Projeto Curricular das Salas Berçário Creche Jardim de Infância INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Ano letivo 2015/2016 Educadoras Rita Almeida Ângela Soares A Casinha Brincalhona 1.Introdução Se olharmos em nosso redor damos conta que a sociedade tem de percorrer um longo caminho no que diz respeito à inteligência emocional. Num mundo cada vez mais materialista estamo-nos a esquecer do que realmente é o mais importante: as pessoas e as emoções que provêm das suas relações e o saber geri-las. Esta realidade deverá estar presente nas nossas escolas, dando origem a transformações no sistema educativo, porque quando as crianças não desenvolvem na infância estas habilidades e competências sócio-emocionais, podem tornar-se adultos insensíveis e indiferentes à dor e ao sofrimento alheios, inclusive quando estes são causados por si mesmo. Assim sendo, o tema do nosso projeto curricular de salas e que será trabalhado ao longo de todo o ano e em todas as faixas etárias, tendo em conta os objetivos propostos para a idade, será a “inteligência emocional”. É de salientar que sendo o tema do projeto educativo da instituição o envolvimento dos pais na escola, todos serão solicitados várias vezes ao longo do ano a fim de participarem nas várias atividades. Vamos explorar as diferentes emoções de forma a que as crianças sejam capazes de sentir as emoções, as percebam, rotulem, compreendam e regulem. Tudo isto precisa de ser aprendido e é o caminho para o respeito pelo próximo e o saber viver em sociedade. E esperamos que futuramente seja uma sociedade menos altruísta e mais sensível e feliz. As atividades centram-se na exploração de todas as emoções e o saber geri-las em grupo e individualmente a caminho da realização dos sonhos. Este projeto foi desenvolvido para todas as salas, como já foi referido, onde foram planeadas algumas atividades. É de salientar que tendo a nossa metodologia a principal função de ir ao encontro das necessidades e gostos das crianças, o rumo deste projeto poderá levar à realização de um leque de atividades distinto. No entanto, programámos três temáticas/conteúdos inerentes a este Projeto Curricular que serão divididos em três momentos: No primeiro trimestre, abordaremos a temática relacionada com o significado do amor e da esperança, que visa a criança conhecer-se essencialmente numa dimensão pessoal, conhecer-se a si próprio. O segundo trimestre a temática a tratar será relacionada com o aprender a amar e a acreditar, numa perspetiva social, na qual a criança irá adquirindo consciência que é parte integrante na sociedade e que para isso é necessário conhecê-la, de modo a crescer em harmonia - “Mente Sã Em Corpo São”. No terceiro trimestre, o projeto curricular será finalizado com a abordagem da união do amor com a esperança como caminho facilitador da felicidade. O que se pretende é que a criança encare a vida com espírito positivo, apreciando este bem precioso que todos temos, acreditando nos seus sonhos. tema. Após esta parte de introdução, é apresentado um enquadramento teórico do 2. Enquadramento Teórico Durante muito tempo, as emoções, nas escolas, ficaram da soleira da porta para o lado de fora. O conceito de inteligência emocional ainda não existia e, como as questões emocionais também não eram, normalmente, abordadas na educação doméstica, as pessoas tinham que aprender a lidar com as suas emoções como podiam, ou não podiam. Assim, na falta de uma educação emocional explícita, elas lutavam na escuridão, contra si mesmas, como dizem Berrocal e Ramos (2001), produzindo geração após geração "analfabetos emocionais". Assim, como se aprende a regular as emoções e qual é o papel da escola nesta aprendizagem? Embora seja comum pensar que a regulação das experiências emocionais diga respeito, somente, à atenuação de emoções ditas negativas, o termo também se refere às emoções positivas, tanto no que tange a atenuá-las, quanto intensificá-las. Ora, para poder aprender a regular as suas próprias emoções é necessário, antes, que a criança aprenda os passos precursores essenciais de perceber, identificar, rotular e compreender os seus eventos emocionais. A capacidade de perceber é inata, mas precisa de ser amadurecida. As capacidades de identificar, rotular e compreender, ao contrário, são organizadas, pouco a pouco, na interação social. Por isso, a educação emocional e a educação de valores são importantes, desde a infância, para promover o desenvolvimento de uma personalidade socialmente equilibrada. Reações emocionais inteligentes precisam de ser aprendidas com o auxílio de outros e pela prática e exercício continuados, não somente por preceito e instrução verbal. As crianças precisam de modelos, exemplos e de intervenções pedagógicas para aprenderem a lidar com suas próprias emoções. Isto deve ser feito não só em casa, como também na escola. Como educadores, devemos estar atentos às situações que favorecem esta aprendizagem. A educação emocional é um desafio da escola no século XXI. Concretamente este projeto visa estreitar a relação de amor entre educador e criança, criança e criança e família e criança. Toda a criança espera ser amada e só assim passa a retribuir esse amor. Desde que nasce, enquanto cresce e se desenvolve precisa sentir-se querida, procurada, ajudada, elogiada, para crescer emocionalmente equilibrada e desenvolver na vida adulta todo seu potencial humano. Um amor feito de gestos, de dedicação e não apenas de palavras. Para respeitar uma criança é necessário aceitá-la de acordo com a sua personalidade. Ela deve ser entendida, acalmada, amparada. Com paciência, tolerância, até que o tempo ajude a amadurecer e a fazer as suas escolhas. Essa grandeza é o sentido maior de educar: plantar, sempre e por muito tempo, e sem cobrança, gestos de amor que serão modelos para as futuras acções dessa criança. Como educadores iremos ajudar a criança a conhecer melhor os sentimentos, a nomeá-los e a fazer uma distinção entre eles. Assim, aprende a imaginar-se na perspectiva do outro, o que ajuda a desenvolver a sua consciência social. Gradualmente, vai adquirindo a capacidade de identificar sentimentos com base nos sinais corporais, vai sendo capaz de reconhecer o que sente e a reacção correspondente a esse sentimento. Assim, consegue melhor identificar esse sentimento no momento em que ela própria o sente e, mais tarde, também quando uma outra criança ou adulto passam pela mesma situação. E acima de tudo tentaremos que a criança deixe existir o sentimento, não o esconda ou reprima, mas o viva plenamente! 3. Metodologia A criança tem tudo a aprender. E o adulto está presente para a encaminhar no seu processo de aprendizagem. Mas será que o adulto percebe que, tal como nós, a criança aprende aquilo que realmente é importante e relevante para si? A resposta a esta questão é-nos dada por Carl Rogers (cit por Norman Sprinthall e Richard Sprinthall, 1990, p. 321 e 322), que durante toda a sua carreira sublinhou a importância da qualidade das relações interpessoais e ressalva que a forma como nos relacionamos com os outros é central para o nosso desenvolvimento pessoal. É essencial definir, desde já, que o importante não é saber o que nós, adultos, devemos ensinar às crianças, mas sim como elas aprendem, como se constrói a sua pessoa e o seu conhecimento do mundo. Por outro lado, torna-se importante distinguir compreensão de aprendizagem. A primeira, significa “fazer a apreensão de”. A compreensão de algo é um processo quase imediato sendo apenas necessário comparar o que se apreende – o que se faz neste momento e o que se fez no momento anterior. Para além disso, para se compreender algo é necessário “estar interessado em”. Então a metodologia da nossa escola rege-se pelas características que nós, educadoras, pensamos ser as mais importantes tendo em vista o desenvolvimento global da criança. E são elas: 3.1.Movimento da Escola Moderna O movimento da escola moderna é um modelo pedagógico que assenta numa prática democrática da gestão das atividades, dos materiais, do tempo e do espaço e pretende, através da ação dos educadores que dele fazem parte, proporcionar uma vivência democrática e um desenvolvimento pessoal e social das crianças, garantindo a sua participação na gestão da vida da sala e da escola. Esta gestão é apoiada por instrumentos de pilotagem, registo e avaliação, tais como: mapa de presenças, mapa de atividades, mapa de tarefas, comunicações, plano semanal, lista de projetos e diários. No diário escrevem-se as ocorrências negativas e positivas do grupo, o não gostei e o que gostei, que queremos fazer e o que fizemos. O diário eventualmente poderá ser lido, conversado e refletido em grupo e a partir daqui constroem-se por exemplo as regras de convivência. No dia-a-dia da sala, temos momentos de reunião, adultos e crianças, à volta da mesa em que planeamos o trabalho a ser realizado, em que partilhamos saberes, em que avaliamos trabalhos, tarefas e atitudes, em que comunicamos descobertas e aprendizagens. O espaço educativo está organizado por zonas de trabalho de modo a permitir que as crianças realizem atividades previamente escolhidas e por uma área polivalente