PORTO, MAIO 2001 Qualidade, Segurança & Inovação Actas do 5º Encontro de Química de Alimentos Universidade Católica Portuguesa Escola Superior de Biotecnologia Sociedade Portuguesa de Química PORTO, 8 A 11 DE MAIO 2001 Qualidade, Segurança & Inovação Actas do 5º Encontro de Química de Alimentos Universidade Católica Portuguesa Escola Superior de Biotecnologia Sociedade Portuguesa de Química APOIOS: Programa Operacional Ciência, Tecnologia, Inovação (Quadro Comunitário de Apoio III) FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia), no âmbito do Programa FACC (Fundo de Apoio à Comunidade Científica) Ficha Técnica Livro de Actas do 5º Encontro de Química de Alimentos Editores: Prof. F. Xavier Malcata Prof. F. Javier Carballo ISBN: 972-98476-2-2 Coordenação e Revisão: Manuela Pascoal Design e Composição Gráfica: Kai Sprecher - Serviços de Edição da ESB/UCP Impressão: Orgal Impressores Depósito Legal: 000 000 000 000 000 000 Tiragem: 500 exemplares Esta publicação reúne as comunicações apresentadas no 5º Encontro de Química de Alimentos, sob a forma de Conferências, Comunicações Orais e em Painel. A aceitação das comunicações foi feita com base nos resumos apresentados; o texto integral que aqui se apresenta é da inteira responsabilidade dos respectivos autores. Índice Área Temática 1: Química e Estrutura de Alimentos CONFERENCISTA CONVIDADO: Coimbra, M. Química dos polissacarídeos - Aplicações na área alimentar 27 COMUNICAÇÕES ORAIS: Nabais, H. N.; Nunes, F. M.; Coimbra, M. A. Influência dos polissacarídeos na estabilidade da espuma do café expresso estudo de três cafés comerciais de diferentes origens 55 Lopes da Silva, J. A.; Castro, S.; Delgadillo, I. Grânulos de amido - matrizes de retenção de compostos de aroma 58 Rodrigues, I.; Santos, R.; Saraiva, R. Confitagem, glaciagem e cristalização de kiwi - influência na cor verde 61 Carneiro, C. S.; Cal-Vidal, J. Estruturação de cristais de gelo com vistas à redução do dano físico-mecânico em frutos congelados (resumo) 65 Mestre Prates, J. A.; Garcia e Costa, F. J. S.; Ribeiro, A.; Mário, R.; Dias Correia, A. A. Evidence for an important role of Cysteine Peptidases in the major ultra-structural changes during rabbit meat ageing 68 Borges, F.; Lima, J.L.F.C.; Reis, S.; Siquet, C. Chelating activity of ferulic acid towards copper (II) 72 PAINÉIS: P1.01 Castilho, M. C.; Ramos, F.; Amaral, M. P.; Freire, A.; Pereira, E. M.; Rocha, F. M.; Silva, A. T.; Silveira, I. Detecção de sulfunamidas em músculo de peixe por HPLC 75 P1.02 Ferreira-Cardoso, J. V.; Partidário, A. M.; Sequeira, C. A. Composição em ácidos gordos dos lípidos neutros e polares da gordura subcutânea e do músculo de suínos. Influência da localização anatómica e da utilização de castanha na dieta da fase de acabamento 80 P1.03 Mestre Prates, J. A.; Roseiro, L. C. P.; Ribeiro, J. J.; Ribeiro, A. M. R.; Dias Correia, A. A. Contribution of calpains and cathepsins B, L and H to rabbit meat tenderisation and related changes 85 P1.04 Froufe, M.; Lorenzo, J. M.; Carballo, J.; Prieto, B.; Franco, I. Changes in lipids during the manufacture of dry-cured lacón 89 P1.05 Froufe, M.; Lorenzo, J. M.; Carballo, J.; Prieto, B.; Franco, I. Proteolysis in dry-cured lacón during manufacture 92 P1.06 Barbosa, C. D.; Bifani, V.; Ihl, M.; Sereno, A. M. DSC study of enzyme denaturation in vegetables 95 P1.07 Duarte, I.; Delgadillo, I.; Spraul, M.; Humpfer, E.; Gil, A. M. A composição de frutos por espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN), LC-RMN e LC-RMN/MS 98 P1.08 Costa, M. C.; Xavier, A. F.; Noronha, R. G.; Figueiredo, P. R.; Marcelo-Curto, M. J. Síntese de um marcador do aroma de laranja 101 P1.09 Hess de Azevedo, C.; Rodriguez-Amaya, D. B. Reavaliação da composição de carotenóides em cucurbitaceae por CLAE-DAD e CLAE-EM 104 P1.10 Galvis, A.; Morais, A. M. B. Effects of controlled atmosphere (ca) storage on pectinmethylesterase (PME) activity on texture of “Rocha” pear (resumo) 110 P1.11 Mendes Ribeiro Borges, M. Y.; Godoy, H. T. Potencial vitamínico de banana verde e sua utilização como alimento funcional 113 P1.12 Villarino Rodríguez, A.; Garcia Linares, M. C.; Martinez Rollón, S.; Garcia Arias, M. T.; Garcia Fernandez, M. C. Proximate composition of raw and canned "Sahagún" leek (Léon, Spain) 116 P1.13 Silva, B. M.; Andrade, P. B.; Valentão, P.; Seabra, R. M.; Ferreira, M. A. Determination of phenolic compounds in quince jams by Solid-Phase Extraction and HPLC 120 P1.14 Blanco Garcia, S.; Orzáez Villanueva, M. T. Estudio bromatológico del mazapán (resumo) 123 P1.15 Blanco Garcia, S.; Orzáez Villanueva, M. T. Caracterización de los ácidos grasos de mazapán de elaboración industrial (resumo) 126 P1.16 De Frutos Prieto, A.; Blázquez Abellán, G.; Orzáez Villanueva, M. T. Contenido de glucosa y fructosa em mieles mono e multiflorales (resumo) 129 P1.17 Pomar, E.; Pablos, A.; Tornadijo, M. E.; Fresno, J. M.; González-Prieto, J. Estudo da proteólise na D.O.P. queijo Zamorano durante a maturação: fraccionamento químico do nitrogénio 132 P1.18 Alvarenga, N. B.; Raymundo, A.; Sousa, I. M. N. Evolução da textura e da composição físico-química do queijo Serpa ao longo do final da maturação 135 P1.19 Matos, L. C.; Pereira, J. A.; Andrade, P.; Seabra, R.; Oliveira, M. B. P. P. Caracterização química de azeites varietais das cultivares Cobrançosa, Madural e Verdeal Transmontana obtidos de azeitonas com diferentes índices de maturação 139 P1.20 Duarte, I. F.; Delgadillo; I.; Belton, P. S.; Spraul, M.; Humpfer, E.; Gil, A. M. A composição química da cerveja por espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e LC-RMN/MS 142 P1.21 Mateus, N.; Ruão, P.; De Freitas, V. Grape seed procyanidins addition to Port wines resulting in enhanced reactivity of salivary proteins. Influence on wine structure and astringency 145 P1.22 Santos, G.S.; Furtado, J. L. B.; Sousa, E. R.; Carvalho, F. S.; Bezerra, C. W. B.; Marques, E. P.; Marques, A. B. Estudos espectrofotométricos e voltamétricos sobre a coloração azul da aguardente de mandioca (Tiquira) (resumo) 148 P1.23 Arturo, G.; Fernández, G.; González-Raurich, M.; Bernardo, A. Contenido en elementos minerales en vinos rosados de la comarca “Valdevimbre - Los Oteros” (N. O. España) 151 P1.24 Arturo, G.; Fernández, G.; González-Raurich, M.; Bernardo, A. Influencia de la crianza en madera sobre el color y contenido polifenólico en vinos tintos D. O. “Bierzo” 154 P1.25 Freitas, F.; Vilhena, L.; Santos, M.; Sousa, I.; Empis, J. Estabilidade de emulsões o/a alimentares a baixas temperaturas 157 Área Temática 2: Segurança e Toxicologia dos Alimentos CONFERENCISTA CONVIDADO: Gibbs, P. Microbiological food safety 21 COMUNICAÇÕES ORAIS: Baeta, M.L.; Diaz, M. V. G.; Lino, C. M.; Pena, A.; Castilho, M. C.; Silveira, M. I. N. Research on spices, condiments, and aromatic plants: contamination with aflatoxins B1, B2, G1 and G2 163 Marques, S.; Oliveira, N.; Chaneca, T.; Rueff, J. O papel das vitaminas antioxidantes na actividade mutagénica da capsaicina e da IQ 167 Nunes da Costa, J. M.; Sequeira, A. J. Detecção de organismos geneticamente modificados em alimentos para animais por PCR 170 Ferreira, H. E. C. S.; Martins, S.; Gomes, J. F. P. As dioxinas e a co-incineração: química, toxicidade e vias de contaminação dos alimentos 175 Alturas, N. S. R.; Varejão, J. M. T. B.; Costa, M. L.; Cruz Costa, C. M. Determinação do teor de pesticidas organoclorados em amostras de solo provenientes de explorações agrícolas da região centro 178 Alfaia, C.; Castro, M.; Reis, V.; Tavares Almeida, I.; Correia, A.; Dias, A. Evolution of free amino acids and biogenic amines in short process cured ham 181 Torres, D.; Silva, F.; Oliveira, M. B. P. P. Estudo do comportamento do óleo de girassol durante a fritura profunda 186 PAINÉIS: P2.01 Antunes, P.; Gil, O.; Sobral, P.; Charrão, J. Níveis de compostos organoclorados em peixes capturados na Ria de Aveiro 189 P2.02 Rodrigues, M. J.; Albuquerque, M.; Nunes, M. L. Indicadores de higiene e patogénicos em bacalhau 192 P2.03 Botelho, M. J.; Rodrigues, S. M.; Costa, P. R.; De Sampayo, M. A. Introdução do ensaio de inibição da proteína fosfatase 2A na detecção de toxinas diarreicas em moluscos bivalves 196 P2.04 Lourenço, H. M.; Martins, M. F.; Nunes, M. L. Níveis de metais pesados em espécies de aquacultura 199 P2.05 Bandarra, N. M.; Palma, P.; Batista, I.; Nunes, M. L.; Morais, G.; Bruges, M.; Dickson, J.; Barata, J. D.; Silva Lima, B. Efeito de uma dieta suplementada com sardinha em conserva na fracção lipídica do plasma e eritrócitos 202 P2.06 Pedro, S.; Batista, I.; Reis, T.; Albuquerque, M. M.; Pires, C.; Braga, V. Recuperação de vibrio parahaemolyticus a partir de produtos da pesca usando hidrolisados enzimáticos de pescado como fonte de azoto 205 P2.07 Matos, L.C.; Oliveira, M. B. P. P. Identificação dos pontos críticos de controlo (CCP) numa linha de processamento de sardinha avulso congelada em túnel. Identificação do perigo, estabelecimento de medidas de controlo, monitorização e verificação 209 P2.08 Lino, C. M.; Cruz, S. M. C.; Baeta, M. L.; Irene, M.; Silveira, N. Organochlorine pesticide residues in chicken samples collected in Portugal 212 P2.09 Pena, A.; Baeta, L.; Calderón, V.; Silveira, I. Screening of antimicrobial veterinary residues in chicken samples 216 P2.10 Ramos, F.; Cruz, C.; Silva, J. M.; Dias, M. J.; Barbosa, J.; Castilho, M.; Noronha da Silveira, M. I. Agonistas adrenérgicos ß2 e produção animal: qualidade da carne 220 P2.11 Novo, R.; Fernandes, A.; Felgueiras, I. Ocorrência de aflatoxina ß1 em matérias primas e alimentos compostos para bovinos leiteiros 223 P2.12 Ribeiro, J.; Almeida, J. M.; Roseiro, L. C.; Vieira, J. Modificação da cor do fiambre em função dos tratamentos térmicos de cozedura 226 P2.13 Nunes, J.; Peito, M. A.; Novo, R.; Felgueiras, I. Pesquisa de patulina em maçãs “Bravo Esmolfe” e “Golden Delicious” 229 P2.14 Abrunhosa, L.; Venâncio, A. Produção de metabolitos tóxicos em uvas por fungos filamentosos 232 P2.15 Miguel, G.; Martins, D.; Costa, M. Antioxidant activities of essential oils from some Portuguese Thymus 236 P2.16 Bettencourt da Silva, R. J. N.; Santosa, J. R.; Camões, M. F. G. F. C. Determination of pesticide residues in products of vegetable origin expression of results with uncertainty 239 P2.17 Martins, M. L.; Martins, H. M.; Bernardo, F. Risk assessment of mycotoxins in medicinal plants and tea (green and black tea) 242 P2.18 Da Silva, L. M. S.; Da Luz, D. A.; Miyake, T.; Nunes, G. S.; Ferreira, M. G. A. B.; Santos, T.C.R.; Filho, V.E.M.; Marques, E.P.; Nascimento, A.R.; Marques, A.B. Análises físico-químicas de polpas de frutos regionais produzidas na região meio-norte do Brasil - Município de Barra do Corda-Ma (resumo) 246 P2.19 Esteves, M. P.; Raymundo, A.; De Sousa, I.; Andrade, M. E.; Empis, J. Efeito da irradiação nas moléculas do amido de pimenta branca: estudos reológicos 249 P2.20 Soares, M. E.; Carneiro, C.; Bastos, M. L. Doseamento de mercúrio em papel 100 % reciclado (papel fluting) 253 P2.21 Calhau, L.; Ravasco, F. Pesquisa de antibióticos em leite pelo método DelvotestSP®. Efeito do operador e da idade dos microorganismos 256 P2.22 Penalvo, J. L.; Lino, C. M.; Silveira, M. I. N.; Matallana, M. C.; Torija, M. E. Loss of organochlorine pesticide residues during the preparation process of soymilk 259 P2.23 Rodrigues, A.; Figueiredo, J.; Silva, A. M.; Henriques, M.; Correia, P. Aplicação do sistema HACCP no processamento da manteiga 263 P2.24 Simões, N.; Felgueiras, I. Tocoferóis como subprodutos da indústria dos óleos 266 P2.25 Santos, S. M. D.; Vidal, M. M.; Varejão, J.; Conceição Costa, M. Pesquisa de pesticidas organoclorados em águas por SPME-GC-ECD 269 P2.26 Prado, M. A.; Godoy, H. E. Determinação de corantes artificiais em bebidas por CLAE 272 P2.27 Vicente, D.; Felgueiras, I.; Peito, A.; Catarino, M. Determinação de Ocratoxina A em cerveja 276 P2.28 Marques, J. C.; Rodrigues, S. M.; Câmara, J. S. Teores de carbamato de etilo em Vinhos Madeira 279 P2.29 Rocha, J. M.; Malcata, F. X. Changes in chemical parameters during breadmaking of Broa as compared with commercial cereals and breads 282 P2.30 Marina Martins, H. M.; Bernardo, F.; Martins, M. L. Produção de aflatoxinas por Aspergillus parasiticus ATCC 15517 em culturas mistas com Aspergillus candidus 285 P2.31 Pinto, M. A.; Rocha, A. M. M.; Estevinho, M. L. M. F. Comportamento de leveduras osmotolerantes 289 P2.32 Nunes da Costa, J. M.; Casqueira, J. Determination of nitrofurans in feeds by HPLC (resumo) 292 P2.33 Mendes, S.; Azevedo, D.; Fernandes, M. Dificuldades práticas na implementação de sistemas de autocontrolo em estabelecimentos de restauração colectiva 295 P2.34 Santos, A.; Tarnow, P.; Oliveira, C.; Silva, A. M.; Nabais, R. Traditional delicatessen and hurdle technology. Combined technologies system in semi-solid environment 298 Área Temática 3: Controlo de Qualidade Alimentar CONFERENCISTA CONVIDADO: Mielle, P. Rapid assessment of food quality 30 COMUNICAÇÕES ORAIS: Torres, M. E.; Fonseca, E.; Gomes, M. L.; Nóbrega, M. F.; Vidal, R. Desenvolvimento e validação de um método de PCR para detecção de tecidos de bovino em rações 305 Lorenzo, J. M.; Froufe, M.; Carballo, J.; Prieto, B.; Franco, I. Gross composition and physico-chemical parameters during the manufacture of dry-cured lacón, a Spanish traditional meat product 308 Reis Lima, M. J.; Fernandes, S. M. V.; Rangel, A. O. S. S. Sistemas de análise por injecção em fluxo (FIA) para a determinação colorimétrica de fósforo em leites 311 Fernandes, J. O.; Ferreira, M. A. Determinação de aminas biogénicas em vinhos e mostos por cromatografia gasosa/espectrometria de massa. Desenvolvimento de uma metodologia baseada num processo de derivatização bifásico com cloroformato de isobutilo 314 Duarte, A.; Barros, A.; Rocha, S.; Delgadillo, I. Estudo da interacção cortiça-vinho. Proposta de uma metodologia 318 Lopes, L.; Bernardo-Gil, M. G. Caracterização e extracção supercrítica de óleo das sementes da Cucurbita ficifolia 321 PAINÉIS: P3.01 Esteves, A.; Fontes, M. C.; Caldeira, F.; Saraiva, C.; Vieira Pinto, M. M.; Martins, C. Avaliação do estado de frescura do pescado 324 P3.02 Visentainer, J. V.; Godoy, H. T.; Rodrigo, R.; Catharino, R. R.; Franco, R .B. Avaliação físico-química, composição de ácidos graxos e quantificação dos ácidos graxos LNA, EPA e DHA em postas de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) produzidos em cativeiro 327 P3.03 Visentainer, J. V.; Godoy, H. T.; Rodrigo, R.; Catharino, R. R.; Franco, R. B. Composição de ácidos graxos e quantificação dos ácidos graxos LNA, EPA e DHA em cabeças de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) produzidos em cativeiro 330 P3.04 Gonçalves, A.; Tafula, J.; Alves, R.; Nunes, M. L. Alterações sensoriais e químicas da gamba (Parapenaeus longirostris) conservada em atmosfera dinâmica 333 P3.05 García-Linares, M. C.; García-Arias, M. T.; García-Fernández, M. C. The sensory quality of salmon prepared using cook-chill and “sous-vide” methods 336 P3.06 Moura, P.; Kára, A.; Carvalheiro, F.; Esteves, M. P.; Gírio, F. Evaluation of the prebiotic effect of different oligosaccharides by the intestinal flora of a young pig 339 P3.07 Leitão, A. L.; Guiomar, S.; Dos Santos Oliveira, J. F. Bioavaliability of mineral elements in bovine meats from national demarcated regions: a speciation approach 343 P3.08 Lavadinho, C.; Sousa, M. B.; Moldão-Martins, M. Influência da data de colheita na qualidade do mirtilo 346 P3.09 Sousa, M. B.; Curado, T.; Vieira, S. Características físicas, químicas e sensoriais de cultivares de mirtilo (Vaccinium sp) introduzidas em Portugal 349 P3.10 Galvis, A.; Avelar, M. L. M.; Morais, A. M. B. Effect of harvest date and delay of storage on L-ascorbic acid content of “Rocha” pear (resumo) 352 P3.11 Lemos, M. T. Aroma volatiles in French beans dependent on isolation technique 355 P3.12 Pablos, A.; Martínez, S.; López, M.; Bernardo, A. Vitamin C content as a function of maturity of “Morron pepper of Benavente-los-Valles” (Spain) 358 P3.13 Alcobia, E. M.; Beirão da Costa, M. L.; Moldão-Martins, M. Evolução da maturação do melão branco. Estabelecimento dos parâmetros de qualidade 360 P3.14 Martins, R. C.; Silva, C. L. M. Kinetics of frozen stored green beans (Phaseolus vulgaris, I.) quality changes: vitamin C, reduced sugars and starch 363 P3.15 Feliciano, R.; Ramos, A.; Bronze, M. R. Análise química e sensorial de nectares de pêra 366 P3.16 Sapata, M. M.; Ferreira, A.; Leitão, A. E.; Curado, T.; Andrada, L.; Antunes, C.; Candeias, M. Tratamentos osmóticos em ameixa. Cinética e processamento 369 P3.17 Fraga, A.; Bronze, M. R.; Candeias, M.; Vilas Boas, L. Contributo para o estudo da composição química do xarope utilizado na desidratação osmótica de damascos 372 P3.18 Soares, M.; Bronze, M. R.; Ferreira, A.; Sapata, M.; Leitão, A. E.; Andrada, L.; Candeias, M. Efeito do processo de desidratação osmótica na composição química de ameixa processada 375 P3.19 Piteira, F.; Sousa, I. A importância do teor em polpa de marmelo na textura da marmelada 378 P3.20 Garrido, E.; Gareca, S.; Capote, T.; Cordero, B.; Reyes, D. Physicochemical evaluation of traditional and dietetic marmalades (resumo) 381 P3.21 De Frutos Prieto, A.; Blásquez Abellán, G. El hidroximetilfurfural como parámetro de calidad de mieles mono y multiflorales (resumo) 384 P3.22 Herrera, F. C.; Martínez, S.; Feitosa, J. G.; Bernardo, A.; López, M. Heat resistance of Enterococcus faecium grown in different sodium chloride levels 387 P3.23 Martínez, S.; Feitosa, J. G.; López, M.; Bernardo, A. Heat resistance of Enterococcus faecium in different foods 390 P3.24 Villarino Rodríguez, A.; Martínez Rollón, S.; García Fernández, M. C.; García Arias, M. T. Sensory descriptive profiles of taste and aroma of raw and canned “Sahagún” leek 393 P3.25 Nobre, L. M. Relacionamento entre a análise sensorial de conservas de patés de sardinha realizada por um painel treinado e realizada por um painel de consumidores 396 P3.26 Assis, G.; Roseiro, L. B.; Barbosa, M. Actividade da fosfatase alcalina em leites de ovinos e caprinos de raças autóctones portuguesas, pelo método fluorimétrico 399 P3.27 Catharino, R. R.; Godoy, H. T. Otimização e validação de metodologia para a determinação de ácido fólico em leites enriquecidos por cromatografia líquida de alta eficiência 402 P3.28 Ferreira, I. M. P. L. V. O.; Mendes, E.; Torres, D.; Ferreira, M. A. Study of non-protein nitrogen fraction of cow’s milk and human milk 405 P3.29 Lima, J. A.; Godoy, H. T. Avaliação da estabilidade de ácido fólico em leites enriquecidos e esterilizados 408 P3.30 Batista, P.; Lopes da Silva, J. A. Correlação entre propriedades sensoriais e propriedades mecânicas e reológicas de queijos - Resultados preliminares com amostras de Queijo Rabaçal 411 P3.31 Calhau, L.; Campos, G.; Partidário, A. M.; Barbosa, M. Caracterização olfactiva de queijo São Jorge 414 P3.32 Campos, G.; Calhau, L.; Partidário, A. M. Análise sensorial de textura de queijo: avaliação do desempenho individual e global de provadores 418 P3.33 Mendes, E.; Ferreira, I. M. P. L. V. O.; Ferreira, M. A. Monitorization of free nucleotides in ewe and goat cheeses 422 P3.34 Silva, S. V.; Malcata, F. X. Monitoring primary proteolysis of ovine cheese-like systems manufactured with plant rennet 425 P3.35 Casal, S.; Judas, I.; Oliveira, M. B. P. P. Optimização de uma metodologia analítica de HPLC para a determinação de aminas biogénicas em café 427 P3.36 Fonseca, S.; Saraiva, J. A.; Coimbra, M. A. Efeito de tratamentos de alta pressão na cor e carga microbiológica de Pesto 429 P3.37 Galego, L. R.; Almeida, V. R.; Bento, F. J. A.; Teixeira, A. J.; Jesus, J. P.; Bronze, M. R.; Vilas Boas, L. Contributo para a caracterização da aguardente de medronho envelhecida 432 P3.38 Jordão, A. M.; Correia, A. C. Influência do tempo de maceração e processo de elaboração nas características cromáticas e sensoriais de licores de uva 435 P3.39 Moreira, N.; Mendes, F.; Bolat, I.; Guedes de Pinho, P.; Hogg, T.; Vasconcelos, I. Production of sulphur compounds during wine fermentation 439 P3.40 Guedes de Pinho, P.; Silva Ferreira, A. C.; Mahringer, I.; Gomez Benitez, J.; Hogg, T. Determination of carotenoid profiles in grapes, musts and fortified wines from Douro varieties of Vitis vinifera. Development of a HPLC method 441 P3.41 Rocha, S.; Ramalheira, V.; Barros, A.; Delgadillo, I.; Coimbra, M. A. Utilização da micro-extracção em fase sólida na quantificação de componentes voláteis de vinhos modelo. Efeito da composição da matriz 446 P3.42 Silva Ferreira, A. C.; Guedes de Pinho, P.; Rodrigues, P.; Costa Lima, R.; Hogg, T. Estudo da deterioração precoce dos vinhos brancos durante o envelhecimento 449 P3.43 Silva, H. R.; Segundo, M. A.; Rangel, A. O. S. S. Sistema de análise por injecção sequencial para a determinação de sulfatos em vinhos 452 P3.44 Silveira, D.; Ferreira-Dias, S.; Ribeiro, M. H. L. Removal of bitter compounds from orange juice by adsorption 455 P3.45 Oliveira, R.; Rodrigues, M. F.; Bernardo-Gil, M. G. Caracterização e extracção supercrítica de óleo de nozes 458 P3.46 Basto, A. I.; Santos, A. P.; Felgueiras, I. Desenvolvimento de um método de HPLC para determinação da Toxina T-2 em cereais 462 P3.47 Lourenço, P.; Esteves, M. P.; Carvalheiro, F.; Gírio, F. Isolation and characterisation of Arabinoxylans from wheat bran 465 P3.48 Moreira da Silva, A. A espectroscopia de Raman: aplicações em Ciência Alimentar? 469 P3.49 Lima, J. L. F. C.; Saraiva, M. L. M. F. S. Controlo de produtos alimentares em análise por injecção sequencial 472 Área Temática 4: Autenticidade dos Produtos Alimentares CONFERENCISTA CONVIDADO: Wilson, R. Spectroscopy of food systems: spectroscopic developments in food authenticity 39 COMUNICAÇÕES ORAIS: Naia, P.; Parreira, C.; Barros, A.; Nunes, A.; Mendo, S.; Coimbra, M. A. Caracterização química, organoléptica e espectroscópica de massas de Ovos Moles de Aveiro com vista à sua certificação - resultados do primeiro estudo 477 Cunha, S. C.; Fernandes, J. O.; Faria, M. A.; Ferreira, I. M. P. L. V. O.; Ferreira, M. A. Doseamento dos ácidos orgânicos em sumos e néctares para avaliar a sua autenticidade 480 Mota, P. M. M. A.; Varejão, J. M. T. B.; Costa, M. C. C. Determinação do perfil de di- e trissacarídeos de amostras de mel de diferentes regiões de Portugal 484 Teixeira de Lemos, E.; Castilho, M. C.; Figueirinha, A.; Silveira, M. I. N. Queijo de cabra português. Caracterização do perfil lipídico de um queijo curado 487 Matos, M. N.; Ramos, A.; Bronze, M. R.; Vilas Boas, L. Análise de vinhos moscatel: caracterização química e sensorial 491 PAINÉIS: P4.01 Miguélez, E.; Zumalacárregui, J. M.; Mateo, J. Cuantificación de los minerales y cenizas de la carne de lechazo de la indicación geográfica protegida “Lechazo de Castilla y León” 494 P4.02 Correia, A. C.; Carmo, M. Utilização de culturas “starter” no fabrico de chouriço de carne alentejano 496 P4.03 Galvis, A.; Morais, A. M. M. B. Phenolic compounds in “Rocha” pear after storage in controlled atmosphere (resumo) 499 P4.04 Vinha, A. F.; Andrade, P. B.; Silva, B. M.; Pereira, J. A.; Valentão, P.; Seabra, R. M.; Oliveira, M. B. Development of an HPLC/DAD method for determination of phenolic profile in portuguese olive fruits 502 P4.05 Guiné, R. P. F.; Castro, J. A. A. M. Evolução da humidade e da densidade durante a secagem artesanal de pêras 504 P4.06 Rocha, A. M.; Pinto, M.Â.; Baessa, H.; Carreira, M.C.; Estevinho, M. L. Estudo do mel de Trás-os-Montes 507 P4.07 Vaz, R.; Teixeira, F.; Correia, P. Recolha e caracterização do leite na Ilha Terceira 510 P4.08 Veloso, A. C.; Teixeira, N.; Ferreira, I. M. P. L. V. O.; Ferreira, M. A. Separação e quantificação das caseínas em leites e queijos de vaca, de ovelha e de cabra por RP-HPLC e por electroforese em gel de poliacrilamida 513 P4.09 Calhau, L.; Barbosa, M. O ácido benzóico como metabolito da fermentação em iogurte de leite de vaca e leite de cabra 515 P4.10 Pinho, O.; Ferreira, I. M. P. L.V.O.; Oliveira, M. B. P. P.; Ferreira, M. A. Aplication of the method of solid-phase microextraction (SPME) in the monitorization of volatile compounds profiles during ripening of “Terrincho” cheese 518 P4.11 Pinho, O.; Sousa, A.L.; Ferreira, I. M. P. L. V. O.; Oliveira, M. B. P. P.; Ferreira, M. A. Caracterização físico-química do queijo de ovelha “Terrincho” 521 P4.12 Pomar, E.; Gorostiza, A.; Tornadijo, M. E.; Fresno, J. M.; González-Prieto, J. Caracterização da D.O.P. queijo Zamorano: evolução do conteúdo de aminoácidos livres durante a maturação 524 P4.13 De Lemos, E.; Figueirinha, A.; Castilho, M. C.; Ramos, F.; Silveira, M. I. Avaliação do teor em minerais de queijo de cabra português 527 P4.14 Tavaria, F. K.; Franco, I.; Malcata, F. X. Evolution of free amino acids and soluble nitrogen in “Serra da Estrela” cheese 530 P4.15 Silva, F.; Torres, D.; Lopes, I.; Pereira, J.A.; Oliveira, M. B. P. P. Caracterização química de azeites da região de Trás-os-Montes com e sem Denominação de Origem Protegida (DOP) 533 P4.16 Silva, S.; Marques, D.; Gomes, M. L.; Leitão, F.; Vilas Boas, L. Azeites elementares de cultivares de Trás-os-Montes e Alto Douro: contribuição para a caracterização química 536 P4.17 Faria, M. A.; Ferreira Monteiro, F.; Ferreira, M. A. Autenticidade de mostos e discriminação de material vegetativo de Vitis vinifera pela análise de polimorfismos de ADN microssatélite 539 P4.18 Jordão, A. M.; Correia, A. C. Acidificação e desacidificação química de vinhos tintos da casta Touriga Nacional (Vitis vinifera L.): influência sobre as características físico-químicas e sensoriais 544 P4.19 Rocha, S.; Coutinho, P.; Barros, A.; Dias Cardoso, A., Delgadillo, I.; Coimbra, M. A. O papel dos compostos terpénicos e alcoóis aromáticos nas características de aroma das castas brancas Maria Gomes e Bical da Região Demarcada da Bairrada 548 P4.20 Rogerson, F. S. S.; De Freitas, V. A. P. Grape spirit aroma contribution to the complexity of a single varietal Port-Wine: Tinta Barroca 551 P4.21 Câmara, J.S.; Marques, J. C. A.; Alves, A. Optimização da SPME para a análise de compostos aromáticos no vinho Madeira 554 P4.22 Rocha, J. M.; Malcata, F. X. Chemical composition of Broa, a portuguese traditional sourdough bread 557 Área Temática 5 Inovação na Indústria Alimentar CONFERENCISTAS CONVIDADOS: Amaya, D. Carotenoids: sources, importance to human health and changes during food processing 49 ^ Velísek, J. Biologically active components in foods of plant origin 50 COMUNICAÇÕES ORAIS: Gonçalves, O.; Castro, I.; Teixeira, J. A.; Vicente, A. A. Comparative analysis of two strawberries varieties (Selva and Camarosa), considering their potential for industrial application using ohmic heating technology 561 Sousa, M. D. D.; Ferreira-Dias, S.; Moldão-Martins, M. Estabelecimento de metodologia de análise da oxidação dos lípidos do miolo de noz 565 Correia, A.C.; Da Fonseca, M.M.R.; Ferreira-Dias, S. Modelação da glicerólise de óleo de bagaço de azeitona catalisada pela lipase da Candida rugosa imobilizada em espumas de poliuretano 568 PAINÉIS: P5.01 Carvalho, A. P.; Malcata, F. X. Influence of the polarity of the derivatization medium on fatty acid assays in cod liver oil 572 P5.02 García-Linares, M. C.; García-Fernández, M. C.; García-Arias, M. T. Effects of “sous-vide” processing on the amino acid composition of trout fillets. Comparison with traditional cooking 575 P5.03 Gouveia, L.; Gomes, M.; Rema, P.; Pereira, O.; Empis, J. Carotenóides microalgais na alimentação de carpas Koi 578 P5.04 Pires-Cabral, P.; Da Fonseca, M. M. R.; Almeida, V.R.; Ferreira-Dias, S. Modelling the production of ethyl butyrate catalysed by Candida rugosa lipase immobilized in a polyurethane foam 581 P5.05 Matos, L. C.; Oliveira, M. B. P. P. Determinação dos tempos teóricos de congelação da sardinha congelada num túnel de banda transportadora em espiral. Verificação da temperatura no centro mássico do produto 584 P5.06 Morais, H.; Ramos, C.; Forgács, E.; Cserháti, T.; Gomes, L.; Matos, N.; Almeida, V.; Oliveira, J. Degradation of hydrocarbon carotenoids (ß-carotene) and oxygenated carotenoids (capsanthin, lutein and zeaxanthin) of hot red pepper stored in different environmental conditions 587 P5.07 Patrício, M. C.; Bronze, M. R.; Ferreira, A.; Candeias, M.; Vilas Boas, L. Estudo da composição em carotenóides presentes em fruta fresca e processada 590 P5.08 Vitorino, R. M. P.; Nunes, C. S. C.; Saraiva, J. A.; Coimbra, M. A. Efeito de tratamentos de alta pressão na actividade enzimática endógena de azeitonas 593 P5.09 Galvis, A.; Morais, A. M. B. Effects of controlled atmosphere on pectinmethylesterase activity and texture of “Rocha” pear 596 P5.10 Abreu, M.; Gonçalves, E. M.; Vieira, J.; Silva, C. L. M. Efeito dos tratamentos térmicos brandos na cor e textura da pêra Rocha minimamente processada 599 P5.11 Galvis, A.; Morais, A. M. B. Pectinmethylesterase and polyphenoloxidase activities in “Rocha” pear after controlled atmosphere storage 602 P5.12 Raymundo, A.; Nunes, M.; Sousa, I.; Empis, J. “Maioneses” de tremoço branco: uma alternativa às maioneses tradicionais? 