Efeito de diferentes
tratamentos
e substratos na germinação e
desenvolvimento de plântulas de beterraba.
José C. Lopes1; João B. Zonta;1Paulo C. Cavatte1
Universidade Federal do Espírito Santo – Centro de Ciências Agrárias – Departamento de Fitotecnia, CP 16,
1
29500-000 Alegre-ES. [email protected]
RESUMO
Este trabalho foi proposto com o objetivo de avaliar a influência de diferentes substratos e
tratamentos pré-germinativos na germinação de sementes e desenvolvimento de plântulas
de beterraba (Beta vulgaris L.). Os tratamentos pré-germinativos utilizados foram sementes
intactas e sementes lavadas durante 12 horas em água corrente e secas à sombra por 12
horas; os substratos utilizados foram argissolo; argissolo + calagem + NPK; argissolo +
calagem + NPK + hidroplan 1 g L-1; argissolo + calagem + NPK + esterco bovino; argissolo +
calagem + NPK + torta de filtro; argissolo + pó-de-coco + vinhaça; argissolo + plantmax; solo
de mineração; solo de mineração + NPK; solo de mineração + NPK + hidroplan 1 g L-1; solo
de mineração + NPK + esterco bovino; solo de mineração + NPK + torta de filtro. O
experimento foi conduzido em sacolas plásticas de 500 mL, em delineamento experimental
inteiramente casualizado (DIC), com 4 repetições, sendo as parcelas experimentais
constituídas de 12 sacolas, mantidas em casa de vegetação, sob tela de poleolefina (50%),
num fatorial 2 x 12, no campus do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do
Espírito Santo (CCA-UFES), em Alegre-ES. A comparação de médias foi feita pelo teste de
Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados obtidos para germinação e velocidade de
emergência não diferiram significativamente entre os substratos, enquanto o tratamento prégerminativo sementes não lavadas apresentou melhores resultados para ambos. Entretanto,
maior desenvolvimento inicial foi verificado no substrato argissolo + calagem + NPK + torta
independente da semente ser ou não lavada.
Palavras-chaves: Beta vulgaris, germinação, desenvolvimento, substrato.
ABSTRACT
Effects of different treatment and substrate on the beetroot seed germination and the
initial plant development.
This work was accomplished with the objective of evaluating the effects of different treatment
and substrate bout the beetroot seed germination and the initial plant development. The
treatment were composed for intact seeda and seed soaking in water during 12 hours and
the following substrates: argissoil; argissoil + calcareous + NPK; argissoil + calcareous +
NPK + hidroplan 1 g L-1; argissoil + calcareous + NPK + bovine manure; argissoil +
calcareous + NPK + filter pie; argissoil + coconut powder + stillage; argissoil + plantmax;
mining soil; mining soil + NPK; mining + NPK + hidroplan 1 g L-1; mining + NPK + bovine
manure; mining + NPK + filter pie. The substrate was placed in plastic bag of 500 mL,
maintained on the greenhouse under poliolefinas canvas (50%) on the campus of Agrarian
Science Center of Federal University in the Espirito Santo State, in Alegre, ES, Brazil. The
experiment was set up in a complete randomized design, with four replications and the
average comparison through Tukey test of 5%. In substrate, the results don’t evidenced
difference of seed germination and speed germination. However, non soaking seed
presented better results. Great development was obtained in substrate argissoil + calcareous
+ NPK + filter pie.
Keywords: Beta vulgaris, development, germination, substrate.
A beterraba (Beta vulgaris L.) é uma hortaliça pertencente à família Quenopodiaceae,
e é bastante cultivada em países de clima temperado, sendo que no Brasil se destacam as
regiões Sul e Sudeste (Camargo, 1984). A planta desenvolve uma típica parte tuberosa,
purpúrea, rica em açucares, sais minerais e vitaminas (Murayama, 1973). Uma beterraba de
qualidade deve ser doce mas sem excesso, tenra depois de cozida e não apresentar estrias
brancas. A germinação da semente é afetada por uma série de condições, tanto intrínsecas
como extrínsecas, cujo conjunto é essencial para que o processo se realize normalmente.