para trabalho coletivo. A escolha e realização das atividades pressupõem um compromisso e uma responsabilização por parte delas. Os materiais encontram-se ao alcance e à sua disposição para que elas possam estar nas zonas de trabalho sozinhas, em pares ou em pequeno grupo. Todo o espaço da sala é enriquecedor com as produções das crianças que retratam e dão sentido à vida do grupo, apoiam as aprendizagens, sugerem e provocam projetos. Um dos pontos importantes deste modelo pedagógico é que é uma aprendizagem curricular feita essencialmente através de projetos. Estes projetos podem ser de produção: “queremos fazer”, de pesquisa: “queremos saber” ou de intervenção: ”queremos mudar”. O ponto de partida de um projeto deverá ser os interesses das crianças e as interrogações por elas levantadas. Deste modo pretende-se que as aprendizagens conseguidas sejam significativas e pertinentes. Estas aprendizagens realizam-se em pequenos grupos. Assim, adquirem hábitos de questionamento e intervenção de uma forma ativa, problematizando a realidade. Do desenvolvimento do projeto faz parte a consulta de livros e outras fontes de pesquisa, execução das atividades, conversa e reflexão entre os membros do grupo de trabalho. A família tem um papel importante na conceção de um projeto, pois é com certeza um dos recursos de informação. Um dos princípios estratégicos da intervenção educativa do MEM é a partilha de saberes e de produções culturais das crianças através de “Comunicações” como uma validação social do trabalho de produção e de aprendizagem. Isto quer dizer que sempre que um projeto termina existe um momento de comunicação ao grande grupo, e de seguida, um momento de reflexão de grande grupo sobre “o que é que nós aprendemos com este projeto”. As comunicações permitem que a criança organize mentalmente as suas aprendizagens, de forma a preparar o seu discurso oral para comunicar. 3.2. Modelo High/Scope O processo de planear – fazer – rever trata-se de um bloco de tempo divido em três fases, que é visto como a peça central da aprendizagem pela ação da High/Scope e, como o segmento mais longo do dia da rotina diária da High/Scope. Está criado de forma a fortalecer os interesses naturais das crianças, a sua capacidade de autonomia e as suas competências de resolução de problemas. No contexto educativo High/Scope as crianças planeiam todos os dias o que pretendem fazer, juntamente com o adulto. As crianças expõem um problema ou objetivo, com base nos seus próprios interesses. Projetam, imaginam qualquer coisa que ainda não aconteceu, começando a aperceber-se de que algumas das suas próprias ações podem fazer com que essa coisa aconteça. Neste momento da rotina as crianças realizam os seus planos e intenções; brincam (sozinhas, ou em grupo); resolvem problemas (quando as suas intenções não acontecem como planearam) e envolvem-se em experiências-chave. Correspondendo ao tempo de fazer, este momento permite ainda que as crianças usufruam de espaço para fazerem escolhas, selecionar os materiais e alterarem os seus planos, se descobrirem novos interesses. Apesar de intencional, o tempo de trabalho é também lúdico, destinado à brincadeira (embora uma brincadeira com uma direção consciente – o “plano”). As crianças durante o tempo de trabalho realizam diversos tipos de brincadeiras: brincadeira exploratória; construtiva; faz-de-conta e jogos. Este elemento da rotina procura fomentar a necessidade de exploração e experimentação da criança, possibilitando que esta invente/crie e faça de conta, que brinque e que construa o seu próprio conhecimento do mundo. Os adultos, no tempo de fazer, devem observar as crianças, apoiar e envolver-se nas suas brincadeiras. Só assim têm a possibilidade de detetar os desejos, necessidades e interesses que as crianças transmitem. No tempo de trabalho o adulto interage com as crianças no sentido de apoiar e encorajar o seu desenvolvimento. Os adultos proporcionam locais para as crianças trabalharem, através da organização de áreas de interesse, com um espaço e localização adequadas, apetrechadas de materiais diversificados e atraentes para as crianças. Observa o tipo de interações que a criança realiza (se brinca muito sozinha ou em grupo). Ao longo do dia, as crianças mais novas vão-se deparando com problemas de carácter físico e conflitos físicos. Os adultos que acreditam na filosofia High/Scope procuram incentivar as crianças, no sentido de encontrar respostas para os seus próprios problemas, em vez de recorrerem à sua ajuda ou de desistir devido à frustração. Permita às crianças lidar com problemas e com perspetivas conflituosas. As crianças são capazes, por natureza, de formular e resolver problemas sozinhas. Assim, o adulto não pode “cair na tentação” de intervir, precocemente, nas tentativas de resolução dos problemas. É de salientar que os adultos registam todas as observações que fazem das crianças. Os adultos fazem chegar ao fim o tempo de trabalho. O momento da arrumação dos brinquedos e dos materiais constitui uma fase de transição entre o tempo de trabalho e o tempo de revisão. Regra geral, os adultos avisam com alguns minutos de antecedência que o tempo de trabalho está a chegar ao fim. O processo de revisão não deve ser meramente perspetivado como uma lembrança direta daquilo que a criança vivenciou, mas também um processo dinâmico de construção de histórias, onde as crianças fazem uma seleção e abordam as partes das experiências que lhes são mais significativas e, na sua opinião, têm interesse falar. No tempo de revisão, as crianças recordam as experiências que viveram no tempo de trabalho. A pouco e pouco passam a interligar o que fizeram com os planos que delimitaram antes de trabalharem. É importante fazer as crianças expandir a consciência para além do presente. Cada criança é única e como tal tem uma diferente forma de relembrar e rever. As crianças vão desenvolvendo as suas capacidades de recontar acontecimentos passados e escolhem as experiências que querem recordar. Aquilo que é marcante/significativo para o adulto durante o tempo de trabalho pode ser ou não aquilo que é importante para a criança. As crianças relembram as experiências de inúmeras formas. Geralmente, o processo de revisão passa pela verbalização. Contudo, as crianças mais pequenas usam também movimento, gestos, teatralizações, desenhos e relatos escritos para descrever as experiências que vivenciaram no tempo de trabalho. É graças ao incentivo da experiência diária que a capacidade de recordar se torna cada vez maior e mais pormenorizada; que as crianças relatam histórias mais longas; participam na narrativa de outros colegas; estas se tornam mais conscientes no estabelecimento ligação entre o seu trabalho e o que os outros realizaram; tentam antecipar como é que as atividades que realizaram naquele dia se poderão estender ao dia seguinte. 3.3.Metodologia João de Deus Existe um bom ambiente físico e humano com decoração simples mas onde a arte tem presença. Valoriza-se uma arquitetura funcional e atraente de características nacionais e regionais, em que a identidade cultural é valorizada. Existem diversos materiais para as atividades programadas em cada dia: para a educação sensorial, percetiva, motora e física integrando ainda materiais naturais recolhidas pelas crianças no recreio e/ou nos passeios; materiais para os trabalhos manuais e atividades plásticas, livros e imagens e toda a documentação necessária para os “Temas de Vida”; materiais de apoio para a aprendizagem da matemática como o Cuisinaire, Blocos lógicos,Tangran, Calculador multibásico, Dons de Froebel. Para os mais pequenos existem materiais para imitar: para aprender a viver e integrar-se no meio social: a Loja, a Casa das bonecas e os Jogos de trânsito. Cada grupo etário tem a sua organização do tempo. Nomeadamente o grupo dos 5 anos tem diariamente lição de cartilha maternal e exercícios de matemática. A Rotina Diária poderá contemplar os seguintes tempos: - Acolhimento, - Cumprimentar, cantar, falar com as crianças e deixá-las falar, - Atividades de Livre Escolha (preparadas na sala), - Tema de Vida (diapositivos, imagens…) acompanhado de um bom diálogo com toda a documentação real possível onde caibam pequenas experiências, - Exercícios de movimento e de relaxe, - Jogos de mesa/exercícios de matemática: Cuisenaire, Palhinhas, Blocos lógicos, Tangran, Calculador multibásico, Dons de Froebel, - Exercícios de memória visual, através de jogos musicais mimados e rítmicos, - Higiene e Almoço (colaboração das crianças em tarefas, - Higiene/Repouso/Recreio, - Atividades de expressão e trabalhos manuais, - Lanche, - Apoio sócio educativo: brincadeira livre; jogos de mesa; filmes. Os educadores planeiam diariamente de acordo com os objetivos para cada grupo etário e a avaliação que realizam é feita tendo em conta a individualidade de cada criança e a programação efetuada. Os pais para além dos encontros e reuniões programadas são também convidados a colaborar em algumas atividades organizadas e em participarem em festas e eventos. As crianças do Jardim-Escola são acompanhadas pela Educadora, de uma forma permanente ao orientar o seu dia, ao transmitir-lhes