Andreza Vargas da Silva COMPARAÇÃO DAS ALTERAÇÕES METABÓLICAS PRECOCES DO BLOQUEIO HORMONAL NO CÂNCER DE PRÓSTATA: ORQUIECTOMIA BILATERAL VERSUS ANÁLOGO DE LHRH Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação PIO XII – Hospital de Câncer de Barretos para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde Área de Concentração: Oncologia Orientador: Prof. Dr. Eliney Ferreira Faria Barretos, SP 2014 FICHA CATALOGRÁFICA Preparada por Vanessa Alves Zagatto CRB 8/8638 Biblioteca da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos S586c Silva, Andreza Vargas da Comparação das alterações metabólicas precoces do bloqueio hormonal no câncer de próstata: orquiectomia bilateral versus análogo de LHRH. / Andreza Vargas da Silva. - Barretos, SP 2014. 70 f. : il. Orientador: Eliney Ferreira Faria. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) – Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos, 2014. 1.Neoplasias da Próstata. 2.Hipogonadismo. 3.Orquiectomia. 4.Terapia de Privação Androgênica. 5. Síndrome Metabólica. 6. Análogo de LHRH. I. Autor. II. Freitas, Eliney Ferreira CDD 616.99463 FOLHA DE APROVAÇÃO Andreza Vargas da Silva Comparação das alterações metabólicas precoces do bloqueio hormonal: orquiectomia bilateral versus análogo de LHRH, no câncer de próstata Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos para obtenção do Título de Mestre em Ciências da Saúde - Área de Concentração: Oncologia Data da aprovação: 13/06/2014 Banca Examinadora: Prof. Dr. Marcos Tobias Machado Instituição: Faculdade de Medicina do ABC Prof. Dr. Valdemar Ortiz Instituição: Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP Prof. Dr. Eliney Ferreira Faria Orientador Dr. Adhemar Longatto Filho Presidente da Banca Esta dissertação foi elaborada e está apresentada de acordo com as normas da Pós-Graduação do Hospital de Câncer de Barretos – Fundação Pio XII, baseando-se no Regimento do Programa de Pós-Graduação em Oncologia e no Manual de Apresentação de Dissertações e Teses do Hospital de Câncer de Barretos. Os pesquisadores declaram ainda que este trabalho foi realizado em concordância com o Código de Boas Práticas Científicas (FAPESP), não havendo nada em seu conteúdo que possa ser considerado como plágio, fabricação ou falsificação de dados. As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem a visão da Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos. Embora o Núcleo de Apoio ao Pesquisador do Hospital de Câncer de Barretos tenha realizado as análises estatísticas e orientado sua interpretação, a descrição da metodologia estatística, a apresentação dos resultados e suas conclusões são de inteira responsabilidade dos pesquisadores envolvidos. AGRADECIMENTOS Ao meu amado marido Roberto, por me ensinar que com carinho, dedicação e perseverança podemos alçar voos cada vez maiores. Obrigada por ser minha fonte de inspiração Aos meus pais Agnaldo e Arlinda, responsáveis pela estrutura sólida do meu crescimento pessoal e por me ensinar a importância do amor ao próximo Aos meus irmãos Alex, Athos e Aline, cunhados, sobrinho Pedro, Geralda e Nathália que juntos completam a família amorosa e presente que sempre me incentivou a concretizar meus sonhos À minha sogra Maria, por me acolher como filha Aos queridos amigos, que compreenderam meus momentos de ausência À minha saudosa Universidade Federal do Triângulo Mineiro, que me proporcionou os primeiros passos na medicina Aos Prof. Drs. Marcos Tobias Machado e Carlos Eduardo Paiva, pelas valiosas e fundamentais contribuições que moldaram este projeto À Equipe de Uro-oncologia do HCB, pelo empenho na seleção dos pacientes e pela amizade inestimada Ao Núcleo de Apoio ao Pesquisador, à Equipe de Bioestatística e a Rafael Souza, pelo suporte e ajuda imensuráveis Ao Comitê de Ética em Pesquisa, por transmitir o ensinamento de que acima da pesquisa estará sempre o bem estar do paciente À Comissão de Pós Graduação (Brenda e Silvana), pela paciência e dedicação ao pesquisador inexperiente Aos queridos pacientes, que com sua humildade e generosidade permitiram-me crescer pessoal e profissionalmente através de suas lutas Ao Hospital de Câncer de Barretos, que me deu a oportunidade de vivenciar o real significado da palavra humanização E finalmente, em especial, ao Prof. Dr. Eliney Ferreira Faria, que além de grande pesquisador e orientador, me instigando sempre a buscar o conhecimento, se tornou um amigo para toda a vida. Obrigada por acreditar e confiar a mim este projeto “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.” Charles Chaplin ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO 1 1.1 Câncer - aspectos epidemiológicos 1 1.2 Estadiamento e Classificação de risco 1 1.3 Tratamento do câncer de próstata 3 1.4 Terapia de Privação Androgênica 5 1.5 Síndrome Metabólica 7 2 JUSTIFICATIVA 11 3 OBJETIVOS 12 4 MATERIAL E MÉTODOS 13 4.1 Casuística e Organização dos Grupos 13 4.2 Critérios de Inclusão 17 4.3 Critérios de Exclusão 17 4.4 Análise Estatística dos Dados 17 4.5 Aspectos Éticos 18 5 RESULTADOS 19 6 DISCUSSÃO 30 6.1 Dados Clínicos e Histopatológicos 30 6.2 Alterações Metabólicas 31 6.2.1 Risco Cardiovascular 31 6.2.2 Composição Corporal 33 6.2.3 Perfil Glicêmico 34 6.2.4 Perfil Hematológico 36 6.2.5 Densidade Mineral Óssea 37 6.2.6 Limitações do estudo 39 7 CONCLUSÕES 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41 ANEXOS Anexo 1- Estadiamento Clínico TNM 50 Anexo 2- Ficha de coleta de dados 51 Anexo 3- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) 54 Anexo 4- Carta de aprovação do CEP Anexo 5- Carta de submissão do artigo científico LISTA DE FIGURAS Figura 1- Estratificação de risco do câncer de próstata proposta por D’Amico 3 Figura 2- Propostas terapêuticas baseadas nas recomendações do NCCN de 2010 4 Figura 3- Critérios da NCEP/ATP III para definição de Síndrome Metabólica 7 Figura 4- Estudos que relacionam terapia de privação androgênica e alterações 9 metabólicas Figura 5- Comparação das médias de HOMA-IR ao longo do tempo entre os 27 grupos Figura 6- Comparação das médias de hemoglobina ao longo do tempo entre os 28 grupos Figura 7- Comparação das médias de HOMA-IR ao longo do tempo, em pacientes 29 não diabéticos, entre grupos Figura 8- Comparação das médias de HOMA-IR ao longo do tempo, em pacientes diabéticos, entre grupos 29 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Exames para avaliação das alterações metabólicas 16 Tabela 2- Exames para avaliação de eficácia do tratamento 16 Tabela 3- Comparação das características clínico-laboratoriais e histopatológicas no 20 pré-tratamento, entre os grupos cirúrgico e medicamentoso, em pacientes com câncer de próstata, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014 Tabela 4- Comparação dos exames laboratoriais metabólicos e complementares pré- 22 tratamento, entre os grupos cirúrgico e medicamentoso, em pacientes com câncer de próstata, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014. Tabela 5- Evolução dos exames laboratoriais relacionados à eficácia terapêutica, ao 23 longo do tempo, para os grupos cirúrgico e medicamentoso, em pacientes com câncer de próstata, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014 Tabela 6- Evolução dos exames laboratoriais metabólicos e complementares, ao longo 24 do tempo, para os grupos cirúrgico e medicamentoso, em pacientes com câncer de próstata, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014 Tabela 7- Comparação do perfil metabólico, entre os grupos cirúrgico e 25 medicamentoso, em pacientes com câncer de próstata considerando a diferença entre os exames sexto mês e basais, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014 Tabela 8- Comparação das variáveis metabólicas de desfecho principal, quanto aos grupos, ao tempo e interação grupo versus tempo pelo teste de variância (ANOVA) de medidas repetidas em pacientes com câncer de próstata, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014 26 LISTA DE ABREVIATURAS AVC Acidente Vascular Cerebral CaP Câncer de Próstata Col. Colaboradores DHEA Dehidroepiandrostenediona DMO Densitometria Mineral Óssea DP Desvio padrão DM Diabetes Mellitus HCB Hospital de Câncer de Barretos HDL High density lipoprotein HPLC High-performance liquid chromatography HOMA IR Homeostatic model assessment for insulin resistance IMC Índice de Massa Corporal IAM Infarto Agudo do Miocárdio IC Intervalo de Confiança LDL Low density lipoprotein LHRH Luteinizing hormone-releasing hormone NGSP National Glycohemoglobin Standardization Program PSA Prostate-Specific Antigen TPA Terapia de privação androgênica TG Triglicerídeos LISTA DE SÍMBOLOS = Igual ≥ Maior ou igual ≤ Menor ou igual ± Mais ou menos X Versus % Porcentagem RESUMO Silva, AV. Comparação das alterações metabólicas precoces do bloqueio hormonal no câncer de próstata: orquiectomia bilateral versus análogo do LHRH. Dissertação (Mestrado). Barretos: Hospital de Câncer de Barretos; 2014. JUSTIFICATIVA: O câncer de próstata (CaP) é a neoplasia não cutânea mais comum no sexo masculino. É a segunda principal causa de morte por câncer. A taxa de sobrevida média em 5 anos é de aproximadamente 98%. Devido a essa longa sobrevida a morbidade relacionada ao tratamento é uma preocupação importante. O tratamento paliativo com bloqueio hormonal está indicado nos tumores localmente avançados, metastáticos e ainda em casos de recidiva bioquímica. Pode ser conseguido cirurgicamente (orquiectomia bilateral) ou castração medicamentosa (análogo de LHRH). Na literatura existem poucos estudos comparando as duas formas de tratamento em relação aos efeitos colaterais metabólicos. OBJETIVO: Avaliar e comparar as alterações metabólicas precoces das modalidades de tratamento orquiectomia bilateral versus análogo de LHRH. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo de coorte conduzido no Hospital de Câncer de Barretos. Um total de 100 indivíduos portadores de câncer de próstata com indicação de bloqueio hormonal foram distribuídos por conveniência consecutiva em 2 grupos, bloqueio androgênico cirúrgico e medicamentoso (acetato de leuprorrelina 22,5mg trimestral). Os principais parâmetros analisados foram hematimetria, perfil lipídico, perfil glicêmico, composição corporal e massa óssea. Os dados foram descritos considerando a média, desvio padrão, mínimo para variáveis quantitativas, e tabelas de frequência para variáveis qualitativas. Os dois grupos foram comparados, considerando as variáveis sócio demográficas e clínicas pelo teste de Qui-quadrado (ou Exato de Fisher) quando a variável era qualitativa e o teste t de Student ou Mann-Whitney quando a variável era quantitativa. As alterações metabólicas secundárias ao tratamento (desfecho principal) foram avaliadas em 4 períodos distintos. As variáveis quantitativas foram comparadas utilizando a ANOVA de medidas repetidas. RESULTADOS: Os grupos eram similares no período pré-tratamento em relação à maioria dos parâmetros metabólicos analisados. Houve piora global dos perfis lipídico (aumento de colesterol total, LDL colesterol e triglicerídeos), glicêmico (aumento de glicemia de jejum, insulina basal e HOMA-IR) e hematimétrico (queda de hemoglobina e hematócrito) ao longo do tempo de seguimento, para ambos os grupos, com diferença estatisticamente significativa no período de 6 meses quando comparados ao basal. Comparando-se os dois grupos, cirúrgico versus medicamentoso, houve diferença estatística significativa para HOMA-IR (p=0,044), hemoglobina (p<0,001), hematócrito (p<0,001) e densidade mineral óssea de L1-L4 (p=0,002). CONCLUSÃO: O bloqueio androgênico com análogo de LHRH mostrou-se menos favorável em relação à resistência insulínica, principalmente em pacientes diabéticos. O bloqueio medicamentoso induziu mais anemia e mais desmineralização ósseo que o bloqueio cirúrgico. PALAVRAS CHAVE: câncer de próstata; terapia de privação androgênica; hipogonadismo; orquiectomia; análogo de LHRH; síndrome metabólica ABSTRACT Silva , AV .Comparison of early metabolic alterations due to hormonal blockage for prostate cancer: bilateral orchiectomy versus LHRH analogue. Dissertation (Master’s degree). Barretos: Barretos Cancer Hospital; 2014. BACKGROUND: Prostate cancer (PCa) is the most common non-cutaneous malignancy in men. It is the second leading cause of cancer death. The average 5-year survival for prostate cancer is approximately 98%. Due to this long term survival the morbidity related to treatment is a major concern. Palliative treatment with androgen deprivation therapy is indicated for locally advanced tumors, metastatic cases and it’s also indicated for biochemically recurrent tumors. The androgen deprivation can be achieved surgically by bilateral orchiectomy or medical castration (LHRH analogues). In the literature there are few reports which compare the two forms of treatment in relation to the metabolic side effects. OBJECTIVE: To evaluate and compare the early metabolic changes due to androgen deprivation in both treatment modalities (bilateral orchiectomy versus LHRH analogue). MATERIAL AND METHODS: This is a cohort study conducted at the Barretos Cancer Hospital. A total of 100 patients with prostate cancer and indication of hormonal blockage were enrolled in two groups through consecutive convenience; a surgical group and a medical androgen deprivation group. The main parameters analyzed were hematimetry, lipid profile, glycemic control, body composition and bone mass. The data were presented taking into account the mean, standard deviation, minimum and maximum for quantitative variables and frequency tables for qualitative variables. Both groups were compared, considering the socio demographic and clinical variables by chi-square test (or Fisher exact) when the variable was qualitative, and the Student t test or Mann - Whitney test was used when the variable was quantitative. The metabolic changes secondary to the treatment (main outcome) were assessed in 4 distinct periods. The quantitative variables were compared by using the ANOVA test for repeated measures. RESULTS: The groups were similar in the pretreatment period compared to most metabolic parameters. Worsening of lipid profiles (increased total cholesterol, LDL cholesterol and triglycerides), glucose (increased fasting glucose, basal insulin and HOMA-IR) and erythrocyte (decreased in hemoglobin and hematocrit) occurred during the follow-up time for both groups, with statistically significant differences at 6 months compared to baseline. Comparing the surgical group versus the medical groups, there were statistically significant differences in HOMA-IR (p=0,044), hemoglobin (p<0,001), hematocrit (p<0,001) and bone mineral density of L1 - L4 (p =0,002). CONCLUSION: The androgen deprivation therapy with LHRH analogue was less favorable in relation to insulin resistance, especially in diabetic patients. The pharmacological blockage induced more anemia and bone demineralization than the surgical castration. KEYWORDS: prostate cancer; androgen deprivation therapy; hypogonadism; orchiectomy, LHRH analogue; metabolic syndrome. 1 1. INTRODUÇÃO 1.1. Câncer de Próstata- Aspectos Epidemiológicos O câncer de próstata (CaP) é a neoplasia não cutânea mais comum no sexo masculino, sendo considerado um dos principais problemas de saúde pública no Brasil. É a segunda principal causa de morte por câncer 1. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou mais de 68 mil novos casos para o ano de 2014 no Brasil, correspondendo a um risco de 70 casos para cada 100 mil habitantes 2. Foram estimados mais de 233 mil novos casos com mais de 29 mil mortes para o ano de 2014, nos Estados Unidos 3. Estudos epidemiológicos atuais apontam para um crescimento das taxas de incidência de CaP em todo o mundo. Isso pode estar relacionado aos programas de rastreamento, ao amplo emprego do antígeno prostático específico (PSA) e ao aumento da expectativa de vida 4. Atualmente a idade média dos pacientes ao diagnóstico é de 65 anos 5. Na ausência de programas de rastreamento estruturados somente 55% dos tumores estão clinicamente localizados no momento do diagnóstico 6. O estudo de Faria e colaboradores 7 mostrou que no Brasil considerando sistema público de saúde existe diferença estatisticamente significativa entre estadiamento III e IV para homens submetidos a rastreamento oportuno quando comparado àqueles não submetidos. Aproximadamente 3% de todos os homens morrerão de CaP, embora esta mortalidade tenha diminuído 31% nos últimos anos 8. A taxa de sobrevida média em 5 anos é de aproximadamente 98%. Dentre aqueles que apresentam doença metastática a sobrevida média é de 30 meses 9 e quase 10% sobrevivem 10 anos após o diagnóstico 10 . Devido a essa longa sobrevida a morbidade relacionada ao tratamento é uma preocupação importante 11. 2 1.2. Estadiamento do Câncer de Próstata e Classificação de risco O estadiamento clínico do CaP pode predizer a extensão da doença, definir prognóstico e opções terapêuticas. Os parâmetros clássicos utilizados para este estadiamento são o toque retal, PSA sérico, grau tumoral, imagem radiológica (principalmente tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética), medicina nuclear (cintilografia óssea) e em algumas situações a linfadenectomia pélvica 7. As informações do estadiamento clínico são úteis para ajudar na decisão sobre as modalidades terapêuticas. Estes dados podem predizer inclusive achados patológicos, como mudança de grau tumoral, margens cirúrgicas, presença de doença extracapsular, invasão de vesículas seminais e linfonodos pélvicos comprometidos; e à avaliação final indicariam o tempo para recorrência bioquímica do PSA e o prognóstico 12. A classificação mais usada é a TNM, adotada em 1975 pela American Joint Committee for Cancer (AJCC), a qual foi modificada em janeiro de 2010 13 (Anexo 1). Com a biópsia confirmatória de CaP é necessário realizar a classificação do grau tumoral. A graduação histopatológica de Gleason é universalmente utilizada e atua como um importante fator prognóstico isolado. Esta graduação constitui-se de cinco padrões, sendo que a somatória dos dois predominantes é o escore de Gleason, que varia de 6 a 10 no CaP. Os números que compõem a somatória são informados entre parênteses, sendo o primeiro da sequência aquele predominante na neoplasia 14. Outra classificação importante foi sugerida por D’Amico e colaboradores 15 que propuseram a estratificação de pacientes portadores de CaP em três grupos em relação à possibilidade de recidiva bioquímica e progressão de doença: baixo risco, risco intermediário e alto risco (Figura 1) e mostrou que o tempo livre de recorrência da doença em 10 anos após prostatectomia radical é estatisticamente diferente entre estas categorias, sendo 83% para baixo risco, 46% para risco intermediário e 29% para alto risco. 3 Figura 1: Estratificação de risco do câncer de próstata proposta por D’Amico et al 15 1.3. Tratamento do Câncer de Próstata O tratamento do CaP deve ser sempre individualizado. As decisões que envolvem o tratamento de pacientes com câncer de próstata são baseadas em diversas variáveis, tanto do ponto de vista oncológico quanto social, clínico/laboratorial e de expectativa de vida 16 . Para planejar o tratamento deve-se levar em consideração características da doença como extensão local, presença de metástases ganglionares e à distância e o grau de Gleason. Muitos pacientes, senão a maioria, em algum momento de sua evolução, mesmo que tenham sido submetidos ao tratamento curativo podem necessitar de terapia com bloqueio hormonal, tais como, pacientes submetidos à radioterapia ou cirurgia que experimentam recidiva bioquímica sem indicação de terapia de resgate, aqueles onde a terapia hormonal seria parte integrante da multimodalidade e também nos casos metastáticos onde se opta pelo bloqueio exclusivo 17. De acordo com as recomendações da National Comprehensive Cancer Network (NCCN) de 2013 17, as propostas terapêuticas para o câncer de próstata são descritas na Figura 2. 4 Figura 2: Propostas terapêuticas baseadas nas recomendações do NCCN de 2013 5 1.4. Terapia de Privação Androgênica Em 1941, Huggins 18 descobriu que o CaP é andrógeno dependente e que a castração ou administração de estrógenos diminuía o tamanho do tumor e, em alguns casos, promovia a regressão das metástases. Foi demonstrado pela primeira vez a capacidade de resposta do CaP ao bloqueio andrógeno 19. Os testículos são basicamente a fonte dos andrógenos, ficando apenas cerca de 510% da quantidade sistêmica proveniente da produção adrenal. A secreção de testosterona é comandada pelo eixo hipotálamo-hipófise-gônadas. O hipotálamo secreta LHRH que estimula a adenohipófise a produzir o hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículoestimulante (FSH). O LH estimula as células de Leydig testiculares a secretar testosterona. Qualquer tratamento que resulte em última análise na supressão da atividade androgênica é referido como terapia de privação androgênica (TPA) 20. Dados do CaPSURE, incluindo mais de 7 mil pacientes com câncer de próstata de 30 instituições, mostraram que o uso de TPA primária aumentou drasticamente entre 1989 e 2001, de 4,6% para 14,2% nos casos de baixo risco, 8,9% para 19,7% em risco intermediário, e de 32,8% para 48% em pacientes de alto risco. O uso de TPA neoadjuvante à radioterapia externa aumentou de 9,8% para 74,6% 21. A monitorização da eficácia do bloqueio androgênico se dá através dos níveis séricos da testosterona, que devem diminuir a níveis abaixo de 20 ng/dl ou 2 ng/ml 22. Existem duas formas principais de se fazer bloqueio hormonal: a primeira é a castração cirúrgica, que é feita através da remoção