Capı́tulo 15 Máximos e Mı́nimos em Intervalos Fechados 15.1 Motivação Na Seção 4.1.1, estudamos o problema da caixa, onde querı́amos montar uma caixa recortando retângulos nos quatro cantos de uma lâmina de plástico e dobrando para cima as bordas obtidas. O problema era determinar o tamanho do corte a ser feito nos cantos da folha de plástico, a fim de obter a caixa de volume máximo. O volume da caixa é uma função do tamanho do corte, que representamos por x, e é dado por V = x (20 − 2 x)2 , onde 0 ≤ x ≤ 10. O problema da caixa é um exemplo tı́pico de problemas de determinação de máximos e mı́nimos de funções definidas em intervalos fechados. Para estudar e resolver problemas desse tipo precisamos de algumas definições e do estabelecimento de critérios que permitam determinar facilmente estes pontos. 15.2 Máximos e mı́nimos absolutos Definição 1 Seja f uma função definida no intervalo fechado [a, b]. Um ponto c pertencente ao intervalo [a, b] é chamado ponto de máximo absoluto de f ou, simplesmente, ponto de máximo se f (x) ≤ f (c) para todo x em [a, b]. O valor f (c) é chamado de valor máximo absoluto de f neste intervalo ou, simplesmente, valor máximo de f . Um ponto d de [a, b] é chamado ponto de mı́nimo absoluto de f ou, simplesmente, ponto de mı́nimo de f se f (d) ≤ f (x) para todo x em [a, b]. O valor f (d) é chamado valor mı́nimo absoluto de f neste intervalo ou, simplesmente, valor mı́nimo de f . Assim, se f (c) é o máximo e f (d) é o mı́nimo de f em [a, b], teremos f (d) ≤ f (x) ≤ f (c), para todo x em [a, b]. Os valores máximo e mı́nimo de f são chamados valores extremos de f . 40 valor maximo 30 20 10 –4 –3 –2 –1 1 2 x 3 4 –10 –20 –30 valor minimo O teorema abaixo garante que toda função contı́nua em um intervalo fechado tem sempre um máximo e um mı́nimo absolutos. Teorema dos valores extremos Seja f uma funcão contı́nua definida em um intervalo fechado [a, b]. Então existem números c e d no intervalo [a, b], tais que, f(c) é o valor máximo e f(d) é o valor mı́nimo de f em [a, b]. A demonstração deste teorema poderá ser encontrada no apêndice deste volume. Os exemplos abaixo mostram que se f não é contı́nua ou se o intervalo não é fechado, f pode não atingir valores máximo e mı́nimo. 196 Cap. 15. Máximos e Mı́nimos em Intervalos Fechados Exemplo 1 Seja f (x) = x2 definida no intervalo [0, 1), isto é, seu domı́nio é um intervalo semi-aberto à direita. Observando o gráfico de f vemos, claramente, que esta função atinge o mı́nimo em x = 0, porém não atinge um valor máximo. O candidato a ponto de máximo seria x = 1, porém este ponto não pertente ao domı́nio de f . Como f é crecente neste intervalo, qualquer que seja o valor de f (x1 ) com x1 < 1, existirá sempre um x2 , tal que x1 < x2 < 1 e f (x1 ) < f (x2 ). 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 0.2 0.4 0.8 0.6 x 1 1.2 Exemplo 2 A função f definida no intervalo [0, 2] por { f (x) = x ̸= 1 x=1 1 x−1 1 não é contı́nua no ponto x = 1. Seu limite lateral à esquerda lim x→1− lim+ x→1 1 = −∞ e seu limite lateral à direita x−1 1 = +∞. Portanto, esta função não atinge valor máximo nem mı́nimo em [0, 2]. x−1 10 8 6 y 4 2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 x 1.2 1.4 1.6 1.8 2 –2 –4 –6 –8 –10 Exercı́cio Esboce o gráfico de uma função definida em [0, 1] que seja descontı́nua e tenha um máximo e um mı́nimo absolutos. 