AU TO RA L TO EI DI R DE LE I UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES LA PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EN TO PR OT EG ID O PE AVM FACULDADE INTEGRADA DO CU M ILUMINAÇÃO PÚBLICA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Por: Adalberto Jeronimo da Costa Neto Orientador Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Rio de Janeiro 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ILUMINAÇÃO PÚBLICA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Engenharia de Produção Por: Adalberto Jeronimo da Costa Neto 3 AGRADECIMENTOS a minha esposa Carmem e meu filho Matheus pelo apoio dado ao longo do curso. E ao meu filho Pedro pelo suporte fotográfico. 4 DEDICATÓRIA dedico à memória do meu pai, um nordestino de pouca instrução e grande conhecimento, que só via mudanças através da educação e a minha mãe, grande incentivadora de tudo que faço. 5 RESUMO Este trabalho tem como objetivo relatar a história da Iluminação Pública na cidade do Rio de Janeiro desde sua fundação até os dias atuais, sendo abordados aspectos técnicos, sociais e econômicos. Procurou-se condensar informações existentes, em muitos casos, bem específicas, de forma a tornálas acessíveis a todos, que é o objetivo deste trabalho. . 6 METODOLOGIA Para a realização deste Trabalho de Conclusão de Curso de PósGraduação foi aplicada como metodologia, uma pesquisa bibliográfica, que consistiu de várias consultas a livros, monografias, websites da Internet, leis, resoluções e normas técnicas do setor elétrico que abordassem o tema proposto e mostrassem seus aspectos técnicos e sócio-econômicos, trazendo resposta à questão central deste trabalho e aumento do conhecimento do tema proposto. Os principais autores utilizados foram DUNLOP, FERREIRA e MENDONÇA. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 09 CAPÍTULO I Principais Grandezas Utilizadas em Iluminação 11 CAPÍTULO II Uso do Óleo de Baleia 13 CAPÍTULO III Uso do Gás 17 CAPÍTULO IV Lâmpadas a Arco Voltaico 23 CAPÍTULO V Lâmpadas Incandescentes 27 CAPÍTULO VI Lâmpadas Fluorescentes 31 CAPÍTULO VII Lâmpadas a Vapor de Mercúrio 34 CAPÍTULO VIII Lâmpadas Mistas 38 CAPÍTULO IX Lâmpadas a Vapor de Sódio 40 8 CAPÍTULO X Lâmpadas de Multivapores 43 CAPÍTULO XI Diodos Emissores de Luz (LEDs) 45 CONCLUSÃO 48 BIBLIOGRAFIA 50 ÍNDICE 53 FOLHA DE AVALIAÇÃO 55 9 INTRODUÇÃO Segundo a Resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) nº 456, de 29 de novembro de 2000, define: Art. 2º, inciso XXIV - Iluminação Pública: serviço que tem por objetivo prover de luz, ou claridade artificial, os logradouros públicos no período noturno ou nos escurecimentos diurnos ocasionais, inclusive aqueles que necessitem de iluminação permanente no período diurno. Segundo Dambiski em Aplicação do Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente (PROCEL-RELUZ): “A Iluminação Pública é essencial à segurança e qualidade de vida nos centros urbanos, atuando como instrumento de cidadania, permitindo aos habitantes desfrutar do espaço público no período noturno. Ela atua na segurança do tráfego, previne a criminalidade, embeleza as áreas urbanas, valoriza monumentos de valor artístico, prédios e paisagens, orienta percursos e permite aos cidadãos aproveitarem melhor as áreas de lazer” (DAMBISKI, 2007, p.4) Com base nestas afirmações vemos a importância da Iluminação Pública no ponto de vista legal e social. Ao longo deste trabalho será visto como isto ocorreu ao longo do tempo, na cidade do Rio de Janeiro, acrescidos os aspectos técnicos e sócioeconômicos. No Capítulo I mostraremos as principais grandezas utilizadas em iluminação. 10 No Capítulo II mostraremos a forma de Iluminação Pública utilizada quando do início do Rio de Janeiro como cidade até a metade do século XIX. No Capítulo III veremos os meios utilizados para iluminação da metade até o fim do século XIX. Nos Capítulos IV e V os meios utilizados na primeira metade do século XX. Nos Capítulos VI, VII, VIII e IX as formas utilizadas a partir da segunda metade do século XX. Nos Capítulo X e XI as forma de iluminação pública que deverão ser utilizada, no século atual. 11 CAPÍTULO I PRINCIPAIS GRANDEZAS UTILIZADAS EM ILUMINAÇÃO Partindo do pressuposto que grandeza é tudo aquilo que se pode medir, veremos algumas grandezas utilizadas, segundo FRÓES da SILVA, 2006: Fluxo Luminoso (F) Quantidade de luz produzida por uma fonte luminosa, emitida pela radiação. É a potência luminosa, sendo medido em lúmen (fogo, em latim) abreviatura lm. Eficiência Luminosa ( ) Relação entre o fluxo luminoso total emitido por determinada fonte e a potência consumida por esta fonte de luminosidade. Por exemplo, para uma fonte de 100 W que produz um fluxo luminoso de 1.470 lúmens, tem-se uma eficiência luminosa de 14,7 lm/W. Iluminância ou Iluminamento (E) Trata-se do fluxo luminoso incidente por unidade de área iluminada, medida em lux. Luxímetro Instrumento utilizado para medição de iluminâncias. Luminância (L) Medida da luminosidade que um observador percebe refletido desta superfície, medido em candelas por unidade de superfície (cd/m²). Esta unidade é conhecida por nit, do latim claridade. 12 Depreciação do Fluxo Luminoso Redução progressiva do fluxo luminoso das lâmpadas no decorrer de sua vida útil, além da redução da iluminância do sistema de iluminação (luminárias e lâmpadas) por acúmulo de poeira, oxidação etc. Temperatura de Cor Termo utilizado para descrever a cor de uma fonte de luz, medida em kelvin (K). Por exemplo, em 1.500 K a aparência é laranja/vermelho (cores quentes) e em 9.000 K a aparência é azul (cor fria). Índice de Reprodução de Cor (IRC) Quantificação de 0 a 100 de uma fonte quando comparada com uma fonte padrão de referência da mesma temperatura de cor. Evidencia a percepção das cores do objeto iluminado. Vida Mediana Tempo após o qual 50% das lâmpadas submetidas a um ensaio de vida atingem o fim de sua vida. 13 CAPÍTULO II USO DO ÓLEO DE BALEIA 2.1 – Aspectos Técnicos Segundo FERREIRA (2009), a instalação no Recôncavo Baiano, no início do século XVII, dos imigrantes vindos da Biscaia (ou Viscaya), província da Espanha, devotados à pesca e à industrialização do óleo de baleia, incentivou a exploração de cetáceos no Brasil. Por sua longa convivência com empreendimentos baleeiros, esses imigrantes traziam consigo uma longa experiência no sistema de caça às baleias, no retalhamento de sua gordura e na extração de seu óleo, tendo conhecimento na confecção de ferramentas, embarcações, equipamento para cozimento da gordura e seu armazenamento (tanoaria) e demais atividades afins. No Rio de Janeiro, a partir da instalação da Armação (edificação para fins baleeiros) de São Domingos (hoje bairro de Niterói), na Baía de Guanabara, em meados do século XVII, a indústria de extração do óleo de baleia (azeite de peixe) prosperou de tal forma que a cidade se tornaria seu maior pólo no país. Segundo DUNLOP (2008), as baleias foram abundantes em nossa costa, inclusive na Baía de Guanabara. Os primeiros depósitos deste “azeite” ficavam na antiga rua General Câmara, mais tarde sendo transferidos às proximidades do Arco do Teles, na praça Quinze de Novembro. Cada baleia rendia cerca de 20 a 30 pipas de óleo, cada pipa contendo 70 canadas (cerca de 100 litros). Fizeram-se grandes fortunas, sendo uma das fontes mais rentosas para o Erário. No final do século XVIII, começaram a escassear esses preciosos cetáceos. 