segurança e confiança. A Educadora é a referência pela função primordial no ambiente que proporciona na sala de aula. É objetivo no seu planeamento de trabalho valorizar, desenvolver e avaliar o desempenho das suas crianças de forma diversificada, onde as relações afetivas e os estímulos positivos são presença constante. A autonomia é também um objetivo primordial neste modelo pedagógico, para um crescimento pessoal e social que permita às crianças enfrentarem desafios e mudanças que lhes surjam no presente e no futuro. De um modo quase sistemático a área de formação pessoal e social é trabalhada, E como área transversal que é a todas as outras áreas, é trabalhada pela educadora com as crianças constantemente. A Cartilha Maternal é um dos recursos utilizados no processo aprendizagem-formação. É o cartão-de-visita deste modelo educativo, que promove um interesse e envolvimento na descoberta da leitura, no sentido restrito da descodificação como no sentido mais amplo da compreensão. Já João de Deus referia: “Ler é compreender”. Também a matemática é trabalhada nos Jardins Escolas desde os 3 anos de idade. As crianças interagem com a matemática de uma forma concreta e experimentada através do uso e manipulação de materiais didáticos de apoio como sejam os Calculadores Multibásicos, os Dons de Froebel, o material Cuisenaire, o Tangram, o Geoplano e os Blocos Lógicos. A área das expressões motora, dramática, plástica e musical são igualmente valorizadas Para além destes objetivos está subjacente ao Modelo Pedagógico João de Deus, desenvolver valores, promover o brincar, estimular a iniciativa e a criatividade, favorecer um trabalho de interação, despertar o espírito de tolerância e liderança. 4. Competências a Mobilizar Como já referido anteriormente o projeto de todas as salas será o mesmo, apesar de ter objetivos e competências a adquirir específicas consoante a faixa etária, tal como se poderá entender ao longo deste texto, com uma breve descrição de todas as idades. Quando os bebés nascem, captam pouco do mundo que os rodeia e compreendem ainda menos. Como os seus sentidos não estão focalizados, eles olham sem perceber o que vêem e ouvem sem entender o que significa o som. Nas primeiras semanas de vida, nem sequer se apercebem de que estão separados do mundo à sua volta. Não sabem controlar nem o corpo nem o mundo. Antes de um bebé saber descobrir o seu mundo, precisa de saber onde termina o seu corpo e começa o resto do mundo. Para isso, tem de perceber primeiro o que pode fazer para que as coisas aconteçam, o que seria mais fácil se pudesse controlar o que o seu corpo faz. Todavia quando o bebé nasce, já possui um conjunto de reflexos que demonstram o seu instinto natural de sobrevivência. Todos estes reflexos desaparecem por volta dos três meses, pois caso contrário, o seu desenvolvimento ficaria comprometido e as novas capacidades não poderiam surgir. A melhor forma de ajudar e encorajar o desenvolvimento do bebé é através dos sentidos – visão, audição, tato, olfato e paladar – porque estes são os meios que utilizará para explorar o mundo antes de se poder movimentar nele sozinho. Durante os primeiros meses, os bebés pouco mais fazem do que dormir e comer, mas de vez em quando começam a surgir traços da sua personalidade. Entre os dois e os três meses, o bebé já é capaz de fazer mais coisas e está cada vez mais interessado pelo mundo. A criança bate nos objetos, leva a mão à boca e agarra um brinquedo. Em breve, o bebé percebe que é ele próprio a fazer o barulho com a boca. Entre os três e os seis meses, o bebé segura no brinquedo e explora-o com as mãos e a boca. Bater e atirar brinquedos parece ser uma resposta universal. Entre os seis e os nove meses um dos feitos mais importantes dos bebés é conseguir mudar de posição. Conseguem rolar em ambas as direções, sentar-se sem ajuda, sentar-se e virar (sem cair), passar da posição de bruços para a posição de sentado, gatinhar e por fim levantar-se. Durante estes meses, os bebés dão enormes passos cognitivos à medida que se apercebem do mundo que os rodeia. Entre os nove e doze meses, os bebés parecem estar sempre em movimento. Os brinquedos de empurrar e puxar são também úteis pois dão à criança algo a que se pode agarrar, dando apoio. Os bebés estão assim a aprender habilidades novas e a conseguir mover-se e a tentar descobrir como é que as coisas funcionam através de exploração. Qualquer bebé transforma um objeto – por mais estranho que pareça – num brinquedo. É função do Educador de Infância, planificar e criar todas as condições necessárias para estimular o desenvolvimento dos bebés, nunca esquecendo que cada bebé tem o seu próprio ritmo. Os primeiros anos são fundamentais para a formação da personalidade do bebé. Será papel do educador ajudá-lo a seguir em frente e caminhar com ele na apaixonante aventura de crescer. As crianças entre os 12 e os 24 meses começam a desenvolver-se em 5 grandes áreas: desenvolvimento físico, habilidades cognitivas, desenvolvimento emocional e social, técnicas linguísticas e desenvolvimento sensorial e motor. O crescimento físico do bebé, apesar de mais lento do que o primeiro ano de vida, continua a um ritmo seguro. No seu segundo ano de vida o bebé ganha em média (1.4 kg) a (2.3 kg) e tem uma média de crescimento entre (7.6 cm) a (12.7 cm). Começam a aparecer os dentes molares. O desenvolvimento cognitivo do bebé é a sua capacidade de pensar, aprender, raciocinar, e memorizar. O bebé começa a recordar-se de eventos do passado, a entender símbolos, a imitar, imaginar e a pretender. O desenvolvimento emocional e social, no segundo ano de vida do bebé, é caracterizado com fortes laços emocionais com os pais. O bebé pode sentir-se desconfortável e chorar sempre que o pai ou a mão se separem da sua presença. Durante este período, os bebés desenvolvem dois sentimentos que entram em conflito: por um lado a independência e por outro a segurança dos pais. Nesta altura, o seu comportamento e personalidade começam a ficar melhor definidos. O desenvolvimento da linguagem processa-se rapidamente. Aos 12 meses, o bebé já diz algumas palavras. Dos 15 a 18 meses, já entendem 10 vezes mais palavras do que falam. O discurso começa com palavras de uma ou duas sílabas, como "mama.". Aos 24 meses, um bebé já tem um vocabulário de 50 a 100 palavras. O desenvolvimento sensorial e motor avança com o andar e mexer do bebé. Subir volumes e objetos, correr, saltar. Apesar de a maior parte das crianças desenvolver-se por etapas comuns, tais como andar e falar, dentro de uma idade específica, é importante lembrar que o desenvolvimento acontece a um ritmo individual. Algumas crianças tendem a desenvolver mais a fala, enquanto o andar demora mais tempo. Se o bebé estiver atrasado nalguma etapa, não quer dizer que tenha algum problema. Aos 12 meses (1 ano) de idade, o bebé já anda sem ajuda ou segurando-se na mobília. A maior parte dos bebés têm poucos dentes e gostam de levar à boca todos os objetos que lhe despertem a atenção. O bebé deve dizer algumas palavras e proferir muitos sons. Aos 18 meses de idade o bebé anda com autonomia e tudo o que esteja ao seu alcance certamente lhe vai despertar a atenção. Eles gostam de carregar em botões, mover maçanetas e virar portas. O bebé começa a imitar alguns atos, como alimentar os brinquedos. O bebé compreende 10 vezes mais do que fala, o que inclui alguns nomes de pessoas, partes corporais e objetos. Ele ou ela muitas vezes já apontam para um livro ou pessoa quando perguntam por algo. Aos 24 meses (2 anos) de idade, o bebé muitas vezes sente-se excitado, confuso, e com receio do da sua independência. O bebé começa a pensar de modo mais complexo, tal como relembrar-se de eventos que ocorreram dias antes. A maioria dos bebés sabe uma média de 50 palavras e diz frases de duas palavras. Nesta idade o bebé já corre e sobe e desce as escadas. Entre os 2 e 3 anos a criança diz o seu próprio nome e nomeia os objetos como seus. Reconhece-se ao espelho e começa a brincar ao faz de conta (atividade que deve ser estimulada, pois auxilia no desenvolvimento cognitivo e emocional, ajudando a criança a lidar com ansiedades e conflitos e a elaborar regras sociais). O adulto deve começar aos poucos a retirar as fraldas à criança e a ensiná- la a usar o bacio/sanita. Antes dos 3 anos esta fase deverá dar-se como concluída, inclusive durante o sono Entre os 3 e 4 anos a criança veste-se com auxílio, conta ou inventa pequenas histórias. E o seu comportamento é predominantemente egocêntrico porém, com o passar do tempo, outras crianças começam a tornar-se importantes. A partir dos 5/6 anos a criança passa a pensar com lógica, embora esta seja predominantemente concreta. A sua memória e a habilidade com a linguagem aumentam. Os seus ganhos cognitivos melhoram a capacidade de tirar proveito da educação formal. Desenvolve-se a auto imagem, afetando sua auto estima. Os amigos assumem importância fundamental. A criança começa a compreender a constância de género. A segregação entre os géneros é muito frequente nesta idade (meninos “não se misturam” com meninas e vice-versa). Assim, neste projeto de realização prática pretende-se mobilizar as seguintes competências na criança até aos 3 anos: 4.1. Área de Formação Pessoal e Social Partes do corpo humano; A vida e a rotina diária; Sensações e perceções (os sentidos); Hábitos de vestir e despir; Normas elementares (convivência e relacionamento); O cuidado do meio envolvente para o bem-estar pessoal; Hábitos de higiene; Os membros da família; A escola; As emoções. 