Nº 1 Junho de 1984 Nº 2 Dezembro de 1984 Nº 3 Junho de 1985 Nº 6 Dezembro de 1986 Nº 7 Junho de 1987 Nº 11 Dezembro de 1989 Nº 12 Junho de 1990 Nº 13 Dezembro de 1990 Nº 17 Novembro de 1996 Nº 18 Junho de 2000 Nº 16 Outubro de 1995 Nº 8 Dezembro de 1987 Nº 4 Dezembro de 1985 Nº 5 Junho de 1986 Nº 9 Junho de 1988 Nº 10 Junho de 1989 Nº 14 Junho de 1991 Nº 15 Fevereiro de 1995 Nº 19 Junho de 2001 A “Alabarda” iniciou a sua publicação em Junho de 1984. A sua missão era definida pelo Coronel Cipriano Pinto, então comandante, “pretende ser principalmente o veículo de informação do que é a ESE, nas suas múltiplas tarefas e actividades escolares e territoriais...”. Desde a sua primeira publicação, e até Junho de 1991, teve uma publicação semestral regular tendo o nº 14, de Junho de 1991, sido um número comemorativo do 10º aniversário da Escola. Nestes últimos dez anos esteve quase suspensa, foram publicados quatro números. Em 2000 recomeçou a sua publicação com o propósito de ser editada anualmente em Junho. SUMÁRIO Alabarda Nº 20 Junho 2002 Editorial DIRECTOR Coronel Inf Manuel António Meireles de Carvalho Curso de Promoção de Sargentos Passado, Presente e Futuro 5 6 CHEFE DE REDACÇÃO Tenente Coronel Art José Julio Barros Henriques REDACÇÃO Major SAR Joaquim da Nazaré Domingues Major Cav Helder de Jesus Charreu Casacão Antecedentes do CPSC 8 PROJECTO GRÁFICO E PAGINAÇÃO Tenente Inf Para RC David Rodrigues dos Santos Actividades Logisticas ou as Cefaleias dos Comandantes 10 Direito, Moral e Justiça Que Fundamento? Que Relação? 12 Apoio Pedagógico e Orientação Escolar 15 30 Pequenas Acções - grandes acções para proteger o ambiente 17 A Informática e a economia de recursos 21 Breve introdução às redes de comunicação 23 O Paradoxo da comunicação 24 Airborne Rangers 26 “Na Terra do Sol Nascente” 29 Um olhar pela Bósnia 32 Praças em Missão no Estrangeiro 36 PATTON General de Combate 38 Para a História 39 FOTOGRAFIA DA CAPA Major Inf Rui Miguel Costa Peixoto IMPRESSÃO E ACABAMENTO Grafivedras - Artes Gráficas, Lda. Estrada Nacional 247, Escaravilheira 2560 - 191 S.Pedro da Cadeira Torres Vedras PROPRIEDADE E DISTRIBUIÇÃO Escola de Sargentos do Exército Apartado 818 2504 - 917 Caldas da Rainha TIRAGEM 500 Exemplares DEPÓSITO LEGAL 87065/95 PERIODICIDADE ANUAL ALABARDA ”Alabarda”, do Alemão Helmbarte (helm - punho e barte - hacha, ou seja: hacha de mão), que deu para o francês Hallebarde, é uma arma antiga de haste, em que combina a lança e o machado, portanto arma de ponta e corte, que sofreu através dos tempos várias transformações. Ao regularizar-se a organização militar (séc. XV), o sargento começou a ser o auxiliar do capitão comandante de companhia: encarregado sobretudo da administração, devia conhecer o número do armamento dos soldados, tratar do seu alojamento e alimentação, fiscalizar o cumprimento das ordens que recebiam assim como o seu procedimento, de modo a evitar conflitos entre eles e violências contra as populações. Rondava as guardas e indicava o lugar que deviam de ocupar as esquadras tanto nas marchas como no combate. Os sargentos não tinham lugar fixo no batalhão e a sua insígnia era uma alabarda, que lhes servia para os alinhamentos... Os artigos publicados com a indicação do autor são da inteira responsabilidade dos mesmos, não reflectindo, necessariamente o pensamento da Chefia do Exército Português. Os nossos Comandantes Cor Inf Emílio Tomé Falcão 01Jul81 a 14Jul83 Cor Inf Henrique Victor G. P. Brandão 30Ago91 a 27Nov92 Cor Inf António Cipriano Pinto 16Jul83 a 15Jun85 Cor Inf Luciano Ferreira Duarte 02Dec92 a 05Set95 Cor Inf António M. de Almeida Correia 16Jun85 a 07Jul87 Cor Inf António L. Ferreira do Amaral 06Set95 a 01 Set97 Cor Inf José Casimiro Coelho Pereira 08Jun87 a 29Jun89 Cor Inf Rui Alexandre Cardoso Teixeira 02Set98 a 31Jul00 Cor Inf Herculano Soares Martins 30Jun89 a 29Ago91 Somos... Escola! Promovemos... Sargentos! Formamos... Sargentos Servimos... Portugal! Portugal! Portugal! Editorial A publicação do 20º número da revista Alabarda converge com a passagem dos 22 anos de actividades da Escola de Sargentos do Exército, 7 dos quais a funcionar como estabelecimento militar de ensino profissional de nível 3. Responsável pela formação dos sargentos do QP do exército, a ESE continua orgulhosa e determinada no cumprimento da sua missão, pesem embora as tradicionais dificuldades financeiras ditadas por um período de vacas magras que as Forças Armadas atravessam. Ainda há poucos meses a imprensa noticiava: Marinha manda parar a frota.., Força Aérea reduz horas de voo dos pilotos..., Exército contrai empréstimo bancário devido a dificuldades de tesouraria. É dos livros que em tempo de paz a manteiga tem uma prioridade superior à dos canhões e, por isso, é importante que saibamos interiorizar e até defender a necessidade dos cortes orçamentais, que até podem ser de natureza conjuntural, desde que eles traduzam, inequivocamente, uma opção do país e sejam acompanhados dos consequentes reajustamentos na panóplia de missões. É importante também que os reflexos de tal decisão sejam publicamente assumidos por quem de direito, para que as Forças Armadas, na defesa do seu bom nome, não tenham que justificar o que institucionalmente não lhes compete fazer. No suplemento dedicado à LPM (Lei de Programação Militar) de 2001 e distribuído conjuntamente com as revistas dos ramos , vêm enumeradas as razões da LPM rezando assim no seu primeiro parágrafo: O passado prova que não é possível pensar habitualmente a Ciência, a Cultura, as Artes e o Comércio, a Felicidade e a Prosperidade sociais em Pátrias devastadas ou ocupadas. A Paz e a Soberania são assim os bens supremos das Nações e os mais difíceis de manter num mundo onde os perigos espreitam. Da recente escalada terrorista aos velhos problemas da disputa acerca das matérias-primas, territórios, estruturas económicas ou controlo político-social, existe um catálogo de ameaças múltiplas e complexas aos Estados e aos povos. O editorial do nº100 da revista Nação e Defesa termina assim: ....De qualquer modo, o mundo e também Portugal vão passar a viver com a terceira ameaça mundial. Ao lado da droga e da SIDA vem o terrorismo global e transnacional. Só que, nos outros dois, os envolvidos têm comportamentos de risco... E neste último caso qualquer cidade ou cidadão de qualquer parte do mundo podem ser as próximas vitimas. O quadro de tais ameaças, que resulta da admissão dos cenários previsíveis, é uma realidade que compete ao poder político definir e analisar, com o rigor possível (dado que nos últimos anos são inúmeras as alterações na cena internacional), por forma a chegar às opções estratégicas, nomeadamente de natureza militar, com base nas quais equacionará a aquisição dos meios (humanos, materiais e financeiros) a colocar à disposição das Forças Armadas para que estas, em tempo útil, possam desenvolver a sua aptidão para o combate e cumprir com êxito as suas missões. Da singeleza do raciocínio à consecução dos objectivos que lhe dão corpo, vai um abismo imenso, agravado pelo facto de Portugal ser um país de parcos recursos e limitado potencial estratégico. Torna-se assim urgente a realização de um debate nacional subordinado ao tema Forças Armadas. É importante que, num primeiro passo, se explique ao povo Português que fatia do interesse nacional compete às Forças Armadas defender e porquê. Desta forma os Portugueses entenderão: o que são, para que servem e quanto poderá custar a manutenção das FA e certamente irão pela força do voto legitimar a sua reestruturação e modernização. Enquanto este cenário não estiver claro, e acredito que demore algum tempo, é nosso dever não desmoralizar, continuando a cumprir com dignidade, de pessoas de bem, o que for materialmente possível. Estou ciente de que muita coisa pode e deve mudar sem que se torne necessária a intervenção do poder político. Basta apenas que cada um de nós, ao seu nível, se interrogue se já arregaçou as mangas. Neste barco para um futuro melhor estamos todos, sem excepção, e, como referia o General Chefe quando se dirigia aos cadetes da Academia Militar em 12 de Janeiro: Está nas nossas mãos fazer do momento de mudança que vivemos um exaltante desafio que a todos mobilize, ou, pelo contrário, um exercício de descrença em nós próprios e de falta de auto-estima. No que à Escola diz respeito, estamos a trabalhar num projecto de reestruturação, já aprovado no essencial, que é o exemplo paradigmático do que se pode mudar, para melhorar a imagem de marca, a custos bastante inferiores e sem beliscar o que para nós continua a ser primeira preocupação - a formação técnica e comportamental dos nossos alunos. Consideramos ser este um pequeno contributo para ajudar a restaurar a esperança de que o exército venha a ser uma instituição composta de mulheres e homens altamente motivados e orgulhosos de servirem Portugal. Para que tal desiderato se concretize é necessário que em todos os escalões de comando e em todas as unidades estabelecimentos e órgãos se institucionalize uma forma de pensar grande que afaste definitivamente o pessimismo doentio, o saudosismo das vacas gordas, a descrença, o desânimo e o absentismo que roubam a alma à dinâmica da mudança, corroem os valores que são a nossa força e contrariam a projecção de Portugal no Mundo. O Comandante Curso de Formação de Sargentos Passado, Presente e Futuro Escolas Práticas. Como habilitações mínimas para ingresso no CFS era exigido o 9º Ano escolaridade. CFS o presente 6 O Curso de Formação de Sargentos nos moldes actuais teve início com o 24º CFS no ano lectivo de 1995/96. Os cursos anteriores tinham a duração de 2 (dois) anos lectivos. Os novos cursos passaram a ter a duração de 3 (três) anos lectivos, sendo os 2 (dois) primeiros na ESE e o último nas Escolas Práticas ou Unidades Equivalentes das respectivas Armas e Serviços, como já acontecia do antecedente. Introdução Os alunos são divididos em quatro grupos no início do curso: um destinado às Armas e Serviços de Infantaria, Com este artigo pretende-se dar uma visão resumida Cavalaria, Artilharia, Administração Militar, Pessoal e dos primórdios do Curso de Formação de Sargentos Secretariado e Transportes (área A), outro destinado às (CFS), como tem sido a sua estrutura Armas de Engenharia e Transmissões e e como irá ser o futuro CFS e as “Com este novo CFS evita- ao Serviço de Material (área B), outro razões que levaram a esta mudança se o lapidar de recursos destinado aos músicos (área C) e por fim que se a iniciará no 32º curso. um destinado ao serviço de saúde (área reduzindo para 2 anos o D). A escolha definitiva da Arma ou curso sem afectar os Serviço seria efectuada no final do 2º ano. CFS o passado De harmonia com o disposto no artigo parâmetros da formação 1º do Decreto-Lei nº 127/93, de 22 de O Decreto-Lei nº 920/76 que éticos, comportamentais Abril, a Escola de Sargentos do Exército estrutura a carreira militar de Sargentos do Quadro Permanente e técnicos continuando os (ESE) passou a ser um estabelecimento militar de ensino profissional destinado à determinava que os respectivos Sargentos do Exército formação e promoção de Sargentos. cursos de Formação e de Promoção com as mesmas E assim, no âmbito da carreira de fossem ministrados na ESE, adiantando que, por falta de habilitações de formação” sargentos, assegura os objectivos do ensino profissional definidos no artigo 19º legislação e instalações próprias, da Lei de Bases do Sistema Educativo, no seriam transitoriamente ministrados decreto-lei nº 401/91, de 16 de Outubro, e na legislação no CIOE (Lamego) e na AM (Amadora), respectivamente. que regula as escolas profissionais, com as adaptações Do 1º CFS até ao 9º inclusive os cursos foram decorrentes da natureza e objectivos do ensino e da ministrados, a 1ª parte no CIOE e a 2ª nas respectivas instrução militar. Escolas Práticas. Até ao 9º CFS o curso tinha a duração de um semestre ingressando 2 cursos por ano. Por despacho de 10 de Abril de 1981, do General CEME, é criada a Escola em 01 de Junho do mesmo ano e instalada no Aquartelamento do Regimento de Infantaria das Caldas da Rainha, que foi extinto, sendo nomeada fiel depositária de feitos e tradições do Regimento de Infantaria nº 5. A ESE é herdeira da tradição do RI5 ligado ao ensino de Sargentos Milicianos em especial durante o período 1961/1974, em que ministrou formação a um efectivo superior a 70 000 homens, sendo de assinalar que a sua primeira actividade de instrução nas suas actuais instalações teve lugar no ano de 1953, ano da inauguração do Aquartelamento (14Ago) com um CSM. Este período iniciou-se em 1981 com o 10º CFS e até ao 23º CFS, era um curso técnico do Exército com duração de 2 anos lectivos sendo um na ESE e o outro nas respectivas CFS o futuro Com a constatação que cerca de 70% dos candidatos à ESE possuíam habilitações literárias superiores às mínimas exigidas, o 9º Ano, levou a admitir que os requisitos estabelecidos pelas normas do concurso já não tinham correspondência integral com a realidade e que constituía uma perda considerável de recursos tanto de natureza humana como de material e de tempo a continuação do CFS nestes moldes. Salienta-se ainda que, a situação encontra-se desajustada em relação ao binómio, habilitações literárias mínimas exigidas e o escalão etário dos candidatos, porque, o ingresso no CFS é efectuado após o cumprimento do serviço militar isto acontece, para a grande maioria, por volta dos 20, 21 ou 22 anos de idade e o 9º Ano de escolaridade é concluído por volta dos 15 anos. Face a este cenário, nasceu nesta Escola uma proposta que foi aprovada, através do Comando de Instrução, por despacho de 03Out01 de Sexa o Gen CEME para a reformulação do CFS que tinha como novidades principais as seguintes: 1. Admitir candidatos que tenham como habilitação literária mínima o 12º ano; 2. A estrutura curricular do curso é reduzida de 3 para 2 anos, a serem ministrados, o 1º ano na ESE e o 2º nas Escolas Práticas ou Unidades Equivalentes; 3. Abre o recrutamento a candidatos civis para 50% das vagas. Com este novo CFS evita-se o lapidar de recursos reduzindo para 2 anos o curso sem afectar os parâmetros da formação éticos, comportamentais e técnicos continuando os Sargentos do Exército com as mesmas habilitações de formação. A redução foi operada nas matérias referentes ao sistema educativo e formativo nacional. Na mudança referida nem tudo são factores positivos certos perigos poderão aparecer, dado que, estamos a confiar no sistema educativo nacional esperando que nos coloquem candidatos com essa formação concluída com eficiência, mas, é preciso não esquecer que existem muitas formas de ter o 12º Ano de escolaridade e só o tempo dirá se os nossos futuros alunos virão com uma formação de base completa. Existe também o perigo da redução do universo de candidatos, que embora tendo sido colmatado com a abertura a candidatos civis, se não existir uma boa campanha de informação podemos arriscar-nos a ver um número reduzido de candidatos ao CFS. Esta remodelação implicará a existência de uma Prova de Aptidão Militar a realizar na ESE com cerca de 3 semanas para definir as qualidades militares dos candidatos com vista à selecção dos mesmos e também para ministrar a primeira instrução militar aos candidatos oriundos de civis. O CFS nos novos moldes iniciar-se-á no ano lectivo 2002/03 com o 32º, sendo que, o 31º é de admissão exclusiva para o Serviço de Saúde ficando as restantes Armas e Serviços sem alunos porque a redução de um ano no currículo do mesmo implicaria, se não houvesse interrupção na admissão, uma duplicação de efectivos de sargentos a ingressar no Quadro Permanente em 2004 e a junção de dois cursos em moldes diferentes na ESE. Quanto ao Serviço de Saúde não se enquadra no âmbito da ESE a formação nesta área, pois é de formação superior, contudo não deixa de ser um problema do Exército que carece urgentemente de enquadramento legal. Neste momento aceita-se como natural enviar para a Escola de Serviço de Saúde (ESSM) militares que reunam as condições de admissão definidas para frequentar o curso de licenciatura em enfermagem e no final do mesmo são promovidos a 2º Sargento do respectivo quadro especial. A ESE relativamente a este assunto propôs que o 1º Ano fosse realizado na Escola e só a partir do 2º é que seria o ingresso na ESSM, ministrava-se assim a estes elementos a formação técnico-comportamental específica do Exercito, dado que, com a abertura do concurso a candidatos civis poderá acontecer, se entrarem directamente na ESSM, que os futuros Sargentos do Serviço de Saúde não tenham nenhuma formação militar sendo então, neste caso, mais simples, mais económico e mais rápido recrutar directamente o pessoal já formado nas escolas e faculdades civis. Com o novo CFS parte-se o elo com o Ministério da Educação passando a ser um curso técnico do Exército mantendo os Sargentos do quadro o mesmo nível académico porque o ingresso no curso é feito com o 12º ano como habilitações literárias mínimas. Major de Inf Justino Manuel Esteves Barbosa, desempenha funções de Chefe da Secção de Estudos e Planeamento. Concluiu o Curso de Infantaria da Academia Militar em 1990, foi colocado na ESE em 1991 onde, entre outras funções, foi Comandante de Companhia do 25º Curso de Formação de Sargentos durante 2 anos e do 6ª, 7ª, 8ª, e 9ª Cursos de Promoção a Sargento-Chefe, foi professor das disciplinas de Topografia, Organização de Terreno,Armamento e Gestão de Recursos de Materiais. Possui entre outras qualificações a Licenciatura em Gestão de Empresas pela Universidade Autónoma de Lisboa. 