14 2.2 – Aspectos Sócio-econômicos A cidade do Rio de Janeiro teve seu primeiro reconhecimento quando da expedição capitaneada pelo navegante português Gonçalo Coelho, em janeiro de 1504. Sua fundação ocorreu em 1º de março de 1565, por Estácio de Sá, entre o Morro Cara de Cão, atual São João, e o Pão de Açúcar. Foi lhe dado o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao rei português D. Sebastião. Em 1567, após prolongada luta com os índios Tamoios e seus aliados franceses, a cidade foi transferida para o Morro do Castelo, fundando a Capitania Real do Rio de Janeiro, sob o comando de Salvador de Sá. Segundo MENDONÇA (2004), por muito tempo a cidade não tinha iluminação externa, a não ser o brilho da lua e das estrelas. A iluminação interna das moradias era feita por candeias (candeeiros), lamparinas ou velas. A primeira manifestação de iluminação externa foi quando da iluminação de altares em torno de santos, diante de oratórios construídos em várias esquinas para marcar o itinerário de procissões. A primeira lanterna externa, acesa permanentemente, foi a do Convento de Antônio, no Largo da Carioca, erguida em 1710. A população da cidade era de 12 mil habitantes. A situação da cidade mudou em 1763, quando passou a ser a capital do Brasil, contando com aproximadamente 30 mil habitantes, na sua maioria escravos. Nessa época, por iniciativa dos moradores, houve a implantação de 20 lampadários de madeira, envidraçados, a base de azeite de peixe, e suspensos por varões de ferro. Eram acesos todas as noites, exceto na lua cheia. A partir daí começarem a espalhar pela cidade lampadários, custeados por particulares, em oratórios e tendo como elemento alimentador o óleo de baleia. Segundo DUNLOP (2008), no reinado de D. Luiz de Vasconcellos e Souza (4º Vice-Rei do Brasil), entre 1779 e 1790, foram instalados 73 15 lampadários nas quatro freguesias da cidade: 22 na da Sé, 27 na da Candelária, 12 na de São José e 12 na de Santa Rita. O Passeio Público por ele construído sobre a lagoa do Boqueirão, aterrada com a demolição do morro das Mangueiras (região por onde hoje seriam as ruas Joaquim Silva e Visconde de Maranguape), com traçado e embelezamento feito pelo mestre Valentim (inaugurado em 1783), contava com 9 lampiões de azeite de peixe. O Conde de Resende (1790 a 1801 – 5º Vice-Rei do Brasil), procurando melhorar a iluminação pública da cidade, custeou a colocação nas ruas dos primeiros lampiões de azeite de peixe: 100 lampiões, 4 nas ruas de maior movimento e 2 nas de menor, suspensos por vergalhões de ferro (postes). Eles foram instalados entre a Rua Direita (atual 1º de Março) e o Campo de Santana, parte urbana da cidade, que tinha 40 mil habitantes. Em 1808, com a chegada da Família Real Portuguesa, a cidade sofreu total modificação administrativa, social, política e econômica. Passou a ser necessária a iluminação nas vias públicas com o objetivo de aumentar a segurança, sendo criada a Inspetoria Geral de Polícia e um imposto para tal fim (em 1810). Houve o crescimento da iluminação externa e o aparecimento do acendedor de lampiões: escravos que normalmente estavam untados de azeite, com mau cheiro e, em virtude do número de lampiões, vivendo e dormindo nas ruas. Assim, sem outro meio mais moderno e eficiente, a iluminação a óleo de baleia foi se estendendo por toda cidade. Segundo PONDÉ (1971), entre 1835 e 1838, o número de lampiões já era de 1.254, a equipe composta de 1 fiel, 43 feitores e 72 serventes, sendo a população de 125.000 habitantes, morando 90.000 no centro e 35.000 nos arredores. Em 1847 eram 1.853 lampiões, com o serviço de 67 escravos, supervisionados por feitores. Somente dois oratórios que usavam este tipo de iluminação ainda existem: o do Convento de Santo Antônio e o de Nossa Senhora da Boa Esperança, nos fundos da Igreja do Carmo, na rua do mesmo nome. 16 Figura 1 – Convento de Santo Antônio (Acervo de Pedro Costa, 2012) Figura 2 – Fundos da Igreja do Carmo (Acervo de Pedro Costa, 2012) 17 CAPÍTULO III USO DO GÁS 3.1 – Aspectos Técnicos A primeira tentativa de iluminação a gás no Rio ocorreu em 1828, com o decreto imperial de 23 de outubro, concedendo a Antônio da Costa a autorização para organizar uma companhia para iluminar a cidade com 1.500 lâmpadas suspensas em colunas de ferro (postes). A companhia não logrou êxito, perdendo a concessão em outubro de 1830. Outras tentativas de iluminar a cidade por meio de gás foram feitas sem sucesso entre 1834 e 1840. Segundo PONDÉ (1971), em 11 de março de 1851 foi assinado um contrato com Irineu Evangelista de Souza (futuro Barão e Visconde de Mauá), visando iluminar com gás hidrogenado, oriundo do carvão mineral ou hulha (importado da Inglaterra), a cidade do Rio de Janeiro. Além disso, visou-se instalar uma ou mais oficinas para a produção do gás, as canalizações gerais e as derivações para os bicos dos combustores, assim como lampiões e candelabros. A luz seria equivalente a seis velas de cerca de seis libras; e o gás, para particulares, seria fornecido durante o dia e a noite. O Governo pagaria 27 réis por combustor e os particulares a mesma quantia. Estava criada a Companhia de Iluminação a Gás, que ao longo de sua existência possuiu vários nomes e proprietários. Em 1852, Irineu Evangelista de Souza iniciou a construção do edifício da Fábrica de Gás no Caminho do Aterrado, entre as travessas de São João e do Porto, atualmente Avenida Presidente Vargas, 2.610, entre as ruas Carmo Neto e Comendador Maurity. Era um terreno alagadiço, logo aterrado com barro do morro do Nheco (hoje morro do Pinto), pertencente ao futuro Visconde de Mauá. Dois engenheiros e mecânicos foram contratados para a montagem das instalações que iam produzir o gás. 18 Em maio de 1853, grande parte do material já tinha sido recebida e mais de 8.000 braças (unidade de medida equivalente a dois braços abertos - 2,2 m), ou seja, quase 18 km de canalizações tinham sido instalados. Estas canalizações eram todas fundidas, bem como os lampiões de ferro, na Companhia da Ponta da Areia (Niterói), de propriedade do próprio concessionário. O sistema de iluminação foi inaugurado em 14 de março de 1854. Com este tipo de iluminação surgiu a necessidade do poste. O poste era elemento essencial para levar o gás dos dutos até as luminárias, passando a ser parte de decoração da cidade com seus desenhos em ferro fundido. A intensidade da luz era superior à de Londres e não inferior a de Manchester, como constatou comissão nomeada em 1854 para fiscalizar o contrato. Neste mesmo ano começou a substituição da iluminação a azeite de peixe. Segundo DUNLOP (2008), em 1855, houve uma epidemia de cólera que dizimou várias vidas na cidade. Com isso, vários escravos que trabalhavam com a cal (produzida pela calcinação das conchas de marisco), necessária para purificação do gás, pereceram. Houve redução no