DG/97/8
Original:
Português/espanhol/
francês
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS
PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA
Discurso do
Prof. Federico Mayor
Director Geral da Organização das Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO)
aquando da concessão ao
Dr. Mário Soares do Doutorado Honoris Causa
pela Universidade de Évora
Évora (Portugal)
28 de Fevereiro de 1997
[Le Directeur général commence son discours en portugais]
«O mundo enfrenta, com angústia e incerteza, desafíos e problemas da maior
gravidade. Deles dependem, em larga medida, o nosso futuro e a própria
sobrevivência da humanidade».
As respostas a esses problemas não podem vir, todos o sabemos, das receitas
estereotipadas e porventura esgotadas encontradas num passado recente, sobretudo das
que traduzem uma mentalidade economicista ou tecnocrática, sem ideias nem valores.
«Têm de vir da capacidade de criar, renovar, imaginar novas soluções, da
coragem em abrir novos caminhos. A educação, a formação contínua, a ciência e a
cultura desempenham, neste projecto de futuro, uma condição sine qua non. Têm, por
isso, de se tornar na grande prioridade do mundo actual».
Señor Reitor Magnífico,
Señor Presidente da Assembleia de la República,
Señor Presidente Mario Soares e Señora,
Señor Presidente do Conselho Municipal,
Señor Governador,
Señores Embaixadores,
Señoras e señores Professores,
Estudantes,
Minhas señoras e meus señores:
Estas considerações sobre o mundo de hoje trazem a marca inconfundível do
estilo e do vigor moral do Dr. Mário Soares. Para meu orgulho e minha satisfação,
figuram no prólogo que dedicou a uma antologia dos meus versos, traduzidos em
portugês e publicados em 1994. Citei-as não somente porque reflectem um aspecto
importante do seu ideário ético, mas também porque representam um testemunho dos
valores que durante longos anos têm sustentado a nossa amizade, uma relação que como ele próprio assinalava- «o tempo tem estreitado, de viva simpatia, marcada pela
confiança e pela afinidade».
Por isso, compraz-me duplamente o privilégio de pronunciar o Laudatio do Dr.
Mário Soares nesta cerimónia, em que a Universidade de Évora, com o prestígio de
quatro séculos e meio de trabalho educativo e cultural, lhe confere o título de Doutor
Honoris Causa. «Honrar honra», escreveu o poeta cubano José Martí. Nós todos
honramos-nos hoje ao nomear Doutor Honoris Causa o Dr. Mário Soares. Porque ele
possui a sabedoria de uma vida plena e ao longo de todos estes anos tornou-nos em
partícipes e beneficiários desta experiência. A sua existência foi -e é- rica em
vivências e leituras, que lhe conferiram os mais altos títulos académicos. Assim, não
fazemos nada mais do que referendar agora esta eminente distinção. Ao dizer isto,
penso no meu pai, que pelas circunstâncias que envolveram a sua infância e
adolescência, não pôde ir à escola. Todavia, chegou a ser um homem muito sábio, um
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professor de profundas vivências, com um título conferido pela própria vida.
A obra que o Dr. Mário Soares tem desenvolvido, ao longo desta intensa vida,
caracteriza-se por dois traços que, na minha opinião, definem o seu carácter porque
dele são inseparáveis : a simplicidade e a universalidade. Ambos explicam a
amplitude e a sagacidade da sua visão política, assim como a eficácia do seu estilo de
direção.
Em primeiro lugar, refiro-me à universalidade, que no seu caso passa por um
profundo enraizamento numa circunstância peculiar, na terra e na época que lhe foi
dado viver. Se na tarefa cívica que tem cumprido na sua fructífera existência alcançou
uma dimensão que transcende o âmbito nacional e até mesmo europeu, é porque soube
assumir um destino concreto -em toda a sua limitação temporal e geográfica-,
elevando-o ao plano universal mediante uma entrega e uma paixão sem limites. Se
Portugal, com recursos relativamente modestos, soube criar um império de âmbito
universal a partir da franja litorânea da Península Ibérica, o Dr. Mário Soares soube
realizar uma navegação no oceano do espírito, a partir de circunstâncias muitas vezes
excepcionalmente adversas.
