XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 PRODUÇÃO DE LEITE NO BRASIL: REALIDADE E PERSPECTIVAS Simone Sehnem (Univali) [email protected] Lucila Maria de Souza Campos (Univali) [email protected] O objetivo deste artigo consiste em apresentar dados estatísticos relacionados à evolução da produção de leite no Brasil e do consumo interno e exportações. Por meio destes números, efetuar uma análise da produção de leite no Brasil, com ênnfase nas perspectivas de produção para o Sul. Trata-se de um estudo teórico-empírico, que foi viabilizado por meio do uso de dados secundários, disponibilizados pela Agência de Gestão Estratégica vinculada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola. Constatou-se que a evolução do quadro de produção no período de 1990 a 2008 está na ordem de 87,59% de crescimento, com perspectivas de manter neste ano o mesmo volume produzido em 2008, que foi de 27,2 bilhões de litros. No que se refere ao consumo houve crescimento do volume consumido. Todavia, houve ciclos de pequenas quedas e ápices, havendo uma projeção de consumo para 2009 de 139,3 litros/habitante/ano. Isto representa 0,38 litros/dia/habitante. No que se refere às exportações no ano de 2008 o saldo da balança comercial de lácteos, foi positivo em US$ 327,7 milhões. Nesse período, as exportações totalizaram 148,6 mil toneladas e US$ 540,8 milhões, o que representou um aumento de 43,5% em volume e 80,9% em valor frente ao total exportado em 2007. Portanto, constata-se que o volume consumido pelos brasileiros ainda é pequeno, havendo possibilidades de crescimento significativas e há condições estruturais para expansão da atividade no Brasil. Palavras-chaves: Agronegócio. Produção. Leite. XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Produção de Leite no Brasil: Realidade e Perspectivas 1. Introdução Conforme a Agência de Gestão Estratégia (2008) o agronegócio brasileiro tem grande potencial de crescimento. O mercado interno é expressivo para todos os produtos que compõem o rol da produção brasileira e o mercado internacional tem apresentado acentuado crescimento do consumo. Ademais, o Brasil possui as características naturais, de apresentar as mais diferentes condições climáticas ao longo do ano, extensões territoriais amplas e condições de produção favoráveis, que lhe fornecem uma vantagem competitiva superior em relação a outros países. Por outro lado, países super-populosos terão dificuldades de atender às demandas devido ao esgotamento de suas áreas agricultáveis. As dificuldades de reposição de estoques mundiais; o acentuado aumento do consumo especialmente de grãos como milho, soja e trigo; o processo de urbanização em curso no mundo, criam condições favoráveis aos países como o Brasil, que têm imenso potencial de produção e tecnologia disponível. A disponibilidade de recursos naturais no Brasil é fator de competitividade. Além disso, a Agência de Gestão Estratégica (2008) destaca que os produtos mais dinâmicos do agronegócio brasileiro deverão ser a soja, milho, trigo, carnes, etanol, farelo de soja, óleo de soja e leite. Esses produtos indicam elevado potencial de crescimento para os próximos anos. Dairy Products (2008) corrobora nesse sentido ao destacar que a produção de leite e derivados sempre foi de grande importância econômica, apesar de, ter estado por muito tempo voltada apenas para o mercado doméstico. Sobretudo, o Brasil detém posição de destaque em todos os segmentos da cadeia produtiva de lácteos e possui o 3º maior rebanho de gado leiteiro do mundo. Este consiste em 20,9 milhões de cabeças, o que gera uma produção de mais de 25 bilhões de litros anuais de leite de vaca, o que lhe permite ocupar a 6ª posição mundial e é o 3º maior produtor mundial de queijo, sendo que, neste mercado, dominam a União Européia e Estados Unidos, ambos responsáveis por mais de 75% da produção do planeta. Igualmente, o Brasil é o 9º no ranking dos países produtores de manteiga e a 4ª colocação no segmento de leite em pó, o que corresponde a uma participação relativa de 13,9% no total mundial deste último item. Segundo a Agência de Gestão Estratégica (2008) o leite é um dos produtos que apresenta elevadas possibilidades de crescimento. A produção deverá crescer a uma taxa anual de 2,75%, o que corresponde a uma produção de 36,9 bilhões de litros de leite cru no ano de 2019. O consumo deverá crescer a uma taxa de 2,23% ao ano nos próximos anos. Essa taxa é bem superior à observada para o crescimento da população brasileira. Todavia, a Dairy Products (2008) destaca que esses resultados do Brasil ainda são decorrentes de uma produtividade média por animal relativamente baixa, quando comparada com os indicadores de outros importantes países produtores, o que denota o potencial de desenvolvimento do setor no Brasil. Esta atividade é desenvolvida em todas as regiões do país, mas 72,8% do total produzido em 2006 estiveram concentrados em apenas 6 estados. Minas Gerais é o principal pólo de produção, responsável por 22,9% do rebanho e 27,9% do leite. Na segunda posição encontrase o Paraná, seguido pelo Rio Grande do Sul, Goiás, São Paulo e Santa Catarina, que, agrupados foram responsáveis por 44,9% da produção total de 2006 (DAIRY PRODUCTS, 2008). 2 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Além de suprir a demanda interna, o Brasil apresenta participação no comércio internacional de lácteos. Porém, a União Européia, a Nova Zelândia, a Austrália e os Estados Unidos concentram 73,6% do valor das exportações mundiais de todo o segmento lácteo (DAIRY PRODUCTS, 2008). Nesse sentido, Heiden (2008) reitera que as ações voltadas à ampliação do mercado externo devem se intensificar em 2009. Apesar dos preços internacionais dos produtos lácteos, apresentarem baixas significativas em relação aos preços praticados no início do ano, a exportação ainda é a melhor alternativa para enxugar o excedente da produção. Outro fator que deve ganhar importância em 2009 e que está diretamente relacionado a preço é a maior valorização da qualidade da matéria-prima, principalmente no que diz respeito à CCS – Contagem de Células Somáticas e CCB –Contagem de Células Bacterianas. Considerando os preços de referência do Conseleite/SC (2008), a diferença entre os preços do leite padrão e do leite acima do padrão é 15% e a diferença entre os preços do leite padrão e do leite abaixo de padrão é de 9%. Nestes percentuais está considerado um prêmio de 5% para os produtores que entregarem maior quantidade de leite. Porém, mesmo para os que entregam menor quantidade, o diferencial de preço imputado à qualidade é muito significativo. Em outubro de 2008 os preços de referência para o leite abaixo de padrão foi de R$0,48, o leite padrão foi remunerado a R$0,53 e o acima do padrão R$0,61 por litro comercializado. Um das maneiras de operacionalizar essa melhoria substancial da qualidade consiste na implementação efetiva da Portaria 51 – que regulamenta as técnicas de produção, identidade, qualidade, coleta e transporte do leite; e, segundo Heiden (2008) a viabilização do sistema de pagamento em conformidade com a qualidade do leite, é apenas uma questão de tempo. Para o produtor, o prêmio por qualidade pode significar um bom incremento na sua renda. Partindo dessas evidências, tem-se como propósito analisar da produção, consumo e exportação de leite no Brasil, com ênfase nas perspectivas de produção para a região sul do Brasil. 2. Análise da Produção e Consumo do Leite O Gráfico 01 apresenta a evolução da produção anual de leite no Brasil no período de 1990 a 2009. Fonte: Interleite, 2009 3 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Gráfico 01: Evolução da produção anual de leite no Brasil no período de 1990 a 2009 Verifica-se que houve uma ascendência gradativa na produção de leite no Brasil no período de 1990 a 2009, perfazendo um índice relativo de 87,59% de crescimento. Todavia, houve pequenas quedas na produção em 1993, decorrente de condições climáticas que afetaram esta atividade produtiva. Na seqüência, a Tabela 01 apresenta a produção brasileira de leite por estado no período de 2000 a 2007. Estado Brasil Minas Gerais Rio Grande do Sul Paraná Goiás Santa Catarina São Paulo Bahia Rondônia Outros Estados 2000 19.767,2 5.865,5 2.102,0 1.799,2 2.193,8 1.003,1 1.861,4 724,9 422,3 3.795,0 2001 20.510,0 5.981,2 2.222,1 1.889,6 2.321,7 1.076,1 1.783,0 739,1 475,6 4.021,5 2002 21.642,8 6.177,4 2.329,6 1.985,3 2.483,4 1.192,7 1.745,9 752,0 644,1 4.332,4 2003 22.253,9 6.319,9 2.305,8 2.141,5 2.523,0 1.332,3 1.785,2 795,0 558,7 4.492,6 2004 23.474,7 6.628,9 2.364,9 2.394,5 2.358,4 1.486,7 1.739,4 842,5 646,4 4.832,9 2005 24.571,5 6.908,7 2.467,6 2.518,9 2.648,6 1.555,6 1.744,2 890,2 692,4 5.145,3 2006 24.620,9 7.094,1 2.625,1 2.703,6 2.613,6 1.709,8 1.744,0 905,8 637,4 4.587,5 2007 26.133,9 7.275,2 2.943,7 2.701,0 2.638,6 1.865,6 1.627,4 965,8 708,3 5.408,3 Fonte: IBGE, 2008 Tabela 01: Produção brasileira de leite por estados no período de 2000 a 2007 (milhões de litros) A partir da Tabela 01 é possível constatar que a produção catarinense foi a que mais cresceu nos últimos anos. De 2000 a 2007 o volume de leite produzido aumentou 85,98%, enquanto a produção nacional aumentou apenas 32,21% no período. Destaca-se também no ranking de produção o estado de Rondônia com um acréscimo de 67,72%, seguido pelo Paraná com 50,12%. Porém, houve queda no volume produzido no estado de São Paulo, perfazendo um percentual de 12,57% de volume de leite a menos ofertado ao mercado no período analisado. Em seguida, o Gráfico 02 ilustra o crescimento da produção de leite em nível de Mercosul. Crescimento da Produção de Leite Argentina 25,00 Brasil Paraguai Uruguai 20,00 15,00 1996/1995 1997/1996 10,00 5,00 1998/1997 1999/1998 2000/1999 0,00 -5,00 2001/2000 2002/2001 2003/2002 -10,00 2004/2003 -15,00 2005/2004 2006/2005 -20,00 -25,00 -30,00 2007/2006 2008/2007 2009/2008 FAO, CNA Fonte: Interleite,Fonte: 2009 CBCL Gráfico 02: Elaboração: Crescimento da produção de leite em nível de Mercosul 4 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Quando comparamos a evolução do crescimento da produção de leite no Brasil, aos países pertencentes ao Mercosul – Argentina, Paraguai e Uruguai, constata-se que o quadro evolutivo brasileiro é ascendente e apresenta uma variabilidade menor, se comparado aos seus parceiros. A Argentina apresenta o maior pico de produção e o Paraguai o maior déficit em termos de produção. Logo após o Gráfico 3 apresenta a produção de leite nos países do Mercosul e a região Sul do Brasil. Gráfico 3: Produção de leite nos países do Mercosul e a região Sul do Brasil A partir do gráfico 3 é possível evidenciar que o Uruguai e o Paraguai mantiveram a sua produção de leite em volumes constantes no período de 1995 a 2006. A região sul do Brasil apresentou uma gradativa ascendência no volume produzido. Na Argentina houve pequenas oscilações no que se refere ao volume produzido e o Brasil considerado na íntegra (todas as regiões) apresentou o melhor desempenho, mantendo o crescimento ao longo dos anos. Na seqüência, o Gráfico 04 ilustra a evolução do consumo de leite aparente no Brasil no período de 1990 a 2008. 5 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Fonte: Interleite, 2009 Gráfico 04: Evolução do consumo de leite aparente no Brasil no período de 1990 a 2008 Constata-se no Gráfico 4 que a evolução do consumo de leite no Brasil no período de 1990 a 2009 apresenta pequenas oscilações, sendo que os últimos 3 anos apresentaram recordes de consumo. Além disso, as perspectivas para 2009 evidenciam que esse patamar deverá ser mantido, no que diz respeito ao consumo interno de leite, havendo uma projeção de consumo de 139,3 litros por habitante. A Tabela 02 apresenta o volume em Kg de produtos lácteos exportados e importados em 2008 e a representatividade em dólares. Janeiro a Dezembro 2008 Leites UHT Leite em pó integral Exportação 5.857.642 86.642.852 Volume (Kg) Importação 3.141.385 22.024.250 Leite em pó desnatado Leite em pó semidesnatado Leite evaporado Leite condensado Cremes de leite Iogurtes Soro de leite 421.086 