz já possui e interpretar o novo de forma peculiar, para poder integrá-lo e torná-lo seu. Afirmam ainda que: Quando ocorre este processo, dizemos que estamos aprendendo significativamente, construindo um significado próprio e pessoal para um objeto de conhecimento que existe objetivamente. De acordo com o que descrevemos, fica claro que não é um processo que conduz à acumulação de novos conhecimentos, mas a integração, modificação, estabelecimento de relações e coordenação entre esquemas de conhecimento que já possuíamos dotados de certa estrutura que varia em vínculos e relações a cada aprendizagem que realizamos. (COOL; SOLÉ, 1998, p.20) Com certeza o desempenho das crianças ao resolverem problemas do seu contexto é superior ao desempenho em problemas e exercícios escolares com pouca ou nenhuma relação com o seu cotidiano. A Matemática mais do que nunca precisa desempenhar seu papel na formação de capacidades intelectuais, para que os alunos desenvolvam posturas críticas diante de questões sociais. Para isso é preciso antes de tudo desmistificar a 28 Matemática como algo assustador e complicado. [...] Se concordarmos com as prerrogativas do ensino interdisciplinar, com mais forte razão devemos professar o ensino intradisciplinar, o qual pode ser reduzido, sinteticamente, ao ensino integrado da aritmética, álgebra e geometria. Assim fazendo, os alunos irão perceber a harmonia, coerência e beleza que a Matemática encerra, apesar de suas várias partes possuírem diferentes características, tal qual uma orquestra. Além disso, seriam eliminadas algumas prolixidades que nele persistem e ainda, seria facilitada a muitos estudantes a desejada aprendizagem. (LORENZATO, 2006, p.60) Esse é o grande desafio, instigar nos alunos o prazer da matemática através da resolução de problemas. 29 CAPÍTULO III A PESQUISA 3 A MATEMATICA E A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NO 3º E 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Nessa pesquisa procurou-se fazer uma abordagem das concepções e práticas docentes no ensino da Matemática no Ensino Fundamental e de como os envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem percebem estas práticas. Um princípio básico para o ensino de qualidade em Matemática é que o professor conheça profundamente o tema a ser abordado. Para isto é necessário que se tenha o domínio suficiente do conteúdo para o desenvolvimento de situações matemáticas propostas. Assim, conseguirá acabar com a ideia errônea de que a Matemática é um bicho de sete cabeças. Programas de formação continuada nas escolas públicas são urgentes e necessários para um eficaz desenvolvimento da matemática e do trabalho de resolução de problemas em sala de aula. 3.1 Matemática e Resolução de Problemas Muito se discute sobre a prática pedagógica e a influência de professores e sua prática docente em sala de aula, no aprendizado positivo ou não de resolução de problemas. No livro „Na vida dez, na escola zero‟, Carraher, Carraher e Schliemam (1999), apresentam o resultado de estudos feitos com crianças que assumem atividades de trabalho paralelamente às atividades escolares. Esse estudo indica que o desempenho das crianças ao resolverem problemas do seu contexto é superior ao desempenho em problemas e exercícios escolares com pouca ou nenhuma relação com o seu cotidiano. Ao analisar os resultados e procedimentos das crianças em situação de trabalho ou em situação de trabalho simulado, os autores enfatizam que, como os problemas são resolvidos de cabeça, a criança faz modificações nos valores envolvidos com o objetivo de trabalhar com quantidades que são mais facilmente manipuladas; em geral, números que terminam com zeros são usados nas 30 decomposições e composições apresentadas. A Matemática essencialmente precisa desempenhar seu papel na formação de capacidades intelectuais, para que os alunos desenvolvam posturas críticas diante de questões sociais. Para isso é preciso antes de tudo desmistificar a Matemática como algo assustador e complicado. A aquisição de conceitos matemáticos nas primeiras séries do Ensino Fundamental é suporte não só para o decorrer da vida escolar, mas também, para o cotidiano dos educandos, por isso devem ser bem trabalhados e desenvolvidos ao longo do processo. No ensino da Matemática, destacam-se dois aspectos básicos: “um consiste em relacionar observações do mundo real com representações (esquemas, tabelas, figuras); outro incide em relacionar essas representações com princípios e conceitos matemáticos”. (BRASIL, 1997, p.19) 3.2 Contexto da Pesquisa 3.2.1 Caracterização da escola e dos professores A EMEF „João Alves da Costa‟ (escola pesquisada), conta hoje com 375 alunos, 13 professores das classes de educação fundamental, 2 professores de inglês, 2 professores de arte, 2 professores de informática, 2 professores tutores efetivos, 10 