fornecimento do gás. A solução foi o emprego do barro vermelho, pouco depois substituído pelo peróxido de ferro. A expansão da iluminação a gás exigia novos gasômetros: foi construído um novo no próprio terreno da fábrica. Sua inauguração foi em 7 de setembro de 1860, bem como a do Canal do Mangue para escoamento dos detritos da destilação do carvão. Em 1874, foi criada a Inspetoria Geral de Iluminação Pública para administrar a iluminação da cidade. Em 1876, passou-se a usar um tipo de gás, Globe-Gás, em substituição a iluminação de óleo de baleia existente nos subúrbios. O método utilizado era o da extração do gás do óleo de nafta, pelo processo denominado “eolypilo”. Segundo a especificação do contrato, a chama dos combustores, durante todo o tempo da iluminação, devia manter-se 19 clara, isenta de fumaças e equivalente à luz de nove velas de espermacete (óleo de baleia) das que queimam 60 grãos de espermacete por hora. Em 1º de setembro de 1886 a Fábrica de Gás possuía os seguintes aparelhos: dois gasômetros de 15.600 metros cúbicos e um de 2.300, podendo fornecer diariamente 36.000 metros cúbicos de gás para iluminação pública e particular. Foi necessária a montagem de mais dois gasômetros para alcançar o aumento da demanda da cidade: um na Rua 8 de Dezembro, em Vila Isabel (abril de 1877) e outro na Rua Dona Ana (Orlando Dantas), em Botafogo (janeiro de 1878). Em 1878 as canalizações alcançavam 420.000 metros. Em 1885, de acordo com o contrato, foi colocado um regulador para manter a intensidade mínima de luz, equivalente a dez velas de espermacete, queimando 7,8 gramas por hora. Em 1890, a cidade estava dividida em três distritos, para fins de iluminação: 1º- centro da cidade, 2º- Botafogo e 3º- Vila Isabel. A capacidade total era de 31.100, sendo três gasômetros na Fábrica do Aterrado (Av. Presidente Vargas), um em Botafogo e um em Vila Isabel. Totalizando 445.000 metros de canalizações. Em 1911, foi construída uma nova fábrica de gás junto ao desaguadouro do Canal do Mangue, em São Cristovão. Ela possuía um gasômetro com capacidade de 90 mil metros cúbicos. Um termo do contrato, datado de 17 de julho de 1933, determinava que o poder calorífico do gás passaria a ser de 4.300 calorias, ficando dispensada a exigência do poder iluminante. Foi, tecnicamente, o fim da iluminação a gás. 3.2 – Aspectos Sócio-econômicos Segundo PONDÉ (1971), no contrato assinado com o Visconde Mauá, em 1851, para a iluminação da cidade, era este seu perímetro: Botafogo, seguindo pelo Caminho Novo (atual Rua Marquês de Abrantes), Largo do Machado, Largo do Valdetaro (em frente ao Palácio do Catete), cais da Glória, Rua da Lapa, Rua do Passeio, Largo da Ajuda (Cinelândia), Rua e praia de 20 Santa Luzia, Rua e Largo da Misericórdia, Largo do Paço (praça XV de Novembro), Rua Direita (1º de Março), Rua de Bragança (Conselheiro Saraiva), Rua de São Bento, Prainha (Sacadura Cabral), até a esquina da Rua da Imperatriz (Camerino) e todas as ruas e travessa entre essa linha e o mar. Depois até o Rossio da Cidade Nova (Praça 11), Rua Formosa (General Caldwell), Mata Cavalos (Rua do Riachuelo), Santa Teresa (Joaquim Silva) até encontrar novamente a Lapa. Os primeiros lampiões a gás (1854) iluminavam as ruas de São Pedro, Sabão (ambas Av. Presidente Vargas), Rosário, Ouvidor, Direita (1º de Março) e Largo do Paço (Praça XV), tendo sido o Rio de Janeiro, a primeira cidade iluminada a gás no país. Em 1854, a cidade contava com 1853 pontos de luz a gás em 20 km de rede subterrânea de ferro. Com os novos lampiões, manteve-se a tradição dos acendedores de lampião, só que agora remunerados. Com a mudança da iluminação a óleo de baleia para gás, passou-se de uma iluminação avermelhada e fraca para uma clara e brilhante. Com isso, a população passou a ter hábitos noturnos: ir a cafés, restaurantes e teatros, transformando a vida na Corte, que deixou de ser pacata. Segundo PONDÉ (1971), a sociedade sofreu profunda modificação, contribuindo também para isso, a mais apurada e melhor educação dos homens, muitos dos quais a completavam na Europa. Em abril de 1857, a cidade possuía 3.027 combustores a gás, sendo 2.112 no primeiro perímetro e 915 no segundo, restando 518 lampiões de azeite. Em 1865, após vários prejuízos de natureza comercial e natural, o Visconde de Mauá vendeu a Companhia de Gás para os ingleses. Eram 5.051 combustores, ao custo de 600 contos de réis. Em 1869, havia 3 gasômetros em serviço, sendo um grande e dois menores, porém a cidade necessitava de gás, principalmente para a iluminação dos subúrbios. Segundo BARATA (2012), em 1870, o serviço de iluminação pública continuava a ser feito por 5.036 combustores, em nada mudando com relação 21 ao ano anterior, não obstante as reclamações dirigidas ao governo imperial tanto pelas autoridades policiais, como pelos moradores das localidades, em razão da elevada despesa, que este ramo do serviço público exigia, principalmente nas circunstâncias daquela época, em que a baixa do câmbio aumentava sensivelmente os sacrifícios do Tesouro Nacional. A despesa com este serviço orçou no ano de 1870 em 818:695$558, sendo: Com illuminaçao das praças e ruas da cidade:......811:025$419 Com a do jardim do Passeio Público......................2:376$418 Com a do jardim da praça da Constituição.............1:558$943 Com a remoção de combustores............................2:391$500 Embora a cidade se modernizasse com a instalação da iluminação a gás, o processo de iluminação a azeite de peixe não morreu logo que se inaugurou a iluminação a gás e, ainda no ano de 1870, continuava-se a fazer esse serviço de iluminação pelo sistema de administração. Os lampiões empregados neste sistema eram em número de 169. Durante o ano de 1869 despendeu-se com este serviço a quantia de 14:623$185, sendo 7:587$013 com o vencimento do pessoal dele encarregado, e 7:036$182 com o consumo de azeite e outros objetos. Em 1870, a despesa para cada lampião era cerca de 96$ por ano. Em 1874 foi assinado contrato com o Tenente-Coronel Antônio José da Silva para produção do Globe-Gás para substituir o azeite de peixe, na iluminação pública dos subúrbios da cidade. Em setembro de 1877, começou a iluminação dos subúrbios com 633 combustores a Globe-Gás, que depois, somados aos novos pontos, alcançaram 982 combustores. Eram 11 distritos, divididos em 36 seções, tendo uma equipe de 11 guardas, servindo um de fiel, 36 acendedores e 2 serventes. Em maio de 1879, chegaram a 1.128, sendo 8 na Ilha do Governador, com Globe-Gás. Em 1883, chegaram a 2068 combustores com Globe-Gás. Em 1889, começou a substituição do Globe-Gás pelo gás corrente, totalizando 2.351 combustores. Foram substituídos por 2.303.de gás corrente. Em 1890, eram 10.234 combustores no total. 