PT/BR 02 PRIMA-EF Gestão de Riscos Psicossociais – Modelo Europeu: nível empresarial Palavras-Chave: Gestão de Riscos Psicossociais. Estresse Relacionado ao Trabalho. Violência no Local de Trabalho. Assédio. Bullying. Introdução são relevantes: o Acordo Modelo sobre o Estresse no Trabalho (2004) e o Acordo Modelo sobre o Assédio e Violência no Trabalho (2007). O modelo europeu para gestão de riscos psicossociais no local de trabalho (PRIMA-EF) tem como objetivo fornecer um modelo para promover políticas e práticas nos níveis nacional e empresarial na União Europeia (UE). A necessidade de tal modelo é particularmente urgente devido aos dados recentes da UE que indicam a alta prevalência de riscos psicossociais à saúde dos trabalhadores e o aumento da ocorrência de problemas como o estresse relacionado ao trabalho e violência, assédio e o bullying (atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados com o objetivo de intimidar ou agredir indivíduo(s) incapaz(es) de se defender) no local de trabalho, Os riscos psicossociais relacionados ao trabalho abrangem aspectos de concepção e gestão do trabalho e seus contextos sociais e organizacionais que têm o potencial de causar danos psicológicos ou físicos. O estresse relacionado ao trabalho está entre as causas mais comuns de doenças referidas pelos trabalhadores afetando mais de 40 milhões de pessoas em toda a EU (Fundação Europeia, 2007). A mesma pesquisa revelou que 6% da força de trabalho foi exposta a ameaças de violência física, 4% a violência por parte de outras pessoas e 5% a bullying e / ou assédio no trabalho ao longo dos últimos 12 meses. Objetivo PRIMA-EF, no nível empresarial, identifica os aspectos-chave e as etapas na gestão de riscos psicossociais no trabalho. Pode ser usado por empresas da União europeia, especialistas e representantes dos trabalhadores como a base para o desenvolvimento de políticas relevantes, indicadores e planos de ação para prevenir e gerenciar o estresse relacionado ao trabalho, assim como a violência, o assédio e o bullying no local trabalho. Este folheto é complementado pelos demais documentos do PRIMA - EF (disponíveis em www.prima-ef.org). Contexto Legal Aspectos-chave do modelo PRIMA (veja também o folheto 01) • Uma boa Gestão de Riscos Psicossociais – PRIMA, significa um bom negócio; • PRIMA deve ser um processo contínuo, parte das rotinas operacionais da empresa; • Deve haver apropriação do processo PRIMA por todas as partes interessadas; • Deve ser contextualizado e adaptado à realidade da empresa; • PRIMA deve estar fundamentado na prática baseada em evidências; • PRIMA deve ter uma abordagem participativa com base no diálogo social; • PRIMA deve incluir diferentes níveis de intervenção com foco em medidas a serem tomadas na origem do problema; • PRIMA faz parte dos processos éticos e de responsabilidade social corporativa; • Os recursos nos níveis macro e empresarial devem ser considerados no processo PRIMA. Elementos-chave e modelo do PRIMA 1.Foco declarado em um determinada população de trabalhadores localde trabalho ou conjunto de operações; 2.Avaliação dos riscos para compreender a natureza do problema e suas principais causas; 3.Concepção e implementação de ações elaboradas para eliminar ou reduzir os riscos (soluções); 4.Avaliação das ações e aprendizados a partir delas; 5.Gestão cuidadosa e ativa do processo. Gestão e Organização dos processos de trabalho A gestão de riscos psicossociais está entre as obrigações dos empregadores em avaliar e gerenciar todos os tipos de riscos à saúde dos trabalhadores, conforme estipulado pelo Quadro Normativo do Conselho Europeu sobre a Introdução de Medidas para Promover Melhorias na Área de Segurança e Saúde dos Trabalhadores no Local de Trabalho, 89/391/EEC. Além disso, dois acordos foram fechados pelos Parceiros Sociais Europeus e também são relevantes: o Acordo Modelo Sobre o Estresse Relacionado ao Trabalho (2004) e o Acordo Modelo Sobre o Assédio e Violência no Trabalho (2007). Contudo, uma boa gestão de riscos psicossociais vai além das exigências legais e oferece muitas oportunidades para as empresas. Resultados PRODUÇÃO Concepção, desenvolvimento e operação do trabalho e produção Inovação Produtividade e Qualidade Avaliação de Risco e Auditoria Tradução/ Planos de ação Redução de Riscos (intervenções) Qualidade do Trabalho Saúde dos trabalhadores Aprendizagem organizacional Avaliação Resultados Sociais Etapas do PRIMA Avaliação de riscos A avaliação de riscos é elemento central do processo de gestão de riscos. Foi definida pela Comunidade Europeia como um “exame sistemático do trabalho realizado, levando em consideração o que pode causar lesões ou danos; identificar se os perigos podem ser eliminados e, em caso negativo, quais as medidas preventivas ou de proteção são, ou deveriam ser, realizadas para controlar os riscos”. A avaliação de riscos fornece informações sobre a natureza e a