professores tutores contratados e 2 professores de grupo de estudo, sendo um de língua portuguesa e um de matemática e um professor mediador. Figura 4: Foto da fachada da EMEF “João Alves da Costa” Fonte. Arquivo da escola, 2011 31 A maioria dos profissionais da EMEF tem formação e participam de cursos e capacitações para o trabalho. A maioria tem formação pedagógica ou na área da educação. A formação dos profissionais da educação na EMEF ”João Alves da Costa”, no ano de 2012 está descrita no Quadro 1. Quadro 1: Formação de Professores – EMEF Formação dos professores Número de professores Pedagogia 09 História 02 Geografia 01 Letras 01 Arte 02 Educação Física 02 Informática 02 Inglês 02 Fonte: Secretaria da EMEF, 2012 3.2.2 Caracterização das professoras entrevistados Foram entrevistadas duas professoras, sendo uma do 3º ano e uma do 4º ano. A professora do 3º ano tem formação em Magistério, com graduação em Letras e especialização em Psicopedagogia. Sua experiência profissional é de 12 anos. A professora do 4º ano tem formação em Magistério, graduação em História e especialização em alfabetização e sua experiência profissional são de 24 anos. Ambas afirmam que a formação matemática se deu somente no curso de Magistério e que acabam por fazerem muitos cursos para se aperfeiçoarem e no momento estão fazendo um curso de prevenção ao uso de drogas pela Universidade de Brasília – e que participaram da formação em trabalho durante os horários de trabalho pedagógico em 2012, sendo algumas formações em matemática. 3.3 Métodos e técnicas de pesquisa 3.3.1 Delimitação do campo de pesquisa 32 Com o objetivo de verificar, se os professores estão capacitados para o trabalho com resolução de problemas em situações matemáticas do ensino fundamental, bem como se o trabalho com os alunos está levando-os a agir com autonomia e iniciativa diante dos problemas foi realizada uma pesquisa de campo no ano de 2012. 3.3.2 Método de estudo de caso Foram entrevistados dois (2) professores: um (1) do terceiro ano do ensino fundamental e um (1) do quarto ano do ensino fundamental. Em cada série pesquisada foi trabalhado dentro de seu contexto, sendo observado um grupo de dez alunos de cada série. Foi analisado a aplicação de dez (10) problemas que lhes foram sugeridos, para assim resolver a questão fundamental desse objeto de pesquisa: “Como são inseridos e propostos o trabalho matemático e especialmente a resolução dos problemas no decorrer do ensino fundamental?” 3.3.3 Técnica Para realizar este trabalho de cunho prático e teórico acerca da construção de conhecimento a opção pela abordagem qualitativa deu-se pelo caráter vivencial e pela possibilidade de estabelecer uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. Foi feito entrevistas para se avaliar o conhecimento do aluno em relação ao tema proposto e a aplicação de situações problemas em sala de aula para acompanharmos o desenvolvimento do trabalho, os seguintes procedimentos serão usados para dar evidência ao trabalho: 1 Observação de seis (6) aulas no período de outubro a novembro de 2012 sobre a metodologia da resolução de problemas, para observação da metodologia e registro em ficha (ANEXO A). 2 Após a observação das aulas dos professores foram entrevistados dois professores sobre a metodologia de resolução de problemas utilizada em sala de aula. 3 Após a observação das aulas e entrevistas com os professores, formaram 33 duplas e trios no 4º Ano e no 3º Ano a aplicação em sala foi individual com dez 10 problemas para que os alunos buscassem a melhor forma de resolução (APÊNDICE B). 4 Análise dos processos de como os alunos chegaram às soluções através de observações de como foram conduzidos pelo (a) professor (a) e como efetivamente resolveram os problemas propostos. A partir desses resultados foi feito a devolutiva para os professores e alunos, para só então realizar uma análise efetiva dos resultados obtidos. 3.4 Resultados e análise 3.4.1 Resultados e análise das situações problemas resolvidas pelos alunos A Matemática pouco tem sido trabalhada de maneira a levar o aluno a fazer associações com o cotidiano, assim, os alunos acreditam que a exclusiva finalidade do conhecimento matemático é para realizar uma prova e, consequentemente, deixa de perceber as aplicações da matemática no seu dia a dia, as aplicações matemáticas não são fáceis de serem percebidas, e tão pouco aplicadas. O raciocínio aritmético é a capacidade de calcular matematicamente levando ao desenvolvimento, através de experiências que proporcionem aos alunos oportunidades que estimulem o seu pensamento na resolução de problemas. E o raciocínio pictórico, se dá por meio de desenhos, podendo ser utilizado em diferentes atividades matemáticas. O desenho apresenta-se como um documento que expressa maneiras de pensar dos alunos, suas observações e os fatos que lhes chamam mais