Redução de Custos na Escola Guia Prático Redução de Custos na Escola João Roberto Moreira Alves Redução de Custos na Escola Guia Prático Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 2 Redução de Custos na Escola Perfil Institucional O Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação é uma organização social de iniciativa privada que tem como objetivo o desenvolvimento da qualidade da educação. Sua fundação ocorreu a 23 de fevereiro de 1973 e atua em todo o território nacional, possuindo vinculação com milhares de unidades educacionais e empresariais, organismos públicos e sociais e agentes propulsores da sociedade. Possui convênios de cooperação técnica com grandes universidades brasileiras e estrangeiras e está vinculado às principais entidades que congregam instituições e educação. Suas atividades estão concentradas nas áreas de pesquisas, desenvolvimento de recursos humanos, consultoria, publicações técnicas e informações educacionais. Autor João Roberto Moreira Alves, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1949. Filho de professores, sempre se dedicou ao desenvolvimento da qualidade da educação brasileira. É formado em Ciências Jurídicas e Sociais e em Administração e pós-graduado em Direito Empresarial e Gerência. Fundou em 1973 o Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação, o qual preside desde o início. Direitos desta edição reservados ao Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação www.ipae.com.br - e-mail: [email protected] Avenida Rio Branco, 156 - Conjunto 1926 – CEP: 20.040-901 Rio de Janeiro –RJ (21) 3905 – 0964 Editora do Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação cadastrada no ISBN (International Standard Book Number) sob o nº 85927 conforme registro na Biblioteca Nacional. Printed in Brazil/Impresso no Brasil CIP - Brasil. catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ A474s Alves, João Roberto Moreira. Redução de Custos na Escola. Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação, 2015 57 p. 1. Administração escolar-guias. I. Título CDU 371.11(036) Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 3 Redução de Custos na Escola ÍNDICE Introdução .................................................................................................... 5 As Principais Fases de uma Empresa.......................................................... 6 Administração Empresarial nos Estabelecimentos de Ensino...................... 8 O Processo Empresarial da Escola ............................................................. 13 Redução dos Custos nas Escolas ............................................................... 18 Os Custos não Documentados .................................................................... 24 Planejamento de Custos e seus Aspectos Positivos e Negativos ............... 25 Os Elementos Essenciais para Verificação.................................................. 26 A Implantação de um Sistema de Custos .................................................... 28 O Custo como Instrumento Fundamental no Processo Decisório............... 29 As Técnicas de Redução de Custos ............................................................ 32 Apreciação dos Resultados do Empreendimento Educacional ................... 36 Redução de Custos em Decorrência de Planejamento Pedagógico........... 39 Textos para Reflexões ................................................................................. 41 Considerações Finais .................................................................................. 57 Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 4 Redução de Custos na Escola Introdução O inciso II do artigo 12 da LDB estabelece que os estabelecimentos de ensino, devem administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros, respeitando as normas comuns e as do seu sistema de ensino, e no inciso III do art. 7º, determina a capacidade de autofinanciamento. Portanto, o planejamento como função da administração é um instrumento para que essas determinações se tornem possíveis. Como por exemplo a formulação de novos currículos de formação profissional que atendam a realidade do mercado, a produção de materiais didáticos, a incrementação ou extinção de um almoxarifado, o desenvolvimento de projetos de melhoria da qualidade como suporte para decisões sobre o perfil dos docentes a serem contratados, etc. Todos os processos devem buscar um resultado prático que tragam a melhor rentabilidade para as instituições com fins lucrativos. O presente trabalho resume alguns aspectos que servirão de reflexão para os diretores e administradores escolares. Para que tenham melhor análise e prática na administração de seus estabelecimentos de ensino, antecipando-se às crises e enfrentando os problemas com estratégias definidas. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 5 Redução de Custos na Escola As Principais Fases de uma Empresa Um dos principais desafios do administrador é manter a empresa (inclusive a educacional) sempre no auge de sua plenitude e em permanente crescimento. É preciso que o avanço no tempo seja ordenado, para evitar grandes desperdícios e seu envelhecimento precoce. Muitas sólidas empresas (bem como escolas) deram mostras de má administração e ingressaram em cenários altamente turbulentos, por adoção de posturas incorretas, chegando algumas ao encerramento de suas atividades, com graves reflexos sociais e econômicos. Podemos sintetizar da forma abaixo as principais fases da empresa: Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 6 Redução de Custos na Escola O fluxo normal de vida de uma organização, estampado no gráfico anterior, mostra que o ponto mais importante para a manutenção no auge é o auto-controle e flexibilidade e o maior risco é a perda da criatividade. O gestor educacional precisa repetir o trabalho de malabarismo que os “equilibradores de pratos” fazem nos espetáculos circenses. Vários “pratos” precisam estar “rodando” ao mesmo tempo, com equilíbrio e harmonia, sob pena deles caírem e o artista sair do palco ou picadeiro sob pesadas vaias. Nas grandes empresas existem mais “pratos” e mais pessoas sustentando-os no ar; nas pequenas e médias, às vezes, são grandes os desafios, mas são poucas mãos para segurar o espetáculo. O processo de envelhecimento da empresa pode ser revertido com determinação e persistência, salvando-se do fim as sociedades ainda com credibilidade no mercado. No mercado educacional a tradição já não é elemento eterno de manutenção dos negócios, eis que a fidelidade do aluno não é tão segura quanto pensam seus instituidores. Isso obriga a presença de técnicas gerenciais modernas, calçada sobre um planejamento estratégico bem definido com bases num projeto institucional sólido. A empresa educacional precisa pensar a longo prazo, mesmo sabendo que pode alterar seu rumo no curso da “viagem”. O projeto institucional representa, na verdade, um marco referencial para o início da caminhada; sem ele corre-se o risco de nos dirigirmos sem rumo. Onde aportarmos estaremos felizes, pois chegaremos a algum lugar. Não interessa à instituição chegar só por chegar, não se importando bem onde, e muitas escolas morreram por estratégias mal direcionadas. Nos capítulos seguintes aprofundaremos mais comentários sobre os principais itens de um projeto organizacional, permitindo uma visão mais global e análise de pontos específicos da administração educacional moderna. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 7 Redução de Custos na Escola Administração Empresarial nos Estabelecimentos de Ensino Um aspecto preliminar para o nosso estudo é o correto entendimento do conceito técnico de administração e, para tanto, valemo-nos de M. Gilbert Frost, que assim define: “É a arte de dirigir as atividades humanas, de modo a conseguir a maior conformidade possível com as diretrizes do empreendimento. Reportamo-nos, também, a Henry Fayol, que, da forma abaixo, traduz seu entendimento: “Administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar”. A administração empresarial sofreu, nos últimos anos, inúmeras transformações, graças ao rápido e extraordinário desenvolvimento de novas técnicas. As inúmeras experiências demonstram a eficiência, devendo, assim, serem implantadas nos estabelecimentos escolares. Somos de opinião que as técnicas de administração empresarial devem ser utilizadas por todas as unidades escolares, que visem lucro ou não, pois os resultados, nessas últimas, são reinvestidos para maior rentabilidade social. Encontramos, nos dias atuais, muitas experiências de adoção de técnicas empresariais na administração de escolas, tendo sido constatados resultados altamente positivos. A principal barreira encontrada na implantação de esquemas empresariais na administração das escolas, é a conscientização dos educadores tradicionais, que geralmente se manifestam contrários à gestão administrativa no sistema já adotado há vários anos. Tal obstáculo é superado na medida em que se demonstram experiências válidas em outros colégios, e os problemas se acumulam na unidade de ensino em que são lotados, adicionados à comum baixa rentabilidade financeira, quando não chega a ponto, até mesmo, negativo. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 8 Redução de Custos na Escola Os elementos que constituem a administração, segundo Fayol, são cinco, tirados de sua definição, a saber: a) previsão — corresponde ao planejamento; b) organização — é sua estruturação; c) comando — é o ato de dirigir; d) coordenação — é a harmonização dos atos; e) controle — decorre do ato de zelar para que o planejamento se concretize, conforme as regras estabelecidas. Como se vê, o processo para se empresariar uma escola, obedece a várias etapas, intimamente ligadas, que serão comentadas a seguir: a. Diagnóstico O trabalho preliminar é a elaboração de um diagnóstico envolvendo todos os aspectos que circundam o estabelecimento de ensino. Não deve ser feito por pessoas ligadas ao colégio, pois é comum a indução a determinados resultados, quando o mesmo é realizado por dirigentes ou administradores lotados na dependência escolar. O diagnóstico deve retratar a realidade da entidade mantenedora, em seus campos jurídico, administrativo e econômico-financeiro, assim como do estabelecimento de ensino mantido. A tarefa é elemento essencial para a montagem do planejamento e deve ser acompanhada de elementos materiais para completa visualização das atividades, como por exemplo: plantas baixas e de situação, para análise do correto fluxo de pessoal e de serviço. Feito o diagnóstico, passa-se ao segundo ponto: o planejamento. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 9 Redução de Custos na Escola b. Planejamento Essa etapa corresponde, quase sempre, a mais trabalhosa e que congrega maiores elementos técnicos, sendo, por conseguinte, a que demanda maior tempo para sua execução. O planejamento é calcado no diagnóstico, e deve ser montado para atender à realidade social da escola. Em nada adianta planos gigantescos para unidades escolares que não alcancem, a curto prazo, volumes de trabalho de maior monta. Envolve a organização completa da entidade mantenedora, trazendo os conseqüentes reflexos nos trabalhos administrativos e, quando necessário, nas atividades pedagógicas. Deve apresentar rotinas de serviços, com estruturação básica da empresa, delegação de competências, fluxos, organogramas e demais elementos de previsão e organização, visando à racionalização do trabalho e a maximização dos resultados sociais, financeiros e econômicos. Um dos pontos essenciais para a melhor visualização da escola- empresa é a representação gráfica da estrutura funcional do sistema, encontrado no organograma. Existem, aliás, vários tipos de organogramas, como o clássico, o em barras e o em setores. O em barras dificilmente é utilizado, devido ao menor efeito visual. O terceiro tipo de organograma demonstra visualmente os níveis hierárquicos, estando sempre a autoridade máxima localizada no centro do círculo. Deixamos de apresentar modelos de organogramas para não haver indução à algum deles; entendemos que cada escola necessita ter sua estrutura conforme as reais características do empreendimento e a realidade social do mesmo. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 10 Redução de Custos na Escola c. Aperfeiçoamento do Pessoal O principal ponto para se obter o resultado planejado é o aperfeiçoamento do pessoal, envolvendo tanto os dirigentes, quanto os funcionários de execução. Em nada adianta o planejamento correto, se as pessoas envolvidas estão desarticuladas com o novo sistema de trabalho. O trabalho deve ser feito sob um aspecto prático, após a aprovação do planejamento, preferencialmente, pelas pessoas que o elaboraram. Os integrantes da equipe que demonstrarem desajustamento ao plano de trabalho, comprometendo o sistema empresarial, deverão ser substituídos ou remanejados para outros setores, sendo sempre conveniente que mais de uma pessoa seja treinada para cada serviço, a fim de evitar a paralisação ou improvisações, em casos de afastamento temporário ou definitivo do encarregado pela execução da tarefa. É aconselhável a adoção de educação continuada, para uma permanente atualização de conhecimentos. d. Implantação dos Sistemas Uma vez treinado o pessoal básico, inicia-se o processo de implantação dos sistemas. Esse trabalho deve ser acompanhado por um supervisor, para avaliar, de imediato, os resultados operacionais. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 11 Redução de Custos na Escola e. Acompanhamento e Supervisão Durante os primeiros meses, é essencial o acompanhamento periódico do trabalho, a fim de evitar distorções na execução do plano de trabalho. Não existe, tecnicamente, um período definido, variando de acordo com a complexidade do planejamento. f. Avaliação dos Resultados Após o pleno funcionamento do programa, é necessária uma avaliação dos resultados obtidos, comparando-se com o diagnóstico, para fins de análises percentuais. Da mesma forma do item anterior, não existe prazo pré-determinado. Contudo, na prática, tal avaliação não se deve processar muito além de 180 dias, contados da implantação dos sistemas. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 12 Redução de Custos na Escola O Processo Empresarial da Escola No presente estudo procuramos dar um enfoque específico acerca do processo empresarial das instituições de educação e agora queremos destacar aqueles fatores que mais se evidenciam nas pequenas e médias organizações Os principais problemas notados são os seguintes: excesso de tempo de permanência dos principais dirigentes no interior da escola, absorvidos pelos assuntos administrativos e pedagógicos e impedindo que acompanhe os aspectos externos que influenciam a atividade educacional não distinção entre empresa e empresário, havendo confusão entre os bens deste com os da empresa, acarretando centralização e paternalismo falta de recursos financeiros e dificuldades na obtenção de créditos, financiamentos e investimentos por parte de terceiros falta de profissionais bem qualificados, inexistindo políticas de segurança, incentivos, benefícios, treinamento e desenvolvimento dos trabalhadores, visando à motivação e à satisfação dos mesmos, com um aprimoramento da qualidade de vida no trabalho visão excessivamente de curto prazo imposição de preços por parte dos grandes concorrentes manutenção de maus pagadores na carteira de clientes obsolência de métodos, equipamentos, bibliotecas etc concorrência desentendimento entre os sócios não oferta da gama de serviços feita pelas grandes burocracia legal não utilização de orientação técnica especializada falta de criatividade falta de disciplina organizacional desinformação acerca dos principais acontecimentos Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 13 Redução de Custos na Escola falta de resistência a momentos de instabilidade e dificuldade falta de experiência anterior no ramo de negócios Talvez o mais grave problema seja efetivamente o primeiro, pois faz com que o dirigente educacional não perceba os fatores sociais, econômicos, políticos e tecnológicos, dentre outros, que cercam sua atuação. Na figura da página 16 procuramos dar uma visão mais clara desse ponto, mostrando os fatores que pressionam de dentro para fora (aspectos físicos, custos, administração etc) e os que agem como forças externas (comunidade, concorrência, demanda etc). A superação desses desafios depende fundamentalmente da elaboração de uma postura empresarial nas escolas e de adoção concretas de atitudes pelos gestores educacionais. O dirigente máximo ou seus principais colaboradores não podem se afastar fisicamente das suas escolas, sem que tenham claramente aprovado e implementado sistemas sólidos e eficazes. Entretanto, é necessário consciência que sua estada, por muito tempo no interior dos prédios, faz com que acabe sendo altamente prejudicial ao próprio empreendimento. Existem estudos feitos em outros países que chegam ao ponto de afirmar que a estada do diretor geral da empresa por mais de quatro horas diárias chega a ser prejudicial à instituição. Particularmente, concordamos com essa assertiva e colocamos o tema em discussão. Alguns dos fatores notados e assinalados como problemas podem ser corrigidos com posturas e ações As empresas, de todos os portes, necessitam de uma gestão moderna e eficiente, com maiores resultados. Tais expectativas decorrem de variáveis causais e intervenientes que podem ser sintetizadas nos seguintes quadros Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 