dos testículos (ou somente de seu estroma); e a segunda se faz através da utilização de medicação anti-androgênica oral e/ou injetável que pode atuar no eixo hipotálamo-hipofisário e/ou a nível periférico. O bloqueio medicamentoso tem a peculiaridade de ser temporário em caso de associação com tratamento radioterápico ou definitivo nos tumores localmente avançados, metastáticos e em casos de recidiva bioquímica 23. Os dois métodos de castração parecem igualmente eficazes para supressão androgênica 24-26 e ambos têm vantagens e desvantagens inerentes. Dentre as vantagens da castração cirúrgica para o câncer de próstata avançado incluem-se: procedimento de baixo custo; efeito imediato (reduz níveis de testosterona em 12h); morbidade baixa; eficácia comparável a outros métodos de castração clínica; tratamento definitivo. Apesar dessas 6 vantagens, apresenta como desvantagem os inconvenientes de uma "castração" cirúrgica irreversível, não permitindo a possibilidade de tratamento intermitente e pode ter ainda um efeito psicológico negativo 27. Com relação ao tratamento medicamentoso, o mais usado para alcançar o bloqueio hormonal é o análogo de LHRH. Dentre suas vantagens estão que a medicação evita o desconforto físico e psicológico associado à orquiectomia e não apresenta a cardiotoxicidade potencial dos estrógenos. No entanto, como desvantagens existe a preocupação associada aos efeitos potencialmente prejudiciais do “fenômeno flare” que acontece devido um estímulo inicial aos receptores de LHRH na hipófise. Este estímulo ocasiona o aumento da produção de testosterona, que começa cerca de 2-3 dias após a primeira injeção e se mantém durante a primeira semana de terapia 28 . Necessitando assim de terapia concomitante com um anti-androgênico periférico, por um período de 2 semanas, o que diminui a incidência da ocorrência do flare 29. Outra desvantagem é que essa modalidade de tratamento tem custo elevado, especialmente se houver expectativa prolongada de sobrevida, como é observado atualmente na literatura 30. Os efeitos do bloqueio androgênico não deveriam ser definidos unicamente pelo binômio: expectativa de vida e progressão da doença. Esta terapia afeta a qualidade de vida baseada no bem estar físico e psicológico 31, 32 . A testosterona é necessária para o desenvolvimento masculino normal, força muscular, mineralização óssea, função hematopoiética, ações sexuais e reprodutivas. Evidências preliminares associaram a síndrome de deficiência de testosterona com mortalidade prematura e com um número de comorbidades, incluindo diabetes mellitus e síndrome metabólica 33. Os médicos devem estar cientes dos efeitos colaterais para reconhecê-los rapidamente podendo fornecer o tratamento mais apropriado. Aconselhamento adequado de pacientes tratados com bloqueio hormonal, sobre os efeitos colaterais, é necessário para ajudá-los a reconhecer, manejar e/ou evitar os mesmos 34, 35. Vários eventos adversos secundários à TPA já foram descritos na literatura. Dentre os efeitos colaterais mais comuns estão os psicológicos (ansiedade, depressão, somatização, problemas de memória); fisiológicos (fogachos, diminuição de libido, dificuldade de ereção, aumento de sensibilidade mamária ou ginecomastia); alterações na composição corporal (redução da porcentagem de massa magra e aumento da gordura corporal com maior distribuição visceral, ganho de peso); cardiovasculares (aumento de LDL colesterol e 7 triglicerídeos, risco aumentado de infarto agudo do miocárdio (IAM), arritmias ventriculares e morte súbita cardíaca); alterações glicêmicas (resistência insulínica aumentada com maior predisposição ao desenvolvimento de diabetes mellitus) e doenças ósseas (diminuição de densidade mineral óssea com evolução para osteoporose e maior risco de fraturas) 11, 36, 37. Algumas destas alterações em conjunto são estudadas como uma entidade clínica chamada “Síndrome Metabólica”. 1.5 Síndrome Metabólica Pode ser definida como um grupo de fatores de risco inter-relacionados, de origem metabólica, que diretamente contribuem para o desenvolvimento de doença cardiovascular (DCV) e/ou diabetes do tipo 2. A definição da National Cholesterol Education Program Adult Treatmente Panel III (NCEP/ATP III) é a mais amplamente usada, tanto na prática clínica como em estudos epidemiológicos 38 e é exposta na Figura 3. Diagnóstico: associação de 3 ou mais alterações Parâmetro Glicose Número de alterações ≥ 3 ≥ 110 mg/dL ou em tratamento para hiperglicemia HDL-colesterol Homens: < 40 mg/dL ou em tratamento para HDL baixo Mulheres: < 50 mg/dL ou em tratamento para HDL baixo Triglicérides ≥ 150 mg/dL ou em tratamento para triglicérides elevados Obesidade Homens: cintura ≥ 102 cm Mulheres: ≥ 88 cm Hipertensão ≥ 130 x 85 mmHg ou em tratamento medicamentoso para Hipertensão Arterial Figura 3: Critérios da NCEP/ATP III para definição de Síndrome Metabólica 8 A consequência intencional do tratamento com privação androgênica é o hipogonadismo. Este surge como um fator de risco independente para o desenvolvimento da síndrome metabólica 39. Após o início da instituição de TPA para tratamento do CaP e a observação dos efeitos colaterais metabólicos secundários a esta modalidade terapêutica, vários estudos demonstrando relação do hipogonadismo com alterações metabólicas, cardiovasculares e de composição corporal foram publicados (Figura 4). 9 Figura 4: Estudos que relacionam terapia de privação androgênica e alterações metabólicas Autores Ano n Tempo de follow up Parâmetros analisados Resultados Pressão arterial central Composição corporal Níveis de insulina O Hipogonadismo resultou em aumento da pressão arterial central, sugerindo enrijecimento de grandes artérias; mudanças adversas na composição corporal associada a aumento dos níveis de insulina sugerindo redução da sensibilidade insulínica. Estes efeitos adversos poderiam aumentar o risco cardiovascular nesse grupo de pacientes TPA esteve associada com aumento de peso corporal, de porcentagem de gordura corporal e redução do percentual de massa magra. Houve aumento das áreas transversais do abdômen e gordura abdominal subcutânea Homens com câncer de próstata que estão recebendo TPA a longo prazo estão sob risco de desenvolvimento de resistência insulínica e hiperglicemia. Este efeito adverso surgiu independente da idade e do IMC e pareceu ser diretamente relacionado à TPA Pacientes com 65 anos ou mais, tratados com TPA tiveram um risco de morte cardiovascular em 5 anos de 5,5% comparado ao risco de 2% entre os que foram submetidos apenas à prostatectomia radical. Este aumento de risco também foi observado entre os mais jovens, com risco de 3,6% entre os tratados com TPA e 1,2% entre os que não receberam TPA TPA está associada a um início mais precoce de infartos fatais em homens de 65 anos ou mais, que são tratados durante 6 meses, em comparação com os homens que não são tratados com TPA J.C. Smith e 40 col 2001 22 6 meses Matthew 41 Smith e col 2002 40 48 semanas Composição corporal Shehzad 42 Basaria e col 2006 53 Transversal Glicemia de jejum Insulina Basal HOMA-IR Henry K . Tsai 43 e col 2007 4892 3,8 anos Risco cardiovascular em 5 anos 2007 1372 6 anos Infarto agudo miocárdio fatal 9 anos Diabetes Doença coronariana IAM Morte subida 12 meses Glicemia de jejum Lipidograma Anthony 44 D’Amico Nancy L. Keating e col 45 Hassanabbas Mohamedali 46 e col S.Cleff e col 2009 2011 75 47 2011 Kazumasa Torimoto e col 48 73196 2011 79 29 Transversal 12 meses Glicemia de jejum Lipidograma Obesidade central Composição corporal Lipidograma Pacientes tratados com análogos de LHRH apresentaram risco aumentado para DM2, maior incidência de doença coronariana, morte súbita cardíaca e AVC. Orquiectomia foi associada com aumento de doença arterial coronariana e infarto do miocárdio Usuários de TPA tiveram glicemia significativamente maior quando comparado aos controles, além de níveis mais elevados de CT, HDL, LDL e TG do que os controles, embora nenhuma das diferenças alcançou significância estatística. Conclusão: Um ano de uso TPA está associada com níveis de glicemia de jejum elevados e aumento de todas as frações lipídicas Foram comparados pacientes sob TPA, sem TPA e obesos mórbidos. Pacientes sob TPA apresentaram ocorrência significativamente maior de DM, obesidade central e maiores níveis de CT e LDL col que os sem TPA. Obesos mórbidos tiveram risco de doença cardiovascular em 10 anos comparável com os que estavam sob TPA A quantidade de gordura visceral e CT foram significativamente aumentados após 6 meses de TPA e continuaram a aumentar até 12 meses. Músculo esquelético diminuiu durante o mesmo período. Conclusões: tratamento com TPA alterou a composição corporal e perfil lipídico dos homens com câncer de próstata 10 Atualmente, muita importância está sendo dada aos efeitos oncológicos da castração cirúrgica ou medicamentosa como dor óssea, metástases e sobrevida e há poucos estudos que abordam os efeitos relacionados à síndrome metabólica. Novos estudos se fazem necessários para a melhor compreensão destes efeitos colaterais metabólicos no intuito de se postergar e/ou evitar complicações mais graves advindas da privação androgênica, instituindo terapias precoces para controle glicêmico, proteção cardiovascular e óssea, permitindo ao paciente, além dos benefícios oncológicos, uma melhor qualidade de vida. 11 2 JUSTIFICATICA Na literatura internacional existem estudos comparando castração cirúrgica (orquiectomia bilateral) e medicamentosa (análogos de LHRH) no tratamento do carcinoma de próstata, em relação à eficácia oncológica e sobrevida, porém até o momento não identificamos estudos que comparam os efeitos colaterais metabólicos. No Brasil existem estudos isolados envolvendo apenas uma das modalidades terapêuticas, porém não há estudos comparativos relacionando as duas formas de tratamento e seus respectivos efeitos colaterais. 