22 Em 1901, eram 14.579 combustores e 500 km de tubulações. Em 1912, eram 22.440 combustores. Em 1913, começou a substituição do gás pela energia elétrica. A 31 de dezembro de 1933, foram substituídos os últimos lampiões de gás (490) por lâmpadas elétricas. Eles se encontravam nos subúrbios cariocas e, com isso, desapareceu a figura do “acendedor de lampião”, chamados pelo povo de “profetas”. A iluminação a gás durou 79 anos, 9 meses e 7 dias. Figura 3 – Antigas luminárias utilizadas na iluminação a gás na Glória (Acervo de Pedro Costa, 2012) 23 CAPÍTULO IV LÂMPADAS A ARCO VOLTAICO 4.1 – Aspectos Técnicos O início do século XIX traz para a humanidade o potencial de uma nova fonte de energia: a eletricidade. Desde o final do século XVIII se antevia a geração da luz artificial por essa nova forma de energia, em substituição à combustão, única forma prática de reprodução do fenômeno luminoso que o homem tinha domínio. O primeiro trabalho prático seria a lâmpada a arco voltaico de Paul Jablochkoff, inventada em 1875. Por sua grande intensidade luminosa, tornouse um sucesso na iluminação pública até as primeiras décadas do século XX. Segundo FERREIRA (2009), as lâmpadas Jablochkoff consistiam em dois bastões de carvão paralelos, espaçados por uma massa isolante, contidos dentro de um frasco transparente e alimentados por uma das extremidades por corrente elétrica. Quando ativados, na extremidade oposta formava-se um arco elétrico de alta intensidade luminosa que lentamente consumia os eletrodos. O conjunto dispunha de uma fixação externa que o mantinha sempre na posição vertical. Figura 4 - Lâmpada Jablochkoff Fonte: www.artes-vivas.blogspot.com.br 24 A nova fonte de luz possibilitou a reversão da luminária com aplicação de um refletor superior, o qual desviava para o piso grande parte dos raios luminosos. Com o fluxo luminoso direcionado para baixo, conseguiu-se melhor nível de iluminação. Com isso, deu-se liberdade ao poste, que viria a apresentar novas e revolucionárias formas. A dificuldade maior para a implantação da iluminação elétrica era a necessidade de instalação simultânea de um equipamento gerador para qualquer sistema a ser implementado. Segundo MENDONÇA (2004), a primeira tentativa de se ter uma central geradora na cidade do Rio de Janeiro ocorreu em 1887 – a Companhia Força e Luz instalou uma pequena usina termelétrica no Largo de São Francisco para iluminação pública na área urbana central. Essa usina chegou a alimentar 100 lâmpadas nas ruas do centro da cidade. 4.2 – Aspectos Sócio-econômicos Segundo FERREIRA (2009), o registro mais remoto do uso de iluminação elétrica em nosso País ocorreu no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1857, no prédio da Escola Central no Largo de São Francisco (hoje Faculdade de Ciências Sociais). Houve um novo registro em 30 de março de 1862 na inauguração da estátua eqüestre do Imperador D. Pedro I, na Praça da Constituição (atual Praça Tiradentes). Em 21 de fevereiro de 1879, D. Pedro II inaugurava a iluminação elétrica interna da antiga Estrada de Ferro D. Pedro II (hoje Estrada de Ferro Central do Brasil), substituindo os 46 combustores a gás existentes. O sistema consistia de seis lâmpadas a arco voltaico (velas Jablochkoff) alimentadas por dois dínamos Gramme (operando um deles como excitatriz do outro) acionados por um locomóvel (máquina a vapor automotora) de 7 HP. Esta instalação foi o primeiro marco da iluminação elétrica no Brasil e, possivelmente, em toda América Latina. Em 1881, a primeira iluminação externa pública por eletricidade no país era também inaugurada no Rio de Janeiro, por ordem de D. Pedro II. Trata-se 25 da iluminação de um trecho do jardim do Campo da Aclamação (hoje Praça da República) por 16 lâmpadas a arco voltaico Jablochkoff, alimentadas por dois dínamos Gramme acionados por um locomóvel. Em 1º de junho de 1885, o antigo prédio da Biblioteca Nacional, na Rua do Passeio, era também iluminado com lâmpadas a arco voltaico, contando para isso com um pequeno gerador exclusivo. O sistema consistia de seis lâmpadas de arco voltaico tipo Jablochkoff alimentado por dois dínamos Gramme, acionado por um locomóvel de 7 cv. Substituíam, com vantagem, 46 bicos de gás. Na inauguração houve a presença do Imperador D. Pedro II, grande incentivador das artes e das ciências, sempre presente nos eventos tecnológicos. Assim, a partir de 1904, a eletricidade começa a ocupar o espaço até então exclusivo do gás na iluminação pública. Em 15 de novembro de 1905, foi inaugurada a Avenida Central (hoje Avenida Rio Branco). Segundo FERREIRA (2009), esta avenida foi um marco da modernidade na cidade do Rio de Janeiro. Com seus 1.800 metros de extensão e 33 metros de largura, ligando o novo cais do porto à enseada da Glória. Introduzia-se, pela primeira vez, de forma mais extensa, o uso da eletricidade na iluminação pública do Rio. Foi adotado um sistema misto: combustores alimentados por gás canalizado e lâmpadas elétricas de arco voltaico. O sistema completo dispunha de 55 postes elétricos (com 3 luminárias de arco voltaico) , que se estendiam pelo canteiro central da avenida. Paralelamente, a iluminação a gás contava com postes ornamentais ao longo do meio fio, de ambos os lados, dispondo de braços com cinco combustores. Botafogo foi o primeiro bairro a usufruir das vantagens da eletricidade. No centro, nos bairros e nos subúrbios erguiam-se altos postes com luz de arco voltaico. A conservação das lâmpadas em uso era, contudo, muito trabalhosa, sendo comum, durante o dia, turmas de operários especializados, 26 substituírem os carvões e limparem os globos, para que a luz não se ofuscasse. Estas lâmpadas desapareceram no final da década de 50. Figura 5 – Sustentação suspensa (sem poste) era usada com lâmpadas a arco voltaico- Praça XV (acervo de Pedro Costa, 2012) 27 CAPÍTULO V LÂMPADAS INCANDESCENTES 5.1 – Aspectos Técnicos Segundo FERREIRA (2009), experiências de iluminação utilizando fios de platina já vinham sendo feitas desde 1830. Lâmpadas de vidro evacuadas já estavam sendo usadas nessa época para evitar oxidação. Entretanto, a platina queimava rapidamente e as bombas de vácuo não eram capazes de criar uma aspiração suficiente. Thomas Edison solucionou esses problemas e, em 21 de outubro de 1879, transformou em realidade o grande sonho de todo o século: uma fonte de luz artificial prática, segura e barata. Sua inovação, que maravilhara o mundo, iria sacudir as últimas décadas do século XIX e modificar o comportamento do homem no século XX. A nova lâmpada começaria a sofrer, a partir de então, uma série de aperfeiçoamentos, que viriam a consagrá-la como a solução quase que absoluta para a iluminação, durante a primeira metade do século XX. O grande aperfeiçoamento haveria de surgir em 1913, quando foi introduzido o filamento de tungstênio (ou wolframio) enrolado em hélice, operando numa atmosfera gasosa inerte. O desempenho da lâmpada, surpreendentemente, pode chegar à faixa dos 20 lúmens por watt, e lâmpadas de grande potência (acima de 1.500 watts) puderam ser produzidas. Esse aperfeiçoamento permitiu que se desenvolvesse lâmpadas para circuito série, destinadas principalmente à iluminação pública, que vieram a concorrer com grandes vantagens (desempenho, manutenção, custo, etc) com as lâmpadas de arco voltaico. As primeiras experiências com lâmpada série, no Rio de Janeiro, foram realizadas em 1915. Eram lâmpadas Edison Mazda, projetadas para 7,5 ampéres, 4.000 lúmens e fabricadas pela GE. 28 Em 1930, nos subúrbios, as lâmpadas de 1.000 