ARS VETERINARIA, Jaboticabal, SP, Vol. 20, nº 2, 160-168, 2004. ISSN 0102-6380 SUPLEMENTAÇÃO COM DIFERENTES FONTES DE GORDURA EM DIETAS COM ALTA E BAIXA INCLUSÃO DE CONCENTRADO PARA VACAS EM LACTAÇÃO (SUPPLEMENTATION WITH DIFFERENTS FAT SOURCES IN HIGH AND LOW GRAIN DIETS FOR LACTATING DAIRY COWS) (SUPLEMENTACIÓN CON DIFERENTES FUENTES DE GRASA EN DIETAS CON ALTA Y BAJA INCLUSIÓN DE CONCENTRADO PARA VACAS EN LACTANCIA) S. G. OLIVEIRA1; J. M. C. SIMAS2; F. A. P. SANTOS3; H. IMAIZUMI4 RESUMO Os lipídeos são normalmente fornecidos em dietas para vacas em lactação com o intuito de aumentar sua densidade energética. No entanto, sua eficiência de utilização é dependente da digestibilidade da fonte de lipídeo utilizada, ingestão, fermentação ruminal e digestibilidade de outras frações da dieta. O objetivo deste trabalho foi avaliar a adição de lipídeos com diferentes taxas de liberação de ácidos graxos (AG) em dietas com diferentes níveis de inclusão de concentrado. Foram utilizadas cinco vacas da raça Holandesa, em um delineamento Quadrado Latino 5 X 5, avaliando a produção e composição do leite, parâmetros ruminais e concentração de ácidos graxos livres (AGL). No sangue os tratamentos consistiram em: C40 - 40% de concentrado sem semente de linhaça, C60 - 60% de concentrado sem semente de linhaça, L40 - 40% de concentrado com semente de linhaça, L60 - 60% de concentrado com semente de linhaça e OS60 - 60% de concentrado com óleo de soja. A produção de leite não foi afetada pelos tratamentos. As concentrações de AGL no sangue e pH ruminal reduziram e as concentrações de propionato, butirato e N-NH3 aumentaram em função da maior inclusão de grãos à dieta. Houve redução nas concentrações molares de acetato e butirato com a adição de semente de linhaça à dieta. O fornecimento de semente de linhaça não alterou a produção ou composição do leite, enquanto a suplementação com óleo de soja reduziu o teor de proteína do leite. PALAVRAS-CHAVE: Composição de leite. Linhaça. Óleo de soja. Produção de leite SUMMARY Fat was fed to dairy cows to increase the energy density of the diets, however its influence on nutrient supply depends on fat digestibility, intake, rumen fermentation and digestibility of other dietary components. The objective of this study was to evaluate the effect of supplemental polyunsaturated fatty acids for lactating cows fed different fiber levels. Five lactating Holstein cows cannulated in the rumen were used in a 5 x 5 Latin Square design to evaluated milk yield and composition, rumen fermentation and non-esterified fatty acid (NEFA) in the blood. The treatments were: C40 - 40% concentrate without linseed, C60 - 60% concentrate without linseed, L 40 - 40% concentrate with linseed, L60 - 60% concentrate with linseed and OS60 - 60 % concentrate with soybean oil. Milk production was not affected by treatments. 1 Zootecnista, MsC. Departamento de Zootecnia - ESALQ/USP, C.P. 9, 13428-900 - Piracicaba, SP. Autor para correspondência: [email protected] 2 Zootecnista. Gerente Técnico da Divisão Elanco do Brasil. 3 Engenheiro Agrônomo. Professor do Departamento de Zootecnia - ESALQ/USP. 4 Zootecnista - Doutorando ESALQ/USP. 160 S. G. OLIVEIRA, J. M. C. SIMAS, F. A. P. SANTOS, H. IMAIZUMI. Suplementação com diferentes fontes de gordura em dietas com alta e baixa inclusão de concentrado para vacas em lactação../Supplementation with differents fat sources in high and low grain diets for lactating dairy cows. / Suplementación con diferentes fuentes de grasa en dietas con alta y baja inclusión de concentrado para vacas en lactancia. Ars Veterinaria, Jaboticabal, SP, Vol. 20, nº 2, 160-168, 2004. There was a significant protein decrease in milk protein content for cows fed diets with soybean oil. NEFA and ruminal pH decreased and propionate, butyrate and NH3-N concentration increased in diets with higher concentrates levels. Ruminal acetate and butyrate concentration decreased in linseed supplemented diet. Feeding linseed did not improve milk production or composition and soybean oil had a negative impact in protein milk content. KEY-WORDS: Milk composition. Milk yield. Linseed. Soybean oil. RESUMEN Los lípidos normalmente son proporcionados en la dieta para vacas en lactancia con el objetivo de aumentar su densidad energética. Sin embargo, la eficiencia de este procedimiento depende de la digestibilidad de la fuente de lípidos