12 3 OBJETIVOS Avaliar e comparar as alterações metabólicas precoces decorrentes de ambos os tratamentos (orquiectomia bilateral versus análogo de LHRH) por meio das seguintes variáveis: Perfil lipídico: colesterol total (CT), LDL colesterol (LDL col), HDL colesterol (HDL col), triglicerídeos (TG) Perfil hematológico: hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht) Perfil glicêmico: glicemia de jejum, insulina basal, índice de resistência insulínica (HOMA-IR), hemoglobina glicada Composição corporal: Índice de massa corporal (IMC), porcentagens de massa magra e massa gorda Massa óssea: g/cm2 de massa óssea em L1-L4 e colo de fêmur 13 4 MATERIAL DE MÉTODOS 4.1 Casuística e organização dos grupos de pacientes Não identificamos estudos comparativos entre orquiectomia bilateral e análogo de LHRH, em relação ao desenvolvimento de Síndrome Metabólica, que pudessem ser utilizados como parâmetro para realização do cálculo amostral. Sendo assim, optou-se por fazer um estudo piloto com 50 pacientes em cada braço. Foram incluídos no estudo os indivíduos que passaram pelo ambulatório do Hospital de Câncer de Barretos para consulta com diagnóstico de câncer de próstata com indicação de bloqueio hormonal. Uma ficha de coleta contendo dados demográficos, epidemiológicos e clínicos do paciente foi preenchida no momento da primeira consulta e nas avaliações subsequentes (Anexo 2). Os principais parâmetros metabólicos obtidos durante o período de acompanhamento foram hematimetria, perfil lipídico, índice de resistência insulínica, composição corporal e massa óssea. Com relação aos parâmetros de eficácia terapêutica (níveis de testosterona total e PSA), estes foram coletados para acompanhamento clínico, porém não sendo avaliados como objetivo deste estudo. Os pacientes foram distribuídos por conveniência consecutiva em um dos dois grupos e foram seguidos por 6 meses após sua inclusão no estudo. Grupo 1: 46 pacientes submetidos a bloqueio hormonal cirúrgico (orquiectomia bilateral). Grupo 2: 56 pacientes submetidos a bloqueio hormonal medicamentoso (análogo de LHRH) 14 - Orientações antes do início do tratamento: 1) O paciente foi informado quanto à ocorrência de fogachos e fornecidas recomendações sobre estilo de vida para se evitar os fatores de gatilho (estresse, mudanças bruscas de posição corporal, comidas condimentadas, tabagismo). 2) O paciente e sua parceira foram informados em relação à libido, alterações cognitivas e de humor. Encorajada a manutenção e até aumento das atividades sociais. - Após definição do grupo de tratamento foram realizadas: 1) Dosagens de PSA e testosterona total: avaliadas antes do início do tratamento (0), e após 1, 3 e 6 meses de iniciar o bloqueio hormonal. 2) Dosagens seriadas em jejum de colesterol total, LDL colesterol, HDL colesterol, triglicerídeos (perfil lipídico), glicemia e insulina para definir índice de resistência insulínica, hemoglobina glicada e hemograma: foram colhidas antes do início (0), após 1, 3, e 6 meses do início do tratamento. 3) Avaliação de peso, altura, composição corporal pela técnica de bioimpedância, densitometria óssea: foram realizadas antes (0) e após 6 meses do início do tratamento. Os exames de sangue foram realizados pelo Laboratório do Hospital de Câncer de Barretos. Os pacientes formam submetidos ao exame de Bioimpedância durante as consultas no ambulatório de uro-oncologia e, posteriormente, encaminhados ao Ambulatório de Especialidades Médicas (AME) para realização de Densitometria Mineral Óssea (financiada pela Pesquisa Clínica e considerada opcional) (Tabelas 1 e 2). 15 Os exames de sangue foram coletados após jejum de 12 horas. As técnicas de coleta e os métodos empregados para a análise dos mesmos foram semelhantes aos utilizados rotineiramente pelos laboratórios em geral. O lipidograma (colesterol total, frações e triglicerídeos) foi realizado através da coleta de soro, utilizando-se o método colorimétrico enzimático e os resultados foram expressos em mg/dl. O hemograma foi realizado através da coleta de sangue total. O eritrograma (hemoglobina e hematócrito) foi analisado pelo método de exame automatizado e os valores descritos por g/dl e % respectivamente. A glicemia de jejum foi dosada no plasma onde foi empregado o método enzimático colorimétrico com valores expressos em mg/dl. A dosagem de insulina basal foi determinada em soro pelo método de eletroquimioluminescência e os resultados descritos na unidade µU/ml e a hemoglobina glicada (A1C) foi dosada em sangue total pelo método HPLC (padronizado pelo programa NGSP) e seu resultado foi descrito em porcentagem. Através da utilização dos valores de glicemia de jejum e insulina basal foi determinado o Índice de Resistência Insulínica (HOMA-IR), através da fórmula proposta por Matthews em 1985 49. Os exames laboratoriais utilizados para acompanhamento da eficácia terapêutica, testosterona total e PSA não foram interpretados como desfecho principal. A testosterona total e o PSA foram ambos realizados em soro pelo método de eletroquimioluminescência e seus valores foram expressos em ng/ml. A bioimpedância é um método de análise de composição corporal através do qual se pode avaliar a quantidade de gordura corporal e massa magra. É um exame rápido e não invasivo, com paciente sentado e descalço. Todos os exames foram realizados por um único observador, após jejum de 12 horas utilizando-se o software ES Complex fabricado pela L.D Technology, por meio de um analisador tetrapolar de impedância bioelétrica, seguindo as recomendações do fabricante. A densitometria mineral óssea consiste em um exame radiológico que mede a densidade dos ossos, fornecendo informações sobre a quantidade de massa óssea nos locais analisados. É feito com o paciente em decúbito dorsal e não necessita de preparo específico. Este exame foi feito pelo método DEXA aceito mundialmente como padrão ouro para determinação de osteoporose. 16 Tabela 1: Exames para avaliação das alterações metabólicas Avaliação pré-tratamento Variáveis Avaliação pós-tratamento Método Período Método Período Perfil Lipídico (CT,LDLc, HDLc, TG) Ex. lab 0 Ex. lab 1, 3 e 6 meses Série Vermelha (Hb/Ht) Ex. lab 0 Ex. lab 1, 3 e 6 meses Índice de Resistência Insulínica (HOMA-IR) e hemoglobina glicada Ex. lab 0 Ex. lab 1, 3 e 6 meses IBE 0 IBE 6 meses DMO 0 DMO 6 meses Composição Corporal (% de massa magra, % de massa gorda) Massa Óssea Ex. lab: Exames Laboratoriais, IBE: Impedância Bioelétrica, DMO: Densitometria Mineral Óssea, Período 0: anterior ao tratamento Tabela 2: Exames para avaliação de eficácia oncológica do tratamento Avaliação pré-tratamento Avaliação pós-tratamento Variáveis Método Período Método Período Testosterona Ex. lab 0 Ex. lab 1,3 E 6 meses PSA sérico Ex. lab 0 Ex. lab 1,3 E 6 meses Ex. lab: Exames Laboratoriais, Período 0: anterior ao tratamento 17 4.2 Critérios de inclusão Idade entre 18 e 90 anos; Ter diagnóstico histológico de adenocarcinoma de próstata e indicação de bloqueio androgênico; Aceitar participar do estudo, segundo o protocolo 4.3 Critérios de exclusão Ter passado por terapia de supressão androgênica prévia, uso de inibidores de 5 alfa redutase ou ter usado quimioterápicos 4.4 Análise estatística dos dados Os dados foram descritos considerando a média, desvio padrão, mínimo e máximo tratando-se de variáveis quantitativas, e tabelas de frequências e porcentagens para variáveis qualitativas, estratificadas pelo tratamento ou pelo tempo de seguimento. Inicialmente, os dois grupos em estudo foram comparados, considerando as variáveis sócio-demográficas e clínicas, pelo teste de Qui-quadrado (ou exato de Fisher) para variáveis qualitativas e o teste t de Student para as variáveis quantitativas. As alterações metabólicas secundárias ao tratamento (desfecho principal) foram avaliadas em 4 períodos distintos. As variáveis quantitativas foram comparadas utilizando a análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas com delineamento misto. Adicionalmente comparou-se a média da diferença entre o tempo inicial e a quarta medida (6 meses) entre os grupos utilizando o teste t de Student. Posteriormente foi calculado o tamanho do efeito pelo método ∆ de Glass entre essas medidas. Como referência utilizou-se os pontos de corte sugeridos por Cohen moderado (0,5-0,79) e grande (≥0,80). 50 , sendo considerado pequeno (0,20-0,49), 18 Em todo estudo foi utilizado um nível de significância de 5% e os dados foram processados no software SPSS for Windows v.20. 4.5 Aspectos éticos Esse estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Pio XII Hospital de Câncer de Barretos, SP, Brasil (CEP). Foi aplicado o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), após a alocação do paciente em um dos dois grupos (Anexo 3). Os pesquisadores garantiram o sigilo de todos os pacientes, não divulgando publicamente o nome e dados dos mesmos. Todos os sintomas ou alterações que necessitaram efetivamente de tratamento posterior foram identificados e tratados sem qualquer interferência na prática clínica realizada normalmente para estes pacientes. 19 5 RESULTADOS Foi selecionado para este estudo um total de 118 pacientes, dos quais 16 foram excluídos por diferentes razões: 3 pacientes por óbito (todos faleceram da doença e fizeram apenas coleta inicial) e 13 por dificuldades de compreensão da rotina de exames, com coletas incompletas ou por dificuldades de transporte. Dos 102 pacientes restantes, 46 (45,1%) foram submetidos à orquiectomia bilateral e 56 (54,9%) à terapia com análogo de LHRH. Na Tabela 3 são apresentas as estatísticas descritivas das variáveis clinico-laboratoriais e histopatológica e a comparação das variáveis entre os grupos. A média de idade do grupo de castração cirúrgica foi de 72,4 anos (DP=7,7) e do grupo de castração medicamentosa foi de 67,3 anos (DP=6,5) com p<0,001 quando comparadas. A média do PSA ao diagnóstico foi de 431,3 ng/dl para o grupo cirúrgico e 36,1 ng/dl para o grupo medicamentoso (p=0,004), ao passo que a média dos níveis de testosterona total basal foram semelhantes; 4,1 ng/ml (DP=2,1) e 4,3 ng/ml (DP=2,0) respectivamente (p=0,570). Não houve diferença entre os grupos quando analisado o IMC basal, com média de 26,1 kg/m2 (DP=4,0) entre os pacientes selecionados para orquiectomia e 26,7 kg/m 2 (DP=4,7) para terapia medicamentosa (p=0,440). Estadiamento clínico T1/T2 foi mais frequente nos pacientes submetidos à TPA medicamentosa, enquanto que T3/T4 foi mais prevalente no grupo cirúrgico (p<0,05). Dos 102 pacientes, 38 (37,25%) eram metastáticos, sendo que 29 (76,3%) e 9 (23,7%) pertenciam ao grupo cirúrgico e medicamentoso, respectivamente (p<0,05). Bloqueio androgênico definitivo foi indicado para 12,5% dos pacientes do grupo de análogo de LHRH e para todos do grupo de orquiectomia bilateral (p<0,05). Dos 46 pacientes submetidos à orquiectomia, (19,6%) tiveram diagnóstico prévio de diabetes mellitus, contra 10 dos 56 pacientes (17,9%) do grupo medicamentoso (p=0,512). A maioria dos pacientes não recebeu terapia com bisfosfonados. O ácido zoledrônico foi administrado em 11% do grupo cirúrgico contra 3,6% dos bloqueados pelo análogo de LHRH, não determinando diferença estatística entre os grupos (p=0,146). 