605 P5.13 Nunes, M. C.; Raymundo, A.; Alves, M. M.; Sousa, I.; Empis, J. Efeito da concentração proteica nas propriedades físicas de geles de tremoço branco 609 P5.14 Porcú, O. M.; Rodriguez-Amaya, D. B. Goiaba (in natura) e produtos processados de goiaba como fonte de licopeno 613 P5.15 Guerreiro, M.; Ribeiros, P.; Carvalho, A. P.; Martins, A. N.; Figueira, A. C. O. L. Efeito da fertilização e tempo de armazenagem nos óleos essenciais de plantas aromáticas secadas 617 P5.16 Ferrazza, R. E.; Antunes, P. L.; Fresno Barno, J. M. Influência das misturas do leite bovino com “leite de soja” nos parâmetros físico-químicos, sensoriais e tecnológicos 620 P5.17 Neves, C.; Beirão da Costa, S.; Beirão da Costa, M. L.; Gouveia, J. M.; Moldão-Martins, M. Actividade antioxidante de óleos essenciais de Thymus mastichina e Mentha x piperita 624 P5.18 Rodrigues, J.; Ribeiro, M. A.; Moldão-Martins, M.; Esquível, M. M.; Bernardo-Gil, M. G. Actividade antioxidante da Mentha piperita em gorduras vegetais 627 P5.19 Brites, C.; Bagulho, A. S. Modificação das propriedades funcionais das farinhas através do melhoramento genético do trigo (resumo) 630 P5.20 Ramos, C.; Morais, H.; Forgács, E.; Cserháti, T.; Matos, N.; Almeida, V.; Oliveira, J. Extracellular enzymes utilised by the edible mushroom Pleurotus ostreatus for the breakdown of lignocellulosic wastes produced by agricultural industries 633 P5.21 Quintas, M; Silva, C. L. M. Characterization of traditional degrees of sugar boiling: hydromethylfurfural (hmf), 5-methylfurfural and 2-furaldheyde 636 P5.22 Rosa, J. C. P.; Ferreira-Dias, S.; Moldão-Martins, M.; Almeida, M. H. G. Desenvolvimento de novas formulações de recheio para bombons de chocolate 639 P5.23 Raposo, M. F. J.; Mendes-Pinto, M. M.; Morais, R. M. Desenvolvimento de novos alimentos funcionais contendo microalgas 642 Área Temática 6: Embalagem na Qualidade Alimentar CONFERENCISTA CONVIDADO: Bernardo, C. O lixo, as embalagens de plástico e a sociedade 44 COMUNICAÇÕES ORAIS: Vieira, S.; Sapata, M. M.; Sousa, M. B.; Andrada, L.; Antunes, C.; Moldão-Martins, M.; Beirão da Costa, M. L.; Candeias, M. Influência da embalagem e da composição da atmosfera no processamento mínimo de vegetais 649 Neves, C.; Figueira, M. E.; Andrade, I. Evolução dos teores de nitratos, nitritos e vitamina C em espinafres refrigerados em atmosfera modificada 652 Pintado, C. J. M.; García, M. J. B.; Santos, A. C. A. Parâmetros de qualidade pós-colheita de uva D. Maria conservada a 0°C e 90 % de humidade relativa e atmosferas modificadas 655 Ribeiro, J.; Vieira, J.; Lemos, M. A. N. D. A.; Lemos, F.; Empis, J. Transferência de calor num produto cárneo enlatado 659 De Mendonça, A. J. G.; Gonçalves, M. M. S.; Queiroz, J. A. Perfil protéico de dois queijos com a mesma marca e diferentes embalagens 662 PAINÉIS: P6.01 López, M. E.; Gonçalves, A.; Nunes, M. L. Conservação de gambas em atmosferas modificadas 665 P6.02 Sapata, M. M.; Vieira, S.; Sousa, M. B.; Andrada, L.; Antunes, C.; Moldão-Martins, M.; Beirão da Costa, M. L.; Candeias, M. Processamento mínimo de saladas. Efeito da embalagem na conservação 668 P6.03 Borges, M. T. M. R.; Godoy, H. T. Alterações pós colheita no teor de vitamina C (ácido ascórbico e desidroascórbico) em bananas climatizadas e não climatizadas 671 P6.04 Andrade, I.; Duthoit, M. R.; Anjos, M. G. Optimização das condições de conservação das maçãs Bravo de Esmolfe, utilizando atmosfera modificada 674 Conferências: Paul Gibbs (Leaderhead, U.K.) Manuel Coimbra (Universidade de Aveiro, Portugal) Patrick Mielle (INRA, Dijon, France) Reginald Wilson (IFR, Norwich, U.K.) Carlos Bernardo (Universidade do Minho, Portugal) Délia Amaya (Universidade Estadual de Campinas, Brasil) ^ Jan Velísek (Inst. Chemical Technology, Czech Republic) 21 Microbiological food safety Gibbs P. A., BSc, PhD, FIFST Cientista Convidado, ESB, UCP Introduction Foods may contain several different types of micro-organisms responsible for the manufacture of that food, e.g. yoghurt, cheese, fermented meats, survivors of the processing regimes, e.g. spore-formers, or adventitious contaminants, including viruses and protozoa, from the raw food or the processing environment. Some of these organisms if allowed to grow and multiply, may eventually result in spoilage, while others may result in a food-borne infection or intoxication of the consumer, ‘food poisoning’. The microbiological safety of foods is a major concern of Governments and the European Commission since millions of working days are lost each year within the EU, and there are many deaths every year that could be avoided. The causative agents of food-borne infections are mainly Gram-negative bacteria, viruses and protozoa, whilst food-borne intoxications are mainly caused by Gram-positive bacteria. Several intoxications are also caused by fungal metabolites, the mycotoxins. Prevention of infections or intoxications is achieved by elimination of contamination of the food by correct growing, harvesting, processing and packaging procedures, and by the appropriate formulation and storage of the food with respect to preservation parameters, to minimise the potential for growth of micro-organisms. Statistics of food poisoning Most of the cases of food poisoning are unreported, even in countries that have sophisticated medical and reporting systems. Only if the patient reports to a medical practitioner, the practitioner investigates the causative organism by referring samples to a laboratory, and reports the findings to a central agency, will the statistics for food poisoning in a country be representative of the true status of food safety. In some food-borne infections or intoxications the symptoms are mild or of relatively short duration (24-48 hours). In other cases the medical practitioner may not investigate the causative agent or not report to the authorities. ESB UCP 22 If the symptoms are sufficiently severe to hospitalise the patient, then the case is more likely to be recorded. The severity of symptoms can therefore distort the true picture of food safety in a country. In the UK, the Food Standards Agency report (2000) estimated that only 3 % of cases of intestinal disease were presented to general medical practitioners in England in 1995; the total number of cases was estimated to be 9.4 million. In the past 3 years the annual number of notified cases of food poisoning averaged 90,500. The annual cost of food-borne infections and intoxications in England was estimated to be in excess of £750M. In contrast, Portugal recorded only 885 cases in 1995, rising to 1411 in 1998. The major causative agents in England and the UK generally, were Campylobacter, Salmonella, and viruses, whilst in Portugal, botulism, Staph. aureus and Salmonella spp. were responsible for the major recorded cases. In other countries the major causative agents are often related to the food consumption habits of the population and the public policies regarding the control of food-poisoning organisms, e.g. consumption of raw or only lightly processed fish in Japan, and the virtual elimination of salmonellae from food animals in Sweden. Food-borne pathogens Infectious agents The Gram-negative food-poisoning bacteria, which include species of the genera Salmonella, Campylobacter, Yersinia, Shigella, Vibrio, Aeromonas and Plesiomonas, are those which cause a food-borne infection of the gastro-intestinal tract. They share some common symptoms of infection, namely diarrhoea, in some cases mild fever, but rarely vomiting, although the typhoid/paratyphoid infections are serious systemic infections of several tissues, including blood. Symptoms of diarrhoea occur 24 to 72 hours after ingestion of viable cells, but symptoms of typhoid/paratyphoid are usually delayed for 7–28 days. The food vehicles for these organisms are generally animal foods, e.g. poultry and eggs and products for salmonella infections, shellfish for Vibrio infections, pork and other meats for Yersinia infections. However, several other foods have also been implicated, e.g. chocolate and cheese and other dairy products for Salmonella and Yersinia outbreaks, estuarine waters for cholera, fruit juices for verotoxigenic E. coli, etc. The Gram-negative food-borne infectious organisms share a number of common features of the mechanisms of infection. After ingestion of an infectious dose of cells, specific attachment to susceptible host cells (intestinal epithelial cells) occurs, ESB UCP 23 followed by invasion of or internalisation into these cells, and liberation of an enterotoxin intracellularly that interferes with one or more functions of the host cell. V. cholerae however, does not invade host tissues but secretes cholera toxin into the lumen of the GI tract that affects intestinal cells. One such effect of enterotoxins is on adenyl or guanyl cyclase, producing increased levels of cyclic AMP or GMP, resulting in rapid fluid exsorption from the host cells, producing more or less fluid loss as diarrhoea. Virulence factors detected in several of these organisms include adhesins, a variety of ‘invasins’, siderophores (for complexing iron in particular), enterotoxins, etc. In some of these organisms, bacterial-host cell signalling has been shown to occur. In particular, after adhesion, surface components appear transiently on attached Salmonella cells. These components trigger both a Ca+2 influx into the mammalian cell and also a re-arrangement of the cytoskeleton of actin filaments within the host cell adjacent to the attached bacterial cell. The result is that the attached Salmonella cell is taken up by the mammalian cell, and once safely inside the cell, enclosed within a protective vacuole, the host cell reverts to its normal state with respect to the alterations in cell membrane and internal actin filaments. Similar adhesion and invasion sequences have been described in Campylobacter, Yersinia, Shigella and Vibrio spp. (except V. cholerae which does not invade intestinal epithelial cells). E. coli serotype O157:H7 is one very important strain of those E. coli strains that cause intestinal disease syndromes. These strains include enteropathogenic (EPEC), enterotoxigenic (ETEC), enteroinvasive (EIEC), entero-haemorrhagic (EHEC), etc., types. All types produce symptoms of diarrhoea, which may be mild as in ‘traveller’s diarrhoea’, or much more serious as in infections with EHEC strains, including O157:H7 strains. EHEC strains produce haemorrhagic toxins cytotoxic for monkey kidney (Vero) cells and are related to the Shiga toxin. This Verocytotoxin (VT) causes bloody diarrhoea lasting from 4 to 10 days or longer. The symptoms may also progress to haemorrhagic uraemic syndrome (HUS) resulting from kidney failure. About one third of all cases infected with O157:H7 require hospitalisation and half the HUS patients require blood dialysis and/or transfusions, while the case fatality rate from this syndrome can be 5 % or greater. Whilst the precise mechanisms of toxicity are still not clear, adherence of the organisms to intestinal cells has been demonstrated, but invasion occurs only with a limited number of types of host cells. The major reservoir for human infections is cattle and beef products, but the organism is particularly acid tolerant and infections have been reported from fruit and fruit juices, the trees or orchards in most cases having been fertilised with animal manure/slurry. ESB UCP 24 In contrast to the above food-borne infectious organisms, the important food-borne pathogen Listeria monocytogenes is Gram-positive and causes serious non-enteric infections of susceptible individuals. Listeriosis results from invasion of the blood and lymphatic systems, the symptoms of infection being septicaemia and meningitis, especially in the immuno-compromised, and abortion of foetuses. The case fatality rate is considerably higher (20-30 %) than from food-borne gastro-intestinal infections. The organism is frequently present in several foods, especially those eaten raw or minimally processed, e.g. milk and dairy products, particularly soft cheeses, meats, fresh vegetables and products such as coleslaw, etc. Infection of host cell tissues, follows translocation across the intestinal cells into the blood system or into macrophages in which listeriae can survive and replicate. Listeriae can invade a wide variety of host cells, evading detection and destruction by the host cell immune defence system. A considerable number of virulence factors of L. monocytogenes have been elucidated in the recent past, including internalisation factors, listeriolysin responsible for escape from the intra-cellular vacuole, actin polymerisation responsible for movement within the host cell, and (unknown) means for spreading between host cells. Microbial intoxications In contrast to the infectious Gram-negative bacteria, most of the Gram-positive bacteria produce food-poisoning by specific extracellular toxins, are not invasive of host cells, although morphological damage to host cells may occur. Some of these bacterial toxins are produced in the food prior to consumption, e.g. botulinal toxin, Staph. aureus enterotoxins, B. cereus emetic toxin, while others are generally synthesised within the GI tract during growth of the organism there and may be regarded as ‘toxico-infections’, e.g. Cl. perfringens enterotoxin, B. cereus enterotoxin. With the exception of the botulinal toxins, these toxins cause either an emetic response within a short time (few hours) of ingestion, or a diarrhoeic response 12 –24 hours after ingestion. The enteric toxins are usually eliminated from the host within 24-72 hours. Botulinal toxin however, has little or no effect on the GI tract, rather it paralyses the voluntary nerve-muscle junctions by interfering with the release of acetylcholine from the terminal nerve cell. Mycotoxins Certain species of moulds produce secondary metabolites when growing on foodstuffs, particularly plants. Some of these mycotoxins are among the most carcinogenic compounds known, and at the same time are extremely resistant to destruction. ESB UCP 25 Production of the toxins generally occurs during growth of the plant in the field or during poor storage conditions of the crop. Consuming mycotoxin-contaminated feedingstuffs can contaminate animal tissues or products, e.g. milk and dairy products. A large number of mycotoxins are now known and characterised, many being carcinogens or which the aflatoxins were the first recognised and studied, but several other syndromes are known, e.g. kidney necrosis by ochratoxin A, acute cardiac distress caused by citreoviridin, tremorgenic responses by several mycotoxins and mould species. The mould genus Fusarium seems to produce some of the most toxic mycotoxins generally in poorly stored grain, e.g. alimentary toxic aleukia caused by T-2 toxin, immunotoxicity resulting in either stimulation of the immune system leading to auto-immune diseases or lowering of immune functions leading to increased susceptibility to infections. The mycotoxins of the fusaria are also among the most resistant natural organic compounds known, requiring strong oxidising conditions to destroy them. Control of food poisoning organisms The general principles of control reside in a combination of three precepts, namely elimination or reduction of contamination, destruction of the contaminant by suitable processing, and inhibition of the growth and metabolism of the contaminant. The principles of Hazard Analysis, Critical Control Points (HACCP) embody these precepts if applied throughout the food production process, from raw material production through to final processing, packaging and storage. Contamination of raw material with potential pathogens can be minimised by suitable husbandry practices and further reduced by primary processing before entry to the food production area. Examples are growing of vegetables, fruits and shellfish in clean environments (i.e. not contaminated with faecal material), washing of produce, depuration of shellfish or presentation of clean animals to the abattoir. Destruction of pathogens during processing is most readily accomplished by suitable heat treatments, e.g. appropriate pasteurisation or canning. Inhibition of growth can be achieved by: - proper chill storage (although some food-poisoning organisms, listeriae, yersinias, non-proteolytic strains of Cl botulinum, are psychrotrophic); - pH adjustment by an appropriate acidulant, as in acidified sauces or pickles; - addition of specific food preservatives (e.g. nitrite in cured meats); - reduction of water activity (by drying or addition of salt or sugar); - gas- or vacuum-packaging, - or combinations of two or more of these factors. ESB UCP 26 However, considerable care must be exercised in using some combinations of these factors, as for example reduced water activity will increase considerably the heat resistance of vegetative microbes. Also several of the pathogens are facultatively anaerobic, and may grow rather more readily in vacuum or modified atmospheres as a result of inhibition of certain food spoilage organisms. However, encouraging the growth of lactic acid (spoilage) bacteria in atmospheres low in oxygen content, can result in further inhibition of growth of pathogens. Care must also be exercised when formulating acidified sauces pickles and mayonnaise. Traditionally these are acidified with acetic acid but there has been a trend towards using acids with a milder flavour, e.g. citric acid. However, this acid is much less antimicrobial than acetic acid. This problem has also been exacerbated by the trend towards chilling such products shortly after manufacture; kept at room temperature for 24 hours after manufacture allows the acetic acid to kill any pathogens, whereas chilling prevents the uptake of the acetate ion through the inactive cell membrane. Modifications in the levels of curing agents for meats can also lead to problems with the survival and growth of Cl. botulinum, the antimicrobial interaction between salt and nitrite being particularly effective in preventing growth and toxin production. Similarly, lowering the levels of phosphates, increasing pH values and the moisture content of processed cheeses can also lead to problems with anaerobic spore-formers. In summary, before any changes in the source of raw materials, the formulation or processing or final packaging and storage of a foodstuff are to be made, very careful thought must be given to the potential outcomes of those changes with regard to food safety, as is required in the application of HACCP within a food processing plant. ESB UCP 27 Química de polissacarídeos - Aplicações na área alimentar Coimbra M. A. Departamento de Química, Universidade de Aveiro, 3810 Aveiro Os polissacarídeos são polímeros constituídos por unidades de monossacarídeos unidas entre si por ligações glicosídicas. Podem ser constituídos por um ou por vários tipos de monossacarídeos, formando cadeias lineares ou ramificadas. A frequência das ramificações, o tamanho das cadeias laterais e o tamanho das cadeias principais podem apresentar grande variabilidade. Esta heterogeneidade nas estruturas dos polissacarídeos confere-lhes propriedades químicas e físicas responsáveis pelas propriedades dos alimentos que os contêm. No Departamento de Química da Universidade de Aveiro encontram-se em curso vários trabalhos de caracterização de polissacarídeos com vista à compreensão e optimização das propriedades dos alimentos. Os polissacarídeos das paredes celulares da azeitona têm sido estudados para avaliar o efeito do amadurecimento e processamento do fruto na textura da azeitona de mesa e para o aproveitamento da fibra do bagaço de azeitona. Os polissacarídeos das paredes celulares da pêra de S. Bartolomeu têm sido estudados para compreender e optimizar o processo de secagem da pêra passa de Viseu e a origem das suas características reológicas e mecânicas. Os polissacarídeos das paredes celulares da graínha de uva e da rosa mosqueta têm sido estudados para implementar processos de extracção de óleos de sementes com sistemas enzimáticos em meios aquosos. Os polissacarídeos dos vinhos da Bairrada têm sido estudados para compreender o efeito das tecnologias de vinificação nas características de limpidez e aroma e o estudo dos polissacarídeos do café tem permitido compreender a origem e o controlo da estabilidade da espuma do café expresso. Os polissacarídeos presentes nas paredes celulares da azeitona contribuem para a textura do fruto. Com o amadurecimento e o processamento dos frutos são introduzidas alterações na sua estrutura que alteram a sua textura final. A manutenção de tecidos firmes e agradáveis organolepticamente está assim dependente da identificação e controlo destas alterações. A Figura 1 mostra as propriedades mecânicas da azeitona em três estados distintos de maturação. ESB UCP 28 O aumento da compressibilidade da polpa e o aumento da força necessária para a perfurar com o amadurecimento é seguido por um aumento da separação das células, observado por SEM (Figura 2) e por uma diminuição do teor em polissacarídeos (Figura 3). Numa primeira fase, os polissacarídeos degradados são os polissacarídeos pécticos e glucuronoxilanas; numa fase de maturação mais avançada, a degradação também ocorre ao nível das xiloglucanas e da celulose (Mafra et al., (2001) Physiol. Plant., 111, 439-447). Figura 1 Ensaios mecânicos à polpa da azeitona em 3 estados de maturação Figura 2 SEM das células de parênquima da polpa da azeitona em 3 estados de maturação a) Verde. b) Cerejada. c) Preta. Figura 3 Composição em polissacarídeos das paredes celulares da polpa da azeitona em 3 estados de maturação Os polissacarídeos do vinho são essencialmente polissacarídeos pécticos, arabinogalactanas e manoproteínas. Estes polímeros são os responsáveis pelo “corpo” do vinho, conferindo-lhe uma ligeira viscosidade. A utilização de enzimas pécticas de clarificação origina, em alguns casos, vinhos com menor limpidez. ESB UCP 29 No entanto, a limpidez aumenta quando os mostos são submetidos a maceração pelicular. O isolamento e caracterização de vinhos vinificados de acordo com diferentes metodologias permitiu observar que tal acontece quando as enzimas de clarificação causam ruptura preferencial das cadeias laterais dos polissacarídeos pécticos (constituídas por arabinose e galactose). Estes polímeros (Figura 4), ao serem desramificados, formam estruturas mais lineares (Figura 5) que tendem a agregar e a tornar o vinho menos límpido. A poligalacturonase das películas das uvas, ao clivar as cadeias de ácido galacturónico dos polissacarídeos pécticos, torna-os mais solúveis, evitando a sua precipitação e consequente diminuição da limpidez do vinho. Figura 4 Estrutura de um polissacarídeo péctico Figura 5 Estrutura de um polissacarídeo péctico após a degradação enzimática com enzimas pécticas ESB UCP 30 Rapid assessment of food quality Mielle P. I. N. R. A. Laboratoire de Recherches sur les Arômes, 17 rue Sully, F - 21065 DIJON CEDEX Introduction Now the consumers demand products of quality. A new trend in the food industry is to relate the overall quality of food to aroma quality. Aromas, flavours and odours are estimated or measured by using reference methods : sensory analysis (human evaluation) or instrumental analysis (separative techniques). Use of Flavour Sensors for global analysis is a promising alternative. The consumers requirements Taste is becoming a fashion trend. Since the “glorious” decades which followed World War II, and during which increase of the production of foodstuffs was the sole purpose, the consumer has again become a centre of interest for the Food Industry, mainly in Europe. The strawberry is getting gradually more savoury. The main actors of the Food Industry are quite aware of that trend; after “low calorie” food, the biofoods, taste, terroir and bouquet are taken more and more into consideration. This tendency was supported by the consumer’s distrust concerning the origin of meat. Currently he demands to know what he is eating. However, terroir, tipicity and tastes of the old times, like children’s memories of happy days spent with Grandma, are not sufficient. Tangible evidence of the presence of the typical aromas which remind us that the taste did exist formerly, is needed. Quality control, especially for foodstuffs must include a control step of the aroma quality of the final products. That step is also compulsory to establish the certificate of quality. From there, everything becomes more complicated… The developement of new methods The traditional methods used for the characterisation of the food aromas are very accurate, but costly and time-consuming. The new technology of the so-called “Electronic Noses” encounters many problems to come out from research laboratories to plants [1]. It enables the on-line detection of drift or a defect in a process or in a ESB UCP 31 discrete product, but in most cases does not identify either the nature or the origin of this defect. Nevertheless, it is potentially very useful because it should allow production to stop automatically when a process drifts too much from a predefined standard, thus avoiding production waste or, even worse, product rejection by consumers. The technique has a wide range of potential applications in the food and other industries, and more of them may emerge in the future. Food industry applications - Quality assurance of raw and manufactured products - Monitoring of cooking and fermentation processes Table 1 Actual and prospective applications of Electronic Olfactometers - Monitoring microbiological activities during shelf life - Process monitoring (mixing, flavouring, blending, etc.) - Study of food storage, freshness control, ageing, etc. - Evaluating the maturation and ripening of wine, cheese, meat products, etc. - Monitoring product–packaging interactions - Time-intensity measurements of aroma release from foodstuff Other applications - Controlling air conditioning systems in buildings (sensors tests air quality and admits fresh air when required) - Automotive industry (in-vehicle alcohol breath analysers; control of air conditioning) - Detection of volatile pollutants, monitoring environmental air quality - Home cooking appliance control - Cosmetics industry - Tobacco industry - Medical applications (medical diagnosis help tools) Beside these applications, either at-line, on-line or using discrete samples, food companies have additional requirements such as time-intensity measurements of the aroma release from the product: Aroma formulation is closely related to the matrix composition. If there is any change in the matrix (i.e.: low fat or low-cal products), the aroma release will be significantly different and obviously also the perception of the consumer… This is due to changes in both the partition coefficients, and the availability of aroma compounds to regenerate the gas/matrix interface. Time-intensity measurements (T/I) are performed by sensory analysis or separative methods (GC couplings). Both methods only permit the acquisition of discrete points on the curve (1 experiment is required per point). The current method for monitoring the equilibration uses intensively GC with static headspace, it also requires the injection of a new sample for each point in the time-course sequence and is for that reason intensively time-consuming. It allowed to estimate the partition, the mass transfer coefficients, and global binding affinity. ESB UCP 32 The alternative method uses Metal Oxide gas sensors, which are directly fed by the static headspace, using a special sampling system and a very low flow-rate [2]. In that case, the headspace can be considered as quasi-static, because the headspace is only displaced, leading to a very low dynamic extraction. Current ‘electronic nose’ technologies could perhaps most accurately be defined as aroma sensors, but should not be confused with gas chromatography or sensory analysis. Like the human sensory system, these electronic odour-detection systems incorporate sensors (which are conceptually analogous to human olfactory receptors), and a data-processing system (which conceptually simulates the brain). Just as humans do not need to identify consciously each different constituent of an odour in order to recognize it, ‘electronic noses’ operate by recognizing the pattern of components. Gardner and Bartlett [3] defined an ‘electronic nose’ as: ‘an instrument, which comprises an array of electronic chemical sensors with partial specificity and an appropriate pattern recognition system, capable of recognising simple or complex odours’. To this first definition, it is mandatory to include the sampling, which is the less reliable part of a system. However, it must be stressed that the systems currently available do not work in the same way, nor detect the same constituents, as the human nose does. Even though we can expect the use of such systems to produce interesting and useful results, especially in the food industry, it is important to remember that they are complementary to, not substitutes for, traditional separative or sensory analysis methods that are recognized by all laboratories. They provide rapid results, but have only midrange precision. Although they will not replace traditional methods, they will make it possible to resort to traditional methods only when required, in the case of a defect that needs to be examined further. To obtain the correct classification of samples and to characterize small variations in a production process, the ‘electronic nose’ system needs a database built from past sample measurements determined using same the instrument, together with external information describing the quality or identity of the sample. Thus the system requires, at least at the beginning, sensory analysis to be used as a reference method to describe or classify the samples. The detection threshold of the human nose varies according to the individual and the compound. Thresholds are typically between 1000 ppm and <1 ppt [4]. Usually they are determined in liquid or gas phases. Although the absolute detection threshold of gas sensors should in theory be very low – only a few molecules are required to react with the sensitive elements – in practice, it is closer to the ppm or tenth of a ppm range (measured in the vapour phase). ESB UCP 33 The basic principle of an Electronic Olfactometer Let’s provide some background information on the functioning of systems. A sample is characterised using sensors. Before this, target or reference products were measured by using the same technique, and profiles were introduced to build the product database. Then, a classification is done by comparison between the sample and the library patterns. So, the problem is to limit the sensors drift as much as possible in order to maintain a correct search in the library. Gas sensors can only handle volatile compounds. The generation of volatile compounds from a sample is quite simple to understand, by using an hedonic comparison. Tasting the aromas of a wine or an old brandy is obtained by gently turning liquid aliquots in a tasting glass warmed in your hand. The released aromas are appreciated by sniffing. This is the principle of the static head-space used in the systems, the only difference being the replacement of the tasking glass by laboratory vessels, that of your hand by an oven or a water bath, and that of your nose by sensors! The shape of the vessel, the respective volumes of liquid and gaseous phases, stirring and equilibration acts on the concentration of volatile and therefore influence tasting. The Partition Coefficient (or Partial Vapour Pressure in the case of a mixture) represents the ratio of the molar concentration in the vapour phase to that of the original products. It is related to: temperature, equilibration time, nature of the substrate, pressure… When all the parameters are kept constant, it is related to the nature and volatility of the compound. A summarised History of Electronic Olfactometers In the beginning was the human being. A human nose was provided as a standard equipment with any item. This human (whatever female or male), was directly derived from the mammalian family and was classically living in a three-dimensional world. In the 70’s, a Japanese researcher discovered and commercialised a gas sensor (TGS sensor) [5]. Then, generations of researchers went on enlarging a range of diverse gas sensors for application fields very far from the original purpose. So the “Electronic Nose” was born! The second generation of systems involved different kinds or sensors, included in homogeneous or heterogeneous arrays. The main advantage of using arrays is to get a better database. Semiconducting gas sensors exhibit a weak selectivity [6]. Figure 1 shows the response of three types of TGS sensors for four chemicals. It can be noticed that all sensors respond to each stimulus, but with different ratios (the maximum selectivity being near 10 : 1). So, to get a pattern -or ‘fingerprint’-, they must be used in arrays, containing from 4 ESB UCP 34 Figure 1 Relative selectivity of sensors in an array to 32 sensors having a partially different selectivity [7]. Besides the better selectivity of such arrays, they lead in addition of redundant information, very useful in case of a sensor failure. Some sensors, such as polymers or radiofrequencies sensors, have an improved selectivity but they must also be used in arrays, to detect a wide range of chemicals, encountered in food products. Currently, most arrays are made of discrete sensors, except for some micromachined Metal Oxide Sensors and for most of the polymers sensors (either conducting or carbon black) which are highly integrated Figure 2 Typical plot of a multisensor system, and usable data (pattern) ESB UCP 35 (near 30 sensors) on a substrate of few square millimeters [8]. The major information is provided by the depth of the array (number of useful sensors). The data processing software used to build the database products only takes in account the maximum response of each sensor -or a mean of responses inside a user-definite window- and use this as a one bar per sensor bar graph. So, nevertheless these systems gave a 3dimension plot (time, intensity and number of sensors), only two dimensions (intensity & number of sensors) were usable (Figure 2). It is possible compact the database by selecting only representative points on the graph. Our team proposed a 15 selected points representation which is very close to the initial graph (1,000 points per curve). The discrete time scale is drawn as the Z-axis on the bargraph shown in Figure 3. Figure 3 Typical plot of a multisensor system, using all selected data We demonstrated that it is possible to use only one sensor to emulate an array. This can be achieved by modulating the working temperature of the sensitive element, and provides a ‘Virtual Sensor Array’. The interest of temperature programming by means of fuzzy logic has been described for integrated sensors to get more sensitivity and selectivity and to reduce the sensitivity to moisture and others interferents [9]. It is very important to calibrate the sensors frequently – as is the case for any measurement instrument – either to perform quantitative analysis or pattern recognition [10]. If this important calibration step is neglected, the result is inconsistent cluster analysis, and hence inconclusive results. For industrial applications, a ‘smart’ sensor system is really required, which would involve embedding intelligent functions such ESB UCP 36 as factory in-situ calibration [11]. Repeatability can be improved in most of cases by compensating for changes in the sensor response by software calibration or by the use of a formal neural network. One problem with calibration is the lack of long-term sample composition references or standards in the food area. Such references are available for perfumes, which can be stored for long periods at low temperatures, but food reference standards experience major modifications over time owning to microbiological or enzymatic activities, which are only partially inhibited by deep freezing [12]. Moreover, it is difficult – or too complex – to simulate all the properties of food products by synthetic solutions, and the use of pure compounds or mixtures is not adequate to calibrate a system for the measurement of real products. Conclusion Currently, the main limitation of such systems is the lack of a means of checking the performance. Traditional sensory or separative analytical methods for characterising volatile compounds have been developed that are codified, reproducible, normalised and certified, and can thus be used as routine methods. There is now a need to create and prescribe a standard method for characterising systems based on gas sensors. The Food industry demands formal specification for system selectivity, sensitivity, repeatability and sample throughput. Most of these parameters are directly related to the headspace generation from the samples, which are only available in the condensed phase. It is to be noted that, dealing with the sample throughput, the main part of the analysis time is spent on headspace equilibration and recovery or cleaning time [13]. High accuracy demands that the baseline recovery before starting a new analysis must be within ± 2 %. This avoids any distortion due to baseline cumulative steps in a logarithmic region [14]. The release of heavy compounds may pollute the sensors cell and tubing. The cleaning may long up to 40 min. for low volatility compounds [15]. In the beginning was the human being. Systems called the “Electronic Noses” have been greatly promoted in the last years and even during last months. The systems are dealing with virtual dimensions, when the human is classically living in a three-dimensional world. But the consumer, in every application field of such systems, is ever the last and the only deciding person (may be with a slight restriction for pet food). Finally Man remains still superior to all systems… ESB UCP 37 Acknowledgments The authors wish to thank Dimitri Langlois and R. “Bob” Almanza for developing the custom data acquisition software Pinocchio. Special thanks to Ch. Pijolat and C. Testud (ENSMSE, St Etienne, France) for making custom sensors. The development of a new system by INRA is financially supported by a French Departmental ‘Saut Technologique’ programme in collaboration with Moët & Chandon Champagnes and ring test are supported by the European Community project FAIR3 CT97-3516 “ASTEQ - Artificial Sensing Techniques for Evaluating Quality”. References [1] MIELLE P. (1996) “Electronic Noses”: towards the objective instrumental characterisation of food aroma, Trends In Food Science & Technology, Flavour Perception Special Issue 7, issue 12, 432-438. [2] MIELLE P., JUTEAU A., FOURNIER N, GUICHARD E., Flavour sensors solves the timeintensity measurements. Proceedings of 8th ISOEN conference, 20-25 March 2001, Washington DC, USA, Electro Chemical Society. [3] J.W. GARDNER, P.N. BARTLETT, A brief history of Elecronic Noses, Sensors & Actuators B, vol.18, no; 1-3, pp. 211-220, 1993. [4] REINECCIUS G., Off-Flavors in Food, Critical Reviews In Food Science and Nutrition, vol. 29, issue 6, 381-40. [5] TAGUCHI N. (1971) Method for making a gas-sensing element. United States Patent, 3, 625-756. December 7. [6] Figaro Gas Sensor data book, FIGARO engineering inc., Osaka, Japan. [7] AISHMA T. (1991) Aroma discrimination by pattern recognition analysis of responses from semiconductor gas sensor array. J. Agric. Food Chem. 39, 752-756. [8] P.I. NEAVES AND J.V. HATFIELD (1995) A new generation of Integrated Electronic Noses, Sensors & Actuators B 26-27, 223-231. [9] JONDAS S. et al (1996) Temperature control of semiconductor metal oxide gas sensors by means of fuzzy logic, in Sensors & Actuators B 34 , 1-5. [10] HAUGEN J.