utilizada, ingestión, fermentación ruminal y digestibilidad de otras fracciones de la dieta. El objetivo de este trabajo fue evaluar la adición de lípidos con diferentes tasas de liberación de ácidos grasos (AG) en dietas con niveles diferentes de inclusión de concentrado. Fueron usadas 5 vacas de la raza Holstein, en un delineamento cuadrado latino 5x5, evaluando la producción y composición de la leche, parámetros ruminales y concentración de ácidos grasos libres (AGL). Los tratamientos consistieron en: C40-40% de concentrado sin semillas de linaza, C60-60% de concentrado sin semillas de linaza, L40-40% de concentrado con semillas de linaza, L60-60% de concentrado con semillas de linaza y OS60-60% de concentrado con aceite de soja. La producción lechera no fue afectada por los tratamientos. Las concentraciones sanguíneas de AGL y el pH ruminal disminuyeron y las concentraciones de propionato, butirato y N-NH3 aumentaron en función de la mayor inclusión de granos en la dieta. Hubo reducción de las concentraciones molares de acetato y butirato con la adición de semillas de linaza a la dieta. La administración de semillas de linaza no alteró la producción lechera, mientras que la suplementación con aceite de soja disminuyó el nivel de proteína de la leche. PALABRAS CLAVE: Composición de la leche. Aceite de soja. Producción de leche. INTRODUÇÃO A suplementação com gordura pode proporcionar diversos benefícios nutricionais para vacas de alta produção, entre eles o aumento na produção de leite decorrente da maior ingestão de energia, melhor eficiência de utilização da energia (KLUSMEYER & CLARK, 1991) e a incorporação de ácidos graxos (AG) poliinsaturados na gordura do leite, amplamente relacionada à redução na incidência de doenças cardiovasculares, prevenção e tratamento de tumores (TAPIERO et al., 2002) e prevenção da osteoporose (ALBERTAZZI & COUPLAND, 2002). As sementes oleaginosas, assim como o óleo de soja, são ricas em ácidos graxos (AG) poliinsaturados, principalmente o ácido linoleico (C18:2), enquanto a linhaça se constitui numa exceção possuindo uma alta quantidade (57%) de ácido linolênico (C 18:3) (PALMQUIST & JENKINS, 1980), sendo uma reconhecida fonte de AG ômega-3 (PETIT, 2002). No entanto, a presença de ácidos graxos livres insaturados pode causar efeitos negativos à capacidade fermentativa do rúmen em relação a outras frações lipídicas (AVILA et al., 2000). Os possíveis mecanismos relacionados a esse processo envolvem a teoria do 161 revestimento das partículas, efeito direto antimicrobiano (DONOVAN et al., 2000), modificação na população microbiana relacionada com a digestão de celulose e redução na disponibilidade de cálcio para os microrganismos (NRC, 2001). Entretanto, quando esta fonte é fornecida na forma de sementes oleaginosas estes distúrbios podem ser significativamente reduzidos, pois o óleo é liberado mais lentamente e em taxas nas quais não há comprometimento na digestibilidade de nutrientes (COPPOCK & WILKS, 1991). A adição de óleo de linhaça e óleo de soja em níveis crescentes (0,5; 1,0; 2,0 e 3,0%) não afetou a ingestão de matéria seca, produção de leite, produção e teor de proteína no leite. Entretanto, o teor de gordura no leite foi reduzido quando se utilizou óleo de soja nos níveis 2 e 4% (DHIMAN et al., 2000). Resultados semelhantes foram encontrados por ALL et al. (1998) para teor e produção de proteína e teor de gordura, utilizando semente de linhaça na dieta. Alguns autores citam que determinados AG poliinsaturados, como os isômeros do ácido linoléico conjugado (CLA) cis-8, trans-10 C18:2 (CHOUINARD et al., 1999), trans-10, cis-12 C18:2 (GRIINARI et al., 1998; GRIINARI et al., 1999; PIPEROVA,et al., 2000) e trans-7, S. G. OLIVEIRA, J. M. C. SIMAS, F. A. P. SANTOS, H. IMAIZUMI. Suplementação com diferentes fontes de gordura em dietas com alta e baixa inclusão de concentrado para vacas em lactação../Supplementation with differents fat sources in high and low grain diets for lactating dairy cows. / Suplementación con diferentes fuentes de grasa en dietas con alta y baja inclusión de concentrado para vacas en lactancia. Ars Veterinaria, Jaboticabal, SP, Vol. 20, nº 2, 160-168, 2004. cis-9 C18:2 (PIPEROVA et al., 2000) podem estar associados à redução na gordura do leite. O fornecimento de dietas com alta proporção de carboidratos rapidamente fermentáveis, pela manutenção de baixos valores de pH no rúmen, pode afetar a biohidrogenação ruminal e com isso favorecer maior fluxo de AG poliinsaturados para o duodeno, podendo afetar dessa forma a produção e composição do leite (VAN NEVEL & DEMEYER, 1996). O fornecimento de dietas com diferentes proporções de concentrado provoca alterações no ambiente ruminal refletindo-se em modificações no padrão de fermentação. Este fato, associado às modificações dos lipídeos presentes na dieta, pode refletir diretamente sobre a produção e composição do leite. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da suplementação com fontes de gordura de diferentes taxas de liberação de AG, associada a alta e baixa inclusão de concentrado a dieta, sobre a produção e composição do leite, parâmetros ruminais e concentração de ácidos graxos livres (AGL) no sangue de vacas em lactação. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na cidade de Piracicaba (22º42’30" S, 47º38’01" W e 554 m de altitude), São Paulo, Brasil. Foram utilizadas cinco vacas da raça Holandesa Preta e Branca canuladas no rúmen, com média de 101 dias em lactação produzindo cerca de 22,6 kg leite dia-1. As instalações consistiam em um galpão coberto, com ventiladores e baias individuais (2,5 x 1,10 m) tipo “tie stall”, providas de comedouro individual e bebedouro automático. O delineamento estatístico utilizado foi o Quadrado Latino 5 x 5 (cinco períodos x cinco animais), possuindo duração de 105 dias, composto de cinco períodos de 21 dias. Os primeiros 17 dias de cada período foram utilizados para a adaptação dos animais às dietas experimentais e os quatro dias seguintes destinados à coleta de amostras. Os tratamentos consistiram de dietas contendo silagem de milho como volumoso exclusivo. Avaliaram-se dois níveis de inclusão de concentrado e a suplementação com fontes de gordura (semente de linhaça e óleo de soja) com diferentes taxas de liberação de AG, sendo que a semente de linhaça, pela sua forma física, possui uma taxa de liberação mais lenta de AG em relação ao óleo de soja. Os tratamentos eram compostos por: C40 - 40% de concentrado sem semente de linhaça, C60 - 60% de concentrado sem semente de linhaça, L40 - 40% de concentrado com semente de linhaça, L60 - 60% de concentrado com semente de linhaça e OS60 - 60% de concentrado com óleo de soja (Tabela 1). O dados para determinação do consumo de matéria seca e nutrientes, foram obtidos através dos registros e coletas de amostras do alimento oferecido e sobras realizadas durante os quatro últimos dias de cada período experimental. Ao serem coletadas, as amostras foram congeladas a - 10ºC e ao final de cada período foram descongeladas, compostas por animal e retirada uma alíquota de aproximadamente 600 gramas. As alíquotas foram secas em estufas de ventilação forçada (55 a 60ºC) por 72 horas para determinação da matéria seca de acordo com a AOAC (1990) e moídas em peneiras com crivos de 1 mm. As amostras foram analisadas para matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) de acordo com a AOAC (1990). As determinações de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) foram realizadas de acordo com o método de VAN SOEST et al. (1991) utilizando-se o aparelho ANKON200 (Ankom Technology Corp., Fairport, NY, USA). As vacas foram ordenhadas duas vezes ao dia (6h30 e 18h00), sendo realizado o controle leiteiro por pesagem individual do leite dos animais (kg d-1) nos quatro últimos dias de cada período experimental. Durante o período de controle leiteiro, eram coletadas amostras a cada ordenha, compostas por dia e por animal. As amostras eram conservadas em 2-bromo-2-nitropropano-1,3-diol e mantidas sob refrigeração (6 ºC) para ao final de cada período ser encaminhadas ao laboratório para análise de proteína, gordura e lactose utilizando o Infrared Analyser (Foss Electric Ltd, York, UK). Amostras do fluido ruminal foram coletadas durante o último dia de coleta de cada período. As coletas eram realizadas em cinco pontos distintos do rúmen e filtradas em quatro camadas de tecido de algodão, obtendo em torno de 200 mL. As amostragens iniciavam-se antes do fornecimento da dieta da manhã e se repetiam a cada duas horas durante 12 horas, totalizando seis coletas. A leitura de pH no fluido ruminal era imediatamente realizada após a coleta em medidor de pH. Duas alíquotas foram acidificadas com 1,25 mL de ácido clorídrico e congeladas a - 10 ºC para análise de concentração de