ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DE DUAS INTERPRETAÇÕES SOBRE A QUEDA DO “SOCIALISMO REAL” NA EUROPA ORIENTAL Pedro Leão da Costa Neto ∗ A crise do “socialismo real”1 nos países da Europa Oriental, ao longo dos anos 1980, à qual se seguiu sua desmontagem e o processo de restauração capitalista, desencadeou um intenso esforço de analise, esforço este, acompanhado de um retorno às diferentes interpretações sobre esta experiência, em particular, àquelas interpretações surgidas, imediatamente, após a Revolução de Outubro. Neste sentido, Adam Schaff observa que a crise atual do movimento comunista trouxe novamente um interesse pelas análises de Karl Kautsky e Rosa Luxemburgo, sobre as condições históricas nas quais foi realizada a Revolução Russa (Schaff, 1990, p.31-32). O objetivo da nossa comunicação é discutir duas distintas concepções, desenvolvidas na Polônia, sobre a queda do “socialismo real”, que dialogam explicitamente com as obras de Luxemburgo e Kautsky; nos referimos as análises de Schaff e Jan Dziewulski. Adam Schaff2 desde o seu livro Ruch Komunistyczny na rozstaju dróg3 não cessou de re-escrever e desenvolver as suas teses sobre o destino da experiência Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Tuiuti do Paraná. Doutor em Filosofia pela Universidade de Varsóvia. 1 Designaremos aqui por “socialismo real” as diferentes formações sociais existentes na União Soviética e nos diferentes países da Europa Oriental. Infelizmente, nos estreitos limites desta comunicação, uma análise do extenso e rico debate sobre o caráter das sociedades pós-revolucionárias não seria possível. 2 Adam Schaff nasceu em Lvov em 1913 e morreu em Varsóvia em 2006, destacado filósofo e organizador da vida filosófica na Polônia, desempenhou um papel decisivo na introdução do marxismo e nos debates marxistas entre os anos 1945 – 1968. Autor de uma extensa obra, traduzida em diversos idiomas (Schaff, 1990, 349-363), talvez tenha sido ao lado de Lukács, o filósofo da Europa Oriental que tenha sido mais traduzido na segunda metade do século XX. A partir da primeira metade da década de 1980, passou a se dedicar a filosofia social com um interesse particular na análise da experiência socialista do século XX, no fenômeno da “alienação da revolução”, na nova revolução tecno-científica e na elaboração teórica de um “novo socialismo”. 3 O livro O movimento comunista na encruzilhada foi publicado pela primeira vez em alemão na Áustria em 1982, traduzido para o espanhol em 1983, só foi publicado na Polônia em 1989 - entretanto sem o epílogo “Polska lekcja”; como consequência deste livro Schaff foi expulso do POUP em 1984 e só readmitido nas vésperas de sua dissolução. Como veremos, Schaff não cessa sucessivamente de retornar, sob diferentes formas, à problemática deste livro. Entretanto, a “forma literária” não sistemática destes livros, os próprios titulos já indicam: carta, confissão, meditações estão fortemente marcados por elementos autobiograficos e com constantes recursos a anedotas, nem sempre livres de uma certa presunção, constituem um obstáculo para uma análise mais sistemática. Outra dificuldade ∗ socialista, procurando elaborar uma interpretação teórica geral da sua origem, de seus dilemas e de sua sucessiva queda, para isso Schaff retorna tanto as obras de Karl Marx e Friedrich Engels, como também, entre outros, aos escritos de Kautsky e Luxemburgo sobre a Revolução Russa. Uma particular importância, em sua interpretação, adquirem as palavras, repetidamente citadas por Schaff, de Marx e Engels em a Ideologia Alemã, referentes as premissas necessárias para a superação da alienação: Esta ‘alienação’ (este poder independente da vontade e da ação dos homens - obs. do autor do artigo), para usarmos um termo compreensível aos filósofos, naturalmente só pode ser superada sob