Quanto à sua extraordinária simplicidade -que, como sabem, é um dos traços
mais sedutores do seu carácter -, limitar-me-ci, se me permitem, a contar-lhes uma
anedota :
Numa das primeiras ocasiões em que visitei o Dr. Mário, já há alguns anos,
convidou-me para jantar. Na altura, já era Presidente da República, após ter ocupado
altos cargos ministeriais durante mais de uma década. Fomos a um restaurante em
Cascais, à beira do mar.
Durante o jantar, chamou-me a atenção o facto de não haver perto nenhum
agente do serviço secreto. Pensei que a escolta devia ter recibido instruções para
proceder com a máxima discrição. No fundo, sentia-me grato ao Presidente por esta
delicadeza, porque o jantar decorreu num ambiente descontraído, quase familiar.
Depois da sobremesa, o Dr. Mário propôs-me um passeio à beira do mar.
Descemos até à praia de areia, começámos a andar e logo encontrámo-nos com uns
pescadores que estavam a gozar ú fresco. Olhei para trás, convencido de que a escolta
iria aparecer subitamente, no meio da noite, para cumprir a sua incumbência.
«Boa noite, senhores», disse o Dr. Mário com a sua natural afabilidade.
«Ah, boa noite, Senhor Presidente», responderam os pescadores, com a maior
naturalidade do mundo.
A conversa continuou durante alguns minutos e as escoltas não apareceram. Só
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então percebi que não havia escolta, que o Presidente de Portugal podía passear à
noite, sozinho ou na companhia de um amigo, sem ter nada a temer. E que a gente
humilde o saudava com afecto e respeito genuínos.
[Le Directeur général continue en espagnol]
Señoras y señores:
En los meses que siguieron a la «Revolución de los Claveles» de 1974, el futuro
de Portugal no presentaba los mejores augurios. Sin duda la mayoría de la población
anhelaba un régimen de libertades públicas y respeto de los derechos humanos. Sin
embargo, estas aspiraciones cívicas no hallaban eco en las vetustas instituciones
políticas por entonces vigentes. Este desfase entre la plenitud de una sociedad ansiosa
de renovarse y unas estructuras obsoletas, ponía de relieve la necesidad de reformas
profundas. Pero entre la pusilanimidad de los sectores tradicionales y la premura
rupturista de los grupos revolucionarios, el margen de maniobra de las fuerzas
democráticas, empeñadas en devolver al pueblo la libertad y los derechos conculcados
40 años antes, era sumamente estrecho. El ambiente de conflicto social, la crisis
económica, los problemas derivados de la descolonización y las reivindicaciones
corporativistas tampoco contribuían a facilitar la tarea renovadora.
El propio Dr. Soares nos ha contado más de una vez, en páginas de singular
sabor, los acontecimientos de aquellos meses. En el «verano caliente» de 1975, ni
siquiera los observadores más optimistas pensaban que en Portugal sería posible
reformar pacíficamente las instituciones y organizar un Estado de derecho en un
ambiente de respeto y concordia, en el que el diálogo y la negociación sustituyeran al
rencor y la violencia.
Sin embargo, los partidos políticos que habían aceptado las reglas del juego
democrático, lograron realizar con éxito la difícil transición a un régimen de libertades
y pluralismo auténtico. Este triunfo de los ideales republicanos resonó con fuerza en
el mundo entero y ha sido durante mucho tiempo una fuente inestimable de inspiración
para quienes defienden esos mismos valores. No cabe duda de que, en gran medida,
ese éxito se debió al tesón, la lucidez y la habilidad política de Don Mario Soares,
cualidades forjadas durante 30 años de lucha antifascista, en los que padeció cárcel,
exilio y persecución.