lumens foram substituídas pelas de 2.000 lumens e em ruas de tráfego intenso, as de 4.000 lumens por de 6.000 lumens. Dados técnicos atuais (GUIA PRÁTICO PHILIPS ILUMINAÇÃO, 2009): .Vida Média: 1.000 horas .Eficiência Luminosa: 13 a 17 lm/W .Potências Usadas em Iluminação Pública: 100, 150 e 200 W .Equipamento Auxiliar: nenhum Figura 6– Lâmpada Incandescente (Fonte: www.caroldaemon.blogspot.com.br) 29 5.2 – Aspectos Sócio-econômicos Segundo FERREIRA (2009), em 1879, ano do evento extraordinário de Thomas Edison, D. Pedro II já concedia ao grande inventor (que conhecera pessoalmente) o privilégio de introduzir em nosso País os aparelhos e processos dessa invenção destacando a utilização da luz elétrica. Em dezembro de 1882, o Imperador inaugurou uma instalação no prédio do Ministério da Agricultura, no Largo do Paço (atual Praça XV de Novembro), por ocasião da Exposição Industrial. O sistema constava de 60 lâmpadas incandescentes, alimentadas por um dínamo de 10 cv, acionado por um locomóvel. Existem referências, que nesse mesmo ano teriam sido iluminados eletricamente as dependências do Palácio de São Cristovão (hoje Quinta da Boa Vista). Em 1904, foi implantada na cidade a empresa de origem canadense The Rio de Janeiro Tramway, Light and Power Company Ltd. A Light, como ficou conhecida, foi a responsável pela eletrificação da cidade. Em 1915, já com lâmpadas incandescentes circuito série, essas lâmpadas passaram a substituir as de arco voltaico. Nessa época existiam 9.428 lâmpadas elétricas e 22.088 bicos de gás. Em 1920, a iluminação da Avenida Rio Branco, que utilizava lâmpadas a arco voltaico, começou a ser substituída por 175 lâmpadas incandescentes de 400 watts. A cidade possuía 10.846 lâmpadas elétricas e 10.785 bicos de gás. Em 1929, a iluminação pública era composta de 17.849 lâmpadas incandescentes, além de 2.809 a arco voltaico e dos 6.232 combustores a gás remanescentes. Em 1930, existiam 20.262 postes com iluminação elétrica, 5.916 bicos de gás e a população beirava 1 milhão e 400 mil habitantes. O centro urbano (espaço compreendido entre a Rua do Riachuelo, a Praça da Bandeira e a Cinelândia) e os bairros de São Cristovão, Maracanã, Tijuca e Botafogo recebiam iluminação elétrica. Segundo DECOURT (2009), o Rio de Janeiro, antiga capital federal, era a cidade que mais possuía pontos de iluminação pública no Brasil até os anos 30 40, mas a falta de investimentos no setor nos anos 50, por desinteresse da Light e do governo distrital, já envolvido com a construção de Brasília, entregaram a cidade aos Cariocas em 1960 como uma das capitais mais mal iluminadas das Américas. Nos últimos anos da década de 50, o governo local começou a determinar que a iluminação pública passasse a ser feita com lâmpadas fluorescentes. Figura 7 – Antiga luminária utilizada para iluminação com lâmpada incandescente (Acervo de Pedro Costa, 2012) 31 CAPÍTULO VI LÂMPADAS FLUORESCENTES 6.1 – Aspectos Técnicos Segundo FERREIRA (2009), embora a lâmpada fluorescente tenha sido introduzida no mercado pouco antes da II Guerra Mundial, sua origem tem por base os trabalhos de Cooper-Hewitt, do início do século XIX, pesquisando o comportamento do vapor de mercúrio confinado em um tubo com atmosfera rarefeita. As primeiras pesquisas com gases ionizáveis e vapores metálicos para condução da energia elétrica com a finalidade de produzir luz remontam a meados do século XIX e se estenderam às primeiras décadas do século XX. A elas se dedicaram inúmeros inventores e cientistas, europeus e norteamericanos. A substituição de gases rarefeitos pelo vapor de mercúrio daria a Cooper-Hewitt a oportunidade de lançar, no começo do século XX, uma primeira lâmpada bem sucedida, com 385 watts e 12,5 lumens/watt, fato inédito para a época. Era também mais curta (120 cm), mas necessitava de um retificador. A idéia mais moderna de se utilizar pós-fluorescentes no interior do tubo, para gerar luz pela transformação das radiações ultravioletas emitidas pelas moléculas excitadas eletricamente, só começou a vislumbrar sucesso na década de 30. Daí surgiu a tradicional lâmpada fluorescente, que ainda vem sendo continuamente aperfeiçoada. No Brasil elas chegaram no auge da II Guerra Mundial. Fabricadas pela GE, inicialmente nas potências de 20 e 40 watts e posteriormente, 15 e 30 watts. Em 1942, teve início a produção e no ano seguinte a produção dos reatores, necessários para o funcionamento dessas lâmpadas. 32 Embora as tecnologias desenvolvidas mais recentemente, com lâmpadas de grande intensidade e pequenas dimensões, à base de descarga elétrica em vapores metálicos operando em altas pressões, tenham alijado a lâmpada fluorescente da iluminação pública e ocupado grande espaço na iluminação industrial, as características de baixa luminância e grande eficiência viriam a tornar o sistema fluorescente ideal para a iluminação de interiores, na qual a altura de montagem limita-se geralmente a 3 ou 4 metros. Atualmente existem as famílias de lâmpadas fluorescentes compactas, com baixo consumo de energia elétrica e uso de reator eletrônico embutido no mesmo corpo da lâmpada. Dados técnicos atuais - compactas (GUIA PRÁTICO PHILIPS ILUMINAÇÃO, 2009): .Vida Média: 8.000 horas .Eficiência Luminosa: 50 a 69 lm/W .Potência Usada em Iluminação Pública: 18 W .Equipamento Auxiliar: nenhum Figura 8 – Lâmpada Fluorescente (Fonte: qnint.sbq.org.br) 33 6.2 – Aspectos Sócio-econômicos Segundo FERREIRA (2009), no fim da década de 40, cerca de 10 km de via pública da Avenida Brasil foram iluminados por lustres contendo 4 lâmpadas de 80 watts, com 1,50 metro de comprimento, instaladas em postes com 9 metros de altura, em ambos os lados da via. Todo o equipamento foi importado da Inglaterra. Nessa mesma época, vários sistemas de iluminação pública com lâmpadas fluorescentes foram instalados. Dentre eles o da Avenida Perimetral, que utilizava 6 lâmpadas de 40 watts em cada luminária. Em 1960, havia 48.600 lâmpadas incandescentes e 2.100 lâmpadas fluorescentes (Av. Brasil, Av. Perimetral, Largo da Carioca, viadutos, etc). Em 1963, o Túnel Santa Bárbara recebeu um sistema de iluminação fluorescente com lâmpadas do tipo Power-Groove (de maior potência luminosa). Figura 9 – Luminária com lâmpada fluorescente compacta, Rua do Riachuelo (Acervo de Pedro Costa, 2012) 34 CAPÍTULO VII LÂMPADAS A VAPOR DE MERCÚRIO 7.1 – Aspectos Técnicos Segundo FERREIRA (2009), as origens das lâmpadas a vapor de mercúrio coincidem com as da atual lâmpada fluorescente. Ambas surgiram na década de 30 como decorrência de sucessivos desenvolvimentos tecnológicos, que tiveram como referência os trabalhos de Cooper-Hewitt no início do século XX. São ambas lâmpadas de descarga, em que o meio condutor da corrente elétrica é constituído principalmente por vapor de mercúrio contido num ambiente fechado. A diferença é que uma trabalha com o vapor de mercúrio em alta pressão (a vapor de mercúrio) e a outra opera com o gás abaixo da pressão atmosférica (fluorescente). As de vapor de mercúrio a alta pressão possibilitaram a concentração da descarga num pequeno bulbo. Com isso, reduziram-se drasticamente as dimensões da