Ribeiro, O. (2011 [1945]), Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Estudo Geográfico, Letra Livre, Lisboa, 231 p., ISBN 978-989-8268-10-5 Orlando Ribeiro (Lisboa, 1911-Lisboa, 1997) foi provavelmente o geógrafo português com maior projecção internacional, autor de várias obras marcantes como A Ilha do Fogo e as suas Erupções (1954), Geografia e Civilização. Temas Portugueses (1961), Mediterrâneo, Ambiente e Tradição (1968) ou do livro que aqui se trata: Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico (1ª. ed.,1945, com várias reedições). Organizador do primeiro Congresso da União Geográfica Internacional do pós-Guerra (Lisboa, 1949) e seu Vice-Presidente a partir de 1952, Ribeiro é também reconhecido por ter criado e organizado os Centros de Estudos Geográficos de Coimbra (1942-1943) e Lisboa (1943) e por ter sido co-fundador, em 1966 –em conjunto com Suzanne Daveau e Ilídio do Amaral–, da Finisterra: Revista Portuguesa de Geografia.1 A Finisterra: Revista Portuguesa de Geografia tem sido editada ininterruptamente até aos dias de hoje com uma periodicidade semestral, mantendo-se como uma revista de referência na sua área. Nos primeiros anos, os conteúdos publicados estavam ainda muito marcados pela influência da Geografia Regional Francesa, conforme o atesta um volume de 1973 dedicado a Emmanuel de Martonne. Outro volume monográfico relevante foi editado logo em 1968, dedicado ao Primeiro Seminário Internacional de Geografia, organizado pelo Centro de Estudos Geográficos de Lisboa e onde participaram Etienne Juilliard, Pierre Dansereau, Jean Demangeot e Orlando Valverde, entre outros. Até meados dos anos 70, a par de numerosos estudos sobre Portugal sobressaem os artigos dedicados aos espaços tropicais, com destaque para o Brasil e –sobretudo– os territórios portugueses ultramarinos em África. A partir de finais da década de 1970 tanto se detecta o aparecimento de novas perspectivas teóricas e uma maior diversificação dos interesses temáticos resultantes, designadamente, da influência da análise espacial de matriz anglo-saxónica, como aparece mais vincada a separação entre a Geografia Física e Humana. Na última década, destaca-se a importância que os Sistemas de Informação Geográfica ganharam nos estudos publicados. 1 Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico: Estudo Geográfico –muito provavelmente o mais conhecido livro de Orlando Ribeiro– acaba de ser reeditado pela editora de Lisboa Letra Livre, conforme a sua edição original de 1945, num contexto de comemorações do centenário do nascimento do autor. Apresenta a visão inicial do geógrafo sobre o país, a sua paisagem, as suas divisões fundamentais e os seus factores de unidade. Assim, esta edição não contém os conteúdos que foram sendo adicionados a partir da quarta edição, de 1986, com o intuito de actualizar a primeira edição, os quais incidiram sobre temas como a emigração, o turismo, a industrialização ou o crescimento urbano, em particular nos subúrbios das grandes cidades. A escolha desta versão para uma reedição prende-se com a sua coesão inicial e equilíbrio formais muito próprios que, de certo modo, tinham sido alterados com os sucessivos acrescentos entretanto feitos. Deste modo, pode-se apreciar distintamente o primeiro Portugal que Orlando Ribeiro analisou e descreveu. Resumindo a perspectiva que esta obra oferece, Portugal é visto como um espaço moldado por duas influências, que tanto se fazem sentir no seu aspecto físico como cultural: o Mediterrâneo e o Atlântico. Assim se criam três regiões, duas claramente influenciadas por cada um desses grandes espaços, e uma terceira que correspondente a uma faixa interior onde as influências oceânicas e a contextura mediterrânea se combinam com os efeitos decorrentes da proximidade relativa das regiões do centro da Península Ibérica. Orlando Ribeiro identifica cada uma destas regiões com uma paisagem própria, apresentada como uma imagem construída ao longo de vários séculos. A unir essas particularidades está uma herança histórica de tradição e civilização, cujas raízes mais profundas persistem desde a romanização. O livro é comInvestigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 129 Daniel Paiva pletado com cinco mapas de Portugal (sendo os temas a distribuição do relevo, da precipitação, do arvoredo, dos cereais e olivais e as divisões geográficas) em conjunto com textos explicativos e uma bibliografia das principais obras do geógrafo. Uma apresentação inicial escrita para esta edição por Suzanne Daveau, viúva e colega do autor, precede o texto principal e sintetiza a génese e a história das sucessivas edições desta obra. O pensamento de Orlando Ribeiro nesta obra está claramente filiado na Escola Francesa da Geografia. Depois do seu doutoramento em Geografia pela Universidade de Lisboa, em 1936, com a tese A Arrábida, esboço geográfico, o autor frequentou a Sorbonne entre 1937 e 1940, onde obteve o lugar de leitor de português e contactou com nomes relevantes da Geografia e da Geologia francesas como Jacques Bourcart, André Siegfried, Henri Baulig e –sobretudo– os mestres Emmanuel de Martonne e Albert Demangeon. Aqui, Orlando Ribeiro teve a oportunidade de estudar os conceitos e métodos da tradição possibilista vidaliana, desde logo é visível na importância que dará na sua obra à articulação entre o espaço natural e os modos de vida. Também importante foi o contacto que o geógrafo português teve neste período com historiadores da École des Annales, nomeadamente Marc Bloch.2 Seguiu-se o período de escrita de Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, que começou em 1941. Durante o processo de redação da obra, Orlando Ribeiro manteve contactos regulares com geógrafos da Europa Central: por exemplo, em 1943 recebe o geógrafo 2 Neste período, um debate acerca da pertinente inclusão de conhecimentos da geografia na história começa a desenvolver-se na historiografia francesa, nomeadamente ao nível da influência dos aspectos espaciais na vida social e política. Os escritos que Fernand Braudel redigiu durante o seu encarceramento entre 1941 e 1944 acerca do conceito de geohistória haveriam de se tornar basilares. No seio desse debate epistemológico, estava implícita uma crítica ao modo como a geografia explicava a sociedade pelas questões espaciais sem ter em conta os processos da história social e política (para uma análise mais profunda a este assunto ver Ribeiro, 2012). Orlando Ribeiro não terá permanecido alheio a estas questões e as características desta obra que abaixo se explanarão espelham esse aspecto, particularmente no que respeita à multidisciplinaridade da análise. 130 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 alemão Hermann Lautensach, que escrevera duas obras geográficas sobre Portugal, e em 1944 recebe Emmanuel de Martonne, o seu mestre de Paris, e viaja com ele por Portugal. É importante salientar o momento de construção desta obra. Ela é escrita num momento em que a geografia portuguesa se dedica à elaboração de uma Geografia de Portugal. Nos anos 30, Hermann Lautensach havia publicado dois volumes sobre Portugal: um sobre o país e outro sobre as suas regiões: Portugal, auf Grund eigener Reisen und der Literatur (1932-1937). Esta obra, apesar do seu valor científico, teve uma fraca divulgação nos meios científicos portugueses devido à barreira linguística. Aristides de Amorim Girão, professor de Geografia na Universidade de Coimbra, publica em 1941 um Atlas de Portugal e uma Geografia de Portugal. No entanto, estas obras não alcançam o reconhecimento de meios científicos exteriores, apesar de serem muito utilizadas em Portugal para o ensino escolar. Orlando Ribeiro, na obra que aqui se trata, empreende a criação de uma obra com qualidade científica de acordo com os cânones da Academia francesa ou da alemã, não criando apenas uma Geografia de Portugal, mas uma síntese crítica de Portugal e das suas principais regiões. Na esteira da Geografia Regional francesa, empreende-se nesta obra uma busca dos factores que se congregam para a definição da fisionomia particular de um território: a região, objecto de estudo do geógrafo, corresponde a um mosaico de aspectos reunidos numa determinada extensão de espaço físico, formando uma identidade específica. De assinalar o entrosamento entre a Geografia Física e a Geografia Humana, apesar de Orlando Ribeiro trabalhar principalmente a segunda. A própria estrutura que os capítulos têm neste livro revelam-no: em cada um deles parte-se da análise aos aspectos físicos da região, passando para os modos de vida e a sua economia, terminando numa análise ao povoamento. Há uma dialéctica entre o espaço físico e a ocupação humana –a primeira influenciando a segunda e esta a moldar a primeira, tornando patente uma perspectiva ideográfica da Geografia. O resultado final é uma síntese entre as características naturais e a sua ocupação humana, demonstrando o modo de vida particular que se Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Estudo Geográfico pratica, sem sistematizações gerais. Modo de vida é aqui tomado na sua acepção vidaliana, referindo-se à cultura local e às actividades quotidianas de um determinado grupo. Inclui os hábitos, as tradições, os saberes, a língua, os hábitos alimentares –enfim, tudo aquilo que está presente no quotidiano de um povo. Aquele que é descrito neste livro é o que Orlando Ribeiro considera o modo de vida dominante nas regiões mediterrâneas– a agricultura. O autor descreve as actividades de produção, enumera os produtos e analisa a sazonalidades deste modo de vida em Portugal. No entanto, a análise que Orlando Ribeiro faz tem características específicas. Em primeiro lugar, é de assinalar a abertura para outros campos do saber e o enquadramento dos mesmos. Os conhecimentos e métodos da Etnologia, da Botânica ou da Geologia são integrados na caracterização da região. Largos parágrafos versam sobre a História, encontrando aí as causas para a disposição contemporânea da paisagem humana. Na sua perspectiva, o território (e os modos de vida que dele fazem parte) é essencialmente visto como um objecto estático, verificado sem atender às mudanças em curso. Esta perspectiva está de certo modo em conformidade com a estabilidade relativa que o território apresenta durante o período estudado, anterior às grandes transformações nas paisagens sobrevindas na segunda metade do século XX. Ao mesmo tempo, esta interpretação reflecte a presença de elementos teóricos da École des Annales, nomeadamente a temporalidade do espaço. A identificação do território com os processos históricos que lentamente o moldaram é convergente com a noção de longue durée, que os defensores da «história total», como Marc Bloch, privilegiavam na sua análise em detrimento da «história factual» e que Fernand Braudel viria a teorizar mais tarde. De resto –e tal como o próprio Orlando Ribeiro também viria a reconhecer– a par das lições de Jules Sion que escuta no Sul de França em finais da década de 1930, as leituras de Braudel constituirão uma influência determinante para as suas reflexões sobre a originalidade do Mediterrâneo. Estas reflexões culminariam com a edição, em 1968, do referido Mediterrâneo, Ambiente e Tradição, livro que foi preparado ao longo da década de 1960 (Figura 1), num processo até certo ponto paralelo àquele que conduziu à edição muito ampliada de La Méditeranée et le Monde Méditerranéen à l’Époque de Philipe II, de Braudel, em 1966. Em Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico é importante salientar o enquadramento do espaço analisado –o território português– num quadro maior de análise, que neste caso é o Mediterrâneo. Essa dupla escala de análise permite distinguir traços naturais ou culturais que são comuns a uma área maior ou traços que já são específicos da região em foco. Aliás, Orlando Ribeiro apercebeu-se posteriormente daquilo que considerou uma falha grave na concepção deste seu livro. O país e as regiões que descrevia neste volume não findavam na fronteira política com Espanha, antes tinham continuidade geográfica nos territórios situados para além da linha de fronteira. Para ampliar o seu conhecimento das regiões de Espanha que faziam fronteira com Portugal –e, desse modo, corrigir as Figura 1. Orlando Ribeiro, 1965. Centro de Estudos Geográficos, Lisboa. Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 131 Daniel Paiva falhas que notava neste seu primeiro trabalho de síntese sobre o país–, Ribeiro chega estagiar em centros de investigação geográfica em Espanha. Em 1955, começa a dar forma a esse projecto de uma Geografia de Portugal revista, correspondente aos capítulos integrados no tomo V da Geografía de España y Portugal dirigida por Manuel de Terán. Cerca de três décadas mais tarde, Suzanne Daveau tentou dar forma à Geografia de Portugal sonhada por Orlando Ribeiro, reunindo nos 4 volumes de uma obra homónima (1987-1991) um vasto conjunto de escritos de diferentes épocas assinados por Orlando Ribeiro, Hermann Lautensach e por ela própria, acrescidos de comentários e actualizações da sua responsabilidade. Passando para uma pequena síntese dos conteúdos desta edição Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, o capítulo I começa por definir a região mediterrânea, génese do padrão em que Portugal se insere. Fisicamente é uma região montanhosa, com um clima temperado e seco a maior parte do ano. Destaca-se a presença do mar como espaço de contacto e comércio, onde diferentes povos ao longo dos séculos comunicaram entre si. Em termos humanos, no entanto, as civilizações mediterrâneas tiveram sempre a sua base na terra e é a agricultura que tem maior peso nos modos de vida. O segundo capítulo descreve o Portugal mediterrâneo, em especial com a caracterização da agricultura portuguesa. É também defendido como Portugal, em termos físicos, para além dessa influência, está exposto a outras duas de relevância: a Atlântica e a continental interior. Orlando Ribeiro descreve as diferentes culturas e modelos de habitação que correspondem a essas influências. O terceiro capítulo, por sua vez, vem caracterizar o Portugal Atlântico. Reforça-se a ideia de regiões distintas em Portugal: o Norte, a Terra Fria, chuvosa e montanhosa, e o Sul, a Terra Quente, seca e plana. A influência Atlântica verifica-se principalmente na primeira. De salientar também os grandes impactos que o contacto com o Atlântico trouxe a Portugal: a revolução na agricultura decorrente da introdução 132 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 do milho nas colheitas e a grande influência do comércio marítimo na economia portuguesa. Por último, no capítulo 4, Orlando Ribeiro resume as divisões fundamentais que compõem Portugal, identificando as dicotomias Norte-Sul, interiorlitoral e terra alta-terra baixa. Sintetiza também as três principais regiões que identificou em Portugal continental: o Norte Atlântico, o Norte interior e o Sul. Apesar destas distinções, salienta-se a unidade do território. Apontam-se dois factores para essa mesma unidade. O primeiro corresponde às migrações interiores, bastante activas na sua sazonalidade. O segundo factor corresponde aos movimentos de civilização: a romanização, que se verificou de Sul para Norte, e a Reconquista, que se processou no sentido contrário. Este livro pode interessar a vários públicos. Desde já, como clássico da Geografia portuguesa, irá interessar a geógrafos ou amantes da geografia que pretendam aprofundar o conhecimento acerca do que se fez na disciplina em Portugal. Paralelamente, oferece uma imagem muito valiosa do país essencialmente agrícola que Portugal foi até meados do século XX, ao mesmo tempo que concede pistas de leitura ainda hoje muito válidas sobre o processo que conduziu à formação de uma nação e à definição da sua identidade específica no contexto da Península Ibérica e da Europa. Trata-se de um importantíssimo ensaio, detalhado e minucioso, apresentado sob a forma de uma síntese exemplar. REFERENCIA Ribeiro, G. (2012), “La genèse de la géohistoire chez Fernand Braudel: un chapitre de l’histoire de la pensée géographique”, en Annales de Géographie, núm. 686, Paris, pp. 329-346. Daniel Paiva Instituto de Geografia e Ordenamento do