atenção no desenvolvimento de uma situação proposta, que pode ser, por exemplo: resolver um problema, representar uma história, um jogo ou uma brincadeira. O quadro 2, abaixo, apresenta o resultado de cada aluno do 3º ano por questão, sendo os alunos nomeados de A a R com a finalidade de manter o anonimato dos mesmos: 34 Quadro 2: Resultados de cada aluno do 3º ano por questão (continua) NOMES 1. A M x 2. B 3. C 4. D x x x 5. E 6. F. F x x x 7. G. 8. H x x 9. I 10. J 11. K 12. L x x x QUESTÕES 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 Acerto Total Errado Total Acerto Parcial X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Tipo de raciocínio Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Pictórico Pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico 35 (conclusão) x 13. M. 1 2 3 4 1 2 x 14. N 3 4 1 15. O 2 x 3 4 1 2 x 16. P 3 4 1 2 x 17. Q 3 4 1 2 18. R x 3 4 Fonte: elaborado pela autora, 2013. X Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico X Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X A tabela 1 apresenta as quantidades de acertos e erros por questão. Tabela 1: Desempenho Geral dos alunos do 3 º Ano do Ensino Fundamental em relação às quatro questões aplicadas. QUESTÕES 1 Acerto Total 3 Errado Total 6 Meio Certo 10 Não fizeram 2 5 8 6 --- 3 6 7 4 --- 4 3 14 0 --- TOTAL GERAL 17 35 20 ---- --- Fonte: elaborado pela autora, 2013. Constata-se que os alunos não estavam acostumados a se utilizar de resolução de problemas no contexto matemático, muitos erros ocorreram em função do medo dos alunos em ousarem buscar o resultado correto. Por várias vezes os alunos pediam que a professora os auxiliasse que estava muito difícil, chegavam até ameaçar que não mais fariam essa atividade, assim percebe-se que a quantidade de erros supera a de acertos em função desse problema constatado. 36 Como o trabalho com resolução de problemas não era comumente aplicado, por opção da professora da classe os alunos se dividiram em grupos para a aplicação dessa atividade. O quadro 3, abaixo, apresenta o resultado de cada grupo de alunos do 4º ano por questão sendo os alunos nomeados de A a R com a finalidade de manter o anonimato dos mesmos: Quadro 3: Resultados de cada grupo de alunos do 4º ano por questão Nomes 1. A e B 2. C, D e E Problemas 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 Acerto total X Erro total x X X x x x X X x x x X X x 8 3. F e G 4. H e I 5. J e K 6. L, M e N 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 Não fizeram x X x x X X x x X X X x X x X x X x x X X X x X x X x (continua) Tipo de raciocínio Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico 37 (conclusão) 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8 7. O, P e Q 8. R e S x Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico Aritmético e pictórico X x X x X X x x X x x X X X X x x x x X x Fonte: elaborado pela autora, 2013. Tabela 2: Desempenho Geral dos alunos do 4 º Ano do Ensino Fundamental em relação às oito questão aplicadas QUESTÕES 1 Acerto Total 7 Errado Total Não fizeram 1 0 2 2 4 2 3 2 5 1 4 6 1 1 5 3 2 3 6 3 0 5 7 3 1 4 8 5 1 2 TOTAL GERAL 31 15 16 Fonte: elaborado pela autora, 2013. Com os alunos do 4º ano, a resolução de problemas foi realizada em grupos de três alunos. Na resolução de problemas, eles levantaram hipóteses do cotidiano, sendo que isso facilitou muito a resolução, principalmente em relação aos problemas que envolviam os laços familiares e a confecção de pipas, já que os alunos têm em seu cotidiano a pipa como brinquedo, por mais que se solicitou repensar as respostas em relação às pipas, eles não abriram mão de suas convicções. 38 No quarto ano, o processo foi mais produtivo, os alunos pensaram, discutiram, em alguns grupos houve desentendimentos e em outros houve necessidade de intervenção da professora e da professora tutora. Curioso também foi em relação ao álbum de figurinhas, pois todos levantaram a hipótese de figurinhas repetidas. Uma das constatações nesta pesquisa foi de que, uma das grandes dificuldades na resolução de problemas é que os alunos possuem muita deficiência em ler e interpretar a situação problema, os alunos soletram as palavras e quando terminam a leitura do enunciado do mesmo, já esqueceram o que ele pedia. No problema 1 do 4º ano, que se referia jogo de varetas, a professora havia desenvolvido o jogo no dia anterior, assim, as crianças conheciam o valor das varetas e de maneira geral a quantidade de acertos foi bem maior. No problema 3, os alunos tiveram muita dificuldade, especialmente em visualizar os cachorros, não quiseram desenhar, e suas hipóteses sempre eram com mais cachorros do que realmente constituíam. Alguns alunos não conseguiram explicar como procederam para resolver o problema, porém, pela observação foi possível perceber que eles aplicaram conhecimentos prévios. A professora do 4º ano estimula a investigação no enfrentamento dos problemas, não só em matemática, mas também em outros conteúdos como investigação científica soluções de conflitos em literatura, como por exemplo: „como avisar a Branca de Neve que ela não deve comer a maçã‟. Assim é possível contribuir para a formação de alunos críticos, autônomos e reflexivos. Deparamos ao longo da experiência com docentes diante de situações diversas, com alunos com grandes dificuldades de resolver um problema matemático por isso resolvi fazer um estudo mais detalhado dessa problemática. E com isso, tentar descobrir os conflitos que permeiam os alunos no processo da resolução de problemas. 