15.2.1 Máximos e mı́nimos locais Vimos que o teorema dos valores extremos garante a existência de máximos e mı́nimos de uma função contı́nua em um intervalo fechado [a, b]. A questão natural que se coloca agora é saber onde, exatamente, se localizam estes máximos e mı́nimos? Antes de tentar responder a esta pergunta, vamos examinar alguns exemplos. Exemplo 3 Considere a função f (x) = x3 , que é contı́nua e crescente no intervalo [−1, 1]. Neste intervalo, o valor mı́nimo desta função é −1 e o valor máximo é 1. Estes valores ocorrem nos pontos x = −1 e x = 1, respectivamente, que são os extremos do intervalo considerado. Exemplo 4 Considere a função f (x) = −x2 no intervalo [−2, 2]. Esta função é contı́nua neste intervalo e, portanto, o teorema dos valores extremos garante a existência de um máximo e de um mı́nimo globais. Neste caso, o máximo global da função f (x) = −x2 é zero e ocorre em x = 0. O valor mı́nimo é −1 e ocorre em x = −1 e x = 1. Exemplo 5 Vamos examinar agora a função f (x) = x3 − 4 x2 − x + 10 definida em [−2, 5]. Veja o seu gráfico traçado a seguir, à esquerda. Os valores máximos e mı́nimos desta função ocorrem em 5 e −2, respectivamente, que são os extremos do intervalo. No entanto, existe um ponto no interior deste intervalo, onde a função atinge um máximo para valores de x, por exemplo, entre −1 e 1. Da mesma forma, existe um ponto onde f atinge um mı́nimo se considerarmos valores de x entre, por exemplo 0 e 4. O gráfico seguinte, à direita, da mesma função traçado no intervalo [−1, 3.5], ilustra esta afirmação. W.Bianchini, A.R.Santos 197 30 10 8 20 6 10 4 2 –2 –1 0 1 2 x 3 4 5 –1 –10 0 1 x 2 3 –2 Estes pontos são ditos máximos e mı́nimos locais, ou, genericamente, extremos locais de f e são caracterizados na definição a seguir. Definição 2 Dizemos que um ponto c é um ponto de máximo local ou relativo de f se f(x) ≤ f(c) para todo x suficientemente próximo de c. Mais precisamente, se esta desigualdade for verdadeira para todo x que esteja no domı́nio de f, em algum intervalo aberto contendo c. Analogamente, dizemos que d é um ponto de mı́nimo local ou relativo de f se f (d) ≤ f (x), para todo x suficientemente próximo de d. A questão que se coloca agora é descobrir algum critério que nos permita identificar com precisão os extremos relativos de uma função. A reta tangente nos dá uma pista para localizá-los. Observe o diagrama abaixo e conclua o que é possı́vel afirmar a respeito destes pontos. À primeira vista, parece ser possı́vel afirmar que, nestes pontos, a reta tangente é horizontal e, portanto, a derivada da função é zero. No entanto, os exemplos a seguir mostram que extremos relativos podem ocorrer em pontos onde a função sequer é derivável e que existem pontos, onde a derivada é zero, que não são nem máximo e nem mı́nimo locais. Exemplo 6 Examine a função f (x) = 3 − | x − 2 | definida em [1, 4]. 3 2.8 2.6 2.4 2.2 2 1.8 1.6 1.4 1.2 1 1 1.21.41.61.8 2 2.22.42.62.8 3 3.23.43.63.8 4 x O ponto x = 2 é um ponto de máximo relativo desta função (na realidade este ponto é um máximo global para esta função no intervalo considerado) e f não é derivável neste ponto. Exemplo 7 Em x = 0, a reta tangente ao gráfico da função f (x) = x3 é horizontal e, portanto, a derivada desta função é zero neste ponto (prove analiticamente este fato!). No entanto, o ponto x = 0 não é nem ponto de máximo e nem ponto de mı́nimo local para esta função. O teorema a seguir esclarece estes fatos. 