dois pressupostos práticos. Para que se torne um poder “insuportável”, isto é, um poder contra o qual se age revolucionariamente, é preciso que ela tenha engendrado a uma massa da humanidade como completamente “sem propriedade” e ao mesmo tempo em contradição com um mundo existente de riqueza e de cultura, ambos pressupondo um grande aumento da força produtiva, um alto grau do seu desenvolvimento; e de outro lado este desenvolvimento das forças produtivas [...] constitui também um pressuposto prático absolutamente necessário porque sem ele só se generalizaria a escassez, e portanto com a pobreza recomeçaria também o conflito pelo necessário e retornaria toda a imundice anterior [...]. O comunismo, empiricamente, só é possível como a ação ‘coincidente’ ou simultânea dos povos dominantes. (Marx e Engels, 1973, p.36) Após citar a referida passagem, Schaff observa: O que nos interessa aqui, antes de tudo, é a afirmação, que para a realização do socialismo são necessários um adequado desenvolvimento econômico da sociedade (para não levar a um ‘igualitarismo na miséria’) e também um correspondente desenvolvimento cultural dos membros desta sociedade. O socialismo, efetivamente, só pode se basear em forças produtivas altamente desenvolvidas e para o seu domínio é necessário uma elevada cultura humana, como, repetiu diversas vezes, Marx em suas obras. As etapas objetivas do desenvolvimento social não podem ser substituída pelo voluntarismo. (Schaff, 1989, p.31) A tomada do poder e a consecutiva tentativa de construção do socialismo, a partir de condições, tanto objetivas como subjetivas inadequadas, teria necessariamente consequências nefastas, tanto para o país no qual foi realizado este experimento, como também, sucessivamente para o movimento comunista em seu conjunto. acessória é o caráter excessivamente subjetivo de diferentes passagens, que aparentam um acerto de contas com os seus diferentes adversários teóricos e políticos. No tocante as consequências externas, Schaff destaca a imediata cisão no interior do Movimento Operário Internacional, entre a II e III Internacional (Schaff, 1990, p.13, 31)4, assim como a posterior perda de atração da experiência socialista para a classe operária e os intelectuais no ocidente (Schaff,1990, p.19ss). Para analisar as consequências internas, o filósofo polonês utiliza o conceito de alienação objetiva5, consequência necessária da realização da revolução quando realizada sem a existência de condições para isso. Schaff observa: “Em determinadas condições, a revolução realizada se desenvolve em uma direção por eles não desejada, até mesmo contrária, sob alguns aspectos, fugindo ao controle dos seus criadores.”6 E, na sequência enumera as diferentes manifestações desta alienação objetiva: a falta de apoio ativo das massas que gera a necessidade da violência e da repressão para a manutenção no poder e, que por sua vez conduz a criação de um aparelho repressivo especializado – sobre o qual se perderá o controle – e que passará a dominar o partido e a sociedade. Por fim, a própria revolução, o partido, a relação partido – ideologia, serão, inevitavelmente, ‘devorados’ por este mesmo processo (Schaff, 1989, p.19-44). Esta situação se agravará, ainda mais, com o advento da Revolução microeletrônica, segundo Schaff a Segunda Revolução Industrial, e a definitiva defasagem do socialismo em relação aos paises capitalistas mais desenvolvidos. Segundo, as palavras de Schaff: “(...) O mundo do socialismo real não só não conseguiu a vitória, muitas vezes triunfalmente anunciada, mas em consequência da revolução industrial permanece atualmente atrás na corrida para o século XXI”. (Schaff, 1989, p.14)7 Entretanto, se por um lado, Schaff em diferentes momentos de seu livro Ruch Komunistyczny na rozstaju dróg, demonstrava ser cético, quanto a possibilidade de uma “contrarrevolução pacífica” chegar ao poder nos países do “socialismo real” (Schaff, 1989, p.99ss); por outro lado, em seus livros sucessivos chega mesmo a julgar 4 Seguindo, neste ponto, a tradição da II Internacional Schaff atribui a cisão no interior do movimento socialista, a tomada do poder pelos bolcheviques e não à falência da II Internacional em agosto de 1914. 