50.620 7.110.925 936.000 2.721.870 37.797.734 197.700 1.870.586 7.998 0 0 2.142 159.604 38.373.855 Iogurtes Soro de leite 1.870.586 7.998 159.604 38.373.855 3.854.276 6.924.890 142.347.254 5.917.790 1.158.218 4.575.150 77.481.529 154.295 Manteigas Queijos Sub-total 1 Leite modificado Saldo 2.716.257 60.618.602 -6.689.839 -885.380 Exportação 10.811.127 376.545.685 Valor (US$) Importação 1.852.605 87.099.257 Saldo 8.958.522 289.446.428 1.857.209 237.152 27.338.796 4.731.402 -25.481.587 -4.494.250 2.721.870 37.797.734 195.558 1.710.982 38.365.857 1.710.982 38.365.857 2.696.058 2.349.740 64.865.725 5.763.495 4.576.447 69.007.686 407.575 3.129.371 34.117 0 0 8.225 777.018 56.307.697 4.576.447 69.007.686 399.350 2.352.353 -56.273.580 3.129.371 34.117 777.018 56.307.697 2.352.353 -56.273.580 12.673.019 29.988.405 509.267.793 30.903.785 3.960.632 29.518.123 211.593.755 264.160 8.712.387 470.282 297.674.038 30.639.625 6 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Doce de leite Sub-total 2 Total 297.900 6.215.690 148.562.944 650.136 804.431 78.285.960 -352.236 5.411.259 70.276.984 708.472 31.612.257 540.880.050 1.287.283 1.551.443 213.145.198 -578.811 30.060.814 327.734.852 Fonte: MDIC apud Milkpoint (2009) Tabela 02: Produtos lácteos exportados e importados em 2008 Dentre os itens lácteos exportados em 2008, aquele que teve maior representatividade foi o leite em pó integral, perfazendo um volume de 82.642.852 Kg, o que representa 55,6% do total. Quanto ao valor, esse produto representou 69,6% do total exportado, perfazendo US$ 376,5 milhões. Conforme o Milkpoint (2009) o principal comprador de leite do Brasil foi à Venezuela que adquiriu 72,3% do volume exportado, o que corresponde a US$ 280 milhões. Esse numerário corresponde a 52% do valor total exportado pelo Brasil em 2008. Todavia, nesse mesmo segmentou houve uma importação de 22.024.250 kg o que resultou em um saldo de 60.618.602 Kg. Analisando o acumulado do ano, as importações totalizaram 78,3 mil toneladas a US$ 213,1 milhões, o que representou aumento de 22% em volume e 41% em valor, em relação às compras externas feitas em 2007 destaca o Milkpoint (2009). Constata-se também que o principal produto importado foi o soro de leite, com 38,4 mil toneladas (49% do volume total) e US$ 56,3 milhões (26,4% do valor total). Nesse sentido, Milkpoint (2009) salienta que se comparado às importações de soro de leite em 2007, houve um aumento de 30,3% no volume e 6,4% no valor. O principal fornecedor de soro de leite para o Brasil foi a Argentina (44,4% do volume total importado). O leite em pó integral foi o segundo principal produto importado, no que se refere ao volume. As compras externas de leite em pó totalizaram 22 mil toneladas em 2008, somando US$ 87,1 milhões - o que representa um aumento de 19,5% no volume das compras realizadas em 2007, e 52,3% no valor. A Argentina também é a maior fornecedora de leite em pó integral ao Brasil. Foram compradas em 2008 17,3 mil toneladas do produto - 78,6% do total. No total geral, constata-se que no ano de 2008 o saldo da balança comercial de lácteos, foi positivo em US$ 327,7 milhões. Nesse período, as exportações totalizaram 148,6 mil toneladas e US$ 540,8 milhões, o que representou um aumento de 43,5% em volume e 80,9% em valor frente ao total exportado em 2007. Na seqüência, o Gráfico 05 apresenta as maiores empresas de laticínios rankiadas até 2007. 7 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Fonte Maiores empresas de Laticínios 2007 2.000.000 1.800.000 1.600.000 recepção (mil litros) 1.400.000 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 Fonte: Interleite, 2009 GRUPO VIGOR NILZA ALIMENTOS DANONE FRIMESA BATÁVIA CCL LÍDER ALIMENTOS CENTROLEITE CONFEPAR EMBARÉ LATICÍNIOS MORRINHOS BOM GOSTO PARMALAT ITAMBÉ ELEGÊ DPA (3) 0 empresas Gráfico 05: Maiores empresas laticínios de 2007 O Gráfico 05 evidencia que foram 16 as maiores empresas receptoras de leite até o ano de 2007. Fica perceptível de que a DPA é a maior empresa processadora láctea no Brasil, sendo