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Anuário Brasileiro do
Leite
2009
Brazilian Dairy Yearbook 2009
Grupo Editorial
Sumário
Um ano difícil para o setor
Começa a produção em Passo Fundo
O leite de que o Brasil precisa
E a Bom Gosto segue crescendo
Selo garante pureza
Impactos da crise mundial no mercado de lácteos
Leite é a quarta bebida mais consumida
Exportações recuam no primeiro semestre
Importações em alta
A aposta no mercado internacional
Perspectivas para o agronegócio do leite: a visão da indústria
Cenário para o agronegócio do leite no Brasil: a visão do setor primário
Produção de lácteos cresce no RS
Paraíba sai na frente na produção de leite de cabra em pó
Inovar para crescer
Summary
A difficult year for the sector
Production in Passo Fundo commences
The milk that Brazil needs
And Bom Gosto keeps on growing
Stamp guarantees purity
Impacts of the world crisis in the dairy products
Milk is the fourth most consumed beverage
Exports retreat in the first semester
Imports on the top
The bet in the international market
Perspectives for milk agribusiness: the view of the industry
Scenario for milk agribusiness in Brazil: the view of the primary sector
Dairy production grows in RS
Paraíba is ahead in goat milk powder production
Innovating to grow
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Múcio de Castro
1915 1981
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Filiado à
Leite
2009
Anuário Brasileiro do
Brazilian Dairy Yearbook 2009
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Editor: Daiane Colla
Fotos: Rodrigo Deggerone
(Studio Arte) e Banco de
Imagens O Nacional
Projeto gráfico
e diagramação: Pablo Tavares
Revisão: Mara Rúbia Alves
Tradução:
Regina Kátia Fritsch
Impressão:
Gráfica Editora Pallotti
Um ano difícil
para o setor
A difficult year
for the sector
Enquanto 2008 foi considerado um dos melhores anos
para o mercado de lácteos, o de
2009 foi sensivelmente afetado
pela crise econômica mundial.
O setor sofreu uma forte redução nas exportações, com
queda de 61,5% no volume
de derivados que foram para o
mercado externo. Com o câmbio favorável, a indústria precisou enfrentar também a forte
concorrência dos produtos
importados, que entraram com
facilidade no país, produzindo
uma reação negativa em toda a
cadeia produtiva.
Enquanto a produção vem
se mantendo nos mesmos patamares do ano passado e as
exportações ficaram em queda,
os produtores comemoraram
os preços recordes pagos pelo
leite no mercado interno. Em
julho, a média nacional de
preços pagos ao produtor foi
de R$ 0,72 o litro de leite. O
preço deverá sofrer a queda
normal registrada no período
de safra, mas a tendência é que
se mantenha em alta, mesmo
com o aumento da produção.
O ano também foi impor-
While 2008 was considered
one of the best years for dairy market, 2009 was slightly
affected by the world crisis.
The sector suffered a strong reduction in its exports, with fall
of 61.5% in the volume of dairy towards the external market.
With the exchange favorable,
the industry also needed to
face the strong competition of
imported products that easily
entered the country, producing
a negative reaction in all productive chain.
While the production is
being kept in the same levels
and the exports were falling,
producers celebrated the prices record paid for milk in the
internal market. In July, the
national average of prices paid
to the producer was R$ 0.72
liter of milk. The price shall
suffer the normal fall recorded
in the harvest period, but the
tendency is that it is kept high,
even with the increase of the
production.
The year was also important
tante para muitas empresas de
laticínios. Muitas registraram
o início de suas operações,
como é o caso da Italac, que
começou a produzir leite e derivados na planta industrial de
Passo Fundo.
Neste cenário, o Rio Grande do Sul tem se consolidado
como um dos estados mais
importantes. Segundo maior
produtor de leite do país, tem
recebido investimentos pesados das maiores indústrias de
laticínios do Brasil. Dentre
suas vantagens está a grande
capacidade produtiva aliada a
maior taxa de leite inspecionado por órgãos federais.
Cada vez mais o setor vem
se consolidando. A despeito
das mudanças pelas quais passou o setor lácteo brasileiro nos
últimos anos, ainda há diversas
oportunidades, como a redução da informalidade, consolidação da indústria e maior
integração, ganhos de produtividade na fazenda, antecipação
de preços de leite por toda a
indústria, melhoria na qualidade do leite e maior acesso a
outros mercados.
for many dairy companies.
Many of them recorded the
beginning of their operations,
as Italac, which began to produce milk and dairy in the industrial plant of Passo Fundo.
In this scenario, Rio Grande
do Sul has consolidated as one
of the main important states.
Second greater milk producer
in the country, it has received
great investments from the
largest dairy industries in Brazil. Among its advantages is its
large productive capacity allied
to the milk rate inspected by
federal organs.
The sector is increasingly
consolidating. Despite changes by which the Brazilian sector experienced in the last few
years, yet, there are several opportunities, like the reduction
of informality, consolidating
the industry and greater integration, gains of productivity
in the farm, milk prices anticipation for all over the industry,
milk quality improvement and
greater access to other markets.
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Começa a produção
em Passo Fundo
Plano de expansão da Italac prevê ainda a aquisição de mais três unidades
processadoras de leite. Investimento total no município atinge R$ 80 milhões
Em agosto de 2009 a planta
de processamento de leite da
Italac em Passo Fundo (RS)
iniciou as operações. A empresa deverá investir cerca de
R$ 80 milhões nas três fases
de instalação. Nesse primeiro momento, a Italac produz
leite tipo longa vida. A médio
prazo deverá ser introduzida
também a produção de achocolatados e leite condensado e
a longo prazo, leite em pó. As
segunda e terceira etapas serão
implementadas de acordo com
o funcionamento da unidade e
da expansão da bacia leiteira da
região de Passo Fundo, já que
a empresa pretende trabalhar
com um milhão de litros/dia
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de leite. Ao final da terceira
etapa, a empresa estima que
terá gerado mais de 500 empregos diretos.
Na primeira etapa, a Italac
investiu R$ 20 milhões e gerou
150 empregos diretos e aproximadamente mil indiretos, entre produtores, transportado-
res, comércio e serviços ligados
ao agronegócio. Inicialmente
a indústria tem capacidade de
produção para 300 mil litros/
dia.
Para um segundo momento
está programado um investimento de mais R$ 20 milhões
e por último mais R$ 30 mi-
> Capacidade industrial de leite
UHT: 7,4 milhões de litros/dia
> Capacidade industrial de leite em
pó: 3,3 milhões de litros/dia
> Produção média de matéria-prima
em 2008: 8,2 milhões de litros/dia
lhões serão investidos na ampliação do empreendimento.
Ao final de três anos acredita-se que os R$ 80 milhões
previstos tenham sido transformados em tijolos, máquinas, pessoal, leite longa vida,
aromatizado e em pó, creme
de leite e leite condensado.
“Ao final desse período pretendemos estar processando
385 milhões de litros de leite
ao ano”, salientou o diretor
da Italac Alimentos, Cláudio
Teixeira.
A construção da planta de
Passo Fundo faz parte de um
plano de expansão da Italac
para outras cidades da região
Sul do País. Quando ain-
da faltavam dois anos para
começar a operar em Passo
Fundo, a Italac comprou a
Laticínios Sarandi, de Rondinha (RS). A empresa assumiu a unidade em 2008 e em
sua estratégia está a aquisição
de mais três unidades processadoras.
A empresa
A Italac Alimentos é sediada no estado de Goiás e
conta com unidades voltadas
para produção em quatro estados: Goiás, Minas Gerais,
Pará e Rondônia e unidades
de distribuição em São Paulo
(SP) e Manaus (AM). A filial de Passo Fundo atenderá
a um mercado novo para a
empresa, além do Rio Grande do Sul, a unidade de Passo
Fundo irá fornecer produtos
para os demais estados da região Sul.
Local estratégico
A escolha de Passo Fundo
pela direção da Italac não
aconteceu devido à insistência das lideranças municipais. Uma pesquisa de
mercado foi realizada, com
auxílio também de outras
instituições, e os diretores
da empresa puderam constatar que a cidade está lo-
calizada no centro da maior
bacia leiteira do Estado, com
ampla capacidade logística e
de mão-de-obra. Havia ainda a necessidade da certeza
de que a produção leiteira
seria capaz de atender à demanda. A preocupação foi
grande já que além da Italac, outras três empresas do
setor de laticínios estão se
instalando na região.
Parceria
A Italac firmou um acordo
de cooperação técnica com a
Cotrijal, de Não-Me-Toque,
para fomentar a bacia leiteira
da região do Planalto Médio.
O acerto permite aos fornecedores de leite da Italac utilizar
a estrutura da Cotrijal para
assistência técnica e na disseminação de novas tecnologias.
O presidente da Cotrijal,
Nei Mânica, afirma que, com
esse acordo, a cooperativa
busca fortalecer sua atuação
junto aos seus cooperados,
principalmente na região de
instalação da Italac, contribuindo com o crescimento da
bacia leiteira e com a profissionalização dos produtores.
A parceria é uma ação da empresa, que pretende se aproximar dos produtores de leite
da região Sul do País.
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In August 2009 the plant
of milk processing of Italac
in Passo Fundo (RS) began
tits works. The company shall
invest approximately R$ 80
million in the three stages on
installation. In this first moment, Italac produces UHT
milk. In medium term the
production of chocolate powder and condensed milk shall
also be introduced and in long
term, milk powder. The second
and third stages will be implemented according to the
running of the unit and the
expansion of the milk basin
of Passo Fundo region, since
the company intends to work
with one million liters/day. In
the end of the third stage, the
company estimates that it will
have generated more than 500
direct jobs.
In the first stage, Italac invested R$ 20 million and generate 50 direct jobs and approximately thousand indirect
jobs, among producers, conveyers, commerce and services
connected to agribusiness. Initially, the industry has production capacity for 300 thousand
liters/day.
To a second moment, an investment of R$ 20 million and
finally, R$ 30 million more are
scheduled to be invested in the
enlargement of the enterprise.
In the end of three years, it is
believed that R$ 80 million
predicted have been changed
to bricks, machines, personnel,
UHT milk, flavored and powder, cream, condensed milk.
“In the end of this period we
intend to process 385 million
liters per year”, highlights the
director of Italac, Claudio Teixeira.
The construction of the plant
in Passo Fundo makes part of
an expansion plan of Italac to
other cities of the country’s
South region. When it was
two years to begin running in
Passo Fundo, Italac purchased
Laticínios Sarandi, of Rondinha (RS). The company took
over the unit in 2008 and in
its strategy is the acquisition
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Production in
Passo Fundo
commences
Italac expansion still estimates the acquisition
of three more processing milk units. Total
investment in the town reaches R$ 80 million
of three processing units more.
The company
Italac Alimentos is settled in
the state of Goiás and is comprised of units directed to production in four states: Goiás,
Minas Gerais, Pará and Rondônia and distribution units in
São Paulo (SP) and Manaus
(AM). The branch in Passo
Fundo will meet a new market for the company, besides
Rio Grande do Sul, the unit
of Passo Fundo will provide
products to other states of the
South region.
Strategic local
The choice of Passo Fundo
by the direction of Italac did
not happen because of municipal leaders’ insistence, but
as a consequence of a research on the market with the assistance of other institutions,
and the company’s directors
could also observe that the
city is located in the center of
the greatest milk basin of the
state, with wide logistic and
labor capacity. Furthermore,
certainty was necessary so
that milk production would
be able to meet the demand.
There is concern about it, since that, besides Italac, other
three companies of dairy sector are being installed in this
region.
Partnership
Italac dealt an agreement
of technical cooperation with
Cotrijal, of Não-Me-Toque,
to foment the milk basin of
Planalto Médio region. The
deal allows Italac milk suppliers to use the structure of
Cotrijal for technical assistance and propagation of new
technologies.
Cotrijal’s president, Nei
Mânica, asserts that, with
this agreement, the cooperative searches to strengthen
its action with its cooperated,
mainly in the region of Italac
installation, therefore, contributing with the milk basin
growth and with the producers’ professionalization.
The partnership is an action
of the company that intends
to approach milk producers
in the South region of the
country.
> Milk Industrial Capacity UHT:
7.4 million of liters/day
> Milk powder Industrial Capacity:
3.3 millions of litters/day
> Average production of raw material in 2008:
8.2 million liters/day
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O leite de que
o Brasil precisa
Rosangela Zoccal*
Dados do Ministério da
Saúde demonstram que o brasileiro deveria consumir, em
média, 200 litros de leite por
ano, seja na forma fluida ou na
de produtos lácteos. No entanto, o consumo médio no País,
cerca de 120 litros por habitante/ano, está muito aquém
do recomendado. O leite é uma
das principais fontes de proteína da alimentação humana. A
necessidade do produto varia
conforme a faixa etária da pessoa (veja tabela abaixo). Uma
vida saudável depende desse
alimento que, pela potencialidade da pecuária de leite nacional, pode se tornar acessível
à totalidade da população.
O Brasil é o sexto maior
produtor de leite do mundo
(21 bilhões de litros em 2001),
ocupando posição de destaque
no cenário mundial. No período de entressafra, porém, ainda
recorremos à importação para
atender a demanda interna.
Não obstante, os produtores
brasileiros já demonstraram
uma grande capacidade de ampliar a produção sempre que o
preço do leite atinge patamares
razoáveis, compensando novos
investimentos.
Além do mais, a pesquisa
agropecuária
desenvolveu,
nos últimos anos, tecnologias capazes de quadruplicar
14
a produção nacional. Com
algum esforço, poderíamos
atingir a marca de 80 bilhões de litros/ano, o que, da
condição de importador, nos
transformaria em grande exportador.
Mas manter a estabilidade
dos preços pagos aos produtores,
em um processo de expansão da
produção, exige que o mercado
interno também seja ampliado.
Do contrário, o resultado pode
ser a queda dos preços pagos ao
produtor, como já aconteceu em
anos anteriores.
A demanda por produtos alimentícios pode ser influenciada por diversos fatores. Entre
eles está o crescimento da renda, o aumento da população, a
redução de preços e as mudanças nos hábitos alimentares.
No caso do Brasil, a inclusão
de uma camada da população no mercado consumidor
de lácteos já poderá significar
uma grande revolução no setor.
O País possui uma população
carente que pouco ou nada
consome. Se tomarmos por
base apenas o consumo mínimo recomendado (146 litros/
ano), teríamos que incremen-
tar nossa produção anual em
4,5 bilhões de litros.
Para atender o mercado
interno potencial, composto por 175 milhões de
pessoas, um consumo per
capita de 600 ml/dia demandaria uma produção
anual de 38,3 bilhões de
litros de leite. E mesmo assim estaríamos explorando
apenas dois terços da nossa
capacidade produtiva, restando ainda um amplo mercado externo a conquistar.
O primeiro passo para nos
tornarmos exportadores de lácteos já foi dado, recentemente,
com a assinatura da Instrução
Normativa 51, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. As novas normas estabelecem critérios para
a produção com qualidade. O
Brasil já produz o leite mais
barato do mundo (cerca de 10
centavos de dólar/litro). O incremento na qualidade que a
instrução normativa pretende
produzir tornará o nosso produto um dos mais competitivos no mercado internacional.
* Pesquisadora da Embrapa
Gado de Leite
O Ministério da Saúde recomenda que
o consumo mínimo de leite seja de:
Volume mínimo
Faixa etária
400 ml/dia (146 l/ano)
Crianças até 10 anos
700 ml/dia (256 l/ano)
Jovens entre 11 e 19 anos
600 ml/dia (219 l/ano)
Adultos acima de 20 anos (inclusive idosos)
The milk that
Brazil needs
Rosangela Zoccal*
Data from the Ministry
of Health showed that the
Brazilian should consume an
average of 200 liters per year,
either in liquid form or in
dairy products form. However, the mean consumption
in the country, around 120 liters per inhabitant/year is far
beyond the recommended.
The milk is one of the main
sources of protein of human
food. The need for the product varies according to the
person’s age group (see table
below). A healthy life depends on this nourishment which, by the potentiality of the
national dairy cattle, it may
become accessible to the entire population.
Brazil is the sixth greater
milk producer worldwide (21
billion of liters in 2001) and
it ranks a central position
in the world scenery. In the
between-season period, thus,
we still appeal to the importance in attending the internal demand. Nevertheless,
Brazilian producers show a
great capacity to enlarge the
production every time the
milk price reaches reasonable
levels, thus counterbalancing
new investments.
Furthermore, the cattle research has developed in the
last few years technologies
able to quadruplicate the
national production. With
some effort, we could reach
the mark of 80 billion of liters/year, what, as an importer, it would make us a great
exporter.
But keeping the price stability paid to the producers, in an
expansion process of the production and it requires that the
internal market is also enlarged.
