LINCOLN DE AZEVEDO FERNANDES ALOCAÇÃO DE CUSTOS INDIRETOS EM EMPRESAS BRASILEIRAS DE PETRÓLEO: Um estudo da alocação de custos indiretos em atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Administração, Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Professor Marcos Gonçalves Ávila Rio de Janeiro 2005 FICHA CATALOGRÁFICA Fernandes, Lincoln de Azevedo. Alocação de custos indiretos em empresas brasileiras de petróleo / Lincoln de Azevedo Fernandes – 2005. 111 f. il. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto COPPEAD de Administração, Rio de Janeiro, 2005. Orientador: Marcos Gonçalves Ávila. 1. Controle Gerencial. 2. Alocação de custos indiretos. 3. Indústria do Petróleo – Teses. I.Ávila, Marcos Gonçalves (Orient.). II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto COPPEAD de Pós-Graduação em Administração. III. Título. 2 Lincoln de Azevedo Fernandes ALOCAÇÃO DE CUSTOS INDIRETOS EM EMPRESAS BRASILEIRAS DE PETRÓLEO: Um estudo da alocação de custos indiretos em atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural Dissertação submetida ao Corpo Docente do Instituto de Pós-Graduação em Administração – COPPEAD, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Administração. Aprovada por: _______________________________________ Professor Marcos Gonçalves Ávila – Orientador Instituto COPPEAD de Administração – UFRJ _______________________________________ Professor Celso Funcia Lemme Instituto COPPEAD de Administração – UFRJ _______________________________________ Professor Raimundo Nonato Sousa da Silva IBMEC Rio de Janeiro 2005 3 RESUMO FERNANDES, Lincoln de Azevedo. Alocação de custos indiretos em empresas brasileiras de petróleo: um estudo da alocação de custos indiretos em atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural. Rio de Janeiro, 2005. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro. A alocação de custos indiretos é assunto recorrente na literatura de controle gerencial. Nem por isso deixa de ser um tema rico para discussão, estando mesmo longe de ser esgotado. Determinadas unidades organizacionais descentralizadas, como divisões, departamentos, centros de custos, centros de lucros, unidades de negócio, etc., podem incorrer em custos indiretos, ou custos conjuntos, isto é, relacionados a mais de uma destas unidades organizacionais. A literatura indica que tais custos muito comumente são rateados entre as respectivas unidades de negócio, por meio de critérios tidos como “razoáveis”. Este estudo verificou as metodologias como os custos indiretos ou comuns são rateados entre as unidades de negócio de empresas com atividades de exploração e produção de petróleo no Brasil. Tais atividades são muito arriscadas, e intensivas em capital, e por esses motivos as empresas buscam se associar para divisão dos custos e riscos em certos projetos. Nestas associações, as empresas elegem uma administradora dos esforços do projeto, a operadora, e esta aloca parte de seus custos indiretos ao projeto, representado normalmente por um bloco para exploração ou um campo de petróleo. O estudo identificou que as práticas de alocação mais largamente utilizadas são baseadas em apontamento de horas dedicadas de seus profissionais a cada projeto. 4 ABSTRACT FERNANDES, Lincoln de Azevedo. Alocação de custos indiretos em empresas brasileiras de petróleo: um estudo da alocação de custos indiretos em atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural. Rio de Janeiro, 2005. Dissertação (Mestrado em Administração) – Instituto COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro. Indirect costs allocation is a common subject in management control research. However, it continues to be a rich theme for discussion. Certain decentralized organizational units, such as divisions, departments, cost centers, profit centers, business units, etc., may incur in indirect costs, or joint costs, that is, costs related to more than one of such decentralized units. The bibliography indicates that these costs are commonly allocated amongst the corresponding business units, by means of socalled “reasonable” criteria. This study identified the methods based on which the joint or indirect costs are allocated to the decentralized units of companies involved in oil exploration and production activities in Brazil. These activities are, in essence, risky and capital intensive, and for these reasons the companies frequently associate with others, to share the risks and costs in given projects, usually blocks for explorations or oil fields. In such associations, the companies elect an operator, which is the responsible for managing the efforts of the project, and the operator allocates part of its own indirect costs to the project. The study identified that the most widely followed allocation practices are based on time reporting of dedicated work hours of employees to each project. 5 Ao meu pai, que me ensinou a sonhar, dedico este trabalho e toda a minha saudade. À minha mãe, que me ensinou a viver, dedico este trabalho e todo meu carinho. Aos meus irmãos, que me ensinaram a sorrir, dedico este trabalho e toda minha afeição. À Veronica, que me ensinou a amar, dedico este trabalho, meu amor e tudo que restar. 6 AGRADECIMENTOS Obrigado a todos que de alguma maneira contribuíram para a concretização desse estudo. Obrigado aos professores do Coppead, que deram uma enorme contribuição para meu crescimento pessoal e profissional. Obrigado também a todos os colaboradores do Coppead, ao pessoal da Biblioteca, da Secretaria Acadêmica, da Reprografia, da Informática, da Segurança e ao pessoal de nosso aconchegante restaurante. Obrigado ao CNPq pelo apoio durante o curso de mestrado. Obrigado aos meus colegas da turma do mestrado de 2003, agora amigos para toda a vida. Obrigado aos meus irmãos, Fábio e Nisia, cuja existência por si só já merece agradecimentos. Obrigado também por sempre terem manifestado seu apoio aos meus esforços para conclusão do mestrado e desta dissertação. Obrigado à minha mãe, pelo apoio incondicional, pelo amor incondicional, pelo esmero com que se dedicou a educar a mim e meus irmãos. Durante minha vida, desenvolvi virtudes e defeitos. Os defeitos existem somente por minha culpa, mas construí todas as minhas virtudes com a ajuda de minha mãe. Obrigado, mãe. Obrigado à Veronica, sem a qual nada faria sentido. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Investimentos previstos na indústria do petróleo..................................... pág 14 8 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Medidas de rentabilidade do centro de lucro………………………… 21 Quadro 2. Panorama geral das rodadas licitatórias……………………………... 35 Quadro 3. Brasil: PIB, Produto do setor petróleo e produto do segmento E&P……………………………………………………………………………………. 36 Quadro 4. Tratamento dado aos custos na Empresa A………………………… 59 Quadro 5. Tratamento dado aos custos na Empresa B………………………… 62 Quadro 6. Tratamento dado aos custos na Empresa D………………………… 65 Quadro 7. Tratamento dado aos custos na Empresa E………………………… 67 Quadro 8. Tratamento dado aos custos na Empresa F………………………… 69 Quadro 9. Tratamento dado aos custos na Empresa G………………………… 71 Quadro 10. Tratamento dado aos custos na Empresa H…………….………… 73 Quadro 11. Tratamento dado aos custos na Empresa I………………………… 75 Quadro 12. Estruturas organizacionais………………….……………………….. 76 Quadro 13. Divisão em Unidades de Negócio…………………………………… 77 Quadro 14. Tipos de relatório de avaliação de desempenho…………………... 77 Quadro 15. Classificação dada aos custos pelas empresas pesquisadas……. 79 Quadro 16. Grau de alocação de custos indiretos para os diversos relatórios produzidos……………………………………………………………………………. 81 Quadro 17. Freqüência de reavaliação das políticas de alocação de custos… 83 Quadro 18. Critérios utilizados pelas empresas para definir a alocação……… 84 9 SUMÁRIO 1. O PROBLEMA DA PESQUISA ................................................................................................ 12 1.1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS...................................................................................................... 12 1.2 RELEVÂNCIA DO E STUDO ........................................................................................................ 14 1.3 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO..................................................................................................... 16 2. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................... 18 2.1 DEFINIÇÕES .............................................................................................................................. 18 2.2 ALOCAÇÃO DE CUSTOS............................................................................................................ 20 2.2.1 Viabilidade e confiabilidade da alocação....................................................................... 22 2.2.2 Objetivos da alocação de custos indiretos ...................................................................... 24 2.2.3 Critérios de alocação........................................................................................................ 25 2.3 TIPOS DE ALOCAÇÃO ............................................................................................................... 30 2.4 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA .................................................................................................. 30 2.5. O SEGMENTO DE E&P DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL................................ 32 2.5.1 Características do segmento de E&P – contexto internacional.................................... 32 2.5.2 O segmento de E&P no Brasil ......................................................................................... 34 2.6. CUSTOS EM E&P – CONTEXTO INTERNACIONAL .................................................................. 41 2.6.1 Métodos contábeis do segmento de E&P ........................................................................ 41 2.6.2 Contabilidade de joint ventures ....................................................................................... 44 2.6.3 Custos indiretos - o JOA como fonte de orientação para a alocação........................... 44 2.6.4 Agências reguladoras governamentais............................................................................ 46 2.7. CUSTOS EM E&P NO BRASIL ................................................................................................. 46 3. METODOLOGIA......................................................................................................................... 49 3.1 TIPO DE PESQUISA ................................................................................................................... 49 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA ............................................................................................................ 49 3.3 COLETA DE DADOS................................................................................................................... 50 3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .................................................................................... 50 3.4.1 Estrutura Organizacional................................................................................................. 51 3.4.2 Relatórios Financeiros e Gerenciais Produzidos ........................................................... 51 3.4.3 Custos indiretos e alocação ............................................................................................. 52 3.5 TRATAMENTO DOS DADOS....................................................................................................... 55 3.6 LIMITAÇÕES METODOLÓGICAS ................................................................................................ 55 4. INFORMAÇÕES OBTIDAS JUNTO ÀS EMPRESAS E ANÁLISE DOS DADOS ........ 57 4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 57 4.2. EMPRESA A ............................................................................................................................. 58 4.2.1 Resultados obtidos ............................................................................................................ 58 4.2.2 Análise das informações da Empresa A .......................................................................... 59 4.3 EMPRESA B .............................................................................................................................. 61 4.3.1 Resultados obtidos ............................................................................................................ 61 4.3.2 Análise das informações da Empresa B .......................................................................... 62 4.4 EMPRESA C.............................................................................................................................. 63 4.5 EMPRESA D.............................................................................................................................. 64 10 4.5.1 Resultados obtidos ............................................................................................................ 64 4.5.2 Análise das informações da Empresa D.......................................................................... 65 4.6 EMPRESA E .............................................................................................................................. 66 4.6.1 Resultados obtidos ............................................................................................................ 66 4.6.2 Análise das informações da Empresa E .......................................................................... 68 4.7 EMPRESA F .............................................................................................................................. 68 4.7.1 Resultados obtidos ............................................................................................................ 68 4.7.2 Análise das informações da Empresa F .......................................................................... 70 4.8 EMPRESA G.............................................................................................................................. 70 4.8.1 Resultados obtidos ............................................................................................................ 70 4.8.2 Análise das informações da Empresa G.......................................................................... 71 4.9 EMPRESA H.............................................................................................................................. 72 4.9.1 Resultados obtidos ............................................................................................................ 72 4.9.2 Análise das informações da Empresa H.......................................................................... 73 4.10 EMPRESA I.............................................................................................................................. 74 4.10.1 Resultados obtidos .......................................................................................................... 74 4.10.2 Análise das informações da Empresa I ......................................................................... 75 4.11 ANÁLISE CONJUNTA DOS RESULTADOS DA PESQUISA ........................................................ 76 5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE PESQUISA FUTURA................................................ 89 5.1 CONCLUSÕES ........................................................................................................................... 89 5.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ............................................................................... 91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 92 GLOSSÁRIO..................................................................................................................................... 96 APÊNDICE 1..................................................................................................................................... 99 APÊNDICE 2................................................................................................................................... 102 APÊNDICE 3................................................................................................................................... 104 11 1. O PROBLEMA DA PESQUISA 1.1 Introdução e objetivos A alocação de custos indiretos é um assunto recorrente na literatura contábil e de controle gerencial. Neste trabalho, o foco de atenção está no processo de alocação de custos indiretos associada à segmentação das operações em unidades de negócio. A segmentação normalmente visa ao gerenciamento descentralizado de operações, de forma a estimular o desenvolvimento dos diversos segmentos como unidades individuais, dotadas de maior autoridade e autonomia. Assim, quaisquer custos alocados a certa divisão, departamento ou Centro de Lucros seriam elementos importantes para determinar sua performance. Alocações realizadas de forma descuidada podem distorcer os resultados dos Centros de Lucros e com isso levar a uma avaliação inadequada da performance das divisões e dos seus gerentes, e induzir a erros na tomada de decisão. Na indústria do petróleo, com muita freqüência as empresas se associam umas às outras para a divisão de custos e riscos. Uma empresa pode, por exemplo, ter participação em dois ou mais blocos ou campos de petróleo, tendo como sócias diferentes empresas em cada um deles, e utilizar uma mesma estrutura administrativa para gerenciar tais empreendimentos conjuntos. Como conseqüência, a alocação de custos indiretos nessa indústria mostra-se uma questão de muita relevância. Identificar a maneira adequada de realizar a divisão dos custos indiretos entre cada um dos 12 blocos em que a empresa participa, de uma forma considerada “justa” por todos os parceiros é crucial, e normalmente constitui uma exigência das empresas associadas. No Brasil, a quebra do monopólio estatal e a entrada de novos agentes em diversos segmentos da indústria de petróleo e gás abriram a oportunidade para um rápido crescimento destes segmentos. No contexto internacional, entretanto, essa indústria possui práticas gerenciais bem desenvolvidas há muitos anos. Uma vez que a maior parte das empresas que ingressou no mercado brasileiro em atividades de E&P tem atuação global, é de se esperar que tais empresas tenham trazido consigo seus métodos gerenciais ao implementarem operações no mercado nacional, incluindo práticas de alocação de custos indiretos. O objetivo básico deste estudo é identificar as práticas atuais de alocação de custos indiretos no segmento de exploração e produção da indústria brasileira de petróleo, investigar as razões que sustentam tais práticas e descrevê-las à luz dos resultados advindos da pesquisa sobre o assunto na literatura nacional e internacional. O trabalho investigará como os custos indiretos comumente incorridos são classificados, em que grau são alocados e quais os critérios de alocação utilizados. O estudo se restringiu ao segmento de exploração e produção de petróleo, das empresas atuantes no Brasil. O foco do estudo é a alocação de custos indiretos (principalmente custos administrativos) às divisões, ou unidades organizacionais descentralizadas, correspondendo principalmente às áreas de exploração e/ou aos campos em desenvolvimento e produção. 