La última etapa de ese recorrido vital sui generis que celebramos en esta
ceremonia, es la Fundación que Mario Soares creara en 1991. En esa institución, el
Presidente nos deja las vías de acceso más relevantes a la Historia Contemporánea de
Portugal. Más de dos millones de documentos de su archivo personal, perfectamente
clasificados, que se encuentran a la disposición de los estudiosos de este período. En
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contraste con el secreto que suele prevalecer en los medios políticos, Don Mario nos
abre la totalidad de su escritorio --desde la humilde estafeta del estudiante opositor de
los años cuarenta, hasta los elegantes portafolios del primer Presidente de la República
electo por sufragio popular--. Es una lección más de inteligencia y dignidad, de quien
ha sabido encarnar como pocos las ansias de libertad de un pueblo y una época.
Señoras y señores:
Uno de los pensadores franceses más agudos de este siglo, Raymond Aron,
solía decir que los seres humanos hacen la Historia, pero no saben qué Historia hacen.
La distancia entre los ideales que animan el cambio histórico y el resultado concreto
que producen en la realidad político-social, tiene siempre carácter absoluto. De ahí
que sea positivo para una sociedad no perder de vista el horizonte de los grandes
principios y valores, pero que sea también saludable no olvidar que se trata de una
pretensión colectiva, que los regímenes del mundo real son siempre construcciones
más o menos imperfectas, que palidecen necesariamente al lado de las sublimes
utopías que el intelecto es capaz de concebir. Por eso los políticos dotados de visión y
coraje, los verdaderos estadistas, han de actuar como exigen los versos del poeta
Miquel Martí i Pol: « molt cautament i amb la mirada encesa / per la claror dels
horitzons possibles» («con mucha cautela y la mirada ardiendo / por el fulgor del
horizonte en lontananza»).
Cuando se tiene en cuenta la densidad de la materia social, cuando se examinan
las amenazas que en esos años pesaban sobre el ideal democrático, se revela en toda su
grandeza la tarea que acometieron --y en gran medida cumplieron-- un puñado de
hombres y mujeres a quienes la Historia concedió la oportunidad de devolver la
libertad a este país. Esas personas trabajaron «sin precipitación y sin descanso, como
los astros» --que diría Goethe-- para adecuar el gobierno a los profundos cambios
sociales ocurridos durante cuatro décadas de régimen autoritario; para organizar la
convivencia pacífica de todos los portugueses, sin distinción de raza, lengua, religión o
ideario filosófico; para desmantelar un vasto y obsoleto imperio ultramarino y poner
fin, de este modo, a una guerra colonial que había causado innumerables muertes y
enormes sufrimientos, tanto al pueblo portugués como a varios países del continente
africano. Unos años después, consolidadas ya las nuevas instituciones, Portugal se
incorporaba cabalmente a su entorno geográfico y cultural, y llegaba a ser miembro de
pleno derecho de la nueva Europa.
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Señoras y señores:
Los retos que la sociedad europea afronta hoy son muy diferentes de los que
reclamaban su atención en 1974, cuando Portugal iniciaba la transición a la
democracia. Las amenazas más graves provienen ahora de la insolidaridad, el paro y
la marginalidad; la droga, el sida y la violencia urbana; el deterioro del medio
ambiente y la pérdida de los valores de tolerancia y equidad que han hecho posible la
convivencia pacífica de las últimas décadas. Estos desafíos se plantean en un contexto
internacional muy distinto del que existía entonces. Portugal está integrado en la
Unión Europea y ha emprendido la aventura del futuro junto con sus vecinos. Esta
ampliación de horizontes ha modificado la escala de los retos y de las posibles
soluciones; pero este cambio de perspectiva no significa que deba renunciar a la
búsqueda de fórmulas propias, no sólo para los problemas que más específicamente le
afectan, sino también para los del continente en su conjunto. Como tampoco debe
hacerle olvidar la obligación moral que tiene para con sus vecinos menos favorecidos
de Asia, América Latina, y muy especialmente de Africa.