Otherwise, the result might be
the fall of the prices paid to the
producer, as it has already happened in previous years.
The demand for food products can be influenced by
several factors. Among them
is the income growth, the increase of the population, the
reduction of the prices and the
changes in nourish habits. In
the case of Brazil, the inclusion
of a population layer in the
consumer market of dairy products shall mean a great revo-
The Ministry of Health recommends that
the minimum consumption of milk is:
Minimum volume
Age group
400 ml/day (146 l/year) Children up to 10 years old
700 ml/day (256 l/year) Young between 11 and 19 years old
600 ml/day (219 l/year) Adults over 20 years old (including the elderly)
lution in the sector. The country has a deprived population
which consumes little or do
not consume it. If we take as
base the minimum consumption recommended only, (146
liters/year), we would have to
improve our yearly production
in 4.5 billion of liters.
To attend the potential internal market which is comprised of 175 million of people, a
per capita consumption of 600
ml/day, it would demand a yearly production of 38.3 billion
of milk litters. And even then
we would be exploring two
thirds of our productive capacity only, still remaining a wide
external market to conquer.
The first step to us to become exporters of dairy has
already been given, recently, with the signature of the
Normative Instruction 51 by
the Ministry of Agriculture,
Cattle-raising and Supplies.
The new norms establish criteria to the production with
quality. Brazil produces the
cheapest milk in the world
(approximately 10 cents of
dollar/liter). The increment
on quality which the normative instruction intends to
produce will make our product one of the most competitive in the international
market.
*Researcher of Embrapa
Dairy Cattle
15
Beneficiada
pelo aporte
do BNDESPar,
a empresa do
interior do
Rio Grande
do Sul chama
a atenção
do setor de
lácteos no
País e cresce
em ritmo
impressionante
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E a Bom Gosto
segue crescendo
Em 15 anos de existência,
a Laticínios Bom Gosto já
soma diversas aquisições de
indústrias, arrendamentos e
ainda uma fusão, com a Líder Alimentos, operação que
contou com aporte do BNDESPar.
Antes da fusão com a Líder, em novembro de 2008,
a empresa já tinha adquirido o controle da Nutrilat e
da Corlac, no Rio Grande
do Sul, e da Laticínios DaMatta e da Laticínios Santa
Rita, ambos em Minas Gerais, em 2007. A empresa
também constrói no Uruguai, com investimentos de
US$ 30 milhões. Em 2009, a
empresa adquiriu da Parmalat a fábrica de Garanhuns,
em Pernambuco, por R$ 31
milhões.
Além da fábrica de Garanhuns, o negócio entre
a Bom Gosto e a Parmalat
inclui nove postos de captação localizados em Tapejara
(RS), Enéas Marques (PR),
Monte Castelo (SP), Exu
(PE), Ipira (BA), Alegre
(ES), Jacaré dos Homens
(AL), Santa Cruz de Goiás
(GO) e Itarumã (GO).
Em junho de 2009, a
Nestlé do Brasil fechou um
acordo com a Bom Gosto,
para arrendamento da fábrica da Garanhuns. Da unidade pernambucana da Bom
Gosto sairá toda a linha de
lácteos refrigerados da Nestlé, como iogurtes, leites
fermentados e sobremesas.
“Vamos construir no local
em que já existe a fábrica e
traremos linhas inteiras de
equipamentos de produção,
com contratação de pessoal.” O contrato é válido por
cinco anos, com possibilidade de renovação. A Bom
Gosto, que produz iogurte
somente no Paraná, com a
marca Líder, receberá pelo
arrendamento da área e pelo
fornecimento de leite para a
multinacional.
Também em 2009, a Laticínios Bom Gosto fechou a
compra da fábrica da Nestlé
em Barra Mansa (RJ) por
R$ 9 milhões. De acordo
com o diretor presidente da
Bom Gosto, Wilson Zanatta, além do valor destinado à
aquisição, a empresa vai aplicar outros R$ 20 milhões na
modernização das instalações
que estavam sem operar há
cerca de dois anos. A usina de
Barra Mansa tem capacidade de processamento de 300
mil litros de leite por dia, e o
plano da Bom Gosto é produzir leite longa vida, bebidas
lácteas, achocolatado e creme
de leite.
Com a aquisição da planta fluminense, a Bom Gosto, que processa atualmente
3 milhões de litros de leite
“Após a fusão com a Líder e o aporte do
BNDES, a empresa ficou capitalizada e
existe possibilidade de crescimento.”
Diretor presidente da Bom Gosto, Wilson Zanatta
por dia, passa a operar 20
unidades industriais, localizadas nos estados do Rio
Grande do Sul, Paraná, São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Pernambuco e Mato
Grosso do Sul.
A empresa cresce no Brasil
por meio de aquisições, além
de ter um projeto de construção de fábrica no Uruguai,
com capacidade inicial para
processamento de 400 mil litros/dia. “Após a fusão com a
Líder e o aporte do BNDES,
a empresa ficou capitalizada e
existe possibilidade de crescimento”, afirma o diretor Wilson Zanatta, um veterinário e
filho de produtor de leite, visto como audacioso por seus
concorrentes. Ele acrescenta
que a companhia sempre avalia “oportunidades de investimento”. Mas Zanatta mantém a cautela em relação ao
comportamento do mercado
de lácteos, que está abastecido no front doméstico e tem
estoques elevados e preços
baixos no exterior. “[O mercado] Deve melhorar quando a crise acabar, em 2010,
2011”, torce o empresário.
Uma fusão
positiva
Atrás da Nestlé, Perdigão e
Itambé, a gaúcha Laticínios
Bom Gosto e a paranaense Líder Alimentos criaram a quarta maior produtora de lácteos
do País. Juntas, elas somam um
faturamento de R$ 1,5 bilhão
por ano e uma captação de 3
milhões de litros de leite por
dia, processados em 20 unidades espalhadas pelo Brasil.
Os fundadores das duas
empresas - Wilson Zanatta (Bom Gosto) e os irmãos
Aparecido e Agenor Stuani
(Líder) - dividirão o controle da nova companhia,
com mais de 60% das ações.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social já é sócio da Bom
Gosto e detém cerca de 30%
do negócio. Com a operação,
o banco fará um novo aporte
de capital. “As duas empresas
são complementares. Enquanto a Líder é forte no varejo, a Bom Gosto é forte na
captação”, afirma Fortunato
Bergamo, executivo da Líder.
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Benefited by
the support of
BNDESPar, the
company from
the country of
Rio Grande do
Sul attracts the
dairy sector
attention in Brazil
and grows at an
impressive pace
And Bom
Gosto
keeps on
growing
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In 15 years of existence,
Laticínios Bom Gosto holds
several acquisitions of industries, land rent and still a
merger with Líder Alimentos, operation that counted
on the support of BNDESPar.
Before the merge with Líder, on November 2008, the
company has already acdquired the control of Nutrilat
and Corlac, in Rio Grande
do Sul, and Laticínios DaMatta and Laticínios Santa
Rita, both in Minas Gerais,
in 2007. The company also
builds in Uruguay, with investments of US$ 30 million.
In 2009, it acquired from
Parmalat the plant Garanhuns, in Pernambuco, by R$
31 million.
Besides the plant Garanhuns, the business between Bom Gosto and Parmalat includes nine collection
posts located in Tapejara
(RS), Enéas Marques (PR),
Monte Castelo (SP), Exu
(PE), Ipira (BA), Alegre
(ES), Jacaré dos Homens
(AL), Santa Cruz de Goiás
(GO) and Itarumã (GO).
On June 2009, Nestlé do
Brazil dealt an agreement
with Bom Gosto, for land renting of the plant Garanhuns.
From the unit pernambucana of Bom Gosto will leave
all dairy cooled line of Nestlé, like yogurts, fermented
milk and desserts. “We will
build in the local where there is a plant already, and we
will bring complete lines of
production equipments with
personnel hiring.” The contract is valid for five years,
with possibility of renewal.
Bom Gosto, which produces
yogurt in Paraná only, with
the brand Líder, will receive
by the land rent of the area
and by the supplying of milk
to the multinational.
In 2009 as well, Laticínios Bom Gosto closed the
purchase of the plant Nestlé
in Barra Mansa (RJ) by R$
9 million. According to the
Bom Gosto’s Director-President, Wilson Zanatta, besides the value for the acquisition, the company is going
to invest other R$ 20 million
in the modernization of installations that were without
running for more than two
years. The plant Barra Mansa has capacity of processing
300 thousand liters milk per
day, and Bom Gosto’s plan is
to produce UHT milk, dairy
beverage, chocolate powder
and cream.
With the acquisition of the
plant fluminense, Bom Gosto, which processes 3 million
“After the merger with Líder and
the support of BNDES, the company
was descapitalized and there is the
possibility of growth.”
Diretor president of Bom Gosto, Wilson Zanatta
currently, begins to run 20 industrial units, located in the
states of Rio Grande do Sul,
Paraná, São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco and Mato Grosso
do Sul.
The company grows in Brasil by means of acquisitions,
besides having a project of
plant construction in Uruguay, with initial capacity of
for processing of 400 thousand liters/day. “After the
merge with Líder and the support of BNDES, the company was descapitalized and
there is the possibility for
growing”, asserts the Director Wilson Zanatta, a vet and
milk producer’s son, seen as a
daring person by his competitors. He adds that the company always evaluates “opportunities of investment”.
But Zanatta keeps prudence
in relation to dairy market’s
behavior, which is supplied
in the domestic front and
has high stocks and low prices overseas. “[The market]
shall be better when the crisis ends, in 2010, 2011”, thus
hopes the producer.
A positive
merger
Behind Nestlé, Perdigão and
Itambé, the gaúcha Laticínios
Bom Gosto and the paranaense Líder Alimentos created
the fourth greater producer of
dairy products in the country.
Together, they sum an income
of R$ 1.5 billion per year and
capture of 3 million liters of
milk per day, processed in 20
units spread all over Brazil.
The founders of both companies - Wilson Zanatta (Bom
Gosto) and the brothers Aparecido and Agenor Stuani (Líder) – will share the control of
the new company, with more
than 60% of the shareholdings.
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
is Bom Gosto’s partner already and it holds approximately 30% of the business. With
the operation, the bank will
achieve a new capital support.
“Both companies are complementar. Líder is strong at retail
whereas Bom Gosto is strong
at capture”, asserts Fortunato
Bergamo, Líder’s executive.
19
Selo
garante
pureza
A Associação Brasileira de Criadores de Búfalos deve encerrar 2009 com
aumento de 15% na produção de leite de búfala com selo 100% de pureza
Foram 31 milhões de litros de leite e 5,2 milhões de
quilos de mozarela. Esse foi
o desempenho em 2008 dos
laticínios fiscalizados pela
comissão do selo de pureza
100% Búfalo da ABCB (Associação Brasileira de Criadores de Búfalos). Foram
20
3,4 milhões de litros de leite
e 573 mil quilos de queijo a
mais do que em 2007. Para
2009, a comissão espera um
aumento de 15% em relação
ao ano passado. Esses números representam o movimento dos estabelecimentos que
não misturam leite de vaca
ao leite de búfala na produção da mozarela e permitem a
fiscalização da ABCB. Sendo
assim, os dados se referem à
produção formal da mozarela
de búfala autêntica no Brasil.
Para cumprir com os padrões
italianos desse tipo de queijo e
respeitar a característica gastro-
nômica e qualidades nutricionais da autêntica mozzarella di
bufala, o queijo tem de ser feito
sem a adição de leite de vaca e
sem a utilização de branqueadores. A ABCB alerta para que
os consumidores procurem pelo
Selo de Pureza 100% Búfalo nas
embalagens dos produtos.
Diversidade de produtos
Os laticínios que integram
o Selo de Pureza 100% Búfalo da Associação Brasileira
de Criadores de Búfalos apresentam uma opção para quem
deseja substituir o tradicional
provolone de leite de vaca por
um queijo com menos sal, mais
proteínas e sabor bem mais suave, embora defumado.
A solução foi simples, mas
o resultado foi um produto
nobre e surpreendente, feito
exclusivamente com leite de
búfala e obedecendo aos padrões de produção italianos da
verdadeira mozarela. Depois
de a mozarela de búfala estar
pronta, parte-se para o processo de defumação. O resultado é
um sabor leve e muito menos
salgado.
Ricota, queijo coalho, mozarela defumada, recheada, doce
de leite, borrata e frescal. Não
é só mozarela de búfala que
os laticínios brasileiros estão
produzindo com o leite proveniente dessa raça. São nove
laticínios hoje no País que,
além de fabricar a genuína mozzarella di bufala italiana, utilizando apenas leite de búfala
em sua composição, descobriram que é possível inovar para
ter produtos com características gastronômicas e nutritivas
muito especiais.
Os laticínios que têm o direito de exibir o Selo de Pureza 100% Búfalo na embalagem
de seus queijos são: Laticínios
Bom Destino (MG), Laticínios
Búfalo Dourado (SP), Lavera Mozzarella di Bufala (SP),
Queijaria Búfalo D’Oeste (SP),
De Búfala Almeida Prado (SP),
Fábrica de Laticínios Fazenda
Santo Anjo Ltda. (SP), Agropecuária Alambari Ltda. (SP),
Laticínio Natal (BA) e Tapuio
Agropecuário Ltda. (RN).
Segundo Maria Cecília de
Almeida Prado, coordenadora
do Selo de Pureza 100% Búfalo, a divulgação sobre a existência do selo é importante, pois
impede que fabricantes, com
o fim de baratear a produção,
levem às prateleiras “falsas mozzarellas di bufala”, contendo,
em alguns casos, até 80% de
leite de vaca. “Esperamos com
esse programa difundir cada
vez mais a bubalinocultura no
Brasil e no mundo, divulgando os produtos fabricados com
puro leite de búfala, bem como
garantir aos consumidores um
produto puro, sem mistura”,
afirma. Para mais informações
sobre os laticínios que têm o
Selo de Pureza 100% búfalo
acesse www.bufalo.com.br.
A mozarela de búfala defumada é menos seca e substitui
perfeitamente o provolone
derivado de bovinos na culinária, sanduíches e aperitivos.
A diferença é que o consumidor leva mais nutrientes
para o prato, pois o produto concentra propriedades
como melhores índices de
proteínas, menos colesterol,
mais cálcio e mais vitamina
A. Além disso, por ser o búfalo um animal mais rústico
e mais resistente às doenças
que em geral atacam os bovinos, o leite, matéria-prima da
mozarela defumada, possui
menos resíduos de medicamentos, como antibióticos, já
que o animal é menos exposto às substâncias químicas.
21
Stamp
guarantees
purity
The Associação Brasileira de Criadores de Búfalos
shall terminate 2009 with increase of 15% in the
production of buffalo milk with stamp 100% purity
22
The dairy that hold the
Certification 100% Buffalo of
the Associação Brasileira de
Criadores de Búfalos show an
option to whom wish replace
the traditional provolone made
with cow milk for one cheese
with less salt, more proteins
and much milder flavor, although it is smoked.
The solution was simple, but
the result was a noble and amazing product, made exclusively
with buffalo milk and following the standards of the Italian
production of the real mozzarella. After buffallo mozzarella
is ready, it starts the process of
smoking. The result is a lighter
and much less salty flavor.
Smoked buffallo mozzarella is
less dry and can perfectly replace
the provolone derivate from bovine in the culinary, sandwiches
and appetizers. The difference
is that the consumer take more
nutrients to the dish, thus the
product concentrates properties
with greater indexes of proteins,
less cholesterol, more calcium
and more vitamin A. Furthermore, because buffalo is a more
rustic animal and more resistant
to diseases that bovine, in general, milk, smoked mozzarella
raw-material have less waste of
medicaments like antibiotics,
since the animal is less exposed
to chemical substances.
There were 31 million liters of milk and and
5.2 million pounds of mozzarella cheese. This
was the performance in 2008 of dairy inspected
by the certification commission 100% Bufffalo
of ABCB (Associação Brasileira de Criadores de
Búfalos). It was 3.4 million liters of milk and 573
thousand pounds of cheese more than in 2007.
For 2009, the commission expects an increase of
15% in relation to last year. These numbers present
the movement of the establishments than do not
mix cow milk to buffalo milk in the production
of mozzarella cheese and allow the inspection of
ABCB. Then, the data refer to the authentic buffalo mozzarella formal production in Brazil.
To accomplish Italian patterns of this type
of cheese and respect the gastronomic characteristic and nutritional quality, the cheese have
to be made without addition of cow milk and
without the use of whitening. ABCB warns the
consumers to search for certification 100% Buffalo in the product packages.