4.2. Área da Expressão e Comunicação Domínio da Expressão Motora Favorecer o desenvolvimento espontâneo da expressão corporal, através de jogos e atividades lúdicas. Domínio da Expressão Plástica Desenvolver a criatividade, através da disponibilização de diferentes Pintura de dedos; materiais de expressão plástica; Técnica de impressão sobre grandes superfícies verticais. Domínio da Expressão Musical Estimular o potencial musical da criança, proporcionando experiências pessoais, atitudes de relaxamento e experimentação; algumas Poesia infantil; Audições de música diversa que promova diferentes emoções. Jogos de contacto; Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita Compreensão de sons e palavras; Início da manipulação de contos de imagens. Exercitação de emissão de sons e palavras; Domínio da Matemática Descoberta de objetos, materiais, características e transformações; Observar, tocar, colocar, remover, consolidar e separar diferentes objetos Manipulação de plasticina. e brinquedos; 4.3. Área do Conhecimento do Mundo Comemorar efemérides; Sensibilizar para o hábito de cuidados a ter para com os animais e as Manipular brinquedos e objetos da sala; plantas; Estimular o interesse por experimentar diferentes emoções. E assim, neste projeto de realização prática pretende-se mobilizar as seguintes competências na criança em idade pré-escolar: 4.4. Área de Formação Pessoal e Social Despertar na criança o gosto e a curiosidade por saber mais; Incentivar a participação ativa dos pais e restantes familiares na experiência de diferentes emoções; Desenvolver o conhecimento e o apreço pelos valores críticos e de Permitir o desenvolvimento harmonioso da personalidade de cada criança; argumentação de cada um; Conhecer e respeitar as regras aceites pela sociedade; Respeitar o outro; Interiorizar a utilização, conservação e arrumação dos materiais; Valorizar a autonomia e a confiança em si própria; Estimular a socialização; Formar uma imagem positiva de si mesmo, identificando algumas qualidades Adquirir hábitos de higiene e saúde; pessoais; Planificar e sequenciar a sua ação na resolução de tarefas; Manifestar atitude construtiva perante erros e fracassos; Desenvolver a auto-crítica; Desenvolver capacidades de observação e atenção; Progredir na aquisição de hábitos relacionados com a segurança pessoal. 4.5. Área da Expressão e Comunicação Domínio da Expressão Motora Desenvolver a capacidade de distinguir visualmente; Desenvolver a coordenação e o controlo da motricidade global; Desenvolver a perceção tátil; Descobrir e utilizar as possibilidades motoras e expressivas do seu corpo; Educar o ouvido; Desenvolver progressivamente a capacidade articulatória e respiratória; Viver as sensações globais do corpo; Promover a interiorização das regras dos jogos; Proporcionar ocasiões lúdicas para que possam expressar-se através do Desenvolver a coordenação óculo-manual e óculo-pedal; corpo; Adquirir a noção de esquema corporal; Desenvolver a noção de lateralidade; Explorar diferentes formas de movimento através de jogos que promovam as emoções. Domínio da Expressão Dramática Dramatizar histórias e situações; Dramatizar alguns papéis de pessoas; Estimular a expressão e a criatividade na elaboração de fantoches; Desenvolver a capacidade de imitar; Compreender intenções e mensagens comunicadas através da linguagem gestual. Domínio da Expressão Plástica Promover a expressão livre de forma a desenvolver a criatividade e a Permitir a observação e reprodução; sensibilidade estética (educação pela arte); Promover e estimular a utilização de vários materiais na expressão plástica; Proporcionar a utilização de várias técnicas de expressão plástica; Explorar as diferentes possibilidades dos materiais excluindo as formas habituais de o fazer; Desenvolver atividades plásticas alusivas a diferentes emoções. Domínio da Expressão Musical Despertar a curiosidade para sonoridades próprias; Promover o gosto pela dança; Aprender canções que ofereçam diferentes emoções; Explorar as propriedades sonoras do seu corpo; Utilizar a música como meio de aprendizagem. Distinguir a duração dos sons; Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita Utilizar a linguagem oral como canal eficaz da expressão, socialização e Adquirir e alargar o vocabulário da criança; comunicação, inclusive noutras línguas; Representar acontecimentos, histórias e visitas através do desenho; Capacitar para o reconto de lendas e histórias; Proporcionar ocasiões de diálogo e reflexão. Domínio da Matemática Organizar trajetos; Realizar contornos; Comparar, ordenar e sequenciar objetos através das suas características; Explorar as figuras geométricas; Entender as gradações de uma cor; Desenvolver o raciocínio Lógico-Matemático; Proporcionar experiências de medição; Reconhecer as cores; Descobrir atributos e propriedades de objetos; Interiorizar e utilizar corretamente no dia-a-dia noções matemática, tais como: longe/perto, grande/pequeno, largo/estreito, entre outras. 4.6. Área do Conhecimento do Mundo Estimular o interesse por experienciar diferentes emoções e saber geri-las; Possibilitar visitas; Promover a celebração e a participação nas épocas festivas; Experimentar e identificar; Mostrar curiosidade pelos objetos presentes no seu meio; Valorizar a importância do meio natural e da sua qualidade para a vida Observar o tempo atmosférico; humana; Valorizar os seres vivos; Observar e explorar o seu meio físico e social mais imediato; Respeitar o seu meio ambiente. 5. Atividades/estratégias a desenvolver Uma das grandes necessidades sentidas é a de desenvolver nas crianças um espírito de amizade, de amor e de estabelecer relações com muito respeito, tanto com o seu corpo como com o do outro. Desta forma, sentimos a necessidade de sensibilizar as crianças para o facto e para as consequências que advêm da falta de amizade e de respeito de uns pelos outros e pelos seus corpos, saúde e segurança. Assim, pretendemos realizar uma panóplia de atividades/estratégias, que ajudem as crianças no seu crescimento e conhecimento naturais: Histórias; Moldagem; Registos escritos, quantitativos e fotográficos; Pintura; Recorte e colagem; Exploração de novas técnicas de expressão plástica (técnica do guardanapo, envernizamento, estampagem…); Atividades relacionadas com a formação de conjuntos e subconjuntos; Ordenação; Construção de folhetos de advertência; Organização de cartazes; Dramatizações; Atividades de culinária; Exploração dos 5 sentidos; Canções, poemas, lenga-lengas, adivinhas… 5.1. Temas específicos a. A inteligência emocional b. Estações do Ano (decoração da instituição Outono/Inverno/Primavera/Verão – festa final ano letivo) de c. S. Martinho (Cartucho/Magusto/Feira de São Martinho) d. Dia nacional do pijama e. Natal (Construção dos presentes/ Participação na decoração da sala e instituição/ Festa) f. O Carnaval (Construção de disfarces construídos através de materiais recicláveis e máscaras/desfile na comunidade) g. Dia do Pai/Mãe (Construção dos respetivos presentes/os pais são convidados a vir à escola – gincana pais e filhos; spa mães e filhos) h. Dia dos namorados (a escola estará aberta até às 0h) i. Páscoa (Decoração da sala/ Construção dos presentes) j. Dia Mundial da Criança (Comemoração do dia com uma visita ao exterior (Krazy world)/ Construção dos presentes) k. Grandezas l. Exposições m. Atividades de enriquecimento curricular (expressão musical, psicomotricidade, ioga; e informática e inglês para os meninos que se encontram em idade pré-escolar) n. Os animais o. As partes do corpo p. A família versus escola q. Cores r. Alimentação s. Recolha de roupa, brinquedos e alimentos para doar a instituições carenciadas t. Construir com cada criança um presente para oferecer aos amigos no dia do seu aniversário (tela) u. Ao longo do ano, nos ateliers de pastelaria que vão sendo planificados, ir fazendo bolos/doces para vender de modo a angariar fundos para visitas de estudo na Primavera e Verão 6.Caracterização dos Grupos 6.1.Listagem de Crianças Berçário Santiago 1 ano Miguel João Silva 2 anos Pré-escolar João Rosa Noa Margarida Afonso Leonor G. Gonçalo Gustavo Bianca Gabriela Frieza Martim Z. Tomás D. Dinis Leonor A. Xavier Rodrigo Leonor Martim C. Salvador Valentim Lia Rita Carolina H. Lara Beatriz Tal como pode ser observado os grupos são constituídos por um reduzido número de crianças, de modo a podermos dar um apoio mais individualizado. No ano transato a maioria das crianças frequentaram a nossa instituição. Todas as crianças moram em Portimão. As profissões dos pais são muito variadas e pertencem, na sua grande maioria, à classe social média. Procuramos que os grupos sejam muito autónomos e independentes do adulto. No entanto, as crianças mais novas apresentam pouco tempo de concentração