Suplemento Especial do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique Setembro de 2015 Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique Autoridade Reguladora dos Sectores Postal e de Telecomunicações 9 ENGº. JOÃO JORGE, PRIMEIRO DIRECTOR-GERAL Dinamizámos indústria de telecomunicações J oão Jorge é a figura a quem foi confiada, pelo Governo, a responsabilidade de conceber, traçar o perfil e garantir o pleno funcionamento e a actuação do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM). Foi o primeiro Director-geral da instituição, funções que desempenhou de 1992 a 2003, ano em que vai aos Estados Unidos cursar Mestrado em Ciências de Telecomunicações. Na entrevista que nos concedeu fala dos momentos que nortearam esta “Casa” e sublinha que o Instituto foi criado com a tarefa de regular a indústria de telecomunicações no país, garantir a liberalização deste mercado e permitir que houvesse uma concorrência sã entre os diversos operadores, ao mesmo tempo que se protegia o interesse dos utentes destes serviços. Antes de assumir estas responsabilidades, João Jorge esteve ligado à empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM), onde entrou muito jovem. Durante anos chefiou a Divisão de Gestão de Frequências. Mais tarde, saiu para o INCM, como Director-geral, e hoje é Secretário Executivo do Fundo de Serviço de Acesso Universal. E aqui ficam os principais excertos da entrevista com João Jorge. É o primeiro Director-geral do Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM), instituição criada pelo Decreto 22/92, de 10 de Setembro. Que razões levaram o Governo a decidir isso? Quando Moçambique conquistou a Independência Nacional, em 1975, o sistema de telecomunicações estava organizado numa única entidade que eram Correios, Telégrafos e Telefone (CTT), que fazia o desenvolvimento de telecomunicações no país. Mas, de 1975 a 1980 houve uma alteração institucional, mudando a estrutura dos CTT. E a primeira acção foi a mudança do nome, passando de CTT para Correios e Telecomunicações de Moçambique. Evoluímos, depois, no mesmo período, para um processo dinâmico que leva à criação de duas empresas estatais que são: Correios de Moçambique (CM) e a empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM). No entanto, a função política continuou ao nível do Ministério dos Transportes e Comunicações. E estas duas empresas desenvolviam a componente de modernização da rede, evolução e construção da espinha dorsal. E de 1981 até princípios dos anos 90, entrámos numa segunda etapa no que diz respeito à organização do sector, que abrangia o Ministério dos Transportes e Comunicações, que tutelava a área dos Correios e Telecomunicações. É importante recordar que havia uma Direcção Nacional dos Correios e Telecomunicações, MAIS-VALIA DO INCM Regular, fiscalizar e garantir sã concorrência Que mudanças ou mais-valias trouxe a criação do INCM? O Instituto Nacional das Comunicações foi criado numa lógica do processo macro-económico do desenvolvimento do país. Quando entrámos para a economia do mercado, as telecomunicações também foram-se abrindo e deixaram de ser monopólio e entraram para o ambiente de concorrência. E para isso tinha de haver um árbitro para velar pelos interesses de todos os intervenientes que actuam neste processo. É lógico que os primeiros momentos foram muito difíceis, porque de aprendizagem, uma vez que não tínhamos quadros à altura deste desafio. Qual foi o primeiro impacto que tivemos, logo depois da criação do INCM? O primeiro momento que tivemos, depois da criação do INCM – como sabemos já havia empresas que trabalhavam na componente de dados ou outros serviços complementares – foi a entrada de operadores de telefonia móvel celular e o seu respectivo licenciamento. Podemos dizer que o INCM contribuiu para a liberalização do sector, para a entrada de novos operadores de telefonia móvel e também para a garantia de uma concorrência sã, porque, de facto, o regulador deve garantir esse tipo de concorrências… Certo. Mas há que dizer também que a criação do INCM tinha em perspectiva promover a protecção dos consumidores. Quer dizer, a essência do regulador tem três pilares: por cima está o Estado e depois operadores e os consumidores. E o mercado tem de funcionar de uma forma correcta. Não pode haver desequilíbrios, tanto é que temos de defender os vários interesses. Cont...