198 Cap. 15. Máximos e Mı́nimos em Intervalos Fechados Teorema: Caracterização dos máximos e mı́nimos locais Seja f uma função definida em um intervalo aberto (a, b) e derivável em um ponto c de (a, b). Se f ′ (c) ̸= 0 então f(c) não é máximo nem mı́nimo local de f. Demonstração: Se f ′ (c) ̸= 0, então f ′ (c) > 0 ou f ′ (c) < 0. Vamos supor, primeiro, que f ′ (c) > 0. Então, para x suficientemente próximo de c, temos f (x) − f (c) > 0. x−c Logo, se x < c , tem-se x − c < 0, o que implica f (x) < f (c). Agora, se x > c, tem-se x − c > 0, o que implica f (x) > f (c). Assim, c não é extremo relativo de f . Supondo, agora, f ′ (c) < 0, tem-se (−f )′ (c) > 0. Logo, pelo caso anterior, c não é extremo relativo de (−f ) e assim, obviamente, c não é ponto de máximo nem mı́nimo relativo de f . (Por quê?) Observe que o teorema é equivalente a dizer que se f é derivável em (a,b) e c é um ponto de máximo ou mı́nimo local de f , então, f ′ (c) = 0. Atenção!!! Cuidado!!! Esta condição é necessária mas não suficiente. Como o Exemplo 7 mostrou, nem sempre é verdade que se f ′ (c) = 0, então f (c) é um extremo local. 15.3 Determinação dos pontos de máximo e mı́nimo de uma função Dos exemplos, definições e teoremas estudados na seção anterior podemos concluir que: Toda função contı́nua definida em um intervalo fechado [a,b] possui um máximo e um mı́nimo global. O máximo e o mı́nimo para estas funções só podem ocorrer nas extremidades a e b do intervalo nos pontos onde a derivada f ′ se anula ou nos pontos onde a derivada f ′ não existe Definição 3: Ponto crı́tico Um ponto c no domı́nio de f é dito um ponto crı́tico de f se f ′ (c) = 0 ou se f ′ (c) não existe. Assim, para localizar os pontos extremos de uma função contı́nua f definida em [a, b], proceda da seguinte maneira: 1. Determine os pontos crı́ticos de f . 2. Calcule os valores de f em cada um dos seus pontos crı́ticos. 3. Calcule f (a) e f (b). 4. Compare todos os valores e verifique qual o maior e qual o menor. 5. Conclua: o maior dentre estes valores será o máximo absoluto de f e o menor será o mı́nimo absoluto de f. 15.4 Exemplos Os exemplos a seguir ilustram o procedimento descrito acima e mostram como podemos usar o Maple para efetuar os cálculos necessários. Exemplo 1 Determine os valores máximos e mı́nimos de f (x) = x3 − 3 x2 − 9 x + 3, nos intervalos (a) [-4, 6] (b) [-4, 2] (c) [-2, 4] W.Bianchini, A.R.Santos 199 Solução Primeiro definimos a função f e calculamos a sua derivada: > f:=x->x^3-3*x^2-9*x+3; f := x → x3 − 3 x2 − 9 x + 3 > Diff(f(x),x):%=diff(f(x),x); ∂ ∂x (x3 − 3 x2 − 9 x + 3) = 3 x2 − 6 x − 9 Observe que a função f é contı́nua e derivável em todos os pontos da reta. Assim, os candidatos a extremos desta função são os extremos do intervalo e os pontos onde a derivada se anula. Para determinar estes últimos pontos, basta resolver a equação f ′ (x) = 0: > solve(diff(f(x),x)=0,x); −1, 3 Nestes pontos crı́ticos os valores de f são, respectivamente > f(-1);f(3); 8 −24 Para responder ao item (a) é preciso comparar os valores obtidos acima com os valores de f nas extremidades −4 e 6 do intervalo considerado. Temos > f(-4);f(6); −73 57 Comparando os valores obtidos, concluı́mos que o maior é 57 e o menor é −73, isto é, os pontos de máximo e de mı́nimo desta função ocorrem nos extremos do intervalo