20 Tabela 3 - Comparação das características clínico-laboratoriais e histopatológicas no pré-tratamento, entre os grupos cirúrgico e medicamentoso, em pacientes com câncer de próstata, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014. Tratamento Orquiectomia Bilateral Análogo de LHRH Variáveis Idade (anos) PSA Total (ng/ml) TestoTotal (ng/ml) IMC (kg/m2) Variáveis T* N* M* Gleason Risco Metastático (N1 e/ou M1) Tipo de bloqueio Diabetes Ácido Zoledrônico T1 T2 T3 T4 N0 N1 M0 M1 ≤6 7 ≥8 Baixo Intermediário Alto Sim Não Neo/adjuvante Definitivo Sim Não Sim Não DP: Desvio padrão. * Estadiamento clínico: TNM N=46 Média (DP) (mín-máx) 72,4 (7,7) (58-86) 431,3(886,3) (3,1-5000) 4,1(2,1) (0,08-10,4) 26,1(4,0) (18-35,6) N=56 Média (DP) (mín-máx) 67,3 (6,5) (45-78) 36,1(77,3) (1,36-479,4) 4,3(2,0) (1,16-9,1) 26,7(4,7) (18,1-39,6) N (%) N (%) 1 (2,2) 5 (10,9) 25 (54,3) 15 (32,6) 38 (82,6) 8 (17,4) 18 (39,1) 28 (60,9) 3 (6,5) 19 (41,3) 24 (52,2) 0 (0) 2 (11,8) 15 (88,2) 29 (63) 17 (27) 0 (0) 46 (100) 9 (19,6) 37 (80,4) 5 (10,9) 41 (89,1) 13 (23,2) 21 (37,5) 20 (35,7) 2 (3,6) 50 (89,3) 6 (10,7) 49 (87,5) 7 (12,5) 12 (21,4) 31 (55,4) 13 (23,2) 4 (8,5) 20 (42,6) 23 (48,9) 9 (16,1) 47 (83,9) 49 (87,5) 7 (12,5) 10 (17,9) 46 (82,1) 2 (3,6) 54 (96,4) Valor de p <0,001 0,004 0,570 0,440 <0,001 0,246 <0,001 0,001 <0,001 <0,001 <0,001 0,512 0,146 21 Os exames laboratoriais e complementares (Bioimpedância e Densitometria Mineral Óssea) basais relacionados ao perfil metabólico foram comparados entre os grupos, como exposto na Tabela 4. O perfil lipídico basal (colesterol total, frações e triglicerídeos) foi semelhante, com média de LDL colesterol de 107,4 mg/dl (DP=32,7) para o grupo cirúrgico e 109,3 mg/dl (DP=33,9) para o grupo medicamentoso (p=0,777); e média de HDL colesterol basal de 46,5mg/dl (DP=14,5) e 47,5 mg/dl (DP=16,9), respectivamente (p=0,752). As médias de hemoglobina e hematócrito basais foram de 12,6 g/dl e 38,8% no grupo de orquiectomia e de 14,4 g/dl e 43,3% no grupo medicamentoso, com significância estatística (p<0,001). Ao analisarmos o perfil glicêmico basal, constatou-se que glicemia de jejum (p=0,336), insulina basal (p=0,246), HOMA-IR (p=0,102) e hemoglobina glicada (p=0374) foram semelhantes entre os grupos. Os exames complementares pré-tratamento de bioimpedância e DMO foram semelhantes entre os grupos. No grupo cirúrgico, a média de massa magra foi de 77,8% (DP=6,1), massa gorda de 22,1% (DP=6,1), DMO em L1-L4 de 1,3 g/cm2 (DP=0,2) e em colo de fêmur de 0,9 g/cm2 (DP=0,1). No grupo medicamentoso, a média de massa magra foi de 75,9% (DP=6,1), massa gorda de 24,0% (DP=6,7), DMO em L1-L4 de 1,2 g/cm2 (DP=0,2) e em colo de fêmur de 0,9 g/cm2 (DP=0,1) (p>0,05). 22 Tabela 4 - Comparação dos exames laboratoriais metabólicos e complementares pré-tratamento, entre os grupos cirúrgico e medicamentoso, em pacientes com câncer de próstata, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014. Variáveis Colesterol Total (mg/dl) LDL colesterol (mg/dl) HDL colesterol (mg/dl) Triglicerídeos (mg/dl) Hemoglobina (g/dl) Hematócrito (%) Glicemia de jejum (mg/dl) Insulina Basal (uU/ml) HOMA-IR* Hemoglobina Glicada (%) Massa magra (%) Massa gorda (%) DMO L1-L4 (g/cm2) 2 DMO colo fêmur (g/cm ) Tratamento Orquiectomia Bilateral Análogo de LHRH N=46 N=56 Média (DP) Média (DP) (min-máx) (min-máx) 180,0 (34,1) 189,5±42,7 (119,0-272,9) (102,0-345,2) 107,4±32,7 109,3±33,9 (42,2-197,0) (35,2-185,0) 46,5±14,5 47,5±16,9 (19,0-91,0) (23,0-112,0) 131,5±74,8 157,6±127,7 (59,0-415,0) (45,0-799,0) 12,6±2,1 14,4±1,2 (6,3-15,8) (12,2-18,9) 38,8±6,1 43,3±3,6 (20,5-48,0) (35,9-57,3) 106,9±26,28 112,1±27,9 (66,0-225,0) (85,8-224,0) 9,9±10,9 12,5±10,3 (2,3-73,5) (1,7-59,7) 2,6±2,7 3,8±4,9 (0,48-16,8) (0,38-24,7) 5,8±0,7 5,6±0,8 (5,1-9,0) (4,0-9,3) 77,8±6,1 75,9±6,7 (65,6-91,9) (58,8-90,3) 22,1±6,1 24,0±6,7 (8,1-34,4) (9,7-41,2) 1,3±0,2 1,2±0,2 (0,8-1,9) (0,7-1,6) 0,9±0,1 0,9±0,1 (0,6-1,3) (0,6-1,1) Valor de p 0,225 0,777 0,752 0,228 <0,001 <0,001 0,336 0,246 0,102 0,374 0,160 0,160 0,134 0,358 49 DP: Desvio padrão. * Fórmula do HOMA-IR: (Glicemia de Jejum/18 x Insulina basal)/22,5 . 23 Nas Tabelas 5 e 6 são apresentados os exames laboratoriais (PSA, testosterona total, perfil metabólico) e os exames complementares (bioimpedância, densitometria mineral óssea) ao longo do período de 6 meses para cada grupo. Na Tabela 5 pode-se observar que 100% dos pacientes de ambos os grupos mantiveram, após o primeiro mês de tratamento, valores de testosterona total em níveis compatíveis com castração adequada (< 2 ng/ml), demonstrando a eficácia terapêutica das duas modalidades de tratamento. Tabela 5 - Evolução dos exames laboratoriais relacionados à eficácia terapêutica, ao longo do tempo, para os grupos cirúrgico e medicamentoso, em pacientes com câncer de próstata, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014. Tratamento Orquiectomia Bilateral Variáveis PSA Total (ng/ml) Test. Total (ng/ml) 0 Média (DP) 431,3 (886,3) 4,1 (2,1) 1m Média (DP) 24,5 (90,5) 0,1 (0,1) 3m Média (DP) 23,9 (71,8) 0,1 (0,1) DP: Desvio padrão. 0: anterior ao tratamento. Tempos 6m 0 Média Média (DP) (DP) 23,1 36,1 (79,2) (77,3) 0,05 4,3 (0,06) (2,0) Análogo de LHRH 1m Média (DP) 6,3 (11,3) 0,1 (0,2) 3m Média (DP) 5,7 (20,8) 0,06 (0,08) 6m Média (DP) 40,2 (271,5) 0,09 (0,2) 24 Tabela 6- Evolução dos exames laboratoriais metabólicos e complementares, ao longo do tempo, para os grupos cirúrgico e medicamentoso, em pacientes com câncer de próstata, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014. Tratamento Orquiectomia Bilateral Variáveis Col. Total (mg/dl) LDL col (mg/dl) HDL col (mg/dl) TG (mg/dl) Hemoglobina (g/dl) Hematócrito (%) Glic. jejum (mg/dl) Insul.Basal (uU/ml) HOMA-IR Hemog.Glicada (%) Massa magra (%) Massa gorda (%) DMO L1/L4 (g/cm2) DMO colo fêmur (g/cm2) 0 Média (DP) 180,0 (34,1) 107,4 (32,7) 46,5 (14,5) 131,5 (74,8) 12,6 (2,1) 38,8 (6,1) 106,9 (26,28) 9,9 (10,9) 2,6 (2,7) 5,8 (0,7) 77,8 (6,1) 22,1 (6,1) 1,25 (0,24) 0,9 (0,1) 1m Média (DP) 204,8 (46,2) 122,0 (40,7) 49,7 (17,3) 162,4 (91,9) 12,4 (1,9) 37,7 (5,2) 108,2 (27,5) 11,3 (7,9) 3,0 (2,1) 5,8 (0,9) NA 3m Média (DP) 199,8 (37,6) 119,5 (33,8) 50,2 (24,4) 147,1 (69,4) 12,5 (1,4) 37,8 (3,7) 112,0 (30,7) 11,5 (9,4) 3,2 (2,7) 5,8 (0,8) NA NA NA NA NA NA NA Análogo de LHRH Tempos 6m 0 Média Média (DP) (DP) 202,5 189,5 (44,5) (42,7) 123,2 109,3 (35,5) (33,9) 50,7 47,5 (15,5) (16,9) 142,5 157,6 (65,4) (27,7) 12,7 14,4 (1,1) (1,2) 38,3 43,3 (3,2) (3,5) 109,9 112,1 (23,12) (27,9) 12,19 12,47 (8,7) (10,3) 3,2 3,8 (2,2) (4,9) 5,9 5,6 (1,0) (0,8) 78,9 75,9 (3,7) (6,7) 21,1 24,0 (3,7) (6,7) 1,3 1,18 (0,3) (0,2) 0,9 0,9 (0,2) (0,1) 1m Média (DP) 203,1 (51,2) 121,7 (40,0) 49,0 (14,1) 168,0 (134,6) 14,1 (1,5) 41,8 (4,4) 112,9 (40,1) 12,15 (6,9) 3,4 (2,5) 5,8 (1,2) NA 3m Média (DP) 201,1 (40,4) 120,8 (36,1) 47,4 (11,4) 178,1 (185,6) 13,2 (1,23) 39,01 (3,4) 115,7 (40,4) 16,7 (16,1) 5,4 (7,1) 5,8 (0,9) NA NA NA NA NA NA NA 6m Média (DP) 202 (43,1) 118,4 (35,6) 47,6 (12,8) 175,9 (107,0) 13,0 (1,7) 38,1 (5,0) 115,2 (36,8) 14,4 (11,2) 4,5 (5,0) 5,7 (0,9) 76,0 (5,7) 23,9 (5,5) 1,2 (0,2) 0,9 (0,1) 0: anterior ao tratamento NA: Não se aplica As diferenças das médias das variáveis metabólicas (6 meses menos basal), foram comparadas entre os grupos, e o tamanho do efeito calculado, como demonstrado na Tabela 7. Diferença estatisticamente significativa foi observada, entre os grupos, nas variáveis hematológicas (hemoglobina e hematócrito) e densidade mineral óssea de L1-L4. Para hemoglobina, a diferença média entre os grupos foi de 1,1 (IC95% 0,5-1,7) e p<0,001. Em 25 relação ao hematócrito, a diferença média entre os grupos foi de 3,4% (IC95% 1,6 -5,1) e p<0,001. Para a DMO de L1-L4 a diferença média entre os grupos foi de 0,07 g/cm 2 (IC95% 0,03-0,1) com p=0,002. Para as demais variáveis analisadas não houve diferença estatística significativa, entre os grupos, quando comparadas as diferenças das médias entre sexto mês e basal. Para o IMC, apesar de não apresentar diferença entre os grupos, quando analisados o período de sexto mês e o basal para cada grupo independente, constatou-se diferença estatisticamente significativa entre o pós e pré-tratamento, com p=0,023 para o grupo cirúrgico e p=0,004 para o grupo medicamentoso. Com o objetivo de avaliar se as variáveis com diferença estatisticamente significante poderiam ter significado clínico, utilizamos o teste de tamanho de impacto de Cohen. Segundo este teste o impacto clínico observado foi considerado forte para hematócrito e moderado para hemoglobina e densidade mineral óssea de coluna lombar. Tabela 7 - Comparação do perfil metabólico entre os grupos cirúrgico e medicamentoso em pacientes com câncer de próstata considerando a diferença entre os exames sexto mês e basais, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014. Variáveis Col. Total (mg/dl) LDL col (mg/dl) HDL col (mg/dl) TG (mg/dl) Hemoglobina (g/dl) Hematócrito (%) Glic. jejum (mg/dl) Insul. Basal (uU/ml) HOMA-IR Hemog. Glicada (%) Massa magra (%) Massa gorda (%) IMC (kg/m2) DMO L1-L4 (g/cm2) DMO fêmur (g/cm2) Tratamento Orquiectomia Análogo de Bilateral LHRH N=46 N=56 Dif.Média (DP) Dif.Média (DP) 20,6 (37,7) 12,5 (30,4) 13,5(32,3) 8,45 (27,) 2,8(10,9) -0,3 (16,1) 19,0(52,7) 24,0 (59,7) -0,4 (1,3) -1,3 (1,2) -1,8 (3,5) -5,2 (4,1) 4,2 (26,4) 3,4 (21,9) 2,3 (6,7) 1,6 (5,9) 0,7 (2,12) 0,6 (3,1) 0,1 (1,1) 0,07 (0,5) 1,0 (5,0) 0,3 (5,6) -0,9 (5,0) -0,8 (3,5) 0,6 (1,8) 0,5 (1,1) 0,04 (0,1) -0,03 (0,1) 0,01 (0,1) -0,01 (0,05) o Diferença média entre grupos (IC95%) 8,1 (-5,9-22,04) 5,13 (-7,1-17,3) 3,14 (-2,6-8,9) -4,9 (-28,4-18,6) 0,9 (0,4-1,5) 3,1 (1,4-4,8) 0,8 (-9,1-10,6) 0,7 (-2-3,3) 0,4 (-1,1-1,2) 0,06 (-0,3-0,4) 0,7 (-1,6-3,1) -0,1 (-19-1,7) 0,2 (-0,4-0,8) 0,07 (0,03-0,1) 0,2 (-0,02-0,04) Tamanho do efeito* Valor de p 0,266 0,187 0,193 -0,084 0,750 0,829 0,037 0,119 0,032 0,060 0,125 -0,029 0,091 0,700 0,400 0,255 0,406 0,286 0,679 0,001 <0,001 0,875 0,612 0,944 0,742 0,546 0,903 0,540 0,002 0,537 DP: desvio padrão Dif.Média: diferença das médias entre 6 mês e basal IC: intervalo de confiança *Método: ∆ de Glass 26 A Tabela 8 mostra os resultados da análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas. Nesta análise observaram-se diferenças estatisticamente significativas para colesterol total (p<0,001), LDL colesterol (p=0,003), triglicerídeos (p=0,001), hemoglobina (p<0,001), hematócrito (p<0,001), glicemia de jejum (p=0,038), insulina basal (p<0,001) e HOMA-IR (p=0,001) quando avaliadas em relação ao efeito tempo, independente do grupo. Diferenças significativas foram encontradas nos níveis de hemoglobina (p=0,001) e do índice de resistência insulínica (p=0,044), quando os grupos foram comparados, sugerindo uma pior evolução desses parâmetros metabólicos no grupo que utilizou análogo de LHRH. Tabela 8 - Comparação das variáveis metabólicas de desfecho principal, quanto aos grupos, ao tempo e interação grupo versus tempo pelo teste de variância (ANOVA) de medidas repetidas em pacientes com câncer de próstata, Hospital de Câncer de Barretos, 2012-2014. Variável Resposta Colesterol Total (mg/dl) LDL colesterol (mg/dl) HDL colesterol (mg/dl) Triglicerídeos (mg/dl) Hemoglobina (g/dl) Hematócrito (%) Glicemia de jejum (mg/dl) Insulina Basal (uU/ml) HOMA-IR Hemoglobina Glicada (%) Fonte Grupo Tempo Grupo x Tempo Grupo Tempo Grupo x Tempo Grupo Tempo Grupo x Tempo Grupo Tempo Grupo x Tempo Grupo Tempo Grupo x Tempo Grupo Tempo Grupo x Tempo Grupo Tempo Grupo x Tempo Grupo Tempo Grupo x Tempo Grupo Tempo Grupo x Tempo Grupo Tempo Grupo x Tempo Valor de p 0,864 <0,001 0,743 0,789 0,003 0,651 0,541 0,509 0,344 0,308 0,001 0,220 0,007 <0,001 <0,001 0,071 <0,001 <0,001 0,542 0,038 0,972 0,105 <0,001 0,447 0,044 0,001 0,399 0,722 0,082 0,298 27 As Figuras 5 a 8 representam as análises dos parâmetros metabólicos de maior significado clínico, previamente expostas na tabela 9. Figura 5- Comparação das médias de HOMA-IR, ao longo do tempo, entre os grupos (p=0,044) 28 Figura 6- Comparação das médias de Hemoglobina, ao longo do tempo, entre os grupos (p=0,002) Foram realizadas ainda comparações entre diabéticos e não diabéticos por grupo em relação à evolução do HOMA-IR ao longo do tempo. Os resultados demonstraram que não houve diferença da evolução do HOMA-IR, entre os grupos, nos pacientes não diabéticos (p=0,428), porém dentre os pacientes diabéticos, aqueles que foram submetidos à terapia de privação androgênica por análogo de LHRH tiveram uma pior evolução do HOMA-IR no decorrer do tratamento quando comparados aos do grupo de orquiectomia (p=0,007). 