14 Quarta-feira 15 de julho de 2015 Jornal do Comércio - Porto Alegre Economia AGRONEGÓCIOS Semestre fecha com alta nos embarques de carne Chuva provoca alagamento no Parque de Exposições Assis Brasil FAGNER ALMEIDA/ABCCC/DIVULGAÇÃO/JC Faturamento com exportações no período somou US$ 2,7 bilhões O faturamento com as exportações de carne bovina brasileira, no primeiro semestre de 2015, atingiu US$ 2,7 bilhões. No período, foram embarcadas mais de 656 mil toneladas do produto. Os destaques em crescimento nos seis primeiros meses na comparação com 2014 foram Egito, com 25% de aumento em faturamento e 28% em volume; e Estados Unidos, que comprou 83% mais carne industrializada, representando um crescimento de 61% em faturamento. No total das exportações, quando comparado com o primeiro semestre de 2014, o setor registrou uma retração no volume exportado MARCO QUINTANA/JC Fim de embargo e novos mercados marcaram os seis primeiros meses (14%) e em faturamento (18%). Os números devem-se, em grande parte, à queda nas exportações para três grandes mercados: Hong Kong, Rússia e Venezuela, influenciada pelo cenário internacional, com crise do petróleo e variações cambiais, que acabou atingindo diversos setores da exportação brasileira. Mesmo com recuo no período, o setor espera uma recuperação para o segundo semestre, já que os seis primeiros meses de 2015 também foram marcados por grandes conquistas, como o fim dos embargos da China, Iraque e África do Sul, e a abertura do mercado norte-americano. “China e Estados Unidos eram nossos mercados estratégicos para este ano. Depois de anos de luta do setor, conseguimos reverter essa situação, o que colocou o setor em sua pauta de negociações e atuou com empenho na finalização desses processos”, afirma Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Valor da produção é projetado em R$ 463,3 bilhões O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2015 deve ser de R$ 463,3 bilhões. Projeções do Ministério da Agricultura indicam que as lavouras serão responsáveis por R$ 295,1 bilhões, o que representa uma redução de 1,8% em relação ao VBP de 2014. A pecuária deve totalizar R$ 168,1 bilhões, aumento de 2,2% em comparação com o ano passado. Os preços agrícolas mais baixos do que em 2014, para produtos importantes na formação do faturamento bruto, como milho, arroz, laranja e cana-de-açúcar, foram decisivos para o desempenho deste ano. Os dados são estimados pela Assessoria de Gestão Estratégica do ministério com base nas informações de junho. Como apontado em relatórios anteriores, o Sul ficou em primeiro lugar no faturamento neste ano, com R$ 135,3 bilhões, seguido pelo Centro-Oeste, com R$ 124,4 bilhões, e Sudeste, com R$ 116,5 bilhões. Em quarto, está o Nordeste, com R$ 47,4 bilhões, e, em quinto, o Norte, com R$ 27,2 bilhões. Espaços de máquinas e de provas de equinos foram os mais afetados A pouco mais de um mês do início da Expointer, o Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, volta a ser atingido por alagamentos. As chuvas intensas, que provocaram perdas em todo o Rio Grande do Sul nos últimos dias, colocaram debaixo d’água uma grande área do parque, especialmente a destinada aos expositores de máquinas e implementos agrícolas e a pistas de provas de equinos. A cheia dos arroios que passam perto do local contribui para o alagamento, afetando também a pista de provas do cavalo Crioulo, onde tradicionalmente é realizada a final do Freio de Ouro. De acordo com o subsecretário do parque, Sérgio Bandoca, os motores de drenagem são instalados durante a feira e somente áreas onde não há construção foram afetadas até o momento. Neste ano, o evento acontece de 29 de agosto a 6 de setembro. A Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) confirmou ontem que as pistas de provas também foram inundadas. Segundo o vice-presidente Administrativo Financeiro da ABCCC, César Hax, não é a primeira vez que ocorrem alagamentos no entorno do parque. A preocupação fica por conta da proximidade da Expointer. “É uma época de chuva, o que é normal. Mas ainda temos um evento de El Niño previsto. Nos preocupa muito pelo nível de investimento que está se fazendo dentro do parque”, salienta. Durante a Expointer de 2013, a pista do cavalo Crioulo passou por problema semelhante com o alagamento do local logo após à final do Freio de Ouro. Na ocasião, a programação da raça na feira foi alterada com a realização da Morfologia transferida para a sexta-feira na pista do gado leiteiro e as provas do Freio Jovem e Freio do Proprietário duas semanas após o término do evento. Depois desse episódio, a ABCCC realizou algumas intervenções no local com o objetivo de facilitar o escoamento da água e minimizar os problemas decorrentes das intempéries. Além disso, Hax lembra também os problemas gerados para a população da região, que, em episódios como este, sofre com os alagamentos e a perda de bens. “Falamos do evento, mas o principal é o desconforto da população em geral. Há uma preocupação nossa com o evento Expointer, mas há um caso muito mais grave de pessoas que trabalham e perdem os seus bens”, reforça. Ministério quer ampliar número de empresas aptas a vender à China A habilitação de novas plantas frigoríficas brasileiras que pretendem exportar carnes bovina, suína e de aves para a China pautou encontro da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, com o embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang. No mês passado, técnicos chineses inspecionaram frigoríficos brasileiros por amostragem com o objetivo de habilitar 24 unidades, sendo nove de carne bovina e 15 de suínos e aves. A inspeção faz parte de um acordo firmado em maio, quando a presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, oficializaram a liberação da venda de carne bovina para o mercado chinês, embargada desde 2012. Como outros frigoríficos já haviam passado por inspeção anteriormente a essa missão, o Ministério da Agricultura pretende conseguir autorização para 36 plantas brasileiras exportarem seus produtos à China.