Diversity of
products
Ricotta, coalho type cheese, smoked mozzarella, recheada, doce de leite, borrata
and frescal. It is no only buffallo mozzarella that Brazilian dairy are producing
with milk resulting from this
breed. There are nine dairy
producers nowadays in the
country that, besides manufacturing the genuine Italian
mozzarella di bufala, by using
buffalo milk only in its composition, found out that it is
possible to innovate in order
to have products with very
special gastronomic and nutritional characteristics.
The dairy that has the right to show the Certification
100% Buffalo on the package of their cheese are: Laticínios Bom Destino (MG),
Laticínios Búfalo Dourado
(SP), Lavera Mozzarella di
Bufala (SP), Queijaria Búfalo D’Oeste (SP), De Búfala
Almeida Prado (SP), Fábrica
de Laticínios Fazenda Santo
Anjo Ltda. (SP), Agropecuária Alambari Ltda. (SP),
Laticínio Natal (BA) and
Tapuio Agropecuário Ltda.
(RN).
According to Maria Cecília de Almeida Prado, coordinator of the Certification
100% Buffalo, the spread of
the Certification existence is
important, thus it prevent the
manufacturers, who want to
lower the prices, from taking
to the shelf “false mozzarella di búfala”, containing
in some cases up to 80% cow
milk. “We wish through this
program increasingly spread
bubalino farmers in Brazil
and in the world, spreading
the products manufactured
with pure cow milk, as well as
to guarantee to consumers a
pure product without mixture”, he asserts. For more information on dairy that have
Certification 100% buffalo,
access www.bufalo.com.br.
23
Impactos da
crise mundial
no mercado
de lácteos
Rodrigo Alvim*
e Bruno B. Lucchi**
A crise financeira mundial
originada nos Estados Unidos espalhou-se pelo mundo,
criando uma situação adversa
ao mercado de lácteos. Sem
crédito, os países importadores reduziram suas compras,
deprimindo expressivamente
as cotações, com repercussões
nos preços internos de todos
os países exportadores, inclusive o Brasil. Os preços médios
do leite em pó na Oceania e
União Europeia, no primeiro
semestre de 2008, cotavam acima de US$ 4.000/ton., mas até
a primeira semana de junho
deste ano a média não chegou
a US$ 2.200/ton.
O comportamento de queda nos preços, observado na
maioria das commodities agrícolas, deve-se em grande parte
à recessão vivida pelos países
desenvolvidos e em desenvolvimento. Aliado a isso, há ainda o fato da retomada de subsídios por parte dos Estados
Unidos e da União Europeia.
Os primeiros seis meses de
2008 apresentaram um incremento de 13,9% na produção
formal de leite, comparado a
igual período do ano anterior,
proporcionado principalmente
pelos estímulos de mercado
ocorridos em 2007. No entanto, a partir do segundo semestre, a baixa atratividade no
cenário internacional somado
ao excedente de produção no
mercado interno, desencadearam a redução nos preços rece-
24
bidos pelo produtor.
Segundo dados do Cepea
(Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada),
da Universidade de São Paulo,
houve redução de quase 18%
no preço corrigido do leite,
em 2008. No entanto, de acordo com os painéis realizados
pelo projeto Campo Futuro
da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, nos
principais estados produtores
de leite, os custos de produção
aumentaram quase 10%.
Essa relação inversa entre
preço e custo prejudicou de
maneira significativa a situação econômica do produtor,
que se viu obrigado a reduzir o
uso de tecnologias na tentativa
de baixar o custo de produção.
E foi dessa forma que 2009
começou - com custos altos,
preços baixos e estagnados e
queda na produção de leite. O
Índice de Captação de Leite
do Cepea registrou redução
de 7% na captação, de janeiro
a abril desse ano, ante o mesmo período do ano passado. Se
não bastasse a desaceleração do
mercado, a forte estiagem que
ocorreu no sul do País, somada
às enchentes nas regiões Norte
e Nordeste, também contribuiu para a redução da produção de leite.
Diante desse cenário pessimista, a boa notícia é o aumento no consumo de alimentos
que, no primeiro trimestre deste ano, cresceu 0,7% frente ao
último trimestre de 2008, cuja
redução foi de 1,8%. O bom
desempenho no consumo das
famílias se deve, entre outros
fatores, à valorização do salário
mínimo em relação aos produtos da cesta básica. A análise
da quantidade de cestas básica
adquiridas com um salário mínimo mostra um incremento
de 22% no poder de compra
dos alimentos entre junho do
ano passado, quando iniciou
a queda nos preços do leite, e
abril de 2009. Nesse período,
essa relação de troca passou de
1,69 cestas/salário, em junho
de 2008, para 2,06, em abril de
2009.
Com redução na oferta e aumento da demanda, os preços
tendem a se elevar, estimulados
pelo consumo de leite longa
vida, que apresenta estimativa
de crescimento de 5% no ano.
Grandes laticínios realizaram
investimentos consideráveis na
produção desse tipo de produto. Vale salientar que, como o
leite em pó, o longa vida é um
dos derivados lácteos que possuem maior correlação com o
preço pago ao produtor.
No entanto, entre abril e
maio de 2009, os preços do
leite UHT nas gôndolas de
supermercados apresentaram
valores maiores que a inflação,
medida pelo Índice Nacional de Preços ao consumidor.
Em algumas regiões do País,
os aumentos foram acima de
24% ao longo do mês de maio,
enquanto a variação no preço
pago ao produtor foi de 5,8%,
tendo sido a melhor do ano até
o momento.
A valorização do leite UHT,
aliado ao aumento do consumo
de alimentos, é vista como fator positivo para a recuperação
dos preços de leite ao produtor. No entanto, é preciso certa ponderação, pois elevações
constantes no preço do longa vida não se estendem, na
mesma proporção, aos demais
produtos lácteos, a exemplo
do leite em pó. Outro ponto
a ser analisado é a reação dos
consumidores à elevação dos
preços, que os leva a substituir
o leite por outro produto ou a
reduzir seu consumo. Por outro
lado, maior equilíbrio deve ser
dado na distribuição das margens entre os elos da cadeia, do
produtor à rede varejista, pois
caso contrário dificilmente o
mercado se ajustará.
* Rodrigo Sant’Anna Alvim engenheiro-agrônomo, presidente
da Comissão Nacional de Pecuária
de Leite
** Bruno Barcelos Lucchi - zootecnista, assessor técnico da Comissão
Nacional de Pecuária de Leite
Impacts of the
world crisis
in the dairy
products
Rodrigo Alvim*
and Bruno B. Lucchi**
The world economic crisis
originated in the United States has been spread around
the world, creating a situation
which had an adverse effect
on the dairy market. Without
criterion, important countries
have reduced their purchasing,
depressing significantly quotations that have impacted the
internal prices of all exporter
countries, including Brazil.
The average prices of milk powder in Oceania and European
Union, in the first semester of
2008, quoted over US$ 4.000/
ton., but until the first week of
June this year the average did
not reach US$ 2.200/ton.
The fall performance on the
prices, observed in the majority of the agricultural commodities, is mostly because of the
recession experienced by the
developed and in development
countries. Allied to this there
is the fact of the recapture of
subsidies by the United States and European Union. The
first six months in 2008 presented an increase of 13.9% in
the formal production of milk,
compared to equal period of
the previous year, provided
mainly by the market stimulus
occurred in 2007. However,
from the second semester, the
low attractiveness in the international scenario with the surplus of the production in the
internal market has triggered
the reduction in the prices received by the producer.
According to data from Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada),
of the University of São Paulo,
there was reduction of almost
18% in the corrected price of
milk in 2008. Nevertheless,
in agreement with the panels
achieved by the project Campo Futuro da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil, in the main milk producers
states, the costs of production
increased almost 10%.
This inverse relation between prices and cost jeopardized
significantly the producer’s
economic situation that was
forced to reduce the use of technologies in order to lower
the cost of production. Therefore, that is the way that 2009
began – with high costs, low
and stagnated prices and fall in
the milk production. The index
of Milk Extraction of Cepea
has recorded reduction of 7%
in the extraction of milk, from
January to April this year, before the same period last year.
However, not only with the
market downturn, the severe
drought which occurred in the
South of the country together
with floods in the North and
Northeast regions has also
contributed to the reduction of
milk production.
Before this pessimist scenario, the good news is the increase of the consumption of
food that, in the first semester
this year, increased 0.7% unlike the last semester of 2008,
which reduction was 1.8%. The
good performance in the families’ consumption is because of,
among other factors, the value
of the minimum wage in relation to the products of the basic basket. The analysis of the
quantity of basic baskets acquired with a minimum wage
show an increase of 22% in the
purchase power of food between June last year, when the fall
of the milk prices began, and
April 2009. In this period,
this exchange relationship
was from 1.69 baskets/salary
in June 2008 to 2.06 in April
2009.
With reduction in the supply and increase in the demand
the prices tend to raise, stimulated by the consumption of
ultra high temperature (UHT)
milk that presents an estimate
growth of 5% throughout the
year. Great dairy accomplished
important investments in the
construction of this type of
product. To emphasize, as the
milk powder, the UHT milk is
one of the dairy which has greater correlation with the price
paid to the consumer.
Therefore, between April
and May 2009, the prices of
the UHT milk in the gondolas
of the supermarkets presented
values higher than the inflation measured by the National Consumer Prices Index.
In some regions of the country, the increase was over 24%
throughout May, while the variation in the price paid to the
producer was 5.8%, being the
best of the year so far.
The appreciation of the
UHT milk, allied to the increase of food consumption, has
been seen as positive factor to
the recovery of the milk prices
to the producer. Nevertheless,
caution is needed, thus constant raisings in the price of
the UHT milk do not extend
in the same proportion to the
other dairy products, as the
milk powder. Another point
to be evaluated is the consumers’ reaction to the raise of
the prices, which take them to
substitute the milk for another
product or to reduce their consumption. On the other hand,
greater balance must be given
to the margins distribution between the chain links, from the
producer to the retailer, thus
on the contrary, the market
will hardly adjust.
* Rodrigo Sant’Anna Alvim - agronomist, president of the Dairy
Cattle National Commission
** Bruno Barcelos Lucchi - zootechnist, technical assistant of the
Dairy Cattle National Commission
25
O brasileiro está mudando o
perfil das bebidas consumidas.
A razão é a conveniência e o
aumento do poder aquisitivo
Leite é
a quarta
bebida
mais
consumida
26
O que os brasileiros andam bebendo mais? O que
estão deixando de tomar?
Para responder a essas perguntas e também avaliar a
quantas anda o consumo de
café no País, a TNS InterScience conduziu uma pesquisa
nacional, com mais de 2 mil
pessoas, segundo o especialista em branding Luiz Alberto
Marinho.
Dois fenômenos se destacam
quando se compara o consumo
de determinadas bebidas em
2003 e agora - conveniência e
aumento do poder aquisitivo
da população. “Para se ter uma
ideia, em 2003, 83% dos entrevistados tomavam sucos naturais, índice que caiu para 72%
no ano passado. Enquanto isso,
a penetração dos sucos prontos subiu de 36% para 43%
no mesmo período”, explica.
Outro exemplo, o leite estava
presente na rotina de 86% dos
brasileiros em 2003, mas hoje
faz parte da dieta de somente
81%. Já o achocolatado, que
não deixa de ser leite, mas já
vem misturado ao chocolate,
subiu de 40% para 51% de penetração em quatro anos.
Marinho esclarece que em
ambos os casos, tanto a praticidade quanto a elevação da renda das classes B e C foram fatores essenciais para a mudança
de hábito. Outro movimento
importante é o crescimento de
segmentos praticamente inexistentes em 2003, como o de
água de coco, que era consumida por 0,5% da população em
2003 e hoje já frequenta a lista
de compras de 37% dos brasileiros. Da mesma forma, os
sucos à base de soja passaram
de 6% para 16% de penetração.
Apesar dessas tendências, a
pesquisa mostra que as principais bebidas presentes no
dia-a-dia dos consumidores
tupiniquins ainda são, pela ordem, água, café, refrigerante e
leite. O café continua em alta
no País, apesar de 5% dos entrevistados terem abandonado
a bebida no ano passado.
> No Brasil são 1.676
indústrias de laticínios
> No Rio Grande do Sul são
232 indústrias de laticínios
Região Norte
consome mais leite
Um levantamento conduzido pelo Ministério da Saúde
em 27 municípios brasileiros,
mostrou que o hábito de beber leite muda conforme a
região. Em Porto Alegre, por
exemplo, 46,4% dos adultos
bebem leite integral. Já o hábito de consumir leite é mais
difundido no Norte do que
nas demais regiões brasileiras.
É o que mostra o Sistema de
Vigilância de Fatores de Risco
e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico,
do Ministério da Saúde, realizado em 2008. Nele é confirmado que 64% dos habitantes
da cidade de Belém são consumidores de leite, contrastando
com os habitantes da cidade de
Vitória que registrou o menor
consumo com 42,7%. No Brasil, 53,2% da população declararam que consomem leite. A
maior frequência de consumo
de leite integral entre homens
foi registrada em Manaus
(61,7%) e entre as mulheres,
em Belém (66,5%).
> Principais produtos no
RS: leite UHT, leite em pó,
leite pasteurizado, queijos,
bebidas lácteas, doce de
leite e leite condensado
27
The Brazilian has changed their most consumed beverage profile. The
reason is the convenience and the increase of the per capita income
Milk is the fourth most
consumed beverage
What do the Brazilian
have been drinking the
most? What are they no
longer drinking? To answer
these questions and also
evaluate how coffee
consumption is in the
country, the TNS InterScience led a national research with more
than two thousand
people, according
to the expert in
branding Luiz
Alberto Marinho.
Two phenomena are
emphasized when
comparing
the consumption
of certain
beverages
in
2003
and now
–
convenience and
increase of
the per capita
family income
of the population. “To have an
idea, in 2003, 83% of
the interviewed used to
drink natural juices, index
that fell to 72% last year. In
the meantime, the expansion
of ready-to-drink juices raised from 36% to 43% in the
same period”, he explains.
Another example, the milk
was present in 86% of the
Brazilian in 2003, but today
it makes part of the diet of
81% only. But the chocolate
powder, which in other words is milk, but it comes with
chocolate already, raised from
40% to 51% its expansion within four years.
Marinho enlightens that
in both cases, the feasibility as well as the income
increase of classes B and
C were factors essential for
the habit change. Another
important movement is the
growth of segments that are
quite non-existent in 2003,
like the coconut water, which was consumed by 0.5% of
the population in 2003 and
today is already in the purchase list of 37% of the Brazilian. The same way, soybased juices passed from 6%
to 16% expansion.
Despite these trends, the
research shows that the
main beverages present in
every day life of the tupiniquins consumers are, water, coffee, soda and milk.
Coffee keeps on being in
significant position in the
country, in spite of 5% of
the interviewers have quit
drinking last year.
> There are 1.676 dairy
industries in Brazil
28
> There are 232 dairy
industries in Rio Grande do Sul
The Northern region
consumes more milk
A survey led by the Ministry
of Health in 27 Brazilian towns has shown that the milk
drinking habit changes according to the region. In Porto
Alegre, for instance, 46.4% of
adults drink whole milk. But
the habit of consuming milk is
more spread in the North than
in other Brazilian regions. This
is what the Surveillance System of Risk Factors and Protection for Chronic Diseases
by Telephone survey of the Ministry of Health, accomplished
in 2008, demonstrates. In it, it
is confirmed that 64% of inhabitants of the city of Belém are
milk consumers, as opposed to
the inhabitants of Vitória city
that recorded the lower consumption with 42.7%. In Brazil, 53.2% of the population
asserts that consume milk. The
highest frequency of the whole
milk consumption among men
in Manaus (61.7%) and among
women, in Belém (66.5%) was
recorded.
> Main products in RS:
UHT milk, milk powder,
pasteurized milk, cheese,
dairy beverage, doce de
leite and condensed milk
A ITALAC quer fazer cada vez
mais, parte do seu dia a dia.
Nova fábrica e novas embalagens nas
prateleiras. Tudo isso, graças a uma
parceria que já é um sucesso: a ITALAC
e você. Queremos ser parte do seu dia
a dia, como um verdadeiro parceiro que
oferece um braço forte na luta constante
pelo desenvolvimento da nossa região,
pra nossa gente. Por isso, continue
contando com a ITALAC, parceira para o
crescimento dessa terra.
29
Exportações
recuam no
primeiro semestre
Crise mundial e a desvalorização do dólar reduziram em
61,5% o volume de exportações de lácteos brasileiros
Alguns marcos recentes são
lembrados com entusiasmo no
setor leiteiro, como em 2004
quando ocorreu o primeiro saldo positivo da balança
comercial no ano. O ano de
20078 também é recordado
pelo saldo extraordinário de
US$ 300 milhões, considerando somente produtos do item
04 da Nomenclatura Comum
do Mercosul - os leites especiais não foram contabilizados.
