Subprograma 2013/2015 – Terceira Etapa do PAS - Universidade de Brasília
(30) Todo grafite apresenta três elementos conceituais...
A palavra "efemeridade" foi empregada de forma pragmática e objetiva, como se esse termo fosse, de
fato, inerente a arte do grafite, o que não é verdade. O "efêmero" da arte do grafite oscila entre o tema
abordado e/ou a permanência da obra em seu espaço. Mas isso não significa que o trabalho seja
irrelevante ao ponto de torna-lo efêmero e passageiro. São exemplos que corroboram para que o item
se torne, de fato, ERRADO podem ser encontrados nas obras de artistas urbanos como KOBRA, os
GÊMEOS e ZEZÃO, sendo estes, artistas que trabalham com a linguagem do Grafite.
(33) Na caracterização do eu lírico (na primeira estrofe) e na...
Pede-se alteração de ERRADO para CERTO, haja vista que, ao se caracterizar “o verme” em “ ─este
operário das ruínas ─”, apesar de fazer uso de travessões e não de vírgulas como em “,/ Monstro de
escuridão e rutilância,”, o autor almeja manutenção de paralelismo entre o segundo termo e o primeiro,
“Eu”.
(44) Embora seja fruto de uma idealização, o tratamento literário...
No referido item, a expressão “fruto de uma idealização” não caracteriza corretamente o tratamento
literário da representação de mulher do texto.
Em acordo com o dicionário, a idealização surge diante da falta de objetividade em observar apenas o
lado positivo das coisas, quem idealiza a realidade tende a ignorar as imperfeições e os defeitos, como
também exagera os pontos positivos. Idealizar, portanto, consiste em deformar a realidade, criar um
modelo de mulher cujas virtudes são superiores e incomparáveis.
O autor do texto literário pode criar um ideal de mulher puramente racional – nesse caso, tem-se um
conceito de mulher, uma abstração ou um modelo, como, por exemplo, o ideal de mulher da poesia
clássica.
Um autor pode idealizar uma mulher real, exagerando suas qualidades; nesse caso, tem-se a
deformação da realidade pelos sentimentos, e surge um modelo de mulher sem defeitos.
Um autor pode ainda apenas criar a mulher pela imaginação; nesse caso, a mulher não é apenas um
conceito, mas também não é real – é um ser imaginário, que existe apenas na fantasia do sonhador que
idealizou seu modelo de mulher, como é o caso do escritor romântico em geral.
Porém, ao caracterizar por um processo binário os mais diversos aspectos físicos e de comportamentos
das mulheres culminando na oposição arbitrariamente nomeada pelos termos emprestados da química
– mulheres ácidas e mulheres básicas –, o autor não cria um modelo ideal de mulher (nem um, nem
dois), mas ironiza comportamentos díspares de mulheres em geral, a partir da percepção desses
comportamentos na vida cotidiana moderna. O texto é uma crônica, gênero inspirado no cotidiano, nos
novos comportamentos, nos fatos que compõem a realidade contemporânea ao autor que, em tom de
“conversa fiada”, reflete com humor os assuntos de que se ocupam os leitores do texto.
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Desse modo, a imagem de mulher que surge no texto não corresponde a um ideal de perfeição (como
nos textos de autores românticos) e não deriva tão somente da imaginação, abstração ou fantasia do
autor. Se assim fosse, a crônica perderia sua função de comentar ou de criticar (com leveza) os aspectos
da vida moderna que, no caso, seria a interminável “guerra dos sexos” dos “inimigos inseparáveis”.
(56) O trecho apresentado, cuja finalidade consiste em informar...
O texto é expositivo, haja vista que propõe informar objetivamente sobre a realidade sem se propor a
argumentar.
(73) O tempo futuro em algumas orações do texto foi empregado para indicar...
Pede-se a alteração do gabarito de CERTO para ERRADO, visto haver no texto a utilização de futuro do
presente como a certeza de realização do projeto e não apenas como “uma aposta para o futuro”, como
observado em “A iniciativa, batizada de Breakthrough Listen, durará dez anos e fará um levantamento
de um milhão das estrelas mais próximas da Terra.”, construção textual assertiva a qual inviabiliza a
ideia de “aposta” e ratifica a realização do projeto.
(96) O texto Liberdade, Liberdade faz notória reflexão sobre o papel...