En 1974, el planeta en el que Portugal inició la transición a un régimen
democrático, era todavía el mundo bipolar del equilibrio del terror nuclear, las últimas
guerras coloniales, el apartheid en Suráfrica, el conflicto del Cercano Oriente, la lucha
armada en Irlanda del Norte y las tiranías militares en buena parte de Iberoamérica. La
cultura de violencia y opresión que había determinado el curso de la civilización
durante muchos siglos, estaba entonces en su apogeo. La comunidad internacional
contemplaba casi impotente los desgarramientos que ensangrentaban el planeta. La
seguridad de los países industrializados parecía depender --paradójicamente-- de una
enloquecida acumulación de dispositivos de destrucción. La política había llegado a
ser, según la glosa leninista de la célebre frase de Clausewitz, «la continuación de la
guerra por otros medios».
Hoy asistimos al ocaso de esa cultura bélica y a los síntomas augurales de una
Cultura de Paz en todo el mundo. Los tratados de reducción de las armas nucleares; el
fin de las guerras «periféricas» en Guatemala, Angola y Mozambique; la desaparición
del imperio soviético; la democratización de América Latina, Suráfrica y Europa del
Este; las negociaciones para lograr la paz en Irlanda del Norte y el Cercano Oriente,
conforman un panorama esperanzador.
Al mismo tiempo, la ciencia abre perspectivas deslumbrantes en el campo de la
medicina, las comunicaciones y la protección ambiental;
la genética y la
biotecnología. Millones de niños se salvan de la enfermedad y la muerte gracias a las
campañas preventivas de la OMS y el UNICEF. Por su parte, la UNESCO colabora
con los gobiernos y la sociedad civil de todas las naciones para erradicar el
analfabetismo, fomentar la investigación científica, proteger el medio ambiente y
preservar el patrimonio cultural, con miras a consolidar ese «triángulo interactivo» que
forman la paz, la democracia y el desarrollo. Procuramos así cumplir con el mandato
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constitucional de la Organización, que nos conmina a «edificar los baluartes de la paz
en la mente de los hombres».
El ejemplo de diálogo, tolerancia y concertación pacífica que Portugal ha dado
al mundo en este último cuarto del siglo XX, es una contribución relevante a esa
Cultura de Paz que ya alborea. Y la perspicacia, el tesón y el coraje moral de Don
Mario han sido decisivos para llevar a buen puerto el empeño casi quijotesco de
transformar pacíficamente un régimen autoritario de 40 años en una democracia
moderna y dinámica.
En algunas de sus páginas, Mario Soares cita entre sus poetas favoritos a
Antonio Machado. «Caminante, no hay camino / se hace camino al andar», dice uno
de sus versos más conocidos. El camino que Don Mario ha recorrido en su fructífera
trayectoria humana y política, constituye hoy un ejemplo de abnegación y fidelidad a
los valores esenciales del ser humano, también establecidos en la Constitución de la
UNESCO: la dignidad, la libertad, la justicia, la igualdad, la solidaridad intelectual y
moral. Es precisamente en el seno de una universidad, de una universidad antigua, de
esta Universidad de Evora, donde esta solidaridad tiene que ser cada vez más
intelectual y cada vez más basada en principios éticos.
Hemos contraído una inmensa deuda de gratitud con él y con quienes, a su lado,
hicieron posible esa transformación histórica que devolvió la paz y la libertad a
millones de seres humanos. Hoy, como ayer, es deber de todos nosotros defender esos
valores, iluminados por su ejemplo, y anticiparnos con coraje y lucidez a los peligros
que los amenazan.
Señor Presidente:
El Sr. Rector nos recordaba que la propuesta para este nombramiento ha sido
hecha por los jóvenes, por los estudiantes, por aquellos --nos decía-- que han nacido
en la libertad. Mario Soares y otros muchos, unos más conocidos que otros, forman
parte de esta urdimbre, de este entramado de ciudadanos que han sabido cumplir con
su obligación, que han sabido poner en práctica el sueño que tantas veces los desveló.
Este sueño despierto que hizo, efectivamente, que Portugal pasara a ser no sólo un
ámbito de libertad, sino un ejemplo de cómo esta libertad puede conquistarse.