que industrializou em 2007 1.800.000 milhões de litros de leite. Na segunda posição no ranking encontra-se a Elegê, seguida pela Itambé e pela Parmalat. Todavia, é importante inferir que esse cenário tende a mudar, principalmente porque a CCGL – Cooperativa Central Gaúcha Ltda implantou uma planta industrial em Cruz Alta/RS com capacidade de industrialização diária de 1 milhão de litros e que iniciou suas atividades no mês de outubro de 2008. A Aurolat – Indústria de Lácteos Aurora, instalada em Pinhalzinho/SC possui capacidade de processamento diário de 600 mil litros/dia e que iniciou as suas atividades em julho de 2008. A Cedrense está em processo de implantação de uma planta industrial em Nova Itaberada/SC com capacidade de processamento diário de 1,5 milhões de litros. Portanto, conforme destaca Agência de Gestão Estratégica (2008), o potencial produtivo e a competitividade dos países do Brasil é inquestionável. Todavia, ainda apresenta uma cadeia produtiva com fragilidades, decorrentes das distorções do mercado internacional de lácteos, que se configuram no principal obstáculo para expressar o nosso potencial. E ainda, um sistema de produção que requer maior eficiência e maior produtividade, para tornar o país competitivo face aos maiores produtores mundiais. 3. Projeções de Produção, Exportação e Consumo de Leite O Gráfico 06 apresenta uma projeção de perspectivas de crescimento da Produção de Leite no Brasil no período de 2008/09 a 2018/19. 8 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Fonte: adaptado do AGE/MAPA, 2008 Gráfico 06: Perspectivas de crescimento da Produção de Leite no Brasil A projeção efetuada pela Agência de Gestão Estratégica (2008) evidencia que existe uma perspectiva de aumentar o volume produzido ano a ano, representado um crescimento relativo no período de 2007/08 a 2018/19 de 98,38%, o que significa praticamente dobrar a produção atual. Em seguida o Gráfico 07 apresenta a perspectiva de crescimento das exportações em milhões de litros. Fonte: adaptado do AGE/MAPA, 2008 Gráfico 07: Perspectivas de Crescimento das Exportações de leite (em milhões de litros) No que se refere às exportações fica evidenciado que existe a perspectiva de praticamente dobrar o volume exportado, havendo a projeção de crescer na ordem de 98,38%. Logo após, o Gráfico 08 apresenta o volume de consumo de leite estimado para os próximos anos. 9 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 Gráfico 08: Perspectivas de consumo de leite no Brasil (em milhões de litros) Fonte: AGE/MAPA, 2009 O Gráfico 08 evidencia que existe uma perspectiva de aumento do consumo de leite por habitante por ano. Portanto, existe a perspectiva de no horizonte dos próximos10 anos estimular o consumo de leite para uma demanda 27,07% superior a atual. Desse modo, estima-se um consumo aproximado de 177,28 litros por habitante/ano. Isso significa que na média cada brasileiro irá consumir na média 0,49 litros de leite por dia. 4. Considerações Finais Constata-se que o volume de leite produzido no Brasil teve crescimento na ordem de 32,21% no período de 2000 a 2007, sendo que Santa Catarina foi o Estado que teve uma expansão mais significativa da atividade, na proporção de 85% no mesmo período. Conforme o AGE/MAPA (2008) existe uma perspectiva de aumentar a produção de leite ano a ano, no período de 2007/08 a 2018/19 na ordem de 98,38%. Todavia, há de se considerar as incertezas que estão presentes no ambiente e no cenário econômico, principalmente aquelas relacionadas a recessão mundial, o protecionismo dos países e as mudanças climáticas No que se refere ao consumo de leite no Brasil no período de 1990 a 2009 apresenta pequenas oscilações, sendo que os últimos 3 anos apresentaram recordes de consumo. As perspectivas para 2009 projetam um consumo de 139,3 litros por habitante. Todavia, esse volume ainda é pequeno, e conforme, AGE/MAPA (2008) o consumo deverá crescer a uma taxa de 2,23% ao ano nos próximos anos em nível de país. Quanto à exportação de lácteos constata-se que no