DISCLOSURE Atividade global de IPOs fecha 2014 com alta de 35% Apesar de fraco desempenho no Brasil, a atividade global de IPOs continua a se fortalecer - é o que indica o estudo Global IPO Trends, elaborado pela Ernst & Young (EY). Em 2014, 1.206 IPOs captaram US$ 256,5 bilhões, um aumento de 35% em volume e 50% em valor quando comparado a 2013. Apesar de 2014 ter sido o melhor ano de IPOs desde 2010 em termos de recursos captados e volume de transações, a volatilidade dos mercados globais em outubro mostrou que este período não correspondeu às expectativas de ser um ano com quebra de recordes. Maria Pinelli, vice-presidente global de Mercados Estratégicos da EY, afirma que 2014 foi bom para os IPOs globais, mas passou longe de ser um ano épico. A combinação de baixa volatilidade com o bom crescimento dos lucros das empresas e a falta de opções alternativas de investimento resultou em apetite pelo mercado de ações. “Os IPOs tiveram um desempenho muito forte, entregando, em média, um retorno de 17,1% para o ano, superando os índices de mercado em aproximadamente 12,3%. Este foi o melhor ano em desempenho de IPOs desde a crise financeira de 2007, ainda que a atividade não tenha conseguido chegar a patamares pré-crise em termos de número de negócio e capital levantado devido a um último trimestre mais fraco do que o esperado.”, destaca Pinelli. Os fundos de Private Equity continuaram a desempenhar papel determinante no mercado de IPOs neste ano que terminou. Eles souberam aproveitar o sentimento positivo do mercado, principalmente nos EUA, Europa continental e Reino Unido. Os 328 IPOs que tiveram apoio financeiro alcançaram a marca dos US$124,4 bilhões, um aumento de 86% em relação a 2013, e corresponderam por quase metade do valor total gerado pelos IPOs globais - o seu melhor desempenho desde 2001. CROSSBOARDER DEALS IPOs em que houve a abertura de capital em bolsas de países diferentes do país sede da empresa – também fo10 REVISTA RI Fevereiro 2015 ram destaque em 2014. Com 129 IPOs desse tipo no ano, 52% por cento das aberturas foram realizadas na bolsa de valores dos EUA, respondendo por 23,3% do volume de negócios total do país. Outros destinos importantes para abertura de capital foram Londres (com 22% dos negócios), Austrália (9%), Singapura (4%), Alemanha (2%) e Hong Kong (1%). Embora os EUA tenham sido o principal destino em termos de número de aberturas, os negócios na China foram dominantes em termos de preço e desempenho. Segundo Pinelli, os Estados Unidos tem sido um imã para o capital estrangeiro. “Eles oferecem uma infraestrutura de mercado bem desenvolvida, uma comunidade de analistas experientes e muitos investidores dispostos a pagar pelo crescimento”, afirma a vice-presidente. FORTE ATUAÇÃO ENTRE SETORES Empresas de diversos setores da indústria continuam a chegar ao mercado. Os três primeiros colocados em termos de número de negócios foram; saúde (193 IPOs, 16% do total mundial), seguido por tecnologia (167 IPOs, 14%) e indústria (142 IPOs, 12%). Em termos de capital levantado, o setor de tecnologia foi o líder em 2014, levantando US$50,2 bilhões, impulsionado pela oferta do Grupo Alibaba, que foi o maior IPO da história com total de recursos levantados de US$25 bilhões. Outros fortes desempenhos foram dos setores de finanças e energia, que levantaram US$39,9 bilhões e US$30,2 bilhões respectivamente. MERCADO BRASILEIRO Embora o mercado global de IPO tenha apresentado crescimento significativo no volume de transações e de recursos captados, esta pujança não foi refletida no mercado brasileiro. Em 2014, houve apenas uma listagem de oferta inicial (Ouro Fino) com volume captado de R$ 348,7 milhões em outubro de 2014. “O desempenho fraco no mercado de ações brasileiro foi impactado, dentre outros fatores, pelo cenário econômico doméstico e a corrida eleitoral. O ano começa com quatro ofertas de ações em análise pela CVM - T4U Brasil, Ouro Verde, JBS Foods e Azul”, analisa Luciano Cunha, sócio de Capital Markets da Ernst & Young. EXPECTATIVAS PARA 2015 Com o FMI (Fundo Monetário Internacional) diminuindo suas estimativas de crescimento para a economia global e a volta da volatilidade do mercado, a EY prevê que 2015 poderá apresentar um ambiente mais desafiador para IPOs globais. Embora as economias dos EUA e do Reino Unido continuem a ganhar impulso, as perspectivas para a Zona do Euro e mercados emergentes estão mais moderadas. Neste contexto econômico global inconstante, o volume de negócios e de valores no primeiro trimestre de 2015 estará em pé de igualdade com o mesmo trimestre de 2014. O ano 2015 poderá surpreender e terminar ligeiramente à frente de 2014. “Já no Brasil, a expectativa é que a nova equipe econômica para o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, as novas regras emitidas pela CVM visando o acesso ao mercado de ações por meio de uma oferta de venda com esforços restritos para investidores institucionais, bem como a intensificação do Bovespa Mais possam resultar em aumento no volume de ofertas para 2015”, prevê