-E., TOMIC O. & KVAAL K., A calibration method for handling the temporal drift of solid state gas-sensors, Anal. Chimica Acta 2000, 407, 1-2, 23-39. [11] MIELLE P., 1995, Flavour Sensors become smart…,. Proceedings of 2nd ISOEN conference, 2-3 Oct. 1995. Toulouse, France, Alpha-MOS, Toulouse. ESB UCP 38 [12] BURENS I., Goûteurs de chocolat: les précieux arômes des cacaos fins, Proceedings of 8 th Rencontres Scientifiques & Technologiques des Industries Alimentaires AGORAL, 4-6 nov. 1995, Dijon, France. Lavoisier Tec & Doc, France. [13] MIELLE P., MARQUIS F., LATRASSE C., Electronic Noses: specify or disappear. Sensors & Actuators B 69, 3 (2000), 287-294.. [14] STETTER J.R., 1998. Review of metal oxide and electrochemical odor sensors, Proceedings of 5th ISOEN conference, 27-30 Sept. 1998, Hunt Valley, Maryland, USA. [15] WÜNSCHE L.F. et al, 1998. Olfactometry and electronic noses: an objective comparison of sensitivities between gas sensors and the human nose, Proceedings of 5 th ISOEN conference, 27-30 Sept. 1998, Hunt Valley, Maryland, USA. ESB UCP 39 Spectroscopy of food systems: spectroscopic developments in food authenticity Wilson R. H., Colquhoun I. J., Le Gall G. and Kemsley K. Institute of Food Research, Norwich Research Park, Colney, Norwich NR4 7UA, United Kingdom Spectroscopic techniques have been widely used in food research for many years. Techniques such as nuclear magnetic resonance (NMR), mid-infrared (MIR) and nearinfrared (NIR) spectroscopies have been used for a range of basic and applied problems such as structure determination, molecular dynamics, compositional analysis and authentication (e.g.1, 2, 3, 4). Although technical developments continue apace, arguably it has been the combination of chemometric methods with spectroscopic data that have led to a most significant expansion of interest in the use of spectroscopic methods. The range of applications is now too diverse to be covered in a single presentation, so this paper will deal with newer developments in authenticity and chemical profiling. Food authenticity and the detection of adulteration have been important topics in food research for some time with attention focused on products such as coffee, olive oil, wine and fruit juice. In many cases a number of candidate methods have been developed and some have been commercialised and are being used every day to combat food fraud. Although spectroscopic methods are included, the majority of techniques do not use such methods but determine the concentration of a specific marker compound or a range of compounds. This may involve subjecting a sample to a large number of individual chemical tests which can be time consuming and expensive. This can severely limit the number of samples measured and cause delays in production. However, one spectroscopic technique that has been highly developed is site-specific nuclear isotope fractionation NMR (SNIF-NMR). This has become a major tool for the determination of the geographical origin of a number of key products such as wine but it is an expensive and complex technique. High resolution NMR is potentially an attractive chemical profiling method since it is possible to obtain, in a single analysis, information on a very large range of compounds within a sample. The spectra of fruit juices are dominated by signals of sucrose, glucose, fructose and citric acid (central region of Figure 1) but expansion of these regions shows signals from many more compounds (Figure 2). ESB UCP 40 Figure 1 High resolution 1H NMR spectrum of orange juice contains quantitative information on at least four different classes of compound: phenolics, sugars, organic acids and amino acids Figure 2 Expanded amino acid regions of 1H NMR spectra of orange juice and pulpwash The level of detail is very high and many peaks can be assigned to specific compounds. Many more compounds are detectable than are measurable by conventional analyses. In the example illustrated in Figures 1 and 2 the spectra are of typical pure orange juice and a pulpwash extract. The addition of pulpwash to orange juice is a major problem in food authenticity and some methods have been developed using certain marker compounds to detect the presence of pulpwash in commercial samples. However, it is obvious that NMR has the potential to measure a very large number of compounds. ESB UCP 41 This can be useful in two ways. Firstly, the entire spectrum can be used as the basis for authenticating the sample. This requires the use of chemometric methods such as discriminant analysis based on principal components or partial least squares data reduction methods. These methods require the use of quite large datasets to contain the full range of natural variability in composition resulting from variety, geographical differences and natural compositional variation. Using principal component analysis is it possible to separate the group of pure orange juice spectra from those of pulpwash. Using supervised methods such as discriminant analysis it is then possible to set up a protocol for establishing the authenticity of any unknown sample. However, detailed examination of the results of such analyses can also be useful for identifying new potential marker compounds. For example, in orange juice, examination of the principal components loadings showed that peaks corresponding to dimethylproline (DMP) were a major factor in discriminating between orange juice and pulpwash (5). In this case, the final solution to the problem may not be spectroscopic: simpler and cheaper methods may be used to determine DMP and other markers but the identification of such markers is certainly expedited through the use of spectroscopic methods. Other examples where NMR is making an impact using its ability to measure a range of compounds include fruit purees, coffee and meat. However, the combination of NMR and chemometrics is such a powerful way of detecting differences between samples that a whole new range of applications is being pursued in support of work in the identification of disease through the analysis of body fluids and in the chemical profiling of materials for detecting the consequences of, for example, genetic modification. The ability to screen large numbers of samples and to identify those with unusual composition is very important in ensuring there are no unforeseen changes in potentially harmful or beneficial constituents in genetically modified crops. NMR is also a very important technique in metabolomic studies. Infrared spectroscopy has, perhaps, had a longer association with chemometric analysis and, particularly in the near infrared region, has been widely used for quantitative analysis. It is one of the most widely investigated methods for food authenticity but has never reached full commercial use. One reason is that there can be some difficulty in basing legal challenges on methods using multivariate statistics where there is usually some degree of error built-in. For legal enforcement marker compound methods are preferred particularly where the presence of a marker compound unambiguously indicates the presence of an adulterant. ESB UCP 42 However, methods such as Fourier transform infrared spectroscopy have been developed and trialled for routine, rapid screening of samples such as the fruit purees used in jam production (6-7). A system has been developed that uses attenuated total reflectance as the sample presentation method and which integrates the data collection and subsequent chemometric analysis into an easy to use package. The system can be programmed to interrogate a database and to provide the user with a pass/fail result (Figure 3). In conclusion, spectroscopy is of increasing importance for food analysis and is able to provide solutions to problems at various levels from fundamental studies in the research environment to potential applications for use within the food industry. Figure 3 Output from a semi-automated fruit puree-screening test using Fourier transform infrared spectroscopy. Spectrum collected from sample is displayed. Analysis using a partial least squares regression-based method shows that sample is not a raspberry puree as claimed ESB UCP 43 References 1. R. H. WILSON, EDITOR VCH NEW YORK (1994), Spectroscopic methods for food analysis 2. R. H. WILSON AND H. S. TAPP (1999), Mid infrared spectroscopy for food analysis: recent new applications and relevant developments in sample presentation methods, Trends in Anal. Chem. 18(2) 85-93 3. I. J.COLQUHOUN AND M. LEES (1988), Nuclear magnetic resonance spectroscopy, in Analytical Methods of Food Authentication, Volume 2 36-75 Eds P.R.Ashurst and M.J.Dennis. Chapman and Hall 4. O. AL JOWDER, F. CASUSCELLI, M. DEFERNEZ, E.K. KEMSLEY, R.H. WILSON AND I. J. COLQUHOUN (2001), High resolution NMR studies of meat composition and authenticity in “Magnetic resonance in food science”, Eds G.A.Webb, P. S. Belton, A. M. Gil and I. Delgadillo. Royal Society of Chemistry p232-238. Other papers in this book are of interest 5. G. LE GALL, M. PUAUD AND I. J. COLQUHOUN (2001), Discrimination between orange juice and pulpwash by 1H nuclear magnetic resonance spectroscopy: identification of marker compounds, J.Agric.Food Chem., 49, 2, 580-588 6. J. K. HOLLAND, E. K. KEMSLEY AND R. H. WILSON (1998), Use of Fourier transform infrared spectroscopy and chemometrics for the detection of adulteration of strawberry purees, J. Sci. Food Agric.76(2) 263-269 7. E. K. KEMSLEY, J. K. HOLLAND, M. DEFERNEZ AND R. H. WILSON (1996), Detection of adulteration of raspberry purees using infrared spectroscopy and chemometrics, J.Agric. Food Chem. 44, 3864-3870 ESB UCP 44 O lixo, as embalagens de plástico e a sociedade Bernardo C. A. Universidade do Minho Ao longo da sua história a humanidade explorou os recursos naturais sem quaisquer limites, a não ser os que derivavam da maior ou menor capacidade de, em cada época, os extrair e processar. Igualmente sem limites parecia ser a capacidade da terra absorver e transformar os resíduos que resultavam da utilização desses recursos, nomeadamente os materiais. Com o tempo, e o aumento exponencial da população do planeta, a situação começou a alterar-se. A natureza dos materiais funcionais foi-se modificando também. À pedra e à madeira seguiram-se a cerâmica, o vidro e os metais. A partir de meados do século XIX surgiram as borrachas e, 50 anos depois, os materiais plásticos, que tiveram um desenvolvimento explosivo durante o século XX. Produzem-se actualmente cerca de 150 milhões de toneladas de plásticos por ano, o que corresponde, nos países industrializados, a um consumo de 50 a 200 kg por habitante. Para além disso, a formulação dos plásticos têm-os tornado progressivamente menos susceptíveis à degradação por processos naturais. Por exemplo, nos últimos 25 anos, a estabilidade das fibras de polipropileno à radiação ultra-violeta aumentou 11 vezes. Como seria de esperar, os antigos métodos de eliminação, baseados nos elementos naturais, têm-se revelado incapazes de lidar com a quantidade e a qualidade dos lixos modernos. Em resultado disto, a consciência dos limites da natureza e do problema dos resíduos da actividade humana tornou-se aguda nas últimas décadas. Os materiais poliméricos ocupam um lugar particular no contexto ambiental. Os plásticos são já, em termos de volume, os constituintes principais do lixo das sociedades modernas. Para além disso, o seu papel predominante em produtos não reutilizáveis, nomeadamente embalagens alimentares, aumenta-lhes a visibilidade e a percepção de poderem causar impactos ambientais negativos. Projectar e fabricar peças para serem utilizadas uma única vez parece a muita gente um desperdício irrazoável de materiais de qualidade, que agrava cumulativamente o problema da eliminação global de lixo. Os materiais plásticos tornaram-se, assim, perante a opinião pública, um dos principais responsáveis da poluição ambiental na forma de resíduos sólidos. ESB UCP 45 Esta percepção sensibilizou a classe política, o que se tem traduzido em legislação limitativa da utilização de plásticos. A resolução do problema, contudo, não é simples. Por um lado, a redução do peso de material já foi levada aos limites do aceitável. É o caso, por exemplo, dos sacos de supermercado que, não raras vezes, atingem o limite de cedência logo na primeira utilização. Por outro lado, a reutilização de peças em plástico também não é fácil. Consideremos, por exemplo, o caso das embalagens alimentares. Em primeiro lugar, o reduzido valor intrínseco da material, não motiva os consumidores a conservá-las. Em segundo lugar, a baixa densidade aparente, torna oneroso para as empresas o armazenamento e transporte. Finalmente, a lavagem e a esterilização, para além do custo, podem induzir a degradação do material. A reciclagem aparece, por isso, como a alternativa possível para resolver o problema do impacto ambiental dos plásticos. Podem ser considerados 4 níveis de reciclagem de materiais poliméricos. A reciclagem primária, realizada nas empresas transformadoras de plásticos, que utilizam resíduos de produção, canais de alimentação gitos, etc., limpos e pouco degradados, para produzir peças com boas especificações, em princípio idênticas às das peças que lhes deram origem. A reciclagem secundária, em que se recupera material a partir de resíduos urbanos, agrícolas, ou industriais, pós-utilização, quase sempre contaminados. É a este conceito que a opinião pública normalmente associa o termo reciclagem. A reciclagem terciária, em que se obtêm produtos químicos por pirólise ou decomposição química e biológica, essencialmente a partir de lixo urbano e agrícola. O tratamento por compostagem pode ser incluído neste nível. A reciclagem quaternária, em que se produz energia por incineração, essencialmente a partir de lixo urbano. A reciclagem de materiais poliméricos, à excepção da primária, surge, assim, como uma parte do problema mais global do tratamento do lixo. Nos países da União Europeia e nos Estados Unidos, o lixo recolhido é predominantemente depositado em aterros sanitários. As outras formas de tratamento têm ainda uma posição secundária, embora a incineração seja já a opção principal em alguns países. No Japão, por exemplo, mais de 70 % do lixo é incinerado. É nesta óptica, portanto, que tem de ser considerado o tratamento dos materiais plásticos após a sua utilização normal. Ou seja, como o resto do lixo, os resíduos destes materiais são, no essencial, ou enterrados ou queimados. A reciclagem primária, normalmente designada por reprocessamento, não se insere neste contexto, por ser uma praticada normalmente na indústria transformadora, em quantidades de que só se pode ter uma ideia aproximada, mas que são seguramente muito significativas. ESB UCP 46 Em termos médios, 4 a 7 % dos plásticos processados por extrusão, 3 % dos plásticos calandrados, 5 % dos rotomoldados e 12 % dos moldados por injecção são reprocessados. A percentagem de resíduos varia obviamente com as condições de processamento. Na moldação por injecção, por exemplo, quanto maior fôr o número e menor o tamanho das cavidades dos moldes, maior será essa percentagem que, em certos casos, pode atingir 50 % do polímero original. Tendo em conta a produção anual de plásticos, pode estimar-se que, no mínimo, 10 milhões de toneladas serão reprocessados em cada ano. Para além do valor do material, na ordem dos milhares de milhões de EUROs, isto significa que alguns milhões de toneladas de resíduos não constituirão um impacto ambiental. Para manter a qualidade das peças produzidas, a reciclagem primária obriga normalmente à trituração dos resíduos num granulador e à sua mistura com polímero virgem. Obriga igualmente que o reciclado não contenha corpos estranhos, nem seja misturado com polímeros de natureza diferente. De qualquer forma, em cada processamento ocorre inevitavelmente degradação molecular, devido a reacções termooxidativas no equipamento de transformação, que aumentam com a temperatura e as tensões de corte no fundido. Para as mesmas condições operacionais, a degradação aumentará também com o tempo, ou seja, com número de vezes que o polímero fôr reprocessado. A degradação pode conduzir a alterações de diversas propriedades, como a cor, as propriedades mecânicas e a estabilidade dimensional. A importância destas alterações diminuirá se aumentar a quantidade de polímero virgem misturada com o reciclado. É, por isso, importante para a optimização do processo produtivo saber prever a quantidade de máxima de resíduos que pode ser adicionada na alimentação, sem diminuir o valor das propriedades críticas abaixo de um determinado nível, em função do número de ciclos de processamento. Estão publicados na literatura algoritmos capazes de fazer essa previsão para muitas propriedades, obedecendo a diferentes leis de misturas. Com esses algoritmos é possível gerir de forma adequada e com vantagens económicas a reciclagem primária, diminuindo, ao mesmo tempo, o impacto ambiental da indústria transformadora de plásticos. Como se disse acima, a situação da reciclagem secundária não é tão animadora. Por um lado, o preço do petróleo, que determina, no essencial, o custo dos polímeros de grande consumo, é relativamente baixo. Mesmo com os aumentos verificados recentemente, enquanto estiver abaixo dos 40 US$ por barril, o petróleo será, descontada a inflação, mais barato que em 1973. Em consequência disto, o preço daqueles polímeros tem-se mantido constante nos últimos anos, limitando drasticamente a competitividade dos materiais reciclados. ESB UCP 47 Por outro lado, os plásticos recuperados do lixo estão em geral contaminados com outros materiais ou misturados, em proporções variáveis, com outros plásticos, frequentemente incompatíveis, o que torna a sua separação e limpeza difícil e cara. Em resultado disto, os produtos produzidos a partir deles, ou têm especificações baixas, ou têm que ser processados em equipamentos e/ou com formulações específicas, o que diminui ainda mais a sua competitividade. Existem, contudo, nichos de mercado com interesse para a reciclagem de plásticos pós-utilização, por exemplo, quando se conseguem obter materiais não misturados nos resíduos sólidos urbanos, de uma só natureza e com baixo nível de contaminação. É o caso do PET reciclado a partir de garrafas de refrigerantes, que pode ser utilizado para produzir vestuário para exterior de boa qualidade. Se a recolha selectiva destes resíduos envolver a participação do público, nomeadamente de jovens em idade escolar, a contribuição do processo para a educação cívica e ambiental constituirá ainda um benefício adicional significativo. Acresce que a legislação sobre resíduos actualmente adoptada na União Europeia favorece este tipo de reciclagem, quer por via impositiva, quer por incentivos directos. Assim, a conjugação de factores económicos, ambientais e sociais viabiliza a reciclagem secundária, cuja importância é já significativa em alguns países, nomeadamente na Alemanha, Suíça e Dinamarca. A decomposição de plásticos por pirólise ou por reacções químicas e biológicas a partir de lixo urbano e agrícola não tem importância nos países da União Europeia e nos Estados Unidos. Em contrapartida, a compostagem tem alguma expressão nos sistemas de tratamento de resíduos sólidos desses países. Contudo, não é normalmente possível reciclar plásticos por esta via. Contudo, nos últimos anos têm sido colocadas no mercado embalagens de plástico, nomeadamente sacos de polietileno, que se podem degradar a anidrido carbónico e água em algumas semanas, através de aditivos que catalisam a acção de agentes biológicos naturais. Estes plásticos poderiam em princípio, ser tratados em instalações de compostagem. Em qualquer caso, embora tenham um potencial interessante e sejam objecto de um esforço significativo de investigação e desenvolvimento, os plásticos biodegradáveis constituem apenas uma pequena parte da solução do problema do impacto ambiental. Como se disse atrás, resíduos de plástico pós-utilização são, no essencial, ou enterrados ou queimados. O principal problema deste resíduos, como o do lixo em geral, é o volume que ocupam, que é grande e que cresce todos os anos. A incineração a altas temperaturas permite reduzir este volume em cerca de 90 %, constituindo uma solução com a mesma dimensão do problema. Permite também tratar resíduos de todo o tipo e adicionalmente produzir energia. ESB UCP 48 Os plásticos, cuja combustão pode libertar 20 a 45 MJ/kg, aumentam a capacidade calorífica do lixo e maximizam a produção de energia. A incineração, contudo, exige um elevado investimento inicial, necessita de uma alimentação em grande escala e, sendo um sistema aberto, implica um risco sério de poluição ambiental, sobretudo gasosa. É necessário, por isso, um controlo estrito das emissões, o que, sendo hoje tecnicamente possível com as tecnologias disponíveis, tem sempre custos e dificuldades de gestão inerentes. Neste aspecto, os plásticos constituem um problema adicional, por darem facilmente origem a agentes específicos de poluição gasosa, nomeadamente HCl e NOx. Por estas razões, é difícil encontrar locais para a instalação de incineradoras, sendo sempre de prever uma forte reacção das populações. A reciclagem quaternária surge, assim, para muitos, como um mal necessário, a usar só quando não existam alternativas socialmente mais aceitáveis, como os aterros sanitários. No final do século XX mais de seis mil milhões de seres humanos ocupavam a superfície do planeta. Os recursos necessários para lhes garantir um nível de vida minimamente aceitável implicam a utilização de mais e mais eficazes tecnologias. A sustentabilidade desta opção passa necessariamente por considerar que essa eficácia terá também de ser medida em termos ambientais. Com uma ponderada aplicação dos conhecimentos já disponíveis os materiais plásticos podem dar um contributo decisivo para garantir essa sustentabilidade. Bibliografia FRONTIERS IN THE SCIENCE AND TECHNOLOGY OF POLYMER RECYCLING, editado por Güneri Akovali, C. A. Bernardo, Jacob Leidner, L. A. Utracki, Marino Xanthos, NATO ASI Series E: Applied Sciences - Volume 351, Kluwer Academic Publishers, Dordrecht (1998). ESB UCP 49 Carotenoids: sources, importance to human health and alterations during food processing Rodriguez-Amaya D. B. Departamento de Ciência de Alimentos, Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, C. P. 6121, 13083-970, Campinas, SP, Brasil Carotenoids are well known for their role as natural colorants and for the provitamin A activity of some of them. More recently, carotenoids have drawn considerable attention for being among the phytochemicals often mentioned as responsible for a lowered risk for degenerative diseases such as cancer, cardiovascular diseases, cataract and macular degeneration. The possible mechanisms for these health benefits will be discussed, relating functions/actions to structures. Sources of carotenoids shown to be important to human health (e.g. β-carotene, α-carotene, lycopene, lutein, zeaxanthin) will be cited. Geometric isomerization and enzymatic and non-enzymatic oxidation of the highly unsaturated carotenoid molecules will be discussed, pointing out the consequences and the factors that stimulate or diminish carotenoid losses during processing and storage of foods. The effect of processing on bioavailability will also be addressed. ESB UCP 50 Biologically active components in foods of plant origin ^ Velísek J. Department of Food Chemistry and Analysis, Institute of Chemical Technology, Technická 1905, 166 28 Prague 6, Czech Republic Abstract Two different groups of phytochemicals occurring in alliaceous and brassica vegetables (i.e. S-alk(en)yl-L-cysteine sulfoxides and glucosinolates) are shortly reviewed and basic reaction mechanisms of their decomposition to biologically active products are outlined. Some other important groups of phytochemicals will be discussed. Introduction There has been an explosion of consumer interest in the healthm enhancing role of specific foods or physiologically active food components, so-called functional foods. Many plants as well as animal foods have been linked with physiological benefits. Overwhelming evidence indicates that a plant-based diet contains components other than traditional nutrients that show antimicrobial and antioxidative properties and can reduce the risk of certain chronic diseases, particularly cancer. Traditionally popular foods of plant origin include fruit (e.g. citrus fruits, cranberry, grapes), vegetables (e.g. garlic, broccoli), oilseeds (soya beans, flaxseed), various spices and herbs etc. Several classes of biologically active plant chemicals, now known as phytochemicals, have been recognized. Several types of phytochemicals can have both beneficial and detrimental effects (glucosinolates, estrogens). This work focuses on vegetables of the genus Allium (garlic, onion and leek) and Brassica (broccoli, Brussel sprouts, cabbage and other cruciferous vegetables and condiments) and their specific components (i.e. S-alk(en)yl-L-cysteine sulfoxides and glucosinolates) and physiologically active products arising by their decomposition. Material and Methods S-alk(en)yl-L-cysteines, their sulfoxides, glucosinolates have been ether synthesized or isolated from reliable sources. All the other chemicals used were commercial products. The employed analytical methods and procedures have been recently described (1-6, 8). ESB UCP 51 Results and Discussion Intact S-alke(en)yl-L-cysteines and their sulfoxides belong to the most important secondary metabolites in plants of the genus Allium and Brassica. Free amino acid S-methyl-L-cysteine sulfoxide, sometimes trivially called methiin, appears to have very wide distribution in plants. S-allyl-L-cysteine sulfoxide (alliin) and (E)-S-(1-propenyl)L-cysteine sulfoxide (isoalliin) are well known free amino acids mainly associated with garlic and onion, respectively. S-propyl-L-cysteine sulfoxide (propiin) is a major constituent of onion while S-ethyl-L-cysteine sulfoxide (ethiin) was recently found (1) as a new minor constituent of some garlic varieties (Table 1). Vegetable Methiin Ethiin Alliin Isoalliin Propiin 0-traces garlic 500-1260 0-traces 4810-11840 traces onion 350 52 52 500 63 leek 40 traces traces 176 traces chive 320 5 21 310 66 cabbage 2060 - - - - Brussel sprouts 3180 - - - - broccoli 2080 - - - - cauliflower 2450 - - - - Table 1 Content of S-alke(en)yl-L-cysteine sulfoxides in common Allium and Brassica species in mg/kg fresh weight S-alk(en)yl-L-cysteines and their sulfoxides are the precursors of powerful and unusual flavours of many alliaceous and brassica vegetables and precursors of various biologically active substances. For example, alliin in garlic decomposes by the action of alliinase to diallylthiosulfinate known as allicin. Allicin has the characteristic flavour of fresh garlic and shows antibacterial effects. It is further converted to various sulfides (anticarcinogenic effects) and ajoenes (inhibition of platelet aggregation). In model experiments, a total of 37 compounds generated from methiin were identified (2). Among the compounds identified 24 sulfur-containing volatiles were present. A total of 57 volatile compounds, of which 50 were sulfur-containing ones, were identified in models with alliin (3). Thermal degradation of isoalliin leads to the formation of a very limited number of volatile products as only 4 volatiles were generated at significant levels (7). A total of 53 volatile compounds generated from propiin were identified (4). Among them, 23 sulfur-containing volatiles were present. Glucosinolates represent one of the well-defined secondary plant metabolites distributed in the Brassica plants. They are decomposed by the action of myrosinase to physiologically active isothiocyanates, nitriles, oxazolidine-2-thiones and other compounds. It has been proven that isothiocyanates formed from certain aliphatic glucosinolates showed antimicrobial activity (e.g. allyl isothiocyanate from sinigrin in mustard seed) and ESB UCP 52 a variety of isothiocyanates have been shown to prevent cancer. Attention has been focused to on a particular isothiocyanate from broccoli, known as sulforaphane (arising from glucoraphanin, Table 2). Isothiocyanates are very reactive compounds. For example, those arising from indole glucosinolates decompose to various indoles and strumigenic thiocyanate ions. Degradation of glucobrassicin in neutral media leads (via skatylisothiocyanate) to indole-3-methanol (5) that reacts with ascorbic acid to yield ascorbigen. Both compounds have been found to be engaged in the induction of enzymes metabolising xenobiotics and may reduce cancer risk by modulating estrogen metabolism. Allyl isothiocyanate (formed from sinigrin) has strong antimicrobial effects. It decomposes to a variety of compounds of which at least ten have been identified (8). For example, allyl thiocyanate, allyl amine, carbonyl disulfide and diallyl sulfide are the major transformation products of allyl isothiocyanate in neutral media. Many other products arise by reaction of allyl isothiocyanate with amino acids (7) and other vegetable constituents and have mostly unknown biological effects. Table 2 Content of individual glucosinolates (in mg/kg) in selected brassica vegetables Vegetable Glucosinolate 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 125 - 15.3 - 128 - 12.5 13.5 70.6 - - - Cabbage (white) 35.8 1.9 5.7 - 24.8 - 2.4 11.9 - - - 1.2 Brussel sprouts 475 11.9 49.9 9.7 120 40.3 - 50.4 8.9 - 27.6 7.5 - - - 51.9 24.7 55.0 12.1 - 46.5 - - Cauliflower Broccoli 2.6 12 1 = sinigrin, 2 = gluconapin, 3 = progoitrin, 4 = napoleiferin, 5 = glucobrassicin, 6 = 4-hydroxyglucobrassicin, 7 = neoglucobrassicin, 8 = 4-methoxyglucobrassicin, 9 = glucoiberin, 10 = glucoraphanin, 11 = glucocheirolin, 12 = gluconasturtiin References 1. KUBEC R., SVOBODOVÁ M., VELÍSEK J.: J. Agric. Food Chem. 48, 428 (2000). 2. KUBEC R., DRHOVÁ V., VELÍSEK J.: J. Agric. Food Chem. 46, 4334 (1998). 3. KUBEC R., VELÍSEK J., DOLESAL M., KUBELKA V.: J. Agric. Food Chem. 45, 3580 (1997). 4. KUBEC R., DRHOVÁ V., VELÍSEK J.: J. Agric. Food Chem. 47, 1132 (1999). 5. HRNÈIØÍK K., VALUSEK J., VELÍSEK J.: Food Chem. 63, 349 (1998). 6. CEJPEK K., VALUSEK J., VELÍSEK J.: J. Agric. Food Chem. 48, 3560 (2000). 7. VELÍSEK J., CEJPEK K., KUBEC R.: unpublished results. 