La palabra es --y esto lo sabe bien el Sr. Presidente de la Asamblea de
Portugal-- la voz; la voz de los sin voz, que es nuestra única fuerza. En la
universidad, en el parlamento, en la democracia, no tenemos más fuerza que la fuerza
de la voz; la fuerza de la palabra. Y es con esta fuerza tan sólo, --esta fuerza
indomable porque refleja estos valores supremos del espíritu--, es con esta única
fuerza con la que tenemos que transformar un mundo hoy herido con nuevos muros,
con nuevos telones de acero, herido por la insolidaridad, herido por unas asimetrías
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sociales absolutamente inadmisibles. Este mundo que tenemos que ver en su
globalidad. Porque si no sabemos verlo desde Europa, si no logramos que retorne a
Europa el amor --que se ha exiliado hace ya muchos años-- y si no nos planteamos
nuestra integración alrededor de unos principios y no alrededor de una moneda, algún
día esta insolidaridad hará que vuelvan a llamar a nuestra puerta, que vuelvan a
pedirnos que nuestros hijos o nuestros nietos vayan de nuevo a la guerra; que estos
estudiantes libres, que viven en libertad, tengan que volver a enfrentarse a la opresión,
la violencia y la intolerancia.
Por este motivo, hoy más que nunca, y en los albores de la celebración el año
próximo el 50º aniversario de la Declaración de los Derechos Humanos, la UNESCO
está empeñada en que se reconozca como fundamental --como el gran legado para
estos jóvenes que han propuesto a Don Mario Soares-- que se reconozca el derecho
humano a la paz. La paz, como prerrequisito, la paz como premisa, la paz como
condición para el ejercicio pleno de todos los demás derechos. No hay educación, no
hay justicia, no hay libertad de expresión, no hay vivienda, nada existe en un contexto
de guerra. Y hemos vivido --y estamos viviendo-- en un contexto de guerra. No
podemos pagar al mismo tiempo el precio de la guerra y el precio de la paz. Tenemos
que elegir.
Yo quisiera que para rendir tributo a estos estudiantes de este nuevo Portugal -que han presentado, que han tenido esta idea gozosa, clarividente de proponer al
Presidente Mario Soares como Doctor Honoris Causa de la Universidad de Evora--,
que todos tuviéramos en cuenta al amanecer que la paz y la libertad son una conquista
personal, que no las puede dar un gobierno, que no las puede dar, por muy importante
que sea, un gupo de protagonistas de la historia. La paz, como el amor, se ganan y
rehacen todos los días.
Señoras y señores:
No puedo terminar esta breve semblanza de nuestro doctorando, sin mencionar
a quien ha sido, durante medio siglo, pilar de su vida e inspiración luminosa de su
obra: su mujer, María de Jesús. Quienes hemos tenido el privilegio de ser amigos de
ambos, sabemos que ella es una referencia indispensable para comprender la
trayectoria vital de Don Mario, que ha sabido compartir alegrías y fracasos con el
mismo ánimo resuelto, que ha sido madre, amiga, maestra y compañera de luchas
cívicas de excepcional valía. Sabe como educadora, como educadora en activo, que no
hay más pedagogía que la pedagogía del ejemplo y la pedagogía del amor. Y por eso
lucha contra la violencia y la intolerancia.
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[Le Directeur général termine en français]
Mesdames, Messieurs,
Il n´y a qu´une pédagogie : celle de l´exemple et de l´amour. L´Université, si
elle veut être phare, si elle veut être tour de guet, a besoin, aujourd´hui plus que
jamais, d´exemples qui puissent éclairer nos chemins d´avenir. Ce sont les «diplômes»
conférés par la vie et par l´histoire qui peuvent susciter et mettre en branle les
transformations radicales que notre conscience réclame. Oui, notre conscience nous
dit et nous répète que ce n´est pas par l´argent que pourra s´accomplir l´intégration
européenne; notre conscience nous dit et nous répète que notre tâche première consiste
à aider tous les humains à acquérir la maîtrise d´eux-mêmes.
Aujourd´hui, l´Université d´Evora est honorée d´accueillir en son sein un grand
professeur diplômé par la vie, un pionnier de la lutte pour la dignité humaine :
Mario Soares.
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Discurso do Prof. Federico Mayor, Director Geral da UNESCO