No entanto, o desempenho
observado neste ano está bem
diferente.
O saldo da balança comercial
dos lácteos fechou o primeiro
semestre com déficit de US$
35,4 milhões, valor totalmente
díspar dos US$ 129 milhões
positivos do ano passado. Esse
foi o pior desempenho dos últimos seis anos, ou seja, antes
da virada do mercado brasileiro em 2004 – quando o País
passou a exportar mais do que
importou. No primeiro semestre, o valor total das exportações foi de US$ 87,4 milhões,
61,5% menor que o do mesmo
período de 2008 quando foram arrecadados US$ 226,8
milhões. Ao mesmo tempo,
30
30
as importações foram 25,6%
maiores no primeiro semestre
deste ano em relação à igual
período do ano passado.
Nos primeiros seis meses de
2009, as importações somaram
US$ 122,8 milhões, contra
US$ 97,8 milhões no mesmo
período do ano passado. O desempenho ruim do primeiro
semestre é resultado do impacto dos preços dos produtos
comercializados internacionalmente. O efeito do dólar, nesse caso, não foi preponderante
porque o valor médio da moeda norte-americana no primeiro semestre deste ano foi de R$
2,194/US$, 29% maior que no
primeiro semestre do ano passado (R$ 1,696/US$).
O valor médio do produto
brasileiro embarcado nos seis
primeiros meses deste ano foi
de US$ 2,91/kg, contra US$
4,02 em igual período do ano
passado. A queda foi de 27,6%
no período, conforme consta
no Índice de Preços de Exportação de Lácteos, calculado
pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada,
e que refletem o preço médio
dos produtos lácteos exporta-
dos pelo Brasil.
Isso não ocorre somente
com o mercado brasileiro, mas
para todos os mercados.
O produto mais comercializado internacionalmente é o
leite em pó. Em 2007, o preço
médio do lácteo ultrapassou os
US$ 5.000/t em julho para o
produto da Oceania – mercado referência -, e mais recentemente recuou para valores
ao redor de US$ 2.000/t. Em
junho de 2008, o produto daquele país era cotado a pouco
menos de US$ 3.000/t.
O peso da
Venezuela
Nos primeiros seis meses de 2009, as exportações de
lácteos brasileiros somaram US$ 97,4 milhões, 59,1%
a menos do que os US$ 238,2 milhões do mesmo período de 2008. Desse total, US$ 31,255 milhões foram
para a Venezuela, recuo de 69,2% na mesma comparação. Para se ter uma ideia do baque, de janeiro a junho de 2008, o país governado por Hugo Chávez tinha
comprado US$ 101,501 milhões em lácteos do Brasil,
isto é, mais do que tudo o que o País embarcou no semestre que passou.
Mas é claro que a culpa não é toda da Venezuela, que
importa alimentos por meio da PDVAL, subsidiária da
petrolífera PDVSA, e viu suas receitas recuarem após a
forte queda nos preços do petróleo no mercado internacional desde o ano passado.
Alfredo de Goeye, presidente da Serlac, trading que
em 2008 respondeu por metade das exportações de lácteos do País, faz um cálculo rápido que explica o atual
quadro. Considerando que para produzir um quilo de
leite em pó são necessários 8,5 litros de leite e o preço pago ao produtor nacional hoje está na casa dos R$
0,75 por litro, o custo chega a cerca de R$ 6.370 por
tonelada, ou o equivalente a US$ 3.190. Ocorre que no
mercado internacional, os preços pagos pelo leite em pó
estão na casa dos US$ 2.200, segundo Goeye.
“As cotações internacionais não estimulam [a exportação]”, observa o presidente da Serlac. Pela primeira
vez nos sete anos de sua existência, a Serlac não exportou nada de leite em pó em um mês (junho).
De acordo com Rodrigo Alvim, da Confederação da
Agricultura e Pecuária, a Nova Zelândia tem conseguido vender para a Venezuela porque tem “preços melhores” do que o Brasil. No ano passado, o país da Oceania
evitava fazer vendas para governos, mas voltou a fornecer para os venezuelanos por meio de leilões. Em um
dos mais recentes, segundo Alvim, a tonelada de leite
em pó foi negociada a US$ 1.829.(Fonte: Cepea/Esalq
e Valor Econômico)
31
31
Exports retreat in
the first semester
World crisis and the dollar depreciation reduced
in 61.5% the volume of Brazilian dairy exports
Some recent points are remembered with enthusiasm
in the dairy sector, as in 2004
when the first positive trade
balance in the year occurred.
The year of 2008 is also remembered because of the extraordinary balance of US$
300 million, considering products of item 04 of the Common Nomenclature of Mercosul – the special milk were not
accounted. Therefore, the development observed this year
is quite different.
The balance of the dairy
trade balance closed the first
semester with deficit of US$
35.4 million, value completely
unequal from the positive US$
129 million last year. This was
the worst performance in the
last six years, that is, before the
turn of the Brazilian market
in 2004 – when the country
began to export more than it
imported. In the first semester,
the total value of the exports
was US$ 87.4 million, 61.5%
lower than the value in the
same period of 2008 when
US$ 226.8 million were collected. At the same time, the
imports were 25.6% higher
than in the first semester this
year in relation to equal period
last year.
In the first six months of
2009, the imports added up
US$ 122.8 million, unlike
US$ 97.8 million in the same
period last year. The bad development in the first semester
is result of the price impact of
internationally commercialized products. The dollar effect,
32
32
in this case, was not significant
because the mean value of the
North American currency in
the first semester this year was
R$ 2.194/US$, 29% higher
than in the first semester last
year (R$ 1.696/US$).
The average value of the
Brazilian product shipped in
the first six months this year
was US$ 2.91/kg, unlike US$
4.02 in equal period last year.
The fall was 27.6% in the period, according to the Dairy
Exports Prices Index, calculated by the Center of Advanced
Studies in Applied Economy,
and that reflect the mean price
of dairy products exported by
Brazil.
This not occurs with the
Brazilian market only, but with
all markets.
The most internationally
commercialized product is
milk powder. In 2007, the
average price of the dairy was over US$ 5.000/t in
July for the product from
Oceania – market reference
– and more recently retreat
to the values around US$
2.000/t. In June 2008, the
product of that country was
quoted at little lower than
US$ 3.000/t.
The importance
of Venezuela
In the first six months in
2009, the exports of Brazilian
dairy products added up US$
97.4 million, 59.1% less than
US$ 238.2 million in the same
period 2008. From these total,
US$ 31.255 million were to
Venezuela, retreat of 69.2% in
the same comparison. To have
an idea of the shock, from January to June 2008, the country governed by Hugo Chávez
had purchased US$ 101.501
million in Brazilian dairy
products, that is, more than
everything the country shipped in the last semester.
But surely, Venezuela that
imports nourishment by means of PDVAL, subsidiary of
PDVSA oil, and had seen its
income retreat after the strong
fall in the oil prices in the international market since last
year, is not guilty at all.
Alfredo de Goeye, president of Serlac, trading which
in 2008 responded by half of
exports of dairy in the country,
makes a rapid calculation that
explains the current scenario.
Considering that to produce
a pound of milk powder 8.5
liters of milk are needed and
the price paid to the national
producer today is around R$
0.75 per liter, the cost reaches
approximately R$ 6.370 per
ton, or the equivalent to US$
3.190. However, in the international market, the prices
paid by the milk powder are
approximately US$ 2.200, according to Goeye.
“The international quotations do not encourage [the export]”, observes the president
of Serlac. For the first time,
in seven years of its existence,
Serlac did not export any milk
powder in one month ( June).
In agreement with Rodrigo
Alvim, of the Agriculture and
Cattle livestock Confederation, New Zealand has gotten
to purchase to Venezuela because it has “better prices” than
Brazil. In the last year, Oceania
avoided to sell to governments,
but began to provide to Venezuelan again through auctions.
In one of the most recent, as
per Alvim, the milk powder
ton was negotiated at US$
1.829. (Source: Cepea/Esalq
and Economic Value)
33
33
Importações em alta
Com a desvalorização do dólar, importações crescem e criam desconforto no
setor. Entidades defendem a criação de regras de proteção ao mercado interno
“Recentemente, tivemos informações fidedignas de que
Argentina e Uruguai estão
subsidiando seus produtores”,
afirmou o presidente das Comissões de Pecuária de Leite
da Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado
de Minas Gerais) e da CNA
(Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil), Rodrigo
Sant’Anna Alvim. A declaração ressalta a situação do mercado lácteo brasileiro, que está
sendo prejudicado pelo grande
volume de leite importado dos
países vizinhos.
Em abril, um compromisso
entre pecuaristas brasileiros e
o Centro da Indústria Leite
Argentina limitou as exportações do produto do leite em pó
para o Brasil em até 2,5 mil toneladas por mês até dezembro.
34
De acordo com Alvim, os pecuaristas argentinos já solicitaram aumento dessa cota, pelo
menos até o início do período
de safra, em outubro.
“Não queremos proteger,
mas defender o mercado interno brasileiro de possíveis
práticas desleais de comércio,
que estão previstas pela Organização Mundial do Comércio”, destaca Alvim. A
preocupação deve-se à queda
das exportações brasileiras de
produtos lácteos, que registrou
o primeiro déficit comercial do
País desde 2004. Entre janeiro
e julho de 2008, o saldo na balança atingiu um superávit de
US$ 166,5 milhões. Em 2009,
no mesmo intervalo, o resultado foi um déficit de US$ 41,1
milhões.
Diante disso, a Faemg e a
CNA aguardam a adoção de
medidas contra as importações
predatórias de produtos lácteos
da Argentina e do Uruguai. “É
preciso moralizar o mercado”,
afirma Alvim. Ele adverte que
o País assiste a um verdadeiro
surto de importações de derivados do leite.
De janeiro a julho de 2009,
entraram no país 39,9 mil toneladas de produtos oriundos
da Argentina e 16 mil toneladas de lácteos do Uruguai
– o dobro do volume médio
anual vendido pelos dois países para o Brasil nos últimos
cinco anos. O setor pediu ao
governo o estabelecimento de
um acordo para administrar o
fluxo de exportação do Uruguai ao Brasil, de modo que
atenda suas expectativas, sem
prejudicar os produtores bra-
sileiros, a exemplo do que já
foi tratado com a Argentina.
“É importante ressaltar que
o que se pretende é defender
o País de possíveis práticas
desleais de comércio”, ressalta
Rodrigo Alvim.
Conforme decisão do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior,
um grupo de trabalho vai estudar a proposta de elevar a Tarifa Externa Comum do Mercosul incidente sobre os lácteos
que estão na Lista de Exceções
dos atuais 27% para os valores máximos consolidados na
OMC (Organização Mundial
do Comércio) – entre 31,5%
e 55%. Isso significaria retirar
os lácteos da Lista de Exceção,
aumentando os impostos de
importação para os percentuais
acordados na OMC.
Reação
em cadeia
“Nos últimos 90 dias o
Brasil não conseguiu exportar
nada”, diz o diretor executivo
do Sindilat, Darlan Palharini.
Para ele, a desvalorização do
dólar e a falta de protecionismo do governo federal têm
provocado uma reação negativa na cadeia nacional do leite,
o aumento das importações.
Ele explica que o real valorizado impulsiona o preço da
matéria-prima no mercado interno. Esse valor acaba ficando
acima do preço internacional,
dificultando a exportação. “É
grande o risco de revés no setor lácteo, visto que o impacto
da importação de leite em pó
vai impactar também no preço
do produtor”, destaca.
Ele afirma que entidades
do setor já estão unidas para
pressionar o governo federal.
A intenção é que sejam criadas
regras para equalizar o mercado. “Não podemos permitir
que chegue ao País, por exemplo, leite em pó a R$ 4, sendo
que o produzido aqui custa R$
7”, explica. “Estamos diante de
um dado preocupante, que é
justamente um dos gargalos da
produção leiteira no Brasil. É
preciso que o governo atenda
a cadeia como um todo, caso
contrário, todos acabam sofrendo as consequências, produtor, indústria, consumidor”,
frisa.
Imports on the top
With de dollar depreciation, imports grow and create
discomfort in the sector. Entities defend the creation
of rules of protection to the internal market
“Recently, we have received reliable information that
Argentina and Uruguay are
subsidizing their producers”,
asserted the president of the
Comissões de Pecuária de
Leite da Faemg (Federação
da Agricultura e Pecuária do
Estado de Minas Gerais) and
of the CNA (Confederação
da Agricultura e Pecuária do
Brasil), Rodrigo Sant’Anna
Alvim. The assertion highlights the situation of the Brazilian dairy market, which is
being jeopardized by the large
volume of milk imported from
neighboring countries.
In April, a commitment
among Brazilian agronomists
and the Centro da Indústria
Leite Argentina limited the
exports of the milk powder
product to Brazil to 2.5 thousand tons per month until December. According to Alvim,
Argentinian dairy farmers
have already requested increase of these quotas, at least until
the beginning of the crop, that
is, in October.
“We do not wish to protect, but defend the Brazilian internal market from
disloyal business practices,
which are reviewed by the
World Trade Organization”,
highlights Alvim. The concern is due to the fall of the
Brazilian exports of dairy
products that recorded the
first trade deficit of the
country since 2004. Between January and July 2008,
the balance of on the trade
balance reached a superavit
of US$ 166.5 million. In
2009, in the same period,
the result was a deficit of
US$ 41.1 million.
Before this, Faemg and
CNA wait for the adoption
of measures against predatory
imports of dairy products from
Argentina and Uruguay. “It is
necessary to moralize the market”, he asserts. He advises
that the country observes a
real irruption of dairy products
imports.
From January to July 2009,
39.9 thousand of products
resulting from Argentina and
16 thousand tons of dairy
from Uruguay enter the country – the double of the yearly
average volume purchased by
both countries to Brazil in
the last five years. The sector requested to the government the establishment of
an agreement to administrate
the flux of exportation from
Uruguay to Brazil, to meet its
expectations without jeopardizing the Brazilian producers, as an example that has
already dealt with Argentina.
“It is important to emphasize that what it is intended is
to defend the country from
probable disloyal trade practices”, he says.
In agreement with the decision of the Ministry of Development, Industry, and Foreign Trade (MDIC), a work
group is going to study the
proposal of raising the Common External Tariff of Mercosul which affected the dairy
that are in the List of Exceptions of the current 27%
for maximum values consolidated in the Trade World
Organization (TWO) – between 31.5% and 55%. This
would mean to withdraw the
dairy products from the List
of Exception, increasing the
import taxes to the percentage in agreement in the TWO.
Chain reaction
“In the last 90 days Brazil
did not exported anything”,
says the director of Sindilat,
Darlan Palharini. As per him,
dollar depreciation and the
lack of protectionism by the
federal government have caused a negative chain reaction in
the milk national chain, that is,
the increase of imports.
He enlightens that the real
valued stimulates the price of
the raw-material in the internal market. This value ends
up over the international price, making exports difficult.
“It is big the risk mishap in
the dairy sector, since the impact of the milk powder import will have an impact on
the price of the producer as
well”, he highlights.
He asserts that entities of
the sector are joined to put
pressure on the federal government. The intention is
that rules to equalize the market are created. “We can not
allow that milk powder at R$
4,00 get in the country since the product produced here
costs R$ 7,00”, he asserts.
“We are before concerning
data, which is one of the necks of Brazilian milk production. It is necessary that the
government meets the chain
as a whole, otherwise, everybody will end up suffering
the consequences, producer,
industry and consumer”, he
emphasizes.
35
A aposta no mercado internacional
Com capacidade instalada para chegar aos 18 milhões de litros/dia em
2012, o Rio Grande do Sul prepara-se para atender as demandas do
mercado internacional de lácteos, de olho em países como a Rússia
Com uma capacidade instalada para processar atualmente 14 milhões de litros de
leite/dia, o Rio Grande do Sul
configura-se como o segundo maior produtor de leite do
País. Entretanto, muitas das
plantas industriais do Estado
não utilizam toda sua capacidade instalada. O Sindilat
aposta em novos mercados
para que a capacidade industrial do Estado não fique na
ociosidade. Com a expectativa
no aumento da produção de
matéria-prima em 30% ao ano,
a entidade quer sair na frente
quando o assunto é mercado
externo.
O diretor executivo do Sindilat, Darlan Palharini, destaca
que o Estado já está à frente
em pelo menos uma das exigências internacionais de ex-
36
portação. “Diferente de outros
estados, como Minas Gerais,
que é o maior produtor de leite brasileiro, cerca de 90% do
leite produzido no Rio Grande
do Sul passa por inspeção federal para chegar à indústria”,
destaca.
Para ele, esse certamente
foi um dos motivos do grande interesse das indústrias de
laticínios em se instalar no
Estado. “Temos um percentual maior de leite inspecionado, uma cultura diferente
do resto do País quanto ao
cumprimento de normativas
que são o critério básico para
acessar mercados internacionais”, garante.
Palharini é realista quando
o assunto são os entraves que
o Estado precisa superar para
atingir o mercado internacional. “Estamos no início da caminhada”, observa. Dentre as
vantagens do Rio Grande do
Sul está o Fundo Estadual de
Sanidade, uma parceria público-privada, que garante que os
produtores de leite sejam indenizados caso seu rebanho seja
“Se o Estado tivesse capacidade para atender toda a indústria, não haveria mercado para consumir esse produto. A
existência de um parque industrial muito maior do que a geração de matéria-prima causa uma situação tranquila para
o produtor, mas o mercado consumidor de lácteo não tem
evoluído ou crescido na mesma velocidade, por isso precisamos acessar mercados externos”
atacado por doenças, como a
tuberculose ou a brucelose. “Os
outros estados também têm
fundo de sanidade, mas, normalmente, ele atende somente
a aftosa.”
Além disso, por meio de um
convênio com a Universidade
Federal da Santa Maria está
em fase de desenvolvimento
um software que será capaz
de fazer o georeferenciamento
de todo o rebanho leiteiro do
Estado. “Isso também é um
requisito para que você possa
avançar no mercado internacional”, destaca. “A Rússia, por
exemplo, sempre quis comprar produto lácteo do Brasil,
mas ela impõe a condição de
que a propriedade que produz
a matéria-prima seja livre da
tuberculose e brucelose”, complementa.
The bet in the international market
With capacity installed to reach 18 million liters/day in
2012, Rio Grande do Sul prepare to meet the demands of the
international dairy market, targeting countries like Russia
With capacity installed for
processing 14 million liters of
milk per day, Rio Grande do
Sul appears as the second greater producer of milk in the
country. Nevertheless, many
industrial plants of the state
do not use its entire capacity
installed. Sindilat bets in new
markets so that the industrial
capacity of the state is not useless. Expecting the increase in
the production of raw-material
to be 30% per year, the entity
wants to be ahead when the
issue is external market.
The director of Sindilat,
Darlan Palharini, emphasizes that the state is already
ahead of at least one of the
export international demands requirements. “Unlike
other states, like Minas Ge-
rais, that is the greatest Brazilian milk producer, around
90% of the milk produced in
Rio Grande do Sul has federal inspection to reach the
industry”, he says.
As per him, this was certainly one of the reasons
why dairy industries have
had interest in installing in
the state. “We have a greater
milk percentage inspected,
a culture different from the
rest of the country as for the
fulfillment of norms that are
the basic criterion to access
international markets”, he
guarantees.
Palharini is realist when the
matter is regarding obstacles
that the state needs to overcome to reach the international
market. “We are in the begin-
ning of the way”, he observes.
Among the advantages of Rio
Grande do Sul is State Fund
of Sanity, a public-private partnership that guarantees that
milk producers are indemnified if their herd were attacked
by diseases, like tuberculosis or
brucellosis. “The other states
also have sanity fund, but, normally, it attends the foot-andmouth disease only.”
Furthermore, by means of
an agreement with the Federal University of Santa
Maria, a software, which is
in development, will be able
to achieve of all cattle herd
geocoding of the state. “This
is also a requirement so that
you can advance in the international market”, he asserts.
“Russia, for instance, always
wanted to purchase dairy
product from Brazil, but it
impose the condition that
the property which produces raw-material is free from
tuberculosis and brucellosis”,
he says.
“If the state had capacity to meet all industries’ requirements, there would not have market to consume this product. The existence of an industrial park much larger than
the generation of raw-material causes a calm situation to
producers, but the consumer of dairy products have not
evolved or grown in the same speed, that is why we need
access external markets”
37
Perspectivas para o
agronegócio do leite:
a visão da indústria
Clea Santos Rahal
Mendonça de Barros*
Pedro Simão Filho**
Muitos têm sido os avanços
do setor lácteo brasileiro nos
últimos anos em virtude da
atuação dos distintos elos da
cadeia. Dentre eles, pode-se
citar a granelização do leite
com o fim da coleta de leite
não resfriado, o pagamento
pelo leite, valorizando sólidos
e qualidade, a instituição da
Instrução Normativa 51 e da
Rede Leite em busca da melhoria da qualidade do leite, a
rastreabilidade, entre outras.
Vamos discutir alguns dos
avanços logrados pela atuação da indústria e quais são as
perspectivas sob o ponto de
vista desse elo da cadeia.
No início de 1997, quando
os produtores receberam a notícia: “Prepare-se desde já: seu
leite acabará saindo da fazenda dentro de um tanque”, não
imaginavam o impacto que
a granelização do leite traria
tanto para o produtor quanto
para a indústria e o consumidor. Para o produtor, a granelização trouxe aumento da
produção/produtividade uma
vez que facilitou o manejo para
segunda ordenha; reduziu custos de transporte para a indústria e facilitou o manuseio do
produto nas fábricas, além de
ter sido o primeiro passo para a
melhoria da qualidade do leite
ao consumidor.
O controle e conhecimento da origem do leite contido
em um produto, ou seja, a rastreabilidade total do produto
terminado já ocorre em alguns
38
laticínios. Um exemplo é a
DPA/Nestlé;
analisando-se
uma lata de leite Ninho, por
exemplo, é possível identificar
quais são as propriedades rurais cujo leite está contido no
produto. A rastreabilidade reforça a segurança do alimento.
Em meados de 2005 entraram em vigor a IN 51 (criada
em 2002) e a Rede Brasileira de Controle de Qualidade
do Leite (Rede Leite), com o
propósito de melhorar a qualidade desse produto no País
e trazer maior transparência
às análises. Previamente à vigência da normativa, iniciouse, em maior escala, uma diferenciação no pagamento do
leite ao produtor, com o objetivo de valorizar o produto
com maior teor de sólidos e
melhor qualidade.
E para garantir a transparência, todo o leite passou a ser
analisado pelos laboratórios da
Rede Leite e a remuneração
por sólidos e qualidade passou
a ser feita de acordo com esses
resultados. A implementação
desse sistema veio para reforçar a importância da qualidade
do leite para a indústria, consumidor e também para o futuro do setor lácteo brasileiro.
Essas são algumas mudanças
importantes pelas quais o setor
lácteo passou nos últimos anos.
E o que se vê para o futuro?
O futuro do setor lácteo brasileiro
A despeito das mudanças pelas quais passou o setor lácteo brasileiro nos últimos anos, ainda há
diversas oportunidades, dentre elas pode-se citar: a redução da informalidade, consolidação da indústria e maior integração, ganhos de produtividade na fazenda, antecipação de preços de leite por
toda a indústria, melhoria na qualidade do leite e maior acesso a outros mercados.
Consolidação
da indústria
A consolidação da indústria láctea que vem ocorrendo nos
últimos anos é positiva, uma vez que deve elevar o padrão de
qualidade e de integração/coordenação na cadeia.
Deve-se esperar que essa consolidação continue, já que uma
parcela ainda pequena do volume de leite concentra-se nas dez
maiores empresas (30% do leite total, aproximadamente). Ao
compararmos os dados de concentração da compra de leite no
Brasil com outros países, ainda há espaço para consolidações.
Informalidade
Dos 16,5 bilhões de litros
de leite produzidos em 1995,
pouco mais de 36% era considerado informal. Em 2007,
a despeito do volume de leite
informal ter aumentado, em
termos percentuais esse valor
reduziu-se a 31%. Houve re-
dução na informalidade do setor; no entanto, ainda há muito
a melhorar. A informalidade é
um concorrente desigual e desleal que precisa ser combatida,
pois, acima de tudo, põe em
risco a segurança do alimento
e a saúde do consumidor.
Ganhos de
produtividade
A produção de leite no Brasil
vem obtendo ganhos de produtividade nas últimas duas décadas.
Sustentando esse argumento,
pode-se citar o aumento da produção brasileira de 1990 a 2007.
Em 1990, o Brasil produziu 14,9
bilhões de litros de leite. Em
1998, produziu 18,7 bilhões de
litros de leite e ainda importou,
liquidamente, 384 mil toneladas
de produtos lácteos para atender
a toda sua demanda interna. Já
em 2004, o País produziu 23,5
bilhões de litros e ainda exportou,
liquidamente, 22 mil toneladas de
produtos lácteos. O Brasil passou
da posição de um dos maiores importadores mundiais de lácteos a
exportador, em apenas sete anos,
graças aos ganhos de produtividade logrados no período. Ainda há
oportunidade para mais ganhos.
O Brasil é o quinto maior país
em produção de leite (26,1 bilhão de litros de leite em 2007,
de acordo com o IBGE) tendo
apresentado, nos últimos cinco
anos, taxas de crescimento da
produção ao redor de 4% ao ano.
Além disso, o País possui o terceiro maior rebanho do mundo,
de acordo com USDA (21 milhões de cabeças). Não obstante,
ainda estamos muito aquém dos
principais países exportadores
de lácteos, em termos de produtividade animal.
Ocupamos a décima posição do ranking elaborado pelo
USDA, enquanto países como
Austrália, Argentina e Nova
Zelândia ocupam a quarta,
quinta e sextas posições, respectivamente. Aí está uma
grande oportunidade.
Potencial do Brasil
como exportador
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina,
carne de frango, café, açúcar,
suco de laranja e tabaco, segundo maior exportador de
soja e farelo de soja e o quarto
maior exportador de suínos.
Portanto, além da vocação para
a produção de commodities, o
País é competitivo para exportar tais produtos.
O fato de o Brasil possuir
diversas cadeias completas traz
grande competitividade também à cadeia do leite, uma vez
que a produção pode valer-se de
distintos insumos/subprodutos
disponíveis a custos também
competitivos.
Somando-se a isso a disponibilidade de terras de pastagens, o potencial para aumento
de produtividade, os distintos e
flexíveis sistemas de produção,
o futuro do Brasil como grande
exportador de leite está, de certa forma, próximo. Os recentes
investimentos em aumento de
capacidade para produção de
leite em pó confirmam essa
posição. E quais são os entraves para isso?
39
Os entraves
Qualidade do leite
Em termos de qualidade do
leite, item inexorável a um país
exportador de lácteos, ainda
estamos atrasados com relação
à qualidade do leite de países
exportadores (Argentina) e
países desenvolvidos (Estados
Unidos e Canadá). Para exportar para países da União Europeia, por exemplo, é necessário
ter 100% do leite com menos
de 100 mil UFC (Unidades
Formadoras de Colônia) por
mililitro de leite. De acordo
com dados da Clínica do Leite,
a média das amostras do Brasil
está em 462 mil UFC/ml.
40
Muito embora a qualidade
do leite não esteja nos padrões
de excelência internacionais,
os resultados de melhoria
dessa característica, desde a
implementação do sistema de
valorização da qualidade, são
bastante animadores. O nível bacteriano (UFC) do leite
dos fornecedores analisados
baixou de um índice 100, em
2005, para 20 em 2008 (dados
internos DPA), uma melhoria
significativa. A implementação
desse sistema mostrou que, havendo estímulo, o setor produtivo responde rapidamente.
Acesso aos mercados
Pelo fato de o Brasil ter sido
um grande importador mundial de lácteos, pequena ainda é
a credibilidade do mercado internacional em vê-lo como um
exportador. Portanto, acordos
bilaterais de comércio com países importadores de produtos
lácteos poderiam trazer a velocidade necessária à concretização das exportações brasileiras.
O setor lácteo brasileiro evoluiu muito nas últimas duas décadas e alguns exemplos importantes disso são a melhoria da
qualidade do leite e o fato de ter
passado de grande importador a
exportador em apenas sete anos.
Ainda há um caminho a percorrer rumo à excelência.
No entanto, enfatiza-se que
o leite brasileiro reúne todas
as condições para ter, em um
futuro próximo, a mesma relevância que o boi e o frango
possuem no mercado global,
sem deixar de satisfazer as necessidades dos brasileiros por
esse alimento imprescindível
para todas as idades.
* Chefe de inteligência de mercado regional
da Dairy Partners Americas Manufacturing
** Presidente do Conselho Nacional das Indústrias de Laticínios e da
Associação Brasileira das Indústrias de Leite Desidratado
Perspectives for milk
agribusiness: the
view of the industry
The future of the
Brazilian dairy sector
In spite of the changes by which the Brazilian dairy sector has passed in
the last few years, there are still several opportunities, among them, namely: informality reduction, industry consolidation and greater integration,
productivity gains in the farm, anticipation of milk prices for all over the
industry, milk quality improvement and greater access to other markets.
Clea Santos Rahal
Mendonça de Barros*
Pedro Simão Filho**
There have been many advances in the Brazilian dairy
sector in the last few years due
to the action of different chain
links. Among them is the bulk
milk with the end of the collection of non-cooled milk,
the payment for the milk, appreciating solids and quality,
the establishment of the Normative Instruction 51 and the
Milk Net to seek for the improvement of milk quality, the
traceability, among others. We
will discuss some of the advances fulfilled by the action of
the industry and what are the
perspectives under the point of
view of this chain link.
In the beginning of 1997,
when the producers received
the news: “Prepare yourself now:
your milk will end up leaving the
farm inside a tank”, they did not
realize the impact that bulk milk
would bring about to the producer as well as to the industry and
the consumer. To the producer,
bulk brought about the increase
of the production/productivity
since it make the handling easier
for the second milking; reduced
costs of transportation to the
industry and made the product
handling easier in the factories,
besides have been the first step
towards the improvement of
milk quality to the consumer.
The control and the knowledge of the milk origin inside
the product, that is, the total
traceability of the product finished, have already occurred in some dairy already. An
example is DPA/Nestlé; by
examining a tin of Ninho milk,
for instance, it is possible to
identify which are the rural
properties which milk is inside
the product. The traceability
strengthens the nourishment
security.
In the early 2005, IN 51
(created in 2002) and the
Brazilian Net of Milk Quality Control (Milk Net) came
into force, with the purpose
of improving the quality of
this product in the country
and bring more transparence
to the analysis. Previous the
normative validity, a differen-
tiation in the payment of the
milk to the producer began,
aiming to value the product
with greater content of solids and better quality. And to
guarantee the transparence,
all milk started to be examined by the laboratories of
the Milk Net and the remuneration of solids and quality
made according to these results. The implementation of
this system strengthens the
importance of milk quality to
the industry, to the consumer
and to the future of the Brazilian dairy sector as well.
These are some important
changes by which the dairy
sector has passed through in
the last few years. And what
can be seen in the future?
41
Informality
From 16.5 billion liters of milk produced in 1995, little
more than 36% was considered informal. In 2007, despite
the volume of the informal milk has increased, in terms of
percentage this value reduced to 31%. There was reduction
in the informality of the sector; however, there is still much
to be improved. Informality is an unequal and unreliable
competitor that needs to be stroked, because it put the nourishment security and the consumer’s health at risk.
Industry
consolidation
The consolidation of the dairy industry that has occurred in the last few years is positive, since it might raise
the pattern of quality and integration/coordination in
the chain.
It is supposed to be expected that this consolidation
continues, as a parcel still small of milk volume is concentrated in the ten largest companies (30% of total
milk, approximately). When purchasing the data of milk
purchase concentration in Brazil with other countries,
there is still space for consolidations.
Productivity gains
The milk production in
Brazil has been obtaining
gains of productivity in the
two decades. By supporting
this argument, it can be asserted the increase of the
Brazilian production from
1990 to 2007. In 1990, Brazil
produced 14.9 billion liters
of milk. In 1998, it produced
18.7 billion liters of milk and
imported 384 thousand tons
(net weight) of dairy products to meet all its internal
demand. But in 2004, the
country produced 23.5 billion
liters (net weight) and exported 22 thousand tons of dairy
products. Brazil changed its
position of one of the greatest world dairy importers
to an exporter, in seven years
only, because of the productivity gains fulfilled in the
42
period. There are still more
opportunities for more gains.
Brazil is the fifth larger
country in milk production
(26.1 billion liters of milk in
2007, according to IBGE)
and it has shown, in the last
five years, growth rates of production around 4% per year.
Furthermore, the country has
the third greater herd in the
world, in agreement with the
USDA (21 million heads).
Notwithstanding, we are still
much beyond the main dairy
exporter countries, in terms of
animal productivity.
We rank the tenth position
by the USDA, whereas countries like Australia, Argentina
and New Zealand rank the
fourth, fifth and sixth positions, respectively. There it is a
great opportunity.
Potential of
Brazil as exporter
Brazil is the greatest world
exporter of beef, chicken, coffee, sugar, orange juice and
tobacco, second greatest exporter of soy and soybean
and the fourth greater exporter of pork. Therefore, besides
the vocation to commodities
production, the country is
competitive to export such
products.