e maturidade e necessitam de mais ajuda por parte do adulto para realizar tarefas do quotidiano. Todos os seus elementos mostram uma grande adesão e entusiasmo às atividades propostas. No geral os espaços das salas mais procurados são os jogos e a casinha e o menos procurado é o espaço dos livros. Assim, após interação com os grupos e após realizarmos algumas observações, fazemos salientar algumas dificuldades sentidas nos mesmos. Na área de formação pessoal e social: um grupo restrito de crianças apresenta alguma timidez e dificuldades de concentração. Esse pequeno grupo de crianças apresenta dificuldade em expressar-se em grande grupo quando solicitadas e, por vezes, por serem desconcentradas, parecem não entender o que lhes é questionado. Mas a maioria participa em grande grupo sem ser solicitado, por vezes até sem esperar pela sua vez de dialogar, o que torna esta vontade precipitada de participar num problema. Quase todas as crianças apresentam independência no vestir e calçar sozinhos, com exceção de um par de crianças que são mais novas e menos autónomas. As crianças a partir dos 2 anos têm o controlo dos esfíncteres diurno e enquanto fazem o repouso, salvo raras exceções. É um grupo que na sua maioria é muito autónomo e independente, havendo algumas crianças que se interessam por ajudar o outro, interagem entre si ajudando-se mutuamente, por sua iniciativa, sem haver a intervenção do adulto. No entanto, também existem algumas crianças um pouco conflituosas e incapazes de se colocarem no lugar do outro. Na área de expressão e comunicação, no domínio da expressão motora, todas as crianças se orientam no espaço. Todos os elementos apresentam bom desenvolvimento ao nível da motricidade grossa. O grupo gosta muito de realizar jogos de movimento, interiorizando as regras com facilidade, contudo, algumas crianças apresentam pouca concentração. Quanto ao domínio da expressão dramática os grupos jogam simbolicamente, a maioria executa pequenas mímicas e vivências de situações do quotidiano. Em atividades propostas nesta área o grupo apresenta grande adesão e entusiasmo. Todos gostam de ouvir histórias e apresentam grande entusiasmo ao dramatizarem pequenas histórias. Relativamente ao domínio da expressão plástica os grupos gostam de fazer desenhos. No espaço da modelagem, os grupos apresentam muita motivação. No desenho, a maioria já faz tentativa de representação. As crianças mais novas ainda se encontram no estágio da garatuja controlada e outras realizam tentativa de desenhar algo que conhecem, dando nomes diferentes ao que desenham. No domínio da expressão musical os grupos identificam e reproduzem sons, sabem letras de canções embora algumas crianças tenham dificuldade em memorizar a letra de novas canções. No domínio da linguagem oral a maioria das crianças tem uma pronúncia e articulação clara. Todas estabelecem diálogo individualmente e em grupo, embora algumas sejam um pouco inibidas no diálogo em grupo, contudo conseguem ultrapassar esse obstáculo. No domínio da matemática as crianças executam posições relativas simples. Conseguem prever os acontecimentos referentes às rotinas e algumas das crianças conseguem encontrar as soluções para resolver determinados problemas. Na área de conhecimento do mundo as crianças fazem perguntas. Quando solicitadas, todas falam sobre o que fazem em casa e a maioria gosta de participar nos diálogos. Algumas crianças não apresentam interesse por arrumar a sala, embora alguns o façam sem que haja pedido do adulto. Todos apresentam interesse pela higiene pessoal, manifestando grande interesse e preocupação pela higiene, contudo deverá haver um aperfeiçoamento do mesmo. Apresentam curiosidade e desejo de fazer experiências, prevêem o que poderá acontecer e algumas crianças apresentam explicações e soluções para problemas. Os grupos apresentam interesse por conhecer o que está para lá das paredes da instituição. 7.Gestão Curricular 7.1. Organização do Grupo “A relação individualizada que o educador estabelece com cada criança é facilitadora da sua inserção no grupo e das relações com as outras crianças. Esta relação implica um ambiente securizante que cada criança conhece e onde se sente valorizada.” (Ministério da Educação, 1997: p.35). Como cada grupo tem diversas/diferentes características entre si, como a idade e o género, sentimos por vezes a necessidade de gerir o grupo de várias formas. Por vezes sentimos a necessidade de o dividir em dois grupos, o que proporciona uma maior concentração por parte de cada criança e do grupo em si. Outras ocasiões o grupo funciona de uma forma muito positiva no seu todo, pelo que executam-se as tarefas com o grande grupo. Quando uma atividade requer maior concentração e dedicação por parte da criança, então esta trabalha a nível individual sempre com a nossa supervisão. É importante referir que a conversa de grande grupo é sempre realizada no tapete. 7.2. Organização dos Materiais, do Espaço e dos Recursos Humanos “A organização e a utilização do espaço são expressão das intenções educativas e da dinâmica do grupo, sendo indispensável que o educador se interrogue sobre a função e finalidades educativas dos materiais de modo a planear e fundamentar as razões dessa organização.” (Ministério da Educação; 1997, p.37). As Orientações Curriculares advertem para a importância da escolha dos materiais, pois esta tem de ter em conta as características do grupo de crianças. É indispensável que, à priori, haja uma investigação por parte do educador em relação aos recursos a serem utilizados pelas crianças numa atividade. É francamente importante, valorizar os materiais de desperdício, ou materiais que estejam destinados à reciclagem. Com eles podemos fazer trabalhos bastante interessantes com as crianças e para além disso, podemos sensibilizá-las para a reciclagem. Desde o início do ano letivo queremos sensibilizar as famílias e as crianças para o reaproveitamento dos materiais recicláveis, através de recados aos pais a solicitar os mesmos, pois as famílias podem/devem colaborar na angariação destes materiais. Para a realização das atividades planeadas neste projeto iremos utilizar vários tipos de material de desgaste, como por exemplo: Material Desgaste Utensílios Material Audiovisual Outro Tipo de Material Canetas de feltro; Máquina fotográfica; Lápis de cor e cera; Televisão; Marcadores; Tecidos; Computador; Utensílios de Cozinha; DVD; Lãs; Vários tipos de papel; Jornais e revistas; Alimentos; (…) Tintas; Peças de vestuário; Fotografias; Pincéis Material de desperdício (…) (…) Todos os espaços que as crianças utilizam terão também de ser muito bem pensados e estrategicamente montados de desenvolvimento global da criança em segurança. forma a contribuir para o Assim, de uma forma geral, passamos a explicar a organização do espaço educativo por que optámos. No corredor da entrada da escola encontra-se um expositor para guardar os sapatos das crianças na chegada à escola, também devidamente assinalado, pois estas na sala não podem usar os sapatos da rua. À porta das salas existe um pequeno espaço que se destina à colocação da planificação semanal, mapa de rotinas e solicitação de administração de medicamentos. Os registos diários são feitos num caderno que todos os dias é consultado pelos pais. É de salientar que são realizados registos através do facebook da instituição. Temos bastantes paredes na sala, no corredor e refeitório, que se destinam à afixação de produções das crianças. Como prolongamento dos espaços das salas temos o espaço exterior com um equipamento único de divertimento. “O espaço exterior do estabelecimento de educação pré-escolar é igualmente um espaço educativo.” (op. cit, p.38), pelo que valorizaremos todas as oportunidades de saída ao exterior que tivermos. O espaço exterior é um local que pode proporcionar momentos educativos intencionais, planeados pelo educador e pelas crianças.” (op.cit. p.39). Deste modo o educador deverá ter em atenção às potencialidades inerentes aos espaços exteriores e às suas ofertas educativas, que são muito ricas em aprendizagens e desenvolvem nas crianças o sentido de pertença a uma Comunidade. Os passeios feitos à Comunidade servem de grande interesse educativo, pois proporcionam momentos de aprendizagem prática e direta com os objetos de estudo e acreditamos que a mudança de rotinas por vezes beneficia em muito a assimilação de conteúdos. As áreas específicas são as seguintes: área de refeições e de preparação de alimentos; área de dormir, área de higiene, espaços interiores destinados às brincadeiras/atividades das crianças (a área de trabalho, a área de movimento, a área dos livros, a área das artes e da modelagem, a área das construções e dos jogos, a casinha e a área dos carrinhos e outros brinquedos pequenos como animais por exemplo), espaços exteriores destinados às brincadeiras das crianças. A área de refeições e de preparação de alimentos é onde são potenciadas as necessidades nutricionais pessoais dos bebés/crianças que devem ser satisfeitas num ambiente seguro e pacífico, em que a figura familiar que presta cuidados e carinhos desempenha um papel central. Uma área de refeições