Território Universidade de Lisboa De Ita Rubio, L. (coord.: 2012), Organización del espacio en el México colonial: puertos, ciudades y caminos, Instituto de Investigaciones Históricas, Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo México, 425 p., ISBN 978-607-424-036-8 Este libro reúne una serie de trabajos centrados en la organización del espacio durante el periodo colonial y es resultado del proyecto “Puertos, ciudades y caminos en la organización del espacio novohispano”1 donde se buscó reunir a historiadores y geógrafos para analizar el papel de estos asentamientos y vías. De esta manera, los capítulos nos llevan desde diferentes escalas y temporalidades al examen de las consecuencias que tuvo el periodo colonial en la estructuración del espacio en la Nueva España ya que, de acuerdo con la coordinadora de esta publicación, el origen de la organización espacial del México moderno ha de buscarse en el periodo colonial donde se establecieron estructuras y sistemas espaciales que, con cambios relativos en su larga duración, aún subsisten. El libro está divido en tres secciones, la primera se concentra en la importancia de la Ciudad de México como el centro político, económico y de población durante esta etapa, en él se presentan dos textos. En la segunda sección, que versa sobre asentamientos costeros y puertos, es la parte central de este libro con la mayor cantidad de capítulos, ocho. Y por último, incluyendo cuatro capítulos, en la sección sobre caminos y estructura regional se examinan las consecuencias y las transformaciones del paisaje y el territorio a partir de la colonización. Así, continuaremos con una semblanza de cada sección, de aquellos contenidos de los capítulos que medulares, compartidos en diferentes textos, y que creemos representan los ejes de este libro. Primera sección. Una de las particularidades de la organización espacial en la Nueva España fue la Proyecto de Ciencia Básica Conacyt 47-705, con sede en el Instituto de Investigaciones Históricas, Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo, bajo la responsabilidad de Lourdes de Ita. 1 concentración de poder político y económico en la Ciudad de México. Las causas de esta centralización son detalladas por Guillermina del Valle Pavón en el primer capítulo “Orígenes de la centralidad comercial y financiera de la Ciudad de México” en el que se muestran los orígenes históricos de la hegemonía de la ciudad como núcleo comercial, financiero y fiscal de la Nueva España, entre 1521 y 1570. De esta manera, la autora presenta aquellos procesos que dieron lugar a la centralización; en primer lugar, la concentración de metales y monedas con el establecimiento de las Caja Real y la Casa de Moneda y de la actividad comercial fortaleciendo la posición de los mercaderes de esta urbe; y en segundo término, la red de caminos desde la Ciudad de México que conectaba con puertos y centros productivos (minas, haciendas, plantíos de caña) y que articulaba la comunicación dentro de Nueva España y con el exterior. Esta concentración de poder político y económico estuvo acompañada de la concentración de población que requería, según lo concebía el Estado, un mayor control y estrecha vigilancia para mantener el orden público y la segregación espacial de ciertos estratos de la población. Cómo se organizó el control territorial de la ciudad y cuáles fueron las razones subyacentes es el eje del texto “Espacio y orden público: origen e historia de la demarcación de los cuarteles de la Ciudad de México” de Guadalupe de la Torre Villalpando. A través de siete diferentes demarcaciones, a lo largo de los siglos XVII y XVIII, se expone la organización y los métodos de control que se plasman en reconstrucciones cartográficas comparadas con la traza actual, lo que permite tener una dimensión contemporánea de los procesos y de los mapas históricos. Segunda sección. Por otra parte, los asentamientos costeros y los puertos fueron significativos Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 133 Gerónimo Barrera de la Torre en la organización espacial de la Nueva España, ya que como menciona Miles Ogborn en su escrito “Making connections: port geography and global history”, los puertos articularon redes marítimas y terrestres de transporte que permiten examinar la geografía y la historia del comercio global y de los imperios. Siendo así un puerto, un espacio pequeño con alcances globales, el énfasis y los análisis, según el autor, deberían centrarse en las conexiones y las redes que en estos espacios se fabrican, de manera que pueden ser más o menos globales dependiendo de su posición y el papel en el sistema. En este sentido, los puertos además de su relevancia en el comercio mundial considerando la expansión del capitalismo desde el siglo XVI donde funcionaron como puntos nodales, afectaron considerablemente la organización del territorio novohispano. Como menciona de Ita Rubio en su escrito “Piratería, costas y puertos en América colonial y la organización del espacio novohispano”, el tipo de desarrollo de los puertos dependió en gran medida de un contexto de competencia y conflictos con otros Estados que se evidenciaron en las medidas tomadas para proteger el territorio de saqueos e invasiones. A partir de una semblanza de los peligros que enfrentaban tanto las poblaciones de las costas novohispanas como los navíos comerciales y militares, frente a los ataques de las embarcaciones de por ejemplo, ingleses y franceses, se examinan las medidas para reguardar los intereses coloniales, como la introducción de la Inquisición o la promulgación de nuevas leyes para el establecimiento de poblaciones. Asimismo, la decisión de escoger solo unos cuantos puertos estratégicos para el comercio internacional y su comunicación de manera prioritaria a la Ciudad de México donde se concentraban las actividades económicas y el capital, fomentó una centralización que dificultó el desarrollo regional. En este sentido el capítulo titulado “El puerto de Veracruz ante un asalto pirata: mayo de 1683” de Clara Elena Suárez Argüello, relata el ataque a partir de una semblanza del puerto de Veracruz en el siglo XVII, la actividad pirata y un documento hallado en la Biblioteca Nacional de París escrito por un fraile que atestiguó el ataque. Lo cual lleva a la autora a reflexionar sobre la ineficiencia de los sistemas de 134 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 defensa del puerto en una coyuntura de centralización significativa de la organización espacial y de su lejanía de la metrópoli colonial. La particularidad de Nueva España y sus puertos en el contexto mundial es patente en el comercio establecido entre Manila y el puerto de Acapulco. El eje traspacífico, que examina Carmen Yuste en “El eje transpacífico: la puerta novohispana al comercio con Asia” en cuanto a su dinámica y la regularidad del comercio, tuvo consecuencias importantes en la Nueva España al ser la principal beneficiaria de este comercio. Debido entre otros puntos, al régimen de puerto único que convirtió Acapulco en el receptor y distribuidor de mercancías asiáticas. Y también al carácter monopólico de los almaceneros de la Ciudad de México que tuvieron el beneficio casi exclusivo durante las ferias del galeón de Filipinas, sobre todo por el control de la circulación de plata y moneda que conservaron durante gran parte de la Colonia (Pérez, 1988). Por otro lado, la importancia de los puertos del Pacífico tanto en la exploración, colonización y apertura de nuevas redes comerciales se analiza en tres capítulos. Por ejemplo en la propuesta de Guadalupe Pinzón Ríos: “De Acapulco a San Blas: restructuración de los puertos del Pacífico novohispano durante el siglo XVII”, el objetivo principal es la evolución de estos dos puertos, sus relaciones con algunas poblaciones del interior y el establecimiento de redes comerciales nuevas. En particular en torno a los espacios organizados para producir alimentos e insumos así como para el envío de mercancías que articularon estos nodos con las poblaciones al interior. La autora resalta las diferencias entre el puerto de Acapulco, orientado al comercio, frente al de San Blas enfocado a la seguridad de la costa y con un mayor dinamismo en cuanto a la manufactura de algunos efectos para la reparación y construcción de navíos en sus pequeños astilleros. Una de las principales funciones de este nuevo asentamiento fue la de llevar a cabo exploraciones que permitieran el establecimiento de nuevas localidades. Esto nos remite al capítulo “Comercio marítimo y nacimiento de los puertos del Golfo de California”, donde Dení Trejo Barajas analiza el establecimiento de los puertos en esta zona como un proceso regional en el cual las Organización del espacio en el México colonial: puertos, ciudades y caminos conexiones marítimas permitieron la colonización y el control de territorios alejados como la Alta California. En este sentido el establecimiento de San Blas, por parte del visitador José de Gálvez, ayudó a que la actividad mercantil y el comercio (en parte ilegal) se agilizaran, con el resultado de un mayor número de asentamientos. Con la liberalización del comercio y después de la guerra de Independencia, la actividad en los puertos secundarios se intensificó dinamizando al mismo tiempo la economía de los poblados del interior y dando salida a sus excedentes productivos. Por ejemplo, la autora menciona la relación entre los puertos de Guaymas, Mazatlán y La Paz con un centro minero de importancia. Por último, dentro de esta misma cuestión en el capítulo “Las villas y los puertos del Pacífico norte novohispano”, de Jaime Olveda, se analizan las vicisitudes en el establecimiento de asentamientos fijos en la costa en la parte norte del Pacífico. Aunque fueron de gran importancia para la expansión y colonización de nuevos territorios, las políticas del gobierno como la restricción del comercio o la falta de caminos que articularan los nuevos poblados impidieron el desarrollo de una sociedad marítima. Para llevar a cabo las exploraciones y la colonización, los marineros tuvieron que generar una serie de conocimientos sobre las características del entorno físico que les permitieran navegar con mayor seguridad. Para esto fueron necesarias nuevas técnicas y nuevos instrumentos, pero para la transmisión y control de estos saberes los itinerarios, los derroteros y la cartografía fueron fundamentales. En el capítulo de Flor Trejo Rivera “Los puertos novohispanos del Golfo de México y su entorno geográfico marino”, se detallan las formas en que se comprendía y aprehendía el entorno marino entre los siglos XVI y XVII y los recursos que permitieron la orientación de los marineros y el reconocimiento del medio sin contar con la exactitud que el desarrollo tecnológico permitiría más adelante. Tercera sección. La organización espacial sufrió cambios importantes durante el encuentro entre las culturas prehispánicas y la española, en donde esta última terminó imponiendo un nuevo orden. Bajo esta idea se pueden agrupar los cuatro capítulos que comprenden la última sección cen- trada en los caminos y la estructuración regional. En este sentido, el capítulo de Gustavo G. Garza Meriodo, “Márgenes del Altiplano meridional: espacios estratégicos prehispánicos, espacio no prioritarios a partir del siglo XVI”, expone la organización territorial y del paisaje durante el periodo prehispánico en tres altepeme y el posterior cambio con la conquista, lo que resultó en el abandono y transformación de ciertos espacios, así como la modificación en la utilización de algunos elementos del paisaje. Este encuentro entre diferentes formas de concebir el uso y la organización del espacio afectó de igual forma los caminos que en el caso particular de la zona central de Michoacán derivó en cambios sustanciales en la estructura de los asentamientos y por ende de las vías. Así en el capítulo titulado “Caminos prehispánicos y españoles en el Michoacán central en la primera mitad del siglo XVI: dos formas de apropiación del espacio” de Igor Cerda Farías se aprecian las diferencias en la utilización y concepción de los caminos entre los indígenas tarascos y los primeros colonizadores españoles. En esta misma zona del país la llegada de los conquistadores supuso la introducción de espacios para la producción que sirvieron para apropiar y ocupar territorios. En particular, en el capítulo conjunto de José Omar Moncada y María del Carmen López Nuñez, “Los espacios para la producción como elementos estructuradores del territorio en la región de Valladolid”, se examinan las haciendas como nuevos elementos de la organización espacial que propiciaron transformaciones en el paisaje de la región y una nueva estructura territorial. Por último, Pedro Sergio Urquijo Torres en la “Organización del territorio en la Huasteca colonial” detalla de igual modo las alteraciones que sufrió dicha región con la introducción de nuevas prácticas por parte de los españoles como la ganadería y nuevas estructuras socio-políticas abocadas a la apropiación y explotación de recursos que causaron una reestructuración territorial trastocando la organización espacial prehispánica. De esta forma, el libro aquí examinado integra trabajos de interés no solamente dentro de sus áreas y periodos de estudio, ya que presentan distintos acercamientos para el análisis de las transformaciones y la evolución de paisajes y territorios en la Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 135 Gerónimo Barrera de la Torre Nueva España. Lo anterior es de suma importancia para comprender las características del México actual. Su herencia como parte de la expansión del capitalismo desde el siglo XVI y la disposición general durante el Virreinato de caminos, puertos y centralización de poder y dinero en la Ciudad de México que definió una estructura de comunicación inter e intrarregionales deficiente, permitió el saqueo del país bajo una organización del espacio orientada hacia el exterior (Moreno y Florescano, 1977) la cual, en nuestra opinión, no ha sido superada. Asimismo es evidente que los patrones geográficos resultantes tienen la impronta clara de la sociedad que utiliza y organiza el espacio (Smith, 2006), lo que hace ineludible el estudio de la organización espacial en la que se fundamenta la actual configuración. 136 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 REFERENCIAS Moreno Toscano, A. y E. Florescano (1977), El sector externo y la organización espacial y regional de México (1521-1910), Universidad Autónoma de Puebla, Puebla, pp. 14-15. Pérez Herrero, P. (1988), Plata y libranzas. La articulación comercial del México borbónico, El Colegio de México, México. Smith, N. (2006), La producción de la naturaleza. La producción del espacio, Facultad de Filosofía y Letras, UNAM, Sistema de Universidad Abierta, México. Gerónimo Barrera de la Torre Facultad de Filosofía y Letras Universidad Nacional Autónoma de México Neto, M. F. de S. (2012), Planos para o Império. Os planos de viação do Segundo Reinado (1869-1889), Alameda, São Paulo, 263 p., ISBN 978-85-7939-119-4 O livro aqui resenhado foi escrito como tese de doutorado, defendida em 2004 na Universidade de São Paulo (Brasil). O autor, atualmente ocupando a cadeira de teoria e método em geografia da mesma universidade, iniciou seus estudos no estado do Ceará, migrando para as salas acadêmicas paulistanas em 1992, onde começou a desenvolver sua dissertação de mestrado intitulada “Senador Pompeu: um geógrafo do poder no Império do Brasil” (defendida em 1997). O doutorado que dá título ao livro teve início em 2000 e, como se pode observar em sua trajetória intelectual, Manoel Fernandes desenvolve seus estudos preferindo abordar uma história que não esteja limitada às fronteiras disciplinares da geografia acadêmica. Com efeito, não foi a geração de Manoel que inaugurou os debates sobre a história da geografia no Brasil, mas das antigas gerações até a sua, existe uma diferença significativa de abordagem. Muitos geógrafos, formados entre as décadas de 30 a 50, produziram comentários sobre a história da disciplina: Azevedo analisou os primeiros impulsos da geografia brasileira alimentada pela escola francesa (Azevedo, 1976), Mamigonian observou a gênese de geografia e seus cruzamentos com outras disciplinas (Mamigonian, 1999), Carlos Augusto Monteiro (Monteiro, 1980) elaborou uma obra de estilo testemunhal.1 O que é marcante nessa historiografia é o estilo ensaísta, sem especificidade metodológica e a focalização de objeto na história disciplinar ou institucional da geografia. A geografia crítica produziu - e ainda produz sua leitura da história, numa perspectiva talvez um pouco iconoclasta: a “pequena história crítica” de Não pretendemos esgotar aqui a literatura sobre a história da geografia. Todos os geógrafos, com exceção de Azevedo, estão vivos e foram professores da Universidade de São Paulo. 1 Robert Moraes atingiu um público até então alheio à história da disciplina e firmou-se como um verdadeiro manual (Moraes, 2007); Lia Osório Machado também mergulhou nos estudos sobre o passado (Machado, 1995); Milton Santos pôs abaixo alguns mitos sobre autores clássicos, consolidando o que se chamaria de “tradicional” tudo o que diz respeito à geografia clássica (Santos, 2004). Nesse sentido, a revisão “crítica” da história da geografia foi utilizada como formação teórica para estudos geográficos mais amplos. Dessa forma, foi a geração de Manoel Fernandes, podemos dizer, que inaugurou um estudo da história da geografia com preocupação metodológica, dialogando com os métodos desenvolvidos na história e na história da ciência, com atenção historiográfica, contextual e documental. Estavam associados a este movimento os professores –então estudantes- Sérgio Nunes Pereira (Pereira, 2004), Perla Zusman (Zusman, 1996),2 entre outros. Foram esses mesmos autores brasileiros, com colaborações internacionais, que levaram a cabo a edição da Revista Terra Brasilis, a primeira revista no mundo especializada em história da geografia, sendo publicada sua primeira série entre 2000 e 2007.3 Esta geração preferiu estudar geografias produzidas fora do âmbito das universidades e distantes do marcos de periodização comumente Esses autores, citados na bibliografia, também foram estudantes da Universidade de São Paulo e hoje lecionam ou pesquisam na Universidade Federal Fluminense, no caso de Sérgio Nunes, e no Conicet (Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas), no caso de Perla Zusman. 3 A revista Terra Brasilis foi reeditada e atualmente está sendo publicada no portal Revues.Org. Cf: http://terrabrasilis. revues.org/ 2 Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 137 Larissa Alves de Lira aceitos e vinculados à institucionalização,4 constituindo suas obras, a nosso ver, como uma quase arqueologia do saber geográfico. Nesse sentido, destacam-se os temas das sociedades de geografia e dos engenheiros geógrafos. Os planos para o império são planos de viação elaborados por engenheiros entre 1869 e 1889 para promover a integração do território brasileiro através das técnicas de circulação disponíveis: estradas, vias férras e vias fluviais. Cada um, a seu tempo, defende uma proposta de circulação para o Brasil: integração prioritária no sentido leste –oeste ou norte-sul, ligação das vias férreas com os portos litorâneos ou com as nascentes dos rios, divisão das bacias hidrográficas e suas interconexões, trilhos feitos de madeira ou outros materiais, bitolas largas ou estreitas para as vias férreas. Após um prefácio de Antonio Carlos Robert Moraes reafirmando como o problema da circulação dominou mentes de autores importantes como Friedrich Ratzel e Vidal de la Blache, ele é seguido por um “Prólogo” em que Manoel Fernandes afirma que o problema da integração territorial brasileira ainda é atual e que a questão que rege o trabalho é encontrar os elos entre o projeto político imperial (elaborado após a independência do Brasil, a centralização do Estado, a guerra do Paraguai5) e os planos de viação (a maioria dos engenheiros geógrafos em questão estão ligados às instituições estatais ou participam de associações corporativas). Este é um processo, sugere o autor, que não finda com o século XIX e, pode-se dizer, seguindo os rastros de Braudel (Braudel, 1992), que os elos do passado estão ligados aos problemas do presente através de uma “história-problema”. Ademais, coloca-se como questão o motivo pelo qual os planos de viação não foram implementados pelo império e as razões são discutidas ao longo de todo o trabalho e notavelmente na conclusão que Nos manuais de história da geografia e da ciência brasileira, 1934, ano de fundação da Universidade de São Paulo, é a data de referência que dá início a “fase cientifica” das ciências no Brasil. 5 A guerra do Paraguai (1864-1870) torna urgentes os melhoramentos para a interligação das fronteiras com a capital (Neto, 2012:47). 4 138 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 foi denominada de “Epílogo”. O capítulo sobre contextos, demonstra como a missão de integrar o sertão ao litoral do Brasil era um projeto modernizador que buscava incluir o país no debate político e cultural da economia mundial em gestação em fins do século XIX. Lembremos, como mostra o autor, que este século é o período do imperialismo, de expansão aos territórios de além-mar, da formação de Estados como o da Itália e da Alemanha e de independências de países periféricos. É também o século em que o capitalismo internacional encontrou como nicho importante a construção de estradas de ferro e navios a vapor (Clozier, 1963). O plano de integrar território fazia parte do espírito da época, ainda que este processo tenha sido implementado desigualmente e em tempos diferentes. Parte da elite brasileira, sonhando com um estado moderno, queria se ver à imagem dos estados europeus que exibiam seus feitos, mapas e globos nas exposições universais, eventos nos quais o estado brasileiro também estava presente,6 apesar dos seus enormes traços de arcaísmo, a exemplo da abolição do trabalho escravo, que só ocorre em 1888. O capitulo seguinte é denominado de “Tessituras”, no sentido de fazer do discurso dos personagens e das instituições tramas de uma mesma narrativa. É destacada a formação cosmopolita e letrada desses engenheiros, quais sejam: Honório Bicalho, André Rebouças, João Ramos de Queiroz, Eduardo Moraes e Antonio Maria de Oliveira Bulhões, bem como as principais instituições em que estavam envolvidos os personagens: o Ministério da Agricultura, Comércio e obras Públicas, o Instituto Politécnico e o clube de engenharia, entre outras. A idéia de revelar vozes para além da dos personagens, dá vulto quanto ao compromisso de Fernandes com historiografias da história social das ciências e da sociologia das ciências, destacando-se trabalhos de Maria Amélia Mascarenhas Dantes, Silvia Figuerôa e Pierre Bourdieu. A propaganda do progresso e “o sonho de um mundo sem fronteiras encontrava alento na realidade europeia de um mundo cortado por vias férreas [...]”. Tudo isso era celebrado nas exposições universais (Pesavento, 1997:48). 6 Planos para o Império. Os planos de viação do Segundo Reinado (1869-1889) Por fim, aparece o capítulo sobre os planos de viação: plano Moraes (1869), plano Queiroz (1874, 1882), plano Rebouças (1874), plano Bicalho (1881) e plano Bulhões (1882). Este capítulo revela a originalidade das fontes, que vão desde os relatórios do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, às cartas do Império do Brasil e da República, até os livros e comentários que acompanharam os planos, estes apresentados por Fernandes digitalizados em cartas coloridas numa seção especial do livro. O plano Moraes buscava unificar as bacias hidrográficas através de vias fluviais, além das linhas de ferro correndo para o litoral, tendo papel de destaque a ligação da bacia do rio São Francisco com as linhas litorâneas;7 uma das principais saídas para o mar se daria pelo Sul do Brasil, demonstrando como a questão militar impera em suas reflexões. O plano de Queiroz privilegia as ferrovias, mas também faz uma regionalização das bacias hidrográficas, procurando, através das linhas férreas, cruzar o território no sentido leste-oeste enquanto as baças hidrográficas o cortam no sentido nortesul e privilegiando a saída para o Atlântico. O plano Rebouças, o mais liberal de todos, procura promover o financiamento da circulação através de capitais privados e recomenda, ademais, que as ferrovias sejam construídas com madeira, material abundante no Brasil e com bitola estreita, no sentido de diminuir os custos, dada a enorme extensão do território. No que toca à configuração das ferrovias, cortariam o Brasil no sentido leste-oeste em paralelas e procurariam ligar, através de convênios internacionais, o Atlântico com o Pacífico. O plano Bicalho procura aprimorar não apenas o sistema de circulação, como a forma de subsídio que o Estado oferece na construção das ferrovias. Este plano é similar ao de Queiroz, com a diferença de que as linhas ferras estariam mais interiorizadas. Por fim, o plano Bulhões, o mais simples de todos, desenha uma espécie de cruz no território brasileiro, corO Moraes também sugeriu a mudança da capital do Brasil para o interior da bacia do São Francisco, antecipando o debate sobre a mudança da capital do Brasil para o interior que ocorreria em comissões que futuramente conformariam o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 7 tando através de rios e trilhos o Brasil nos sentidos principais (norte e sul, leste e oeste). Todos os planos têm por base a atração que o mar exerce numa economia de exportação como era a do Brasil e a concepção de que para lograr um bom sistema técnico era preciso aproveitar os elementos naturais. Nesse sentido, a geografia do Brasil ditaria as linhas principais de comunicação e o fato do país ser um território longelíneo se apresentava como um problema, tal como ocorre na Itália. Outros conhecimentos eram necessários: nível de declividade dos rios, navegabilidade e raio de suas curvas. Todos os planos defendem o uso da bitola estreita, por motivos que já foram apresentados. Uma das divergências diz respeito ao grau de centralização do território, sendo que André Rebouças privilegiaria a autonomia das províncias enquanto os demais pregariam uma centralização (mas que não chegava a se apoiar no sistema radial francês). Todos procuram uma forma de circulação que se assentasse sobre o melhor aproveitamento da própria conformação geográfica do território, motivo pelo qual as bacias hidrográficas ganham tamanho destaque. A incorporação da província do Mato Grosso, palco da guerra contra o Paraguai (1864-1870), era vista como estratégica e o principal desafio de todos eles era integrá-la ao restante do território. Além disso, o principal objetivo, no seu conjunto, era a mobilização de migrantes que viriam colonizar as novas terras e promover, através do transporte de materiais, uma agricultura mais moderna. É evidente que, em se tratando do século XIX, as estradas também estariam comprometidas com a civilização e com a modernização do Estado, levando para os confins a moeda, a bandeira brasileira e os laços de fraternidade entre a população. Em alguma medida, tratava-se também de consolidar as fronteiras com os países vizinhos e transformar o Brasil, através de sua rede de comunicações internas (e no qual os rios têm papel essencial na delimitação das separações), em uma “ilha”, nas palavras de alguns engenheiros. O penúltimo capítulo, antes do Epílogo, é denominado “Mapas”. Neste capítulo, Fernandes discute, em linhas gerais, os conhecimentos geográficos que estavam disponíveis na época do império e os melhoramentos materiais que já Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 139 Larissa Alves de Lira estavam consolidados. A maioria dos planos se assenta sobre a Carta do Império do Brasil de 1875 e 1883. O autor leva a cabo uma argumentação de que não eram os parcos conhecimentos geográficos que impediram a implementação dos planos, mas sobretudo os interesses das classes dirigentes. Este argumento é levado às últimas conseqüências no Epílogo, que conclui que está na resistência à modernização a chave para a compreensão do motivo pelo qual os planos foram retardados ou relegados em seus objetivos. Não havia ainda um amplo interesse na substituição do trabalho escravo pela mão de obra assalariada, estimulada pela migração; as terras não podiam ser distribuídas e sua expansão deveria limitar-se à incorporação ao latifúndio, não podendo ser democratizadas através da colonização. O autor conclui ser o caráter especulativo da propriedade da terra no Brasil, problema ainda existente, o cerne da compreensão do arcaísmo da modernização do Estado brasileiro. Uma das originalidades do livro de Fernandes é combinar as perspectivas da história da cartografia com as da história da geografia e com as da história do Brasil. O autor incorpora a análise de mapas antigos como documentos históricos. Os mapas são vistos como textos que representam uma época do passado, fontes estas que são particularmente propícias num período de criação e modernização dos Estados Nacionais, do surgimento de novo poderes e traçados de fronteiras. A análise, contudo, não leva a fundo uma crítica das fontes, condizentes com os últimos avanços da história da cartografia iberoamericana. Os congressos específicos da história da cartografia, promovidos a partir de 2006 (Buenos Aires, 2006, México, 2008, São Paulo, 2010 e Lisboa, 2012) promoveram avanços na crítica dos mapas no que toca às mudanças de linguagem, a evolução do uso da cores nos mapas, a permanência ou mudanças de nomes geográficos, entre outros. Contudo, permanece o pioneirismo do uso de tais fontes e sua integração notável com a bibliografia sobre a história do Brasil imperial. O livro de Manoel Fernandes consegue nos convencer da enorme importância da geografia elaborada pelos engenheiros geógrafos neste período (1869-1889), no sentido de perceber que temas que ainda persistem na geografia atual foram alvos de 140 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 debates encetados pelos engenheiros. Arriscaríamos a dizer que há um período em que o debate mais significativo do ponto de vista geográfico foi levado a cabo por tais personagens. A questão do melhor aproveitamento dos recursos naturais e técnicos para implementação de um plano racional de circulação revisa o debate do determinismo do ponto de vista de uma geografia aplicada. E neste ensejo, percebe-se como a questão da adaptação da técnica ao meio geográfico é um assunto que dominou os fóruns dos geógrafos numa perspectiva de longa duração. Por isso, soluções passadas para promover a unificação do território, através da técnica, encontram motivos para serem analisadas no debate contemporâneo (Mendoza et al., 2007). O livro é de uma facilidade de leitura impressionante e rico vocabulário. Os capítulos são equilibrados e possuem coerência interna. As notas são quase todas de erudição e ilustram sem exageros algumas belas imagens da história do Brasil, revisadas por ampla bibliografia do período, destacando-se as leituras de Francisco Foot Hardman e Antonio Carlos Robert Moraes. Como se pode perceber, os resultados da pesquisa contribuem tanto para a compreensão da história do Brasil, como para a evolução do pensamento geográfico. Os “planos” para o império carregam uma forte simbologia da dificuldade de se implementarem ações a partir dos conhecimentos geográficos. Quantos não são os projetos que resistem na forma de planos? O conhecimento do território é um processo de longa duração e a própria disciplina é vítima dessa temporalidade, daí a importância de se traçar histórias e arqueologias e buscar uma visão sintética da história da disciplina. Nesse sentido, não estaríamos totalmente de acordo que o conhecimento geográfico disponível não coloque amarras à concretização dos planos, fracassados apenas por vontade política, segundo Fernandes. Seu trabalho é rico também no sentido discutir questões profundas acerca da utilidade do conhecimento geográfico: os homens se antecipam aos projetos geográficos, tal como a unificação italiana e ibérica, segundo Vidal de la Blache (Blache, 1889) foi fruto de obra da paixão e da vontade. Mas de sua concepção à sua realização há talvez algumas Planos para o Império. Os planos de viação do Segundo Reinado (1869-1889) décadas de intervalo. Esta não seja talvez uma reflexão que seja do agrado do autor, conhecida sua vontade de intervenção social através da geografia. Mas, no mínimo, esta “filosofia” da geografia continua atual, como se os planos para o império fossem uma reflexão realista dos nossos próprios planos, não é Manoel Fernandes? REFERÊNCIAS Azevedo, A. (1976), “A Geografia francesa e a geração dos anos setenta”, Boletim Paulista de Geografia, núm. 50, São Paulo, pp. 7-28. Blache, V. de la (1889), États et Nations de L’Europe, Autour de la France, Librairie Charles Delagrave, Paris. Braudel, F. (1992), Escritos sobre a História, Perspectiva, São Paulo. Clozier, R. (1963), Géographie de la circulation, Génin, Paris. Machado, L. O. (1995), “Origens do pensamento geográfico no Brasil: meio tropical, espaços vazios e a idéia de ordem (1870-1930)”, em Castro, I. E. de, P. C. da C. Gomes e R. L. Corrêa, Geografia: conceitos e temas, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, pp. 309-352. Mamigonian, A. (1999), “Gênese e objeto da Geografia: passado e presente”, em Geosul, Universidade Federal de Santa Catarina, vol. 14, núm. 28, Florianópolis, pp. 167-170. Mendoza Vargas, H., S. Nunes Pereira y M. Fernandes de Souza Neto (2007), “El mapa nacional de México y Brasil, 1821-1946”, en Ribera Carbó, E., H. Mendoza Vargas y P. Sunyer i Martín (coords.), La integración del territorio en una idea de Estado. México y Brasil 1821-1946, UNAM-Instituto de Geografía/ Instituto de Investigaciones Dr. José María Luis Mora, México, pp. 163-198. Monteriro, C. A. de F. (1980), A geografia no Brasil (19341977): avaliação e tendências. Universidade de São Paulo, Instituto de Geografia, São Paulo. Moraes, A. C. R. (2007), Geografia. Pequena História Crítica, Annablume, São Paulo. Neto, M. F. de S. (2012), Planos para o Império. Os planos de viação do Segundo Reinado (1869-1889), Alameda, São Paulo. Pereira, S. L. N. 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López López (coord.: 2012), Investigación turística. Hallazgos y aportaciones, Secretaría de Turismo-Centro de Estudios Superiores en Turismo, Facultad de Turismo y Gastronomía-Universidad Autónoma del Estado de México, Instituto de Geografía-Universidad Nacional Autónoma de México, Asociación Mexicana de Investigación Turística, México, 318 p., ISBN 978-607-422-269-2 En la actualidad, el turismo se ha convertido en una de las actividades económicas de mayor impulso y crecimiento a nivel mundial. A pesar de las reiteradas crisis y del detrimento social y ambiental generado por el capitalismo en muchos lugares del mundo, los datos estadísticos del sector dan una imagen positiva en términos de crecimiento económico. En este sentido, la Organización Mundial de Turismo (WTO, por sus siglas en inglés), declara que en 2012 mil millones de turistas han cruzado las fronteras internacionales y que entre cinco y seis mil millones viajan cada año al interior de sus propios países. Asimismo, dice que el 9% del PIB mundial proviene del sector; que el turismo genera uno de cada doce empleos, que produce 1.2 billones de dólares estadounidenses en exportaciones, que es responsable del 6% del comercio internacional y del 8% de las exportaciones de los países menos desarrollados (UNWTA, 2012). En concordancia con la situación mundial, en México, el turismo es una actividad económica que también se encuentra en crecimiento y que sin importar los matices ideológicos de los diferentes partidos políticos, se ha establecido como prioritario. Parece haber un consenso en los gobiernos, tanto a nivel federal, como estatal y local, que considera que el impulso a dicha actividad es una estrategia positiva para lograr el desarrollo económico y el bienestar social. Por ende, en los últimos sexenios, las políticas públicas se han abocado al establecimiento de planes y programas para una transformación territorial que permita la inversión y la promoción turística, con una tendencia creciente. El turismo, en palabras de Ana Pricila Sosa, una de las autoras del libro, ha adquirido un carácter estratégico y de prioridad nacional. 142 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 La Cuenta Satélite del Turismo de México (CSTM) elaborada por el Instituto Nacional de Estadística, y Geografía (INEGI) para el periodo 2006-2010, informa que en el 2010 el turismo aportaba el 8.6% del PIB. De acuerdo a los últimos datos de la CSTM en nivel de empleos alcanzados durante 2010 en la industria turística fue de 2 millones 231 puestos remunerados, con ello, el turismo sigue manteniéndose como bastión importante en las cuentas nacionales de México (SECTUR, 2012:18). En este contexto se inserta el libro, Investigación turística Hallazgos y aportaciones coordinado por Maribel Osorio García y Álvaro López López. En él se hace patente la importancia de entender el fenómeno en sus múltiples vertientes y desde diversas visiones, para reflexionar sobre el conocimiento construido y las implicaciones territoriales, económicas, políticas, ambientales, sociales y culturales de las actividades vinculadas al turismo. El texto retoma la discusión del turismo en México y la sitúa en el ámbito internacional, para posteriormente analizar diversos casos en México. El turismo, como lo retoma Jaime Winger, uno de los autores del libro, ha sido definido por la Organización Mundial de Turismo, como las actividades que realizan las personas durante sus viajes y estancias en lugares distintos al de su entorno habitual, por un periodo de tiempo consecutivo inferior a un año, con fines de ocio, por negocios y otros motivos, no relacionados con el ejercicio de una actividad remunerada en el lugar visitado (p. 76). Investigación turística. Hallazgos y aportaciones Los organismos internacionales especializados en la materia, los gobiernos nacionales y las instancias locales lo asumen como una estrategia para el desarrollo; la población lo ve como una fuente de empleo o como una alternativa para el ocio y esparcimiento; los académicos analizan sus posibilidades y consecuencias, su impacto, sus dinámicas y sus tendencias. Con base en lo anterior, Maribel Osorio y Álvaro López lideran a un grupo multidisciplinario para reflexionar en torno al turismo y al quehacer académico que se enfoca en él. A partir de ello discuten el estado del arte, algunos aspectos teóricos relevantes, propuestas metodológicas, así como diversas experiencias turísticas en términos de sus repercusiones socio-territoriales. De la combinación de autores surgidos de diversas disciplinas y pertenecientes a diversas universidades, tanto de la República Mexicana como de países tales como Argentina y Brasil, emergen interrogantes sobre el turismo en sus múltiples dimensiones. La estructura del libro está dividida en cinco partes, que van desde las reflexiones teóricas del turismo, a los factores que coadyuvan en la consecución del turismo, las experiencias del turismo convencional y las intenciones de la sostenibilidad turística. Territorialmente se analizan los alcances en ciudades pequeñas, en áreas rurales y en áreas naturales y de conservación. La primera parte está centrada en las reflexiones teóricas del turismo y contiene tres capítulos donde se da cuenta de algunas inquietudes de los estudiosos del turismo, en un esquema que permite abordar temas divergentes. El primer trabajo se sitúa desde la hermenéutica dialéctica. Desde ahí, Napoleón Conde reflexiona sobre la cientificidad del discurso turístico y, con ello, le da entrada al conjunto de textos que conforman el libro. En el siguiente capítulo, Luis Antonio Rizzon y Marcia María Capellano abordan el papel del hipetexto en la formación y actuación del turismólogo, en el cual se explora el papel de las nuevas tecnologías y su impacto en el sector analizado; y en el tercer capítulo de la sección, Daniel Jaime explora el tema del turismo y la cultura en la posmodernidad. La segunda parte, intitulada “Factores que coadyuvan en la consecución del turismo” reúne a cuatro capítulos, donde se analizan diversos tipos de negocios como las agencias de viajes y las proveedurías; así como a los actores sociales, públicos y privados, los vínculos entre ellos y sus repercusiones en el espacio turístico. Asimismo, se hace una caracterización particular de los visitantes. De manera tal que Daniel Ramírez, Maribel Espinoza, Francisco Madrid, Graciela Cruz, Cecilia Cadena y Jorge Hernández analizan los temas anteriores, en un ámbito que va de lo nacional a lo local, donde destacan como lugares concretos de estudio el Distrito Federal, Ixtapan de la Sal y Villa Victoria, estas dos últimas en el Estado de México. La tercera parte del libro, “Experiencias del turismo convencional”, está formada por dos trabajos que se centran en el estado de Quintana Roo. En el de Ana Pricila Sosa se estudian las percepciones sociales de un espacio turístico tras el paso del huracán Dean; mientras que el capítulo que Rafael Romero hace, como parte de su tesis de doctorado, se analizan las causas de la polarización interregional del estado y su dependencia del turismo. La cuarta parte se llama “Intenciones de la sostenibilidad turística y sus alcances en ciudades pequeñas y áreas rurales” y con ello se da entrada a una de las temáticas que más importancia han adquirido en los últimos años, es decir, el problema de la sostenibilidad y el desarrollo sustentable. En ese sentido, Ismael Rodríguez estudia los factores que pueden coadyuvar a lograr un desarrollo sostenido nacional en materia turística. Es importante destacar que el autor afirma que la visión economicista del sector, además de los intereses políticos y económicos, dificultan la posibilidad de implementar estrategias sostenibles. Elva Vargas y Alicia Ledezma miran la sustentabilidad desde el ángulo de la responsabilidad social de las empresas turísticas, para ello analizan el papel de la ciencia ambiental en el desarrollo del turismo y hacen propuestas que buscan acciones directas de las empresas. El problema del desarrollo sustentable y del vínculo entre turismo y patrimonio se analiza después desde Tacotalpan y el Tajín, Comala y la costa sur de Jalisco. Marisa Gutiérrez y Peter Gerritsen plantean que la sustentabilidad del turismo rural depende de la forma en que dicha actividad se adapte al entorno natural y social de las comunidades rurales; Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 143 Liliana López Levi Rafael Covarrubias y Ernesto Conde plantean una estrategia de desarrollo local incluyente, a través de la creación de microempresas de turismo rural basado en la oferta del patrimonio natural y cultural, y Francisco Álvarez busca mostrar que si bien la nominación como patrimonio de la humanidad es importante, no basta para el desarrollo turístico, sino que se deben establecer condiciones y planear actividades que mejoren la calidad de vida de los habitantes locales. La quinta parte, el “Turismo en áreas naturales y de conservación” cierra con la problemática analizada a través de tres capítulos que abordan los casos del Parque Natural Sierra Nanchitla, el Parque Nacional Nevado de Toluca y el suelo de Conservación del Distrito Federal. En ellos Juan Carlos Castro, Miguel Ángel Balderas y Octavio Monroy abordan el ecoturismo y el turismo de aventura, en los cuales los elementos naturales y paisajísticos son de gran relevancia. Maribel Osorio, Sergio Franco y Héctor Regil hacen un diagnóstico orientado a la planeación turística, donde dan cuenta de la falta de un ordenamiento que ha contribuido al deterioro ambiental en el Nevado de Toluca. El libro termina con un capítulo donde Bertha Palomino y Gustavo López también analizan proyectos ecoturísticos específicos, pertenecientes a la Ciudad de México. El libro recoge la complejidad del tema del turismo y aborda sus aristas económicas, políticas, ambientales, sociales y culturales. La cultura se muestra en una amplia variedad de formas, desde la literatura con Pedro Páramo en Jalisco, la música en Tlacotalpan y la arqueología del Tajín; lo económico en la diversidad de negocios que ofrecen sus servicios al sector turístico y que quedan ejemplificados con las agencias de viajes, las proveedurías y las microempresas de Comala; lo social se ve en los habitantes de las localidades turísticas, en sus estrategias y en la percepción de su espacio; lo ambiental queda reflejado en el uso que se le da a la naturaleza y en el deterioro ecológico que tienen los lugares a causa del turismo. De manera implícita o explícita, todo ello abona a la discusión sobre la pertinencia del binomio patrimonio-turismo y sobre la viabilidad de la inversión y promoción turística para el desarrollo local. 144 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 Aunque los capítulos son heterogéneos entre sí, el conjunto de reflexiones se presenta en un formato bajo el cual los trabajos tienen un esquema común, organizado en apartados, de manera tal que tanto en los capítulos teóricos como los estudios de caso se establecen los antecedentes, las precisiones de la investigación, donde se incluyen los objetivos, hipótesis y la nota metodológica, los principales hallazgos y las conclusiones. El libro muestra una diversidad de metodologías, que nos llevan desde la teoría de sistemas, hasta el análisis Delphi; diversas contribuciones tienen un trabajo de campo, con encuestas y entrevistas; se reporta también la elaboración de inventarios, la generación de indicadores y la evaluación de proyectos. Algunos textos forman parte de tesis de doctorado, otros son parte de proyectos de investigación colectiva y otros reflejan la trayectoria de investigadores consolidados. En conjunto, nos muestran que el turismo no solo es una de las actividades económicas de mayor crecimiento y con mayor potencial, sino que como práctica social ha adquirido cada vez mayor importancia como agente transformador de los lugares. En este sentido, la obra ha logrado trascender el ámbito académico, pues de acuerdo con el Sexto Informe de Labores de la Secretaría de Turismo (SECTUR, 2012:32), éste ha sido distribuido en las secretarías de turismo de los estados, entre los representantes de las cámaras, asociaciones y universidades, con la intención de otorgar una base de información y conocimiento que apoye la toma de decisiones en el sector. SECTUR (2012) Sexto Informe de labores, Secretaría de Turismo, México [http://www.sectur.gob.mx/ work/models/sectur/Resource/5784/1/images/ SECTUR_6TO_INFORME_LABORES.pdf ]. UNWTA (2012), One Billion Tourists, One Billion Opportunities, World Tourism Organization, Madrid [http://1billiontourists.unwto.org/]. Liliana López Levi Departamento de Política y Cultura Universidad Autónoma Metropolitana-Xochimilco Miller, M. E. and B. E. Mundy (eds.; 2012), Painting a Map of Sixteenth-Century. Land, Writing, and Native Rule, Beinecke Rare Book and Manuscript Library, Yale University, Yale University Press, New Haven, 216 p., ISBN 978-0-300-18071-8 En 1975 el historiador de arte prehispánico de la Universidad de Yale, George Kubler, recibió un mapa antiguo del México central. Se trataba de un documento del siglo XVI con una dimensión de 177 centímetros en forma rectangular y hecho de amate. Así, pasó a formar parte de los “libros raros y manuscritos” de la Biblioteca Beinecke perteneciente a la misma Universidad. Pero fue a partir del primer estudio realizado por John B. Glass que comenzó el reconocimiento del mapa histórico (Carr, 2012b:171). No obstante, solo hasta años recientes, cuando un estudiante del seminario de arte puso atención sobre él, es que se formó, en 2007, un seminario para su estudio sistemático. Fue entonces protegido por un vidrio suspendido (Noack, 2012) y de esta forma comenzaba una nueva era para el mapa: varias miradas procedentes de diversas disciplinas y con diferentes enfoques posaron su interés sobre un mismo objeto en común. Dos años después tomaba ya su primera forma un conjunto de estudios monográficos y un análisis científico de los materiales que le dan soporte como no había sucedido jamás con otro documento del mismo tipo (Magaloni, 2012; Newman y Derrick, 2012). Dichos avances preliminares fueron presentados en 2009 en una sesión en el