nitrogênio na forma de amônia (N-NH 3 ), segundo CHANEY & MARBACH (1962), e determinação da concentração de AGV, de acordo com metodologia desenvolvida por PALMQUIST & CONRAD (1971). As amostras de sangue foram coletadas da veia ou artéria coccígea no quarto dia de cada período de coleta, cerca de 3 horas após o fornecimento da dieta, em tubos de ensaio contendo oxalato de potássio como anticoagulante e fluoreto de sódio com antiglicolítico. A concentração plasmática de AGL foi determinada em triplicata, através da utilização de um “kit” comercial (Wako 162 S. G. OLIVEIRA, J. M. C. SIMAS, F. A. P. SANTOS, H. IMAIZUMI. Suplementação com diferentes fontes de gordura em dietas com alta e baixa inclusão de concentrado para vacas em lactação../Supplementation with differents fat sources in high and low grain diets for lactating dairy cows. / Suplementación con diferentes fuentes de grasa en dietas con alta y baja inclusión de concentrado para vacas en lactancia. Ars Veterinaria, Jaboticabal, SP, Vol. 20, nº 2, 160-168, 2004. Chemicals GmbH, Neuss, Alemanha) e a leitura foi realizada em um aparelho tipo Elisa. Analisou-se consumo, produção e composição do leite, concentração de ácidos graxos livres no sangue e parâmetros ruminais pela análise de contrastes ortogonais (SAS, 1991), considerando os seguintes contrastes: OS comparar o tratamento que continha óleo de soja com os demais tratamentos procurando avaliar o efeito da adição de uma fonte de gordura de rápida liberação de AG no rúmen (C40, C60, L40, L60 X OS60), CO - comparar os tratamentos considerando o nível de inclusão de grãos à dieta, de forma a avaliar possíveis alterações no processo fermentativo do rúmen mediante maior quantidade de concentrado (C40, L40 X C60, L60), SL - comparar os tratamentos levando em consideração a adição de semente de linhaça à dieta, avaliando, dessa forma, o efeito da suplementação com uma fonte lipídica de liberação mais lenta de AG no rúmen (C40, C60 X L40, L60) e COxSL analisar possível interação entre o nível de inclusão de grãos e a adição de semente de linhaça (C40, L60 X C60, L40). RESULTADOS E DISCUSSÃO O teor de PB das dietas manteve-se próximo entre os tratamentos, no entanto foi um pouco superior em relação ao idealizado (Tabela 2). Os teores de FDN apresentaram-se de acordo com as recomendações do NRC (2001), sendo que os teores de FDA dos tratamentos C60, L60 e OS60 ficaram abaixo dos valores recomendados. O consumo de MS, MO e PB não diferiu entre os tratamentos (P<0,05) (Tabela 3), enquanto o consumo de FDN e FDA foi superior para as dietas que continham 40% de concentrado. O consumo de FDA foi ainda afetado pela suplementação com óleo de soja, apresentando menor valor em relação aos demais tratamentos. A ausência de efeito da adição de gordura sobre consumo de MS está de acordo com os resultados encontrados por DHIMAN et al. (2000), que utilizaram óleo de soja e linhaça nos mesmos níveis de inclusão do presente estudo. WARD et al. (2002) e PETTIT et al. (2002) também não verificaram efeito sobre o consumo de MS com a inclusão de semente de linhaça à dieta. As dietas com maior nível de concentrado resultaram em menor valor de pH ruminal e maior concentração de AGV no rúmen (P<0,05) (Tabela 4). A alta participação de grãos na dieta resultou possivelmente em maior quantidade de matéria orgânica fermentável no rúmen, propiciando a maior produção de AGV e conseqüente redução do pH. A concentração de N-NH3 ruminal foi maior para 163 dietas com baixo nível de fibra e adição de semente de linhaça, provavelmente decorrente de baixa utilização de N-NH3 pelos microrganismos ruminais (Tabela 4). Estes resultados indicam efeito da semente de linhaça e nível de concentrado sobre as bactérias celulolíticas, uma vez que estas utilizam preferencialmente N-NH3 como fonte de nitrogênio para a síntese de proteína microbiana. Resultados similares foram encontrados em novilhos de corte alimentados com dietas contendo semente de linhaça e óleo de peixe (SCOLAN et al., 2001) e dietas contendo óleo de peixe (KEADY & MAYNE, 1999). No entanto, AVILA et al. (2000) não observaram relação entre a concentração de N-NH3 e a ingestão de AG insaturados ao avaliar a adição de sebo e óleo resíduo de restaurante em dietas para vacas em lactação. As bactérias celulolíticas são associadas por alguns autores (PALMQUIST & JENKINS, 1980; HARFOOT & HAZLEWOOD, 1988) à atividade de