agradável apoia a alimentação das crianças (que influencia o seu crescimento e desenvolvimento), a exploração da comida, a tentativa de comerem sozinhas e a socialização. As crianças não comem à mesma hora nem na mesma zona das refeições. A partir dos 12/18 meses as crianças têm um refeitório que se encontra devidamente preparado para o efeito. Para os bebés mais novos tomar o biberão ocorre nos braços do educador responsável, em qualquer sítio que este par julgue ser um local calmo para se instalar. Para os bebés que já se sentam e experimentam alimentos sólidos, no início, poderão ficar ao colo do educador ou numa cadeirinha para o efeito enquanto o educador lhe dá a comida à colher. Quando os bebés já conseguem sentar-se bem sozinhos e estão interessados em explorar a comida e a levar a colher à boca, os educadores podem colocá-los em mesas muito baixas. A área de preparação de alimentos e de refeições (copa de leite no berçário e cozinha onde são preparadas as refeições quentes realizadas diariamente) deve ser equipada com um conjunto de biberões, babetes e toalhas, tendo sempre indicado o nome da criança a que estes objetos pertencem. Para as crianças que já não utilizam o biberão deve incluir uma mesa, pratos inquebráveis, colheres com cabo curto, tigelas e canecas com fundo pesado e bico para beber e também copos de plástico para as que já não bebem pelos de bico, suficientemente largos para estas poderem segurar com ambas as mãos. Deve encontrar-se também, nesta zona guardanapos, bibes e toalhas de mão para as crianças que dispensam o babete. Esta área deve dispor de um frigorífico; dispositivo para aquecer biberões; micro-ondas; lava-loiça com água quente; máquina de lavar loiça e material para a limpeza. Os bebés e crianças não têm todos os mesmos horários alimentares, por isso, os educadores têm de arranjar estratégias para arrumar os materiais que precisam, de forma a minimizar o tempo em que se afastam das crianças. Assim, a utilização de cestos ou grades para arrumar os materiais são uma grande ajuda para organizar armários, gavetas, prateleiras e aparadores para que os educadores possam encontrar o mais rápido possível aquilo que necessitam. Os materiais necessários para as refeições, nomeadamente, talheres e pratos devem localizar- se o mais próximo possível das mesas de refeições. Se os pais trouxerem lancheiras devem ser devidamente identificadas com o nome da criança. Os produtos de limpeza devem ficar longe do alcance das crianças e também dos alimentos. A área de dormir e de descanso encontra-se nas próprias salas de atividades das crianças que são transformadas à hora, colocando catres para o efeito. Os bebés têm uma área de repouso específica equipada com camas de grades. As crianças necessitam muito de dormir, contudo, essa necessidade varia muito de criança para criança e principalmente das crianças para os bebés, uma vez que os últimos, dormem durante mais tempo. Assim, a instituição precisa de dispensar um tempo para esta atividade e também um espaço adequado. Este espaço deve ser calmo e confortável, para que as crianças possam descansar tranquilamente e sempre que desejarem (bebés). Por vezes, os pais podem desejar que as crianças durmam num outro sítio ou que adormeçam, por exemplo, ao colo da educadora ou onde estiverem quando adormecerem. Quando esta situação surgir é importante que se encontre em conjunto a melhor solução. O equipamento para dormir e os materiais necessários para cada criança inclui: uma alcofa ou berço; um colchão de tamanho adequado; roupa de cama e os objetos personalizados de conforto de casa (ursinho ou peluche, entre outros). Cada criança dorme num berço e todos os materiais que lhe pertence devem ser devidamente identificados com o seu nome para evitar proliferação de micróbios. Em determinada altura as crianças podem quer passar do berço para o catre. Todos os materiais utilizados neste devem ser também devidamente identificados. Num armário acessível aos adultos na área de dormir deve guardar a roupa de cama de cada criança, assim como objetos de conforto de cada criança. A roupa suja pode ser colocada num cesto junto da zona de mudar as fraldas ou junto à máquina de lavar roupa. Quando se utilizam os catres para dormir, estes devem ser empilhados junto com a roupa de cada criança, num local acessível. A roupa deve ser colocada de forma a que a roupa de uma criança não entre em contacto com a de uma outra. A área de higiene corporal é o espaço em que se mudam as fraldas e se vestem as crianças. Esta área deve ser fácil de usar e de limpar, assim como ser suficientemente convidativa e interessante para que as crianças tenham vontade de lá estar por algum tempo. Esta área deve estar necessariamente junto de um lavatório e longe da área reservada à preparação de alimentos e refeições. É também necessário e indispensável que esta área esteja localizada num sítio em que crianças e educador possam ver-se enquanto elas brincam e executam outras atividades e enquanto este cuida da higiene de outra criança. Por isso, deve estar junto a uma janela ou espelho. A localização das casas de banho das crianças deve ser junto à área de brincadeira, para permitir um acesso rápido, fácil e direto. Neste espaço deve também incluir-se sanitas ou bacios para as crianças utilizarem ao longo do dia. Nesta área é fundamental que tenha um lavatório e uma mesa de mudança de fraldas ou bancada de fraldas com cerca de 90cm de altura e que a mesa seja revestida com um tecido almofadado macio. Para esta área é necessário um conjunto de fraldas limpas e de roupa de reserva; pomadas; toalhitas ou sabonete e esponjas de reserva para cada criança; desinfetantes e produtos de limpeza; rolo de papel largo, para cobrir a superfície da mesa de mudar a fralda; luvas protetoras descartáveis e caixotes do lixo com pé. A casa de banho das crianças deve incluir sanitas dimensionadas para as crianças, assim como lavatórios baixos ou escadas estáveis que permitam que as crianças cheguem aos lavatórios e abram a torneira. O rolo de papel deve estar ao alcance das crianças ou as toalhas de mão devem ser penduradas em toalheiros baixos com a fotografia de cada uma para saberem qual é a sua. Deve também ter um espelho para que as crianças se possam ver enquanto se lavam. Tudo o que pertence à criança deve ser sempre identificado com o nome bem legível. As suas coisas devem ser guardadas em armários ou prateleiras de fácil acesso para os educadores. A roupa das crianças mais velhas podem ser guardadas nas suas mochilas e penduradas nos seus cabides individuais. Os cabides individuais das crianças encontram-se no acesso direto à entrada, sendo assim mais prático para os pais e temos uma mochila para cada uma delas, devidamente identificada, com uma muda de roupa no caso de necessidade. Todos os produtos de limpeza, como por exemplo, os sabonetes devem estar fora do alcance das crianças. Os espaços para os bebés brincarem devem ser locais onde estes se possam mexer e movimentar-se, deve ser propício à exploração do ambiente físico e social. Esta deve estar fora do circuito de maior afluência de pessoas e ser suficientemente grande para os bebes se mexerem, deitarem, rastejarem, gatinharem, entre outras coisas. Os espaços têm de seguros para as crianças que ainda não se deslocam. Estas crianças podem brincar num tapete para o efeito, podendo mudar de localização para que os bebés possam ter uma variedade de vistas e perspetivas. Os espaços têm também de ser seguros para bebés que se deslocam, sendo livre de potenciais acidentes. Como as crianças estão em constantes aprendizagens é importante ter uma variedade de materiais com que possam contactar. Assim, é importante ter coisas que lembrem o lar, como fotografias da família, entre outras coisas; materiais que apelem aos sentidos, nomeadamente, objetos com muitas cores, texturas, tamanhos, formas, com som, etc., fundamentalmente que sejam seguros e adequados às idades das crianças e materiais que encorajem o movimento, pois as crianças estão sempre em constante movimento (elas gatinham, trepam…), o que é muito importante para o seu desenvolvimento físico. Assim, estas precisam de materiais que as incentive ao movimento, o que é o caso das bolas (de todos os tamanhos, cores e texturas), pois estas estão sempre prontas a entrarem em ação e os bebés que já se deslocam adoram gatinhar ou andar atrás delas. Outro exemplo são os veículos e animais de rodas que satisfazem os bebés que se sentam, assim como aqueles que gostam de os empurrar. Os espelhos são também importantes, porque os bebés gostam de se ver refletidos e de se verem a mexer. Bonecos de pano; animais de peluche; livros de pano e de cartão; portas e caixas com dobradiças; blocos leves e recipientes abertos são também exemplos de materiais que os bebés e crianças pequenas gostam de brincar e explorar. Num contexto de aprendizagem ativa, os materiais utilizados nas brincadeiras das crianças são arrumados para que as crianças os possam utilizar sempre que desejarem. Os brinquedos e materiais para utilização das crianças são guardados em cestos ou sacos e baldes para que rapidamente se possa dar