14 Redução de Custos na Escola Muitos administradores calculam a eficiência da empresa apenas em termos de produtividade ou produção física (variáveis resultantes), negligenciando as variáveis intervenientes. Assim, frequentemente surge um tipo de dificuldade: administradores que se baseiam apenas nos resultados de produção são rapidamente promovidos para cargos mais elevados em conseqencia do êxito demonstrado, deixando aos seus sucessores uma grande quantidade de fragmentos "intervenientes", cuja ordenação e correção exigem longo período de trabalho árduo. São precárias essas medidas tradicionais que medem o desempenho organizacional As variáveis causais são as variáveis administrativas determinadas através das decisões da empresa: estrutura organizacional, as filosofias e políticas da empresa, os planos e controle utilizados, o estilo de liderança, etc As variáveis intervenientes são os próprios empregados, com suas atitudes, percepções, motivações, capacidade e habilidades, comunicações, interação social, lealdade, decisões pessoais, etc As pessoas influenciam os resultados finais de qualquer empresa. As pequenas e médias sofrem com maior intensidade, pois têm um volume menor de recursos humanos à disposição desse debate acerca do controle estratégico (e que permeia, também, o nível intermediário e o nível operacional). Cientificamente, para cada estímulo existe uma resposta; para cada ação, um resultado. Quando a empresa está preparada para receber o impacto, há maiores probabilidades de expansão e quando não está, há estagnação, desperdício e declínio. A cada momento temos impactos e devemos estar sempre preparados para as mudanças. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 15 Redução de Custos na Escola Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 16 Redução de Custos na Escola Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 17 Redução de Custos na Escola Redução dos Custos nas Escolas 1. Os Custos na Escola Recentes levantamentos e pesquisas realizadas demonstram que a maioria das escolas não dispõem de elementos seguros que determinem os seus custos Essa realidade é encontrada não só em escolas dos grandes centros, como também no interior, fazendo com que as mesmas não possam ser administradas como verdadeiras empresas, gerando, com isso, problemas de rentabilidade que acabam, em inúmeros casos, a conduzi-las a estados de absoluta insolvência É importantíssimo que os dirigentes tenham convicção da real situação das unidades de ensino, tanto no que se refere à receita, como no atinente à despesa e, conseqüentemente, ao lucro. Tais subsídios necessitam ser buscados na contabilidade, como elemento principal. Entretanto, uma série de outros fatores devem ser levados em conta para se alcançar os objetivos básicos da administração Tecnicamente, como já visto anteriormente, conceitua-se administração como a “arte de dirigir as atividades humanas, de modo a conseguir a maior conformidade possível com as diretrizes de empreendimento” — M. Gilbert Frost — ou, segundo Henry Fayol, podemos afirmar que: Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 18 Redução de Custos na Escola Somos de opinião que as técnicas de administração empresarial devem ser utilizadas por todas as unidades escolares, quer visem lucro ou não, pois os resultados, nessas últimas, são reinvestidos para a maior rentabilidade social A escola administra como uma empresa com condições de analisar sistematicamente seus custos e os mecanismos técnicos desses sistemas, conforme procuraremos abordar nos itens do presente trabalho 2. Composição do Custo Total de uma Escola O custo total é resultante de dois fatores distintos, a saber: custo direto e custo indireto 2.1. Custo Direto O custo direto decorre dos gastos efetuados em função do aluno, que é objetivo-fim da escola Notamos uma subdivisão em: 2.1.1. mão-obra-direta 2.1.2. encargos diretos 2.1.3. materiais diretos 2.1.4. serviços diretos Comumente denomina-se, também, o custo direto de custo variável, pois aumenta ou diminui em função do número de alunos existentes na escola Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 19 Redução de Custos na Escola 2.1.1. Mão-de-Obra Direta — MOD O custo básico da MOD é a folha de pagamento dos professores, podendo ser alocados, também, valores da folha do pessoal administrativo específico do setor em análise A título exemplificativo, podemos mencionar que, numa análise de custos do aluno do curso pré-escolar, a coordenação e os auxiliares administrativos (ajudantes de turmas, recreadoras etc) podem compor o custo da MOD, pois dedicam-se, com exclusividade, ao citado curso Da mesma forma ocorre, quando o empregado dedica-se com exclusividade, ao citado curso. Da mesma forma ocorre, quando o empregado dedica-se em horários certos, ao curso em análise, podendo ser apurado o custo do seu trabalho para a atividade específica. 2.1.2. Encargos Diretos Sobre o valor da MOD, deve ser alocado o custo dos encargos diretos, decorrentes de legislação própria e advindos de reservas de natureza técnica. O montante desses encargos é aproximadamente de 68,39%, em se tratando de entidade que visa lucro; 35,74% aproximadamente quando se tratar de entidade filantrópica isenta de pagamento de parte previdenciária. Esse percentual pode variar de escola para escola. A composição dos índices acima decorre de uma série de fatores, a seguir especificados: a) As entidades filantrópicas puderam optar, na época da criação do FGTS, pela dispensa do recolhimento das parcelas mensais, permitindo, com isso, uma administração própria do mesmo. Esse benefício foi revogado, provocando o recolhimento normal aos bancos depositários. b) As provisões de férias destinam-se a cobrir as despesas de pagamento de salários, sem haver contra prestação de serviço. A legislação, aliás, determina o recebimento, até 10 dias do início das férias, do pagamento das mesmas e, para que o Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 20 Redução de Custos na Escola colégio tenha condições de cumprir o que determina a lei, é aconselhável a criação de um fundo de reserva especial, com esse fim. c) As provisões de 13º salário, decorrem da existência de 12 meses civis, para 13 meses salariais. Apropria-se, portanto, 1/12 do custo da folha para cada mês em análise. 2.1.3. Materiais Diretos Os materiais diretos decorrem dos consumos comprovadamente efetivos, em função do curso em análise, ou da turma em apreciação, no processo de verificação de custos. O estabelecimento de ensino que possuir controle efetivo de estoque, através de almoxarifado, devidamente em ordem, tem condições de fornecer o custo do material consumido pelo aluno. 2.1.4. Serviços Diretos Trata-se de sistema semelhante ao item anterior e, somente podem ser debitados valores se o serviço for prestado, distintamente, para o setor em análise 2.2. Custos Indiretos Na conta de custos indiretos, devemos, também, seguir a mesma linha de divisão já detalhada no item 2.1 Justifica-se plenamente tal procedimento para facilitar a análise de demonstração do custo total. Os custos indiretos são aqueles que não podem ser alocados em função do número de alunos. São os também denominados “custos fixos” e, praticamente, não se alteram se houver maior ou menor número de alunos, guardadas, logicamente, as proporções dessa variação. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 21 Redução de Custos na Escola 2.2.1. Mão-de-Obra Indireta É toda a folha de pagamento do pessoal não alocado como MOD. Envolve, portanto, o pessoal de secretaria, direção, orientação educacional, serviços gerais etc 2.2.2. Encargos Indiretos No cômputo do custo dos encargos indiretos, adotar-se-ão os mesmos índices já citados no item 2.1.2 2.2.3. Materiais Indiretos São todos os gastos apurados para dar condições ao funcionamento da escola, genericamente. O levantamento deve ser feito com base nos dados reais, a fim de não se distorcer os resultados encontrados Nessa rubrica incluem-se também os percentuais comumente adotados na contabilidade e aceitos pela legislação do imposto de renda, relativos a depreciações 2.2.4. Serviços Indiretos Os custos indiretos devem ser rateados entre os alunos, para possibilitar uma análise do custo per capita e o custo por turmas ou turnos. Utiliza-se, para tanto, a seguinte fórmula: Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 22 Redução de Custos na Escola O custo indireto total é a soma dos itens 2.2.1, 2.2.2, 2.2.3 e 2.2.4 e o número de alunos é o constante na época da análise 2.3. Custo Total O custo total é o somatório dos itens 2.1 e 2.2 . É aconselhável o uso de modelos, para a análise dos custos, pois facilita visualmente, a abordagem dos dirigentes e demais pessoas interessadas na análise. O anexo I dá condições para essa apresentação de dados em visual adequado, permitindo, a partir daí, uma série de outros gráficos que servirão de base para um processo de tomada de decisões, quando as distorções são acentuadas. O preenchimento do formulário é simples e decorre dos elementos já estudados, sendo aconselhável a totalização dos números, para permitir uma média global de todas as turmas. Tecnicamente, sugere-se que as turmas sejam analisadas individualmente, isto é, se existir 1ª série do ensino fundamental, turmas “A” e “B”, devem ser verificadas os seus custos distintos, ao invés de se analisar a série como um todo. Podem ser feitos quadros demonstrativos, tirando-se os subsídios do anexo. Assim é possível demonstrar, graficamente, como no exemplo anexo, o custo. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 23 Redução de Custos na Escola Os Custos não Documentados Existe uma série de custos que não são documentados e que, na verdade, têm que se tomar por base para a análise da real situação da escola. Podemos enumerar, a título exemplificativo: a. o custo do aluguel, quando o imóvel é próprio, cedido gratuitamente ou locado por valor irreal, deve-se computar um valor real, ou seja, dentro do mercado imobiliário; b. custo do pessoal não remunerado, é conveniente que se aloque verba para o pessoal que trabalha e não recebe, ocorrendo com mais freqüência nas entidades sem fins de lucro. A base para esse custo é o salário mais encargos de um empregado para exercer as mesmas funções, na data-base da análise; c. depreciação, os desgastes dos bens móveis, bem como imóveis (edificações), devem ser levados em conta apuração do custo. Deverão se tomar por base, os percentuais comumente aceitos, ou seja: equipamentos, material didático, biblioteca e instalações .....10% por ano veículos ...................................................................................20% por ano móveis e utensílios .................................................................15% por ano edificações............................................................................... 4% por ano d. materiais doados, o custo dos materiais recebidos pelas escolas sempre deve ser levado em conta na análise global, computando-se pela faixa de preço de mercado. Este ítem é de real importância, pois a não inclusão traz uma situação de resultados inverídicos, proporcionando erros nos planejamentos, pelos órgãos de direção da escola Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 24 Redução de Custos na Escola Planejamento de Custos e seus Aspectos Positivos e Negativos Deve ou não haver planejamento dos custos? Observando-se, sob o prisma puramente econômico-financeiro, é aconselhável o planejamento dos custos. Contudo, levando-se em consideração os aspectos peculiares das escolas, não convém dirigir o custo, pois gera, com certeza, reflexos na área pedagógica, com prejuízo para o aluno. A administração escolar deve ter em mente que o aluno é o objetivo-fim da escola e tudo deve girar em torno de oferecer-lhe melhores condições ambientais e maiores possibilidades de seu enriquecimento cultural. Numa linguagem mais objetiva e dura podemos dizer, em termos empresariais, que o aluno é a “mercadoria” ou “produto” da escola e tudo deve ser feito para o “controle de sua qualidade”. Seguindo esse ângulo, o planejamento dos custos prejudica o resultado global do aluno e, portanto, tem seus aspectos negativos. Somos de opinião que o custo deve ser controlado em intervalos de três meses, no máximo. Poderia se admitir, para as pequenas escolas, um intervalo de até seis meses e, para as grandes, um mês, pois a maior freqüência no acompanhamento torna-se dispendiosa para a unidade de ensino, exceto quando se tem uma estrutura montada, com apoio, inclusive, de meios modernos de processamento de dados. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 25 Redução de Custos na Escola Os Elementos Essenciais para Verificação dos Custos A análise dos custos deve estar calcada em elementos sólidos, pois, do contrário, poderão trazer uma situação totalmente distorcida, provocando, com isso, uma série de tomadas de decisões errôneas. O encarregado de levantar o custo não deve se condicionar aos elementos puramente contábeis, pois existem vários determinantes que elementos puramente contábeis, pois existem vários determinantes que não são documentados (ver item 2). Por outro lado, ele não pode se guiar exclusivamente por informações, para não incidir em erros muitas vezes primários O ideal é a conjugação de dados formais e informais conferindo-se, com exatidão, antes de se concluir o trabalho. Quando faltam subsídios contábeis atualizados, o melhor meio para se obter a análise é a projeção, conforme os indicadores da correção monetária, tomando-se por base os últimos elementos disponíveis e corrigindo-se para a data base da análise. Nota-se que esse critério somente pode ser usado para os custos indiretos, visto que os direitos são mais facilmente encontrados no estabelecimento de ensino. Observando-se, sob o prisma puramente econômico-financeiro, é aconselhável o planejamento dos custos. Contudo, levando-se em consideração os aspectos peculiares das escolas, não convém dirigir o custo, pois gera, com certeza, reflexos na área pedagógica, com prejuízo para o aluno. A administração escolar deve ter em mente que o aluno é o objetivo-fim da escola e tudo deve girar em torno de oferecer-lhe melhores condições ambientais e maiores possibilidades de seu enriquecimento cultural. Numa linguagem mais objetiva e dura podemos dizer, em termos empresariais, que o aluno é a “mercadoria” ou “produto” da escola e tudo deve ser feito para o “controle de sua qualidade”. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 26 Redução de Custos na Escola Seguindo esse ângulo, o planejamento dos custos prejudica o resultado global do aluno e, portanto, tem seus aspectos negativos. Somos de opinião que o custo deve ser controlado em intervalos de três meses, no máximo. Poderia se admitir, para as pequenas escolas, um intervalo de até seis meses e, para as grandes, um mês, pois a maior freqüência no acompanhamento torna-se dispendiosa para a unidade de ensino, exceto quando se tem uma estrutura montada, com apoio, inclusive, de meios modernos de processamento de dados. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 27 Redução de Custos na Escola A Implantação de um Sistema de Custos A montagem de um sistema de custos num estabelecimento de ensino não requer grandes dispêndios. Exige, primordialmente, organização global da empresa-escola, pois não se pode buscar subsídios em alicerce desestruturados Um sistema de custos está interligado a quase todos os departamentos ou seções da escola e os encarregados da análise têm que ter acesso a todos os fatores determinantes do custo, inclusive aqueles considerados, comumente, como sigilosos escolar e/ou a seção de controle financeiro (também chamada, às vezes, de tesouraria). A implantação deve seguir os passos abaixo: a. definição das pessoas que analisarão os custos; b. reunião ou orientação às pessoas responsáveis pelos setores básicos na estrutura da escola, para facilitar o livre acesso aos controles existentes; c. formulação de quesitos a serem respondidos; d. levantamento de dados; e. tabulação de dados; f. conferência da análise de custos; g. preparação do relatório de análise de custos (ou quadros); h. apresentação às pessoas envolvidas (direção e responsáveis pelos setores básicos que prestam as informações); i. adoção de medidas corretivas das distorções; j. acompanhamento da variação de custos, em intervalos Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 28 Redução de Custos na Escola O Custo como Instrumento Fundamental no Processo Decisório As decisões de qualquer empresário — inclusive os da educação — têm que ser tomadas sobre bases sólidas, a fim de não provocar o desmoronamento da escola. A grande maioria das escolas fixa os seus preços aleatoriamente, sem saber, com certeza, os seus custos. Tal procedimento faz com que, em muitas turmas, se cobrem valores extremamente baixos e, em outras, ocorre o inverso, fazendo com que o aluno não pague o “preço justo”. Além do preço das parcelas da anuidade, a decisão sobre a manutenção de algumas turmas ou cursos é fundamentalmente decorrente da análise do custo, exceto quando se adapta por prosseguir com atividades deficitárias, como um mecanismo de marketing indireto Deve apresentar rotinas de serviços, com estruturação básica da empresa, delegação de competências, fluxos, organogramas e demais elementos de previsão e organização, visando a racionalização do trabalho e a maximização dos resultados sociais, financeiros e econômicos Um dos pontos essenciais para a melhor visualização da