13 1.2 Relevância do Estudo É patente a evolução e o crescimento da indústria do petróleo no Brasil, acentuado com a quebra do monopólio estatal e abertura do mercado, em 1997. A ANP, em seu Boletim Conjuntura e Informação, estima um montante de investimentos em E&P no Brasil, apenas para o período 2003 a 2007, da ordem de US$20,4 bilhões. Figura 1. Investimentos previstos na indústria do petróleo. Fonte: Silveira et al, In: ANP – Boletim Conjuntura e Formação. N. 24, Nov. 2003 a Jan. 2004 As atividades do segmento de E&P da indústria do petróleo possuem algumas peculiaridades: os riscos de exploração são altos, há freqüentemente baixa probabilidade de se descobrir reservas de petróleo, o tempo de maturação dos investimentos pode ser de vários anos, e, normalmente, o volume de gastos é muito alto. Em decorrência desses e de outros fatores, as operações nessa indústria tradicionalmente adotam uma configuração muito peculiar: com o objetivo de divisão dos riscos e custos envolvidos, uma prática constante é a combinação de capital de várias empresas petrolíferas, em uma variada gama de formas de associação. Outra 14 prática comum é a empresa operar em várias áreas na mesma bacia sedimentar ou em áreas próximas, com o objetivo de otimizar os gastos, diluindo custos com, por exemplo, logística, com pesquisa e com administração, e assim aumentando a rentabilidade das suas operações. Numerosos são os casos em que os dois cenários acima ocorrem concomitantemente, ou seja, uma empresa pode deter em um mesmo país várias áreas para exploração, com diferentes sócios em cada área. Usualmente apenas uma das empresas é a responsável pela administração dos esforços relacionados à exploração e avaliação de uma determinada área. Quando tal empresa administra mais de uma área, seus custos de administração, finanças, etc, são divididos entre as áreas administradas por meio de algum método de alocação. Em face da complexidade que pode se originar dessa configuração de negócios, e entendendo o quanto é importante que seja realizada criteriosamente a alocação de custos indiretos, as empresas parceiras acordam antecipadamente entre si as regras para divisão dos custos. Isso é feito para evitar posteriores desentendimentos tendo em vista possíveis contradições nos interesses de cada empresa (as empresas tenderiam a tentar repassar o máximo possível de seus custos para as parceiras, e a tentar impedir que ocorra o inverso, isto é, absorver custos das empresas associadas). A alocação de custos indiretos também é importante no que se refere à apuração de resultados dos campos de petróleo para apresentação ao governo e para fins de cálculos de impostos. Saliente-se que as empresas e o governo, nesse caso, podem também ter objetivos contraditórios. Por um lado, as empresas, para maximizar seu lucro, tenderiam a reduzir sua carga de impostos tentando considerar o máximo de custos como dedutíveis da base de apuração de tributos. Por outro lado, o governo pode pretender maximizar a cobrança de impostos, tendendo a aceitar menos custos 15 como dedutíveis da base de cálculo de impostos e taxas. Mostra-se importante também, portanto, a estrutura de controles para a apuração de tais informações contábeis (e nisso se incluem as práticas de alocação de custos indiretos) com o fim de ajustamento aos requerimentos regulamentares. Um estudo que investigue o funcionamento, na prática, da alocação de custos indiretos especificamente no segmento de E&P da indústria de petróleo brasileira pode contribuir de forma significativa para o entendimento e crítica das características do controle gerencial das empresas do segmento, estruturado de forma a atender aos objetivos das diversas partes interessadas (a administração da própria empresa, as empresas parceiras e o governo). Desta forma, poderia tentar contribuir para acrescentar algo ao atual estado da arte, na esperança de que tal contribuição possa servir como instrumento de aprendizado e experiências futuros. Eis a relevância do estudo. 1.3 Organização do Estudo Este estudo está organizado da seguinte forma: este primeiro capítulo apresenta o problema da pesquisa, mostrando os objetivos, a relevância e a delimitação do estudo. O capítulo 2 faz uma revisão da literatura e discute o referencial teórico da pesquisa, apresentando também um panorama das atividades de E&P no Brasil, mostrando os principais aspectos econômicos e regulatórios das operações do segmento, e características das empresas atuando no setor, inclusive em relação à sua contabilidade gerencial. O capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada, descrevendo principalmente a elaboração do questionário utilizado na pesquisa de campo. O capítulo 16 4 mostra os resultados da pesquisa de campo, com coleta de dados feita através de entrevistas. O capítulo 5 mostra as conclusões do trabalho e sugestões para futuras pesquisas. 17 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Definições A área de contabilidade gerencial tem um problema relacionado à uniformidade do entendimento dos termos utilizados. As definições a seguir têm unicamente o propósito de estabelecer uma delimitação do entendimento especificamente no que diz respeito a alguns termos que serão utilizados neste estudo, não sendo seu propósito fazer uma análise profunda e exaustiva do seu sentido. Custos Sacrifício de recursos para se atingir algum objetivo. Normalmente é medido pela quantidade de unidades monetárias que deveria ser paga por produtos e serviços consumidos. elementar, Os valores monetários são armazenados inicialmente de uma forma direta (por exemplo, manutenção e reparos, ou propaganda). Posteriormente, esses valores – custos – são agrupados de formas diversas com o objetivo de ajudar os gerentes na tomada de decisão, como, por exemplo, avaliar subordinados e divisões da organização, expandir ou reduzir a produção, atingir novos territórios e substituir equipamentos e tecnologia (HORNGREN, SUNDEM e STRATON, 1996, p. 122). Objeto de custo Objeto de custo (ou objetivo de custo, do inglês cost objective ou cost object) é um recurso ou uma atividade que se deseja custear. É algo para o qual se deseja algum tipo de medição feita separadamente de outros itens, atividades ou recursos. Exemplos 18 de objetos de custo incluem departamentos, divisões, produtos, pacientes consultados, quilômetros rodados, entre muitos outros (Idem, pp. 122-123). Custos diretos e indiretos Custos diretos podem ser identificados específica e exclusivamente com dado objeto de custo, de maneira economicamente viável. Por outro lado, custos indiretos não podem ser diretamente relacionados, de forma específica, exclusiva e economicamente viável, a certo objeto de custo (Idem, p. 124). O conceito de economicamente viável nesse caso significa que a contabilização de custos não deve ser mais cara que o valor dos benefícios advindos da existência do controle. O que efetivamente determina se um custo é direto ou indireto é o objeto de custo a ele relacionado. Se, por exemplo, queremos classificar o salário de um supervisor de telemarketing, e o objeto de custo é o departamento de telemarketing como um todo, o custo é direto. No entanto, se o objeto de custo é um produto, no caso a ligação telefônica, o salário do supervisor é um custo indireto. Vemos, portanto, que o conceito de custo direto e de custo indireto é sempre relativo ao objeto de custo. Custos corporativos indiretos Pode-se fazer uma distinção entre custos administrativos corporativos e custos de serviços corporativos (Frengem e Liao, 1981, pp. 29 e 72). Diferentemente dos custos relativos a serviços corporativos como processamento de dados, contabilidade e compras, para os quais poder-se-ia apurar unidades de consumo, atribuir valores de mercado e aplicar preços de transferência, os custos administrativos corporativos são relacionados à própria manutenção das estruturas administrativas, a 19 exemplo de propaganda institucional, funções de tesouraria e serviços jurídicos corporativos. Direcionador de custos Direcionador de custos (cost drivers) seria, segundo Martins (2001, p. 108), o fator que refletiria a causa básica de uma atividade, e por conseqüência, da existência de seus custos. Horngren, Sundem e Stratton (1996, p. 38) definem cost drivers como as atividades que afetam ou causam os custos. Em geral são definidos como parâmetros que auxiliam a mensuração do consumo de recursos pelas atividades ou pelos produtos ou serviços delas resultantes. 2.2 Alocação de custos A importância da alocação está em grande parte relacionada à maior precisão que proporciona à medição dos custos. Sendo assim, a alocação se reveste de especial utilidade no contexto de descentralização administrativa que permeia o ambiente empresarial moderno. Atkinson et al (2000, p. 614) afirmam que em ambientes instáveis e complexos: “[...]geralmente, para se adaptar, a administração sênior da empresa precisa delegar ou descentralizar a responsabilidade da tomada de decisão para mais pessoas na empresa. A descentralização permite membros da empresa bem motivados e bem treinados, para identificar rapidamente a mudança no gosto do cliente e ainda fornece aos funcionários da linha de frente autoridade e responsabilidade para desenvolver planos de reação a essas mudanças”. Oliveira (1998, p. 37) afirma que os sistemas de controle gerencial são importantes ferramentas para coordenação das unidades organizacionais descentralizadas e para estímulo à congruência entre os objetivos de cada unidade e 20 seus gerentes e os objetivos da organização como um todo. As medidas financeiras de avaliação de desempenho utilizadas para a avaliação das unidades descentralizadas normalmente incluem um componente que é a parcela alocada de custos indiretos. No contexto da descentralização, o termo unidade descentralizada pode se referir a um departamento, divisão, segmento, centro de lucro, ou outra designação, mas sempre indicando certo grau de separação administrativa e autonomia. O quadro a seguir demonstra a composição de um relatório sumarizado com medidas de avaliação de desempenho de um Centro de Lucro: (+) Receitas (-) Custo das Vendas (-) Custos Variáveis Margem de Contribuição = (-) = Despesas Fixas incorridas pelo Centro de Lucros Lucro Direto (-) = Alocação de Custos corporativos indiretos controláveis pelo gerente do Centro de Lucro Lucro Controlável (-) = Lucro Antes do Imposto de Renda (-) = Outras alocações de custos corporativos indiretos Impostos Lucro Líquido Quadro 1. Medidas de rentabilidade do centro de lucro Fonte: Anthony e Govindarajan (1995 apud Oliveira, 1998, p.44) Pode-se observar no quadro anterior que os sistemas de informação de custos atuais possuem um componente que normalmente se reveste de grande relevância: o tratamento dispensado aos custos indiretos. Como os custos indiretos, ou comuns, incorridos pela organização como um todo, beneficiam normalmente mais de um dos centros de lucros, divisões/segmentos 21 ou departamentos contidos na organização, os gerentes tendem a alocar uma parcela de tais custos a cada um dos centros de lucros beneficiados. O grande problema é identificar a parcela ideal a ser apropriada a cada centro de lucros. Nesse sentido, é válido destacar que há uma concordância generalizada, quase unânime, em se afirmar que o rateio de custos indiretos é inevitavelmente arbitrário em algum nível (FREMGEN e LIAO, 1981, p. 2). Por se tratar de uma questão controversa, todas as decisões sobre a alocação de custos devem ser tomadas de forma cuidadosa. Três importantes considerações devem ser feitas ao se discutir a alocação (FREMGEN e LIAO, op. cit., p. 2): 1. A alocação pode ser efetuada de forma viável e confiável? 2. Para atender a que objetivos a alocação deve ou não ser feita? 3. Quais as bases para efetuar a alocação de custos indiretos? 2.2.1 Viabilidade e confiabilidade da alocação As duas últimas questões estão condicionadas à resposta da primeira. Duas das características que têm sido apontadas como primordiais para a informação contábil, na literatura internacional, são a relevância e a confiabilidade (FASB, 1980, pp. 5-6 e 14). No Brasil, a informação contábil deve obedecer a uma série de convenções, entre elas a da Objetividade, que em essência corresponde à confiabilidade, no sentido de ausência de vieses e verificabilidade (FIPECAFI, 2000, p. 60). Logicamente, portanto, se não pudermos efetuar de forma confiável a alocação de custos indiretos, não há porquê tentar determinar que bases deveriam ter a alocação, e não podemos afirmar que estaríamos atingindo os propósitos pretendidos. 22 Martins (2001, p. 84) afirma: “Todas essas formas de distribuição contêm, em menor ou maior grau, certo subjetivismo; portanto, a arbitrariedade sempre vai existir nessas alocações, sendo que às vezes ela existirá em nível bastante aceitável [...]”. Staubus (apud FREMGEN e LIAO, 1981, p.11) afirma que a arbitrariedade na alocação é um mito, e que na verdade há boas e más alocações. Se for possível medir a transferência de serviços em termos não monetários com “precisão útil”, também será possível fazer a transferência em termos monetários, o que seria uma boa alocação. Se a transferência física dos serviços não puder ser medida, será uma má alocação, e esta deverá ser evitada. Kaplan e Atkinson (1989, p. 285) discutem a questão da arbitrariedade na alocação de custos conjuntos, dizendo que alguns economistas questionam a validade de tal alocação, principalmente no contexto de geração de informações gerenciais contábeis orientadas para a tomada de decisão. No entanto, os autores concluem afirmando que na prática a alocação de custos continua sendo largamente utilizada, para atingir determinados objetivos (para objetivos da alocação, veja o próximo tópico). Aparentemente, portanto, a literatura já responde à primeira das questões. Os custos indiretos têm sido alocados há tempos entre objetivos de custos pela contabilidade gerencial, é inquestionável ser possível fazê-lo, com a restrição de que a alocação obedeça aos critérios de relevância e confiabilidade1. 1 Ademais, o presente estudo simplesmente aceita o fato de que alocações e rateios são efetuados por grande parte das empresas. É uma constatação. Não é objetivo do estudo argumentar em favor ou contra a alocação, mas entender como a alocação vem sendo praticada nas atividades de E&P. 23 2.2.2 Objetivos da alocação de custos indiretos A lógica que orienta a alocação de custos depende dos objetivos para os quais a alocação seria efetuada. Os autores Cooper e Kaplan (1998, p. 1) descrevem como objetivos usuais da alocação de custos: a) Prever os efeitos econômicos das decisões de planejamento e controle: as decisões tomadas pelos gerentes de uma unidade organizacional provocam conseqüências também fora de sua unidade. Exemplos seriam: a criação de um novo curso por um dos departamentos de uma universidade, que aumentaria o volume de trabalho relativo ao registro de alunos da secretaria acadêmica; a adição de um novo vôo em uma companhia aérea, o que aumentaria o trabalho de reservas e serviços, etc. b) Obter a motivação desejada: alocações de custos são às vezes feitas para influenciar o comportamento dos gerentes, promovendo a congruência de objetivos e incentivando os esforços gerenciais. Conseqüentemente, em algumas organizações não há qualquer alocação de custos para serviços jurídicos ou de auditoria interna ou serviços internos de consultoria administrativa porque a direção deseja estimular seu uso. Em outras, é feita a alocação de tais itens exatamente para forçar os gerentes a se certificarem que os benefícios gerados pelo uso de tais serviços superem seus custos. c) Calcular o lucro e avaliar os ativos: os custos são alocados aos produtos e projetos para mensurar custo de estoque / ativos e custo de produtos vendidos, freqüentemente para servir aos fins da contabilidade financeira. Os custos resultantes, no entanto, são utilizados com freqüência também para planejamento e avaliação de desempenho. Horngren, Sundem e Stratton (1996, pp. 490-491) descrevem como principais finalidades para a alocação as mesmas listadas acima e mais a seguinte: 24 d) Obter reembolso ou determinar preços: algumas vezes os preços são baseados diretamente nos custos (markup de preços: preço = custo + margem). Todos estes autores afirmam que diferentes tipos de alocação podem ser feitos para cada um dos vários propósitos descritos, e que em alguns casos, o mais adequado é mesmo realizar uma determinada alocação para valorar os ativos, por exemplo, e outra diferente para avaliar o impacto econômico de certas decisões gerenciais. 2.2.3 Critérios de alocação As metodologias para rateio de custos indiretos relacionam-se a duas questões: quais custos serão agrupados para rateio e quais as bases sobre as quais tais grupos de custos serão alocados; os dois pontos dependem do objetivo da alocação (FREMGEN e LIAO, 1981, p. 12). Os critérios (talvez o melhor termo nesse caso seja princípios) normalmente utilizados para a definição das bases de alocação e realização dos rateios estão descritos em maior profundidade a seguir. Tais princípios refletem a maneira como a administração entende como mais adequada, em cada situação, a forma de levar a efeito a alocação. Não são, necessariamente, excludentes entre si. Em verdade, muitas das vezes são entendidos e usados em conjunto, e em algumas situações é até mesmo difícil entendê-los de forma independente um do outro. Eqüidade, justiça ou razoabilidade Este é um critério de apelo intuitivo, inerentemente subjetivo. Algo que é justo é algo que está em conformidade com o que é correto e razoável. Pela própria 25 natureza, entender o conceito de justiça implica em certas dificuldades. Por exemplo, gerentes divisionais podem discordar da administração corporativa a respeito de qual seria a parcela considerada “justa” dos custos corporativos a ser alocada às suas divisões. Porém, nenhuma das partes irá discordar de que justiça ou razoabilidade é algo crítico e necessário no processo de alocação, e que deve estar presente mesmo quando do uso de outros critérios, como os que estão descritos a seguir (idem, pp. 1213). Benefícios A alocação efetuada considerando que as parcelas alocadas devem ser proporcionais ao benefício auferido por cada divisão ou centro de responsabilidade é um pouco mais fácil de se operacionalizar, mas ainda envolve grande dose de subjetividade, por ser muito dependente do julgamento humano (ibidem, p. 13). A utilização de tal critério de alocação é mais viável quando a relação entre o custo e o objeto de custo é facilmente visível, sob a forma de algum bem físico ou de um serviço mensurável. Mas é mais difícil medir o nível proporcional de benefícios auferidos por cada divisão à medida que o serviço a ser alocado se afasta do objeto de custo. Por exemplo, não haveria discordância em se afirmar que a unidade de geração de energia elétrica beneficiaria cada departamento proporcionalmente à quantidade de eletricidade consumida por cada um deles. Mas os mesmos departamentos não iriam concordar tão facilmente quanto aos benefícios trazidos a cada um deles pelo staff do escritório de administração. Causas Anthony e Reece (1989, p. 618) afirmam que provavelmente a melhor maneira de definir qual a parcela justa dos custos indiretos a ser alocada é pensar na 26 proporção em que os custos indiretos são causados por cada um dos vários objetos de custos. Como exemplo, um serviço em que é necessário utilizar equipamentos relativamente caros (que incorrerão em altos custos de depreciação, manutenção, seguros, custo de oportunidade, entre outros possíveis) deve provocar custos indiretos maiores que um outro serviço que consome o mesmo número de horas de mão-de-obra direta, mas exige apenas ferramentas manuais. Sendo assim, tomemos o caso de uma oficina mecânica de autos: 1 hora gasta por um técnico no serviço de alinhamento de direção, feito com equipamentos computadorizados de alta precisão, com certeza causará mais custos indiretos que 1 hora gasta pelo mesmo técnico encerando carros manualmente. Horngren, Sundem e Stratton (1996, p. 494) advogam que essa base de alocação é particularmente satisfatória quando os custos a serem alocados são inteiramente, ou ao menos em grande parte, variáveis em função do volume de trabalho efetuado. No entanto, caso os montantes de custos fixos sejam significativos, a utilização de causa dos custos como critério de alocação perde um pouco o sentido, uma vez que os custos fixos são diretamente relacionados a uma decisão de instalação de capacidade, uma decisão estratégica, de longo prazo, e não a flutuações no volume de utilização do serviço, o que é quase inevitável que ocorra no curto prazo. Às vezes é difícil distinguir entre os critérios de alocação causais com os beneficiais, principalmente porque os objetos de custo que causam os custos quase sempre também auferirão benefícios advindos de tais custos. O Sistema de Custeio Baseado em Atividades (Activity Based Costing, ou ABC) é um sistema de custeio relativamente recente e foi desenvolvido com base em 27 critérios causais e beneficiais. Atkinson et al (2000, p. 53) descrevem de forma resumida o ABC: “Sistemas de custeio baseados em atividades (ABC) evitam alocações arbitrárias e distorções subseqüentes nos custos por atribuir primeiro os custos dos recursos às atividades que os utilizam. A seguir, os custos das atividades são atribuídos aos produtos, serviços e clientes que criaram demanda pelas atividades executadas ou foram por elas beneficiados. Isso significa que o custo das compras é atribuído aos itens comprados; os custos de projetar produtos são atribuídos aos novos produtos projetados; e o custo do atendimento ao cliente é atribuído a cada um deles.”