7 Antecedentes do CPSC “Em 1995 e primeiro trimestre de 1996 foi feito o levantamento exaustivo de todas as funções do Sargento Chefe do Exército a nível das estruturas de tempo de paz e de campanha. Foram ouvidas todas as Escolas Práticas e debatidas, em reunião de trabalho, todas as propostas apresentadas. ” 8 Um dos cursos ministrados na ESE é o Curso de Promoção a Sargento Chefe (CPSC). Este curso existe para garantir aos Sargentos Ajudantes a preparação sócio cultural e técnica necessária à progressão na carreira. Actualmente a frequência do CPSC com aproveitamento, é condição especial de promoção ao posto de Sargento Chefe, mas nem sempre assim foi. Poderia recuar-se muito mais no tempo a investigar os antecedentes sobre a promoção ao posto de Sargento Chefe, mas deixaria de fazer sentido falar apenas na ascensão a esse posto e teríamos de passar a falar num âmbito mais lato. Assim, abordo este assunto apenas, a partir da altura em que algo i m p o r t a n t e aconteceu na carreira dos Sargentos. Em Dezembro de 1976 o conceito de Sargento é alterado substancialmente através do DL nº 920/76. Este decreto lei, definia o que é o Sargento do Quadro Permanente (QP) do Exército, a sua hierarquização e respectivas funções. Para além disso, no seu Art.º 26º enumerava quais os Tirocínios, Estágios e Cursos que os Sargentos deveriam frequentar. Dentro deste enquadramento legal, existia assim o Curso de Promoção a Sargento Ajudante / Sargento Chefe ( CPSA/SC ). Este curso estava estruturado em duas partes distintas, sendo a 1ª parte ministrada durante 30 semanas no aquartelamento da Academia Militar na Amadora e a 2ª parte nas Escolas Práticas, com duração variável conforme a Arma ou Serviço. Frequentavam o curso, 1os Sargentos e Sargentos Ajudantes indiscriminadamente, pois a estrutura curricular era uma só e até as próprias turmas eram formadas por militares de ambos os postos. O último curso que teve lugar sob estas condições, foi o 7º CPSA/SC. O 8º CPSA já veio a ser ministrado na Escola de Sargentos do Exército (ESE) nas Caldas da Rainha. Este curso iniciou-se em Outubro de 1981, e salvo a mudança do local onde era ministrado, manteve praticamente toda a estrutura dos cursos antecedentes. De realçar que este 8º os CPSA só foi frequentado por 1 Sargentos. O último CPSA a ser ministrado na ESE, foi o 20ºCPSA. Entre o 8ºCPSA e o 20º CPSA a estrutura do curso sofreu inúmeras alterações, nomeadamente no que diz respeito aos conteúdos programáticos e a duração da primeira parte do curso, que no caso do 8º CPSA foi de 30 semanas e no 20ºCPSA já só foi de 12 semanas. Nesse tempo, a frequência com aproveitamento do CPSA/SC era uma das condições especiais de promoção a Sargento Ajudante, Sargento Chefe e Sargento Mor. Assim todos os militares que frequentaram este curso com aproveitamento, ficaram habilitados a ser promovidos aos p o s t o s d e S a r g e n t o A j u d a n t e , Sargento Chefe e Sargento Mor, caso cumprissem também as outras condições de promoção. Isto significou que t o d o s o s Sargentos que frequentaram com aproveitamento o CPSA /SC, não tiveram que frequentar mais nenhum c u r s o d e formação e/ou promoção para que progredissem na carreira. Toda esta situação se alterou, quando em 1990 o Estatuto dos Militares das Forças Armadas (EMFAR) veio contemplar uma reestruturação no sistema de Tirocínios, Cursos e Estágios a frequentar pelos Sargentos do QP. O EMFAR estabeleceu que houvesse lugar a um Estágio de Promoção a Sargento Ajudante (EPSA) e um Curso de Promoção a Sargento Chefe. Em Outubro de 1991 teve início o 1ºEPSA. Este estágio era em tudo semelhante, quer em conteúdos programáticos quer em tempo de duração, às últimas versões do extinto CPSA. Ou seja, teve uma 1ªParte de 12 semanas na ESE, para os 1os Sargentos de todas as Armas e Serviços e uma 2ª Parte nas Escolas Práticas de duração variável conforme a Arma ou Serviço. Realizaram-se na ESE, o 1º, 2º e 3º EPSA. O 4º EPSA teve lugar no ano de 1993 e realizou-se na sua totalidade, nas Escolas Práticas. À ESE foi então dada a missão de vir a ministrar um novo curso - O CPSC. O estudo do programa curricular a ser utilizado no CPSC foi atribuído à ESE, através da nota nº 621/Rep Ensino, Pº 515.1 de 05Abr95. Em 1995 e primeiro trimestre de 1996 foi feito o levantamento exaustivo de todas as funções do Sargento Chefe do Exército a nível das estruturas de tempo de paz e de campanha. Foram ouvidas todas as Escolas Práticas e debatidas, em reunião de trabalho, todas as propostas apresentadas. Deste estudo, realizado em coordenação com a Divisão de Instrução do EME resultou a estrutura curricular do CPSC bem como a determinação dos respectivos objectivos de habilitação e “Este curso estava estruturado em duas partes distintas, sendo a 1ª parte ministrada durante 30 semanas no aquartelamento da Academia Militar na Amadora e a 2ª parte nas Escolas Práticas, com duração variável conforme a Arma ou Serviço. Frequentavam os o curso, 1 Sargentos e Sargentos Ajudantes” de aprendizagem. A estrutura do CPSC foi aprovada por despacho do Ex.mo General Chefe do Estado Maior do Exército exarado a 06Mar96 e nota nº 140 P. 681.27 de 08Mar96 da DivInstr/EME. O 1º CPSC começou a ser ministrado na ESE em Março de 1996, com a duração de 15 semanas e os militares que o frequentaram foram os mesmos, que frequentaram o 1º EPSA. Entre o 1º CPSC em 1996 e o 13º CPSC que actualmente decorre, a estrutura e conteúdo programático das disciplinas que o compõem, não sofreu alterações significativas. Cap Inf Carrilho, desempenha funções de Adjunto da Secção de Estudos e Planeamento, tendo já prestado serviço nas seguintes Unidades: RI8 e EPST. Possui no seu currículum diversos cursos dos que se destacam: Curso de Instrutor de Educação Física (1996), “Transportation Officers Basic Course”, EUA (1998) e o curso de defesa NBQ 9 Actividades logísticas ou as cefaleias dos comandantes 10 Todos o s an os, por alt ura da P rim ave ra, os comandantes acompanhados dos respectivos staff entram numa fase de recolhimento para, em consciência, darem corpo ao célebre plano de actividades para o ano seguinte, sendo suposto que daí irá nascer o orçamento anual a atribuir às suas U/E/O. Do plano de actividades fazem parte, religiosamente: a actividade, o programa, o subprograma e em relação a este é necessário inventariar, com particular meticulosidade, os objectivos, os recursos a afectar e os resultados a obter também conhecidos pelo nome pomposo de indicadores de gestão. O fam ige rad o pla no, dep ois de ape rfe iço ado tecnicamente pelo adjunto financeiro, é enviado para o esc alã o su per ior onde é sujeito a um período de incubação de sete meses, correspondendo a igual período de expectativa das unidades, find o o qu al os comandantes são i n f o rm a d o s , v i a telefone numa primeira fase, de que o orçamento é igual ao do ano anterior subtraído de uma percentagem apreciável, o qu e, no qu e à Escola diz respeito, equivale a dizer que é sensivelmente menos 20%. Incrédulos, os comandantes passam então a dormir mal: Nas noites de insónia que se seguem vem-lhes à memória as tarefas implícitas e explícitas da missão; recordam com saudade os tempos em que foram subalternos e capitães de outros comandantes que podiam dedicar-se a tempo inteiro à sua missão primária sem terem de se preocupar com o orçamento; sabem que os recursos à sua disposição são curtos e que não têm autonomia para resolver imprevistos que são frequentes e caros em instalações que já completaram meio século de existência; ficam deprimidos com a promessa de que os efectivos utilizados no apoio de serviços vão diminuir e que estão vedadas as entradas de pessoal civil; estão cientes de que não vão poder substituir equipamentos velhos nem executar as acções de manutenção programadas para infra-estruturas e equipamentos até por que os créditos das Direcções são igualmente parcos; assustam-se com as chamadas telefónicas do oficial de dia por recearem a notícia de que a última marmita deixou de funcionar e a 2ªrefeição está comprometida; insurgem-se porque a Brisa cobra portagens e amaldiçoam as fotocopiadoras que teimam em gastar toner; perguntam por que razão têm os militares que assumir estes tiques civilizacionais de tomarem banho todos os dias e consideram injusto que De us nã o dê o fr io em co ns on ân ci a co m as disponibilidades financeiras para pagar as facturas da electricidade; mas, independentemente de todos os factores limitadores os comandantes sabem, porque interiorizaram desde os bancos da escola que os formou, que têm que cumprir a missão, custe o que custar, e que ninguém lhes perdoa se o não conseguirem. E este é o dilema actual de todos os comandantes; por um lado a fragilidade dos recursos disponíveis, por outro o peso da formação a apontar-lhes permane nt em en te o de do recordando-lhes que é seu dever levar a carta a Garcia. Passados os primeiros dias do entorpecimento e lamentação, onde não f a l ta m o s n a t u r a i s impropérios contra vários destinatários, os comandantes começam então a reagir, conscientes de que não resu lta chorar sobre leite derramado e que da su a se re ni da de dependerá o equilíbrio emocional das unidades e do exército. Interiorizam que é pensando positivo que se criam condições para preparar um futuro melhor, onde os vindouros possam, finalmente, dedicar-se em exclusivo à sua missão primária. Tomando então a Escola como exemplo, vejamos agora algumas das atitudes de gestão que nos farão chegar ao final de 2002 com a satisfação do dever cumprido, mesmo com a insuficiência de meios à nossa disposição. Comecemos pela directiva de planeamento dada pelo comandante ao dito staff, dias depois de ser conhecido o orçamento : Meus senhores. A nossa missão continua a ser a de formar os sargentos do quadro permanente do “E este é o dilema actual de todos os comandantes; por um lado a fragilidade dos recursos disponíveis, por outro o peso da formação a apontar-lhes permanentemente o dedo recordando-lhes que é seu dever levar a carta a Garcia.” Exército, obedecendo aos padrões de qualidade a que já -oficiais, sargentos, praças, alunos do CFS e alunos do nos habittuámos. CPSC; Como certamente já se aperceberam, pelo ar macambúzio -Estabelecimento de um bar único na escola para do oficial de logística, temos à nossa disposição para 2002 oficiais, sargentos e praças continuando a manter-se, menos 20% dos recursos financeiros sem encargos de pessoal, as que tivemos em 2001. Estes valores salas de convívio; “Alerto, no entanto, que é muito poderão ainda sofrer algumas -Estabelecimento de protocolo flutuações que estarão dependentes nocivo para a estabilidade emocional com os serviços prisionais das Forças Armadas que alguém da minha capacidade de com vista à disponibilização de tome esta perseverança posta no argumentação e da generosidade do mão de obra qualificada e a cumprimento da missão, escalão superior. menores custos. Considerem o plano de actividades nomeadamente nos casos em que os Em jeito de conclusão gostaria para 2002 como um exercício didáctico recursos postos à nossa disposição de referir o seguinte: Como se e apaguem da memória os valores, são insuficientes, como um indício adivinha, chegaremos ao final de propostos de forma ingénua, que, de que se pode continuar a esticar a 2002 com a missão cumprida e como se previa, nunca poderiam ser sem ultrapassar o orçamento que corda dado que os militares equacionados face à actual conjuntura. nos foi atribuído. Ficarão continuam a cumprir. Tal ilação é Faço votos para que a redução de certamente por fazer algumas verbas vos aguce o engenho por forma perigosa, por ter reflexos negativos actividades acessórias mas, o no nosso já tradicional espírito de a conceberem planos de contenção de essencial vai cumprir-se. Estas missão, especialmente se viermos a proezas só se conseguem em despesas que, como é óbvio, só serão aceites se não puserem em jogo o constatar que os sacrifícios, batem instituições como a nossa e pelas cumprimento da missão. Alguma sempre à porta dos mesmos eleitos.” seguintes razões: dúvida? Quando crescerem e -Colocamos sempre a missão em ocuparem o meu lugar verão como é primeiro lugar e fazemos um difícil ser prior numa freguesia destas. Preocupa-me o supremo esforço para a cumprir; esforço acrescido que vou pedir a cada um de vós mas -Somos por formação obedientes e consideramos que conto com a vossa generosidade. O primeiro esboço dos o escalão superior põe à nossa disposição o que é planos de contenção ser-me-á apresentado pelo materialmente possível; 2ºcomandante na próxima reunião de coordenação, sexta - Superamos, normalmente, a falta de recursos feira. utilizando mais valias resultantes da motivação de Do tal esboço dos planos de contenção nasceram pessoal. algumas das linhas de acção para 2002, especialmente as Alerto, no entanto, que é muito nocivo para a que têm a ver com actividades logísticas, e que por certo estabilidade emocional das Forças Armadas que alguém irão minimizar, com êxito, as dificuldades de recursos tome esta perseverança posta no cumprimento da missão, previstas e que passo a apresentar: nomeadamente nos casos em que os recursos postos à -Rigoroso controlo na aplicação de verbas; nossa disposição são insuficientes, como um indício de - Recurso à informática para: que se pode continuar a esticar a corda dado que os -Difusão,através da INTRANET, da ordem de serviço, militares continuam a cumprir. Tal ilação é perigosa, por ter directivas, comunicações de serviço e outra reflexos negativos no nosso já tradicional espírito de correspondência; missão, especialmente se viermos a constatar que os -Substituição de publicações por registos em CD; sacrifícios, batem sempre à porta dos mesmos eleitos. -Estabelecimento de avenças com empresas civis para Manter a serenidade é ao que nos obriga o nosso manutenção periódica de equipamentos de frio e calor. código deontológico alimentando a esperança de que fala Consegue-se que os equipamentos estejam sempre o Dr Figueiredo Lopes, em artigo recente ...Com uma forte operacionais e evitam-se as grandes avarias que são vontade política e firmes convicções, com muito trabalho e sempre dispendiosas; rigor na gestão, sei que será possível vermos em poucos - Estabelecimento de protocolos com organizações civis anos Forças Armadas Portuguesas modernas, eficientes, em que permutamos espaço por contrapartidas visíveis bem equipadas, prestigiadas e com a dimensão adequada ao nível da aquisição de equipamentos e manutenção às missões que lhe estão confiadas, tendo como das infra-estruturas; referencial de ambição atingir níveis de eficácia e emprego -Parcimónia na utilização dos meios de transporte da operacional pelo menos, idênticos aos das melhores unidade e disciplina no acesso à rede de auto-estradas, forças armadas dos países europeus de dimensão a não ser em casos reconhecidos de urgência; análoga à de Portugal. -Concentração num único edifício de todos os refeitórios Assim o esperamos ou não fôssemos homens de fé. O Comandante Loja: Rua Dr. Manuel Bombarda nº 12 Caldas da Rainha Tel. 262 843 260 Fax. 262 836 181 E-mail. [email protected] Agente: Dep. Material Eléctrico: Rua do Sacramento nº 8., Caldas da Rainha Tel. 262 842 271 Fax. 262 842 274 E-mail: [email protected] 11 Direito, Moral e Justiça Que fundamento? Que relação? Direito Natural (ou Leis Naturais) aquele que, sendo superior à própria natureza humana, haveria de reflectir de imediato e na sua plenitude, a justiça àquela inerente; consequentemente, não poderia estar em qualquer código, pois as suas leis não foram traçadas pela mão do homem, não tendo mesmo uma expressão sensível; seriam as mesmas imutáveis e valeriam para qualquer comunidade e em qualquer tempo... 12 (Direito natural ou transcendente "versus" Direito dos homens), acaba por atravessar toda a idade média e Europa seiscentista embora com fortuna e sentido diferentes para uma ou outra corrente, a elas não sendo alheias a igreja (identificando o direito natural com o divino (S. Tomás de Aquino), ou com o rei (enquanto representante do Criador na Terra), o racionalismo (o direito fundado na razão), a apologia dos direitos e livre vontade individuais (concepção individualista e Direito Positivo aquele que promana dos órgãos ou voluntarista), ou ainda correntes contratualistas, pelas instituições sociais que em certo momento têm quais se aceitava em maior ou menor grau a delegação no competência para dar ordens, através de códigos e leis soberano de parte dos direitos ou vontade individuais, de destinados a forma tal que a formular regras este fosse de conduta p o s s í v e l h u m a n a s assegurar e obrigatórias e salvaguardar a coactivas... vida em comum (contratualismo: A Antiguidade Hobbes, Locke, Rosseau), ou Na antiguidade mesmo ainda clássica, foi quem pretencomum a várias desse o direito civilizações a como um produto “O direito como um noção de uma de utilidade geral, produto de utilidade de ordem universal, cujo alcance se que regia todas geral, cujo alcance se conseguiria por as criaturas. um rigoroso conseguiria por um rigoroso Essa ordem cálculo científico, cálculo científico, à imagem p o d e s e r à imagem das das ciências da natureza” concebida de ciências da modo mais natureza (Direito fatalista como o justo seria aquele tao chinês, ou de que organizasse maneira mais a sociedade de intelectualista como o logos grego, ou de outras formas forma a proporcionar a maior felicidade e bem-estar para o ainda. De todo o modo, ela concorre no sentido do maior número o conhecido "felicif calculus" de Jeremy estabelecimento de um limite ao arbítrio humano. Esta Bentham o que não hesitou em equiparar a l egislação às interiorização colectiva, de um conjunto de leis que ciências físicas, ao ponto de ver naquele princípio de presidem à harmonia física e moral do universo e no qual utilidade geral o verdadeiro fundamento do Direito, tal se integrava como parcela o complexo de princípios como o Princípio de Arquimedes fundamentava a supremos da justiça a que qualquer acção humana teria Hidrostática...) que obedecer, identificou a escola ou corrente do jusnaturalismo, e foi retomada pelos gregos (Heráclito), O advento da codificação1 por volta do Séc VI a.c. Todavia, não muito tempo decorrido (cerca de um século O contributo dado por Bentham à ciência do Direito acabou depois), uma nova escola a dos sofistas cuja crença por surgir de modo colateral, pelo impulso dado ao relativista a