considerado. Assim, o valor máximo de f é 57 e ocorre em x = 6, que é o ponto de máximo absoluto da função neste intervalo; o valor mı́nimo de f é −73 e ocorre em x = −4, que é o ponto de mı́nimo absoluto de f em [−4, 6]. Como o ponto crı́tico 3 não pertence ao intervalo [−4, 2], para responder ao item (b) basta comparar os valores de f no ponto crı́tico −1 e nos extremos −4 e 2 do intervalo. > f(2); −19 Logo, o valor mı́nino desta função, em [−4, 2], é −73. Este valor ocorre em x = −4, que é o seu ponto de mı́nimo. Da mesma forma, o valor máximo de f , neste intervalo, é 8. Este valor ocorre em x = −1, que é o seu ponto de máximo. Para responder ao item (c) vamos calcular os valores de f nas extremidades do intervalo [−2, 4] e compará-los com os valores de f (−1) e f (3) obtidos acima. Temos > f(-2);f(4); 1 −17 Assim, concluı́mos que −1 é o ponto de máximo e 3 é o ponto de mı́nimo de f , em [−2, 4]. • Quais os valores máximo e mı́nimo de f neste intervalo? Observe o gráfico de f : > plot(x^3-3*x^2-9*x+3,x=-4..6); 40 20 x 0 –20 –40 –60 Exemplo 2 √ Determine os pontos de máximo e de mı́nimo de g(x) = | x | no intervalo [−2, 1]. Solução: Como no exemplo anterior, vamos definir a função e achar a sua derivada com o auxı́lio do Maple. 200 Cap. 15. > g:=x->sqrt(abs(x)); g := x → > √ Máximos e Mı́nimos em Intervalos Fechados |x| diff(g(x),x); 1 abs(1, x) √ 2 |x| Na derivada acima, a expressão abs(1,x ) é a notação usada pelo Maple para a derivada de | x |, isto é, para a função que vale 1 para x > 0 e −1 para x < 0. Claramente, vemos que a derivada de g não existe no zero e que esta derivada não se anula em nenhum ponto. Portanto, o seu único ponto crı́tico é o zero. Comparando os valores de g em −2, 1 (extremos do intervalo) e 0 (ponto crı́tico), concluı́mos que −2 é o ponto de máximo de g e 0 é o ponto de mı́nimo. A lista de valores de g e o gráfico da função comprovam estas conclusões. > g(-2);g(1);g(0); √ 2 1 0 > plot(g(x),x=-2..1,y=0..sqrt(2),axesfont=[TIMES,ROMAN,8]); 1.4 1.2 1 0.8 y 0.6 0.4 0.2 –2 –1.8 Exemplo 3 Determine os pontos de máximo e mı́nimo de { 2 h(x) = x + 22 4−x –1.4 –1 –0.8 x x≤1 x>1 –0.4 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 no intervalo [−1, 2]. Solução Observando o gráfico desta função, traçado abaixo, concluı́mos que o ponto x = 1 é um ponto crı́tico para a função h, pois neste ponto a derivada não existe. > plot(piecewise(x<=1,x^2+2,x>1,4-x^2),x=-1..2); 3 2.5 2 1.5 1 0.5 –1 –0.6 0 0.20.40.60.8 1 1.21.41.61.8 2 x De fato, as derivadas laterais em x = 1 são diferentes. Calcule-as e comprove esta afirmação! Assim, para determinar os extremos desta função, precisamos comparar os valores de h em x = 1 com os valores que ela assume nas extremidades do intervalo, como fazemos com a ajuda do Maple: > h:=x->piecewise(x<=1,x^2+2,x>1,4-x^2): > h(-1);h(1);h(2); 3 3 0 Podemos concluir, portanto, que h tem dois pontos de máximo e um de mı́nimo que são, respectivamente, −1, 1 e 2. 