3.4.2 Resultados e análise da entrevista com as professoras As professoras acreditam que os alunos devem reconhecer os números, quantificar e desenvolver adequadamente e eficazmente as operações básicas de 39 adição, subtração, multiplicação e divisão. “Com esses requisitos básicos os alunos serão capazes de desenvolver qualquer situação matemática (Profª 1)”. Aprender Matemática deve ser entendido como instrumentos de construção de diferentes estratégias de resolução de problemas para se compreender diferentes conteúdos matemáticos necessários para a resolução de problemas. Dessa maneira a Matemática pode contribuir para que se atinja o objetivo de educar cidadãos que diante de obstáculos e problemas saibam operar de modo a exigir seus direitos e intervir quando necessário. Para as professoras entrevistadas muitas vezes conteúdos importantes são renegados a segundo plano, já elas não se sentem a vontade para trabalhar conteúdos que possuem pouco domínio, mas têm certeza de são necessários e que elas, promotoras e mediadoras do conhecimento e aprendizagem devem procurem encorajar a exploração de uma grande variedade de ideias matemáticas, não apenas numéricas, mas também aquelas relativas à geometria, às medidas e as noções de estatística, de forma que as crianças aumentem e conservem a curiosidade sobre a Matemática, adquirindo diferentes formas de entender a realidade. O mundo real, as experiências e a linguagem natural da criança no desenvolvimento das noções Matemáticas devem ser levadas em consideração para que ampliem progressivamente suas noções Matemáticas. Logo no inicio do ano é comum os professores fazerem um levantamento diagnóstico para saber em qual nível encontram-se seus alunos, tanto no que diz respeito à alfabetização, como nos conteúdos matemáticos conhecidos pelos alunos. Desta maneira é possível através da avaliação diagnóstica, direcionar o seu trabalho, bem como encaminhar aos grupos de estudo os alunos com maior defasagem de conhecimento. A aprendizagem não deve ser considerada como resultado que depende única e exclusivamente do aluno, mas deve estar sendo construída dia a dia. Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem que a Matemática seja desenvolvida partindo do conhecimento informal do aluno, e que a escola tenha por objetivo ampliá-lo. Os alunos trazem para a escola conhecimentos, ideias e intuições, construídas através das experiências que vivenciam em seu grupo sociocultural. Eles entram na sala de aula com ferramentas básicas diversificadas, como por exemplo, classificar, ordenar, quantificar e medir. Além disso, aprendem a 40 atuar de acordo com os recursos, dependências e restrições de seu meio. (BRASIL, 1997) As professoras envolvidas na pesquisa desenvolvem ações de trabalho com dinheiro em miniatura, passeios em supermercados, sorveterias, entre outros. A professora do 4º ano desenvolveu um projeto em 2012, em que os alunos venderam juju (suco colocado em saquinho plástico e congelado) e brigadeiro na escola para custear uma viagem à cidade de São José do Rio Preto, com visitação à fábrica de refrigerante Arco-Íris, Parque Ecológico e ao Shopping, para isso fizeram o levantamento de custos da matéria prima, custos de venda, lucro, dinheiro em caixa. No fim do projeto eles conseguiram dinheiro suficiente para todos participarem do passeio e, assim, aproveitaram as aulas de Matemática e fizeram um registro em livro caixa de tudo que foi desenvolvido. Embora o trabalho das professoras seja bem interessante, ambas afirmam que, não se sentem capazes de trabalhar com segurança os conteúdos matemáticos, já que se sentem muitas vezes inseguras em relação ao desenvolvimento dos conteúdos matemáticos, e muitas vezes recorrem a estudos complementares e formação autodidática, bem como, o auxílio da coordenadora pedagógica para o desenvolvimento de alguns conteúdos. Planejar as soluções ajuda a pessoa a tomar decisões efetivas e refletir sobre os processos que utiliza, avaliando: 1. A escrita correta da resposta Um dos objetivos é ensinar as crianças a escrever a resposta correta do problema. Este modo apresenta algumas sugestões interessantes para o processo de aprendizagem: a) anotar somente a resposta numérica não é suficiente, e limita o pensamento da pessoa; b) elencar a resposta é um item da prática de resolução de problemas; c) ao redigir a resposta „completa‟, por exemplo: Quantos ficaram? R.: Ficaram 12, a criança faz um exercício de resignificação mental, retornando aquilo que ela pensou e executou em termos matemáticos; d) ao voltar à pergunta do enunciado, a criança pode pensar sobre o que fez e realizar a metacognição. 