Instituto de Investigaciones Antropológicas de la UNAM. Finalmente, el pasado 4 de diciembre del 2012, en el Auditorio Jaime Torres Bodet del Museo Nacional de Antropología de la Ciudad de México, la presentación fue coordinada y editada por Mary E. Miller y Barbara E. Mundy, y dos historiadoras del arte de la Universidad de Yale. Con el título Painting a Map of sixteenth-Century Mexico City. Land, writing and Native Rule, el libro se conforma de una Introducción por parte de la coordinadora Mary E. Miller, nueve ensayos independientes,1 un La investigación procede de dos grupos académicos, principalmente, de la Universidad de Yale y de la Univer- 1 epílogo de las editoras, dos apéndices, un glosario más una bibliografía completa; incluye, asimismo, reproducciones nítidas y a color del mapa Beinecke y varios de sus detalles entre cuantos mapas similares o asociados a aquél. La imagen del mapa es fundamentalmente la de una cuadrícula con divisiones, aparentemente regulares, en 121 parcelas, asignadas a 143 hombres y mujeres como posibles terrazgueros y marcados, cada uno, con un glifo de nombre de una planta de tule o de maíz. Por consenso de los estudiosos del mapa éste debió haber sido elaborado en 1565 bajo el último de los reinados tenochca. Este dato pudo constatarse ya que, del lado izquierdo del mapa, aparecen cinco señores que, ordenados en secuencia, gobernaron entre 1538 y1565, lo que indica una temporalidad de unos 40 años. Allí mismo aparece el virrey Luis Velasco frente a un tlatoque, además de una iglesia y una hilera de siete casas indígenas. En términos generales, se trata de un documento legal para registrar tierras y sus dueños y con ello reclamar derechos de una comunidad indígena sobre ellas. Pero es mucho más: es un mapa, ante todo, dinámico y flexible. Esto es, el análisis físico demostró el uso frecuente de parches y enmiendas lo que quiere decir que fue un documento constantemente utilizado buscando objetivos del momento (Carr, 2012a). Asimismo, el códice plasma todo un contexto político y sosidad Nacional Autónoma de México. Las colaboraciones provienen de historiadores del arte como Mary E. Miller, Barbara E. Mundy, Richard Newman, Michele Derrick y Gordon Whittaker y de antropólogos e historiadores como son María Castañeda de la Paz, Pablo Escalante Gonzalbo y Diana Magaloni Kerpel. Sin embargo, el universo de planteamientos y desafíos que presenta el mapa Beinecke sugiere la necesidad de contar con más especialistas que con otros marcos de referencia y escalas de trabajo podrían completar el abordaje teórico y específico del estudio de este documento. Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 145 Raquel Urroz cial de destrucciones y construcciones españolas mostrando, sobre todo, los ajustes y la crisis en el sistema de tenencia de la tierra entre las autoridades españolas y las indígenas (Mundy, 2012b) También es un mapa histórico que muestra enfáticamente las generaciones o las genealogías como si se tratara de una biografía de linaje tenochca (Carr, 2012a; Castañeda de la Paz, 2012). Por último, la pictografía es, una vez más, una muestra fehaciente de la tradición estilística de los tlacuiloque (Mundy, 2012a; Whittaker, 2012) lo que permite asimismo cotejarlo iconográficamente con otros códices de su época o de su tipo como es el caso del Plano Parcial de la Ciudad de México (Castañeda de la Paz, 2012). Ahora bien, sabemos de una gran cantidad de documentos pictográficos de manufactura indígena que cumplieron con documentar sus historias y preservar su visión del espacio. Entre ellos están los códices con dimensiones geográficas y de contenido propiamente cartográfico Sin embargo, existen diferentes criterios para definirlos propiamente como mapas (Urroz y Mendoza, 2010). Barbara Mundy, por ejemplo, ha propuesto cuatro grandes categorías para este tipo de mapas de carácter territorial y entre ellos están los de carácter catastral donde encajaría el mapa en cuestión (Mundy, 1996:248-256). En general, son un tipo de códices que en la época colonial fungieron en litigios de terrenos para cumplir, entre otros, con la finalidad de identificar a la elite gobernante y mostrar visualmente su estatus junto con su respectiva extensión territorial para con ello proteger los derechos de propiedad frente al cabildo español. Subsanando los problemas de definición y catalogación de los documentos pictóricos, podríamos decir que aunque este mapa es de contenido histórico y económico, es, sobre todo, de carácter territorial y específicamente catastral. Revisemos entonces solo aquellos ensayos que miran el mapa desde una perspectiva espacial. Principalmente son tres autores que lo abordan así: Pablo Escalante, Barbara E. Mundy y María Castañeda de la Paz quienes estudian respectivamente el mapa en relación con su topografía, con la tenencia de la tierra y cotejándolo con otro mapa similar en tiempo, espacio y contenido. Comienzo describiendo el artículo escrito por Pablo Escalante ya que es quien nos brinda la interpretación del lugar. Es decir, ante todo, es un mapa que registra un espacio concreto, una locación 146 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 especifica. Frente a la dificultad que presenta el documento de no contar con evidentes topónimos o glifos de lugar, además de carecer de orientación o de una relación más amplia con otras partes de la Ciudad de México, el autor apuesta a su estudio topográfico. Nos dice que por las distancias y dimensiones representadas se trata de un mapa a escala local, es decir, una pequeña área pero densamente poblada aparentemente a las afueras de la traza urbana de Tenochtitlan. Parece ser una región pantanosa donde abundan canales y flujos de agua que irrigan los terrenales y algunas chinampas; en fin, un área de vergeles y árboles. Sin embargo, aquello que definiría su ubicación precisa a orillas de lago de Tezcoco al sureste de la ciudad (en la parcialidad San Pablo Teopan) y fuera de la traza española es su colindancia con un gran dique que seguramente es el albarradón de Ahuizotl o San Lázaro. Esto lo concluye cotejándolo con el mapa de Uppsala aunque sin señalar su relación con el mapa entre ambos (Escalante, 2012:105) También aparece en él una iglesia misma que intuye ser la misma que aparece en el mapa de Antonio de Alzate como única construida en el perímetro de la isla (Ibid.:107).2 Finalmente, haciendo referencia a un glifo, concluye que se trata del barrio de San Jerónimo Atlixco. Por su parte, Barbara E. Mundy busca descifrar el uso del mapa y para ello explora el contexto y situación de la tierra que, para ese momento, aparece escasa, muy peleada y dentro de un sistema de tenencia prehispánico muy complicado (Mundy, 2012a:42-43). Aunque es claro que el documento funge como registro, evidencia y como una protección contra los abusos de las autoridades españolas, es necesario explicar entonces la falta explícita de propietarios y de medidas de las parcelas (Ibid.:46). La autora sugiere que esto se debe a la naturaleza flexible y modificable en sus funciones y lecturas. Es decir, el mapa, además de sumar nuevas generaciones de propietarios, debió utilizarse también para transferencias entre dos partes indígenas o tlatoques, uso que continuó en la época colonial, para redistribuciones de tierras por parte del cabildo español. En este caso, y desde la perspectiva española, la autora concluye que el mapa buscó asignar 2 Aunque se reproduce el detalle del mapa de Antonio de Alzate, el autor no señala la ubicación precisa donde el lector debe mirar. Painting a Map of Sixteenth-Century. Land, Writing, and Native Rule tierras fuera de la traza central y en los márgenes del lago a donde empujaron a sus nuevos residentes, ya fueran residentes españoles o elite indígena (Ibid). En este sentido, podría decirse que el mapa “pone al día” estos “movimientos espaciales”. El segundo de sus ensayos es un análisis iconográfico para detectar la relación entre autoridades españolas y gobernadores indígenas en relación con el control y la tenencia de las tierras. Ambas partes buscaban, por medio del mapa, mantener o establecer poder político y control territorial. El resguardo de un mapa como este debió haber estado archivado en el Tecpan o casa señorial de su respectivo altépetl y en donde se llevaba celosamente el registro de los linajes o tlatocamecayotl. Mientras que, en el caso de los españoles −quienes no comprendieron el sentido del registro indígena– reasignaron las tierras mismas para su beneficio. En este sentido, la sorpresa es que este mapa no es un reclamo al cabildo español por parte del gobernante tenochca, sino de miembros o residentes locales de los ejidos que reclamaban a ambas partes quienes se disputaban la apropiación de tierras junto con sus tributos (Mundy, 2012b:131). Finalmente, María Castañeda de la Paz propone un cotejo entre el mapa Beinecke y el Plano Parcial de la Ciudad de México y esto con el fin de responderse para quién y porqué se elaboró el documento. Partiendo una vez más del entendimiento del sistema de tenencia indígena, el mapa representa la tensión, por un lado, entre el cabildo español y el tlatoani o gobernante indígena; y, por el otro, muestra la crisis de los linajes y sus tlatoques pertenecientes a su altépetl correspondiente. Tomando esto en cuenta describe diferencias y similitudes entre ambos documentos. El Plano Parcial representa una sección de la Ciudad de México y contiene tierras señoriales con glifos de nombres que indican los dueños, todos varones y acompañados por glosas. También sufrió cambios y enmiendas en la lista de los gobernadores tenochcas. Por su parte, el mapa de Beinecke que también sufrió múltiples arreglos, representa, en cambio, tierras patrimoniales en posesión de la realeza mexica −con reconocimiento español− y sus dueños tanto hombres como mujeres. Este mapa, sin embargo, carece de topónimos y no está acompañado de documentación alguna. Una similitud fundamental es que ambos mapas fueron elaborados a lo largo de varios periodos pero completándose ambos durante el reinado de Cipac. La autora plantea la posibilidad de que existiera un archivo en Tenochtitlan que resguardaba la información territorial de cada altépetl, mientras que, a su vez, cada pueblo derrotado también tenía el suyo. En este sentido, el Plano Parcial debió pertenecer al archivo de Tenochtitlan, mientras que el mapa Beinecke a una librería local. Como el historiador del arte Ernst Gombrich ha señalado que una imagen no se lee sola (Gombrich, 2010:45); es decir, para comprender una imagen y sobre todo, para poder ser interpretada debidamente es necesario un texto que lo explique. Pero en el caso del mundo de los códices y mapas antiguos de tradición indígena no siempre es así. Y como bien lo explica Elizabeth Hill Boone, estos documentos formaron parte de un sistema de representaciones icónico, numérico y espacial que estandarizó cierto formato, imágenes e inclusive materiales que toda una carga de significados misma que resultaba legible para aquellos que compartían las mismas convenciones estilísticas (Hill, 2010:50-51). En este sentido, Barbara E. Mundy confirma que, con este mapa, se alcanzó, una vez más, lo esperado: “lucidez” y “claridad” de ideas, cosas y acciones para ser leídos y comprendidos como códigos visuales (Mundy, 2012b:34-36). Al mismo tiempo, resulta inevitable el carácter especulativo e hipotético de las primeras interpretaciones y estudios. Quizá esta sea la razón por la que los presentadores del libro en el auditorio del Museo Nacional de Antropología argumentaron que la obra, más que develar realidades, sacaba a luz nuevos problemas.3 Es decir, en el caso de este mapa, carente de glosas sobre su superficie y en donde no se ha encontrado un legajo o documento escrito que lo acompañara, aumenta la dificultad de su estudio. No obstante, como subrayó Javier Noguez, el logro reside en el hecho de haber coordinado y editado un volumen Los presentadores de la obra, en la velada del Museo Nacional de Antropología (Chapultepec) fueron, además de Eduardo Matos Moctezuma, Carmen Herrera quien señaló, sobre todo, la necesidad de cotejar el mapa con otros códices y la urgencia de trabajar en coordinación más en aspectos diferenciales. Por su parte, Xavier Noguez enfatizó la dificultad y el reto que implica los estudios de códices mismos que deben ser, ante todo, trabajos hechos con lupa. Esto es, analizar cada glifo en particular para después poder mirar todo el paisaje en conjunto. 3 Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 147 Raquel Urroz colectivo que representa en sí el primer paso de un largo camino en la vida histórica del mapa. REFERENCIAS Carr, D. (2012a), “The Beinecke Map: iconography and physical properties”, in Miller, M. E. and B. E. Mundy (eds.), Painting a Map of Sixteenth-Century. Land, Writing, and Native Rule, Beinecke Rare Book and Manuscript Library, Yale University, Yale University Press, New Haven, pp. 9-30. Carr, D. (2012b), “A mexican map abroad: the Beinecke map in the Nineteenth and Twentieth Centuries”, in Miller, M. E. and B. E. Mundy (eds.), Painting a Map of Sixteenth-Century. 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Historias pictóricas de aztecas y mixtecos, Fondo de Cultura Económica, México. Magaloni Kerpel, D. (2012), “The traces of the creative process: pictorial materials used on the Beinecke map”, in Miller, M. E. and B. E. Mundy (eds.), Painting a Map of Sixteenth-Century. Land, Writing, and Native Rule, Beinecke Rare Book and Manuscript Library, Yale University, Yale University Press, New Haven, pp. 75-90. Mundy, B. (1996), “Mesoamerican Cartography”, in Woodward, D. and G. L. G. Malcolm (eds.), The 148 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 History of Cartography, The University of Chicago Press, Chicago, pp. 248-256. Mundy, B. (2012a), “Pictography, writing, and mapping in the Valley of Mexico and the Beinecke map”, in Miller, M. E. and B. E. Mundy (eds.), Painting a Map of Sixteenth-Century. Land, Writing, and Native Rule, Beinecke Rare Book and Manuscript Library, Yale University, Yale University Press, New Haven, pp. 31-52. Mundy, B. 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Mendoza Vargas (2010), “Los mapas de México: situación actual y análisis de las trayectorias”, en Oliveira, R. de y H. Mendoza Vargas (coord.), Mapas de la mitad del mundo. La cartografía y la construcción territorial de los espacios americanos. Siglos XVI al XIX, Centro de Estudos Geográficos, Universidad de Lisboa/ Instituto de Geografía, UNAM, Lisboa, pp. 19-41. Whittaker, G. (2012), “Nahuatl hierogyphic writing and the Beinecke map”, in Miller, M. E. and B. E. Mundy (eds.), Painting a Map of Sixteenth-Century. Land, Writing, and Native Rule, Beinecke Rare Book and Manuscript Library, Yale University, Yale University Press, New Haven, pp. 137-158. Raquel Urroz Facultad de Filosofía y Letras Universidad Nacional Autónoma de México COLORURAL - XVI Coloquio de Geografía Rural, Asociación de Geógrafos Españoles, Sevilla, 10 - 12 de mayo de 2012 Entre los días 10 y 12 de mayo de 2012 se ha celebrado en la Universidad de Sevilla el XVI coloquio de Geografía Rural de la Asociación de Geógrafos Españoles (AGE). Bajo el lema Investigando en Rural, este coloquio continúa con la organización bianual de coloquios temáticos, al tiempo que innovando en su estructura y dinámica de trabajo. El primero de los aspectos señalados es muy importante, dada la trayectoria dilatada y productiva de las actividades desarrolladas hasta la fecha.1 El coloquio se efectuó a lo largo de tres días en la sede central de la Universidad de Sevilla, un edificio civil del siglo XVIII construido para albergar la Real Fábrica de Tabacos. Además de esta localización El grupo de geógrafos rurales de la AGE promueve la organización de reuniones periódicas entre sus socios con objeto de profundizar en el conocimiento y difusión científica de los avances en este campo de investigación. Tras un primer encuentro a mediados de la década de 1960, será dos décadas más tarde cuando estas reuniones se constituyan en claves de la agenda de trabajo de los ruralistas españoles, y por qué no decirlo, del conjunto de los socios de la AGE. Y ello es así tanto por la extensa trayectoria en la que han tomado parte la práctica totalidad de universidades españolas, como por la amplia producción científica que se ha dado a conocer en las ediciones sucesivas de volúmenes de actas. En la actualidad estas reuniones se combinan con otras de carácter bi-lateral, principalmente con ruralistas anglosajones y franceses, lo que permite ampliar temáticas que enriquecen notablemente los flujos entre investigadores. Como no podía ser de otro modo, la experiencia adquirida y los nuevos frentes abiertos en la disciplina derivan en la introducción de cambios en la estructura de los coloquios. Este segundo aspecto guarda relación tanto con la necesaria renovación de las temáticas de las sesiones monográficas y los planteamientos y destinos de las jornadas de campo habituales en estos coloquios, como también en la importancia de vincular a investigadores procedentes de otras disciplinas y nacionalidades. Sobre ambos pivota este coloquio de Sevilla, en un equilibrio que ha resultado fructífero en los aspectos organizativos, estructurales y de contenido, y en la difusión de los resultados. 1 emblemática, las actividades se desplazaron a la sede de entidades culturales y lucrativas, como la Fundación Cruzcampo, situada en otra instalación fabril de principios del siglo XX; el conjunto de empresas de El Esparragal, cuya sede se encuentra en un cortijo andaluz del siglo XVII; y una jornada de campo en el parque nacional de Doñana. Este mapa de localizaciones ha servido para aunar el trabajo científico con la proyección externa del coloquio y del propio grupo. La amplia aceptación de esta propuesta se vio confirmada con la participación de casi un centenar de investigadores y especialistas en el ámbito de lo rural, con un perfil de asistentes de procedencia mayoritariamente nacional. También se contó con la participación de una interesante representación de investigadores y/o profesionales de América Latina (México y Brasil) y del resto de Europa (principalmente, Francia, Bélgica, Alemania e Italia), con diferentes experiencias territoriales y metodológicas. Y ello tanto desde el ámbito disciplinar de la Geografía y de otras ciencias del territorio, como desde la Agronomía, la Antropología o la Sociología. Todo ello ha contribuido a enriquecer los contenidos temáticos, y ha favorecido el debate y la reflexión en las orientaciones tradicionales de estas disciplinas interesadas en los estudios rurales. La estructura y contenidos del coloquio han supuesto un cambio de orientación. En primer lugar se han organizado tres bloques de actividades, correspondientes a las tres jornadas de duración del coloquio: una primera sobre investigación científica, precedida de la conferencia inaugural; sesiones temáticas con la defensa de comunicaciones por parte de los autores; y dos jornadas de campo. La primera jornada de trabajo se organizó en dos conjuntos de actividades. De una parte, el coloquio dio comienzo con la conferencia inaugural Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 149 María José Prados y Ana García “La valorización del patrimonio agroindustrial del tequila: ¿Desarrollo local o secuestro corporativo de un paisaje singular?”, a cargo de Luis Felipe Cabrales Barajas, de la Universidad de Guadalajara. La invitación a Cabrales se enmarca en el proceso de cambio de enfoque pretendido en este XVI coloquio. El interés por dinamizar la reunión con la incorporación de investigadores relevantes debía aunar la participación de investigadores externos al grupo que supongan una amplitud de enfoques teóricos y metodológicos. En este caso el enriquecimiento lo ha sido también de perspectiva territorial, dado que Cabrales eligió como tema de su conferencia el concepto de patrimonio territorial,2 su análisis y puesta en valor, centrándolo en el Valle del río Santiago. Esta elección le ha permitido centrarse en la explotación económica del patrimonio agroindustrial del tequila y ha supuesto el acercamiento a un ámbito como es el del paisaje agavero, tan alejado en términos económicos y geográficos a la realidad española, como próximo en planteamientos teóricos y de método (Cabrales, 2012; Cabrales y González, 2008). Cabrales, además de ser doctor en Geografía por la Universidad Complutense de Madrid, participa de forma habitual en actividades docentes e investigadoras con geógrafos españoles, de ahí la oportunidad de este acercamiento. El segundo conjunto de actividades de esta primera jornada ha pretendido incidir en el contexto científico de la investigación, con la organización de una mesa redonda y un panel sobre proyectos de investigación financiados y tesis doctorales. La mesa redonda responde al lema Financiando la Investigación, como impulso a los programas y entidades que promueven la investigación competitiva en nuestra temática. Para ello y bajo la coordinación de Javier Esparcia, de la Universidad de Valencia, la mesa redonda contó con una destacada participación 2 La noción de patrimonio territorial es planteada por Ortega Valcárcel (1998:35), quien concibe que el territorio es progresivamente valorado como parte del patrimonio histórico y cultural. La idea es considerar la construcción del espacio, más allá del edificio, lo que sintetiza la propuesta de evolucionar “del monumento al territorio”. Ello supondría un rencuentro entre el “patrimonio natural” y el “patrimonio histórico” que convencionalmente se han estudiado como categorías disociadas. 150 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 de técnicos responsables de programas europeos y nacionales. En concreto fueron invitados Miguel Valle (Centro para el Desarrollo Tecnológico Industrial –CDTI–), encargado de la presentación del Programa Marco de la Unión Europea en el área de Ciencias Sociales y Humanidades. Isidro López (Observatorio de la Sostenibilidad en España) expuso las claves del Programa ESPON, como Punto Nacional de Contacto y Consuelo León (Oficina de Transferencia de Resultados de Investigación de la Universidad de Sevilla) culminó la ronda de programas de investigación con las directrices del Plan Nacional de I+D+i, además de algunos apuntes sobre otros ejes temáticos del Programa Marco de interés para los estudios rurales. Todos ellos coincidieron en sus discursos sobre la importancia de la internacionalización de la investigación y la necesidad de contar con equipos competitivos y multidisciplinares. En esta misma argumentación, los paneles Descubriendo a los otros y Creando Redes, han pretendido la difusión de la investigación financiada por los socios del grupo y otros participantes. La profesora Foronda, de la Universidad de Sevilla, fue la encargada de presentar una recopilación de tesis doctorales en los campos de la Geografía y/o temática rural, y de incidir en la necesaria divulgación de estas investigaciones a través de bases de datos informatizadas y disponibles en red, como TESEO. Esta actividad se completó con la presentación de los proyectos de I+D+i por parte de los investigadores principales, en su mayoría de ámbito nacional. El volumen y características de estos proyectos en Ciencias Sociales y específicamente en Geografía, permiten hablar de una trayectoria consolidada que debe ahondar en la internacionalización y en una mayor interdisciplinariedad. La segunda jornada de trabajo tuvo como objetivo profundizar en el análisis y la discusión científica en torno a tres grandes áreas temáticas: Nuevos Espacios, Nuevos Pobladores; Una Mirada al Medio rural, y Ganando Legitimidad. Se organizaron para ello tres sesiones simultáneas destinadas a la presentación y defensa pública de las comunicaciones presentadas al coloquio. La primera sesión contó con la coordinación de Carmen Delgado, profesora de la Universidad de Cantabria. En ella COLORURAL - XVI Coloquio de Geografía Rural, Asociación de Geógrafos Españoles se presentaron 23 comunicaciones centradas en el análisis de la movilidad de la población e inmigración rural; procesos de difusión urbana en áreas rurales y modelos de urbanismo sostenible; multifuncionalidad y desarrollo sostenible: renovación y reactivación económica; articulación y dinámica territorial; las áreas rurales en el escenario de la Estrategia EU 2020; espacios rurales de frontera: usos y funciones. En términos cuantitativos hay que señalar que del total de trabajos presentados, los centrados en actividades como el turismo, los movimientos migratorios y las nuevas tendencias sociodemográficas tuvieron un peso significativo en el conjunto de la sesión. En paralelo se desarrollaba la segunda sesión, que bajo el lema Una mirada al Medio Rural estuvo coordinada por Eduardo Araque de la Universidad de Jaén. En esta sesión, muy amplia en temática como oportuna y de actualidad, se defendieron los resultados de investigaciones sobre paisajes rurales (históricos, culturales, inmateriales; el patrimonio territorial; la protección, uso y gestión del patrimonio; la conservación del medio rural (políticas e indicadores ambientales); así como de riesgos naturales e impactos ambientales derivados de la actividad rural. Sin duda fue la que mayor número de comunicaciones recibió: más de 30 trabajos se presentaron bajo alguna de las líneas señaladas. La tercera de las sesiones llevó por título Ganando Legitimidad: Gobierno, Micropolíticas y Comunidad, y fue dirigida por Ángel Paniagua, del Consejo Superior de Investigaciones Científicas. En ella se incluyeron novedosos temas en relación con la legitimidad social; capital social y desarrollo territorial; sistemas de participación; redes sociales; redes de cooperación territorial y buenas prácticas en gobernanza rural. Sin duda, de las 21 comunicaciones presentadas, el tema del capital social, abordado desde diferentes metodologías y escalas territoriales fue el más trabajado en esta sesión. Finalizadas las tres sesiones temáticas, la jornada continuó con un almuerzo y visita a la empresa “El Esparragal”, en el municipio de Gerena (Sevilla). El objetivo, conocer experiencias de diversificación económica en el ámbito agro-rural, centrada tanto en actividades primarias como en el desarrollo de programas de ocio y restauración, paquetes turísticos, y de promoción industrial e inmobiliaria. La explotación agropecuaria es un claro ejemplo de multifuncionalidad rural, tanto por los frentes de diversificación económica como por la adaptación a los mercados y a las nuevas demandas de los consumidores sobre los espacios rurales, temas que en las sesiones temáticas tuvieron, como se ha visto, un lugar preminente. En las instalaciones del cortijo tuvo lugar la Asamblea Ordinaria del grupo de Geografía Rural donde se plantearon las acciones llevadas a cabo y el Plan de Trabajo para el próximo año. La tercera de las jornadas del coloquio tuvo por objeto el acercamiento a procesos territoriales que vinculan el medio natural con la nueva consideración de lo rural. Esta jornada se centró en el parque nacional de Doñana, bajo el lema El corazón y las zonas de reserva del Parque Nacional de Doñana. La elección de este espacio protegido responde a la extraordinaria proyección de esta región costero-fluvial y de los ecosistemas que alberga, como también a las presiones a las que se ve sometida. La visita organizada por Antonio García y Carlos Posada de la Universidad de Sevilla, dio comienzo en el centro de recepción de visitantes “El Acebuche”, desde donde parten las visitas al interior del Parque. El recorrido de 70 kilómetros permitió conocer de cerca los ecosistemas del parque y la conformación histórica de este espacio como reserva de caza, zona de pesca, actividad ganadera y forestal, y en los últimos años como laboratorio científico. La primera parte del recorrido transcurrió por las playas de Doñana, que presentan un intenso dinamismo debido a las progresiones y regresiones marinas. Estas dinámicas dan lugar a un sistema de dunas vivas, único en Europa, que construyen paisajes naturales con unidades tan características como los corrales, espacios entre dos dunas móviles de bosque y matorral mediterráneos, como elementos patrimoniales de gran valor como las torres vigías del siglo XVI, actualmente refugio de la avifauna del parque. La visita continuó en la unidad paisajística de la Vera, frontera entre la marisma y las arenas estabilizadas o cotos. Esta franja de trazado irregular se caracteriza por las filtraciones de agua entre las dunas y arenas más permeables frente al suelo arcilloso e impermeable de la marisma; de ahí el crecimiento de pastos y Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 151 María José Prados y Ana García su condición de lugar preferido por los mamíferos que habitan en Doñana. El recorrido finalizó en las unidades de los cotos y la marisma, y se dirigió la visita al “Poblado de la Plancha”, una recreación del lugar y condiciones en el que vivieron los últimos pobladores del parque. El recorrido culminó con una de las características “casas rocieras”, en el conocido poblado de El Rocío como núcleo tradicional vinculado al Doñana. Hasta le fecha estos coloquios han contado con diversas fuentes de financiación, tanto del propio grupo como de la Asociación de Geógrafos, y en el caso de este XVI coloquio, del programa de Acciones Complementarias del Plan Nacional, de las Ayudas a la Innovación de la Junta de Andalucía, de la Universidad de Sevilla, tanto de los servicios centrales como de la Facultad de Geografía e Historia y de los departamentos de Geografía, de la Asociación Al-Idrisi y la Fundación Cruzcampo; además de la colaboración desinteresada de profesores, personal técnico y estudiantes. A todos ellos debe hacérseles partícipes de las actividades realizadas y de los resultados alcanzados. Finalmente y en relación con las actividades de difusión, el coloquio ha contado con canales diversificados y de diferente nivel científico. En primer lugar se ha dispuesto de una página web del coloquio (http://congreso. us.es/colorural/) que permanece operativa, donde se recoge una relación detallada de las cuestiones organizativas y de contenido. A los asistentes se les hizo entrega en el momento de la recepción de un volumen con la conferencia inaugural y la totalidad de las comunicaciones defendidas en las diferentes sesiones. Posteriormente todos los participantes recibieron un CD con los paneles, tanto 152 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 en lo referente a los proyectos de investigación financiados como a las tesis doctorales en curso. Los coordinadores de las sesiones se encuentran trabajando en la selección de las comunicaciones más relevantes de entre las defendidas. Es compromiso del Comité Organizador que sean publicadas como artículos en revistas científicas de prestigio y que contribuyan así a la divulgación de resultados y a una mayor proyección de las actividades del grupo de Geografía Rural más allá de los propios coloquios. En 2014 tendrá lugar el XVII coloquio en la Universidad de Gerona, por lo que la fortaleza y consolidación de estas acciones tienen continuidad garantizada gracias a la implicación decidida de los socios del grupo. REFERENCIAS Cabrales Barajas, L. F. (2012), “La valorización del patrimonio agroindustrial del tequila: ¿desarrollo local o secuestro corporativo de un paisaje singular?”, en Investigando el Rural, Universidad de Sevilla, Asociación de Geógrafos Españoles, Sevilla, pp. 17-39. Cabrales Barajas, L. F. y L. 