gravidade do problema, sobre os perigos psicossociais e a forma que eles podem afetar a saúde das pessoas expostas bem como a “salubridade” da empresa (em termos de questões como o absenteísmo no trabalho, compromisso com a organização, satisfação do trabalhador, a intenção de sair da empresa e a produtividade). Uma avaliação de risco bem conduzida não só identifica os desafios, mas também os Dois acordos fechados pelos Parceiros Sociais Europeus também aspectos positivos do ambiente de trabalho que devem ser promovidos e potencializados. O propósito da avaliação de riscos é informar, orientar e apoiar a redução de riscos: não é um objetivo em si mesmo. A avaliação de riscos deve: • ser baseada em dados coletados por meio de ferramentas como pesquisas, discussões individuais ou em grupos, além de métodos de observação; • levar em consideração questões referentes à diversidade e não ignorar o contexto mais amplo, tais como: as características ocupacionais setoriais ou variações sócio-econômicas e culturais entre os Estados Membros da UE; • reconhecer e utilizar o conhecimento e a experiência dos trabalhadores em relação ao trabalho que realizam; • Tratar a informação no nível de grupo (não catalogar os pontos de vista individuais sobre o trabalho) e avaliar o consenso dos pareceres dos especialistas sobre as condições de trabalho. www.prima-ef.org | www.sesi.org.br/pro-sst Auditoria das práticas existentes e estrutura de apoio Antes que a ação possa ser planejada de forma detalhada, é necessário analisar quais medidas já existem, se de fato existem, para lidar com os perigos psicossociais e quais são seus efeitos sobre o indivíduo ou a organização. Esta análise requer uma auditoria (revisão, análise e avaliação crítica) das práticas de gestão existentes e da estrutura de apoio existente para os trabalhadores. Essas informações provenientes da auditoria, juntamente com as informações oriundas da avaliação de riscos, levam a um processo de tradução: a discussão e exploração dos dados da avaliação de riscos para permitir o desenvolvimento de um plano de ação para redução de riscos. Desenvolvimento de um plano de ação Quando a natureza dos problemas e suas causas são suficientemente compreendidas, um plano de ação sensato e prático para reduzir riscos (soluções) pode ser desenvolvido. Isso envolve decidir sobre: o que está sendo definido como alvo, como ele será atingido e quem é o responsável, que outras partes necessitam ser envolvidas, qual é o plano de ação, que recursos são necessários, quais são os benefícios esperados (saúde e negócios) e como eles podem ser medidos, bem como o método de avaliação do plano de ação. As intervenções para a redução de riscos devem dar prioridade à modificação dos fatores de riscos psicossociais em sua origem, focalizando na organização ou nos grupos. As medidas direcionadas aos trabalhadores podem complementar outras ações e representam um apoio importante para os trabalhadores que já estão sofrendo os efeitos negativos da exposição a fatores de risco. Redução de riscos (implementação do plano de ação) A implementação de medidas e intervenções representa um passo crucial para a redução dos riscos. A implementação do plano de ação para a redução de riscos deve ser gerenciada de forma atenta e cuidadosa. O progresso do plano de ação deve ser sistematicamente monitorado, registrado e discutido para identificar onde as medidas de correção são necessárias, bem como deve ser feita uma a previsão para a realização de avaliações das mesmas. A apropriação e participação dos gestores e trabalhadores são essenciais para o processo de implementação e para o aumento da probabilidade de sucesso (exemplo, redução de riscos). Avaliação do plano de ação É fundamental que para qualquer plano de ação a ser avaliado sejam determinados como e em que aspectos ele tem sido bem sucedido. O processo de implementação, bem como os resultados do plano de ação, devem ser avaliados. A avaliação deve considerar vários tipos de informação e ser elaborada a partir de várias perspectivas relevantes (por exemplo, equipe, gestores, partes interessadas). Aprendizagem organizacional A organização deve usar a avaliação para a melhoria contínua e também como base para compartilhar (discutir e comunicar) pontos de aprendizagem que podem ser usados em uma fase futura da gestão de riscos. Pode também utilizá-la na (re)concepção da organização das atividades e dos locais de trabalho como parte do processo normal de desenvolvimento organizacional. A orientação a longo prazo é essencial e deve ser adotada pelas organizações. As lições aprendidas devem ser discutidas e, se necessário, redefinidas em reuniões de trabalho e utilizadas como parte do processo de diálogo social na empresa. Elas devem ser comunicadas a um público mais amplo da empresa. As lições aprendidas também devem ser utilizadas como dados iniciais para o “ciclo seguinte” do processo de