fonte, permitindo ainda que se aumentasse bastante sua potência luminosa. Obteve-se intenso brilho da fonte de luz, exigindo aplicações em alturas mais elevadas para afastá-la do campo visual do observador: perfeito para iluminação pública. Dados técnicos atuais (GUIA PRÁTICO PHILIPS ILUMINAÇÃO, 2009): .Vida Média: 9.000 a 15.000 horas .Eficiência Luminosa: 45 a 58 lm/W .Potências Usadas em Iluminação Pública: 80,125, 250 e 400 W .Equipamento Auxiliar: reator 35 Figura 10 – Lâmpada a Vapor de Mercúrio (Fonte: fisica.cdcc.sc.usp.br) 7.2 – Aspectos Sócio-econômicos Segundo FERREIRA (2009), no Brasil, o primeiro registro do uso de lâmpadas a vapor de mercúrio se deu no Rio de Janeiro, em 1936. Foram utilizadas no Túnel Novo (ou do Leme), principal acesso a Copacabana. A instalação era constituída de uma fileira de 15 lâmpadas, no centro da abóboda, ao longo do túnel. Elas foram substituídas por lâmpadas incandescentes de 300 W quando da duplicação e remodelação do túnel. No ano de 1953, foi implantado um sistema de iluminação utilizando lâmpadas a vapor de mercúrio na Avenida Beira-Mar (Praia do Flamengo). Eram 10 luminárias de fabricação nacional, com reator externo e refrator de fechamento, equipadas com 88 lâmpadas de 400 W (cor corrigida), instaladas em postes do sistema existente (incandescente). Segundo MENDONÇA (2004), em 1963, os serviços de iluminação pública, administrados pela C.E.E-GB (Companhia Estadual de Energia da Guanabara), contavam com 59.264 lâmpadas divididas em três categorias. Em primeiro lugar, lâmpadas incandescentes de capacidade variáveis entre 1.000 e 30.000 lumens, cerca de 5.000 lâmpadas fluorescentes e as 88 lâmpadas de vapor de mercúrio de cor corrigida, implantada na Avenida Beira-Mar. Outro grande sistema a vapor de mercúrio foi a iluminação do Aterro do Flamengo, em 1965. Foram instalados 106 postes de 45 metros de altura, com 6 luminárias especiais no topo (projeto americano) equipadas com lâmpadas de 1.000 watts. 36 A partir daí, a expansão da lâmpada a vapor de mercúrio para vias urbanas de maior interesse, foi relativamente rápido. Segundo DECOURT (2009), o sistema então foi evoluindo: as luminárias comuns seriam suportadas por braços curvos, presos nos postes já existentes, ou então no modelo “padrão Rio” – postes de aço galvanizado, de 09 metros de altura e curvos. De início, se utilizou as luminárias feitas pela Thonson, depois as GE, Westinghouse, Sylvania até chegar às Peterco, que agregavam na luminária o reator e até mesmo se necessário a célula foto-elétrica, tudo muito prático. Esse modelo dominou a cidade a partir de 1971/72, usando lâmpadas de descarga de 250 W e 400 W. Nas grandes vias se optou pelos modelos Philips, de alta capacidade, usando lâmpadas de 400, 600 e até 1000W de mercúrio. As luminárias da Philips partiam de um sistema completo: lâmpadas, reatores, chaves magnéticas, células foto-elétricas, gabinetes de controle, o que dava grande confiabilidade ao sistema. Elas podiam ser instaladas em postes curvos “padrão Rio” de 12 metros, como os que existiam na Rio Branco ou por postes de concreto de 12, 15 e 20 metros, onde eram dispostas em jogos de 3 ou 4 formando pétalas, as luminárias inicialmente podiam comportar até duas lâmpadas de 400 ou 600 W; as de última geração podiam comportar até duas de 1.000W. Entre 1970 e 1974, elevou-se de 477 para 1.344 o número de logradouros com essa lâmpada. Nesse período foram substituídas 27.700 lâmpadas incandescentes pelas a vapor de mercúrio, beneficiando bairros como Copacabana, Urca, Ipanema, Leblon, Tijuca, Vila Isabel, Grajaú, São Cristovão, Engenho Novo, Madureira, Jacarepaguá e Barra da Tijuca. Segundo MENDONÇA (2004), em 1975, foram instalados 684 pontos de luz na Avenida Brasil, 270 na Avenida Bento Ribeiro Dantas (Manguinhos), 26 na Praça São Judas Tadeu (Cosme Velho) e 32 na Avenida Almirante Barroso. Nessas áreas, a iluminação incandescente foi trocada por vapor de mercúrio. Houve também a troca das lâmpadas de 250 W por de 400 W nas ruas de tráfego intenso e zonas comerciais. 37 Em 1976, foram instalados 160 km de redes elétricas em mais de 200 logradouros, ou seja, mais de 7.231 lâmpadas a vapor de mercúrio instaladas na cidade. Segundo MENDONÇA (2004), na década de 70, a cidade assistiu à substituição de boa parte de sua antiga iluminação incandescente pela a vapor de mercúrio de alta pressão, exceto na Ilha de Paquetá, a pedido de seus moradores, visando manter o aspecto bucólico do local. Em 1985, dos 15 mil logradouros da cidade, 3 mil não tinham qualquer tipo de iluminação. Havia lâmpadas de vapor de mercúrio em 7 mil logradouros e lâmpadas incandescentes em 5 mil logradouros. Em 1986, existiam 140 mil pontos de luz a vapor de mercúrio e 50 mil pontos com lâmpadas incandescentes. Em 1990, a cidade possuía 330 mil pontos de luz instalados. No início do século XXI, 380 mil pontos de luz. Figura 11 - Luminária com lâmpadas a vapor de mercúrio, Avenida Nossa Senhora de Fátima (Acervo de Pedro Costa, 2012) 38 CAPÍTULO VIII LÂMPADAS MISTAS 8.1 – Aspectos Técnicos Segundo FEREIRA (2009), lâmpada desenvolvida como solução de baixo custo para o sistema a vapor de mercúrio, a lâmpada híbrida (mista) tem como alimentação 220 V. Ela oferecia a vantagem de não usar reator eletromagnético, de alto custo, em troca de um menor desempenho luminoso. O conceito empregado foi o de se utilizar um filamento de tungstênio como limitador de corrente, projetado para operar em série com o tubo de arco, em substituição ao reator. Para isso, estendia-se a vida do filamento em troca de uma baixa eficiência luminosa. A vida útil era limitada à duração do filamento. Segundo MENDONÇA (2004), como as lâmpadas mistas operavam somente em 220 Volts, a Light teve que mudar seu sistema original. As híbridas, por terem fluxo luminoso maior que o das incandescentes, permitiram o aumento da distância entre os postes e fizeram surgir os postes de estrutura tubular recurvada. Eles substituíram os ornamentais braços utilizados. Os novos postes, além de mais altos, sustentavam no topo um conjunto de luminárias maiores, do tipo “pétala”, o que foi um marco das novidades estéticas da cidade. Dados técnicos atuais (GUIA PRÁTICO PHILIPS ILUMINAÇÃO, 2009): .Vida Média: 8.000 a 12.000 horas .Eficiência Luminosa: 19 a 27 lm/W .Potências Usadas em Iluminação Pública: 160, 250 e 500W .Equipamento Auxiliar: nenhum 39 Figura 12 - Lâmpada Mista (Fonte: www.osetoreletrico.com.br) 8.2 – Aspectos Sócio-econômicos As lâmpadas mistas substituíram, por pouco tempo, as lâmpadas incandescentes, já que as de vapor de mercúrio foram a melhor solução. Não houve nenhum grande sistema de iluminação pública utilizando estas lâmpadas, limitando-se, então, a poucos logradouros. Figura 13 - Luminária com lâmpada mista, Rua do Lavradio (Acervo de Pedro Costa, 2012) 40 CAPÍTULO IX LÂMPADAS A VAPOR DE SÓDIO 9.1 – Aspectos Técnicos Segundo FERREIRA (2009), embora as lâmpadas a vapor de sódio a alta pressão sejam atualmente uma das fontes de luz de maior utilização em termos mundiais (pelas múltiplas vantagens que apresentam), suas origens remontam ao século XIX. Nessa época