. Neutralidade Fremgen e Liao (1981, p. 14) definem que o critério de neutralidade tem o objetivo de orientar a escolha de bases de rateio que evitem informações contábeis enganosas, que possam vir a levar a decisões impróprias ou conflitos desnecessários. Uma base de alocação neutra seria uma base que pudesse ser usada indistintamente para a alocação entre todas as unidades organizacionais afetadas pelos custos. A dificuldade aqui, novamente, é que a interpretação do que é neutro pode variar de departamento para departamento, e de uma situação para outra. Definem também um outro critério, que tem forte relação com o da neutralidade, que é o da independência dos objetos de custos. Tal critério estabelece que o método de alocação deve ser desenhado de forma que o montante alocado a dado objeto de custo não seja afetado por ações ou eventos em outros objetos de custo no mesmo período. Capacidade para suportar os custos Este critério normalmente acaba sendo usado como última opção, em situações onde nenhum dos critérios anteriores tenha resultado em bases razoáveis para rateio. Ele advoga que os custos devem ser alocados proporcionalmente à capacidade dos objetos de custos de suportá-los. É um método baseado no 28 pressuposto de que objetos de custo maiores podem arcar com uma parcela maior dos custos indiretos (idem, p. 15). Evidentemente não se relaciona com as noções de benefícios, causas ou neutralidade. Às vezes se relaciona com o volume de receitas, outras vezes com os lucros, ou ainda com os níveis de investimentos. Otimização da carga tributária Ferreira (1997, p. 12) afirma em seu estudo de caso que a empresa estudada optou por construir um sistema de contabilidade gerencial “paralelo” à contabilidade societária. Isso pode ser um indício de que algumas práticas adotadas na contabilidade societária constituam os critérios ótimos para fins de apuração de impostos, minimizando a carga tributária da empresa e maximizando o seu fluxo de caixa, mas podem não ser os melhores critérios para fins de análise gerencial. Segundo o FIPECAFI (2000, p. 25), a contabilidade no Brasil sempre foi muito influenciada pelos limites e critérios fiscais, e muito embora o art. 177 da Lei das Sociedades por Ações determine que a escrituração contábil seja feita de acordo com os preceitos da referida lei e dos “princípios de contabilidade geralmente aceitos”, tal influência ainda existe. No tocante à alocação de custos, se esta influencia de alguma maneira a apuração de impostos da empresa, a administração pode optar pela utilização de critérios de rateio que minimizem sua carga de impostos. Caso se justifique a manutenção de dois (ou mais) sistemas de controle paralelos, a empresa pode optar por diferentes abordagens de alocação de custo para fins gerenciais e para fins societários/fiscais. 29 2.3 Tipos de alocação Horngren, Sundem e Stratton (1996, pp. 491-492) descrevem os tipos básicos de alocação de custos: 1. Alocação de custos às respectivas unidades organizacionais: custos diretos são rastreados fisicamente/diretamente à unidade organizacional, mas custos usados em conjunto por mais de uma unidade são alocados entre elas com base em direcionadores de custos. 2. Realocação de custos de uma unidade organizacional a outra: quando uma unidade fornece produtos ou serviços para outra, os custos associados a tais produtos ou serviços são também transferidos. Algumas unidades existem somente para dar suporte a outras unidades, e seus custos são totalmente realocados. 3. Alocação de custos de uma determinada unidade organizacional ou atividade para produtos, serviços ou projetos: os custos alocados aos produtos, serviços ou projetos incluem aqueles custos descritos em 1 e 2. 2.4 Preços de transferência Uma forma que pode assumir o processo de valoração dos recursos consumidos por uma unidade de negócios, que sejam provenientes de transações com uma outra unidade interna à organização é o estabelecimento de preços de transferência. De acordo com Anthony et al (1992), “preço de transferência é o valor estabelecido em uma transferência de produtos ou serviços em transações onde, pelo menos, uma das duas partes é um centro de lucro”. 30 A utilidade da adoção de preços de transferência é variada: segundo Eccles (1983) pode ajudar a determinar o grau de competitividade nos relacionamentos entre os centros de resultado; segundo Kaplan e Atkinson (1989, pp. 595-597) pode orientar a decisão dos administradores dos centros de lucro em relação à quantidade de bens transacionados, a divisão de controle através do conflito de interesses entre fornecedores internos e clientes internos, e como subsídio à alta administração para avaliação de resultados das unidades de negócio descentralizadas. Ornstein (1983, pp. 6-13) identifica três grupos básicos de procedimentos de preços de transferência: os com base em preços de mercado, os com base em custos e os negociados. Os preços com base no mercado podem ser: preço ajustado de mercado que corresponde ao preço de mercado deduzido de custos inerentes a vendas externas, tais como impostos sobre vendas e despesas de comercialização; preço real de mercado, correspondente ao preço a que o mercado opera normalmente; e preço final de mercado, dado pela soma dos custos variáveis do fornecedor, acrescido de uma parcela que é a margem de contribuição do produto quando vendido ao mercado. Os preços baseados no custo são formados considerando os custos de produção mais uma margem, podendo ser incluídas considerações sobre ociosidade. Os preços negociados são resultado da negociação entre fornecedores e clientes internos. 31 2.5. O segmento de E&P da indústria do petróleo e gás natural 2.5.1 Características do segmento de E&P – contexto internacional As atividades do segmento de E&P da indústria de petróleo e gás têm algumas características muito específicas. Segundo o OIAC (2001, p. 13), algumas dessas características são: os riscos de exploração são altos no segmento, e com freqüência há uma baixa probabilidade de se descobrir reservas comercialmente viáveis para desenvolvimento (ou simplesmente chamadas reservas comerciais) em qualquer área, tomada individualmente; o tempo decorrido entre a exploração inicial, a avaliação se reservas comerciais existem e a preparação de tais reservas, se existirem, para produção, pode ser de vários anos, particularmente em áreas offshore (no mar); não há, necessariamente, qualquer correlação entre os gastos de exploração e desenvolvimento incorridos, e o valor das reservas de petróleo e gás descobertas como resultado dessas atividades, e normalmente o volume de gastos é de uma ordem de grandeza incomumente elevada2; O valor econômico principal da atividade está nas reservas de petróleo e gás natural, que por sua natureza não são registradas contabilmente como ativos das empresas. 2 A publicação RIGZONE, na Internet, traz informações com quantidades de reservas descobertas e valores investidos em desenvolvimento. Para o Campo de Marlim, por exemplo, na Bacia Marítima de Campos, os investimentos teriam sido de cerca de 600 milhões de dólares, e as reservas recuperáveis foram estimadas em 1,7 bilhões de barris de petróleo (simulando o valor da reserva ao preço médio de 60 dólares do barril de petróleo em julho de 2005, o valor das reservas seriam de aproximadamente 102 bilhões de dólares). O custo de poços exploratórios, que podem não resultar na descoberta de reserva alguma, chega a uma média de 12 milhões de dólares. Disponível em: http://www.rigzone.com/data/projects/project_detail.asp?project_id=37. Acesso em: 15 jul. 2005. 32 Estes e outros fatores historicamente, no contexto internacional, resultaram em: 1) com o objetivo de divisão dos riscos e custos envolvidos, uma prática constante nas atividades de upstream é a combinação de capital de empresas petrolíferas concorrentes em várias formas de associação ou joint ventures para aquisição, exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás (JOHNSTON, 1994, pp. 102-107); 2) uma vez que as companhias buscavam alcançar uma estrutura de controles e apresentação contábeis adequados e consistentes com as características das atividades, desenvolveu-se uma variada gama de práticas de contabilidade, financeira ou gerencial. A legislação dos países onde há produção de hidrocarbonetos normalmente estabelece que a propriedade dos direitos minerais é do Estado, o qual outorga concessões ou licenças governamentais para exploração e produção de petróleo e gás a empresas, e estas arcam com todos os custos até a produção e destinação final do óleo cru e do gás, e auferem a receita de sua venda (idem, p.3). Cada associação ou joint venture pode revestir-se de variadas formas jurídicas: novas empresas controladas em conjunto, novas empresas com vários sócios sendo um deles o controlador, ou consórcios, que não constituem novas entidades jurídicas, sendo apenas uma união de empresas que celebram um contrato de consórcio (no ambiente internacional chamado de contrato de operação conjunta - joint operation agreement - JOA), para as atividades em determinada área de concessão. Uma das empresas, normalmente a que detém maior participação na associação, é escolhida como operadora. A operadora será a responsável por conduzir as operações do consórcio, tanto para atender aos requerimentos do órgão governamental que 33 concedeu a licença ou concessão, quanto para realizar os objetivos econômicos do consórcio (WILKINSON, 1997, p. 40). 2.5.2 O segmento de E&P no Brasil 2.5.2.1 Regulação e impactos econômicos da abertura do mercado Em 06 de agosto de 1997 foi aprovada pelo congresso nacional a Lei 9.478, que ficou conhecida como a Lei do Petróleo, e com ela iniciou-se uma nova etapa na indústria nacional de petróleo e gás natural. Até então, todas as atividades ligadas à exploração e produção de hidrocarbonetos eram monopólio da União, exercido através da estatal Petróleo Brasileiro SA. – Petrobras. A Lei do Petróleo, entre outras disposições, criou a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e estabeleceu que esta seria responsável pela regulação das atividades econômicas pertinentes à indústria. A Petrobrás teve ratificados seus direitos sobre os blocos em exploração e áreas em desenvolvimento em que já houvesse realizado investimentos, bem como sobre as áreas em produção no início da vigência da Lei do Petróleo. Em 6 de agosto de 1998, foram assinados 397 Contratos de Concessão entre a ANP e a Petrobras. Todas as demais áreas em bacias sedimentares brasileiras passaram, então, a ser objeto de análise para a seleção de blocos exploratórios a serem oferecidos em licitações (ANP)3. 78 grupos econômicos habilitaram-se junto à ANP para participação nas rodadas de licitações. A arrecadação em Bônus de Assinatura nessas 5 rodadas foi de 3 Agência Nacional do Petróleo. Disponível em: http://www.brasil-rounds.gov.br/geral/historico_das_rodadas.asp. Acesso em: 15 jul. 2004. 34 mais de R$1,5 bilhão. Após o pagamento do Bônus e o cumprimento de uma série de formalidades, as empresas vencedoras assinam Contratos de Concessão, que dividemse em 2 fases: Exploração e Produção. A Exploração tem duração variável de 2 a 8 anos, dependendo da localização do bloco. Os concessionários assumem total responsabilidade sobre os investimentos e os riscos durante a fase de exploração. Se houver descoberta comercial, as empresas iniciam a Fase de Produção, devendo realizar os investimentos que forem necessários para o desenvolvimento dos campos descobertos, e o respectivo Contrato de Concessão se estende por 27 anos4. A tabela a seguir traz algumas informações sobre as 5 rodadas de licitação já realizadas: PANORAMA GERAL DAS RODADAS LICITATÓRIAS - 1998 a 2003 Número de Blocos Oferecidos Concedidos 1ª Rodada 1999 27 12 2ª Rodada 2000 23 21 3ª Rodada 2001 53 34 4ª Rodada 2002 54 21 5ª Rodada 2003 * 908 101 * Maior número devido à redução no tamanho médio dos blocos e às mudanças na metodologia da licitação Número de empresas participantes 1ª 2ª 3ª 4ª Rodada Rodada Rodada Rodada 1999 2000 2001 2002 Manifestação de Interesse Pagamento da taxa de participação Empresas habilitadas Empresas que apresentaram ofertas Empresas vencedoras 5ª Rodada 2003 58 49 46 35 18 42 38 48 42 44 42 32 29 14 11 14 11 27 16 26 22 17 14 6 6 Quadro 2. Panorama geral das rodadas licitatórias Fonte: ANP5 4 Agência Nacional do Petróleo. Opening of the Brazilian E&P Sector: A Success Story, 1998-2003. Disponível em: http://www.anp.gov.br/doc/conheca/CAT_E_P.pdf. Acesso em: 15 jul. 2004. 5 Idem. 35 Reconhecidamente, a indústria do petróleo e gás natural tem grandes efeitos em toda a cadeia produtiva, em função do elevado nível dos investimentos gerados pelas atividades de exploração e produção. Canelas e Alveal (2004, p. 6), analisando os impactos econômicos de tais investimentos no Brasil, afirmam que são atributos do setor petróleo: “i) alto dinamismo tecnológico e capacidade de encadeamento sobre outros setores e, por conseguinte, geração de renda e emprego; ii) produção orientada ao suprimento da demanda interna e não a exportações, contribuindo para a futura auto-suficiência do país no consumo dos bens de maior peso na pauta brasileira de importações (petróleo e derivados); iii) característica infraestrutural, cujos produtos (derivados de petróleo) são insumos fundamentais para o funcionamento e a expansão da economia, insubstituíveis em uma matriz produtiva no curto e no médio prazo, e de grande impacto nos índices de preços de uma economia; e iv) substantiva "independência" das flutuações do ritmo de crescimento da economia.” Canelas e Alveal (idem, p. 5) mostram o inegável peso da indústria no país em uma tabela comparando o PIB brasileiro com o produto do setor Petróleo e com o produto do segmento de E&P, reproduzida a seguir: Ano 1997 1998 1999 2000 2001 PIB (Preços Básicos) US$ Petróleo/PIB bilhões Brasil (%) 724,00 2,74 707,40 3,06 474,03 4,27 528,95 5,32 447,50 5,94 PIB Setor Petróleo US$ E&P/PIB bilhões Petróleo (%) 19,85 18,34 21,61 8,58 20,22 24,53 28,16 40,38 26,57 39,59 PIB Segmento E&P US$ E&P/PIB bilhões Brasil (%) 3,62 0,50 1,90 0,26 4,96 1,05 11,37 2,15 10,52 2,35 Quadro 3. Brasil: PIB, Produto do setor petróleo e produto do segmento E&P Fonte: Canelas, A. e Alveal, C. Investimentos em Exploração e Produção de Petróleo no Brasil após a Abertura: Impactos Econômicos. 36 Observa-se que o crescimento sustentado da produção de petróleo e dos investimentos em E&P no país tem resultado em um contínuo aumento do peso do segmento no produto do setor petróleo e no PIB brasileiro nos anos após a abertura do mercado. 2.5.2.2 As empresas com atividades em E&P no Brasil Como resultado da abertura do mercado, em julho de 2004 atuavam no país 38 concessionárias de exploração e produção de petróleo e gás natural, provenientes de 15 países. A lista de concessionários inclui 10 empresas de capital nacional6. Veja a lista dos concessionários atuando no país no Apêndice 1. Constituição jurídica vs. Descentralização administrativa Já se discutiu nesse trabalho que é prática constante nas atividades de Upstream a combinação de capital de empresas petrolíferas concorrentes em várias formas de joint ventures, com o objetivo de divisão dos riscos e custos envolvidos. A ANP estabelece, nos contratos de concessão assinados, que só podem participar de licitações de áreas, isoladamente ou por meio de consórcios, empresas que estejam estabelecidas no Brasil em conformidade com a legislação brasileira. A constituição e a operação de consórcios no Brasil deve obedecer aos preceitos estabelecidos na Lei 6.404/1976 (posteriormente modificada pelo Decreto-lei nº 2.287/1986 e pelas Leis nº 7.730/1989, 8.021/1990, 9.249/1995, 9.457/1997, 6 Agência Nacional do Petróleo. Histórico das Rodadas. Disponível em: http://www.brasilrounds.gov.br/geral/historico_das_rodadas.asp. Acesso em: 15 jul. 2004.. 37 10.194/2001, e 10.303/2001)7, que em seus artigos 278 e 279, entre outras determinações, define que: 1) este tipo de associação não se reveste da forma de uma nova entidade jurídica, sendo apenas um contrato entre as partes associadas; 2) o contrato de consórcio deve estabelecer a forma como os consorciados devem tratar dos interesses comuns e de cada sócio, como direitos e obrigações individuais e coletivos, normas de administração e contabilização, entre outros assuntos pertinentes. Pode-se dizer que tais características fazem do contrato de consórcio o paralelo nacional do que é internacionalmente conhecido como contrato de operação conjunta, ou JOA, mencionado neste estudo no item 2.5.1. Cabe aqui observar que, embora ambos tenham, em tese, os mesmos atributos, boa parte das empresas com atividades de E&P no Brasil acabam firmando um contrato de consórcio unicamente com o fim de obedecer aos termos dos contratos de concessão, mas adicionalmente firmam também um JOA, com todas as peculiaridades, detalhes e padronização normalmente já utilizados pela empresa internacionalmente. Em função da diversidade de empresas atuantes no país, vindas de países os mais diversos, e usando estratégias de atuação distintas, pode-se observar uma variedade de formas de constituição jurídica definidas por tais empresas para se estabelecerem no Brasil (DELOITTE, 2004, pp. 2-5). Algumas companhias criam empresas diferentes, juridicamente distintas, para cada um dos blocos onde detenham participação. Outras companhias estabelecem uma sociedade (entidade jurídica 7 A íntegra da Lei das SA, com as modificações introduzidas pelos atos legais citados encontra-se disponível em: http://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol.htm. Acesso em: 21 Jul. 2004. 38 independente) para centralizar as atividades de upstream no Brasil, e outras sociedades para administrar negócios em outros segmentos da indústria do petróleo. Outras ainda simplesmente aproveitam a estrutura administrativa já existente no país, e acrescentam uma unidade organizacional adicional, responsável pelo segmento de E&P. Ressalte-se que a estruturação jurídica não necessariamente está relacionada à estrutura administrativa da empresa. Isso porque mesmo no caso de haver, por exemplo, uma empresa criada para centralizar as operações de cada bloco, a estrutura administrativa é quase sempre compartilhada. As empresas no Brasil A principal empresa participante da indústria do Petróleo nacional é a Petrobras. É uma empresa integrada8, com atividades em todas as etapas da cadeia da indústria. A empresa foi criada em 1954, e durante muitos anos exerceu o monopólio sobre as atividades relacionadas ao setor de petróleo em nome da União, até a abertura do mercado em 1997, com a Lei do Petróleo. É uma sociedade por ações, de capital aberto, da qual a União é o acionista controlador. A empresa detém a maior quantidade de blocos em exploração do Brasil e é responsável por quase 100% da produção de petróleo em território nacional. A seguir estão listados alguns dados divulgados pela empresa, referentes a 20039: 8 No jargão da indústria, a expressão companhia integrada, ou verticalizada, se refere à empresa que atua em diversos segmentos, como E&P, refino e distribuição, e é usada em contraposição às chamadas companhias independentes, que são as que atuam somente nas atividades de upstream. 