gestão de riscos psicossociais. Resultados do processo PRIMA O conhecimento dos resultados do processo de gestão de riscos é um importante insumo para o processo contínuo de avaliação de riscos. Uma organização saudável é definida como aquela que possui valores e práticas que favorecem o bem-estar e a saúde do trabalhador, assim como a melhoria do desempenho e da produtividade organizacional. PRIMA pode contribuir para: • redução de custos causados pela ausência no trabalho, erros e pelos acidentes e, consequentemente, um aumento da produção associada a esses fatores. • redução dos custos com tratamento médico, seguros e responsabilidades legais. • melhoria dos processos de trabalho e de comunicação e a promoção da efetividade e eficiência no trabalho. • atratividade por parte da empresa, através da imagem de boa empregadora e de uma organização altamente valorizada pela sua equipe e seus clientes. • desenvolvimento de uma cultura organizacional inovadora, responsável e orientada para o futuro. • a promoção da saúde no contexto mais amplo da comunidade. As melhores práticas em relação à gestão de riscos psicossociais refletem essencialmente as melhores práticas em termos de gestão, aprendizagem e desenvolvimento organizacionais, responsabilidade social e promoção da qualidade de vida no trabalho. Mais informações AGÊNCIA EUROPEIA PARA SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO. Stress. Disponível em: <http://osha.europa.eu/en/topics/stress>. Acesso em: fev. 2011. EUROPEAN COMISSION EMPLOYMENT, SOCIAL AFFAIRS AND INCLUSION. Acordo modelo sobre estresse relacionado ao trabalho. Disponível em: <http://ec.europa. eu/ employment_social/news/2004/oct/stress_a greement_en.pdf>. Acesso em: fev. 2011. ______. Site. Disponível em: < http://ec.europa.eu/employment_social/news/2007/ apr/harassment_violence_at_work_en.pdf>. Acesso em: fev. 2011. FUNDAÇÃO EUROPEIA PARA MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE VIDA E DO TRABALHO. Quarta pesquisa europeia sobre condições de trabalho. Luxemburgo: Escritório para Publicações Especiais da União Europeia, 2007. Disponível em: <http://www. euro-found.europa.eu/ewco/surveys/index.htm>. Acesso em: fev. 2011. LEKA, S.; COX, T. (Ed.). The European Framework for Psychosocial Risk Management. Nottingham: PRIMA-EF, 2008. ISBN 978-0-9554365-2-9. Publicações da I-OMS. ______. Guidance on the European Framework for Psychosocial Risk Management. Genebra: PRIMA-EF; OMS, 2008. Disponível em: <www.prima-ef.org>. Acessoem: fev. 2011. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TRABALHO. Programme on Safety and Health at Work and the Environment: SafeWork. Disponível em: <www.ilo.org/public/english/protection/safework/ stress/index.htm>. Acesso em: fev. 2011. PRIMA-EF. Site. Disponível em: <www.prima-ef.org>. Acesso em: fev. 2011 Contatos Dra. Stavroula Leka T. +44 (0)115 8466662 F. +44 (0)115 8466625 E. [email protected] Professor Tom Cox T. +44 (0)115 8467560 F. +44 (0)115 8466625 E. [email protected] Instituto do Trabalho, Saúde e Organizações, Universidade de Nottingham, Nível B Casa Internacional, Campus Jubilee, Wollaton Road, Nottingham NG8 1BB, UK Este produto é baseado no material original produzido pelo Instituto do Trabalho, Saúde e Organizações (I-WHO), Universidade de Nottingham e parceiros com adaptação feita pelo SESI. Disponível em: <http://prima-ef.org/Documents/02.pdf, www.sesi.org.br/pro-sst.>. O SESI é responsável pela tradução para o português. Normalização: Renata Lima Adaptação do projeto gráfico e diagramação: AMR Design Revisão técnica da tradução para o português e adaptação: Andrea Maria Gouveia Barbosa e Sylvia Regina Trindade Yano ©2008Prima-efConsortium Tradução: Trilha Mundos Criado e desenvolvido pelo Consórcio PRIMA-EF. Impresso no Brasil por Serviço Social da Industria – SESI - Departamento Nacional No modelo PRIMA-EF os perigos psicossociais também incluem a violência, o bullying e o assédio no trabalho. A avaliação de riscos de violência física por parte dos consumidores deve levar em conta o ambiente físico de trabalho, por exemplo, a concepção do local de trabalho e dispositivos de segurança como fatores que favorecem ataques violentos. O bullying no local de trabalho é um fenômeno multiforme: sofrer o bullying é uma situação de risco psicossocial que causa danos psicológicos. Por outro lado, o “bullying” no trabalho deve ser visto e discutido como decorrente de um ambiente de trabalho precário em relação a aspectos psicossociais. Os estilos de liderança são particularmente importantes no que se refere ao bullying e devem ser considerados. Reunir informações sobre os perigos psicossociais e seus possíveis efeitos sobre a saúde permite a identificação de prováveis fatores de risco. Esses fatores de risco podem ser priorizados em função da natureza do perigo ou do dano que provocam, da magnitude da relação entre perigo e dano ou do tamanho do grupo afetado.