já se vislumbrava a utilização do vapor de sódio, porém as dificuldades de se trabalhar com ele, por sua agressividade em relação ao vidro e ao quartzo, fizeram com que só se chegasse a uma lâmpada prática, comercializável, bem mais tarde, com o aperfeiçoamento do vidro. Tratava-se de uma fonte luminosa monocromática (de uma só cor), porém que emitia uma luz surpreendentemente eficiente. Devidamente aperfeiçoada, chega a atingir acima de 200 lúmens/watt, eficiência até hoje não igualada por qualquer outra fonte de luz. Entretanto, apresenta a inconveniência de não reproduzir as cores (exceto amarelo) e por isso mesmo ter sido rejeitada para aplicações internas. Seu uso ficou limitado à iluminação urbana e à de rodovias, inclusive túneis, e outras áreas externas nas quais a reprodução de cores não constitui um problema maior. Somente em 1966 surgiu comercialmente a primeira lâmpada a vapor de sódio a alta pressão. Tinha potência de 400 watts, uma eficiência luminosa de 105 lúmens/watt e oferecia uma vida de 6 mil horas. Atualmente, essa nova família de lâmpadas abrange uma vasta gama de potências (de 35 W a 1.000 W) e chega a atingir 140 lúmens/watt. Sua vida média (a maior entre as famílias de lâmpadas) chega a 30 mil horas. Oferecem ainda vantagens adicionais: por serem de pequenas dimensões e transparentes, permitem o projeto de luminárias menores e de melhor desempenho ótico; sua longa vida e alta eficiência, bem como a 41 ausência de mercúrio em seu espectro luminoso, evitando a emissão de radiações ultravioletas, tornando-a um produto ecológico. Entretanto, apresentam o inconveniente de sua luz amarelada, que oferece baixo índice de reprodução de cores. Dados técnicos atuais (GUIA PRÁTICO PHILIPS ILUMINAÇÃO, 2009): .Vida Média: 18.000 a 32.000 horas .Eficiência Luminosa: 80 a 150 lm/W .Potências Usadas em Iluminação Pública: 70, 100, 150, 250, 400 W .Equipamento Auxiliar: reator e ignitor Figura 14 - Lâmpada a Vapor de Sódio (Fonte: portoalegre.olx.com.br) 9.2 – Aspectos Sócio-econômicos Segundo MENDONÇA (2004), a primeira utilização, no Rio, das lâmpadas a vapor de sódio de alta pressão, foi na iluminação da Ponte RioNiterói, em 1974. A partir de 1985, a iluminação utilizando lâmpadas a vapor de sódio a alta pressão foi aplicada progressivamente em grandes avenidas, monumentos, túneis e elevados, além do Aeroporto Internacional e do Porto do Rio de Janeiro. Segundo DECOURT (2009), a CEE (Comissão Estadual de Energia, fundada em 1962) e suas sucessoras: CME-Rio (Comissão Municipal de Energia), após a fusão da Guanabara e do Rio de Janeiro (1975), e extinta em agosto de 1990, e a RioLuz (Companhia Municipal de Energia e Iluminação), 42 atualmente, sempre foram estatais e de altíssima eficiência. Essa empresa sempre usou materiais que em muitos casos foram modernizados e funcionam até hoje, como as luminárias Peterco de 400W, hoje com os reatores mudados para sódio. São luminárias de mais de 35 anos que normalmente estão sempre em bom estado e são facilmente recondicionadas. Atualmente é a mais utilizada na Iluminação Pública da cidade do Rio de Janeiro, principalmente em ruas e avenidas. Figura 15 - Luminária com lâmpada a vapor de sódio, Largo de São Francisco (Acervo de Pedro Costa, 2012) 43 CAPÍTULO X LÂMPADAS DE MULTIVAPORES 10.1 – Aspectos Técnicos Segundo FERREIRA (2009), as lâmpadas de multivapores, conhecidas também como lâmpadas de vapores metálicos, constituem a mais recente inovação na família das lâmpadas de descarga, tendo sido lançadas no mercado nas últimas décadas do século XX. Foram desenvolvidas pelos grandes fabricantes de lâmpadas, na busca de uma solução para o problema da distorção de cores, afim de que sua luz se assemelhe o máximo possível à natural diurna. Seus tubos de arco (coração da lâmpada) contem, além de vapores de sódio e de mercúrio, outros vapores metálicos em menor quantidade, mas necessários à melhoria na qualidade das cores refletidas. Dados técnicos atuais (GUIA PRÁTICO PHILIPS ILUMINAÇÃO, 2009): .Vida Média: 8.000 a 12.000 horas .Eficiência Luminosa: 72 a 80 lm/W .Potências Usadas em Iluminação Pública: 70,150, 250, 400 W .Equipamento Auxiliar: reator e ignitor Figura 16 – Lâmpadas de multivapores (Fonte: tecnolamp.com.br) 44 10.2 – Aspectos Sócio-econômicos A disseminação do uso dessa lâmpada é ainda restringida pelo alto custo, superior a qualquer outra lâmpada de descarga. Segundo FERREIRA (2009), no Rio de Janeiro são frequentes a utilização dessas lâmpadas na iluminação de praias (Flamengo), praças (Paris), jardins (Aterro do Flamengo), fachadas (Theatro Municipal) e avenidas (Avenida Chile), mantendo a coloração branca da areia e oferecendo à população uma oportunidade de lazer noturno. A Rioluz (empresa municipal de iluminação pública) possuía em 2003: 177.058 lâmpadas a vapor de mercúrio. 172.732 lâmpadas a vapor de sódio, 19.559 lâmpadas de multivapores, 1.465 lâmpadas incandescentes, 5.931 lâmpadas mistas e 268 lâmpadas fluorescentes. Atualmente estão substituídas as lâmpadas incandescentes, fluorescentes, mistas e de vapor de mercúrio por lâmpadas a vapor de sódio (amarelas) e multivapor metálico (brancas) de menor potência, por emitirem maior fluxo luminoso. São ao todo 414.916 pontos de luz. Foi criada uma taxa para custear a Iluminação pública (lei 5132 de 21/12/2009). Figura 17 - Luminária com lâmpadas de multivapores, Avenida Chile (Acervo de Pedro Costa, 2012) 45 CAPÍTULO XI DIODOS EMISSORES DE LUZ (LEDs) 11.1 – Aspectos Técnicos Segundo NOVICKI e MARTINEZ (2008), o LED (do inglês Light Emission Diode, diodo emisor de luz) é um dispositivo eletrônico semicondutor, que quando polarizado diretamente (pólo positivo no anodo e pólo negativo no catodo), dentro do semicondutor ocorre a recombinação de lacunas e elétrons. Essa recombinação exige que a energia armazenada por esses elétrons seja liberada na forma de calor ou luz, devido à passagem da corrente elétrica na junção anodo para catodo. Diferente de uma lâmpada, o LED não possui filamento, o grande responsável por converter a maior parte da energia elétrica em energia térmica (calor) que significa desperdício, pois o objetivo é iluminar e não aquecer. Este é capaz de produzir muito mais luz visível do que calor ao ser comparado com uma lâmpada incandescente, o que o torna mais eficiente, chegando a economizar 50% da energia comparada às fontes tradicionais. A estrutura básica de um LED é uma pastilha semicondutora sob uma superfície refletora em forma de concha, envolvida por uma resina que direciona o feixe luminoso. Uma das primeiras aplicações do LED era indicar quando o equipamento eletro-eletrônico estivesse no estado ligado ou desligado, devido a sua baixa intensidade luminosa. Ao final da década de 90 surgiram os primeiros LEDs de brilho mais elevado obtendo-se de 30 a 40 lúmens e podendo atingir ângulos com abertura de 110 graus para feixes luminosos. Atualmente com o avanço da tecnologia é possível obter fluxo luminoso de 200 lm e potências que variam de 1 a 5 W. Com o desenvolvimento da tecnologia, o LED ganhou espaço em diversas aplicações na indústria automotiva para sinalização e iluminação em 46 veículos, letreiros luminosos, iluminação decorativa, iluminação pública, entre outras. Dados técnicos atuais (GUIA PRÁTICO PHILIPS ILUMINAÇÃO, 2009): .Vida Média: 50.000 horas .Eficiência Luminosa: 15 a 25 lm/W .Potências Usadas em Iluminação Pública: 1 a 4 W .Equipamento Auxiliar: nenhum Figura 18 – Estrutura do LED (Fonte: LEDS para Iluminação Pública – Novicki e Martinez) 11.2 – Aspectos Sócio-econômicos Alguns países desenvolvidos já utilizam a tecnologia dos LEDs em suas cidades para a iluminação pública e os fabricantes ao identificarem essa tendência, estão apostando na tecnologia, desenvolvendo produtos mais rentáveis e de alto desempenho. 