8. PECHÁÈEK R., VELÍSEK J., HRABCOVÁ H.: J. Agric. Food Chem. 45, 4584 (1997). Acknowledgement The work was supported by the Ministry of Education and Youth (CEZ: J19/98: 223300004). ESB UCP Área temática 1: Química e Estrutura de Alimentos (estrutura vs. propriedades funcionais) 55 Influência dos polissacarídeos na estabilidade da espuma do café expresso – estudo de três cafés comerciais de diferentes origens Nabais H. N.1, Nunes F. M.1,2 e Coimbra M. A.1 1 2 Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Aveiro Departamento de Química, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real O café expresso é uma bebida bastante apreciada em todo o mundo, quer pelas suas características organolépticas, quer pelo seu poder estimulante. Para além da cor, do aroma e do corpo, um dos requisitos igualmente exigíveis numa chávena de café expresso é a presença de uma espuma cremosa e persistente no topo da bebida. A espuma é apreciada pelo aspecto visual que confere à bebida e desempenha um papel relevante na retenção dos aromas volatilizados reduzindo a sua emissão para a atmosfera (Illy e Viani, 1995). A estabilidade da espuma do café expresso está relacionada com a quantidade de polissacarídeos extraídos (Nunes et al., 1997). Os polissacarídeos do café expresso são maioritariamente galactomananas (2/3) e arabinogalactanas (1/3). De acordo com Nunes et al. (1997), a origem botânica do café assim como o grau de torra influenciam a quantidade de galactomananas que são extraídas para a bebida, tendo-se estabelecido uma correlação entre a extracção de galactomananas para a bebida e a estabilidade da espuma. Neste trabalho foram analisados três cafés comerciais de diferentes origens geográficas (Colômbia, Arabica lavado; Manaus, Arabica não lavado; e Mussulo, Robusta), disponíveis no mercado pela marca comercial Delta Cafés©. Para a preparação da bebida utilizou-se uma máquina de café expresso comercial em que as condições de temperatura e pressão da extracção se mantiveram a 72°C e 9 bar, respectivamente. Para cada amostra foram pesados à décima da mg, em quintuplicado, 6,0 g de café torrado e moído. O café foi extraído até se obter 40 mL. O material de alto peso molecular (HMWM) foi obtido por concentração, diálise e liofilização. A gordura dos extractos liofilizados foi extraída em Soxhlet com éter de petróleo (Nunes, 1998) e a análise dos açúcares neutros do HMWM foi realizada por cromatografia de gás (Coimbra et al., 1996). A estabilidade da espuma (FS) do café expresso foi definida, segundo Nunes et al. (1997), como o tempo (em segundos) que a fase líquida por debaixo da espuma leva a aparecer durante o arrefecimento, à temperatura ambiente, utilizando um copo de 50 mL. ESB UCP 56 O café Manaus apresentou a maior FS, seguido do Mussulo e do Colômbia (Tabela 1), todos significativamente diferentes uns dos outros (t-Student, p=0.05). Tabela 1 Estabilidade da espuma e composição polissacarídica do HMWM dos café expresso. Origem a FS (s) HMWMa Mana Gala Araa Poliss. Tot.a 26,6 Colômbia 69 41,4 13,5 7,61 2,51 Mussulo 167 36,3 11,3 8,56 3,19 27,6 Manaus 239 39,9 15,3 9,97 3,76 31,1 mg/g de café seco e desengordurado. A percentagem de HMWM isolado foi maior para o café Colômbia, depois para o Manaus e por último o Mussulo. A manose é o açúcar mais abundante do HMWM, seguindo-se a galactose e a arabinose (Tabela 1). As suas abundâncias relativas confirmam a presença de galactomananas e arabinogalactanas como os principais polissacarídeos do café expresso. O HMWM do café Manaus (78%) e o do Mussulo (76%) eram mais ricos em polissacarídeos do que o do Colômbia, que só apresentava 64%. Exprimindo os resultados da massa de polissacarídeos totais por massa de café seco e desengordurado (Tabela 1), verifica-se que o café Colômbia, apesar de ser o mais rico em HMWM, não era o que possuía maior quantidade de polissacarídeos. A variação na quantidade de polissacarídeos totais do café expresso tem a mesma tendência da variação da estabilidade da espuma (Figura 1). Figura 1 Variação da estabilidade da espuma e dos polissacarídeos totais do café expresso de diferentes origens. Estabilidade da espuma Polissacarídeos totais Os resultados sugerem que a estabilidade da espuma do café expresso está relacionada com a quantidade total de polissacarídeos extraídos e retidos no HMWM, mesmo quando se comparam cafés diferentes com graus de torra comerciais. Mostram também que a quantidade total de manose e a quantidade de HMWM isolado, por si só, não permitem explicar as diferenças registadas na estabilidade da espuma. Tal como ESB UCP 57 verificado por Nunes et al. (1997) com cafés experimentais torrados em laboratório, a estrutura das galactomananas presentes na bebida parece ser determinante para a estabilidade da espuma do café expresso. Referências COIMBRA, M. A.; DELGADILLO, I.; WALDRON, K. W.; SELVENDRAN, R. R. Isolation and Analysis of Cell Wall Polymers From Olive Pulp. In: Modern Methods of Plant Analysis, vol. 17, Plant Cell Wall Analysis, 1996, ed. Linskens, H.-F. and Jackson, J. F. Springer, Berlin Heidelberg, 19-44. ILLY, A.; VIANI, R. Espresso Coffee: The Chemistry of Quality, Academic Press, London, 1995. NUNES, F. M. Isolamento e Caracterização dos Compostos Macromoleculares do Café Verde e Torrado, Tese de Mestrado, Universidade de Aveiro. 1998. NUNES, F. M.; COIMBRA, M. A. Influence of Polysaccharide Composition in Foam Stability of Espresso Coffee. Carbohydr. Polym. 1998, 37, 283-285. NUNES, F. M.; COIMBRA, M. A.; DUARTE, A. C.; DELGADILLO, I. Foamability, Foam Stability, and Chemical Composition of Espresso Coffee As Afected by the Degree of Roast. J. Agric. Food Chem. 1997, 45, 3238-3243. ESB UCP 58 Grânulos de amido - matrizes de retenção de compostos de aroma Lopes da Silva J. A., Castro S. e Delgadillo I. Departamento de Química, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro – Portugal Introdução As interacções entre compostos responsáveis pelo aroma e constituintes macromoleculares são importantes para as propriedades sensoriais de determinado alimento. No caso dos polissacarídeos, a sua capacidade de retenção de aroma é caracterizada por uma grande variabilidade, dependendo da natureza da macromolécula e dos compostos voláteis. Podem ocorrer diferentes mecanismos de interacção e retenção, incluindo adsorção ou formação de complexos de inclusão, ou então, um efeito de “salting out”, levando a um aumento da libertação1,2. Neste trabalho, estudou-se a retenção/libertação de compostos voláteis, em sistemas modelo amido/emulsionantes. Avaliou-se o efeito da simples hidratação e da gelatinização do amido, da sua concentração e o efeito da presença de dois tipos de emulsionantes, com diferente capacidade de complexação com o amido. Materiais e Métodos Estudaram-se vários compostos de aroma, seleccionados entre aqueles descritos como representativos do aroma de farinhas de cereais e de produtos de panificação3. Os resultados aqui apresentados referem-se apenas a aldeídos, com diferente polaridade. Os emulsionantes escolhidos foram o estearoílo-2-lactilato de sódio (SSL) e a lecitina. As dispersões de amido de trigo foram preparadas a partir de uma dispersão pré-gelatinizada a 2 % (m/m), por agitação orbital durante 16 h. Para preparação de géis, as dispersões hidratadas foram aquecidas a 95°C durante 10 min. A adição dos compostos de aroma foi efectuada após o período de hidratação à temperatura ambiente. A técnica utilizada para quantificar a libertação destes compostos foi a micro- 1 Langourieux, S.; Crouzet, J. Lebensm. -Wiss. u.-Technol. 1994, 27, 544-549 Rutschmann, M.A.; Heiniger, J.; Pliska, V.; Solms, J. Lebensm. -Wiss. u.-Technol. 1989, 22, 240-244. 3 Seitz, L.M.; Chung, O.K.; Rengarajan, R. Cereal Chem. 1998, 75(6), 847-853. 2 ESB UCP 59 extracção em fase sólida4, seguida de cromatografia em fase gasosa com detecção por FID. A caracterização das dispersões e géis de amido, com e sem emulsionantes, efectuou-se recorrendo a métodos reológicos, em regime oscilatório. Resultados e Discussão De um modo geral, verificou-se que a libertação dos compostos voláteis é menor na presença de amido, sendo a retenção mais pronunciada no caso das dispersões nãogelatinizadas (Figura 1). Figura 1 Áreas relativas (razão de áreas, considerando a libertação a partir da dispersão de amido e de água) obtidas para os compostos em estudo, para diferentes concentrações de amido, não gelatinizado (A) e gelatinizado (B). 1 – hexanal; 2 – nonanal; 3 – decanal; 4 – trans-2-nonenal; 5 – (E,E)-2,4-decadienal A retenção dos compostos voláteis depende quer das características do composto, quer das propriedades da matriz. A estrutura nativa do grânulo desempenha um papel determinante para uma maior retenção. Para as dispersões não gelatinizadas, a presença de lecitina tem um efeito reduzido sobre a retenção dos compostos; o aumento da retenção verificado em alguns casos, especialmente para concentrações elevadas de amido/emulsionante, pode ser stribuído à capacidade da lecitina em dispersão aquosa, por si só, e ao contrário do verificado para o SSL, diminuir a libertação destes compostos. Os ensaios de caracterização reológica mostraram, igualmente, a pequena influência deste emulsionante sobre o comportamento reológico das dispersões de amido não gelatinizadas. A presença de SSL influencia o comportamento reológico das dispersões de amido, fomentando a formação de sistemas estruturados, onde as interacções entre grânulos se encontram aumentadas. Considerando a libertação dos compostos em estudo, a presença de SSL leva a uma 4 Castro, S.; Delgadillo, I.; Lopes da Silva, J.A. 1ºEncontro Nacional de Cromatografia, SPQ, Lisboa, 1999. ESB UCP 60 maior libertação, excepto para o composto mais polar e mais pequeno, relativamente ao verificado para as dispersões de amido sem emulsionante (Figura 2A). Para as dispersões gelatinizadas o comportamento observado foi claramente diferente (Figura 2B). Figura 2 Áreas relativas obtidas na presença de SSL, para dispersões de amido com diferente concentração, não gelatinizadas (A) e gelatinizadas (B). A presença de SSL leva a uma diminuição ou a um aumento da retenção de compostos voláteis, consoante se tratem de dispersões não gelatinizadas ou gelatinizadas, respectivamente. No primeiro caso, o mecanismo mais provável envolverá a interacção entre o emulsionante e a superfície dos grânulos, dificultando a interacção aroma-grânulo. No segundo caso, o emulsionante dificulta a gelificação (exsudação e re-associação de constituintes do grânulo) e aumenta o carácter viscoso do sistema, conforme se observou pelos resultados reológicos obtidos, levando assim a uma maior retenção de compostos voláteis. ESB UCP 61 Confitagem, glaciagem e cristalização de kiwi – Influência na cor verde Rodrigues I., Santos R. e Saraiva R. Dep. Ciência e Tecnologia Alimentar (ESAC) Instituto Politécnico de Coimbra, 3040 Coimbra, Portugal Introdução A produção nacional de kiwi (Actinidia deliciosa) ronda actualmente 10000 toneladas/ano das quais 5 % não reúnem as características mínimas para comercialização em fresco (GPPAA, 2000). Assim, para esta significativa fracção não existe alternativa ao aterro sanitário. Encara-se a possibilidade de transformação de kiwi, como forma de rentabilizar a recepção dos frutos insusceptíveis de comercialização em fresco, mas cujas boas qualidades sápicas justificam as expectativas de obtenção de produtos transformados de qualidade, nomeadamente como fornecedores de cor verde natural. Parte experimental Confitagem do Kiwi - Método tradicional O processo de confitagem iniciou-se com uma calda de açúcar (sacarose) a 20°Brix termoestatizada a 40°C na qual foram submersas as fatias de kiwi com 1 cm de espessura, permanecendo nesta calda durante 24 horas. A calda de açúcar foi concentrada para os 25°Brix, 45°Brix e 70°Brix, respectivamente, às 48, 72 e 96 horas. Obteve-se o kiwi confitado que se sujeitou a distintas operações de glaciagem e cristalização: i) passado por uma solução a quente de sacarose a 65°Brix e seco a 25°C (Mod.MT.a); ii) passado por uma solução a quente de glucose a 80°Brix e seco a 25°C (Mod.MT.b); iii) mergulhado, por instantes, em água fervente, pulverizado com açúcar em pó e sujeito a secagem a 25°C (Mod.MT.c). Confitagem do Kiwi - Método Contínuo (canditador a vácuo) Neste método foi utilizado o canditador contínuo, com recirculação da calda a 60°C e pressão (manométrica) –80 kPa. A confitagem iniciou-se com uma calda de açúcar (sacarose) a 30°Brix à qual se sujeitou o kiwi (em fatias) durante 3 horas. A calda de açúcar foi concentrada para os 45°Brix e 65°Brix, respectivamente, às 6 e 9 horas de ESB UCP 62 confitagem. O kiwi confitado foi sujeito a distintas operações de glaciagem e cristalização: i) colocado a secar à temperatura ambiente (Mod.MC.a); ii) colocado a secar em estufa a 40°C (Mod.MC.b); iii) mergulhado, por instantes, em água quente e passado em calda de açúcar a 80°Brix a quente, constituída por 80 % de sacarose e 20 % de glucose e seco em estufa a 40°C (glaciagem) (Mod.MC.c); iv) o kiwi glaciado foi mergulhado numa solução a frio de sacarose a 65°Brix e seco em estufa a 40°C (Mod.MC.d); Resultados e Discussão As modalidades citadas foram analisadas em relação aos parâmetros industriais mais significativos, °Brix, pH, acidez total e textura. Para efeitos do objectivo do trabalho foi avaliada e comparada a cor, expressa no Sistema Hunter (L*, a*, b*), na matériaprima kiwi e nos diferentes produtos glaciados/cristalizados resultantes da confitagem pelo método tradicional e pelo método contínuo. Kiwi Confitado - Método Tradicional (gráfico 1) Nas modalidades Mod.MT.a) e Mod.MT.b) o produto evidenciou um aspecto mais brilhante com o valor de L* mais elevado. O verde (-a*) é idêntico em todas as modalidades de produtos transformados mas menor que no kiwi fresco. A contribuição do amarelo (+b*) vem reforçada em todas as modalidades de processamento. A relação a*/b* vem diminuída em todas as modalidades (-0,17 a -0,25) face à registada para o kiwi em fresco (-0,4). Gráfico 1 Comportamento da cor no kiwi cristalizado a partir da confitagem pelo método tradicional ESB UCP 63 Kiwi Confitado - Método Contínuo (gráfico 2) Todos os produtos evidenciaram um escurecimento acentuado com os valores de L* bastante mais baixos, quando comparados com o kiwi fresco. O verde (–a*) é idêntico em todas as modalidades de produtos transformados, com excepção para o kiwi glaciado e cristalizado (Mod.MC.d), onde é ligeiramente maior, mas com acentuada quebra relativamente ao kiwi fresco. Comportamento idêntico registou-se para a cor amarela (+b*). A relação a*/b* vem diminuída em todas as modalidades (-0,24 a -0,37), no entanto, com valores muitos próximos dos registados para o kiwi em fresco (-0,4). Se compararmos os dois métodos de confitagem, verificamos que o que mais preserva a cor do kiwi próxima da cor em fresco é o método tradicional, onde a temperatura de confitagem foi mais baixa, 40°C comparados com os 60°C praticados no método contínuo. Gráfico 2 Comportamento da cor no kiwi cristalizado a partir da confitagem pelo método contínuo Gráfico 3 Comportamento da cor no kiwi cristalizado a partir da confitagem pelo método tradicional e pelo método contínuo ESB UCP 64 Conclusões O processo de transformação por confitagem, incluindo glaciagem e cristalização, mostrou boas potencialidades da preservação da cor verde natural (clorofila) do kiwi. De notar que, no contexto da pastelaria nacional, o kiwi é o único fruto, para além do figo, com cor verde natural. Os resultados qualitativos permitem-nos prever que o kiwi confitado, glaciado e/ou cristalizado terá sucesso como fornecedor de cor verde natural na indústria da confeitaria e pastelaria, onde a coloração artificial continua a ser “privilégio” tolerado, por falta de alternativas naturais para tons como o verde e o azul. Agradecimentos Os autores agradecem à KIWICOOP - Cooperativa Frutícola da Bairrada pelo fornecimento de kiwis Bibliografia GPPAA (2000). Anuário Hortofruticola 2000. Gabinete de Planeamento e Política Agro-Alimentar, Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Lisboa. LODGE, N. & PERERA, C. (1992). Processing of Kiwifruit. NZ Kiwifruit, pg 14. WARRINGTON, I. J. & WESTON G. C. (1990). Kiwifruit: Science and Management Auckland, NZ. ESB UCP 65 Estruturação de cristais de gelo com vistas à redução do dano físico-mecânico em frutos congelados Carneiro C. S. e Cal-Vidal J. Universidade Federal de Lavras. Laboratótrio de Microestrutura e Arquitetura Alimentar. 37.200-000 Lavras, Brasil. Resumo Sistemas biológicos são notavelmente afetados pela ação físico-mecânica de cristais de gelo que produzem danos irreversíveis nas membranas e paredes celulares. A extensão destes danos pode ser significativamente reduzida pelo controle do tamanho e localização dos cristais. A mudança de morfologia destes é outro fator de grande relevância porque, decorrente de sua estruturação, caracteriza o tipo de interação cristal-célula. A utilização de substâncias com natureza química diversa pode permitir a obtenção de uma dada estruturação cristalina. Soluções aquosas contendo arabinose, xilose e glicose [5-20 %]; combinações de arabinose+xilose+glicose (2:2:1); piridoxina; ácido 4-aminobenzóico; lisina e ácido glutâmico [1,3 e 5 %], glicina e metionina [0,5; 0,75 e 1 %] foram submetidas a congelamento lento (-20°C) e examinadas ao microscópio ótico de contraste de fase sob luz polarizada. Os açúcares, isolados ou em combinação, promoveram estruturações que variaram entre uma configuração do tipo hexagonal a arbórea. Vitaminas anfifílicas favoreceram a formação do tipo micela e os diferentes aminoácidos apresentaram formas hexagonais e alongadas, com uma possível influência de sua polaridade. Estes resultados esperam aprofundar os conhecimentos de criopreservação de frutos, com vistas a reduzir danos provocados por cristais de gelo durante os processos de congelamento. ESB UCP 66 ESB UCP 67 ESB UCP 68 Evidence for an important role of Cysteine Peptidases in the major ultra-structural changes during rabbit meat ageing Mestre Prates J. A., Garcia e Costa F. J. S., Ribeiro A. Mário R. and Dias Correia A. A. CIISA - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, Rua Prof. Cid dos Santos, Pólo Universitário do Alto da Ajuda, 1300-477 Lisboa. Abstract In previous work {Prates et al. (2001), Meat Science, 57:3, 283-290} we showed that ante-mortem injection of the most recommended cysteine endopeptidases (EC 3.4.22) inhibitor, E-64 (iv., 5 µmol/kg b.w.), in rabbits (Oryctolagus cuniculus L.), decreases meat tenderisation, myofibrillar protein degradation and myofibrillar fragmentation, between slaughter and day 9 of storage at +4°C (ageing period). The aim of this investigation was to evaluate the role of endogenous cysteine endopeptidases in the major ultra-structural changes of rabbit meat during ageing {Prates et al. (1998), Electron Microscopy 1998, volume IV, 843-844}, observed under transmission electron microscopy, for their different types of muscle (I, IIB and IID). The results showed that cysteine peptidases inhibition decreases slightly Z-lines degradation (only in type II muscles), loss of electron density of M-lines, longitudinal fissure of myofibrils and loss of transversal alignements of Z- and M-lines, for all muscles analysed. Transversal disruption of sarcomeres at N2-line level is moderately inhibited at day 6 for all muscle types and its kinetics is very well related with the kinetics of meat tenderisation. We concluded that transversal disruption of sarcomeres at N2-line level might be mediated by cysteine endopeptidases and seems to be the main ultra-structural change responsible for rabbit meat tenderisation during ageing. Introduction Several cysteine endopeptidases (EC 3.4.22) were identified in mammalian skeletal muscles, inside myofibrils, namely: cathepsin B (EC 3.4.22.1), cathepsin L (EC 3.4.22.15), cathepsin H (EC 3.4.22.16), calpains (EC 3.4.22.17) and hydrolase H (EC 3.4.22). In previous work we showed that ante-mortem injection of E-64 (iv., 5 mmol/kg b.w.) in rabbits (Oryctolagus cuniculus L.) inhibits meat cysteine pepti- ESB UCP 69 dases (Prates et al., 1998a), decreases meat tenderising process as well as myofibrillar protein degradation (Prates et al., 1998b and 2001), and inhibits myofibrillar fragmentation (Prates et al., 1999 and 2001), between slaughter and day 9 of storage at +4°C (ageing period). The aim of this investigation was to evaluate the role of endogenous cysteine endopeptidases in the major ultra-structural changes of rabbit meat during ageing (Costa et al., 1998 and Prates et al., 1998c), for their different types of muscle (I, IIB and IID). Material & Methods New Zealand White male rabbits (Oryctolagus cuniculus L.), with 12 ± 1 weeks of age and 2.8 ± 0.1 kg of body weight, were injected intravenously with E-64 (5 µmol/kg b.w.) or with the same volume of sterile saline solution (0.9 % NaCl; SSS control), before slaughter. The muscles semimembranosus proprius (SP, type I), semimembranosus accessorius (SA, type IIB) and psoas major (PM, type IID) were removed from carcasses, at slaughter time and after 3 and 6 days of refrigeration at +4°C. The major ultra-structural changes of myofibrils were observed under transmission electron microscopy at 60 kV (3 grids per block and 3 blocks per muscle) and photographed (3 photos per grid). Results & Discussion The results showed that cysteine peptidases inhibition decreases slightly Z-lines degradation (only in type II muscles), loss of electron density of M-lines, longitudinal fissure of myofibrils and loss of transversal alignements of Z- and M-lines, for all muscles analysed (table 1 and figure 1). Transversal disruption of sarcomeres at N2-line level is moderately inhibited at day 6 for all muscle types and its kinetics is very well related with the kinetics of meat tenderisation (see table 1 and figure 1). Conclusions We concluded that transversal disruption of sarcomeres at N2-line level might be mediated by cysteine endopeptidases and seems to be the main ultra-structural change responsible for rabbit meat tenderisation during ageing. ESB UCP 70 Table 1 Effect of ante-mortem administration of cysteine peptidases inhibitor E-64 on the major ultra-structural changes of rabbit meat during storage at +4°C. SSS means sterile saline solution (0.9% NaCl), - absent change, + slight change, ++ moderate change and +++ intense change. CLASSIFICATION Post - mortem time Treatment group ULTRA-STRUCTURAL CHANGES Z-Lines degradation Loss of electron density of M-lines Transversal disruption at N2-line level Loss of transversal alignements of Z- and M-lines ESB UCP 3 days 1 hour Longitudinal fissure of myofibrils Figure 1 Electron photomicrographs of longitudinal sections of rabbit meat depicting major ultra-structural changes during ageing: (A) normal view (SP, x 20.000); (B) Z- and M-lines degradation, and longitudinal fissure of myofibrils (PM, x 20.000); (C) transversal disruption at N2-line level (SP, x 16.000); (D) and loss of transversal alignements of Zand M-lines (PM, x 20.000). MUSCLE 6 days E-64 SSS SSS E-64 SSS SP - - - - - SA + ++ + ++ + PM + ++ + ++ + SP - ++ + ++ + SA - ++ + ++ + PM - ++ + ++ + SP - ++ + +++ + SA + ++ + +++ + PM + ++ + +++ + SP + +++ + +++ ++ SA + +++ + +++ ++ PM + +++ + +++ ++ SP + +++ + +++ ++ SA + +++ + +++ ++ PM + +++ + +++ ++ A B C D 71 Acknowledgements This work was supported by project CIISA/1994/9.CARNE VERDE. References COSTA, F. et al. (1998). Electron Microscopy 1998, Volume 4, Institute of Physics Publishing, Bristol, 829-830. PRATES, J. et al. (1997). Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, 92:524, 177194. PRATES, J. et al. (1998a). XIº Congresso Nacional de Bioquímica, Tomar, 146. PRATES, J. et al. (1998b). 4th International ANQUE Chemistry Conference, Lugo, 211. PRATES, J. et al. (1998c). Electron Microscopy 1998, Volume 4, Institute of Physics Publishing, Bristol, 843-844. PRATES, J. et al. (1999). Actas do 4º Encontro de Química de Alimentos, Coimbra, 317-319. PRATES, J. et al. (2001). Meat Science, 57:3, 283-290. ESB UCP 72 Chelating activity of ferulic acid towards copper (II) Borges1 F., Lima J. L. F. C.2, Reis S.2 and Siquet C.2 1 2 CEQOFFUP/Departamento de Química Orgânica, CEQUP/Departamento de Química-Física Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha, 164, 4050-047 Porto, Portugal The demand of new natural or synthetic antioxidants by the Food Industry is still of great importance since the number of those compounds, officially allowed, is limited and subject to restrictions related to the dose and the type of matrix used. Phenolic acids correspond to a family of natural compounds used as models for the development of new primary antioxidants which can prevent and/or reduce lipoperoxidation by a “chain breaking” process [1-9]. This radical scavenging activity might be one among other antioxidant mechanisms: the phenolic acids may have the ability to form complexes with transition metals, such as copper or iron, which are well known catalysts of oxidative stress [10,11]. Therefore, the co-administration of two antioxidants acting by two different mechanisms may have a synergistic effect and result in a higher antioxidant activity, without raising the dose required to obtain the same effect with a single compound. In order to have a better understanding of the mechanism of action of the ferulic acid, which is known as a putative antioxidant [2,4,7-9], the complexation of the ligand with copper (II) has been studied. The stability constants of the complexes Cu(II)/ferulic acid were evaluated by potentiometry and the experimental data were treated by the programs: Superquad and Best [12,13]. To achieve the objective, the first step correspond to the determination of the acidity constants of the compound which can be realized by several techniques [14]. Nevertheless, the potentiometric titration using a glass electrode for measuring the hydrogen ion concentration and the data treatment by computer programs is one of the most often selected methods [14]. This technique can be used, as well, to evaluate the complexation constants of the ligand with several metals such as copper (II). ESB UCP 73 All solutions used have an ionic strength of 0.1 M of KNO3, as recommended by IUPAC. The solution in the cell is stirred at a temperature of 25 ± 0.1°C and is kept under a flow of nitrogen. The base (NaOH), standardized by the GRAN method [15], is added in increments by a microburette to the cell containing the acidic solution of ligand in the absence or in the presence of copper ions. The values obtained are then treated by computer programs (Superquad and Best) in order to calculate the acidity or complexation constants of the compound. Finally, a distribution diagram of the species present at different pH can be plotted using the program Spe. Figure 1 Potentiometric system In this work, the results of the study of the chelating activity of ferulic acid towards copper (II), obtained by a successful application of the potentiometric methodology, will be presented and compared to the ones formely obtained for the caffeic acid. References [1] Y. BIZRI, M. CROMER, I. LAMY, J. P. SCHARFF, Complexation dans les systèmes organo-minéraux modèles (acide cafféique et tiron) et naturels (substances humiques)., Analysis, 1985, 13, 128-133 ESB UCP 74 [2] C. CASTELLUCCIO, G. P. BOLWELL, C. GERRISH, C. RICE-EVANS, Differential distribution of ferulic acid to the major plasma constituents in relation to its potential as an antioxidant., Biochem. J., 1996, 316, 691-694 [3] M.-E. CUVELIER, H. RICHARD, C. BERSET, Comparison of the antioxidant activity of some acid-phenols: structure-activity relationship., Biosci., Biotechnol., Biochem., 1992, 56, 324-325 [4] E. GRAF, Antioxidant potential of ferulic acid., Free Radical Biol. Med., 1992, 13, 435-448 [5] J. A. N. LARANJINHA, L. M. ALMEIDA, V. M. C. MADEIRA, Reactivity of dietary phenolic acids with peroxyl radicals: antioxidant activity upon low-density lipoprotein peroxidation., Biochem. Pharmacol., 1994, 48, 487-494 [6] F. A. M. SILVA, F. BORGES, C. GUIMARÃES, J. L. F. C. LIMA, C. MATOS, S. REIS, Phenolic acids and derivatives: studies on the relationship among structure, radical scavenging activity, and physicochemical parameters., J. Agric. Food Chem., 2000, 48, 2122-2126 [7] L. C. BOURNE, C. A. RICE-EVANS, The effect of the phenolic antioxidant ferulic acid on the oxidation of low density lipoprotein depends on the pro-oxidant used., Free Rad. Res., 1997, 27(3), 337-344 [8] B. C. SCOTT, J. BUTLER, B. HALLIWELL, O. I. ARUOMA, Evaluation of the antioxidant actions of ferulic acid and catechins., Free Rad. Res.Comms., 1993, 19, 4, 241256 [9] T.OHTA, T. NAKANO, Y. EGASHIRA, H. SANADA, Antioxidant activity of ferulic acid b-glucorinide in the LDL oxidation system., Biosc. Biotech. Biochem., 1997, 61 (11), 1942-1943 [10] B. HALLIWELL, J. M. C. GUTTERIDGE, Role of free radicals and catalytic metal ions in human disease: an overview., Methods Enzymol., 1990, 186, 1-85 [11] A. GARNIER-SUILLEROT, L. TOSI, E. PAMIAGO, Kinetic and mechanism of vesicle lipoperoxide decomposition by Fe(II)., Biochim. Biophys. Acta, 1984, 76, 307312 [12] A. ALBERT, E. P. SERJEANT, The determination of ionization constants., 2nd ed., Chapman and Hall: London, U.K., 1971 [13] P. GANS, A. SABATINI, A. VACCA, Superquad: an improved general program for computation of formation constants from potentiometric datas., J. Chem. Soc., Dalton Trans., 1985, 1195-1200 [14] A. E. MARTELL, R. J. MOTEKAITIS, The determination and use of stability constants., VCH: Weinheim, Germany, 1988 ESB UCP 75 Detecção de sulfonamidas em músculo de peixe por HPLC Castilho M. C., Ramos F., Amaral M. P., Freire A., Pereira E. M., Rocha F. M., Silva A. T. e Silveira I. Laboratório de Bromatologia, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra, 3000 Coimbra Introdução As sulfonamidas são utilizadas como agentes anti-bacterianos correntemente administrados em espécies animais para o tratamento de várias patologias, sendo no entanto, também, acessoriamente utilizados como promotores de crescimento, resultando da sua utilização uma eventual acumulação de resíduos no animal desde que o intervalo de segurança não seja respeitado. Como tal, foram estabelecidos níveis legais que vão sendo permanentemente reavaliados, baseados, na evidência de que as sulfonamidas são prováveis agentes carcinogéneos. Os limites de resíduo máximo para sulfonamidas estabelecidos para todas as espécies animais produtoras de alimentos são 100 µg/kg, para músculo, fígado, rim ou leite. Neste trabalho apresenta-se um método multiresíduo por cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) para a determinação de sulfadiazina, sulfatiazol, sulfapiridina e sulfametazina em músculo de peixe (salmão). Na determinação de resíduos de fármacos em peixes a obtenção de amostras livres de interferentes representa um passo crucial da análise. O músculo de peixe, devido ao alto conteúdo de componentes de baixo peso molecular pode originar problemas particulares na matriz. Um dos processos que pode solucionar esta questão é a utilização da Dispersão da Matriz em Fase Sólida (MSPD). Este método baseia-se na dispersão da matriz num suporte sólido lipofílico de sílica ligada, neste caso o octadecilsilano (C18). A amostra depois de homogeneizada é dispersa na fase sólida. Esta rompe a membrana das células libertando o seu conteúdo que se dispersa numa grande área, contribuindo para um contacto mais profundo com o solvente de extracção, originando um extracto relativamente liberto de interferentes. Neste estudo as amostras de peixe foram extraídas e purificadas por MSPD. Os resíduos foram analisados em isocrática numa coluna de C18 seguido de detecção UV a 275 nm. Os cromatogramas obtidos apresentam-se sem interferências e com boas recuperações. ESB UCP 76 Parte experimental Reagentes Os reagentes utilizados, acetonitrilo e metanol, eram de qualidade para HPLC, os restantes eram de qualidade analítica. e foram fornecidos por Riedel de Haën (Seelze, Alemanha), Merck (Darmstadt, Alemanha), Carlo Erba (Val de Reuil, França).Os padrões de sulfadiazina, sulfatiazol, sulfapiridina e sulfametazina foram aquiridos à Sigma (Espanha). O C18 (tamanho médio de partícula 40-70 mm e tamanho médio do poro 60 Å) foi fornecido pela International Sorbent Technology IST (Reino Unido). Este enchimento foi previamente lavado, fazendo-se passar duas vezes sucessivamente 50 mL de n-hexano, 50 mL de diclorometano e 50 mL de metanol. Padrões As soluções stock individuais de sulfonamidas de concentração de 1 mg/mL e uma solução stock de mistura das quatro sulfonamidas, de concentração 1 mg/ml por cada, foram preparadas em metanol para HPLC. A partir de cada uma das soluções obtidas anteriormente foram preparadas soluções padrão de 2 e 1 mg/mL, e a partir destas, prepararam-se soluções trabalho de 62,5; 125; 250 e 500 ng/mL. Preparação da amostra Às amostras foi-lhes retirada a pele e em seguida trituradas num homogeneizador. Alíquotas de 0,5 g da amostra, foram fortificadas com 10µl de solução padrão de 25 mg/mL com as