4 - O Estado do Maranhão - São Luís, 12 de abril de 2015 - domingo FUTEBOL Fotos/Biné Morais “ O Maradona detesta dar autógrafo, mas consegui por meio de um amigo da Argentina. Valeu esperar um bom tempo” Arlindo Costa Neto, colecionador Arli9ndo Costa Neto é colecionado de camisas de clubes e seleções de futebol, ele mostra uma série que faz parte do seu acervo pessoal Maranhense faz coleção de camisas usadas por craques Acervo de Arlindo Costa Neto, avaliado em milhões de reais, é composto de cerca de mil peças de times e seleções de futebol, muitas delas autografadas Marcio Henrique Sales Da editoria de Esportes U m grande tesouro para os aficionados por futebol está guardado em um armário em Brasília. Trata-se de cerca de mil camisas de times e seleções do futebol mundial, usadas por jogadores famosos, pertencentes ao empresário maranhense Arlindo Costa Neto, de 50 anos. Muitas delas são autografadas por ícones do esporte e avaliadas em milhões de reais. Mesmo assim, ele não tem ideia de quanto vale a coleção. “É incalculável”, resumiu. A paixão por camisas de futebol começou quando Costa Neto tinha 17 anos e já morava em Brasília. “Encontrei um amigo jogando pelada na rua com uma camisa usada por Oscar na Copa de 1978, na Argentina, e isso me incomodou; aquele uniforme tinha um valor histórico enorme e não poderia se acabar daquela forma. Ofereci 12 camisas do São Paulo, compradas em loja, pela camisa do Oscar e ele aceitou”, recordou. Por muitos anos vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para a região metropolitana de Brasília, Costa Neto ressalta que sua coleção não é um simples acervo de camisas de futebol: a peça tem de ser usada por um jogador e autografada pelo craque. “Se eu quisesse, poderia ser o maior colecionador de camisas de futebol do mundo. Bastaria, para isso, que entrasse em uma loja e saísse comprando quantas eles tivessem no estoque. Só que, para mim, não vale. É preciso batalhar pelo uniforme, para que tenha valor”, explicou. Em meio a camisas autografadas por craques como Neymar, Pelé, Clodoaldo, Ronaldo, Zico, Sócrates, Rivelino, Taffarel, Lionel Messi, Cristiano Ronaldo, Zidane, Mario Götze, Sneijder, entre outros craques, Costa Neto disse que a mais difícil foi uma autografada por Maradona. “O Maradona detesta dar autógrafos. Consegui uma dele por intermédio de um amigo na Argentina”, contou. Outra fonte de uniformes do colecionador são os leilões de caridade. “Nos últimos anos, todo jogador de seleção e de clubes da Europa recebe seis camisas de jogo por partida. Como eles geralmente utilizam apenas duas, eles costumam doar as outras quatro para caridade. Todos os anos participo do leilão da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e outros promovidos por atletas embaixadores da Unicef pela questão humanitária”, disse. Relíquias – De seu acervo, o empresário destaca duas como as mais raras e caras de sua coleção: a camisa usada por Clodoaldo na Copa de 1970 e o uniforme utili- Curiosidade Na Copa de 1986, parte da curiosidade das pessoas sobre os jogadores da extinta União Soviética derivava do uniforme que suas seleções utilizavam nas competições esportivas. Enquanto o resto do mundo seguia o padrão de adornar as camisas com um singelo símbolo no lado esquerdo do peito, os soviéticos ostentavam, com letras garrafais, a sigla do país (CCCP, abreviação em russo de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS). O CCCP ficou no peito dos soviéticos em todas as Copas disputadas pela seleção entre 1958 e 1986 (o time não jogou em 1974 e 1978). Foi também destaque na roupa do time campeão olímpico nos jogos de Seul, em 1988, quando os soviéticos venceram o Brasil na final. Em 1990, quando a seleção da URSS disputou a Copa do Mundo pela última vez (o país foi dissolvido em 1991), não havia o garrafal CCCP. Coincidentemente, aquela acabaria sendo a pior participação dos soviéticos em mundiais. “ A camisa mais bonita que eu conheço é da Rússia usada na disputada Copa do Mundo de 2014 no Brasil e vencida pela Alemanha” Arlindo Costa Neto, colecionador Empresário quer expor camisas em São Luís Dono de raridades como a mítica camisa que Clodoaldo usou na conquista do tricampeonato mundial da Seleção Brasileira, em 1970, o uniforme que Pelé usou em treino da Seleção Brasileira e a camisa canarinho de Zico e Júnior usada na Copa de 82, Costa Neto quer montar uma exposição com as camisas, começando por São Luís, sua terra natal. “Acho um desperdício isso tudo ficar guardado dentro da minha casa em Brasília. Quero transformar em uma exposição. Por ser maranhense, zado pela seleção da extinta União Soviética na Copa de 1986, cada uma avaliada em cinco mil libras (aproximadamente R$ 22.500,00). “A antiga Confedera- gostaria que ela tivesse início aqui, mas vou precisar de patrocínio para expor as camisas”, disse. Torcedor do Botafogo no Rio de Janeiro e do Sampaio Corrêa no Maranhão, Costa Neto disse que a Champions League é o tema da segunda parte da sua coleção de uniformes. “Acho que, só com elas, já daria para fazer uma exposição. De times brasileiros, tenho praticamente todos, fica fácil conseguir por causa das minhas amizades, por isso não me interesso muito”, justificou. ção Brasileira de Desporto (CBD), hoje CBF, não estava acreditando muito na conquista do tri, porque só enviaram para o México seis jogos de equi- pagem. Por isso que os uniformes do Brasil daquela época são tão valiosos e raros. A maioria está na Inglaterra”, explicou ele, dizendo que o país é o principal destino para os amantes da bola e colecionadores de materiais esportivos. “Pelo menos uma vez por ano, viajo ou mando alguém de minha confiança até lá comprar camisas para a minha coleção”, contou. Para ele, a camisa de seleção mais bonita é a da Rússia da Copa de 2014. Segundo ele, hoje em dia, a camisa soviética com a sigla CCCP (abreviação, em russo, de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS) em destaque figura entre as mais vendidas nas lojas especializadas em modelos retrô. “Além do modelo vermelho, faz sucesso o uniforme de goleiro, que ficou célebre por ter sido usado por Lev Yashin, um dos maiores jogadores da história do país. Minha camisa não é uma réplica, mas uma usada na Copa de 1986, o que eleva e muito o seu valor histórico”, destacou Costa Neto. Além de comprar, o colecionador consegue uniformes para sua coleção por meio de suas amizades na CBF e no futebol. “Não basta apenas ter dinheiro para comprar, por exemplo, uma camisa autografada de seleção, mas prestígio. Muitas das camisas que adquiri como as usadas pela Alemanha contra Portugal, Brasil x México, Holanda x Brasil, Espanha x Chile, só as consegui assim”, comentou. Mesmo dono de uma grande quantidade de camisas de seleções, Costa Neto disse que há uma que é seu objeto de desejo: a da seleção do Peru. “Ainda vou conseguir uma. Acho bonito o seu design e por ser valor histórico. A faixa em diagonal é uma homenagem ao River Plate da Argentina”, concluiu. Leia mais sobre colecionadores no DOM