Saúde
Alerta
Alta temperatura traz
sérios riscos aos atletas
O intenso calor e a baixa umidade do ar deste período do ano podem levar os atletas
a níveis altos de hipertermia, prejudicando a integridade das células nervosas
Eu Atleta
O
s jogos do campeonato brasileiro
que estão sendo
realizados às 11h, no início de primavera, com altas temperaturas e baixa
umidade relativa do ar,
reabrem uma antiga discussão no futebol. Exercícios físicos competitivos
que exigem esforços no
limite da tolerância em
temperaturas altas são
sempre um perigo para a
integridade dos atletas.
A sequência de eventos que podem representar risco e, eventualmente
levar a um episódio mais
sério para a saúde, já é
bastante conhecida. A
luta contra o calor exige
intensa sudorese e, consequentemente, enorme
perda de líquidos e sais
minerais. Quando a perda
é maior que a reposição, a
desidratação é inevitável.
Além da desidratação, a
perda de sódio em grande quantidade pelo suor
pode levar à temida hiponatremia, com sérias consequências.
Quando o corpo vai
progressivamente se desidratando, fica cada vez
mais difícil evitar a elevação da temperatura
corporal. A temperatura
do corpo já teria uma tendência a aumentar devido
à enorme produção de ca-
Jogadores do Corinthians se hidratam durante partida das 11h realizada no último domingo
lor durante o exercício intenso. Quando a temperatura ambiente fica acima
dos 30ºC, a perda de calor
pelo corpo é extremamente difícil. Esta dificuldade é muito agravada pela
diminuição dos líquidos
corporais, prejudicando
a sudorese e a evaporação
do suor que, nesta circunstância, é a única forma de perder calor.
O resultado inevitável é a elevação cada vez
mais perigosa da temperatura corporal. Neste
caso, o órgão mais vulnerável é o sistema nervoso
central. A hipertermia
que se instala ameaça
perigosamente a integridade e função das células
nervosas. Os episódios
de tontura, distúrbios
visuais, mal estar, geralmente acompanhado de
vômitos, são sinais de
alerta que apontam para
um risco eminente que
deve ser evitado.
O perigo, na verdade,
é ainda maior para os
atletas, pois ao contrário
do que se poderia pensar
eles não estão mais protegidos. Os atletas toleram
mais o sofrimento e, consequentemente, podem
atingir níveis de hipertermia mais acentuados.
Entretanto, a vulnerabilidade de suas células nervosas é a mesma que a
dos indivíduos comuns.
A chance de ocorrer uma
lesão neurológica é, portanto, maior.
Os jogos às 11h são
um sucesso de público e
até se tornam mais convenientes para um domingo
pelo horário. Entretanto,
os “artistas” responsáveis pelo espetáculo são
expostos a um risco que
precisa ser evitado. No
último domingo, tivemos
mais de 40 graus de temperatura e umidade de
8% neste horário, no jogo
entre Goiás e Joinville, no
Serra Dourada. Quem responde pela liberação de
um jogo de futebol profissional nestas condições
está assumindo um risco
que a ciência e até o bom
senso reprovam.
Dieta e Nutrição
Cirurgia bariátrica deve priorizar
diabéticos e não apenas obesos
Um novo estudo mostrou que o procedimento é efetivo para os pacientes com
diabetes tipo 2 tanto sob ponto de vista clínico quanto econômico
Da Redação
P
acientes obesos e
diabéticos deveriam
ter prioridade na indicação da cirurgia bariátrica metabólica. É o que
diz um estudo publicado
recentemente no periódico
científico The Lancet. De
acordo com os pesquisadores, a priorização deste
grupo é importante tanto
do ponto de vista clínico
quanto econômico. Os resultados do estudo mostraram que os pacientes
que realizaram a cirurgia
tiveram uma redução nos
gastos com medicamentos
e atendimento médico em
torno de 30%.
O trabalho foi realizado
com cerca de quatro mil
pacientes do sistema de
saúde que foram acompanhados por 15 anos. Destes, uma parte foi submetida à cirurgia bariátrica e
metabólica e a outra continuou a ser tratada clinicamente, apenas com remédios e outras terapias.
Após os 15 anos de
acompanhamento, o estu-
do concluiu que, entre os
pacientes operados, a economia com os diabéticos
foi maior, quando comparados aos pré-diabéticos
e aqueles com glicemia
normal. “O estudo SOS
vai além ao dizer que entre os pacientes diabéticos
indicados para a cirurgia,
deve-se priorizar aqueles
com até um ano de diagnóstico da doença”, afirma
Ricardo Cohen, cirurgião-geral e diretor do Centro
de Diabetes do Hospital
Oswaldo Cruz.
De acordo com o cirur-
gião, este estudo é um dos
mais importantes realizados até então, pois é o primeiro que prova que a cirurgia não é só efetiva em
longo prazo, mas também
traz um impacto econômico significativo para os
pacientes e para o sistema
de saúde. Para ser considerada obesa, uma pessoa
deve ter um índice de massa corporal (IMC) igual ou
acima de30. No entanto, as
diretrizes atuais indicam a
cirurgia bariátrica apenas
para pacientes com IMC
acima de 35.
Aná­po­lis, de 25 de setembro a 02 de outubro de 2015
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Cirurgia bariátrica deve priorizar diabéticos e não apenas obesos