5 Como é sabido, o conceito de alienação ocupou desde a década de 1960 (Marxismo e o Indivíduo), um lugar central na obra de Schaff e que será sucessivamente utilizado para a análise das sociedades socialistas, que segundo suas palavras seria um “problema de importância central” (Schaff, 1979, p.28). Cf. também Capítulo IV: Socialismo y alienación (Schaff, 1979, p.276 - 340). 6 Adam Schaff remete aqui a carta de Engels a Vera Zasulitch (de 23 de abril de 1885), referente a revolução e o seu desenvolvimento por caminhos diferentes aos originariamente imaginados – uma espécie de ‘astúcia da razão’. (Marx e Engels, 1972, p.546-548). 7 Este mesmo esquema explicativo será utilizado para explicar a experiência polonesa (Schaff, 1993, p.134-145). positivo a sua destruição, na medida que julgava ser o “socialismo real” o maior obstáculo para o desenvolvimento de uma nova formação social “coletivista” que estaria na ordem do dia devido a Segunda Revolução Industrial (Schaff, 2001, p.33). Uma outra análise da experiência da construção do socialismo e do seu ocaso, que retorna às interpretações dos anos 1920, foi elaborada por Jan Dziewulski8, fortemente influenciado pela concepção de Rosa Luxemburgo desenvolvida em sua brochura A Revolução Russa 9 . Dziewulski afirma programaticamente: “Rosa Luxemburgo me deu a chave para compreender, que não poderia ter sido diferente, porque também na Rússia não pôde ser diferente” (Dziewulski, 2012a, p.20). Como é sabido, a revolucionária assassinada em 1919, na referida obra, criticou os bolchevique, antes de tudo, pelas posições tomadas na questão nacional (defesa da autodeterminação dos povos), na questão da agrária (parcelamento e entrega da terra aos camponeses no lugar da nacionalização da terra) e a questão democrática (fechamento da Assembleia Constituinte, o sufocamento das liberdades democráticas e o recurso ao terror. Destes três grupos de questões Dziewulski, sublinhará repetidas vezes, a maior importância da ultima questão, distanciando-se das duas primeiras críticas (Dziewulski, 2012a, p.187ss). Retomando as observações de Luxemburgo sobre as condições históricas necessárias para a vitória e a manutenção da revolução, Dziewulski observa: Segundo R. Luxemburgo, o problema da realização do socialismo poderia apenas ser colocado na Rússia. A primeira experiência da ditadura do proletariado na história mundial efetivou-se em condição fatais, nas quais “nem o mais gigantesco idealismo nem a mais inabalável energia revolucionária seriam capazes de realizar a democracia e o socialismo, mas apenas rudimentos frágeis e caricaturais de ambos”. Segundo as leis históricas, afirmava R. Luxemburgo, o regime socialista poderia ser introduzido somente em escala internacional. Somente a revolução nos 8 Jan Dziewulski nasceu em Varsóvia em 1928 e morreu em 2010, professor de História do pensamento econômico da Universidade de Varsóvia, especialista no pensamento econômico Rosa de Luxemburg. Uma parte de seu artigo dedicados a obra de Rosa Luxemburg, a história do “socialismo real” e da restauração capitalista estão reunidos em dois livros eletrônicos (Dziewulski, 2012a; 2012b). 