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Desde 1997 geógrafos franceses imparten dos veces al año seminarios y conferencias en las instituciones mexicanas que organizan y conforman la Cátedra (Instituto de Investigaciones José María Luis Mora, Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social, Centro de Investigaciones en Geografía y Geomática “Ing. Jorge L. Tamayo” y El Colegio de Michoacán), instituciones que tienen un especial interés en incluir el aspecto geográfico a sus investigaciones (caso de las dos primeras) o en profundizar nuevos aspectos teóricos y metodológicos (en el caso de las otras). El segundo seminario del 2012 se organizó del 5 al 9 de noviembre en el Centro de Estudios de Geografía Humana (CEGH) de El Colegio de Michoacán. Durante cinco días consecutivos, JeanYves Puyo de la Université de Pau et des pays de l’Adour (suroeste de Francia) impartió el seminario titulado “Del medioambiente al paisaje: estado de la cuestión de la geografía francesa (siglos XVIII al XX)”. Las sesiones, de una duración de tres horas y media, fueron conformadas por las presentaciones del investigador invitado y por media hora de preguntas y comentarios por parte del público, lo que permitió aclarar algunos puntos de las conferencias y facilitó la interacción entre los asistentes y el conferencista. Las conferencias se dieron en español y al final del seminario, Puyo puso a disposición de los asistentes interesados sus presentaciones. Como ya es costumbre, las sesiones fueron grabadas diariamente por el equipo de cómputo de El Colegio de Michoacán para posteriormente ser subidas a la página de la institución,1 donde se pueden consultar 1 El Colegio de Michoacán, Martínez de Navarrete 505, Col. Las Fuentes, 59699, Zamora, Michoacán, México [http://www.colmich.edu.mx/index.php?option=com_ en cualquier momento. Posteriormente el autor mandó un dossier conformado por una selección de artículos ya publicados en revistas de idioma francés e inglés, que tratan de los mismos temas abordados en el seminario (Puyo, 2006, 2008 y 2012; Degrémont y Puyo, 2007 y 2008); éste fue entregado a las bibliotecas de las instituciones participantes a la Cátedra. En esta ocasión, el seminario de la Cátedra se integró al programa de la maestría del CEGH, cursado por la quinta generación de alumnos desde septiembre de 2012. Vino a complementar y enriquecer las materias “Epistemología de la geografía”, “Análisis y evolución del paisaje” y “Geografía e Historia”, impartidas en este primer trimestre y fuertemente vinculadas con los temas abordados por Puyo. Cabe señalar sin embargo que el seminario, además de formar parte de la maestría, fue como siempre totalmente abierto a los académicos y al público en general, sin ningún costo. En un objetivo de formación permanente, asistieron investigadores de la misma unidad del CEGH y de otras instituciones, como la Unidad Académica de Estudios Regionales de Jiquilpan, el Instituto de Geografía y el Centro de Investigaciones sobre América Latina y el Caribe de la Universidad Nacional Autónoma de México. Estudiantes de otros centros de El Colegio de Michoacán, en especial de historia, acudieron también con el propósito de colectar información para la realización de su tesis. Las numerosas conexiones al evento transmitido en vivo a través de la página internet de El Colegio de Michoacán, tanto nacionales (68) como internacionales (31), reflejan también el fuerte interés suscitado por el evento y los temas tratados. Se puede considerar entonces que este evento de la Cátedra no solamente consticontent&id=306&Itemid=299]. Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 153 Virginie Thiébaut tuyó un aporte a la maestría de Geografía humana en curso, sino que también reforzó la proyección del CEGH, que cumplió diez años de existencia en febrero del 2012 y que sigue adquiriendo cada vez más importancia en el ámbito académico geográfico. Las cinco sesiones del seminario presentaron la particularidad de abordar el medioambiente y el paisaje en la geografía francesa, mediante temas y estudios de caso específicos: la ordenación territorial forestal, las representaciones artísticas, la Guyana francesa, para citar algunos. Las sesiones fueron relacionadas unas con otras y siguieron una secuencia lógica, empezando por la ordenación territorial para terminar con la noción de paisaje. En todas las ponencias se presentó una contextualización histórica de las nociones y conceptos, lo que permitió comprender sus orígenes y su evolución. En la primera sesión titulada “El origen de la noción de ordenación territorial: el medio forestal y sus políticas” se presentaron los antecedentes de la noción de ordenación territorial. Después de dar la definición etimológica, el conferencista explicó que la ordenación territorial empezó en Francia con la defensa y la gestión de los bosques a partir del siglo XIV. Las medidas de protección del bosque, que se multiplicaron durante los siglos posteriores, tenían varios objetivos: favorecer el desarrollo de un monte alto en el cual la nobleza podía practicar la montería y que proporcionaba madera para la marina. El autor explicó con precisión, mediante la exposición de varios croquis y fotografías, las disposiciones que se tomaron y sus impactos sobre la morfología de los bosques, y describió los distintos tipos de productos forestales obtenidos. A partir del siglo XIX se consideró la deforestación responsable de desastres naturales y se tomaron medidas de protección en las cuencas altas. El Estado francés intervino entonces directamente, mediante una legislación específica para restaurar las tierras montañosas. Al final del siglo XIX se fundaron las primeras asociaciones privadas de reforestación. Estas medidas de protección se aplicaron igualmente en el protectorado francés de Marruecos, mediante una reglamentación específica sobre los aprovechamientos forestales, que dio buenos resultados. La conclusión de esta primera sesión fue que la ordenación territorial, base teórica e ineludible al origen de las reflexiones actuales sobre el desarrollo 154 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 sustentable, no es una noción nueva, sino el producto directo de una larga reflexión y de numerosas prácticas, en especial en el bosque. El conferencista demostró que hace ya varios siglos que los hombres deliberan sobre las maneras de preservar y de desarrollar los recursos naturales. La segunda sesión del seminario titulada “Del paisaje del artista a la protección de la naturaleza” estuvo dividida en dos partes. La primera, “El ejemplo del bosque de Fontainebleau”, presentó un estudio de caso concreto que vino a ilustrar la evolución de la ordenación forestal durante los últimos tres siglos, complementando así la sesión del primer día. La segunda parte de esta sesión titulada “El ejemplo del Parque Nacional de los Pirineos” se enfocó a la cuestión de la ordenación territorial en las montañas. Mediante el ejemplo del bosque de Fontainebleau, el conferencista enseñó cómo los agentes forestales responsables de la ordenación territorial tuvieron que conciliar la producción de madera con el interés cinegético (cacería, montería) de los Reyes de Francia ya a partir del siglo XIV. El bosque presentó también tempranamente un interés estético, por ser una zona de paseo y el lugar donde se hallaba el castillo real, por lo cual se tomaron varias medidas sucesivas de preservación para regular la tala de los árboles y se favorecieron las operaciones de regeneración forestal (siglos XVIII y XIX). En el siglo XIX el interés estético se concretizó con la fundación de la Escuela de Barbizon: los pintores empezaron a tomar el bosque de Fontainebleau como modelo principal para sus pinturas. A partir de mediados del siglo XIX se desarrollaron nuevas funciones “higienistas” y turísticas del bosque, con la aparición y el desarrollo de los aspectos recreativos. Se multiplicaron las publicaciones de guías y libros sobre el bosque de Fontainebleau y se modificó el medio natural para adaptarlo a los gustos y a la demanda del público. Con el aumento de la actividad turística, a partir de 1850 el antagonismo entre agentes forestales, artistas y turistas creció y se crearon las primeras asociaciones locales de defensa de la naturaleza. En el segundo estudio de caso enfocado a la ordenación territorial en las montañas, se presentó el caso del parque de Néouvielle, en los Pirineos, que fue el teatro de diferentes acciones tanto públicas (relativas a las leyes de “Restauración de los terrenos Seminario “Del medioambiente al paisaje: estado de la cuestión de la geografía francesa (siglos XVIII al XX)” de montaña”) como privadas, llevadas a cabo por las asociaciones de tipo regeneracionistas, conformadas en Francia durante el último tercio del siglo XIX. Se trataba de encontrar un medio justo entre la preservación del parque y las actividades humanas desarrolladas en él (actividades agro-silvo-pastorales, actividades turísticas). En la conclusión de la sesión, el conferencista presentó las principales medidas de sustentabilidad ambiental aplicadas actualmente, tanto a nivel nacional y europeo como a nivel regional: creación de reservas biológicas y de parques nacionales y regionales; publicación de leyes para la protección de las especies y de los paisajes, la preservación de las montañas y de los litorales; creación de inventarios para la protección de la fauna y de la flora, entre otras medidas. En la tercera sesión titulada “Pensamiento modernista y ordenación del territorio: el ejemplo de la Guyana francesa (siglos XVIII-XX)”, se presentó el caso muy específico de la ordenación en la Guyana, la cual constituyó una etapa preliminar de la ordenación territorial “a la francesa”. El poblamiento de esta colonia fue un proceso complicado, por el medio considerado como muy hostil, en especial por las cuestiones climáticas y de insalubridad. Muchas de las tentativas que se dieron entre el siglo XVII y el XX para poblar la Guyana con diferentes grupos étnicos fracasaron. Estos intentos permiten entender cómo los agentes de la ordenación consideraban el medioambiente: unos creían que el éxito de la ordenación dependía de las características climáticas (determinismo de Montesquieu), mientras otros pensaban que al contrario derivaba del modo de organización de la sociedad. Durante el siglo XIX hubo numerosos debates relacionados con la noción de acclimatement (aclimatamiento), que incluye las precauciones tomadas por las sociedades para facilitar la aclimatación (adaptación espontánea de la vida a las condiciones naturales del medioambiente). Estos debates reflejan la gran diversidad de opiniones existentes durante el siglo XIX y demuestran que la comunidad geográfica francesa no puede ser acusada, en su conjunto, de haber adoptado el determinismo físico. En conclusión, el autor expuso los problemas sociales y ambientales que conoce la Guyana francesa en la actualidad, en especial los daños ambientales catastróficos que implica la búsqueda clandestina de oro en la selva guyanesa. En la cuarta sesión, Puyo examinó el tema “Ordenación del territorio y utopías”. Explicó que los numerosos proyectos de ordenación territorial del siglo XIX se consideran hoy en día utópicos. Fueron el resultado de un pensamiento moderno que consideraba que los progresos de la ciencia y de la técnica permitían prescindir del medioambiente: el espacio era considerado entonces como “una página en blanco”, un simple soporte del proyecto de ordenación a realizar. En la sesión, el conferencista presentó diferentes proyectos, ciertos conocidos –como “La Mar Interior” de Roudaire o “Atlantropa” de Herman Sorgël– y otros desconocidos (el proyecto Duponchel de fertilización de Las Landas de Gascuña, el proyecto llamado “La Perronnays” para la Guyana Francesa, entre otros). Explicó que la principal causa de su fracaso fue justamente el no tomar en cuenta las condiciones del entorno. Expuso los debates que engendraron estos proyectos, que fueron productos de su época, es decir, que eran muy diferentes en su contenido a los debates que podrían darse hoy en día con los proyectos actuales. Para terminar la sesión, Puyo cuestionó la influencia directa o indirecta que estos debates han podido tener sobre proyectos recientes o actuales. En la última sesión titulada “La geografía francesa y el paisaje: 35 años de titubeos” se presentó la evolución de la noción y de los estudios de paisajes en la geográfica francesa. El conferencista insistió en esta ocasión sobre la ambigüedad de la noción de paisaje, dividida entre elementos objetivos y elementos subjetivos, que ha dado lugar a debates importantes que reflejan las tensiones internas y la evolución de la disciplina geográfica francesa. Si unos geógrafos tienden a reducir el paisaje a elementos físicos que la ciencia puede describir y analizar de modo objetivo, otros ponen énfasis en su dimensión social y cultural. En este caso, su estudio pasa por el conocimiento de las señales que intercambian los hombres, señales cargadas de valores, de símbolos, de imaginario, sobre las cuales se basa el sentido del paisaje. Se ha vuelto difícil para los geógrafos hacer del paisaje el concepto central o incluso fundador de la disciplina, ya que actualmente no pertenece Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 155 Virginie Thiébaut exclusivamente ni a la geografía, ni a los geógrafos. El paisaje ha perdido parte de su importancia en comparación con otros grandes conceptos integradores, como la región o el espacio, o incluso más recientemente el territorio o el lugar. Los aportes de los geógrafos que trabajan sobre el lugar y dejan de lado los problemas de límites y de fronteras por interesarse en los valores universales que se inscriben en él, ponen el paisaje al centro de la problemática de las relaciones entre individuos y espacio. Las discusiones que se dieron al final de cada presentación, con Puyo, se enfocaron en distintos aspectos de la ordenación territorial; se hicieron comparaciones sobre la larga tradición de ordenar, conservar y restaurar los espacios, en especial forestales, que existe en Francia, frente a las experiencias recientes y reducidas que se dan en el contexto mexicano y de América Latina. La sesión sobre la evolución del concepto de paisaje suscitó un interés especial por parte de los estudiantes, ya que es el tema central de una materia impartida en la maestría de Geografía humana, de la cual fue muy complementario. La metodología de la escuela geográfica de Besançon presentada por el conferencista, que permite tratar de manera sistemática la información subjetiva obtenida de los paisajes, suscitó numerosas preguntas y comentarios. En general, las preguntas sirvieron para aclarar puntos específicos. Es importante precisar que si la ordenación del territorio en su perspectiva histórica constituía un tema bastante innovador para la mayoría de los asistentes, los espacios geográficos abordados (la Guyana francesa, Marruecos, Túnez, pequeñas regiones forestales o montañosas de Francia) no lo eran menos. El hecho de presentar temas inéditos y de difícil acceso para los geógrafos mexicanos fue, desde mi punto de vista, uno de los principales aportes de este seminario de la Cátedra Elisée Reclus. Otro aspecto original de este seminario fue la riqueza de las ilustraciones utilizadas en las exposiciones. El autor presentó en cada sesión una gran profusión de fotografías antiguas y actuales, de croquis de autoría propia o de otros autores, de dibujos y mapas históricos para los argumentos de su tema. El seminario se concluyó con la quinta sesión impartida en el CEGH, pero no así la Cátedra, ya que Puyo continuó su agenda de trabajo en la Ciudad de México, para impartir la conferencia titulada 156 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 “Cartografía y geografía militar en el siglo XIX: el ejemplo de la expedición francesa de México” en el Instituto Mora, el 12 de noviembre. Para el 2013, la Cátedra ya tiene programados a dos invitados: el geógrafo español Horacio Capel impartirá un seminario en el Instituto Mora durante el primer semestre, mientras el joven geógrafo Jérémy Robert, especializado en las temáticas de la vulnerabilidad, de los riesgos y de las crisis en el medio urbano, en particular en los países andinos (Perú, Ecuador) y en Haití, es el invitado del Centro Geo y del CIESAS para el segundo semestre. Referencias Degrémont, I. y J.-Y. Puyo (2007), “De la reserva de Néouveille al Parque Nacional de los Pirineos: un siglo de políticas de conservación, ¿a favor o en contra del hombre?”, La conservación de paisaje en los parques nacionales, Martínez de Pisón, E. y N. Ortega Cantero (dirs.), FDSUAM ediciones, Madrid, pp. 99-124. Degrémont, I. et J.-Y. Puyo (2008), “Le paysage à la croisée des chemins ou 35 ans d’atermoiements de la géographie française”, Martínez de Pisón, E. y N. Ortega Cantero (eds.), La recuperación del paisaje, FDSUAM ediciones, Madrid, pp. 87-113. Puyo, J.