9 Petrobras. Informativo Petrobrás em Números. Disponível em: http://www2.petrobras.com.br/portal/Petrobras.htm. Acesso em: 24 jul. 2004. 39 "!#%$'&()+*-,). /+01243568749): ;<4=> ?;@AB!)#8$C&D(D)*E, /)0F1)2HG=76I735 =JKLMNODJP;LQ "!#C$8&(+)*E,). /)0>12RGSD6T9)SD5 =U>V4;-+XWY;Z:5\[ ]^4_`=[_acbdae'fhgeh`=ikj=]RlnmDmpoq`ehr sut oO`=[v PDKwGG 68xzy4tT{ |4}4a4[L_4azyd`?eeut [>_aF~D{ a4]caq?[a?Dgt 4`{ a^dsnaplyd]?av V+;>W;V;X ;>G?5 TS:=9HlhS:Szoq`?ehr st oq][kv V= 4;NEXXV;-W)YX;3SlhxScft 4`[:cfn{ g4sng`^=sha4[kv V;XW)YX;Z> G=687PGFoOt { |4j4]py=`eneAt [bd]eM_t `ly?bd_Dv_aF~{ a=]Oac=M6)ap5:pot { |4}a=[L_aoO:\_?a?4[-^4`=sgeh`?{ +4J G x V+;>;5+ TD7=9cMst ]4[-lhxPG4mpb4eh~b?et ]?[v Algumas outras empresas já estavam instaladas no Brasil anteriormente, exercendo atividades dentro do segmento de downstream (como refino e distribuição), e com a abertura passaram a investir também em atividades de E&P, por meio de parcerias com a Petrobras e entre si, e também através da participação nos processos de licitação de áreas de exploração. Podemos citar como exemplo a Shell, a Esso, a Ipiranga, a Texaco, entre outras. Ingressaram no Brasil outras empresas, sendo que algumas tinham atuação integrada, e outras atuavam de forma independente em outros países. Essas empresas não tinham atividades no Brasil e vieram após a abertura do setor, também atuando em parcerias com a Petrobrás e entre si, ou disputando áreas de exploração nos processos de licitação. Exemplos incluem a Unocal, a Phillips Petroleum, a Statoil, a Wintershal e a Kerr-McGee. Algumas empresas nacionais, prestadoras de serviços de engenharia de petróleo, perfuração ou afins, como a Petroserv e a Queiroz Galvão Perfurações, também começaram a investir em atividades de exploração. Outras, como a Starfish e a 40 Petrorecôncavo, foram criadas especificamente para esse fim, e começaram a atuar como companhias independentes. 2.6. Custos em E&P – contexto internacional 2.6.1 Métodos contábeis do segmento de E&P Para fins de contabilidade financeira, existem no ambiente internacional normas emitidas por órgãos reguladores contábeis, regendo especificamente o tratamento dos custos das atividades de E&P10. A SEC (1975), em sua Regulation S-X, rule 4-10 (1), para estabelecimento das regras contábeis para a indústria, delimita as atividades de produção de óleo e gás como sendo: 1. A busca por óleo cru, incluindo condensado e líquido de gás natural, ou gás natural (“petróleo e gás”), em seu estado natural e na sua locação original; 2. A aquisição de direitos ou propriedades para futura exploração e/ou produção do óleo ou gás proveniente de reservatórios existentes nestas propriedades; 3. As atividades de construção, perfuração e produção necessárias para recuperação de óleo e gás destes reservatórios, e a aquisição, construção, instalação e manutenção de sistemas de acúmulo e estocagem no campo incluindo elevação de petróleo e gás à superfície e, acúmulo, tratamento, processamento inicial e estocagem no campo. 10 Financial Accounting and Reporting by Oil and Gas Producing Companies. Statement of Financial Accounting Standards No. 19. (Norwalk, Connecticut.: FASB - Financial Accounting Standards Board, 1977); Statement of Recommended Practice: Accounting for Oil and Gas Exploration, Development, Production and Decommissioning Activities. OIAC - Oil Industry Accounting Committee. 2001; SEC – Securities and Exchange Commission. Regulation S-X 4-10. USA, 1975. 41 Gallun, Stevenson e Nichols (1993, p. 31) afirmam que o que há de mais característico nos métodos contábeis de petróleo e gás relaciona-se principalmente com a abordagem para contabilização dos custos incorridos pelas companhias nas atividades descritas acima. Para registrar tais custos, as empresas seguem um destes dois métodos de contabilidade: o método dos esforços bem sucedidos (Successful efforts accounting) e o método do custo total (Full cost accounting). Esforços bem sucedidos Segundo Jennings, Feiten e Brock (2000, p. 71), o método dos esforços bem sucedidos determina que os custos de desenvolvimento de todos os poços de produção e dos poços exploratórios bem sucedidos, vinculados a reservas economicamente viáveis, sejam capitalizados (mantidos como ativos da empresa). Os custos com poços secos e os vinculados a reservas não comerciais devem ser registrados na conta de resultados do exercício assim que avaliados quanto à não descoberta de reservas. Os custos de geologia e geofísica também devem ser considerados despesas do período em que forem incorridos. O raciocínio subjacente é: se o custo incorrido não está relacionado à descoberta de reservas, não se deve capitalizá-lo, pois este não irá proporcionar benefícios futuros (ou seja, produção e receita). Os custos que forem capitalizados serão amortizados no decorrer da exaustão das reservas a que estiverem relacionados, para fins de confrontação com a receita advinda da produção de tais reservas. 42 Custo Total Segundo Gallun, Stevenson e Nichols (1993, p. 209), o método do custo total representa uma linha de raciocínio segundo a qual todos os custos incorridos nas atividades de aquisição e exploração fazem parte do risco global do negócio, e são inevitáveis nesse segmento (somente 1 em cada 10 poços perfurados encontram reservas). Concordando com este raciocínio, todos os gastos, sejam eles bem ou mal sucedidos, devem ser capitalizados, considerados como parte do investimento global para a descoberta de reservas. Os custos são amortizados ao longo da produção de todas as reservas da empresa, para fins de confrontação com as receitas geradas. As diferenças entre os dois métodos brevemente descritos refletem as percepções diferentes que podem as companhias ter das suas atividades de exploração, em particular a visão de que as atividades de exploração deveriam ser tomadas como esforços separados para localizar reservas comerciais – premissa para adoção do método de esforços bem-sucedidos – ou como parte de um esforço global em uma grande área – premissa para o método do custo total (OIAC, 2001, par. 38). Nos Estados Unidos, na Inglaterra e no Canadá, países onde se concentram algumas das maiores empresas do mundo no setor, ambos os métodos de contabilidade são considerados aceitáveis de acordo com as normas vigentes naqueles países, e as companhias adotam aquele que consideram ser mais adequado às suas operações. Em outros países, como a Nova Zelândia, o método utilizado é o de esforços bem-sucedidos, com algumas modificações exigidas pela legislação contábil local. Em outros ainda, como a Austrália, o método utilizado para contabilização de custos no segmento de Upstream é o da Área de Interesse, uma espécie de Custo 43 Total com algumas flexibilizações para a abrangência do grupo de custos (ARTHUR ANDERSEN, 2001, pp. 184-185). 2.6.2 Contabilidade de joint ventures O SORP (OIAC, 2001, pp. 29-30, par. 140-147), que é a norma contábil vigente para a indústria na Inglaterra, estabelece que nas atividades de cada consórcio (joint venture), cada participante deve contabilizar somente sua respectiva parcela proporcional de participação em todos os custos, receitas, ativos e passivos da joint venture. Esta prática é chamada consolidação proporcional das demonstrações contábeis. Outros órgãos contábeis internacionais estabelecem a mesma orientação, como o americano FASB (1989) e o canadense CICA (2002). 2.6.3 Custos indiretos - o JOA como fonte de orientação para a alocação De uma forma geral, as regras descritas acima não estabelecem como deve ser feita a alocação de custos indiretos, apenas orientam quanto à necessidade de existência de um critério razoável. O FASB (1977, p. 44) não chega a estabelecer especificamente o tratamento a ser dispensado aos custos indiretos, apenas deixa implícito que podem ser alocados. O SORP (OIAC, op. cit., p. 14, 16 e 39) é mais explícito quanto à possibilidade de alocação: os custos indiretos devem ser alocados, se houver algum critério razoável para tal alocação, mas não explicita quais poderiam ser considerados como critérios razoáveis. O IASB – International Accounting Standards Board – ainda não emitiu normas especificamente aplicáveis à indústria do petróleo, mas o trabalho está em andamento: por enquanto, tal norma está em fase de discussão final com a indústria, sob a forma de Minuta de Exposição (Exposure Draft). 44 No entanto o único ponto da minuta que versa sobre alocação de custos indiretos restringe-se aos custos indiretos incorridos durante as fases de exploração e avaliação, estabelecendo que estes não devem ser capitalizados e alocados11. Com isso presumese, ao menos, que os custos indiretos incorridos durante as fases de desenvolvimento e produção poderão ser alocados, para fins de contabilidade financeira, de acordo com a norma a ser emitida pelo IASB. No contexto da contabilidade gerencial, as consorciadas incluem no JOA normas para alocação de custos indiretos incorridos pela operadora, em conjunto com a normatização dos procedimentos contábeis a serem seguidos para fins de controle gerencial pela operadora e para fins de prestação de contas da operadora às demais empresas associadas12. Esses procedimentos incluem a obrigação da operadora de enviar periodicamente às parceiras relatórios demonstrativos dos gastos incorridos nas atividades objeto do consórcio e estabelecem diretrizes para a alocação dos custos indiretos da operadora ao consórcio por ela administrado. Tais demonstrativos são utilizados por cada associada para contabilizar sua parcela de participação nas atividades do consórcio. 11 IASB - International Accounting Standards Board. Exploration for and Evaluation of Mineral Resources. Exposure Draft ED6. Disponível em: http://www.iasb.org/current/ed.asp. Acesso em 15 jul. 2004. 12 Para exemplos de normas usualmente estabelecidas no JOA, ver: Standard Oil Accounting Procedures - UKOOA Proforma Accounting Procedure, p. 5. Disponível em: http://www.oilandgas.org.uk/templates/documents/4026.doc . Acesso em: 20 mai. 2004. 45 2.6.4 Agências reguladoras governamentais Uma série de exigências das agências de regulação das atividades de E&P também impactam as práticas de controle gerencial na indústria. Comumente, a produção de petróleo e gás tem um regime de tributação especial, com carga de impostos diferenciada das demais atividades econômicas. Exemplos dos impostos especiais para a indústria incluem o Special Petroleum Tax (Imposto Especial sobre o Petróleo) da Noruega, o Petroleum Revenue Tax (Imposto sobre a Receita de Petróleo) do Reino Unido 13 e a Participação Especial, vigente no Brasil (BASTOS e BARBOSA, 2000, pp. 38-39). Para cálculo desses impostos, as agências reguladoras estabelecem uma série de procedimentos, incluindo a apresentação de demonstrativos contábeis segregados por área em exploração, desenvolvimento e produção, e determinam a forma que deve tomar a contabilização dos custos, inclusive no tocante à alocação de custos indiretos. 2.7. Custos em E&P no Brasil No Brasil, a contabilidade financeira não tem normas contábeis específicas para reger as atividades de E&P. No contexto da contabilidade gerencial também não há, assim como no ambiente internacional, uma normatização sobre como deve ser efetuada a alocação de custos indiretos para a indústria de petróleo no país. Da mesma forma como ocorre em outros países, conforme descrito no tópico 2.6.3, o contrato de consórcio estabelece as normas para a operadora reportar os resultados da concessão aos demais consorciados. Segundo Pedreira (apud DIAS, 13 Abolido em 1994, válido ainda apenas para licenças concedidas antes de 1994. 46 1998, p. 49), “a escrituração do consórcio deve registrar essas despesas e bens segundo as normas legais e contábeis aplicáveis, e os saldos das contas da sua escrituração serão reproduzidos nas ... (consorciadas) ..., nas suas porcentagens de participação”. O contrato de consórcio / JOA também rege as práticas de alocação de custos indiretos da operadora ao bloco / campo. Para fins gerenciais, as empresas utilizam metodologias diversas para alocação, e pode ser que em alguns casos a empresa não efetue a alocação de todos os seus custos indiretos (FERREIRA, 1997, p. 79). Observando as demonstrações contábeis publicadas da empresa de E&P brasileira Starfish (2004), verifica-se que esta faz a alocação de custos indiretos para os centros de custos referentes às áreas de concessão com base na proporção de investimentos em cada área. Observando as demonstrações contábeis publicadas da Petrobras, que é a principal empresa atuando na indústria do petróleo brasileira, pode-se observar que a companhia apresenta informações de desempenho por segmentos de negócio, e evidencia haver adotado uma estratégia de descentralização em sua administração14. Os relatórios anuais de outras empresas atuantes na indústria nacional de petróleo também mostram informações de desempenho segmentadas por negócio, a exemplo da Shell15 e da ChevronTexaco16, mostrando que também possuem estruturas descentralizadas de administração. Todas as empresas precisam apresentar relatórios financeiros à ANP, conforme a portaria ANP Nº 180, de 5 de junho de 2003. A agência reguladora utiliza 14 Disponível em: http://www2.petrobras.com.br/ri/port/ConhecaPetrobras/RelatorioAnual/pdf/Petrobras_DF04_port.pdf. Acesso: 10 jun. 2005. 15 Disponível em: http://www.shell.com/html/investoren/reports2004/ims/pdf_xls/pdf/rd/section3_opfinancialreview.pdf. Acesso: 10 jun. 2005. 16 Disponível em: http://www.chevron.com/investor/annual/2004/pdfs/cvx_annual_2004.pdf. Acesso: 10 jun. 2005. 47 tais informações para apuração de impostos relativos às atividades de upstream. Tanto na fase de exploração, quanto na de desenvolvimento e produção, é permitida a alocação de custos administrativos indiretos ao campo. O texto da portaria lista os tipos de custos que podem ser deduzidos do resultado do campo/bloco: “[...]XII Administração: Acumula os gastos administrativos e de apoio às atividades de desenvolvimento do campo. XII.1 Custos Administrativos Diretos: Registra os gastos de apoio administrativo alocado nas atividades acima relacionadas à área de desenvolvimento. XII.2iCustos_Administrativos_Indiretos: Registra os gastos de apoio administrativo e técnico (e.g. planejamento, tesouraria, gerenciamento, etc.) imputados às atividades acima relacionadas à área de desenvolvimento de forma indireta, através de algum critério de rateio, admitido o uso do preço de transferência. [...].” O trecho transcrito acima se refere aos gastos durante a fase de desenvolvimento, mas as mesmas definições são usadas para as fases de exploração e de produção. 48 3. METODOLOGIA 3.1 Tipo de pesquisa O presente estudo constitui, predominantemente, o que Vergara (1997, pp. 44-46) conceitua como pesquisa de campo, combinada com uma abordagem que poderia ser classificada como do tipo exploratória ou descritiva (DENZIN e LINCOLN, 2001 apud NETO et al, 2004, p. 7). Este tipo de pesquisa se propõe a investigar e descrever as características de determinado objeto de estudo conforme ele existe no mundo. 3.2 Universo e amostra As principais empresas envolvidas nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás no Brasil estão listadas no Apêndice 1, que mostra todas as empresas operadoras de blocos de concessão no país, incluindo até a 5ª Rodada de Licitação de Blocos realizada pela ANP, totalizando 37 empresas. Foi priorizada a coleta de informações das empresas mais representativas da indústria, com maior número de participações em áreas de concessão, de forma a possibilitar a análise com uma cobertura abrangente do setor no país. Essa priorização não provocou a exclusão da pesquisa de concessionárias com poucos blocos. 20 empresas foram contatadas, e destas, 9 responderam à pesquisa. As empresas respondentes, em conjunto, eram operadoras em 78% do total de áreas de exploração sob concessão no período da pesquisa, eram participantes não operadoras 49 em várias outras áreas, e respondiam por mais de 90% da produção de petróleo, gás natural e condensado no país. 3.3 Coleta de dados A coleta de dados, embora baseada em um questionário, foi realizada por meio de entrevistas com executivos da área financeira das empresas pesquisadas. Essa estratégia foi adotada deliberadamente, para garantir a obtenção das respostas, em prazo adequado, e elucidar dúvidas interpretativas sobre as questões, que por natureza são complexas e algumas poderiam admitir mais de uma resposta. A presença física do pesquisador traria agilidade à obtenção dos dados, e possibilitaria o registro de informações adicionais mencionadas durante a entrevista, não incluídas no questionário, que pudessem vir a ser utilizadas na pesquisa. 3.4 Instrumento de coleta de dados Como instrumento de coleta de dados, este estudo se utilizou de um questionário construído com base em elementos e questões relevantes identificadas na pesquisa bibliográfica e na análise da indústria. A íntegra do questionário utilizado pode ser visualizada no Apêndice 3. O questionário foi dividido em 3 partes, quais sejam: 1) Estrutura Organizacional; 2) Relatórios Financeiros e Gerenciais Produzidos; e 3) Custos Indiretos e Alocação. 50 3.4.1 Estrutura Organizacional Esta seção do questionário visava identificar o grau de descentralização das empresas pesquisadas. Uma vez que a estrutura organizacional e a descentralização influenciam diretamente a forma como os instrumentos de controle gerencial são desenhados e implementados, o questionário foi preparado de forma a iniciar a entrevista com esta questão fundamental. Perguntou-se como eram estruturadas gerencialmente as atividades de E&P da empresa no Brasil, e na pergunta foi utilizada a expressão Unidades de Negócios (UN). A expressão foi usada apenas para fins de simplificação, pois o objetivo era mapear a descentralização administrativa conforme a realidade de cada empresa. A seguinte definição foi adotada, para o fim de eliminar outras interpretações: “Unidade de Negócio = unidade organizacional relativamente independente. Pode ser chamada por outros termos, tais como Centro de Responsabilidade, Centro de Lucro, divisão, business unit, business division, etc.” Perguntou-se também o número de UNs em que se dividia a empresa, o nível de abrangência de cada UN e quais seriam os critérios para a divisão. 3.4.2 Relatórios Financeiros e Gerenciais Produzidos Esta seção do questionário complementa a anterior, no sentido de mapear os instrumentos de controle gerencial sobre as UNs. Foi feita uma pergunta sobre os tipos ou níveis de abrangência de relatórios financeiros que são preparados pelas empresas, para uso gerencial ou para fins de controle da ANP. A razoabilidade para essa pergunta é que, se existe descentralização, existe alguma forma de controle gerencial para fins 51 de avaliação de desempenho, instrumentalizado sob a forma de um relatório de resultados, custos ou gastos para cada UN. O questionário perguntou objetivamente se a empresa preparava os seguintes relatórios: 1.Relatório do segmento de E&P 2.Relatório por subunidades de negócio dentro do E&P 3.Relatórios por blocos de concessão para prestação de contas recebidos dos ou enviados para as empresas consorciadas 4.Relatórios por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins gerenciais 5.Relatórios por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para envio à ANP Nesta seção também foi perguntado se a empresa utilizava em sua contabilidade financeira o método contábil dos esforços bem sucedidos ou do custo total. Tal pergunta foi introduzida para investigar se há alguma relação da utilização de tais métodos com as práticas de alocação de custos indiretos, em conexão com a elaboração dos relatórios financeiros da empresa. 