41 Este ato permite que a criança perceba se houve algum erro, e seja capaz de corrigi-lo. O ato de conferir as respostas constatando se elas se aproximam do resultado, instrui os alunos a reverem os cálculos e resultados. Este método indica certa racionalidade das respostas, maneira típica da matemática. 2. Uso de materiais manipulativos A utilização de dinheiros de brinquedo (sem valor) se revela um recurso muito atraente. É o material que mais chama a atenção e desperta o interesse das crianças. É admissível afirmar que se pode fazer uso deste tipo de material invariavelmente em sala de aula, de forma a atrair o interesse e a motivação dos estudantes para a aprendizagem matemática. A utilização do dinheiro de brinquedo durante a intervenção propicia que os estudantes aprendam a representar matematicamente o registro das questões propostas e com maior entusiasmo. As tampinhas e os palitos que podem ser utilizados também, pois ajudam as crianças a adquirirem estas capacidades. Elas gostam de manipulá-los e compreendem melhor quando em contato com eles. 3. A resolução por desenhos Quando os alunos são estimulados a ilustrar a informação dada pelo problema, têm oportunidade de usar um sistema de representação que lhes é mais familiar e, portanto, mais próximo da situação que deseja modelar. A intervenção propõe alguns momentos em que os alunos têm de desenhar a situação que leem nos enunciados. O desenho colabora para que os alunos entendam qual operação deve ser realizada. Esta prática se mostra satisfatória, pois, percebe-se que contribui com a compreensão dos enunciados. O uso de códigos visuais, desenhos e esquemas permitem a atenção nos símbolos e operações, facilitando a compreensão e a aprendizagem. A intervenção contribui para um ensino intensivo, pontuando exatamente as dificuldades das crianças, podendo melhorar consideravelmente sua aprendizagem. É necessário buscar incentivo e estímulos para as crianças. A despeito da importância dos recursos externos, compreender a Matemática não depende apenas da utilização de recursos pelo docente. É indispensável a existência de certas funções intelectuais como atenção, a concentração, a memória, os esquemas e as representações mentais. A matemática é simbólica e requer 42 processamento interno das operações. A intervenção externa deve possibilitar o desenvolvimento destas funções cognitivas internas. É importante entender a função social do ensino, e o conhecimento de como se aprende para que as intervenções pedagógicas sejam as mais adequadas possíveis. O planejamento da prática pedagógica é essencial e dele deve fazer parte as intenções educativas que se deseja, incluindo os alunos que apresentam ou podem apresentar indícios de dificuldades. 43 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Atividades que envolvem a resolução de problemas se mostraram muito eficazes, já que propiciaram uma mobilização de saberes para se buscar a solução do referido problema, nesta investigação, o aluno aprende a montar estratégias, raciocinar logicamente e verificar se sua estratégia foi efetivamente válida, o que colabora para um amadurecimento das estruturas cognitivas. As atividades que envolvem a resolução de problemas estão presentes no cotidiano das pessoas, exigindo soluções que muitas vezes requerem o pensar e o desenvolvimento de estratégias que auxilia a enfrentar novas situações. É de importância fundamental que o professor compreenda que trabalhar com a resolução de problemas, desenvolve no aluno a capacidade de resolver situações desafiadoras. Nesse contexto sugere-se que seja oferecido aos professores capacitações e cursos de formação para o trabalho eficaz com a matemática, uma vez que os professores afirmam não se sentirem capazes de trabalhar com segurança os conteúdos matemáticos, já que muitas vezes sentem-se inseguras em relação ao desenvolvimento dos conteúdos Matemática. Além disso, indica-se que o trabalho matemático seja iniciado por jogos que envolvam a resolução de problemas. As crianças aprendem resolvendo problemas que desafiem seus conhecimentos. Assim confecciona-se e recomenda-se trabalho com: a) Tangram O Tangram é um quebra-cabeça que contém sete peças, cortadas a partir de um quadrado. Podem-se formar milhares de formas, sem ser sobrepostas e todas as peças devem ser usadas, assim devem-se propor desafios para as crianças montem animais, objetos e figura. Pode-se também utilizar o Tangram para realizar trabalho com frações. Na figura 5 apresenta-se o Tangram e algumas figuras montadas. 