quatro sulfonamidas, à amostra branco injectou-se 10 µl de metanol, deixando-se em contacto durante 10 min. Homogeneizou-se suavemente, num almofariz, com 2 g do C18 lavado, obtendo-se uma mistura semi-seca homogénea. Esta mistura foi colocada num corpo de seringa de 10 mL contendo, previamente, um filtro Whatman nº1 e uma pequena quantidade de C18 seco, comprimindo-se o conteúdo da coluna até um volume de 4mL. A coluna assim preparada foi lavada com n-hexano procedendo-se à eluição das sulfonamidas com diclorometano. O eluato resultante foi recolhido em tudo âmbar sendo evaporada à secura em corrente de azoto. O resíduo foi posteriormente recuperado em fase móvel. Uma alíquota de 20 ml foi injectada no sistema cromatográfico (HPLC). Análise por HPLC A análise dos padrões e das amostras foi realizada num cromatógrafo líquido de alta resolução equipado com uma câmara de mistura 811B Gilson, bomba de injecção 305 Gilson e detector UV-VIS 151 Gilson (275 nm; 0,001 AUFS). A coluna utilizada foi uma ESB UCP 77 Lichrospher de 5 um RP18, 250 mm x 4,6 mm (PhaseSep PS- Deeside, Reino Unido) com um fluxo de 0,7 mL/min em condições isocráticas. As áreas dos picos dos padrões foram obtidas integrando os picos do cromatograma. A comparação entre a área dos picos da amostra fortificada e dos padrões puros permitiu obter as percentagens de recuperação. A variabilidade intra-ensaio foi calculada como o coeficiente de variação da média da área dos picos de 3 replicados da mesma amostra fortificada, para cada sulfonamida nas concentrações ensaiadas: %CV=(DP da média/média) X100. A variabilidade inter-ensaio foi definida como a média dos %CV ± o desvio padrão da média para cada sulfonamida:Média dos %CV ± DP. Resultados e Discussão Um dos principais factores limitantes da determinação de resíduos é talvez, não a capacidade analítica disponível mas sim, as técnicas de isolamento de resíduos usadas para obter um extracto sem interferentes. Idealmente, as técnicas de extracção e purificação de resíduos devem ser relativamente rápidas, facilmente aplicáveis, requerer quantidades mínimas de materiais tóxicos e/ou onerosos, especialmente solventes orgânicos, devendo originar os resíduos alvo, livres de interferentes e com percentagens de recuperação relativamente elevadas. As técnicas de isolamento de resíduos normalmente utilizadas não têm sido capazes de satisfazer estes objectivos. Figura 1 Curvas de calibração da Sulfadiazina, Sulfapiridina, Sulfatiazole e Sulfametazina ESB UCP 78 Concentração da fortificação % Recuperação % CV (Var. intra-ensaio) Variabilidade Inter-ensaio (ng/g) n=3 n=3 n=15 125 53,3 % 6,9 250 40,8 % 33,1 500 83,4 % 2,2 1000 74,8 % 3,5 2000 78,1 % 6,7 125 36,2 % 28,5 250 21,2 % 7,6 500 48,1 % 7,7 1000 46,5 % 1,5 2000 58,5 % 2,0 125 47,8 % 36,2 250 40,9 % 21,9 500 80,1 % 3,7 1000 68,0 % 8,8 2000 84,2 % 10,4 125 53,5 % 22,4 250 44,1 % 30,3 500 70,4 % 14,5 1000 70,7 % 5,7 2000 81,4 % 9,7 Sulfadiazina Sulfatiazole Sulfapiridina Sulfametazina 10,5 ± 12,8 9,5 ± 11,0 16,2 ± 13,0 16,5 ± 9,9 Contudo, a extracção/purificação por MSPD das sulfonamidas a partir do músculo de peixe satisfaz muitos destes requisitos. As curvas de calibração obtidas revelaram boa linearidade, apresentando coeficientes de correlação sempre da ordem de 0,999. Na generalidade a variabilidade intra-ensaio é superior para as fortificações de 125 e 250 ng/g sendo inferiores a partir das fortificações de 500 ng/g. O sulfatiazole, apesar de apresentar as mais baixas recuperações é aquele que apresenta uma variabilidade inter-ensaio inferior. Os picos das sulfamidas obtidas nos cromatogramas apresentam boa resolução e separação. Os cromatogramas evidenciam que os extractos obtidos por este método tendem a ser relativamente livres de interferentes, e mesmo aqueles que não são eliminados no processo extractivo são eluidos com a frente do solvente. O objectivo do presente estudo foi examinar a aplicação do MSPD no isolamento simultâneo de quatro sulfonamidas de músculo de peixe, tendo-se demonstrado poder ser aplicado na sua detecção no mesmo comprimento de onda. Por outro lado, este ESB UCP 79 método devido à sua natureza simples e prática permite a aplicação a várias amostras não necessitando de grande dispêndio de tempo do analista. Bibliografia BARKER S.A., LONG A.R. & SHORT C.R. (1989) J. Cromatography, 475,353-361. BARKER S.A. & LONG A.R. (1992) Journal of Liquid Cromatography, 15(12),2071-2089. BARKER S.A. & LONG A.R. (1994) Journal of AOAC International 77(4),848-854. BARKER S.A., HSIEH L.C., LONG A.R., MALBROUGH M.S, SHORT C.R (1989) Journal of Liquid Cromatography, 12(9), 1601-1612. BARKER S.A., HSIEH L.C., LONG A.R., MALBROUGH M.S, SHORT C.R (1990), J. Agric. Food Chem., 38,423-426. BARKER S.A. & WALKER C.C. (1994) Journal of AOAC International, 77(4),908-916. POZUELO M.M., GOMEZ J., REUVERS T.H., MARCOS V., Rapid screening and confirmatory method for sulfonamids residues in milk, Spanish Health Ministry. POZUELO M.M., MARIN R.M.R., Metodo para la determinacion de sulfonamides en carne por cromatografia líquido-líquido de alta eficacia, 1-12, Centro Nacional de Alimentación. REIMER G.J., SUAREZ A., (1992), Journal of AOAC Internacional, 75 (6), 979-981. RUITER A., SCHERPENISSE P., HAJEE C. A. J. Analysis of drugs residues in fish Departmentof the science of food of Animal Origin, Faculty of Veterinary Medicine, Utrecht University, 87-98. STOUT S.J., STELLER W.A., MANUEL A.J., POEPPEL M.O., DA CUNHA A.R. (1984), J. Assoc. Off. Chem, 67(1), 142-144. SUHREN G., HEESCHEN W., (1993), Analytica Chimica Acta, 275,329-333. ESB UCP 80 Composição em ácidos gordos dos lípidos neutros e polares da gordura subcutânea e do músculo de suínos. Influência da localização anatómica e da utilização de castanha na dieta da fase de acabamento Ferreira-Cardoso J. V.1, Partidário A. M.2 e Sequeira C. A.1 1 2 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Apt. 202, 5001 Vila Real Codex Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI) - DTIA, Est. Paço Lumiar 1649-038 Lisboa Introdução A composição em ácidos gordos da gordura depositada na carcaça dos animais de abasto, bem como a forma de a manipular por via genética ou através da alimentação (St John et al., 1987; Morgan et al., 1992; Myer et al., 1992), assume um interesse e actualidade cada vez mais reconhecidos, não apenas face aos importantes aspectos de natureza nutricional associados à salvaguarda da saúde dos consumidores, mas igualmente porque constitui mais um critério válido para averiguar sobre a qualidade da carne e produtos transformados (Cava et al., 1997; Lopez-Bote et al., 1997). A substituição parcial dos alimentos compostos comerciais pela castanha de refugo (com pequeno calibre e pouco valorizada) na dieta de porcos em fase de acabamento, poderá constituir uma boa estratégia para um melhor aproveitamento e valorização deste importante recurso natural, e simultaneamente para a obtenção de uma eventual melhoria das características da carne produzida, com vista à transformação em produtos de salsicharia tradicionais de qualidade e com maior valor acrescentado, contribuindo assim para o desenvolvimento de grande parte das nossas regiões produtoras de castanha. O objectivo deste trabalho consistiu na avaliação dos efeitos de uma dieta de engorda de suínos contendo castanhas no perfil de ácidos gordos das fracções neutra e polar da gordura subcutânea e intramuscular. Simultaneamente, para cada um dos depósitos adiposos estudados, analisou-se também a influência da sua localização anatómica. Material e Métodos Animais e Dietas Dez porcos (machos inteiros) Duroc (linha pura) provenientes de 4 ninhadas, com cerca de 55-60 kg de peso vivo, foram agrupados em 2 lotes de 5 animais cada, ESB UCP 81 correspondentes às dietas a testar: T1- Controlo (concentrado comercial) e T2Tratamento (concentrado + castanha). Os animais foram criados em regime intensivo, com controlo individual da alimentação fornecida ad libitum, e abatidos aos 120-130 kg. A castanha ingerida correspondeu, em média, a cerca de 27 % do alimento total (em relação à matéria seca), tendo sido fornecida inteira (não descascada), na primeira e última refeições diárias. O ensaio durou em média 81 dias. Extracção das fracções lipídicas Entre os 60 e 90 min. post-mortem, colheram-se amostras das camadas externa e interna da gordura subcutânea dorsal (GSD) e da perna (GSP) e dos músculos longissimus dorsi (LD), semimembranosus (SM) e biceps femoris (BF), as quais foram de imediato imersas em azoto líquido e armazenadas a -70°C até posterior processamento. Este consistiu na extracção/separação por eluição sequencial dos lípidos neutros (LN) e polares (LP), de acordo com o método proposto por Marmer e Maxwell (1981). Cada uma das fracções foi sujeita a um processo de metilação rápida, adaptado da NP-974 (1986), com uma solução metanólica de KOH (2N) (metanólise alcalina), sendo os ésteres metílicos dos ácidos gordos (FAME), assim obtidos, analisados por cromatografia gás-líquido. Em amostras secas e finamente moídas dos alimentos (concentrado e castanhas), procedeu-se à extracção dos lípidos totais, segundo o método descrito por Folch et al. (1957), tendo os ésteres metílicos sido obtidos de acordo com o mesmo procedimento utilizado para as amostras de gordura e músculo. Análise cromatográfica Utilizou-se um cromatógrafo gás-líquido Carlo Erba (Mega 5160), com detector de ionização de chama (FID), injector de repartição de fluxo e coluna capilar DB-23 [(50 % cianopropil)-metilpolisiloxano] com 60 m de comprimento, 0,32 µm de diâmetro interno e 0,25 µm de espessura de filme. As temperaturas do injector e do detector foram 195 e 210°C, respectivamente. A programação da temperatura do forno foi de 70 - 195 - 210°C, com uma rampa de 5°C/min. A temperatura de 195 °C foi mantida durante 10 min. e a de 210°C até ao fim da análise, cujo tempo total foi de 80 min. Utilizou-se o hélio como gás vector, com uma pressão à entrada da coluna de 70 Kpa e uma repartição de fluxo de 1/15. Os FAME foram identificados por comparação dos seus tempos de retenção com os de padrões submetidos às mesmas condições de análise, e quantificados por normalização interna, com a utilização de factores de correcção para a conversão das percentagens em área em percentagens mássicas. ESB UCP 82 Análise estatística Procedeu-se a uma análise de variância (ANOVA) com base nos efeitos fixos da dieta e da localização anatómica das amostras de cada tecido. No caso da gordura subcutânea, foi ainda considerado o efeito da camada de deposição. A unidade experimental consistiu no animal e os resultados apresentados correspondem à média e respectivo erro padrão, de acordo com o tratamento considerado no modelo. Resultados e Discussão Alimentos Verificou-se que o grau de saturação da gordura do concentrado foi quase 2 vezes superior à da castanha (41,1 vs 22,3 %). Os ácidos gordos monoinsaturados (MUFA) foram também superiores no concentrado (35,7 vs 29,6 %). No entanto, os ácidos gordos polinsaturados (PUFA) são no total cerca de 2,5 vezes superior nas castanhas (52,2 vs 21,3 %), conferindo por isso a este alimento um maior grau de insaturação, traduzido numa relação total de ácidos gordos insaturados/total de ácidos gordos saturados (UFA/SFA = 3,7 vs 1,4) significativamente mais elevada. Esta maior insaturação da gordura da castanha, resultou fundamentalmente dos teores mais elevados em ácidos gordos essenciais C18:3 w-3 (7,2 vs 1,4 %), e principalmente C18:2 w-6 (43,8 vs 19,2 %). Gordura subcutânea A dieta, o local e a camada de deposição influenciaram a composição em ácidos gordos da fracção neutra da gordura subcutânea, sendo a camada externa da GSP dos animais alimentados com castanha a que apresentou o maior grau de insaturação (UFA/SFA = 1,39). Pelo contrário, na fracção polar, a qual representa neste tecido menos de 1 % dos lípidos totais, a influência destes factores foi muito reduzida. Independentemente da dieta e da localização anatómica, o conteúdo total de UFA nos LN da gordura subcutânea foi significativamente (P<0,01) superior na camada externa (55,4 vs 52,0 %), em resultado da deposição preferencial nesta camada de mais PUFA (13,0 vs 11,5 %), tornando-a por isso mais susceptível aos fenómenos de oxidação lipídica, o que confirma os resultados de Villegas et al. (1973) e Leymaster e Mersmann (1991). Músculo Em relação à gordura intramuscular, a dieta teve influência significativa (P<0,05) apenas no conteúdo total de PUFA dos LP (45,78 e 47,91 % no T1 e T2, respectiva- ESB UCP 83 mente), o que reflecte a diferença existente nos teores de C18:2 e C18:3 entre a castanha e o concentrado, respectivamente. Já o tipo de músculo constituiu a principal fonte de variação, quer em relação à proporção de ambas as fracções lipídicas, a qual foi significativamente (P<0,001) superior no músculo BF (LN = 4,1 % e LP = 0,9 %), quer quanto à sua composição em ácidos gordos. A proporção de cada um dos PUFA detectados na fracção LN, foi significativamente (P<0,05 a P<0,001) mais elevada no músculo SM, que por consequência apresentou uma menor concentração do total de SFA (41,7 %), particularmente de C18:0 (13,29 %), enquanto o teor de C18:1, ácido gordo maioritário nesta fracção lipídica, não diferiu de forma significativa (P>0,05) entre os 3 músculos analisados (41,0 % no LD, 40,0 % no SM e 42,1 % no BF). No caso dos LP, o maior grau de insaturação ocorreu igualmente no SM, em virtude de uma mais acentuada deposição de PUFA (43,9 %), principalmente C18:2 (29,0 %) e C20:4 (11,7 %), apesar de ter sido este músculo o que apresentou um teor significativamente (P<0,05) mais baixo de C18:1 (15,6 %). Contudo, o grau de saturação desta fracção lipídica não variou entre os diferentes músculos, uma vez que não foram detectadas diferenças significativas (P>0,05) no total de SFA (35,0, 36,0 e 36,7 % no LD, SM e BF, respectivamente). Tal como era suposto face à sua constituição, a fracção polar (fosfolípidos das membranas celulares) é substancialmente mais rica em PUFA do que a neutra (triglicéridos ou lípidos de reserva), a qual por sua vez possui uma maior concentração de SFA. Essa diferença no teor de PUFA entre as duas fracções lipídicas foi bastante mais evidente no caso do músculo do que na gordura subcutânea. Porém, o mesmo não se observou relativamente aos MUFA, cuja proporção global foi quase idêntica em ambas as fracções lipídicas da gordura subcutânea, enquanto ao nível da gordura intramuscular foi duas vezes mais elevada nos LN do que nos LP. Referências CAVA, R., RUIZ, J., LOPEZ-BOTE, C., MARTIN, L., GARCÍA, C., VENTANAS, J. E ANTEQUERA, T., 1997. Influence of finishing diet on fatty acid profiles of intramuscular lipids, triglycerides and phospholipids in muscles of the Iberian pig. Meat Science, 45 (2): 263-270. FOLCH, J., LEES, M. E SLOANE-STANLEY, G. H., 1957. A simple method for the isolation and purification of total lipids from animal tissues. J. Biol. Chem., 226: 497509. ESB UCP 84 LEYMASTER, K. A. E MERSMANN, H. J., 1991. Effect of limited feed intake on growth of subcutaneous adipose tissue layers and on carcass composition in swine. J. Anim. Sci., 69 (7): 2837-2843. LOPEZ-BOTE, C., REY, A., RUIZ, J., ISABEL, B. E SANZ AARIAS, R., 1997. Effect of feeding diets high in monounsaturated fatty acids and _-tocopheryl acetate to rabbits on resulting carcass fatty acid profile and lipid oxidation. Animal Science, 64: 177186. MARMER, W. N. E MAXWELL, R. J., 1981. Dry column method for the quantitative extraction and simultaneous class separation of lipids from muscle tissue. Lipids, 16 (5): 365-371. MORGAN, C. A., NOBLE, R. C, COCCHI, M. E MC CARTNEY, R., 1992. Manipulation of the fatty acid composition of pig meat lipids by dietary means. J. Sci. Food Agric., 58: 357-368. MYER, R. O., JOHNSON, D. D., KNAUFT, D. A., GORBET, D. W., BRENDEMUHL, J. H. E WALKER, W. R., 1992. Effect of feeding high-oleic-acid peanuts to growing-finishing swine on resulting carcass fatty acid profile and on carcass and meat quality characteristics. J. Anim. Sci., 70: 3734-3741. NORMA PORTUGUESA NP - 974, 1986. Gorduras e óleos comestíveis. Determinação dos ácidos gordos componentes. Instituto Português da Qualidade, Lisboa. ST JOHN, L. C., YOUNG, C. R., KNABE, D. A., THOMPSON, L. D., SCHELLING, G. T., GRUNDY, S. M. E SMITH, S. B., 1987. Fatty acid profiles and sensory and carcass traits of tissues from steers and swine fed an elevated monounsaturated fat diet. J. Anim. Sci., 64: 1441-1447. VILLEGAS, F. J., HEDRICK, H. B., VEUM, T. L., MCFATE, K. L. E BAILEY, M. E., 1973. Effect of diet and breed on fatty acid composition of porcine adipose tissue. J. Anim. Sci., 36 (4): 663-668. ESB UCP 85 Contribution of calpains and cathepsins B, L and H to rabbit meat tenderisation and related changes Mestre Prates J. A.1, Roseiro L. C. P.2, Ribeiro J. J.2, Ribeiro A. M. R.1 and Dias Correia A. A.1 1 CIISA - Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica de Lisboa, Rua Prof. Cid dos Santos, Pólo Universitário do Alto da Ajuda, 1300-477 Lisboa. 2 DTIA, IBQTA, Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, Estrada do Paço do Lumiar, nº22, 1649-038 Lisboa. Abstract It was showed previously (Prates et al., 2001, Meat Science, 57:3, 283-290) that cysteine peptidases, unlike serine and aspartic peptidases, have a major role in rabbit meat tenderisation during ageing. In this research it was study the role of calpains and cathepsins B, L and H (cysteine endopeptidases, EC 3.4.22) in rabbit meat tenderisation and some related changes. Rabbits (Oryctolagus cuniculus L.) were injected (iv.) ante-mortem with specific inhibitors of cysteine endopeptidases, calpains, and cathepsins B, L and H. The evolutions of meat tenderness (shear force), formation of the 30 kDa fragment (SDS-PAGE) and myofibrillar structure weakening (phasecontrast microscopy) were assessed for different types of muscle (I, IIB and IID), over a 9 day period of refrigeration (+4°C) after slaughter (ageing period). The results strongly suggested that cysteine peptidases, possibly due to calpains, play a major role in rabbit meat tenderisation, myofibrillar structure weakening and formation of the 30 kDa fragment in type II muscles. Contrarily, cathepsins B, L and H seem have no role in these changes during rabbit meat ageing. The results also indicate that myofibrillar fragmentation and the contents of the 30 kDa fragment are good ageing indices for rabbit meat. Finally, it is suggested that the weakening of the myofibrillar structure, unlike the formation of the 30 kDa fragment, might be directly involved in rabbit meat tenderisation. Introduction In previous reports we suggested that endogenous serine (Prates et al., 1998 and 2001) and aspartic (Prates et al., 1999 and 2001) peptidases (peptide hydrolases, EC 3.4) have no major role in the tenderisation that occurs during rabbit meat ageing. However, there are also several other cysteine endopeptidases (EC 3.4.22) inside myofibrils, namely: calpains (EC 3.4.22.17), which are neutral and cytosolic, and cathepsins B (EC 3.4.22.1), L (EC 3.4.22.15) and H (EC 3.4.22.16), which are acidic ESB UCP 86 and lysosomal. In this research we studied the role of these cysteine endopeptidases in the tenderisation of rabbit meat during ageing and in some related changes (formation of the 30 kDa fragment and myofibrillar structure weakening), for their different types of muscle. Material & Methods New Zealand White male rabbits (Oryctolagus cuniculus L.), with 12 ± 1 weeks of age and 2.8 ± 0.1 kg of body weight were used in the experiments. The rabbits were injected ante-mortem with the most recommended inhibitors of cysteine peptidases (E-64, 5 mmol/kg b.w.), calpains (N-acetyl-Leu-Leu-norleucinal, 50 mmol/kg b.w.), cathepsins B and L (Z-Phe-Ala-diazomethane, 10 mmol/kg b.w.) and cathepsin H (L-Leu-chloromethyl ketone, 100 mmol/kg b.w.), or with the inhibitor solvents (SSS control and DMSO control). The muscles semimembranosus proprius (SP, type I), semimembranosus accessorius (SA, type IIB) and psoas major (PM, type IID) were removed from carcasses, at slaughter time and after 3, 6 and 9 days of refrigeration at +4°C. Raw meat tenderness was assessed by shear force and expressed as N/cm2, 30 kDa fragment was quantified by SDS-PAGE using BSA as an internal standard, and myofibrillar structure weakening was observed under phase-contrast microscopy and expressed as the mean number of sarcomeres per myofibrillar fragment or myofibril (mns/mf). Results & Discussion The results from Figure 1 strongly suggest that endogenous cysteine peptidases play a major role in rabbit meat tenderisation at refrigeration temperatures, possibly due to calpains, for the different types of muscle. Contrarily, the results suggest that cathepsins B, L and H have no role in rabbit meat tenderisation which occurs during refrigeration. The results from Figure 2 strongly indicate that the formation of the 30 kDa fragment during ageing of rabbit meat (only for type II muscles) depends on the enzymatic proteolysis mediated by cysteine peptidases, possibly due to calpains. It was also strongly suggested that endogenous cysteine peptidases play a major role in the weakening of the myofibrillar structure of rabbit meat during ageing, for their different types of muscle (Figure 3). This effect may be mediated by the action of calpains. Contrarily, cathepsins B, L and H do not seem to contribute to the myofibrillar structure weakening of rabbit meat during storage at refrigeration temperatures. ESB UCP 87 Figure 1 Effect of ante-mortem injection of cysteine peptidase inhibitors on the evolution of rabbit meat tenderness during ageing, for several muscles of different types. Figure 2 Effect of ante-mortem injection of cysteine peptidase inhibitors on the evolution of rabbit meat 30 kDa fragment during ageing, for several muscles of different types. Figure 3 Effect of ante-mortem injection of cysteine peptidase inhibitors on the evolution of rabbit meat myofibrillar fragmentation during ageing, for several muscles of different types. ESB UCP 88 A very highly significant correlation (H0: p<0.001) exists between myofibrillar fragmentation after mechanical treatment and meat tenderness (for all muscle types), as well as the appearance of the 30 kDa fragment (only for type II muscles), suggesting that both processes are closely related. These results indicate that myofibrillar fragmentation is a good ageing index for rabbit meat and is possibly directly involved in the tenderisation process. Conclusions The results presented here strongly suggest that endogenous cysteine peptidases play a major role in rabbit meat tenderisation and the related changes, which might be mediated by calpains. Contrarily, cathepsins B, L and H do not seem to be implicated in these changes. The results also indicate that myofibrillar fragmentation and the 30 kDa fragment are good ageing indices for rabbit meat. Finally, it is suggested that myofibrillar structure weakening, unlike the formation of the 30 kDa fragment, might be directly involved in the tenderisation process of rabbit meat during ageing. Acknowledgements This research was supported by project CIISA/1994/9.CARNE VERDE. References PRATES, J. et al. (1998). 4th Iberian Congress of Biotechnology, Guimarães, 378. PRATES, J. et al. (1999). Actas do 4º Encontro de Química de Alimentos, Coimbra, 314-316. PRATES, J. et al. (2001). Meat Science, 57:3, 283-290. ESB UCP 89 Changes in lipids during the manufacture of dry-cured lacón Froufe M., Lorenzo J. M., Carballo J., Prieto B. and Franco I. Área de Tecnología de los Alimentos, Facultad de Ciencias de Orense, Universidad de Vigo, 32004 Orense, Spain. Introduction The degrading phenomena of the lipids have importance on the generation and development of the typical taste and aroma of the dry-cured meat products. The first step in the lipolytic process is the generation of the free fatty acids as a consequence of the hydrolysis of the glycerides and phospholipids. These free fatty acids and other compounds generated by oxidation are responsible for the typical flavor. The aim of this work is to determine the magnitude of the lipolytic and oxidative phenomena of the fat which take place in the dry-cured lacón, a Spanish traditional meat product elaborated in Galicia (NW of Spain). Materials and Methods Samples Five batches of lacón were elaborated, as described by Marra et al. (1999). From each batch, samples were taken of fresh pieces (0 days), at the end of the salting stage, at the end of the post salting stage (15 days after removing the pieces from the salt) and at the end of the drying-ripening stage (90 days after removal the pieces from the salt). Each sample consisted of one whole lacón piece. Analytical methods The preparation of the fat extract and the subsequent determination of acidity index of the fat and TBA value were performed as described by Marra et al. (1999). Free fatty acids were purified from the neutral lipids using aminopropyl-bonded phase columns. The identification and quantification of fatty acids and free fatty acids were performed by gas chromatography of their methyl esters. Statistical analysis Means with a significant difference (p<0.05) were compared by the least squares dif- ESB UCP 90 ference (LSD) test using the program Statistica for Windows release 5.1 StatSoft, Inc. 1996. Results and Discussion Figure 1 shows the fatty acid composition of glycerides and phospholipids during lacón manufacture. Fatty acid composition of glycerides and phospholipids experienced only little changes during process. Oleic, palmitic and stearic acids were the most important, representing 48, 22 and 13 % of the total fatty acids, respectively, at the end of the manufacture. Figure 1 Changes in fatty acid composition (%) during manufacture of dry-cured lacón Table 1 shows the fat parameters and free fatty acids studied during lacón manufacture. The acidity index of the fat values increased significantly throughout manufacture process. The final values obtained were lower than those determined by other authors in dry cured ham (Flores et al., 1985; Antequera et al., 1992). The TBA values found in lacón during manufacture were higher than those observed in dry-cured ham (Flores et al., 1985; Antequera et al., 1992). This fact indicates an intense lipid autooxidation in this meat product. The total free fatty acid content showed similar evolution to the acidity index of the fat. The values obtained in the determination of the acidity index and the quantification of the free fatty acids indicate a slight lipid hydrolysis during manufacturing process. ESB UCP 91 Sampling Points A Acidity value 1 0.99±0.30 B a 1.79±0.76 C a 3.99±0.56 D b 4.99±0.67c TBA value2 0.68±0.23a 1.81±0.93b 2.61±0.22b 3.52±0.86c 3.22±0.64a C103 3.15±2.38a 3.12±0.59a 2.72±0.75a C123 2.51±1.05a 2.95±1.17a 2.96±1.13a 3.89±1.10a C143 6.58±3.34a 7.59±3.17a 11.49±3.25a 22.61±10.41b C163 68.44±27.12a 96.32±44.61ab 198.95±68.73b 371.01±160.88c 3 a a a 240.13±139.74b C18 75.62±33.40 C16:1 3 C18:1 3 13.12±9.75 a 68.78±23.56 10.87±2.60 133.28±48.49 a 34.41±14.03 47.99±15.77b a 220.02±89.67 C18:23 36.54±14.72a 77.03±36.24a 205.91±137.38b C18:33 5.02±2.89a 4.41±2.52a 5.43±6.77a 3.38±0.82a C203 1.26±1.73a 1.22±1.68a 7.19±4.47a 23.46±15.00b 83.21±24.02 a b 464.62±118.03 Table 1 Changes in the free fatty acids and some fat parameters during the manufacture of dry-cured lacón (average values ± S.D. of the five batches) b 858.27±203.08c 223.6±74.19b C20:43 2.06±2.23a 2.61±0.98a 5.98±6.43a 4.38±2.83a Sffa3 297.51±70.08a 494.94±121.07a 1072.94±288.14b 1802.02±491.24c A, raw pieces; B, after salting; C, after post-salting stage; D, after drying-ripening stage 1 Expressed as g oleic acid/100 g lacón 2 Expressed as mg malonaldehy/kg lacón 3 Expressed as mg/100 g of fat a-c Means in the same row without a common letter are significantly different (p<0.05) The most abundant free fatty acids were oleic acid followed by palmitic, stearic and linoleic acid. Similar profile of free fatty acids was observed by other authors in dry cured ham (Motilva et al., 1994). References ANTEQUERA, T., LÓPEZ-BOTE, C., CÓRDOBA, J.J., ASENSIO, M.A., VENTANAS, J., GARCÍA REGUEIRO, J.A. AND DIAZ, A. (1992). Food Chem., 45, 105-110. ASTIASARÁN, I., BERIAIN, M.J., MELGAR, J., SÁNCHEZ-MONGE, J.M., VILLANUEVA, R. AND BELLO, J. (1988). Rev. Agroquim. Tecnol. Aliment., 28, 519-528. FLORES, J., NIETO, P., BERMELL, S. AND MIRALLES, M.C. (1985). Rev. Agroquim. Tecnol. Aliment., 25, 117-124. MARRA, A.I., SALGADO, A., PRIETO, B. AND CARBALLO, J. (1999). Food Chem., 67, 33-37. MOTILVA, M.J., TOLDRÁ, F., NADAL, M.I. AND FLORES, J. (1994). J. Food Sci., 2, 303-305. ESB UCP 92 Proteolysis in dry-cured lacón during manufacture Froufe M., Lorenzo J. M., Carballo J., Prieto B. and Franco I. Área de Tecnología de los Alimentos, Facultad de Ciencias de Orense, Universidad de Vigo, 32004 Orense, Spain. Introduction Amino acids and other taste compounds are generated from proteins during proteolysis. These changes happened in the proteins are one of the most important causes in the presence of the typical characteristics of the ripened meat products. The objective of this work was to determine the protein extractability, the different nitrogen fractions and the free amino acids during manufacture process of lacón, a salted and ripened meat product made in Galicia (NW Spain). Materials and Methods Samples Five batches of lacón were elaborated, as described by Marra et al. (1999). From each batch, samples were taken of fresh pieces (0 days), at the end of the salting stage, at the end of the post salting stage (15 days after removing the pieces from the salt) and at the end of the drying-ripening stage (90 days after removal the pieces from the salt). Each sample consisted of one whole lacón piece. Analytical methods The non-protein nitrogen (NPN), total volatile basic nitrogen and a-aminoacidic nitrogen were quantified as described by Marra et al. (1999). The identification and quantification of amino acids was carried out by HPLC methods following the extraction procedure and a modified chromatographic conditions described by Alonso et al. (1994). Statistical analysis Means with a significant difference (p<0.05) were compared by the least squares difference (LSD) test using the program Statistica for Windows release 5.1 StatSoft, Inc. 1996. ESB UCP 93 Results and Discussion Table 1 shows the protein extractability and nitrogen fractions during lacón manufacture. From the values of the different nitrogen fractions (non-protein, total volatile basic and α-aminoacidic nitrogen) throughout the elaboration process, it is possible to say that lacón goes through a very slightly pronounced proteolysis, much lower than those observed by other authors in cured hams (Flores et al., 1984; De Prado, 1988; Ventanas et al., 1992; Buscailhon et al., 1994). The insolubilization of the sarcoplasmic and myofibrilar proteins during the manufacture were 76 % and 83 %, respectively. This protein insolubilization seems due to desnaturalization phenomena as a consequence of the high sodium chloride values used in lacon pieces elaboration (Marra et al., 1999). Sampling Points A 1 Non-protein nitrogen (NPN) 1 µ-aminoacidic nitrogen (NH2N) 1 Volatile basic nitrogen (VBN) Sarcoplasmic proteins Myofibrilar proteins2 2 B 3.21±0.27 a 2.44±0.24 a 0.392±0.033 25.32±3.28 a 35.30±6.87a a C 4.42±1.25 a 2.87±0.56 a 0.479±0.093 a D 7.48±1.85 b 4.14±0.62 b 9.24±1.17c 4.77±0.52b 0.590±0.086 b 10.23±1.59 14.07±3.86b 8.55±4.78bc 13.06±3.61 b b 0.689±0.061c Table 1 Protein extractability and nitrogen fractions during the manufacture of dry-cured lacón (average values ± S.D. of the five batches) 6.06±1.88c 6.01±1.32 A, raw pieces; B, after salting; C, after post-salting stage; D, after drying-ripening stage 1 Expressed as g/100 g total nitrogen 2 Expressed as g/100 g total solids a-c Means in the same row without a common letter are significantly different (p<0.05) Figure 1 Evolution of the free amino acids content during the manufacture of dry-cured lacón ESB UCP 94 Figure 1 shows the evolution of the free amino acids content during the manufacture of dry cured lacon. The slightly proteolysis during the manufacture process was observed when the total free amino acids content was quantificated, too. The main free amino acids at the end of the drying-ripening stage were proline, followed by arginine and glutamic acid with values of 724, 612 and 157 mg/100 g TS, respectively. These three amino acids represented around 60 % of the total free amino acids content. References ALONSO, M.L., ÁLVAREZ, A.I. AND ZAPICO, J. (1994). J. Liquid Chromatogr., 17, 4019-4030. BUSCAILHON, S., MONIN, G., CORNET, M. AND BOUSSET, J. (1994). Meat Sci., 37, 49-456. DE PRADO, C. (1988). Ph. D. Thesis. Universidad de León, Spain. FLORES, J., BERMELL, S., NIETO, P. Y COSTELL, E. (1984). Rev. Agroquim. Tecnol. Aliment., 24, 503-509. MARRA, A.I., SALGADO, A., PRIETO, B. AND CARBALLO, J. (1999). Food Chem., 67, 33-37. VENTANAS, J., CÓRDOBA, J.J., ANTEQUERA, T., GARCÍA, C., LÓPEZ BOTE, C. AND ASENSIO, M.A. (1992). J. Food Sci., 57, 813-815. ESB UCP 95 DSC study of enzyme denaturation in vegetables Barbosa C. D.1, Bifani V.2, Ihl M.2, Sereno A. M.1 1 Universidade do Porto, Faculdade de Engenharia, Dep. Engª. Química, R. Dr. Roberto Frias s/n, 4200-465 Porto, Portugal. 