EDIÇÃO Nº 720 quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012 Categoria questiona instalação de câmeras dentro das salas de trabalho da Sefaz O sentimento é de constrangimento e coação moral. Os servidores da Secretaria da Fazenda do Ceará continuam perplexos diante dos desdobramentos do Projeto de Segurança Corporativa, que prevê a instalação de câmeras dentro das salas de trabalho da Sefaz. Inicialmente, o equipamento foi instalado em toda a Sede IV e no Posto Fiscal de Tianguá; em outras unidades, a exemplo da Cexat Centro, técnicos já fizeram a avaliação dos locais onde as câmeras serão instaladas. O assunto vem sendo pautado insistentemente pela Diretoria do Sintaf desde maio do ano passado, quando a entidade recebeu as primeiras reclamações da base. O compromisso da Administração Fazendária foi suspender a instalação do equipamento nas demais salas da Sefaz até que fosse estabelecido um regulamento, com a participação do Sindicato – o que não aconteceu. Algumas perguntas persistem: O que está por trás das câmeras? O que a Sefaz pretende ao monitorar seus servidores? Qual a segurança dessas imagens, que são geridas por uma empresa terceirizada? Qual a real finalidade das gravações? Se o foco é a segurança, por que não instalar apenas nos corredores e áreas externas? Servidores reclamam do constrangimento O Sintaf realizou visitas na sede IV (onde a maioria das salas possui três câmeras de vigilância), na Cexat Centro, na Cefit e na Cexat Joaquim Távora. As mobilizações acontecerão até o dia 1º de março, véspera da assembleia que discutirá a retirada das câmeras e outras pendências da mesa de negociação permanente (veja quadro abaixo, "Todos à assembleia!"). Confira o depoimento de alguns servidores que se manifestaram durante as visitas do Sindicato: “Isso é uma inversão de valores. É um desperdício de energia para fiscalizar, bisbilhotar o servidor, quando há coisas mais importantes a fazer. Estas câmeras não são para segurança. Se esse equipamento tem zoom, quem me garante que ninguém vai ver a minha senha? Eu não sei quem monitora essas câmeras. Eu não me sinto à vontade, na verdade eu me sinto constrangido. Nós estamos indignados desde a instalação destas câmeras”. “Passamos o dia todo aqui. Às vezes ficamos um pouco mais à vontade na hora do almoço, cochilamos por dez minutos. Como isso pode ser interpretado? Tenho pessoas na família que trabalham nessa área e nós sabemos das inúmeras possibilidades na manipulação das imagens. Além disso, essas câmeras são interligadas pela Internet. Quem garante a segurança disso? Quem garante que não vai haver vazamento de informações?” “Eu me preocupo com a questão da senha. Aqui na sala, a câmera é bem de frente para o meu computador. Então todo dia eu tenho que projetar o meu corpo um pouco para frente para esconder a digitação da senha. Não sabemos qual o real objetivo dessas câmeras. Podem ser usadas para qualquer finalidade. Se fosse questão de segurança, elas seriam instaladas apenas nas áreas externas”. “No posto fiscal de Tianguá, o administrador recebeu três ligações da Administração Central, perguntando por que ele havia deixado passar um caminhão (que já havia sido averiguado como vazio). Ou seja, está havendo interferência até na gestão do trabalho. Então para quê a figura do administrador de posto?” Que política de recursos humanos é essa? período de 2007 a 2011. Outra grande queixa dos servidores diz respeito à ausência de uma política de capacitação, reciclagem e treinamentos na Sefaz. O curso da Fundação Dom Cabral, por exemplo, foi suspenso antes do seu término. Não há definição sobre a indenização (ajuda de custo) para as turmas de mestrado do CAEN/UFC de 2011 e 2012, bem como de outras instituições de pós-graduação conveniadas ao Sintaf ou à Sefaz. Além disso, a Sefaz se limita a custear o curso de apenas 45 servidores até sua conclusão. Se o fazendário opta por arcar com as despesas de seu curso, não tem a garantia de que será liberado para tal finalidade. E quando o concluir, corre o risco de não obter o reconhecimento para a gratificação de titulação, pois a Sefaz é uma das poucas secretarias que ainda exige cursos específicos à sua missão. É por essa razão que o Sintaf insiste no encaminhamento, para a Assembléia Legislativa, do Projeto de Lei que se encontra na Procuradoria-Geral do Estado (PGE) tratando da modificação da titulação dos servidores fazendários. A memória e a cultura da Sefaz também estão ameaçadas. O memorial da instituição está fechado, sem perspectivas de reabrir. Coral e teatro, que tanto emocionam pessoas de dentro e fora da Casa, levando o nome da Secretaria a festivais e eventos, encontram-se sem verba para continuar. Seu custeio foi retirado do Monitoramento de Ações e Programas Prioritários (MAPP) e relegado a terceiro plano. Programas essenciais desenvolvidos pelo Serviço Social – a exemplo da assistência a servidores que sofrem com dependência química – também foram cortados. Dessa forma, a Sefaz fecha os olhos para os principais anseios e problemas de seus servidores. Na última reunião do Conselho Deliberativo da Fenafisco, em Brasília, o Sintaf obteve a informação de que nenhuma outra Secretaria da Fazenda, em todo o País, instalou câmeras no interior das salas de seus servidores. A Sefaz Ceará é a única no Brasil a praticar esse tipo de assédio. A instalação das câmeras de vigilância é considerada a gota d'água em uma política de recursos humanos que vem desprestigiando o servidor nos últimos anos. Não é porque a categoria conquistou a duras penas o piso da produtividade que esquecerá as inúmeras pendências que persistem. Há mais de cinco anos aguarda-se a liberação de novos cargos para os administradores de postos fiscais. São servidores que continuam trabalhando sem receber pela responsabilidade que assumiram. Além disso, a Administração Fazendária se nega a discutir o pagamento das diferenças de PDF, a título de reposição, referente ao EXPEDIENTE - O Boletim do Sintaf é uma publicação do Sindicato dos Fazendários do Ceará, Rua Agapito dos Santos, 300, Cep 60010-250, Fone/Fax: (85) 3281.9044 Conselho Editorial: Diretores Ângelo Araújo, Nilson Fernandes, Ronaldo Rolim, Ana Maria e Francisco Wildys // Jornalista Responsável: Patrícia Guabiraba (Mtb1597) Criação e Fotografia: Marcus Paulo Saraiva (Mtb-4284) Ilustração: Arievaldo Viana // www.sintafce.org.br // [email protected]