29 Figura 7- Comparação das médias de HOMA-IR, ao longo do tempo, em pacientes não diabéticos, entre os grupos (p=0,428) Figura 8- Comparação das médias de HOMA-IR, ao longo do tempo, em pacientes diabéticos, entre os grupos (p=0,007) 30 6 DISCUSSÃO Estudos epidemiológicos tem demonstrado que baixo nível de testosterona é um fator de risco para desenvolvimento de síndrome metabólica em homens 51. A terapia de privação androgênica (TPA) é considerada o tratamento de primeira linha para o CaP localmente avançado não elegível para tratamento cirúrgico, metastático, e ainda como componente da multimodalidade nos casos de associação com radioterapia e em casos de recidiva bioquímica após qualquer forma de tratamento 52. Por isso a importância deste estudo sobre seus efeitos colaterais metabólicos, já que um grande número de pacientes serão expostos a este tipo de tratamento. Atualmente, vários estudos relatam que pacientes com CaP tratados com TPA evoluem com maiores efeitos colaterais metabólicos quando comparados a homens submetidos à prostatectomia radical e/ou radioterapia. As principais alterações metabólicas descritas são: aumento do IMC, dislipidemia, resistência insulínica, anemia, redução da porcentagem de massa magra e da força muscular, diminuição da densidade mineral óssea, com prejuízo da qualidade de vida 36, 53-57. Alguns estudos que comparam as duas modalidades terapêuticas, orquiectomia bilateral versus análogos de LHRH, não demonstraram diferenças estatísticas significativas em relação à eficácia terapêutica e sobrevida 25, 58, 59 . Na literatura não existem estudos de grande impacto comparando as duas formas de tratamento quanto às alterações metabólicas, demonstrando-se mais uma vez a importância deste estudo. 6.1 Dados clínicos e histopatológicos O câncer de próstata é mais incidente em indivíduos acima de 55 anos com pico de incidência em torno de 65 anos. De acordo com o SEERS, a idade avançada é o principal fator de risco para a doença e de maneira geral, pacientes idosos apresentam estadiamento clínico mais avançado 60 . Em um estudo randomizado comparando orquiectomia versus análogo de LHRH para o tratamento do CaP avançado, a idade média dos pacientes de ambos grupos foi de 69 anos 58 . No presente estudo, a média de idade para todos os pacientes incluídos foi de 70 anos. Quando estratificada por grupos, houve diferença estatisticamente significativa entre eles, com média de 72,4 anos para o grupo cirúrgico e 67,3 anos para o grupo de análogo de LHRH. Os pacientes do grupo submetido à 31 orquiectomia apresentaram estadiamento clínico mais avançado T3/T4 (86,9%), contra 39,3% no grupo medicamentoso. Da mesma forma, 63% dos pacientes do grupo cirúrgico eram metastáticos contra 16,1% do grupo medicamentoso. Estes achados sugerem que os pacientes mais idosos e com estadiamento clínico mais avançado aceitaram mais facilmente o tratamento cirúrgico. Além disso, no protocolo do serviço do HCB para pacientes com câncer de próstata avançado/metastático sugere-se a indicação de orquiectomia bilateral como primeira linha terapêutica. 6.2 Alterações Metabólicas 6.2.1 Risco Cardiovascular Apesar de algumas controvérsias na literatura sobre a associação entre terapia de privação androgênica e aumento de risco e morte cardiovasculares, existem estudos mostrando esta relação, como será discutido a seguir. Shahani e col. 61 mostraram que as alterações metabólicas secundárias à TPA poderiam acelerar o processo de aterosclerose e resultar em aumento das complicações cardiovasculares. Em 2004, Garnick e col. 62 publicaram um estudo prospectivo e randomizado que evidenciou alteração do intervalo QT ao eletrocardiograma em pacientes em TPA por análogo de LHRH, demonstrando um possível potencial arritmogênico desta terapia. Uma revisão recente da literatura publicada em 2013 sugeriu um efeito direto da droga sobre os cardiomiócitos, visto a existência de receptores cardíacos de LHRH, o que poderia levar a alterações de contratilidade cardíaca e aumento de toxicidade da droga 63. Em 2006, Keating e col. 64 demostraram, através dos dados do SEERS, um aumento do risco de DM2, coronariopatias, IAM e morte súbita entre os usuários de análogo de LHRH. Os pacientes submetidos à orquiectomia apresentaram maior risco somente para DM2. Outro estudo, dos mesmos autores, publicado em 2010 mostrou que pacientes em TPA por análogo do LHRH tiveram maior risco de DM2, coronariopatia, IAM, morte súbita e AVC enquanto os submetidos à orquiectomia apresentaram aumento apenas da incidência de coronariopatia e IAM, quando comparados a pacientes sem TPA 45. Diferentemente do nosso 32 propósito, os grupos cirúrgico e medicamentoso não foram comparados entre si nestes dois estudos. Estudos retrospectivos evidenciaram relação direta entre TPA (orquiectomia ou análogo de LHRH) e risco de doenças cardiovasculares 43, 44. O aumento da mortalidade geral seria maior nos pacientes que apresentavam comorbidades prévias ao tratamento 65, 66 . Porém, uma metanálise recente com 8 estudos não demonstrou evidências de que a TPA aumentaria o risco cardiovascular, independente do tempo de duração do tratamento ou da idade dos pacientes 67. Porém, algumas questões sobre este estudo devem ser consideradas, como o fato de que estes pacientes não foram estratificados para comorbidades cardiovasculares prévias e por se tratar de estudos randomizados, os pacientes selecionados poderiam ser mais saudáveis e menos susceptíveis a eventos cardiovasculares do que a população geral. Além disso, algumas mortes por doenças cardiovasculares poderiam ter sido subnotificadas, pois foram determinadas por médicos assistentes e não pelos próprios pesquisadores. Vários estudos avaliaram alterações de perfil lipídico durante a TPA, apresentando dados controversos. Alguns deles não demonstraram alterações significativas de LDL colesterol durante o tratamento 40, 54 colesterol, HDL colesterol e TG 37, 41, 68, 69 e outros mostraram aumento importante de CT, LDL . Neste presente estudo, o perfil lipídico (CT e frações, TG) foi avaliado e comparado entre os grupos pelo período de 6 meses. Observou-se diferença estatisticamente significativa de CT, LDL colesterol e TG ao longo do tempo em ambos os grupos, porém sem diferença significante na comparação entre eles. Em relação ao HDL colesterol, não houve diferença quanto ao tempo ou tipo de tratamento. Estes achados demonstram claramente que houve uma piora do perfil lipídico no período de 6 meses, independente do grupo de tratamento. O hipogonadismo proveniente da TPA seria uma possível explicação para esta piora metabólica. No entanto, seguimento de 6 meses é considerado um período curto para inferirmos o aumento do risco cardiovascular secundário à dislipidemia nestes pacientes. 33 6.2.2 Composição Corporal O hipogonadismo masculino é responsável pela diminuição de massa magra e aumento de gordura corporal, independente de sua etiologia. Estas alterações podem ser revertidas pela reposição de testosterona 61, 70 . As alterações da composição corporal secundárias à TPA contribuem para o prejuízo na saúde física e qualidade de vida dos pacientes com CaP 41 . Em 2001, Mathew Smith e col. 40 publicaram um estudo transversal que mostrou um aumento de gordura corporal em tronco e extremidades de homens com CaP submetidos à TPA quando comparados àqueles sem TPA. Este mesmo autor publicou, em 2002, um estudo prospectivo que evidenciou um aumento de IMC, porcentagem de gordura corporal e circunferência abdominal, sem aumento de gordura visceral, em homens sob TPA por mais de 12 meses. Concluiu-se que o aumento de gordura corporal ocorreu principalmente pelo aumento de gordura subcutânea e não por gordura visceral 41. Em 2009, Cristina Reis e colaboradores observaram diferenças estatisticamente significativas na composição corporal, nos períodos pré e pós orquiectomia, com redução do peso, IMC e massa magra, porém com aumento de gordura corporal após 12 meses 71 . Outro estudo também demonstrou redução de massa magra e aumento de gordura, não relacionados à idade e IMC, em pacientes com CaP após 12 meses de bloqueio hormonal. Com um tempo de seguimento mais prolongado não se observou maior aumento de gordura corporal ou redução de massa magra, sugerindo que essas alterações ocorrem principalmente no primeiro ano de tratamento 72. No presente estudo, quando comparadas as médias basais de IMC, porcentagem de massa magra e porcentagem de massa gorda corporal não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos. Isto mostra a homogeneidade dos aspectos de composição corporal no período pré-tratamento. Durante o seguimento de 6 meses evidenciou-se aumento de IMC, com diferença estatística ao longo do tempo, sem alterações de porcentagem de massa gorda ou de massa livre de gordura quando avaliados os grupos separadamente. Não houve diferença estaticamente significativa quando comparadas as médias das diferenças entre 6 meses e basal, para os 3 parâmetros, entre os grupos. Estes achados foram compatíveis com a literatura em relação ao IMC. Uma possível explicação para a ausência de diferença de porcentagem de gordura corporal e porcentagem 34 de massa magra entre os grupos seria o tempo curto de seguimento de apenas 6 meses. A maioria dos estudos sobre relação entre TPA e mudanças de composição corporal refere um tempo de seguimento maior, geralmente acima de 12 meses. Da mesma forma, não foram avaliados outros possíveis fatores relacionados a estas alterações, tais como ingesta alimentar, atividade física e comorbidades. Ainda não existem estudos específicos na literatura que comparam o tipo de bloqueio hormonal às mudanças de composição corporal. 