44 Figura 5 - Tangram Fonte: Arquivo pessoal b) Dominó O jogador deve colocar todas as suas pedras na mesa antes dos adversários e marcar pontos. O jogador que ganha uma rodada, marca pontos segundo as pedras que foram colocadas pelos seus adversários. A partida terminará quando um jogador ou dupla alcançar a quantidade de pontos indicada nas opções de mesa. Figura 6: Jogo de dominó convencional Fonte: Arquivo pessoal O jogo de domino pode apresentar várias variantes: 45 Figura 7: Dominó de Frações Fonte: Arquivo pessoal Figura 8: Dominó da Tabuada Fonte: Arquivo pessoal c) Descubra o intruso Este jogo além de trabalhar os conceitos de pertence e não pertence, explora a memória, a reflexão, a lógica, a observação e o vocabulário. É apresentado um conjunto de 3 elementos (objetos ou figuras em cartões) entre os quais um é „intruso‟. É proposto aos alunos que, como pequenos detetives, descubram qual o 46 „intruso‟. Quando os alunos se acostumarem com a brincadeira, será aumentado o número de elementos para 4, 5 ou 6. Figura 9: Jogo o Intruso Fonte: Arquivo pessoal Observa-se que são sugestões para o início de trabalhos com resolução de problemas, sendo necessário o estudo para aprimoramento desse trabalho por parte dos professores. O uso de jogos de estratégia para a resolução de problemas pode ser um recurso poderoso para o ensino da Matemática, mas para isso os professores precisam se sentir aptos para isso, assim ele deve estar em constante aprimoramento e capacitação. 47 CONCLUSÃO A aquisição de conceitos matemáticos nas primeiras séries do Ensino Fundamental é suporte não só para o decorrer da vida escolar, mas também, para o cotidiano dos alunos. A realização deste trabalho possibilitou uma reflexão sobre as causas das dificuldades apresentadas pelos alunos dos 3º e 4º ano, no processo da resolução de problemas matemáticos. A pesquisa levou a percepção de que existem inúmeros problemas na aplicação e resolução de problemas no ensino fundamental, acarretando os fatores que impedem a aprendizagem da matemática no Ensino Básico. Desde os professores que acreditam ser necessária mais capacitação, como também, alunos que têm medo da Matemática e nem se consideram capazes e preparados para resolver situações problemas. A partir da observação realizada com alunos durante a resolução das situações problemas e entrevistas com duas professoras constatou-se que a resolução de problemas é pouco utilizada pelos professores das séries iniciais do Ensino Fundamental como recurso para o ensino aprendizagem de Matemática. O fator primordial dessa constatação se refere à formação do magistério destes professores. Através de entrevista com dois professores e observação do desenvolvimento das aulas percebeu-se a necessidade da realização de formação continuada dos professores, pois muitos professores possuem vontade de modificar sua prática pedagógica, até ousaram dar alguns avanços, mas são inseguros por não dominarem as novas técnicas para uma realização de uma docência de boa qualidade. A resolução de problemas é uma ferramenta que auxiliará o bom desenvolvimento do trabalho dos professores comprometidos com a educação de qualidade, pois apresentará resultados produtivos para a educação Matemática no dia a dia escolar do educando. As duas salas observadas possuem um número elevado de alunos com problemas de aprendizagem, além de alunos portadores de necessidades educacionais especiais, assim essas classes possuem além do professor titular da classe, professores auxiliares para o atendimento de alunos especiais, esses professores recebem o nome de professor tutor – a função desse professor seria de 48 auxiliar o professor titular da classe no atendimento desses alunos, porém percebese que esses profissionais acabam por fazendo a atividade por esses alunos, sem deixar que esse pense, tente e levante suas hipóteses. O professor titular da classe tem que elaborar atividades do nível de cada aluno e que para os alunos especiais é aplicado pela tutora. Esse cenário leva a uma desmotivação por parte dos professores. Também os alunos não estão acostumados com o pensar na resolução de problemas, assim ficam agitados, se irritam facilmente e acabam por desistir. A insegurança dos professores também é transmitida aos alunos. Durante a aplicação das situações-problema procurou-se realizar algumas intervenções para que os alunos minimamente chegassem a um resultado na resolução de problemas. Essas intervenções ocorreram mediante solicitação para que revissem a resolução dos problemas, levando a tentar, pensar maneiras alternativas de desenvolvimento, como operações matemáticas, desenhos, quantificação com palitos, lápis e tampinhas. Os alunos aparentemente estão acostumados com atividades que não exijam muito raciocínio nem tomadas de decisão. Essa pesquisa possibilitou uma reflexão sobre a necessidade de uma metodologia mais dinâmica com a constante participação dos alunos para aprendizagem efetiva. Para os professores conseguirem motivar seus alunos, a Matemática os auxiliará no processo de construção do conhecimento e consequentemente na aprendizagem. A mudança da metodologia de ensino tem um papel fundamental na transformação do processo de ensino e aprendizagem. 