25 ISSN: 23170336 A qualidade dos produtos das redes de serviços COSTA NETO, P. L. O. 1*, COSTABILE, L. T.1, ROMANO, S. M. V.1.1 Resumo: Dentre as várias propostas surgidas no campo da qualidade para caracterizar esse aspecto dos produtos tangíveis e intangíveis (ou serviços) dos processos de produção estão as dimensões da qualidade propostas por consagrados autores para esses dois tipos de resultados dos esforços humanos. Em particular, as dimensões da qualidade em serviços existentes na literatura se referem à prestação do serviço em si, e não aos produtos dos processos de serviço. No presente artigo se busca caracterizar a diferença existente entre esses dois aspectos do processo da prestação de serviço (a prestação em si e o produto obtido), e dar os primeiros passos na busca de uma propositura de dimensões da qualidade dos produtos dos processos de serviço. Palavras-chave: Dimensões da qualidade, Prestação de serviço, Resultado do serviço. Abstract: Among several attempts made the in quality field to characterize this feature of tangible and intangible products (or services) of the production processes are the quality dimensions suggested by recognized authors for these two kinds of results of the human efforts. In particular, the quality dimensions of services existing in literature refer to the delivery of these services and not to the products of the service processes. In this article it is attempted to characterize the difference between these two aspects of the service processes (delivery itself and product), and try to start a search for a proposal of dimensions for the quality of the products of the service processes. Keywords: Quality dimensions, Service delivery, Service results 1. Introdução Este artigo se interessa pela qualidade dos produtos tangíveis ou intangíveis dos processos de serviços. Estes processos, na maioria dos casos, caracteriza uma rede de atividades sincronizadas que convergem, ao seu final, à prestação de serviço, a qual resulta nos produtos tangíveis ou intangíveis cuja qualidade é o objeto de interesse da presente discussão. 11 Universidade Paulista, São Paulo * Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto, e-mail: [email protected] A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 26 Quem pesquisar o histórico da Qualidade verá que a própria conceituação de qualidade foi objeto de muita discussão e divergência. Diversos importantes pensadores do assunto enxergaram a qualidade sob óticas distintas. Por exemplo, Joseph M. Juran a via com adequação ao uso, Philip B. Crosby, como conformidade com os requisitos, Armand V. Feigenbaum como o resultado da participação de todos na organização (COSTA NETO e CANUTO, 2010). Coube a Garvin (2002) realizar uma condensação dessas ideias, caracterizando cinco abordagens básicas para o conceito de qualidade: transcendental, baseada no produto, baseada no usuário, baseado no processo e baseada no valor. O mesmo autor sugeriu também oito dimensões da qualidade de produtos tangíveis, apresentadas no Quadro 2 (GARVIN, 1984). Com o crescimento da importância econômica dos produtos intangíveis, ou serviços, verificada a partir da segunda metade do Século XX, os conceitos referentes à qualidade dos produtos tangíveis, originários das indústrias de manufatura, passaram a ser também invocados para os serviços. Existem, entretanto, diversos aspectos diferenciais entre esses dois tipos de produção, conforme mostrado no Quadro 1. Quadro 1. Comparação entre produtos tangíveis e serviços Produtos tangíveis Serviços Têm existência física Intangíveis, imateriais, não têm existência física Executados ao longo de um processo de produção Executados instantaneamente ou em curto espaço de tempo Podem ser estocados e transportados Não podem ser estocados e transportados Produção antecede o consumo Produção simultânea com o consumo Produção fora do alcance do cliente Produção com participação física ou virtual do cliente Formas de produção em geral homogêneas Fácil avaliar a qualidade Heterogeneidade na produção, muitas maneiras de prestar eficazmente Difícil avaliar a qualidade Fonte: Adaptado de Costa Neto e Canuto (2010). Além disso, os serviços se distinguem por algumas peculiaridades de sua prestação, como intangibilidade, inseparabilidade (entre produção e consumo), heterogeneidade e perecibilidade (impossibilidade de estocagem) (TOLEDO et al., 2013). A existência dessas diferenças levou a também se buscar a caracterização das dimensões da qualidade em serviços, tendo Parasuraman et al. (1990) sugerido aquelas apresentadas no Quadro 3. Estas dimensões de qualidade se referem a aspectos da prestação do serviço em si. A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 27 Ocorre que um processo de produção de serviço também gera produtos, que podem ser tangíveis e/ou intangíveis. É sobre estes produtos dos processos de serviços que versa o presente artigo, buscando estabelecer um conjunto de dimensões da qualidade para eles, não existente na literatura consultada. Para tanto, os autores se valem de um processo de raciocínio lógico envolvendo diversos tipos de processos de serviços, seus consumidores e seus clientes, buscando caracterizar situações que possam embasar o surgimento da proposta de um conjunto de dimensões. 