Because of Brazil has several complete chains, it brings large competitiveness to
the milk chain as well, as the
production may make use of
different inputs/sub-products
available at costs also competitive.
Together with this availability of pasture lands, the
potential to productivity
increase, the different and
flexible production systems,
the future of Brazil as great
milk exporter is, in a certain
manner, nowhere near. The
recent investments in capacity increase for production
of milk powder confirm this
position. And what are the
barriers to this?
The barriers
Milk quality
In terms of milk quality, inexorable item to an exporter
country of dairy products, we
are still late in relation to milk
quality of exporter countries
(Argentina) and developed
countries (the United States and
Canada). To export to countries
of the European Union, for
instance, it is necessary to have
100% of the milk with less than
100 thousand colony-forming
units (CFU) per ml of milk. According to data from the Clínica
do Leite, the average of samples
in Brazil is in 462 thousand
CFU/ml.
Although milk quality
is not within international
excellence standard, the results of improvements of
this characteristic, since the
implementation of quality
valorization system, are quite encouraging. The bacterial
level (CFU) of the suppliers’
milk tested lower from an index of 100 in 2005 to 20 in
2008 (internal data DPA), a
significant improvement. The
implementation of this system
showed that, when having encouragement, the productive
sector responds immediately.
Access to the markets
Because Brazil has been a
great world dairy importer, yet,
it has little credibility by the international market to see it as
an exporter. Therefore, bilateral
business agreements with dairy
importer countries could bring
the necessary speed to materialize Brazilian exportations.
The Brazilian dairy sector
has evolved in the two last
decades and some important
examples of this are the improvement of milk quality and
the fact it has changed from
importer to exporter in seven
years only. Yet, there is a way
to run towards the excellence.
Nevertheless, it has been
emphasized that the Brazilian milk holds all conditions
to have, in an early future, the
same relevance that beef and
chicken have in the global market, but still satisfying the needs of the Brazilian people for
this nourishment, indispensable for all ages.
* Regional Chief of market intelligence of the Dairy Partners
Americas Manufacturing
** President of the National Border of the Dairy Industries and
the Brazilian Association of the Dehydrated Milk Industries.
43
Cenário para o agronegócio do leite
no Brasil: a visão do setor primário
Rodrigo Sant’Anna Alvim*
Bruno Barcelos Lucchi**
Marcelo Costa Martins***
Como era de se esperar, a
crise mundial originada nos
Estados Unidos espalhou-se
por todo o mundo, criando
uma situação adversa ao mercado. Sem crédito, os países
importadores de lácteos reduziram suas compras, deprimindo expressivamente as
cotações, com repercussões
nos preços internos de todos
os países exportadores, inclusive o Brasil.
Os preços médios do leite em pó na Oceania e União
Europeia, no primeiro semestre de 2008, cotavam acima de
US$ 4.000/tonelada, enquanto
até a primeira semana de junho
de 2009, a média não chegou a
US$ 2.200/tonelada. O comportamento de queda nos preços, observado na maioria das
commodities agrícolas, deve-se
em grande parte à recessão vivida pelos países desenvolvidos
e em desenvolvimento, além
da retomada dos subsídios por
parte dos Estados Unidos e
União Europeia.
Segundo dados do Cepea
(Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada),
em 2008, houve variação de
quase 18% no preço corrigido do leite. Por outro lado,
de acordo com os painéis realizados pelo Projeto Campo
Futuro da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária), nos principais estados
produtores de leite, os custos
de produção aumentaram
perto de 10%. Essa relação
inversa entre preço e custo
prejudicou de maneira significativa a situação econômica do produtor, que se viu
obrigado a reduzir o uso de
tecnologias na tentativa de
baixar seu custo de produção.
Dessa forma, o ano de
2009 iniciou com custos altos, preços baixos e estagnados e queda na produção de
leite. O Índice de Captação
de Leite do Cepea registrou
redução de 7% na captação de
janeiro a abril deste ano ante
o mesmo período de 2008. Se
não bastasse a desaceleração
do mercado, a forte estiagem
que ocorreu no Sul do País
e as enchentes nas regiões
Norte e Nordeste também
contribuíram para a redução
da produção de leite.
Diante desse cenário pessimista, a boa notícia é o
aumento no consumo de
alimentos, que no primeiro
trimestre desse ano cresceu
0,7% frente aos últimos três
meses de 2008, cuja redução
havia sido de 1,8%. Com redução na oferta e aumento na
demanda, os preços tendem
a se elevar e, desta vez, estimulados pelo leite longa vida,
com crescimento estimado de
5% para este ano.
A valorização do leite
UHT e o aumento do consumo de alimentos são vistos
de forma positiva na recuperação dos preços de leite
ao produtor. No entanto,
deve-se ter certa ponderação, pois elevações constantes no preço do longa vida
não se estendem na mesma
proporção aos demais produtos lácteos, como o leite
em pó. Outra questão a ser
analisada é que, a partir de
certo ponto, os consumidores passam a se incomodar
com os preços, substituindo
o leite por outro produto ou
reduzindo seu consumo. Por
outro lado, maior equilíbrio
deve ser garantido na distribuição das margens entre
os elos da cadeia produtiva,
do produtor à rede varejista, pois, caso contrário, dificilmente o mercado irá se
ajustar.
Retomada das
importações
Após encerrar 2008 com o
melhor resultado nas exportações de lácteos, fruto de
44
investimentos em produção,
qualidade do leite e ampliação do parque industrial, o
setor apresentou déficit na
balança comercial de US$ 17
milhões no primeiro quadrimestre de 2009. No ano anterior, nesse período, o superávit havia sido de US$ 88,5
milhões.
Somente nos primeiros
quatro meses de 2009, os
embarques argentinos de
leite em pó totalizaram 26,3
mil toneladas, quantidade
praticamente superior às
médias anuais de todas as
importações oriundas daquele país nos últimos cinco
anos, conforme apresentado
na tabela 1. Esse aumento
repentino de importações
representa uma ameaça concreta ao desenvolvimento do
setor leiteiro nacional.
Não obstante, a ampliação
das importações e os valores
de algumas operações com
os parceiros do Mercosul
ficaram abaixo dos transacionados no mercado internacional. No mês de abril,
foi enviado ao Brasil leite
em pó a US$ 1.390 por tonelada, bem abaixo do preço
médio do mercado internacional, de US$ 2.200.
Tais indícios demandam
investigações quanto à existência de práticas desleais de
comércio que possam estar
ligadas ao subfaturamento
para reduzir a base de incidência de tributos bem como
relacionadas a produtos de
qualidade inferior. A retomada das importações preocupa
à medida que potencializa o
desestímulo do produtor.
A CNA, em conjunto com
entidades do setor e órgãos governamentais, está
empenhada no combate às
importações desleais e predatórias à produção interna.
Dessa forma, solicitou ao
governo federal a suspensão da licença automática de
importação do leite em pó,
que gerou um acordo entre
o setor privado lácteo brasileiro e o argentino, sem
afetar as relações entre os
dois países. Nesse acordo, a
Argentina poderá exportar
somente a média dos últimos cinco anos do respectivo mês acrescido de 50%,
a preços não inferiores ao
menor preço cotado na Oceania, divulgados quinzenalmente pelo Departamento
de Agricultura dos Estados
Unidos. O próximo passo é
tentar um acordo semelhante com o Uruguai.
Outra ação necessária é a
consolidação da TEC (Tarifa Externa Comum) em
30% para países de fora do
Mercosul. Atualmente, importações originadas da
União Europeia são tributadas em 27% (lista de exceção à
TEC) acrescidas de 14,8%
de
direito
antidumping.
Para os demais membros
do
Mercosul,
aplica-se tão somente a TEC (16%).
Essa situação pode levar à
prática de triangulação nas
importações brasileiras via
Argentina e/ou Uruguai.
Potencialidades do Brasil
para a produção de leite
Apesar de o Brasil ocupar a
sexta posição entre os maiores produtores de leite do
mundo (FAO, 2007), é o país
que apresenta o maior potencial de crescimento. Sendo o
décimo maior PIB nominal
do mundo, há uma capacidade de aumento de consumo
de produtos lácteos latente; é
o quinto em extensão territorial, o que lhe dá condições de
expansão de área para produção; e tem a quinta maior população, que lhe garante um
grande mercado doméstico.
China e Estados Unidos são
os países que mais se aproximam em relação a essas características, conforme dados da
tabela 2. No entanto, o Brasil
ainda consegue ser superior,
pois apesar de ter o território
menor que esses países, sua
área agricultável é muito maior
– são 106 milhões de hectares disponíveis para produção.
Além disso, sua produtividade por vaca é muito baixa, de
1.237 litros/ano, o que signifi-
ca que apenas com melhorias
na eficiência produtiva (manejo, genética e nutrição) consegue-se elevar a produção sem
a necessidade de expansão de
área ou ampliação do rebanho.
Tais dados contribuem para
que o Brasil fique em vantagem
no cenário internacional, uma
vez que os grandes players do
mercado têm seu crescimento
limitado por questões relacionadas à água, meio ambiente,
custos de produção, competição por terra e, até mesmo, por
distorções de mercado, como
quotas de produção e subsídios
à exportação.
O grande desafio é saber
aproveitar essas vantagens em
sua plenitude. Pois não adianta
ter área, animais e tecnologias
para produção se a demanda
interna ainda é baixa e a qualidade do produto não atende
as exigências de mercados mais
rigorosos. Ações visando à ampliação do consumo interno e
das exportações serão o foco
do planejamento para os próximos anos.
45
Questões emergentes
Marketing do leite
De acordo com estudos
realizados pelo IBGE, a população brasileira vem apresentando menores taxas de
crescimento a cada ano. Em
1980, o crescimento populacional foi de 2,4% ante o ano
anterior e para 2025 a previsão é que este indicador seja
somente 0,8%.
Aliado a isso, tem-se o envelhecimento da população: a
idade média do brasileiro em
1980 era de 20,2 anos; para
2025, o IBGE prevê 33,2 anos.
O percentual de pessoas entre
0 a 19 anos em 1980 era de
50%; em 2025, cai para 30%.
Em contrapartida, passa de 6%
para 15% o percentual de brasileiros com mais de 60 anos
de idade, em igual período. A
julgar que o maior consumo de
lácteos se dá nas faixas etárias
mais jovens, tudo indica que
o consumo não apresentará
grandes taxas de crescimento
nos próximos anos, salvo se for
promovido um aumento per
capita, o que é desejável, inclusive sob o aspecto da saúde.
Um segundo ponto que
pode ser analisado é a mu-
dança nos hábitos alimentares dos consumidores via elevação de renda. Estudo feito
pela Embrapa Gado de Leite
demonstrou que o consumo
não responde de forma tão
significativa ao aumento da
renda. A pesquisa avaliou o
consumo de leite e derivados,
em diversas faixas de renda
familiar mensal, nas várias regiões do País. Essa realidade
é o motivo que está levando
a cadeia produtiva do leite a
se organizar para desenvolver
ações de marketing institucional. O setor está consciente de que a única maneira de
elevar o consumo é valorizando o produto e esclarecendo
o consumidor sobre a importância dos lácteos para a saúde humana.
Daí a importância do fortalecimento da Láctea Brasil,
com maior adesão de indústrias de laticínios e insumos,
cooperativas e produtores
que acreditem que essa seja a
ferramenta que impulsionará
o crescimento do consumo,
praticamente estagnado há
mais de dez anos.
Qualidade
do produto
Desde a implantação da
Instrução Normativa nº.
51/2002 do Mapa, indústrias
e produtores têm tentado se
adequar ao cumprimento das
metas dentro dos prazos estabelecidos por essa legislação.
Mesmo assim, para o produtor, a principal motivação
para o investimento em qualidade ainda é o pagamento.
Enquanto algumas indústrias
resistirem a essa realidade,
dificilmente se terá evolução
nesses indicadores. Além disso, maior rigor deve ser dado
46
à fiscalização de laticínios
que ainda compram leite de
má qualidade, pois competem de maneira desleal com
aqueles que estão trabalhando conforme regulamenta a
IN-51.
No início deste ano, representantes do Mapa estiveram na Rússia visando à
ampliação das exportações
de produtos brasileiros. Embora tenha sido proposto aos
russos que aceitassem o tratamento térmico da manteiga e
do leite em pó como garantia
de anulação do risco de brucelose e tuberculose, eles, no
entanto, foram enfáticos em
dizer que no mercado interno
vigora a exigência da certificação e que qualquer pretenso exportador deve atender
a essa exigência. Como no
Brasil as propriedades livres
dessas enfermidades são cerca de cem – ou seja, número
insignificante frente ao total
de propriedades produtoras –,
o assunto foi encerrado.
Para aumentar a competitividade e incrementar ainda
mais a demanda por produtos
lácteos, o setor tem a missão de melhorar a qualidade
da matéria-prima, ponto de
extrema importância para o
futuro da cadeia produtiva do
leite no Brasil. Com a melhoria da qualidade, pode-se
almejar o crescimento ain-
da maior das exportações e
a elevação do consumo no
mercado interno. Para atingir
esses objetivos, a estratégia é
garantir ao consumidor um
produto seguro, com excelentes características nutricionais e maior vida útil.
Meio ambiente
Nos últimos meses, as discussões sobre a reformulação
do Código Florestal Brasileiro têm gerado polêmica em
todo o País. Ministros, instituições de pesquisas e demais
órgãos civis e do governo têm
travado batalhas ferrenhas
em torno do tema.
Segundo estudos da Embrapa, se a lei atual fosse
aplicada ao pé da letra, restariam apenas 29% de áreas
disponíveis para agropecuária, cidades e infraestrutura,
reduzindo para menos da
metade as áreas utilizadas
para a produção de alimentos. Ademais, a maior bacia
leiteira do Brasil, Minas
Gerais, teria 70% da produção de leite na ilegalidade,
ou seja, 19,5% da produção
nacional estariam comprometidos, considerando somente aquele Estado.
A revolução agrícola foi
fruto da maior demanda por
alimentos, causada pelo aumento da população e mudança no seu perfil tanto no
mercado nacional quanto internacional. Veja na tabela 3 a
evolução ocorrida nesse segmento nos últimos 40 anos.
Tais informações corroboram
a necessidade de se reavaliar
as leis vigentes para que esses
índices continuem a prosperar e não a regredir.
Dentre os pontos de maior
relevância que devem ser alterados, estão: a soma das
APP (Áreas de Preservação
Permanente) às áreas de reserva legal das propriedades;
a permissão das atividades
agropecuárias em áreas de
APP já consolidada e em
uso há mais de dez anos e o
aumento do prazo previsto
para compensação de reserva
legal, iniciando-se a partir da
publicação da lei.
* Engenheiro-agrônomo, presidente da Comissão
Nacional de Pecuária de Leite da CNA
** Zootecnista, assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA
*** Engenheiro-agrônomo, Msc. Economia, coordenador dos programas especiais do sistema Faeg/Senar
47
Scenario for milk
agribusiness in Brazil: the
view of the primary sector
Rodrigo Sant’Anna Alvim*
Bruno Barcelos Lucchi**
Marcelo Costa Martins***
As it was supposed to be
expected, the world crisis originated in the United States
has been spread for all over
the world, creating an adverse
situation to the market. Without credit, dairy importer
countries reduced their purchases, then depressing the
quotations, affecting internal
prices of all exporter countries,
including Brazil.
The average prices of the
milk powder in the Oceania
and European Union, in the
first semester 2008, were over
US$ 4.000/tons, while until
the first week of June 2009,
the average did not reach US$
2.200/tons, (data of figure 1).
The fall performance in the
prices, observed in the majority of the agricultural commodities, is mostly because of the
recession experienced by developed and in developed countries, besides the recapture of
subsidies by the United States
and European Union.
According to data from Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada),
in 2008, there was a variation
of almost 18% in the milk
corrected price. On the other
hand, as per the panels accomplished by the Projeto Campo
Futuro da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária), in the main milk producer
states, the costs of production
increased close to 10%. This
inverse relation between price
and cost jeopardized significantly the producer’s economic
48
situation, which had to reduce
the use of technologies to try
to lower costs of production.
This way, the year of 2009
began with high costs, low and
stagnated prices and fall in the
milk production. The index of
Milk Extraction of Cepea recorded a reduction of 7% in
the extraction of milk from
January to April this year before the same period in 2008.
yet, not only with the market
downturn, the severe drought
that occurred in the same period in the South of the country and the floods in the North and Northeast regions also
contributed to the reduction of
milk production.
Before this pessimist scenario, the good news is the
increase in the consumption
of nourishment, which in the
first trimester this year increased 0.7% unlike the last three
months of 2008, which reduction had been 1.8%. With
reduction in the offer and increase in the demand, the prices tend to rise and, this time,
encouraged by the ultra high
temperature (UHT) milk,
with estimated growth of 5%
to this year.