leva a recusar a existência de princípios de desenvolvimento das tendências codificadoras, fixando a validade universal, optou por rejeitar tudo o que fosse cada momento o direito em vigor, alcançando-se desta absoluto ou verdade objectiva: a diversidade de forma a necessária certeza e segurança jurídica de todos concepções parecia-lhes decisivo, sendo que poderia os homens, bem se justificando a idéia de um código haver tantas verdades quantos os homens, cada um unificado e universal, na esteira daquilo que Kant já possuindo a sua própria visão e concepção do mundo e anteriormente estabelecera como o projecto de paz dos fenómenos. Assim, questionaram aqueles filósofos, perpétua... poderia o Direito instituído pelos homens coincidir com um Concomitantemente com esta necessidade de certeza e Direito Natural (e superior a todas as coisas)? segurança jurídica, era iniciado por toda a Europa o derrube das monarquias absolutistas e com o soberano * déspota e iluminado, a capitular - e a necessidade, * * universalmente sentida de confinar o direito a um todo Esta dicotomia jusfilosófica sobre a concepção do Direito certo e sistematizado, que a todos obrigasse de igual forma, movimento esse que teve na Revolução Francesa 2 3 o seu detonador e na LEI a sua bandeira ... Jusnaturalismo "versus" positivismo, no Sec XX: Qual é o Direito justo? Perante aquela positivação do Direito enquanto realidade irreversível, ao Jusnaturalismo mais não restava que adaptar-se às novas regras do jogo, dado que nos alvores do Séc. XX, não poderia socorrer-se já do "velho" argumento da Lei Cósmica e Universal que regulava todas as coisas e todos os seres, como o tinha feito na Antiguidade. Vejamos então em que termos alinhou ele os seus argumentos. E disse o Jusnaturalismo: -Há um conjunto de princípios morais e de justiça universalmente aceites e válidos, por superiores à razão humana; -Qualquer sistema jurídico deverá observar aqueles princípios; -As normas de qualquer sistema jurídico integram valores e hão-de ser estabelecidas por referência a princípios de Justiça; -Toda a norma terá de corresponder a um princípio de justiça; -Os próprios juízes haverão que recorrer aqueles princípios morais para resolver questões que não resultem claramente da lei; - Leis injustas não obrigam; -Se uma regra é norma jurídica, então ela encerrará em si mesma um juízo moral, qualquer que seja a sua origem e conteúdo; -O que for contrário à moral também o será face ao direito e vice-versa, tanto assim que, -Existe uma estreita ligação entre direito e moral, não sendo possível, em rigor, estabelecer uma clara divisória; -Finalmente, qualquer sistema jurídico é forçosamente composto por princípios e não apenas por regras. A tão concatenado acervo alegatório, pronunciaram-se os Positivistas nos termos seguintes: - O Jusnaturalismo confunde Direito com Moral; - Na verdade, de duas realidades distintas se trata; -Nunca um sistema jurídico poderia ser justo por referência a valores, atenta a natureza subjectiva, incerta e mutável destes; -O direito deveria ser completamente separado de princípios de justiça: o conceito de "justo" é em si mesmo pessoal e subjectivo; -Nestes termos todo o direito deverá reconduzir-se à lei, devendo mesmo ser separado da realidade por esta ser variável, e pautar-se apenas por critérios puramente conceptuais; -O direito deverá apenas ser objecto de uma abordagem formal, desligada de quaisquer juízos valorativos (Ex. a culpa), por variáveis e inseguros; -O direito é aquele que provém e é garantido pelo Estado, apoiado em sanções coercitivas e assentando na imperatividade: pelo contrário, a moral resulta e assenta na mera consciência de cada um; -A moral está orientada para o bem, sendo de livre aceitação; ao invés, o direito está virado para o bem comum, sendo vinculada a sua aceitação; -Normas jurídicas existem e que, sendo válidas, nenhuma qualificação moral apresentam; -Finalmente, aos contornos difusos do sistema jurídico jusnaturalista, opõem os positivistas a estreita e rigorosa delimitação do ordenamento, só sendo direito aquilo que expressamente for constituído enquanto tal e conste positivamente na lei independentemente do juízo moral que as mesmas sejam susceptíveis de encerrar. Aqui chegados, crucial é pôr a questão seguinte: Que interesse prático ou útil da dicotomia apresentada? NUREMBERG4, aos 25 dias de Novembro de 1945 Reunido o Supremo Tribunal Aliado, e havendo escutado os argumentos da acusação e da defesa, bem como toda a prova produzida, disse o Juiz Sempronio: " Distintos colegas: estamos aqui reunidos hoje para julgar um conjunto de homens que participaram activamente, sem dúvida alguma, no fenómeno mais aberrante da história da humanidade. Temos testemunhos históricos de outros homens que semearam a morte e o terror sobre extensos grupos humanos. Mas nada comparável a estes outros que aqui hoje se sentam. E se horroriza à moral que centenas de crianças de tenra idade fossem retiradas às mães judias para de imediato serem exterminadas para análises laboratoriais, pensemos que os agora acusados apenas cumpriam ordens superiores do regime e às quais não era lícito desobedecer. Afinal tratava-se de fazer avançar a investigação científica de uma raça que se tinha por superior, num quadro geral de progresso científico, em que era exigido um grande número de cadáveres. Em suma, a defesa propõe a tese de que estes indivíduos, tendo cometido actos cujo desvalor moral pode ser qualquer, o certo é que os mesmos haviam sido perfeitamente legítimos de acordo com a ordem jurídica do tempo e lugar em que foram praticados. Em rigor, os ora arguidos eram funcionários estatais que cumpriam, em plena conformidade, as normas vigentes ditadas pelos órgãos do Estado Nacional Socialista. A defesa mais recorda que não poderá haver crime sem lei prévia... em caso contrário, estaria este Supremo Tribunal a infringir ele próprio este princípio fundamental (...). Distintos colegas: Creio que este tribunal deverá contribuir para desterrar de uma vez por todas a absurda e atroz concepção de direito que encerra a tese da defesa; a 13 mesma sustenta que estamos frente a um sistema jurídico, sempre que um qualquer grupo humano logra impor um certo conjunto de normas em certa sociedade, e conta com força suficiente para as fazer cumprir, qualquer que seja o valor moral de tais normas. Tal terá levado a que, sob o pretexto de "a lei é a lei", o direito tenha justificado as opressões mais aberrantes. Desde a origem dos tempos que eminentes juristas têm demonstrado a falsidade desta ideia, com argumentos contundentes. E só eles podem estar certos. Acima de qualquer sistema de leis humano ou ditado pelos homens, existe um conjunto de princípios morais e universalmente aceites, válidos e imutáveis, que estabelecem critérios de justiça e direitos fundamentais, ínsitos à verdadeira natureza humana, como o sejam o direito à vida e à integridade física. Esse conjunto de princípios são o que chamamos de direito natural. As normas ditadas pelos homens apenas serão direito, na medida em que se conformem com aqueles princípios e não os contrariem. Nestes termos, aceitar como válidas as leis do regime Nazi para julgar os seus elementos, seria como julgar um grupo de malfeitores com as regras do próprio grupo. Em conformidade, voto que sejam condenados os arguidos". inclusivé por alguns dos nossos países, antes de lhe declararem guerra, o qual já na altura permitia algumas atrocidades semelhantes às que hoje aqui julgamos...e se somos juízes, não somos políticos nem moralistas, devemos julgar de acordo com as normas jurídicas, e, ainda que sejamos os juizes das nações vencedoras, haveremos de aplicar as normas relativas ao local e tempo em que os factos foram cometidos, e não aplicar as nossas próprias normas (...). À barbárie do nazismo, respondemos nós com o nosso profundo respeito pelas instituições jurídicas. Voto, pois, que se absolvam os arguidos...” * * Que dizer? E disse o juíz Tício: " (...)" * *(Este terceiro magistrado, após longa e brilhante eloquência, defendeu, através de uma tese de contornos híbridos a condenação dos arguidos. Desta forma, além de muitas outras condenações, foram condenados à morte por enforcamento, Seyss Inquart e Ribentrop, já que Goering conseguiu suicidar-se antes de chegar ao patíbulo). Levantou-se o juiz Cayo e disse : 14 "Compartilho as valorações morais que o distinto juiz orador que me antecedeu: eu próprio também considero tais actos como aberrantes ao comportamento humano e sem paralelo na História. Ao formular este juízo, não estou a contribuir como juíz, mas como cidadão de uma nação civilizada, que ajudou a erradicar o regime que permitiu e tornou possível estas atrocidades. A questão agora posta é a de saber se, na nossa qualidade de juizes, nos será permitido fazer valer juízos morais para chegar a uma decisão neste processo. Os juízos morais, incluindo os que acabo de formular, são, sem sombra de dúvida, relativos e subjectivos. Numerosos foram os sociólogos, historiadores e antropólogos que têm mostrado como tem variado as pautas morais em distintas sociedades e etapas históricas. Aquilo que um povo em certa época considera moralmente abominável, outro povo o poderá considerar perfeitamente legítimo. Poderemos nós negar que o nazismo estabeleceu uma verdadeira concepção moral em que honestamente acreditou grande parte do povo deste país? Imperativo será aceitar que procedimento algum exista que objectivamente permita demonstrar a validade de certos juízos morais ou a invalidade de outros. E a ideia de que existe um direito natural, imutável, universal e transcendente à razão humana é uma vã, ainda que nobre, ilusão. Isso mesmo é demonstrado pelo divergente conteúdo dos pensadores jusnaturalistas: para uns, o direito natural consagra a monarquia absoluta; para outros, a democracia popular; para uns a propriedade privada é direito natural; outros crêem que só a apropriação colectiva dos recursos poderá ser conforme ao direito natural (...). Uma das conquistas mais nobres da humanidade foi a adopção da ideia que os conflitos sociais se devem resolver, não segundo os caprichos morais de quem estiver encarregado de julgá-los, mas sim com base em normas jurídicas estabelecidas: é o que chama "o estado de direito". Só desta forma se poderá obter a ordem e segurança das relações sociais (...), e por mais absurdo que nos pareça, o sistema normativo vigente na Alemanha nazi e nos países ocupados pelas suas tropas, era um sistema jurídico, reconhecido internacionalmente, * 1 Enquanto actividade relativa à produção de códigos de leis, onde seriam compiladas todas as normas jurídicas relativas a um certo assunto. 2 Que algo de mais justo afinal, poderia superar a lei escrita, clara, objectiva, a todos se impondo de forma igual, e à qual nem o soberano se furtava? haveria melhor meio de defesa perante as arbitrariedades do déspota iluminado? 3 Embora a referência à lei já anteriormente tenha sido feita por diversos filósofos, nomeadamente Montesquieu e Rosseau («Et qu`est ce qu`une loi? C`est une declaration publique et sollene de la volonté génerale sur un object d`interêt commun », Lettres écrites de la montagne, I, VI, Rosseau). 4 Nuremberg (ou Nuremberga), é uma antiga cidade da Baviera alemã, residência de imperadores e local de reunião anual do Congresso do partido nacional socialista de Hitler, tendo ficado "famosa", entre outras, por duas leis, promulgadas pelo citado congresso aos 15-IX-35, uma delas a Lei da Cidadania, que retirava os direitos de cidadania a judeus ou seus descendentes, excluindo-os da comunidade germânica, e a outra, a Lei da Honra e do Sangue, que proibia, sob as mais brutais e vergonhosas penas, o casamento entre judeus e não judeus. Aí se reuniu o Supremo Tribunal Aliado, para a punição dos crimes de guerra, crimes contra a humanidade e crimes contra o direito das gentes, e aí sendo julgados os principais colaboradores de Hitler, como Seyss Inquart, Ribentrop e Goering. TCOR Art José Júlio Barros Henriques, desempenha funções de director e docente do 13º CPSC, tendo já prestado serviço nas seguintes Unidades: EPA, RA4 e ESE. Detém no seu curriculum diversos cursos dos que se destacam,a Licenciatura em Direito pela Universidade Autonóma de Lisboa e diversos cursos no âmbito do planeamento e organização da instrução e da educação física militar. Apoio Psicopedagógico e Orientação Escolar por um ambiente e um meio sócio-institucional complexo, que implica que sejam equacionados todos os mecanismos disponíveis para actuar positivamente neste mesmo cenário. Que espaço no CFS futuro? O início de um ano, de um percurso, seja ele escolar ou profissional, é sempre uma altura esplêndida para projectar o futuro, criar hábitos e fazer promessas ao O projecto de Orientação Escolar na ESE que grilinho falante que mora em nós. Para o fazer, a par dos pequenos truques, da necessária força de vontade e futuro? competência pessoal, há sempre grandes remédios para as dificuldades - a indiferença é a pior iniciativa. Nestas Acerca de dois anos que o CPAE vem apoiando os matérias, principalmente quando se pensa o futuro, o alunos do CFS através da aplicação de um modelo que nosso conselho é muito simples: junte as tintas e, por onde integra uma dupla dimensão: apoio psicopedagógico e andar, pinte. Não se cale por preguiça ou medo. Isso é orientação escolar. cobardia. Está-se no tempo em que as gentes terão de Na orientação escolar tem-se por finalidade dar aos tomar conta de si próprias, de ressuscitar valores e velhas alunos um apoio na sua decisão vocacional face às opções sabedorias. Mande o egoísmo passear porque cabe aos existentes e aos seus projectos de vida profissional. homens entrar em acção. Nesta consta um exame em profundidade onde se Mas se este caminho é o que aconselhamos, não é avaliam elementos ao nível das aptidões (recolhidos no menos verdade que cada vez nos encontramos mais processo de selecção), dos resignados, vivendo num tempo interesses, respeitantes à em que, podemos talvez afirmáAgora que o CFS se apresta saliência dos papeis, aos lo de forma pacífica, se reconhece que se pede muito para ter um novo formato, todo o valores vistos em cada papel e maturidade/adaptabilidade aos alunos, e por vezes mal, quadro de actuação carece ser do aluno. Poderá incluir dando-lhes o grande pântano da confusão que é o terreno adulto. repensado, ao que se exige uma também uma sessão de informação profissional Pede-se-lhes muito porque, os (mesa redonda/conferência) liderança da parte da ESE. modelos vigentes os obrigam a c o m o f i c i a i s frequentar cursos muito longos formadores/instrutores da (estamos perante uma escolaridade obrigatória de nove Escola. O processo encerra com uma sessão de anos que, tudo aponta nesse sentido, em breve se tornará aconselhamento individual que coloca ênfase na avaliação ainda mais extensa), com cargas horárias e programas e confronto/discussão dos elementos recolhidos. muitas vezes desajustados e desenvolvidos a partir de No que ao apoio psicopedagógico diz respeito, procuramétodos e pedagogias de ensino pouco adaptadas. se, através da promoção e treino de estratégias cognitivas Mas se esta é a realidade com que temos de coabitar no nos alunos com dificuldades de aprendizagem, facilitar o melhor desempenho escolar, isto é, ajudar os alunos no sentido destes poderem ultrapassar os problemas que se lhes deparam no contexto escolar na ESE. Trata-se de promover a mudança nos sujeitos e/ou no seu meio envolvente, num sentido mais equilibrado e adaptativo, em função dos problemas identificados. O trabalho a desenvolver passa, em grande medida, por uma acção de sensibilização junto dos alunos com o objectivo de dar a conhecer o serviço que é oferecido e de deixar uma imagem positiva de disponibilidade e de confidencialidade. “ ” nosso tempo, ela traz consigo, como se sabe, uma série de circunstâncias e situações que forçam os agentes educativos a uma versatilidade para a qual devem estar preparados. É este quadro, caracterizado nomeadamente Tem sido um processo desenvolvido a partir de alguns condicionalismos, mas onde o CPAE não tem regateado esforços para o implementar e lhe dar continuidade, apesar de se estar consciente que o mesmo carece de se centrar na Escola e nos alunos, com a Direcção de Ensino a acreditar que esta é uma área onde é importante e necessário apostar. 15 Para que os frutos sejam efectivos torna-se necessário adaptar permanentemente este processo de intervenção às características do próprio curso, necessidades dos alunos, da estrutura curricular, das disponibilidades e condições internas para o debate, etc. Agora que o CFS se apresta para ter um novo formato, todo o quadro de actuação carece ser repensado, ao que se exige uma liderança da parte da ESE. É que, quer a orientação escolar quer o apoio psicopedagógico, devem continuar a ter um espaço efectivo no CFS futuro - por certo, quando se tem necessidade de "inventar", de experimentar, de “Na orientação escolar tem-se por finalidade dar aos alunos um apoio na sua decisão vocacional face às opções existentes e aos seus projectos de vida profissional. ” mastigar dissabores, de carregar dúvidas, de saborear o fracasso, será preocupante não fazer uso, dos meios e dos conhecimentos que estão ao nosso alcance. E, em matéria de ensino, quando fracassamos, é muito possível que qualquer coisa se quebre sem remédio. Assim sendo, que estejamos atentos e disponíveis para admitir que todos os saberes são poucos para minimizar as múltiplas e complexas dificuldades que existem em qualquer estabelecimento, modelo e/ou sistema de ensino. Na educação somos como a tripulação de um barco, onde temos de levar grupos de um ponto a outro, em viagens mais ou menos demoradas. É desastroso que procuremos fazê-lo sem que nos tenham ensinado a remar e a conhecer as correntes do rio. Tal como seria desastroso confiar os comandos de um avião carregado de passageiros a um homem que toda a vida tenha sido electricista, só porque existe a componente eléctrica em todos os aviões. Mais do que nunca, todo o processo educativo assumese como estruturante da formação do homem, mas também da sua própria realização pessoal e profissional. E é nesta medida que se perspectiva que a formação militar, com destaque para aquela que leva o indivíduo aos QP´s (e no caso que aqui se versa, em particular à categoria de Sargentos), não poderá descurar a possibilidade de implementar um sistema sustentado que integre uma componente de apoio psicopedagógico e de orientação escolar/profissional, dado que estes se assumem cada vez mais como importantes na ajuda ao aluno mas também de outras estruturas do "edifício educativo", que é a Escola de Sargentos Maj SGE Serafim Marques Ribeiro, nos últimos anos tem desempenhado funções na área do pessoal, realçando-se a selecção e docência. Detém no seu currículum diversos cursos dos que se destacam: Licenciatura em Psicologia e o Mestrado em Políticas de Gestão de Recursos Humanos, Curso de Selecção de Pessoal, Curso de Formação Pedagógica de Formadores e diversos cursos de informática na óptica do utilizador. UNIÃO PANIFICADORA CALDENSE, LDA. INSTALADORES E FORNECEDORES Aquecimento central Aquecimento solar Tubagens em cobre e outras 16 Rua 31 de Janeiro, 93-B 2500-118 CALDAS DA RAINHA TEL.: 262 838 872 FAX.: 262 835 612 INDÚSTRIA PANIFICAÇÃO / PASTELERIA Escritório: 262 83 23 68 / 262 83 26 00 Gerência: 262 83 23 98 Pão Quente: 262 83 21 59 Croissantaria: 262 83 27 88 Telefax: 262 83 26 07 Apartado 129 2502 CALDAS DA RAINHA 30 PEQUENAS ACÇÕES - GRANDES SOLUÇÕES PARA PROTEGER O AMBIENTE Na anterior edição da Revista Alabarda foi publicado o artigo "As 10 coisas que poderá fazer para proteger o Ambiente". muito se pode dizer... muito se pode escrever... Mas o mais importante é aquilo que se pode FAZER... pelo Ambiente! Neste artigo pode analisar 30 pequenas acções para realizar no seu dia-a-dia, em casa ou no local de trabalho... durante a semana ou ao até fim-desemana. Todos os locais são bons. Todos os momentos são oportunos para quem quer proteger o Ambiente, para que dentro de alguns anos não seja necessário usarmos máscara quando quisermos ir dar um passeio com os nossos netos... Relembro que a solução passa por gestos PONTUAIS para resolver os problemas GLOBAIS e, basicamente, obedecem ao Princípio dos 3 eRRRes enunciados na Agenda 21, adoptada em 1992 na Conferência da Terra realizada no Rio de Janeiro, bem como no 5º Programa Europeu para o Ambiente e desenvolvimento e que obedecem à seguinte hierarquia: Reduzir os lixos e o consumo de produtos com componentes tóxicos; Reutilizar os materiais o máximo possível evitando os produtos descartáveis; Reciclar tudo o que se puder quando já não for possível reduzir nem reutilizar; Desde então, muito se tem falado e actualmente todos sabem o que se pode fazer. Mas poucos sabem O QUE fazer e COMO devem fazê-lo. Antes de continuar importa apresentar duas definições, ainda que bastante simples: AMBIENTE - Tudo o que nos circunda, assim como a todos os restantes seres vivos. No campo, grande parte do meio ambiente é natural ou semi-natural; nas vilas e cidades quase tudo é produzido pelo homem. ECOLOGIA - Estudo das interacções entre os seres vivos com o meio Ambiente. Leia então com atenção os seguintes conselhos: 1 - AGRICULTURA - As novas estratégias de protecção e produção integrada são um método inovador, racional e controlado que permitem melhorar a qualidade, proporcionar segurança alimentar e contribuir para o equilíbrio ecológico do meio Ambiente. Em protecção integrada, o combate às pragas e doenças das árvores baseia-se na utilização de meios de luta cul tur al, bio téc nic a (at rac tiv os) e biológica (utilização de insectos e outros organismos auxiliares) alternativos ao uso de pesticidas. Desta forma é respeitado o ciclo natural da vida, o Ambiente e a saúde de todos nós. 2 - ÁGUA - É um bem precioso. Imagine que toda a água do planeta Terra era colocada dentro de uma garrafa de 2 litros. Proporcionalmente somente uma gota de água seria potável. Como não é uma fonte inesgotável temos a obrigação de a poupar e preservar de todos os agentes de poluição. Não permita que torneiras pinguem; enquanto faz a barba ou escova os dentes feche a torneira; quando toma banho de duche reduza em um minuto o tempo que tem a torneira aberta. Vai ver que resulta e notará a diferença na factura mensal da água. 3 - ANIMAIS - Todos gostamos de os ter lá em casa... mas lembre-se que os passeios e os espaços verdes não podem ser o WC do seu cão.. Nas lojas da especialidade pode encontrar à venda pinças especiais para apanhar os dejectos dos animais, para que não fiquem (esquecidos) nos locais públicos pois põem em perigo a saúde de todos nós. Colabore... e nunca os abandone! 4 - AUTOCLISMOS - Se o seu não possui um regulador de nível experimente colocar no interior uma garrafa de plástico cheia de água. Poupará assim 1,5 litros de água em cada descarga. Existem à venda autoclismos com duplo botão de descarga, que permitem dosear a água a utilizar. Lembre-se de verificar frequentemente se não existem fugas de água no seu autoclismo. 5 - BOTAS E SAPATOS - Há quanto tempo não manda colocar umas "meias-solas" no seu calçado? Evite o usar e deitar fora. Os seus pés e o Ambiente vão agradecer não andar sempre a estrear calçado novo! Experimente dar brilho ao calçado usando uns "collants” de vidro... 6 - CABIDES - De certeza que não sabe quantos milhares de cabides são deitados por ano para o lixo pelos pronto-a-vestir!!! Mas sabe quantos cabides já comprou, para pendurar a sua roupa lá em casa ou no vestiário do local de trabalho... Perca a vergonha, e a próxima vez que for às compras, solicite alguns cabides na loja onde é cliente: Ganha você... poupa trabalho à loja em levá-los para o eco-ponto e ganha oAmbiente!!! 17 7 - CANETAS DERMATOGRÁFICAS E MARCADORES Quando precisar de adquirir estes materiais opte por aqueles que se podem encher quando estiverem gastos. Há de todos os tipos: permanentes, secos para quadros cerâmicos (brancos), etc. Procure-os nos expositores ou peça-os ao funcionário... Vai poupar algum dinheiro e não produz lixo! 8 - COMPUTADORES Ac tu al me nt e to do s os compu tador es estão equip ados com siste mas de utilização de baixo consumo de energia (energy saver). Contudo o "software" que utilizam permite ainda fazer algumas "habilidades" energéticas. No Ambiente de Trabalho seleccione "O meu Computador", "Painel de Controlo" e "Gestão de Energia". Depois escolha o modo de desligar o monitor e/ou o disco rígido. Desta forma poup a ene rgia e pre serv a o se u equipamento informático. 9 - CORTINADOS Um cortinado sem isolamento pode reduzir em um terço o calor perdido através de uma janela. Um cortinado bem colocado pode reduzi-lo a metade. Para contribuíre m para a poupança de energia deverão adaptar-se perfeitamente à janela e ao soalho. Abra-os nos dias de Inverno para entrar o Sol. Feche-os à noite para conservar o calor no interior e nos dias quentes de Verão para impedir a sua entrada. 10- DETERGENTES A maioria dos detergentes contém fosfatos e outros químicos ricos em fósforo. Servem para amaciar a água e evitar que as partículas de sujidade voltem a aderir à roupa... Contudo quando chegam aos rios e lagos, provenientes dos esgotos, eles passam a ser fertilizantes que aumentam a prolife ração de plantas. Quando estas morrem, ao serem decompostas pelas bactérias, são utilizadas grandes quantidades de oxigénio que faz falta a outras plantas e animais e assim podem morrer os rios e os lagos. Comece a usar um produto sem fosfatos (fósforo) e a reduzir a quantidade de detergente que usa em cada lavagem... a eficácia é a mesma! 11- DIAS DO AMBIENTE Organize em sua casa ou no seu local de trabalho acções destinadas a assinalar os Dias do Ambiente. Plantação de árvores, palestras, exposições, acções de recolha selectiva, distribuição de folhetos... Puxe pela cabeça porque a imaginação é sua. Tome então nota na sua agenda: Dia Mundial do Ambiente (5 de Junho); Dia Mundial do Não Fumador (17 de Novembro); Dia Mundial da Árvore (21 de Março); Dia Mundial da Água (22 de Março); Dia Mundial da Terra (22 de Abril) e Dia Nacional da Energia (29 de Maio). 18 12- FÉRIAS E FINS-DE-SEMANA Vá para fora cá dentro. Se consultar a imprensa ou um posto de turismo vai encontrar certamente indicações relativas a percursos pedestres ou para bicicleta a locais paradisíacos em Portugal. De Norte a Sul, no Litoral ou no Interior, na Praia ou na Montanha encontrará uma oferta inesgotável de espaços naturais selvagens... Calce umas botas de montanha...ponha uma mochila às costas... pegue na família e vá arejar. Se gostar do que vir não estrague. Outros quererão fazer esse passeio e você há-de um dia querer voltar!!! Ah... e se não quiser ir para muito longe perca-se pela Região Oeste onde encontra áreas protegidas, bonitas paisagens, montanha e mar. 13- FOGÕES E FORNOS ELÉCTRICOS Antes de terminar o cozinhado desligue-os porque ainda se mantêm quentes por mais alguns minutos. Use recipientes com tamanho adequado com fundo plano e coloqu e sempre as respectivas tampas. Aproveite mesmo assim para pensar em trocar estes equipamentos por outros que utilizam gás natural: mais ECOnómicos e ECOlógicos! 14- FRIGORÍFICO Este é o electrodoméstico que mais consome em sua casa 30% do consumo doméstico! Mantenha o frigorífico e o congelador às temperaturas correctas (5º C e 18º C respectivamente) se a temperatura estiver apenas 6º C abaixo do necessário, o consumo de energia aumentará 25%. Se o seu frigorífico não dispõe de termómetro trate de adquirir um. 15 - GARRAFAS Disponibilize na sua despensa um espaço para um cesto onde poderá guardar as garrafas vazias para depois as ir colocar a um "vidrão" ou trocar por garrafas cheias. Talvez nunca tenha reparado mas uma bebida com tara reutilizável (com depósito) é 34% mais barata que a versão em embalagem de vidro com tara perdida e 61% mais barata se a embalagem for a lata de alumínio. Quando for a um super-mercado compare os preços. Agora a decisão é sua! Fique a saber que por cada 10 garrafas que colocar num vidrão estará a poupar 7,4 Kg de matérias primas e muita energia! Com o vidro... reutilize ou recicle! 16 - GÁS DE PETRÓLEO LIQUEFEITO (GPL) Mudamse os tempos... e mudam-se as tecnologias. Os veículos abastecidos com GPL tendem a realizar menor emissão de gases poluentes. Comparando com uma viatura a diesel um veículo a GPL produz quase nenhum fumo, praticamente nenhuma emissão de partículas, muito menos ruído e baixo teor de óxidos de azoto. Comparado com as emissões dos veículos a gasolina um automóvel a GPL produz menos monóxido de carbono, menos dióxido de carbono e menos óxidos de azoto. Usando o GPL um automóvel passa a ser 50% mais económico, aumenta a vida do motor em 100%, aumenta em 300% a durabilidade do óleo do motor... e é 100% seguro! Agora a escolha é sua. 17 - IMPRESSORAS A maioria do software de instalação das impressoras dos computadores permite a impressão em modo rápido ou "econofast". Utilizando esta possibilidade reduz para metade o consumo de tinta dos tinteiros de jacto de tinta e além disso a impressão torna-se mais rápida (poupando também tempo!) e vai ver que ninguém nota diferença na qualidade. Se não souber como configurar o equipamento peça ajuda a um amigo... e depois aproveite para lhe ensinar um truque para reduzir automaticamente "aquelas 2 ou 3 linhas" da última página de um documento. No "Word" seleccione "Ferramentas Personalizar Comandos - Ferramentas Diminuir uma Página" e arraste para a barra de ferramentas este ícone. 18 - ISOLAMENTO A sua casa está convenientemente isolada? Cerca de 30% das perdas do calor das casas fazse através das janelas. Prefira os vidros duplos e coloque nas frinchas das janelas fita-espuma para as calafetar. As frinchas de todas as portas e janelas de uma casa são equivalentes a um buraco na parede medindo 90 cm por 90 cm. Ainda se lembra daqueles "chouriços" com serradura e areia que se colocavam atrás das portas para evitar a entrada de frio? Use-os! 19 - LÂMPADAS FLUORESCENTES COMPACTAS Permitem economizar 80% de energia! Por exemplo uma lâmpada destas consome 20 W mas tem uma luminosidade de 100W. Actualmente custam somente cerca de 5 vezes mais que uma lâmpada incandescente mas duram 10 vezes mais. Em toda a sua vida útil consegue-se uma economia de 15 a 20 vezes o seu valor - aproximadamente 75 €! Mas atenção que estas lâmpadas devem ser usadas somente em locais secos, e onde não se estejam permanentemente a acender e a apagar. 20 - LAREIRAS Mais de metade da energia consumida pelas famílias portuguesas tem origem na lenha. Isto pode ser um benefício já que permite substituir uma parte do consumo de electricidade e não contribui, só por si, para o "efeito de estufa" (porque as plantas fixam em vida a mesma quantidade de carbono que libertam ao serem queimadas). O uso de lenha é igualmente uma boa forma de manter limpas as nossas matas e florestas, reduzindo assim os riscos de incêndio. Mas a utilização de lareiras tem os seus truques: Instale um registo de tiragem, que fecha a campânula da chaminé impedindo a saída de ar quente quando a lareira está apagada; Instale um recuperador de calor permitindo assim poupar lenha e aquecer outras divisões da sua casa; Se está a pensar construir uma lareira escolha uma parede interior impedindo que o calor se perca para o exterior... e para poupar nas despesas da lenha faça "briquetes" com papel usado. 21 - LATAS Adquira um cesto para proceder à recolha selectiva de latas. Ao estar a promover a reciclagem de metais está a contribuir para a poupança de minérios de ferro, bauxite, carvão, calcário e energia. São necessárias quatro toneladas de bauxite para produzir uma tonelada de alumínio. O alumínio pode ser reciclado inúmeras vezes!!! Mas se na sua zona a autarquia não efectua recolha selectiva de metais, o melhor mesmo é adquirir as suas bebidas em garrafas de vidro. 22 - MEDICAMENTOS A Indústria Farmacêutica, as Empresas Distribuidoras de Medicamentos e as Farmácias organizaram o sistema VALORMED para melhorar a gestão dos resíduos de embalagens de medicamentos e de medicamentos fora de uso. Quando os medicamentos ultrapassam o prazo de validade ou quando o seu consumo foi suspenso por indicação médica não os coloque no lixo. Entregue estes produtos numa farmácia. Informe-se e colabore! 23- ÓLEO Um litro de óleo polui um milhão de litros de água! Certifique-se que quando efectua a mudança de óleo da sua viatura aquele é colocado num "ó l eão" para ser posteriormente reciclado por empresas especializadas. Para saber quais são as empresas que estão licenciadas para efectuar a recolha selectiva de óleos em Portugal, contacte o Ministério da Indústria e Energia. Para os filtros de óleo deve ser tomado o mesmo procedimento. 24- PILHAS U ma pilha pode contaminar uma quantidade de água igual à que um ser humano consome em toda a sua vida. Tenha um "pilhão" em casa para guardar as pilhas usadas Faça um com uma garrafa ou garrafão de água. E porque não oferece uns "pilhões" aos seus amigos com um rótulo original feito por si?!? Quando estiver cheio despejeo num eco-ponto ou entregue-o num hipermercado próximo. Mas o melhor mesmo é usar pilhas recarregáveis Adquira um recarregador, para diferentes tamanhos, de pilhas recarregáveis. Faça contas e decida-se. A bateria das viaturas dura aproximadamente 3 anos. Certifique-se que após a troca, a velha é recolhida para posterior reciclagem as marcas pagam-lhe uma quantia pela bateria usada! 25- PLANTAS Um estudo efectuado pela NASA provou que as plantas conseguem remover 87% dos elementos tóxicos do Ambiente de uma casa no espaço de 24 horas. Coloque plantas em todas as salas na seguinte proporção: uma planta de 1,2 a 1,5m de altura por cada 10 metros quadrados de área. Deve escolher a planta adequada à luminosidade da sala. 26- PNEUS Já existem em Portugal empresas que se dedicam à reconstrução (reciclagem) de pneus. Não se trata da antiquada técnica da "rechapagem"... é muito melhor. Se optar por estes pneus está a preservar o meio Ambiente... e a poupar algumas dezenas de contos. Verifique periodicamente a pressão dos pneus e o alinhamento da direcção aumentará a sua duração dos pneus e diminuirá o consumo de combustível. Não se esqueça de alternar os pneus em cada 10 mil quilómetros. 27- RADIOGRAFIAS Todas as radiografias com mais de 5 anos e/ou as que já não tenham interesse para diagnóstico podem ser recicladas e toda a prata que elas contêm reaproveitada. Anualmente a AMI (Assistência Médica Internacional) promove uma campanha de recolha de radiografias. Separe as que já não precisa e entregue-as 19 depois numa farmácia. Por cada tonelada que se reciclar extraem-se cerca de 10 Kg de prata e o valor da venda é destinado à ajuda humanitária. 28- TABACO Talvez não saiba que o poluente mais comum dos recintos fechados é o cigarro. Mas sabe que fumar provoca doenças cardiovasculares e que os fumadores morrem prematuramente. Se for fumador e quiser continuar a fumar não se esqueça que as pessoas que trabalham consigo ou os seus familiares e amigos podem não ter a mesma (má) opção e, naturalmente recusarem-se a respirar o fumo dos seus cigarros. Aproveite para dar uma leitura ao Decreto-Lei Nº 393/88 de 8 de Novembro... e cumpra-se!!! Para além de proteger o Ambiente poderá igualmente poupar algum dinheiro e aumentar a sua qualidade de vida... e já agora seja GIPA * e nunca esqueça o Princípio dos 3 eRRRes: REDUZIR, REUTILIZAR e RECICLAR. "Saber como se faz uma coisa é fácil. Fazê-la é que é difícil." * GIPA Gente Inteligente Protege o Ambiente 29- TARIFA BI-HORÁRIA A EDP aconselha esta tarifa quando haja consumos mensais nocturnos (no vazio) superiores a 48 kWh. Ao optar por esta tarifa tem uma redução de 45% no preço do kWh e um acréscimo de 2.00 € no encargo de potência. Pode escolher o horário que mais lhe convém ciclo semanal ou diário. Informe-se através do telefone Nº 800 505 505 (chamada gratuita). 30- VONTADE Agora já tem o SABER: "30 Pequenas Acções Grandes Soluções para proteger o Ambiente"... Mas faltava a VONTADE. Aliás, é a mais importante. É a Vontade... claro que estamos a falar da sua! É com ela que todos nós vamos contar porque agora já não pode ignorar o problema. Com "Vontade e Saber" vai ou não vai começar a proteger o Ambiente?!? Não hesite. Para que a Terra permaneça saudável e limpa é necessário que colabore. Comece já hoje, e mesmo que pense que o problema são os outros... convença-se que você faz parte da solução. IMPORTADOR E MONTAGENS DE AUTOGÁS 20 Sede:Estrada Nacional 8 - Nº 77 Pavilhão C. Lavradio - 2500 Caldas da Rainha Telef: 262 881 624 Fax: 262 836 004 Maj Inf Rui Miguel Costa Peixoto, desempenha as funções de Chefe da Secção de Instrução Militar do Corpo de Alunos. Entre outras funções, de 1995 a 1999 foi o Oficial do Núcleo de Protecção Ambiental da Academia Militar. Detém no seu curriculum diversos cursos que se destacam: 1º Curso de Protecção Ambiental, Curso Sobre Tratamento e Valorização de Resíduos, Curso de Formação Pedagógica Inicial de Formadores e o Curso de Formação de Sistemas de Gestão e Certificação da Qualidade. Combustiveis GPL Auto-Lavagem Manual Aspiração Rua Vitorino Fróis - Águas Santas 2500 - 097 CALDAS DA RAINHA Tel: 262 88 03 94 Fax: 262 88 03 93 A informática e a economia de recursos simulem situações reais, quer sejam elas equipamentos electrónicos ou sistemas de armas, permitindo não só um O desenvolvimento das tecnologias informáticas, sofreu treinamento das guarnições muito próximo da realidade, um incremento exponencial desde que surgiu o primeiro como evitam o desgaste e avarias no material, torna-se computador e especialmente no quarto final do séc. XX, muito vantajoso em termos económicos porque não só se afirmando-se hoje como uma realidade inquestionável em poupa em manutenção e reparação de avarias, como no todas as organizações humanas, que se torna impossível da vida útil do equipamento provocado pelo desgaste, bem delimitar ou prever os benefícios globais resultantes deste como seria necessário adquirir mais equipamentos e desenvolvimento. sistemas de armas para que a preparação do pessoal O fenómeno do desenvolvimento humano gera uma fosse considerada satisfatória. quantidade de informação crescente. Os meios Sendo o fluxo de informação mais intenso e concentrado, informáticos com sistemas de grande capacidade de logo as variáveis para a decisão são mais complexas e memória e crescente baixo custo, permitem acumular a diversas, assim os Chefes e Comandantes, os decisores informação em suportes magnéticos de acesso directo. necessitam que esta tenha um tratamento adequado, uma Por outro lado, também, o desenvolvimento de sistemas fácil percepção da sua valorização intrínseca. Com os lógicos (software) de armazenamento e recuperação programas adequados consegue-se prever e mensurar dessa informação permitem constituir bases de dados, alternativas, simular situações, descendo ao pormenor, logicamente ordenadas, com informação e conhecimento definir modalidades de acção, tornando a decisão de grande dimensão e facilidade de acesso à informação. oportuna e eficaz. As Forças Armadas não fogem Para além da economia de à regra, têm mantido o meios que as novas A informática está a contribuir processo de crescimento tecnologias permitem, tecnológico, permitindo uma significativamente para o aumento da também estas se poupam a si gestão racional de meios próprias, através de um produtividade, melhorando humanos, materiais e Sistema de Informação financeiros, dando eficaz e eficiente. A oportunidade ao processo de simultaneamente a vivência laboral m o n t a g e m d o s decisão e auto-sustentando o equipamentos em rede ritmo de expansão do bem estar social dos seus quadros. Permite fazer uma gestão racional do pessoal, quer reduzindo os meios, visto as tarefas terem em geral menor duração e ser necessário menor esforço físico ou intelectual para as realizar, quer fazendo uma redistribuição equilibrada de pessoal, permitido o seu deslocamento para outras áreas, melhorando as condições de trabalho. Permite também gerir de forma eficiente a informação administrativa sobre o pessoal. Com o aperfeiçoamento dos métodos de fabrico, surgem novos materiais que melhor se adequam às missões das Forças Armadas. Permitem uma gestão equilibrada e racional dos materiais e do apoio logístico, com a facilidade de cálculo consegue-se elementos estatísticos importantes permitindo reduzir stocks e prever necessidades, economizando espaço e movimentos desnecessários. O facto de se fazer uma gestão racional dos meios humanos e materiais, já tem implícito uma economia de permite a partilha de recursos e da informação, evitando a meios financeiros, agora se atendermos ao conjunto de redundância e a duplicação de equipamentos. Através de ferramentas que nos são disponibilizados que possibilitam uma política de restrições eficiente, reduz-se o melhoramento da gestão orçamental e financeira, significativamente o pesado fardo da manutenção. ficaremos então com uma ideia da economia que isso A informática está a contribuir significativamente para o acarreta. aumento da produtividade, melhorando simultaneamente Verificando-se que os modernos equipamentos e sistemas a vivência laboral ao encurtar o seu tempo de realização, de armas são muito dispendiosos, quer na sua aquisição contribuindo também para a alteração quer dos modos de como na manutenção, ter ao nosso alcance um desempenho das tarefas, quer da sua própria equipamento baseado nas novas tecnologias, que organização. Torna-se por isso necessário integrar as “ ” 21 novas tecnologias no conjunto da actividade existente. A capacidade tecnológica é um factor de produção de natureza qualitativa. Esta capacidade é inerente à qualificação dos recursos humanos e à inovação dos métodos operacionais. A fim de se prosseguir com a evolução tecnológica torna-se necessário uma grande adaptação por parte dos recursos humanos qualificados, exigindo-se um melhor nível de educação e de treino. O aproveitamento eficaz das tecnologias informáticas depende também do ritmo de formação ou requalificação do pessoal capazes de as operar com eficiência. Na Escola de Sargentos do Exército, cuja missão principal é formar os sargentos do Quadro Permanente do Exército, tem sido dado especial relevo à formação nas novas tecnologias de informática. Assim, consta dos currículos escolares do Curso de Formação de Sargentos a formação nos sistemas integrados Windows e Office da Microsoft, nomeadamente nas aplicações Word, Excel, Access e Power Point, e no Curso de Promoção a Sargento Chefe no Windows, Word e Excel. Também se tem insistido na formação regular dos Oficiais, Sargentos, Praças e Civis, que na ESE prestam serviço, aproveitando a disponibilidade das salas de aulas e respectiva equipa de professores, tendo a última acção de formação decorrido no período de 21 de Janeiro a 7 de Março de 2002, num interregno do CPSC. Foram ministradas cinco acções de formação com quinze alunos cada, nos cursos de Windows, Word, Excel, Access e Outlook, totalizando setenta e cinco alunos no seu conjunto. Estas acções têm dado um valor acrescentado aos Quadros da ESE e ao Exército, visto que muitos destes elementos se encontram deslocados e vão regressar às suas Guarnições com esta maisvalia. Os cursos nestes moldes têm custos reduzidos, pois, para além de não serem pagos nem representarem encargos com deslocações, ainda permitem que o pessoal que os frequenta continue a cumprir as suas tarefas de serviço. 22 Ten TPSEC Amorim dos Santos Piteira, desempenha as funções de Chefe da Secção de Informática e da Área de Ensino de Informática, é professor da área ao Curso de Promoção a Sargento Chefe. Tem o Curso de Informática de Gestão frequentado na Escola Superior de Gestão de Santarém. Domingos Marques Penas Grossista de Tabacos e Cafés Tel: 262 929 142 Estrada da Ribafria, 73 2475 - 040 BENEDITA Tel: 262 781 532 Rua D. Luís de Ataíde, 8 2520 PENICHE Tel: 00 244 2 395 895 Av. 1º Congresso MPLA, 17 A r/c Luanda - ANGOLA Breve introdução às redes de comunicação oferece a vantagem de uma largura de banda praticamente infinita, imunidade ao ruído, um alto nível de segurança e opera a 10 vezes mais velocidade que uma rede convencional. O que é uma rede de comunicação É um sistema que conecta entre si equipamentos de telecomunicações ou processamento de dados. Existem diversos tipos de redes como seja LAN (Local Area Network), traduzido por "rede local" e que é caracterizada por ser utilizada para distâncias curtas, ou a WAN (Wide Area Network) traduzido por "rede longa". Neste artigo abordaremos superficialmente as redes LAN. Ao projectar-se uma rede deve definir-se o seu destino ou utilização. Por exemplo, equipamento de segurança ou alarme, telefones, terminais de telex ou fax, televisões, computadores, etc. Para cada aplicação deve adequar-se a velocidade de transferência de dados, que se mede em Megabits por segundo (Mb/s), e a largura de banda que se mede em Megahertz (MHz). Conectores Os principais conectores utilizados são: RJ11 (categoria 3), RJ45 (categoria 3 e 5), para utilização com cabo de pares entrelaçados. ST, para utilização com cabo de fibra óptica. Normas e protocolos das redes LAN Hoje em dia as normas/protocolos mais utilizados são: ETHERNET que é hoje em dia a mais utilizada das LAN, utiliza o protocolo CSMA/CD Carrier Sense Multiple Access/Collision Detection Protocol. Pode executar-se em diferentes meios mecânicos como cabo coaxial, fibra óptica, par entrelaçado blindado ou não, FDDI, "Fiber Distributed Data Interface", protocolo definido pela ANSI (American National Standarts Institute) que corresponde a um "Token Ring" que utilizou inicialmente fibra óptica como meio mecânico de transmissão de dados e pode suportar até 100Megabits por segundo (Mb/s). A rede FDDI Lan é uma rede com tipologia Token Ring de 100Mb/s. Token Ring, protocolo de "passa-testemunho" que pode atingir 16Mb/s, através de um condutor de par entrelaçado. A configuração de Token Ring serve-se de uma arquitectura de cablagem em estrela de dois pares em cada posto, um par para a ligação de base ao posto de trabalho e o outro par de retorno do posto de trabalho à base para que se feche o anel (RING). A velocidade de transferência de dados pode ir até aos 16Mb/s. Configuração das redes LAN Tipicamente existem 3 soluções: Estrela, em que todos os nós se encontram ligados a um "HUB". Bus, em que todos os nós se encontram ligados num condutor principal e que terá que terminar em ambos os extremos com um adaptador de impedância. Anel, em que todos os nós se encontram ligados a um condutor principal em forma de anel. Meios físicos da rede Cabos Os principais cabos para a transmissão de dados e telecomunicação são: Cabo de pares entrelaçados, utilizado inicialmente em transmissão de voz (telefone), é usado actualmente na transmissão de dados. Pode ser blindado (STP) ou não (UTP). Caracteriza-se por uma pequena largura de banda e baixo custo. Cabo de fibra óptica, formado por uma fina fibra de vidro ou plástico recoberta por uma protecção e ajustada num cabo, que pode ser de uma ou mais fibras. A fibra óptica transmite a luz de forma a que cada pulsação luminosa corresponde a um sinal digital. A fibra óptica NOTA: Este artigo não pretende ser mais do que uma muito breve introdução às redes de comunicação. Cabe ao especialista/fornecedor encontrar a solução informática mais adequada a cada caso, decidindo qual o tipo de rede, sua configuração e meio(s) físico(s). Exemplos de redes ST RJ45 CATEGORIA S ETHERNET TOKEN RING FDDI 100 Mb/s 16 Mb/s ETHERNET 100 Mb/s FDDI 100 Mb/s TOKEN RING 16 Mb/s 100 Mb/s Fibra Óptica 62,5/125 Cabo de par entrelaçado não blindado(UTP) Cabo de par entrelaçado blindado(STP) A fibra óptica permi te imunidade ao ruído, ele vada segurança na transmissão de dados , el evada distância entre pontos, cabos fi nos e leves . O custo é elevado. Adequado a meios elec tromagneticamente pouc o ruidosos. Solução económica, des de que a distância a que s e pretenda transmitir seja cur ta. Devido à blindagem suporta am bientes ruidosos. Para garantir a imuni dade ao ruído a blindagem tem que ser estendida a todos os c omponentes do sistem a. Solução económica. O Cadj OPTM Sérgio Manuel F. Tomaz, desempenha funções na Secção de Apoio Informática, tendo já desempenhado funções como operador de Transmissões na Secção de Transmissões da ESE. Prestou serviço nas seguintes unidades: 94-EPT, 95CTM/BMI, 96-ESE. Detém no seu curriculum Curso de Segurança de Material Cripto 96 e Curso de Informática 2000. 23 O Paradoxo da Comunicação “(...) O paradoxo encontra-se na falta de comunicação que existe na sociedade da informação (...)” 24 Vive-se numa sociedade super mediatizada, na qual a comunicação é o vector fundamental. Todos os dias e a todo o momento, somos bombardeados com um sem número de informações que nos chegam através dos media e nos determinam comportamentos e reacções enquadradas no contexto dessas informações. No entanto, por paradoxal que pareça, continuamos sem comunicar. Primeiro, porque não sabemos ou não estamos predispostos a comunicar, depois porque confundimos comunicação com informação. A questão, essencial, que está na génese da incapacidade comunicativa da sociedade encontra-se, em muito, associada á dificuldade de interpretar e analisar correctamente estes dois conceitos. Essencialmente, eles apontam para questões conceptuais que se interrelacionam mas não têm o mesmo significado concreto. O que os distingue? Desde logo, a atitude perante cada um deles. Enquanto a informação reserva um papel de agente passivo e circunstancial para o receptor da mensagem, a comunicação considera-o como agente activo do processo comunicacional. Quer isto significar que comunicar pressupõe a existência de uma resposta " feed back" por parte do receptor da mensagem, a qual permite ao emissor perceber, até que ponto a sua mensagem inicial foi correctamente descodificada o que, em última análise, terá como resultado uma acção adequada aos pressupostos da mensagem que desencadeou o processo activo de comunicação. No contexto da informação este processo não é desenvolvido. Os sujeitos, que recebem a informação como agentes passivos, enquadram as suas acções no âmbito da informação que recepcionam e os equívocos tendem a ser substancialmente em maior número e de maior gravidade. A comunicação pressupõe uma resposta baseada nos códigos de leitura do receptor e circunstanciada no seu potencial de criatividade e capacidade de inteligir os pressupostos que estão na base da mensagem que lhe foi dirigida. Nesta perspectiva, todo o processo fica enriquecido se a comunicação é aberta e baseada em pressupostos de racionalidade comunicativa. Afinal onde está o paradoxo? O paradoxo encontra-se na falta de comunicação que existe na sociedade da informação. "Tudo estaria bem se, ao menos, conseguíssemos comunicar. O problema é que raramente o conseguimos", referem P. Jackson e M Blande com razão. Numa sociedade narcisista, em que cada um se preocupa, essencialmente, com o eu e que absorve os pensamentos na nostalgia do seu umbigo, é bastante difícil conseguirmos um pouco de atenção para o outro e procurar-se na capacidade racional a resposta adequada e essencial ao desenvolvimento do processo comunicacional. O real imaginário de cada um limita as suas fronteiras em busca de respostas aos problemas que lhe são colocados, a cada momento, pela sociedade e não reserva espaço para o diálogo aberto e assente em regras de assertividade, como resultado a sociedade fica a perder e mais empobrecida. A procura de soluções encontra eco no desencadear de conflitos por falta de capacidade de comunicação. Quantas vezes o outro nos dirige a palavra e nós nem sequer o ouvimos. Onde poderíamos ajudar tornamo-nos mais um potencial foco de conflito porque o feed back que se espera não foi conseguido. Porquê? Porque o receptor, também está envolvido em questões para as quais procura resposta. É, assim, neste paradoxo, que se vive na sociedade da informação. O indivíduo é massacrado com notícias sobre " tudo o que se passa à esfera global " e que, de alguma forma, se vai inculcando no seu ego, moldando o comportamento. Esta massificação não deixa espaço para a comunicação, para ser utilizada a capacidade racional e desenvolver a criatividade, o que seria uma mais valia para a sociedade. Vive-se sob o domínio desta letargia, está-se no lodo, sabe-se que se está e não se quer perceber a incapacidade de tentar tudo para resultar uma melhor sociedade. Seria essencial que os actores sociais soubessem distinguir correctamente onde começa a comunicação e termina a informação e que além de saberem estivessem predispostos a comunicar. “A comunicação pressupõe uma resposta baseada nos códigos de leitura do receptor e circunstanciada no seu potencial de criatividade” Ten TPESSECR Augusto Tomé Penela, desempenha funções de Chefe da Secção de Administração Escolar. Detém no seu curriculum diversos cursos dos que se destacam: Mestre em Comunicação Cultura e Tecnologias de Informação, Licenciado em Sociologia, Formador em Gestão de Recursos Humanos 25 airborne rangers bastante diferente da que é praticada hoje em dia, mas apesar disso, a unidade comandada pelo A redução que se tem vindo a acentuar nos Exércitos a Coronel da Confederação Jonh nível mundial devido a factores, muitas vezes, exteriores Singleton Mosby era uma das às forças militares, tem contribuído para o ressurgir do poucas que conduzia operações fenómeno forças especiais. São variadas as formas nas de baixos efectivos, empregando quais este fenómeno de forma importante têm contribuído. muitas das tácticas de Francis Em primeiro lugar, podemos citar a exigência de melhor Marion equipamento e de novas tecnologias de aplicação ao Desenvolvidas centenas de anos combate. Outra razão, não menos importante, é as antes as operações (Op) melhores condições de vida e motivação que estas forças independentes