3.4.3 Custos indiretos e alocação Após o entendimento básico da estrutura administrativa da empresa e do conjunto de relatórios de avaliação de desempenho das unidades descentralizadas preparados no âmbito das atividades de E&P, o questionário ingressou na etapa de investigação do tratamento dos custos indiretos propriamente ditos, que são o foco da pesquisa. Para esclarecer junto aos entrevistados o sentido dos termos utilizados, o 52 questionário apresentou um quadro com as seguintes definições de Custo Indireto e de Custo Direto: A expressão CUSTOS INDIRETOS refere-se aos custos incorridos para o benefício de dois ou mais componentes (seja unidade de negócio, divisão, departamento, etc) de uma organização de tal maneira que seja difícil associar parcelas específicas desses custos exclusivamente a determinados componentes individuais. O termo é usado em contraposição a CUSTOS DIRETOS, que são inteira e exclusivamente identificados com um componente específico da empresa. Volume de custos indiretos incorridos A primeira pergunta desta seção foi sobre o volume de custos indiretos incorridos pela empresa. Acontece que os custos indiretos assim o são considerados sempre em relação ao objeto de custo, conforme apresentado nas seções 2.1 e 2.3 deste estudo. Durante a entrevista, a ênfase da pergunta foi no somatório do montante de custos indiretos incorridos no nível corporativo que eram alocados à Unidade de Negócio do segmento de E&P, com os custos indiretos incorridos dentro do próprio segmento de E&P. Políticas de alocação Em seguida, o questionário perguntou se a empresa efetua a alocação dos custos indiretos às UNs, que critérios norteiam a alocação de custos indiretos na empresa e com que freqüência as políticas de alocação são revisadas. Os critérios sugeridos como respostas pelo questionário foram aqueles encontrados na literatura, descritos na seção 2.2.3 deste estudo. 53 Tratamento dado a cada categoria de custos Para entender melhor a natureza dos custos indiretos incorridos na indústria, as empresas pesquisadas foram solicitadas a indicar, entre 12 categorias de custos, normalmente encontradas na administração de empresas diversas, quais correspondiam a custos diretos (1), quais eram incluídos em um grupo de despesas gerais e administrativas - DG&A (2), quais eram considerados custos indiretos (3), quais correspondiam parte a custos diretos, parte a custos indiretos (4). Foram usadas como base, com algumas adaptações, as categorias de custos e despesas pesquisadas por Fremgen e Liao (1981), listadas a seguir: Despesas gerais e administrativas Pesquisa e desenvolvimento Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Informática /PD Comercial e Marketing Jurídico Engenharia e produção Compras Juros sobre empréstimos Para entender o grau em que os custos indiretos incorridos são efetivamente alocados, as empresas pesquisadas foram solicitadas a indicar, das 12 categorias de custos apontadas como custos indiretos na seção anterior, quanto é alocado para fins de elaboração de cada um dos relatórios mencionados na seção 3.4.2 desta metodologia. As empresas foram solicitadas a informar se alocavam 100% dos custos 54 indiretos, parte dos custos indiretos ou se nenhum custo indireto era alocado, para cada uma das categorias de custos. Se o custo era agregado ao grupo de Despesas Gerais e Administrativas, somente seria coletada a resposta para o tratamento desse grupo. Quanto aos custos considerados Parte Diretos e Parte Indiretos, foram solicitadas respostas a esta pergunta apenas no que diz respeito à parcela de custos indiretos. Por último, foi perguntado que métodos ou bases eram utilizados para a alocação de cada categoria de custos indiretos identificados nas perguntas anteriores. 3.5 Tratamento dos dados As informações obtidas com as entrevistas foram tratadas qualitativamente. As respostas foram analisadas individualmente por empresa, e, ao final do trabalho, todas as empresas em conjunto. As empresas não autorizaram a vinculação de seus nomes com as respostas fornecidas. Com isso, embora os nomes das empresas estejam sendo divulgados como participantes da pesquisa, estaremos tratando as empresas como Empresa A, Empresa B, Empresa C, etc. 3.6 Limitações metodológicas O método escolhido para a pesquisa apresenta como maior fragilidade o pequeno volume de dados disponível. Como a abertura do mercado de E&P no Brasil ocorreu muito recentemente, o número de empresas envolvidas nas atividades desse segmento ainda é relativamente pequeno, e existe uma forte concentração no setor, 55 com a Petrobrás detendo quase a totalidade da produção de petróleo e gás natural no país. 56 4. INFORMAÇÕES OBTIDAS JUNTO ÀS EMPRESAS E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 Introdução Neste capítulo estão apresentados os resultados da pesquisa realizada junto às empresas que atuam em atividades do Upstream no Brasil, e uma análise dos dados obtidos. As entrevistas foram realizadas baseadas em um questionário semiestruturado. No entanto, outras informações não limitadas às diretamente solicitadas no questionário foram obtidas junto aos respondentes, e estão apresentadas ao longo do capítulo sempre que consideradas relevantes ou enriquecedoras à análise. Como respondentes da pesquisa participaram um total de nove empresas. Destas, sete permitiram a divulgação dos seus nomes, contanto que as respostas não fossem com eles identificadas: Petrobras, ChevronTexaco, Shell, Repsol YPF, Queiroz Galvão Perfurações, Wintershall e BG. Duas empresas responderam às questões, mas preferiram não se identificar. Para manter a confidencialidade solicitada pelas empresas, na análise das respostas estaremos utilizando apenas as designações Empresa A, Empresa B, e assim sucessivamente. Algumas empresas preferiram não responder a algumas das perguntas constantes do questionário, e somando-se a isso o fato de algumas perguntas admitirem mais de uma resposta, o somatório dos respondentes de cada pergunta pode ser maior ou menor que 100% das empresas pesquisadas. Os resultados estão apresentados individualmente por empresa nas seções 4.2 a 4.10 a seguir, e a seção 4.11 apresenta uma breve análise conjunta dos dados. 57 4.2. Empresa A 4.2.1 Resultados obtidos Na Empresa A as atividades de E&P constituem uma UN dentro da empresa e não são subdivididas em unidades menores. O número de UNs na empresa é 8 (oito), divididas por Tipos de Produtos / Serviços (as principais são Upstream, Distribuição de combustíveis, Lubrificantes e Gás Natural). Os controles gerenciais e contábeis da Empresa A fornecem os seguintes tipos de informação de desempenho: 1) Demonstrativo de resultado do segmento de E&P; 2) Relatórios com resultados por blocos de concessão para prestação de contas recebidas dos / enviados para os demais consorciados; 3) Relatórios com resultados por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins gerenciais; 4) Relatórios com gastos por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para envio à ANP. A Empresa A utiliza o método contábil dos Esforços Bem-Sucedidos, e efetua a alocação de custos indiretos na preparação de todos os seus relatórios de desempenho. De acordo com o respondente, os critérios que orientam a alocação são, em ordem de importância: 1º) causas dos custos; 2º) eqüidade ou neutralidade; e 3º) otimização da carga fiscal. As políticas de alocação são revisadas apenas quando ocorrem mudanças significativas nas operações. Os tipos de custos e o tratamento a eles dispensado pela empresa estão demonstrados no Quadro 4. 58 Categoria de custos / despesas Despesas gerais e administrativas (G&A) Pesquisa e desenvolvimento Classificação / tratamento Parte diretos e parte indiretos Grau de alocação17 Bases de Rateio18 Parcial Diversos / apontamento de horas da UN Não aplicável Não aplicável Não aplicável Recursos Humanos Indiretos Parcial Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Parte diretos e parte indiretos Parte diretos e parte indiretos 100% 100% Diversos / apontamento de horas da UN Diversos / apontamento de horas da UN Diversos / apontamento de horas da UN Diversos / apontamento de horas da UN Informática /PD Indiretos 100% Comercial e Marketing Não aplicável Não aplicável Não aplicável Jurídico Indiretos, incluídos em G&A Parcial Diversos / apontamento de horas da UN Engenharia e produção Diretos 100% (atribuídos diretamente) Não aplicável Compras Indiretos 100% Juros sobre empréstimos Indiretos 100% / 0% Diversos / apontamento de horas da UN Diversos / apontamento de horas da UN Quadro 4. Tratamento dado aos custos na Empresa A 4.2.2 Análise das informações da Empresa A A análise das práticas de alocação de custos da empresa aparentemente confirma a afirmação do respondente de que a alocação é orientada por critérios causais: a empresa tenta atribuir os custos aos departamentos e unidades de negócios que causam tais custos. Para isso, a Empresa A atribui os custos por meio de direcionadores que julga associados às causas de cada tipo de custo, a exemplo da alocação do aluguel, feita de acordo com a área ocupada e a da energia elétrica de acordo com o consumo de cada departamento. Também parece ser possível afirmar, nessa análise, que tal alocação ao menos em parte atribui custos aos departamentos que se beneficiam deles, o que confirma ser difícil a distinção entre critérios causais e 17 18 Como o grau de alocação pode diferir entre os demonstrativos, em algumas células constam mais de uma resposta. Idem para as bases de rateio usadas em cada relatório. 59 beneficiais, confirmando também que ambos são com freqüência usados em conjunto. Na etapa final do custeio, para apurar os custos alocados a cada concessão, o direcionador de custos usado predominantemente é o percentual de horas de trabalho dedicadas pelo pessoal da UN de Upstream, apuradas via apontamento de horas. Na estrutura organizacional da Empresa A, a unidade de negócios de E&P, assim como as demais unidades de negócio, recebe custos alocados da administração corporativa e dos diversos departamentos de serviços. Embora não haja uma subdivisão declarada em unidades de negócios menores, são apurados os resultados de cada concessão separadamente, tanto para fins de controle gerencial do desempenho por concessão como para envio de informações aos parceiros consorciados e para a ANP. Os custos dos departamentos internos da UN são classificados como diretos para fins de avaliação do resultado global da UN, mas como indiretos na avaliação dos resultados por concessão, e alocados por apontamento de horas de dedicação dos funcionários. Os custos do departamento Jurídico corporativo são alocados em conjunto com o grupo de G&A. Custos extraordinários não ligados à operação (patrocínios e comemorações, por exemplo) e multas não são alocados. A função de Engenharia e Produção é 100% desempenhada internamente, e apropriada diretamente a cada concessão, com equipes dedicadas. Os custos de Informática são alocados com uma combinação de bases: 1) é cobrada uma “taxa” mensal de serviço com base no número de computadores existente em cada UN; 2) é cobrada uma taxa horária pelos serviços de suporte aos usuários; e 3) o saldo remanescente é alocado de acordo com o apontamento de horas dos funcionários do departamento. 60 Os Juros de financiamentos são alocados com base no volume de investimentos de cada bloco, para fins de avaliação do resultado da UN para o controle gerencial dos blocos, mas não são alocados para prestação de contas aos parceiros ou à ANP. Isso decorre de: 1) nos consórcios em que a empresa participa, os sócios acordam que cada um deve responder pelo seu custo de capital; 2) a ANP não permite a inclusão do custo de capital como parte das despesas atribuíveis aos blocos concedidos. 4.3 Empresa B 4.3.1 Resultados obtidos Na Empresa B as atividades de E&P constituem uma UN dentro da empresa e não são subdivididas em unidades menores. O número de UNs na empresa é 7 (sete), divididas por Tipos de Produtos / Serviços (as principais são Distribuição de Combustíveis, Upstream, Lubrificantes). Os controles gerenciais e contábeis da Empresa B fornecem os seguintes tipos de informação de desempenho: 1) Demonstrativo de resultado do segmento de E&P; 2) Relatórios com resultados por blocos de concessão para prestação de contas recebidas dos / enviados para os demais consorciados; 3) Relatórios com resultados por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins gerenciais; 4) Relatórios com gastos por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para envio à ANP. A Empresa B utiliza o método contábil dos Esforços Bem-Sucedidos, e efetua a alocação de custos indiretos na preparação de todos os seus relatórios de 61 desempenho. Os critérios que orientam a alocação são, em ordem de importância: 1º) benefícios trazidos pelos custos; 2º) razoabilidade para se chegar uma forma de cálculo “justa”. As políticas de alocação são revistas anualmente. O tratamento dispensado pela empresa aos custos estão a seguir: Categoria de custos / despesas Despesas gerais e administrativas (G&A) Pesquisa e desenvolvimento Classificação / tratamento Parte diretos e parte indiretos 19 Grau de alocação Bases de Rateio 20 100% para a UN, Parcial para blocos Negociação / apontamento de horas da equipe técnica Diretos Não aplicável Não aplicável Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A 100% para a UN, Parcial para blocos 100% para a UN, Parcial para blocos 100% para a UN, Parcial para blocos 100% para a UN, Parcial para blocos Negociação / apontamento de horas da equipe técnica Negociação / apontamento de horas da equipe técnica Negociação / apontamento de horas da equipe técnica Negociação / apontamento de horas da equipe técnica Comercial e Marketing Não aplicável Não aplicável Não aplicável Jurídico Indiretos, incluídos em G&A 100% para a UN, Parcial para blocos Negociação / apontamento de horas da equipe técnica Engenharia e produção Diretos 100% Não aplicável Compras Indiretos, incluídos em G&A 100% para a UN, Parcial para blocos Negociação / apontamento de horas da equipe técnica Juros sobre empréstimos Indiretos 0% Não aplicável Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Informática /PD Quadro 5. Tratamento dado aos custos na Empresa B 4.3.2 Análise das informações da Empresa B A Empresa B promove uma rodada anual de negociações entre os gerentes das funções compartilhadas de serviços da empresa e os gerentes de cada UN, para acordar a forma como a alocação de custos irá impactar cada UN. Essa negociação define os custos a serem alocados com base no consumo estimado de serviços e os que serão alocados com base no consumo real dos serviços. A negociação não 19 20 Como o grau de alocação pode diferir entre os demonstrativos, em algumas células constam mais de uma resposta. Idem para as bases de rateio usadas em cada relatório. 62 estabelece os montantes a serem alocados, e sim as bases para a alocação. Todos os custos são alocados às UNs. Todos os custos recebidos por alocação pela UN de E&P são acumulados em um Grupo de Custos de G&A, e alocados às concessões de acordo com o apontamento de horas da equipe técnica (da área de Engenharia/Geologia do E&P). Embora uma parte dos custos permaneça não alocado, este método de alocação não parece ser muito adequado, porque limita o cálculo das bases de rateio ao tempo de dedicação de alguns poucos funcionários, que podem não ser representativos de toda a carga de trabalho e conseqüente volume de custos incorridos em benefício ou por causa de cada um dos blocos de concessão. Os Juros sobre empréstimos não são alocados às UNs ou às concessões, para nenhum dos níveis de avaliação de desempenho. Nessa empresa, uma parcela significativa da estrutura de financiamento da empresa advém de empréstimos com a matriz estrangeira, e a administração considera que tal estrutura de financiamento não está sob controle das UNs e portanto não deve fazer parte da avaliação dos resultados divisionais. 4.4 Empresa C Na Empresa C as atividades de E&P constituem uma UN dentro da empresa e são subdivididas em unidades menores, segmentadas geograficamente. A empresa informou que há quatro UNs no segmento de E&P. Os controles gerenciais e contábeis da Empresa C fornecem os seguintes tipos de informação de desempenho: 1) Demonstrativo de resultado do segmento de E&P; 2) Relatórios com resultados por blocos de concessão para prestação de contas 63 recebidas dos / enviados para os demais consorciados; 3) Relatórios gerenciais com resultados por subunidades de negócios; 4) Relatórios com gastos por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para envio à ANP. A Empresa C utiliza o método contábil dos Esforços Bem-Sucedidos, e efetua a alocação de custos indiretos na preparação de todos os seus relatórios de desempenho. A empresa não forneceu outras informações. 4.5 Empresa D 4.5.1 Resultados obtidos Na Empresa D as atividades de E&P constituem uma UN dentro da empresa e são subdivididas em 4 unidades menores correspondentes a cada campo sob concessão. Os controles gerenciais e contábeis da Empresa D fornecem os seguintes tipos de informação de desempenho: 1) Demonstrativo de resultado do segmento de E&P; 2) Relatórios com resultados por blocos de concessão para prestação de contas recebidas dos / enviados para os demais consorciados; 3) Relatórios com resultados por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins gerenciais; 4) Relatórios com gastos por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para envio à ANP. A Empresa D utiliza o método contábil do Custo Total, e efetua a alocação de custos indiretos na preparação de todos os seus relatórios de desempenho. Os critérios que orientam a alocação, em ordem de importância, são: 1º) causas dos custos; 2º) 64 razoabilidade para se chegar uma forma de cálculo “justa”; 3º) benefícios trazidos pelos custos; 4º) redução da carga tributária. As políticas de alocação são revistas somente quando há mudanças significativas nas operações. O tratamento dispensado pela empresa aos custos estão a seguir: Categoria de custos / despesas Despesas gerais e administrativas (G&A) Pesquisa e desenvolvimento Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Informática /PD Comercial e Marketing Jurídico Engenharia e produção Compras Juros sobre empréstimos Classificação / tratamento 21 Grau de alocação Indiretos 100% Indiretos, incluídos em G&A Parte diretos e parte indiretos Parte diretos e parte indiretos Parte diretos e parte indiretos Indiretos, incluídos em G&A 100% 100% 100% 100% 100% Bases de Rateio Apontamento de horas dedicadas 100% do pessoal Apontamento de horas dedicadas 100% do pessoal Apontamento de horas dedicadas 100% do pessoal Apontamento de horas dedicadas 100% do pessoal Apontamento de horas dedicadas 100% do pessoal Apontamento de horas dedicadas 100% do pessoal Não aplicável Não aplicável Não aplicável Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A 100% Apontamento de horas dedicadas 100% do pessoal Apontamento de horas dedicadas 100% do pessoal Apontamento de horas dedicadas 100% do pessoal Diretos 100% 100% Não aplicável Não aplicável Quadro 6. Tratamento dado aos custos na Empresa D 4.5.2 Análise das informações da Empresa D A Empresa D utiliza uma única metodologia de alocação de custos para todos custos considerados indiretos: os custos são agrupados e alocados a cada concessão de acordo com o apontamento de horas de 100% do pessoal, o que inclui desde os principais executivos aos analistas e estagiários. O apontamento é feito com base nas horas efetivamente trabalhadas (medição real), e não nas horas previstas (estimativa). 