47 No Rio de Janeiro, atualmente, são usados de forma experimental na Iluminação Pública de poucas ruas: Avenida Franklin Roosevelt (próximo ao Consulado Americano), na Praça Varnhagen (Tijuca) e no bairro de Botafogo. Segundo NOVICKI e MARTINEZ (2008), a Iluminação Pública é responsável pelo consumo de 20% de toda a energia gerada pelas centrais elétricas e a substituição do modelo atual por uma nova tecnologia, LED, significa menos combustível fóssil sendo queimado, madeira sendo consumida e CO2 sendo lançado no ar. Figura 19 – Luminária com LED, Avenida Franklin Roosevelt (Acervo de Pedro Costa 2012) 48 CONCLUSÃO Podemos concluir que, do ponto de vista técnico, a iluminação pública na cidade do Rio de Janeiro partiu do uso do óleo de baleia, nos seus primórdios, chegando ao uso dos LEDs, de forma experimental, atualmente. Ressalta-se que no início do século XVIII, o azeite de baleia era a forma de iluminação mais usada em países que tinham uma indústria baleeira organizada. Esta forma inicialmente usada em altares em torno de santos e oratórios, estendeu-se para as ruas, principalmente pela necessidade de iluminação como forma de segurança, notoriamente com a vinda da família real. Inicialmente custeado pela iniciativa de particulares, depois pelo poder público e por último, através de um imposto. O acendimento e a manutenção dos lampiões eram feitos por escravos (os acendedores de lampião). Com a diminuição desses cetáceos ao final desse século, houve a necessidade da substituição na forma de iluminação. A forma que sucedeu foi o uso do gás. Porém, devido a sua complexidade principalmente no campo de infra-estrutura (maquinário, tubulações, etc) e segurança, várias tentativas não lograram êxito. Somente na metade do século XIX, conseguiu-se implantar o sistema a gás, sendo o Rio a primeira cidade do país a usar tal sistema. Com a nova iluminação a cidade mudou: passou-se a freqüentar, noturnamente, teatros, cafés e restaurantes; a educação melhorou e os acendedores de lampião (agora chamados de profetas) passaram a ser remunerados. O gás foi usado por quase 80 anos na Iluminação Pública. A eletricidade chegou à Iluminação Pública em nossa cidade no final do século XIX através do pioneirismo tecnológico de nosso imperador D. Pedro 49 II, que foi seu grande incentivador. Inicialmente com instalações na Central do Brasil e no Campo de Santana de lâmpadas a arco voltaico. O sistema, já no início do século XX, se estendeu a vários logradouros, dentre eles a Avenida Rio Branco e o bairro de Botafogo, havendo uso tanto das lâmpadas a arco voltaico como das incandescentes. A partir da segunda metade do século XX, houve a intenção do governo de substituir as lâmpadas existentes por fluorescentes, havendo alguns projetos, sendo os principais o da Avenida Brasil, Avenida Perimetral e Túnel Santa Bárbara. A lâmpada a vapor de mercúrio passou a ser bem utilizada a partir da década de 50, em virtude da necessidade de maiores níveis de iluminação, impostos pela maior quantidade de carros. Outro fator para a substituição das lâmpadas fluorescentes foram as luminárias pesadas e de grande extensão, a fim de permitir o uso de lâmpadas fluorescentes, que eram longas. As lâmpadas a vapor de mercúrio rapidamente se espalharam pela cidade e são usadas até hoje. As lâmpadas mistas foram usadas como uma solução econômica para a substituição das incandescentes, não atingindo um grande número de logradouros. As lâmpadas a vapor de sódio são atualmente as mais utilizadas em termos mundiais e na cidade do Rio de Janeiro. Possuem somente o inconveniente de não reproduzir bem as cores. As lâmpadas de multivapores passaram a ser utilizadas, nessa cidade, no século XXI. Elas possuem uma ótima reprodução de cor sendo, ainda, de alto custo. Junto com as a vapor de sódio, são os dois tipos que a Rioluz almeja para o futuro próximo. Os LEDs, ainda experimentais, são uma perspectiva de iluminação pública. A Iluminação Pública acompanha a cidade: cresce com o número de habitantes e evolui com seu desenvolvimento e o interesse de seus governantes. 50 BIBLIOGRAFIA Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Resolução nº 456, de 29/ 11/2000. Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 5101/2012 – Iluminação pública – Procedimento. Rio de Janeiro, 2012. BARATA, Carlos Eduardo de Almeida. História da Iluminação Pública na cidade do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.rjnet.com.br. Acessado em 10/10/2012. Câmara Municipal da cidade do Rio de Janeiro. Lei nº 5.132, de 17/12/2009. Institui a contribuição para custeio do serviço de Iluminação Pública. DAMBISKI, Leandro Prevedello. Aplicação do Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente (PROCEL-RELUZ). Trabalho de Conclusão de Graduação (Engenharia Elétrica), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007. DECOURT, Andre. Uma breve história da CEE-GB/CME-Rio sua sucessora Rio-Luz e nova maracutaia do Dudu. 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Acessado em 13/10/2012. 53 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I Principais Grandezas Utilizadas em Iluminação 11 CAPÍTULO II Uso do Óleo de Baleia 13 2.1 – Aspectos Técnicos 13 2.2 – Aspectos Sócio-Econômicos 14 CAPÍTULO III Uso do Gás 17 3.1 – Aspectos Técnicos 17 3.2 – Aspectos Sócio-Econômicos 19 CAPÍTULO IV Lâmpadas a Arco Voltaico 23 4.1 – Aspectos Técnicos 23 4.2 – Aspectos Sócio-Econômicos 24 CAPÍTULO V Lâmpadas Incandescentes 27 5.1 – Aspectos Técnicos 27 5.2 – Aspectos Sócio-Econômicos 29 CAPÍTULO VI Lâmpadas Fluorescentes 31 6.1 – Aspectos Técnicos 31 54 6.2 – Aspectos Sócio-Econômicos 33 CAPÍTULO VII Lâmpadas a Vapor de Mercúrio 34 7.1 – Aspectos Técnicos 34 7.2 – Aspectos Sócio-Econômicos 35 CAPÍTULO VIII Lâmpadas Mistas 38 8.1 – Aspectos Técnicos 38 8.2 – Aspectos Sócio-Econômicos 39 CAPÍTULO IX Lâmpadas a Vapor de Sódio 40 9.1 – Aspectos Técnicos 40 9.2 – Aspectos Sócio-Econômicos 41 CAPÍTULO X Lâmpadas de Multivapores 43 10.1 – Aspectos Técnicos 43 10.2 – Aspectos Sócio-Econômicos 44 CAPÍTULO XI Diodos Emissores de Luz (LEDs) 45 11.1 – Aspectos Técnicos 45 11.2 – Aspectos Sócio-Econômicos 46 CONCLUSÃO 48 BIBLIOGRAFIA 50 ÍNDICE 53 55 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes – Instituto A Vez do Mestre Título da Monografia: Iluminação Pública na Cidade do Rio de Janeiro Autor: Adalberto Jeronimo da Costa Neto Data da entrega: 30 de novembro de 2012 Avaliado por: Luiz Cláudio Lopes Alves Conceito: