Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica Dissertação de Mestrado MODELAGEM DA CINÉTICA QUÍMICA DE FORMAÇÃO DE NOX E CO EM MOTORES COM IGNIÇÃO POR CENTELHA Marco Valério Kuhlmann Raggi Orientador: Prof. José Ricardo Sodré, Ph.D. Belo Horizonte, Dezembro de 2005 Esta dissertação é dedicada aos meus pais, Aristides e Marizeth, à minha esposa Sandra, à minha filha Valéria e a todos os meus familiares, que me apoiaram na realização desta Obra. i AGRADECIMENTOS Principalmente ao meu orientador, Prof. José Ricardo Sodré, Ph.D.; Aos amigos do Laboratório de Motores, em especial aos futuros engenheiros Alahdjin Atan Pinto, Evandro Vinícius Bretas Lobo e Ramon Oliveira Motta; Ao Prof. Dr. Sérgio de Morais Hanriot; Ao Eng. Ivan José Santana e aos Técnicos Pedro Kapler, Vinícius Maia de Sá e Carlos Eduardo dos Santos, pelo auxílio nos experimentos; À PUC-Minas, instituição responsável pelo Programa de Pós-Graduação; Ao CNPq, pela bolsa de estudos; À FAPEMIG, pela bolsa de Aperfeiçoamento que precedeu o Mestrado; À FIAT Powertrain, pela cessão do motor de produção para os experimentos; A todos que me ajudaram de alguma forma, meus sinceros agradecimentos. ii RESUMO Este trabalho apresenta um modelo otimizado que calcula a taxa de formação de óxidos de nitrogênio (NOX) e um modelo desenvolvido para o cálculo da concentração cinética de monóxido de carbono (CO) em motores com ignição por centelha. O modelo de NOX é baseado no mecanismo de Zeldovich, que descreve a cinética de formação do óxido nítrico em três reações. A otimização do modelo de NOX foi feita pelo estabelecimento de uma correção para a temperatura dos produtos, calculada pela temperatura adiabática da chama e considerada espacialmente uniforme no cilindro, em função da razão de equivalência da mistura combustível-ar. O modelo otimizado de NOX foi calibrado por dados experimentais disponíveis de um motor de pesquisas mono-cilindro e, a seguir, comparado a experimentos realizados em um motor de produção. O modelo otimizado de NOX produziu valores calculados próximos dos dados experimentais do motor de pesquisas, especialmente na região da mistura pobre e na região de pico próxima à razão estequiométrica, mas mostrou forte dependência da razão de equivalência da mistura quando foi comparado aos resultados experimentais obtidos do motor de produção. O modelo de cálculo da concentração cinética de CO é baseado em um mecanismo de duas reações. Os resultados encontrados pelo modelo de cálculo da concentração cinética de CO mostraram-se satisfatórios quando comparados com os dados experimentais do motor de pesquisas e com os resultados experimentais obtidos do motor de produção. O modelo de cálculo da concentração cinética de CO mostrou maior precisão em relação ao cálculo de sua concentração de equilíbrio, especialmente na região de mistura rica. iii ABSTRACT This work presents an optimized model that calculates the rate of formation of oxides of nitrogen (NOX) and a model developed to calculate the kinetic concentration of carbon monoxide (CO) in spark-ignited internal combustion engines. The NOX model is based on the Zeldovich mechanism, which describes the kinetics of nitric oxide formation in three reactions. The NOX model optimization was done by the establishment of a correction for the products temperature, calculated by the flame adiabatic temperature and considered spatially uniform in the cylinder, as a function of fuel-air mixture equivalence ratio. The optimized NOX model was calibrated by experimental data available from a single-cylinder research engine, followed by comparisons to experiments performed in a production engine. The optimized NOX model produced calculated values close do the experimental data available from the research engine, especially in the lean mixture region and in the peak concentration region closed to stoichiometric, but showed a strong dependence on mixture equivalence ration when compared to the experimental results obtained from the production engine. The model developed to calculate CO kinetic concentration is based in a two-reactions mechanism. The results from the kinetic CO concentration calculation model were satisfactory when compared to experiments performed to the experimental data from the research engine and to the experimental results obtained from the production engine. The model of kinetic CO concentration calculation showed higher accuracy in comparison to the calculated equilibrium concentration, especially in the rich mixture region. iv ÍNDICE Dedicatória........................................................................................................................ i Agradecimentos................................................................................................................. ii Resumo.................................................................................................................................iii Abstract.................................................................................................................................iv Índice.....................................................................................................................................v Lista de Tabelas.................................................................................................................viii Lista de Figuras...................................................................................................................ix Nomenclatura......................................................................................................................xii Capítulo 1 – Introdução...................................................................................................... 1 1.1 – Prefácio............................................................................................................. 1 1.2 – Objetivos.......................................................................................................... 3 1.3 – Estado da Arte................................................................................................... 4 1.4 – Escopo da Dissertação...................................................................................... 5 Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica..................................................................................... 6 2.1 – Estudos Sobre a Formação e Modelagem de Emissões de NOX...................... 6 2.2 – Estudos Sobre a Formação e Modelagem de Emissões de CO......................... 9 Capítulo 3 – Análise Teórica..............................................................................................13 3.1 – Formação de NOX e CO em Motores de Combustão Interna..........................13 3.2 – Equação de Combustão – Composições de Equilíbrio de NO e CO................16 3.3 – Cinética de Formação de Óxido Nítrico...........................................................17 3.4 – Cinética de Formação de Monóxido de Carbono.............................................20 Capítulo 4 – Metodologia Numérica..................................................................................22 4.1 – Modelo de Emissões de NO.............................................................................22 4.2 – Modificação das Constantes das Taxas de Reação de Acordo com James v Índice vi (1982).............................................................................................................. 22 4.3 – Modificação das Constantes das Taxas de Reação de Acordo com Tinaut (1999).............................................................................................................. 24 4.4 – Modificação da Constante da Taxa de Reação em Função da Razão de Equivalência da Mistura.................................................................................. 27 4.5 – Correção da Temperatura em Função da Razão de Equivalência da Mistura............................................................................................................ 29 4.6 – Metodologia para Cálculo da Taxa de Formação Cinética de CO.................. 31 Capítulo 5 – Metodologia Experimental...........................................................................32 5.1 – Aparato Experimental......................................................................................32 5.1.1 – Motor Utilizado nos Experimentos..................................................... 32 5.1.2 – Dinamômetro Hidráulico.....................................................................34 5.1.3 – Sistema Pneumático de Medição de Carga......................................... 35 5.1.4 – Sensor de Rotação................................................................................35 5.1.5 – Medidor de Vazão................................................................................35 5.1.6 – Sensores de Temperatura da Água.......................................................36 5.1.7 – Descrição Funcional do Analisador de CO..........................................36 5.1.8 – Descrição Funcional do Analisador de NO/NOX.................................38 5.1.9 – Analisador de Gás Sun Modelo PGA- 500..........................................38 5.1.10 – Termo – Higrômetro..........................................................................39 5.1.11 – Rastreador do Motor..........................................................................40 5.1.12 – Medição da Temperatura na Exaustão...............................................41 5.2 – Procedimento Experimental.............................................................................41 5.2.1 – Montagem do Motor no Dinamômetro................................................41 5.2.2 – Esquema dos Experimentos no Dinamômetro.................................... 42 5.2.3 – Montagem e Procedimento de Leitura dos Analisadores de NO/NOX e CO..................................................................................... 43 Capítulo 6 – Resultados e Discussões............................................................................... 44 6.1 – Resultados do Modelo de Cálculo da Concentração Cinética de NO............. 44 6.1.1 – Comparação do Modelo aos Dados Experimentais do Motor de Pesquisa............................................................................................... 44 6.1.2 – Comparação do Modelo aos Experimentos no Motor de Produção... 50 Índice vii 6.2 – Resultados do Modelo de Cálculo da Concentração Cinética de CO............. 56 6.2.1 – Comparação do Modelo aos Dados Experimentais do Motor de Pesquisa............................................................................................... 56 6.2.2 – Comparação do Modelo aos Experimentos do Motor de Produção.....57 Capítulo 7 – Conclusões......................................................................................................60 7.1 – Modelo de NOX Modificado............................................................................60 7.2 – Modelo da Concentração Cinética de CO....................................................... 61 7.3 – Sugestões para Trabalhos Futuros....................................................................61 Bibliografia..........................................................................................................................63 Apêndice A – Descrição do Programa Computacional...................................................66 A.1 – Considerações Gerais..................................................................................... 66 A.2 – Determinação da Composição dos Produtos da Combustão.......................... 75 Apêndice B – Dados dos Experimentos no Motor de Pesquisa...................................... 79 B.1 – Características Gerais do Motor Utilizado nos Experimentos (Sodré, 1995) 79 B.2 – Instrumentos de Medição............................................................................... 80 B.3 – Procedimento Experimental........................................................................... 80 B.4 – Equipamento Usado para Medição da Concentração de NO......................... 81 B.5 – Equipamento Usado para Medição da Concentração de CO......................... 81 Apêndice C – Análise de Incerteza das Medições Experimentais.................................. 82 C.1- Incerteza da Razão de Equivalência da Mistura Combustível/Ar.................... 82 C.2 - Incerteza do Ângulo de Ignição...................................................................... 83 C.3 – Incerteza de Medição de NOX........................................................................ 84 C.4 - Incerteza de Medição de CO........................................................................... 85 Anexo I – Dados Coletados nos Testes Experimentais no Motor de Produção............ 87 Anexo II – Model for Kinetic Formation of CO Emissions in Internal Combustion Engines.............................................................................................................. 93 Anexo III – Modelo de Formação Cinética de Emissões de CO em Motores de Combustão Interna....................................................................................... 98 Anexo IV – Otimização de um Modelo para Cálculo das Emissões de Óxidos de Nitrogênio de Motores com Ignição por Centelha................................... 104 Anexo V – Improvement of a Model for Calculation of Oxides of Nitrogen Emissions from Spark Ignition Engines…………………………………... 112 Lista de Figuras viii LISTA DE TABELAS Tabela 1.1 – Limites de emissões de poluentes exigidos pelo PROCONVE a partir de 01/01/1997......................................................................................................... 2 Tabela 1.2 – Proposta para limites de emissões das fases IV e V.......................................... 3 Tabela 3.1 – Taxas de formação das reações....................................................................... 19 Tabela 3.2 – Valores típicos para R1, R2 e R3...................................................................... 20 Tabela 4.1 – Constantes de reação (Tinaut, 1999)............................................................... 24 Tabela A.1 – Valores das constantes para cálculo da energia interna.................................. 73 Tabela B.1 – Características do motor Ricardo E-6............................................................. 79 Tabela C.1 – Leituras realizadas para a razão de equivalência da mistura combustível/ar. 82 Tabela C.2 – Leituras realizadas para o ângulo de ignição.................................................. 84 Tabela C.3 – Somatório das leituras realizadas de NOX...................................................... 85 Tabela C.4 – Somatório das leituras realizadas de CO........................................................ 86 Lista de Figuras ix LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 – Variação das concentrações de NO e CO na exaustão de um motor convencional do ciclo Otto com a razão de equivalência da mistura combustível/ar 14 Figura 4.1 – Resultados do modelo de James (1982) comparados aos do modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 28º APMS)............. 23 Figura 4.2 – Resultados do modelo de James (1982) comparados aos do modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 36º APMS).............. 24 Figura 4.3 – Resultado do Modelo de Tinaut comparados aos do modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 28º APMS).................................... 26 Figura 4.4 – Resultado do modelo de Tinaut comparados aos do modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 36º APMS).................................... 26 Figura 4.5 – Valores da constante A otimizados pelos experimentos e valores calculados pela Eq. (4.13)................................................................................................. 28 Figura 4.6 – Resultado do Modelo com a constante k1+ modificada em função da razão da equivalência da mistura comparados ao modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 28º APMS).................................... 28 Figura 4.7 – Resultados do Modelo com a constante k1+ modificada em função da razão da equivalência do mistura comparados ao modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 36º APMS).................................... 29 Figura 4.8 – Valores da constante que multiplica a temperatura......................................... 30 Figura 5.1 – Cabeçote superior e inferior desmontados....................................................... 33 Figura 5.2 – Motor completo montado no dinamômetro..................................................... 34 Figura 5.3 – Dinamômetro hidráulico e motor..................................................................... 34 Figura 5.4 – Sensor de rotação montado no dinamômetro................................................... 35 Figura 5.5 – Medidor de vazão montado na linha de combustível...................................... 36 Lista de Figuras x Figura 5.6 – Analisadores de NOX/NO e CO utilizados no experimento............................ 37 Figura 5.7 – Analisador de gases SUN PGA – 500............................................................. 39 Figura 5.8 – Termo – higrômetro utilizado nos experimentos............................................. 40 Figura 5.9 – Rastreador de motor......................................................................................... 40 Figura 5.10 – Analisador utilizado para medir a temperatura na exaustão.......................... 41 Figura 5.11 – Esquema representando o sistema................................................................. 42 Figura 6.1 – Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e com o presente modelo variando a razão combustível/ar (ignição a 28º APMS)... 45 Figura 6.2 – Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e com o presente modelo variando a razão ar/combustível (ignição a 36º APMS)... 45 Figura 6.3 – Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e com o presente modelo variando a velocidade de rotação do motor....................... 46 Figura 6.4 – Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e com o presente modelo variando o ângulo de ignição................................... 48 Figura 6.5 – Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e com o presente modelo variando a razão de compressão................................ 49 Figura 6.6 – Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e com o presente modelo variando a temperatura da água e óleo..................... 49 Figura 6.7 – Comparação do modelo de NOX original e do presente modelo com os experimentos para 100% de carga.................................................................... 50 Figura 6.8 – Variação do ângulo de ignição nos testes experimentais no motor de produção para 100% de carga......................................................................... 51 Figura 6.9 – Variação da razão de equivalência da mistura combustível/ar nos testes experimentais no motor de produção para 100% de carga.............................. 51 Figura 6.10 – Comparação do modelo de NOX original e do presente modelo com os experimentos para 75% de carga.................................................................. 52 Figura 6.11 – Variação do ângulo de ignição nos testes experimentais no motor de produção para 75% de carga......................................................................... 53 Figura 6.12 – Resultado da razão de equivalência da mistura combustível/ar dos testes experimentais do motor de produção para 75% de carga............................... 53 Figura 6.13 – Resultados do modelo de NOX original e do presente modelo comparados com os experimentos com 50% de carga....................................................... 54 Lista de Figuras xi Figura 6.14 – Variação do ângulo de ignição nos testes experimentais no motor de produção para 50% de carga......................................................................... 55 Figura 6.15 – Variação da razão de equivalência da mistura combustível/ar nos testes experimentais no motor de produção para 50% de carga.............................. 55 Figura 6.16 – Comparação do modelo de equilíbrio e do modelo cinético de CO com os experimentos de Sodré (1995) (ignição a 28º APMS).................................. 56 Figura 6.17 – Comparação do modelo de equilíbrio e do modelo cinético de CO com os experimentos de Sodré (1995) (ignição a 36º APMS).................................. 57 Figura 6.18 – Modelo de equilíbrio e modelo cinético de CO comparados com os experimentos no motor de produção para 100% de carga............................ 58 Figura 6.19 – Modelo de equilíbrio e modelo cinético de CO comparados com os experimentos no motor de produção para 75% de carga............................. 59 Figura 6.20 – Modelos de equilíbrio e cinético de CO comparados com os experimentos no motor de produção para 50% carga........................................................... 59 NOMENCLATURA APMS – Antes do ponto morto superior CO – Monóxido de carbono (mol) CO2 – Dióxido de carbono (mol) d[CO]/dt – Taxa de formação de monóxido de carbono (mol/cm3.s) d[NO]/dt – Taxa de formação de óxido de nitrogênio (mol/cm3.s) DPMS – Depois do ponto morto superior H– Hidrogênio monoatômico (mol) H2 – Hidrogênio (mol) H 2O – Água (mol) HC – Hidrocarbonetos (ppm) HCCI – Motor de combustão de carga homogênea Kd - Constante da taxa de reação direta da reação de formação de NOX (m3/mol.s) k i+ – Constante da taxa de avanço da reação de formação de NOX e CO (cm3/mol.s) k i- – Constante da taxa de retorno da reação de formação de NOX e CO (cm3/mol.s) Kn – Constante de equilíbrio da reação de formação de NOX (m3/mol.s) N– Nitrogênio (mol) NDIR – Infravermelho não dispersivo N2 – Nitrogênio molecular (mol) NO – Óxido nítrico (mol) NOX – Óxidos de nitrogênio totais (ppm) O– Oxigênio monoatômico (mol) O2 – Oxigênio molecular (mol) OH – Radical hidroxila (mol) T– Temperatura (K) φ– Razão de equivalência da mistura combustível/ar (adimensional) xii CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1.1 - Prefácio Os veículos automotores são considerados as maiores fontes de poluição atmosférica dos centros urbanos, contribuindo para a continua deterioração da qualidade do ar. As emissões de poluentes pelo motor são devidas às reações químicas associadas ao processo de combustão. Tais emissões variam de acordo com o tipo de veículo (leve ou pesado), ano-modelo, tipo de combustível utilizado, relação ar/combustível do processo de combustão, rotação do motor, geometria da câmara de combustão e a existência de equipamento de controle da emissão (catalisador). Além dos poluentes tradicionais (monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio) emitidos pelos veículos leves, a introdução do álcool como combustível trouxe também a emissão de aldeídos em quantidades significativas, quando comparadas com a emissão desses compostos por veículos movidos à gasolina. No Brasil, as leis do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) começaram a ser aplicadas às indústrias automobilísticas no final da década de 90. A partir da resolução 18/86 se constituiu o PROCONVE, cuja filosofia foi baseada na indução do desenvolvimento tecnológico e na melhoria da qualidade dos combustíveis. No começo da década de 90 apareceram os primeiros veículos com catalisador no sistema de descarga. O PROCONVE pode ser caracterizado por três fases: • Primeira fase (1988 - 1991): aprimoramento dos projetos mecânicos dos veículos; • Segunda fase (1992 - 1996): desenvolvimento de tecnologias especiais (conversor catalítico, injeção eletrônica e ignição eletrônica). 1 Capítulo 1- Introdução • 2 Terceira fase (a partir de 1997): solicitação ao fabricante para o emprego das melhores tecnologias existentes (estabelecimento de limites de emissões e exigência para homologação dos veículos). A Tabela 1.1 mostra os limites atuais exigidos pelo PROCONVE a partir de 1997. A partir de 2005, os limites de emissões no Brasil são ainda mais restritivos. A Tab. 1.2 mostra a proposta do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e dos fabricantes de veículo representados pela ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para as fases IV e V do PROCONVE. Os novos limites requerem grandes investimentos e desenvolvimento tecnológico dos veículos, principalmente na fase fria de funcionamento, para atender aos limites de hidrocarbonetos excluso metano (NMHC) e aldeídos. Por isso, cada dia mais as montadoras investem em pesquisas laboratoriais e programas computacionais que possam simular o funcionamento de motores e ser uma ferramenta importante na análise da quantidade emitida de poluentes para a atmosfera. Dessa forma, torna-se possível garantir antes mesmo da construção do motor se os níveis de poluentes estarão dentro dos limites estabelecidos pelas legislações ambientais em vigor. Tabela 1.1 – Limites de emissões de poluentes exigidos pelo PROCONVE a partir de 01/01/1997 (FONTE: ibama.gov.br). POLUENTES Monóxido de carbono (CO g/km) FASE III 2 Hidrocarbonetos (HC g/km) 0,3 Óxidos de nitrogênio (NOX g/km) 0,6 Material Particulado (MP** g/km) 0,05 Aldeídos (CHO* g/km) 0,03 Emissão evaporativa (g/ensaio) Emissão de gás no Carter 6 Nula Capítulo 1- Introdução 3 Tabela 1.2 – Proposta para limites de emissões das fases IV e V. Fase Ano Veículos Atendidos IV V 2005 40% 2006 70% 2007 100% 2008 40% 2009 70% 2010 100% Poluentes (g/km) Evaporativas NMHC NOX Aldeídos (g/teste) CO HC 2,00 0,30* 0,16 0,25 0,03 2,00 2,00 0,30* 0,05 0,12 0,02 2,00 *Aplicável somente em veículos movidos a GNV (Gás Natural Veicular) Para simulação de emissões de gases de exaustão, a PUC Minas, dispõe de um programa que estima com boa precisão as tendências de formação de NO ao longo de uma faixa de operação. Porém, o programa precisa de ajustes para conseguir que os valores computados para emissões de NO se aproximem dos dados experimentais, principalmente na região de pico próximo à razão estequiométrica, onde a discrepância é maior. Ainda, a concentração de CO calculada pelo programa através das equações de equilíbrio tende a subestimar o nível medido na exaustão. A formação de monóxido de carbono é cineticamente controlada e, apesar de já estar sendo investigada e ter reações também identificadas, seu mecanismo ainda não é completamente explicado. 