2. Qualidade em serviços Em serviços, a avaliação da qualidade conforme usualmente tratada surge ao longo do processo de prestação do serviço. Segundo Fitzsimmons, Fitzsimmons (2010), o momento em que o serviço está sendo prestado é a oportunidade da satisfação das necessidades do cliente, e também é o momento em que o prestador de serviço consegue sentir a percepção da qualidade de seus serviços para com o cliente. No entanto, cabe salientar, em relação à subjetividade da qualidade em serviços, que para algumas pessoas, o serviço representa uma qualidade excepcional, enquanto para outras esse mesmo serviço pode ser qualificado como um serviço apenas razoável. Segundo os autores citados, a qualidade em serviço é um tema complexo, o que pode ser percebido na necessidade de uma definição acrescentando as dimensões de receptividade, segurança, empatia e aspectos intangíveis. Quando as expectativas relacionadas à prestação do serviço são atendidas, o nível de qualidade passa a ser uma experiência que será transmitida a outras pessoas, como é o caso do boca a boca, que por sua vez é uma forma simples de transmitir informações, porém com um grande poder de impacto nas informações reais relacionadas aos serviços prestados, que dessa certa forma atua como uma ferramenta para medir a qualidade em serviços. Seguindo com os autores, a qualidade em serviços parte das necessidades pessoais dos clientes, que contratam serviços mediante experiências passadas por outras pessoas. Dessa forma, o serviço esperado cria expectativas baseadas, tendo como exemplo dimensões de confiabilidade, segurança e empatia para assegurar uma efetividade no serviço percebido. A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 28 Segundo Albrecht (2002), nesse contexto entre o prestador de serviço e o cliente existem momentos da verdade nos quais uma falha do fornecedor do serviço pode ser muito danosa à sua avaliação pelo cliente. 2.1 Falhas na qualidade em serviços Para Fitzsimmons, Fitzsimmons (2010), a falha na qualidade em serviços é a discrepância entre as expectativas e as percepções do cliente, ou seja, é algo que faltou no progresso na execução dos serviços. De certa forma, os prestadores de serviços buscam estratégias para minimizar esses problemas através de pesquisa de mercado, no intuito de se basearem em fontes de informações vindas de clientes, concorrentes, anúncios e experiências anteriores. Ainda com os autores, a falha pode resultar por parte de quem está prestando os serviços, quando o prestador não possui as competências necessárias para a execução conforme foi contratado, e também por parte do cliente, que se baseia em fontes de informações visuais como anúncios na mídia realizados pela empresa. 3. Dimensões da Qualidade Para efeito deste item, estamos considerando os resultados de um processo produtivo classificados em duas categorias: produtos tangíveis (frequentemente designados simplesmente por produtos) e produtos intangíveis, doravante aqui designados por serviços. Juran (2002) considera um terceira categoria do produto formada pelos softwares e Botelho et al. (2012) sugerem que essa terceira categoria seja referente aos projetos, dos quais os softwares seriam um caso particular. Essa categoria mescla aspectos característicos dos produtos tangíveis e dos serviços, conforme apresentados no Quadro 1 Garvin (1984) propôs as oito dimensões da qualidade de produtos apresentados no Quadro 2. Dimensões Quadro 2. Dimensões da qualidade de produtos tangíveis Conceito Desempenho Referente à correta realização das atividades principais para as quais o produto foi concebido. Complementos Referente a itens que se agregam à realização das principais funções, contribuindo para melhorar o desempenho. A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 29 Confiabilidade Referente à segurança no uso, ausência de riscos e não ocorrências de falhas. Conformidade Diz respeito ao cumprimento das especificações do projeto. Durabilidade Assistência técnica Relacionada com a vida útil do produto. Referente ao apoio pós-venda e às facilidades para manutenção em caso de falha. Referente à boa