bioidrogenação no rúmen. Considerando que o maior acúmulo de N-NH3 pode ter sido decorrente de um efeito deletério sobre os microrganismos celulolíticos, em virtude do fornecimento da dieta com baixo teor de fibra e da suplementação com semente de linhaça, possivelmente houve maior passagem de AG insaturados para o duodeno. O maior consumo de EE para as dietas com adição de gordura (P<0,05) afetou a concentração ruminal de ácido acético, com sua redução nas dietas suplementadas com semente de linhaça. O maior consumo de FDN e FDA não afetou a concentração molar de acetato em dietas com maior nível de fibra. Esse fato, associado à tendência na redução do CMS, está de acordo com a indicação de uma possível inibição das bactérias celulolíticas no rúmen, sugerindo uma restrição na digestibilidade da fibra. A maior inclusão de grãos afetou a concentração molar de ácido propiônico (P<0,05), observando-se maiores valores para dietas com baixa relação forragem:concentrado. O contraste entre as médias dos tratamentos mostrou efeito (P<0,05) da adição da semente de linhaça sobre a redução da relação acetato:propionato. A concentração de ácido butírico aumentou com o maior nível de concentrado na dieta (P<0,05), possivelmente pela maior quantidade de substrato disponível para os microrganismos decorrente do aumento no consumo de PB. No entanto, a adição de semente de linhaça pode ter ocasionado um certo grau de comprometimento da degradação protéica, resultando em queda da concentração ruminal de ácido butírico (P<0,05). Os resultados dos parâmetros ruminais são consistentes com os encontrados por KALSCHEUR et al. (1997), que avaliaram dietas com baixa (25%) e alta S. G. OLIVEIRA, J. M. C. SIMAS, F. A. P. SANTOS, H. IMAIZUMI. Suplementação com diferentes fontes de gordura em dietas com alta e baixa inclusão de concentrado para vacas em lactação../Supplementation with differents fat sources in high and low grain diets for lactating dairy cows. / Suplementación con diferentes fuentes de grasa en dietas con alta y baja inclusión de concentrado para vacas en lactancia. Ars Veterinaria, Jaboticabal, SP, Vol. 20, nº 2, 160-168, 2004. Tabela 1 - Composição das dietas experimentais. 1 C40 - 40% de concentrado sem semente de linhaça, C60 - 60% de concentrado sem semente de linhaça, L40 - 40% de concentrado com semente de linhaça, L60 - 60%de concentrado com semente de linhaça e OS60 - 60% de concentrado com óleo de soja. Tabela 2 - Composição nutricional das dietas experimentais. 1 C40 - 40% de concentrado sem semente de linhaça, C60 - 60% de concentrado sem semente de linhaça, L40 - 40% de concentrado com semente de linhaça, L60 - 60%de concentrado com semente de linhaça e OS60 - 60% de concentrado com óleo de soja. MS - matéria seca, MO - matéria orgânica, PB - proteína bruta, EE - extrato etéreo, FDN - fibra em detergente neutro, FDA - fibra em detergente ácido, ELl - Energia líquida de lactação. 2 Tabela 3 - Consumo de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) mediante consumo de dietas com e sem adição de gordura associada a diferentes níveis de concentrado 1 C40 - 40% de concentrado sem semente de linhaça, C60 - 60% de concentrado sem semente de linhaça, L40 - 40% de concentrado com semente de linhaça, L60 - 60%de concentrado com semente de linhaça e OS60 - 60% de concentrado com óleo de soja 2 Erro padrão da média 3 OS - C40, C60, L40, L60 X OS60; CO - C40, L40 X C60, L60; SL - C40, C60 X L40, L60 e COxSL - C40, L60 X C60, L40 4 Probabilidade de haver efeito significativo entre os tratamentos 164 S. G. OLIVEIRA, J. M. C. SIMAS, F. A. P. SANTOS, H. IMAIZUMI. Suplementação com diferentes fontes de gordura em dietas com alta e baixa inclusão de concentrado para vacas em lactação../Supplementation with differents fat sources in high and low grain diets for lactating dairy cows. / Suplementación con diferentes fuentes de grasa en dietas con alta y baja inclusión de concentrado para vacas en lactancia. Ars Veterinaria, Jaboticabal, SP, Vol. 20, nº 2, 160-168, 2004. Tabela 4 - Concentração de AGL no plasma e parâmetros ruminais mediante consumo de dietas com e sem adição de gordura associada a diferentes níveis de concentrado 1 C40 - 40% de concentrado sem semente de linhaça, C60 - 60% de concentrado sem semente de linhaça, L40 - 40% de concentrado com semente de linhaça, L60 - 60%de concentrado com semente de linhaça e OS60 - 60% de