1.2 – Objetivos O objetivo geral desta pesquisa é modelar a formação de NOX e CO em motores com ignição por centelha, permitindo estimar a concentração destes poluentes na exaustão. Os objetivos específicos deste trabalho são: Capítulo 1- Introdução • 4 Desenvolvimento de um modelo para calcular a concentração cinética de óxido nítrico na exaustão, para aplicação em um programa de simulação do ciclo de motores com ignição por centelha. • Construção de um modelo para calcular a concentração cinética de monóxido de carbono. • Calibração dos modelos construídos, através de testes comparativos com dados experimentais disponíveis de um motor de pesquisa, para diversas condições de operação. • Validação dos modelos através de experimentos realizados em um motor de produção. 1.3 – Estado da Arte As constantes das taxas de reação do mecanismo de Zeldovich, que descreve a cinética de formação de NO, têm sido estudadas extensivamente. Vários autores têm modificado os valores dessas constantes e demonstrado que essa técnica permite chegar a resultados calculados mais satisfatórios. Este é o caso de James (1982), que modificou a constante da primeira taxa do mecanismo para altas temperaturas. Tinaut (1999) modificou todas as constantes das taxas de reação, obtendo também bons resultados. Alguns autores modificaram também a forma de calcular a temperatura dos programas computacionais. Rublewski e Heywood (2001) realizaram uma estratificação da temperatura, encontrando valores também satisfatórios. Verifica-se que as variáveis de maior importância no controle da formação do NO são a razão combustível/ar, a recirculação dos gases de descarga (conhecido como EGR), a fração de gases residuais e o ângulo de ignição. Sabe-se que a formação de CO é cineticamente controlada e seu mecanismo de formação tem sido estudado por vários autores com o intuito de se chegar a resultados calculados satisfatórios, principalmente na região de mistura rica. Resultados satisfatórios utilizando a cinética de formação de CO foram apresentados por Pi-Quiang et al (2001) e Rizzo et al (1998). A principal variável do motor que influencia na formação de CO é a razão de equivalência da mistura combustível/ar. Capítulo 1- Introdução 5 1.4 – Escopo da Dissertação No Capítulo 2 são revisados estudos sobre a formação e modelagem de NOX e CO. No Capítulo 3 são apresentadas as teorias de formação de NOX e CO em motores de combustão interna. As técnicas de alterações das taxas de reação para o modelo de NOX e uma função da razão de equivalência da mistura combustível/ar desenvolvida para corrigir a temperatura são mencionadas no Capítulo 4, assim como a metodologia utilizada para cálculo da taxa controlada de formação de CO. A metodologia experimental utilizada nos testes com o motor de produção é apresentada no Capítulo 5. A análise e discussão dos resultados encontrados são apresentadas no Capítulo 6. No Capítulo 7 são apresentadas as conclusões deste trabalho e sugestões para trabalhos futuros. O programa computacional é apresentado no Apêndice A. Os dados experimentais do motor de pesquisas são apresentados no Apêndice B. A análise de incertezas das medições experimentais é descrita no Apêndice C. Os dados dos experimentos no motor de produção são apresentados no Anexo I. CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 – Estudos Sobre a Formação e Modelagem de Emissões de NOX Lavoie et al (1970) acrescentaram uma terceira equação ao mecanismo de Zeldovich, que estabelece a cinética de formação de NO, dando uma grande contribuição para o estudo da formação deste poluente em motores: N + OH ⇔ NO +H . Annand (1973) elaborou 3 programas computacionais para cálculo das constantes de reações de formação de elementos da combustão. No programa mais complexo, 16 reações foram consideradas para determinar 13 espécies, inclusive o Argônio. Em outro, apenas as reações com o nitrogênio foram assumidas, com os demais elementos considerados em seus estados de equilíbrio. No terceiro, foi eliminada a equação diferencial para NO e o NO2, aplicando-se um modelo quasi-estacionário. Bowman (1975) estudou o mecanismo de formação do nitrogênio presente na atmosfera. Estimou constantes de reações diretas e reversas para três equações químicas entre os elementos O, N2, N e OH. Benson e Baruah (1976) desenvolveram uma rotina computacional para cálculo da combustão adiabática de hidrocarbonetos e da quantidade molar de seis produtos. O modelo baseia-se nas leis da termodinâmica para cálculo das energias da combustão e na teoria das pressões parciais em misturas de gases ideais para determinação das frações molares dos elementos CO2, CO, H2O, H2, O2, N2 . Lavoie e Blumberg (1980) desenvolveram um modelo para predizer a concentração de NOX e HC na exaustão e compararam os resultados com dados de um motor convencional. A consideração mais importante no cálculo de NO foi uma consideração 6 Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 7 de transferência de calor que limita o calor perdido para uma linha limite, envolvido em um núcleo adiabático. O mecanismo de formação de NO também foi modificado, tendo sido usadas as constantes das taxas de reação k2 e k3 recomendadas por Baulch et al (1973) e a constante k1 ajustada para um valor inferior em 35% do sugerido pelos autores, para obter melhor aproximação com os experimentos. Os resultados encontrados demonstraram uma excelente concordância entre os cálculos do modelo e os dados experimentais. James (1982) observou que a mistura atrás da frente de chama aumenta a concentração de NO na câmara de combustão e que este efeito se torna mais importante com o empobrecimento da mistura e com o aumento da turbulência difusiva. Concluiu, também, que existe a formação rápida de NO na frente de chama e que o mecanismo de Zeldovich é suficientemente preciso para os gases formados após a frente de chama. James (1982) testou também uma nova constante da taxa de reação, conforme estudou Harris (1976). Essa nova constante permite uma boa aproximação nos resultados quando se trata de altas temperaturas. Sodré (1995) realizou modificações em um programa que calcula o ciclo de motores com ignição por centelha, incorporando uma rotina, que calcula dez produtos, visando dentre outros, a determinação do NO. A rotina foi baseada no modelo proposto por Erickson e Prablu (1986). O autor introduziu também uma sub-rotina que calcula a cinética de formação de NO. O modelo apresentou discrepâncias quando comparado aos resultados de experimentos, especialmente na região de pico próximo à estequiométrica. Cerciello (1995) desenvolveu um modelo numérico, que simula a formação do NO em motores do ciclo Otto. O modelo foi introduzido posteriormente no programa utilizado neste trabalho. O autor concluiu que a formação de NO no cilindro do motor é afetada pela distribuição da temperatura dos gases queimados e pela pressão no cilindro durante a combustão e no processo de expansão. A formação de NO é afetada indiretamente pela pressão através de Oxigênio que se origina da dissociação da água e do dióxido de carbono. Portanto, para misturas ricas e estequiométricas NO diminui quando a pressão aumenta, pois existe menos oxigênio disponível para reagir com o nitrogênio. Para misturas pobres, altos picos de pressão no cilindro resultam em elevados picos de temperatura de gás queimado e, daí, altas taxas de formação de NO. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 8 Para misturas ricas e estequiométricas foi observado que, aumentando a rotação, a formação de NO, permanece quase constante. Porém, para misturas pobres a formação de NO é substancialmente reduzida pelo aumento de rotação. Razões de compressão mais elevadas para razão de equivalência da mistura estequiométrica ou rica, diminuem a formação de NO. Avançando o ângulo de ignição obtêm-se maiores picos de temperatura dos gases queimados e, daí, mais intensa é a formação de NO (Cerciello, 1995). Duas zonas de combustão e os efeitos da transferência de calor constituem importantes fatores na predição da formação de NO. A não consideração desses parâmetros pode levar a uma estimativa da concentração de NO com incerteza superior a 45%. Verificouse que o cálculo da formação de NO é mais sensível para misturas pobres do que para misturas ricas em virtude do ponto em que há o congelamento do NO formado, que depende da razão de equivalência da mistura. Nas misturas pobres, o congelamento do NO acontece no início do processo de expansão, logo após o pico de pressão, ocorrendo pouca decomposição do NO formado. Nas misturas ricas, ao contrário, o congelamento acontece apenas no final da expansão, havendo uma substancial decomposição de NO. Como consequência, a concentração final nas misturas pobres depende principalmente do pico de temperatura durante o processo da combustão, ao passo que nas misturas ricas o que determina a formação do NO é a temperatura dos gases queimados (Cerciello, 1995). Um mecanismo super estendido de Zeldovich (Miller at al, 1998) foi desenvolvido na Ford Motor Company, a fim de torná-lo mais acurado possível para predição de NOX em motores. O mecanismo super estendido incorpora 67 reações e 13 espécies químicas dominantes na formação térmica de NO para misturas pobres e nas misturas ricas. O novo mecanismo de formação de NOX alcançou um erro em torno de 10%, enquanto as 3 reações do mecanismo original de Zeldovich atingiram erros de aproximadamente 50% ou mais para as mesmas condições de testes. Tinaut (1999), Por meio dos experimentos de Carreras et al (1990), modificou as constantes das taxas de reação do mecanismo de Zeldovich. Comparações entre os testes simulados e experimentais foram feitas e os resultados obtidos para as emissões Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 9 de NOX foram satisfatórios. Tinaut (1999) verificou também que a relação entre hidrogênio e carbono do combustível influencia nos cálculos da formação de NOX. Rublewski e Heywood (2001) descrevem um ciclo de simulação termodinâmico que usa a camada limite térmica, entre um núcleo de camadas adiabáticas, e uma ineficiência de combustão, devido às aberturas da câmara, que foram usadas para prognosticar a concentração de NO. Um banco de dados de experimentos, que incluem medição de fração de gás residual, foi obtido de um motor Nissan 2.0 litros operando em propano. A metodologia de calibração do modelo foi desenvolvida para assegurar corretos prognósticos de pressão no cilindro e temperatura dos gases queimados. Comparação com dados experimentais de NO, demonstram que registrando a estratificação da temperatura durante a combustão com uma camada de núcleo adiabático, os resultados do modelo são melhores em comparação a um modelo com temperaturas uniformes. Com a rotina de camadas, foi concluído que as três reações simples do mecanismo de Zeldovich, por si só, foram capazes de prognosticar a concentração de NO em função do ângulo de ignição e da razão de equivalência da mistura, para 15% de precisão. Foi ajustada a constante da primeira reação do mecanismo de Zeldovich até a rotina de camadas predizer o mesmo que os experimentos. Raine et al (2002) descrevem que a base da modelagem da formação de NO em motores com ignição por centelha são os chamados mecanismos térmicos. Estes mecanismos são revisados, juntamente com uma comparação dos coeficientes que têm sido recomendados para uso nas constantes das taxas das reações do mecanismo de Zeldovich. Utilizaram os valores de quatro autores que modificaram as constantes das taxas de reação e foram observadas as diferenças entre os resultados encontrados e foi demonstrada a importância de considerar transferência de calor e uma representação de zonas múltiplas dos gases queimados, em comparação com uma zona simples, aproximando os resultados calculados dos resultados experimentais. 2.2 - Estudos sobre a Formação e Modelagem de Emissões de CO A formação do monóxido de carbono (CO) em motores de ciclo Otto depende primeiramente da razão de equivalência da mistura combustível/ar. Para misturas ricas a concentração de CO na exaustão aumenta rapidamente com o aumento da razão de Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 10 equivalência (Heywood, 1988). Isso se deve à combustão incompleta devido à falta de oxigênio. O modelo termodinâmico utilizado por Rizzo et al (1998) foi baseado em um modelo clássico de duas zonas. Um modelo de múltiplas zonas foi então derivado do modelo de duas zonas para uma melhor avaliação do gradiente de temperatura na região dos gases queimados. As emissões de HC, CO e NOX foram então calculadas por três submodelos. No modelo de monóxido de carbono calculou-se a concentração deste poluente na exaustão subestimando os valores medidos na câmara, enquanto mais altas concentrações de CO foram encontradas em comparação com a sua concentração em equilíbrio. Para o cálculo de CO o número de zonas de temperatura e a espessura da camada limite são principalmente dependentes da razão ar/combustível devido a sua forte influência no processo de formação de CO. Os resultados demonstram um satisfatório nível de concordância entre os valores medidos e os calculados. Isto se deve também à mudança de parâmetros que afetam a lei de transferência de calor (o tempo de duração da combustão) e o coeficiente de Wiebe. Os parâmetros de transferência de calor influenciam a estratificação da temperatura e a formação de emissões. Pirouzpanah e Kashani (1999) modificaram um modelo computacional para simulação de motores diesel de combustível dual. Este modelo simula combustão usando um modelo multi-zona, com um jato piloto de combustível diesel e uma propagação da chama na mistura com gás natural como em um motor com ignição por centelha. Neste modelo existem outros quatro sub-modelos para prognóstico dos maiores poluentes de exaustão: HC, CO, NO e material particulado. Mecanismos de cinética controlada e balanços de massa foram usados para prognóstico desses poluentes mais relevantes. Os resultados obtidos pelo modelo foram comparados a dados experimentais obtidos de motores de caminhão de carga pesada e de ônibus. As comparações demonstraram boas aproximações entre os dados experimentais e os valores prognosticados pelo modelo. O período de combustão em um motor deste tipo é mais longo do que no motor Diesel convencional. Como a mistura não tem bastante tempo para completar sua combustão até o final do processo de expansão, a oxidação de CO não é completa e sua emissão na exaustão é maior do que no motor Diesel convencional. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 11 Sodré (2000) demonstrou através de um modelo computacional que a concentração de CO aumenta para misturas mais ricas, pois não há bastante oxigênio para queimar todo o carbono em CO2. O excesso de ar nas misturas pobres assegura mais alta concentração de oxigênio. Foram comparados os resultados simulados para concentração de equilíbrio de CO com dados experimentais para várias condições de funcionamento do motor. Obteve-se uma boa concordância para a maior parte das condições investigadas, com uma pequena discrepância para misturas ricas. Sabe-se que a formação de CO é cineticamente controlada, então, sugeriu-se que o cálculo da concentração de CO com esta aproximação pode corrigir as discrepâncias encontradas para misturas ricas. O modelo de Pi-Quiang et al (2001) desenvolve o mecanismo de formação do NOX, material particulado, CO e HC em motores Diesel, podendo também ser utilizado para motores do ciclo Otto. No processo de combustão de motores Diesel a concentração de oxidantes (O, OH e O2) influencia diretamente na concentração de material particulado e produtos gasosos (NOX, CO e HC). Para um dado motor, quando as concentrações locais de oxidantes estão em equilíbrio, a concentração dos gases é obtida e a correspondente concentração de material particulado pode ser calculada. Para validar o modelo, experimentos foram realizados em três motores Diesel de pesquisas. Comparados com os experimentos, os resultados calculados pelo modelo demonstram boa concordância. Salvador et al (2001) desenvolveram uma metodologia para predizer a combustão e emissões em um motor de ignição por compressão com carga homogênea (HCCI). Esta metodologia combina um modelo detalhado de mecânica dos fluidos com um modelo detalhado de cinética química. O modelo foi usado para explorar um motor HCCI funcionando com propano. Foram comparados os resultados experimentais com os numéricos, tais como traços de pressão, taxa de liberação de calor e emissões de HC e CO. Os resultados demonstram uma excelente aproximação até para os parâmetros que são difíceis de predizer, como a taxa de calor liberado. As emissões de monóxido de carbono foram razoavelmente prognosticadas, embora seja difícil de se fazer bons prognósticos de emissões de CO em motores HCCI. Foi realizado um estudo de sensibilidade dos efeitos de transferência de calor, correlacionando-os na análise dos resultados. Um detalhado estudo numérico também foi feito em parâmetros como Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 12 escoamento rotacional, aberturas na câmara e paredes de cerâmica, que podem ajudar a reduzir as emissões de HC e CO em motores HCCI. Para se reduzir as emissões de CO, Salvador et al (2001) utilizaram baixa velocidade rotacional de mistura, pois a mesma aumenta a transferência de calor e, portanto, pode estender a espessura da linha limite, aumentando a soma de massa fria e, consequentemente as emissões de CO e HC. Temperaturas das paredes mais altas também reduziram as emissões de CO em cerca de 80 %. Devido às emissões de CO se originarem na camada limite, uma camada limite mais quente resulta em mais baixas emissões de CO. A eliminação de aberturas na câmara também reduziu a emissão de CO em até 90%. CAPÍTULO 3 ANÁLISE TEÓRICA 3.1– Formação de NOX e CO em Motores de Combustão Interna Os elementos óxido nítrico (NO) e dióxido de nitrogênio (NO2) são usualmente agrupados como NOX. Porém, a produção de óxido nítrico é predominante em motores com ignição por centelha (Heywood, 1988), correspondendo a cerca de 90% do total de NOX. Assim neste trabalho, os resultados apresentados para NO serão representativos para NOX. Heywood (1988) menciona que NOX forma-se nas regiões de altas temperaturas atrás da frente de chama. Quanto maior a temperatura, maior a sua formação. A formação de CO é primariamente dependente da razão de equivalência da mistura, e se apresenta em maior nível de concentração para misturas ricas (Heywood, 1988). Misturas ricas fazem com que falte O2 para formação do CO2. Uma das variáveis mais importantes na determinação das emissões dos motores de combustão interna é a razão de equivalência da mistura combustível/ar ( φ ). A Fig. 3.1 mostra a variação do NO e CO com a razão de equivalência da mistura combustível/ar ( φ ). A máxima temperatura dos gases queimados ocorre para uma razão de equivalência da mistura combustível/ar de aproximadamente 1,0. Porém, nesta razão de equivalência da mistura a concentração de oxigênio é baixa. À medida que a mistura se empobrece, a concentração de oxigênio inicialmente compensa a queda da temperatura e o pico de NO é em torno de φ = 0.9 (Cerciello, 1995). 13 14 Capítulo 3 – Análise Teórica CO NO (ppm), CO (%) NO 0.70 0.80 0.90 1.00 1.10 1.20 1.30 RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA DA MISTURA COMBUSTíVEL/AR Figura 3.1- Variação das concentrações de NO e CO na exaustão de um motor convencional do ciclo Otto com a razão de equivalência da mistura combustível/ar. Os maiores índices de potência são obtidos com a mistura levemente rica, que apresenta níveis de emissões de NO e CO elevados. Nas misturas ligeiramente pobres o nível de CO se reduz, mas o nível de NO é relativamente alto. Para reduzi-lo, usa-se a recirculação dos gases residuais, afetando a qualidade da combustão. Os motores construídos hoje em dia são dotados de injeção eletrônica de circuito fechado que, a partir da informação do sensor de oxigênio localizada na exaustão, corrige a razão de equivalência da mistura de modo a controlar o nível de emissões para atendimento às legislações ambientais. O óxido nítrico é predominantemente produzido dentro do cilindro pela oxidação da molécula do nitrogênio (N2) presente na atmosfera. A formação do NO na combustão dos motores é razoavelmente bem compreendida graças a diversos estudos experimentais e analíticos realizados. O NO2 geralmente é desprezado nas análises de formação dos gases nos motores com ignição por centelha devido à sua pequena quantidade e também à falta de precisão dos modelos empregados para os fenômenos termo-fluido-dinâmicos que ocorrem no cilindro. Capítulo 3 – Análise Teórica 15 A formação do NO ocorre na região posterior à frente de chama, conhecida como região dos gases queimados (Heywood, 1988). Nos motores, devido às altas pressões e temperaturas, as reações na frente de chama são muito rápidas, não favorecendo a formação de NO. Assim, o aparecimento de NO nos gases queimados é bem mais significativo do que na frente de chama. Entretanto, trabalhos mais recentes (Heywood, 1988) têm mostrado que o NO também é formado na região da frente de chama, principalmente nos modelos em que se leva em consideração a combustão turbulenta pré-misturada. A fração de gás queimada no início do processo de combustão contribui mais para a formação do NO do que a fração ao final do processo. Além da razão de equivalência da mistura combustível-ar, as variáveis de maior importância no controle da formação do NO são a recirculação dos gases de descarga (conhecido como EGR), a fração de gases residuais e o ângulo de ignição. Os gases residuais e os gases de descarga atuam como diluentes, pois a temperatura de combustão é inversamente proporcional à fração dos gases queimados que, por sua vez, aumenta o calor específico dos gases presentes na câmara, favorecendo a troca de calor e reduzindo a temperatura da chama. O ângulo de ignição também afeta os níveis de emissões de NO. Avançando-o, a pressão máxima é aumentada e ocorre mais próximo ao ponto morto superior. Quanto maior a pressão, maior é a temperatura de pico, favorecendo a formação do NO. Retardando-o, há uma diminuição da pressão de pico, o que reduz a temperatura, conseqüentemente reduzindo a formação do NO. O parâmetro mais importante que influencia a emissão de monóxido de carbono é a razão de equivalência da mistura combustível/ar. Todas as outras variáveis ocasionam variações menos relevantes. Em motores multi-cilindros, se a metade dos cilindros roda com uma mistura pobre e a outra metade com uma mistura rica, então os cilindros com mistura pobre produzem muito menos CO do que os cilindros com mistura rica. A média de emissão do CO no motor corresponderia a sua razão de equivalência de mistura mais rica do que média. Assim, a chave para minimizar a emissão de CO é minimizar o tempo que o motor roda muito rico e a utilização de um sistema de indução que minimize a variação de φ de cilindro para cilindro e de ciclo a ciclo. Motores Diesel rodam mais pobres; conseqüentemente, suas emissões de monóxido de carbono são mais baixas e, geralmente, não são consideradas um problema. Capítulo 3 – Análise Teórica 16 3.2 – Equação de Combustão – Composições de Equilíbrio de NO e CO Sabe-se da química geral que, quando um hidrocarboneto (CnHm) sofre um processo de combustão, tem-se como produtos os elementos dispostos na equação química abaixo (Heywood, 1988) : m⎞ m m⎞ ⎛ ⎛ C n H m + ⎜ n + ⎟(O2 + 3,76 × N 2 ) → nCO2 + H 2 O + 3,76⎜ n + ⎟ N 2 4⎠ 2 4⎠ ⎝ ⎝ (3.1) Esta reação, estequiométrica, não ocorre na prática, principalmente porque: - os combustíveis utilizados não são hidrocarbonetos simples da forma CnHm; - as reações dificilmente ocorrem de forma estequiométrica; - as condições termodinâmicas para que ocorra a reação acima não são possíveis na natureza, além de terem suas condições variando ao longo da própria combustão. Portanto, os três produtos da combustão acima se transformam em dezenas de elementos, inclusive NO e CO, conforme a equação abaixo escrita para os dez principais elementos (Sodré, 1995): m⎞ 1⎛ ⎜⎜ n + ⎟(O 2 + 3,76 N 2 ) → n1 H 2 O + n 2 CO 2 + n 3 CO + n 4 O 2 + φ⎝ 4⎠ n 5 H 2 + n 6 N 2 + n 7 H + n8 O + n 9 OH + n10 NO Cn H m + (3.2) Sabe-se que as reações químicas ocorrem rapidamente e, conseqüentemente, as condições de equilíbrio são alcançadas instantaneamente. O equilíbrio químico de um sistema depende das constantes que controlam as reações químicas, cujos valores podem implicar em tempos curtos comparados com o tempo sobre o qual as condições do sistema (temperatura, pressão, etc) mudam. O processo da combustão em motores é extremamente rápido, em razão da rotação do motor. Os processos químicos em motores são freqüentemente não equilibrados devido ao pequeno tempo disponível durante a combustão. Em razão disso, os processos não equilibrados são controlados pela cinética química das reações. A cinética química tem um maior papel na formação de NO. O oxigênio e o nitrogênio, quando presentes no processo de combustão, reagem sob altas temperaturas; porém, na 17 Capítulo 3 – Análise Teórica maioria das vezes, a reação é muito lenta quando comparada com a taxa de troca das propriedades no processo de combustão. Conseqüentemente, a formação de NO durante a combustão em motores raramente alcança a concentração de equilíbrio. Um processo similar ocorre quando os gases queimados são resfriados: a decomposição de NO de volta para nitrogênio e oxigênio é muito lenta e, daí, a soma final de NO é congelada bem acima do valor de equilíbrio. Ao final do processo de expansão, o processo de oxidação de CO congela quando a temperatura dos gases queimados se reduz. Os níveis de CO observados na exaustão de motores com ignição por centelha são mais baixos do que os valores máximos medidos dentro da câmara de combustão, mas são significantemente mais altos do que os valores de equilíbrio para as condições de saída. Assim o processo que governa a exaustão de CO é também cineticamente controlado. Em chamas pré-misturadas de hidrocarbonetoar, as concentrações de CO aumentam rapidamente na zona de chama para o máximo valor, que é maior do que os valores de equilíbrio de combustão adiabática da mistura combustível-ar. 3.3 - Cinética de Formação do Óxido Nítrico A formação de NO nas misturas quase-estequiométricas é governada por (Heywood, 1988): k 1+ O + N 2 ↔− NO + N k1 k 2+ N + O 2 ↔− NO + O k2 k 3+ N + OH ↔− NO + H k3 (3.3) (3.4) (3.5) + − Onde k i são as constantes de reação direta e k i as constantes de reação inversa. Este é o mecanismo estendido de Zeldovich, que foi o primeiro a sugerir a importância destas reações na formação do NO. As duas primeiras reações foram sugeridas por Zeldovich. A última foi incluída por Lavoie (1970), sendo muito importante quando se trata de misturas ricas e estequiométricas. 18 Capítulo 3 – Análise Teórica A taxa de formação do NO através das Eqs. (3.3) a (3.5) é dada por: d [ NO ] = k1+ [O][ N 2 ] + k 2+ [ N ][O 2 ] + k 3+ [ N ][OH ] − dt k1− [ NO][ N ] − k 2− [ NO ][O] − k 3− [ NO ][ H ] (3.6) Os elementos entre parênteses são fornecidos em termos da concentração em moles por centímetro cúbico. Da mesma forma, a taxa de formação de N é dada por: d[ N ] = k1+ [O ][ N 2 ] − k 2+ [ N ][O 2 ] − k 3+ [ N ][OH ] − dt k1− [ NO ][ N ] + k 2− [ NO ][O ] + k 3− [ NO ][ H ] (3.7) Como a concentração de N é muito menor que as das outras espécies consideradas, assume-se que a mesma se mantém constante ao longo do tempo (principio do estado estacionário). Portanto, d[N]/dt é igual a zero e a Eq. (3.7) pode ser reescrita da forma: k1+ [O][ N 2 ] + k 2− [ NO ][O] + k 3− [ NO ][ H ] [N ] = k1− [ NO ] + k 2+ [O2 ] + k 3+ [OH ] (3.8) Utilizando-se a equação (3.8) para eliminar [N] na equação (3.6), tem-se: d [ NO ] {k + k + [O ] + k1+ k3+ [OH ]}[O][ N 2 ] − {k1− k 2− [O ] − k1− k3− [ H ]}[ NO ]2 =2 1 2 2 dt k1− [ NO ] + k 2+ [O2 ] + k3+ [OH ] (3.9) Annand (1973) mostrou que o desvio da concentração de CO e os radicais associados da concentração de equilíbrio não têm efeito sobre a taxa de formação do NO. Então, é correto assumir que na formação do NO, o nitrogênio molecular (N2), o radical oxigênio (O), o radical hidrogênio (H), o radical hidroxila (OH) e a molécula de oxigênio (O2) podem ser considerados em seus estados de equilíbrio. Assim, pode-se considerar: k1+ [O]e [ N 2 ]e = k1− [ NO ]e [ N ]e (3.10) k 2+ [ N ] e [ O 2 ] e = k 2− [ NO ] e [ O ] e (3.11) 19 Capítulo 3 – Análise Teórica k 3+ [ N ] e [ OH ] e = k 3− [ NO ] e [ H ] e (3.12) onde o subscrito 'е' denota a condição de equilíbrio. As Eq. (3.10) a (3.12) são utilizadas para rearranjar a Eq. (3.9), transformando-a na seguinte equação: d [ NO] 2 R1{1 − ([ NO] /[ NO]e ) 2 } = dt 1 + ([ NO] /[ NO]e R1 /( R2 + R3 ) (3.13) R 1 = k 1+ [ O ] e [ N 2 ] e (3.14) R 2 = k 2− [ NO ] e [ O ] e (3.15) R 3 = k 3− [ NO ] e [ H ] e (3.16) onde: As constantes de reação são conhecidas e podem ser encontradas na literatura. Como exemplo, tem-se os valores encontrados por Bowman (1975), mostrados na Tab. (3.1). Tabela 3.1 – Taxas de formação das reações. Reação Taxa de formação (cm³/mol.s) T (K)* O + N2 ⎯ ⎯→ NO + N k1+ = 7,6 × 1013 exp[−38000 / T ] 2000-5000 N + NO ⎯ ⎯→ N 2 + O k1− = 1,6 × 1013 300-5000 N + O2 ⎯ ⎯→ NO + O k 2+ = 6,4 × 10 9 T exp[−3150 / T ] 300-3000 O + NO ⎯ ⎯→ O 2 + N k 2_ = 1,5 × 10 9 T exp[−19500 / T ] 1000-3000 N + OH ⎯ ⎯→ NO + H k 3+ = 4,1 × 10 13 300-2500 H + NO ⎯ ⎯→ OH + N k 3− = 2,0 × 10 14 exp[ −23650 / T ] 2200-4500 *Há uma incerteza associada às taxas (geralmente 2% a 3000 K) Os valores típicos para R1, R2 e R3 são dados na Tab. 3.2 a seguir (a 10 atm e 2600 K): 20 Capítulo 3 – Análise Teórica Tabela 3.2 – Valores típicos para R1, R2 e R3. φ R1 R1/R2 R1/(R2+R3) 0,8 5,8×10-5 1,2 0,33 1,0 2,8×10-5 2,5 0,26 1,2 7,6×10-5 9,1 0,14 3.4- Cinética de Formação de Monóxido de Carbono O processo de formação de monóxido de carbono é dado por (Heywood, 1988): RH → R → RO2 → RCHO → RCO → CO (3.18) Onde R denota um radical de hidrocarboneto. O CO formado no processo de combustão por este caminho é então oxidado para CO2. As principais reações de CO são (PiQuiang et al, 2001): k 4+ CO + OH ↔− CO 2 + H k4 k 5+ CO 2 + O ↔− CO + O 2 k5 (3.19) (3.20) + − Onde k i são as constantes das taxas de avanço e k i são as constantes das taxas de retorno. A taxa de variação da concentração de CO é dada por: d [CO] = k 4− [CO 2][ H ] − k 4+ [CO][OH ] + k 5+ [CO 2][O] − k 5− [CO][O 2] dt (3.21) onde os colchetes mostram concentrações de produtos da combustão. Se O, O2, OH, H e CO2 estão no estado de equilíbrio, a taxa de formação CO pode ser expresso como: ⎡ [CO ] ⎤ d [CO] = ( R1 + R 2) ⎢1 − ⎥ dt ⎣ [CO ]e ⎦ (3.22) 21 Capítulo 3 – Análise Teórica Então: R 4 = k 4+ [CO ] e [OH ] e = k 4− [CO 2 ] e [ H ] e (3.23) R 5 = k 5+ [CO 2 ] e [O ] e = k 5− [CO ] e [O 2 ] e (3.24) Onde Ri (i =4,5) é a taxa de reação em equilíbrio e o subscrito e denota a condição de equilíbrio químico. As constantes das taxas de reação são as seguintes, descritas por Bowman (1975). ⎛ T ⎞ + k 4 = 6,76 × 10 10 exp⎜ ⎟ ⎝ 1102 ⎠ (3.25) ⎛ − 24055 ⎞ − k 5 = 2,5 × 1012 exp⎜ ⎟ ⎠ ⎝ T (3.26) CAPÍTULO 4 METODOLOGIA NUMÉRICA 4.1 – Modelo de Emissões de NO Originalmente o programa computacional utilizado neste trabalho calculava a composição dos produtos através de uma sub-rotina que utilizava seis gases como produtos, utilizando o método desenvolvido por Benson e Baruah (1976). Sodré (1995) aperfeiçoou a subrotina de forma a calcular dez produtos, visando, dentre outros a determinação do NO. Assim, a subrotina estima a concentração dos seguintes gases: vapor d’água (H2O), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), oxigênio (O2), hidrogênio (H2), nitrogênio (N2), hidrogênio monoatômico (H), oxigênio monoatômico (O), hidroxila (OH) e óxido nítrico (NO). A subrotina foi baseada no modelo proposto por Erickson e Prablu (1986), descrito no Apêndice A. A sequência de equações para a taxa controlada de NO introduzida no programa por Sodré (1995) é apresentada no Capítulo 3 (Eqs. (3.13) a (3.16)). 4.2 – Modificação das Constantes das Taxas de Reação de Acordo com James (1982) Vários autores modificaram as constantes das taxas de reação do mecanismo de Zeldovich, como comentado anteriormente no Capítulo 2. James (1982) utilizou uma nova constante para a primeira reação direta, para temperaturas superiores a 2500 K. Dessa forma, a cinética de formação de NO passou a ser calculada com dois valores para a constante de reação k1+ neste trabalho, conforme abaixo: k1+ = 7,6 × 1013 exp[−38000 / T ] para T < 2500 K (4.1) k1+ = 9,1× 1013 exp[−38000 / T ] (4.2) para T ≥ 2500K k 2− = 1,5 × 10 9 T exp[−19500 / T ] (4.3) k 3− = 2,0 × 1014 exp[−23650 / T ] (4.4) 22 Capítulo 4 - Metodologia Numérica 23 O modelo de James (1982) foi também testado neste trabalho, mas não apresentou melhorias significativas em relação ao modelo original quando comparados aos dados experimentais de Sodré (1995), como mostrado nas Figs. 4.1 e 4.2 abaixo para a variação da razão ar/combustível. Os resultados com a modificação de James (1982) mantiveram-se similares aos do modelo original de Sodré (1995) na região rica, não apresentando melhorias. Na região de pico próxima à estequiométrica, o modelo de James (1982) apresentou melhorias em comparação ao modelo original e, para a região pobre, os resultados de James (1982) apresentaram-se mais discrepantes que o modelo original em comparação com os experimentos no motor de pesquisas. As Figs. 4.1 e 4.2 mostram que, com o avanço do ângulo de ignição, a concentração de NOX aumenta em toda a faixa investigada, pois a combustão ocorre mais cedo no ciclo, elevando a pressão e temperatura na câmara de combustão. 5000 4500 EXPERIMENTOS (SODRÉ, 1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ, 1995) MODELO DE JAMES (1982) IGNIÇÃO A 28° APMS 4000 NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTIVEL Figura 4.1 – Resultados do modelo de James (1982) comparados aos do modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 28°APMS). Capítulo 4 - Metodologia Numérica 5000 24 EXPERIMENTOS (SODRÉ, 1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ, 1995) MODELO DE JAMES (1982) IGNIÇÃO A 36° APMS 4500 4000 NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTIVEL Figura 4.2 – Resultados do modelo de James (1982) comparados aos do modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 36° APMS). 4.3 – Modificação das Constantes das Taxas de Reação de Acordo com Tinaut (1999) Tinaut (1999), por meio de experimentos de Carreras et. al (1990), modificou todas as constantes das taxas de reação do mecanismo de Zeldovich através de novos coeficientes ou constantes segundo a equação: ⎛ B⎞ k = AT m exp⎜ − ⎟ ⎝ T⎠ (4.5) onde T é a temperatura da chama e A, m e B são constantes determinadas experimentalmente, apresentadas para algumas reações na Tabela 4.1 abaixo: Tabela 4.1 – Constantes de reação (Tinaut, 1999). REAÇÃO N + NO → N2 + O A 3,930 × 10 7 M 0 B 450 N + O2 → NO + O 2,360 × 10 4 0,909 3463 N + OH → NO + H 5,034 × 10 6 0,297 50 Capítulo 4 - Metodologia Numérica 25 A primeira reação utilizada por Tinaut (1999) é inversa à utilizada pelo programa empregado neste trabalho. Way (1977) mostrou que as constantes de reação para as reações inversas são dadas por: ki = kd kn (4.6) onde: ki é a constante da reação inversa (m3/mol.s); kd é a constante da reação direta (m3/mol.s); kn é a constante de equilíbrio da reação(m3/mol.s). Para a primeira reação química o valor da constante de equilíbrio é (Way, 1977): kn = 4,75exp (-38000/T) (4.7) Assim, para emprego da técnica de Tinaut (1999) no presente programa, utilizou-se a direta da primeira reação mostrada na Tab. 4.1 com os seguintes valores: A= 1,86 × 10 8 , m = 0 e B = 38450. Nas Figs. 4.3 e 4.4, são apresentados os resultados encontrados utilizando o modelo de Tinaut (1999), comparados com os do modelo original e os experimentos de Sodré (1995). Na região rica e na região de pico próxima a estequiométrica os resultados apresentados pelo modelo de Tinaut (1999), apresentaram-se mais discrepantes que o modelo original, em comparação com os experimentos. Na região de mistura pobre houve uma leve concordância entre os modelos. Capítulo 4 - Metodologia Numérica 26 5000 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) MODELO DE TINAUT (1999) IGNIÇÃO A 28° APMS 4500 4000 NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTIVEL Figura 4.3 – Resultados do modelo de Tinaut (1999) comparados aos do modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 28°APMS) 5500 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) MODELO ORIGINAL(SODRÉ,1995) MODELO DE TINAUT (1999) IGNIÇÃO A 36° APMS 5000 4500 NOx (ppm) 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTIVEL Figura 4.4 – Resultados do modelo de Tinaut (1999) comparados aos do modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 36° APMS). Capítulo 4 - Metodologia Numérica 27 4.4 – Modificação da Constante da Taxa de Reação em Função da Razão de Equivalência da Mistura Em uma nova etapa do desenvolvimento do modelo verificou-se a possibilidade de correlacionar a razão de equivalência da mistura com a taxa de formação de NO empregando o mecanismo de Zeldovich sem as alterações de James (1982) e Tinaut (1999). Neste caso, otimizou-se a constante de reação k1+, tendo sido verificado que alterações no seu valor proporcionavam maiores efeitos no cálculo da taxa controlada de NOX, como mostrou James (1982). Para tal multiplicou-se o valor 7,6 × 1013 por uma constante A otimizada para cada condição de entrada nos experimentos de Sodré (1995), como mostra a equação abaixo: k1+ = 7,6 × 1013 exp[−38000 / T ] A (4.12) Os valores obtidos para a constante A, apesar de não terem proporcionado modificações na região rica, apresentaram uma tendência que poderia ser aproximada por uma função matemática simples, como mostra a Fig. 4.5. A seguinte função do tipo potência foi proposta, com desvio padrão de 0,45: A = 0,4φ-9,5 (4.13) A Eq. (4.13) foi incluída no programa, multiplicando o valor de k1+ na Eq. (4.12). Obtiveram resultados satisfatórios na região de pico e na região pobre, mas não na região rica, como mostram as Figs. 4.6 e 4.7. Na região rica o modelo modificado proporcionou resultados praticamente iguais aos do modelo original. Na região de pico próximo a estequiométrica o modelo modificado praticamente iguala os valores obtidos dos experimentos no motor de pesquisa, assim como na região de mistura ar/ combustível pobre. Com o intuito de aproximar os resultados calculados aos experimentos na região rica, investigou-se então uma nova possibilidade: corrigir a temperatura dos produtos por uma função da razão de equivalência da mistura. Capítulo 4 - Metodologia Numérica 28 10.0 CONSTANTE A OTIMIZADA PELOS EXPERIMENTOS 9.0 CONSTANTE A CALCULADA PELA EQ.(4.13) 8.0 7.0 A 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA DA MISTURA COMBUSTÍVEL/AR Figura 4.5 – Valores da constante A otimizados pelos experimentos e valores calculados pela Eq. (4.13). 5000 4500 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) MODELO MODIFICADO IGNIÇÃO A 28° APMS 4000 NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTIVEL Figura 4.6 – Resultados do modelo com a constante k1+ modificada em função da razão de equivalência da mistura comparados ao modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 28°APMS). Capítulo 4 - Metodologia Numérica 29 5000 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) MODELO MODIFICADO IGNIÇÃO A 36° APMS 4500 4000 NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTIVEL Figura 4.7 - Resultados do modelo com a constante k1+ modificada em função da razão de equivalência da mistura comparados ao modelo original e aos experimentos de Sodré (1995) (ignição a 36°APMS). 4.5- Correção da Temperatura em Função da Razão de Equivalência da Mistura A despeito de alguns autores terem optado por modificações nas constantes das taxas de reação, como Lavoie (1980) e James (1982), sabendo-se que a formação de NO é fortemente influenciada pela temperatura, outros autores têm trabalhado neste sentido para melhoria das simulações computacionais. Rublewski e Heywood (2001) realizaram uma estratificação da temperatura, a partir do que os valores de NOX calculados ficaram próximos dos resultados experimentais. Raine at al (2002) também utilizaram zonas múltiplas dos gases queimados e, em comparação com uma zona simples, os resultados calculados foram mais próximos dos experimentais. Como o programa utilizado neste trabalho emprega uma temperatura uniforme para toda a câmara de combustão, a desconsideração das variações espaciais pode requerer uma correção naquela temperatura para calcular adequadamente a taxa de formação de NO. Assim, a temperatura dos produtos da combustão, dada pelo cálculo da temperatura adiabática da chama, foi corrigida por uma função da razão de equivalência da mistura Capítulo 4 - Metodologia Numérica 30 para ajustar os valores calculados de NOX aos resultados experimentais. Para tal, adotou-se a temperatura de parede de 390K, e aplicou-se a correlação de Woschni para transferência de calor na parede, com o expoente constante do número de Reynolds modificado de 0,8 para 0,5, de acordo com Han et al (1997). Essas modificações foram necessárias para que a função assumisse sempre um valor igual ou inferior a 1,0 fazendo com que a temperatura corrigida não ultrapasse o valor da temperatura adiabática calculada pelo equilíbrio químico. A partir do resultado encontrado pela otimização da temperatura através dos experimentos de Sodré (1995) (Fig. 4.8), o seguinte ajuste f(RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA DA MISTURA COMBUSTÍVEL/AR) matemático foi obtido, com desvio padrão de 0,022: f(φ)= 1,0 sen (2,130φ) φ ≤ 0,95 (4.15) f(φ) = 0,9 φ > 0,95 (4.16) 1.20 1.10 F( ) = 1,0 sen (2,130φ ) 1.00 f( ) = 0,9 0.90 0.80 0.70 0.70 0.80 0.90 1.00 1.10 1.20 1.30 RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA DA MISTURA COMBUSTIVEL/AR Figura 4.8 – Valores da constante que multiplica a temperatura. Assim, para cálculo da taxa de formação de NO (Eqs. (3.13) a (3.16)), as constantes de reação k1+, k2- e k3- (Tab. 3.1) foram avaliadas à temperatura adiabática calculada pelo equilíbrio químico para os produtos da combustão multiplicada pela função f (φ) (Eqs. (4.15) e (4.16)). Os resultados obtidos nesta seção são apresentados e discutidos no Cap. 6. Capítulo 4 - Metodologia Numérica 31 4.6 – Metodologia para Cálculo da Taxa de Formação Cinética de CO A metodologia para cálculo da taxa de formação controlada de CO seguiu um procedimento similar ao usado por Sodré (1995) para o cálculo da taxa controlada de NO. Baseado nos modelos utilizados por Rizzo et al (1998) e Pi-Qiang (2002) e nas constantes das taxas de reação utilizadas por Bowman (1975), introduziu-se no programa a nova sub-rotina que calcula a taxa de formação controlada de CO (Eqs. (3.22) a (3.26)). Os resultados calculados pelo programa para a faixa de mistura arcombustível investigados, quando comparados aos resultados experimentais disponíveis, ficaram muito próximos não requerendo outras modificações no programa. A apresentação e discussão desses resultados são realizadas no Cap.6. CAPÍTULO 5 METODOLOGIA EXPERIMENTAL 5.1 – Aparato Experimental Nesta seção são apresentados os equipamentos e instrumentos utilizados para a realização dos experimentos no motor de produção. São detalhadas as características do motor, dinamômetro, sensor de rotação, sensores de temperatura, medidor de vazão de combustível, analisadores de gases, termo-higrômetro e rastreador do motor. 5.1.1 - Motor Utilizado nos Experimentos Para a execução dos testes experimentais foi utilizado um motor de produção seriada de 999 cm3 de volume deslocado, com quatro cilindros em linha, de 70,0 mm de diâmetro cada, curso do êmbolo 64,90 mm e quatro válvulas por cilindro, sendo duas de admissão e as outras duas de descarga. O cabeçote é dividido em duas partes, inferior e superior (Fig. 5.1). A parte inferior do cabeçote possui a câmara de combustão com fluxo cruzado, válvulas de admissão e exaustão opostas e coletor de admissão e exaustão também opostos. A parte superior do cabeçote aloja os comandos de admissão e exaustão, que são posicionados próximos um do outro devido ao ângulo de 21º entre as válvulas de admissão e exaustão. O comando de exaustão é acionado diretamente por uma correia dentada, e o comando de admissão é acionado pelo comando de exaustão por meio de um par de engrenagens na parte traseira do cabeçote. 32 Capítulo 5 – Metodologia Experimental 33 Figura 5.1 – Cabeçote superior e inferior desmontados. O motor é denominado FIRE pelo seu desenvolvimento em um processo de fabricação completamente integrado e robotizado (“Fully Integrated Robotized Engine”). Este tipo de motor tem algumas características que lhe são particulares, como a utilização de um sub-bloco para aumentar a rigidez dos mancais do eixo virabrequim sem aumentar o peso. Além disso, o pistão possui elevada resistência mecânica para suportar pressões de até 35 bar, pois possui razão de compressão de 10,2:1. Os sistemas complementares do motor são os seguintes: sistema de arrefecimento, sistema de alimentação de combustível, sistema de recuperação de vapores de combustível e sistema de injeção eletrônica. O sistema de arrefecimento possui circulação forçada por uma bomba radial centrífuga acionada pela correia dentada de distribuição e opera a uma pressão de 1,4 bar. O sistema de alimentação de combustível possui uma bomba elétrica imersa no tanque de combustível e opera sob pressão fixa de 3,5 bar. O sistema de recuperação dos vapores de combustível, com a função de evitar que o combustível vaporizado do tanque seja expelido para a atmosférica, também é instalado (Fig. 5.2). É utilizado também o sistema de injeção eletrônica Bosch ME 7.3 H4, que possui sensores e atuadores, destacando a borboleta motorizada controlada pelo módulo de comando eletrônico (sistema “drive by wire”) e o gerenciamento de todo o sistema de injeção de combustível e de ignição. Capítulo 5 – Metodologia Experimental 34 Figura 5.2 – Motor completo montado no dinamômetro. 5.1.2 - Dinamômetro Hidráulico O dinamômetro hidráulico utilizado no experimento, mostrado na Fig 5.3, é da marca Heenan e Froude, tipo G4-1, modelo E, número B59045, com capacidade máxima de 350 cv de potência absorvida e 6000 rev/min. Figura 5.3 – Dinamômetro hidráulico e motor. Capítulo 5 – Metodologia Experimental 35 5.1.3 – Sistema Pneumático de Medição de Carga O sistema pneumático de medição de carga do dinamômetro hidráulico consiste basicamente em um disco montado dentro de uma carcaça contendo água. A resistência encontrada pelo disco girante é igual e oposta à reação que tende a fazer girar a carcaça. Montando-se a carcaça sobre mancais independentes dos mancais do eixo, a força que tende a girar a carcaça pode ser medida por meio de um braço que cuja extremidade se apóia sobre a plataforma de uma balança pneumática. A partir das leituras da balança, calcula-se o esforço despendido pelo motor. 5.1.4 - Sensor de Rotação Por meio do deslocamento relativo dos dentes de uma roda fônica (Fig. 5.4), o sensor de rotação magnético utilizado gera uma tensão alternada com freqüência proporcional à rotação do eixo do dinamômetro, que está acoplado ao motor. Figura 5.4 – Sensor de rotação montado no dinamômetro. 5.1.5 - Medidor de Vazão O medidor tipo turbina utilizado (Fig.5.5) é constituído basicamente por um rotor montado axialmente na tubulação. Um sensor infravermelho está montado na parte superior do sensor de vazão, fora da trajetória do fluido, que se movimenta entre o emissor e o receptor. A freqüência dos pulsos gerados desta maneira é proporcional à Capítulo 5 – Metodologia Experimental 36 velocidade do fluido e a vazão pode assim ser determinada. O sensor utilizado possui uma faixa de aplicação de 0,038 a 100,0 litros por minuto e repetibilidade de ± 0,5%. Figura 5.5 – Medidor de vazão montado na linha de combustível. 5.1.6 - Sensores de Temperatura da Água Para a determinação da temperatura de entrada e saída de água do sistema de arrefecimento foram utilizados termopares do tipo T, para os quais o elemento positivo é cobre e o elemento negativo constantan, com faixa de operação de -184 a 370°C e incerteza de 0,7°C. Para a leitura do óleo do motor utilizou-se termopares do tipo K, para os quais o elemento positivo é cromel e o elemento negativo alumel, com faixa de operação de 0 a 1200°C e incerteza de 1°C. 5.1.7 – Descrição Funcional do Analisador de CO O analisador de CO utilizado é o modelo 30 da Califórnia Analytical Instruments conforme Fig. 5.6, de três componentes analisadores infravermelhos não dispersivos (NDIR), todos incorporados a um simples feixe de luz de sistema fotométrico e um detector com um sensor de micro fluxo. O detector de micro fluxo é de unidade selada preenchida com a mesma amostra de gás que o componente de interesse (CO, CO2, ou CH4). O comprimento da célula de amostra determina a maior parte da faixa de sensitividade para cada componente. Capítulo 5 – Metodologia Experimental 37 Figura 5.6 - Analisadores de NOX/NO e CO utilizados nos experimentos. Os analisadores infravermelhos medem as concentrações de gás baseados no princípio que cada tipo de componente de gás demonstra uma única absorção de linha espectral na região infravermelha. O instrumento consiste de uma fonte de luz infravermelha, um interruptor, uma célula de medição e um detector preenchido com uma mistura de gás contendo o componente do gás a ser medido. A fonte de luz infravermelha emite sua luz em todas as direções. A luz emitida para frente é transmitida e refletida para dentro dos detectores. A luz infravermelha emitida de volta é refletida por uma superfície de reflexão e é adicionada à luz infravermelha emitida para frente. A combinação entre a fonte de luz infravermelha e a célula de medição é uma lâmina do interruptor que gira para modular o feixe de luz infravermelha em uma freqüência regular. O feixe de luz infravermelha é então passado através da célula de medição preenchida com uma amostra do gás, onde a energia da luz é parcialmente absorvida ou atenuada antes de alcançar a frente da câmara do detector. Ambas a câmara de frente e a traseira do detector são preenchidas com o componente do gás a ser medido. Capítulo 5 – Metodologia Experimental 38 A energia da luz infravermelha é parcialmente absorvida na câmara dianteira e luz residual é absorvida na câmara traseira; por meio disso, aumentando a pressão em ambas as câmaras. Uma vez então o detector é projetado para produzir uma pressão diferente nas câmaras dianteira e traseira, um leve fluxo de gás é produzido através de um caminho conectando as câmaras uma com a outra. O fluxo de gás leve é convertido em um sinal elétrico (CA) por um sensor de micro fluxo colocado no caminho conectando as câmaras uma com a outra. O sinal em CA é amplificado e retificado para DC e suprido para os terminais de saída e indicador. A amplitude é reduzida quando a concentração do componente do gás medido aumenta. 5.1.8 – Descrição Funcional do Analisador de NOX/NO O analisador de gases Modelo 400 HCLD da Califórnia Analytical Instruments utiliza o método da quimioluminescência na determinação de óxidos de nitrogênio (NO ou NOX) em uma amostra. No modo NO, o NO da amostra é quantitativamente convertido para NO2 pela oxidação da fase de gasosa com ozônio molecular produzido pela reação ultravioleta do ar do cilindro. Geralmente, 10 a 15 por cento dessas moléculas de NO2 são elevadas para um estado eletronicamente excitado. Esta reação é imediatamente seguida pela reversão para um estado não excitado e emissão de fótons. Os fótons colidem no detector fotodiodo, no qual geram uma baixa corrente diretamente proporcional ao NO contido na amostra do gás. Esta corrente é amplificada por um preciso eletrômetro, cujo valor é mostrado em um painel digital e saída registrada. No modo NOX, a amostra é primeiro encaminhada para o conversor de NOX, onde o componente NO2 é reduzido para NO. A amostra completa é analisada pelo fotodiodo, como acima descrito. O instrumento contém uma seção aquecida que mantém a amostra a 50ºC, anterior à câmara de reação. 5.1.9 - Analisador de Gás Sun Modelo PGA- 500 O analisador PGA – 500 da marca Sun (Fig.5.7) é uma unidade que possibilita medições de rotação (rev/min), temperatura do óleo (ºC), razão de equivalência da mistura ar/combustível (λ), relação ar/combustível (AFR) e concentração de oxigênio (O2), monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2) e hidrocarbonetos (HC)na exaustão de motores de combustão interna. O equipamento utiliza a tecnologia Capítulo 5 – Metodologia Experimental 39 infravermelha não dispersiva (NDIR), que excede as especificações BAR 90 (USA) e OIML classe 1 (AU II – Alemanha), segundo o manual do fabricante. A visualização de todas as informações pode ser obtida em uma única tela ou pode ser gerado um arquivo de dados. O analisador foi utilizado neste trabalho para medição da região de equivalência da mistura ar/combustível (λ). Figura 5.7 – Analisador de gases SUN PGA 500. 5.1.10 - Termo-Higrômetro O termo-higrômetro utilizado nos experimentos foi o modelo DO 9406 de marca Delta OHM, conforme Fig. 5.8, que serviu para obter os dados da temperatura ambiente e a umidade relativa, O instrumento apresenta um sensor de umidade relativa capacitivo e um sensor de temperatura de platina, pt 100 (100 Ω a 0°C). O instrumento também apresenta as seguintes características: conversor de freqüência de 2 segundos, temperatura de trabalho de –50°C a 200°C, com incerteza de leitura de ± 0,2ºC, e umidade entre 0% a 98%, com incerteza de leitura de ± 2,5 %. A umidade relativa medida é a razão entre a quantidade de vapor presente no ar considerado e a quantidade de vapor que o ar à mesma temperatura poderia conter se estivesse saturado. Capítulo 5 – Metodologia Experimental 40 Figura 5.8 – Termo-higrômetro utilizado nos experimentos. 5.1.11 - Rastreador do Motor O rastreador modelo TM 527 com MPI da Tecnomotor, Fig. 5.9, serviu para obter os dados de ângulo de ignição e temperatura do ar admitido. O sistema de injeção eletrônica do motor possui um programa de auto-diagnose que permite a identificação de vários parâmetros e códigos de defeitos que são detectados pelo rastreador. Foi por meio desse programa que o rastreador foi capaz de efetuar as leituras do ângulo de ignição para cada rotação e a temperatura de ar admitido. Figura 5.9 – Rastreador do motor. Capítulo 5 – Metodologia Experimental 41 5.1.12 – Medição da Temperatura na Exaustão Na medição da temperatura na exaustão foi utilizado um analisador de gases modelo Max 5, conforme a Fig. 5.10 abaixo, da fábrica Teledyne Analytical Instruments, n° de série 125696. Figura 5.10 – Analisador utilizado para medir a temperatura na exaustão. 5.2 – Procedimento Experimental Nesta seção são apresentados os procedimentos experimentais adotados para a obtenção dos resultados deste trabalho. Os testes experimentais de emissões e desempenho foram realizados em um dinamômetro hidráulico de bancada conforme as normas da ABNT. 5.2.1 - Montagem do Motor no Dinamômetro O motor utilizado no experimento foi montado com todos os seus componentes originais sem alteração no suporte da sala de testes e ligado ao dinamômetro por meio de um eixo balanceado. Gerenciando o motor para o funcionamento, o sistema de injeção eletrônica ME 7.3 H4 foi instalado com o módulo de comando de desenvolvimento fornecido pela FIAT-GM Powertrain, o sistema de arrefecimento, o sistema de alimentação de combustível, o circuito de recuperação dos vapores de combustível e o sistema de exaustão. Capítulo 5 – Metodologia Experimental 42 5.2.2 - Esquema dos Experimentos no Dinamômetro A metodologia para obtenção dos resultados está descrita neste item, conforme as normas de testes de motores de combustão interna. Inicialmente foi elaborado um esquema representando o sistema em estudo e a forma como o trabalho foi conduzido, apresentado na Fig. 5.11. Através do esquema podem ser melhor visualizados os dados necessários para a avaliação do desempenho do motor estudado e os parâmetros que o caracterizam. Figura 5.11 – Esquema representando o sistema. Os testes de desempenho foram realizados em condições de plena carga segundo a norma NBR 1585 e com 75% de carga e 50% de carga. O motor era acelerado conjuntamente com a aplicação de carga no dinamômetro até atingir a velocidade estabelecida. Os testes foram realizados para uma faixa de rotação de 2000 a 5500 rev/min, com incrementos de 500 rev/min, por meio da regulagem da carga no dinamômetro. As medições foram obtidas para cada rotação após a estabilização do motor e da instrumentação. Os dados obtidos no sistema de aquisição de dados do dinamômetro foram: velocidade angular, carga no dinamômetro (medição de força através do sistema pneumático), vazão de combustível (através do medidor tipo turbina), temperatura do óleo e temperatura de entrada e saída do sistema de arrefecimento. Capítulo 5 – Metodologia Experimental 43 5.2.3 - Montagem e Procedimento de Leitura dos Analisadores de NO/NOX e CO A amostra dos gases coletados antes do catalisador passava primeiro por um filtro aquecido para retenção das impurezas e, em seguida, era enviada através de uma linha aquecida, cuja temperatura era mantida a 200° C, para o analisador de hidrocarbonetos. Antes de entrar no analisador de HC, parte da amostra era conduzida através de um tubo opaco para um desumidificador e, em seguida, até os analisadores de NOX e CO. O analisador de CO era ligado para aquecimento por cerca de 1 hora, antes dos testes. O gás de referência (ar atmosférico) era selecionado através do painel frontal do equipamento na taxa de 1 litro/min e as concentrações de CO e CO2 eram ajustadas através do botão de controle para que a leitura fosse exatamente zero no medidor digital. O gás de calibração era selecionado através do botão frontal do equipamento e as concentrações de CO (1,008%) e CO2 (11,95%) eram ajustadas através do botão de controle para que as leituras no medidor digital fossem exatamente os valores indicados nos cilindros. A seguir era ligada a bomba de sucção interna do gás de amostra e ajustada a sua taxa de escoamento para 1 litro/min. Em seguida, efetuava-se as leituras no equipamento, em %, para cada rotação selecionada do motor. O analisador de NO/NOX era ligado para aquecimento durante 1 hora antes dos testes, até que a temperatura do aquecedor do conversor tivesse atingido 205º C e a temperatura dos aquecedores do forno, da célula e da bomba tivesse atingido 66ºC. A seguir era selecionado o gás de referência (ar puro) através do botão no painel frontal do equipamento e ajustada sua concentração através do botão de controle para que a leitura fosse exatamente zero no medidor digital. Era selecionado o gás de calibração através do botão no painel frontal do equipamento e ajustada sua concentração através do botão de controle para que a leitura no medidor digital fosse exatamente o valor indicado no cilindro (2000 ppm). A bomba interna de sucção do gás de amostra era então ligada e verificada se sua pressão era a ajustada pelo fabricante (3,85 psi) através do botão de diagnóstico. Em seguida era realizada a leitura das concentrações de NO ou NOX, em ppm. CAPÍTULO 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES 6.1 - Resultados do Modelo de Cálculo da Concentração Cinética de NO 6.1.1 – Comparação do Modelo aos Dados Experimentais do Motor de Pesquisa Os resultados do modelo original e do modelo modificado pela correção na temperatura (Seção 4.5) são mostrados nas Figs. 6.1 e 6.2, para variação da razão ar/combustível, comparados com os dados experimentais obtidos por Sodré (1995) (ver Apêndice B). Nas misturas muito ricas a concentração de NOX é baixa, pois há mais moléculas de combustível que precisam absorver calor da vizinhança para se vaporizar, com isso baixando os níveis de temperatura atingidos no cilindro. Além disso, a concentração de oxigênio também é baixa, reduzindo sua interação com o nitrogênio. Percebe-se que os valores calculados pelo modelo original seguem a tendência dos dados experimentais nas duas condições mostradas (Figs. 6.1 e 6.2). Entretanto, algumas disparidades são percebidas, principalmente na magnitude da concentração de pico, próximo à razão ar/combustível 16,0, e para toda a região de mistura rica. A função da razão de equivalência da mistura combustível/ar (φ) encontrada, como mostrado no Cap. 4, Seção 4.5, foi utilizada para corrigir a temperatura no modelo de cálculo de NOX. Comparado aos dados experimentais obtidos por Sodré (1995), o modelo modificado apresenta as mesmas tendências dos experimentos para toda a faixa investigada (Figs. 6.1 e 6.2). Nota-se que, com a utilização do presente modelo, houve uma melhora significativa na região de mistura pobre e na região de pico próxima à estequiométrica, em comparação com o modelo original. Contudo, na região de mistura rica, obteveram-se melhorias mais discretas com a utilização do modelo modificado. 44 Capítulo 6 – Resultados e Discussões 45 5000 4500 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) PRESENTE MODELO IGNIÇÃO A 28° APMS 4000 NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTIVEL Figura 6.1 - Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e com o presente modelo variando a razão ar/combustível (ignição a 28ºAPMS). 5000 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) PRESENTE MODELO IGNIÇÃO A 36° APMS 4500 4000 NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTIVEL Figura 6.2 - Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e com o presente modelo variando a razão ar/combustível (ignição a 36°APMS). Capítulo 6 – Resultados e Discussões 46 A máxima temperatura de combustão ocorre para uma razão ar/combustível em torno de 15; porém, nesta razão, a concentração de oxigênio é relativamente baixa. Quando a razão ar/combustível aumenta, o aumento da concentração de oxigênio inicialmente compensa a queda da temperatura e o pico de NOX fica em torno de 16,0. Para misturas mais pobres a temperatura vai diminuindo ainda mais, devido à menor intensidade da combustão com a redução de combustível, e a curva de formação de NOX vai caindo mesmo com o aumento de oxigênio. Ressalta-se que nos motores de ignição por centelha, a formação do NO2 é desprezível em comparação com o NO que corresponde cerca de 90 % do grupo chamado NOX. Assim, neste estudo, a referência a NOX e a NO se confundem. Após a comparação com experimentos para a variação da razão ar-combustível, verificou-se o comportamento do modelo original e do modelo modificado para a variação de outros parâmetros. Com a razão ar/combustível em torno de 17,0, o ângulo de ignição a 28° APMS, a razão de compressão 8,0 e as demais características mostradas na Tabela B.1, variou-se a rotação do motor e chegou-se aos resultados apresentados na Fig. 6.3. 5000 4500 4000 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) PRESENTE MODELO NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 ROTAÇÃO (rev/min) Figura 6.3 – Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e com o presente modelo variando a velocidade de rotação do motor. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 47 Na Fig. 6.3, a concentração de NOX diminui com o aumento da rotação porque na região da mistura ar-combustível pobre tem-se uma taxa de reação mais lenta e a temperatura dos gases queimados são mais baixos do que em misturas ricas. Com o incremento da velocidade de rotação, o tempo disponível para a reação de NOX é reduzido e a mistura pobre, com taxa de reação lenta, é substancialmente afetada (Cerciello, 1995). A maior discrepância encontrada para o presente modelo em relação aos experimentos foi de 30 %, para uma rotação de 1900 rev/min. Para o modelo original, a maior discrepância encontrada com relação aos experimentos foi de 67 % na rotação de 1200 rev/min. Não foram investigadas velocidades superiores a 2200 rev/min porque, com o ângulo de ignição mantido constante, não era possível obter a estabilização do motor naquelas condições, segundo Sodré (1995). Os resultados obtidos pelo modelo modificado foram satisfatórios, especialmente em baixas rotações, comparando com o original. Outra análise do modelo original e presente modelo foi realizada com a rotação a 1500 rev/min, razão de compressão 8,0 e razão ar/combustível 16,4, variando o ângulo de ignição (Fig. 6.4). Comparando os experimentos realizados por Sodré (1995) com os resultados dos modelos, como mostra a Fig. 6.4, pode-se observar que os resultados com o modelo modificado apresentam-se mais satisfatórios que o modelo original. Em geral, percebe-se que, avançando o ângulo de ignição, a concentração de NOX aumenta. Isso se deve ao fato de que a combustão ocorre mais cedo no ciclo para ignições mais avançadas, aumentando o pico de pressão no cilindro (porque mais combustível é queimado antes do PMS). Altos picos de pressão resultam em altos picos de temperatura de gases queimados e, daí, mais altas taxas de formação de NOX (Heywood, 1988). A maior discrepância encontrada para o presente modelo em relação aos experimentos foi de 50 %, para um ângulo de ignição de 8°APMS. Para o modelo original, a maior discrepância encontrada com relação aos experimentos foi de 140 %, a 12°APMS. A variação da razão de compressão também foi testada, mantendo-se a rotação em 1500 rev/min, o ângulo de ignição em 28°APMS e a razão ar-combustível em 16,6. Os resultados são mostrados na Fig. 6.5 abaixo. Comparando com os experimentos realizados por Sodré (1995) os resultados apresentados pelo modelo modificado apresentam sensíveis melhorias em comparação com o modelo original. A concentração de NOX aumenta com o aumento da razão de compressão porque há uma elevação da Capítulo 6 – Resultados e Discussões 48 pressão e da temperatura dentro da câmara de combustão. A maior discrepância encontrada para o modelo original em relação aos experimentos foi de 90%, para uma razão de compressão de 6,5. Para o presente modelo, a maior discrepância encontrada com relação aos experimentos foi de 20 %, para uma razão de compressão de 8,75. 5000 4500 EXPERIMENT0S (SODRÉ,1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) PRESENTE MODELO 4000 NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 5 10 15 20 25 30 35 40 ÂNGULO DE IGNIÇÃO (°APMS) Figura 6.4 – Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e com o presente modelo variando o ângulo de ignição. Por fim, o modelo modificado foi testado para variação da temperatura das paredes da câmara, representada aqui pelas temperaturas da água e do óleo, que foram mantidas com o mesmo valor, com a razão ar/combustível 17,1, ângulo de ignição 36º (APMS) e velocidade de rotação do motor 1500 rev/min. Os resultados são mostrados na Fig. 6.6. Em comparação com o modelo original, os resultados apresentados pelo presente modelo também foram mais satisfatórios, aproximando-se dos dados experimentais. Com o aumento da temperatura da parede houve um pequeno aumento no nível de emissões de NOX, pois reduz-se o fluxo de calor pela parede, ocasionando o aumento da temperatura dos gases do cilindro. A maior discrepância encontrada para o presente modelo em relação aos experimentos foi de 10%, para a temperatura da parede de 80° C. Para o modelo original, a maior discrepância encontrada com relação aos experimentos foi de 45 %, para a temperatura da parede de 80°C. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 49 5000 4500 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) PRESENTE MODELO 4000 NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 6.0 6.5 7.0 7.5 8.0 8.5 9.0 9.5 10.0 RAZÃO DE COMPRESSÃO Figura 6.5 – Comparação dos dados experimentais de NOX com o modelo original e o presente modelo variando a razão de compressão. 5000 4500 4000 NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) PRESENTE MODELO 1000 500 0 55 60 65 70 75 80 85 90 95 TEMPERATURA DA ÁGUA E DO ÓLEO (°C) Figura 6.6 – Comparação dos dados experimentais de NOX com o original e com o presente modelo variando a temperatura da água e do óleo. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 50 6.1.2 – Comparação do Modelo aos Experimentos no Motor de Produção Os resultados calculados pelo modelo de formação cinética de NO original e pelo modelo modificado são comparados aos dados experimentais obtidos do motor de produção, como descrito no Capítulo 5. Primeiramente, na Fig. 6.7, os resultados são apresentados para o motor funcionando com 100% de carga. Nesse experimento o ângulo de ignição variou (Fig. 6.8), comandado pela central eletrônica, a razão de compressão era 10,2 e a razão de equivalência da mistura esteve ligeiramente rica (Fig. 6.9). Os resultados do modelo original seguem a tendência dos experimentos para toda a faixa de rotação investigada, o que não se observa no presente modelo. Ambos os modelos subestimam os dados experimentais, repetindo o que ocorreu para misturas ricas nas Figs. 6.1 e 6.2. As tendências observadas nos experimentos e no modelo original são dadas pelas variações no ângulo de ignição (Fig. 6.8) que, quanto mais avançado, proporciona maiores pressões e temperaturas e, conseqüentemente, maiores níveis de NOX na câmara. Por sua vez, o modelo modificado parece ser mais influenciado pela variação da razão de equivalência da mistura. O enriquecimento da mistura (Fig. 6.9) corresponde a uma redução na concentração de NOX (Fig. 6.7), concordando com a tendência observada nas Figs. 6.1 e 6.2 na região de mistura ligeiramente rica. 5000 4500 EXPERIMENTOS MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) 4000 PRESENTE MODELO NOx(ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 1500 2000 2500 3000 3500 4000 ROTAÇÃO 4500 5000 5500 6000 Figura 6.7 – Comparação do modelo de NOX original e do presente modelo com os experimentos para 100% de carga. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 51 10.0 ANGULO IGNIÇÃO (APMS) 9.0 8.0 7.0 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 ROTAÇÃO (rev/min) 5000 5500 6000 Figura 6.8 – Variação do ângulo de ignição nos testes experimentais no motor de RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA DA MISTURA COMBUSTÍVEL/AR produção para 100% de carga. 1.20 1.15 1.10 1.05 1.00 0.95 0.90 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 ROTAÇÃO (rev/min) 5000 5500 6000 Figura 6.9 – Variação da razão de equivalência da mistura combustível/ar nos testes experimentais no motor de produção para 100% de carga. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 52 Variando a velocidade de rotação para 75% de carga, observa-se na Fig. 6.10 os resultados apresentados pelos modelos para razão de compressão 10,2, ângulo de ignição variando comandado pela central eletrônica (Fig. 6.11) e razão de equivalência da mistura ligeiramente rica (Fig. 6.12). Os resultados apresentados pelo modelo original seguem a tendência dos experimentos para toda a faixa de rotação investigadas, o que não se observa para o presente modelo. Novamente, a tendência observada para o nível de NOX nos experimentos e no modelo original é ditada pela variação do ângulo de ignição, que influencia a pressão e a temperatura na câmara. Por sua vez, o presente modelo segue melhor a tendência observada para a variação da razão de equivalência da mistura combustível/ar (Fig. 6.12). 5000 EXPERIMENTOS 4500 MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) PRESENTE MODELO 4000 NOx(ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 1500 2000 2500 3000 3500 4000 ROTAÇÃO 4500 5000 5500 6000 Figura 6.10 – Comparação do modelo de NOX original e do presente modelo com os experimentos com 75% de carga. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 53 10.00 ÂNGULO DE IGNIÇÃO (APMS) 9.00 8.00 7.00 6.00 5.00 4.00 3.00 2.00 1.00 0.00 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 ROTAÇÃO (rev/min) 5000 5500 6000 Figura 6.11 – Variação do ângulo de ignição nos testes experimentais no motor de RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA DA MISTURA COMBUSTÍVEL/AR produção para 75% de carga. 1.20 1.15 1.10 1.05 1.00 0.95 0.90 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 ROTAÇÃO (rev/min) 5000 5500 6000 Figura 6.12 – Resultados da razão de equivalência da mistura combustível/ar dos testes experimentais do motor de produção para 75% de carga. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 54 Por fim são apresentados os resultados comparativos dos modelos com os experimentos no motor de produção para 50% de carga, ângulo de ignição variável sob o comando da central eletrônica (Fig. 6.13), razão de compressão 10,2 e razão de equivalência da mistura ligeiramente rica (Fig. 6.15). Os resultados do modelo original seguem a tendência dos experimentos para toda a faixa de rotação investigada, o mesmo não podendo ser dito para o presente modelo. Como nos casos anteriores, a tendência observada para a concentração de NOX obtida nos experimentos e no modelo original é influenciada pelo ângulo de ignição (Fig.6.14), enquanto o modelo modificado é fortemente influenciado pela razão de equivalência da mistura combustível/ar (Fig.6.15). 5000 EXPERIMENTOS MODELO ORIGINAL (SODRÉ,1995) PRESENTE MODELO 4500 4000 NOx(ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 1500 2000 2500 3000 3500 4000 ROTAÇÃO 4500 5000 5500 6000 Figura 6.13 – Resultados do modelo de NOX original e do presente modelo comparados com os experimentos com 50% de carga. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 55 10.0 ÂNGULO DE IGNIÇÃO (°APMS) 9.0 8.0 7.0 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 ROTAÇÃO (rev/min) 5000 5500 6000 RAZÃO DE EQUIVALÊNCIA DA MISTURA COMBUSTÍVEL/AR Figura 6.14 – Variação do ângulo de ignição nos testes experimentais no motor de produção para 50% de carga. 1.20 1.15 1.10 1.05 1.00 0.95 0.90 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 ROTAÇÃO (rev/min) 5000 5500 6000 Figura 6.15 – Variação da razão de equivalência da mistura combustível/ar nos testes experimentais no motor de produção para 50% de carga. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 56 6.2 - Resultados do Modelo de Cálculo da Concentração Cinética de CO 6.2.1 – Comparação do Modelo aos Dados Experimentais do Motor de Pesquisa Os resultados calculados pelo modelo de formação cinética de CO são comparados à concentração de equilíbrio calculada e aos dados experimentais obtidos por Sodré (1995), para variação da razão ar/combustível, como mostram as Figs. 6.16 e 6.17. Conforme esperado, modelos e experimentos demonstram que a concentração de CO aumenta para misturas ricas, devido à ausência de O2 para a formação de CO2, e se apresenta baixo para misturas pobres, pois há mais O2 para reagir e formar CO2. Comparando os resultados experimentais com a concentração de CO em equilíbrio calculada, como mostram as Figs. 6.16 e 6.17, pode-se notar as principais discrepâncias na região de mistura rica. Isto se deve ao fato de que, nas chamas pré-misturadas de hidrocarboneto e ar, a concentração de CO aumenta rapidamente na zona de chama para um valor máximo, que é maior do que os valores em equilíbrio para combustão adiabática. O modelo que calcula a concentração cinética de formação de CO descreve satisfatoriamente os experimentos em toda a faixa investigada. 9.0 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) 8.0 MODELO DE EQUILÍBRIO 7.0 MODELO CINÉTICO IGNIÇÃO A 28° APMS CO (%) 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 AR/COMBUSTÍVEL 19.0 20.0 21.0 Figura 6.16 – Comparação do modelo de equilíbrio e do modelo cinético de CO com os experimentos de Sodré (1995) (ignição a 28°APMS). Capítulo 6 – Resultados e Discussões 57 9.0 8.0 EXPERIMENTOS (SODRÉ,1995) MODELO DE EQUILÍBRIO 7.0 MODELO CINÉTICO IGNIÇÃO A 36° APMS CO (%) 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 AR/COMBUSTÍVEL 19.0 20.0 21.0 Figura 6.17 – Comparação do modelo de equilíbrio e modelo cinético de CO com os experimentos de Sodré (1995) (ignição a 36° APMS). 6.2.2 – Comparação do Modelo aos Experimentos no Motor de Produção Os resultados calculados pelo modelo de formação cinética de CO são comparados aos dados experimentais obtidos do motor de produção descrito no Capítulo 5. Inicialmente, na Fig.6.18, os resultados são mostrados para o motor funcionando com 100% de carga, cuja condição foi descrita na Seção 6.1.2. Nestes testes o valor de CO não foi lido para velocidades superiores a 3500 rev/min, pois se situava fora da faixa de leitura do equipamento utilizado. A tendência observada para a concentração de CO segue a da razão de equivalência da mistura (ver Fig. 6.9), embora a variação observada na concentração de CO é maior que à leve variação da razão de equivalência da mistura poderia supor. A razão para isto pode estar ligada ao ângulo de ignição que, ao ser avançado (ver Fig. 6.8), proporciona maior pressão e temperatura na câmara, acelerando o processo de oxidação de CO para CO2. As concentrações de equilíbrio e de cinética controlada calculadas acompanham as tendências apresentadas pelos experimentos, subestimando os valores medidos em, no máximo, 8,7%, na rotação de 3000 rev/min. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 58 1.20 1.10 EXPERIMENTOS 1.00 MODELO DE EQUILÍBRIO MODELO CINÉTICO CO(%) 0.90 0.80 0.70 0.60 0.50 0.40 0.30 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 ROTAÇÃO (rev/min) 5000 5500 6000 Figura 6.18 – Modelo de equilíbrio e modelo cinético de CO comparados com os experimentos no motor de produção para 100% de carga. Variando a rotação com 75% de carga, observa-se, na Fig. 6.19, os resultados apresentados para as condições de operação descritas na Seção 6.1.2. Nota-se também uma diminuição na concentração de CO quando aumenta a rotação, atribuída à variação da razão de equivalência da mistura (ver Fig. 6.12), tal qual ocorreu para os testes com 100% de carga. A variação mais acentuada de CO em relação à observada para a razão de equivalência da mistura pode estar relacionada à variação do ângulo de ignição (ver Fig. 6.11), pelas razões anteriormente descritas. A discrepância máxima encontrada para a concentração cinética de CO calculada em relação aos experimentos foi de 10,9%, para a rotação de 5500 rev/min. Por fim, são apresentados os resultados calculados para as concentrações de equilíbrio e cinética de CO comparados com os experimentos para 50% de carga, com as condições de operação do motor descritas na Seção 6.1.2. A despeito do que ocorreu nos casos anteriores, há uma diminuição no nível de CO com o aumento da rotação regida pela razão de equivalência da mistura (ver Fig. 6.15). A variação mais acentuada de CO em relação à razão de equivalência da mistura pode estar ligada à variação do ângulo de ignição (ver Fig. 6.14), pelos motivos anteriormente explicados para cargas maiores. A discrepância máxima encontrada entre o cálculo da concentração cinética de CO e os experimentos foi de 11,5%, na rotação de 5000 rev/min. Capítulo 6 – Resultados e Discussões 59 1.20 EXPERIMENTOS 1.10 MODELO DE EQUILÍBRIO 1.00 MODELO CINÉTICO CO (%) 0.90 0.80 0.70 0.60 0.50 0.40 0.30 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 ROTAÇÃO (rev/min) 5000 5500 6000 Figura 6.19 – Modelo de equilíbrio e modelo cinético de CO comparados com os experimentos no motor de produção para 75% de carga. 1.20 EXPERIMENTOS 1.10 MODELO DE EQUILÍBRIO 1.00 MODELO CINÉTICO CO(%) 0.90 0.80 0.70 0.60 0.50 0.40 0.30 1500 2000 2500 3000 3500 4000 ROTAÇÃO 4500 5000 5500 6000 Figura 6.20 – Modelos de equilíbrio e cinético de CO comparados com os experimentos no motor de produção com 50% de carga. CAPÍTULO 7 CONCLUSÕES 7.1 - Modelo de NOX Modificado • Com a modificação feita no modelo de cálculo da taxa controlada de NOX através do incremento de uma função da razão de equivalência da mistura combustível/ar para corrigir a temperatura adiabática da chama foi possível obter uma maior aproximação com os dados experimentais disponíveis de um motor de pesquisa, em comparação com o modelo original. • Os resultados apresentados pelo modelo modificado foram satisfatórios principalmente na região de mistura pobre e na região de pico, próxima à estequiométrica, aproximando-se dos valores experimentais disponíveis do motor de pesquisa. • Na região de mistura rica não se conseguiu obter resultados substancialmente melhores com o modelo modificado em relação ao modelo original. • A maior discrepância apresentada pelo modelo modificado em relação aos dados disponíveis do motor de pesquisa foi de 88%, para misturas ar/combustível. O modelo anterior apresentava discrepâncias de até 165%. • Comparando aos resultados experimentais obtidos de testes com um motor de produção, o modelo original modificado subestimou os valores medidos, devido à razão de equivalência da mistura ter se mantido na região rica, o que era esperado a partir dos resultados comparativos com o motor de pesquisa. 60 Capítulo 6 - Conclusões • 61 O modelo original acompanhou melhor as tendências observadas nos experimentos com o motor de produção para 100%, 75% e 50% de carga do que modelo modificado. 7.2 - Modelo da Concentração Cinética de CO • Os resultados encontrados pelo modelo da taxa controlada de CO se aproximaram dos resultados experimentais disponíveis do motor de pesquisa para toda a faixa da razão ar/combustível apresentada. • Em comparação com o cálculo da concentração de equilíbrio de CO, o cálculo da concentração cinética apresenta benefícios principalmente na região de mistura rica. • O modelo de cálculo da concentração cinética de CO apresenta uma discrepância máxima em relação aos dados experimentais disponíveis do motor de pesquisa de 7%, enquanto a concentração de equilíbrio calculada apresentou discrepâncias de até 50%. • Os resultados do modelo de cálculo da concentração cinética de CO apresentados se aproximaram dos resultados experimentais obtidos do motor de produção testado para toda faixa de rotação investigada, embora não tenha apresentado diferenças substanciais em relação a concentração de equilíbrio. As maiores discrepâncias foram encontradas para rotações elevadas com 50% de carga, para o que os cálculos das concentrações cinética e de equilíbrio subestimaram os valores medidos em até 12%. 7.3 – Sugestões para Trabalhos Futuros • Sugere-se considerar campos de temperatura no cilindro para calcular a taxa de formação de NOX na frente de chama e atrás da frente de chama, nos gases queimados. Capítulo 6 - Conclusões • 62 Sugere-se também aplicar mecanismos de formação de NOX mais complexos que o mecanismo de Zeldovich, que envolvem mais equações e elementos de reação. BIBLIOGRAFIA • Annand, J.D., 1973, “Effects of Simplifying Kinetics Assumptions in Calculating Nitric Oxide Formation in Spark Ignition Engines”, Proceedings of the Institution of Mechanical Engineers, Vol. 188, n. 41/73. • Baulch, D.L., Drysdale, D.D., e Horne, D.G., 1973. “Evaluated Kinetic Data for High Temperature Reactions”, Vol. 2, Butterworth and Co. 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APÊNDICE A DESCRIÇÃO DO PROGRAMA COMPUTACIONAL A.1 – Considerações Gerais O programa computacional utilizado no trabalho foi o Programa de Simulação de ciclos de Motores com Ignição por Centelha (SPIE), que é baseado nas equações de conservação da energia para o ciclo de um motor de ignição por centelha mono cilíndrico com a troca de gases realizada através de dois coletores à pressão constante. O programa é capaz de simular tanto motores a dois tempos quanto a quatro tempos. A base do programa utilizado neste trabalho foi apresentada por Benson e Baruah (1976). Sodré (1995) realizou modificações no modelo original, incorporando um novo modelo de cálculo para a geometria de propagação da chama; uma nova rotina para determinar a composição de equilíbrio químico dos produtos; uma rotina para determinação da concentração cinética de nitrogênio; um método para calcular a fração mássica dos gases residuais e a determinação das condições da mistura no cilindro no início do período fechado do ciclo do motor. A combustão é representada por um modelo de duas zonas, separadas por uma frente de chama de forma esferoidal, com os parâmetros geométricos da chama calculados para cada variação do ângulo da árvore de manivelas. A velocidade turbulenta da chama é considerada como uma função da velocidade laminar da chama. O valor relativo às duas velocidades é determinado por uma conjunção do ângulo de avanço da ignição e o diagrama de pressão determinado através da comparação dos valores calculados com os valores medidos. A transferência de calor pode ser calculada tanto pelas equações de Annand quanto pelas de Woschini. Considera o cabeçote, a parede do cilindro e o topo do pistão como áreas separadas que podem ter temperaturas diferentes entre si. O programa é composto de sete subrotinas principais, abaixo descritas. 66 Apêndice A – Descrição do Programa Computacional 67 SETUP – Subrotina responsável pelos dados de entrada e saída principais e os cálculos preliminares. Os dados de entrada são: detalhes geométricos do motor (curso e diâmetro do pistão, comprimento da biela, razão de compressão, posição da vela de ignição, forma da câmara de combustão), condições de funcionamento (rotação do motor, ângulo de ignição), características do combustível (números dos átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio, poder calorífico, coeficiente de viscosidade, energia interna), condições dos coletores de admissão e exaustão (pressão, temperatura, número de moles do combustível e do ar presentes na mistura), fluxo de massa de ar e de combustível na admissão (que fornece a relação ar/combustível), características das válvulas de admissão e exaustão (diagrama de abertura e vazão), temperatura da parede do cilindro e do pistão, velocidade de rotação do escoamento no cilindro, diagrama de pressão e as condições ambientais (temperatura, pressão e umidade). Os principais dados de saída do programa são: pressão no cilindro, raio da frente de chama, posição do pistão e temperatura dos gases no interior do cilindro para cada passo angular da árvore de manivelas. O programa também calcula o coeficiente de transferência de calor, os parâmetros de desempenho do motor (potência, pressão média efetiva, eficiência térmica, etc) e as concentrações dos dez gases de exaustão considerados para cálculo (CO2, CO, H2O, H2, O2, N2, NO, H, O e OH). POWER - Essa subrotina realiza os principais cálculos durante o período fechado do ciclo. Considera-se o período fechado aquele em que as válvulas de admissão e exaustão encontram-se fechadas, indo desde o momento em que a válvula de admissão se fecha até o momento em que a válvula de exaustão se abre. Compreende os processos de compressão, combustão e expansão. PAREQ10 – Subrotina responsável pelos cálculos da composição química de equilíbrio dos reagentes e produtos, considerando a fração dos gases residuais entre os reagentes e entre os dez gases formados na combustão. RKUTTA – Esta subrotina é acionada pela subrotina POWER para efetuar os cálculos que precisam do método de Runge-Kutta para iteração das variáveis. DIFOR – Subrotina que calcula a transferência de calor e a velocidade de propagação da chama. Apêndice A – Descrição do Programa Computacional 68 FLAGE – Subrotina responsável por dar suporte à subrotina DIFOR, através do cálculo da posição da chama, da área da frente de chama no espaço e em contato com as superfícies do motor (cabeçote, cilindro e pistão). GASEX – Subrotina que realiza os cálculos para o período de troca de gases, em que há a abertura das válvulas. O processo de compressão da mistura é considerado a partir do fechamento da válvula de admissão. A mistura entre o combustível, o ar e os gases residuais do ciclo anterior é considerada homogênea. Nesta fase, não há reações. A primeira lei da termodinâmica aplicada a este processo pode ser escrita da seguinte forma (Sodré, 1995): δ Q = dU + δ W (A.1) A variação da energia interna é dada por: dU = mcv dT (A.2) δ W = PdV (A.3) e o trabalho é dado por: Tomando-se estas equações e dividindo-as por d θ , tem-se: δQ dT dV = mc v +P dθ dθ dθ (A.4) Considera-se a mistura como um gás ideal. Diferenciando a equação (A.4) e dividindo-a por θ resulta em: P onde: dV dP dT +V = nR dθ dθ dθ (A.5) Apêndice A – Descrição do Programa Computacional 69 cv - calor específico a volume constante da mistura (J/kg.K); m - massa da mistura (kg); P - pressão no cilindro (Pa); Q - calor transferido da mistura para as paredes da câmara de combustão (J); T - temperatura da mistura (K); U - energia interna da mistura (J); V - volume do cilindro (m³); W - trabalho realizado (J); θ - ângulo da árvore de manivela (graus). A transferência de calor no cabeçote, parede do cilindro e topo do pistão é dada pela correlação de Annand ou de Woschini na forma: . Q = h w A w (T − T w ) (A.6) onde: Aw- área de transferência de calor (m²); hw- coeficiente de transferência de calor por convecção (W/m².K); Q - calor transferido (W); Tw - temperatura da parede (K). Aw e Tw são aplicados de acordo com a área em análise. O coeficiente de transferência de calor por convecção é dado pelo número de Nusselt: Nu = hw D k onde: D - diâmetro do cilindro (m); K - condutividade térmica (W/m.K); N - número de Nusselt (adimensional). O número de Nusselt pode ser dado como função do número de Reynolds: (A.7) Apêndice A – Descrição do Programa Computacional N u = c 1 Re 70 c2 (A.8) O número de Reynolds é dado por: Re = ρvD µ (A.9) onde: c1, c2 - coeficientes constantes (adimensionais); Re - número de Reynolds (adimensional); υ - velocidade média do pistão (Annand) ou velocidade do gás (Woschini) (m/s); µ - viscosidade da mistura (kg/ms); ρ - densidade da mistura (kg/m³). Os coeficientes c1 e c2 assumem diferentes valores dependendo do método utilizado. A velocidade do pistão (v) é a velocidade média no método Annand e a velocidade do gás no método Woschini. A velocidade média do pistão é dada por v p = 2S w (A.10) onde: S - curso do pistão (m); vp- velocidade média do pistão (m/s); ω - rotação do motor (rev/s); Das equações (A.6) a (A.10) pode-se deduzir a seguinte expressão: c2 ⎛ ⎞ k ⎜ pv⎟ δQ 1 = c1 [ ∑ A w (T − T w )] ⎜ ⎟ D⎜ µ ⎟ δθ 360 ω ⎝ ⎠ (A.11) O somatório refere-se às várias áreas onde ocorre a transferência de calor (paredes do cabeçote, cilindro e pistão) e, como elas são separadas entre si, podem apresentar Apêndice A – Descrição do Programa Computacional 71 temperaturas diferentes. O volume do cilindro é calculado considerando-se a distância do pistão ao ponto morto superior (PMS), na forma: V = Vc + πD 2 4 {L r + rc − [rc cos θ + ( L2r − (rc sen θ ) 2 ) 1 / 2 ]} (A.12) onde: Vc - volume da câmara de combustão (m³); Lr- comprimento da biela (m); rc- raio da árvore de manivelas (m); θ - ângulo entre a linha média da biela e o eixo do cilindro (rad). Diferenciando a Eq. (A.12) em relação ao ângulo da árvore (θ), tem-se: ⎧ ⎫ rc cos θ dV π D 2 = rc sen θ ⎨1 + 2 2 1/ 2 ⎬ 4 dθ ⎩ [ L r − ( rc sen θ ) ] ⎭ (A.13) As Eqs. (A.4), (A.5), (A.11) e (A.13) são resolvidas através do método iterativo de Runge-Kutta. No processo de combustão a chama é iniciada assumindo-se os produtos com um volume inicial como uma pequena parcela do volume do cilindro. A combustão é considerada como sendo um processo adiabático. A primeira lei da termodinâmica aplicada ao volume dos produtos Vb é dada por: dU = 0 (A.14) ub = uu (A.15) ou onde: ub - energia interna específica dos produtos (J/kg); uu - energia interna dos reagentes (J/kg). Apêndice A – Descrição do Programa Computacional 72 A temperatura dos produtos é calculada através da equação (A.15). O processo é iterativo e a primeira estimativa para o valor da temperatura é obtida da seguinte expressão: T b = T u + 2500 φ (1 − FR ) φ ≤1 Tb = Tu + 2500φ (1 − FR) − 700(φ − 1)(1 − FR) (A.16) φ >1 (A.17) onde: FR - fração dos gases residuais (adimensional); Tb - temperatura dos produtos (K); Tu - temperatura dos reagentes (K); φ - razão de equivalência da mistura combustível/ar (adimensional). A energia interna específica para cada componente é calculada como uma função da temperatura da mistura, através da expressão: ui = RT [(a1 − 1) + a2 a a a a T + 3 T2 + 4 T3 + 5 T4 + 6] T 2 3 4 5 (A.18) Os valores das constantes a1, .... a6 para os produtos aqui considerados são os mostrados na tabela A.1, extraídos de Ferguson (1986) e Heywood (1988). Para cada espécie, a primeira linha da tabela refere-se aos valores aplicados para um intervalo de temperatura entre 1000 e 5000 K e a segunda corresponde às temperaturas entre 300 e 1000 K. Depois que a chama é iniciada o modelo de combustão em duas zonas é adotado para acompanhamento do processo. As duas zonas a que se refere é a zona dos gases não queimados e a zona dos gases queimados. Na primeira, tem-se a mistura antes da frente de chama. Na outra, tem-se os produtos depois da frente de chama. Para cada incremento no ângulo da árvore de manivelas, o modelo calcula primeiramente o volume na câmara de combustão ocupado pelos produtos e pela mistura, seguindo os cálculos da massa e depois da pressão. Para simplificação dos cálculos, os volumes das Apêndice A – Descrição do Programa Computacional 73 duas zonas são considerados em dois estágios. No primeiro, ambos os volumes variam proporcionalmente à variação do volume da câmara de combustão, considerando-se a chama parada e, consequentemente, não ocorrendo mudanças no volume e massa dos produtos e reagentes. No segundo estágio, a chama se move e há mudanças na massa e volume das zonas, embora o volume total não se altere. A massa no cilindro durante o período fechado do ciclo é considerada constante. Desta forma: dVb Vb dV 1 = + v ft S f 360ω dθ V dθ (A.19) Tabela A.1 – Valores das constantes para cálculo da energia interna. ESPÉCIES a1 a2 a3 a4 H2O 2,7168 0,29451×10-2 -0,80224×10-6 0,10227×10-9 -0,48472×10-14 -29906 4,0701 -0,11084×10-2 0,41521×10-5 -0,29637×10-8 0,80702×10-12 -30280 4,4608 0,30982×10-2 -0,12393×10-5 0,22741×10-9 -0,15526×10-13 -48961 2,4008 0,87351×10-2 -0,66071×10-5 0,20022×10-8 0,63274×10-15 -48378 2,9841 0,14891×10-2 -0,57900×10-6 0,10365×10-9 -0,69354×10-14 -14245 3,7101 -0,16191×10-2 0,36924×10-5 -0,20320×10-8 0,23953×10-12 -14356 3,6220 0,73618×10-3 -0,19652×10-6 0,36202×10-10 -0,28946×10-14 -1202 3,6256 -0,18782×10-2 0,70555×10-5 -0,67635×10-8 0,21556×10-11 -1047,5 3,1002 0,51119×10-3 0,52644×10-7 -0,34910×1010 0,36945×10-14 -877,38 3,0574 0,26765×10-2 -0,58099×10-5 0,55210×10-8 -0,18123×10-11 -988,90 2,8963 0,15155×10-2 -0,57235×10-6 0,99807×10-10 -0,65224×10-14 -905,86 3,6748 -0,12082×10-2 0,23240×10-5 -0,63218×10-9 -0,22577×10-12 -1061,2 2,5 0 0 0 0 25472 2,5 0 0 0 0 25472 2,5421 -0,27551×10-4 -0,31028×108 0,45511×10-11 -0,43681×10-15 29231 2,9464 -0,16382×10-2 0,24210×10-5 -0,16028×10-8 0,38907×10-12 29148 2,9106 0,95932×10-3 -0,194442×106 0,13757×10-10 0,14225×10-15 3935,4 3,8376 -0,10779×10-2 0,96830×10-6 0,18714×10-9 -0,22571×10-12 3641,3 3,1890 0,13382×10-2 -0,52899×10-6 0,95919×10-10 -0,64848×10-14 9828,3 4,0459 -0,34182×10-2 0,79819×10-5 -0,61139×10-8 0,15919×10-11 9745,4 CO2 CO O2 H2 N2 H O OH NO a5 a6 Apêndice A – Descrição do Programa Computacional 74 dV u dV dV b = − dθ dθ dθ (A.20) dm b 1 = ρ u v ft S f 360 ω dθ (A.21) dmu dm =− b dθ dθ (A.22) onde: mb - massa dos produtos (kg); um - massa dos reagentes (kg); Sf - área da superfície da frente de chama (m²); vft - velocidade turbulenta da chama (m/s); Vb - volume dos produtos (m³); Vu - volume dos reagentes (m³); p - densidade dos reagentes (kg/m³). A variação do volume do cilindro (dV/dθ) é dado pela Eq. (A.13) e a área da superfície da frente de chama (Sf) é calculada através da subrotina FLAGE. A velocidade turbulenta da chama é considerada como uma função da velocidade laminar. O cálculo da geometria da chama é feito de acordo com a geometria da câmara de combustão do motor utilizado. Sodré (1995) implementou melhorias no programa, através das quais a posição da vela pode ser considerada no cálculo da geometria da chama, embora a propagação da chama seja sempre considerada com forma esférica, com centro na vela de ignição. O período da troca de gases ocorre entre o momento em que a válvula de ignição se abre e o instante em que a de admissão fecha. Pode ser dividido em 3 estágios: o primeiro quando a válvula de escape está aberta e a de admissão está fechada (há produtos da combustão fluindo para o coletor de exaustão); o segundo quando ambas estão abertas (mistura ar-combustível entrando no cilindro ao mesmo tempo em que gases de exaustão são expelidos) e o terceiro quando a válvula de exaustão está fechada e a válvula de admissão está aberta (mistura entrando no cilindro, vinda do coletor de Apêndice A – Descrição do Programa Computacional 75 admissão). Escoamentos contrários aos explicitados acima são passíveis de ocorrerem momentaneamente. A análise dos fenômenos que ocorrem neste período envolve a dinâmica dos gases dos escoamentos de admissão e exaustão, além do fluxo através das válvulas. Uma descrição mais detalhada destes processos pode ser encontrada em Sodré (1995). A.2 – Determinação da Composição dos Produtos da Combustão O programa SPIE original calculava a composição dos produtos através de uma rotina que previa seis gases como produtos (PAREQ6), que utilizava o método desenvolvido por Benson e Baruah (1976). Sodré (1995) aperfeiçoou a rotina de forma a calcular dez produtos, visando, dentre outros a determinação do NO. Assim, a subrotina estima os seguintes gases: vapor d’água (H2O), dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), oxigênio (O2), hidrogênio (H2), nitrogênio (N2), hidrogênio monoatômico (H), oxigênio monoatômico (O), hydroxila (OH) e o óxido nítrico (NO). A subrotina foi baseada no modelo proposto por Erickson e Prabhu (1986). A reação química geral para a combustão de um mol de combustível hidrocarboneto (CncHnh,) é dada por: 1⎡ m ⎤ CnC HnH + ⎢nC + H ⎥(O2 + 3.76N2 ) → n1H2O + n2CO2 + n3CO + n4O2 + n5H2 + n6 N2 + 4 ⎦ φ⎣ n7 H + n8O + n9OH + n10NO (A.23) onde: nC - número de átomos de carbono por mol de combustível; nH - número de átomos de hidrogênio por mol de combustível; n1..n10 - número de moles para cada produto. A subrotina desenvolvida é para determinação de n1..n10. Do balanço do n° de átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio presentes nos dois lados da reação, tem-se as quatro primeiras equações. São elas: nO = 2 φ (n + m ) 4 (A.24) Apêndice A – Descrição do Programa Computacional nN = 7.52 φ 76 (n + m ) 4 (A.25) nC = n2 + n3 (A.26) n H = 2 n1 + 2 n 5 + n 7 + n 9 (A.27) nO = n1 + 2n2 + n3 + 2n4 + n8 + n9 + n10 (A.28) n N = 2 n 6 + n 10 (A.29) onde: no – n° de átomos de oxigênio na mistura reagente. nN – n° de átomos de nitrogênio na mistura reagente. Para resolver o problema matemático são necessárias mais 6 equações, que advêm das seguintes reações independentes: CO+ H2O ↔ CO2 + H2 (A.30) 2CO2 ↔ 2CO + O2 (A.31) H 2 + O 2 ↔ 2 OH (A.32) H 2 ↔ 2H (A.33) O2 ↔ 2O (A.34) O2 + N 2 ↔ 2 NO (A.35) As correspondentes equações de equilíbrio em termos dos números de moles são: Apêndice A – Descrição do Programa Computacional 77 K1 = n 2 n5 n1 n 3 (A.36) K2 = n32 n4 n22 (A.37) n92 K3 = n4 n5 (A.38) n72 K4 = n5 (A.39) n82 n4 (A.40) n102 n4 n6 (A.41) K5 = K6 = onde K1...K6 são as constantes de equilíbrio em termos dos n°s de moles. Valores tabulados das constantes de equilíbrio em termos das pressões parciais são disponíveis na literatura. As expressões abaixo foram obtidas pela aplicação do método dos mínimos quadrados sobre a tabela JANAF dada por Glassman (1996): ⎛ T ⎞ 2269,84 − 2,144 + 4,287×10 −5 Tb − 7,399×10 −9 Tb2 log K p1 = 0,426 ln⎜ b ⎟ + Tb ⎝ 1000 ⎠ (A.42) ⎛ T ⎞ 29725,4 + 9,515 − 2,494 × 10 −4 Tb + 1,8 × 10 −8 Tb2 (A.43) log K p 2 = 8,306 × 10 −3 ln⎜ b ⎟ − Tb ⎝ 1000 ⎠ ⎛ T ⎞ 4266,16 + 1,707 + 7,1×10 −5 Tb − 6,204 ×10 −9 Tb2 log K p3 = −0,283 ln⎜ b ⎟ − Tb ⎝ 1000 ⎠ (A.44) Apêndice A – Descrição do Programa Computacional 78 ⎛ T ⎞ 22492,8 log K p 4 = 0,864 ln⎜ b ⎟ − + 5,345 − 1,491×10 − 4 Tb + 4,85 ×10 −9 Tb2 Tb ⎝ 1000 ⎠ (A.45) ⎛ T ⎞ 25908,0 + 6,435 − 1,477 ×10 − 4 Tb + 6.893×10 −9 Tb2 (A.46) log K p5 = 0,622 ln⎜ b ⎟ − Tb ⎝ 1000 ⎠ ⎛ T ⎞ 9419,18 log K p6 = 3,017 × 10−2 ln⎜ b ⎟ − + 1,292 + 5,456 × 10−6 Tb − 3,089 × 10−9 Tb2 (A.47) Tb ⎝ 1000 ⎠ Para as equações (A.36), (A.38) e (A.41) as constantes de equilíbrio em termos do número de moles K1... K6 coincidem com as constantes de equilíbrio para as pressões parciais. Assim: Ki = K pi i = 1,3,6 (A.48) E as equações (A.37), (A.39) e (A.40) se relacionam com as pressões parciais. Levam em consideração que a fração do volume ocupado pela mistura dos gases é proporcional à razão entre o número de moles do combustível queimado e o número de moles do combustível antes da ignição: K i = K pi PoV − i = 2,4,5 (A.49) n F R Tb onde: nF - n° de moles de combustível na mistura antes da centelha da vela (mol); Po - pressão padrão de referência (1,01325 bar); Tb - temperatura dos gases queimados (K); V- volume do cilindro (m³). Para resolução do sistema as Eqs. (A.26) a (A.29) e (A.36) a (A.41) devem ser reduzidas. Erickson e Prabhu (1986), através da introdução de novas variáveis e utilizando recursos da álgebra, chegaram a uma equação final que pode ser resolvida através do método iterativo de Newton-Raphson. APÊNDICE B DADOS DOS EXPERIMENTOS NO MOTOR DE PESQUISA B.1 - Características Gerais do Motor Utilizado nos Experimentos (Sodré, 1995) O motor utilizado nos experimentos foi o Ricardo E-6, com razão de compressão variável, monocilíndrico, de quatro tempos, projetado com a finalidade de pesquisas. O motor é refrigerado a água e suas válvulas de admissão e escape são acionadas por um eixo de comando de válvulas localizado no cabeçote. O motor possui uma cilindrada de 507 cm3 e sua câmara de combustão é em formato cilíndrico com a face do pistão, a face do cabeçote e a parede do cilindro planas. A Tab. B.1 apresenta as dimensões do motor. Tabela B.1 – Características do motor Ricardo E-6. PARÂMETRO VALOR Diâmetro do cilindro 76,22 mm Curso do pistão 111,23 mm Razão de compressão 6 - 10 Abertura da válvula de exaustão 143º DPMS Fechamento da válvula de exaustão 365º DPMS Abertura válvula de admissão 357º DPMS Fechamento da válvula de admissão 568º DPMS Comprimento da biela 241,3 mm Combustível Isooctano 79 Apêndice B – Dados dos Experimentos no Motor de Pesquisa 80 Os ângulos de abertura e fechamento das válvulas têm como referência o pistão no ponto morto superior (PMS) ao final da compressão. O sistema de lubrificação possui um sistema de aquecimento elétrico no cárter para garantir um aquecimento rápido nas partidas a frio e um trocador de calor água-óleo para controle da temperatura do óleo para todas as condições de funcionamento do motor. O sistema de refrigeração também possui um sistema de controle de temperatura através da vazão de água. B.2 – Instrumentos de Medição Ambas as vazões de ar e combustível eram medidas utilizando um medidor de escoamento laminar e um medidor de deslocamento positivo, respectivamente, conferindo precisão na determinação da razão ar/combustível. As leituras de temperatura do ar de admissão, dos gases de escapamento, da água e óleo na entrada e saída do motor foram feitas através de termopares. O carburador do motor possui um pulverizador no injetor principal regulável sobre o qual era possível alterar a relação arcombustível. O sistema de ignição possui um sensor de posição com precisão de meio grau, instalado na árvore de manivelas. B.3 – Procedimento Experimental No início dos testes, o motor permanecia operando por quarenta minutos a 800 rev/min para que a temperatura do óleo e da água de refrigeração atingissem 343 K. Depois que os parâmetros razão ar-combustível, velocidade de rotação do motor, ângulo de ignição e razão de compressão eram regulados, iniciava-se a aquisição dos dados. Era variado apenas um parâmetro por teste, enquanto os outros permaneciam constantes. Os testes foram realizados sempre com a borboleta do carburador na posição totalmente aberta. A razão ar-combustível variou de 11 até 21, enquanto a rotação variou de 1200 até 2200 rev/min. Já o ângulo de ignição foi variado de 8 a 40 graus antes do ponto morto superior (APMS), ao passo que a razão de compressão variou de 6,5 a 9,5. A variação de rotação do motor foi feita através da maior ou menor carga aplicada pelo dinamômetro. Apêndice B – Dados dos Experimentos no Motor de Pesquisa 81 B.4 – Equipamento Usado para Medição da Concentração de NO O equipamento usado para medição do NO foi o analisador de óxido de nitrogênio por quimioluminescência Signal Irga Model 4000. Este analisador é baseado na reação química luminescente entre o ozônio (O3) e o óxido nítrico (NO) que resulta em dióxido de nitrogênio (NO2) e oxigênio (O2). Aproximadamente 10% dos dióxidos de nitrogênio formados estão num estado de excitação eletrônico que, quando passam deste estado para o normal emitem um sinal luminoso. A intensidade deste sinal é proporcional ao fluxo de NO2 que passa através da câmara de reação do equipamento e é medida através de um fotômetro. B.5 – Equipamento Usado para Medição da Concentração de CO A concentração de monóxido de carbono (CO) foi medida com o analisador Signal Irga Model 2100, utilizando o método infravermelho não dispersivo (NDIR). O instrumento trabalha com o princípio de que todos os gases absorvem radiação eletromagnética em comprimentos de ondas característicos. Então, a soma de radiação de muitos gases absorvidos nas regiões infravermelhas podem ser usadas para determinar a sua concentração mesmo na presença de outros gases. APÊNDICE C ANÁLISE DE INCERTEZA DAS MEDIÇÕES EXPERIMENTAIS C.1- Incerteza da Razão de Equivalência da Mistura Combustível/Ar Para cálculo da incerteza das medições da razão ar-combustível no motor de produção considerou-se as principais fontes de incertezas seguindo a metodologia de Kline e McClintock (1953). A incerteza associada ao erro de leitura do rastreador do motor, IφL, é 0,1%. A incerteza associada à resolução de leitura das medidas, IφR, é 0,005. Considerando a média de dois testes para cada condição de operação, obteve-se o desvio padrão das leituras realizadas durante os experimentos (Tab. C.1) através da Eq. (C.1). Tabela C.1 – Leituras realizadas para a razão de equivalência da mistura combustível/ar. j φI φ II 1 1,030 1,024 1,0270 0,0000180 13 1,014 1,014 1,0140 2 1,033 1,026 1,0295 0,0000240 14 1,017 1,016 1,0165 0,0000005 3 1,021 1,023 1,0220 0,0000020 15 1,014 1,015 1,0145 0,0000005 4 1,020 1,018 1,0190 0,0000020 16 1,011 1,011 1,0110 5 1,100 1,085 1,0925 0,0001125 17 1,030 1,024 1,0270 0,0000180 6 1,092 1,082 1,0870 0,0000500 18 1,027 1,024 1,0255 0,0000045 7 1,084 1,064 1,0740 0,0002000 19 1,017 1,019 1,0180 0,0000020 8 1,016 1,019 1,0175 0,0000045 20 1,012 1,015 1,0135 0,0000045 9 1,030 1,030 1,0300 21 1,013 1,015 1,0140 0,0000020 10 1,022 1,016 1,0190 0,0000180 22 1,011 1,014 1,0125 0,0000045 11 1,019 1,018 1,0185 0,0000005 23 1,013 1,015 1,0140 0,0000020 12 1,016 1,012 1,0140 0,0000080 24 1,012 1,013 1,0125 0,0000005 φ Σ(φ − φ ) 2 0 82 j φI φ II φ Σ(φ − φ ) 2 0 0 83 Apêndice C – Análise de Incerteza das Medições Experimentais n σφ = _ ∑ (φ − φ ) 2 j =1 (C.1) n σ φ = 0,00456 Assim, a incerteza total associada ao processo de medição é dada ( I φT ) por: I φT = I φ2L + I φ2R + σ φ 2 (C.2) I φT = 0,0120 C.2 - Incerteza do Ângulo de Ignição Para cálculo da incerteza das medições do ângulo de ignição realizadas pelo rastreador do motor de produção considerou-se as principais fontes de incertezas (Kline e Mcclintock, 1953). A incerteza associada ao erro de leitura do rastreador do motor, IIgL, é 0,01%. A incerteza associada à resolução de leitura das medidas, IIgR, é 0,05°. Considerando a média de dois testes para cada condição de operação, obteve-se o desvio padrão das leituras realizadas durante os experimentos (Tab. C.2), através da Eq. (C.3). n σ Ig = _ ∑ ( Ig − Ig ) 2 j =1 n σ Ig = 0,9713° (C.3) 84 Apêndice C – Análise de Incerteza das Medições Experimentais Tabela C.2 – Leituras realizadas para o ângulo de ignição. j IgI IgII Ig Σ( Ig − Ig ) 2 j 1 0 0 0 0 13 -4,50 -5,25 -4,875 0,28125 IgII IgI Ig Σ( Ig − Ig ) 2 2 -3,00 -3,00 -3,000 0 14 -3,75 -1,50 -2,625 2,53125 3 -6,00 -6,00 -6,000 0 15 -5,25 -4,50 -4,875 0,28125 4 -6,00 -5,25 -5,625 0,28125 16 -5,25 -5,25 -5,250 0 5 -3,75 -3,75 -3,750 0 17 -1,50 -2,25 -1,875 0,28125 6 -6,00 -6,00 -6,000 0 18 -6,00 -4,50 -5,250 1,12500 7 -3,75 -6,75 -5,250 4,50000 19 -8,25 -8,25 -8,250 0 8 -6,00 -4,50 -5,250 1,12500 20 -8,25 -8,25 -8,250 0 9 -1,50 -1,50 -1,500 0 21 -6,00 -6,00 -6,000 0 10 -4,50 -3,75 -4,125 0,28125 22 -8,25 -10,5 -9,375 2,53125 11 -6,75 -6,00 -6,375 0,28125 23 -4,50 -8,25 -6,375 7,03125 12 -6,00 -6,00 -6,000 0 24 -6,75 -8,25 -7,500 1,12500 Assim, a incerteza total associada ao processo de medição é dada por: 2 2 I IgT = I IgL + I IgR + σ Ig 2 (C.4) I IgT = 0,9713° C.3 – Incerteza de Medição de NOX Para cálculo da incerteza das medições do analisador de NOX considerou-se as principais fontes de incertezas (Kline e McClintock, 1953). A incerteza associada ao erro de leitura do analisador de NOX, INOL, é 0,5%. A incerteza associada à resolução de leitura das medições, INOR, é 0,1 ppm. Considerando a média de dois testes para cada condição de operação (Tab. C.3), obteve-se o desvio padrão das leituras realizadas durante os experimentos utilizando a Eq. (C.5). 