o sócio. RI Das ações negociadas na Bovespa, somente 7 tiveram ganhos nos últimos 4 anos A consultoria Economática listou a rentabilidade anual de todas as ações listadas na BM&FBovespa nos últimos quatro anos e verificou que somente sete delas conseguiram retorno positivo no período. Para fazer parte desse grupo, as ações teriam de ter um volume fi nanceiro médio diário superior a R$ 1 milhão. A amostra inicial foi de 267 ações que tiveram liquidez nos quatro anos analisados. Dessas, 151 tiveram volume fi nanceiro médio diário superior a R$ 1 milhão. O papel da Cielo é o que teve o melhor desempenho entre os sete listados com retorno acumulado de 329% nos últimos quatro anos fechados em 31 de dezembro de 2014. Nesse período, a ação teve rentabilidade positiva em 34 meses e conseguiu retorno superior ao Ibovespa em 31 meses. As outras ações foram: Equatorial, Klabin, BRF, Cemig, Embraer e Bradesco. RI IAASB divulga normas atualizadas para o relatório dos auditores O International Auditing and Assurance Standards (IAASB) divulgou as novas normas que visam uma transformação fundamental na estrutura do relatório do auditor, com o objetivo de melhorar a comunicação com os usuários, investidores e analistas financeiros. A divulgação foi feita no último dia 15/1, fruto de três anos de pesquisas, para aplicação nos relatórios de 2017 sobre as demonstrações encerradas após dezembro de 2016. Dentre as principais mudanças, destacam-se a inclusão de novas seções que tratam das Questões-Chave de Auditoria (Key Audit Matters), continuidade operacional e relatórios da administração, além de outras, como uma descrição mais abrangente em relação às responsabilidades do auditor e dos preparadores das demonstrações contábeis. O Ibracon – Instituto dos Auditores Independentes do Brasil tem participado ativamente desde o inicio das discussões desse projeto no IAASB, através de respostas às audiências públicas que tratavam do tema, além de outras iniciativas, como por exemplo, a abordagem do tema na 4ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente promovida pelo Instituto, em agosto de 2014, para mais de 500 profissionais. Na ocasião, o coordenador da Comissão Nacional de Normas Técnicas (CNNT) do Ibracon, Wanderley Olivetti, falou sobre a participação ativa do Ibracon neste processo. “Essa participação é importante. Tem caráter educacional e nos coloca no centro dos debates. O Brasil não importa pura e simplesmente uma norma pronta. Nós participamos ativamente do processo de análise e oferecemos sugestões”, conclui. RI Fevereiro 2015 REVISTA RI 11 DISCLOSURE IBGC facilita acesso ao Programa de Certificação de Conselheiros O novo sistema de inscrição e análise do Programa de Certificação nas modalidades experiência e exame irá trazer benefícios aos candidatos e avaliadores, explica o gerente de Certificação e Capítulos do IBGC, Marcos Jacobina. O processo será totalmente online e irá reduzir o prazo de análise e aprovação de 60 para 10 dias em média. O candidato interessado em se tornar um conselheiro certificado IBGC fará upload dos arquivos a serem enviados ao Instituto e o processo de análise e aprovação será totalmente realizado na nova ferramenta. O relator e os avaliadores dos candidatos, por meio de login/senha, farão seus comentários e avaliações no próprio sistema, não havendo a necessidade de circulação dos processos em pastas físicas, o que permitirá maior agilidade no processo e a liberação do espaço de armazenamento de mais de 700 pastas. “Com estas ações, buscamos cada vez mais facilitar o acesso ao Programa de Certificação de Conselheiros do IBGC, contribuindo para o fortalecimento das melhores práticas de Governança Corporativa”, avalia Jacobina. RI Governança Corporativa: Discussões sobre os conselhos em empresas no Brasil Estudar e refletir sobre o papel e a atuação do conselho de administração, órgão colegiado encarado como componente fundamental do sistema de governança corporativa, é tarefa complexa e desafiadora. Além de subsídios teóricos, devem ser considerados aspectos de legislação, normas de autorregulação e recomendações de boas práticas, bem como dados coletados empiricamente. Aferir informações sobre sua atuação exige respeitar as particularidades de organizações de naturezas e tipos de controle diversos, de tamanhos e idades diferentes, de setores distintos, entre outros aspectos. Envolve ainda entender a relação dos conselhos de administração com outros órgãos e agentes de governança, bem como o funcionamento de seus comitês especializados. O livro Governança Corporativa: Discussões sobre conselhos em empresas no Brasil reúne múltiplos pontos de vista, apresentando artigos de especialistas, acadêmicos e conselheiros. Concretiza-se, com o lançamento desta obra, mais uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) para estimular e incentivar organizações da sociedade civil a discutirem essa questão, visando que se alinhem com princípios como transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa. RI 12 REVISTA RI Fevereiro 2015