6.2.3 Perfil Glicêmico Estudos epidemiológicos demonstram que baixos níveis de testosterona levariam ao aumentam do risco de DM2. Este fato pode ser confirmado por estudos de reposição androgênica em homens obesos e hipogonádicos que apresentaram melhora da sensibilidade à insulina após o tratamento 42, 73 . Na literatura existem evidências de que mulheres submetidas ao uso de análogo de LHRH também apresentaram piora do HOMA-IR devido ao hipoestrogenismo 74. Em decorrência da perda de massa muscular que acomete homens sob TPA é possível que um número reduzido de fibras musculares esqueléticas poderia causar uma diminuição da captação de glicose periférica muscular. Além disso, o hipogonadismo também é responsável pelo aumento de gordura visceral que é reconhecidamente um risco para desenvolvimento de resistência insulínica 42, 53 . Nossos achados não puderam ser correlacionados a estas evidências, pois ambos os grupos apresentaram porcentagens de gordura corporal e de massa magra semelhantes no pré-tratamento, não evoluindo com alterações significativas após o sexto mês. A associação entre o aumento do IMC e a piora da resistência insulínica em pacientes com CaP em TPA já foi previamente descrita na literatura 40, 42, compatível aos nossos achados. No presente estudo, o perfil glicêmico pré-tratamento (glicemia de jejum, Insulina basal, hemoglobina glicada, HOMA-IR) foi semelhante entre os grupos. Quando analisado ao longo do tempo houve diferença estatisticamente significativa nos níveis de glicemia de jejum, insulina basal e HOMA-IR, em ambos os grupos. Estes achados estão de acordo com os estudos previamente relatados na literatura e poderiam se correlacionar à queda dos 35 níveis de testosterona. Quando comparadas as médias da resistência insulínica (HOMA-IR) entre os dois grupos, os pacientes que foram submetidos ao bloqueio hormonal medicamentoso tiveram maiores índices de resistência insulínica. Da mesma forma, pacientes diabéticos (n=9) submetidos ao bloqueio medicamentoso apresentaram pior evolução do HOMA-IR quando comparados aos diabéticos submetidos à orquiectomia (n=10). Na literatura, não existem estudos comparativos associando a piora do HOMA-IR com as diferentes modalidades de bloqueio hormonal. Visto que ambos os grupos atingiram níveis de testosterona compatíveis com castração, uma possível explicação para esses achados seria uma redução mais acentuada de andrógenos adrenais no grupo de tratamento medicamentoso. Um estudo avaliou os níveis de andrógenos adrenais em pacientes submetidos ao bloqueio hormonal com análogo de LHRH versus orquiectomia bilateral. Os autores concluíram que houve uma redução estatisticamente significativa dos níveis de dehidroepiandrostenediona (DHEA) nos pacientes sob castração medicamentosa, o que não ocorreu nos pacientes do grupo cirúrgico 75. Uma relação direta entre a queda dos níveis de DHEA e a piora da captação de glicose mediada por insulina foi evidenciada em homens saudáveis submetidos à terapia com análogo de LHRH 76. Reforçando esta ideia, um estudo em ratas submetidas à ooforectomia mostrou que a reposição de DHEA teve relação direta com melhorada da sensibilidade da insulina, comprovando o efeito benéfico do DHEA sobre o pâncreas endócrino 77. Resumidamente, neste estudo atual com 102 pacientes, evidenciou-se uma piora da evolução do HOMA-IR no grupo de TPA medicamentosa quando comparado à TPA cirúrgica, mesmo sem diferença estatística significativa na porcentagem de gordura corporal e testosterona total entre os grupos. De acordo com as evidências atuais, este achado poderia ser explicado pelo fato de que o bloqueio hormonal medicamentoso causa uma maior redução dos níveis de andrógenos adrenais, com hipogonadismo mais acentuado e consequentemente pior sensibilidade à insulina. 36 6.2.4 Perfil Hematológico A anemia associada à TPA foi primeiramente descrita por Hamilton e colaboradores em 1948 quando demonstraram a queda de hemoglobina em pacientes submetidos à orquiectomia 78. Os androgênios agem sobre a eritropoiese através do estímulo de liberação de eritropoitina, aumento de atividade da medula óssea e aumento da captação de ferro pelas hemácias 79. A testosterona tem um efeito estimulatório sobre a eritropoiese principalmente em homens mais idosos, induzindo ao aumento de hemoglobina e hematócrito 80. Em 2010 Hara e col. 81 avaliaram pacientes com CaP localizado sob TPA e mostraram uma queda significativa dos níveis de hemoglobina após 6 meses de tratamento. Outro estudo comparando homens saudáveis com pacientes em TPA por CaP não metastáticos também demonstrou diminuição dos níveis de hemoglobina após 12 meses de tratamento (p<0,001) 82. No presente estudo, a média de hemoglobina pré-tratamento foi maior no grupo de pacientes submetidos ao bloqueio com análogo de LHRH quando comparado ao grupo de orquiectomia (14,4 ng/dl versus 12,6 ng/dl). Este achado pode estar relacionado ao fato de que no grupo medicamentoso os pacientes eram mais jovens e possuíam uma maior porcentagem de tumores de próstata localizados (análogo de LHRH 60,7% versus orquiectomia 13,1%). Quando avaliados os níveis de hemoglobina ao longo de tempo, notou-se um declínio nas médias de ambos os grupos, com significância estatística (p<0,001). A queda de hemoglobina secundária à TPA em pacientes com CaP já foi descrita em diversos estudos da literatura. Além disso, pacientes com CaP localmente avançado e metastático possuem maior risco de anemia por sangramentos e alterações relacionadas à própria doença como hiporexia, aumento do catabolismo, uso de medicamentos, etc. Comparando-se os grupos quanto ao declínio dos níveis de hemoglobina pelo teste de variância (ANOVA) notou-se que houve diferença estatística com uma maior diminuição dos níveis de Hb no grupo de pacientes submetidos ao tratamento medicamentoso como visto na Figura 5. Dos 102 pacientes estudados, 4 pacientes foram excluídos durante a análise de perfil hematológico, por receberem transfusão sanguínea e/ou por histórico de hematúria macroscópica, fatores que sabidamente poderiam interferir nos níveis séricos de 37 hemoglobina. Nenhum paciente foi submetido a intervenções cirúrgicas durante os 6 meses de seguimento. Dados do SWOG-2006 (Southwest Oncology Group) de pacientes com CaP metastático submetidos à orquiectomia, mostraram que aqueles com níveis de hemoglobina pré- tratamento maiores tiveram um declínio mais importante de seus valores após 3 meses do procedimento 83, o que poderia explicar o achado de diferença das médias de hemoglobina entre os grupos cirúrgico e medicamentoso, com pior evolução nos casos de uso de análogo de LHRH que apresentavam níveis de hemoglobina basais mais altos do que os pacientes do grupo de orquiectomia. Em 2012, Golfam e col. 84 estudaram os níveis séricos de hemoglobina e testosterona em 3 grupos de homens com CaP (radioterapia isolada, radioterapia mais bloqueio hormonal por 6 meses e radioterapia mais bloqueio hormonal por de 2 anos). Quedas significativas de testosterona e hemoglobina foram observadas nos grupos com bloqueio hormonal após o 6 meses de tratamento. Estas evidências sugerem que a radioterapia associada ao análogo de LHRH, nos pacientes do presente estudo, poderia não ser responsável pela queda mais acentuada de hemoglobina neste grupo. Um estudo prospectivo recente comparou pacientes com CaP submetidos à castração cirúrgica versus medicamentosa quanto aos níveis de hemoglobina e testosterona. Neste estudo, o grupo medicamentoso apresentou redução dos níveis de testosterona total (p=0,004) e hemoglobina (p=0,016) maior que o grupo cirúrgico. Os autores concluíram que a incidência de anemia foi significativamente diferente entre os grupos e que os níveis de testosterona foram positivamente correlacionados com esta alteração (p=0,039) 85. Na literatura não existem estudos específicos mostrando o efeito direto das diferentes modalidades de bloqueio androgênico no CaP sobre a eritropoiese. 6.2.5 Densidade Mineral Óssea Os androgênios são essenciais para a manutenção da integridade óssea nos homens. O envelhecimento é responsável por uma perda de massa óssea cortical, principalmente após os 50 anos 86 secundária 87. . O hipogonadismo masculino é uma causa importante de osteoporose 38 A literatura é controversa em relação a qual tipo de bloqueio hormonal (orquiectomia versus análogo de LHRH) levaria a uma maior perda de massa óssea nos pacientes com CaP. Faltam estudos prospectivos e randomizados comparando perda de massa óssea nas diferentes modalidades de tratamento. Em 2000, Stoch e col. 88 publicaram um estudo que comparou homens com CaP em TPA e sem TPA, pareados por idade. Observou-se uma redução significativa na DMO e elevação dos níveis de marcadores bioquímicos de remodelação óssea, com maior risco de fraturas, em pacientes com uso de análogo de LHRH. Outros dois estudos demonstraram achados semelhantes mesmo após um curto tempo de tratamento, sugerindo a necessidade de terapia preventiva precoce 72, 89. Em 2001, Kiratly e col. 90 compararam pacientes com CaP com e sem TPA. Os autores encontraram uma diminuição significativa na DMO nos hipogonádicos. Pacientes submetidos à castração cirúrgica apresentaram redução de DMO mais significativa do que aqueles em tratamento medicamentoso. Em 2013, Susan Greespan e col. 91 observaram um aumento da incidência de fraturas vertebrais silenciosas, diagnosticadas por ressonância nuclear magnética de alta resolução, em homens submetidos à TPA por mais de 6 meses. No presente estudo, quando analisado o período pré-tratamento, não foi observada diferença estatística significativa da DMO entre os grupos cirúrgico e medicamentoso, com médias de 1,3 g/cm2 e 1,2 g/cm2 em L1-L4 e 0,9 g/cm2 e 0,9 g/cm2 em colo de fêmur respectivamente. Estes resultados demonstram a homogeneidade dos grupos antes do tratamento quanto aos parâmetros ósseos. Ao se fazer a comparação da diferença das médias (6 meses menos basal) entre os grupos, constatou-se diferença estatisticamente significativa para DMO de L1-L4 e não significativa para DMO de colo de fêmur. Esses dados demonstram uma maior perda de massa óssea em coluna lombar em pacientes sob terapia de privação androgênica medicamentosa. Um estudo prospectivo recente comparou pacientes com CaP (52 tratados com orquiectomia e 73 com análogo de LHRH). Os autores demostraram que, após 12 meses de tratamento, o grupo medicamentoso apresentou redução estatisticamente significativa da testosterona total (p=0,004), densidade mineral óssea de coluna lombar (p=0,033) e de colo de fêmur (p=0,015) quando comparado ao grupo cirúrgico. Neste estudo, concluíram que a incidência de osteoporose foi significativamente diferente entre os grupos (p=0,009) e que 39 os níveis de testosterona foram positivamente correlacionados com estas alterações (p=0,039) 85, o que corrobora com nossos achados. Esta alteração não pode ser correlacionada ao uso de bisfosfonados, uma vez que, durante o seguimento, sua utilização foi semelhante entre os grupos (5 pacientes do grupo cirúrgico e 2 pacientes do grupo medicamentoso). 