do Coronel Mosby têm proporcionado aos jovens voluntários, e como começaram cerca de 1863 e comparação vejam os casos concretos em Portugal com a incluíram inúmeras infiltrações Emblema dos militares BAI, o CIOE, o DAE e o Ex- Regimento de Comandos, nas instalações da União e habilitados com o curso oferecendo-lhes quer melhores condições de vida, como d i v e r s a s a p r e e n s õ e s d e Airborne (paraquedismo) e melhores condições de vencimento. prisioneiros de guerra. A sua de Special Forces No presente texto, e não pretendendo ser zona de operações foi demasiadamente exaustivo, relembra-se o passado e basicamente a Virginia e foi sempre tão bem sucedido e presente dos Teatros de Operações (TO) de uma das perspicaz que ganhou a alcunha de "O forças especiais estrangeiras que, de fantasma cinzento". A sua unidade certa forma, influenciou as nossas “A instrução recebida foi baseava-se num baixo quantitativo de Forças Especiais. ministrada à semelhança dos homens, nunca excedendo os 300, Guerra Civil Comandos Ingleses e apesar aderindo a uma doutrina de combate que se fundamentava na rapidez, na de inicialmente serem mobilidade e no efeito surpresa. A sua A guerra civil entre o Norte e o Sul treinados para efectuar maior conquista foi a captura do dos Estados Unidos da América infiltrações nas áreas Brigadeiro General da União Edwin (EUA), decorreu de 1961 a 1965,sendo a primeira querra indus- costeiras controladas pelos Stoughton em 1863. Os Rangers do Coronel Mosby foram desactivados em Alemães” Abril de 1865. Introdução Segunda Guerra Mundial Emblema dos militares habilitados com o curso Ranger e pertencentes ao 75º Regimento de Infantaria Ranger 26 trializada deste País. Existiram cerca de quatro centenas de unidades militares da Confederação, às quais baptizaram de Ranger. Assim, os Rangers oferecerem pela primeira vez um contributo importantíssimo para o esforço de guerra. As unidades Ranger de então tinham uma missão Nos inícios desta segunda grande guerra, os EUA não estavam devidamente preparados para entrar num conflito de tal envergadura. Uma vez que os Exércitos Aliados estavam à beira do colapso, era fundamental efectuar ofensivas que resultassem positivamente para restaurar a moral das tropas e das populações civis. Após terem chegado a esta conclusão o Exército Americano criou vários Batalhões Ranger para intervir na zona da Europa e nos tratados de guerra do Pacifico. O 1º, 3º e 4º Batalhões Ranger foram criados na Europa e no Norte de África, sob o comando do Major William O. Darby. A instrução recebida foi ministrada à semelhança dos Comandos Ingleses e apesar de inicialmente serem treinados para efectuar infiltrações nas áreas costeiras controladas pelos Alemães, acabaram por efectuar várias operações de combate no Norte de África, na Itália Continental e na Sicilia. Em 1944, o 1º e 3º Batalhão Ranger são rodeados e A Guerra da Coreia capturados pelas Forças Alemãs em Cisterna (Itália), assim, cessam a sua existência como unidades de Durante esta guerra (1950-53), era fulcral a combate. Esta operação resultou no fim da Força Ranger necessidade do uso de unidades especializadas em do Maj Darby. difíceis missões convencionais O 2º e 5º Batalhões Ranger foram de Infantaria. Este facto levou a “Das 18 Companhias criados nos EUA e instruídos para uma criação de Companhias Ranger criadas na Guerra Airborne Ranger. possível invasão Aliada na Europa. Estes dois Batalhões eram comandados pelos Na 2ª guerra os Batalhões da Coreia, 17 tinham o Coroneis James E. Rudder e Max Airborne Ranger tinham sido Schneider, respectivamente. As acções de certificado de Páraqueditas usados como tropas de choque, e 7 participaram maior porte pelas quais se destacam são: efectuando na sua a do 2º batalhão em Junho 1944 quando a efectivamente em combate” generalidade apenas missões unidade escalou os montes de Pointe du de reconhecimento e de Hoe como parte da Invasão da Normandia infiltração. Durante a Guerra da e do 5º Batalhão foi a sua liderança no desembarque de Coreia muitos Comandantes ignoraram as capacidades assalto nas praias. especializadas destas Companhias (assaltos aerotransportados, infiltrações e reconhecimentos), desta forma, foram apenas utilizadas em missões de operações defensivas, o que resultou em cerca de 90% de baixas. Como complemento destas Companhias, foi criado no Japão a 8ª Companhia Ranger do Exército, que tinha recebido Instrução no Comando de Treino Ranger no Fort Benning, Georgia. Esta Companhia foi a primeira a entrar em combate na Coreia e a sua missão mais célebre foi o salto de combate juntamente com a 2ª e a 4ª Companhias Ranger na zona de Munsan-ni em Março de 1951. Das 18 Companhias Ranger criadas durante a Guerra da Coreia, 17 tinham o certificado de Páraquedistas e 7 participaram efectivamente em combate. Em Outubro de 1951 o Comando de Treino Ranger passou a designar-se Fotografia de militares pertencentes ao 5º Batalhão Ranger após o desembarque nas praias da Normandia por Departamento Ranger, a sua missão era a de treinar militares em técnicas Ranger sob condições adversas e o mais difíceis possível, para desta forma suportar a dureza O 29º Batalhão Ranger, que foi criado em Dezembro do campo de batalha. de 1942 e desactivado em Outubro de 1943, conduziu Todas as Companhias existentes durante Guerra da infiltrações conjuntas com os Comandos Ingleses na área Coreia foram desactivadas em 1951. da Noruega ocupada. No TO do Pacifico o 6º Batalhão Ranger, formado em A Guerra do Vietname Janeiro de 1944, tem como missão mais bem sucedida (em Janeiro 1945) uma infiltração num campo de As Patrulhas de Reconhecimento de Longo Raio de prisioneiros de guerra (PG) em Cabanatuan nas Filipinas Acção (PRLRA) do Exército Americano durante os anos 50 onde resgataram cerca de 500 militares. e devido ao intercâmbio de informação e instrução com os Foi no TO da China, de Burma e da Índia que foi criada, Serviços Aéreos Especiais Ingleses (SAS), adoptaram o em 1943, uma das forças de combate mais bem sucedidas modelo bem sucedido do uso de unidades mais pequenas desta guerra, o 5307th Compositive Force (Força e com maior independência operacional. Composta Provisória). Esta unidade que ostentava o nome Este modelo foi rapidamente adoptado no sudoeste de código "Galahad" e mais tarde apelidada pela Imprensa Asiático durante a Guerra do Vietname (1965-73). As de "Merrill's Marauders", foi treinada conjuntamente com PRLRA compostas por equipas de 4 a 6 homens foram os Grupos de Reconhecimento de Longo Raio de Acção Ingleses, criados pelo Major General Orde Wingate. Os "Galahad" eram compostos por três Batalhões, cada um com uma Força de cerca de 1000 voluntários, nos quais existiam duas equipas iguais. Nesta altura o comando do 5370th passa então dos Britânicos para os Americanos (General Frank D. Merrill), e a missão que tinha sido adoptada pelo Major General Orde Wingate passa a adaptar-se de Grupos para Patrulhas de Reconhecimento de Longo Raio de Acção, que sobreviviam em missão através dos lançamentos aéreos de mantimentos. A Força do General Merrill entrou em 5 grandes combates e 30 pequenos combates, a operação mais famosa foi a captura do campo Aéreo Mytkyina em 1944. Nesta altura o 5370th, já tinha sofrido 80% de baixas, incluindo nos comandos. Militares do 75º Regimento Ranger a efectuar um heli assalto 27 A Era Moderna Brevet dos militares que possuem o curso “Airborne” (Páraquedista) Crachá dos militares que possuem o curso “Pahtfinder” (Percusor). 28 Exaustivamente utilizadas em reconhecimentos adentrados em território Inimigo (IN). As missões destas equipas começaram-se a expandir conforme decorria o tempo, e assim sendo, passaram também a incluir missões de emboscadas, de salvamento de PG's, de operações de Sapadores, etc... Tinham como apoio logístico para além do normal de um militar de Infantaria convencional, um eficiente equipamento de comunicações e de apoio fogos aéreos (helicópteros), bem como o apoio de fogos de artilharia. A maior desvantagem destas equipas era devido ao seu reduzido tamanho e ao encontrarem-se constantemente longe das Forças Amigas, ficavam muitas vezes vulneráveis aos ataques do IN. Em 1969 as Companhias de PRLRA, passaram novamente a designar-se por Companhias Ranger do 75º Regimento de Infantaria Ranger e herdaram a tradições do 5307th Compositive Force (Força Composta Provisória) e do 475th Regimento de Infantaria. Para muitos dos militares que já tinham travado combates nas selvas, nas montanhas e nos deltas do Vietname esta mudança pouco ou nada significou, continuando a efectuar exactamente a mesma missão durante mais 5 anos. Existiram nesta altura também os Rangers Vietnamitas Sessão de Saltos de Abertura (1960-75) que durante Automática (SAA). este conflito, foram treinados pelos Rangers Americanos. Uma das diferenças dos Biet-Dong-Quan ou ARVN Ranger eram os quantitativos das equipas (estes usavam mais). Esta guerra apesar de toda a sua problemática demonstrou a tenacidade, o espirito de missão, de corpo e de abnegação no qual os Militares Rangers eram forjados. Como demonstração do heroísmo de muitos destes militares neste conflicto, foram atribuídas 4 Medalhas de Honra (3 das quais a titulo póstumo), a homens que combateram por estas Unidades. Das Companhias Ranger utilizadas na Guerra do Vietname, somente duas continuam activas. As duas companhias, A/75 e B/75, foram desactivadas em 1974 de forma a providenciar uma experiência de base aos novos rangers criando duas novas Companhias. Devido à mudança dos cenários de guerra, os Rangers "modernos" são neste momento treinados mais em missões de acção directa do que em Reconhecimento, uma vez que o Exército Americano criou outras unidades especialistas em PRLRA e recolha de informações. Os Rangers têm funcionado muito como um força de tentativa de recuperação de reféns americanos em cenários como os de Irão, em 1980, aquando do salto de combate do 1º e do 2º Batalhão Airborne Ranger, na invasão de Granada na Operação Urgent Fury. O 75º Regimento Ranger liderou também os saltos de combate no Panamá em 1989 na Operação Just Cause. Participaram no Desert Storm em 1991 com a missão de efectuar infiltrações e providenciar uma força de reacção. As Companhias Alpha e Bravo do 3º batalhão Airborne Ranger participaram na missão das Nações Unidas na Somália, em 1993. O Ranger "moderno" tem de se oferecer voluntário três vezes, primeiro para o Exército, em segundo para a Escola de Páraquedismo e finalmente para o Regimento de Rangers. A instrução destes voluntários é complementada com o curso de Doutrina Ranger, seguido do sucesso na Escola de Páraquedismo, após completada esta linha é inserido no 75th Regimento Ranger. Estes militares frequentam cerca de um ano de instrução de extrema rusticidade. E já chegaram a falecer militares em curso devido à rusticidade dos exercícios, e das condições ambientais às quais são expostos que tentam a todo o custo efectuar uma réplica do ambiente vivido em situação de campanha. O ultrapassar estas barreiras físicas e psicológicas não só lhes dá a honra de usarem uma boina preta, como também a responsabilidade de estarem prontos para combate a todo o momento. O Ten Inf Para RC David Rodrigues dos Santos, desempenha funções de Oficial instrutor na SIM em acumulação com as de Oficial de Tiro da ESE. Esteve colocado na ETAT, RA4 e EPI. Detém no seu curriculum diversos cursos dos que se destacam, o 203º Curso de Páraquedismo (1997), Curso de Métodos de Instrução (1998), Curso de Básicas Aeroterrestres (1998) e o Curso de Tiro para Oficiais (2002). “Na terra do Sol Nascente” portugueses, foi-lhes ministrado durante 14 semanas um CFO/CFS de Infantaria na especialidade 031-Atirador, incluindo algumas instruções relacionadas com o emprego táctico dos morteiros, de acordo com o programa de instrução utilizado no nosso Exército, superiormente aprovado para as FDTL, pela ODFD (Organismo para o Desenvolvimento da Força de Defesa), que era responsável por todo o processo perante a UNTAET. Nesta fase participou também uma equipa de instrutores do Exército da Coreia do Sul que tinha como missão, ministrar aulas de artes marciais ( Taekown-Do). A instrução decorreu a bom ritmo, com as dificuldades inerentes à falta de material e à diferença da língua, visto que em Timor apenas a população acima dos 30 anos de idade fala português, os restantes falam o tetum, dialecto local e o bahasa indonésio, tendo sido necessária a utilização de um tradutor, função desempenhada por um Centro de Instrução das FDTL - Cmdt Nicolau Lobato em Metinaro dos instruendos. As diversas lacunas e muitas adversidades foram sendo colmatadas com o empenho por parte dos instrutores portugueses que encontraram No decorrer do processo de independência do território pela frente um conjunto de homens com uma grande de Timor Leste, Portugal assumiu-se como país vontade de aprender, fruto de um elevado sentido do dever preponderante e com grandes responsabilidades em e espírito de sacrifício, resultado de um apurado diversas áreas, tais como, a formação militar, o ensino, a patriotismo, bem como, de grande estima pelo nosso país. agricultura, a engenharia, a saúde, a protecção civil, a Devido às características da instrução, foi necessário administração pública e a criação de todo um sistema construir uma pista de 200m com legislativo fundamental ao normal materiais disponíveis no local (ex. “A grande diferença de funcionamento de qualquer estado. É também vontade da maioria do idades (desde os 20 até aos bambu) e improvisar uma carreira de tiro numa das margens do rio que povo timorense e dos seus dirigentes, 56, o mais velho), bem banhava a cidade. que Portugal fique intimamente ligado A grande diferença de idades (desde ao processo de construção do seu como as dificuldades físicas os 20 até aos 56, o mais velho), bem novo país. de alguns dos elementos Assim sendo, na Conferência de mais velhos, resultado dos como as dificuldades físicas de alguns dos elementos mais velhos, resultado Países Dadores, em Dili, entre 21 e 23 inúmeros ferimentos e dos inúmeros ferimentos e de Novembro de 2000, o nosso país deformações físicas, consequência deformações físicas” assumiu o encargo da instrução das diversas acções de combate que básica de Infantaria das novas Forças tiveram ao longo dos anos, bem como de Defesa de Timor Lorosae (FDTL), para as quais irão ser das muitas torturas a que foram sujeitos quando formados cinco Batalhões de Infantaria num processo a capturados pelos militares das TNI (forças indonésias), decorrer ao longo dos próximos anos. não serviram de motivo para a “balda”, antes pelo Para tal, o Exército nomeou uma equipa de 10 militares contrário, eram normalmente os mais velhos que davam o para se deslocarem para o território de Timor e darem inicio exempo aos mais novos. Em instruções como GAM, TIC, a essa missão. Em 29 de Janeiro de 2001 partiram de Portugal os primeiros sete militares portugueses para o núcleo de apoio á formação das FDTL, tendo chegado ao território a tempo de assistirem no dia 1 de Fevereiro, a uma cerimónia que ficará para a história de Timor e do mundo, a extinção das FALINTIL, força de guerrilha que lutou durante 25 anos nas montanhas de Timor contra a ocupação Indonésia. Nas montanhas a cerca de 50Km de Dili, na pequena cidade de Aileu, foi criado um centro de instrução provisório e de imediato se iniciou a instrução dos primeiros 250 homens, dos cerca de 650 militares das FDTL (parte deles oriundos das extintas FALINTIL, outros incorporados alguns meses antes). Em Fevereiro chegou a Aileu o oitavo militar português e a 12 de Março os dois últimos, ficando nessa altura a equipa completa (um Major, um Capitão, um Tenente, um Alferes, cinco 1ºSargentos e um 2º Sargento). Foram constituídos na 1ª Companhia de Instrução, cinco pelotões a cinquenta homens e pelos instrutores Ginástica de Aplicação Militar 29 30 MARCOR, Percursos Topográficos, etc. Era normal também construídas diversas infra-estruturas para apoiar verem-se os instruendos a puxarem uns pelos outros e a a instrução, tais como uma pista de aplicação militar de correrem todos como se fossem recrutas de "vinte e 200m, uma pista de cordas, salto para o galho e "burrinho". poucos anos”. A instrução de Armamento e Tiro era da responsabilidade Foi também, em paralelo com a de uma equipa de militares da Nova instrução, criado um arquivo de processos “Foi o culminar do longo Zelândia, assim como, parte do individuais com vista a uma futura Secção treino físico era ministrado por uma de Pessoal/Matrícula e organizado e processo de quase um ano equipa de militares da Coreia do instruído um Pelotão de Segurança que vivido em Timor Lorosae, Sul. tomou a seu cargo o serviço de Guarda de Enqua nto isto, os milit ares que significa em tetum Polícia. Nesta fase os 400 soldados australianos tinham a seu cargo a «Sol Nascente»” destinados a praças, estavam responsabilidade do centro de organizados em quatro companhias, com instrução, bem como a função um programa de actividades diversas, que incluía os logística, para além de apoiarem os militares da Nova serviços gerais, treino físico e Taekown-Do. Zelândia nas suas instruções. Em 26 de Outubro o centro A primeira parte deste processo ficaria concluída em 21 de instrução foi formalmente entregue às FDTL pelo governo da Austrália. A instrução das praças terminou em finais de Novembro e, no dia 1 de Dezembro, realizou-se a cerimónia de apresentação do 1º Batalhão de Infantaria das FDTL, mais uma vez presidida pelo Sr. Sérgio V. Melo e perante entidades civis e militares. Foi o culminar do longo processo de quase um ano, vivido em Timor Lorosae, que significa em tetum "Sol Nascente", território com características geográficas muito particulares, pois tem um relevo de declives muito acentuados, com linhas de água muito particulares e profundas, em que no espaço de 100m se sobe outro tanto (o ponto mais alto do território tem 3000m de altitude monte Ramelau, que chegou a ser no passado o ponto mais alto