Conceitos de multidisciplinaridade,
transdisciplinaridade e
interdisciplinaridade
Anita Liberalesso Neri
Gerontologia Unicamp
Maio 2007
[email protected]
Nova cartografia das ciências
 Ciências de fronteira: Novas disciplinas
constituídas nas interfaces de duas disciplinas
tradicionais. Exs: Bioquímica, Biofísica,
Geofisica, Biomatemática, Biodemografia,
Neuropsicologia, Psicolinguística, Engenharia
Genética
 Interciências: Novas disciplinas constituídas pela
contribuição de várias outras. Exs: Ecologia,
Ciências cognitivas, Cibernética.
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Inter, multi e transdisciplinaridade
Implicam em esforços de
pesquisa que envolvem
investigadores
provenientes de várias
disciplinas, cada uma
com os próprios objeto,
paradigmas, teorias,
metodologias e
linguagens.
Corresponderiam às mesmas
formas de fazer ciência?
Pesquisa multidisciplinar
Esforços coordenados de várias disciplinas para
alcançar um objetivo comum.
Pesquisadores de diferentes disciplinas colaboram e
compartilham resultados.
As contribuições das várias disciplinas são
complementares, não integrativas.
Não há integração de conceitos, epistemologias e
metodologias.
A integração entre as disciplinas é restrita ao
compartilhar dos resultados das pesquisas.
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Pesquisa transdisciplinar
Mais foco nos desafios de sociedades
complexas do que nos da pesquisa acadêmica.
Integração de fontes científicas e nãocientíficas.
A meta é desenvolver compreensão ou
soluções novas para um problema.
Geração de um novo quadro de referência que
integra e ultrapassa as perspectivas
disciplinares.
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Pesquisa interdisciplinar
Os pesquisadores trabalham
juntos, cada um em sua
perspectiva disciplinar, mas fazem
intercâmbio de conceitos e de
metodologias.
Combinação de métodos e
conceitos de várias disciplinas.
Integração de várias disciplinas e
criação de um produto unificado
com potencial para, no futuro, dar
origem a um novo paradigma ou a
uma nova disciplina.
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Na vida real
“ A interdisciplinaridade é uma decorrência
natural da pesquisa relevante e de
qualidade, não uma causa ou uma
condição” (S. Schwartzman, 2007).
 A multi, a inter e a transdisciplinaridade
existem sobretudo na prática.
 Dependem de sólida formação disciplinar.
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Perfis de fragilidade em idosos
brasileiros
Pesquisa multicêntrica e
interdisciplinar com idosos recrutados
na comunidade
Rede FIBRA
Fragilidade
Síndrome de declínio de energia que
ocorre em espiral e que é baseada num
tripé de alterações relacionadas ao
envelhecimento
 Sarcopenia
 Desregulação
neuroendócrina
 Disfunção imunológica
Linda Fried (2003)
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Trajetória molecular
Variações gênicas expressas em estresse oxidativo,
perdas mitocondriais, encurtamento de telômeros,
danos ao DNA e envelhecimento celular, em
interação recíproca com doenças inflamatórias e
desregulação neuroendócrina  sarcopenia,
osteopenia, declínio da função imunológica,
déficits cognitivos, antecedentes de anorexia,
problemas hematológicos e no metabolismo da
glicose.
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Trajetória fisiológica
Redução de energia
Aumento da dependência
Maior susceptibilidade a agressores
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Trajetória clínica
Lentidão
Debilidade
Perda de peso
Baixo nível de atividade
Fadiga
Seu diagnóstico não se baseia numa queixa
principal. Presença sutil e assintomática.
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Pressupostos
Fragilidade como condição multifatorial, histórica,
associada a variáveis genético-biológicas e sócioculturais
Variabilidade na expressão da fragilidade
Os indivíduos não são passivos frente às perdas da
velhice e à fragilidade
Estilos de vida, redes de suporte e recursos
pessoais influenciam as manifestações de
fragilidade e seus efeitos
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Hipóteses
Existem diferentes perfis de fragilidade, perfis esses
associados a combinações entre condições de gênero,
idade, renda, escolaridade, status conjugal,saúde e de
funcionalidade física e mental.
Variáveis subjetivas sensíveis a gênero, idade, renda e
escolaridade moderam a relação entre fragilidade
biológica e a funcionalidade física e mental.
Há diferenças nas relações entre fragilidade biológica,
saúde, funcionalidade e bem-estar subjetivo em grupos
com diferentes níveis de bem-estar social.
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Objetivos
1)Determinar a prevalência e investigar as
características da síndrome de fragilidade em
mulheres e homens idosos com 65 anos ou mais,
residentes na comunidade, em diferentes regiões
geográficas do Brasil, com diferentes níveis de
renda e escolaridade, diferentes estados conjugais e
tipos de arranjos domiciliares.
2) Analisar indicadores clínicos e auto-relatos de
saúde, funcionalidade física e mental, marcadores
biológicos de doenças e bem-estar subjetivo.
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3)Verificar relações conjuntas entre as variáveis
indicadoras da síndrome de fragilidade e
variáveis de natureza sócio-demográfica,
variáveis indicadoras de saúde e funcionalidade
física e mental, marcadores biológicos de doenças
e qualidade de vida percebida, relações essas
indicadas por conglomerados das variáveis
consideradas.
4) Estabelecer perfis de risco de fragilidade
tomando-se como base esses conglomerados.
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5) Comparar diferentes grupos,
caracterizados por diferentes Índices de
Desenvolvimento Humano quanto aos
perfis de risco para fragilidade.
6) Validar medidas diagnósticas de
fragilidade para uso na atenção primária
em saúde na velhice.
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Participantes
7. 983 idosos recrutados na comunidade
65 anos e mais
Amostra casualizada por quotas em duas fases
20 cidades das regiões Norte, Nordeste, Sudeste,
Sul e Centro-Oeste
Diferentes e contrastantes IDHs municipais
Belém, Parnaíba, Fortaleza, Santa Cruz, Recife, João
Pessoa, Aracaju, Rio de Janeiro – Zona Norte, Juiz de
Fora, Belo Horizonte, Butantã e Ermelino Matarazzo em
São Paulo, Amparo, Ribeirão Preto, São José do Rio
Preto, Concórdia, Ivoti e Cuiabá
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Variáveis sócio-demográficas
gênero,
idade,
etnia,
renda,
chefia familiar,
escolaridade,
status conjugal,
tipo de arranjo domiciliar,
origem rural ou urbana,
tempo de residência na região,
ocupação atual e anterior
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Variáveis antropométricas
peso,
altura,
IMC,
circunferência de cintura e de
quadril.
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Variável clínica
pressão arterial
Marcadores biológicos
apolipoproteína E
colesterol e frações,
triglicérides,
glicemia,
hemograma
proteína C reativa
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Saúde física auto-relatada
1)Número de doenças
2)Número de internações hospitalares no último ano
3)Número de visitas ao médico no último ano
4)Ter recebido visita de algum profissional de saúde,
em domicilio, no último ano
5)Ter passado acamado mais de 14 dias no último
ano.
6)Número de quedas no último ano, segundo autorelato
7) Número de fraturas no último ano
8)Dispor de um cuidador informal se precisar
9) Incontinência urinária ou fecal auto-relatada
10) Qualidade do sono
11) Dificuldade visual
12)Dificuldade auditiva
13) Dor
14) Etilismo
15)Tabagismo
16) Saúde bucal
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Capacidade funcional auto-relatada
1) AAVDs (atividades avançadas de vida diária)
2) Ajuda necessária para realizar AVDs e AIVDs
3) Nível de atividade física habitual
4) Status mental (teste de desempenho)
5) Problemas de memória episódica ou confusão
mental
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Bem-estar subjetivo
1)Satisfação global com a vida. Individual e
comparada a outros da mesma idade
2) Satisfação referenciada a domínios e a
comparação social
 Saúde física

Saúde bucal
 Memória para lembrar as coisas do dia-a-dia
 Capacidades para fazer e resolver as coisas do dia-a-dia
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









Amizades
Ajuda que recebe das outras pessoas para cuidar das
coisas do dia-a-dia
Cuidados que recebe dos outros para cuidar da saúde
Atenção e carinho que recebe das pessoas com quem
convive
Condições do ambiente físico (clima, atrativos,poluição)
Condições da moradia
Acesso aos serviços de saúde
Meios de transporte
Segurança no domicilio
Segurança nas ruas
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Fenótipo de fragilidade
1) Perda de peso não intencional, conforme
auto-relato
2) Fadiga avaliada por auto-relato
3) Força de preensão manual
4) Nível de atividade física avaliado por autorelato
5) Velocidade da marcha
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Rede FIBRA
Médicos
Enfermeiras
Fisioterapeutas
Geneticistas
Dentistas
Fonoaudiólogas
Psicólogos
Sociólogos
Antropólogos
Estatísticos
Demógrafos
UNICAMP: FCM, FE e FOP
USP RP: Faculdade de Medicina
UFMG: Depto. de Fisioterapia
UERJ: Depto. de Psiquiatria
APOIO: CNPq
Edital 17/2006
A interdisciplinaridade é
uma decorrência natural
de pesquisa relevante
e de qualidade,
não uma causa
ou uma condição”
(S. Schwartzman, 2007).
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A atração exercida pela ciência não é
explicação suficiente
para a decisão de estabelecer um novo campo.
Igualmente importantes são a força da personalidade
dos indivíduos envolvidos,
sua disposição de assumir riscos,
sua capacidade de capturar apoio
e atenção públicos,
sua capacidade de trabalhar
em grupos interdisciplinares, e finalmente,
a disponibilidade de fundos externos
em apoio a novos enfoques de pesquisa.
(Bass e Ferraro, 2000)
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