6.2.6 Limitações do estudo Trata-se de um estudo observacional, não randomizado. Os grupos cirúrgico e medicamentoso não são semelhantes em relação à idade e ao estadiamento oncológico. O tamanho amostral foi relativamente pequeno. 40 7 CONCLUSÃO Este estudo demonstrou que as alterações metabólicas precoces decorrentes de ambos os tratamentos não foram diferentes entres os grupos na maioria dos parâmetros mensurados. Porém o bloqueio androgênico com análogo de LHRH mostrou-se menos favorável em relação à resistência insulínica, principalmente em pacientes diabéticos. O bloqueio medicamentoso induziu mais anemia e mais desmineralização ósseo de coluna lombar que o bloqueio cirúrgico. Porém no futuro mais estudos comparativos, prospectivos e randomizados, são necessários para se conhecer melhor a síndrome metabólica em relação às modalidades de castração. 41 7. BIBLIOGRAFIA: 1. Siegel R, Naishadham D, Jemal A. Cancer statistics, 2013. CA: a cancer journal for clinicians. 2013;63(1):11-30. 2. Instituto Nacional do Câncer. [Internet] Brasil: INCA; 2014 [cited 2014 mar 20];Available from: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/prostata. 3. 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Este Termo de Consentimento explica porque este estudo está sendo realizado e qual será a sua participação, caso você aceite o convite. Este documento também descreve os possíveis riscos e benefícios se você quiser participar. Após analisar as informações com a pessoa que explica este Termo de Consentimento, e esclarecer suas dúvidas, você deverá ter o conhecimento necessário para tomar uma decisão esclarecida sobre sua participação ou não neste estudo. JUSTIFICATIVA PARA O ESTUDO A maioria dos pacientes com câncer de próstata pode, em algum momento de sua vida, necessitar de bloqueio hormonal (redução dos níveis de hormônio masculino). Este pode ser conseguido através de cirurgia (retirada dos testículos) ou com uso de medicação (injeção administrada no hospital a cada 3 meses). No Brasil existem estudos isolados envolvendo apenas uma das modalidades terapêuticas, porém não há até o momento estudos comparativos relacionando as duas formas de tratamento e seus respectivos efeitos indesejados. Serão incluídos 100 pacientes (50 pacientes em cada grupo) e o tempo de seguimento será de 6 meses. 55 OBJETIVO DO ESTUDO O objetivo principal deste estudo é avaliar a diferença entre as duas formas de bloqueio hormonal (redução dos níveis de hormônio masculino) recomendadas para o câncer de próstata, em relação aos efeitos colaterais (alterações do metabolismo). PROCEDIMENTOS A forma de tratamento será de escolha do próprio paciente. O médico analisará uma ficha de dados sócios demográficos e de condições clínicas (que avaliará aspectos relacionados ao seu estado de saúde). Os participantes serão encaminhados para coleta de sangue e exames complementares: bioimpedância (avaliação da distribuição de gordura do corpo) e densitometria óssea (avaliação da composição dos ossos, exame este realizado em outro serviço-AME, e considerado opcional). Os exames serão realizados no pré-tratamento, 1, 3 e 6 meses após o início do tratamento. RISCOS E DESCONFORTOS PARA OS PARTICIPANTES A princípio este estudo oferece riscos mínimos. BENEFÍCIOS ESPERADOS Poderá haver benefícios se algum distúrbio metabólico for identificado e puder ser tratado. Essa pesquisa tem como objetivo melhor avaliar as alterações provocadas pelo tratamento do câncer próstata para proporcionar no futuro melhores estratégias para o tratamento dessas complicações. PROCEDIMENTOS OU TRATAMENTOS ALTERNATIVOS A forma de tratamento (cirúrgico ou por medicamento) será de escolha do próprio paciente. INTERRUPÇÃO DO ESTUDO Este estudo poderá ser encerrado antes do prazo se houver dúvidas relativas a sua segurança ou por razões administrativas. Qualquer que seja o motivo, o estudo somente será interrompido depois da avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos que o aprovou, a não ser que existam razões de segurança que exijam a interrupção imediata do estudo. 56 LIBERDADE DE RECUSA A sua participação neste estudo é voluntária e não é obrigatória. Você pode aceitar participar do estudo e depois desistir a qualquer momento. Isto não tirará nenhum direito do seu tratamento e assistência neste hospital. Você também poderá pedir a qualquer momento que as suas informações sejam excluídas completamente deste estudo e que elas não sejam usadas para mais nada. GARANTIA DE SIGILO O pesquisador tomará todas as medidas para manter suas informações pessoais (como nome, endereço e outras) em sigilo. Durante todo o estudo e mesmo depois que terminar, quando os resultados deste estudo forem publicados em revistas científicas ou apresentados em congressos ou reuniões, a sua identidade será guardada em segredo, não sendo revelada qualquer informação a seu respeito que possa identificar você publicamente. Contudo, durante o estudo, algumas pessoas do Hospital de Câncer de Barretos envolvidas diretamente na pesquisa poderão ter acesso aos seus dados. Mesmo assim, os seus dados serão preservados e não serão divulgados publicamente. CUSTOS, REMUNERAÇÃO E INDENIZAÇÃO A participação neste estudo não terá custos a mais para você. Os custos relacionados diretamente com o estudo serão pagos pela(s) instituição que está participando deste estudo. Também não haverá qualquer tipo de pagamento devido à sua participação (mesmo que haja patentes ou descobertas). Se você sofrer algum dano a sua saúde como resultado da sua participação nesse estudo nesta instituição, o Hospital de Câncer de Barretos será responsável por lhe dar todo o tratamento necessário e de forma gratuita. Ao assinar este Termo de Consentimento, você não perderá nenhum direito, inclusive o de obter indenização por dano a sua saúde se isto acontecer. ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS, CRÍTICAS, SUGESTÕES E RECLAMAÇÕES Você poderá tirar qualquer dúvida sobre o estudo, fazer críticas, sugestões e reclamações diretamente com o pesquisador no Hospital de Câncer de Barretos, Andreza Vargas da Silva no telefone (17) 3321-6600, ramal: 6989. Você também poderá entrar em contato com o coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Câncer de Barretos (CEP-HCB) (Dr. Sérgio Serrano), localizado na Rua Antenor Duarte Vilela, 1331 – telefone (17) 3321-6600, ramal 6894 – e-mail [email protected]. 57 DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO Entendi o estudo. Tive a oportunidade de ler o Termo de Consentimento ou alguém o leu para mim. Tive a oportunidade de pensar, fazer perguntas e falar a respeito do documento com outras pessoas quando precisei. Autorizo a minha inclusão neste estudo. Ao assinar este Termo de Consentimento, não renuncio a nenhum dos meus direitos legais. Este documento será assinado em duas vias, sendo que uma via ficará comigo e outra com o pesquisador. Nome por extenso do participante de pesquisa ou Data Assinatura Nome por extenso do responsável que explicou e obteve o Termo de Consentimento Data Assinatura Nome por extenso da testemunha imparcial (para casos de analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de deficiência auditiva ou visual) Data Assinatura do representante legal FUNDAÇÃO PIO XII HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP DADOS DO PROJETO DE PESQUISA Título da Pesquisa: COMPARAÇÃO ALTERAÇÕES METABÓLICAS PRECOCES DO BLOQUEIO HORMONAL NO CÂNCER DE PRÓSTATA: ORQUIECTOMIA BILATERAL VERSUS ANÁLOGO DE LHRH Pesquisador: Andreza Vargas da Silva Área Temática: Versão: 3 CAAE: 05888012.6.0000.5437 Instituição Proponente: Fundação Pio XII Patrocinador Principal: Financiamento Próprio DADOS DO PARECER Número do Parecer: 504.598 Data da Relatoria: 27/12/2013 Apresentação do Projeto: A pesquisadora faz uma adequada apresentação do projeto, bem como da justificativas plausíveis para as alterações solicitadas. Objetivo da Pesquisa: É pertinente a alteração do objetivo solicitada pela pesquisadora. Avaliação dos Riscos e Benefícios: Os riscos são mínimos, uma vez que não será realizada intervenção com os pacientes fora da prática clínica habitual. A autora se compromete a guardar sigilo das informações pessoais dos pacientes. Comentários e Considerações sobre a Pesquisa: As alterações solicitadas são adequadas e podem ser realizadas. Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória: Adequados, sugiro apenas alterar, no termo de consentimento, quando faz a explicação sobre bloqueio hormonal, alterar a sentença: "... uso de medicação (injeção no músculo a cada 3 meses)" para, por exemplo: ... uso de medicação (injeção feita no hospital a cada 3 meses). Essa alteração se justifica pelo fato da goserrelina (zoladex) ser de aplicação subcutânea, e não intramuscular. Endereço: Rua Antenor Duarte Vilela, 1331 Bairro: Dr. Paulo Prata CEP: 14.784-400 UF: SP Município: BARRETOS Telefone: (17)3321-6600 Fax: (17)3321-6629 E-mail: [email protected] Página 01 de 03 FUNDAÇÃO PIO XII HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS Continuação do Parecer: 504.598 Caso esteja sendo aplicado apela a leuprorrelina, desconsiderar a recomendação Recomendações: Realizar a alteração sugerida no TCLE, caso seja adequada. Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações: Considero adequadas as alterações solicitadas Situação do Parecer: Aprovado Necessita Apreciação da CONEP: Não Considerações Finais a critério do CEP: O Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Pio XII ¿ Hospital de Câncer de Barretos analisou o(s) seguinte(s) documento(s) do projeto, e: - Aprovou o Emenda proposta ao Estudo Supracitado, submetido em 17/12/2013; - Aprovou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, versão de 17/12/2013; - Aprovou o Protocolo versão de 17/12/2013; Após analise do(s) documento(s) supracitado(s), o Comitê faz a seguinte recomendação: (x) O Estudo deve Continuar ( ) O Estudo dever ser Interrompido ( ) Solicita-se Esclarecimento Endereço: Rua Antenor Duarte Vilela, 1331 Bairro: Dr. Paulo Prata CEP: 14.784-400 UF: SP Município: BARRETOS Telefone: (17)3321-6600 Fax: (17)3321-6629 E-mail: [email protected] Página 02 de 03 FUNDAÇÃO PIO XII HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS Continuação do Parecer: 504.598 BARRETOS, 23 de Dezembro de 2013 Assinador por: Ednise Woyciechowski (Coordenador) Endereço: Rua Antenor Duarte Vilela, 1331 Bairro: Dr. Paulo Prata CEP: 14.784-400 UF: SP Município: BARRETOS Telefone: (17)3321-6600 Fax: (17)3321-6629 E-mail: [email protected] Página 03 de 03