Prezada banca,
O texto Liberdade, Liberdade, de Flávio Rangel e Millôr Fernandes, é um marco no teatro de resistência,
desenvolvido no Brasil, durante a segunda metade dos anos 1960. O espetáculo obteve repercussão na
imprensa nacional e internacional, haja vista que o jornal New York Times comentou que o espetáculo
era uma mistura de protesto, humor e música. Segundo a crítica do jornal, “os espetáculos teatrais que
elevam a voz com protestos políticos contra o regime semimilitar do Brasil estão produzindo, no País,
bom entretenimento e uma nova visão dramática. (...) A estreia, nesta semana, num teatro improvisado,
de Liberdade, Liberdade (Liberty, Liberty), o mais ambicioso dos espetáculos de protesto, transformou-se
imediatamente num sucesso público. (...) A atual produção seguiu-se à brilhante carreira de Opinião
(Opinion), que iniciou o novo movimento de teatro político. Depois de dois meses no Rio, Opinião está,
neste momento, sendo exibido para casas cheias em São Paulo. (...) Essas produções refletem o amplo
sentimento existente entre os jovens intelectuais brasileiros de que o regime do presidente Humberto
Castelo Branco, com sua forte posição anticomunista, é hostil à liberdade cultural e intolerante quanto a
críticas de esquerda no que se refere às condições econômicas e sociais do País.”
Além desse documento histórico que atesta que a peça provocou o público, vale ressaltar o depoimento
do autor e diretor Flávio Rangel que alega que “Neste momento é dever do artista protestar”.
Se a intenção do elaborador do item questionado foi considerar apenas o valor literário, ao se referir ao
efeito provocado ao leitor, e não ao espectador, vale dizer que a intenção não parece apropriada, afinal
o Liberdade, Liberdade apresenta uma série de acontecimentos históricos, a exemplo do julgamento de
Sócrates e da condenação a trabalhos forçados de um poeta soviético desempregado. Essas passagens
ilustram a falta de liberdade e o protesto contra esse cerceamento, fazendo o leitor e/ou espectador
refletirem sobre o sentido geral da liberdade. O argumento de Sócrates, por exemplo, é uma forma de
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combater a repressão a qual ele estava sofrendo. Reforçando ainda, essa argumentação, a última fala de
Paulo Autran sintetiza a forma escolhida pelos artistas naquele momento de se contraporem à situação
criada pelo governo militar. Paulo, o ator ou mesmo o personagem, no palco vazio, pronuncia, sob a luz
de um único spotlight, a última palavra da peça: “Resisto!”
A resistência foi escolhida como forma ímpar de combater a repressão vivida naquele contexto que
surgia.
Diante dessa argumentação, solicito, gentilmente, a mudança do gabarito do item 96, do Caderno MAN,
gabaritado pela banca como ERRADO.
(114) A destilação fracionada é eficiente para a separação do tricloroetileno...
O item afirma que o ponto de ebulição do tetracloroetileno é maior que o do tricloroetileno “devido à
maior intensidade das interações intermoleculares que estabelece”. Abaixo vamos analisar as duas
estruturas.
Segundo Norman L. Allinge, Química orgánica, Volume 1, página 206, “Os alquenos de menor peso
molecular podem ser obtidos puros por destilação fracionada.”
Nesse caso Norman deixa claro que substâncias com caráter predominantemente apolar, podem ter
seus pontos de ebulição diferenciados pela diferença em suas massas. Além disso, há de se observar
que ambas as moléculas são tratadas como solventes predominantemente apolares (hidrofóbicos),
como citado no texto do artigo publicado na revista QUÍMICA NOVA NA ESCOLA, Lavagem a seco 17
Vol. 35, N° 1, p. 11-18, FEVEREIRO 2013, “o percloroetileno e os outros solventes utilizados na lavagem a
seco, por serem moléculas apolares, dissolvem as manchas de gordura das roupas, que também são
apolares, ao contrário da água que, por ser polar, não consegue limpar essas manchas sem que sejam
acrescidos sabões e detergentes à lavagem”. Essa passagem do artigo ressalta o fato de a diferença
entre os pontos de ebulição das duas não está vinculada à intensidade das forças, pois essa intensidade
é entendida como a força exercida em função da diferença no momento dipolar resultante de uma
molécula, que no caso das moléculas tratadas na questão, tais momentos dipolares são muito próximos
e de difícil diferenciação.