Os principais fatores são umidade, luz, temperatura e oxigênio (Mayer & Poljakoff-Mayber,
1989; Carvalho & Nakagawa, 2000). O substrato também é um fator que tem grande
influência no processo germinativo, e para a escolha do material deve ser levado em
consideração o tamanho da semente, sua exigência com relação à umidade, sensibilidade
ou não à luz e ainda a facilidade que esse oferece ao desenvolvimento e avaliação de
plântulas (Brasil, 1992; Figliola et al., 1993; Carvalho & Nakagawa, 2000). Outros fatores
como aeração, capacidade de retenção de água e grau de infestação de patógenos podem
variar de um substrato para o outro, favorecendo ou prejudicando a germinação das
sementes e o desenvolvimento das plantas (Barbosa & Barbosa, 1985). Outro fator que
pode interferir na germinação da beterraba é uma toxina, contida em sua semente, que tem
um grande poder de inibir a germinação da plântula. E com o intuito de eliminar essa toxina
é feita a lavagem das sementes, deixando-as de 12 a 24 horas em água corrente (Brasil,
1992).
Este trabalho foi proposto com o objetivo de avaliar a influência de diferentes
substratos e tratamentos pré-germinativos na germinação de sementes e desenvolvimento
de plântulas de beterraba (Beta vulgaris L.).
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, coberta com tela de poleolefina (50%), no Campus do Centro de Ciências agrárias da universidade federal do Espírito
Santo, Alegre-ES, utilizando-se sementes de beterraba (Beta vulgaris L.), cultivar precoce.
Os tratamentos pré-germinativos utilizados foram sementes intactas e sementes
lavadas durante 12 horas em água corrente e secas à sombra por 12 horas; os substratos
utilizados foram argissolo; argissolo + calagem + NPK; argissolo + calagem + NPK +
hidroplan 1 g L-1; argissolo + calagem + NPK + esterco bovino; argissolo + calagem + NPK +
torta de filtro; argissolo + pó-de-coco + vinhaça; argissolo + plantmax; solo de mineração;
solo de mineração + NPK; solo de mineração + NPK + hidroplan 1 g L-1; solo de mineração +
NPK + esterco bovino; solo de mineração + NPK + torta de filtro. O experimento foi
conduzido em sacolas plásticas de 500 mL, em delineamento experimental inteiramente
casualizado (DIC), com 4 repetições, sendo as parcelas experimentais constituídas de 12
sacolas, num fatorial 2 x 12.
Todos os substratos utilizados foram coados em peneira de quatro milímetros e a
semeadura feita com duas sementes por sacola. As regas foram feitas diariamente de
acordo com a necessidade da cultura. A avaliação do experimento foi feita diariamente a
partir da semeadura até o final do experimento, anotando-se as sementes germinadas e
calculando-se a porcentagem de germinação e o índice de velocidade de emergência
(Maguirre, 1962), massa de matéria seca e fresca e comprimento da parte aérea.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios da porcentagem de germinação e do índice de velocidade de
emergência encontram-se na Tabela 1. Os dados obtidos evidenciam que houve um
aumento na porcentagem e na velocidade de germinação nas sementes que não foram
lavadas, em relação às sementes lavadas. Entretanto, entre os diferentes substratos
utilizados, não se verificou diferença significativa.
Tabela 1: Germinação (%) e índice de velocidade de emergência (IVE) de sementes de
beterraba (Beta vulgaris L.), intactas e lavadas, em diferentes substratos. CCAUFES, Alegre-ES, 2004.
Subst
ratos2
Arg.
Arg.+cal.+NPK
Arg.+cal.+NPK+hidroplan
Arg.+cal.+NPK+est. bovino
Arg.+cal.+NPK+torta de filtro
Arg.+pó coco+vinhaça
Arg.+plantimax
SM
SM + NPK
SM+ NPK+hidroplan
SM+NPK+est. bovino
SM +NPK+ torta de filtro
Germinação
(%)
Intactas
Lavadas
86 aA1
92 aA
93 aA
91 aA
81 aA
85 aA
84 aA
90 aA
94 aA
87 aA
86 aA
82 aA
73 aB
62aB
70aB
71aB
69aB
68aB
56aB
63aB
65aB
67aB
67aB
60aB
IVE
Intactas
Lavadas
3,932 aA
4,070 aA
4,056 aA
3,804 aA
3,809 aA
4,744 aA
3,856 aA
4,566 aA
4,636 aA
4,293 aA
4,638 aA
4,251 aA
3,382 aB
2,758 aB
3,541 aB
3,288 aB
3,602 aB
3,278 aB
2,675 aB
3,310 aB
3,379 aB
4,213 aB
3,571 aB
2,930 aB
1- As médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem
significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5%.