2 Universidad de La Frontera, Dep. Ingenieria Quimica, cas. 54-D, Temuco, Chile Abstract Differential Scanning Calorimetry was used to detect denaturation temperature and heat absorbed during denaturation of enzyme extracts obtained from: artichoke, asparagus, beet-leaves, green peas and spinach. Very clear and reproducible endothermic peaks were observed with dried extracts from beet-leaves and spinach, with average onset temperatures of 62.8°C and 63.8°C and average heats of denaturation of 8.87 J/g and 14.3 J/g (based on mass of extract). The absence of peaks in the thermograms obtained with the other vegetables is supposed to be due to the presence of very small amounts of enzyme, which could not be detected by DSC. Keywords: DSC, enzyme denaturation, thermal analysis Introduction Information on protein denaturation is of great for the food industry, in order to allow effective control during food processing, both when enzyme activity is desired or not. With fruits and vegetables, enzyme inactivation is often a major objective to prevent browning and may be achieved through its denaturation. Unfortunately, partial enzyme reactivation may occur during storage at low temperature and this is extremely important to some heat processed foods (Richarson and Hyslop, 1985). Denaturation may be defined as a major change from the original structure of a protein, without modifying the primary chemical bonds linking the amino acids (Whitaker, 1972). This conformational modification may be reversible or not. Thermal denaturation is a first order transition, that occurs in proteins and enzymes during heating process and always in presence of an important quantity of water. Most proteins denature at temperatures from 50 to 80°C (Roos, 1995). The purpose of the present work was to observe the denaturation phenomena of chlorophyllase present in five different vegetable species: artichoke, asparagus (point and base of ESB UCP 96 stem), beet-leaves, green-peas (bolero and farma cultivars) and spinach, using differential scanning calorimetry, and measure Td and DHd. Materials and Methods Chlorophyllase Extraction Enzyme extracts, supposed to be mostly chlorophyllase, were obtained using a cetonic route dried (Schoch and Ihl, 1998). Denaturation Detection Samples (four replicates) were scanned in a Shimadzu DSC-50, fitted with a cooling head. Aluminium 40 ml pans were used in all cases with an empty aluminium pan as reference and a helium flow of 30 ml min-1. After cooling with liquid nitrogen to -30°C, samples were heated to a maximum of 100°C at a scanning rate of 15°C min-1. Results and Discussion In the following thermograms of spinach extract it is possible to observe denaturation represented by a endothermic peak observed during a first scanning cycle; the absence of thermal effects during the second scanning cycle shows the irreversible nature of denaturation (Figure 1). Figure 1 Thermograms obtained with dried spinach extract ESB UCP 97 Similar results were obtained with beet-leaves extract. In artichoke, asparagus and green-peas it was not possible to observe the denaturation. The absence of peaks in the thermograms obtained with these vegetables is supposed to be due to the presence of very small amounts of enzyme, which could not be detected by DSC. Table 1 summarises the results obtained. Product Td (onset/peak), ºC Artichoke not detected Asparagus (point of stem) not detected Asparagus (base of stem) not detected Beet-leaves 62.8/68.4 Green-peas (bolero) not detected Green-peas (forma) not detected Spinach 63.8/69.3 DHd (J/g) Table 1 Average measured values for denaturation temperature and heat of denaturation 8.87 14.3 Conclusions The five vegetables studied behaved differently to DSC. Spinach and beet-leaves extracts showed very clear irreversible denaturation peaks, while artichoke, asparagus and green peas did not present any thermal effect. This may be due to the presence of a very small quantity of chlorophyllase in the extract, probably is beyond the detection capacity of the DSC unit used, may be related to chlorophyllase extraction process including its possible denaturation during sampling process. References RICHARDSON, T., HYSLOP, D. B. 1985. Enzymes. In: Fennema, O. R. (eds). Food Chemistry. Marcel Dekker, Inc., San Diego. ROOS, Y. H. 1995. Phase Transition in Foods. Academic Press. San Diego, 135-136 SCHOCH, S.; IHL, M. 1998. Substrate Specificity of Chlorophyllase from Different Plants. Verlag der Zeitschrift für Naturforschung, 53c: 21-26. WHITAKER, J. R. 1972. Principles of Enzymology for the Food Sciences. Marcel Dekker, Inc., New York. ESB UCP 98 A composição de frutos por espectroscopia de ressonância magnética nuclear (RMN), LC-RMN E LC-RMN/MS Duarte I.1, Delgadillo I.1, Spraul M.2, Humpfer E.2 and Gil A. M.1 1 2 Departamento de Química, Universidade de Aveiro, 3810 Aveiro, Portugal Bruker Analytiche Messtechnik GmbH, Silberstreifen, D76287-Rheinstetten, Germany A exigência crescente de controlar a qualidade dos alimentos tem conduzido ao desenvolvimento de métodos rápidos e sensíveis para a análise dos componentes alimentares. A espectroscopia de RMN de alta resolução é hoje uma técnica bem estabelecida para a análise não destrutiva de alimentos incluindo bebidas1-4. Neste trabalho, utiliza-se RMN de 1H de alta resolução para caracterizar a composição de um fruto, a manga, em função de 1) amadurecimento, 2) tratamento térmico e 3) crescimento microbiano. O sumo de manga é analisado a 600 MHz e o fruto intacto é estudado por RMN do estado sólido a 400 MHz, utilizando a técnica de rotação segundo o ângulo mágico (MAS). Identificam-se mais de 40 metabolitos, com base em espectros 1D e 2D, e quantificam-se alguns deles por integração dos respectivos sinais de RMN. Ao longo do amadurecimento, observam-se alterações significativas na composição da manga. Na Figura 1, mostram-se as principais diferenças entre os sumos de manga verde (dia 1) e de manga madura (dia 19), na região alifática dos espectros (0 a 3 ppm). Figura 1 Região alifática (0 a 3 ppm) dos espectros de RMN-1H de sumos de: A) manga verde - dia 1; B) manga madura - dia 19. ESB UCP 99 Destaca-se a acumulação de alguns aminoácidos, como valina, leucina, isoleucina e alanina, o aumento de açúcares pécticos solubilizados, por ex. ramnose e fucose, e a diminuição drástica de ácido cítrico. O amadurecimento caracteriza-se ainda pela acumulação de açúcares, em particular de sacarose, que aumenta cerca de 9 vezes até ao final do amadurecimento, enquanto que a glucose e a frutose registam aumentos de cerca de 2 vezes. A análise por RMN de sumos tratados termicamente confirma a eficiência da pasteurização como método de conservação, embora sugira a maior susceptibilidade de alteração de alguns compostos aromáticos em condições menos eficientes de tratamento térmico. O sumo não pasteurizado sofre várias alterações entre as quais degradação de aminoácidos (exs. val, leu, ile), alguns ácidos orgânicos (exs. quínico e xiquímico) e açúcares, e acumulação dos ácidos láctico e acético. A contaminação do sumo pasteurizado com o fungo Penicillium expansum resulta na diminuição de sacarose, glucose e de alguns aminoácidos (exs. ala e tyr), e no aumento de isopropanol, ácido láctico, ácido acético, acetoína e alguns açúcares minoritários. A possibilidade de uso de RMN para detectar contaminações microbianas precocemente é investigada. Figura 2 Diagrama on-flow de LC-RMN de um sumo de uva Com vista a estudar as fracções minoritárias de compostos fenólicos e alguns açúcares em sumos de manga e de uva, usa-se o acoplamento on-line das técnicas de ESB UCP 100 RMN, cromatografia líquida (LC) e espectrometria de massa (MS). Num primeiro passo, a amostra é separada por LC em fracções que são de seguida analisadas por RMN e MS simultaneamente. A Figura 2 mostra o diagrama on-flow que resulta do registo de espectros de RMN-1H durante a eluição de um sumo de uva numa coluna de HPLC, usando condições experimentais adequadas à separação de compostos fenólicos. A aplicação destas técnicas acopladas simplifica claramente a análise do sumo, possibilitando a identificação de novos metabolitos. Este estudo demonstra a potencialidade da técnica de RMN para a caracterização/identificação de metabolitos em misturas complexas como sumos de fruta, podendo por isso vir a constituir um método potente para o controlo de qualidade daqueles alimentos. Referências: 1. A.M. GIL, I.F. DUARTE, I. DELGADILLO, I.J. COLQUHOUN, F. CASUSCELLI, E. HUMPFER AND M. SPRAUL, J.Agric.Food Chem., 2000, 48, 1524. 2. P.S. BELTON, I. DELGADILLO, A.M. GIL, P. ROMA, F. CASUSCELLI, I.J. COLQUHOUN, M.J. DENNIS AND M. SPRAUL, Magn. Resson. Chem, 1997, 35, S-52. 3. M. BOSCO, R. TOFFANIN, D. DE PALO, L. ZATTI AND A. SEGRE, J. Sci. Food Agric, 1999, 79, 869. 4. Y. LU, L.Y. FOO, Food Chem., 1999, 65, 1. ESB UCP 101 Síntese de um marcador do aroma de laranja Costa M. C., Xavier A. F., Noronha R. G., Figueiredo P. R. e Marcelo-Curto M. J. INETI-DTIQ, Estrada do Paço do Lumiar, Edifício F, 1649-038 Lisboa, Portugal Dos cinco mil componentes utilizados no fabrico de perfumes e aromas alimentares, de longe o que apresenta um aroma mais intenso é o p-ment-1-eno-8-tiol 1. 1 2 Figura 1 (D,L)-p-ment-1-eno-8-tiol 1 e 1,8-tiocineol 2. O olfacto humano consegue detectá-lo acima de 5.10-5 ppb. A diluição de 5g deste composto no estuário do Tejo seria o suficiente para a sua detecção. Esta substância encontra-se presente nos sumos de laranja e de toranja (“grape-fruit”) prensados de fresco. É todavia pouco estável em meio ácido pois cicliza facilmente dando o 1,8tiocineol 2, de fraco odor. No presente trabalho sintetizou-se o 8-cloro-p-ment-1-eno 3, que se sabe ser o precursor do 1-p-menteno-8-tiol 1, por 4 vias diferentes, de acordo com o esquema genérico apresentado na Figura 2. Em qualquer das reacções estudadas foi usado como material de partida um monoterpeno proveniente de óleo essencial. A produção de óleos essenciais encontra-se nos dias de hoje entre dois extremos. Por um lado, a obtenção em pequena escala, por produtores nativos das áreas onde crescem plantas aromáticas, com métodos artesanais e produção limitada. Este artesanato apresenta uma vantagem competitiva no mercado, na medida em que os meios de produção utilizados, não sendo muito valorizados, nomeadamente a mão de obra sazonal, tornam os preços mais baixos. Este método de produção encontra-se presente no Este da Índia (“oil of ESB UCP 102 lemongrass”, palmarosa, etc.), na China (anis, cassia, etc.), e na ilha de Java (“oil of cananga”), etc. Por outro lado, a produção em grande escala baseada em princípios modernos de cultivo de plantas (manipulação genética), na agricultura mecanizada, na engenharia e mão de obra especializada, permite obter óleos com uma qualidade constante, o que encarece o custo de produção. A sua viabilidade só será melhorada se a respectiva produção for sustentada por vários tipos de plantas cujas colheitas se processam ao longo de todo o ano, garantindo assim o funcionamento contínuo da fábrica. Existem algumas fábricas de grande expressão no mercado internacional (e.g. Flórida) onde se extrai um óleo essencial, o L-limoneno, por destilação na presença de óxido de cálcio, da casca de laranjas espremidas. O L-limoneno encontra-se também (ª15 %) na terebentina do pinheiro bravo, enquanto que o D-limoneno provém do pinheiro manso. Figura 2 Síntese do 8-cloro-p-ment-1-eno 3. O métodos analíticos de cromatografia gás-liquido (simples e hifenado) foram utilizados para o controlo de pureza das matérias primas e da evolução das misturas reaccionais. Nunca se conseguiu obter o composto clorado puro, devido aos muitos isómeros presentes nas matérias primas, com pontos de ebulição semelhantes e formando azeótropos. O enantiómero R do 8-mercapto-p-ment-1-eno 3 (p-ment-1-eno-8-tiol) tem um aroma de laranja e o S de borracha queimada. A atribuição das estruturas foi realizada por GC/MS e em algumas reacções foi possível confirmar os resultados por espectroscopia de 1H-RMN. ESB UCP 103 Os rendimentos das reacções foram os seguintes: REACÇÃO Nº 2 Tabela 1 Rendimentos obtidos nos 4 diferentes métodos de síntese de 3 R (%) (compostos clorados) 62 25 (sem ∆) 11 12 (com ∆) 13 43 14 65 α-Terpineol e SOCl2 15 10 α-Terpineol e PCl5 16 4 D-Limoneno e HCl gasoso 17 - α-Terpineol e HCl aquoso Nota: Sem ∆ ≡ Sem aquecimento (20°C) Com ∆ ≡ Com aquecimento (60°C) Na reacção do D-limoneno com o HCl(g) fez-se um tratamento da mistura reaccional com e sem água. Com água verificou-se que o produto desejado hidrolisava muito rapidamente dando a-terpineol 5, material de partida, e vários hidrocarbonetos por rearranjo. A utilização de PCl5 (reacções 11 e 13) não traz vantagens, dado que é um pó caro e pouco solúvel, utilizando-se por isso em suspensão. O composto clorado formado é o mesmo com o SOCl2 e com o HCl gasoso, tendo este a vantagem de não dar segunda adição.O melhor método a utilizar será o da reacção nº14, com a vantagem de evitar uma segunda adição, isto é, não forma o 1,8-dicloro-p-menteno 6, se em meio anidro. A reacção do D-limoneno e HCl gasoso permitiu observar a importância do tratamento da mistura reaccional. Este deverá ser anidro, como se verificou na reacção nº 14. Onde o tratamento foi aquoso verificou-se a hidrólise do composto clorado. Uma grande desvantagem destas sínteses reside na inacessibilidade do material de partida (limoneno 4 e α-terpineol 5) puros. Referências THEILHEIMER, Theilheimer´s Synthetic Methods of Organic Chemistry, vol.45, pp 260-263, Karger; 1991 THEILHEIMER, Theilheimer´s Synthetic Methods of Organic Chemistry , vol.46, pp 178-179, Karger; 1992 JUNG, MICHAEL E.AND HATFIELD, GREGORY L., Tetrahedron Letters, 46, pp4483-4486, 1978 BOSE, AJAY K. AND LAL, BANSI; Tetrahedron Letters, 40; 3937-3940, 1973 JACS 1983 105:2259; JChEd 1988 65:112,223 COTTLE, D. L.; J. Amer. Chem. Soc.,1946, 68 ESB UCP 104 Reavaliação da composição de carotenóides em cucurbitaceae por CLAE-DAD e CLAE-EM Hess de Azevedo C. and Rodriguez-Amaya D. B. Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Engenharia de Alimentos Departamento de Ciência de Alimentos – C.P. 6121 – 13083-970, Campinas – SP - Brasil Resumo A família Cucurbitaceae engloba espécies conhecidas como abóboras (C. moschata), moranga (C. maxima) e híbridos. Trata-se de vegetal de alto valor nutritivo, fonte de sais minerais, cálcio, vitaminas do complexo B e rico em carotenóides, sendo indicado para consumo de pessoas de todas as idades. O alto teor de carotenóides da Cucurbitaceae acrescenta o seu valor em termos da saúde humana. Entretanto, dados da literatura sobre a composição carotenogênica são controvertidos. As composições relatadas de carotenos e xantofilas nas espécies são variadas, apresentando dúvidas inclusive sobre os carotenóides principais. Este trabalho propôs comparar as espécies e variedades de Cucurbitaceae em relação ao perfil carotenogênico. Cucurbita sp. foram adquiridas no mercado de Campinas, SP, Brasil. Os carotenóides foram analisados por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), coluna octadecil, num gadiente de acetonitrila:metanol (95:5) para acetonitrila:metanol:acetato de etila (60:20:20) como fase móvel, com detectores de arranjo de diodos (DAD) e de massas (EM). Morangas apresentaram predominantemente xantofilas sendo as principais violaxantina, neoxantina e luteína. Houve, no entanto, predominância de carotenos em abóboras, sendo o principal o β-caroteno. A híbrida japonesa tetsukabuto e cultivares paulistinha e carbotiã retrataram o perfil intermediário, apresentando a mistura equilibrada entre xantofilas e carotenos, todos com a predominância de luteína e β-caroteno. PALAVRAS CHAVES: Cucurbitaceae, carotenóides, CLAE-DAD, CLAE-EM. Introdução Devido a sua disponibilidade e suas características nutricionais, associadas as suas qualidades culinárias de cor e sabor, as cucurbitáceas são consumidas no mundo inteiro. ESB UCP 105 Conhecidas potencialmente como fontes de carotenóides, pró-vitamina A, as cucúrbitas possuem ainda, outros atrativos nutricionais como, vitaminas do complexo B e sais minerais, entre eles cálcio, fósforo e ferro. Embora apresente esta composição rica em nutrientes, estes vegetais contêm poucas calorias. Em 100 g de fruto maduro encontram-se cerca de 34 calorias. Estudos sobre a composição de carotenóides em cucúrbitas começaram a ser descritos em literatura desde 1931 (Suginome & Ueno). Lewis & Merow (1962) relataram os primeiros estudos sobre carotenóides em abóboras e morangas, já separando os diferentes carotenóides. Entretanto, ainda hoje as discussões persistem na literatura, sobre a predominância de xantofilas ou carotenos nestes vegetais, apesar das pesquisas contínuas nesta área. A identificação baseada somente no tempo de retenção e no espectro de absorção pode levar a conclusões errôneas. Os tempos de retenção são difíceis de serem reproduzidos até em um mesmo laboratório e podem variar durante o decorrer do dia. Mesmo quando padrões de carotenóides são disponíveis e estes co-cromatografados, carotenóides diferentes podem ter o mesmo tempo de retenção em um dado sistema cromatográfico. Também diferentes carotenóides podem possuir o mesmo cromóforo, apresentando então o mesmo espectro de absorção. Segundo Schiedt & Liaaen-Jensen, 1995; Pfander & Riesen, 1994 a identificação correta recomendada é que seja seguido os critérios mínimos de identificação, incluindo a identificação por espectrômetro de massas onde os espectros de massas devem permitir a confirmação de pelo menos as massas moleculares. Arima & Rodriguez-Amaya (1990) fizeram um estudo sobre a composição de cucúrbitas utilizando cromatografia em coluna aberta apontando já as características de algumas variedades, a identificação sendo feita com os espectros de absorção, dados cromatográficos e reações químicas. Falta, no entanto, a confirmação por espectros de massas. Material e Métodos Amotragem: O trabalho foi realizado com quatro cucurbitaceae, sendo elas: as variedades Cucurbita maxima Cv. Exposição e Cucurbita moschata Cv. Menina verde e as espécies híbridas, Cv. Paulistinha, Cv. Carbiotã, Cv. Tetsukabuto. Todas as amostras foram adquiridas nos supermercados de Campinas, São Paulo, Brasil. ESB UCP 106 Análise de carotenóides: As amostras de curcubitaceae foram trituradas e utilizou-se acetona gelada para extração, posteriormente fez-se a partição éter petróleo seguido de saponificação com 10 % KOH metanólico + 0,1 % de butilhidroxitolueno durante 16 horas. A etapa seguinte foi uma lavagem cuidadosa para evitar a perda de carotenóides polares. A amostra foi concentrada em rota-evaporador e o solvente totalmente eliminado com nitrogênio. A amostra foi dissolvida em acetona e injetada no cromatógrafo líquido. Condições cromatográficas: As análises foram realizadas com um cromatógrafo líquido de alta eficiência (CLAE) modelo 2690 equipado com injetor automático e detectores de arranjo de diodos, (DAD) Waters modelo 996 e de massas (EM), por impacto de elétrons (Waters Thermabeam), controlados pelo software Millenium. Utilizou-se coluna cromatográfica C 18 monomérica, spherisorb, ODS2, 3 mm, 4.6X150 mm. A fase móvel foi composta de acetonitrila, metanol e acetato de etila, contendo 0,05 % de trietilamina. O fluxo foi de 0,5 mL/min. Utilizou-se gradiente côncavo, curva 10, começando em 95:5:0 até 60:20:20 em 20 minutos, mantendo esta proporção até o final da corrida. O reequilíbrio da coluna foi de 15 minutos. A detecção por DAD foi nos máximos de absorção (Max plot) e por EM com faixa de massas de 200-650 m/z. A temperatura do nebulizador 70°C, ionizador 250°C e a região de expansão 90°C. Resultados e Discussão Na Figura 1 encontram-se os cromatogramas das cucúrbitas. A confirmação da identificação de alguns carotenóides foi baseada nas massas moleculares obtidas pelos íons moleculares. A Figura 2 apresenta alguns dos principais espectros de massas dos carotenóides encontrados em abóboras e moranga, onde as massas moleculares podem ser claramente identificadas. ESB UCP 107 Cromatograma de C.moschata Cv. Menina verde 1 - Neoxantina; 2 - Luteína; 3 - β-caroteno-5,6-epóxido; 4 - α-caroteno; 5 - β-caroteno; 6 - cis-β-caroteno. Figura 1 Cromatogramas obtidos por CLAE de cucurbitaceae. Cromatograma de Cv. Carbotiã 1 - Neoxantina; 2 - Violaxantina; 3 - Luteína; 4 - Zeaxantina; 5 - α-criptoxantina; 6 - β-caroteno-5,6-epóxido; 7 - α-caroteno; 8 - β-caroteno; 9 - cis-β-caroteno. Cromatograma de C.maxima Cv. Exposição 1 - Neoxantina; 2 - Violaxantina; 3 - Luteína; 4 - Zeaxantina; 5 - α-criptoxantina; 6 - β-caroteno-5,6-epóxido; 7 - δ-caroteno; 8 - α-caroteno; 9 - β-caroteno; 10 - cis-β-caroteno. Cromatograma de Cv. Tetsukabuto 1 - Neoxantina; 2 - Violaxantina; 3 - Luteína; 4 - Zeaxantina; 5 - α-criptoxantina; 6 - β-caroteno; 7 - cis-β-caroteno. Cromatograma de Cv. Paulistinha 1 - Neoxantina; 2 - Violaxantina; 3 - Luteína; 4 - d-caroteno; 5 - a-caroteno; 6 - b-caroteno; 7-cis-b-caroteno. ESB UCP 108 Figura 2 Espectros de massas de carotenóides. A - β-caroteno(m/z=536), B - luteína(m/z=568) C - Violaxantina(m/z=600). A B C Conclusão O perfil dos carotenóides de C.moschata Cv.Menina verde e C.maxima Cv.Exposição mostraram-se distintos. Carotenos predominam em C.moschata e as xantofilas em C.maxima. As variedades híbridas refletiram a mistura das duas espécies com a proporção equilibrada de carotenos e xantofilas. ESB UCP 109 Agradecimentos A FAPESP pela concessão de bolsa de doutorado a primeira autora (processo 99/07822-7); MCT-CNPq-FINEP pelo apoio financeiro (PRONEX processo n0.66.2307/1996-8). Referências ARIMA H.K.; RODRIGUEZ-AMAYA, D.B. Carotenoid composition and vitamin A value of A squash and A pumpkin from northeastern Brazil. Achivos Latinoamericanos de Nutricion. XL, 284-292. 1990 LEWIS, E.P.; MERROW, S.B. Influence on the estimation of β-carotene by other carotenoids in Butternut squashes at harvest and during storage. J. Agr. Food Chem. 10, 53-56. 1962. PFANDER, H.; RIESEN, R. Chromatography: Part IV high-performance liquid chromatography. In: Britton, G.; Liaaen-Jensen, S.; Pfander, H. (eds.). Vol. 1A, Birkhäuser Verlag, Basel,145-190. 1995. SCHIEDT, K.; LIAAN-JENSEN, S. Isolation. In: Britton, G.; Liaaen-Jensen, S.; Pfander, H. (eds.). Carotenoids: Isolation and analysis. Vol. 1, Birkhäuser Verlag, Basel, 81108. 1995. SUGINOME, H.; UENO, K. BULL Soc. Chem Japan, 6, 221-228. 1931. Citado por -LEWIS, E.P. & MERROW, S.B, 1962. ESB UCP 110 Effects of controlled atmosphere (ca) storage on pectinmethylesterase (PME) activiy on texture of “Rocha” pear Galvis Sanchez A. C. and Miranda Bernardo de Morais A. M. Escola Superior de Biotenologia, Universidade Católica Portuguesa Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 420-072 PORTO, Portugal Abstract Firmness and pectinmethylesterase (PME) activity were evaluated in pears (cv. Rocha) after nine months of storage in controlled atmosphere (CA) and after different periods of exposure to air at room temperature. The free calcium content was also evaluated in tissues. The firmness decreased along the time of exposure at room temperature for all four different CA conditions tested. After nine days of exposure to 2 % O2 + 1.5 % CO2, fruits presented tendency to lower firmness in opposition to the control (fruits stored in air). PME activity increased and had tendency to be higher for the fruits from that same CA storage composition after the same period of exposure. Fruits from 1.5 % CO2 atmospheres presented tendency to higher Ca2+ ions along the time of exposure at room temperature. In spite of a normal textural change being noticed along the time of exposure to air at room temperature, it seems that the underlying rnetabolisms was affected by CA storage. Keywords: Controlled atmosphere, CA, Pear, Firmness, Texture, Pectinmethylesterase, PME, Calcium. ESB UCP 111 ESB UCP 112 ESB UCP 113 Potencial vitamínico de banana verde e sua utilização como alimento funcional Mendes Ribeiro Borges M.Y.1 e Godoy H.T.2 1 2 Universidade Federal de São Carlos - Campus Araras, SP. C.P.153, CEP 13600 940. Universidade Estadual de Campinas - Campinas SP. C.P.6121, CEP 13083 970. Introdução O aproveitamento da banana verde para produção de alimentos salgados tem sido estudado no Brasil. A banana verde, rica em sais minerais, contém baixa quantidade de açúcares (0,2 a 1,5 %) e alto teor de amido (15 a 22 %). O teor de açúcares e amido, aliados a não apresentar sabor de banana, possibilitaram o desenvolvimento de vários produtos na linha de massas, como nhoque, pães, biscoitos e massa para salgados empanados. Em função do baixo preço da matéria-prima, podem ser utilizados para a população em geral bem como para segmentos específicos da dieta infantil (merenda escolar) e no combate a fome. Sabe-se que a banana contém diversas vitaminas como C, A, B6, B1, PP e M, porém são muito poucos os estudos em relação ao teor vitamínico da banana e, praticamente não há estudos sobre o acompanhamento da síntese dessas vitaminas durante o estádio de maturação. Devido a nova visão da comunidade científica quanto aos valores nutricionais, ou características nutracêuticas dos alimentos, maior interesse temse dado a esses estudos. Assim, objetivou-se avaliar os teores dessas vitaminas em diferentes fases de maturação da banana verde. Material e método As amostras das variedades Nanicão (musa cavendishi) e Prata (musa acuminata) foram colhidas da Fazenda Taperão município de Brotas/SP, Brasil, no período de Fevereiro a Setembro de 2000. As bananeiras foram selecionadas de pomares comerciais da fazenda e acompanhadas no campo desde a emissão do pedúnculo floral até atingirem 128 dias de idade. Cada amostragem do campo foi constituída de 8 plantas e para cada variedade constituiu-se 4 amostras em dois diferentes tipos de solo, designados neste trabalho de solo pobre (terreno mais argiloso) e solo rico (adubação é feita com menor quantidade de adubos). As amostras de banana foram analisadas a cada 15 dias, durante um período de 128 dias. ESB UCP 114 Os frutos foram fatiados e homogeneizados. Para as análises de pró-vitamina A (Bcaroteno) utilizou-se o método de Rodriguez-Amaya et al. (1989), para a vitamina C o método oficial da AOAC, titulação com 2,6-dicloroindofenol. Para as vitaminas do complexo B seguiu-se a metodologia por HPLC desenvolvida por Agostini e Godoy (1997) e para a determinação do ácido fólico o método de Catharino e Godoy (2000). Resultados e discussão Os dados a respeito dos teores de vitaminas durante o período analisado neste trabalho estão apresentados na Tabela 1 em base húmida. Para a vitamina B1 somente entre as médias das variedades e entre as épocas de amostragem é que houve diferença significativa. O maior teor médio foi encontrado na variedade Prata. Com relação a determinação da vitamina C houve diferença significativa entre as médias das variedades e entre as médias das épocas. Entre os solos não houve diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade. Também a interação entre Tabela 1 Teores de vitaminas (mg/100g) durante a fase de amadurecimento de banana das variedades Nanicão e Prata, em solo rico e pobre Vitaminas (mg/100g) amostra vitamina Épocas 1 2 3 4 5 6 7 8 NP B6 1,5 1,4 0,6 0,9 0,7 0,7 0,7 0,7 NR B6 1,5 1,4 0,7 0,9 0,8 0,8 0,8 0,6 PP B6 1,7 0,8 0,6 0,6 0,6 0,5 0,6 0,6 PR B6 1,5 0,7 0,5 0,5 0,5 0,6 0,6 0,5 NP B1 2,6 1,2 0,8 0,6 0,5 0,5 0,6 0,8 NR B1 3,1 1,5 0,7 0,7 0,6 0,6 0,7 0,7 PP B1 3,5 1,4 1,1 1,0 0,9 0,8 1,0 1,4 PR B1 1,4 1,3 1,2 1,2 1,0 1,0 1,1 1,3 NP A 0,5 0,2 0,1 0,2 0,3 0,3 0,3 0,3 NR A 0,3 0,2 0,1 0,1 0,2 0,2 0,3 0,3 PP A 0,2 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2 0,3 0,3 PR A 0,3 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 NP C 18,4 11,5 16,1 21,4 17,9 19,7 23,0 18,1 NR C 21,1 13,3 16,2 17,3 18,0 21,1 23,2 12,8 PP C 29,6 18,6 15,8 18,8 16,9 20,5 26,4 9,8 PR C 25,4 12,8 16,3 19,6 19,0 23,5 28,5 11,6 Valores são médias de 4 determinações em duplicata. ESB UCP 115 variedades e épocas se mostrou altamente significativa indicando um comportamento diferenciado das épocas de amostragem para cada variedade. Um pouco menos evidente foi a interação tripla envolvendo os três fatores. Também para a vitamina B6 houve diferença altamente significativa entre as médias das variedades, com a Nanicão apresentando, em média, em maior teor do que a Prata. Todas as interações duplas envolvendo épocas de amostragens foram altamente significativas. Houve diferença significativa entre as médias das variedades, com a variedade Prata apresentando um teor maior de vitamina A. Entre as interações, somente a envolvendo variedades e épocas de amostragem é que resultou altamente significativa. Os resultados apresentaram-se altamente significativos entre as épocas tendo valores médios em mg/100 g de polpa iguais a 18,4 para vitamina C; 1,25 para B1; 0,82 para B6 e 0,21, verificou-se a possibilidade de utilização da polpa de banana verde durante todo o período estudado. ESB UCP 116 Proximate composition of raw and canned "SAHAGÚN" LEEK (León, Spain) Villarino Rodríguez A., García Linares M.C., Martínez Rollón S., García Arias, M.T. and García Fernández, M.C. Departamento de Higiene y Tecnología de los Alimentos, Campus de Vegazana SN 24071. Universidad de León (León), Spain. Introduction Leek is an important vegetable in the Spanish diet due to their high content in fiber and micronutrients. Allium porrum var. Romil is a traditional crop in the northwest of Spain (Sahagún Area, León). As it is a highly appreciated fresh vegetable, it was necessary to carry out a study on the characterization of the raw leek such as studying the processing and establishing the shelf-life of canned leek. Objective The aim was to determine the proximate composition of the edible part of the leek, both as a raw and canned vegetable, grown in the Sahagún Area, and to assess the nutritional significance of the canning process. Materials and Methods Sampling Fresh leeks were hand harvested in different places and ripening stages of Sahagún Area. The canning process of the leek (cleaning, peeling, cutting, blanching and sterilizing) was carried out with the technological resources of “Vegasahagún” S.A. (León, Spain). Before analysis the samples were freeze-dried and milled. In batches of fresh leek (n=9) and canned leek (n=9) the following values were determinated: water, protein, fat, ash, carbohydrate and fiber content. Proximate composition Moisture. Homogenous mixtures of each sample were dried at 100°C to constant weight by standard methods (method 240.03, AOAC, 1980). Total protein was calculated from Kjeldahl nitrogen using a 6.25 conversion factors (AOAC, 1984). Total fat of 1 g each freeze-dried sample was extracted with petroleum ether (BP 40- ESB UCP 117 60°C, Soxtec System 1040 Tecator, Sweden). Ash was determinated by heating at 500°C to constant weight, using a muffle furnace (method 310.12, AOAC, 1975). Total carbohydrates were determinated by the anthrone method, (Osborne, D.R. and Voogt, P., 1978). Total Dietary fiber was determinated by enzymatic-gravimetric analysis following the AOAC Official Method 985.29 (1995) (Fibertec System E 1023 Filtration Module, Tecator, Sweden); and Energy was determinated using the following conversion factors based on the recommendations of W.H.O.; proteins, 4 Kcal/g; carbohydrates, 3.75 Kcal/g, and fats, 9 Kcal/g, (Southgate, D. and Durnin, J., 1970). Statistical analysis The data were analysed using one-way analysis of variance (ANOVA). Significance was established at p<0.05 level. (STATISTICA release 5.1). Results and Discussion Proximate composition The “Sahagún” fresh leek has a content in nutrients similar to those indicated in tables of food composition for leek in general (Varela et al.,1983; Souci et al.,1991; Mataix et al.,1998 and Moreiras et al.,1998). Fresh leek has a high moisture content (89.81 %), carbohydrate content (5.80 %), fiber content (1.40 %) and ash content (1.41 %), and shows practically nonexistent fat (0.12 %) and protein (1.49 %) contents, and thus a low calorie content (28.8 Kcal/100 g), which is to be expected in a vegetable foodstuff (Table 1.). However, canned leek showed, compared to the fresh product, a significantly (p<0.05) higher carbohydrate content (7.07±0.29 vs 5.80±0.33) and protein content (2.01±0.08 vs 1.49±0.12). The fat, fiber and ash contents did not vary in the canning process (Table 1). Raw leek Canned leek Moisture 89.81 ± 0.16 90.44 ± 3.55 Carbohydrate 5.80 ± 0.33 7.07 ± 0.29* Protein 1.49 ± 0.12 2.01 ± 0.08* Fat 0.12 ± 0.03 0.12 ± 0.03 Fiber 1.40 ± 0.12 1.01 ± 0.01 Ash 1.41 ± 0.05 0.98 ± 0.05 Energy 28.8 Kcal. 35.6 Kcal. Table 1 Proximate composition of raw and canned leek (g/100 g edible portion) Values are mean ± standard deviation of six determinations.*: p< 0.05. ESB UCP 118 Nutritional significance of the variation in canning process The percentages of recommended dietary allowances (RDA), (NRC,1991) were calculated and are shown in Table 2: Table 2 Percentages of recommended dietary allowances (RDA) per 100 g of fresh and canned leek Energy a male Protein a female male female Raw leek 0.99 1.31 2.46 * 3.10 * Canned leek 1.23 1.62 3.32 * 4.18 * a: Recommended dietary allowances as set by the Food and Nutrition Board, Academy of Sciences-National Research Council (NRC, 1991); % RDA in 100 g serving for adults male and females (19 – 50 years). *: p< 0.05. 100 g of fresh or canned leek only gives 0.99 %–1.31 % of RDA for energy, however, has 2.46 %–3.10 % of RDA protein which significantly increases with the intake of 100 g of canned leek. References AOAC (1975). Official Methods of Analysis, 12th ed. E. Horwitz (ed.). Association of Official Analytical Chemists, Washington, D.C. AOAC (1980). Official Methods of Analysis, 13th ed. E. Horwitz (ed.). Association of Official Analytical Chemists, Washington, D.C. AOAC (1984). Official Methods of Analysis, 14th ed. E. Horwitz (ed.). Association of Official Analytical Chemists, Washington, D.C. AOAC (1995). Official Methods of Analysis, 15th ed. E. Horwitz (ed.). Association of Official Analytical Chemists, Washington, D.C. MATAIX VERDÚ, J AND MAÑAS ALMENDROS, M., (1998). Tabla de composición de alimentos españoles, 3ª edición, Ed. Universidad de Granada, Granada. MOREIRAS, O.; CARBAJAL, A. AND CABRERA, L., (1998). Tablas de composición de los alimentos. Ed. Pirámide, Salamanca. OSBORNE, D.R. AND VOOGT, P. (1978): The Analysis of Nutrients in Food. Academic Press. London. SOUCI, SW.; FACHMENN, W. AND KRAUT, H., (1994). Food composition and nutrition tables, 5th edition. Deutsche Forschungsanstalt für Lebensmittelchemie, Garching bei München. Stuttgard. SOUTHGATE, D.A.T. AND DURNIN, JV.G.A., (1970). Caloric conversion factors: an experimental evaluation of the factors used in the valculation of energy value of human diets, Br. J. Nutr., 24:517-535. ESB UCP 119 VARELA, G.; ANDUJAR ARIAS M.; MOREIRAS-VARELA, O. & GIL EXTREMADURA, F., (1983). Tabla de composición de alimentos. Instiuto de Nutrición, CSIC. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (1991). Recommended Dietary Allowances. Ed. Consulta, Barcelona. ESB UCP 120 Determination of phenolic compounds in quince jams by SolidPhase Extraction and HPLC Silva B.M.1, Andrade P.B.1, Valentão P.1, Seabra1 R.M., Ferreira M.A.2 CEQUP/ 1 Serviço de Farmacognosia and 2 Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, R. Aníbal Cunha, 164, 4050 Porto, Portugal. Introduction Quince jam is industrially manufactured or at home by boiling a mixture of sugar and quince puree, until convenient texture is obtained. Nevertheless, for agricultural reasons, in years in which quince production is scarce, industry manufactures are tempted to adulterate quince jam by adding apple and/or pear due to their low cost. In previous papers1-3 we reported the identification of the phenolic compounds in quince products (pulps, jams and jellies) using an Amberlite XAD-2 column chromatography and a simplified extractive technique with methanol, which also allowed the detection of adulterations by the addition of apple and/or pear. However, the extraction via Amberlite XAD-2 is a time-consuming technique, unsuitable for routine analysis in quality control determinations. The aim of the present study was to improve the analytical technique, using C18 SPE columns, to avoid utilising the Amberlite XAD-2 chromatography, in the qualitative and quantitative analysis of phenolics in quince jams. Experimental Determination of Sorption Capacity In order to test the sorption properties of the different sorbents, ISOLUTE C18 non end-capped (NEC) and ISOLUTE C18 end-capped (EC), an aqueous solution of arbutin, 5-O-caffeoylquinic acid, phloretin 2’-glucoside, quercetin 3-galactoside, rutin and quercetin 3-rhamnoside (pH 2 with HCl) was prepared. Two aliquots were passed through the different columns. 1 % of methanol was added as wetting agent to a third aliquot which was then applied to ISOLUTE C18 (NEC) column. Each column was preconditioned with 60 mL of methanol and 140 mL of water (pH 2 with HCl). The phenolic fraction remained in the column was then eluted with methanol, evaporated to dryness, redissolved in methanol and analysed by HPLC. ESB UCP 121 Extraction of Phenolic Compounds from Quince Jams Each quince jam (ca. 3 g) was thoroughly mixed with water (pH 2 with HCl) until complete extraction of the phenolic compounds (negative reaction to NaOH 20 %) and filtered through cottonwool. 1 % methanol was added to the filtrate, which was then passed through an ISOLUTE C18 (NEC) column, preconditioned as described previously. The retained phenolic fraction was then eluted with methanol, concentrated to dryness, redissolved in methanol and analysed by HPLC. HPLC Analysis of Phenolic Compounds Separation of phenolics was achieved as reported previously1-3, with an analytical HPLC unit (Gilson), using a Spherisorb ODS2 (25.0 x 0.46 cm; 5mm, particle size) column. The solvent system used was a gradient of water-formic acid (19:1) and methanol, at a solvent flow rate of 0.9 mL/min. Detection was achieved with a Gilson diode array detector. Results and Discussion The recovery of phenolic compounds from the sorbent is higher using the ISOLUTE C18 (NEC) column. As a general rule, adding 1 % methanol to the sample, as wetting agent, we could increase the percentage of recovery of phenolics. Under the assay conditions described, a linear relationship between the concentration of arbutin and phloretin 2’-glucoside and the UV absorbance at 280 nm was obtained, as it happened with 5-O-caffeoylquinic acid, quercetin 3-galactoside, rutin and quercetin 3-rhamnoside and the UV absorbance at 350 nm. The detection limit values were between 0.1 and 1.6 µg mL-1. The analytical method is precise, once the coefficients of variation of phenolics were between 1.15 and 3.76 % (n = 6). Recovery values were between 2.9 and 12.6 % for arbutin, 82.2 and 83.9 % for 5-Ocaffeoylquinic acid, 88.9 and 96.8 % for phloretin 2’-glucoside and between 77.4 and 95.2 % for rutin. The phenolic profile obtained with the developed SPE procedure (Figure 1) is similar to that obtained in previous works with Amberlite XAD-2 and methanolic extractions1-3. In these studies arbutin (characteristic compound of pear) was only detected in the extracts obtained with a simplified technique using methanol as extractive solvent. One of the analysed samples presented the dihydrochalcones phloretin 2’-xylosylglucoside and phloretin 2’-glucoside, considered the chemical markers of apple, which suggests a falsification with this fruit. ESB UCP 122 Figure 1 HPLC phenolic profile of a quince jam sample, obtained by C18 SPE extraction. (1) arbutin; (2) 3-O-caffeoylquinic acid; (3) 4-O-caffeoylquinic acid; (4) 5-O-caffeoylquinic acid; • unidentified phenolic compounds (under study); (5) sodium benzoate; (6) phloretin 2’-xylosylglucoside; (7) phloretin 2’-glucoside; (8) quercetin 3-galactoside; (9) rutin; (10) quercetin 3-xyloside; (11) quercetin 3-rhamnoside In conclusion, the proposed procedure is simple, rapid, sensitive, reproducible and accurate, suitable for routine analysis of phenolics in quince jams. The utilisation of C18 (NEC) SPE columns avoids the use of Amberlite XAD-2 resin, which is a rather time consuming technique. This procedure also allows the detection of adulterations by addition of apple and/or pear, however it can’t be used in the quantification of arbutin (marker of pear). Acknowledgements B.M. Silva is grateful to Fundação para a Ciência e a Tecnologia for a grant (PRAXIS XXI/BD/21339/99). References 1. P.B. ANDRADE, A.R.F. CARVALHO, R.M. SEABRA, M.A. FERREIRA, J. Agric. Food Chem., 46, 968-972 (1998). 2. B.M. SILVA, P.B. ANDRADE, G.C. MENDES, P. VALENTÃO, R.M. SEABRA, M.A. FERREIRA, J. Agric. Food Chem., 48, 2853-2857(2000). 3. B.M. SILVA, P.B. ANDRADE, P. VALENTÃO, G.C. MENDES, R.M. SEABRA, M.A. FERREIRA, Food Chem., 71, 281-285 (2000). ESB UCP 123 Estudio bromatológico del mazapán Blanco García S. & Orzáez Villanueva Mª.T. Departamento de Nutrición y Bromatología II: Bromatología. Facultad de Farmacia. Universidad Complutense de Madrid. Resumen El mazapán es un dulce típico de la repostería española elaborado con almendras de excelente calidad y azúcar. En el presente trabajo, dadas las escasas referencias bibliográficas sobre este dulce, se hace un estudio bromatológico del mismo abarcando los siguientes parámetros: humedad, cenizas, proteína, grasa y azúcares. El conjunto muestral se compone de un total de 44 muestras de figuritas de mazapán, repartidas en las tres calidades comerciales: Suprema, Extra y Estándar. Los métodos utilizados para las distintas determinaciones han sido los oficiales y recomendados para el mazapán por el Centro de Investigación y Control de Calidad, a excepción de los azúcares totales, que se han determinado por el método colorimétrico de la Antrona. De los resultados obtenidos se advierte que las muestras pertenecientes a la calidad suprema, son las que tienen el mayor contenido graso, próximo al 26 g/100 g, hecho lógico ya que se utiliza más almendra en su elaboración. En cuanto a las proteínas, los valores medios se situan en torno a 11 g/100 g para la calidad suprema, e inferiores para la extra y la estándar, próximos a 9 g/100 g y 6 g/100 g, respectivamente para ambas. Por su parte, los datos más elevados para los parámetros de humedad y azúcares se corresponden con las muestras de mazapán stándar, con cifras que giran alrededor de 10 g/100 g y de 69 g/100 g, respectivamente. Por el contrario, presentan el menor contenido en elementos minerales, con una media próxima a los 0,8 g/100 g de producto, valor que se eleva en las otras dos calidades, suprema y extra. Como conclusión, resaltamos que el mazapán es un dulce muy nutritivo, del que la mayoría de los consumidores desconoce su composición, clasificándole dentro del grupo de las golosinas, cuyo aporte mayoritario únicamente son los azúcares, ignorando los otros nutrientes que aporta este dulce en cantidad destacada, como queda avalado en este estudio. ESB UCP 124 ESB UCP 125 ESB UCP 126 Caracterización de los ácidos grasos de mazapán de elaboración industrial Blanco García S. & Orzáez Villanueva Mª.T. Departamento de Nutrición y Bromatología II: Bromatología. Facultad de Farmacia. Universidad Complutense de Madrid. Resumen Dentro del grupo de dulces tradicionales españoles destaca el mazapán, producto elaborado a base de almendras y azúcar. La almendra es una de las materias primas fundamentales de este dulce al que le dota, entre otros nutrientes, de un contenido importante de grasa. En el presente trabajo se hace un estudio de la caracterización de los ácidos grasos en un total de 38 muestras de figuritas de mazapán de las tres calidades: Suprema, Extra y Stándar. La metodología aplicada consiste, en la extracción previa de la grasa mediante el método de Bligh e Dyer, y posterior metilación de los ácidos grasos, e identificación de los mismos mediante cromatografia gaseosa, para lo cual se empleó un cromatógrafo Perkín Elmer 8600. A la vista de los resultados obtenidos, se observa que los ácidos grasos mayoritarios son el oleico (C 18:1) y el linoleico (C 18:2) en las tres calidades estudiadas, con contenidos del orden del 70 % y del 20 % respectivamente. En cuanto a los ácidos grasos saturados, destacan el palmítico (C 16:0) y el esteárico (C 18:0), aunque en cantidades muy inferiores con respecto a los insaturados anteriormente citados, que no superan el 7 % en el primer caso y el 2 % en el segundo. Se comprueba que la composición en ácidos grasos de este dulce es muy similar, en cuanto a su distribución, a la del aceite de oliva, mostrando un perfil de ácidos grasos muy favorable en cuanto al porcentaje de insaturados respecto al perfil de saturados, parámetro muy saludable que considera la dieta mediterránea. ESB UCP 127 ESB UCP 128 ESB UCP 129 Contenido de glucosa y fructosa en mieles mono y multiflorales De Frutos Prieto A., Blázquez Abellán G., Orzáez Villanueva Mª.T. Departamento de Nutrición y Bromatología II: Bromatología. Facultad de Farmacia. Universidad Complutense de Madrid. Resumen En las últimas décadas se está advirtiendo un retorno hacia el consumo de productos “naturales”, entre los que se encuentra la miel, que procede de las plantas por intermedio de las abejas. En la composición de la miel entran distintas sustancias que dependen, entre otros factores, de su origen, así como de sus características sensoriales relativas a su sabor, aroma, color, etc. Los glúcidos son los nutrientes que se encuentran en un mayor porcentaje en la miel, alrededor de un 75 %, predominando la glucosa y la levulosa, que son azúcares simples, directamente asimilables por nuestro organismo. Estos carbohidratos, además de aportarle un valor energético a este producto, son responsables de muchas de las características que presenta, como son la viscosidad y la cristalización. Por lo anteriormente mencionado, en el presente trabajo realizamos una cuantificación de los azucares glucosa y fructosa en un total de 40 mieles repartidas de la siguiente manera: 30 monoflorales y 10 multiflorales. Para su cuantificación se ha empleado el test “U V” para la determinación de D-glucosa y D-Fructosa en alimentos de Boheringer Mannheim S. A. (Núm 0139106). Por los resultados obtenidos podemos decir que tanto en las mieles monoflorales como multiflorales, los carbohidratos, en la mayoría de las muestras, se sitúan en un porcentaje de un 70 %, predominando, en la práctica totalidad de las mismas, la fructosa que, salvo en raras excepciones, supera los 35 g %. Asimismo, quisimos establecer la relación glucosa/agua con el fin de poder comprobar en qué medida estas mieles comerciales tienen una tendencia a su cristalización, observándose que esta relación en casi todas las mieles objeto de estudio está en el intervalo 1-2, es decir, con poca tendencia a su cristalización. ESB UCP 130 ESB UCP 131 ESB UCP 132 Estudo da proteólise na D.O.P. queijo Zamorano durante a maturação: fraccionamento químico do nitrogénio Pomar, E., Pablos, A., Tornadijo, M.E., Fresno, J.M. & González-Prieto, J. Dpto. Higiene y Tecnología de Alimentos. Universidad de León. 24071. León (Espanha) A estrutura e as propriedades organolépticas da Denominação de Origem Protegida (D.O.P.) queijo Zamorano são a consequência de uma série de complexas mudanças bioquímicas durante a sua maturação onde a qualidade da matéria prima, a composiçao da flora microbiana e a sua atividade enzimática, assim como a tecnologia da sua fabricação desempenham um papel importante. Nos queijos de massa dura, a etapa de maturação é uma das fases mais importantes no processo produtivo, já que a mesma está associada com um lento e intenso processo proteolítico com liberação progressiva de polipeptídios, peptídios e aminoácidos livres pela ação de enzimas endógenas, exógenas ou da flora microbiana presente no leite. O objetivo deste trabalho é aprofundar o conhecimento da intensidade da solubilização da caseína durante a maturação da D.O.P. queijo Zamorano mediante o fracionamento químico do nitrogênio. Material e métodos Para alcançar este objetivo, elaboraram-se 4 lotes de queijos em diferentes queijarias da D.O.P. queijo Zamorano. Os queijos, de aproximadamente 3 Kg de peso, foram recolhidos em diferentes etapas da maturação: 1 (coalhada prensada sem sal), 7, 15, 30, 60, 120, 180 e 240 dias e levados ao laboratório em condições de refrigeração para posterior análises. A preparação das amostras levou-se a cabo segundo a Norma FILIDF 50B (1985); a seguir, foram divididas em duas porções: superficial (1 cm de espessura desde a parte externa até o interior) e profunda (resto da massa) e armazenadas a congelação (-30°C) até o momento de suas análises. Foram realizados por quadruplicado as seguintes análises em cada um dos queijos: 1.- Nitrogênio Total (NT) pelo método Kjeldahl, conforme a Norma FIL-IDF 20B (1993). 2.- As seguintes frações nitrogenadas: Nitrogênio Solúvel Total (NST) e Nitrogênio Não Protéico (NNP) foram determinados pelo método de Johnson prévia extração segundo descrito por Vakaleris & Price (1959). O Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) e Nitrogênio ESB UCP 133 Aminoacídico (N-NH2) foram determinados pelos métodos de Johnson e ninhidrina, respectivamente, prévia extração segundo descrito por Ordóñez (1982). O Nitrogênio Caseínico (NC), Nitrogênio Protéico (NP), Nitrogênio Polipeptídico (Npolipept) e Nitrogênio Peptídico (Npeptídico) foram calculados como descrevem Prieto et al. (1994). Resultados A evolução a percentagens das diferentes frações nitrogenadas na Denominaçao de Origem queijo Zamorano ao longo da maturação são apresentadas nas Figuras 1 e 2. Figura 1 Evolução dos valores médios das frações nas porções superficial (s) e profunda (p) do queijo Zamorano durante a maturação Figura 2 Evolução dos valores dos componentes nitrogenados nas porções superficial (s) e profunda (p) do queijo Zamorano durante a maturação ESB UCP 134 Conclusões Nossos resultados indicaram que a proteólise deste queijo foi muito importante tanto na extensão como na sua profundidade, sendo mais acentuada na porção profunda. Ao final da maturaçao o conteudo de nitrogênio solúvel total (NST), expresso como percentagem do nitrogênio total (NT), foi de 28,41 ± 8,01 e 36,30 ± 11,39 nas porções superficial e profunda, respectivamente. Estes valores sao semelhantes aos obtidos para o queijo Serra por Macedo e Malcata (1997) e o queijo Manchego por Poveda et al. (1999) e superiores aos obtidos por Ordóñez et al. (1998) para o queijo Idiazábal. Os valores de nitrogênio não protéico (NNP), expressado como percentagem do NT, foram também elevados (68-74 % do NST do queijo), sendo bem maiores que os descritos para outros queijos de ovelha estudados. Finalmente, o nitrogênio amoniacal foi pouco importante, enquanto que o nitrogênio aminoacídico incrementava-se durante a maturação até os níveis de 4,48 ± 0,89 e 6,31 ± 0,61 nas porções superficial e profunda, respectivamente. Bibliografía MACEDO, A.C. & MALCATA, F.X. (1997). Z. Lebensm. Unters. Forsch., 204, 173-179. ORDOÑEZ, A.T., IBÁÑEZ, F.C., TORRE, P. & BARCINA, Y. (1998). J. Dairy Sci., 81, 2089-2095. ORDÓÑEZ, J.A. 1974. An. Fac. Vet. León., 18, 225-403. POVEDA, J.M., CABEZAS, L. & GARCÍA, A. (1999). Milchwissenschaft, 54, 252-255. PRIETO, B., FRESNO, J.M., CARBALLO, J., BERNARDO, A. & MARTÍN-SARMIENTO, R. (1994). Sciences des Aliments 14, 203-215. VAKALERIS, D.G. & PRICE, W.V. 1959. J. Dairy Sci., 42, 264-276. ESB UCP 135 Evolução da textura e da composição físico-química do queijo Serpa ao longo do final da maturação Alvarenga N.B.1, Raymundo A.2, Sousa I.M.N.3 1 ADCTA - Escola Superior Agrária - Instituto Politécnico de Beja, R. P. Soares, Apart. 158. 7801-902 Beja, Portugal ISEIT - Instituto Piaget, Quinta da Arreinela de Cima, 2800-305 Almada 3 SCTA - DAIAT - Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa Tapada da Ajuda 1349-017 Lisboa, Portugal 2 Resumo A textura do queijo Serpa foi determinada pelo método de Análise do Perfil de Textura, TPA, em penetração. Os resultados da avaliação da textura foram relacionados com a composição físico-química, em queijos com diferentes dias de cura. Obtiveram-se os seguintes intervalos de variação para os atributos TPA: dureza 0,5721,893 kg, adesividade 0,578-6,462 -kg.s e coesividade 0,458-0,611. A dureza mostrou-se eficaz para avaliar a maturação dos queijos: apresenta correlação significativa com o tempo de cura e encontra-se junto ao coeficiente de maturação, na distribuição dos atributos no plano principal (análise em componentes principais). Este estudo pode ser uma valiosa contribuição para o estabelecimento das especificações relativas à textura, a incluir na ficha técnica deste queijo com Denominação de Origem, com implicações no controlo de qualidade e na comercialização do mesmo. Introdução O queijo foi provavelmente um dos primeiros produtos alimentares a atrair a atenção dos reologistas. Existindo numerosas variedades de queijo em todo o mundo, nenhum requisito específico pode ser definido globalmente para todos os tipos de queijo [1]. As propriedades reológicas do queijo podem ser tão importantes como o sabor, pelo que todos os estudos no sentido de padronizar um método objectivo de determinação de textura são importantes [2]. Ibáñez et al. (1998), estudaram a textura de diferentes queijos de ovelha com Denominação de Origem Protegida concluindo que se pode aplicar a análise instrumental da textura no controlo de qualidade destes queijos. Ao contrário, a avaliação sensorial da textura não permite uma discriminação dos queijos estudados [3]. Em estudos realizados em queijo de mistura de leites de vaca, ovelha e cabra, Jesus (1994), adopta a dureza como o parâmetro mais fiável na caracterização da textura de um queijo [4]. O queijo Serpa é um queijo Alentejano, com Denominação de Origem, curado e de pasta semimole, ESB UCP 136 amanteigada, sendo a textura um atributo dominante na sua caracterização [5]. É objectivo deste trabalho acompanhar a evolução da textura e composição físicoquímica do queijo Serpa ao longo do final da Maturação. Material e Métodos As amostras de queijo Serpa são colhidas com diferentes dias de cura: 18 amostras (2 produtores) de queijo com 30, 37, 44 e 51 dias de cura. Foi determinada a textura (10 réplicas por amostra) e alguns parâmetros físico-químicos (3 réplicas por amostra). Para determinar a textura usou-se um analisador de textura TAHDi da Stable Stable Microsystems UK, sendo o método descrito por Alvarenga e Sousa (2000) [6]. Os métodos estatísticos usados são referidos por Alvarenga (2000) [7]. Discussão dos Resultados Para efeito de caracterização de queijo Serpa, obtiveram-se os seguintes intervalos de variação: dureza 0,572-1,893 kg, adesividade 0,578-6,462 -kg.s e coesividade 0,458-0,611. Obtiveram-se correlações significativas entre os parâmetros de textura e físico-químicos. O comportamento encontrado pode assim resumir-se: i) para valores crescentes de cloreto de sódio, resíduo desengordurado, azotos solúveis, coeficiente de maturação e valores decrescentes de humidade cresce a dureza e a adesividade; ii) para valores crescentes de humidade no queijo isento de gordura e decrescentes de acidez, coeficiente de maturação e gordura, a coesividade cresce. Figura 1 Relações (a) tempo de cura vs dureza e (b) tempo de cura vs adesividade, em amostras do mesmo lote a b Obtiveram-se correlações bastante significativas entre o tempo de cura e a dureza: r=0,77 (p<0,001) e a adesividade: r=0,86 (p<0,001). Se usarmos amostras do mesmo lote, os valores de r aumentam (Figura 1). Pelo contrário a coesividade apresenta-se ESB UCP 137 independente do tempo de cura. A partir dos valores positivos de r podemos observar uma tendência nitidamente crescente da dureza e da adesividade à medida que o tempo de cura aumenta (Figura 1-a e -b). Como o acompanhamento da cura foi efectuado só a partir do trigésimo dia, não se pôde estudar o comportamento da dureza e da adesividade na fase inicial da cura. A partir do trigésimo dia de cura detectou-se um ajuste quase linear entre estes parâmetros e o tempo de cura. Os valores negativos para a ordenada na origem levantam a hipótese, que já está em estudo, de o modelo ser explicado por ajustes do tipo logarítmico. Neste momento, só podemos concluir que a partir do trigésimo dia de cura a dureza das amostras analisadas aumentou 38,1 g/dia e a adesividade aumentou 181,1 (-g.s)/dia. Para avaliar a importância dos diferentes atributos na evolução da cura, os dados foram tratados pelo método de análise em componentes principais, usando-se os seguintes atributos (nove): tempo de cura, dureza, adesividade, coesividade, densidade, cloretos, matéria gorda, resíduo seco desengordurado (RSD) e coeficiente de maturação. Na Figura 2-a e -b, podemos observar os resultados desta análise. b Eixo 2 (CP2) Eixo 2 (CP2) a Figura 2 (a) Distribuição dos atributos no Plano Principal constituído pela componente principal 1, CP1 e pela componente principal 2, CP2; (b) Projecção das amostras no Plano Principal: no código das amostras refere-se o produtor e os dias de cura: exº 30-1 representa uma amostra com 30 dias de cura - produtor 1 As variáveis adesividade, dureza, coeficiente de maturação (azotosolúvel / azotototal), cloretos, resíduo desengordurado (RSD) e densidade, são, por essa ordem, as que apresentam maior peso na explicação da CP1, e portanto no tempo de cura. A gordura e coesividade apresentam maior peso na explicação do CP2. A aproximação entre os atributos dureza e coeficiente de maturação (Fig. 2-a) aponta para a importância da dureza dos queijos como índice de maturação. Para consolidar esta conclusão, na projecção das amostras no Plano Principal, as amostras aparecem agrupadas em três grupos bem definidos, o 1º com 30 dias de cura, o 2º com 37 e 44 e o 3º com 51 dias de cura. Estes agrupamentos foram obtidos através da classificação hierárquica, “Cluster Analysis”. ESB UCP 138 Referências [1] J.H. PRENTICE, Dairy rheology – a concise guide, Y. H. Hui – Series Editor, New York (1992). [2] N.Y. FARKYE, B.B. PRASAD, R. ROSSI, O.R. NOYES, Sensory and textural proprieties of Queso Blanco-Type cheese influenced by acid type, Journal of Dairy Science, 78: 1649-1656 (1995). [3] F.C. IBÁÑEZ, S. LOYGORRY, A.I. ORDOÑEZ, P. TORRE, Evaluation instrumental y sensorial de la textura en quesos de oveja con denominacion de origen, Alimentaria, Mayo: 49-53 (1998). [4] C. JESUS, O uso do texturómetro na caracterização da textura de queijo, Relatório do Trabalho de Fim de Curso de Engenharia Agro-Industrial, Instituto Superior de Agronomia - Universidade Técnica de Lisboa (1994). [5] Decreto Regulamentar n.º39/87, Cria a Região Demarcada do Queijo Serpa, Diário da República de 29 de Junho de 1987 - I Série. [6] N.B. ALVARENGA, I.M. SOUSA, Evaluation of texture measurements of soft cheese. Proceedings of the XIIIth International Congress on Rheology, IV volume, Cambridge, UK: 392-394 (2000). [7] N.B. ALVARENGA, Estudos em textura do Queijo Serpa, Dissertação para Obtenção do Grau de Mestre em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, Universidade Técnica de Lisboa (2000). ESB UCP 139 Caracterização química de azeites varietais das cultivares Cobrançosa, Madural e Verdeal Transmontana obtidos de azeitonas com diferentes índices de maturação Matos L.C.1, Pereira J.A.2, Andrade P.3, Seabra R.3, Oliveira M.B.P.P.1 CEQUP/ 1Serviço de Bromatologia e 3Serviço de Farmacognosia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha, 64, 4050-047 Porto, Portugal 2 . Esc. Sup. Agrária de Bragança, Qta de Sta Apolónia, Ap. 172, 5300 Bragança, Portugal A qualidade de um azeite depende de diversos factores, nomeadamente das práticas agronómicas, do estado sanitário dos frutos, das fases sucessivas de colheita, de armazenamento e de transformação. A composição química do produto final está directamente relacionada com o estado e composição do fruto do qual é extraído. A maturação das azeitonas é um processo lento que se prolonga durante vários meses, ao longo do qual ocorrem numerosos processos de transformação química e de síntese de substâncias orgânicas. Assim, o estabelecimento de uma época óptima de colheita, por forma a obter um rendimento máximo de extracção e as melhores características qualitativas do produto final, parece de grande interesse quer para os produtores quer para o consumidor. Com o objectivo de determinar uma época óptima de colheita, avaliaram-se algumas características químicas de azeites obtidos de azeitonas com diferentes índices de maturação (IM) de três cultivares (Cobrançosa, Madural e Verdeal Transmontana) num total de 18 amostras. A colheita de amostras de azeitona decorreu num olival da Terra Quente transmontana (maior mancha de olival de Trás-os-Montes), situado na freguesia de Mascarenhas, lugar de Paradela, concelho de Mirandela. Trata-se de um olival não regado, podado cada 2-3 anos e sujeito às práticas culturais habituais na região. Este olival encontra-se em sistema de Agricultura Biológica e não sofreu qualquer tipo de tratamento fitossanitário nos últimos 10 anos. As amostras, relativas à Campanha de 2000/2001, foram colhidas por ripagem de cinco árvores de cada cultivar e transportadas num balde para o laboratório. De cada cultivar foi retirada uma amostra constituída por 100 azeitonas consideradas representativas das árvores em estudo, para a determinação do índice de maturação, de acordo com a metodologia adoptada e recomendada pela Estacion de Olivicultura Elayotecnia de Jaén (Hermoso et al., 1991). De cada um dos lotes extraiu-se o azeite por um processo à escala piloto implementado na Escola Superior Agrária de Bragança. ESB UCP 140 Os parâmetros químicos avaliados foram: acidez (NP-903, 1987), absorvência no UV (NP-970, 1986), índice de peróxido (IP) (NP-904, 1987) e resistência à oxidação (Rancimat) (Metrohm série 679, 110±2 °C, 20 L/h). Tendo em consideração os resultados obtidos e os valores legislados para a atribuição de categorias qualitativas de azeite, constata-se que: relativamente à cultivar Cobrançosa, verificam-se valores de K270 superiores aos máximos permitidos para azeite virgem em todos os índices de maturação avaliados, porém a época óptima de colheita será com base nos resultados, a correspondente ao índice de maturação 7. Relativamente à cultivar Madural, somente no azeite extraído de azeitonas com IM 5 e 7, se poderá atribuir a denominação de azeite virgem extra. Considerando os restantes parâmetros o índice de maturação correspondente à época óptima de colheita será o IM 5. No entanto, esta conclusão não se aplica relativamente ao IP, pois o IM 6 apresenta valores inferiores. Relativamente à resistência à oxidação, é superior em IM 7, no entanto o IP ultrapassa o valor máximo permitido. Quadro 1 Valores médios dos parâmetros químicos avaliados em azeites obtidos de azeitonas com diferentes índices de maturação (IM) e pertencentes às 3 cultivares em estudo Cultivar/IM Acidez Índice de (g ác.oleico/100g Peróxido Absorvência no UV Resistência à de azeite) (IP) K232 K270 K232/K270 (horas) 1 0,33+0,016 17±0,001 2,12 0,34 6,3 54,5 2 0,34+0,012 19±0,430 2,14 0,33 6,4 59,9 3 0,36+0,012 14±0,433 2,03 0,34 6,0 57,6 4 0,33+0,017 18±0,231 2,12 0,32 6,5 55,0 5 0,32+0,001 18±0,370 2,10 0,35 5,9 40,6 6 0,28+0,001 15±0,227 3,06 0,67 4,5 44,0 7 0,33+0,017 10±0,226 2,18 0,39 5,5 54,5 3 0,34±0,005 20±0,279 2,61 0,37 7,2 36,5 4 0,35±0,003 24±0,219 3,40 0,47 7,2 20,7 5 0,34±0,001 18±0,331 1,95 0,25 7,7 16,0 6 0,41±0,012 12±0,434 2,21 0,31 7,2 19,0 7 0,42±0,002 23±0,368 2,08 0,25 8,4 21,0 1 0,41+0,004 14±0,407 2,26 0,31 7,4 89,6 2 0,34+0,006 19±0,377 2,24 0,30 7,4 90,0 3 0,35+0,003 19±0,169 1,76 0,20 8,7 70,0 4 0,34+0,001 15±0,115 1,80 0,20 9,2 105,2 5 0,48+0,006 15±0,391 1,33 0,13 10,0 49,8 6 0,27+0,003 17±0,208 1,66 0,21 8,0 63,8 oxidação Cobrançosa Madural Verdeal ESB UCP 141 Relativamente à cultivar Verdeal Transmontana, a partir do índice de maturação 3, todos os parâmetros respeitam os valores previstos na legislação para a atribuição da denominação azeite virgem extra. Na tentativa de estabelecer uma época óptima de colheita, a escolha recairia entre os índices de maturação 4 e 6. O azeite com IM 4 apresenta a resistência à oxidação máxima (105 h), porém, no azeite com IM 6 a acidez é mais baixa, bem como o K232. Referências COI. Amélioration de la qualité de l’huile d’olive. Madrid KIRITSAKIS, A. K., 1998. Olive oil from the tree to the table. Food & Nutrition Press, Inc. Trumbull, Connecticut, U.S.A. GAMA, P.; CASAL, S.; OLIVEIRA, B. & FERREIRA, M., 2000. Development of an HPLC/diodoarray/fluorimetric detector method for monitoring tocopherols and tocotrienols in edible oils. J. Liq. Chromat. & Rel. Tech. 23 (19),3011-3022 Norma Portuguesa (NP) 896, 1986. Gorduras e óleos comestíveis. Preparação da amostra. Norma Portuguesa (NP) 903, 1987. Gorduras e óleos comestíveis. Determinação do índice de acidez e da acidez. Método titrimétrico. Norma Portuguesa (NP) 904, 1987. Gorduras e óleos comestíveis. Determinação do índice de peróxido. Norma Portuguesa (NP) 970, 1986. Gorduras e óleos comestíveis. Absorvências no Ultravioleta. OLIVEIRA, M.B. & FERREIRA, M.A., 1996. Capillary gas chromatographic evaluation of trans – fatty acid content of food produced under traditional conditions of semiindustrial frying. J. High Res. Cromat., 19 (3): 180-182. ESB UCP 142 A composição química da cerveja por espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) e LC-RMN/MS Duarte I.F.1, Delgadillo I.1, Belton P.S.2, Spraul M.3, Humpfer E.3, Gil A. M.1 1 Departamento de Química, Universidade de Aveiro, 3810 Aveiro, Portugal Institute of Food Research, Norwich Lab., Norwich Research Park, Colney, Norwich NR4 7UA, UK 3 Bruker Analytiche Messtechnik GmbH, Silberstreifen, D76287-Rheinstetten, Germany 2 A composição química da cerveja tem sido estudada essencialmente por métodos cromatográficos e electroforéticos que permitiram a identificação e quantificação de um grande número de compostos, por ex. aminoácidos, ácidos orgânicos, açúcares e compostos fenólicos1,2. No entanto, estes métodos envolvem frequentemente procedimentos complexos de preparação e análise das amostras, sendo morosos e podendo implicar algumas perdas. Daqui advém a necessidade de desenvolvimento de métodos rápidos e de mais fácil e eficiente implementação. Figura 1 Espectro de RMN-1H de uma cerveja do tipo “Lager”, marca Super Bock (500 MHz). A expansão da região aromática mostra a sua grande complexidade Neste trabalho, a composição de cervejas dos tipos “Ale” e “Lager” é estudada por espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de alta resolução, um método rápido e não destrutivo que permite a análise de uma vasta gama de compostos simultaneamente, tendo sido previamente aplicado ao estudo da composição do lúpulo3. Os espectros de cerveja, adquiridos a 500 e 600 MHz, apresentam um grande número de sinais e um alto grau de sobreposição, reflectindo a composição complexa ESB UCP 143 das amostras. A atribuição da maioria dos sinais foi levada a cabo com base em espectros de RMN de 1H 1D e 2D e, além dos componentes maioritários dextrinas e etanol, identificam-se vários ácidos orgânicos (exs. cítrico, málico, pirúvico e succínico), aminoácidos (exs. prolina, tirosina e triptofano), álcoois (exs. propanol, isobutanol e isopentanol), lípidos e compostos fenólicos. A região aromática dos espectros (6 a 10 ppm), é particularmente complexa, apresentando, entre muitas outras contribuições, sinais largos originados por polifenóis. O acoplamento on-line das técnicas de cromatografia líquida (LC), RMN e espectrometria de massa (MS) - LC-RMN/MS - permite, num primeiro passo, separar por cromatografia diferentes constituintes da amostra e obter sobre eles informação de RMN e MS complementares, possibilitando a identificação de componentes minoritários, por ex. alguns açúcares e compostos fenólicos. As diferenças de composição entre as cervejas “Ale” e “Lager” foram estudadas com base na análise de componentes principais (PCA) dos espectros de RMN de 1H. Observa-se que os dois tipos de cerveja se podem distinguir pelo perfil dos espectros na região aromática e que a composição em hidratos de carbono é semelhante para a maioria das cervejas, com excepção da cerveja da marca Miller, do tipo “Lager”, que apresenta um teor de dextrinas muito menor e um alto teor em glucose (Figura 2). Figura 2 Região dos açúcares dos espectros de RMN-1H de cervejas: A) Miller, B) Carlsberg ESB UCP 144 Este trabalho mostra a grande potencialidade da técnica de RMN e técnicas acopladas RMN/LC/MS para a caracterização rápida de misturas muito complexas tais como cerveja, vinho, sumos. Esta caracterização, aliada eventualmente a técnicas quimiométricas, deverá possibilitar um mais completo e eficiente controlo de qualidade daquele tipo de alimentos. Referências 1. C. KLAMPFL, J. Agric. Food. Chem., 1999, 47, 987. 