-Y. (2006), “El proyecto utópico del Conde de la Perronnays (Guyana francesa, 1835)”, Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales, Universidad de Barcelona, 1 de agosto, volume X, núm. 218, Barcelona [http://www.ub.es/geocrit/sn/ sn-218-88.htm]. Puyo, J.-Y. (2008), “Cartographie et science forestière court aperçu sur deux siècles d’évolution des pratiques disciplinaires”, Les usages des cartes (XVIIe-XIXe siècle) - pour une approche pragmatique des productions cartographiques, Laboulais, I. (dir.), Presses Universitaires de Strasbourg, Strasbourg, pp. 239-255 [http://www. pustrasbourg.com/sci_hist/usagesca.htm]. Puyo, J.-Y. (2012), “Milieu et acclimatement: l’exemple de la Guyane française (1817-1835”, Le peuplement européen des Amériques (XVIIe-XXe siècle), Alain Faure (dir.), CTHS, Coll. Actes des congrès nationaux des soc. hist. sci. (édition électronique), Paris, pp. 49-60 [http://cths.fr/ed/edition.php?id=5066]. Virginie Thiébaut Centro de Estudios de Geografía Humana El Colegio de Michoacán Neil Smith: Geógrafo, político y promotor (1954-2012) La mañana del 29 de septiembre del 2012 la comunidad geográfica quedó consternada al recibir la noticia de que uno de sus representantes más destacados en el ámbito crítico internacional, Neil Smith, había fallecido. Nacido en Leith, Escocia en 1954, es parte de una generación de geógrafos anglosajones que marcaron un cambio importante en la geografía de la mano de David Harvey, su maestro, colega y amigo, quien lo conoce cuando se desplazó a Estados Unidos a estudiar el doctorado en la Universidad de Johns Hopkins y se hace su alumno y posteriormente un entrañable colaborador. Ambos formaron equipo en el City College de Nueva York y de la Universidad de Rutgers en esta ciudad, entre otras instituciones, con las cuales colaboró en su vida. La Universidad de Aberdeen, en su natal Escocia, fue una de las últimas, en donde trataba de abrir brecha en un ámbito en donde poco se discutía sobre teoría de la Geografía y su vinculación con la teoría social, temas que delinearon su pasión y compromiso en la academia y que supo vincular siempre con su vehemencia por la política que lo acompañó en cada momento de su desarrollo profesional. Sorprendentemente lo conocí en México, cuando regresaba de un viaje invernal a Puerto Escondido, Oaxaca, uno de sus lugares favoritos para vacacionar en ese entonces y de donde tomó su pasión por las enchiladas. Graciela Uribe, quien lo había encontrado en una reunión en Estados Unidos, lo invitó a dar una conferencia en el Sistema Universidad Abierta de Geografía. Encontrarlo personalmente fue un real hallazgo, pues después de leer su libro Uneven development. Nature, capital and the production of space (Smith, 1984), el impacto de su personalidad afable, llena de entusiasmo y pasión por lo que decía y creía, marcó sin duda un hito importante en la orienta- ción del trabajo geográfico que desarrollé con él en el futuro. Su obra incluye al menos siete libros y numerosos artículos publicados y algunos traducidos a diferentes idiomas que constituye un verdadero arsenal (Cowen et al., 2012:948) de información geográfica sobre diferentes temas que permitió definir debates y de generar líneas de trabajo que han marcado la identificación del pensamiento crítico en geografía, y que sin duda ha influido también en redireccionar la discusión sobre la teoría aún en ámbitos que no se definen ni identifican con este pensamiento, como es en el tema de las escalas. Su contribución al pensamiento geográfico se puede organizar alrededor de cinco temas que sobresalen en su producción académica, mismas que no siguen una secuencia en el tiempo, sino que va y viene con ellas a lo largo de su vida profesional. El primero se centra en el tema de la gentrificación (Smith, 1979a, 1979b, 1982, 1996, 2002), categoría que acuña con el fin de caracterizar la manera como la globalización genera nuevas formas de organizar la transformación urbana en las zonas centrales de las ciudades. Éstas se encontraban en pleno declive, cambiando su morfología para convertirse en nuevos centros de visualización del dinamismo urbano, a partir de sacar a los habitantes pobres que tradicionalmente han usado estas zonas, para ser ocupadas por clases medias y altas que regresan a la ciudad central. La categoría de gentrificación refiere a la usada en los albores de la revolución industrial de la Inglaterra del siglo XVII que sirvió para caracterizar a una nueva clase social que se formaba en las ciudades al migrar las clases pudientes del campo, reconfigurando la estructura social de la Inglaterra del momento. Smith la utiliza para caracterizar la manera como la confrontación urbana se da entre los Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 157 Blanca Rebeca Ramírez Velázquez grupos sociales que son desposeídos de sus lugares de habitación en la ciudad de Nueva York, pero argumentando que la gentrificación es sin duda una categoría que reconoce agentes que definen un proceso de carácter internacional (Smith,1996:XV), caracterizado por la apertura de una frontera de expansión del capitalismo, en la arena de las ciudades, que implica “una diferenciación interna” a través de la expansión económica en la escala urbana (Ibid.:XVI). Los pioneros de dicha expansión, es decir, los nuevos agentes que la apropian son ahora los bancos, los desarrollos inmobiliarios (manejados como proyectos urbanos), el estado, las corporaciones económicas, las galerías de arte, entre otros (Ibid.:XVII). Con ello, y como se verá más adelante, los temas en donde Smith se desarrolla no son elementos aislados en sus reflexiones, sino que se hilvanan uno a otro generando una agenda integral de investigación. El segundo tema de trabajo en donde Neil hace una aportación relevante al conocimiento geográfico se centra en el estudio de la naturaleza y el desarrollo desigual (Smith, 1982), en donde su libro titulado Uneven development. Nature, capital and the production of space (Smith, 1984), inicialmente su tesis de doctorado, se constituye en un verdadero hito en la construcción del pensamiento geográfico crítico que impactó a geógrafos de la talla de David Harvey, quien acepta estar en deuda con Neil pues contribuyó con él en trabajos como Limits of Capital (Harvey, 1982), pero sobre todo le ayudó a completar su trabajo Justice, Nature and the geography of difference (Harvey, 1996; Harvey, 2012). Con este trabajo, el autor incursiona en diferenciar la primera de la segunda naturaleza, caracterizada a partir de la manera como esta última entra al desarrollo capitalista y en su caracterización geográfica dentro del materialismo histórico, a partir de lo que llama “una reafirmación del espacio en la teoría social crítica”. Es importante mencionar en este momento que toma al marxismo como base fundamental de su reflexión, pero no cualquiera, sino el que desarrollan dos autores controversiales dentro de esta corriente que no siguen los lineamientos oficiales de este pensamiento, ni los marcados por las convencionalidades de los partidos comunistas que lideraban parte de este pensamiento en otros autores. Con esto quiero argumentar que él se deslinda del pensamiento eurocomunista tan expandido en Europa en los años sesenta y setenta del siglo XX que tuvo fuerte influencia del estructuralismo altusseriano del momento. Por un lado, toma una parte del pensamiento de Lefebvre, quien desde la década de los años Figura 1. Neil Smith, enero de 2005. Casa de Leon Trotsky, Coyoacán. 158 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 Neil Smith: Geógrafo, político y promotor (1954-2012) setenta produce un libro muy poco difundido en su momento titulado The production of space (1991) desarrollando la idea de que éste se genera a través del desarrollo capitalista en diferentes dimensiones, tanto la material como la ideológica y la del imaginario. Evidentemente que Smith desarrolla la parte material e ideológica más que esta última aunque siempre la acepta. Por otro lado, toma del pensamiento de León Trotsky el supuesto de que el desarrollo capitalista es un proceso desigual y combinado, agregando que esa diferenciación no es solo social, sino también espacial. Este argumento se tradujo al español en un texto titulado La geografía del desarrollo desigual (s/f ). Con ello vincula la producción de la naturaleza, el espacio y el desarrollo desigual, mismo que tiene escalas, con lo cual incursiona ya desde entonces en lo que será la tercera línea de su trabajo, proporcionando elementos importantes para identificar los procesos de diferenciación en el desarrollo del proceso capitalista. El tema de las escalas (Smith, 1992b, 2003a, 2011) es uno de los más importantes por el impacto que tuvo no solo en el ámbito de la geografía critica, sino también en la geografía en general y en otras ciencias sociales, aun las físicas, donde se empezó a trabajarlo pasando de una concepción de espacio plano a uno de carácter dimensional. Vinculando estrechamente la producción de las escalas con el del espacio, para Smith existen tres conceptos importantes relacionados con las escalas: la de políticas de la escala (politics of scale) que refiere a aquéllas que definen el límite, confinamiento e identidades alrededor de las cuales se ejerce el control y el poder, así como su disputa (Smith, 1993); la de saltos escalares (jumping scales), entendida como las condiciones del poder político y de las reivindicaciones que se expanden de una escala a otra; y por último, la de redireccionamiento escalar (scalar bending) que refiere al cambio que hay entre la escala a la que se ajustan determinadas actividades y las que están sistemáticamente desafiadas y desestabilizadas (Smith, 2003a). Evidentemente que para él la escala y la política están íntimamente vinculadas en la producción del espacio a diferencia de otros autores que la relacionan con procesos diferentes como el del medio ambiente, entre otros. Este tema abrió sin duda un debate, del cual una interpretación sistematizada y organizada en el contexto del desarrollo regional latinoamericano se encuentra en Ramírez (2010), integrado en una contribución que aplica y analiza el concepto para la comprensión del desarrollo latinoamericano (Fernández y Brandão, 2010). El cuarto tema de trabajo se concentra en la discusión sobre la manera cómo evoluciona o se concibe el conocimiento geográfico en su devenir por los acontecimientos políticos que se desarrollan tanto a nivel local como global y la manera como se inserta el conocimiento geográfico en su explicación y análisis, en donde destacan trabajos como los siguientes (Smith, 1987a, 1987b, 1991, 1992a, 2001, 2005). Por último, fue el tema del imperialismo, en donde su libro de American Empire: Roosevelt´s Geographer and the Prelude to Globalization (Smith, 2003b) es emblemáticamente importante por la relación que hace de la política del entonces presidente de Estados Unidos, con toda una estrategia de expansión territorial y control de espacios en la escala internacional. Otros trabajos le permitieron argumentar sobre la necesidad de regresar a conceptos del marxismo olvidados en la actualidad como el del imperialismo, para ser sustituidos por el de la neutralidad de la globalización (Smith, 2005). Destaca su persona en otro tipo de actividades como fue la conformación del Grupo Internacional de Geografía Crítica en 1997 como resultado de una reunión en Vancouver, de la cual fue promotor junto con colegas de la Simon Frazer University y la de British Columbia, donde se intentaba dar un nuevo auge a la discusión geográfica dentro del marxismo, ya que a raíz de la crisis de los paradigmas en las ciencias sociales y el auge que el posmodernismo tuvo desde los años ochenta, parecía que se extinguía el pensamiento crítico en general y el geográfico en particular. Él, junto con Caroline Desbiens, fueron los responsables de plasmar los objetivos del grupo, claros, pero muy ambiciosos (Smith y Desbiens, 1999), que pretendían organizar una geografía que fuera un instrumento para cambiar al mundo en uno con mayor equidad y distribución y en donde la geografía tuviera un vínculo directo con los grupos sociales radicales, cuya voz pudiera ser escuchada e integrada en proInvestigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 ][ 159 Blanca Rebeca Ramírez Velázquez yectos alternos al mundo capitalista que vivimos y fuera un instrumento para dicha transformación. Con ello se concibió un proyecto que generara lazos estrechos entre la academia y proyectos alternos, movimientos sociales y estrategias de cambio, como parte fundamental del proyecto. Al inicio de la reunión de Vancouver se le veía con una gran alegría y entusiasmo pues se conjuntaron más de 300 geógrafos, con el propósito de buscar canales de discusión sobre la generación de otra geografía. A mi llegada al recinto me abrazo y con una gran alegría, que acompañaba la pasión con la que actuaba en cada actividad relacionada con la geografía, me dijo: ¡Blanca, lo logramos! Después de la reunión de Vancouver siguieron cinco más de las cuales Neil fue un promotor directo en Taegu en Corea en 2000; Békéscsaba, Hungría en 2002; Ciudad de México, en 2005, Mumbai en 2007, pero lamentablemente, y por razones diversas, ni a Mumbai, ni a Frankfurt en 2011 llegó. Sin embargo, su entusiasmo por generar espacios alternos de discusión crítica fueron parte de su pasión por la generación de un mundo diferente. Su participación en los movimientos sociales fue siempre parte de su actividad académica y política pues tal y como lo expresan algunos colegas que militaban con él, su trabajo académico fue siempre fuente de inspiración para la promoción y el mantenimiento de los grupos y movimientos sociales, sobre todo los de carácter urbano, a quienes les reconocía siempre la dimensión y la posibilidad de acción internacional que tenían (Cowen et al., 2012). Dejó inconcluso su trabajo sobre revolución, del cual publicó dos artículos (Smith, 2007 y 2009), dejando un vacío académico importante en quienes lo conocimos e intercambiamos y compartimos sus inquietudes y sus aportes a la geografía, pero más grande es el que deja como amigo. América Latina en general y México fueron particularmente importantes para él en la generación de la esperanza de cambio que tanto anhelaba. Aquí encontró a Graciela Uribe de quien reconocía su militancia en Chile (Smith y Desbiens, 2000) y su esfuerzo por abrir a la geografía mexicana al pensamiento crítico internacional. Le gustó también la actividad social que aquí encontró y reconoció en dos momentos: 160 ][ Investigaciones Geográficas, Boletín 80, 2013 cuando vino a finales de los años noventa con los colegas asiáticos para organizar la conferencia de Taegu y se encontró con el movimiento estudiantil de México, participando como observador en una reunión estudiantil, y posteriormente en su estancia en México en el 2005, cuando paseaba por la explanada del Zócalo oyendo todas las mañanas la Internacional, tocada por los grupos que en ese momento la ocupaban, para llegar a la Casa de la Primera Imprenta de América (1524) en donde se desarrollaba la reunión. Era una persona apasionada, cariñosa y afectiva que lo demostraba entre quienes lo conocimos, y que además de ser amigo impulsó en quienes estuvimos cercanos a él, el interés y la posibilidad de publicar algunas de nuestras ideas en el ámbito internacional, resaltando siempre la importancia que los geógrafos de los países latinoamericanos teníamos en la escena del pensamiento crítico. Sin duda deja un vacío muy grande en la geografía internacional pero sobre todo en el corazón de quienes lo conocimos y a quienes nos consideró sus amigos. REFERENCIAS Cowen, D., D. Harvey, D. Haraway, M. Rameau, N. Bacon, M. Bissen, M. Brady, Z. Glück, M. Kanuga, S. Mc Farland, J. Miller, E. J. Sibilia, E. Siodmak, L. J. Mei Ruirbi, G. Kearns, B. Ramírez, G. Pratt and A. Jaar (2012), Neil Smith: a critical geographer, Environmental and Planning D, Society and Space, vol. 30, pp. 947-962. Fernández, R y C. Brandão (eds.; 2010), Escalas y políticas del desarrollo regional. 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