2-Arg.- Argissolo; cal.- Calagem; SM- resíduo de mineração
Quanto à matéria fresca, o substrato que apresentou melhores resultados foi o
argissolo + calagem + NPK + torta de filtro com sementes lavadas. Para os dados de
matéria seca e comprimento da parte aérea verificou-se que o substrato argissolo + calagem
+ NPK + torta de filtro foi o que evidenciou aumento significativamente maior em relação aos
demais substratos, sendo que o tratamento de lavagem das sementes, entretanto, não
exerceu influência nesses parâmetros (Tabela 2). Os resultados mostram que o solo de
mineração e a torta de filtro, ambos resíduos de indústria, podem ser eficientes para o
desenvolvimento de plântulas de beterraba, sendo que a torta de filtro mostrou-se mais
eficiente que o esterco bovino durante o desenvolvimento das plântulas.
Tabela 2: Altura de planta, massa de matéria fresca (MFPA) e matéria seca (MSPA) de
plântulas oriundas de sementes de beterraba (Beta vulgaris L.), intactas e
lavadas, em diferentes substratos. CCA-UFES, Alegre-ES, 2004.
Tratamentos pré-germinativos
Substratos
Sementes intactas
Sementes lavadas
MFPA
mg
MSPA
mg
Altura
cm
MFPA
mg
MSPA
mg
Altura
cm
Arg.
108.0 bcA1
6.8 cA
1.7 abA
116.1 bcA
8.2 cA
1.6 abA
Arg.+cal.+NPK
109.5 bcA
7.1 bcA
1.9 abA
118.8 bcA
9.6 bcA
1.5 abA
Arg.+cal.+NPK+hidroplan
71.8 cA
4.0 cA
1.3 bcdA
88.1 cA
7.2 cA
1.3 bcdA
Arg.+cal.+NPK+est. bovino
81.1 bcA
4.2 cA
1.4 bcdA
116.9 bcA
6.5 cA
1.4 bcdA
Arg.+cal.+NPK+tort de filtro
260.5 aB
14.7 aA
1.9 aA
410.2 aA
22.8 aA
1.7 aA
Arg.+pó coco+vinhaça
111.1 bcA
8.5 cA
1.2 dA
47.2 bcA
3.0 cA
0.8 dA
Arg.+plantimax
193.2 abA
10.3 bcA
1.7 abcA
145.5 abA
11.0 bcA
1.3 abcA
SM
90.3 bcA
4.7 cA
1.0 cdA
66.1 bcA
5.3 cA
1.2 cdA
SM + NPK
100.1 bcA
7.0 cA
1.2 cdA
79.3 bcA
5.8 cA
1.2 cdA
SM+ NPK+hidroplan
126.9 bcA
7.8 bcA
1.4 abcA
159.6 bcA
11.31 bcA
1.5 abcA
SM+NPK+est. bovino
121.6 bcA
7.5 cA
1.3 bcdA
82.6 bcA
5.5 cA
1.3 bcdA
SM +NPK+ torta de filtro
188.1 abA
14.5 abA
1.5 abcA
172.9 abA
13.9abA
1.4 abcA
1- As médias seguidas pela mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na linha, não diferem
significativamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
2-Arg.- Argissolo; cal.- Calagem; SM- resíduo de mineração
LITERATURA CITADA
BARBOSA, J.M. & BARBOSA, L.M. Avaliação dos substratos, temperaturas de germinação
e potencial de armazenamento de sementes de três frutíferas silvestres. Ecossistema,
Espírito Santo do Pinhal, v.10, n.1, p.152-160, 1985.
BRASIL, Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise de sementes.
Brasília: SNDP/DNDV/CLAV, 1992, 365p.
CAMARGO, L.S. As hortaliças e seu cultivo. 2.ed. Campinas, Cargill, 1984, 448p.
CARVALHO, N.M. & NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.ed.
Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588p.
FIGLIOLA, M.B; OLIVEIRA, E.C. & PIÑA-RODRIGUES, F.C.M. Análise de sementes. In:
AGUIAR, I.B.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M & FIGLIOLA, M.B (eds.). Sementes florestais
tropicais. Brasília: ABRATES, 1993. p.173-174.
MAGUIRE, J.D.
Speed of germination-aid in selection and evaluation for seeding
emergence and vigor. Crop Science, Madison., v.2, n.2, p.176-177, 1962.
MAYER, A.C. & POLJAKOFF-MAYBER, A. The germination of seeds. London: Pergamon
Press, 1989. 270p.
MURAYAMA, S. Horticultura. Campinas: ICEA, 1973, 317p.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), pelo auxílio de
bolsa de iniciação científica (PIVIC/ PIBIC).
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