aparência, ao bom gosto e às sensações agradáveis proporcionadas pelo produto. Dimensão subjetiva, relacionada à opinião de cada cliente, influenciada por aspectos específicos do produto. Fonte: Garvin (1984). Estética Qualidade percebida A essas dimensões, Carpinetti (2009) agrega também facilidade de uso, disponibilidade, manutenibilidade, instalação e orientação de uso, interface com o usuário e interface com o meio ambiente. Parasuraman et al. (1990), por sua vez, corroboraram e consolidaram as ideias de Fitzsimmons, Fitzsimmons (2010) ao propor as dez dimensões da qualidade de serviços apresentados no Quadro 3. Quadro 3. Dimensões da qualidade de serviços Conceito Evidências físicas do serviço, aparência das instalações, pessoas, materiais, Aspectos tangíveis objetos e ferramentas. Consistência e capacidade demonstradas na prestação de serviço. Confiabilidade Disposição para ajudar o cliente e proporcionar com presteza o serviço, com Responsividade cumprimento dos prazos especificados. Habilidades específicas e conhecimentos necessários para executar o serviço. Competência Fineza, respeito, consideração e amabilidade no contato pessoal. Cortesia Confiança, honestidade e integridade transmitidas pelo prestador de serviço. Credibilidade Ausência de risco, perigo ou dúvida. Segurança Proximidade e facilidade de contato. Acesso Manter o cliente informado de forma compreensível e escutá-lo. Comunicação Esforço para conhecer e atender suas necessidades. Conhecimento do cliente Fonte: Adaptado de Parasuraman et al. (1990) Dimensões A essas dimensões, Rotondaro e Carvalho (2006) acrescentam atendimento, consistência, conveniência, velocidade e flexibilidade. Deve-se notar que todas essas dimensões da qualidade de serviços aqui mencionadas referem-se ao processo de prestação de serviço, ou seja, do serviço em si, e que no presente artigo se está interessado em avaliar a qualidade dos produtos dos serviços. 4. Os produtos dos serviços A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 30 A existência de um serviço só se justifica se conduz a algum resultado, ou seja, o produto do serviço. Este produto pode ser tangível ou intangível. Podemos cotejar dois tipos de qualidade: a qualidade do serviço em si e a qualidade do produto do serviço, conforme representado na Figura 1. Figura 1. Qualidade do serviço em si x qualidade de produto de serviço A Figura 1 sugere que as situações potencialmente mais graves são aquelas em que é ruim a qualidade do produto do serviço. Nela, o termo “cliente” foi usado genericamente para designar o usuário do serviço. Na sequência, este termo será melhor caracterizado. A Figura 1 também sugere uma situação razoável de se esperar na pratica: o cliente é mais sensível à má qualidade do produto de serviço, em última análise, o seu principal objetivo, do que à prestação do serviço em si. Tendo esta consideração em mente, elaborou-se a Figura 2, onde se consideram as possíveis situações quanto à qualidade da prestação do serviço e de seu produto. Feitas estas considerações, para se prosseguir com a análise pretendida no presente artigo, passa-se a considerar a seguinte subdivisão do conceito de cliente ― Consumidor: aquele que usufrui diretamente a prestação de um serviço. ― Cliente final: aquele que é, na verdade, o principal beneficiário do conjunto de vantagens proporcionado pelo serviço. A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 31 Uma ilustração clássica dessa diferenciação é dada pelo serviço educação. O consumidor, ou cliente imediato, é o aluno, mas há outros clientes indiretos, como a família, as empresas e, em última analise, a própria sociedade, que se beneficia com o conjunto de formandos competentes que a instituição de ensino oferece. O conceito de produto do serviço também será considerado sob duas óticas: a do consumidor e do cliente final. A = cliente insatisfeito com a prestação do serviço B = cliente insatisfeito com o produto do serviço C = cliente satisfeito com ambos Figura 2. Possíveis situações quanto à prestação do serviço e seu produto 5. Análise de diversos serviços A fim de poder recolher subsídios para o objetivo principal deste artigo ou seja, propor um conjunto de dimensões para a qualidade dos produtos dos serviços, faz-se a seguir, para um expressivo conjunto de possíveis serviços, uma análise de A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 32 quem são os seus consumidores e os seus clientes finais, com os seus possíveis produtos de interesse. Os resultados dessa avaliação são apresentados no Quadro 4, no qual (T) representa tangível e (I), intangível. Nele, algumas casas estão em branco, quando o resultado é não aplicável. Deve-se considerar que esta