concentrado com óleo de soja 2 Erro padrão da média 3 OS - C40, C60, L40, L60 X OS60; CO - C40, L40 X C60, L60; SL - C40, C60 X L40, L60 e COxSL - C40, L60 X C60, L40 4 Probabilidade de haver efeito significativo entre os tratamentos Tabela 5 - Produção e composição do leite mediante consumo de dietas com e sem adição de gordura associada a diferentes níveis de concentrado 1 C40 - 40% de concentrado sem semente de linhaça, C60 - 60% de concentrado sem semente de linhaça, L40 - 40% de concentrado com semente de linhaça, L60 - 60%de concentrado com semente de linhaça e OS60 - 60% de concentrado com óleo de soja 2 Erro padrão da média 3 OS - C40, C60, L40, L60 X OS60; CO - C40, L40 X C60, L60; SL - C40, C60 X L40, L60 e COxSL - C40, L60 X C60, L40 4 Probabilidade de haver efeito significativo entre os tratamentos 5 Produção de leite total (kg d-1) e corrigida para 3,5 % de gordura (kg d-1) 165 S. G. OLIVEIRA, J. M. C. SIMAS, F. A. P. SANTOS, H. IMAIZUMI. Suplementação com diferentes fontes de gordura em dietas com alta e baixa inclusão de concentrado para vacas em lactação../Supplementation with differents fat sources in high and low grain diets for lactating dairy cows. / Suplementación con diferentes fuentes de grasa en dietas con alta y baja inclusión de concentrado para vacas en lactancia. Ars Veterinaria, Jaboticabal, SP, Vol. 20, nº 2, 160-168, 2004. (60%) proporção de forragem, observando menor pH, maior concentração de AGV totais, menor proporção de ácido acético e maiores proporções de ácido propiônico e ácido butírico em dietas com menor nível de fibra. UEDA et al. (2003) citam que a relação forragem:concentrado e a suplementação com óleo de linhaça não resultaram em alteração do pH ou concentração de AGV no rúmen. O aumento na concentração de ácidos graxos não esterificados no plasma é esperado em situações em que há suplementação com fonte de gordura (GRUMMER & CARROLL, 1991). A concentração de ácidos graxos não esterificados no plasma aumentou com a infusão abomasal de AG cis e trans C18:1 (ROMO et al., 2000), resultado esse de acordo com o encontrado por VAZQUEZAÑON et al. (1997) utilizando fonte de gordura animal. Entretanto, o presente trabalho não encontrou diferença para a concentração plasmática de AGL entre os tratamentos (Tabela 4). Não foram observadas diferenças (P>0,05) para o efeito dos tratamentos sobre a produção de leite (Tabela 5), o mesmo ocorrendo para o leite corrigido para 3,5% de gordura (P>0,05), dados estes coerentes com os encontrados por KHORASANI & KENNELLY (1998) para produção de leite utilizando semente de canola e BENSON et al. (2001) em trabalho realizado com infusão abomasal de uma mistura de óleo de girassol e óleo de canola. Trabalhos comparando o efeito da semente de canola, protegida ou não, mostraram uma pequena redução na produção de leite e no teor de proteína com a adição de gordura, possivelmente pela inibição da fermentação ruminal ou pela redução no consumo de matéria seca e demais nutrientes (DELBECCHI et al., 2001). Apesar de os fatores que normalmente induzem queda de gordura no leite estarem presentes, como baixo nível de fibra e adição de gordura à dieta, a ausência de efeito sobre o teor de gordura no leite se deve, possivelmente, ao fato de não ter havido desafio de fermentação ruminal suficiente. A resposta em produção de gordura (kg d-1) também não foi significativa (P>0,05), uma vez que a produção de leite permaneceu constante para todos os tratamentos. Como citado por BAUMAN & GRIINARI (2001), os dados que relacionam o suprimento inadequado de acetato para a glândula mamária e redução de gordura no leite são inconsistentes, não sendo essa, portanto, a explicação mais coerente para as causas de redução do teor de gordura no leite. Um outro aspecto que invalida essa hipótese está no fato de a redução nas concentrações molares de acetato e butirato no rúmen, em função do fornecimento de semente de linhaça, não estarem relacionadas com a redução da gordura do leite no presente trabalho. A análise de contrastes evidenciou queda na concentração de proteína do leite para o tratamento com adição de óleo de soja (P<0,05), porém a produção de proteína não foi afetada pelos demais tratamentos (P>0,05). Quando a suplementação com gordura diminui a ingestão de matéria seca, a concentração de propionato no rúmen e secreção de insulina também podem ser reduzidas. A menor produção de propionato