15.5 Problemas envolvendo máximos e mı́nimos em intervalos fechados Problema 1 Um fio com 4 metros de comprimento é cortado em dois pedaços. Com um deles formaremos um cı́rculo e com o outro um quadrado. (a) Como devemos cortar o fio para que a soma das áreas limitadas pelo cı́rculo e pelo quadrado seja máxima? W.Bianchini, A.R.Santos 201 (b) Como devemos cortar o fio a fim de que a soma das áreas seja mı́nima? (Os dois casos extremos são admitidos, ou seja, é permitido formar com o fio apenas um quadrado ou apenas um cı́rculo.) Solução: Dividimos o fio em um ponto qualquer. Seja x o comprimento de um dos pedaços. Obviamente, o comprimento do outro pedaço será 4 − x. Além disso, pela geometria do problema, os valores possı́veis para x estão compreendidos no intervalo [0, 4]. Formando um cı́rculo com o pedaço de comprimento x, temos que 2 π r = x, ou seja, r = 2xπ . Assim, a área do cı́rculo será dada por π x2 x2 C(x) = π r2 = = 2 4π 4π 2 e a área do quadrado, por Q(x) = ( 4−x 4 ) . A área total será, portanto, dada por A(x) = C(x) + Q(x) = (4 − x)2 x2 + . 4π 16 Esta função é uma parábola, sendo, conseqüentemente, derivável em qualquer ponto x do intervalo [0, 4]. Assim, os pontos extremos de A(x ) estarão entre aqueles onde sua derivada se anula ou nas extremidades do intervalo. Abaixo derivamos a função A(x), calculamos as raı́zes s da equação A′ (x) = 0 e comparamos os valores de A(s), A(0) e A(4). > A:=x->x^2/(4*Pi)+(4-x)^2/16: > diff(A(x),x); 1 x 1 1 − + x 2 π 2 8 > s:=solve(%); π s := 4 4+π > A(s);A(0);A(4); π 1 π 2 4 + (4 − 4 ) (4 + π)2 16 4+π 1 4 π > simplify(A(s)); 4 4+π 4π Observando estes valores, podemos concluir que o máximo ocorre no ponto x = 4 e o mı́nimo no ponto x = 4+π . Assim, para que a área A(x) seja máxima não cortamos o fio e formamos apenas um cı́rculo. Para que a área A(x) 2 4π . O cı́rculo terá um raio r igual a 4+π e o quadrado terá um lado seja mı́nima devemos cortar o fio no ponto x = 4+π 4 de comprimento 4+π . Problema 2 Considere as parábolas y = x2 − 4 e y = −x2 + 4. Determine as dimensões de um retângulo cujos vértices inferiores estão sobre a parábola y = x2 − 4 e os superiores sobre a parábola y = −x2 + 4, de tal forma que a área desse retângulo seja máxima. Solução Observe no diagrama, que o valor da área depende da posição dos vértices do retângulo. 202 Cap. 15. Máximos e Mı́nimos em Intervalos Fechados Devemos determinar as dimensões que fornecerá a área máxima. Pela simetria da figura ao lado, temos que a área A(x) é dada por A(x) = 4 x y = −4 x3 + 16 x, para x variando no intervalo [0, 2]. Como A(x) é contı́nua nesse intervalo, o teorema dos valores extremos garante que esta função tem um máximo absoluto em [0, 2]. Além disso, este máximo ocorre em um dos extremos do intervalo ou num ponto crı́tico da função. Como a derivada da função A(x) é um polinômio do segundo grau, os únicos pontos crı́ticos de A são os pontos onde a sua derivada se anula. Determinar estes pontos crı́ticos, portanto, é equivalente a resolver a equação A′ (x) = 0. Vamos, uma vez mais, usar o Maple para fazer as contas: > A:=x->-4*x^3+16*x: > 4 2 x 0 1 y –2 –1 x 2 –2 –4 crt:={solve(diff(A(x),x)=0,x)}; crt := { 2√ 2√ 3, − 3} 3 3 √ O ponto crı́tico que nos interessa é o ponto x = 2 3 3 , pois o outro não pertence ao intervalo [0, 2]. Comparando os valores da função A neste ponto e nos pontos 0 e 2 (extremidades do intervalo), obtemos: > A(0);A(2);A(2/3*sqrt(3)); 0 0 64 √ 3 9 Portanto, o ponto de máximo para esta função ocorre em x = √ terá base de comprimento igual a 4 3 3 e altura 16 3 . 2 √ 3 3 , conseqüentemente, o retângulo de área máxima Problema 3 Encontre as dimensões do cilindro circular reto de maior volume que pode ser inscrito em um cone circular reto com raio 7/2 cm e altura 6 cm. Solução Veja a figura a seguir, onde representamos um corte transversal do cilindro e esquematizamos o problema proposto. 