9 Dziewulski observa ainda: “Rosa Luxemburgo uma coisa me esclareceu – porque na Rússia teve que acontecer, da forma como aconteceu.” (Dziewulski 2012a 19). O economista polonês retoma, ainda, a obra do destacado sociólogo polonês Julian Hochfeld, que em importantes momentos da história política da Polônia, retomava igualmente a mesma obra de Rosa, para pensar os problemas da transição socialista. países capitalistas desenvolvidos poderia, na sua opinião realizar, salvando ao mesmo tempo a revolução russa, que de outra maneira estaria condenada ao fracasso. (Dziewulski, 2012a, p.226-227) Outra questão, sublinhada repetidas vezes por Dziewulski é a tendência dos dirigentes bolcheviques, já apontada por Rosa Luxemburgo, de “transformar a necessidade em virtude”, ou seja, transformar o acidental em necessário e desta maneira universalizar uma experiência específica, não compreendendo, assim, as especificidades de cada pais. (Dziewulski, 2012a, p.236) Aliás, esta questão tornou-se ainda mais importante e atual, após a vitória do Exército Vermelho na II Guerra Mundial, quando a questão das transformações socialistas foi posta posta na ordem do dia na Europa Oriental (Dziewulski, 2012b, p.134). A partir destas premissas teóricas mais gerais, Dziewulski realiza uma tentativa reconstrução histórica geral da experiência soviética, desde a sua origem, passando pela expansão desta experiência para os países da Europa Oriental - em particular para a Polônia – até chegar a sua derrota nos anos 1989-1991. Ao lado das questões acima relacionadas a realização da revolução e da decisão de construir o socialismo em condições extremamente adversas (pais atrasado, destruído pela guerra, isolado internacionalmente e ameaçado constantemente pela guerra), utilizando métodos centralizados, burocráticos e coercitivos, o autor destaca, igualmente, a incapacidade de realizar a passagem de um momento de desenvolvimento extensivo para um desenvolvimento intensivo. Sintetizando suas análises, Dziewulski afirma: As causas da queda da URSS foram, obviamente, distintas. A causa original - externa - foi a derrota na extenuante concorrência econômica, técnica, militar e política com os países capitalistas mais desenvolvidos em escala mundial. Entretanto, um grande papel desempenharam as causas internas enraizadas no modelo de socialismo real construído pelos bolcheviques. (Dziewulski, 2012b, p.134) Dziewulski, entretanto, parecia não descartar em alguns momentos uma força verdadeiramente reformadora nas políticas de Jaruzelski (Dziewulski, 2012a, p.218, 255; 2012b, p.119, 123, 132) e de Gorbatchov (Dziewulski, 2012a, p.210, 216, 240). Apesar dos pontos de partida distintos de Schaff e de Dziewulski, não podemos deixar de destacar, uma relativa proximidade entre alguns aspectos da interpretação da experiência socialista e do seu ocaso, entre os dois autores. Antes de tudo, é importante aqui destacar, o que podemos qualificar como uma leitura teleológica da experiência socialista, ou seja, que as condições de sua gênese trariam em germe as do seu ocaso. Mesmo se bem mais intenso em Schaff, que se aproxima a algumas antigas teses dos teóricos da II Internacional, a abordagem de Dziewulski não está livre do mesmo vício metodológico. O que mais impressiona em Schaff é o caráter marcadamente fatalista das suas posições.10 Por outro lado, um importante ponto distintivo, entre Schaff e Dziewulski, é a importância dada pelo primeiro ao conceito de alienação, enquanto o segundo dará um destaque particular a ineficiência econômica e suas consequências. Estas concepções teleológicas, que pretendem identificar o fim já em suas origens, acreditamos, constituirem um verdadeiro obstáculo teórico que impede uma compreensão do processo que conduziu à desmontagem do “socialismo real”; na medida em que, transferem para um segundo plano, a importância das alternativas políticas existentes nos diferentes momentos históricos e dos seus distintos significados, assim como, das diferentes decisões de política econômica e social e suas respectivas consequências. Não identificam igualmente, as premissas objetivas da criação e sucessivo fortalecimento de uma camada social com interesses próprios no interior do partido e do aparelho de estado e na direção das fábricas, camada esta que gradualmente se constituirá como uma base social coesa e com objetivos próprios, que desempenhará um papel decisivo, no processo desmontagem do “socialismo real” e da definitiva restauração capitalista nos países da Europa Oriental. 