85 Apêndice C – Análise de Incerteza das Medições Experimentais n σ NO = ∑ ( NO j =1 _ X − NO X ) 2 (C.5) n σ NO = 207,24 ppm Tabela C.3 – Somatório das leituras realizadas de NOX. j 2 NOxI NOxII NOx Σ( NOx − NOx) 1 2002 1970 1986,0 512,000 13 2922 2866 2894,0 1568,000 2 2444 2270 2357,0 15138,0 14 2615 2746 2680,5 8580,500 3 2740 2706 2723,0 578,000 15 2650 2620 2635,0 450,0000 4 2520 2964 2742,0 98568,0 16 2680 2870 2775,0 18050,00 5 1713 2150 1931,5 95484,5 17 1838 2440 2139,0 181202,0 6 1821 1994 1907,5 14964,5 18 2255 2880 2567,5 195312,5 7 1849 2140 1994,5 42340,5 19 2596 3143 2869,5 149604,5 8 1890 2060 1975,0 14450,0 20 2930 3230 3080,0 45000,00 9 2060 2350 2205,0 42050,0 21 3055 3217 3136,0 13122,00 10 2580 2780 2680,0 20000,0 22 3169 3170 3169,5 0,500000 11 2953 3053 3003,0 5000,00 23 2956 3036 2996,0 3200,000 12 3085 3140 3112,5 1512,50 24 3001 2795 2898,0 21218,00 j 2 NOxI NOxII NOx Σ( NOx − NOx) Assim, a incerteza total associada ao processo de medição é dada por: 2 2 I NOT = I NOL + I NOR + σ NO I NOT = 207,24 ppm C.4 - Incerteza de Medição de CO 2 (C.6) 86 Apêndice C – Análise de Incerteza das Medições Experimentais Para cálculo da incerteza das medições do analisador de CO considerou-se as principais fontes de incertezas (Kline e McClintock, 1953). A incerteza associada ao erro de leitura do analisador de CO, ICOL, é 0,1%. A incerteza associada à resolução de leitura das medidas, ICOR, é 0,001 ppm. Considerando-se a média de dois testes para cada condição de operação (Tab. C.4), obteve-se o desvio padrão das leituras realizadas durante os experimentos através da Eq. (C.7). n σ CO = _ ∑ (CO − CO) 2 j =1 (C.7) n σ CO = 0,0909 % Tabela C.4 – Somatório das leituras realizadas de CO. j COI COII CO Σ(CO − CO ) 2 j COI COII CO Σ(CO − CO ) 2 1 0,993 0,865 0,9290 0,0081920 11 0,661 0,588 0,6245 0,0026645 2 0,961 0,991 0,9760 0,0004500 12 0,650 0,615 0,6325 0,0006125 3 1,010 0,840 0,9250 0,0144500 13 0,871 0,764 0,8175 0,0057245 4 0,798 0,789 0,7935 0,0000405 14 1,000 0,616 0,8080 0,0737280 5 0,853 0,827 0,8400 0,0003380 15 0,811 0,585 0,6980 0,0255380 6 0,711 0,825 0,7680 0,0064980 16 0,655 0,556 0,6055 0,0049005 7 0,695 0,785 0,7400 0,0040500 17 0,557 0,555 0,5560 0,0000020 8 0,698 0,666 0,6820 0,0005120 18 0,549 0,547 0,5480 0,0000020 9 0,732 0,647 0,6895 0,0036125 19 0,571 0,536 0,5535 0,0006125 10 0,714 0,624 0,6690 0,0040500 20 0,502 0,553 0,5275 0,0013005 Assim, a incerteza total associada ao processo de medição é dada por: 2 2 I COT = I COL + I COR + σ CO I COT = 0,091 % 2 (C.8) ANEXO I DADOS COLETADOS NOS TESTES EXPERIMENTAIS NO MOTOR DE PRODUÇÃO Velocidade (rev/min) Ângulo de ignição (°APMS) Carga (kgf) Temperatura na Admissão (°C) Temperatura na Exaustão (°C) Temperatura de Entrada da Água (°C) Temperatura de Saída da Água (°C) Temperatura Atmosférica (°C) Hatm (mmHg) Q – Vazão Volumétrica (l/h) Humidade (%) Potência (kW) Pressão Média Efetiva (bar) Razão de Equivalência da Mistura Combustível/Ar (φ) NOX (ppm) NO (ppm) CO (%) HC Totais (ppm) CH4 (ppm) TESTE 1 - 100% CARGA 2000 2500 3000 3500 4000 0,0 3,0 6,0 6,0 3,75 4500 6,0 5000 3,75 5500 6,0 9,3 51 9,8 50 9,9 49 10,4 49 11,1 48 12,4 48 10,2 47 9,8 47 576 630 670 693 720 746 760 740 67,5 68,5 69 70 70 69 68 67,5 89 90 90 91 90,5 90,5 90 90 36,8 37,5 38,5 38,5 38,4 38,5 38 37 685 6,1 685 7,43 685 8,46 685 10 685 13,1 685 14,6 685 15,7 685 16,9 33,4 31,5 30,7 30,1 31,3 30,4 32 13,75 16,08 21,91 26,85 34,66 41,29 37,47 8,32 8,76 8,85 9,30 10,58 11,12 9,08 31,1 40,8 8,88 1,030 1,033 1,021 1,020 1,100 1,092 1,084 1,080 2002 1980 0,993 1910 150 2444 2385 0,961 2490 250 2740 2715 1,010 2660 260 87 2520 1713 2510 1708 0,798 2660 2820 240 310 1821 1806 1849 1848 1709 1701 2710 300 2500 250 2280 220 88 Anexo I – Dados Coletados dos Testes Experimentais no Motor de Produção Velocidade (rev/min) Ângulo de ignição (°APMS) Carga (kgf) Temperatura na Admissão (°C) Temperatura na Exaustão (°C) Temperatura de Entrada da Água (°C) Temperatura de Saída da Água (°C) Temperatura Atmosférica (°C) Hatm (mmHg) Q – Vazão Volumétrica (l/h) Humidade (%) Potência (kW) Pressão Média Efetiva (bar) Razão de Equivalência da Mistura Combustível/Ar (φ) NOX (ppm) NO (ppm) CO (%) HC Totais (ppm) CH4 (ppm) TESTE 2 - 100% CARGA 2000 2500 3000 3500 4000 0,0 3,0 6,0 5,25 3,75 4500 6,0 5000 6,75 5500 4,50 9,2 51 10,0 50 10,4 50 10,6 49 11,0 47 11,8 48 10,2 47 9,4 48 507 581 622 666 720 723 753 758 66,5 66,5 67 67,5 68 70 71 72 89 89 89 89 90 90,5 90,5 91 35,7 36,2 36,2 36,7 37,5 38,4 39,7 39,8 685 6,31 685 7,01 685 8,04 685 9,53 685 11,7 685 14,7 685 15,7 685 17,1 29,3 14,4 8,85 29,5 18,9 9,20 29,5 28,8 28,9 27,6 23,55 29,02 34,59 41,3 9,52 10,05 10,48 11,06 25,7 40,5 9,60 28,9 40,8 8,97 1,024 1,026 1,023 1,018 1,085 1,082 1,064 1,066 1970 1931 0,865 2001 60 2270 2250 0,991 2220 120 2706 2640 0,840 2430 90 2964 2150 2950 2100 0,789 2520 2730 130 210 1994 1987 2140 2100 2110 2090 2580 260 2230 250 2130 290 89 Anexo I – Dados Coletados dos Testes Experimentais no Motor de Produção Velocidade (rev/min) Ângulo de ignição (°APMS) Carga (kgf) Temperatura na Admissão (°C) Temperatura na Exaustão (°C) Temperatura de Entrada da Água (°C) Temperatura de Saída da Água (°C) Temperatura Atmosférica (°C) Hatm (mmHg) Q – Vazão Volumétrica (l/h) Humidade (%) Potência (kW) Pressão Média Efetiva (bar) Razão de Equivalência da Mistura Combustível/Ar (φ) NOX (ppm) NO (ppm) CO (%) HC Totais (ppm) CH4 (ppm) TESTE 3 - 75% CARGA 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 1,50 4,50 6,75 6,0 4,50 3,75 5,25 5,25 9,12 51 9,5 50 9,7 49 9,8 49 10,4 48 11,0 48 9,5 47 9,7 47 560 611 656 700 740 763 760 730 68 68 69 70 70,5 69 68 67 90 90,5 90,5 90 90 90 89 90 37,3 37,8 38,9 39,3 39,0 39,6 38,2 38,5 685 6,03 685 6,67 685 7,96 685 9,72 685 11,5 685 13,5 685 14,9 685 15,8 32,5 32,3 30,8 30,5 8,13 17,64 21,67 25,82 8,13 8,55 8,84 8,64 29,5 35,4 9,60 28,5 34,2 9,50 29,5 35,4 8,52 33,1 39,72 9,13 1,030 1,022 1,019 1,016 1,014 1,017 1,014 1,011 2060 1946 0,853 1880 140 2580 2550 0,711 2240 180 2953 2900 0,695 2580 200 3085 3030 0,698 2480 190 2922 2903 0,732 2230 220 2615 2589 0,714 1960 220 2650 2636 0,661 1770 210 2680 2600 0,650 1760 170 90 Anexo I – Dados Coletados dos Testes Experimentais no Motor de Produção Velocidade (rev/min) Ângulo de ignição (°APMS) Carga (kgf) Temperatura na Admissão (°C) Temperatura na Exaustão (°C) Temperatura de Entrada da Água (°C) Temperatura de Saída da Água (°C) Temperatura Atmosférica (°C) Hatm (mmHg) Q – Vazão Volumétrica (l/h) Humidade (%) Potência (kW) Pressão Média Efetiva (bar) Razão de Equivalência da Mistura Combustível/Ar (φ) NOX (ppm) NO (ppm) CO (%) HC Totais (ppm) CH4 (ppm) TESTE 4 - 75% CARGA 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 1,50 3,75 6,0 6,0 5,25 3,50 4,50 5,25 8,7 54 9,2 54 9,6 54 9,9 53 10,4 52 10,8 50 10,2 49 9,4 49 522 563 622 660 709 763 751 755 70,5 72,5 72 73 74,5 74,5 75 74 90,5 90,5 90,5 90 90 90,5 90 90 36,4 37,5 38,5 40,4 41,2 40,2 40 39,6 685 7,63 685 7,68 685 8,23 685 9,45 685 11,4 685 13,7 685 14,6 685 15,8 27,1 26,8 26,2 24,1 24,0 25,7 26,6 27,7 13,08 17,40 21,54 26,25 35,30 38,52 37,91 38,29 8,00 8,43 8,76 9,09 9,34 10,38 9,04 8,47 1,030 1,016 1,018 1,012 1,014 1,016 1,015 1,011 2350 2320 0,827 1750 130 2780 2740 0,825 2250 210 3053 3033 0,785 2580 220 3140 3125 0,666 2420 200 2866 2825 0,647 2220 210 2746 2740 0,624 1690 190 2620 2598 0,588 1650 165 2870 2820 0,615 1710 180 91 Anexo I – Dados Coletados dos Testes Experimentais no Motor de Produção Velocidade (rev/min) Ângulo de ignição (°APMS) Carga (kgf) Temperatura na Admissão (°C) Temperatura na Exaustão (°C) Temperatura de Entrada da Água (°C) Temperatura de Saída da Água (°C) Temperatura Atmosférica (°C) Hatm (mmHg) Q – Vazão Volumétrica (l/h) Humidade (%) Potência (kW) Pressão Média Efetiva (bar) Razão de Equivalência da Mistura Combustível/Ar (φ) NOX (ppm) NO (ppm) CO (%) HC Totais (ppm) CH4 (ppm) TESTE 5- 50% CARGA 2000 2500 3000 3500 4000 1,50 6,0 8,25 8,25 6,0 4500 8,25 5000 4,50 5500 6,75 7,3 43 7,6 43 8,0 42 8,2 41 8,5 41 8,5 41 9,2 42 9,0 44 500 581 622 666 700 723 753 758 66 66 66 69 74 70 72,5 75 75 76,5 76,5 88 90 89 89 89 31,4 30,8 31,9 33 33,7 35 35,7 36,8 685 5,94 685 6,73 685 8,08 685 9,69 685 10,7 685 12,4 685 13,4 685 14,3 43,1 10,9 6,63 43,2 14,4 6,94 41,8 40,3 17,80 21,12 7,20 7,33 40 25,3 7,68 36,3 28,2 7,48 36 35,2 27,94 26,06 7,94 6,52 1,030 1,027 1,017 1,012 1,013 1,011 1,013 1,012 1838 1815 0,871 1880 70 2255 2245 1,000 2280 100 2596 2535 0,811 2680 90 2930 2917 0,655 2460 120 3055 3010 0,557 2440 130 3169 3119 0,549 2420 170 2956 2920 0,571 1970 180 3001 2980 0,502 1870 210 92 Anexo I – Dados Coletados dos Testes Experimentais no Motor de Produção Velocidade (rev/min) Ângulo de ignição (°APMS) Carga (kgf) Temperatura na Admissão (°C) Temperatura na Exaustão (°C) Temperatura de Entrada da Água (°C) Temperatura de Saída da Água (°C) Temperatura Atmosférica (°C) Hatm (mmHg) Q – Vazão Volumétrica (l/h) Humidade (%) Potência (kW) Pressão Média Efetiva (bar) Razão de Equivalência da Mistura Combustível/Ar (φ) NOX (ppm) NO (ppm) CO (%) HC Totais (ppm) CH4 (ppm) TESTE 6 - 50% CARGA 2000 2500 3000 3500 4000 2,25 4,50 8,25 8,25 6,0 4500 10,5 5000 8,25 5500 8,25 7,4 49 7,6 49 8,1 48 8,3 47 8,3 46 8,5 47 9,2 47 9,0 49 584 620 655 708 720 736 740 683 71 72 79 84 83 77 74 66 90 90 89 96 92,5 90 90 90,5 37,1 37,1 37,6 37,6 38,0 37,3 37,0 37,0 685 6,5 685 6,58 685 7,75 685 9,42 685 10,8 685 12,4 685 14,6 685 14,7 34,9 10,9 6,53 33,9 34,3 33,3 33,1 32,5 34,8 36,4 14,55 18,00 21,63 25,47 28,45 27,94 25,88 6,92 7,06 7,11 7,69 7,44 7,94 6,52 1,024 1,024 1,019 1,015 1,015 1,014 1,015 1,013 2440 2300 0,764 1920 150 2880 2850 0,616 2170 170 3143 3125 0,585 2490 200 3230 3220 0,556 2520 170 3217 3170 0,555 2470 170 3170 3100 0,547 2160 160 3036 2995 0,536 2050 140 2795 2680 0,553 1900 150 ANEXO II MODEL FOR KINETIC FORMATION OF CO EMISSIONS IN INTERNAL COMBUSTION ENGINES Artigo publicado e apresentado em SAE Powertrain & Fluid Systems Conference & Exhibition, Pittsburgh, PA, USA, 2003. 93 2003-01-3138 Model for Kinetic Formation of CO Emissions in Internal Combustion Engines Marco Valério Kuhlmann Raggi José Ricardo Sodré Pontifical Catholic University of Minas Gerais Copyright © 2003 SAE International ABSTRACT This work has as an objective the development of a numerical model to calculate the kinetic formation rate of carbon monoxide in spark-ignited internal combustion engines. The model is added to a computer program that simulates the cycle of spark ignition engines, to calculate the exhaust concentration of carbon monoxide emissions. The model is validated through experimental data from a single-cylinder research engine. Comparisons with calculated equilibrium concentration of carbon monoxide confirm that this pollutant should be modeled according to the theory of kinetic formation, for a better approach to exhaust measured values. INTRODUCTION Automotive vehicles are often considered to be the major source of atmospheric pollution in urban areas. Pollutant emissions from engines vary mainly according to vehicle model, year, fuel type, fuel-air ratio, speed, combustion chamber geometry, and emissions control devices. Apart from the traditionally regulated pollutants from light vehicles, carbon monoxide (CO), hydrocarbons (HC, and oxides of nitrogen (NOx), introduction of ethanol as an additive to gasoline in Brazil led to significant aldehyde emissions. Smoke is a visible sign of atmospheric pollution, but some of the hazardous exhaust components from automotive engines are invisible, as in the case of CO. In Brazil, the Environment National Council – CONAMA – established pollution control laws to the automotive industries by the end of the eighties. The resolution 18/86 launched the Vehicular Control Program – PROCONVE, to induct technological developments and better fuel quality. By the beginning of the nineties the first vehicles equipped with catalytic converter were produced. The PROCONVE is characterized by three phases: improvement of the vehicle mechanical project (1988-1991); development of new technology, such as catalytic converter, electronic injection system, and electronic ignition system (1992-1996); and demand for application of the top technologies to establish emissions limits and vehicle certification requirements (1997 and henceforth). Table 1 shows the present limits required by the PROCONVE. Table 1 – PROCONVE emissions limits. POLLUTANTS Carbon monoxide (g/km) Hydrocarbons (g/km) Oxides of nitrogen (g/km) Particulate matter (g/km) Aldehydes (g/km) Evaporative emissions (g/test) Emissions from the crankcase LIMITS FROM 01/1997 2 0,3 0,6 0,05 0,03 6 Null In the near future, emissions limits in Brazil should be even tighter. Table 2 shows the proposal from the Brazilian Institute for the Environment and Renewable Sources – IBAMA, and from the National Association of the Vehicle manufacturers – ANFAVEA, for phases IV and V of the PROCONVE. The new limits require higher investments in research and development, and employment of computational models aims at reducing costs. Table 2 – Emissions limits phases IV and V. PHASE IV 2005-2007 CO (g/km) 2,00 HC (g/km) 0,30* NMHC (g/km) 0,16 NOx (g/km) 0,25 HCO (g/km) 0,03 Evaporative (g/test) 2,00 *For natural gas fuelled vehicles only. POLLUTANTS PHASE V 2008-2010 2,00 0,30* 0,05 0,12 0,02 2,00 Sodré [1] modified a spark ignition engine cycle simulation program, adding a new flame geometry calculation model, a new model to calculate the products chemical equilibrium composition, a model to estimate oxides of nitrogen emissions, a model to calculate the residual gas mass fraction, and a model to calculate the cylinder mixture temperature at the start of the closed period of the engine cycle. The program calculates the CO concentration at the equilibrium conditions, underestimating the real exhaust concentration. It is known that carbon monoxide formation is kinetically controlled, and the exact mechanism is not yet identified. This work has as an objective the development of a model for CO emissions calculation, based on the theory of kinetic formation. The CO model is incorporated to the program developed by Sodré [1], and the simulated results are compared to experimental data from a single-cylinder, four-strokes, research engine. RH → R → RO2 → RCHO → RCO → CO (1) where R is a hydrocarbon radical. The CO formed in the combustion process this way is thus oxidized to CO2. The main reactions of CO formation are [5]: k1+ CO + OH ↔− CO 2 + H (2) k1 LITERATURE REVIEW Carbon monoxide formation in Otto cycle engines depends primarily on the fuel-air mixture equivalence ratio. For richer mixtures, the exhaust CO concentration is increased, due to the absence of oxygen causing incomplete combustion [2]. Sodré [3] showed, through the results of a computational program that calculates the main engine combustion products, that CO concentration is increased for richer mixtures, as there is not enough oxygen to oxidize all carbon in CO2. The air excess in lean mixtures assures a high oxygen concentration. The model estimates with reasonable accuracy CO emissions, but some discrepancy to experimental data occurs at rich mixtures. The differences found are attributed to the fact that the model calculates the CO equilibrium concentration, while its formation is, in fact, kinetically controlled. The work presented by Rizzo et al. [4] was based on a classic thermodynamic model of two zones. A model of multiple zones was derived from the two zones model for a more accurate evaluation of the temperature gradient in the burned gas region. Emissions of HC, CO and NOx were then calculated by three sub-models. The model calculation estimated an exhaust CO concentration lower than measured values in the chamber, though higher than the equilibrium concentration. It was verified that the number of zones, boundary layer thickness and mixture strength strongly influence the CO formation process. The model by Tan and Lu [5] presents the mechanisms of NOx, particulate mater, CO and HC formation in internal combustion engines. When compared to experimental data, the model showed satisfactory results. Salvador et al. [6] developed a methodology to predict combustion and emissions in an engine by combining detailed models of fluid mechanics and chemical kinetics. Comparing the model to experimental results, carbon monoxide emissions were reasonably estimated. k 2+ CO 2 + O ↔− CO + O 2 (3) k2 where ki+ and ki- are, respectively, the forward and backward rate constants. From Eqs. (2) and (3), the CO formation rate is given by [5]: d [CO ] = k1− [CO 2 ][ H ] − k1+ [CO ][OH ] + dt k 2+ [CO 2 ][O ] − k 2− [CO ][O 2 ] (4) The parameters into brackets refer to combustion products concentration. If O, O2, OH, H and CO2 are in the equilibrium state, the CO formation rate can be expressed as [5]: [CO ] d [CO ] = ( R1 + R2 )1 − dt [CO ]e (5) where R 1 = k 1+ [ CO ] e [ OH ] e = k 1− [ CO 2 ] e [ H ] e R2 = k 2+ [CO 2 ] e [O ]e = k 2− [CO ] e [O2 ]e (6) (7) The parameter Ri (i= 1, 2) is the equilibrium reaction rate, and subscript e refers to the condition of chemical equilibrium. The reaction rate constants are described by Bowman [8]: T k1+ = 6,76 × 1010. exp 1102 (8) − 24055 k 2− = 2,5 × 1012. exp T (9) Venkatesh [7] used a statistical model that predicts CO emissions in function of several fuel properties. It was verified that usage of oxygenated fuels is an efficient way of reducing CO emissions, especially in old vehicles with carburetor. Based on the sequence of equations above, a new sub-routine for calculation of the kinetic controlled CO formation rate was introduced in the spark ignition engine cycle simulation program used in this work. MODEL FOR CO KINETIC FORMATION EXPERIMENTAL DATA USED Based on the models used by Rizzo et al. [4] and Tan and Lu [5] for the kinetic formation of CO, and using the reaction rate constants described by Bowman [8], the carbon monoxide formation process is written in the following way [2,8]: The experimental data used to calibrate the model were obtained by Sodré [1]. A single-cylinder, four-stroke, variable compression research engine was used, with a carburetor in the fuel system. The engine is water cooled, with the intake 9.0 and exhaust valves actuated by an overhead camshaft. The engine also featured a cylinder volume 507 cm3, and a disctype combustion chamber. Table 3 presents the engine dimensions and operation conditions during the experimental tests. 7.0 6.0 CO (%) The exhaust gas sample for CO analysis was collected from the exhaust pipe, close to the exhaust valve. The sample was then directed to the analyzer. The equipment used to measure the CO concentration level was a non-dispersive infrared analyzer (NDIR). EXPERIMENTAL CALCULATED 8.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 Table 3 – Engine details. 0.0 VALUE 76,22 mm 111,23 mm 8,0 143°ATDC 365°ATDC 357°ATDC 568°ATDC 241,3 mm Isooctane wide open 1500 rev/min 70°C 28-36°BTDC 11.0 17.0 19.0 21.0 8.0 EXPERIMENTAL CALCULATED 7.0 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 11.0 13.0 15.0 17.0 19.0 21.0 AIR/FUEL Figure 2 – CO equilibrium concentration versus experiments. Ignition timing 36 degrees BTDC. 9.0 EXPERIMENTAL CALCULATED 8.0 7.0 6.0 CO (%) The results obtained confirm that CO formation in internal combustion engines should be modeled based on the chemical kinetics reactions. The CO equilibrium concentration, though being close to exhaust values, underestimates the real concentration, especially in the rich mixture region. For a more generalized validation, the new model here presented must be compared to experimental results from other engines. 15.0 Figure 1 – CO equilibrium concentration versus experiments. Ignition timing 28 degrees BTDC. RESULTS AND DISCUSSIONS Figures 1 and 2 show the results from the previous model, which calculates the CO equilibrium concentration only, and Figs. 3 and 4 show the results from the new model, which calculates the kinetic CO concentration. In pre-mixed flames of adiabatic hydrocarbon-air combustion, CO concentration rapidly increases in the burning reaction zone, reaching values higher than those from equilibrium. In the burned gas region, the CO concentration is close to the equilibrium value. Nevertheless, as the burned gas is cooled during expansion and exhaust, the CO concentration may not remain at the equilibrium level, depending on the temperature and cooling rate. These phenomena explain the differences found between the values calculated from the previous (Figs. 1 and 2) and present model (Figs. 3 and 4). The present model accurately estimates the CO exhaust concentration (Figs. 3 an 4). The major benefits obtained with respect to the previous model are in the rich mixture region. 13.0 AIR/FUEL CO (%) PARÂMETER Bore Stroke Compression ratio Exhaust valve open Exhaust valve close Intake valve open Intake valve close Connecting rod length Fuel Throttle valve position Rotational engine speed Coolant and lubricant temperature Ignition timing 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 11.0 13.0 15.0 17.0 AIR/FUEL 19.0 21.0 Figure 3 – CO kinetic concentration versus experiments. Ignition timing 28 degrees BTDC. 8.0 6. Salvador, A.M., Flowers, D.L., Martinez-Frias, J., Smith, J.R., Westbrook, C.K, Pitz, J.W., Dibble, R., Wright, J.F, Akinyemi, W.C., and Hessel, R.P., 2001, “A sequential Fluid-Mechanic Chemical-Kinetic Model of Propane HCCL Combustion”, SAE Paper 2001-01-1027, SAE Word Congress, Detroit, Michigan, USA. EXPERIMENTAL CALCULATED 7.0 6.0 CO (%) Communication, Institute of Internal Combustion Engine, Shanghai Jiaotong University, Shanghai, China. 5.0 4.0 7. Venkatesh, R., 1996, “Development of an Exhaust Carbon Monoxide Emissions Model”, SAE paper 961214, International Spring Fuels and Lubricants Meeting, Dearborn, Michigan, USA. 3.0 2.0 1.0 0.0 11.0 13.0 15.0 17.0 19.0 21.0 AIR/FUEL Figure 4 – CO kinetic concentration versus experiments. Ignition timing 36 degrees BTDC. CONCLUSION The results obtained from the model based on kinetic controlled CO formation rate reactions were close to experimental results, showing advantages with respect to CO equilibrium concentration calculation especially in the rich mixture region. ACKNOWLEDGMENTS The authors thank the National Council for Scientific and Technological Development, CNPq, and the Research Support Foundation of Minas Gerais, FAPEMIG, for the financial support to this project. REFERENCES 1. Sodré, J.R., 1995, “Formulation and Experimental Validation of a Computer Model for Spark Ignition Engine Exhaust Hydrocarbons”, Ph.D. Thesis, UMIST, Manchester, UK. 2. Heywood, J.B., 1988, “Internal Combustion Engines Fundamentals”, McGraw-Hill, Singapore. 3. Sodré, J.R., 2000, “Modeling NOx Emissions from SparkIgnition Engines”, Proceedings of the Institution of Mechanical Engineers, Journal of Automobile Engineering, Part D, Vol. 214, pp. 929-934. 4. Rizzo, G., Ivan, A., and Pianese, C., 1998, “Models for the Prediction of Performance and Emissions in a Spark Ignition Engine – A Sequentially Structured Approach”, SAE paper 980779. 