6-h r 1 7/2 O volume do cilindro é dado por V = π r2 h. Para expressar o volume em termos de uma única variável, precisamos de outra equação envolvendo r e h. 12 r Usando a figura anterior e semelhança de triângulos, temos 67 = 6−h r , ou seja, h = 6 − 7 . Logo, 2 V (r) = π r2 (6 − 12 r 12 π r3 ) = 6 π r2 − . 7 7 Esta função é contı́nua em [0, 7/2], logo tem um valor máximo absoluto neste intervalo. Vamos, então, derivar a função V para encontrar os seus pontos crı́ticos: V := r → 6 π r2 − > 12 π r3 7 diff(V(r),r); 12 π r − 36 π r2 7 W.Bianchini, A.R.Santos 203 Como esta derivada está definida em toda a reta, os únicos pontos crı́ticos de V são os pontos onde a derivada se anula. Resolvendo a equação V ′ (x) = 0, obtemos > pontos_criticos:={solve(diff(V(r),r)=0)}; pontos criticos := {0, 7 } 3 Comparando os valores de V nos pontos crı́ticos e nos extremos do intervalo, temos > V(0);V(7/2);V(7/3); 0 0 98 π 9 Logo, o valor máximo de V será V ( 73 ) = máximo terá raio r = 37 e altura h = 2 cm. 15.6 98 π 9 , que é atingido em r = 73 . Como h = 6 − 12 r 7 , o cilindro de volume Exercı́cios 1. Em cada um dos itens abaixo, decida se a função dada atinge um valor máximo ou um valor mı́nimo ou ambos, no intervalo indicado. Se necessário esboce um gráfico da função. (a) f (x) = 1 − x em [-1,1) 1 (f) f (x) = x (1−x) em [2, 3] (d) f (x) = x3 + 1 em [-1,1] (b) f (x) = | x | em (-1, 1) 1 1 (e) f (x) = x2 +1 em (−∞, ∞) (g) f (x) = x (1−x) em (0, 1). (c) f (x) = √1x em (0,1] 2. Em cada um dos itens abaixo, determine fechado indicado. (a) f (x) = 3 x − 2 em [−2, 3] (b) f (x) = 4 − x2 em [1, 3] (c) g(x) = (x − 1)2 em [−1, 4] (d) h(x) = x3 − 3 x em [−3, 5] os valores máximo e mı́nimo atingidos pela função dada, no intervalo (e) f (x) = x + x1 em [2, 6] (f) g(x) = | 2 x − 3 | em [1, 2] x em [0, 3] (g) f (x) = x+1 √ (h) f (x) = x 1 − x2 em [−1, 1] 3. (a) Seja f (x) = A x + B. Explique por que os valores máximo e mı́nimo de f , em um intervalo [a, b] qualquer, devem ocorrer necessariamente nos pontos extremos do intervalo. (b) Prove que toda função quadrática f (x) = a x2 + b x + c, onde a ̸= 0, tem exatamente um ponto crı́tico em toda a reta. (c) Explique por que a função polinomial cúbica pode ter dois, um ou nenhum ponto crı́tico em toda a reta. Dê exemplos que ilustrem cada um dos casos. (d) Se f tem um valor mı́nimo em x = c, mostre que a função g(x) = −f (x) tem um valor máximo neste mesmo ponto. 15.7 Problemas propostos 1. Prove que o retângulo de área máxima e perı́metro dado é o quadrado. 2. Um retângulo de lados paralelos aos eixos coordenados e localizado no primeiro quadrante tem um vértice na origem, um vértice sobre o eixo x, um vértice sobre o eixo y e o quarto vértice sobre a reta 2 x + y = 100. Qual a área máxima de tal retângulo? 3. Um campo retangular vai ser fechado com uma cerca e depois dividido ao meio por outra cerca. Se a cerca que passa pela metade custa R$ 10,00 por metro e a outra R$ 25,00 por metro, encontre as dimensões do campo de maior área possı́vel que pode ser fechado com um custo de R$ 4800,00. 4. Os pontos A e B são opostos um ao outro nas margens de um rio que mede 3 km de largura. O ponto C está na mesma margem que B, mas a 6 km de B, rio abaixo. Uma companhia telefônica deseja estender um cabo de A até C. Se o custo por km do cabo é 25% mais caro sob a água do que em terra, qual o traçado do cabo mais barato para a companhia? 