Protocolo Para Atendimento Ambulatorial do Paciente com Diabetes Mellitus Tipo 1 1. AO DIAGNÓSTICO Duas consultas semanais nos primeiros 15 dias. Objetivos: Início do processo educativo com o acolhimento da família e as primeiras explicações sobre a fisiopatologia do diabetes Orientações sobre a administração da insulina e alimentação Orientações quanto ao uso do glicosímetro, o registro das glicemias diárias e o ajuste das doses de insulina Prevenção e tratamento da hipoglicemia Neste período é muito importante o contato da família com uma equipe muldisciplinar composta por psicólogo, nutricionista, enfermeira e médico. Nesta fase, habitualmente, a família e o médico mantém contato telefônico frequente. 2. O PACIENTE COM HIPERGLICEMIA E CETOSE A hiperglicemia e cetose geralmente ocorrem em pacientes com diabetes mellitus tipo 1 como consequência do mal controle glicêmico e/ou durante quadros infecciosos ou de stresse. Quando o paciente apresenta este quadro, muitas vezes a intervenção com consultas mais frequentes, intensificando o tratamento, afasta a progressão para um quadro de cetoacidose diabética que requer internação. Caso a hiperglicemia e cetose sejam acompanhadas de desidratação moderada o médico deverá julgar a possibilidade de recuperação com um atendimento ambulatorial intensivo. Deverá ser realizada uma consulta mais detalhada com a permanência do paciente no local de atendimento onde receberá hidratação oral e insulina de ação rápida ( regular ) de acordo com as orientações do médico em função dos resultados dos exames de glicemia e cetonúria e evolução do quadro clínico. Caso não seja possível a observação do paciente pelo médico ou o quadro clínico não apresente melhora o paciente deverá ser encaminhado a um serviço de pronto atendimento hospitalar. Será necessária uma consulta ambulatorial adicional alguns dias após a estabilização deste quadro para o reforço das orientações dadas visando a melhora do controle metabólico e prevenção de novas descompensações. A cetoacidose diabética é um quadro clinicamente grave, mas prevenível. PERGUNTAS E RESPOSTAS: ASSUNTOS: DIABETES / HIPOGLICEMIA 1. O que é o diabetes e como saber se meu filho está diabético? O diabetes mellitus pode ter várias causas. Quando consideramos o diabetes que se inicia na infância e adolescência estamos, na grande maioria das vezes, falando do diabetes tipo 1. O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, ou seja, o próprio organismo ataca algumas de suas próprias células, destruindo-as. A causa ainda é desconhecida. O organismo inicia a destruição das células B, produtoras de insulina que se localizam no pâncreas e após a destruição de quase todas elas é que o diabetes vai se manifestar clinicamente. Desta forma, como o organismo não estará mais produzindo insulina por uma falência do pâncreas vão surgir alguns sinais e sintomas que devem servir de alerta para os pais e os médicos, como: sede intensa, aumento no volume urinário e na frequência do uso de banheiro sendo que algumas crianças voltam a urinar na cama à noite, fome exagerada, emagrecimento, desânimo ou irritabilidade. Nesta primeira fase que na maioria dos casos pode durar de 15 a 30 dias, o diagnóstico pode ser feito em uma consulta comum. Caso os familiares ou o médico não desconfiem que algo não vai bem a criança vai piorando, fica mais fraca, muito desidratada, e a respiração fica mais profunda, cansada, soprosa e com um cheiro que parece de maçã ou de acetona. Nesta fase é urgente a internação em um hospital para tratamento do que chamamos cetoacidose diabética. O tratamento é feito principalmente com hidratação e insulina. Depois que o paciente recebe alta do hospital o tratamento é feito em casa com insulina subcutânea, alimentação balanceada e sem açucar e prática regular de atividade física. O diabetes tipo 1 é também chamado de insulino-dependente pois é sempre necessário o uso de insulina. Há um outro tipo de diabetes, muito mais comum, que chamamos de diabetes tipo 2. Este se desenvolve principalmente no adulto maior de 40 anos, geralmente obeso e com história de outros diabéticos na família com início da doença na fase adulta. A causa é diferente e a maioria dos pacientes se beneficia com a correção da alimentação que deverá ser balanceada e sem açucar, perda de peso e a prática regular de atividade física. Alguns necesstitam da ingestão de uma medicação oral e em geral só mais tarde os adultos vão necessitar de insulina. 2. Dizem que quando a criança fica diabética ela só vive até os 30 anos. Isto é verdade? Não. A criança tem condições de viver bem sua infância e também sua vida adulta e a velhice, como uma pessoa que não tem diabetes. Existem algumas complicações que surgem quando o paciente não controla bem seu diabetes, mantendo o açúcar no sangue sempre muito alto. Estas complicações realmente vão piorar muito a qualidade de vida do diabético no futuro. Se o paciente mantiver a glicemia sempre próxima do normal, a chance de desenvolver qualquer complicação é muito reduzida e a qualidade de vida muito boa. Documento Científico do Departamento de Endocrinologia