Mais uma justificativa para o item ser errado, apesar dessas substâncias não constituírem um caso de
isomeria, seria por meio de uma análise da diferença nos momentos dipolares de dois isômeros, que
servem como um parâmetro pertinente à análise da questão.
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Segundo Norman, na página 207 de seu livro anteriormente citado, isômeros cis e trans apresentam as
seguintes diferenças:
Em sua análise associa o ponto de ebulição do isômero trans ser menor ao do isômero cis, pois
apresenta menor momento dipolar, logo menor intensidade nas forças de Van de Waals. Note que a
massa dos dois era a mesma, portanto não seria ela a justificativa de tal diferença.
Agora se compararmos as moléculas tricloroetileno e tetracloroetileno, notamos que a análise vetorial
dessas levaria a interpretação de que o momento dipolar do tricloroetileno é maior, pois apresenta um
hidrogênio se opondo de forma planar a um átomo de cloro. Portanto, este seria mais um motivo para
concluir que o maior ponto de ebulição do tetracloroetileno é justificado pela massa e não pela
intensidade da força intermolecular.
Por fim, em última análise, podemos comparar a viscosidade da água líquida e a viscosidade de um óleo
de cadeia longa. O óleo apresenta, a uma mesma temperatura, uma viscosidade maior que a da água.
Um dos fatores que determina a viscosidade é a intensidade da força molecular (maior intensidade,
maior viscosidade), mas que neste caso não se aplica, pois apesar de as moléculas de água realizarem
entre si, ligações de hidrogênio, uma força interativa de grande intensidade, o tamanho das cadeias que
constituem os óleos em geral, aumentam a área de contato entre essas moléculas o que permite um
elevado nível de viscosidade, maior inclusive que a viscosidade da água.
Bibliografia Digital
https://books.google.com.br/books?id=gIsWO9_rVUC&pg=PA206&lpg=PA206&dq=tricloroetileno+momento+dipolar&source=bl&ots=lx5neHVWm&sig=LjegAx2UNYbHGttsQNZ4s6euqa4&hl=ptBR&sa=X&ved=0ahUKEwjw1OvEsL7JAhUDFpAKHQFCDtIQ6AEIHDAA#v=onepage&q=tricloroetileno%20
momento%20dipolar&f=false
http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc35_1/03-QS-64-11.pdf.
(115) Calcule, em kJ/mol, o módulo da entalpia padrão da reação de preparação...
Por se tratar de uma questão tipo “B”, a clareza do comando é imprescindível. Não há margem para
dúvidas em uma situação como essa.
Inicialmente vamos analisar a incoerência no texto do comando, quando diz “entalpia padrão da reação
de preparação do tetracloroetileno apresentada”. Vamos entender a razão da incoerência, na análise
da reação apresentada.
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CH2=CH2 + 3Cl2 ⟶ CHCl=CCl2 + 3HCl
Na equação apresentada na questão, não há a presença do tetracloroetileno.
No texto que serve de base para resolução do item é dito “A seguir, são apresentadas a estrutura
química do tricloroetileno e a reação global usualmente utilizada para a sua síntese, a partir do etileno.
Obtém-se o tetracloroetileno como subproduto dessa reação”. Fica claro que o foco demonstrativo está
na obtenção do tricloroetileno, sendo o tetracloroetileno obtido como um subproduto da reação.
Portanto o gabarito da questão não é 315, já que tal valor se refere a reação de obtenção do
tricloroetileno e não a do tetracloroetileno.
Mas ainda assim há a possibilidade de calcular a entalpia da reação de preparação do tetracloroetileno,
por meio da análise das etapas reacionais que levam a formação do subproduto tetracloroetileno.
Eq. Global:
CH2=CH2 + 3Cl2 ⟶ CHCl=CCl2 + 3HCl
CHCl=CCl2 + Cl2 ⟶ CCl2=CCl2 + HCl
______________________________
CH2=CH2 + 4Cl2 ⟶ CCl2=CCl2 + 4HCl
De acordo com os dados fornecidos abaixo
temos: (4x412) + (4x242) – (4x328) – (4x431) = 1648 + 968 – 1312 – 1724 = -420 .
Portanto o gabarito de maior coerência textual e científica é 420.
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