204 Cap. 15. Máximos e Mı́nimos em Intervalos Fechados 5. Uma companhia de aviação freta um avião de 50 lugares de acordo com as seguintes condições especificadas no contrato de afretamento: (a) Cada passageiro pagará 600 reais se todos os 50 lugares forem vendidos. (b) Cada passageiro pagará um adicional de 30 reais por lugar não vendido. Quantos lugares a companhia deve vender para obter renda máxima? 6. Seja f (x) = x2 , para x pertencente ao intervalo [0, 1]. Determine a reta r tangente ao gráfico de f (x), tal que o triângulo determinado por r, a reta x = 1 e a reta y = 0 tenha a maior área possı́vel. 7. Num certo paı́s, endividado até o pescoço, descobriu-se que a solução de todos os problemas estava na criação de um combustı́vel para substituir as importações de petróleo. Após muitas pesquisas foi criado o Tomatóleo, uma mistura de extrato de tomate e gasolina. O litro de extrato de tomate (ET) custa R$ 0,30 e o de gasolina 10 (GS) custa R$ 0,50. Porém, um litro de Tomatóleo, com x litros de ET, dá para um carro médio percorrer 1+x quilômetros. Determine a quantidade de ET que minimiza o custo por quilômetro. √ 8. Dada a função f (x) = 1 + 18 − 2 x2 , para x ∈ [−3, 3] e o ponto P = (2, 1). Determine a maior e a menor distâncias de P aos pontos do gráfico de f . 9. Com a finalidade de evitar a construção de prédios muito altos em terrenos pequenos, foi criada na cidade do Sonho Dourado a seguinte lei: “É obrigatória a existência de uma área livre em torno da área construı́da, com largura mı́nima de 50cm por metro de altura da construção, medidos a partir dos limites do terreno”. Assim, em Sonho Dourado, um prédio de 20 m de altura deverá ser construı́do em centro de terreno a uma distância de, pelo menos, 0, 5x20 = 10 m dos limites do terreno. Supondo que você: (a) More em Sonho Dourado. (b) Tenha um terreno de 30 m por 30 m. (c) Deseja construir um prédio em forma de paralelepı́pedo que tenha volume máximo. (d) Seja um cidadão respeitador das leis. Pergunta-se: Quais deveriam ser as dimensões do prédio a ser construı́do? 10. Determine as dimensões do cilindro de área máxima inscrito em um cone circular reto dado. 11. Determine o retângulo de maior área inscrito na região acima da parábola y = x2 e abaixo da parábola y = −2 x2 + 3, cujos lados são paralelos aos eixos coordenados. 12. Em um terreno com a forma de um semicı́rculo de 25 m de raio, deseja-se construir uma piscina com a forma de um triângulo retângulo com hipotenusa igual ao diâmetro do cı́rculo e um vértice no semi-cı́rculo. Calcule as dimensões da piscina de área máxima. 13. Uma janela normanda tem a forma de um retângulo encimado por um semicı́rculo. Se o perı́metro da janela é 2 m, encontre as dimensões da janela para que penetre o máximo de luz possı́vel. 14. Sabendo que a resistência de uma viga retangular é proporcional ao produto da largura pelo quadrado da altura de sua seção transversal, quais serão as dimensões da viga a ser cortada de um toro cilı́ndrico de raio r para assegurar a maior resistência possı́vel? 15. Um segmento de reta, de comprimento fixo L, une o vértice de um retângulo ao ponto médio do lado oposto. Qual a maior área possı́vel de tal retângulo? 