21 Como o grau de alocação pode diferir entre os demonstrativos, em algumas células constam mais de uma resposta. 65 100% dos custos considerados indiretos são alocados às concessões. Os Juros sobre empréstimos são considerados pela administração como custos diretos de cada projeto (concessão) para fins gerenciais, pois os financiamentos são solicitados para atender às necessidades específicas de caixa de cada concessão. Entretanto tais custos não são alocados para fins de prestação de contas aos parceiros ou à ANP, em caso similar ao da Empresa A. Nos consórcios em que a empresa participa, os sócios acordam que cada um deve responder pelo seu custo de capital, e a ANP não permite a inclusão de juros como parte das despesas atribuíveis aos blocos concedidos. 4.6 Empresa E 4.6.1 Resultados obtidos Na Empresa E as atividades de E&P constituem uma UN dentro da empresa e não são subdivididas em unidades menores. Existem apenas 2 (duas) UNs na empresa, divididas por Tipos de Produtos / Serviços. Os controles gerenciais e contábeis da Empresa E fornecem os seguintes tipos de informação de desempenho: 1) Demonstrativo de resultado do segmento de E&P; 2) Relatórios com resultados por blocos de concessão para prestação de contas recebidas dos / enviados para os demais consorciados; 3) Relatórios com resultados por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins gerenciais; 4) Relatórios com gastos por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para envio à ANP. 66 A Empresa E utiliza o método contábil do Custo Total, e efetua a alocação de custos indiretos na preparação de todos os seus relatórios de desempenho. Os critérios que orientam a alocação são, em ordem de importância: 1º) redução da carga tributária; 2º) benefícios trazidos pelos custos 3º) razoabilidade para se chegar uma forma de cálculo “justa”. As políticas de alocação são revistas somente quando há mudanças significativas nas operações. O tratamento dispensado pela empresa aos custos estão demonstrados no Quadro 7. Categoria de custos / despesas Despesas gerais e administrativas (G&A) Pesquisa e desenvolvimento Classificação / tratamento Grau de alocação22 Bases de Rateio Indiretos 100% entre as UNs, parcial para blocos Medição horas dedicadas Engenharia e Produção Não aplicável Não aplicável Não aplicável Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A 100% entre as UNs, parcial para blocos 100% entre as UNs, parcial para blocos 100% entre as UNs, parcial para blocos 100% entre as UNs, parcial para blocos Medição horas dedicadas Engenharia e Produção Medição horas dedicadas Engenharia e Produção Medição horas dedicadas Engenharia e Produção Medição horas dedicadas Engenharia e Produção Comercial e Marketing Não aplicável Não aplicável Não aplicável Jurídico Indiretos, incluídos em G&A Engenharia e produção Indiretos Compras Indiretos, incluídos em G&A 100% entre as UNs, parcial para blocos 100% entre as UNs, parcial para blocos 100% entre as UNs, parcial para blocos Medição horas dedicadas Engenharia e Produção Medição horas dedicadas Engenharia e Produção Medição horas dedicadas Engenharia e Produção Juros sobre empréstimos Diretos Não aplicável Não aplicável Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Informática /PD Quadro 7. Tratamento dado aos custos na Empresa E 22 Como o grau de alocação pode diferir entre os demonstrativos, em algumas células constam mais de uma resposta. 67 4.6.2 Análise das informações da Empresa E Na empresa E os custos são agrupados e alocados em conjunto, com base no apontamento de horas do pessoal da área técnica (engenheiros e geólogos). Entretanto, apenas parte dos custos é alocada aos blocos: a parcela correspondente aos blocos operados. A parcela que seria correspondente aos blocos não operados permanece não alocada. A administração da empresa não julga como útil ou relevante a alocação de custos aos blocos não operados. Os Juros sobre empréstimos são considerados como custos diretos, mas somente para os relatórios gerenciais internos, e não são incluídos nas prestações de contas aos parceiros ou à ANP. Os motivos são os mesmos que os verificados nas Empresas A e D. As associadas entendem que cada uma deve responder pelo seu respectivo custo de capital e a ANP não permite a inclusão de juros como parte das despesas atribuíveis aos blocos concedidos. 4.7 Empresa F 4.7.1 Resultados obtidos Na Empresa F as atividades de E&P constituem uma UN dentro da empresa e são subdivididas em 8 (oito) unidades menores correspondentes às concessões. Os controles gerenciais e contábeis da Empresa F fornecem os seguintes tipos de informação de desempenho: 1) Demonstrativo de resultado do segmento de E&P; 2) Relatórios com resultados por blocos de concessão para prestação de contas recebidas dos / enviados para os demais consorciados; 3) Relatórios com resultados por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins 68 gerenciais; 4) Relatórios com gastos por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para envio à ANP. A Empresa F utiliza o método contábil dos Esforços Bem Sucedidos, e efetua a alocação de custos indiretos na preparação de todos os seus relatórios de desempenho. Os critérios que orientam a alocação são, em ordem de importância: 1º) razoabilidade para se chegar uma forma de cálculo “justa”; 2º) benefícios trazidos pelos custos 3º) causas dos custos. As políticas de alocação são analisadas mensalmente, sofrendo mudanças se considerado necessário. O tratamento dispensado pela empresa aos custos estão no Quadro 8. Categoria de custos / despesas Despesas gerais e administrativas (G&A) Pesquisa e desenvolvimento Classificação / tratamento Comercial e Marketing Não aplicável Indiretos Parte diretos, parte indiretos Indiretos, incluídos em Recursos Humanos G&A Indiretos, incluídos em Finanças e Contabilidade G&A Indiretos, incluídos em Depto Fiscal G&A Indiretos, incluídos em Informática /PD G&A Jurídico Engenharia e produção Compras Juros sobre empréstimos Grau de alocação23 Bases de Rateio 100% entre as UNs, parcial para blocos 100% entre as UNs, parcial para blocos 100% entre as UNs, parcial para blocos 100% entre as UNs, parcial para blocos 100% entre as UNs, parcial para blocos 100% entre as UNs, parcial para blocos Medição horas dedicadas de grande parte dos funcionários Medição horas dedicadas de grande parte dos funcionários Medição horas dedicadas de grande parte dos funcionários Medição horas dedicadas de grande parte dos funcionários Medição horas dedicadas de grande parte dos funcionários Medição horas dedicadas de grande parte dos funcionários Não aplicável Não aplicável Indiretos, incluídos em 100% entre as UNs, G&A parcial para blocos Parte diretos, parte 100% entre as UNs, indiretos parcial para blocos Indiretos, incluídos em 100% entre as UNs, G&A parcial para blocos Não aplicável Não aplicável Medição horas dedicadas de grande parte dos funcionários Medição horas dedicadas de grande parte dos funcionários Medição horas dedicadas de grande parte dos funcionários Não aplicável Quadro 8. Tratamento dado aos custos na Empresa F 23 Como o grau de alocação pode diferir entre os demonstrativos, em algumas células constam mais de uma resposta. 69 4.7.2 Análise das informações da Empresa F A Empresa F realiza a alocação de todos os seus custos considerados indiretos às UNs, mas não atribui 100% de tais custos aos blocos sob concessão. Para a alocação aos blocos, utiliza como cost driver o tempo de trabalho dedicado a cada bloco, de cerca de 75% do seu pessoal. Entretanto, a administração admite que algum tempo será dedicado a tarefas não relacionadas aos blocos. Treinamento e procedimentos de controle interno por exemplo. Com isso, alguns custos permanecem não alocados entre os blocos na proporção das horas que foram apontadas como não relacionadas a bloco algum. Tal metodologia de alocação é utilizada em todos relatórios produzidos. 4.8 Empresa G 4.8.1 Resultados obtidos A Empresa G possui 4 (quatro) UNs no Brasil, e as atividades de E&P são subdivididas em 4 UNs correspondentes a cada bloco sob concessão, sendo que não é operadora em nenhum deles. Os controles gerenciais e contábeis da Empresa G fornecem os seguintes tipos de informação de desempenho: 1) Demonstrativo de resultado do segmento de E&P; 2) Relatórios com resultados por blocos de concessão / prestação de contas recebidas dos operadores; 3) Relatórios com resultados por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins gerenciais. O método contábil usado é o dos Esforços Bem Sucedidos, e a empresa efetua a alocação de custos indiretos na preparação de todos os seus relatórios de 70 desempenho. Os critérios que orientam a alocação são, em ordem de importância: 1º) benefícios trazidos pelos custos 2º) causas dos custos; 3º) razoabilidade para se chegar uma forma de cálculo “justa”; 4º) neutralidade em relação às partes envolvidas. As políticas de alocação são reavaliadas mensalmente, sofrendo mudanças se considerado necessário. O tratamento dispensado pela empresa aos custos estão no quadro a seguir: Categoria de custos / despesas Despesas gerais e administrativas (G&A) Pesquisa e desenvolvimento Classificação / tratamento Grau de alocação Bases de Rateio Parte diretos, parte indiretos Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Parte diretos, parte indiretos 100% para a UN e para os blocos 100% para a UN e para os blocos 100% para a UN e para os blocos 100% para a UN e para os blocos 100% para a UN e para os blocos 100% para a UN e para os blocos 100% para a UN e para os blocos 100% para a UN e para os blocos Medição horas dedicadas de todos os profissionais Medição horas dedicadas de todos os profissionais Medição horas dedicadas de todos os profissionais Medição horas dedicadas de todos os profissionais Medição horas dedicadas de todos os profissionais Medição horas dedicadas de todos os profissionais Medição horas dedicadas de todos os profissionais Medição horas dedicadas de todos os profissionais Engenharia e produção Diretos Não aplicável Não aplicável Compras Indiretos, incluídos em G&A 100% para a UN, Parcial para blocos Medição horas dedicadas de todos os profissionais Juros sobre empréstimos Não aplicável Não aplicável Não aplicável Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Informática /PD Comercial e Marketing Jurídico Indiretos Quadro 9. Tratamento dado aos custos na Empresa G 4.8.2 Análise das informações da Empresa G Como a Empresa G não é operadora de blocos, não prepara relatórios para envio aos parceiros ou à ANP. Entretanto, para fins gerenciais, efetua a alocação de 100% de seus custos indiretos a cada um dos consórcios em que participa. 71 Todos os custos recebidos por alocação pela UN de E&P são acumulados em um único grupo de custos de G&A, e alocados em sua totalidade às concessões de acordo com uma única base: o apontamento de horas de 100% de seu pessoal. 4.9 Empresa H 4.9.1 Resultados obtidos A Empresa H possui apenas atividades de E&P no Brasil, divididas em 2 UNs correspondentes a blocos não operados. Os controles gerenciais e contábeis da Empresa H fornecem os seguintes tipos de informação de desempenho: 1) Demonstrativo de resultado do segmento de E&P (100% do negócio no Brasil); 2) Relatórios com resultados por blocos de concessão de prestação de contas recebidas dos operadores; 3) Relatórios com resultados por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins gerenciais. O método contábil usado é o Custo Total, e a empresa efetua a alocação de custos indiretos na preparação de todos os seus relatórios de desempenho. Os critérios que orientam a alocação são, em ordem de importância: 1º) benefícios trazidos pelos custos 2º) razoabilidade para se chegar uma forma de cálculo “justa”. As políticas de alocação são reavaliadas apenas quando há mudanças significativas nas operações. O tratamento dispensado pela empresa aos custos estão no Quadro 10. 72 Categoria de custos / despesas Despesas gerais e administrativas (G&A) Pesquisa e desenvolvimento Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Informática /PD Classificação / tratamento Grau de alocação Bases de Rateio Indiretos 100% Medição das horas dedicadas de todos os funcionários Não aplicável Não aplicável Não aplicável Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A Indiretos, incluídos em G&A 100% 100% 100% 100% Medição das horas dedicadas de todos os funcionários Medição das horas dedicadas de todos os funcionários Medição das horas dedicadas de todos os funcionários Medição das horas dedicadas de todos os funcionários Comercial e Marketing Não aplicável Não aplicável Não aplicável Jurídico Parte diretos, parte indiretos 100% Medição das horas dedicadas de todos os funcionários Engenharia e produção Diretos Não aplicável Não aplicável Compras Indiretos, incluídos em G&A 100% Medição das horas dedicadas de todos os funcionários Juros sobre empréstimos Indiretos 0% Não aplicável Quadro 10. Tratamento dado aos custos na Empresa H 4.9.2 Análise das informações da Empresa H Assim como a Empresa G, a Empresa H não é operadora de blocos, não prepara relatórios para envio aos parceiros ou à ANP, e para fins gerenciais efetua a alocação de 100% de seus custos indiretos a cada um dos consórcios em que participa. Todos os custos recebidos por alocação pela UN de E&P são acumulados em um único grupo de custos de G&A, e alocados às concessões de acordo tendo como base o apontamento de horas de 100% de seu pessoal. Os Juros sobre empréstimos não são alocados às UNs ou às concessões. 73 4.10 Empresa I 4.10.1 Resultados obtidos A Empresa I não informou o número de UNs em que é dividida. A divisão em UNs foi realizada com base nos tipos de produtos produzidos / comercializados. As atividades de E&P são subdivididas em 12 unidades descentralizadas correspondentes aos blocos sob concessão. Os controles gerenciais e contábeis da Empresa I fornecem os seguintes tipos de informação de desempenho: 1) Demonstrativo de resultado do segmento de E&P; 2) Relatórios com resultados por blocos de concessão para prestação de contas recebidas dos / enviados para os demais consorciados; 3) Relatórios com resultados por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins gerenciais; 4) Relatórios com gastos por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para envio à ANP. O método contábil usado é o Custo Total, e a empresa efetua a alocação de custos indiretos na preparação de todos os seus relatórios de desempenho. Os critérios que orientam a alocação são, em ordem de importância: 1º) benefícios trazidos pelos custos 2º) razoabilidade para se chegar uma forma de cálculo “justa”. As políticas de alocação são reavaliadas anualmente. O tratamento dispensado pela empresa aos custos estão no Quadro 11. 74 Categoria de custos / despesas Despesas gerais e administrativas (G&A) Pesquisa e desenvolvimento Classificação / tratamento Parte diretos e parte indiretos Parte diretos e parte indiretos Recursos Humanos Indiretos Parcial Finanças e Contabilidade Indiretos Parcial Depto Fiscal Indiretos Parcial Informática /PD Indiretos Parcial Comercial e Marketing Jurídico Engenharia e produção Compras Juros sobre empréstimos Grau de alocação Parcial Parcial Parte diretos e parte indiretos Parte diretos e parte indiretos Parte diretos e parte indiretos Indiretos, incluídos em G&A Não aplicável Parcial Parcial Parcial Parcial Não aplicável Bases de Rateio Principal: medição horas dedicadas de cada área Principal: medição horas dedicadas de cada área Principal: medição horas dedicadas de cada área Principal: medição horas dedicadas de cada área Principal: medição horas dedicadas de cada área Principal: medição horas dedicadas de cada área Principal: medição horas dedicadas de cada área Principal: medição horas dedicadas de cada área Principal: medição horas dedicadas de cada área Principal: medição horas dedicadas de cada área Não aplicável Quadro 11. Tratamento dado aos custos na Empresa I 4.10.2 Análise das informações da Empresa I As Despesas Gerais e Administrativas são alocadas aos departamentos por meio de diversas bases, descritas pela administração da empresa como as que melhor identificam cada custo com os departamentos: área ocupada para custo de aluguel, kilowatts consumidos para energia elétrica, etc. De cada departamento funcional os custos são alocados às UNs com base principalmente no apontamento de horas dos funcionários de cada departamento. As principais exceções são os custos do departamento de Recursos Humanos, alocados de acordo com número de funcionários de cada UN, e os de Informática, alocados em função do número de computadores de cada UN. 75 Todos os custos recebidos por alocação pela UN de E&P são acumulados em um Grupo de Custos de G&A, e alocados às concessões de acordo com o apontamento de horas de todo o pessoal da UN. A alocação não é feita para 100% dos custos. 4.11 Análise conjunta dos resultados da pesquisa Esta seção traz os resultados das entrevistas analisados em conjunto, consolidando os dados obtidos em todas as empresas pesquisadas. As estruturas organizacionais encontradas, relativas às atividades de E&P das empresas pesquisadas estão descritas no Quadro 12. Descrição da estrutura das atividades de E&P Caracterizam-se como uma unidade de negócios dentro da empresa e não são subdivididas em unidades de negócio menores. Caracterizam-se como uma unidade de negócios dentro da empresa e são subdivididas em unidades de negócio menores Constituem a única operação da empresa no Brasil e são subdivididas em unidades de negócio menores Número de empresas 3 4 2 Quadro 12. Estruturas organizacionais Dentro da amostra de empresas respondentes foi verificada uma diversidade de estruturas organizacionais, com vários tipos de configuração tanto societária ou jurídica quanto administrativa. Não obstante, as empresas organizam-se administrativamente em unidades divisionais de uma forma que nem sempre leva em consideração a existência de subsidiárias. Foi observado que a estrutura de controle gerencial das empresas de uma forma geral se sobrepõe à estrutura societária. A 76 estruturação societária ou jurídica adotada parece obedecer somente às diretrizes de planejamento tributário de cada empresa. Aparentemente, tal configuração societária não influencia de forma relevante o controle gerencial das empresas. As 9 (nove) empresas respondentes afirmaram estar estruturadas em UNs, o que confirma, para o segmento de negócio estudado, a existência de uma cultura empresarial de descentralização, conforme discutido no tópico 2.2 deste estudo. Foi verificado que em todas as empresas se realiza a alocação de custos entre as UNs. Os critérios identificados para divisão em unidades de negócios estão no Quadro 13. Critérios para divisão em UNs Número de empresas Por tipos de negócios ou produtos 5 Por projeto (campo ou bloco) 6 Por localização geográfica ou região 1 Quadro 13. Divisão em Unidades de Negócio A tabela a seguir mostra demonstrativos que as empresas preparam para fins de avaliação de desempenho das unidades organizacionais descentralizadas: Tipos de Relatórios de Avaliação de Desempenho Produzidos 1. Demonstrativo de resultado do segmento de E&P 2. Relatório de resultado por subunidades de negócio dentro 24 do E&P 3. Relatórios com resultados por blocos de concessão para prestação de contas recebidos dos ou enviados para as empresas consorciadas Nº de empresas 9 1 9 4. Relatórios com resultados por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins gerenciais 8 5. Relatórios com gastos por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para envio à ANP 7 Quadro 14. Tipos de relatório de avaliação de desempenho 24 Este item não inclui as subunidades correspondentes aos blocos ou campos sob concessão, que foram separados no item 4. 