pode aumentar a utilização de aminoácidos para gliconeogênese e reduzir a disponibilidade de aminoácidos para a síntese de proteína láctea (KHORASANI & KENNELLY, 1998). A concentração de propionato no rúmen não foi afetada pela adição de óleo de soja à dieta, no entanto, a concentração de proteína do leite de vacas que receberam essa dieta foi reduzida, não indicando relação entre a concentração de propionato ruminal e o teor de proteína no leite. O teor de lactose não mostrou diferença (P>0,05) em resposta às dietas experimentais. Não foi observado efeito da suplementação lipídica sobre produção e composição do leite para os animais que receberam semente de linhaça como fonte de gordura suplementar, sendo verificada apenas a queda no teor de proteína com a suplementação com óleo de soja. ARTIGO RECEBIDO: Janeiro/2004 APROVADO: Julho/2004 REFERÊNCIAS ALBERTAZZI, P., COUPLAND, K. Polyunsaturated fatty acids. Is there a role in postmenopausal osteoporosis prevention ? Maturitas, v.42, p.13–22, 2002. ALL, T., TAMAKI, M., SHIMABUKURO, H., KIYOSUE, S., NAKANO, M., HAYASAWA, H., SHIMIZU, T., ISHIDA, S. The production of milk rich in a-linolenic acid by feeding a large amount of linseed to cows. Animal Feed Science and Technology, v.69, p.841-852, 1998. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis. 12.ed. Washington, 1990. 1028p. AVILA, C.D., DePETERS, E.J., PEREZ-MONTI, H., TAYLOR, S.J., ZINN, R.A. Influences of saturation ratio of supplemental dietary fat on digestion and milk yield in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.80, p.2204-2212, 2000. 166 S. G. OLIVEIRA, J. M. C. SIMAS, F. A. P. SANTOS, H. IMAIZUMI. Suplementação com diferentes fontes de gordura em dietas com alta e baixa inclusão de concentrado para vacas em lactação../Supplementation with differents fat sources in high and low grain diets for lactating dairy cows. / Suplementación con diferentes fuentes de grasa en dietas con alta y baja inclusión de concentrado para vacas en lactancia. Ars Veterinaria, Jaboticabal, SP, Vol. 20, nº 2, 160-168, 2004. BAUMAN, D., GRIINARI, J.M. Regulation and nutritional manipulation of milk fat: low fat milk syndrome. Livestock Production Science, v.70, p.15-29, 2001. BENSON, J.A., REYNOLDS, C.K., HUMPHRIES, D.J., RUTTER, S.M., BEEVER, D.E. Effects of abomasal infusion of long chain fatty acids on intake, feeding behavior and milk production in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.84, p.1182-1191, 2001. CHANEY, A.L., MARBACH, E.P. Modified reagents for determination of urea and ammonia. Clinical Chemistry, v.8, p.130-137, 1962. CHOUINARD, Y., CORNEAU, L., BARBANO, D.M., METZGER, L.E., BAUMAN, D.E. Conjugated linoleic acids alter milk fatty acid composition and inhibit milk fat secretion in dairy cows. Journal of Nutrition, v. 129, p.1579-1584, 1999. COPPOCK, C.E., WILKS, D.L. Supplemental fat in highenergy rations for lactating cows: effects on intake, digestion, milk yield and composition. Journal of Animal Science, v.69, p.3826-3837, 1991. DELBECCHI, L., AHNADI, C.E., KENNELLY, J.J., LACASSE, P. Milk fatty acid composition and mammary lipid metabolism in Holstein cows fed protected or unprotected canola seeds. Journal of Dairy Science, v.84, p.1375-1381, 2001. DHIMAN, T.R., SATTER, L.D., PARIZA, M.W., GALLI, M.P., ALBRIGHT, K., TOLOSA, M.X. Conjugated linoleic acid (CLA) content of milk from cows offered diets rich in linoleic acid. Journal of Dairy Science, v.83, p.1016-1026, 2000. DONOVAN, D.C., SCHINGOETHE, D.J., BAER, R.J., RYALI, J., HIPPEN, A.R., FRANKLINS, S.T. Influence of dietary fish oil on conjugated linoleic and other fatty acids in milk fat from lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, v.83, p.2620-2628, 2000. GRIINARI, J.M., DWYER, D.A., MCGUIRE, M.A., BAUMAN, D.E., PALMQUIST, D.L., NURMELA, K.V.V. Trans-Octadecenoic acids and milk fat depression in lactating dairy cows. Journal of Dairy Science, v.81, p.1251-1261, 1998. 