análise é feita em termos gerais, considerando os serviços mencionados em sua forma macroscópica. De fato, muitos dos serviços apresentados podem admitir subdivisões, ou estratificação, que permitiriam uma análise mais detalhada, mas não é esse o escopo maior do presente trabalho, com sua característica exploratória do assunto. Serviço Educação Saúde Consultoria Varejo Turismo Segurança pública Segurança privada Transporte público Transporte aéreo Aluguel de carro Estacionamento Telefonia Internet Logística Televisão Cinema/teatro Restaurante Quadro 4 – Análise de diversos serviços Consumidor Produto Cliente final Diploma (T) Aluno Sociedade Conhecimento (I) Cura (T) Paciente Família Alívio (I) Relatório (T) Interessado Sociedade Solução (I) Item comprado Comprador (T) Solução (I) Entretenimento Turista (T) Sociedade Conhecimento (I) Indivíduo Segurança (I) Família Empresa Segurança (I) Estado Deslocamento Indivíduo Sociedade (T) Deslocamento (I) Segurança (I) Passageiro Sociedade Rapidez (I) Abrangência (T) Deslocamento Usuário (T) Abrangência (T) Segurança (I) Usuário Deslocamento Comércio (T) Comunicação (I) Usuário Sociedade Abrangência (T) Comunicação (I) Usuário Sociedade Abrangência (T) Distribuição (T) Usuário Sociedade Abrangência (T) Entretenimento Indivíduo (I) Sociedade Informação (I) Entretenimento Frequentador (I) Estado Cultura (I) Alimento (T) Frequentador Sociedade Satisfação (I) A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 Produto Profissionais (T) Progresso (I) Alivio (I) Solução (I) Profissionais (I) Progresso (I) Empregos (T) Tranquilidade (I) Eficiência (I) Eficiência (I) Eficiência (I) Eficiência (I) Lucro (T) Eficiência (I) Informação (I) Eficiência (I) Eficiência (I) Formação de opinião (I) Cultura (I) Solução (I) 33 Assistência técnica Usuário Beleza Usuário Loterias Apostador Correio Usuário Marketing Interessado Banco Correntista Seguro Interessado Financiamento Interessado Clube esportivo Associado Manutenção Interessado Comércio eletrônico Comprador Solução (I) Item reparado (T) Estética (T) Orgulho (I) Dinheiro (T) Ilusão (I) Solução (I) Abrangência (T) Informação (I) Desejo (I) Segurança (I) Dinheiro (T) Segurança (I) Alívio (I) Solução (I) Posse do bem (T) Entretenimento (I) Sociabilidade (I) Segurança (I) Item operando (T) Solução (I) Rapidez (T) Abrangência (T) Comércio Solução (I) Sociedade Satisfação (I) Sociedade Perdas (I) Empresas Divulgação (I) Comunicação (I) Organizações Vendas (T) Estado Eficiência (I) Estado Eficiência (I) Estado Progresso (I) Solução (I) Organizações Empresas Segurança (I) Lucro (T) Lucro (T) Prestígio (I) Fonte: Autores A observação do Quadro 4 mostra a existência de produtos tangíveis e intangíveis dos serviços. As dimensões da qualidade propostas por Garvin (1984) e apresentadas no Quadro 2 podem perfeitamente ser invocadas para caracterizar os produtos tangíveis dos serviços. Já as dimensões da qualidade de serviços propostas por Parasuraman et al (1990) e apresentadas no Quadro 3 não servem para caracterizar os produtos intangíveis dos serviços, pois visam aspectos específicos de sua prestação. Tem sentido, pois, buscar se estabelecer uma nova propositura para as dimensões da qualidade dos produtos intangíveis dos serviços. Deve-se notar, entretanto, que foram observados alguns produtos considerados tangíveis que não são contemplados pela proposta de Garvin (1984) e, portanto, são incluídos na relação a seguir. Apresenta-se, pois, o conjunto de produtos dos serviços que correspondem a resultados obtidos devido à sua prestação e que podem caracterizar dimensões da qualidade dos produtos dos serviços. Essas dimensões são apresentadas na ordem decrescente de vezes que apareceram o que, de alguma forma, deve estar relacionado à sua importância. Solução (I): representa o fato de o interessado (consumidor ou cliente final) ter um problema seu resolvido. A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 34 Segurança (I): ligada à ausência de risco de ocorrência de algum fato não desejado. Eficiência (I): referente à capacidade de realizar bem alguma atividade de interesse. Abrangência (T): referente à gama espacial em que se verificam os efeitos positivos do produto. Conhecimento/informação (I): congrega juntos estes dois níveis referentes ao assunto de interesse. Entretenimento (I): referente às atividades que trazem alegrias típicas das ações em momentos de lazer. Deslocamento (T): referente à capacidade de ir e vir em determinado âmbito. Alívio (I): diz respeito à sensação típica que ocorre ao se livrar de algo desagradável ou ameaçador. Comunicação (T): diz respeito à capacidade de transmitir ou receber informações. Satisfação (I): sentimento correspondente à condição de recebimento de boas notícias. Cultura (I): efeito de aumento do conhecimento intelectual ou saber em geral. As dimensões acima aparecem pelo menos duas vezes no exercício realizado. Algumas outras apareceram uma única vez e podem, em alguns casos, ser consideradas incluídas nas já citadas. São elas: orgulho e prestígio (podem caber em satisfação), tranquilidade e ilusão (podem caber em alívio), progresso (pode caber em eficiência), divulgação (pode caber em conhecimento/informação), distribuição (pode caber em deslocamento), desejo, sociabilidade, estética e rapidez. 