77 Todas as empresas elaboram relatórios bloco a bloco, para fins gerenciais (relatório número 4), e um relatório global das operações de E&P (1). As empresas que são as operadoras de concessões elaboram também os relatórios de prestação de contas (3) e os relatórios para envio à ANP (5). Apenas 3 (três) empresas informaram a proporção de custos indiretos em relação ao volume de investimentos realizados em E&P. As respostas foram 19%, 8%, e uma estimativa entre 3% e 5%. A alta variação observada aparentemente decorre das diferenças no número de concessões detido por cada uma das concessionárias, uma vez que uma empresa que detenha maior número de concessões pode obter ganhos de escala, mantendo um volume de custos administrativos centrais proporcionalmente menor. Devido, portanto, ao estágio ainda incipiente das operações da maioria das empresas de upstream no Brasil e à grande variação no número de concessões detido por cada concessionário, ainda não é possível calcular um percentual médio de custos indiretos da indústria. Não há volume de dados disponível para tal cálculo. As empresas pesquisadas foram solicitadas a indicar qual o tratamento dispensado às diversas categorias de custos normalmente encontradas em empresas diversas, no sentido de serem considerados custos diretos, indiretos, parte diretos e parte indiretos, ou se eram incluídos em um grupo de despesas gerais e administrativas - DG&A. As respostas estão sumarizadas no Quadro 15. 78 Número de empresas considerando os custos como: Categoria de custos / despesas Custo direto (1) Despesas gerais e administrativas Pesquisa e desenvolvimento Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Informática /PD Comercial e Marketing Jurídico Engenharia e produção Compras Juros sobre empréstimos 1 1 4 1 2 Incluído Custos em DG&A Indiretos (2) (3) 1 3 3 3 3 2 2 3 6 1 4 3 3 4 2 2 1 4 3 Parte direto e parte indireto (4) Não aplicável (5) 2 3 1 2 2 1 4 2 2 3 1 3 Quadro 15. Classificação dada aos custos pelas empresas pesquisadas 4 respondentes afirmaram que seus custos de serviços de Engenharia e Produção são todos custos diretos. Segundo eles, tais serviços são contratados de terceiros e especificamente direcionados para algum bloco ou campo, portanto sendo diretamente rastreáveis a este bloco ou campo. No caso de Juros sobre Empréstimos, 2 dos respondentes afirmaram tomar empréstimos para projetos específicos de cada bloco ou campo, e, portanto, os juros desses empréstimos são diretamente atribuídos a cada um dos campos / blocos beneficiados. Uma parcela muito significativa das categorias de custos investigadas é considerada pelas empresas respondentes como 100% custos indiretos ou incluídas no grupo de Despesas Gerais e Administrativas. Esse fato pode levar a duas conclusões. Uma delas, confirmada nas entrevistas, é que os custos listados não são facilmente rastreáveis, e a relação custo / benefício de se manter um sistema de controle que mantenha a rastreabilidade de tais custos é por eles considerada antieconômica, para 79 chegar talvez a resultados que não seriam muito diferentes dos obtidos com as práticas atuais. Outra conclusão sugerida pelos resultados mostrados é que as unidades de negócio não têm autonomia para contratar de forma independente, de terceiros, os serviços que a administração corporativa já oferece, sendo obrigados a arcar com uma parcela de tais custos. Essa informação não foi perguntada diretamente nas entrevistas, mas 3 dos respondentes mencionaram o fato. As empresas pesquisadas foram solicitadas a indicar, das categorias de custos apontadas como custos indiretos no quadro anterior, quanto é alocado para fins de elaboração de cada um dos relatórios de avaliação de desempenho que prepara. As respostas estão sumarizadas no Quadro 16, a seguir. 80 2 2 1 1 3 3 3 3 2 Depto Fiscal Informática /PD Comercial e Marketing Compras Juros sobre empréstimos Jurídico Engenharia e produção 1 3 1 0% 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 100% 1 1 2 1 1 2 2 2 1 4 Parte 1 0% Relatórios por concessão para prestação de contas 1 3 2 4 2 3 3 3 3 3 4 100% 1 1 2 1 1 2 2 2 1 4 Parte 1 0% Relatórios por concessão para fins gerenciais 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 2 100% 1 1 2 1 1 2 2 2 1 4 Parte 1 0% 81 Relatórios por concessão para envio à ANP Quadro 16. Grau de alocação de custos indiretos para os diversos relatórios produzidos 1 1 1 2 3 2 3 2 3 Parte 5 100% Despesas gerais e administrativas Pesquisa e desenvolvimento Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Categoria de custos / despesas Relatório do segmento de E&P Há duas maneiras para se observar as informações contidas no quadro anterior. Verticalmente, pode-se comparar o grau de alocação de cada categoria de custo com o grau de alocação das demais categorias. Horizontalmente, pode-se verificar se são efetuadas alocações diferentes para relatórios diferentes. Os números indicam quantidade de respostas das empresas respondentes da pesquisa. Com algumas exceções, as empresas tratam os custos indiretos de forma idêntica para todos os relatórios por elas produzidos. Aquelas que não são operadoras de blocos não preparam relatórios para prestação de contas aos demais consorciados, e tampouco relatórios para envio à ANP. Assim, pode-se observar que as respostas relativas aos Relatórios por Concessão para Prestação de Contas são também as mesmas que as relativas aos Relatórios para Envio à ANP. De forma semelhante, as respostas relativas à alocação para o Relatório do Segmento de E&P são praticamente as mesmas que as relativas aos Relatórios preparados Concessão a Concessão para Fins Gerenciais, não havendo diferenças na alocação em se tratando da informação para uso interno. Observou-se que, comparando as colunas, as Despesas Gerais e Administrativas são, em algumas empresas, 100% alocadas para fins gerenciais (relatórios por concessão e relatório englobando todo o segmento de E&P), mas são alocadas apenas parcialmente para fins de envio dos relatórios obrigatórios para a ANP e para os parceiros. Isso ocorre porque nem todas os itens incluídos como DG&A internamente são considerados como alocáveis a cada campo/bloco pelas normas da ANP ou pelos contratos de consórcio firmados entre os sócios, para fins de prestação de contas. A periodicidade com que as empresas revisam suas políticas e métodos de alocação de custos e, se aplicável, promovem mudanças estão no Quadro 17. Freqüência com que as empresas revisam suas políticas de Nº de alocação de custos empresas Mensalmente Anualmente Somente quando operações 2 2 ocorrem mudanças significativas nas 4 Quadro 17. Freqüência de reavaliação das políticas de alocação de custos As empresas que efetuam as revisões anualmente o fazem em conjunto com a elaboração dos orçamentos anuais. As empresas que realizam revisões mensais consideram que os custos indiretos são muito relevantes para serem modificados em intervalos mais longos. A natureza das modificações, no entanto, varia de empresa para empresa. Na maior parte dos casos, ocorre somente uma redeterminação nas taxas de rateio utilizadas. Em algumas poucas empresas ocorre um debate entre os respectivos Controllers e os gerentes de divisões sobre a adequação das políticas adotadas e os itens de custos sujeitos a alocação. Todos os executivos entrevistados indicaram, direta ou indiretamente, que se os custos são incorridos pela administração corporativa para prestar serviços às unidades descentralizadas, ou mesmo apenas em função da existência dessa administração central, os custos precisam ser rateados entre as unidades. A razão para isso é que se a administração corporativa não prestasse esses serviços, as unidades teriam que contratá-los de terceiros, provavelmente a um custo financeiro maior pois não haveria ganhos de escala. Com isso, as empresas, de uma forma geral, não dão autonomia para as unidades contratarem externamente serviços que a administração central já presta internamente. A seção 2.2.3 desta dissertação discutiu alguns critérios usados para escolher entre bases e métodos de alocação de custos. As empresas foram 83 solicitadas a informar quais destes critérios são utilizados para definir os métodos e bases de alocação. As respostas estão sumarizadas no Quadro 18. Nº de empresas indicando o critério como o: Critérios Benefícios dos custos indiretos, recebidos pelas unidades organizacionais Fatores que causam os custos indiretos Razoabilidade ou justiça nos cálculos Possibilidade de redução da carga tributária Neutralidade em relação às partes envolvidas 2º mais 3º mais 4º mais 5º mais Mais importante importante importante importante importante Total 4 2 1 7 2 1 1 4 1 5 2 8 1 1 1 1 3 1 2 Quadro 18. Critérios utilizados pelas empresas para definir a alocação As respostas indicam uma clara preferência por critérios que levem em consideração os benefícios recebidos pelas unidades de negócio. A metade das empresas respondentes considera esse o critério mais importante na escolha de métodos de alocação, e apenas uma das empresas não incluiu esse critério entre suas respostas. A razoabilidade ou justiça foi citada pelos 8 respondentes como, ao menos, um dos três critérios mais importantes. Isso corrobora o que a literatura afirma, conforme discutido na seção 2.2.3, que embora o conceito de razoabilidade ou justiça possa soar um tanto quanto vago, e o que é justo para uma divisão pode não o ser para outra, todos concordam que é importante escolher métodos que sejam “justos”. Além disso, aparentemente o princípio da justiça na alocação envolve uma dimensão diferente de análise, no sentido de que alguns entendem ser mais “justo” utilizar critérios de benefícios do que causais, por exemplo, e vice-versa. Metade dos respondentes considera fatores que causam os custos entre os 3 mais relevantes. A maior parte dos respondentes teve dúvidas quanto ao 84 significado do que é a relação causal, confundindo com a relação beneficial entre os custos e as unidades organizacionais. Certamente, as respostas podem mostrar um viés em função dessa confusão. Três das empresas respondentes afirmaram que usam critérios que possam vir a trazer benefícios fiscais. Como visto na seção 2.5.2.2, muitas das empresas constituídas no Brasil estruturam-se juridicamente com uma série de subsidiárias, de forma a minimizar sua carga tributária. As respostas obtidas nessa pergunta indicam que, em certo grau, algumas empresas organizam sua estrutura de controle gerencial também com este objetivo. Muito embora os relatórios gerenciais propriamente ditos não exerçam qualquer influência nos cálculos de impostos, muitas vezes as empresas tratam as informações financeiras consistentemente em todos os relatórios produzidos, financeiros ou gerenciais, incluindo os utilizados para cálculos de impostos e prestação de informações ao fisco. Todas as empresas utilizam, com algumas variações, o apontamento de horas trabalhadas dos funcionários (Time Sheet) como base de alocação dos custos indiretos para as unidades organizacionais. Em uma indústria que é intensiva em capital, isso parece ser um contra-senso, pois a maior parte dos custos envolvidos não diz respeito ao custo de pessoal, e sim aos investimentos relativos à perfuração de poços, ao desenvolvimento dos campos, construção de plataformas e outros elementos infra-estruturais. Além disso, considerando que algumas empresas não apenas usam o apontamento de horas como também não fazem distinção entre as horas de funcionários dos diversos níveis da empresa, dos funcionários de mais baixo nível hierárquico (com valor barato de mão-de-obra) aos principais executivos (de salário anual milionário), o uso de tal base de alocação de custo parece ser completamente inadequado. As empresas podem estar trabalhando com custos 85 distorcidos em função desse tipo de alocação, e fugindo de uma das principais utilidades da alocação de custos, que é a medição mais precisa dos custos da empresa. Esta base de alocação, portanto, falseia a avaliação de desempenho nas empresas estudadas. Nenhuma empresa entre as pesquisadas utiliza o Custeio ABC. Apenas um dos respondentes afirmou utilizar critérios que se assemelham muito superficialmente aos do ABC. A maioria dos pesquisados demonstrou mesmo desconhecimento a respeito do que seria essa ferramenta de controle gerencial. Cabe aqui uma consideração sobre a utilização do ABC nessa indústria: se as empresas estivessem utilizando esse sistema de custeio, talvez as informações de desempenho e resultado fossem mais precisas, corrigindo os problemas descritos no parágrafo anterior, e fossem mais úteis para a tomada de decisão gerencial. Quatro empresas afirmaram fazer alocações em dois estágios. No primeiro estágio, as alocações são realizadas entre as áreas funcionais. Essas alocações usam uma diversidade de bases, como área utilizada por cada departamento, número de computadores, número de funcionários, ou alguma outra unidade de medida, como número de atendimentos do departamento de informática, ou número de pedidos solicitados ao departamento de compras. Em um segundo estágio, os custos de cada área são rateados proporcionalmente ao apontamento de horas do pessoal para cada uma das unidades de negócio. Essa prática ocorre em todas as empresas pesquisadas envolvidas em outras atividades além do E&P. O segmento de E&P carrega uma parcela dos custos indiretos da empresa usando as bases de alocação intermediária. A maior parte das empresas, mesmo as que efetuam alocações intermediárias, agregam todas ou quase todas as categorias de custos 86 em um único grupo (pool) de custos e efetuam a alocação em conjunto, de todo esse grupo de custos, a cada concessão usando uma mesma base de rateio. Uma empresa afirmou efetuar a alocação utilizando o somatório do apontamento de horas de todos os funcionários, de diversos departamentos da empresa, indistintamente. O número de horas trabalhadas da diretoria, por exemplo, era somada ao número de horas trabalhadas dos analistas, sem diferenças no tratamento a um e a outro. O total encontrado servia de base para a alocação do total agrupado de custos indiretos da empresa. Quatro das empresas fazem as alocações em função das horas trabalhadas somente do departamento técnico de E&P. Três das empresas afirmaram fazer alocações apenas para os blocos por elas operados. Duas empresas afirmaram que a alocação levava em consideração o apontamento das horas estimadas e não as horas efetivamente incorridas. Quatro das empresas afirmaram fazer alocações adicionais para fins de preparação de prestação de contas aos associados com base em taxas horárias de seu corpo técnico de profissionais, de acordo com uma metodologia definida em seus respectivos contratos de consórcio. Nesse caso, fica estabelecido em contrato um valor por hora trabalhada de cada profissional, e é incluída nessa taxa horária um adicional que serviria para cobrir uma parcela dos custos administrativos relacionados a tais técnicos (incluindo utilização da infraestrutura administrativa dos escritórios, equipamentos, serviços de suporte, etc). Uma constatação, portanto, é que o uso de apontamento de horas para alocação de custos indiretos é uma prática largamente difundida entre as empresas que atuam em E&P. Aparentemente tal abordagem é uma tentativa de alinhar a alocação com critérios de rateio que privilegiem os benefícios auferidos por cada uma das UNs, de acordo com a afirmação das empresas quanto aos critérios usados 87 para escolha de métodos de rateio, que apontou a preferência por alocar os custos às unidades que se beneficiam deles. As empresas entendem que o mapeamento dos benefícios estaria sendo feito, desta forma, por meio do apontamento de horas trabalhadas. Já foi discutido anteriormente, entretanto, que essa é uma conclusão distorcida, uma vez que a indústria é intensiva em capital e não em mão-de-obra. Das empresas pesquisadas, 5 afirmam utilizar majoritariamente o método contábil dos Esforços Bem Sucedidos (Successful Efforts) e 4 dizem usar majoritariamente o método do Custo Total (Full Cost). As diferenças identificadas entre os efeitos da adoção de um ou outro método contábil são as seguintes: - 3 empresas que afirmam utilizar o método dos Esforços Bem Sucedidos não fazem contabilmente a alocação de 100% dos custos indiretos aos centros de custos relativos aos campos/blocos, mas registram estes custos como Ativo Diferido, quando consideram tais custos como pré-operacionais; no entanto, estas empresas alocam 100% dos custos indiretos para os relatórios de controle gerencial que produzem. - nas demais empresas que afirmam usar o método do Custo Total, não há um padrão: algumas alocam 100% dos custos indiretos aos campos/blocos para todos os tipos de relatórios de controle gerencial produzidos, e outras alocam apenas parcialmente tais custos. Exceto pelas observações descritas acima, não foi identificada uma relação direta entre a adoção de um ou outro método contábil e o tratamento dos custos indiretos. 88 5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE PESQUISA FUTURA 5.1 Conclusões Neste trabalho foram estudadas as formas como as empresas de petróleo no Brasil efetuam a alocação de custos indiretos para fins de controle gerencial. O trabalho se valeu de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo do tipo exploratória / descritiva. A pesquisa bibliográfica forneceu informações sobre as formas como os custos indiretos são tratados dentro da estrutura de controles das empresas em um contexto de crescente descentralização. A pesquisa bibliográfica também forneceu subsídios para o entendimento das empresas atuando no segmento de E&P da indústria de Petróleo, que foram o foco do estudo. A pesquisa de campo identificou as maneiras como os custos indiretos são tratados na estrutura de controle sobre as unidades descentralizadas no segmento de upstream da indústria do petróleo. A operacionalização dessa análise sobre as unidades descentralizadas se deu principalmente com a identificação dos instrumentos de avaliação de desempenho, representado por diversos tipos de relatórios produzidos pelas empresas, e com a análise do tratamento dado aos custos indiretos em cada um de tais relatórios. Todas as empresas respondentes afirmaram estar estruturadas em UNs, confirmando a existência de um ambiente de descentralização conforme abordado na revisão bibliográfica deste estudo. Foi verificado que em todas as empresas se realiza a alocação de custos entre as UNs. A pesquisa apontou que as empresas utilizam largamente a prática de alocar 100% dos custos indiretos às divisões/unidades descentralizadas. 89 De uma forma geral, as empresas tratam os custos indiretos de forma consistente nos diversos tipos de avaliação de resultados que os sistemas de controle gerencial fornecem (ou seja, nos diversos tipos de relatórios de desempenho produzidos). Os respondentes à pesquisa demonstraram clara preferência por critérios de alocação que levem em consideração os benefícios recebidos pelas unidades de negócio. A metade das empresas respondentes considera esse o critério mais importante na escolha de métodos de alocação, e apenas uma das empresas não incluiu esse critério entre suas respostas. A razoabilidade ou justiça também foi citada por 8 respondentes como, ao menos, um dos três critérios mais importantes. Outra conclusão apontada pelo estudo é que as empresas usam com freqüência o apontamento de horas trabalhadas como base para alocação dos custos indiretos. A utilização de tal base de alocação em uma indústria que é intensiva em capital parece ser um contra-senso, uma vez que a maior parte dos custos envolvidos não diz respeito ao custo de pessoal, mas sim aos investimentos em infra-estrutura de produção e transporte. Nenhuma das empresas pesquisadas utiliza o Custeio ABC como método de apuração de seus custos. Se as empresas estivessem utilizando esse sistema de custeio, talvez as informações de desempenho e resultado fossem mais precisas, corrigindo possíveis distorções produzidas pela alocação de custos com base em horas trabalhadas, e talvez com isso fossem mais úteis para a tomada de decisão gerencial. Aparentemente, os métodos de contabilização próprios do segmento de E&P da indústria do petróleo, método do custo total e método dos esforços bem sucedidos, estabelecidos por órgãos normativos da contabilidade no ambiente 90 internacional (a exemplo do IASB, do FASB e da SEC), não provocam influência sobre a alocação de custos indiretos para fins gerenciais. Não foi notada qualquer diferença no tratamento dos custos indiretos em função da adoção de um ou de outro método contábil. 