de Portugal), sendo de muito difícil progressão apeada e impossível em viatura, fora dos itinerários, os quais se encontram muito degradados (para fazer a viagem de Dili para Aileu, demorava-se cerca de hora e meia em curvas e contra curvas). Pode-se dizer em termos Instrução de Topografia de comparação, que Timor é como a Serra do Marão no meio do oceano. Em relação ao clima, as duas estações do de Junho, com a cerimónia de graduação dos primeiros ano (estação seca e estação das chuvas), oferecem-nos Oficiais e Sargentos das FDTL, perante o Sr. Sérgio Vieira temperaturas que vão até aos 40º com 98% de humidade, de Melo, Representante Especial do Secretário Geral das o que aliado a deficientes condições sanitárias, favorece o Nações Unidas, autoridade máxima no território e na aparecimento de doenças tropicais, como a malária e o presença de centenas de convidados civis e militares. Logo na semana seguinte, iniciou-se uma Escola Preparatória de Quadros e durante 3 semanas, foram ministradas instruções de Métodos de Instrução, Liderança Militar e Prática Pedagógica, de modo a preparar convenientemente os Oficiais e Sargentos das FDTL que iriam ser os instrutores das praças do 1º Batalhão. Em meados de Julho foi feita a mudança para o novo centro de instrução em Metinaro (posteriormente baptizado de Centro de Instrução das FDTL - Comandante Nicolau Lobato) junto ao litoral a cerca de 30 Km de Dili, construído pela Austrália ao abrigo dos acordos de Novembro de 2000. Embora estivessem ainda a decorrer as obras, o que causou grande transtorno, sobretudo devido à enorme quantidade de terra que andava solta pelo ar e teimava em entranhar-se em tudo, iniciou-se em finais de Julho a instrução dos 400 recrutas do CFP na especialidade 031I Construção da pista de 200 metros Atirador, organizados em duas companhias de instrução a cinco pelotões sob o comando de dois Capitães e com cinco Tenentes e vinte 1º Sargentos das FDTL. Dengue. Foi excelente poder trabalhar com os militares Nesta fase, a tarefa dos instrutores portugueses foi a de timorenses, especialmente com os antigos comandantes acessorar os instrutores timorenses, acompanhando a das FALINTIL, homens com uma média de idades acima preparação das instruções, o desenrolar das mesmas, dos 40 anos, os quais depois de terem sacrificado os organizando os circuitos de avaliação, as provas físicas e melhores anos das suas vidas a combater nas montanhas, um exercício de patrulhas na fase final do curso. Foram Por tudo isto, a experiência vivida foi muito gratificante, tanto em termos profissionais como, principalmente, em termos humanos, pois não é todos os dias que se tem a possibilidade de assistir ao nascimento de algo e no qual tivemos um papel fundamental e que ficará para sempre na nossa memória. Pista de Cordas em precárias condições, pela independência do seu país, ainda se submeteram com grande disciplina e abnegação a uma dura prova que foi a instrução de Infantaria. Ao assistir a esta enorme prova de dedicação, empenhamento e sentido do dever, por parte dos soldados das Forças de Defesa de Timor Lorosae não pude deixar de comparar esta situação com outra experiência que tive em 1994 em Moçambique, na instrução das Forças Especiais das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, durante a qual tínhamos que agir com uma disciplina muito rigorosa, aplicando sistematicamente o exercício físico, para conseguir levar os instruendos a executarem as tarefas que lhes eram exigidas. 1SAR Inf Paulo Carlos da Costa Vieira Gomes do 18ºCFS, desempenha funções de instrutor na SIM. Esteve colocado no RCMDS, CIOE e BST. Participou na formação das Forças Especiais das FADMMoçambique 1994, participou na FORREG Guiné Senegal 1998, integrou o Destacamento de Operações Especiais KFOR 1999, participou na formação dos Quadros das FDTL Timor2001. Detém no seu curriculum diversos cursos dos que se destacam, o Curso de Comandos, Operações Especiais, Páraquedismo, Patrulhas de Longo Raio de Acção e Transmissões de Infantaria. arques, lda. RUA CARREIRA DO GADO, 20 - LAGOA PARCEIRA - 2500 - 286 - CALDAS DA RAINHA TELF: 262 841 005 262 844 385 TELM: 919 830 616 FAX: 262 844 385 E-Mail:a.x.marques.@mail. telepac.pt 31 Um olhar pela Bósnia INTRODUÇAO O presente documento é o fruto da minha vivência pessoal e experiência adquirida em duas missões no terrirório da Bósnia Herzegovina. Sem pretender ser demasiado exaustivo pretendo apenas dar um pouco mais a conhecer sobre um conflito já infelizmente famoso. O cariz demasiado técnico dos livros e manuais existentes nem sempre conseguem, transmitir os sentimentos e ressentimentos existentes entre os povos daquela região. Isto vem normalmente impedindo os militares de agir correctamente quando chamados a interagir com os "locais", pelo desconhecimento do passado da região e hábitos socioculturais. Assim, e de um modo muito pessoal, tento aqui transmitir a minha experiência e conhecimento adquiridos, ao longo de 12 meses, resultantes do contacto com as pessoas desta região dos Balcãs. Esta minha missão foi uma experiência inesquecível para o futuro. Nunca será suficiente o tempo de permanência neste território para escrever um artigo sobre pessoas que conheceram, num passado recente, os horrores de uma guerra. Justa ou injusta quem nos poderá responder? Que estão a tentar despertar de um pesadelo recente, que vêem uma "luz ao fundo do túnel", e que partilham o diaa-dia com pessoas que lhes são estranhas, que vieram de todo o mundo e que de uma forma ou de outra os tentam ajudar. CARACTERIZAÇÃO HERZEGOVINA (BiH) GERAL DA BÓSNIA- A antiga República Federal da Jugoslávia (RFJ), era formada por seis Repúblicas: Sérvia (Srbija), Croácia (Hrvatska), Bósnia-Herzegovina (Bósnia e Heregovina), Montenegro (Crna Gora), Eslovénia e Macedónia (Makedonica). A Sérvia incluía duas províncias autónomas: Kosovo e Voivodina . Tinha 255 804 Km2 de superfície (cerca de 3 vezes mais que Portugal) e fazia fronteira com : Itália, Áustria, Hungria, Roménia, Bulgária, Grécia e Albânia. A parte Sudoeste era banhada pelo mar Adriático. 32 A BiH tem fronteira a Norte e a Oeste com a Croácia, a Leste com a Sérvia e a Sudoeste com o Montenegro (as duas repúblicas da RFJ). É fundamentalmente um território continental, já que apenas possui 20Km na costa adriática, sem portos. Trata-se de um país montanhoso, com altitudes acima dos 2000m e com zonas climáticas distintas : a mediterrânica a sul e a continental a Norte. A rede hidrográfica é constituída por mais de 1000 rios e ribeiros, sendo os mais importantes o Sava e o Neretva. Além da capital SARAJEVO, as cidades mais importantes são BANJA-LUKA, MOSTAR, TUZLA e ZENICA. A população ronda actualmente os cerca de 3,5 milhões de habitantes. É na sua maioria de origem muçulmana (44%), seguida por sérvios (31,4%) e por croatas (17%), encontrando-se a maior parte dos sérvios e croatas nas proximidades dos rios e vales férteis. As principais religiões são : A muçulmana no território bósnio (cerca de 12%); A católica na Herzegovina (território croata da BiH cerca de 32%); A ortodoxa grega, no território sérvio da BiH (41%); O idioma mais falado é o servo-croata. AS FORÇAS ARMADAS DA BiH A complexidade étnica, religiosa e institucional estendese também ás Forças Armadas . Para além do Exército da federação Croato-Muçulmana (VFBiH), Sérvios, Croatas e Muçulmanos, possuem o seu próprio Exército, respectivamente VRS, HVO e AbiH. Distintivos das Forças Armadas da BiH ANTECEDENTES HISTÓRICOS A unidade Jugoslávia, formada após a 2ª Guerra Mundial com a junção das seis repúblicas, atrás referidas, e liderada pelo Marechal Tito, desagregou-se com a morte deste, tendo-se dado o reaparecimento dos nacionalismos e o emprego de ódios étnicos e religiosos até então controlados. É neste contexto que no caso da BiH, se deu origem a uma violenta guerra civil. INTERVENÇÃO INTERNACIONAL A União Europeia foi, naturalmente, a primeira entidade internacional a tentar resolver o conflito. Seguiu-se o envolvimento de outras organizações, designadamente a ONU, a UEO e a NATO. Dado que o conflito prosseguia e resistia ás diversas negociações politico-diplomáticas, a ONU impôs várias medidas e sanções, solicitando para tal o apoio da NATO. Neste âmbito merecem especial referência : A Operação "SHARP GUARD" visou o embargo á exJugoslávia e á Sérvia- Montenegro. A Operação "DENY FLY" impor a proibição de voos militares sobre a BiH . A Operação "DELIBERATI FORCE" lançada em SET95, teve por principais objectivos levantar o cerco a SARAJEVO, obrigando os sérvios- bósnios a retirar as suas armas pesadas e procurando destruir a sua capacidade ofensiva. A aviação da NATO bombardeou alvos militares (1º ataque da NATO á cidade de BANJA LUKA) tendo esta intervenção sido decisiva para a cedência dos sérvios bósnios, levando-os a participar nas negociações que conduziram ao relançamento do processo de paz. Sector Norte Sob o comando dos EUA com o QG em TUZLA; Sector Sudoeste Sob o comando do Reino Unido, com o QG em BAJA LUKA; Sector Sudeste Sob o comando da França, com o QG em MOSTAR. Nas actividades desenvolvidas pela IFOR, no contexto da sua missão de implementação da paz num território devastado por confrontos e dividido por ódios antigos e interesses antagónicos, assumiram especial importância as seguintes acções : O cumprimento integral das disposições de carácter militar do Acordo de Dayton; A demarcação da zona de separação (ZOS) e da linha de divisão inter-étnica (IEBL); A implementação da segurança e da liberdade de movimentos das populações; O estabelecimento da ligação “A união europeia foi, entre as autoridades civis, militares locais e as organizações naturalmente, a internacionais; O apoio ás organizações primeira entidade internacionais no cumprimento internacional a tentar das suas missões, nomeadamente as humanitárias; resolver o conflito” A desminagem do território. São desenvolvidas então várias acções que levam á assinatura dos Acordos de Dayton, acordo esse que previa a instalação de uma Força Multinacional responsável pela aplicação do Acordo. Esta foi designada por " Força de Implementação” (IFOR), e era composta por cerca de 60 mil homens, pertencentes a 15 países NATO e a 19 não-NATO. A IFOR foi sucessora da FORPRONU e o seu dispositivo foi instalado em todo o território da BiH, ocupando três sectores : Estas acções foram fundamentais para que a Região fosse pacificada e algumas delas continuaram a ser desenvolvidas no âmbito da força seguinte (SFOR). No desenvolvimento desta operação os principais riscos identificados foram os seguintes: Elevado número de minas disseminadas pelo terreno; Acções de hostilidade resultantes de disputas locais; Aumento da criminalidade; Acidentes de viação provocados pelo mau tempo e pelo terreno acidentado. AS MISSÕES DE PORTUGAL NA IFOR E NA SFOR Portugal participou na IFOR com um Batalhão Aerotransportado, com cerca de 900 homens da BAI, integrados na Brigada Italiana, no sector da Divisão Francesa. 33 Em 12DEC96, com a finalidade de evitar o reacender do conflito e, simultaneamente, promover a estabilização da paz, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, a constituição de uma nova Força Multinacional para a BiH, designada por "Força de Estabilização" (SFOR) que, sob o comando da NAT O ( au to ri da de do SACEUR-Supreme Allied Commander Europe), daria início á sua missão logo após o final do mandato da IFOR . F O R Ç A D E ESTABILIZAÇÂO (SFOR) A missão da SFOR consiste na manutenção da segurança do território, condição necessária para a consolidação e estabilização do processo de paz evitando através da dissuasão ou, se necessário, através da intervenção o reinicio das hostilidades A zona de actuação no Teatro de Operações foi sensivelmente a mesma que tivera a IFOR. 34 Portugal contribuiu com uma Unidade de Escalão Batalhão, tendo destacado, no início de 1997, um Batalhão de Infantaria Motorizado Reduzido, constituído por uma companhia de Comando e Serviços e duas companhias de atiradores, sendo reforçada com um pelotão de morteiros, num total de 330 homens. Em 15JUL98 o Agr ALFA da BLI, que, tinha como divisa "ADIVINHAR PERIGOS E EVITÁLOS" em que eu fazia parte como Sargento de Reabastecimento da CCS parte para a BiH, para integrar a SFOR. O comando da minha Companhia ficou sediado em Vitkovic, pequeno aglomerado populacional, perto de Gorazde, cidade muçulmana, onde estavam concentradas muitas organizações não governamentais (ONG) criadas com vista à ajuda humanitária. As mesmas desenvolviam mais as suas actividades em zonas muçulmanas, revelando-se muito escassa a sua actuação na parte Sérvia, limitando-se apenas a uma, sediada em Visegrad. A população de Gorazde, são pessoas cansadas da guerra que querem simplesmente entrar numa paz duradoura, como me foi bastantes vezes referido em conversas que mantive frequentemente com pessoas desta região, desde o simples transporte do lixo para a lixeira de Gorazde, (serviço efectuado pelo Sargento de Dia à CCS) onde contactei com pessoas famintas, desde o velho ao bebé e que matavam a sua fome quer com os “restos”, quer com a ajuda humanitária que o Batalhão fazia nessa zona. Em Vitkovic, as nossas tropas ocupavam um edifício que servia de escritório a uma das muitas fábricas aqui localizadas, estando também nesta posição os depósitos que forneciam o apoio logístico ao Batalhão, parte dos quais encontrando-se à minha responsabilidade. (Esta função exigiu muito de mim, quer pela responsabilidade, quer pela tecnicidade exigida, embora com a ajuda dos restantes camaradas, julgo ter conseguido levar o "barco a bom porto"). Foi de salientar o bom relacionamento existente quer entre os militares da CCS, quer com as pessoas das localidades circun-dantes, como por exemplo dos mu ni cí pi os sé rv io s de Rogatica, Visegrad, Cajnice, Rudo e Kopaci (áreas que se encontravam sob controlo da facção Sérvia bósnia, alinhando por uma corrente política da ala radical favorável ao Sr. Karadzic). Para este facto muito contribuiu a ajuda prestada a todos os níveis pelos militares portugueses a estas populações destroçadas pelos horrores da guerra, bem como a maneira cordial como tratávamos Sérvios e Muçulmanos sem distinção. O nosso Batalhão estava sob o comando operacional da Brigada italiana e tinha homens sediados em três localidades : Vitkovic, Rogatica (onde estava instalado o Comando do Batalhão, um Esquadrão de Cavalaria, e um Núcleo da CCS), cidade que faz parte da República Srspska e Sarajevo (local designado por “TITO BARRAK`s”, devido ser aqui que estava instalada a Academia Militar de TITO) e onde se encontrava um pequeno número de militares que faziam todos os reabastecimentos vindos de Portugal e que depois os distribuíam para as outras posições. Nos seis meses que aqui passei, convivi, diariamente com a miséria desta gente, pessoas como a pequena Emina (que eu vesti dos pés á cabeça), e que se atravessavam á frente do nosso UMM ou CHAIMITE a suplicar que lhes déssemos um mísero pudim ou iogurte, e que ao mesmo tempo sabiam sorrir e que me lembrou uma frase que me ensinaram desde miúdo "sorri, sorri sempre, porque mais triste que o teu sorriso triste é a tristeza de não saber sorrir", sorriso esse que eu gravei para sempre na minha memória, e que me faria voltar novamente a este território. Entretanto, á medida que o mandato da SFOR se aproximou do seu termo e apesar dos aspectos militares do acordo terem sido globalmente cumpridos (excepto a desm inag em) e face aos atra sos veri fica dos na componente civil (fixação de mais de 2 milhões de refugiados, e reconstrução de infra-estruturas básicas) tornou-se evidente que a ausência de uma força dissuasora poderia pôr em risco os esforços para a consolidação da paz. Assim, uma nova força designada "JOINT FORCE" substituiu a SFOR, sendo-lhe, por razões financeiras, atribuído o mesmo nome . A operação ”JOINT FORCE” passou a ser conduzida pela SFOR, sob autoridade do SACEUR e do Comando da SFOR (COMSFOR), a missão de acordo com aquele plano consiste em garantir uma presença militar contínua para: Prevenir o reacender das hostilidades; Estabilizar e consolidar a paz na BiH; Fornecer um largo apoio na implementação dos planos das instituições civis No âmbito desta nova força, Portugal contribuiu com o Agr Conj ALFA/BLI (1ª Força Conjunta de nível Batalhão Infantaria / Fuzileiros), mostrando assim toda a capacidade das nossas forças e continuando a honrar o nome de Portugal. A missão atribuída á Força Nacional Conjunta Destacada (FNCD) foi alterada para Reserva Operacional do COMSFOR, sendo consequentemente alargada a área de intervenção a todo o território da BiH. Nesta nova missão o Batalhão Português ficou instalado numa antiga fábrica, inserida num parque industrial na periferia de Visoko (cerca de 25 Km ao Norte de Sarajevo) sendo também partilhada por um Batalhão Logístico Grego. Fazendo eu parte deste Agrupamento, na função de Sargento de Pelotão de um pelotão de atiradores, executaram-se, numa primeira fase os movimentos de transporte (pelas estradas geladas da Bósnia) de todo o material existente nas antigas posições Vitkovic, Rogatica e Sarajevo para a nova posição, missão que apesar de complexa e difícil, os nossos homens, principalmente os condutores, transformaram com todo o seu zelo e profissionalismo num autêntico êxito; numa segunda fase os pelotões de atiradores integraram (reforçaram), forças de outros países, tais como os Ingleses, Canadianos e os EUA, executando reconhecimentos e patrulhamentos de presença, cuja maior frequência e número de meios empregues traduz aquilo que vulgarmente se designa por demonstração de força no sentido de dissuadir eventuais acções contrárias á manutenção do ambiente de estabilidade, finalidade principal do emprego das reservas operacionais. Estas tarefas foram sempre cumpridas pelos nossos homens com o maior zelo e profissionalismo, atributos reconhecidos ás nossas FND desde o primeiro dia que pisaram o solo dos Balcãs. Foi assim que eu e os meus homens, julgamos ter cumprido em CAMP MCGOVER (Base Americana, perto da cidade sérvia de Brcko), a missão que nos foi incumbida, “Levando a Carta a Garcia”. Esta minha nova experiência, vivida com outras forças militares, foi para mim muito gratificante, tanto em termos profissionais como humanos, e por outro lado, fiquei com a certeza "in loco", da destruição e das dificuldades de um país acabado de sair de uma guerra horrorosa. A missão da Reserva Operacional do COMSFOR continua actualmente a ser cabalmente cumprida pelas nossas FND, dando assim a Portugal o prestígio e o valor que merece. CONSIDERAÇÕES FINAIS DUMA EXPERIÊNCIA ACUMULADA Tendo em conta as experiências acumuladas nas duas missões, neste território dos Balcãs, julgo ser da maior utilidade o fornecimento do Manual de Operações de Apoio à Paz, da Escola Prática de Infantaria (que versa sobre este complexo assunto) às FND nomeadas para estas missões, para que possam orientar e treinar os seus homens de acordo com a missão que venham a desempenhar no Teatro de Operações (TO). Considero também importante que todos os elementos dessas FND tenham uma preparação linguística reforçada, nomea-damente ao nível do Inglês, e, se possível, também na l í n g u a l o c a l , aproveitando alguns elementos das NF com alguma facilidade nessa tarefa. Estas preparações devem incidir em todo o pessoal, pois, todo o pessoal atenta a necessidade de c o m u n i c a r , experimentou por vezes grandes dificuldades em fazê-lo. *Referências do Manual do Graduado Portugal / Agr Alfa/2000 O 1Sar Inf Manuel Afonso Martins Rodrigues do 20º CFS, desempenha funções de Instrutor na SIM, tendo já prestado serviço nas seguintes unidades: EPI, RI3, RIF e ESE. Detém no seu curriculum diversos cursos dos que se destacam: Curso de Sargento de Tiro (1993), Curso de Operações Irregulares (1993), Curso de Contra Vigilância (2000), e o Curso Elementar de Operações de Apoio à paz (2001). 