The UHT milk valorization and the increase of the
nourishment consumption are
seen in such a positive manner in the recovery of the milk
prices to the producer. Nevertheless, caution is needed, thus,
constant risings in the UHT
milk price do not extend in the
same proportion to the other
dairy products, like milk powder. Other issue to be evaluated is that, from certain point,
the consumers begin to con-
cern with the prices, replacing
the milk for other product or
reducing their consumption.
However, greater balance must
be guaranteed in the distribution of the margins between the productive chain links,
from the producer to the retailer, thus on the contrary, the
market will hardly adjust.
Recapture of imports
After the ending of 2008
with the best result in the dairy exports, resulting from investments in production, milk
quality and the industrial park
enlargement, the sector showed deficit in the trade balance
of US$ 17 million in the first
quarter of 2009. in the previous year, in this period, the
superavit had been US$ 88,5
million.
In the first four months of
2009 only, the Argentinian
milk powder shipments totalized 26.3 tons, quantity quite
superior to the yearly averages
of all imports resulting from
that country in the last five
years, as presented in table 1.
This abrupt increase of imports
represents a real threat to the
development of the national
milk sector.
Notwithstanding, the enlargement of the imports and
the values of some operations
with the partners of the Mercosul was lower the ones in the
international market. In April,
milk powder at US$ 1.390 per
tons was sent to Brazil, right
lower the average price of the
international market, US$
2.200.
Such evidences demand
investigations regarding the
existence of unreliable business
practices that can be linked to
the under invoicing to reduce
the base of the incidence of
taxes as well as related to products of inferior quality. The
recapture of imports concerns
as it potentiates the producer’s
discouragement.
The CNA, together with
entities of the sector and governmental bodies, is committed in combating the disloyal
imports and predatory to the
internal production. This way,
it requested the automatic license suspension of milk powder importation to the federal
government that created an
agreement between the Brazilian and Argentinian private
dairy sector without affecting
the relations between both
countries. In this agreement,
Argentina shall export the
average of the last five years
only of the respective month
plus 50% to prices not inferior
to the lower price quoted in
Oceania, weekly spread by the
Agriculture Department of the
United States. The next step is
to try a similar agreement with
Uruguai.
Another necessary action is
the consolidation of the Common external tariff (CET) in
30% to countries that are not
in Mercosul. Currently, the
imports originated from the
European Union are taxed in
27% (list of exception to CET)
plus 14.8% antidumping right.
To other members of Mercosul, TEC (16%) is applied only.
This situation may lead to the
practice of triangulation in the
Brazilian imports through Argentina and/or Uruguai.
Potentialities of Brazil for
milk production
Despite Brazil ranks the sixth position between the greatest
world milk producers (FAO,
2007), it is the country which
shows the greatest growth potential. It has the tenth greatest
nominal GDP in the world,
there is an increase capacity of
consumption of dairy products;
it is the fifth in territorial extension, what gives it conditions of
expanding the area for production; and it has the fifth greater
population that guarantees it a
large domestic market.
China and the United States
are the countries that mostly
approach in relation to these
characteristics, according to data
in table 2. However, Brazil can
even be superior, thus despite
having the territory smaller than
these countries, its growth area
is much bigger– 106 million
hectares available for production. Furthermore, its productivity per cow is very low, 1.237
liters/year, what means that only
with improvements in the productive efficiency (handling, genetics and nutrition) it can raise
its production without the need
for area expansion or herd enlargement.
Such data contribute so that
Brazil is in advantage in the
international scenario, since
the great players of the market
have their growth limited by
issues related to water, environment, costs of production,
competition for land and, even
then, for market distortions,
like production quotations and
subsidies to exportation.
The great challenge is to
know how to take these advantages in their completeness.
Because it is not worth having
area, animals and technologies
for production if the internal
demand is still low and the
quality of the product does not
meet the requirements of more
rigorous markets. Actions aiming the enlargement of the
internal consumption and the
exports will be the focus of the
planning for the years to come.
49
Emerging issues
Milk Marketing
In agreement with studies
accomplished by IBGE, the
Brazilian production has been
showing smaller growth rates
each year. In 1980, the population growth was 2.4% unlike
the previous year and to 2025
the expectation is that this indicator is 0.8% only.
Allied to this, the aging
of the population, that is,
Brazilian average age in
1980 was 20.2 years old; for
2025 IBGE expects 33.2
years old. The percentage
of people between 0 to 19
years old in 1980 was 50%;
in 2025, it might drop to
30%. However, the percentage of Brazilian people
with more than 60 years old
changes from 6% to 15%, in
the same period. By judging
that the greatest dairy consumption is in the youngest
age groups, it indicates that
the consumption shall not
present large growth rates
in the next years, except if
an increase per capita is
promoted, what is desirable,
including under the aspect
of health.
A second point that can
be evaluated is the change
in the consumers’ nourishment habits via income raise.
Study achieved by Embrapa
Dairy Cattle showed that
the consumption does not
correspond in such a significant manner to the income
increase. The research evaluated the consumption of milk
and dairy products in several
levels of monthly familiar income, in the various regions
of the country. This reality
is the reason that is leading
the milk productive chain to
organize to develop actions
of institutional marketing.
The sector is aware that there is only one manner to raise the consumption that is,
giving value to the product
and making the importance
of dairy products for human
health clear to the consumer.
Then, the importance of the
strengthening of Láctea Brasil,
with more association of dairy
industries and inputs, cooperatives and producers that believe that this is the tool which
will foster the consumption
growth stagnated for more
than 10 years.
Product quality
Since the implantation of
the Normative Insstruction
nº. 51/2002 of Mapa, industries and producers have tried
to adequate themselves to the
fulfillment of goals within the
deadlines established by this
legislation.
Nevertheless, to the producer, the main motivation
to the investment in quality
is the payment. While some
industries resist to this reality,
there will hardly be evolution
in these indicators. In addition,
greater rigor shall be given to
the inspection of dairy industries that still purchase bad
50
quality milk, thus they compete in such a disloyal manner
with those which are working
in accordance with IN-51 regulations.
In the beginning of thus
year, Mapa representatives
were in Russia aiming at the
enlargement of the exports of
Brazilian products. Although it has been proposed to
the Russian that they accept
the end of butter and milk
powder as guarantee of nullification of brucelosis and tuberculosis risk, they, however,
were emphatic when saying
that in the internal market
the requirement of the certification is in force and
that any supposed exporter
must meet this demand. As
in Brazil, the free properties
of these diseases are about a
hundred – that is, insignificant number before the total
of producing properties – the
subject was ended.
To increase the competitiveness and improve even
more the demand for dairy
products, the sector has the
mission of improving raw
material quality, point of
extreme importance for the
future of the milk productive chain in Brazil. With the
improvement of quality, it is
possible to aim an even greater growth of exports and
the raise of the consumption in the internal market.
To reach these objectives,
the strategy is to guarantee
a safe product to the consumer with excellent nutritional characteristics and greater shelf-life.
Environment
In the last few months, the
discussions about the reformulation of the Brazilian Forest
Code have created controversy
in the whole country. Ministers, research institutions and
other civil and government
bodies have had severe arguments on this subject.
According to Embrapa’s studies, if the current law were literally applied, it would remain
only 29% of areas available for
agriculture, cities and infrastructure, reducing for less than
half areas used for the production of nourishments. Furthermore, the largest dairy basin of
Brazil, Minas Gerais, it would
have 70% of milk production
and in illegality, that is, 19.5%
of the national population
would be committed, considering that state only.
The agricultural revolution
was consequence of the grea-
ter demand for nourishment,
caused by the increase of the
population and change in its
profile in the national as well
as in the international market.
See table 3 the evolution occurred in this segment in the
last 40 years. Such information
corroborates the need for reevaluating the law in force so
that these indexes continue to
succeed and not regress.
Following are some points of
greater relevance which must
be changed: the sum of the
PPA (Permanent Preservation
Areas) to the areas of properties legal reserve; the permit
of the agricultural activities
in areas of PPA already consolidated and in use for more
than ten years and the increase
of the deadline predicted for
compensation of legal reserve,
commencing from the publishing of the law.
* Agronomist, president of the National Commission
of Dairy Cattle of CNA
** Zootechnist, technical assistant of the National
Commission of Dairy Cattle of CNA
*** Agronomist, Msc. Economy, coordinator of special
programs of the system Faeg/Senar
51
Produção de
lácteos
cresce no RS
Estado deve encerrar 2009
com o processamento de
3,2 bilhões de litros
Segundo maior produtor de leite do país - atrás
apenas de Minas Gerais -, o Rio Grande do Sul
deve ter crescimento de 8% na produção e chegar a 3,2 bilhões de litros em 2009, segundo o
Sindilat. Entre 2005 e 2008, o volume cresceu de
1,87 bilhão para 2,94 bilhões de litros anuais, e
o Estado pulou do quarto para o segundo lugar
no ranking nacional. Mesmo com a captação em
linha ascendente, ainda será pequena para fazer
frente à capacidade das empresas que se instalam
ou ampliam plantas em solo gaúcho.
Até 2012 devem ser inauguradas unidades
da Bom Gosto, em Tapejara, da Cosuel, em
Arroio do Meio, e da Perdigão, em Três de
Maio. De 2005 até agora, foram feitas ampliações pela Perdigão e Bom Gosto, e entraram em operação plantas da Lactivale, Italac,
Nestlé, CCGL e Cosulati. Com isso, a capacidade industrial do Estado chegou a 14
milhões de litros por dia e, até 2012, será de
18 milhões de litros por dia.
“Para atender às indústrias, a produção média
ainda teria de ser aumentada de 10% a 12% até
2012 e, mesmo assim, as empresas vão trabalhar
de maneira ociosa. Sou otimista quanto a esse
crescimento”, afirma o diretor executivo do Sindilat, Darlan Palharini. Ele explica que é normal
as indústrias operarem com média de 70% da
capacidade; no entanto, as empresas estão funcionando abaixo desse índice, o que justifica a
necessidade de aumento da produção gaúcha e a
captação em Santa Catarina.
Para o presidente do Sindilat, Carlos Feijó, a
chegada de grandes empresas é positiva e confirma o Rio Grande do Sul como polo produtor
de matéria-prima de qualidade. “Agora o Estado
deve cobrar das empresas uma contrapartida, a
confirmação de investimentos na bacia”, avalia.
Na avaliação do presidente da Fetag, Elton
Weber, se as empresas garantirem preços remuneradores e verba para fomento, os agricultores
gaúchos têm condições de ampliar em até 30%
por ano a produção de leite. “Se for atrativo financeiramente, os produtores vão corresponder.”
A diferença nos valores exercidos nos variados
elos é um dos principais gargalos do setor.
> Matéria-prima no Brasil
em 2008: 30 bilhões de litros
> Rebanho leiteiro:
1,2 milhão de animais
> Matéria-prima no Rio
Grande do Sul em 2008:
3 bilhões de litros
> 449 municípios
com produção leiteira
> Produtores no RS: 121.416
52
> 2,67% do PIB do RS é da
cadeia láctea - R$ 4,93 bilhões
Dairy production grows in RS
The state shall end 2009 with processing of 3.2 billion liters
Second greatest producer of
milk in the country - behind
Minas Gerais only - Rio
Grande do Sul might have
growth of 8% in the production and reach 3.2 billion liters
in 2009, according to Sindilat.
Between 2005 and 2008,
the volume increased from
1.87 billion to 2.94 billion liters yearly, and the state ranked
from fourth to second in the
national ranking. Even with
fundraising in ascendant line,
it will still be small to be ahead
of the companies’ capacity that
install or enlarge plants in gaúcho soil.
Until 2012 units of Bom
Gosto must be inaugurated, in
Tapejara, of Cosuel, in Arroio
do Meio, and of Perdigão, in
Três de Maio. From 2005 so
far, Perdigão and Bom Gosto
enlarged these units and plants
of Lactivale, Italac, Nestlé,
CCGL and Cosulati began
to operate. Subsequently, the
industrial capacity of the state
reached 14 million liters per
day and until 2012 it might be
18 million liters per day.
“To attend the industries, the average production
would be increased from 10%
to 12% until 2012 and, even
this way, the companies will
work unnecessarily. I am optimistic as for this growth”,
asserts the director of Sindilat, Darlan Palharini. He
explains that it is normal the
industries run with average
70% of their capacity; however, the companies are lower
this index, what justifies the
need for increase of the gaúcha production and the fundraising in Santa Catarina.
To the president of Sindilat,
Carlos Feijó, the arrival of lar-
ge companies is positive and
confirms Rio Grande do Sul
as producing pole of raw-material with quality. “Now, the
state must charge the companies a counterpart, an approval
of investments in the basin”, he
evaluates.
In the Fetag president’s evaluation, Elton Weber, if the
companies guarantee remunerative prices and funds for
fomentation, gaúchos farmers
will have conditions to enlarge to 30% per year the milk
production. “If it were financially attractive, producers will
correspond.” The difference in
the value applied in the several
links is one of the main necks
of the sector.
> Raw material in Brazil in 2008: 30
billion liters
> Raw material in Rio Grande do Sul
in 2008: 3 billion liters
> Producers in RS: 121.416
> Dairy herd: 1.2 millions of animals
> 449 towns with milk production
> 2.67% of the gross domestic product
(GDP) of RS is of the dairy chain R$ 4.93 billion
53
Paraíba sai na frente na
produção de leite de cabra em pó
O Estado é o primeiro
do Nordeste a investir
no segmento. Região do
Cariri é destaque em
todo o País e responsável
pela produção de meio
milhão de litros/mês, a
maior do Brasil
A Paraíba passou a ser o
principal fornecedor do Nordeste para a produção de leite
de cabra em pó. A sedap (Secretaria do Desenvolvimento
Agropecuário e Pesca) firmou
uma parceria com a CCA Laticínios, produtora de leite de
cabra de Nova Friburgo (RJ),
detentora das marcas Caprilat e Scabra, que importava a
matéria-prima da Europa. Há
mais de dez anos o Estado negocia com os empresários para
comprar o leite direto da Paraíba.
Neste primeiro momento,
1.500 produtores estão envolvidos no fornecimento do
produto in natura. A meta da
Sedap é a inclusão direta de 6
mil caprinocultores familiares.
A caprinocultura leiteira concentra-se no Estado da Paraíba, que tem a maior produção
do Brasil, com quase 600 mil
litros/mês, de acordo com informações do coordenador do
Programa do Leite da Paraíba,
o veterinário Aldomário Rodrigues.
> Cerca de meio milhão de litros/
mês são produzidos por 800 criadores
agregados em 22 associações e a bacia
leiteira desperta atenção de investidor
54
“A Paraíba tem hoje uma
produção de leite de cabra em
torno de 20 mil litros por dia, o
que representa uma escala
de produção
capaz de atrair
empresários interessados em
participar da
caprinocultura paraibana”, come-
e produção de frutas tropicais,
além da caprinocultura, que
renderá um financiamento da
fábrica de processamento do
leite em pó em território paraibano.
Avaliada em quase R$ 8
milhões, a usina será instalada
com apoio financeiro do Fida,
conforme informa o coordenador do Programa do Leite,
Aldomário Rodrigues. “Projetamos uma indústria com
uma produção diária de 100
mil litros. A fábrica permitiria
que o produto
do Cariri
atendesse ao mercado
nordestino com um
diferencial”, explicou.
Dos 32 municípios
do Cariri, o projeto
da caprinovinocultura abrange 22
cidades,
entre
elas, Monteiro,
Sumé, Cabaceiras,
morou. O rebanho nacional
de cabras é de 13 milhões de
cabeças. Desse total, 91% se
encontram no Nordeste, onde
a criação é extensiva e de corte.
Fábrica própria
O governo do Estado está
negociando com o Fida (Fundo Internacional de Desenvolvimento Agropecuário) verbas
para várias atividades como artesanato, extração de minérios
Riacho de Santo
Antônio, Livramento, Amparo, São Sebastião do Umbuzeiro, São João do Tigre, Zabelê,
Camalaú e Congo.
Maior região produtora
O Cariri paraibano é a região que mais produz leite de
cabra no país e onde ocorre
mais rapidamente a ascensão
da caprinocultura leiteira. E a
expectativa dos produtores de
caprinos e ovinos ganha dimensão ainda maior com um
abatedouro-frigorífico,
que
será inaugurado este ano na
cidade de Monteiro (distante
293 km da capital), como resultado de ações conjuntas do
governo do Estado e o Sebrae
PB com os criadores e outros
parceiros públicos. Meio milhão de litros/mês são produzidos por 800 criadores, agregados em 22 associações. Com
a comercialização do produto,
esse setor injeta na economia
local cerca de R$ 750 mil.
