DIFERENTES MÉTODOS DE ENSINO APLICADOS EM TURMAS DE CORREÇÃO DE FLUXO COM O CONTEÚDO SISTEMA ENDÓCRINO Diôgo Januário da Costa Neto Bolsista do PIBID Biologia, UFT - Araguaína. E-mail: [email protected] Fernanda Cruz de Araújo Bolsista do PIBID Biologia, UFT - Araguaína. E-mail: [email protected] Geane Brizzola dos Santos Coordenadora de área do PIBID Biologia, UFT - Araguaína. E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO Os programas de correção de fluxo têm por objetivo atender alunos que se encontram em defasagem de idade/série no ensino regular. Esses programas tentam reintegrar os alunos que não obtiveram sucesso no ensino por meio de mecanismos diferenciados para promover aquisição do conhecimento de forma eficaz. No Estado do Tocantins, o funcionamento do programa Correção de Fluxo para as séries finais do ensino fundamental (6° ano 9° ano) está regido na Normativa Nº 018 da Secretaria de Educação (SEDUC), de 29 de dezembro de 2011, onde apresenta como objetivo promover a aprendizagem dos alunos com dois ou mais anos de distorção idade/série, na faixa etária de 13 a 17 anos, visando o sucesso do aluno e a correção da distorção idade série. Quando se pretende atuar para corrigir a trajetória de alunos multirrepetentes, busca-se interferir no processo ensino aprendizagem, concebido como síntese de múltiplas relações implicadas no trabalho pedagógico, incluindo os conteúdos, a organização didática, a atuação docente, o agrupamento dos alunos, a organização da escola; todas essas dimensões são alteradas, portanto, com a interferência sobre o processo ensinoaprendizagem (Sampaio, 2000). O Colégio Estadual Jardim Paulista, situado na Cidade de Araguaína-TO, possui duas turmas de correção de fluxo nos anos finais do ensino fundamental, ofertadas no turno matutino. Desde 2011 a instituição conta com o apoio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência (PIBID) do curso de Licenciatura em Biologia da Universidade Federal do Tocantins (UFT) nas aulas de ciências e Biologia na modalidade regular. Os bolsistas do programa realizam observações de aulas e propõem atividades com intuito de complementar as aulas de Ciências e Biologia da escola nos turnos manhã e tarde. A partir de 2012, o PIBID passou a auxiliar nas turmas de correção de fluxo durante as aulas de Ciências. Refletir sobre a prática docente utilizada em turmas de correção de fluxo é um importante meio para selecionar métodos que apresentam resultados satisfatórios no ensino. Por isso, torna-se atraente a ideia de inserir aulas diferenciadas no cotidiano de turmas de correção de fluxo para selecionar os métodos a serem utilizados nos planejamentos das aulas e também para divulgar as experiências adquiridas para a comunidade científica. Esse trabalho é um relato de experiência referente às atividades desenvolvidas no Colégio Estadual Jardim Paulista, conduzido no âmbito da bolsa do Subprojeto Biologia do PIBID da Universidade Federal do Tocantins campus Araguaína. OBJETIVOS O presente relato objetivou refletir sobre a prática docente em turmas de correção de fluxo do Colégio Estadual Jardim Paulista, relatando três métodos de ensino utilizados nas aulas de ciências. Além disso, pretende-se proporcionar aulas diferenciadas para alunos de correção de fluxo e fazer um breve diagnóstico sobre essas turmas. METODOLOGIA Para fazer o diagnóstico das turmas, foi realizada uma ambientação com os alunos em uma aula anterior às atividades, onde foi perguntado o por quê deles estarem matriculados em classe de correção de fluxo, que material eles utilizam para acompanhar a disciplina de ciências, qual a média de idades, dentre outras indagações. A frequência dos alunos nas aulas foi observada durante o desenvolvimento das atividades. Junto a coordenação escolar foram obtidas as informações com relação a forma de avaliação utilizada pelos professores e a quantidade de matriculas registradas na escola no ano de 2013. Para atender os objetivos do trabalho, planejaram-se três aulas utilizando diferentes métodos de ensino para o conteúdo “Sistema Endócrino”. Na primeira aula foi utilizado o método de exposição teórica do conteúdo no quadro, na segunda aula utilizou-se recurso multimídia, através da apresentação de um vídeo em seguida aplicou-se um estudo dirigido, na terceira aula foi utilizado o método de jogos no ensino. As aulas foram ministradas nas duas turmas de correção de fluxo do Colégio Estadual Jardim Paulista no período de três dias consecutivos, sendo ministrada uma aula de 60 minutos em cada turma por dia, totalizando seis aulas. Para a exposição teórica do conteúdo, seguiu-se a sugestão do livro do 8° ano adotado pela escola e alguns materiais complementares disponíveis na internet. O vídeodocumentário utilizado na segunda aula foi extraído da Superinteressante Coleções: “O corpo humano – glândulas e hormônios” disponível no site Youtube, e as questões contidas no estudo dirigido foram elaboradas de acordo com a aula teórica e o vídeo. A atividade lúdica utilizada na terceira aula foi desenvolvida pelos bolsistas, sendo o jogo “Que glândula eu sou?”