5. Tan, P., and Lu, J., 2003, “GAS-PM Modelling for Particulate Matter Emission of Diesel Engines”, Private 8. Bowman, C.T., 1975, “Kinetics of Pollutant Formation and Destruction in Combustion”, Progress in Energy and Combustion Science, Vol.1, pp. 33-45. CONTACT Prof. José Ricardo Sodré, PUC Minas, Department of Mechanical Engineering, Av. Dom José Gaspar, 500, CEP 30535-610, Belo Horizonte, MG, Brazil. E-Mail: [email protected], http://www.mea.pucminas.br. DEFINITIONS E ABREVIATIONS ATDC – after top dead center BTDC – before top dead center CO – carbon monoxide carbon dioxide CO2 – d[CO]/dt – carbon monoxide formation rate H– hydrogen forward rate reaction constant ki+ – backward rate reaction constant ki- – O– oxygen oxygen molecule O2 – OH – hydroxyl R– hydrocarbon radical parameter defined in Eqs. (6) and (7) Ri – ANEXO III MODELO DE FORMAÇÃO CINÉTICA DE EMISSÕES DE CO EM MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA Artigo publicado e apresentado em SAE BRASIL 2003 - XII International Mobility Technology Conference and Exhibit, São Paulo, SP, Brasil, 2003. 98 2003-01-3548 Modelo de Formação Cinética de Emissões de CO em Motores de Combustão Interna Marco Valério Kuhlmann Raggi José Ricardo Sodré Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Copyright © 2003 SAE International No Brasil, as leis do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) começaram a ser aplicadas às industrias automotivas no final da década de 80, como a resolução 18/86, do qual se constituiu o PROCONVE, cuja filosofia foi baseada na indução do desenvolvimento tecnológico e na melhoria da qualidade dos combustíveis. No começo da década de 90 apareceram os primeiros veículos com catalisador no sistema de descarga. O PROCONVE pode ser caracterizado por três fases: aprimoramento dos projetos mecânicos dos veículos (1988-1991); desenvolvimento de tecnologias especiais, como conversor catalítico, injeção eletrônica e ignição eletrônica (1992-1996); e solicitação ao fabricante para o emprego das melhores tecnologias existentes para o estabelecimento de limites de emissões e exigência para homologação dos veículos (1997 - em diante). A Tab. 1 mostra os limites atuais exigidos pelo PROCONVE. RESUMO Este trabalho tem por objetivo o desenvolvimento de um modelo numérico para calcular a taxa de formação cinética de monóxido de carbono em motores de combustão interna. O modelo é adicionado a um programa computacional de simulação do ciclo de motores de combustão interna com ignição por centelha para simular a concentração de monóxido de carbono na exaustão. O modelo construído foi validado através de dados experimentais disponíveis para um motor mono-cilindro de pesquisa. Comparações com resultados calculados para a concentração de equilíbrio de monóxido de carbono atestam que este poluente deve ser modelado de acordo com a teoria de formação cinética, para maior proximidade com valores medidos. INTRODUÇÃO Tabela 1 – Limites estabelecidos pelo PROCONVE. Os veículos automotores são considerados como as maiores fontes de poluição atmosférica dos centros urbanos, contribuindo para contínua deterioração da qualidade do ar. As emissões de poluentes pelo motor são devidas às reações químicas associadas ao processo de combustão. As emissões de poluentes variam principalmente de acordo com o tipo de veículo (leve ou pesado), ano-modelo, tipo de combustível utilizado, relação ar/combustível, velocidade do motor, geometria da câmara de combustão e existência de equipamento de controle da emissão (catalisador). Além dos poluentes tradicionais emitidos pelos veículos leves, monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx), a introdução do etanol como aditivo à gasolina no Brasil provocou também emissões de aldeídos em quantidades significativas, quando comparadas com as emissões desses compostos por veículos movidos à gasolina sem álcool. A fumaça é um sinal visível de poluição atmosférica, porém, os motores de combustão interna emitem em sua maioria gases invisíveis mais nocivos a saúde humana, como é o caso do CO. POLUENTES Monóxido de carbono (g/km) Hidrocarbonetos (g/km) Óxidos de nitrogênio (g/km) Material Particulado (g/km) Aldeídos (g/km) Emissão evaporativa (g/teste) Emissão de gás no cárter LIMITES A PARTIR DE 01/01/97 2 0,3 0,6 0,05 0,03 6 Nula Em um futuro próximo, os limites de emissões no Brasil serão ainda menores. A Tab. 2 mostra a proposta do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e dos fabricantes de veículo representados pela ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para as fases IV e V do PRONCOVE. Os novos limites induzem a maiores 1 investimentos em pesquisas laboratoriais e em programas computacionais que simulam o funcionamento de motores, visando o controle da formação e emissões de poluentes para a atmosfera. maiores discrepâncias a dados experimentais. As discrepâncias foram atribuídas ao fato do modelo calcular a concentração de equilíbrio de CO, sabendo-se que sua formação é cineticamente controlada. Tabela 2 – Limites de emissões das fases IV e V. O trabalho apresentado por Rizzo et al. [4] foi baseado em um modelo termodinâmico clássico de duas zonas. Um modelo de múltiplas zonas foi derivado do modelo de duas zonas para uma avaliação mais precisa do gradiente de temperatura na região dos gases queimados. As emissões de HC, CO e NOx foram então calculadas por três sub-modelos. Os cálculos do modelo estimaram uma concentração de CO na exaustão mais baixa do que valores medidos na câmara, embora mais altas concentrações que sua concentração de equilíbrio. Verificou-se que o número de zonas, a espessura da camada limite e a razão ar/combustível exercem forte influência no processo de formação de CO. FASE IV FASE V 2005-2007 2008-2010 CO (g/km) 2,00 2,00 HC (g/km) 0,30* 0,30* NMHC (g/km) 0,16 0,05 NOx (g/km) 0,25 0,12 HCO (g/km) 0,03 0,02 Evaporativa (g/teste) 2,00 2,00 *Aplicável somente a veículos movidos a gás natural. POLUENTES Sodré [1] realizou modificações em um existente programa computacional de simulação do ciclo de motores com ignição por centelha, incorporando um novo cálculo para geometria de propagação da chama, uma nova rotina para determinar a composição de equilíbrio químico dos produtos, uma rotina para determinação de óxidos de nitrogênio, um método para calcular a fração mássica dos gases residuais e a determinação das condições da mistura no cilindro no início do período fechado do ciclo motor. O programa calcula a concentração de CO pelas equações de equilíbrio, tendendo a subestimar o nível medido na exaustão. Sabe-se que a formação de monóxido de carbono é cineticamente controlada, e, apesar de já vir sendo investigada há algum tempo e algumas reações envolvidas terem sido identificadas, seu mecanismo ainda não é completamente explicado. Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um modelo de cálculo de monóxido de carbono baseado na sua cinética de formação, a ser adicionado como uma sub-rotina do programa. Os resultados simulados são comparados a dados experimentais disponíveis para um motor de pesquisas mono-cilindro de quatro tempos. O modelo de Tan e Lu [5] apresenta os mecanismos de formação de NOx, material particulado, CO e HC em motores. O modelo, quando comparado a dados experimentais, demonstrou resultados satisfatórios. Salvador et al. [6] desenvolveram uma metodologia para predizer a combustão e emissão em um motor combinando modelos detalhados de mecânica dos fluidos e de cinética química. Comparando o modelo a dados experimentais, as emissões de monóxido de carbono foram razoavelmente prognosticadas. Venkatesh [7] utilizou um modelo estatístico que prediz a emissão de CO em função de diversas propriedades do combustível. Verificou-se que o uso de combustível oxigenado é um eficaz meio de reduzir as emissões de CO, especialmente em veículos carburados mais antigos. MODELO DE FORMAÇÃO CINÉTICA DE CO Baseado nos modelos utilizados por Rizzo et al. [4] e Tan e Lu [5] para a cinética de formação de CO, e nas constantes das taxas de reação utilizadas por Bowman [8], o processo de formação de monóxido de carbono é escrito da seguinte forma: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A formação do monóxido de carbono em motores do ciclo Otto depende primariamente da razão de equivalência da mistura combustível/ar. Para misturas ricas, a concentração de CO na exaustão aumenta rapidamente, devido à ausência de oxigênio ocasionando combustão incompleta [2]. RH → R → RO2 → RCHO → RCO → CO (1) Onde R denota radical de hidrocarboneto. O CO formado no processo de combustão por esta via é então oxidado para CO2. As principais reações de formação de CO são: Sodré [3] demonstrou, através de um programa computacional que calcula os principais produtos da combustão em motores, que a concentração de CO aumenta com misturas ricas, pois não há bastante oxigênio para queimar todo o carbono em CO2. O excesso de ar nas misturas pobres assegura uma concentração de oxigênio mais alta. O modelo estima com razoável precisão as emissões de CO, mas, para misturas ricas, apresenta as k1+ CO + OH ↔ CO 2 + H k1− 2 (2) exaustão, acionadas por um eixo de comando de válvulas localizado no cabeçote. O motor possui uma cilindrada de 507 cm3 e sua câmara de combustão é do tipo disco, com superfícies planas. A Tab. 3 apresenta as dimensões do motor e condições de operação durante os testes experimentais. k 2+ CO 2 + O ↔− CO + O 2 k2 (3) Onde ki+ e ki- são as constantes das taxas de avanço e retorno, respectivamente. A amostra de gás de exaustão para análise de CO era coletada do tubo de exaustão, próximo à válvula de exaustão. A amostra era direcionada ao analisador em seu estado bruto. O equipamento utilizado para medir o nível de concentração de CO foi um analisador infravermelho. Este instrumento trabalha no principio que todos gases absorvem a radiação eletromagnética no comprimento de onda. A soma da radiação de muitos gases absorvida na região infravermelha pode ser usada para determinar a sua concentração, inclusive na presença de outros gases. A partir das Eqs. (2) e (3), a taxa de formação de CO é dada por: d [CO ] = k1− [CO 2][ H ] − k1+ [CO ][OH ] + dt k 2+ [CO 2][O ] − k 2− [CO ][O 2] (4) Os parâmetros entre colchetes referem-se a concentrações de produtos da combustão. Se O, O2, OH, H e CO2 estão no estado de equilíbrio, a taxa de formação de CO pode ser expressa como: [CO ] d [CO ] = ( R1 + R 2 ) 1 − dt [CO ]e Tabela 3 – Dados do motor. PARÂMETRO Diâmetro cilindro Curso do pistão Taxa de compressão Abertura válvula de escape Fechamento válvula de escape Abertura válvula de admissão Fechamento válvula de admissão Comprimento da biela Combustível Posição da válvula Velocidade de rotação Temperatura do óleo e da água Ângulo de ignição (5) Onde: R1 = k 1+ [ CO ] e [ OH ] e = k 1− [ CO 2 ] e [ H ] e (6) R 2 = k 2+ [CO 2 ] e [O ] e = k 2− [CO ] e [O 2 ] e (7) Onde Ri (i =1,2) é a taxa de reação de equilíbrio e o subscrito e denota a condição de equilíbrio químico. As taxas das constantes de reação são as descritas por Bowman [8]: VALOR 76,22 mm 111,23 mm 8,0 143°DPMS 365°DPMS 357°DPMS 568°DPMS 241,3 mm Isooctano Abertura total 1500 rev/min 70°C 28-36°APMS RESULTADOS E DISCUSSÕES T k1+ = 6,76 × 1010. exp 1102 (8) − 24055 k 2− = 2,5 × 1012 . exp T (9) As Figs. 1 a 4 mostram os resultados do modelo anterior, que calculava somente a concentração de equilíbrio de CO, e os do modelo atual, que calcula a concentração cinética de CO. Nas chamas pré-misturadas de combustível hidrocarboneto e ar, a concentração de CO aumenta rapidamente na zona de chama, atingindo valores superiores aos de equilíbrio para combustão adiabática. Na região de pós-chama dos gases queimados, as concentrações de CO são próximas às de equilíbrio. Porém, como os gases queimados resfriam durante a expansão e exaustão, a concentração de CO pode não permanecer nos níveis de equilíbrio, dependendo da temperatura e da taxa de resfriamento. Estes fenômenos explicam as diferenças encontradas para os valores calculados pelo modelo anterior (Figs. 1 e 2) e pelo atual (Figs. 3 e 4). O modelo atual estima os valores medidos com acuidade (Figs. 3 e 4). Os maiores benefícios obtidos em relação ao modelo anterior foram na região de mistura rica. Baseado na seqüência de equações acima, uma nova sub-rotina para cálculo da taxa controlada de CO foi introduzida no programa de simulação do ciclo de motores com ignição por centelha utilizado neste trabalho. DADOS EXPERIMENTAIS UTILIZADOS Os dados experimentais utilizados para calibrar o modelo foram obtidos por Sodré [1]. O motor de pesquisa é monocilíndrico, de quatro tempos, com taxa de compressão variável e carburador no sistema de alimentação. O motor é refrigerado a água, com uma válvula de admissão e uma de 3 9.0 8.0 EXPERIMENTAL CALCULADO 8.0 7.0 6.0 CO (%) 6.0 CO (%) EXPERIMENTAL CALCULADO 7.0 5.0 4.0 3.0 5.0 4.0 3.0 2.0 2.0 1.0 1.0 0.0 0.0 11.0 13.0 15.0 17.0 19.0 11.0 21.0 8.0 17.0 19.0 21.0 Os resultados encontrados confirmam que a formação de CO em motores de combustão interna deve ser modelada baseada nas reações de cinética química. A concentração de equilíbrio de CO, embora se aproxime dos valores encontrados na exaustão, tende a subestimar a real concentração deste poluente, especialmente na região de mistura rica. Para validação mais generalizada, o modelo aqui apresentado deve ser comparado a resultados experimentais de outros motores. EXPERIMENTAL CALCULADO 6.0 CO (%) 15.0 Figura 4 – Concentração cinética de CO vs. experimentos. Ângulo de ignição 36° APMS. Figura 1 – Concentração de equilíbrio de CO versus experimentos. Ângulo de ignição 28 graus APMS. 7.0 13.0 AR/COMBUSTÍVEL AR/COMBUSTÍVEL 5.0 4.0 3.0 2.0 CONCLUSÃO 1.0 Os resultados encontrados pelo modelo da taxa de formação cinética de CO se aproximaram dos resultados experimentais, apresentando vantagens em relação ao cálculo da concentração de equilíbrio de CO especialmente na região de mistura rica. 0.0 11.0 13.0 15.0 17.0 19.0 21.0 AR/COMBUSTÍVEL Figura 2 – Concentração de equilíbrio de CO versus experimentos. Ângulo de ignição 36 graus APMS. AGRADECIMENTOS 9.0 6.0 Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, FAPEMIG, pelo apoio financeiro a este projeto. 5.0 REFERÊNCIAS EXPERIMENTAL CALCULADO 8.0 CO (%) 7.0 4.0 1. Sodré, J.R., 1995, “Formulation and Experimental Validation of a Computer Model for Spark Ignition Engine Exhaust Hydrocarbons”, Ph.D. Thesis, UMIST, Manchester, UK. 3.0 2.0 1.0 0.0 11.0 13.0 15.0 17.0 19.0 2. Heywood, J.B., 1988, “Internal Combustion Engines Fundamentals”, McGraw-Hill, Singapore. 21.0 AR/COMBUSTÍVEL 3. Sodré, J.R., 2000, “Modeling NOx Emissions from Spark-Ignition Engines”, Proceedings of the Institution Figura 3 – Concentração cinética de CO versus experimentos. Ângulo de ignição 28° APMS. 4 of Mechanical Engineers, Journal of Automobile Engineering, Part D, Vol. 214, pp. 929-934. CONTATO Prof. José Ricardo Sodré, PUC Minas, Departamento de Engenharia Mecânica, Av. Dom José Gaspar, 500, CEP 30535-610, Belo Horizonte, MG, E-Mail: [email protected], http://www.mea.pucminas.br. 4. Rizzo, G., Ivan, A., and Pianese, C., 1998, “Models for the Prediction of Performance and Emissions in a Spark Ignition Engine – A Sequentially Structured Approach”, SAE paper 980779. DEFINIÇÕES E ABREVIATURAS 5. Tan, P., and Lu, J., “GAS-PM Modelling for Particulate Matter Emission of Diesel Engines”, 2003, Private Communication, Institute of Internal Combustion Engine, Shanghai Jiaotong University, Shanghai, China. APMS – antes do ponto morto superior CO – monóxido de carbono dióxido de carbono CO2 – d[CO]/dt – taxa de formação de monóxido de carbono DPMS – depois do ponto morto superior H– hidrogênio monoatômico constante da taxa de avanço da reação de ki+ – formação de CO constante da taxa de retorno da reação de ki- – formação de CO O– oxigênio monoatômico oxigênio molecular O2 – OH – radical hidroxila R– radical de hidrocarboneto parâmetros definidos nas Eqs. (6) e (7) Ri – 6. Salvador, A.M., Flowers, D.L., Martinez-Frias, J., Smith, J.R., Westbrook, C.K, Pitz, J.W., Dibble, R., Wright, J.F, Akinyemi, W.C., and Hessel, R.P., 2001, “A sequential Fluid-Mechanic Chemical-Kinetic Model of Propane HCCL Combustion”, SAE Paper 2001-011027, SAE Word Congress, Detroit, Michigan, USA. 7. Venkatesh, R., 1996, “Development of an Exhaust Carbon Monoxide Emissions Model”, SAE paper 961214, International Spring Fuels and Lubricants Meeting, Dearborn, Michigan, USA. 8. Bowman, C.T., 1975, “Kinetics of Pollutant Formation and Destruction in Combustion”, Progress in Energy and Combustion Science, Vol.1, pp. 33-45. 5 ANEXO IV OTIMIZAÇÃO DE UM MODELO PARA CÁLCULO DAS EMISSÕES DE ÓXIDOS DE NITROGÊNIO DE MOTORES COM IGNIÇÃO POR CENTELHA Artigo publicado e apresentado em ENCIT 2004 - X Brazilian Congress of Engineering and Thermal Sciences, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 2004. 104 Proceedings of the 10th Brazilian Congress of Thermal Sciences and Engineering -- ENCIT 2004 Braz. Soc. of Mechanical Sciences and Engineering -- ABCM, Rio de Janeiro, Brazil, Nov. 29 -- Dec. 03, 2004 Paper CIT04-0639 OTIMIZAÇÃO DE UM MODELO PARA CÁLCULO DAS EMISSÕES DE ÓXIDOS DE NITROGÊNIO DE MOTORES COM IGNIÇÃO POR CENTELHA Marco Valério Kuhlmann Raggi PUC Minas, Departamento de Engenharia Mecânica, Av. Dom José Gaspar, 500, 30535-610, Belo Horizonte, MG [email protected] José Ricardo Sodré PUC Minas, Av. Dom José Gaspar, 500, 30535-610, Belo Horizonte, MG [email protected] Resumo. Este trabalho apresenta um modelo otimizado para calcular a taxa de formação de óxidos de nitrogênio em motores de combustão interna com ignição por centelha. A otimização do modelo foi realizada através do estabelecimento de uma correlação entre a razão de equivalência da mistura combustível-ar e a constante da primeira taxa de reação do mecanismo de Zeldovich, que descreve a cinética de formação de óxido nítrico. Os valores calculados pelo modelo foram comparados a dados experimentais disponíveis de um motor mono-cilindro com câmara de combustão tipo disco para variações da razão de equivalência da mistura combustível-ar. Quando a razão de equivalência da mistura foi variada, o modelo otimizado produziu valores calculados mais próximos dos resultados experimentais que o modelo anterior, especialmente na região de mistura pobre e na região próxima à estequiométrica. Palavras chave: Emissões, Óxidos de Nitrogênio, Motores de Combustão Interna, Modelo Numérico 1. Introdução Motores automotivos são considerados como as maiores fontes de poluição atmosférica em áreas urbanas. As emissões de poluentes por motores variam principalmente de acordo com o modelo do veículo, ano, tipo de combustível, razão combustível-ar, velocidade, geometria da câmara de combustão e equipamentos de controles de emissões. Além dos poluentes regulados tradicionais de veículos leves, monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx), a introdução de etanol como aditivo na gasolina no Brasil ocasionou emissões de aldeídos significativas. No Brasil, o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA – estabeleceu leis de controle de poluentes para a indústria automotiva no final dos anos oitenta. A resolução 18/86 lançou o Programa de Controle Veicular – PROCONVE, para induzir desenvolvimentos tecnológicos para controle de poluentes e aumento da qualidade do combustível. No início dos anos noventa, os primeiros veículos equipados com conversor catalítico foram produzidos. O PROCONVE é caracterizado por três fases: melhoria no projeto mecânico do veículo (1988-1991); desenvolvimento de novas tecnologias, como o conversor catalítico, o sistema de injeção eletrônica e o sistema de ignição eletrônica (1992-1996); e a demanda por aplicações de tecnologias de topo para estabelecer limites de emissões e requisições de certificação do veículo (1997 em diante). No futuro próximo, os limites de emissões no Brasil devem ser ainda mais estritos. A Tab. 1 mostra os limites atuais e os limites propostos pelo Instituto Brasileiro para o Meio Ambiente e Fontes Renováveis – IBAMA, e pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos – ANFAVEA, para as fases IV e V do PROCONVE. Os novos limites requerem investimentos mais elevados em pesquisa e desenvolvimento, e o emprego de modelos computacionais para reduzir custos. Tabela 1 – Limite de emissões do PROCONVE. POLUENTES CO (g/km) HC (g/km) NMHC (g/km) NOx (g/km) Aldeídos (g/km) Emissões evaporativas (g/test) *Somente para veículos movidos a gás natural. LIMITES ATUAIS 2,00 0,30 0,60 0,03 6,00 FASE IV 2005-2007 2,00 0,30* 0,16 0,25 0,03 2,00 FASE V 2008-2010 2,00 0,30* 0,05 0,12 0,02 2,00 Sodré (2000) modificou um programa de simulação do ciclo de motores com ignição por centelha, adicionando um novo modelo para cálculo da geometria da chama, um novo modelo para calcular a composição de equilíbrio dos produtos da combustão, um modelo para estimar as emissões de óxidos de nitrogênio, um modelo para calcular a fração de residuais e um modelo para calcular a temperatura da mistura no cilindro no início do período fechado do ciclo. A formação de óxidos de nitrogênio foi calculada por um mecanismo cineticamente controlado, mas os valores calculados na exaustão divergiram dos valores medidos, especialmente na região de pico de concentração. Este trabalho tem como objetivo melhorar o modelo de emissões de NOx para uma melhor concordância com os experimentos. Os resultados simulados são comparados com dados experimentais de um motor de pesquisa mono-cilindro de quarto tempos. 2. Revisão Bibliográfica Lavoie et al. (1970) adicionaram uma terceira equação ao mecanismo de Zeldovich, o que representou uma contribuição significativa para o conhecimento da formação de NO em motores. Bowman (1975) estudou o mecanismo da formação de nitrogênio na atmosfera usando as três constantes das reações químicas envolvendo os elementos O, N2, N e OH propostas por Lavoie et al. (1970). Annand (1973) construiu três programas computacionais para calcular a formação dos produtos da combustão. No mais complexo dos programas, dezesseis reações foram consideradas para determinar treze espécies, incluindo argônio. No segundo programa, somente as reações envolvendo nitrogênio foram consideradas, com os elementos restantes tidos como no estado de equilíbrio. No terceiro programa, uma equação diferencial para calcular NO e N2O foi eliminada e um modelo quase-estático foi aplicado. Benson e Baruah (1976) desenvolveram um modelo termodinâmico para cálculo da concentração molar de dez produtos, incluindo NO. James (1982) concluiu que a concentração de NO é aumentada na mistura atrás da frente de chama na câmara de combustão e que este efeito é mais importante para misturas pobres e turbulência difusiva crescente. O autor também observou a existência de uma rápida taxa de formação de NO na frente de chama e que o mecanismo de Zeldovich é preciso o suficiente para os gases formados atrás da frente de chama. O autor testou uma nova constante de equilíbrio, de acordo com os estudos de Harris et al. (1976). Para temperaturas da combustão inferiores a 2500 K, Bowman (1975) estabeleceu constantes de reação que forneceram uma aproximação razoável a dados empíricos. Contudo, a aplicação de cálculos de cinética de formação de NO em motores de combustão interna para temperaturas maiores que 2500 K mostrou discrepâncias com os dados experimentais. Por esta razão, alguns autores variam a constante de Bowman em até 35% para obter uma melhor concordância entre resultados calculados e experimentais. Tinaut et al. (1999) usaram dados experimentais para modificar todas as constantes das taxas de reação descritas por Bowman (1975). Comparações entre testes experimentais e simulados foram realizadas e uma boa concordância foi obtida. Os autores também verificaram a influência da razão entre o carbono e o hidrogênio do combustível nos cálculos de NOx. Cerciello (1995) desenvolveu um programa para calcular a formação de NO em motores com ignição por centelha. O autor verificou que a formação de NO no cilindro do motor é afetada pela distribuição de temperatura do gás queimado e pela pressão durante os processos de combustão e expansão. A formação de NO é também indiretamente afetada pela variação de pressão devido ao oxigênio originado da dissociação de água e dióxido de carbono. Assim, para misturas rica ou estequiométrica, a concentração de NO diminui quando a pressão no cilindro aumenta devido à ausência de oxigênio. Para misturas ricas ou estequiométrica a velocidade de rotação do motor crescente aumentou a taxa de formação de NO e, para misturas pobres, a concentração de NO foi substancialmente reduzida com o aumento da velocidade de rotação. Razões de compressão elevadas e ângulos de ignição avançados aumentaram a taxa de formação de NO. Para misturas pobres, o congelamento de NO ocorre no início do processo de expansão, logo após a ocorrência do pico de pressão, com baixa decomposição de NO, e, para misturas ricas, o congelamento ocorre no final da expansão, com decomposição substancial de NO. Destas observações, o autor concluiu que a concentração final de NO para misturas pobres depende principalmente do pico de temperatura durante o processo de combustão, enquanto, para misturas ricas, a temperatura do gás queimado determina a formação de NO. Um mecanismo de Zeldovich super-estendido foi desenvolvido por Miller et al. (1998) para uma predição de NOx mais acurada. O mecanismo estendido considera treze espécies químicas e dezessete reações dominam a cinética de formação de NO para misturas ricas ou pobres. O novo mecanismo mostrou uma discrepância de cerca de 10% em relação a dados experimentais, enquanto o mecanismo de Zeldovich de três reações mostrou discrepância de 50% ou mais nas mesmas condições de testes. Lavoie e Blumberg (1980) desenvolveram um modelo para predizer as emissões de NOx e HC de motores convencionais. As constantes das taxas de reação de formação de NO no mecanismo de Zeldovich foram também modificadas. Uma das constantes de reação foi reduzida em 35% para uma melhor concordância com experimentos. Os resultados mostraram uma boa proximidade entre os resultados do modelo e dos experimentos. 