5.2 Sugestões para pesquisas futuras O caráter do estudo foi mais descritivo que analítico, trazendo muitas informações que podem suscitar novos questionamentos. O intuito do trabalho não foi, de maneira alguma, esgotar o assunto. Com as perspectivas de crescimento do segmento de E&P no Brasil, as práticas gerenciais contábeis provavelmente irão se tornar mais complexas, e com isso, a estrutura de controles das empresas poderá se modificar rapidamente. Os resultados de uma nova pesquisa como esta podem indicar resultados diferentes dos apontados pelo presente estudo. Uma proposta interessante para pesquisas futuras seria um estudo das operações de uma das empresas do segmento com o objetivo de implementar o Custeio por Atividades (ABC Costing), apontando os possíveis benefícios que essa metodologia pode trazer à tomada de decisões nas empresas de petróleo. Outra sugestão para próximos trabalhos seria realizar um estudo sobre como as empresas operadoras dos consórcios em E&P estruturam seus controles internos com o intuito de acompanhar gerencialmente as operações de cada bloco e fornecer informações sobre as operações para os as demais empresas associadas. 91 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agência Nacional do Petróleo. Histórico das Rodadas. Disp. em: http://www.brasilrounds.gov.br/geral/historico_das_rodadas.asp. Acesso em: 15 jul. 2004. __________________. Glossário. Disponível em: http://www.anp.gov.br. Acesso em: 15 jul. 2004. __________________. Lista de concessionários. Disponível em: http://www.brasilrounds.gov.br/geral/ATIV_lista_de_concessionarios.asp. Acesso em: 25 jul. 2004. __________________. Opening of the Brazilian E&P Sector: A Success Story, 1998-2003. Disponível em: http://www.anp.gov.br/doc/conheca/CAT_E_P.pdf. Acesso em: 15 jul. 2004. __________________. Portaria ANP nº 180, de 5 de junho de 2003. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 jun. 2003. __________________. Lista de concessionários. Disponível em: http://www.brasilrounds.gov.br/geral/ATIV_lista_de_concessionarios.asp. Acesso em: 25 jul. 2004. ANTHONY, R.N. e REECE, J.S. Accounting: Texts and Cases. 8th ed. Homewood, Ill: Irwin, 1989, p. 618. ARTHUR ANDERSEN. AA Limited 2001: Annual, Concise and Half-year Model Financial Statements. Australia: Arthur Andersen, 2001. ATKINSON, A.A., et al. Contabilidade Gerencial. Tradução: Castro, A.O.M.D.C, Revisão Técnica: Famá, R. São Paulo: Atlas, 2000, p. 614. BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. CANELAS, A. e ALVEAL, C. Investimentos em Exploração e Produção de Petróleo no Brasil após a Abertura: Impactos Econômicos. Boletim Infopetro – Petróleo & Gás Brasil – Jun. 2004, Ano 5, Nº 5. Disponível em: http://www.onip.org.br/ONIPHP/br/infoeconomica/periodico/pdf/petrogasjun2004.pdf. 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Starfish Oil & Gas S.A. Demonstrações contábeis. Jornal Valor Econômico, 20 e 21 abr. 2004. 94 UKOOA – United Kingdom Offshore Operators Association. Standard Oil Accounting Procedures - UKOOA Proforma Accounting Procedure. Disponível em: http://www.oilandgas.org.uk/templates/documents/4026.doc . Acesso em: 20 mai. 2004. VERGARA, S.C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1997. WILKINSON, J. Introduction to Oil and Gas Joint Ventures. Volume One. United Kingdom Continental Shelf. Ledbury, Herefordshire: Oilfield Publications Limited, 1997. 95 GLOSSÁRIO25 Bloco Parte de uma bacia sedimentar, formada por um prisma vertical de profundidade indeterminada, com superfície poligonal definida pelas coordenadas geográficas de seus vértices, onde são desenvolvidas atividades de exploração ou produção de petróleo e gás natural. Campo de Petróleo ou Gás Natural Área produtora de petróleo ou gás natural, a partir de um reservatório contínuo ou de mais de um reservatório, a profundidades variáveis, abrangendo instalações e equipamentos destinados à produção. Concessão Contrato administrativo mediante o qual a ANP outorga a empresas que atendam aos requisitos técnicos, econômicos e jurídicos por ela estabelecidos, o exercício das atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural no território nacional. Concessionário ou Concessionária Empresa constituída sob as leis brasileiras, com sede e administração no Brasil, com a qual a ANP celebra contrato de concessão para exploração e produção de petróleo ou gás natural em bacia sedimentar localizada no território nacional. Desenvolvimento Conjunto de operações e investimentos destinados a viabilizar as atividades de produção de um campo de petróleo ou gás natural. 25 As definições foram obtidas no glossário do site da internet da Agência Nacional do Petróleo, acessado em 16 de abril de 2004, disponível em: <http://www.anp.gov.br/>. 96 Exploração ou Pesquisa Conjunto de operações ou atividades destinadas a avaliar áreas, objetivando a descoberta e a identificação de jazidas de petróleo ou gás natural. Hidrocarboneto Composto constituído apenas por carbono e hidrogênio. O petróleo e o gás natural são exemplos de hidrocarbonetos. Indústria do Petróleo Conjunto de atividades econômicas relacionadas com a exploração, desenvolvimento, produção, refino, processamento, transporte, importação e exportação de petróleo, gás natural, outros hidrocarbonetos aromáticos (metano, etano, propano, etileno, propileno, butenos, ciclohexanos, benzeno, tolueno, naftaleno etc) e seus derivados. Participações Governamentais Pagamentos a serem realizados pelos concessionários de exploração e produção de petróleo ou gás natural. No Brasil, incluem bônus de assinaturas, royalties, participações especiais e pagamentos pela ocupação ou retenção de área. O termo utilizado internacionalmente é Government Take. Petróleo Todo e qualquer hidrocarboneto líquido em seu estado natural, a exemplo do óleo cru e condensado. Produção Conjunto de operações coordenadas de extração de petróleo ou gás natural de uma jazida e de preparo de sua movimentação, ou, ainda, volume de petróleo ou gás natural extraído durante a produção, conforme se depreenda do texto, em cada caso. 97 Outros termos usados na indústria, para designar as etapas na cadeia de atividades: Downstream Atividades relacionadas ao refino de hidrocarbonetos e distribuição de produtos derivados. Não serão o foco de nosso estudo as atividades relacionadas ao Downstream. Upstream Atividades relacionadas à exploração de áreas, à avaliação e ao desenvolvimento de campos de petróleo e gás, à produção de hidrocarbonetos e ao abandono de campos. Também designadas na indústria como atividades de E&P (exploração e produção), são as atividades que terão o foco de nosso estudo. 98 APÊNDICE 1 QUADRO DAS CONCESSIONÁRIAS DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL 99 ) ) )¡'X¢£¡' ¤F¥=¡C¦ §)¨L©Xª'X£k« ¬)®Q¤q¦ «ª'¡'« ¬D µ¶·%¸ ¹ µº»¼¾½¿½®À»)Á4Á ¹ ¯ D²¦£³LªC¦X´¡¬D°± ¥® µ>ÂD½)¿½ ¼ÃÄ µLÅ ¼·TÆ4ÇÂ+· ½®Èº.¸¼»D»ÂD¿ ·8ºH»ÂDÉAÄDÁ ¹ ÊMË ¹ ÊÀ>Ì ¹ ÊÌ ¹ Í>Î »Ï¼ÄÂ=лÑM½DÒ?Ä ¹ ¹ ¹ Í Ä¸+ÓT»Ñ Ô»ÏÄ Â ¹ ÔÄÏ»¼EÕkÌÄ)É· ÖPÓ »)Ä+× ¹ ÈÓÌ4½)Á4Ä ¹ ÈÂDÒ?½ ÂD½ ¹ ÈDÁ4Á?Ä ¹ ¹ ¹ ØD¼½)¿»Ùk½ ¸DÚ)Ä®ÕAÛ Â¸D»ÑÜÝ· Á4Á Î Ä ÛuÞO½· × ß »¼¼AàkáFÒ=ËE»)» ¹ áF½)» ¼nÁDà ¹ áF½ ¼â É·8ºã½ ¹ ÝX»)ÞpØ·T»Ó ¿ ¹ ÝX»Ñ+»  ¹ ̽¼ÉA»Ñ ¹ Ì»)Ék¼Ää+¼½)Á ¹ Ì»)Ék¼Ä+¶)½Ó ¹ Ì»)Ék¼Äå »)Ò4ÇÂÒ4½ÏMÄ ¹ ¹ ¹ ¹ 100 Continuação ¯ D²¦£³LªC¦X´¡¬D°± ¥® ) ) )¡'X¢£¡' ¤F¥=¡C¦ §)¨L©Xª'X£k« ¬)®Q¤q¦ «ª'¡'« ¬D Ì»+É ¼Ä+Á=»¼'Ï ¹ Ì Î ·CÓ%ÓC·C¸DÁ ¹ æ Å+» ·8¼ÄDÆË-½Ó ÏÚ+Ä ¹ ¹ å » ¸Á4ÄPÓçXÌ+Ø ¹ ¹ èÎ »ÓCÓ ¹ ¹ è ß ¹ è ÉA½¼é·TÁ Î ¹ è ÉA½)ÉAÄP·CÓ ¹ ¹ ÐÔ Í ÐÄ+Éu½ÓCØ·8ÂD½È+ÓTé ¹ ê>ÂDÄ)Ò4½Ó ¹ ¹ ¹ ëíìîëw½+Á Î ·8ÂD¶)ÉAÄ ë<·8ÂDÉ» ¼Á Î ½ÓCÓ ¹ ¹ Fonte: ANP. Lista de concessionários.26 26 ANP. Lista de concessionários. Disponível em: http://www.brasil-rounds.gov.br/geral/ATIV_lista_de_concessionarios.asp. Acesso em: 25 jul. 2004 101 APÊNDICE 2 CARTA DE APRESENTAÇÃO DA PESQUISA 102 Rio de Janeiro, __ de ____ de 2004. À Empresa X Prezado(a) Sr.(a) Y, Estamos fazendo um estudo, no qual se baseará a tese de mestrado em Administração do Instituto COPPEAD/UFRJ, sob o título “Alocação de Custos Corporativos Indiretos em Empresas Brasileiras de Petróleo”. Nesse sentido, a Empresa X assume um importante papel neste estudo, sendo sua participação fundamental para o êxito da pesquisa. O estudo está sendo conduzido pelo mestrando Lincoln de Azevedo Fernandes, sob minha orientação. Gostaríamos de agendar uma breve entrevista com vocês, para conversar sobre as práticas de alocação de custos da empresa, para fins gerenciais e contábeis. Estamos contatando todas as demais empresas com atividades de E&P no Brasil. Para agendar a entrevista, pedimos que entrem em contato diretamente com o mestrando, pelo e-mail _________, ou pelos telefones (21) ___ e (21) ___. Todas as informações serão tratadas de forma confidencial, os dados serão analisados todos em conjunto, nenhuma resposta será ligada ao nome de qualquer empresa. Se a empresa discordar da divulgação do nome, não divulgaremos. No aguardo de ter sua valiosa colaboração, agradecemos antecipadamente. Atenciosamente, Marcos Gonçalves Ávila Professor – Coordenador do Curso de Mestrado – COPPEAD/UFRJ 103 APÊNDICE 3 QUESTIONÁRIO 104 Pesquisa sobre Alocação de Custos Indiretos em Empresas Brasileiras com Atividades de E&P Este questionário foi desenhado para cobrir as práticas atualmente usadas para Alocação de Custos entre as unidades organizacionais relacionadas às atividades de E&P na indústria brasileira de petróleo e gás. EMPRESA PESQUISADA: __________________________________________ 1ª PARTE – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Unidade de Negócio = unidade organizacional relativamente independente. Pode ser chamada por outros termos, tais como Centro de Responsabilidade, Centro de Lucro, divisão, business unit, business division, etc. 1. Quais das características a seguir melhor se aplicam às atividades de E&P conduzidas por sua empresa? A. Constituem a única operação da empresa no Brasil e não são subdivididas em unidades de negócio => favor passar para a 2ª Parte do Questionário B. Caracterizam-se como uma unidade de negócios dentro da empresa e não são subdivididas em unidades de negócio menores. O número de unidades de negócio na empresa é _____ . C. São subdivididas em unidades de negócio menores. O número de unidades em que são subdivididas é _____ . D. Nenhuma das afirmações anteriores se aplica. Favor especificar como é a estrutura: ____________________________________________________________________ __________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ _____________________________________________________ 2. No caso da empresa ser estruturada em Unidades de Negócios, qual foi o critério para a divisão? A. Tipos de produtos B. Por projeto C. Localização geográfica ou região D. Outro: __________________________________________ 105 2ª PARTE – RELATÓRIOS FINANCEIROS E GERENCIAIS PRODUZIDOS 3. Quais são os níveis de abrangência para os quais são elaboradas apurações de resultados ou relatórios de gastos, no âmbito das atividades de E&P, seja para fins gerenciais, seja para fins de report externo, em sua empresa? (marque todas as respostas aplicáveis) A. Relatório do segmento de E&P B. Relatório das subunidades de negócio dentro do E&P C. Relatórios por blocos de concessão para prestação de contas recebidas dos / enviados para os demais consorciados D. Relatórios por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para fins gerenciais E. Relatórios por blocos de concessão ou campos em desenvolvimento ou produção para envio à ANP F. Outros: __________________________________________ 4. Qual o método contábil utilizado por sua empresa? A. Esforços bem-sucedidos (Successful Efforts) B. Custo Total (Full Cost) C. Outro: ___________________________________________ 3ª PARTE – CUSTOS INDIRETOS E ALOCAÇÃO A expressão CUSTOS INDIRETOS refere-se aos custos incorridos para o benefício de dois ou mais componentes (seja unidade de negócio, divisão, departamento, etc) de uma organização de tal maneira que seja difícil associar parcelas específicas desses custos exclusivamente a determinados componentes individuais. O termo é usado em contraposição a CUSTOS DIRETOS, que são inteira e exclusivamente identificados com um componente específico da empresa. 5. Aproximadamente quanto foi o total de custos indiretos (não incluindo impostos) como percentual de sua receita líquida, no último exercício social? Caso a empresa ainda não esteja apurando receitas em E&P (fase pré-operacional), qual o total como percentual dos investimentos realizados? Percentual da receita líquida: __________ Percentual dos investimentos: __________ 6. A sua empresa efetua a alocação de tais custos indiretos para o propósito de produção de relatórios para atendimento à ANP? A. SIM B. NÃO 106 7. A alocação também é efetuada para outras finalidades além dos relatórios preparados para atendimento à ANP? A. SIM B. NÃO Se sua resposta foi SIM, por favor, passe para a questão 9. 8. Quais são os motivos pelos quais sua empresa não efetua a alocação de tais custos? A. Porque os custos indiretos não são relacionados às unidades organizacionais individualmente, e por isso a alocação seria arbitrária e tenderia a distorcer o resultado das unidades B. Porque os gerentes das unidades organizacionais não concordam na definição do método de alocação C. Porque os gerentes das unidades organizacionais têm objeções quanto a encargos que não estão sob seu controle D. Porque custos indiretos são relativamente irrelevantes e não iriam afetar significativamente os lucros reportados E. Porque a relação custo-benefício da alocação não justificaria o procedimento F. Outro: ________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 9. Qual a freqüência com que sua companhia revisa e, se julgar necessário, modifica as políticas e métodos de alocação de custos indiretos? A. Anualmente B. Regularmente, em intervalos maiores que um ano C. Somente quando ocorrem mudanças significativas nas operações D. Somente por exigência legal ou regulamentar E. Outro: ________________________________ 10. O que norteia a escolha de critérios de alocação de custos indiretos em sua empresa? (ordene da seguinte forma: coloque 1 na motivação mais importante, 2 na 2ª motivação mais importante, e assim por diante) __ Usamos critérios que possam reduzir a carga fiscal, seja no curto ou no longo prazo __ A alocação é feita entre as unidades de negócio que se beneficiam dos custos __ A alocação é feita entre as unidades de negócio que causam os custos __ Razoabilidade para se chegar a uma forma de cálculo “justa” __ Neutralidade em relação a todas as partes envolvidas __ Aloca-se de acordo com o volume de custos que cada unidade pode suportar __ O sistema de custeio por atividades (ABC costing) __ Outro: ________________________________________________________ 107 11. Marque um X na coluna apropriada para cada uma das categorias de custos listadas, de acordo com as definições ao pé da página: Categoria de custos / Custo direto despesas (1) Incluído Custos em DG&A Indiretos (2) (3) Parte direto e Não parte indireto aplicável (4) (5) Despesas gerais e administrativas Pesquisa e desenvolvimento Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Informática /PD Comercial e Marketing Jurídico Atuaria Engenharia e produção Compras Juros sobre empréstimos Outros (favor especificar) (1) todos os custos são incorridos na própria divisão/unidade de negócio, ou são identificáveis e apropriados diretamente à divisão/unidade de negócio. (2) os custos são incluídos em um grande grupo de Despesas Gerais e Administrativas para posterior alocação. (3) os serviços são executados pela administração central ou corporativa, ou por alguma outra divisão que presta serviços para mais de uma unidade organizacional, e o rateio é feito separadamente, por critérios específicos. (4) parte dos custos se encaixa na definição (1) e parte na definição (3). (5) a categoria de custos não ocorre em sua empresa. 108 12. Esta questão investiga quanto dos custos indiretos listados na questão 11 (colunas 3 e 4) são alocados por cada tipo de relatório preparado. Para cada linha, marque uma ou mais células com as letras A, B ou C: A - se 100% dos custos são alocados; B - se apenas uma parcela deles é alocada; ou C - se nenhum custo é alocado. Se os custos correspondentes forem incluídos em um grande grupo de Despesas Gerais e Administrativas (coluna 2 da questão 11) ou se não são aplicáveis à sua Companhia, apenas deixe em branco. Tipos de Relatórios Relatório do segmento de Categoria de custos / despesas E&P Relatório das Relatórios Relatórios por Relatórios por subunidades por Blocos blocos blocos de negócio Concessão concessão / concessão / dentro do / prestação campos - para campos para E&P de contas fins gerenciais envio à ANP Outros Despesas gerais e administrativas Pesquisa e desenvolvimento Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Informática /PD Comercial e Marketing Jurídico Atuaria Engenharia e produção Compras Juros sobre empréstimos Outros (favor especificar) 109 13. Esta questão visa identificar os métodos/bases de rateio utilizados. Para cada categoria de custo, preencha as colunas correspondentes a cada um dos tipos de relatórios, com a respectiva letra relacionada aos critérios listados abaixo. A. conforme consumo real do serviço C. negociação entre o gerente da unidade de negócios e o gerente do serviço corporativo B. conforme consumo estimado do serviço D. rateado com base na receita de vendas E. rateado com base nos custos de produção F. rateado com base nos lucros G. rateado com base no volume de investimentos H. outro método. Se algum dos itens não é rateado para algum dos relatórios especificados, escreva NA. Igualmente, se os custos correspondentes foram incluídos em um grupo de DG&A ou se não são aplicáveis à sua Companhia, escreva também NA. Tipos de Relatórios Categoria de custos / despesas Relatório do Relatório das segmento de subunidades E&P de negócio dentro do E&P Relatórios por Relatórios por Relatórios por Blocos blocos blocos Concessão / concessão / concessão / prestação de campos - para campos para contas fins gerenciais envio à ANP Outros Despesas gerais e administrativas Pesquisa e desenvolvimento Recursos Humanos Finanças e Contabilidade Depto Fiscal Informática /PD Comercial e Marketing Jurídico Atuaria Engenharia e produção Compras Juros sobre empréstimos Outros (favor especificar) 110 Se foi assinalada a opção ‘H’ – algum outro método, por favor especifique: _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________ Muito obrigado por ter ajudado nessa pesquisa! IDENTIFICAÇÃO Respondente: _____________________________________________________________________ Cargo: ___________________________________________________________________________ Telefone: __________________ Fax: _________________ E-mail:___________________________ Podemos incluir o nome de sua empresa como participante desta pesquisa? Lembramos que não iremos identificar as respostas com os respectivos participantes! Sim _____ Não _____ Se você deseja receber um sumário dos resultados desse estudo, indique abaixo o nome e o endereço da pessoa a quem deverá ser enviado: _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 111