35 Praças em Missão no Estrangeiro Após diálogo e partilha de informação de algumas praças da Companhia de Comando e Serviços da Escola de Sargentos do Exército, que participaram em missões na Bósnia, Kosovo e Timor, conclui-se que de uma forma geral o sentir e o relato das experiências são muito idênticos, ainda que com as diferenças próprias de cada missão. O objectivo que leva a partir é a descoberta, o conhecimento de outros países e para além disso a nobreza de participar em uma missão de interajuda e de luta pela manutenção da paz, sentindo-se, claro está, também incentivados com o aspecto remuneratório a que todos dão bastante importância. O porquê de participar prende-se com a oportunidade, a valorização pessoal, conhecer os limites e capacidades (pessoais e conjuntas) e testar o "eu" aprendendo a conhecer-se. As dificuldades encontradas são inerentes a cada missão e à sua localização, nomeadamente a adaptação ao clima, que se revela uma preocupação inicial, até pelos meios disponibilizados. No entanto, com a capacidade de improviso e adaptação, estes aspectos acabam por se tornar positivos, sobretudo quando se tem em conta as dificuldades sentidas por militares de outras nacionalidades. Consoante a função a desempenhar (socorrista, atirador, etc.) existem alturas em que há grande pressão de trabalho e outras em que os tempos mortos parecem “durar séculos”. Aspectos negativos a considerar são: a extensão do tempo da missão, alguns contingentes de outros países faziam troca de três em três meses para não haver desgaste dos homens e dar oportunidade a maior número de elementos de participar numa missão, proporcionando assim, maior experiência e conhecimento; a remuneração, quando comparada com a dos elementos da Polícia de Segurança Pública, se revela baixa, nomeadamente quando se corriam riscos iguais ou até superiores. O receio das minas e o respectivo efeito psicológico era tão ou mais efectivo quanto a possibilidade de um acidente dessa natureza poder acontecer; finalmente o perigo de picadas ou mordidas de animais. 36 “As dificuldades encontradas são inerentes a cada missão e à sua localização, nomeadamente a adaptação ao clima, que se revela uma preocupação inicial” Nos aspectos positivos importa realçar: a abertura a novos horizontes, novas culturas e o amadurecimento com a vida; conhecer e ter contacto directo com os despojos de guerra tal e qual como ela é, sem adquirir essa experiência ou conhecimento por terceiros, nomeadamente pelos meios de comunicação; o prazer de ajudar com o contributo pessoal não só ao nível nacional mas também ao nível humano. A questão familiar, sempre presente, depende da situação de cada camarada. Uns são pais, outros têm de apoiar a família, etc... As saudades são grandes quando se está por lá e é bom receber correspondência, muitas vezes funcionando como um tónico que anima e dá energia. O contacto familiar por carta ou telefone revela um sentimento de saudade reciproco, mas este contacto dá força para continuar nos momentos mais difíceis. "Há alturas em que um gajo passa a maior parte do dia a pensar na família!” “Aspectos negativos generalizados são a extensão do tempo de missão, alguns contingentes de outros países faziam troca de três em três meses para não haver desgaste dos homens” “As saudades são grandes quando se está por lá e é bom receber correspondência, muitas vezes funcionando como um tónico que anima e dá alegria” Profissionalmente é uma experiência única que só cada um consegue dar o devido valor. Como praças, ter feito uma ou mais missões tem um certo impacto, e é-se objecto da curiosidade de outros camaradas que fazem todo o tipo de perguntas. Agora, cá, é sempre com alguma nostalgia que se lembram os bons momentos e se tem a noção de que se aprendeu também com os maus momentos. O balanço final salda-se como muito positivo, agora é preciso aproveitar plenamente o dia a dia, enriquecidos com os valores adquiridos, sabendo viver com os maus momentos e sacrifícios e olhando em frente para se estar sempre pronto, com mais confiança, para as surpresas que o futuro a todos reserva. 1SAR Inf Para Orlando Alberto Afonso,do 19º CFS. desempenha funções como Sargento Auxiliar da CCS, tendo já prestado serviço nas seguintes Unidades: EMEL, EPI, BIMEC, ETAT, BST e ESE. Detém diversos cursos no seu curriculum dos quais se destacam: Curso de Páraquedismo, Curso de Operações Irregulares, Curso de Combate em Áreas Edificadas, Curso de Sargento de Tiro, Curso de Métodos de Instrução, Curso de Operações e Informações de Infantaria, Curso de Operações Aerotransportadas, Curso de Instrutores Anti-Carro. A não perder... FERRAGENS, FERRAMENTAS E MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO Sede: R. Cap. Mouzinho de Albuquerque, 107 - A Tel. 244 828 323 / Fax. 244 836 183 Filial 1: Avenida Heróis de Angola, 72 - com exposição Tel: 244 827 067 / 244 825 807 Filial 2: Rua da Maligueira - Gândara dos Olivais - com exposição Tel: 244 881 610 Apartado 3006 - 2401 - 903 LEIRIA 37 PATTON GENERAL DE COMBATE Patton desde muito cedo sonhou ser um herói, tendo para isso frequentado a Academia de West Point onde escolheu a arma de Cavalaria para poder imitar as cavalgadas gloriosas dos seus heróis. Ao eclodir a 1ª GM, Patton destacou-se em diversas batalhas com acções decisivas e tácticas arrojadas, mostrando grande iniciativa e dando o exemplo ao comandar na frente do combate. Denotava desde já, uma característica que o tornaria famoso, a forma carismática como comandava os seus homens, exigindo-lhes o máximo e forçando-os quase até ao limite, o que de resto também fazia consigo próprio. No início da 2ª Guerra Mundial e devido à forma como os Carros de Ccombate (CC) se revelaram importantes no sucesso das campanhas nazis, Patton foi incumbido de criar uma brigada de CC, tendo treinado os seus homens duramente chegando a mantê-los em exercícios de campo durante 17 semanas seguidas. Com a inclusão dos EUA na 2ª GM, Patton passou a ser temido pelos alemães (ao ponto de os alemães julgarem que o desembarque aliado seria onde ele estivesse!). Aquando do desembarque aliado na Normandia, Patton agora no comando do III Exército, virou a "Blitzkrieg" contra os alemães, percorrendo 963 km em duas semanas, arrasando divisões inteiras no seu caminho. Notabilizou-se novamente em diversas batalhas quer pelas acções individuais quer pelas acções do seu exército. Quando foi assinado o armistício, o seu exército de meio milhão de homens havia libertado ou conquistado 130842 km2 e causado 1443888 mortos no inimigo. Por defender abertamente que os alemães deveriam ser rearmados para lutarem contra a ameaça vermelha, foi destituído do seu comando. Em Dezembro de 1945, um dia antes do seu regresso aos EUA o seu carro foi abalroado por um camião tendo-lhe causado paralisia do pescoço para baixo. Morreu de uma embolia em 21 de Dezembro de 1945, tendo sido enterrado no Luxemburgo onde ainda é chamado de "O Libertador". Patton era tido como um chefe autocrático, rude, exigente consigo próprio e com os seus homens mas, ao mesmo tempo, era idolatrado por estes o que elevava extraordinariamente o moral e o espírito combativo o que, por vezes, era o suficiente para conquistar barreiras praticamente intransponíveis. Conseguiu realizar o seu sonho, ser um General e Herói. 38 "O objectivo da guerra não é morrer pelo nosso país, mas fazer o outro bastardo morrer pelo dele." “O objectivo da guerra não é morrer pelo nosso país, mas fazer o outro bastardo morrer pelo dele” 1Sar Aluno 620 Teixeira do 29º CFS. Este artigo foi efectuado no âmbito da disciplina de Comando e Chefia juntamente com os seguintes alunos: 587 Pires, 588 Frade, 600 Victória, 603 Calado; 605 Ferreira, 620 Teixeira Para a história No período compreendido entre Março de 2001 e Abril de 2002 decorreram na Escola de Sargentos do Exército inúmeras actividades as quais muito nos apraz divulgar. Este é o nosso pequeno contributo para as gerações vindouras, fazendo eco do trabalho realizado pelos militares e civis desta Escola, como garante que o seu esforço não foi em vão e não será esquecido. As Cerimónias Militares e Dias Festivos são um marco na vida das Unidades Militares, das quais a Escola de Sargentos do Exército não constitui excepção. Assim, o Dia da Escola, merece especial destaque, porque enquanto militares nos une em torno dos mais elevados ideais e tradições castrenses. A Abertura Solene do Ano Lectivo pode considerar-se como um catalisador em torno da nobre missão desta Escola, tão bem patenteada no nosso Grito: Somos Escola; Formamos Sargentos; Promovemos Sargentos; Servimos Portugal. Sem qualquer desprimor para outros eventos, merece ainda igual destaque a Ceia de Natal, pois, independentemente dos Credos ou Religiões por cada um praticados, a Ceia de Natal apela à camaradagem e solidariedade, sendo pela adesão que tem merecido, a mais viva prova de que as virtudes militares e humanas se encontram bem patentes em todos aqueles que servem nesta Escola. Visita de sua Exª o Secretário de Estado da Defesa Em 26ABR01 visitou a ESE Sua Exª o Secretário de Estado da Defesa Dr. Miranda Calha Dia da ESE Em 01JUN01 celebrou-se o Dia da Escola de Sargentos do Exército. 39 Encerramento do 11º CPSC Em 28JUN01 teve lugar a cerimónia de encerramento do 11º Curso de Promoção a Sargento Chefe Comandante da Instrução do Exército visita a ESE Em 03JUL01, no cumprimento do programa de visita às Unidades, visitou a Escola o Exmo Comandante da Instrução do Exército, TenGen Leonel de Carvalho Exércicios do Curso de Formação de Sargentos De 19JUL a 23JUL01 decorreram os Exercícios Finais do Curso de Formação de Sargentos "FINEX 2001” De 25JAN a 26JAN02 decorreram Exercícios de Campo de Fim de Módulo CFS "MELGA 2002” De 14FEV a 16FEV02 decorreram os Exercícios de Campo Final do 1º Semestre CFS "TEMPESTADE 2002” 40 Encerramento do 27º CFS Presidida pelo Exmo Comandante de Instrução do Exército, TenGen Leonel de Carvalho, realizou-se em 02OUT02 a cerimónia de Abertura Solene e encerramento do 27º CFS. Apresentação do Estandarte Nacional Em 12OUT02 realizou-se a Cerimónia de Apresentação do Curso de Formação de Sargentos ao Exº Cmdt e Apresentação da Bandeira Nacional ao 30º CFS Visitas à ESE de Delegações Estrangeiras De 14OUT a 19OUT01 visitou a ESE uma delegação da Escola de Sargentos Espanhola. De 10DEC a 13DEC01 visitou a ESE uma delegação da Escola de Sargentos Italiana 41 Visita de Sua Exª o Chefe do Estado Maior do Exército Em 14DEC01 visitou a ESE Sua Ex.ª o Chefe do Estado Maior do Exército, Gen José Manuel da Silva Viegas Convivios na ESE Em 24JAN02 realizou-se um Jantar convívio de Caça. Em 19DEC01 teve lugar o habitual corta-mato do Natal. Pormenor da distribuição de prémios. 42 Em Dezembro teve lugar nas instalações da ESE uma sessão de fados e guitarradas que contou com a participação de todos quantos se quiseram associar à efeméride e suas famílias. Encerramento do 12º CPSC Em 21DEC01 teve lugar a cerimónia de encerramento do 12º Curso de Promoção a Sargento Chefe O Comandante das Forças de Defesa de Timor Leste visita a ESE Em 31JAN02 visitou a Escola de Sargentos o Exmo Comandante das Forças de Defesa de Timor Leste Campeonato de Orientação do GML Organizado pela ESE, decorreu de 04MAR a 08MAR02 o Campeonato de Corrida e Orientação do Governo Militar de Lisboa. 43 Cerimónia de Abertura do 13º CPSC Teve início em 11MAR02 o13º Curso de Promoção a Sargento Chefe Visitas recebidas e Apoios Prestados A Escola de Sargentos do Exército, enquanto Unidade Territorial que se pretende perfeitamente integrada com a Sociedade Civil procura através das visitas guiadas e dos apoios prestados dinamizar as relações institucionais e dar a conhecer à população quem somos e o que fazemos. Este é o nosso modesto contributo para o bom relacionament o entre a Instituição Castrense e a Sociedade Portuguesa. A todos aqueles que nos visitaram o nosso bem haja. Visitas Escolas Em 05JUN01 o Agrupamento de Escolas do Avenal -Caldas da Rainha Em 21JUN01 a Escola Básica 2,3 Gaspar Campelo - Campelo Em 26JUN01 a Escola Básica 2,3 D. João II - Caldas da Rainha Em 05JUL01 a Escola Básica de Nª Senhora do Pópulo - Caldas da Rainha De 22 a 25OUT01 a Escola Padre Neto - Rio de Mouro Em 30NOV01 a Escola Secundária do Bombarral - Bombarral Em 06DEC01 a Escola Superior Tecnológica de Gestão Arte e Design Caldas da Rainha Em 15DEC01 o Infantário "O Brinquinho" - Caldas da Rainha Em 01FEV02 o Externato Cooperativo da Benedita - Benedita Em 22FEV02 a Escola Secundária Raul Proença - Caldas da Rainha Em 01MAR02 a Escola Secundária de Peniche - Peniche De 07 a 08MAR02 - Escola Básica Abade Correia - Serpa Em 22MAR02 - Escola Secundária de Pombal - Pombal 44 Associações e Ligas Culturais De 16 a 21JUL01- O Conservatório de Música de Caldas da Raínha Em 07SET01 a Sociedade de Instrução e Recreio "Os Pimpões” Associações Eclesiásticas e Escuteiros Em 05OUT01- a Paróquia de Nª Senhora do Amparo De 14 a 16DEC01 o CNE Agrupamento da Lourinhã De 09 a 10FEV02 a Paróquia de Nª Senhora do Amparo Associações/Ligas desportivas De 15 a 17JUN01 a Associação Portuguesa de Surdos (III Campeonato de Futebol de 5) De 03 a 04NOV01 a Associação Nacional de Kempo De 23 a 24FEV02 a Associação Nacional de Kempo Associações de cariz Militar Em 09JUN01 o Almoço de Confraternização do 1º Curso de Formação de Sargentos Em 06OUT01 o Almoço do Batalhão de Artilharia 3859 Em 21OUT01 o Almoço da Liga dos Combatentes Núcleo de Caldas da Raínha Outras Instituições De 05 a 07JUL01 o Clube Internacional do Livro De 26JUL a 06AGO01- o Rancho Folclórico de Reguengo da Parada De 03 a 07AGO01 o Rancho Folclórico e Etnográfico de Alvorninha De 18 a 24AGO01 a Banda Italiana "Stafallo” Quadros Resumo Instalações Refeições 45 Visita de D. Januário Torgal Mendes Ferreira Em 20JUN01 e 12ABR02 a ESE recebeu a Visita de Sua Ex.ª Reverendíssima D. Januário Torgal Mendes Ferreira, Bispo das Forças Armadas e de Segurança, tendo deixado a seguinte mensagem: “A minha visita à Escola de Sargentos do Exército, durante a manhã de 12 de Abril, traduz o meu desejo de estar próximo, na liberdade e comunhão solidária, e a todos propor uma visão cultural da vida, a qual exige justiça para que a Paz seja um clima normal. Porque se trata de uma Escola tão importante em ordem à preparação de pessoas e de funções bem significativas, o tomar parte na vida desta comunidade militar é ter a honra de, mais uma vez, ser acolhido como alguém da Família. É esta a camaradagem que me convida a ir ter com todos!” Lisboa, 12 de Abril de 2002 D. Januário Torgal Mendes Ferreira Bispo das Forças Armadas e de Segurança LOURIPAPEL SOCIEDADE DE PAPELARIAS, LDA. Artigos de Papelaria, Escritório e Desenho Papeis de Escrita e Fotocópias Consumiveis de Informática Carimbos - Tipografia Offset - Encadernação Artigos de Higiene e Limpeza 46 LOJA: PRAÇA MARQUÊS DE POMBAL, 10 2530 - 127 LOURINHÃ * TELF: 264 411 430 ESCRITÓRIO E ARMAZÉM: RUA DOS SARGAÇALINHOS - 2530 - 052 ATALAIA DE CIMA LOURINHÃ * TELEF: 261 419 161 FAX: 161 419 162 ESCUDO escudo, em letras de negro, maiúsculos, de estilo elzevir, "VONTADE E SABER". chevronado de dez peças de verde e de oiro. SIMBOLOGIA E ALUSÃO DAS PEÇAS ELMO militar, de prata, forrado de vermelho, a três quartos para a dextra. O CHEVRONADO, evocando as insígnias do Sargento, é simbolo do aluno da Escola onde é formada esta classe, elo fundamental da estrutura do Exército. CORREIA de vermelho perfilada de oiro. PAQUIFE E VIROL de verde e de oiro. Em timbre duas ALABARDAS - "A sua arma he huma alabarda e lhe serve de insígnia" lêse na clássica MILÍCIA PRÁTICA ao referirse ao posto de Sargento - e a LUCERNA bilume a invocar a dupla formação - básica e de aperfeiçoamento - que constitui a missão desta Escola. TIMBRE: Duas alabardas de oiro passadas em aspa, atadas de verde, sustentando uma lucerna com dois bicos flamejantes, do primeiro. DIVISA: Num listel de branco, ondulado sotoposto ao OS ESMALTES SIGNIFICAM: O OIRO a constância no esforço essencial à obtenção da sabedoria. O VERDE o entusiasmo da juventude do candidato e a esperança no prosseguimento da carreira.