167 GRIINARI, J.M., NURMELA, K., DWYER, D.A., BARBANO, D.M., BAUMAN, D.E. Variation of milk fat concentration of conjugated linoleic acid and milk fat percentage is associated with a change in ruminal biohydrogenation. Journal of Dairy Science, v.77, p.117118, SupplemenC40, 1999. GRUMMER, R.R., CARROLL, D.J. Effects of dietary fat on metabolic disorders and reproductive performance of dairy cattle. Journal of Animal Science, v.69, p.3838-3852, 1991. HARFOOT, C.G., HAZLEWOOD, G.P. Lipid metabolism in the rumen. In: HOBSON, P.N. The rumen microbial ecosystem. New York: Elsevier, 1988. cap.9, p.285-322. KALSCHEUR, K.F., TETER, B.B., PIPEROVA, L.S., ERDMAN, R.A. Effect of dietary forage concentration and buffer addition on duodenal flow of trans-C18:1 fatty acids and milk fat production in dairy cows. Journal of Dairy Science, v.80, p.2104-2114, 1997. KEADY, T.W., MAYNE, C.S. The effect of level of fish oil inclusion in the diet on rumen digestion and fermentation parameters in cattle offered grass silage. Livestock Production Science, v.81, p.57-68, 1999. KHORASANI, G.R., KENNELLY, J.J. Effect of added dietary fat on performance, rumen characteristics and plasma metabolites of midlactation dairy cows. Journal of Dairy Science, v.81, p.2459-2468, 1998. KLUSMEYER, T.H., CLARK, J.H. Effect of fat and protein on fatty acid flow to the duodenum and in milk produced by dairy cows. Journal of Dairy Science, v.74, p.30553067, 1991. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. 7.ed. Washington: National Academy of Science, 2001. PALMQUIST, D.L., CONRAD, H. Origin of plasma fatty acids in lactating cows fed high fat diets. Journal of Dairy Science, v.74, p.3152-3162, 1971. PALMQUIST, D.L., JENKINS, T.C. Fat in lactation rations: review. Journal of Dairy Science, v.63, p.1-14, 1980. S. G. OLIVEIRA, J. M. C. SIMAS, F. A. P. SANTOS, H. IMAIZUMI. Suplementação com diferentes fontes de gordura em dietas com alta e baixa inclusão de concentrado para vacas em lactação../Supplementation with differents fat sources in high and low grain diets for lactating dairy cows. / Suplementación con diferentes fuentes de grasa en dietas con alta y baja inclusión de concentrado para vacas en lactancia. Ars Veterinaria, Jaboticabal, SP, Vol. 20, nº 2, 160-168, 2004. PETIT, H.V., DEWHURST, R.J., SCOLLAN, N.D., PROULX, J.G., KHALID, M., HARESIGN, W., TWAGIRAMUNGU, H., MANN, G.E. Milk production and composition, ovarian function, and prostaglandin secretion of dairy cows fed omega-3 fats. Journal of Dairy Science, v.85, p.889–899, 2002. PETIT, H.V. Digestion, milk production, milk composition, and blood composition of dairy cows fed whole flaxseed. Journal of Dairy Science, v.85, p.1482–1490, 2002. PIPEROVA, L.S., TETER, B.B., BRUCKENTAL, I., SAMPUGNA, J., MILLS, S., YURAWECZ, M., FRITSCHE, J., KU, K., ERDMAN, R. Mammary lipogenic enzyme activity, trans fatty acids and conjugated linoleic acids are altered in lactating dairy cows fed a milk fat depressing diet. Journal of Nutrition, v.130, p.2568-2574, 2000. ROMO, G.A., ERDMAN, R.A., TETER, B.B., SAMPUGNA, J., CASPER, D.P. Milk composition and apparent digestibilities of dietary fatty acids in lactating dairy cows abomasally infused with cis or trans fatty acids. Journal of Dairy Science, v.83, p.2609-2619, 2000. SAS INSTITUTE. SAS users guide: statistics, Version 5. Cary: Statistical Analysis System Institute, 1991. 1028p. SCOLLAN, N.D., DHANOA, M.S., CHOI, N.J., MAENG, W.J., ENSER, M., WOOD, J.D. Biohydrogenation and digestion of long chain fatty acids in steers fed on different sources of lipid. Journal of Agricultural Science, v.136, p.345-355, 2001. TAPIERO, H., NGUYEN, B., COUVREUR, P. Polyunsaturated fatty acids (PUFA) and eicosanoids in human health and pathologies. Biomedicine & Pharmacotherapy, v.56, p.215–222, 2002. UEDA, K., FERLAY, A., CHABROT, J., LOOR, J. J., CHILLIARD, Y, DOREAU, M. Effect of linseed oil supplementation on ruminal digestion in dairy cows fed diets with different forage:concentrate ratios. Journal of Dairy Science, v.86, p.3999-4007, 2003. VAN NEVEL, C.J., DEMEYER, D.I. Effect of pH on biohydrogenation of polyunsaturated fatty acids and their ca-salts by rumen microorganisms in vitro. Archives of Animal Nutrition, v.49, p.151-157, 1996. VAN SOEST, P.J., ROBERTSON, J.B., LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, and nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science, v.74, p.3583-3598, 1991. VAZQUEZ-AÑON, M., BERTICS, S.J., GRUMMER, R. The effect of dietary energy source during mid to late lactation on liver triglyceride and lactation performance of dairy cows. Journal of Dairy Science, v.80, p.2504-2512, 1997. WARD, A.T., WITTENBERG, K.M., PRZYBYLSKI, R. Bovine milk fatty acid profiles produced by feeding diets containing solin, flax and canola. Journal of Dairy Science, v.85, p.1191–1196, 2002. 168