5.1 Exemplo de possível estratificação No Quadro 4, o serviço logístico aparece em sua acepção mais usual, ou seja, a logística de distribuição de produtos tangíveis após a sua fabricação. A Logística, porém, ocorre também em outras situações no processo produtivo, inclusive sob a forma interna, na qual também se denomina Administração de Materiais. O Quadro 5 ilustra uma possível estratificação desse serviço. Serviço Quadro 5 – Estratificação de serviço logístico Consumidor Produto Cliente A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 Produto 35 final Logística de distribuição Usuário Distribuição (T) Abrangência (T) Logística de fornecimento Compras Materiais (T) Eficiência (I) Empresa Logística interna Cliente interno Componentes (T) Eficiência (I) Empresa Logística reversa Empresa Segurança (I) Responsabilidade social (I) Sociedade Sociedade Eficiência (I) Produtos (T) Serviços (I) Produtos (T) Serviços (I) Eficiência (I) Segurança (I) Alívio (I) Vê-se que a aplicação das possibilidades de serviços além daqueles consideradas no Quadro 4 pode levar ao aparecimento de novas dimensões da qualidade dos produtos dos serviços, que poderão ser consideradas em um detalhamento futuro do presente estudo. 5.2 Exemplo de aplicação Examinando a problemática dos alunos em dependência nos cursos da Faculdade de Tecnologia de Praia Grande – Fatec, Romano (2013) identifica a utilização do ensino a distância para esses alunos como a solução adequada ao seu problema. O Quadro 6 apresenta a análise, conforme feita para diversos tipos de serviços, aplicada à problemática analisada pela citada autora. A análise feita aponta na direção já anteriormente identificada pela autora, de ser o ensino a distância a solução mais adequada para resolver o problema dos alunos dependentes. Pode-se notar que, no caso de ensino a distância, uma importante característica desse serviço é, segundo Costa Neto (1998), a interatividade, sem a qual o processo pedagógico a distância estará condenado ao fracasso por ausência de eficácia. Essa característica da prestação de serviço certamente se enquadraria na dimensão “comunicação com o cliente” relacionada por Parasuraman et al. (1990). Quadro 6 – Análise de serviços educacionais Consumidor Produto Cliente Serviço educacional final Diploma (T) Ensino tecnológico Fatec Aluno Conhecimento Empresas (I) Ensino fornecido aos Aluno Aprovação (T) Fatec A Revista Eletrônica da Faculdade de Ciências Exatas e da Terra Produção/construção e tecnologia, v. 4, n. 6, 2015 Produto Eficiência (I) Solução (I) 36 dependentes Ensino a distância Aluno virtual Alívio (I) Evasão (T) Aprovação(T) Alívio (I) Abrangência (T) Eficácia (I) Baixa eficiência (I) Fatec Solução (I) Eficiência (I) 6. Conclusão No presente artigo se fez uma análise dos produtos dos processos de serviço, cuja qualidade já havia sido bastante discutida e dimensionada por autores dentre os quais se destacam Parasuraman et al. (1990). Não foi encontrado na literatura, no entanto, um estudo a respeito dos produtos dos processos de serviços e de sua qualidade. Fez-se, pois, um estudo a respeito, considerando uma gama bastante ampla de processos de serviço existentes, o que possibilitou estabelecer uma proposta de dimensões da qualidade desses produtos. Trata-se, evidentemente, de uma primeira tentativa de abordagem dessa questão, mas que se acredita tenha trazido à luz alguns pontos interessantes a respeito. Espera-se, na sequência, que se possa fazer um aprofundamento do estudo, buscando consolidar (ou não) a propositura de dimensões da qualidade dos produtos dos serviços, incluindo possíveis novas dimensões, estratificando melhor as categorias de serviços, além de outras possibilidades. Os autores estão conscientes da necessidade de se aprofundar a discussão dos tópicos levantados e se colocam à disposição de quaisquer interessados em participar do prosseguimento desta pesquisa. Referências Bibliográficas. ALBRECHT, K. A Revolução nos Serviços. São Paulo. Pioneira, 2002. BOTELHO, W. C., COSTA NETO, P. L. O., VENDRAMETTO, O. 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