Nos últimos três anos, devido ao acesso às tecnologias de
reprodução animal desenvolvidas pela Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária,
mais a assistência técnica aos
criadores, o rebanho caprino
teve o crescimento mais significativo, de 24,24% no período de 2000/06, evoluindo de
526.179 para 653.730 cabeças,
representando um acréscimo
de 127.551 animais.
Crescimento de 532%
A Paraíba passou a liderar a
produção de leite de cabra em
todo o País em 2007. Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
nos últimos quatro anos, aponta que o crescimento no setor
chegou a 532% entre dezembro de 2003 a março de
2007. O período corresponde ao início do Programa
do Leite da Paraíba criado pelo governador Cássio Cunha Lima. Calcula-se
em mais de 20 mil empregos
diretos e indiretos que o setor
oferece hoje.
Atualmente, a Paraíba está
no alvo de investidores que
buscam melhorar e ampliar a
indústria láctea. Por causa da
maior produção leiteira de cabra do Brasil, o VI Enel - Encontro Nordestino do setor do
leite e derivados – atraiu um
dos produtores de leite de cabra do Rio de Janeiro, Paulo
Cordeiro. Ele está interessado
no processo de industrialização
do leite caprino em pó nas terras paraibanas.
Ele já fabrica o leite de cabra em forma de UHT e em
pó para todo o Brasil e quer
apoiar a instalação do processo do leite caprino em pó no
Estado. As entidades estaduais
têm conversado com o empresário para chegarem a um
acordo em breve, conforme esclarece o secretário de Turismo
e Desenvolvimento Econômico do Estado, Roberto Braga.
A estimativa é de que 3
mil caprinos e ovinos por
mês sejam abatidos, quando o
abatedouro-frigorífico estiver
operando com sua capacidade máxima, o que expandiria
a cadeia produtiva da carne e
couro dos animais. Atingindo
regiões como o Curimataú e o
Sertão, além de atender Pernambuco, do Moxotó ao Pajeú,
essa indústria fará cobertura do
maior núcleo da caprinocultura de corte do semiárido do
Nordeste, conforme explica o
agrônomo e técnico do Sebrae
em Monteiro, Samuel Mayer.
O abatedouro-frigorífico consumiu investimentos de quase R$
1 milhão. E a atividade leiteira na
região pretende atingir o mercado
nacional em até dois anos, com
previsão de instalação de uma
unidade de produção de leite em
pó, de cabra e de vaca. Samuel
Mayer ainda aposta no mercado
nacional para dobrar em 100% a
atual produção, chegando a 1 milhão de litros de leite por mês.
Por intermédio de 22 associações de caprinocultores,
o leite é fornecido para oitos
unidades de beneficiamento
de leite de cabra, que pasteurizam, envasam e distribuem
para mais de 3 mil famílias,
com filhos de 0 a 3 anos, em
programas de compras governamentais, um deles é o Leite
da Paraíba, informa o técnico
do Sebrae de Monteiro.
Para se ter uma ideia da produtividade leiteira dos animais,
já houve o registro de até 9 litros de leite por dia em algumas propriedades da região do
Cariri.
55
56
The state is
the first of the
Northeast to invest
in this segment.
Cariri region is
projection in the
whole country and
it is responsible
for the production
of half million
liters /month, the
greatest of Brazil
Paraíba is ahead in goat
milk powder production
Paraíba started to be the main
supplier of the Northeast for the
production of goat milk powder.
Sedap (Secretaria do Desenvolvimento Agropecuário e Pesca)
dealt a partnership with CCA
Laticínios, producer of goat milk
of Nova Friburgo (RJ), Caprilat
and Scabra holder, that imported raw-material from Europe.
For more than 10 years the state
deals with businessmen to purchase milk direct from Paraíba.
In this first moment, 1.500
producers are involved in the
supply of the in natura product.
Half Sedap is the direct inclusion
of 6 thousand familiar milk goat
producers. Dairy sheep husbandry is concentrated in the state
of Paraíba, which has the largest
production of the country with
almost 600 thousand liters/month according to information of the
coordinator of the Programa do
Leite da Paraíba, the vet Aldomário Rodrigues.
“Paraíba has nowadays a milk
goat production around 20
thousand liters per day, what
represents a production scale of
able to attract businessmen interested in attend the sheep husbandry paraibana”, he celebrated. The national herd of goats
is 13 million heads. From this
total, 91% are in the Northeast,
where breeding is extensive dairy goat.
Own Factory
The government of the state
is dealing with Fida (Fundo Internacional de Desenvolvimento
Agropecuário) funds for several
activities like craftwork, mining
and tropical fruits production,
besides sheep husbandry that
will yield a financing of the milk
powder processing factory in
territory paraibano.
The plant estimated in almost
R$ 8 million will be installed
with Fida’s financial support, as
informs the coordinator of the
Programa do Leite, Aldomário
Rodrigues. “We designed an industry with a daily production of
100 thousand liters. The factory
would allow that the product of
Cariri serviced the market nordestino with a differential”, he
explained.
From the 32 towns of Cariri,
the project of sheep goat farmers
is comprised of 22 cities, among
them, Monteiro, Sumé, Cabaceiras, Riacho de Santo Antônio, Livramento, Amparo, São
Sebastião do Umbuzeiro, São
João do Tigre, Zabelê, Camalaú
and Congo.
animal reproduction developed
by Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária, plus technical assistance to producers,
the sheep herd increased significantly, that is, from 24.24% in
the period of 2000/06, evolving
from 526.179 to 653.730 heads, representing an increase of
127.551 animals.
Growth of 532%
Paraíba started to lead the
goat milk production in the
whole country in 2007. Survey
achieved by the Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
in the last four years, asserts that
the growth in the sector reached
532% between December 2003
and March 2007. The period
Greater producer region
corresponds to the beginning of
Cariri paraibano is the grea- the Programa do Leite da Paraítest producer of goat milk in the ba created by the governor Cáscountry and where dairy sheep sio Cunha Lima. It is estimated
and goat producers’ growth oc- more than 20 thousand direct
curs quickly. And the producers’ and indirect jobs that the sector
expectation of sheep and goat offers today.
Currently, Paraíba is the target
gains dimension even greater
with a slaughterhouse that will of investidor who tries to improbe inaugurated this year in the ve and enlarge the dairy industry.
city of Monteiro (293 km dis- Because of the greatest dairy goat
tant from the capital, as result of production in Brazil, VI Enel action of the state government Encontro Nordestino of the milk
and Sebrae PB with the produ- sector and dairy – it attracted one
cers and other public partners. of the goat milk producers of Rio
Half million liters/month are de Janeiro, Paulo Cordeiro. He is
produced by 800 farmers, aggre- interested in the process of indusgated in 22 associations. With trialization of sheep milk powder
the commercialization of the in lands paraibanas.
product, this sector applies apHe already manufactures goat
proximately R$ 750 thousand in milk in form of UHT and powder
the local economy.
to the entire Brazil and wishes to
In the last three years, because support the installation of powof the access to technologies of der and sheep milk processing in
> Approximately half million liters/month
are produced by 800 farmers aggregated
in 22 associations and the dairy basin
attracts the investidor attention
the state. The state entities have
spoken with the businessmen to
have an agreement soon, as the
secretry of Turismo e Desenvolvimento Econômico do Estado,
Roberto Braga highlights.
The estimate is that 3 thousand sheep and goat per month are slaughter when the
slaughterhouse is working in
its maximum capacity, what
would extend the productive
chain of meat and leather of
the animals. Reaching regions
like Curimataú and Sertão,
besides servicing Pernambuco,
from Moxotó to Pajeú, this
industry will cover the largest
center of sheep-goat producer
of the semi-arid Northeast, as
per the agronomist and technician of Sebrae in Monteiro,
Samuel Mayer.
The slaughterhouse consumed investments of almost R$ 1
million. And the dairy activity in
the region intends to reach the
national market within two years, with estimate to install one
milk powder production unit,
goat and cattle. Samuel Mayer
still bets in the national market
to double in 100% the current
production, reaching 1 million
liters per month.
Through 22 sheep-goat producer associations, the milk is
supplied to eight packing-houses of goat milk that pasteurized
milk in pouches and deliver to more than 3 thousand families,
with 0-3 years old children, in
governmental purchase programs, one of them is Leite da
Paraíba, informes the technician
of Sebrae of Monteiro.
To have an idea about the dairy productivity of the animals,
there has already been the record of up to 9 liters of milk per
day in some properties of Cariri
region.
57
Inovar para
crescer
Agrotecno Leite 2009 deve contar com mais de 60
expositores e um público superior a 12 mil pessoas
Em sua terceira edição, a
Agrotecno Leite 2009 apresenta-se como um evento completo, contando com demonstrações reais de tecnologia,
visando suprir as necessidades
detectadas pelos produtores
rurais em seu ambiente de trabalho, envolvendo estações de
campo, dinâmicas de máquinas e equipamentos, mostra e
comercialização de produtos,
palestras e discussões sobre o
cenário atual, o que nos remete
a decisões econômicas, superações e conquistas, buscando o
fortalecimento de parcerias e
a qualificação de profissionais
envolvidos no agronegócio.
Para atrair um público superior a 12 mil pessoas, a organização do evento apresenta novidades. O coordenador
técnico da Agrotecno Leite
2009, Carlos Bondan, destaca
as novas estações incluídas na
Via Láctea. “Temos uma estação que ensina como produzir
leite sem degradar o meio ambiente, que está com a Emater,
dinâmica de máquinas que irão
demonstrar como fazer feno e
silagem e demonstração de
pastagens tropicais para serem
cultivadas no verão”, destaca.
Outra novidade é a montagem de uma sala de ordenha
no campo. “O propósito dessa
estação é divulgar o manejo
correto da ordenha, os procedimentos de higiene da vaca e
do equipamento de ordenha e
também como manter e regular
a ordenhadeira.” Além disso,
uma passarela será construída
ligando a área dos expositores
aos campos experimentais.
Todo o público que comparecer ao evento poderá
também degustar derivados
de leite que serão produzidos
em um espaço próprio. Alunos e professores do curso de
Engenharia de Alimentos da
Universidade de Passo Fundo
estarão produzindo iogurte,
bebidas lácteas e queijo. “Nessa
estação queremos apresentar
também as boas práticas de
fabricação, mostrando o que
precisa ser feito para produzir
um produto seguro”, frisa.
Além de poder conhecer
um pouco mais nos Caminhos
Técnicos do Leite, o produtor
poderá saber mais sobre alimentação e manejo dos animais na palestras. Elas ocorrem pela manhã e à tarde, nos
dias 1º e 2 de outubro.
Histórico
A Agrotecno Leite surgiu
por meio da iniciativa de um
grupo de líderes e instituições
voltadas para o desenvolvimento da cadeia produtiva do
leite na região Norte do Estado
do Rio Grande do Sul, que se
configurou em um importante cenário para a produção de
leite e derivados em função da
sua localização geográfica, clima favorável e a concentração
de empresas líderes no setor.
Com o objetivo de proporcionar momentos de discussão e orientação aos produtores, técnicos e estudantes
assim como apresentar as
potencialidades desse setor
em termos de novas tecnologias e a busca por melhores resultados econômicos, as
instituições parceiras desse
projeto - Sicredi, UPF, Cotrijal, Emater, Embrapa Trigo,
Prefeitura de Passo Fundo,
Programa Juntos para Competir (Sebrae/Senar/Farsul)
-, em setembro de 2007, realizaram a primeira edição da
Agrotecno Leite nos campos
de pesquisa da Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de
Passo Fundo, em Passo Fundo (RS).
O evento contou com a participação de 22 empresas ligadas ao setor e com a visitação
de cerca de 3 mil produtores de
leite da região Norte do Esta-
> Capacidade industrial instalada: 14 milhões de litros/dia
> Capacidade industrial do RS até 2012: 18,9 milhões de litros/dia
> Crescimento da oferta de matéria-prima de 2005 a 2008 foi de 41,6%
58
do favorecendo assim o desenvolvimento da aprendizagem,
> O que: Agrotecno Leite 2009
> Quando: 30 de setembro a 2 de outubro
> Onde: Centro de Eventos e campos
experimentais da UPF, Passo Fundo – RS
que envolve desde o planejamento das pastagens para uma
maior produção de leite até a
retirada da matéria-prima para
a fabricação de derivados. Na
sua segunda edição, em setembro de 2008, além dos campos
de pesquisa, o evento abriu
espaço em pavilhão coberto
para a apresentação e mostra
de produtos, tecnologias e serviços, ampliando a participação
de empresas ligadas ao segmento. Ao mesmo tempo criou-se o
Caminho do Leite, espaço destinado à difusão de informações
pertinentes a pontos fundamentais para incrementos da produtividade e qualidade do leite,
fatores indispensáveis para o sucesso na atividade. O evento em
2008 consolidou-se com a participação de mais de 40 empresas
e a visitação de 7 mil produtores,
técnicos e estudantes dos estados
do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina.
59
Innovating
to grow
Agrotecno Leite 2009 shall have more than 60 stands
and an audience superior to 12 thousand people
In its third edition, Agrotecno Leite 2009 presents itself
as a complete event relying on
demonstrations of real technologies, aiming to provide the
needs detected by farmers in
their work place, thus involving
field stations, machines and
equipments dynamics, show
and commercialization of products, lectures and discussions
on the current scenery, what
takes us to economic decisions,
overcoming and achievements,
seeking to strengthen partnerships and qualification of
professionals involved in the
agribusiness.
In order to attract an audience superior to 12 thousand
people, the organizers of the
event present some innovations. The technical coordinator of Agrotecno Leite 2009,
Carlos Bondan, emphasizes
the new stations included at
Via Láctea. “We have a station
that teaches how to produce
milk without degrading the
environment, which is with
Emater, machine dynamics
that will demonstrate how to
make hay and silage and tropical pasture demonstration to
be growth in the summer”, he
asserts.
Another innovation is the
> What: Agrotecno Leite 2009
> When: from September 30th to October 2nd
> Where: Convention Center and
experimental fields of UPF, Passo Fundo – RS
assembly of a room of milking
in the filed. “The purpose of
this station is to spread the
milking correct handling, the
cow and milking equipment
hygiene procedures and how
to keep and regulate the milking machine.” Furthermore,
a walkway will be built linking
the exhibitor’s areas to the experimental fields. All audience
that shall attend the event might taste dairy products which
will be produced in their own
space. Students and professors
of Food Engineering of the
University of Passo Fundo will
produce yogurt, dairy beverage
and cheese. “In this edition we
wish to present good manufacturing practices by showing
what is necessary to be done to
produce a safe product as well”,
he emphasizes.
Besides knowing a little more
in the Caminhos Técnicos do
Leite, the producer shall know
more about nourishment and
animal handling in the lectures.
The lectures will happen in the
mornings and afternoons, on
October 1st and 2nd.
History
Agrotecno Leite appeared
by means of the initiative of a
group of leaders and institutions
devoted to the development of
the milk productive chain in the
Northern region of Rio Grande
do Sul state, which configures
an important scenery to the
production of milk and dairy
because of its geographic location, favorable climate and the
concentration of leader companies in the sector.
The objective of this event is
to provide moments of discussion and direction to producers, technicians and students
as well as to present the potentialities of this sector in terms
of new technologies and the
seek for better economic results, the partner institutions
of this project - Sicredi, UPF,
Cotrijal, Emater, Embrapa
Trigo, Prefeitura de Passo
Fundo, Programa Juntos para
Competir (Sebrae/Senar/Farsul) -, on September 2007, accomplished the first edition of
> Industrial Capacity installed: 14 million liters/day
> Industrial Capacity of RS until 2012: 18.9 million of liters/day
The supply growth of raw material from 2005 to 2008 was 41.6%
60
Agrotecno Leite in the fields
of research of the Agriculture
and Veterinary Medicine college of the University of Passo
Fundo, in Passo Fundo (RS).
The event was attended by
22 companies linked to the
sector and the visit of approximately 3 thousand milk producers in the Northern region
of the state, thus favoring the
development of learning which
involves from planning of pastures to a greater milk production to the withdrawal of the
raw material for manufacturing of derivates. In its second
edition, on September 2008,
besides the research fields, the
event opened space in covered
pavilion for the presentation
and show of the products, technologies and services, then
expanding the participation of
companies linked to the segment. At the same time, Caminho do Leite was created,
that is, a space for the dissemination of information relevant
to important points to incre-
ments of milk productivity and
quality, factor which are essential for the success in activity.
The event, in 2008, was consolidated with the participation
of more than 40 companies and
the visit of 7 thousand producers,
technicians and students from the
states of Rio Grande do Sul and
Santa Catarina.
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Anuário Brasileiro do Leite 2009