49 REFERÊNCIAS BOYER, C. B. História da Matemática. São Paulo: EDUSP, 1974. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997. BURKE, P. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992. CARRAHER, T.; CARRAHER, D.; SCHLIEMANN, A. L. Na vida dez na escola zero. 9 ed. São Paulo: Cortez, 1999. COOL, C; SOLÉ, I. Os professores e a concepção construtivista. In: COOL C. et al. Construtivismo na sala de aula. 5.ed. São Paulo: Ática, 1998. FAINGUELERNT, E. K. Educação matemática: representação e construção em geometria. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1998. ITACARAMBI, Ruth Ribas. Resolução de Problemas: construção de uma metodologia (ensino fundamental I). São Paulo: Livraria da Física, 2010. LOPES, A. J. Fórum EF 2004 – SBEM. Disponível em :<www.matematicahoje.co.br/tellas/autor/artigos/artigos_view.asp?cod=28.> Acesso: 23/fev. 2013 LORENZATO, S. Para aprender matemática. Campinas: Autores Associados, 2006. MIORIM, M. A. Introdução à história da educação matemática. São Paulo: Atual, 1998. ONUCHIC, L. R. Ensino-aprendizagem de matemática através da resolução de problemas. In: BICUDO, M.A.V. (Org.). Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999. PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. 4.ed. Rio de Janeiro, Guanabara, 1987. 50 PROFESSOR MEDIADOR. Disponível em: <http://elisetenunes.blogspot.com.br/2012/10/professor-mediador.html>. Acesso em: 09 mar. 2012. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS. disponível em: http://acaixamagicadosaber.blogspot.com.br/2009_10_01 archive.html. Acesso em: 09 mar. 2012. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA VIDA www.sp.senai.br. Acesso em: 09 mar. 2012. COTIDIANA. Disponível em: SILVA, C. P. A matemática no Brasil: história de seu desenvolvimento. 3. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2003. STAREPRAVO, A. R. Mundo das ideias: jogando com a matemática, números e operações. Curitiba: Aymará, 2009. VIANA, M. C. V.; SILVA, C. M. Concepções de Professores de Matemática sobre a utilização da História da Matemática no processo de Ensino-Aprendizagem. In: Encontro Nacional de História da Matemática, Anais..., 2007, Belo Horizonte. VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes. 1989. 51 APÊNDICES 52 APÊNDICE A – Questionário dirigido aos professores I- DADOS DE IDENTIFICAÇÃO Nome da Escola:___________________________________________________ Nome:___________________________________________________________ Disciplina:_________________________________série:__________________ O presente questionário tem como objetivo coletar dados para a pesquisa intitulada “A Matemática e a resolução de Problemas no 3º e 4º ano do Ensino Fundamental” II – PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1. Há quanto tempo trabalha no magistério? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 2. Qual a sua formação? ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 3. Durante a sua formação, a Matemática foi trabalhada de que maneira? Fale um pouco sobre o que lembras. ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 4. Qual o seu último curso de atualização? Nome do curso e local. ________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 5. O que você vê como prioridades no ensino da Matemática nas séries iniciais? 53 _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 6. Os diferentes campos matemáticos (numérico, geométrico, medidas, tratamento da informação) costumam ser desenvolvidos de maneira integrada? De que forma? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 7. Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem que a Matemática seja desenvolvida partindo do conhecimento informal do aluno, sendo que a escola tem por objetivo ampliar esse conhecimento. Você costuma realizar um diagnóstico, identificando conhecimentos prévios dos alunos em relação ao conteúdo a ser trabalhado? Como isso acontece? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 9. Que práticas pedagógicas você utiliza para trabalhar os conteúdos de matemática? __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ __________________________________________________________________ 10. Você costuma fazer relações da história da matemática com os conteúdos Matemáticos ? Quais são as relações? Como costuma proceder? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 54 11. Quais as dificuldades que você encontra no ensino dos conceitos matemáticos? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 12. Como você utiliza nas suas aulas a resolução de problemas no ensino de matemática? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 13. É possível que o aluno se utilize da resolução de problemas matemáticos de maneira prazerosa? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 14. Deixe algum comentário sobre o ensino de matemática. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 55 APÊNDICE B – Problemas a serem aplicados com os Alunos Problemas envolvendo o uso de relações lógicas 3º ano: 1) Clarissa gosta de animais. No caminho para a escola, fica olhando pela janela do carro a procura de cachorros e gatos. Outro dia, disse ter visto na praça um cachorro marrom à frente de dois cachorros; um cachorro preto atrás de dois cachorros e um cachorro branco entre dois cachorros. Quantos cachorros ela disse ter visto? 4º ano: 2) Quatro amigos foram ao cinema. Na fila para comprar o ingresso, Lúcia não era primeira nem quarta. A Sara estava à frente da Lúcia, mas atrás da Karina. O Júlio estava atrás de Lúcia. Qual era a ordem dos amigos na fila? Problemas envolvendo estimativas e cálculo mental 3º ano: 3) A avó de Joana está fazendo um cachecol de listras rosa e branca. A Joana pediu um cachecol bem comprido para enrolar no pescoço e nas mãos. A avó resolveu fazer com 150 cm de comprimento e começou com uma listra branca e cada listra mede 5 cm? Quantas listras terão no cachecol? Quantas listras rosa terão no cachecol? Qual é a cor da última listra? 4) Três amigos (José, João e Alicia) estavam em um acampamento de férias. Os responsáveis pelo acampamento organizaram vários desafios. Um dos desafios propostos para o grupo era atravessar uma ponte à noite. Por sorte, um deles tinha uma lanterna. Ao chegarem próximo da ponte notaram o seguinte aviso: “CUIDADO! ESTA PONTE SUPORTA NO MÁXIMO 85 KG.” Considerando que José pesa 80 Kg, João 40 Kg e Alicia 35 Kg, de que maneira o grupo poderia atravessar a ponte, utilizando apenas uma lanterna? 5) No final do jogo de pega varetas, Luiz fez 80 pontos, Pedro fez 55 pontos e João 35 pontos. Os valores de cada vareta neste jogo são: Preta = 50 pontos; vermelha = 5 pontos; verde = 15 pontos; azul = 20 pontos; amarela = 10 pontos. a) Registre quais varetas cada um deles tinha no final do jogo. b) Na primeira contagem de pontos, Luis registrou um total de 81 pontos, isso é possível? Por quê? 56 c) Se Pedro tem nas mãos a vareta azul que outras varetas ele pode ter tirado? Registre, no mínimo, duas possibilidades diferentes. Problemas envolvendo noções de possibilidades 3º ano: 6) Quantos cumprimentos de mão cinco pessoas podem trocar entre si, se cada um cumprimentar todas as outras? 7) Felipe tem um álbum com 123 figurinhas coladas. Hoje ele comprou 5 pacotinhos de figurinhas. Se cada pacotinho de 4 figurinhas, quantas ele pode colar em seu álbum? 4º ano: 8) Os avós paternos de Clara tiveram 2 filhos, cada um dos quais teve 2 filhos. Os avós maternos tiveram igualmente 2 filhos. Eles também tiveram 2 filhos cada um. Quantas pessoas têm na família de Clara a partir de seus avós? Problemas envolvendo noções de geometria 3º ano: 9) Marcos e João estão de férias e resolveram fazer pipas para vender. Eles compraram folhas de papel de seda, um carretel de linha, uma cola e 10 varetas. Quantas pipas eles poderão fazer? 4º ano: 10) Quantos quadrados você pode desenhar na figura abaixo utilizando os pontos em destaque? 57 ANEXOS 58 ANEXO A - Observação em Sala de Aula Escola:_________________________________________________________ Aluno:____________________________série__________________________ Professor:_______________________________________________________ Data:___________________________________________________________ Atividade Estratégias pedagógicas desenvolvidas pelo professor Comportamento do Aluno Integração Colegas com os Outras observações 59 ANEXO B - TERMO DE CONSENTIMENTO EU, ________________________________________________________________ RG____________________ Residente ___________________________________ Autorizo a utilização de dados e imagem pela aluna Maria Cristina dos Santos do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium. De acordo com a disponibilidade e aceitação do (a) mesmo (a) solicito a realização de uma entrevista individual e aplicação de pesquisa e problemas matemáticos, bem como direito de uso de imagem. Pesquisadora: MARIA CRISTINA DOS SANTOS Orientador: Marcos José Ardenghi ( ) Professor ( ) Responsável pelo aluno_______________________________________ Da_______série do ensino fundamental, da Escola_________________________________________________________ Lins,_________/_________/___________ _______________________________ Assinatura