2. Modelo para a Cinética de Formação de NO O mecanismo de Zeldovich para cálculo da taxa de formação de NO é descrito por Heywood (1988): k1+ O + N 2 ↔− NO + N (1) k1 k 2+ N + O 2 ↔− NO + O (2) k2 k 3+ N + OH ↔ NO + H − (3) k3 onde ki+ e ki- são as constantes de reação direta e reversa. A taxa de formação de NO é dada por (Heywood, 1988): d [ NO ] 2 R1{1 − ([ NO ] /[ NO ]e ) 2 } = dt 1 + ([ NO ] /[ NO ]e R1 /( R2 + R3 ) (4) Onde R1 = k1+ [O]e [ N 2 ]e (5) R2 = k2− [ NO]e [O]e (6) R3 = k3− [ NO]e [ H ]e (7) Valores para as constantes k1+, k2- e k3- são mostradas na Tab. 2 (Heywood, 1988): Tabela 2 – Constantes das taxas das reações de formação de NO. REAÇÃO CONSTANTE (cm³/mol.s) O + N2 → NO + N k1+ = 7,6 × 1013 exp[−38000 / T ] T (K) 2000-5000 O + NO → O 2 + N k 2− = 1,5 × 10 9 T exp[−19500 / T ] 1000-3000 H + NO → OH + N k 3− = 2,0 × 10 14 exp[ −23650 / T ] 2200-4500 3. Modificação das Constantes das Taxas das Reações de Formação de NO Vários autores modificaram as constantes das taxas de reação do mecanismo de Zeldovich. James (1982) usou uma nova constante da taxa de reação para temperaturas da combustão acima de 2500 K, mas esta constante não possibilitou um bom ajuste do modelo aos dados experimentais no presente trabalho. Tinaut et al (1999) alterou todas as constantes das taxas de reação inversa e direta, mas estas também não melhoraram os resultados calculados no presente trabalho com relação aos dados experimentais. Uma combinação dos modelos de James (1982) e Tinaut et al. (199) foi testada e os resultados foram satisfatórios na região de mistura pobre, mas insatisfatórios nas regiões rica e estequiométrica. O modelo de Miller et al. (1998) foi também testado, mas fracassou nas regiões de mistura estequiométrica e rica. Seguindo Lavoie e Blumberg (1980), que modificaram a constante direta da primeira equação do mecanismo de Zeldovich (Eq. (1)) por um valor constante, este trabalho modifica a mesma constante através de uma função da razão de equivalência da mistura A função ajustada é do tipo aφb, em que os valores de a e b foram determinados pela otimização de um fator de multiplicação da constante direta da reação k1+ para aproximar os valores calculados dos dados experimentais disponíveis. O resultado é mostrado na Fig. 1 e a equação ajustada tem os seguintes coeficientes: f (φ ) = 0.472φ −8.35 φ ≤ 0.95 (8a) f (φ ) = 0.572φ −4.62 φ > 0.95 (8b) + Assim, o parâmetro R1 da Eq. (5) passa a ser calculado por R1 = f (φ )k1 [O]e[ N2 ]e . 6.0 f(φ)= 0.472φ-8.35, f(φ)= 0.572φ-4.62, 5.0 φ <0.95 φ >0.95 f(φ) 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 0.70 0.80 0.90 1.00 1.10 1.20 1.30 φ Figura 1 – Função multiplicadora de k1+. 4. Dados Experimentais Os dados experimentais usados para calibrar o modelo foram obtidos por Sodré (2000). Um motor de pesquisa mono-cilindro de quatro tempos e razão de compressão variável foi utilizado. O motor era carburado e resfriado a água, com as válvulas de admissão e exaustão atuadas por um eixo de comando no cabeçote. O motor também apresentava um deslocamento de 507 cm3 e uma câmara de combustão tipo disco. A Tab. 3 mostra as dimensões do motor e as condições de operação durante os testes experimentais. A amostra do gás de exaustão para análise de NO foi coletada do duto de exaustão, próximo à válvula de exaustão. O equipamento usado para medir o nível de concentração de NO foi um analisador por luminescência química. Tabela 3 – Detalhes do motor. PARÂMETRO Diâmetro do cilindro Curso Razão de compressão Ângulo de abertura da válvula de exaustão Ângulo de fechamento da válvula de exaustão Ângulo de abertura da válvula de admissão Ângulo de fechamento da válvula de admissão Comprimento da biela Combustível Posição da borboleta Velocidade de rotação do motor Temperatura do lubrificante e do fluido de arrefecimento Ângulo de ignição VALOR 76,22 mm 111,23 mm 8,0 143°ATDC 365°ATDC 357°ATDC 568°ATDC 241,3 mm Isooctano Completamente aberta 1500 rev/min 70°C 28-36°BTDC 5. Resultados e Discussões As Figs. 2 e 3 mostram os resultados do modelo anterior, que calcula a concentração de NO usando a constante da taxa de reação direta k1+ mostrada na Tab. 2 sem modificação. As Figs. 4 e 5 mostram os resultados do novo modelo, que calcula a concentração de NO usando a constante da taxa de reação direta k1+ modificada pela função f(φ) (Eqs. (8a) e (8b)). As principais diferenças encontradas entre os valores calculados pelo modelo anterior (Figs. 2 e 3) e o presente modelo (Figs. 4 e 5) estão nas regiões de pico de concentração e de mistura pobre. Nestas regiões, o presente modelo estima a concentração de NO na exaustão mais precisamente que o modelo anterior (Figs. 2 a 5), mas nenhum benefício foi obtido com relação ao modelo anterior na região de mistura rica. Os resultados obtidos confirmam que a formação de NO em motores de combustão interna pode ser modelada com a constante da taxa de reação da Eq. (1) modificada de acordo com a razão de equivalência da mistura nas regiões pobre e estequiométrica, onde o pico de temperatura parece determinar a concentração final de NO (Cerciello, 1995). Contudo, na região de mistura rica, em que a concentração de NO é supostamente determinada pela temperatura do gás queimado (Cerciello, 1995), a técnica de alterar a constante da taxa de reação k1+ de acordo com a razão de equivalência da mistura não mostrou a mesma eficiência. Nestas condições, o valor calculado da concentração de NO permaneceu subestimando os níveis medidos nos experimentos. Para uma validação mais generalizada, o modelo atual deve ser comparado a resultados experimentais de outros motores. 5000 4500 4000 EXPERIMENTOS MODELO ANTERIOR IGNIÇÃO A 280APMS NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTÍVEL Figura 2 – Concentração de NO na exaustão calculada pelo modelo anterior. Ângulo de ignição 28 graus APMS. 5000 4500 4000 EXPERIMENTOS MODELO ANTERIOR IGNIÇÃO A 360APMS NOx (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTÍVEL Figura 3 – Concentração de NO na exaustão calculada pelo modelo anterior. Ângulo de ignição 36 graus APMS. 5000 4500 4000 NO X (ppm) 3500 EXPERIMENTOS MODELO ATUAL IGNIÇÃO A 280BTDC 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTÍVEL Figura 4 – Concentração de NO na exaustão calculada pelo modelo atual. Ângulo de ignição 28 graus APMS. 5000 4500 4000 EXPERIMENTOS MODELO ATUAL IGNIÇÃO A 360BTDC NO X (ppm) 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AR/COMBUSTÍVEL Figura 5 – Concentração de NO na exaustão calculada pelo modelo atual. Ângulo de ignição 36 graus APMS. 6. Conclusões Os resultados obtidos do modelo baseado nas taxas das reações de formação de NO cineticamente controladas se aproximaram dos resultados experimentais nas regiões de mistura estequiométrica e pobre quando uma das constantes da taxa de reação do mecanismo de Zeldovich foi ajustada por uma função da razão de equivalência da mistura. Na região de mistura rica, contudo, esta técnica não apresentou melhorias, requerendo investigações complementares. 7. Agradecimentos Os autores agradecem o CNPq e a FAPEMIG pelo apoio financeiro a este projeto. 8. Referências Annand, J.D., 1973, “Effects of Simplifying Kinetics Assumptions in Calculating Nitric Oxide Formation in Spark Ignition Engines”, Proceedings of the Institution of Mechanical Engineers, Vol. 188, pp. 41/73. Benson, R.S., and Baruah, P.C., 1976, “A Generalized Calculation for an Ideal Otto Cycle with Hydrocarbon-Air Mixture Allowing for Variable Specific Heats”, IMechE and UMIST, IJMEE Vol.4, No. 1, pp.49-82. Bowman, C.T., 1975, “Kinetics of Pollutant Formation and Destruction in Combustion”, Progress in Energy and Combustion Science, Vol.1, pp. 33-45. Cerciello, L.A.V., 1995, “Development of a Model for NOx Formation In Combustion”, M.Sc. Dissertation, UMIST, Manchester, UK. Harris, R.J., 1976, “The Formation of Oxides of Nitrogen in High Temperature CH4-O2-N2 Flames”, Combustion Science and Technology, Vol.14. Heywood, J.B., 1988, Internal Combustion Engines Fundamentals, McGraw-Hill, Singapore. James, E.H., 1982, “Errors in NO Emission Prediction from Spark Ignition Engines”, SAE Paper 820046, SAE International Congress & Exposition, Detroit, Michigan, USA. Lavoie, G., Heywood, J.B., and Keck, J.C., 1970, “Experimental and Theoretical Investigation of Nitric Oxide Formation in I.C.E.”, Combustion Science and Technology, Vol. 1, pp. 313-326. Lavoie, G.A, and Blumberg, P.N., 1980, “A Fundamental Model for Predicting Fuel Consumption, NOx and HC Emissions of the Conventional Spark-Ignited Engine”, Combustion Science and Technology, Vol. 21, pp. 225-258. Miller, R., Davis, G., Lavoie, G., Newmann, C., and Gardner, T., 1998, “Super-extended Zeldovich Mechanism for NOx Modeling and Engine Calibration”, SAE paper 980781. Sodré, J.R., 2000, “Modeling NOx Emissions from Spark-Ignition Engines”, Proceedings of the Institution of Mechanical Engineers, Journal of Automobile Engineering, Part D, Vol. 214, pp. 929-934. Tinaut, F.V., Melgar, A., and Horrillo, A.J., 1999, “Utilization of a Quasi-Dimensional Model for Predicting Pollutant Emissions in SI Engines”, SAE Technical Paper Series 1999-01-0223, SAE International Congress and Exposition, Detroit, Michigan, USA, March 1-4. 9. Direitos autorais Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo do material impresso incluído no seu trabalho. OPTIMIZATION OF A MODEL FOR CALCULATION OF OXIDES OF NITROGEN EMISSIONS FROM SPARK IGNITION ENGINES Marco Valério Kuhlmann Raggi PUC Minas, Department of Mechanical Engineering, Av. Dom José Gaspar, 500, 30535-610, Belo Horizonte, MG [email protected] José Ricardo Sodré PUC Minas, Department of Mechanical Engineering, Av. Dom José Gaspar, 500, 30535-610, Belo Horizonte, MG [email protected] Abstract This work presents an optimized model that calculates the rate of formation of oxides of nitrogen in spark-ignited internal combustion engines. Model optimization was done by establishment of a correlation between the fuel-air mixture equivalence ratio and the first rate reaction constant of the Zeldovich’s mechanism, which describes the kinetics of formation of nitric oxide. The calculated values by the model were compared to experimental data available from a single-cylinder engine, featuring a disc type combustion chamber, for variations of fuel-air mixture equivalence ratio. When the mixture equivalence ratio was varied, the optimized model produced calculated values much closer to the experimental results than the previous model, especially in the lean mixture region and in the peak region near to stoichiometry. Keywords: Emissions, Oxides of Nitrogen, Internal Combustion Engines, Numerical Model. ANEXO V IMPROVEMENT OF A MODEL FOR CALCULATION OF OXIDES OF NITROGEN EMISSIONS FROM SPARK IGNITION ENGINES Artigo publicado e apresentado em SAE Powertrain & Fluid Systems Conference & Exhibition, Tampa, Fl, USA, 2004. 112 2004-01-3001 Improvement of a Model for Calculation of Oxides of Nitrogen Emissions from Spark Ignition Engines Marco Valério Kuhlmann Raggi José Ricardo Sodré Pontifical Catholic University of Minas Gerais Copyright © 2004 SAE International ABSTRACT This work presents an optimized model that calculates the rate of formation of oxides of nitrogen in spark-ignited internal combustion engines. Model optimization was done by establishment of a correlation between the fuel-air mixture equivalence ratio and the first rate reaction constant of the Zeldovich’s mechanism, which describes the kinetics of formation of nitric oxide. The calculated values by the model were compared to experimental data available from a singlecylinder engine, featuring a disc type combustion chamber, for variations of fuel-air mixture equivalence ratio. When the mixture equivalence ratio was varied, the optimized model produced calculated values much closer to the experimental results than the previous model, especially in the lean mixture region and in the peak region near to stoichiometry. INTRODUCTION Automotive vehicles are often considered to be the major source of atmospheric pollution in urban areas. Pollutant emissions from engines vary mainly according to vehicle model, year, fuel type, fuel-air ratio, speed, combustion chamber geometry, and emissions control devices. Apart from the traditionally regulated pollutants from light vehicles, carbon monoxide (CO), hydrocarbons (HC), and oxides of nitrogen (NOx), introduction of ethanol as an additive to gasoline in Brazil led to significant aldehyde emissions. Smoke is a visible sign of atmospheric pollution, but some of the hazardous exhaust components from automotive engines are invisible, as in the case of CO. In Brazil, the Environment National Council – CONAMA – established pollution control laws to the automotive industries by the end of the eighties. The resolution 18/86 launched the Vehicular Control Program – PROCONVE, to induct technological developments and better fuel quality. By the beginning of the nineties the first vehicles equipped with catalytic converter were produced. The PROCONVE is characterized by three phases: improvement of the vehicle mechanical project (1988-1991); development of new technology, such as catalytic converter, electronic injection system, and electronic ignition system (1992-1996); and demand for application of the top technologies to establish emissions limits and vehicle certification requirements (1997 and henceforth). In the near future, emissions limits in Brazil should be even tighter. Table 1 shows the actual limits and the proposed limits from the Brazilian Institute for the Environment and Renewable Sources – IBAMA, and from the National Association of the Vehicle manufacturers – ANFAVEA, for phases IV and V of the PROCONVE. The new limits require higher investments in research and development, and employment of computational models aims at reducing costs. Table 1 – PROCONVE emissions limits. POLLUTANTS ACTUAL LIMITS 2.00 0.30 0.60 0.03 PHASE IV 2005-2007 2.00 0.30* 0.16 0.25 0.03 CO (g/km) HC (g/km) NMHC (g/km) NOx (g/km) Aldehydes (g/km) Evaporative 6.00 2.00 emissions (g/test) *For natural gas fuelled vehicles only. PHASE V 2008-2010 2.00 0.30* 0.05 0.12 0.02 2.00 Sodré [1] modified a spark ignition engine cycle simulation program, adding a new flame geometry calculation model, a new model to calculate the products chemical equilibrium composition, a model to estimate oxides of nitrogen emissions, a model to calculate the residual gas mass fraction, and a model to calculate the cylinder mixture temperature at the start of the closed period of the engine cycle. Formation of oxides of nitrogen is calculated by a kinetically controlled mechanism. The program calculates the exhaust NOx concentration, but calculated values diverge from measured ones, especially in the peak region. This work has as an objective the improvement of the NOx emissions model, for a better agreement with experiments. The simulated results are compared to experimental data from a single-cylinder, fourstrokes, research engine. LITERATURE REVIEW Lavoie et al. [2] added a third equation to Zeldovich’s mechanism, making a significant contribution to the understanding of NO formation in engines. Bowman [3] studied the mechanism of nitrogen formation in the atmosphere, using the three reaction constants for three chemical equations involving the elements O, N2, N and OH proposed by Lavoie et al. [2]. Annand [4] constructed three computational programs to calculate the formation of combustion products. In the most complex of the programs, sixteen reactions were considered to determine thirteen species, including argon. In the second program, only the reactions involving nitrogen were considered, with the remaining elements being considered in the equilibrium state. In the third program, a differential equation to calculate NO and N2O was eliminated, and a quasi-static model was applied. Benson and Baruah [5] developed a thermodynamic model for calculation of the molar concentration of ten products, including NO. Lavoie and Blumberg [6] developed a model to predict NOx and HC emissions from a conventional engine. The reaction rate constants of NO formation in the Zeldovich’s mechanism were also modified. One of the reaction constants was lowered 35%, for a better agreement to experiments. The results showed a good proximity between the results from the model and experiments. James [7] concluded that NO concentration is increased in the mixture behind the flame front inside the combustion chamber, and that this effect is more important for leaner mixtures and increasing diffusive turbulence. The author also observed the existence of a fast NO formation rate in the flame front, and that the Zeldovich’s mechanism is accurate enough for the gases formed after the flame front. The author tested a new equilibrium constant, following studies by Harris et al. [8]. formation was substantially reduced with increasing speed. Higher compression ratios and advanced ignition timing increase the NO formation rate. For lean mixtures, NO freezing occurs at the beginning of the expansion process, soon after occurrence of the peak pressure, with low NO decomposition, and, for rich mixtures, freezing occurs only at the end of expansion, with substantial decomposition of NO. From these observations, the author concluded that the final NO concentration for lean mixtures depends mainly on the peak temperature during the combustion process, while, for rich mixtures, the burned gas temperature determines NO formation. A super-extended Zeldovich’s mechanism was developed by Miller et al. [10]. The new method considers thirteen chemical species, and sixty-seven reactions dominate the kinetic formation of NO for lean and rich mixtures. The new mechanism showed a discrepancy around 10% with respect to empirical data, while the three-reactions Zeldovich’s mechanism showed discrepancies of 50% or more at the same test conditions. Tinaut et al. [11] used experimental data to modify all the reaction rate constants described by Bowman [3]. Comparisons between simulated and experimental tests were carried out, and a good agreement between the NOx emission results was obtained. The author also verified the influence of the fuel carbon to hydrogen ratio in the NOx calculations. Giang and Selamet [12] investigated key aspects of nitrogen oxide chemistry for combustion of isooctane-air in a perfectly stirred reactor. From comparison of different methods, the authors identified the reactions that are important for NO prediction. MODEL FOR NO KINETIC FORMATION The Zeldovich’s mechanism for calculation of NO formation rate is described by Heywood [13]: k1+ For combustion temperatures below 2500 K, Bowman [3] established reaction constants that furnished reasonable proximity to empirical data. However, application of NO kinetic formation calculations in internal combustion engines for temperatures higher than 2500 K showed discrepancies with experimental data. For this reason, some authors vary the Bowman’s constants up to 35%, to obtain a better agreement between calculated and experimental results. Cerciello [9] developed a program to calculate NO formation in spark ignition engines. The author verified that formation of NO in the engine cylinder is affected by the burned gas temperature distribution and by the cylinder pressure during the combustion and expansion processes. NO formation is also indirectly affected by the pressure variation through the oxygen originated from dissociation of water and carbon dioxide. Thus, for rich and stoichiometric mixtures, NO concentration is decreased when the cylinder pressure is increased, due to absence of oxygen. For rich and stoichiometric mixtures the engine rotational speed was found to increase NO formation rate and, for lean mixtures, NO O + N 2 ↔− NO + N (1) k1 k 2+ N + O2 ↔− NO + O (2) k2 k 3+ N + OH ↔ NO + H − (3) k3 where ki+ and ki- are the direct and reverse reaction constants. The NO formation rate is given by [13]: 2 R1{1 − ([ NO ] /[ NO ]e ) 2 } d [ NO ] = dt 1 + ([ NO ] /[ NO ]e R1 /( R2 + R3 ) (4) R1 = k1+ [O]e [ N 2 ]e (5) R2 = k2− [ NO]e [O]e (6) where R3 = k3− [ NO]e [ H ]e 6.0 (7) + Values for the constants k1 , 2 [13]: k2- e k3- are given shown in Table f(φ)= 0.472φ-8.35, f(φ)= 0.572φ-4.62, 5.0 φ <0.95 φ >0.95 Table 2 – Reaction rate constants for NO formation rate. REACTION O + N 2 → NO + N CONSTANT (cm³/mol.s) k1+ = 7.6 × 1013 exp[−38000 / T ] O + NO → O2 + N k2− = 1.5 × 109 T exp[−19500 / T ] H + NO → OH + N k3− = 2.0 × 1014 exp[ −23650 / T ] T (K) 20005000 10003000 22004500 MODIFICATION OF THE REACTION RATE CONSTANT Many authors modified the reaction rate constants of the Zeldovich’s mechanism. James [7] used a new reaction constant for combustion temperatures over 2500 K, but such constant was proved unsuccessful to match experimental data in the present work. Tinaut et al. [11] altered all the forward and reverse reaction rate constants, but they also did not improve the calculated results of the present work with respect to the experimental ones. A combination of the models by James [7] and Tinaut et al. [11] were tested, and the results were good in the lean mixture region, but unsatisfactory in the stoichiometric and rich mixture region. The model by Miller et al. [10] was also tested, but also was failed in the stoichiometric and rich mixture regions. Following Lavoie and Blumberg [6], who modified the forward constant of the first equation of the Zeldovich’s mechanism (Eq. (1)) by a constant value, this work modifies the constant through a function of the mixture equivalence ratio. The function is of the type aφb, and the a and b values were determined by optimizing a multiplying factor of the forward rate constant k1+ to approach calculated values to experimental data available. The result is shown in Fig. 1, and the fitted equation has the following coefficients: f (φ ) = 0.472φ −8.35 φ ≤ 0.95 (8a) f (φ ) = 0.572φ −4.62 φ > 0.95 (8b) f(φ) 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 0.70 0.80 0.90 1.00 1.10 1.20 1.30 φ Figure 1 – Values of the multiplying factor to k1+. Thus, the parameter R1 of Eq. (5) should be calculated by R1 = f (φ )k1+[O]e[ N2 ]e . EXPERIMENTAL DATA The experimental data used to calibrate the model were obtained by Sodré [1]. A single-cylinder, four-stroke, variable compression research engine was used, with a carburetor in the fuel system. The engine was water cooled, with the intake and exhaust valves actuated by an overhead camshaft. The engine also featured a cylinder displacement volume of 507 cm3, and a disc-type combustion chamber. Table 3 presents the engine dimensions and operation conditions during the experimental tests. The exhaust gas sample for NO analysis was collected from the exhaust pipe, close to the exhaust valve. The equipment used to measure the NO concentration level was a chemiluminescent analyzer. Table 3 – Engine details. PARÂMETER Bore Stroke Compression ratio Exhaust valve open Exhaust valve close Intake valve open Intake valve close Connecting rod length Fuel Stoichiometric air/fuel ratio Throttle valve position Rotational engine speed Coolant and lubricant temperature Ignition timing VALUE 76.22 mm 111.23 mm 8.0 143°ATDC 365°ATDC 357°ATDC 568°ATDC 241.3 mm Isooctane 15.05 wide open 1500 rev/min 70°C 28-36°BTDC 5000 RESULTS AND DISCUSSIONS 4500 4000 3500 NOX (ppm) Figures 2 and 3 show the results from the previous model, which calculates the NO concentration using the forward rate constant k1+ shown in Table 2 without any modification. Figures 4 and 5 show the results from the new model, which calculates the NO concentration using the forward rate constant k1+ modified by the function f(φ) (Eqs. (8a) and (8b)). The main differences found between the values calculated from the previous (Figs. 2 and 3) and present model (Figs. 4 and 5) are in the peak and lean mixture regions. In these regions, the present model estimates the NO exhaust concentration more accurately than the previous one, (Figs. 2 to 5), but no benefits were obtained with respect to the previous model in the rich mixture region. EXPERIMENT S PR ESENT MO DEL IGNIT ION AT 28 0 BT DC 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AIR/FUEL Figure 4 – NO exhaust concentration from the present model. Ignition timing 28 degrees BTDC. 5000 4500 EXPERIMENT S PR EVIOU S MO DEL 5000 IG NITIO N AT 280BTDC 3500 4500 3000 4000 2500 3500 2000 3000 1500 1000 500 AIR/FUEL Figure 2 – NO exhaust concentration from the previous model. Ignition timing 28 degrees BTDC. 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AIR/FUEL Figure 5 – NO exhaust concentration from the present model. Ignition timing 36 degrees BTDC. 5000 EXPERIMENTS PREVIO US MO DEL IG NITIO N AT 36 0BTDC 3500 NOx (pp m) 2000 1000 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 4000 2500 1500 0 4500 EXPERIMENTS PRESEN T MODEL IGNIT ION AT 36 0BT DC NOX (ppm) NOx (pp m) 4000 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 11.0 12.0 13.0 14.0 15.0 16.0 17.0 18.0 19.0 20.0 21.0 AIR/FUEL Figure 3 – NO exhaust concentration from the previous model. Ignition timing 36 degrees BTDC. The results obtained from the engine tested confirm that NO formation can be modeled with the forward rate constant of Eq, (1) modified according to the mixture equivalence ratio in the stoichiometric to lean mixture region, where the peak temperature seems to determine the final NO concentration level [9]. Nevertheless, in the rich mixture region, where the NO concentration level is supposedly determined by the burned gas temperature [9], the technique of altering the forward rate constant k1+ according to the mixture equivalence ratio did not show the same efficiency, with the measured values being underestimated. This technique proved to give better results than using a constant modifier [6], which did not allow for simultaneous adjustment of the data in the lean and stoichiometric regions. For a more generalized validation, the new model here presented must be compared to experimental results from other engines. CONCLUSION The results obtained from the model based on kinetic controlled NO formation rate reactions were closer to experimental results in the stoichiometric to lean mixture regions when one of the reaction rate constants of the Zeldovich’s mechanism was adjusted by a function of the mixture equivalence ratio. In the rich mixture region, however, this technique did not show improvements, requiring further investigation. ACKNOWLEDGMENTS The authors thank the National Council for Scientific and Technological Development, CNPq, and the Research Support Foundation of Minas Gerais, FAPEMIG, for the financial support to this project. REFERENCES 9. Cerciello, L.A.V., 1995, “Development of a Model for NOx Formation In Combustion”, M.Sc. Dissertation, UMIST, Manchester, UK. 10. Miller, R., Davis, G., Lavoie, G., Newmann, C., and Gardner, T., 1998, “Super-extended Zel’dovich Mechanism for NOx Modeling and Engine Calibration”, SAE paper 980781. 11. Tinaut, F.V., Melgar, A., and Horrillo, A.J., 1999, “Utilization of a Quasi-Dimensional Model for Predicting Pollutant Emissions in SI Engines”, SAE Technical Paper Series 1999-01-0223, SAE International Congress and Exposition, Detroit, Michigan, USA, March 1-4. 12. 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