11 Em função dos limites desta comunicação, nos limitamos a enumerar alguns destes aspectos: 10 Uma análise do vocabulário empregado por Schaff em seus diferentes escritos, indica a abundância de adjetivos como inevitável, necessário, assim como de seus advérbios correspondentes; encontramos também, expressões como “não estava maduro”, “o erro já estava no seu nascimento”, “pecado original”, etc. 11 A análise aqui esboçada é em grande parte tributária das análises desenvolvidas pelo sociólogo de Poznań Jacek Tittenbrun (1992) dedicadas a queda do “socialismo real”. Tittenbrun é igualmente autor de uma minuciosa análise do processo de privatização e restauração capitalista na Polônia e do papel desempenhado neste processo por aquela referida camada social privilegiada, crescida no interior do “socialismo real”. (Tittenbrun, 2007). Outra importante referência, para nossas análises, é o livro do economista polonês Tadeusz Kowalik (2009). 1) Reformas econômicas que aumentavam a autonomia das empresas, associada ao aumento do poder dos diretores no interior de cada empresa e que criavam um incentivo à criação de sociedades baseadas no patrimônio de empresas públicas. 2) Reformas econômicas que conduziam a um crescente fortalecimento do mecanismo de mercado. 3) Política de endividamento externo e de uma gradativa subordinação ao sistema capitalista mundial. Incentivo ao investimento estrangeiro, através da criação de joint-ventures e outras empresas mistas. 4) Crescimento das desigualdades sociais em consequência de uma política salarial diferenciada e do florescimento da lumpen-economia: permissão de trabalho no exterior – oficial ou clandestino -, mercado negro de produtos deficitários, câmbio paralelo de moedas estrangeiras, troca generalizada de favores, subornos, “excursões turísticas” para contrabando de produtos, etc. 5) Diminuição dos investimentos sociais em saúde, educação, previdências social, construção civil, lazer para as massas, etc. Políticas de favorecimento ao consumo individual em detrimento do consumo coletivo. 6) Aumento dos privilégios para dirigentes do partido, da administração pública e das empresas e para diferentes grupos sociais; por exemplo: acesso privilegiado a produtos deficitários, moradia, automóvel, lazer etc. Este conjunto de medidas e mudanças, seriam particularmente visíveis, segundo Tittenbrum (1992), por exemplo, na Polônia a partir da década de 1970 e ainda mais acentuado nos anos 1980. Por fim é importante lembrar, que as duas interpretações, acima expostas, da experiência do “socialismo real”, não são um fenômeno isolado da Polônia. No Brasil, igualmente, concepções que partem igualmente de Kautsky e Luxemburgo estão presentes nos debates teóricos, um dos exemplos mais candentes é o renovado interesse por Kautsky e sua crítica da Revolução Russa por Ruy Fausto. Referências Bibliográficas DZIEWULSKI, Jan. Polskie Losy. Wybór tekstów i materiałów. Tom I. Odbudowa państwowości po I i II wojnie światowej. Warszawa 2012a. http://www.dyktatura.info/wydawnictwa/Jan_Dziewulski-Polskie_losy_tomI/index.html In. DZIEWULSKI, Jan. Polskie Losy. Wybór tekstów i materiałów. Tom II. Odbudowa kapitalizmu i destrukcja państwa. Warszawa 2012b. In. http://www.dyktatura.info/wydawnictwa/Jan_Dziewulski-Polskie_losy_tomII/index.html KOWALIK, Tadeusz. www. Polska Transformacja. Pl. Warszawa: Muza, 2009. MARX, Carlos e ENGELS, Federico. Correspondencia. 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