16. Uma tipografia dispõe de 8 impressoras, cada uma das quais pode imprimir 3600 cópias por hora. Custa R$ 5,00 para preparar cada impressora para a operação e 10 + 6 n reais para fazer funcionar n impressoras durante uma hora. Quantas impressoras devem ser utilizadas para imprimir 50000 cópias de um cartaz de forma a obter um lucro máximo? 17. Um fazendeiro deseja contratar trabalhadores para colher 900 alqueires de grãos. Cada trabalhador pode colher 5 alqueires por hora e recebe em pagamento R$ 1,00 por alqueire. O fazendeiro deve ainda pagar um capataz a R$ 10,00 por hora para supervisionar a colheita e tem ainda uma despesa adicional de R$ 8,00 com refeições por trabalhador. Quantos trabalhadores deve contratar de modo a minimizar o custo total? Quanto será então o custo do alqueire colhido? W.Bianchini, A.R.Santos 205 18. Uma companhia tem fábricas localizadas (em um sistema de coordenadas adequadamente escolhido) nos pontos A(0, 1), B(0, −1) e C(3, 0). A companhia planeja construir uma central de distribuição elétrica no ponto P (x, 0). Qual o valor de x que minimiza o custo de distribuição da energia elétrica produzida? 19. Um gramado circular de 20 m de raio é circundado por um passeio, e uma lâmpada é colocada no cimo de um poste fincado no centro do gramado. A que altura deve ser colocada a lâmpada para que o passeio receba iluminação máxima? Observação: a intensidade de iluminação de uma superfı́cie é dada por I = k sen(θ) onde D é a distância da fonte D2 de luz à superfı́cie, θ é o ângulo segundo o qual a luz atinge a superfı́cie e k é uma constante positiva. 20. Cinco placas de metal retangulares medem 210 cm por 336 cm cada. Cortam-se pedaços quadrados iguais de cada um de seus cantos, e as abas resultantes devem ser dobradas para cima e soldadas, de modo a formar cinco caixas sem tampa. Os vinte pequenos quadrados retirados são reunidos em grupos de quatro e soldados para formar cinco quadrados maiores, que por sua vez são soldados de modo a formar uma caixa cúbica sem tampa, de modo que nenhum material é desperdiçado. Qual o tamanho do corte para que o volume total das seis caixas assim formadas seja o maior possı́vel? 21. Deve-se construir uma pista de corrida em forma de dois trechos retilı́neos, paralelos e de igual comprimento, unidos por dois semi-cı́rculos nas extremidades. O comprimento da pista (uma volta completa) deve ser de 5 km. Quais são as dimensões da pista que maximizarão a área retangular interna? 22. Um objeto é arrastado num plano horizontal por uma força que age ao longo de uma corda atada a ele. Se a corda faz um ângulo θ com o plano, então a magnitude da força é dada por F = µW , µ sen θ + cos θ onde µ é uma constante positiva chamada coeficiente de fricção e 0 ≤ θ ≤ quando tg θ = µ 15.8 π 2. Mostre que F é minimizada Para você meditar: O feirante de Caruaru Um vendedor foi à feira de Caruaru com sua balança de dois pratos defeituosa, pois tinha um braço mais curto do que o outro. Para compensar isto, ao atender os fregueses, passou a usar, sucessivamente, os dois lados para pesar a mercadoria. Por exemplo, se alguém desejava dois quilos de açúcar, o vendedor lhe dava um quilo com excesso (pesado usando-se um dos pratos da balança) e um quilo com falta (pesado usando-se o outro lado). • Quem ganha com este processo? Sugestão: Use a Lei das alavancas para obter uma relação entre o peso da mercadoria e o tamanho dos braços da balança.