ano de 2008 o saldo da balança comercial de lácteos, foi positivo em US$ 327,7 milhões. Nesse período, as exportações totalizaram 148,6 mil toneladas e US$ 540,8 milhões, o que representou um aumento de 43,5% em volume e 80,9% em valor frente ao total exportado em 2007. Além disso, conforme salienta Lanznaster (2009) o Brasil, e em especial a região sul possui potencial de expansão da produção de leite. Todavia, deverá investir em sistemas de produção com custo baixo e com qualidade. Uma das alternativas é a produção via sistema Voisin – a base de pasto. O Leite produzido pelo método Voisin tem vários aspectos do leite orgânico, sendo um tipo de leite com controle rígido no método de produção. Esse método de produção é usado como padrão para produção de leite na Nova Zelândia, um dos maiores exportadores de leite. Outrossim, Lanznaster (2009) destaca a possibilidade do sul do Brasil partir para o atendimento de nichos de mercado, como por exemplo, o leite orgânico, que é o produto da pecuária leiteira orgânica, que se baseia nas premissas de ser uma exploração economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa. Nesse sentido, a Apex (2004) apresenta que Leite Orgânico apresenta um crescimento de 25% ao ano no mundo; de que os orgânicos representam aproximadamente 20% do consumo no mundo; que 1% do leite produzido no Brasil é orgânico; e, que 100 milhões de US$ foi o movimento do Brasil em 10 XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009 2004 no mercado mundial de orgânicos. Nesse sentido, a Aurora já está desenvolvendo um Projeto alusivo a produção de leite orgânico que engloba 75 produtores com perspectivas de englobar 150 até o término de 2009. Para aderir ao sistema é efetuado o diagnóstico da propriedade no que se refere a solo, água, produção de leite e de pasto. Mas ainda existe um longo processo a ser desenvolvido, haja vista que existe uma variação grande de sólidos totais. Portanto, a atividade leiteira pode ter considerada promissora nos próximos anos para o Brasil, e em especial para Santa Catarina, em virtude das condições climáticas, estruturais e da presença de propriedades agrícolas familiares, que buscarão nesse setor do agronegócio, fonte de renda e desenvolvimento. Mas, necessário de faz pensar na evolução do setor em termos de genética, qualidade do leite e inovações radicais para se diferenciar perante outros pólos de produção de leite, a exemplo de Minas Gerais. Nesse sentido, o papel das agroindústria – para fomentar os produtores e do estado – para criar políticas públicas condizentes com a realidade do setor e para estimular a expansão são fatores preponderantes para que Santa Catarina e o sul do Brasil se destaquem nessa atividade e se tornem excelência em nível mundial, contribuindo de modo mais representativo nas exportações. Referências AGE/MAPA – Agência de Gestão Estratégica/Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em 26 abr. 2009. CEPA – Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola. Disponível em: < http://cepa.epagri.sc.gov.br>. Acesso em 26 abr. 2009. CONSELEITE/SC - Conselho Paritário Produtores Indústrias de Leite do Estado de Santa Catarina, 2008. DAIRY PRODUCTS. Leite e derivados. In: Agronegócio brasileiro: características, desempenho, produtos e mercados. São Paulo, 2008. HEIDEN, Francisco C. Leite: Produção catarinense é a que mais cresceu entre os grandes produtores. 2008. CEPA – Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola. Informativo agropecuário. Disponível em: <http://cepa.epagri.sc.gov.br>. Acesso em 26 abr. 2009. INTERLEITE SUL 2009. 1º Simpósio sobre Produção Competitiva de leite: região sul. Chapecó/SC. 26 a 28 mar. 2009. CD. LANZNASTER, Mario. Competitividade do leite Visão da Aurora. In: INTERLEITE SUL 2009. 1º Simpósio sobre Produção Competitiva de leite: região sul. Chapecó/SC. 26 a 28 mar. 2009. CD. MILKPOINT. Balança comercial de lácteos registra novo recorde em 2008. Disponível em: http://wm.agripoint.com.br/imagens/banco/15912.gif. Acesso em 29 abr. 2009. 11