escola-empresa, é a representação gráfica da estrutura funcional do sistema, encontrada no organograma. Existem, aliás, vários tipos de organogramas, como os clássicos, o em barras e o em setores, como já vimos anteriormente. A terceira fase do plano é o treinamento do pessoal e é um dos principais pontos para se obter o resultado planejado, envolvendo tanto os dirigentes, como os funcionários de execução Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 29 Redução de Custos na Escola Em nada adianta o planejamento correto se as pessoas envolvidas no mesmo estão desarticuladas com o novo sistema de trabalho. O treinamento deve ser feito sob um aspecto prático, após a aprovação do planejamento, preferencialmente pelas pessoas que o elaboraram Os funcionários que demonstrarem desajustamento ao plano de trabalho, notando-se o risco do comprometimento do esquema empresarial, deverão ser substituídos ou remanejados para outros setores, sendo sempre conveniente que mais de um empregado seja treinado para cada serviço, a fim de evitar a paralisação ou improvisação, em casos de afastamento temporário ou definitivo do encarregado, da execução da tarefa. É aconselhável a adoção de reciclagens, em épocas certas, para uma permanente atualização de conhecimentos Segue-se, então, a implantação dos sistemas Uma vez treinado o pessoal básico, inicia-se o processo de implantação dos sistemas. Esse trabalho deve ser acompanhado por um supervisor, para avaliar, de imediato, os resultados operacionais. Uma vez implantado o sistema, é necessário o acompanhamento e supervisão, a ser feito durante os primeiros meses, pois é essencial o acompanhamento periódico do trabalho, a fim de evitar distorções na execução do trabalho. Não existe, tecnicamente, um período definitivo, variando de acordo com a complexidade do planejamento A última etapa do plano envolve a avaliação dos resultados e é realizada após o pleno funcionamento do programa; é necessária uma avaliação dos resultados obtidos, comparando-se com o diagnóstico, para fins de análises percentuais Da mesma forma do ítem anterior, não existe prazo pré-determinado. Contudo, na prática, tal avaliação não deve se processar muito além de 180 dias, contados da implantação dos sistemas. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 30 Redução de Custos na Escola Inúmeros outros exemplos poderíamos alinhar, entretanto, o cerne da questão se prende a demonstrar que nenhuma direção de empresa tem condições de tomar uma decisão consciente se não possuir elementos seguros acerca dos custos em sua escola Os tempos modernos não mais permitem improvisações e a unidade de ensino que não se mantiver estruturada, empresarialmente, dificilmente terá condições de sobreviver num futuro bem próximo Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 31 Redução de Custos na Escola As Técnicas de Redução de Custos Existem várias técnicas modernas de redução de custos e as primeiras abordaremos no presente trabalho. 1. Plano Global O planejamento global da escola é um dos melhores mecanismos para a redução de custos, pois permite um trabalho genérico, envolvendo todos os setores. O referido plano é feito após a realização de um diagnóstico completo da organização e é a primeira fase para o processo empresarial da escola moderna O diagnóstico é o trabalho preliminar e sua colaboração envolve todos os aspectos que circundam o estabelecimento de ensino. Não deve ser feito por pessoas ligadas ao colégio, pois é comum a indução a determinados resultados, quando o mesmo é realizado por dirigentes ou administradores lotados na dependência escolar O diagnóstico deve retratar a realidade da entidade mantenedora, em seus campos jurídico, administrativo e econômico-financeiro, assim como do estabelecimento de ensino mantido. A tarefa é elemento essencial para a montagem do planejamento e deve ser acompanhada de elementos materiais para a completa visualização das atividades, tais como: plantas baixas e de situação, para análise do correto fluxo de pessoal e de serviços Feito o diagnóstico, passa-se ao planejamento Essa etapa corresponde, quase sempre, à etapa mais trabalhosa e que congrega maiores elementos técnicos, sendo, por conseguinte, a que demanda maior tempo para a sua execução Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 32 Redução de Custos na Escola O planejamento é calçado no diagnóstico e deve ser montado para atender à realidade social da escola. Em nada adianta planos gigantestos para unidades escolares que não alcançarão, a curto prazo, volumes de trabalho de maior monta Envolve a organização completa da entidade mantenedora, quando necessário, nas atividades pedagógicas 2. Método de Análise de Custo O método referenciado não alcança em tão grande profundidade a estrutura da empresa-escola. Visa, tão somente, analisar o custo e corrigir as distorções mais graves e iminentes As linhas básicas da análise do custo já foram abordadas no presente trabalho e dão conta de uma situação definida em época certa, sem se preocupar com uma mudança, a médio ou longo prazo, do sistema global de serviço 3. Método de Amostragem do Trabalho Um sistema também usado para verificação de custos, é o da “amostragem” que consiste em analisar, aleotoriamente, alguns dos pontos da escola (ou algumas turmas) O método segue a mesma linha básica do anterior (item 1.2). Contudo, ao invés de analisar a escola, como um todo, numa época, verifica, exclusivamente, algumas turmas ou mesmo alguns setores isolados da unidade de ensino 4. Método da Distribuição do Serviço O método da distribuição do serviço não analisa custo, propriamente dito, mas visa a redução direta do mesmo, por meio de colocação de pessoas de menor faixa salarial, para executar trabalhos feitos antes por empregados, diretores ou terceiros Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 33 Redução de Custos na Escola Muitas vezes encontra-se a escola com um pequeno quadro de pessoal bem remunerado, comparando-se com o mercado de trabalho da região. As pequenas tarefas, quase sempre rotineiras, consomem vultoso tempo e não podem ser adiadas ou eliminadas. Podemos citar, como exemplos, os trabalhos burocráticos da secretaria, emissão de carnês para recebimento de cotas de anuidades, preparação dos documentos para contabilização, atendimento de telefonemas de vendedores, compra de material, pagamentos em bancos, dentre muitos outros. O tempo dispendido por uma pessoa — com maior ou menor salário — será praticamente idêntico e, se mantivermos, para essas tarefas, empregados de alta remuneração, o nosso custo se elevará, sensivelmente. O método ora em estudo visa, exatamente, a descentralização dessas tarefas, contribuindo para a redução dos custos, visto que dá liberdade aos empregados de maior faixa salarial, para buscarem outros meios de recursos para a anuidade de ensino ou, até mesmo, suas dispensas 5. Racionalização do Trabalho A racionalização do trabalho é o método pelo qual se elimina o supérfluo, em matéria de serviço. Há inúmeras escolas que utilizam formulários em demasia, criam sistemas inadequados para coisas simples e fazem com que seus empregados ocupem grande parte de seus tempos preenchendo documentos, sem a menor importância e, muitas vezes, já superados por uma nova legislação O tempo gasto nessas tarefas inúteis são alocados como custos e a racionalização é fator determinante para a redução dos mesmos 6. Consideração sobre os Métodos Como pode ser visto, o método do plano global é o mais completo e o que dá maiores resultados, sendo aconselhável sua adoção para melhoria das margens de rentabilidade do empreendimento educacional Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 34 Redução de Custos na Escola Existem outros mecanismos que contribuem para a redução dos custos e os principais podemos enumerar a. isenções de tributos — São possíveis de isenções as sociedades civis sem fins de lucro (associações e fundações), em nada importando que a escola analise os prós e contras de transformações das sociedades filantrópicas, para alcançar a plena imunidade b. b. extinção dos custos e turmas deficitárias que não venham comprometer, com o fechamento, aspectos negativos c. c. organização de sistemas simples e funcionais, para a redução dos volumes e fluxos de papéis dentro da empresa d. d. reescalonamento do ano letivo, visando a diminuição da carga horária semanal A adoção de novo calendário letivo pode fazer com que a escola reduza sensivelmente o montante da folha de pagamento, obedecendo a legislação educacional vigente. Poderá a escola diminuir a carga horária semanal e aumentar o número de dias letivos, fazendo com que o período de recesso escolar seja menor. A diminuição do valor da folha decorre do princípio do pagamento do pagamento do professor, na base de carga horária semanal. Não haverá prejuízo para os alunos, visto que o ano letivo será maior, em número de semanas. Contudo, o número de aulas será menor e. padronização de formulários e impressos. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 35 Redução de Custos na Escola Apreciação dos Resultados do Empreendimento Educacional Conforme já analisamos no presente módulo, a escola tem que apresentar resultado positivo, quer seja denominado de lucro ou superavit, conforme a natureza jurídica da entidade mantenedora. Tal resultado é decorrência natural de uma fórmula simples, mas complexa, a qual corresponde: maior receita e menor despesa (ou custo). Apreciamos, em detalhes, os mecanismos de análise e redução dos custos e é importante analisarmos, genericamente, os meios de verificação das receitas operacionais provenientes, em sua totalidade, do pagamento dos alunos. A análise da receita deve ser feita, também distribuída por turmas, conforme se faz com os custos e, no anexo II, juntamos um formulário que deve ser utilizado no sistema O número de alunos é essencial para a constatação da receita per capita, bem como para a média de arrecadação Um terceiro demonstrativo — anexo III — completa a análise, pois compara os resultados obtidos na receita e nos custos, permitindo a verificação do lucro ou prejuízo havido em cada turma, bem como por aluno existente Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 36 Redução de Custos na Escola Outros gráficos podem ser desenvolvidos, a critério de cada escola, para uma melhor análise visual da situação encontrada, com base nas pesquisas levadas a efeito, visando permitir uma correta tomada de decisões pelas pessoas envolvidas no processo decisório da sociedade educacional Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 37 Redução de Custos na Escola Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 38 Redução de Custos na Escola Redução de Custos em Decorrência de Planejamento Pedagógico A escola tem que ter seu Planejamento Pedagógico e um bom projeto possibilitará redução de custos e, além disso, uma melhoria da qualidade de ensino. Muitas das vezes notamos que existem cargos em demasia e atividades que não contribuem para uma relação direta com os padrões exigidos pelos alunos e seus familiares. Outro item está ligado ao número de horas-aula ministradas, quase sempre bem superior à quantidade exigida pela legislação educacional. Qualquer acréscimo de aulas significa custo direto (pagamento aos professores) e indireto (encargos sociais e acessórios) A direção tem que verificar se realmente são necessárias tais aulas e, se não for imprescindível, deve retira-las do plano pedagógico Deve ainda observar se não existem os intervalos (chamados de “janelas”) entre as aulas. Normalmente os dissídios coletivos obrigam pagamento desses períodos, eis que o professor fica à disposição do colégio. A elaboração de um horário de aulas é complexo mas não deve ser visto só pelo ângulo pedagógico, mas também pelo econômico É relevante também ser notado pelos colégios que funcionam a noite se nenhuma das aulas ultrapassa as 22 horas. Quando extrapola há a obrigação de pagar adicional noturno e, dessa forma, aumenta o custo Merece destaque o número de semanas de atividades letivas Muitas escolas trabalham com 15 semanas por semestre, quando o ideal, para fins de redução de custos, é 20. Quando se aumenta o período letivo normalmente se reduz a carga horária semanal e esse rescalonamento modifica os resultados em torno de 20%. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 39 Redução de Custos na Escola O professor ganha por hora-aula (em sua maioria) e faz-se o cálculo tomando por base o número de horas-aulas semanais multiplicando-se por 4,5 semanas e adicionando o repouso semanal remunerado (em alguns dissídios coletivos já consta até os 5,25, que é o resultado das 4,5 semanas mais o repouso). Em determinados casos os professores mais antigos têm anuênio, triênio, qüinqüênio, etc. Isso significa que paga-se mais a quem mais tem mais tempo de casa. Não se prega a substituição dos docentes mais antigos por novos entretanto é preciso ser visto se o equilíbrio econômico-financeiro existe O ponto de equilíbrio entre as necessidades pedagógicas e as possibilidades de recursos materiais tem que ser uma meta do diretor (e de sua equipe). Reduzir a qualidade de ensino é “suscídio” mas manter custos acima dos recursos, é fechar o colégio a curto, médio ou longo prazo Toda a estrutura de custos depende fundamentalmente do bom planejamento pedagógico e de naturalmente, uma boa gestão administrativo-financeira Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 40 Redução de Custos na Escola Textos para Reflexões Além dos itens citados nas páginas anteriores há uma gama de soluções apresentadas pelos "agentes" do estudo com a análise de custos utilizada como ferramenta de apoio para a tomada de decisões. Por isso, uma escola bem administrada tem seus executivos abertos à reciclagem cultural e técnica. O clima organizacional é estimulado à renovação, mantendo o equilíbrio entre o planejado (estratégia empresarial) e o improvisado (flexibilidade decisória), antecipando as crises e enfrentando os problemas com estratégias definidas. Quando se pensa em redução de custo, pensa-se, também, em lucro. A importância do lucro é inquestionável, mas não é o objetivo da escola; não constitui sua missão A missão da escola, seu objetivo essencial, é atender uma necessidade. Por isso seu fundador se apaixona pela idéia da empresa (ver quadro da página 7) e a organiza Necessidade indica carência, concreta ou potencial. Daí surge a escola com uma proposta para satisfaze-la, através dos seus serviços Sem a definição da missão é impossível traçar objetivos específicos coerentes e adequá-los à escola. Portanto, os educadores e equipe comprometidos na análise dos custos, durante o planejamento das ações, devem identificar e definir explicitamente a missão ou finalidade do estabelecimento de ensino e dos seus objetivos dentro do horizonte do planejamento. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 41 Redução de Custos na Escola Outros aspectos que merecem destaque são a análise do ambiente externo, que identifica e avalia as oportunidades e ameaças onde a unidade educacional está inserida; e a análise do ambiente interno que constitui na análise crítica de suas forças e fraquezas (capacidade técnica e cultural do corpo docente, recursos materiais, técnicos e financeiros, estrutura, sistema de informação, sistemas de conhecimento e recompensa, filosofia e estilo de gestão). Para isto podemos utilizar o quadro abaixo: Ambiente Externo Ambiente Interno Olhe para fora da sua Escola e identifique Olhe para dentro de sua Escola e identifique Oportunidades Ameaças Forças Fraquezas Mediante as identificações traçaremos a visão do futuro, isto é, como será o comportamento organizacional e institucional da sua escola nos próximos anos. O objetivo é a melhoria contínua dos processos administrativos e a interação com o projeto pedagógico, nos três aspectos essenciais referentes à "escola que temos" (a escola real); a "escola que queremos" (a escola ideal); e às ações a serem desenvolvidas. Para cada ação é preciso definir o onde, o como e quando de sua realização. Como afirmamos anteriormente há várias técnicas de redução de custos. Não é nossa intenção definir qual a melhor maneira de utilizá- las, porém, para uma compreensão do todo, que deve ser levado em consideração, selecionamos alguns textos que devem ser refletidos e estudados como apoio no processo de planejamento e de decisão. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 42 Redução de Custos na Escola 2. Taxa de Absorção ou de Volume Imaginaremos um caso prático de aplicação da taxa de absorção nas operações de uma escola Seja a organização da Escola a seguinte: DIREÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO SECRETARIA PESSOAL ALMOXARIFAD O TESOURARIA 1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO Os orgãos de Direção e de Secretária constituem os centros de serviço, enquanto que o Centro de Graduação, representando os objetivos da Escola, constitui o centro operacional. A Contabilidade de Custos acumula as despesas dos centros de serviço. Exemplos mais importantes dessas despesas: Salários do Pessoal Administrativo, Material de Consumo, Despesas de Viagens, Despesas de Depreciação de Móveis e Utensílios, Serviços de Terceiros e Despesas Gerais.As despesas dos centros de serviço deverão ser apropriadas às unidades do centro operacional. Convém lembrar que o centro operacional e respectivas unidades terão seus próprios custos. Entretanto, esses custos serão considerados custos diretos. São eles, entre outros: Salários dos Professores, Material de Consumo e Depreciação de Móveis e Utensílios. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 43 Redução de Custos na Escola Para a apropriação dos custos dos centros de serviço às unidades do centro operacional, o Contador de Custos estudará qual a unidade de mensuração que vai representar melhor toda a atividade do centro. Essa unidade de mensuração, nas empresas, para a solução do problema da mesma natureza, é chamada de base de rateio ou de volume e constitui o denominador da fórmula da taxa de absorção. O denominador comum a ser adotado nessa Escola poderia ser o número de alunos, ou o número de horas de aula ou, ainda, o que é bem mais representativo da atividade, o número de alunos-hora relacionado a um determinado período Imaginemos os seguintes dados: 1. Tanto a Direção como a Secretaria fazem uma previsão de suas despesas para o mês de março, com base nas atividades programadas:....R$ 100.000. 2. 2. A Escola prevê, para o mês de março, a realização de 20.000 alunos-hora. De acordo com esses dados, a Escola determina a taxa de absorção a ser empregada para o mês de março Custos dos Centros Auxiliares R$100.000 Taxa de Absorção = Programação : 20.000 alunos − hora = R$5,00 / aluno − hora Essa taxa representa a quantia que cada aluno-hora deve absorver dos custos dos centros auxiliares (custos indiretos). Supomos ainda os dados reais seguintes: 1. Durante o mês de março, a Escola realizou......19.000 alunos-hora. Isso significa que professores e alunos faltaram a certo número de aulas. 2. A despesa do mês de março dos centros auxiliares montou a R$ 110.000. A Contabilidade de Custos da Escola aplicou ao centro operacional a importância estimada de Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 44 Redução de Custos na Escola R$ 95.000 como custos indiretos (R$ 5,00 x 19,000 alunos-hora) durante o mês de março. De acordo com essa aplicação, houve durante o período uma variação total de R$ 15.000 (R$ 110.000 - R$ 95.000). Essa variação deverá ser analisada para as finalidades de controle das operações da Escola Verificou-se, inicialmente, uma variação entre as despesas orçadas pelos centros auxiliares e as despesas efetivas (R$ 110.000 - R$ 100.000) = R$ 10.000 Isso significa que alguns itens das despesas dos centros de serviço foram maiores do que aquilo que os responsáveis por esses centros haviam previsto. Será necessário uma análise mais pormenorizada dessas despesas para que seja possível determinar qual delas está tendo maior influência na variação realizada. Esse procedimento visa a dar ao administrador da Escola instrumentos para um adequado contrôle de suas despesas Finalmente, a análise revelará a existência de uma outra variação que é denominada variação da capacidade, e que será igual a R$ 5.000 (20.000 alunos-horas _ 19.000 alunoshora) x taxa de absorção (R$ 5.00). Essa variação é de grande utilidade para o controle da programação que a Escola houver estabelecido para o mês de março. Representará, em unidades monetárias, a capacidade não utilizada durante o período. Carteiras ficam vazias durante as aulas e certas aulas não foram dadas. O custo dessa capacidade ociosa poderá revelar a nãoexistência de controles rigorosos quanto ao cumprimento dos objetivos da Escola O gráfico acima visualiza o problema que estamos discutindo. Assim como empregamos essas técnicas para uma Escola, poderíamos adotá-las para qualquer outro tipo de organização, na qual as unidades de mensuração ou bases de volume das suas atividades- fins pudessem ser identificadas. As diversas bases de volume (ou de rateio) Os orçamentos, quando preparados, devem ser baseados em previsões de ordem quantitativa. O supervisor de um Centro de Custos, o Gerente de um departamento ou o chefe de uma unidade administrativa prevê suas despesas com base no trabalho que seu componente pretende realizar durante o período. A atividade programada será definida por uma unidade de medida que melhor (Texto extraído do Livro Didático — Custos um Enfoque Administratrivo, do autor George Guerra Leone). Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 45 Redução de Custos na Escola 3. O Passo a Passo do "Check-up" Para a elaboração do diagnóstico integrado devem ser seguido alguns passos: 1) Fazem um perfil das empresa e dos seus dirigentes. 2) Recolhem os demostrativos contábeis do último triênio: • Balanço Patrimonial • Apuração resultado • Origens e aplicações de recursos • Mudanças no patrimônio • Custos dos produtos vendidos • Despesas administrativas • Despesas com vendas • Despesas financeiras líquidas • Vendas mensais • Compras mensais • Evolução da produção e vendas • Receitas e despesas não operacionais • Receita operacional líquida • Despesas fixas Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 46 Redução de Custos na Escola • Despesas variáveis • Despesas temporárias • Despesas proporcionais ao faturamento 3) Depois do check-up da eficiência gerencial, o passo seguinte seguido pelos consultores é fazer um check-up administrativo-financeiro levantando os seguintes dados: • Capital de giro • Ponto de equilíbrio • Custo-hora da administração, produção de vendas da empresa • Índices de gestão e desempenho 4) O check-up administrativo é o último passo para elaboração final do diagnóstico. Nele são levantados os seguintes itens: • Levantamento dos formulários e impressos utilizados • Estrutura fundamental da empresa • Levantamento do hardware instalado e dos sistemas implantados • Levantamento dos controles gerenciais existentes (Texto extraído do Jornal do Brasil - 02/12/96) Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 47 Redução de Custos na Escola 4. Como Evitar que a Empresa Feche Desperdício: O desperdício é um dos problemas que mais leva para o ralo o faturamento de uma empresa. Capacitar os profissionais envolvidos no processo de produção e buscar equipamentos adequados podem ser boas saídas. Dívidas: Em momentos de crise, é comum o empresário achar que os empréstimos bancários podem solucionar seu problema. No entanto, essa pode ser uma opção perigosa. O mais sensato é rever os gastos da empresa para detectar o que pode ser enxugado para, desta forma, reduzir o déficit financeiro. Inovação: Num mundo globalizado,se torna ainda mais importante a preocupação com as inovações do produto e com as necessidades docliente. É preciso fazer pesquisas constantes: desta forma, o empresário estará se antecipando ao mercado e ganhando espaço Comunicação Interna: Ouvir o funcionário é norma básica para quem tem um negócio. Um empregado que expressa suas necessidades e é ouvido pelo patrão se sente mais estimulado, produz mais e melhor. Ignorar os recursos humanos da empresa é falha grave Acomodação: Ainda que a situação financeira da empresa seja saudável, nunca se deve ignorar a concorrência. É justamente em fases de acomodação que surgem produtos mais atraentes para o cliente,oferecidos por outras empresas. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 48 Redução de Custos na Escola Falta de Planejamento: O planejamento estratégico de uma empresa deve começar antes mesmo de sua abertura. É indispensável que se conheça perfeitamente o produto a ser fabricado, o perfil do cliente, o tipo de equipamento indicado para a produção e o canal de escoamento ideal. Texto extraído do Jornal O Globo - 10/05/98) Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 49 Redução de Custos na Escola 5. Reestruturar Empresas, um Duro Ofício Um seleto time de executivos vêm recebendo quantias milionárias para devolver o vigor a empresas abatidas pela abertura de mercado. Especialistas em reestruturação de empresas, eles têm que ter grande jogo de cintura para suportar as pressões dos funcionários, que em geral são alvos de programas de enxugamento de folha, dos credores, ansiosos por rever seu dinheiro, e dos próprios acionistas que estão pagando por um serviço que os afasta do comando do seu próprio negócio Contratados para uma missão específica e em geral com tempo determinado e ganhos com alguma vinculação ao sucesso da empreitada, eles percorrem, entre a assinatura do contrato ao final do trabalho, um curto mas desgastante caminho Quando deixou o comando da Unipar no final de abril, Edson Vaz Musa, um dos mais bem pagos executivos do país, deu voz ao pensamento da maioria dos reestruturadores que ganham dinheiro colocando nos eixos empresas inchadas, sem foco e pouco preparadas para sobreviver num mercado aberto, onde lhes é exigida eficiência. "Algumas empresas têm que compensar, além do custo Brasil, também o custo família e, aí, haja vantagem competitiva", diz Musa. Tropa de elite — Foi um desabafo. Musa considera que a tropa de elite sob seu comando reverteu o prejuízo de R$ 3,6 milhões da Unipar no primeiro semestre de 1997 para um lucro