Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias Disciplina: Métodos de Purificação e Análise de Proteínas Síntese Proteica e Modificações Pós-traducionais Prof. Dr. Marcos Túlio Oliveira Estagiária: Flávia Campos Freitas Vieira Dogma Central da Biologia Molecular A importância da síntese de proteínas • As proteínas são os produtos finais da maioria das vias de informação. • Componentes e mecanismos utilizados pela maquinaria de síntese proteica são bem conservados em todas as formas de vida, de bactérias a eucariotos. • É o mais complexo processo de biossíntese que envolve ao todo quase 300 macromoléculas diferentes, quase todas dentro do ribossomo. • Chega a consumir 90% do total de energia utilizada por uma célula para reações biossintéticas. • Apesar da complexidade podem produzir proteínas de forma rápida. • Ex: um polipeptídeo de 100 resíduos é sintetizado em 5 seg em uma célula de E. coli (a 37ºC). • Os processos de endereçamento e degradação devem estar sincronizados com o de síntese. O código genético • A informação genética contida no DNA é transmitida para o mRNA pelo processo de transcrição. • O processo geral da síntese proteica dirigida por um mRNA é chamado de tradução. Propriedades do código genético Os aminoácidos são formados a partir de códons A, G, U, C 4¹ = 4 4² = 16 4³ = 64 Os códons são lidos de maneira sucessiva e sem sobreposição • Os códons não compartilham nucleotídeos. Um primeiro códon específico na sequência estabelece a fase de leitura • Todo mRNA tem três fases de leitura possíveis. • Os códons e, consequentemente, os aminoácidos codificados, são diferentes em cada fase de leitura. • Apenas uma fase codifica uma dada proteína. O código genético é degenerado e universal • Um aminoácido pode ser codificado por mais de um códon. • A degeneração não é uniforme. • Os códons dos aminoácidos são idênticos em quase todas as espécies estudadas. Tradução do código genético A decifração do código genético é tida como uma das mais importantes descobertas científicas do século XX. Tradução do código genético Existem códons com funções especiais • Códon de iniciação: AUG Met • Códons de parada: UAA UAG UGA Não codificam nenhum aminoácido Fase de leitura aberta (ORF) • É uma fase de leitura sem um códon de parada entre 50 ou mais códons. • Longas ORFs geralmente correspondem a genes que codificam a proteínas. • Ex: proteína de 60 kDa 500 códons ou mais A terceira base de um códon é oscilante • O tRNA possui três bases (anticódon) que pareiam com o códon no mRNA. As duas primeiras letras de um códon são determinantes primários da especificidade. A terceira letra é oscilante. Pareia de forma frouxa e permite rápida dissociação entre o tRNA e seu códon. O código genético é resistente a mutações • O código é extremamente resistente aos efeitos deletérios dos tipos mais comuns de mutações. • Mutações sem sentido (missense): – Mutações silenciosas; – Mutações de transição. • G≡C A=T; • GUU (Val) CUU (Leu) AUU (Ile). Síntese Proteica 1. Ativação de precursores 2. Iniciação 3. Alongamento 4. Terminação 5. Processamento pós-sintético Estágios da Síntese Proteica 4 Componentes necessários para a síntese proteica em E. coli Componentes-chave na biossíntese de proteínas tRNA ribossomos Ribossomos • Bacterianos 65% rRNA + 35% proteína • Constituídos por no mínimo uma grande subunidade de rRNA + proteínas ribossomais. • As proteínas são elementos secundários. Ribossomo bacteriano Ribossomos • O ribossomo é uma ribozima. • As duas subunidades de rRNA, encaixam-se formando uma fenda para o mRNA. Ribossomos • A estrutura do rRNAs que compõe os ribossomos são altamente conservados em todos organismos. • Os ribossomos de mitocôndrias e cloroplastos são um pouco menores do que os de bactérias. RNA transportador • São compostos por uma única fita de RNA dobrada em uma estrutura tridimensional precisa. • Existe pelo menos um tRNA para cada aminoácido (no mínimo 32). RNA transportador Braço do aminoácido Braço D Braço TΨC Braço do anticódon Síntese Proteica: Estágio 1 Síntese Proteica: Estágio 1 • Ocorre no citoplasma. • Enzimas que esterificam os aminoácidos aos seus respectivos tRNAs aminoacil-tRNA-sintases. • Cada enzima é específica para um aminoácido ou um ou mais tRNAs correspondentes. • Reação irreversível. aminoácido + tRNA + ATP Mg2+ aminoacil-tRNA + AMP + PPi • A aminoacilação do tRNA: – Ativa um aminoácido para a formação de uma ligação peptídica; – Garante o posicionamento apropriado do aminoácido no polipeptídeo (essencial para a fidelidade da síntese proteica). • A taxa de erro da síntese proteica é ± 1 erro para cada 104 aminoácidos incorporados. • As proteínas defeituosas são degradadas erro interrompido. Aminoacil-tRNAsintase. Asp-tRNA-sintase de levedura, típica sintase dimérica. • O grau de fidelidade garante poucos erros e utilização da energia gasta. • A quantidade de proteínas corretas compensa as erradas. Síntese Proteica: Estágio 2 • A síntese é feita na direção: Aminoterminal (5’) carboxiterminal (3’) Estágio 2 • Dois tRNAs para o códon AUG. • Em bactérias, cloroplastos e mitocôndrias: – Um para iniciar a síntese: N-formilmetionina (tRNAfMet); – Outro para a tradução da met em posições internas (tRNAMet). • Em eucariotos: – Existem dois tRNAMet . • Como pode um único códon determinar qual tRNA será inserido? Estágio 2 – A iniciação Estágio 2 – A iniciação em Procariotos Sequência Shine-Dalgarno Sinal de iniciação que pareia com a extremidade 3’ do rRNA 16S. O (5’) AUG específico no qual o fMet-tRNA deve se ligar é distinguido dos outros códons de metionina pela sua proximidade à sequência Shine-Dalgarno no mRNA. Estágio 2 – A iniciação em Eucariotos elF3 Subunidade ribossomal 60S -80S Estágio 3 – O Alongamento Composto por 3 etapas Estágio 3 Etapa 1 – Ligação de um aminoacil-tRNA Estágio 3 Etapa 2 – Formação da primeira ligação peptídica Estágio 3 Etapa 3 - Translocação Síntese Proteica: Estágio 4 Estágio 4 – A terminação • Os fatores de terminação contribuem: – Hidrólise da ligação peptidil-tRNA terminal; – Liberação do polipeptídeo e do último tRNA; – Dissociação do ribossomo e reciclagem. • RF-1 UAG e UAA • RF-2 UGA e UAA Estágio 4 Polissomos • É um conjunto de ribossomos adjacentes em uma molécula de mRNA que está sendo traduzida simultaneamente. • Eucariotos e procariotos. Síntese Proteica: Estágio 5 Estágio 5 – Enovelamento e Processamento • Algumas proteínas recém-sintetizadas não adquirem sua conformação final biologicamente ativa até que sofram modificações pós-traducionais. Modificações Aminoterminais e Carboxiterminais Resíduos como N-formilmetionina (bactérias) e metionina (eucariotos) podem ser removidos para a formação da proteína funcional. Perda das sequências sinalizadoras Sequências sinalizadoras são removidas no final por peptidases específicas. Modificações de aminoácidos individuais Aminoácidos fosforilados Aminoácidos metilados Aminoácidos carboxilados Ex: caseína do leite Ex: prototrombina Ex: proteínas musculares Modificações em Histonas Histonas podem ter modificações N-terminais feitas por uma variedade de pequenas moléculas (grupos acetil, metil ou fosfato). • Acetilação associados com regiões no cromossomo de transcrição ativa. • Desacetilação associados com regiões na cromatina de transcrição reprimida. • Metilação associado com ativação ou repressão da cromatina, dependendo do aminoácido modificado. • Fosforilação associada com as cromatinas altamente condensadas de cromossomos mitóticos. Ligação de cadeias laterais de carboidratos Cadeias laterais de carboidratos de glicoproteínas são ligadas covalentemente durante ou após a síntese. Como proteínas extracelulares, proteoglicanos. Formação de pontes dissulfeto Algumas proteínas formam pontes dissulfeto entre resíduos de Cys (cisteína). Comuns em proteínas secretadas. Ajudam a proteger a conformação nativa no meio extracelular. Adição de grupos prostéticos Muitas proteínas exigem a ligação de grupos prostéticos, para sua atividade. Inibição da síntese por antibióticos e toxinas • A síntese proteica é o alvo de muitos antibióticos e toxinas naturais. • Diferenciação entre os processos de procariotos e eucariotos. Cloranfenicol Bloqueia a atividade peptidil-transferase em bactérias, mitocôndrias e cloroplastos Ricina Inativa a subunidade 60S dos ribossomos eucarióticos Tetraciclinas Bloqueiam o sítio A do ribossomo Cicloeximida Bloqueia a peptidil-transferase em eucariotos Estreptomicina Leitura errada do código genético. Inibe a iniciação Puromicina Streptomyces alboniger. Se liga ao sítio A do ribossomo. Endereçamento e degradação proteica Endereçamento proteico Cloroplastos • Sequência sinal ou peptídeo sinal sequência curta de aminoácidos que direciona a proteína para o seu local apropriado na célula. • Nas proteínas que vão para o RE, mitocôndrias ou cloroplastos, a sequência sinal está localizada na porção aminoterminal. Endereçamento de proteínas em eucariotos Endereçamento de proteínas em eucariotos • No lúmem do RE, as proteínas recém-sintetizadas sofrem modificações (enovelamento, pontes dissulfeto, glicosilação, etc). • As proteínas são transportadas para o aparelho de Golgi, para depois serem selecionadas e enviadas para seu destino final. Endereçamento de proteínas em procariotos Degradação de proteínas • Evita o acúmulo de proteínas anormais ou não desejáveis; • Permite a reciclagem dos aminoácidos. • Eucariotos: ubiquitina – ligada a proteínas que vão ser degradadas por meio de uma via de ATP no complexo proteossomo. Referências • Nelson, D. L., Cox, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. Capítulo 27. Porto Alegre: Artmed, 2014. • Watson, J. D., Baker, T. A., Bell, S. P., Gann, A., Levine, M., Losick, R. Molecular Biology of the Gene. 5ª ed., US, 2004. Dúvidas? Perguntas? Comentários? Tradução https://www.youtube.com/watch?v=DcCnmPeutP 4 Síntese Proteica https://www.youtube.com/watch?v=RqXhHqGIiY Modificação Proteica https://www.youtube.com/watch?v=Cy5gCjctps4