materiais sensorialmente apelativos aos bebés que estão deitados ou sentadas. Para as restantes crianças, os materiais podem ser colocados em estantes baixas para fácil utilização. À medida que as crianças começam a andar o seu mundo alargasse. Já não estão limitadas a um só sítio, mas sim a vários, porque já se podem deslocar e explorar novos cantos da sala. Agora que já conseguem, para as crianças tudo é alvo de exploração e por isso precisam de espaços amplos para se movimentarem e materiais adequados ao seu nível de desenvolvimento. As crianças precisam de espaços próprios, onde possam efetuar atividades específicas da sua idade. Os educadores têm a preocupação de criar espaços específicos para as brincadeiras das crianças, que encorajem o movimento e a exploração, para que estas ganhem interesse pelo mundo físico e também social e o crescente sentido de si próprios como seres competentes e capazes. A área de trabalho deve ser a mais isolada da sala para que as crianças possam manter-se concentradas por um maior tempo. A área de movimento para crianças deve ser um local seguro, acessível e amplo para que as crianças possam movimentar-se sem estarem a ser incomodadas e a tropeçar em pessoas e objetos. Deve ser também um espaço grande para que possam andar, empurrar objetos, correr, gatinhar, trepar… Esta deve ficar localizada no centro da sala, ao nível do chão, de modo a que possam circular vindas de outras atividades. Afinal de contas para as crianças pequenas, o tempo de movimento é todo o tempo! Esta pode estar numa outra zona, desde que esteja diretamente aberta para o resto do espaço de brincar. Em primeiro lugar as crianças necessitam de espaço para andar e correr, assim como de coisas para treparem. As crianças precisam de objetos do cimo dos quais possam saltar; coisas nas quais possam entrar; bolas para empurrar; brinquedos com rodas para puxar e para andar; brinquedos para baloiçar e escorregas. Uma infinidade de coisas que proporcionem movimento e sítios onde possam mexer-se à vontade. As crianças pequenas necessitam também de instrumentos musicais de qualidade para poderem brincar e também música gravada para movimentar o corpo. Os brinquedos para andar e empurrar devem ser “estacionados” num local predeterminado junto de uma plataforma desnivelada ou, por exemplo, junto a uma parede. Os instrumentos musicais devem ser guardados em estantes baixas; caixas ou cestos abertos. A área dos livros deverá será acolhedora, onde se possa encontrar grande riqueza e variedade de livros, para que as crianças possam desfrutar deles, manusear, andar com eles de um lado para o outro. Esta prática mostra-se muito proveitosa para a aprendizagem da leitura, nos primeiros anos de escolaridade. Estudos demonstram que os melhores leitores são aqueles cujos pais leram em voz alta, quando ainda crianças. Esta área deverá situar num local sossegado, onde não haja perturbação na “leitura” das crianças. Os livros poderão ser levados para outras áreas por parte das crianças. Terá que ser um local agradável, acolhedor, com almofadas, mantas, colchões, cadeiras ou um sofá. Os educadores deveram preocupar-se em manter sempre uma grande variedade de livros disponíveis para as crianças. Os livros utilizados deveram ser de cartão, com desenhos/fotografias de qualidade (tratase de um fator muito importante a ter em conta na escolha dos livros). Será necessário que os livros se encontram nas estantes, com fácil acesso para as crianças e a capa seja visível. A área da modelagem e das artes proporciona à criança a possibilidade de mexer, manipular, explorar, espalhar os materiais básicos da expressão artística, isto é, fornecem-lhes uma série de experiências sensório-motoras. Fazerem descobertas com a tinta, papel, plasticina, entre outras, dá uma série de conhecimentos, que poderão ser utilizados a seu favor, materializando as suas ideias. A função do educador nesta área é de fornecer à criança a possibilidade de explorar os materiais, como bem entenderem. Esta área deverá localizar-se perto de um lava-loiça ou de uma casa-de-banho e estar revestida com material que possa ser lavável. O uso de aventais é indispensável, bem como uma mesa, para que as crianças possam trabalhar. Os educadores devem fornecer uma série de materiais de base para a criação artística. As crianças terão que ter um contacto com materiais de pintura de forma a poderem explorar as cores, com as mãos, ou não. As folhas para pintarem terão que ser grandes e brancas, pois assim poderão ter movimentos mais largos e poderão visualizar a cor que estão a utilizar. Para além de servir como uma base para a pintura, poderá ser utilizado para outras experiências, como amarrotar, rasgar, etc. É indispensável oferecer uma grande variedade de cores e um balde ou uma caixa para transportar o material. A plasticina e o barro também deverão fazer parte do material disponível para as crianças. O material deverá estar arrumado em armário, ou gavetas estando, ou não, acessível às crianças, conforme se trata de material para o uso diário, ou não. Os educadores poderão utilizar etiquetas para que as crianças possam saber de que material se trata. A área dos jogos e das construções permite que a criança possa manipular, construir, mexer com formas básicas. Estas construções criam nelas o sentido de relações espaciais, numa brincadeira que envolve todo o seu corpo. Terá que se situar longe da área que necessitam de silêncio, num local que lhe permite espalhar os blocos. Os blocos terão que ser grandes, leves, construídos de plásticos, de espuma, ou de madeira. Os blocos poderão se fazer acompanhar de bonecos e carros. Poderemos encontrá-los em estantes de fácil alcance para as crianças ou junto à parede. Quanto aos blocos mais pequenos devem estar guardados em cestos. Trata-se de uma área onde é dada à criança a possibilidade de encaixar, retirar, juntar, desmontar objetos, jogos. Esta área será preenchida com puzzles e brinquedos de encaixar, separar, encher, esvaziar, etc., cubos, carrinhos, figuras, onde a criança possa brincar ao faz-de-conta. Poderão fazer parte desta área utensílios domésticos ou naturais. Todos estes brinquedos deverão ser de fácil acesso para as crianças, em cestos, prateleiras, identificadas com etiquetas. Na área da casinha, das bonecas, dos animais, das pistas é onde as crianças podem brincar ao faz-de-conta, com bonecas, utensílios para a cozinha e muito mais. Trata-se de uma brincadeira que envolve a observação e imitação. A área da casinha deverá estar num canto onde haja espaço e possam fazer barulho à vontade. No seu preenchimento devem fazer parte material que possa servir às crianças na sua brincadeira de faz-de-conta e imitação, como bonecas, acompanhadas de acessórios, utensílios para a cozinha e mobília, sofás, armários, isto é, materiais de uso doméstico. Todos estes objetos devem ter características tendo em conta a idade da criança, isto é, bonecas com o corpo móvel, roupas fáceis de vestir, etc. Podem participar assim numa brincadeira de encher e esvaziar, juntar e separar. O material deverá ser guardado em locais de fácil acesso para as crianças, como armários, prateleiras, onde poderão ser colocados etiquetas para a fácil identificação dos objetos, por parte das crianças. É de salientar que todas as salas têm muita luz natural. Como recursos humanos a serem utilizados na realização do projeto serão: as Crianças; Educador; Aux. da ação educativa; Animadora; família; comunidade educativa; bem como a comunidade envolvente. Prevê-se a ida à sala de técnicos e não técnicos de forma a colaborarem na realização deste projeto, tais como, pais e/ou outros professores. Prevê-se também a colaboração de técnicos em visitas de estudos, tais como motoristas de autocarro/comboio. Tendo em conta que as atividades poderão não ser realizadas nos dias específicos, pretende-se organizar o horário da seguinte forma: 2ª feira Mapa de atividades dinamizadas pelas educadoras (manhãs) Expressão Plástica/ Expressão Grafomotora 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Expressão Motora Expressão Musical Expressão Raciocínio Matemático Corporal/ Dramática Mapa de atividades dinamizadas pelos professores das atividades de 2ª feira enriquecimento curricular (tardes) 3ª feira Psicomotricidade Expressão musical 4ª feira 5ª feira 6ª feira Ioga Inglês Cinema Mapa de atividades dirigidas em período não letivo (manhãs/tardes) 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Computador Desenho/ Puzzles/ História Plasticina Computador Mapa de atividades dirigidas no Verão Televisão 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira Atelier de pastelaria Atelier de ciências Saídas ao exterior (praia/piscina/parque…) Artes (modelagem balões/pinturas faciais) Cinema 7.3. Organização do Tempo “Porque o tempo é de cada criança, do grupo de crianças e do educador, importa que haja uma organização do tempo decidida pelo educador e pelas crianças.” (Ministério da Educação; 1997, p.40). “O tempo educativo tem, em geral, uma distribuição flexível, embora corresponda a momentos que se repetem com uma certa periodicidade.” (op. cit). Neste sentido, defendemos que