. O jogo “Que glândula sou eu?” incorpora a técnica de perguntas e respostas associada à adivinhação, tem como pré-requisito o estudo das glândulas endócrinas (Hipotálamo, Hipófise, Pineal, Tireoide, Paratireoide, Pâncreas, Suprarrenais, Testículo e Ovário) e suas respectivas funções no organismo. O jogo funciona da seguinte forma, a sala é dividida em dois grupos (figura 1 e 2), um representante aleatório de cada grupo se posiciona à frente de todos e recebe uma ficha (figura 3) contendo algumas informações de uma das glândulas (as informações contidas nas fichas são: localização, histologia, anatomia, fisiologia e doenças relacionadas a disfunção dos hormônios), o aluno fala pausadamente as característica para que o grupo oposto ao que pertence tente adivinhar a que glândula as características faz referência. Ganha o grupo que adivinhar o maior número de glândulas. Figura 1: Turma Correção 1, divisão dos grupos para o jogo (Costa Neto, D.J. da. 2013). Figura 2: Turma Correção 2, divisão dos grupos para o jogo (Costa Neto, D.J. da. 2013). Figura 3: Fichas do jogo “Que glândula sou eu?” (Costa Neto, D.J. da. 2013). RESULTADOS E DISCUSSÃO O Colégio Estadual Jardim Paulista possui duas turmas de correção de fluxo denominadas Correção 1 e Correção 2, sendo ofertadas no turno matutino, o programa tem duração de 01 ano e corresponde ao curso do oitavo e nono ano do ensino fundamental, estão matriculados cerca de 20 alunos para cada turma, tendo em média de idades entre 13 e 17 anos e mais da metade sendo do sexo masculino (Dados fornecidos pela instituição). As turmas não possuem um livro didático para fazer o acompanhamento das aulas, os alunos dependem dos conteúdos expostos no quadro pelos professores ou de apostilas, todas as atividades produzidas pelos alunos são postas em portfólios individuais para fazer parte do conceito de notas. Com relação à frequência nas aulas, na turma Correção 1 cerca de 19 alunos frequentaram as aulas de Ciências durante o período de aplicação das atividades, já na turma Correção 2 o número de alunos se restringiu a 16. Dentre as justificativas para a baixa frequência de alguns alunos em todas as aulas cita-se, licença maternidade, viagens, ausência da sala de aula por motivos diversos, entre outros. A avaliação nas turmas de correção de fluxo é diferente da modalidade regular, sendo através de conceitos (Suficiente ou Insuficiente). Durante as reuniões de conselho de classe, os professores dão um conceito para cada aluno de acordo com os trabalhos contidos no portfólio. Na primeira aula, para a abordagem teórica o conteúdo foi estruturado na lousa com esquemas e desenhos, sendo abordadas as funções e a localização das principais glândulas endócrinas do corpo. A aula teve duração de uma hora em cada turma. Na segunda aula, foi realizada a transmissão do vídeo-documentário “O corpo humano – glândulas e hormônios” e a aplicação do estudo dirigido na sala de vídeo, a aula correspondeu ao 1° e 2° horário. O vídeo teve duração de 25 minutos, o restante que sobrou do tempo foi destinado para a explicação do vídeo e comentário sobre as 10 questões contidas no estudo dirigido. O problema encontrado nesse método foi a condução dos alunos da sala de aula para a sala de vídeo - que tomou boa parte do tempo. Esse método possibilitou aos alunos que visualizassem as glândulas e como as mesmas atuam no organismo, suprindo em partes a carência de materiais didáticos (Atlas anatômico em quantidade, peças anatômicas, etc.) e de um laboratório na escola, que são necessários para o curso das aulas. Além disso, as questões do estudo dirigido complementaram as informações passadas durante a aula teórica. Todas as questões foram comentadas no tempo de duração da aula. Na terceira aula, foi aplicado o jogo “Que glândula sou eu?”(Figura 4 e 5). Para a dinâmica foi solicitado aos alunos que estudassem o conteúdo ministrado nas duas aulas anteriores. Os problemas encontrados durante a aplicação do jogo foram inicialmente a não aceitação de parte dos alunos em participarem na turma Correção 1, foi necessário a intervenção da coordenadora para que a atividade acontecesse, além disso boa tarde dos alunos nas duas turmas não revisaram o conteúdo em casa, demonstrando pouco conhecimento para associar às características ditas a glândula correspondente. Figura 4: Turma Correção 1, aplicação do jogo (Costa Neto, D.J. da. 2013) Figura 5: Turma Correção 2, aplicação do jogo (Costa Neto, D.J. da 2013) CONCLUSÃO Aulas diferenciadas em turmas de correção de fluxo são necessárias e funcionam desde que os alunos manifestem interesse em participar. Nesse sentido, o trabalho do professor se estende a convencer os alunos a participar das atividades diferenciadas. Dos métodos aplicados, o mais eficaz e o que conseguiu prender a atenção dos alunos por mais tempo, permitindo a explicação do conteúdo sem interrupções, foi a transmissão do vídeo-documentário. Além disso, o Estudo dirigido associado ao vídeo induziu os alunos a prestarem atenção no vídeo e solicitarem explicações do professor, promovendo o surgimento e esclarecimento de dúvidas, alguns alunos demonstraram rejeição e rebeldia ao método de jogos. O método expositivo é necessário quando as turmas rejeitam atividades lúdicas e para introduzir o conteúdo proposto. As turmas de correção de fluxo do colégio Estadual Jardim Paulista estão dentro da faixa etária de idade prevista na normativa de funcionamento dos programas de correção de fluxo do Estado do Tocantins para participarem do programa. REFERÊNCIAS SAMPAIO, M. das. M.F. Aceleração de Estudos: uma intervenção pedagógica. Em aberto. INEP, v.17, n.71. Brasília, 2000. Disponível em <http://www.publicacoes.inep.gov.br/arquivos/%7B7a244c23-dea8-4e72-ae8e680a83bb63e6%7D_em_aberto_71.pdf> Acesso em 02 de Maio de 2013 Normativa N°18 da SEDUC, de 29 de Dezembro de 2011. Diário Oficial do Tocantins, Pag. 13. DOETO 03/2012. Disponível em <http://www.jusbrasil.com.br/diarios/34145898/doeto-03-02-2012-pg-13> Acesso em 07 de Maio de 2013.