de R$ 11,7 milhões no segundo semestre. Em pouco menos de um ano foi feita uma faxina na empresa, cortaram-se os gastos, houve demissões e todas as contas de balanço foram refeitas. Tudo parecia pronto para que fosse deflagrado o plano estratégico da empresa quando a família Geyer, controladora da Unipar, recorreu à justiça para tirar os poderes que havia dado a Musa Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 50 Redução de Custos na Escola O executivo, por sua vez, também entrou na justiça cobrando uma indenização da família. "Meu principal patrimônio são os meus 36 anos de profissão e mexer na minha honra tem seu preço", diz ele. Musa esteve no grupo francês Rhone Poulenc por 35 anos, onde chegou à presidência da Rhodia ( a subsidiária brasileira). Ao deixar o grupo abriu sua própria empresa a MGDK, para atuar em reestruturação de empresas Quando o controlador de uma empresa contrata um reestruturador em geral ele está sem saída e por isso faz todas as concessões. "Mas quando começa a dar certo todo mundo acha que já pode gerir a empresa", diz Manuel Horácio da Silva, 52 anos, um conhecido e bem sucedido reestruturador de empresas, hoje um dos quatro diretorespresidentes da Campanhia Vale do Rio Doce (CVRD). "Há um desgaste político muito grande nessas negociações e o ideal é conseguir imprimir as mudanças nos primeiros seis meses", diz Um de seus trabalhos mais conhecidos foi o que pilotou na Sharp. Ele vendeu mais de 10 empresas do grupo, cortou US$ 100 milhões em custos e reposicionou a empresa no mercado. "Quando começamos a vender ativos e racionalizar investimentos começamos também a gerar capital e a pagar dívidas, economizando uma fortuna em despesas financeiras", diz O grande problema da Sharp, como diz Manoel Horácio, era a estrutura complexa para tomada de decisões e os custos extremamente altos "Criamos uma estrutura leve e ágil e ficamos apenas com as áreas estratégicas de negócios", diz. "Também criamos um comprometimento com o resultado, o que não existia". Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 51 Redução de Custos na Escola Quando entrou na Sharp, Manoel Horácio encontrou uma empresa com uma fatia de 9% no mercado de televisores. Saiu da Sharp dois anos depois , quando a fatia de mercado já alcançava os 14%. Foco — O que aconteceu com a Sharp é um exemplo típico do que ocorre em muitas empresas brasileiras. "São empresas que acumulam problemas de gestão com o tempo e têm necessidade de foco estratégico", diz Musa. "Essas empresas começaram em nichos de mercado, quando existia o mercado e não o produto e num ambiente fechado", acrescenta Manoel Horácio. "A empresa cresce de forma desorganizada e passa a viver numa economia aberta, com forte concorrência, é muito difícil ", reforça Antonio Maciel Neto, executivo com duas importantes reestruturações no currículo e que reduziu a dívida do empresário Olacyr de Moraes de R$ 1,2 bilhão para R$ 400 milhões - pendentes de renegociação restam ainda R$ 250 milhões Para recolocar nos trilhos da economia o grupo de Olacyr de Moraes, Maciel teve que dizer para o "rei da soja" que suas duas fazendas de 160 mil hectares teriam que ser vendidas. "Imagine o que foi dizer que essas fazendas não tinham futuro dentro do grupo?", diz. Maciel vinha de uma passagem de três anos para Cecrisa, empresa catarinense de cerâmica, também familiar, onde ele pilotou com sucesso a reestruturação. "Você tem que ter um papel didático, diplomático. Se a família não apoiar, não tem reestruturação". diz. Nas duas reestruturações que comandou, Maciel teve que lidar diretamente com o fundador do grupo e neste caso, ele conta, a chave do sucesso é fazer do fundador o seu consultor. "Ele é um empreendedor, conhece profundamente o negócio e ninguém gosta mais de empresa do que ele ", diz Quando não consegue esse entendimento, porém, cria-se uma situação insólita. Esses executivos são contratados em condições invejáveis para fazer as empresas voltarem a dar lucro para seus donos. O que ocorre é que muitos controladores não suportam o processo, Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 52 Redução de Custos na Escola desistem no meio do caminho e entram em rota de colisão com os executivos. "As medidas de uma reestruturação em geral são antipáticas e por isso é preciso ter muita autoridade", diz Musa (Texto extraído do Jornal do Brasil, autora Mara Luquet -10/05/98) Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 53 Redução de Custos na Escola 6. Treinamento: despesa ou investimento O treinamento de pessoal costuma sofrer cortes em épocas de recessão. No entanto, é preciso lembrar que ele não é uma atividade fim, mas um meio para cooperar na execução de objetivos da organização Em recente convenção nacional de vendas realizada em São Paulo, um dos preletores inscritos, discutindo a dificuldade para obter maiores recursos financeiros a serem aplicados no treinamento de sua força de vendas, afirmativa a certa altura: "nossa empresa investe de bom grado soma de dinheiro na compra de máquinas e equipamentos modernos, rendendo benefícios moderados. Ao mesmo tempo, nossa diretora se recusa a investir maiores recursos em programas de treinamento em vendas, os quais produzem maiores benefícios que o simples investimento em máquinas". Na tentativa de solucionar o problema em questão, você necessita buscar resposta adequadas para três perguntas essenciais * Que explicações razoáveis poderiam justificar a decisão da diretoria da empresa mencionada? * Treinamento eficaz é investimento ou gasto? Por quê? * Como argumentar junto à diretoria da firma para aumentar seus investimentos em treinamento? Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 54 Redução de Custos na Escola Na verdade, a realidade do dia-a-dia empresarial mostra que, ao primeiro sinal de retratação dos negócios, mesmo que isso não configure necessariamente uma recessão, o treinamento de pessoal é um dos primeiros setores da companhia a sofrer cortes Paralelamente, é fato reconhecido que a educação formal está longe de oferecer ao mercado profissionais devidamente habilitados para o pleno exercício de suas funções. Com isso, aumenta o gap entre as necessidades de mão-de-obra especializada das empresas e o mercado de profissionais disponíveis. Assim, a despeito da miopia empresarial revelada por algumas companhias, como exemplo já citado, o treinamento constitui, atualmente, um dos temas centrais de gestão eficiente de recursos humanos, revelando-se como um efeito sistema básico de investimento em pessoal. Sabe-se que o treinamento é uma atividade administrativa que não produz resultados imediatos. Contudo, suas vantagens compensam em muito essa desfasagem entre o tempo em que o investimento é feito é aquele em que o retorno do capital empregado acontecerá, ou seja: * redução dos custos administrativos através da diminuição do tempo exigido para realizar as tarefas de produção e venda e do tempo para conseguir com que o empregado inexperiente chegue a um nível aceitável de eficácia; * redução dos custos de materiais através da diminuição de produtos defeituosos; * redução dos custos de pessoal por meio da diminuição de ausências, acidentes, queixas e mesmo substituições; Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 55 Redução de Custos na Escola * redução dos custos na prestação de serviços à clientela através da melhoria do fluxo de produtos do fabricante ao consumidor; * redução dos custos gerais de administração por meio da criação de um clima pisicológico que orienta as atividades de cada colaborador para a consecução dos objetivos da organização. A atividade de treinamento procura, portanto, atingir a maximização dos recursos materiais e financeiros dos recursos materiais e financeiros disponíveis, diminuindo despesas e motivando as equipes para a consecução dos objetivos da empresa. É, portanto, não uma despesa, mas, sim, um investimento de amplo retorno. (Texto extraído do Boletim Administração de negócios da COAD – ano 91 - de autoria de William McGehee e Paulo W. Thayer). Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 56 Redução de Custos na Escola Considerações Finais A escola deve ser administrada como uma empresa, para que assim utilize as técnicas de administração. Só desta forma poderá ter condições de analisar os mecanismos técnicos e a sistemática de seus custos. O planejamento de custos deve ser feito de forma a não atingir o desenvolvimento pedagógico da escola, por isso é necessário fazê-lo sem grande alarde e com um espaço de tempo maior, dependendo da realidade de cada escola. O guia traz importantes subsídios para sanar as dúvidas e possibilitar tomadas de decisões, tão importantes e delicadas quando se envolve o controle de custos. Instituto de Pesquisas e Administração da Educação 57