o tempo não é a condicionante das atividades, mas sim, as atividades dirigem a forma como gerimos o tempo. Sempre que sentimos necessidade de permanecer mais tempo numa atividade, ou num assunto, não hesitamos e colocamos todos os nossos esforços na mesma. As crianças têm muitas ideias, dúvidas que nos levam a reportar o nosso trabalho até outros contextos, o de nossas casas por exemplo. O educador deverá ter em sua mente que o seu espaço de trabalho não se resume somente à instituição, mas este deverá, se sentir essa necessidade, deslocar-se aos mais variados contextos potencialmente educativos. Tudo isto requer da parte do Educador Tempo em Qualidade. E como a maior parte do tempo em escola resume-se à rotina diária, abaixo mostramos o mapa de rotinas dos grupos, salientando que no berçário cada bebé tem os seus horários (o mais possível parecidos com os de casa) e que ao longo do ano letivo vamos tentando adequar a todos uma rotina de grupo. Assim, a partir de sensivelmente um ano, a rotina diária dos grupos é a seguinte: 7:45/9:30 Acolhimento 9:30/10:00 Preenchimento do mapa das presenças e do calendário Merenda Conversa em Grande Grupo 10.00/11:15 Atividades Dirigidas pela Ed. 11:15/11:30 Higiene individual 11:30/12:15 Almoço 12:15/12:30 Higiene individual 12:30/14:50 Descanso Auxiliares Educadora Sala atividades respetiva à faixa etária Ed. Sala atividades respetiva à faixa etária Aux. Ed. Aux. Refeitório Ed. WC Aux. Sala 2 anos Ed. Refeitório Ed. Sala atividades respetiva à faixa etária Aux. Aux. Higiene individual Ed. 15:45/16:00 Higiene individual Ed. 16:00/17:00 Atividades dirigidas pela Ed. 17:00/18:00 Atividade de livre escolha na sala ou espaço exterior Lanche WC Ed. 14:50/15:00 15:00/15:45 Sala receção Aux. Ed. Aux. WC WC Sala atividades respetiva à faixa etária / 18:00/18:30 Higiene – Reforço - Higiene 18:30/19:00 Entrega das crianças e Encerramento da Instituição Espaço Exterior Auxs. Espaço Exterior/ Auxs. Polivalente Polivalente 8.Planificação de Atividades As atividades são sempre planificadas tendo em conta os interesses e necessidades das crianças, os objetivos e competências para esta faixa etária e é realizada semanalmente, à 6ªfeira pelo Educador após a avaliação da semana com o grupo de crianças. Desta planificação constam as áreas de conteúdo, objetivos específicos (segundo as áreas), atividades/estratégias, espaço, organização do grupo, duração das atividades e avaliação. A avaliação da planificação é não só realizada com o grupo de crianças, mas também pelo próprio Educador (auto-avaliação), salientando os aspetos positivos e negativos, definindo novas estratégias e refletindo sobre as suas ações. A avaliação é realizada diariamente pelo Educador com a Auxiliar de Ação Educativa, partilhando informações e encontrando novas estratégias. O grupo de crianças também participa nesta avaliação, diariamente, através de diálogo. 9. Duração, Divulgação e Avaliação O projeto decorrerá desde o início do ano letivo até ao seu final. Será seguido conforme apresentado, no entanto, poderá sofrer algumas alterações dependendo da durabilidade de cada atividade, motivação do grupo, etc.… Deverá ser, por isso, um projeto flexível. “Faz parte intrínseca de um trabalho de projeto, e numa última fase, a sua divulgação.” (Ministério da Educação; 1998, p.143). A divulgação de um trabalho permite que outros parceiros o observem, admirem e comentem. Ora, o facto de um trabalho ser alvo de comentários é sem sombra de dúvidas, uma avaliação. No contexto de Creche e Jardim de Infância, estes momentos de avaliação são muito importantes para as crianças. Estes permitem que a criança se sinta valorizada pelo que faz, permite que ela melhore o seu empenho e ainda possibilita o surgir de novas ideias e planos. As crianças gostam de ver os seus trabalhos expostos, sentem-se valorizadas se os adultos comentam os seus trabalhos, o que promove a sua auto estima e o sentido de responsabilidade. Os registos em grande grupo, em pequeno grupo e os registos individuais serão uma forma de avaliação contínua, no entanto, periodicamente e em parceria com as crianças e outros profissionais, nomeadamente as auxiliares de ação educativa, far-se-á uma avaliação mais aprofundada sobre o desenvolvimento do grupo e de cada criança em particular. Através da avaliação contínua e cuidada o educador pode responder às necessidades das crianças e motivá-las para novas aprendizagens. “Avaliar é uma atividade de controlo do nosso próprio trabalho e hoje em dia não se concebe trabalho sério sem avaliação.” (Moita, s.d.). Perante a importância de haver uma constante avaliação no decorrer do trabalho feito ao longo de um ano letivo, quero reforçar as palavras de Isabel Venâncio (2002), que diz, que a avaliação é um forte contributo para crescermos em termos profissionais e pessoais, sendo assim, “avaliar significa aprendizagem. Avaliar é aprender. Avaliar é educar.” (Venâncio; 2002, Nº61). Ou seja, temos muito que aprender ao longo da nossa vida. É através da avaliação que percebemos o que a criança apreendeu da experiência que viveu, o que mais gostou, ao que deu mais importância. Faremos esta avaliação através de registos coletivos e individuais, conversas em grupo e de individual para o grupo e conversa entre equipa de trabalho. A comunicação e a avaliação estão intimamente ligadas, pois só através de uma divulgação dos nossos trabalhos é que realmente podemos ser avaliados. Uma das coisas que temos vindo a aprender é trabalhar em equipa na organização do espaço e da exposição dos trabalhos realizados pelas crianças. Para nós, educadores, esta é uma atitude defendida; comunicar os trabalhos para que assim possa haver uma posterior avaliação, não só das crianças, autoras dos mesmos, mas também de todos os intervenientes da educação, a saber: pais, os outros educadores da Instituição, as crianças das outras salas, outros membros da Instituição… Assim sendo, para divulgar o nosso projeto, utilizaremos o facebook, alguma possível exposição e os placards da nossa escola nos quais apresentaremos fotografias, comentários e trabalhos de expressão plástica sobre o projeto, a fim de serem comunicados às crianças da Instituição, pessoal docente e não docente da Instituição, famílias das crianças, entre outros adultos. Para além das crianças, também as suas famílias admiram os trabalhos expostos, pois os pais gostam de observar o desenvolvimento dos seus filhos e nada melhor do que expor as suas aprendizagens. Sendo a avaliação na educação pré-escolar, de natureza qualitativa/formativa os processos e resultados são avaliados em função do desenvolvimento da criança e da metodologia utilizada. Como tal, constituem formas de avaliação: a observação direta; a observação e o registo dos comportamentos e aquisições das crianças; análise documental (processos individuais das crianças); portfólios. E para efeitos de avaliação, trimestralmente no final de cada período letivo faremos uma reflexão/avaliação dos projetos desenvolvidos com as crianças, focando a respetiva planificação, como forma de avaliar o seu próprio trabalho. A nível individual, refletiremos trimestralmente e com os pais. sobre cada criança em particular 10. Referências Bibliográficas Colin, A. (1985). O Inquérito – Teoria e Prática, Oeiras: Celta Editoras; Freire, P., (1996), Pedagogia da Autonomia, São Paulo, Editora Paz e Terra; Mendonça, M. (2002). Ensinar e Aprender por Projetos. Porto: Edições Homem, L. (1998). Cadernos de Educação de Infância Nº46. Lisboa: APEI; ASA; Ministério da Educação (1997). Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar.Lisboa: Ministério da Educação/Departamento da Educação Básica; Ministério da Educação (1998). Qualidade e Projeto na Educação PréEscolar. Lisboa: Ministério da Educação/Departamento da Educação Básica; Ministério da Educação (1997). Legislação. Educação/Departamento da Educação Básica; Lisboa: Ministério da Ministério da Educação (2002). Organização da Componente de Apoio à Família. Lisboa: Ministério da Educação/Departamento da Educação Básica; Quivy, R. et Campenhoudt, L. V., (1988). Manual de Investigação em Ciências Sociais, Lisboa, Editora Gradiva; Silva, A. et Pinto, J. (1989). Metodologia das Ciências Sociais. Porto: Edições Afrontamento; Vasconcelos, T. (1994). Cadernos de Educação de Infância Nº3. Lisboa: APEI; Zeichner, K. (1992). A Formação Reflexiva do Professor, Ideias e Práticas. Cardoso, C. (1998). Gestão intercultural do currículo. 1ºCiclo. LuviPrinte: Lisboa, Educa; Lisboa; Chalita, G. (2001) Educação: A solução está no afeto. São Paulo: Gente; Hall, S. (2003). A questão multicultural. In: Da diáspora. Belo Horizonte: Editora; Jordán, J. (1996). Propostas de educación intercultural para profesores. Barcelona: Editorial C.E.A.C.; Meirinhos M. (2009) Retrato de uma escola multicultural: Estudo de Caso. Universidade de Lisboa: Faculdade de Ciências; Ministério da Educação. OCEPE Despacho nº 5220/97 de 10 de Julho; Stoer, S., Cortesão, L. (1999). Levantando a pedra: da pedagogia inter/multicultural às políticas educativas da época de transnacionalização. Porto: Edições Afrontamento. Eds. Rita Almeida Ângela Soares (2015/2016)