2. J. STEVENS, A. Taylor, M. Deinzer, J. Chrom.A, 1999, 832, 97. 3. K. PUSECKER, K. ALBERT AND E. BAYER, J. Chrom.A ESB UCP 145 Grape seed procyanidins addition to Port wines resulting in enhanced reactivity of salivary proteins. Influence on wine structure and astringency Mateus N.1, Ruão P.2 e De Freitas V.1 1 2 Departamento de Química, Rua do Campo Alegre, 687 – 4169-007 Porto Adriano Ramos Pinto – Vinhos S.A. Av. Ramos Pinto, 380 – 4400 Vila Nova de Gaia Introduction The role of tannins in winemaking has been focused by several works during the last years, and is one of the major interests of modern enology. The condensed tannins (proanthocyanidins) are associated to some organoleptic properties of the wine, such as astringency and bitterness. Effectively, wine procyanidins (PC) are thought to react with salivary proteins (namely Proline Rich Proteins), causing a sensation of dryness in the palate, known as astringency.1,2 Although this feature could be considered unpleasant in young wines, it however predicts a good wine potential towards its ability to age. PC will undergo several structural transformations with time, due to oxidation reactions and interaction with other compounds (e.g. anthocyanins), which will result in changed organoleptic properties of the wine. This aspect is extremely important in Portwines, since they are late consumed wines. The present work is a new approach for the enrichment of PC in Portwine regarding its ability to age, and especially the development of its astringency and mouth structure. Materials and Methods Wine samples. The Port wines (Vitis vinifera, Touriga Nacional cv.) were provided by Adriano Ramos Pinto – Vinhos S.A. Grape seed extract. The procyanidins were directly extracted from grape seeds according to the procedure of Madero-Tamargo with some modifications.6 Protein collection and purification. Saliva was collected from a volunteer by expectorating saliva into an ice cooled tube. Saliva flow was induced by applying small quantities of lemon juice on to the volunteer’s tongue. After collection, EDTA was added to a final concentration of 5 mM and the saliva samples were bulked and stored at –20°C. Salivary proteins were fractionated using a combination of methods described in literature with some modifications.5 BSA (96% of purity) was purchased from Sigma Chemical Co. (St Louis, USA). ESB UCP 146 Results and discussion For this work, human saliva was purified and separated into two fractions: one was mostly a-amylase and the other essentially Proline-Rich Proteins (PRP).3 The interactions of these proteins with the procyanidin compounds present in the wines was assayed using nephelometry.4 The same experiments were performed with BSA which is commonly used as a model protein to evaluate astringency of wines. Different quantities of procyanidins previously extracted from grape seeds were added to a wine with a low polyphenol content (0.5, 1.0, 1.5 and 2.0 g). All the analysis were performed after eight months of bottle ageing (Table 1). Table 1 Chemical and sensorial analysis of the wines after eight months of bottle ageing Original wine Wine + procyanidins 0,5 g/L 1,0 g/L 1,5 g/L 2,0 g/L Procyanidin oligomers (mg/L) 54,6 67,5 99,9 130,5 137,4 Dialysis index 0,405 0,455 0,517 0,527 0,564 Total phenols (Absorbency 280nm) 2,22 2,57 2,94 3,34 3,67 TSA to BSA (NTU/mL wine) 32,5 48,8 62,5 67,5 67,5 TSA to a-amylase (NTU/mL wine) 52,5 67,5 97,5 150,0 177,5 TSA to PRPs (NTU/mL wine) 40,0 57,5 52,5 80,0 85,0 Sensorial analysis (10 tasters): Astringency (0-5) 2,5 2,9 3,5 4,3 4,3 Mouth structure (“Body”) (0-5) 2,9 3,1 3,1 4,4 4,3 Final score (0-5) 2,4 3,1 3,3 3,9 4,5 T test experiments were performed for every mean (four replicates) using the SPSS computer package (p<0.05). The molecular structure of the wine polyphenols were found to increase systematically with procyanidin addition, as seen from the dialysis index. Furthermore, the tannin specific activity (TSA) of the wines towards salivary proteins and BSA was shown to be higher with the associated increase of procyanidins. All these events were found to be in strong agreement with the sensorial analysis performed by a tasting panel. Indeed, the wines with higher levels of PC were highly rated with respect to their astringency and mouth structure. Conclusion With the increase of PC added, the wines were shown to have a better mouth structure and a stronger astringency. Therefore, the incremental addition of procyanidins had a positive correlation with the mouth structure and astringency of the wines ESB UCP 147 which were better appreciated by a taster’s panel. With such encouraging results so far, this new approach appear to be valid for the improvement of the quality of Port wines. Therefore, it should be of interest to follow the evolution of these enriched wines during the next years, in order to monitor their ageing regarding the quantities of PC added, and to explore a possible future application to winemaking. References 1 BATE-SMITH E. C. Haemanalysis of tannins : the concept of relative astringency. Phytochemistry 12: 907-912 (1973). 2 DE FREITAS, V. A. P. AND MATEUS, N. Structural features of procyanidins interactions with salivary proteins. J Agric Food Chem 49: 940-945 (2001a). 3 DE FREITAS, V. A. P. AND MATEUS, N. Nephelometric study of salivary protein-tannin aggregates. J Sci Food Agric (In press, 2001b). 4 HASLAM E. Natural polyphenols (vegetable tannins) as drugs: Possible modes of action. J Nat Prod 5: 205-215 (1996) 5 LEVINE M. AND KELLER P. J,. The isolation of some basic proline-rich proteins from human parotid saliva. Archs Oral Biol 22: 37-41 (1977). 6 MADERO-TAMARGO T. R. (1979). Recherches sur l’influence de l’irrigation sur la composition en glucides solubles, en composés phénoliques et en acides gras des organes aériens de la Vigne. Thèse 3ème Cycle, Université de Bordeaux II. (250 pp). ESB UCP 148 Estudos espectrofotométricos e voltamétricos sobre a coloração azul da aguardente de mandioca (Tiquira) Santos G. S. (IC), Furtado J. L. B. (IC), Sousa E. R. (PG), Carvalho F. S. (PQ), Bezerra C. W. B. (PQ), Marques E. P. (PQ) e Marques A. B. (PQ) DETQI-CCET-UFMA – Av. dos Portugueses, s/n, Bacanga - São Luís,MA–Brasil (65080-040) Resumo A Tiquira é uma aguardente típica do Estado do Maranhão (Brasil), obtida a partir da sacarificação, fermentação e posterior destilação do mosto da mandioca (Manihot esculenta, Crantz). Os produtores desta bebida costumam destilar o vinho em presença de folhas de tangerina (Citrus reticulata Blanco). Acredita-se que a coloração azulada do destilado, representa um atrativo a mais para o seu consumo, sem alterar seu sabor ou bouquet. Investiga-se se a coloração azul da tiquira é decorrente unicamente de compostos provenientes das folhas da tangerina, ou interação de algum destes compostos com íons Cu(II), sendo o cobre proveniente dos alambiques onde se efetua a destilação. Dezasseis amostras de Tiquira foram coletadas diretamente dos produtores. As amostras azuladas apresentaram uma banda característica em 356 nm, a qual está ausente em tiquiras incolores. A comprovação de que a coloração azul da tiquira não é devida a presença de, foi feita através da destilação de uma solução etanólica (50 %) na presença de folhas de tangerina e na completa ausência de cobre. Os resultados voltamétricos sugerem que o Cu na tiquira está na forma de Cu(I), d10. Agradecimentos: BASA – FSADU ESB UCP 149 ESB UCP 150 ESB UCP 151 Contenido en elementos minerales en vinos rosados de la comarca “Valdevimbre-Los Oteros” (N.O. España) Arturo, G.; Fernández, G., González-Raurich, M & Bernado A. Departamento de Higiene y Tecnología de los Alimentos. Facultad de Veterinaria. Universidad de León. 24071 León (Spain). Introducción El contenido en los vinos de macroelementos (K, Ca, Mg, Na) y oligoelementos (Fe, Zn, Mn, Cu, Al) es muy variable y se ve afectado por numerosos factores tales como la composición química del suelo, las condiciones climáticas de cada año, las técnicas de vinificación, la intensidad de la maceración o incluso por la contaminación a causa del material de la bodega. En la zona Valdevimbre-Los Oteros se están realizando algunos cambios tecnológicos en las prácticas vitivinícolas que deben repercutir en el contenido mineral de los vinos. El objetivo de este estudio trata de observar la evolución de dicho contenido durante tres cosechas sucesivas. Material y Métodos Se analizaron 28 vinos rosados obtenidos de bodegas pertenecientes a la Asociación Vinos Tierra de León. El contenido en elementos minerales se analizó por Espectroscopía de Emisión Atómica acoplada a Plasma Inducido (ICP-AES)(1). Resultados y Discusión Los resultados obtenidos en los análisis de los compuestos minerales mayoritarios y minoritarios se resumen en las Tablas 1 y 2 respectivamente. Los elementos minerales mayoritarios están dentro de los rangos encontrados por otros autores para vinos rosados tanto españoles como extranjeros (2,3,4,5). Como se puede observar en la Tabla 1, no se encontraron diferencias significativas en el contenido en K, Ca, y Na entre las tres cosechas estudiadas, mientras que el contenido en Mg fue significativamente inferior en los vinos de la cosecha de 1999 que en los de las dos precedentes. El contenido en magnesio del vino está estrechamente relacionado con su contenido en la uva, así como con el proceso de maceración del mosto con los hollejos. Los niveles máximos de Mg (112 y 106 mg/l) se hallaron en los ESB UCP 152 Tabla 1 Compuestos minerales mayoritarios de los vinos rosados. Valores expresados mg/l K Mg Ca Na Valores globales Mín-Máx 406-1198 72-112 47-100 2,2-47,1 n=28 Media± D.S. 717±207 87±11 75±16 11,9±8,9 Cosecha 1997 Mín-Máx 423-1198 82-112 47-100 4,9-47,1 n=10 Media± D.S 771±236 95±9ª 68±19 14,3±12,4 Cosecha 1998 Mín-Max 406-938 73-107 65-93 5,0-22,5 n=9 Media± D.S. 657±173 89±9ª 81±9 13,1±6,6 Cosecha 1999 Mín-Máx 452-1181 72-83 50-94 2,2-15,0 n=9 Media± D.S. 718±211 77±4b 77±15 8,0±4,9 a-b Valores con diferente superíndice en cada columna fueron significativamente diferentes( p<0.05). vinos que habían sufrido un tiempo de maceración con hollejos más prolongado. La cosecha de 1997 presentó un contenido en Fe, Al y Mn significativamente superior a las dos cosechas posteriores debido, probablemente, al proceso de modernización que están sufriendo las bodegas de la zona en las que la maquinaria de hierro está siendo sustituida por acero inoxidable. Algunas de las muestras analizadas presentaron niveles de Fe, Al y Mn muy altos (superiores a 17, 2 y 5 mg/l respectivamente) correspondiendo todas ellas a bodegas que carecen de maquinaria de acero inoxidable. En líneas generales el 50% de los vinos estudiados presentaron contenidos de Fe por encima del límite de los 10 mg/l, existiendo el riesgo de quiebra férrica. Tabla 2 Compuestos minerales minoritarios de los vinos rosados. Valores expresados mg/l B Zn Fe Mn Valores globales Mín-Máx 1,9-4,9 0,08-3,1 0,59-23,8 0,12-12,8 n=28 Media± D.S 3,3±0,76 0,7±0,6 7,5±5,9 2,6±3,1 0,12-12,8 Cu Al 0,01-0,51 0,15-3,1 0,15±0,16 0,97±0,84 Cosecha 1997 Mín-Máx 1,9-4,2 0,08-3,1 0,59-23,8 n=10 Media± D.S 3,2±0,78 1,0±0,98 11,6±6,8a 4,68±4,57a 0,21±0,18ª 1,7±0,94a Cosecha 1998 Mín-Máx 2,1-4,9 0,23-0,82 1,3-17,7 n=9 Media± D.S 3,7±0,79 0,46±0,18 6,3±4,8b Cosecha 1999 Mín-Máx 2,4-4,0 0,28-10,3 1,7-11,2 n=9 Media± D.S 3,0±0,57 1,6±3,3 4,2±2,9b 0,85-2,3 0,04-0,51 0,01-0,19 0,45-3,1 0,36-1,8 1,3±0,49b 0,05±0,05b 0,77±0,57b 0,94-3,3 0,04-0,48 0,15-0,82 1,6±0,71b 0,18±0,18ª 0,40±0,20b a-b Valores con diferente superíndice en cada columna fueron significativamente diferentes( p<0.05). El rango de valores en los que se mueve el boro en los vinos analizados (1,9-4,2 mg/l) es ligeramente inferior al encontrado en vinos rosados italianos(6). La mayoría de las muestras analizadas presentaron valores de zinc inferiores a 1,5 mg/l, similares a los hallados en otros vinos rosados (2,6). La proporción más elevada de este mineral (hasta 3 mg/l) se halló en muestras provenientes de bodegas que aún poseen maquinaria de hierro. El contenido en Cu está dentro de los rangos considerados normales, no llegando en ningún caso a los niveles considerados como críticos (0,7-1 mg/l) para que se produzca la quiebra cúprica. ESB UCP 153 Las diferencias encontradas entre las distintas cosechas analizadas pueden ser debidas al desigual uso de fungicidas en función de las necesidades concretas de cada año. Agradecimientos Este trabajo ha sido financiado por la Junta de Castilla y León junto con la Asociación Vinos Tierra de León Comarca Valdevimbre-Los Oteros. Bibliografía (1) TEMPRANO, A.;ARTURO, G.; MARTINEZ, S.; BERNARDO, A. Y GONZÁLEZ-RAURICH, M. 1999. 4º Encontro de Química de Alimentos 389-391. (2) OUGH C.S.; CROWELL, E.A. Y BENZ, J. 1982. J. Food Sci. 47:825-28. (3) FERNÁNDEZ-PEREIRA, C.; ORTEGA, J. Y MARTÍN, A. 1987. Alimentaria. En.-Feb:39-44. (4) LAZOS, E.S.; ALEXAKIS, A. 1989. Int. J. Food Scie. and Tech. 24:36-46). (5) CLIMENT, M.D.; ESTEVE, M.D. Y PARDO T. 1986. Semana Vitivinícola 4949-57. (6) INTERESSE, F.S.; LAMPARELLI, F.; ALLOGGIO. 1984. Z Lebensm. Unters Forsch 272-278. ESB UCP 154 Influencia de la crianza en madera sobre el color y contenido polifenólico en vinos tintos D.O. “BIERZO” Arturo, G., Fernádez, G., González-Raurich, M & Bernado A. Departamento de Higiene y Tecnología de los Alimentos.Facultad de Veterinaria. Universidad de León. 24071 León (Spain). Introducción Los vinos tintos acogidos a la D.O.“Bierzo”(León) deben elaborarse con un mínimo del 70 % de la variedad de uva Mencía. Existen pocos datos sobre las características cromáticas de este tipo de vino(1,2) no conociéndose el efecto que la crianza en madera provoca sobre las mismas. El objetivo de este estudio fue evaluar la influencia de la crianza en los parámetros relacionados con el color y los compuestos polifénolicos de estos vinos. Material y métodos Se analizaron un total de 16 vinos tintos D.O. “Bierzo”, 5 de los cuales habían sido sometidos a crianza. Las determinaciones analíticas realizadas a cada una de las muestras fueron: características cromáticas(3), espectro de absorción entre 380-730 nm, índices de color (4), tonalidad (5), polifenoles totales(6), contenido en antocianos por cromatografía líquida de alta eficacia(2) e indice de polimerización de antocianos(7). Resultados y discusión En la Tabla 1 se muestran los valores obtenidos para los parámetros relacionados con el color de los vinos analizados. Al representar los valores de las coordenadas x e y en el diagrama de cromaticidad CIE se observa que el color de estos vinos se encuentra en la zona del naranja rojizo y del rojo con un matiz de color tinto franco (longitud de onda dominante entre 599-650 nm), observándose en los vinos de crianza una tendencia a presentar valores de longitud de onda más bajos, lo que indicaría matices de color teja. Este fenómeno se puede ver claramente si estudiamos el espectro de absorción, los vinos tintos jóvenes presentaron un máximo de absorbancia a 520 nm, característico de los antocianos de la uva, que al envejecer disminuyó produciéndose un aumento del color amarillo(absorbancia a 420 nm) como corrobora el aumento del % de amarillo de 40 a 42 %. ESB UCP 155 Datos Globales (n=16) Jovenes (n=11) Crianza (n=5) Mín-Máx Media±D.S. Mín-Máx Media±D.S. Mín-Máx Media±D.S. Coordenada x 0,56-0,67 0,62±0,03 0,56-0,65 0,61a±0,03 0,64-0,67 0,66b±0,01 Coordenada y 0,31-0,33 0,32±0,01 0,31-0,33 0,32±0,01 0,32-0,33 0,33±0,01 Pureza (%) 70-97 86±8 70-90 82a±6 93-97 95b±2 Y (%) 2,6-12,7 7,9±2,9 3,7-12,7 9,0a±2,6 2,6-7,7 5,0b±2,6 L.O.Dominante 610-620 614±3 610-620 614±4 611-615 612±2 I.C. 3,4-7,8 5,0±1,2 3,4-6,2 4,5a±0,7 5,1-7,8 6,3b±1,1 % Amarillo 35-44 40±3 35-43 40±3 38-44 42±3 % Rojo 45-56 48±3 45-56 49±3 45-49 47±2 % Azul 10-13 11±1 10-13 12±1 10-13 12±1 % dA 39-61 47±5 44-61 49a±5 39-48 43b±4 Tonalidad 0,62-0,97 0,84±0,1 0,62-0,95 0,82±0,1 0,78-0,97 0,90±0,08 Tabla 1 Valores de los parámetros relacionados con el color en vinos tintos del Bierzo. a-b Valores con diferente superíndice en cada columna fueros significativamente diferentes test LSD (p<0,05) Los % de azul y rojo fueron similares en ambos tipos de vino, lo que indicaría, por una parte que los vinos conservan tonalidades propias de los vinos jóvenes y, por otra, que durante el envejecimiento hay una reposición de las materias colorantes rojizas por otras castaño rojizas, nacidas de la polimerización de los antocianos y los taninos(9). Sin embargo, la importancia relativa del rojo %dA fue significativamente superior en los vinos jóvenes. Respecto a los parámetros pureza y luminosidad, los vinos sometidos a crianza presentaron valores significativamente superiores de pureza e inferiores de luminosidad relativa, siendo por tanto más coloreados y menos brillantes. También los valores de intensidad colorante fueron significativamente superiores en los vinos envejecidos debido probablemente a la polimerización antociano-tanino que se produce durante la crianza en barrica(8). Así mismo, observó un aumento en el contenido polifenólico total, pudiendo deberse tanto a las aportaciones de la barrica durante la crianza como al propio método de vinificación con destino a crianza donde se realizan maceraciones más prolongadas con los hollejos. En la Fig. 1 a y b se muestran los contenidos en antocianos totales así como de los distintos grupos que presentan los vinos jóvenes y crianza. Los antocianos medidos de forma global disminuyen aproximadamente un 62 % durante la crianza. Cuando se estudia el comportamiento de cada grupo de antocianos se puede observar una disminución en todos ellos aunque en diferentes proporciones. Los ésteres p-cumáricos son los que sufren la disminución más fuerte, un 79 %, mientras que los menos afectados son los monoglucósidos con una disminución en su contenido del 59 %. ESB UCP 156 Figura 1 Contenido en antocianos totales (a) y distintos grupos (NonAcyl: monoglucósidos, Acyl: ésteres acéticos, Cm:ésteres p-cumáricos) de antocianos (b) en vinos jóvenes y crianza El antociano que sufre la mayor degradación durante la crianza es el 3-monoglucósido de cianidina que prácticamente desaparece. La disminución menos acusada se produjo en los 3-monoglucósidos de delfinidina y malvidina (41 y 50 % respectivamente). El índice de polimerización de los antocianos casi se duplicó tras el envejecimiento en barrica desde valores medios de 1,23 para los vinos jóvenes hasta 2,10 para los de crianza. Agradecimientos Este trabajo ha sido financiado por la Excma. Diputación Provincial de León. Bibliografía (1) GÓMEZ, P., RODRIGUEZ, B.; VÁZQUEZ, E. Y VÁZQUEZ, M. 1999.Viticultura/Enología Profesional 61:50-5 (2) FERNÁNDEZ C.; ARTURO, G.; BERNARDO, A. Y GONZÁLEZ-RAURICH, M. 1999.Proceeding of the 1st International Congress Pigments in Food Technology 369-73. (3) B.O.E. 1981.Anexo XI-Vinos. B.O.E. 22:24021-22. (4) GLORIES, Y. 1984.Conn. Vigne Vin, 18(4):253-271. (5) SUDRAUD, P. 1958. Ann. Technol. Agric. 7:203-308 (6) GARCÍA BARCELÓ, J. Ed. GAB (1980). (7) SOMERS T.C. AND EVANS M.E 1974. J. Sci. Fd. Agric. 25:1369-79. (8) ZAMORA MARÍN F. 1998.Jornada técnica: Aspectos científicos y técnicos del color del vino. (9) PEYNAUD E. 1999. Ediciones Mundi-Prensa 3ª edición ESB UCP 157 Estabilidade de emulsões o/a alimentares a baixas temperaturas Freitas F.1, Vilhena L.1, Santos M.1, Sousa I.2 e Empis J.1 1 2 Instituto Superior Técnico. Av: Rovisco Pais 1049-001 Lisboa Instituto Superior de Agronomia. Tapada da Ajuda 1349-017 Lisboa Resumo Os alimentos apresentados em pratos pré-cozinhados, refrigerados ou mesmo congelados, são muitas vezes preparados com emulsões do tipo maionese. A estabilidade destas emulsões o/a a temperaturas baixas é susceptível à separação de fases. Neste trabalho, procurámos estudar o comportamento de emulsões o/a estabilizadas por proteínas vegetais (isolado proteico de tremoço branco) face à permanência a temperaturas baixas. O estudo foi feito comparando com uma maionese comercial, estabilizada por proteína de ovo. Nas emulsões vegetais juntámos também propilenoglicol (PG) como inibidor da formação de cristais. A estabilidade destas emulsões foi estudada através da caracterização do seu comportamento viscoelástico linear pela análise do espectro mecânico destes sistemas, obtidos em reómetro de tensão controlada (Franco et al. 1998). As emulsões foram submetidas a temperaturas de 5, -13.5 e –19 ± 0.1°C durante um período de sete dias, em banho termostatizado (Frigomix), calibrado por eléctrodo de platina. Os resultados obtidos sugerem que o uso do PG nestes sistemas contribui para um aumento do grau de estruturação das emulsões, permitindo assim que estas possam suportar temperaturas baixas durante certos períodos de tempo, sem que haja separação de fases. Materiais e métodos Para a preparação das maioneses utilizaram-se como reagentes: Proteína de tremoço branco (Lupi E), Goma Xantana (Sigma), Propilenoglicol (Riedel-de-Haen), Ácido Cítrico (Riedel-de-Haen), Sal (Vatel), Vinagre (Cristal), Óleo vegetal (Becel). Foram preparadas 100 g de três tipos de maioneses, cujas composições ponderais foram as apresentadas na Tabela 1. ESB UCP 158 Tabela 1 Composição das maioneses preparadas, % (m/m) Maionese 0 0,8 0,5 50 Óleo 50 50 Proteína 5 5 5 Água 41 40 40,5 Prop.Glicol 0 0,8 0,5 Vinagre 2 2 2 Sal 1 1 1 Ác.Cítrico 0,5 0,7 0,5 G. Xantana 0,5 0,5 0,5 Total 100 100 100 Dissolve-se a proteína em água bidestilada sob agitação magnética durante quinze minutos. Junta-se depois o vinagre, o sal, o ácido cítrico, a goma xantana e o PG (casos 0,8 e 0,5), seguida de agitação mecânica durante quinze minutos. Esta mistura foi sujeita a uma agitação forte num homogeneizador Ultra Turrax T25 com adição lenta de um caudal constante de óleo. As maioneses foram encerradas em recipientes de vidro com tampa estanque e colocadas em frigorífico à temperatura de 5°C. As maioneses destinadas a temperaturas de congelamento de –13,5 e –19°C foram colocadas num banho criostático (Frigomix) termostatizado às respectivas temperaturas, monitorizadas por uma sonda de platina, durante um período de sete dias. A maionese comercial utilizada, para termo de comparação, é constituída por (lista de ingredientes): óleo de girassol, água, gema de ovo, vinagre de vinho, açúcar, sal, amido, sumo de limão e especiarias. A caracterização reológica das maioneses foi efectuada num reómetro de tensão controlada (Haake RS75),com geometria de cone-e-prato (35mm/2°) à temperatura de 20±1°C e a frequências da ordem dos 10-2 a 102 rad s-1, com vista a obtenção dos valores do módulo Plateau (G0N)para cada amostra, depois dos respectivos varrimentos de tensão terem sido feitos a 1 Hz para determinar a zona viscoelástica línear. O módulo Plateau pode obter-se através do valor de G´ quando tan (d) é mínima. Este módulo traduz uma restruturação por entrelaçamentos do tipo físico entre as moléculas (Ferry, 1980; Wu, 1989; Raymundo, 1999) ESB UCP 159 Os valores obtidos, a partir da caracterização reológica, para os módulos Plateau encontram-se representados na Figura 1, apresentada a seguir: Figura 1 Evolução dos valores dos módulos Plateau obtidos para as várias maioneses e às várias temperaturas. Resultados e discussão Verificou-se experimentalmente que todos os sistemas emulsionados diminuíram a sua estruturação, avaliada por redução do módulo Plateau (GN0), sem no entanto ter havido separação de fases, com a diminuição da temperatura. As emulsões com adição de 0,5 e 0,8 % de PG conservaram um nível de estruturação superior até à temperatura de –13,5°C. No entanto, a –19°C, a maionese comercial suportou melhor, estruturalmente, o impacte da temperatura negativa, ainda que a –13,5°C a emulsão de tremoço com 0,8 % de PG tenha maior estruturação. ESB UCP 160 Bibliografia: FRANCO, J.M., RAYMUNDO, A., SOUSA, I. AND GALLEGOS, C. 1998. Influence of processing variables on the rheological and textural properties of lupin protein-stabilized emulsions. J. Agric. Food Chem., 46: 3109, 3115. FERRY, J.D. 1980. Viscoelastic Properties of polymers. 3rd Ed. Wiley. New York. RAYMUNDO, A., FRANCO, J.M., PARTAL, P., SOUSA, I. AND GALLEGOS, C. 1999. Effect of the Lupin protein/surfactant ratio on linear viscoelastic properties of oil-in water emulsions. JSD-AOCS ESB UCP Área temática 2: Segurança e Toxicologia de Alimentos (alimentos transgénicos, aditivos, agentes fitofarmacêuticos, hormonas, toxinas, poluentes e alterações químicas provocadas pelo processamento alimentar) 163 Research on spices, condiments, and aromatic plants: contamination with aflatoxins B1, B2, G1 and G2 Baeta M. L., Diaz M. V. G., Lino C. M., Pena A., Castilho M. C. and Silveira M. I. N. Group of Bromatology, CEF, Faculty of Pharmacy, University of Coimbra, 3000, Coimbra, Portugal Introduction Mycotoxins constitute the major risk associated with the presence of molds in foodstuffs, especially in raw materials derived from plants either at harvest time or during storage (1). Aflatoxins are structurally related toxic compounds produced by Aspergillus flavus and parasiticus under favourable conditions of temperature and humidity. These fungi grow on certain foods and feeds and produce aflatoxins. Spices and aromatic condiments, due to its conservation procedures, may be a favourable matrix for the development of fungus. They are used intensively in the kitchen when meals are prepared. Mycotoxins have been implicated in human diseases dating back to the Middle Age which include ergotism, alimentary toxic aleukic, cardiac beriberi, Reye’s syndrome, balkan nephropathy and hepatocarcinoma (1, 2). Aflatoxin B1, is one the most powerful hepatotoxins and potent chemical carcinogens known (3). The toxicity depends on its molecular reactivity. AFB1 has been shown to cause impairments in mitochondrial respiration and inhibition of respiratory enzymes (4). The advantages offered by immunochemical assays are significant reduction in assay time, simplified extraction procedures, and ability to detect low levels of the toxin, specificity for only the toxin in question, and the capacity to routinely screen large numbers of test samples (5). HPLC became the choice method for mycotoxin analysis due to the advantages of good resolution, high degree of precision, reproductivity, and sensitivity (3). Two methods, pre and post-column derivatization were used for validation studies. The method with adequate accuracy and precision was applied to the determination of the aflatoxin levels in samples. Sampling A total of 41 spices, condiments, and aromatic plants from 3 brands were purchased from a hypermarket at December 2000. All samples were for sale to the public and all ESB UCP 164 been previously packed. They are white and black pepper (Capsicum frutescens), cinnamon (Cinnamomum zeylanicum), nutmeg (Myristica fragrans), saffron (Crocus sativa), curry, paprika (Capsicum annuum L.), cumin (Cuminum cyminum), coriander (Coriandrum sativum L.), garlic (Allium sativum L.), origan (Origanum virens), anise (Pimpinella anisum L.), malaguetta pepper (Gypositta vulterina) and aromatics herbs for salad, grilled fish, grilled meat, fillet of fish, omelette, birds and pastry. Experimental A - Sample extraction for post-column derivatization: At 25 grams of the sample, in a brown Erlenmeyer flask, 150 mL of methanol: water (80:20) and 5 g of sodium chloride were added and mixed for 10 min in a shaker. After filtration, 10 mL from the filtrate were diluted with water and filtered again. Thirtyfive mL were took and passed through the immunoafinity column. This was washed with 3x5 mL of water and the analyte was taken by passing methanol (0,5 + 0,75mL) through the column to a volumetric flask of 2mL. This volume was made with water. B - Sample extraction and pre-column derivatization: Five grams ground sample was weighed into a 250 mL Erlenmeyer flask. Then 125 mL of methanol: water (70:30) and 5 g of sodium chloride were added, the flask stoppered and shaken for 10 min. The sample extract was filtered, and 15 mL of the filtrate was diluted with 30 mL of water and the diluted extract was filtered. Immunoaffinity column clean-up: The diluted sample extract, 15mL, was added to the top of the imumunoaffinity column, and dropwised, followed by washing with 2x10 mL of water. The two eluates were discarded. After, the aflatoxins were eluted from the column into an amber tube with 1 mL of methanol. The methanolic extract was evaporated to dryness under N2 at 40°C. Pre-column derivatization: The dry extract was derivatizated with n-hexane (200 µL) and trifluoroacetic acid (50 µL), in a water bath at 40°C for 15 min. The moisture was evapored to dryness at the same conditions, and the dry residue was taken with acetonitrile: water (30:70) (100 µL) by mixing it on a Vortex some seconds. Analysis by ELISA method: From the extract, 50µl were taken and the Elisa test was made according to the kit instructions. Sample were analysed using a method that combines procedures on immunoaffinity column clean-up of aflatoxins and HPLC detection. ESB UCP 165 Analysis by HPLC method: 1. post – column: The same extract was injected (20 _L) into a HPLC column [ET 250/8/4 Nucleosil 5 C18 (Macherey-Nagel); mobile phase: H2O-ACN-MeOH (60:25:15); flow rat: 1 ml/min, detector: spectrofluorimeter Perkin Elmer LS-3B at _ exciation-362 nm; _ emission440 nm] and the derivatization post-column was done using pyridinum bromide-perbromide in solution (75mg/L water). 2. pre-column: After the derivatization, the extract was injected onto the HPLC system, according the conditions established previously by Lino et al (6). Results and discussion The validation studies using derivatization with TFA acid gave better results than postcolumn derivatization. Good recoveries for AFB1, B2, and G1 were achieved, varying between 72.1 % to 91.5 %, respectively. For AFG2 the recovery value was 63 %, when pre-column method was used, from samples fortified at 25_g/kg. In contrast, recovery values oscillated between 3.6 % for AFG2 to 15.2 % for AFB1 from samples spiked at the same level, when post-column method was applied. After the screening by ELISA, the confirmation by HPLC was made for samples which levels are higher than 5_g/kg. The levels found in the samples varied between 6.6_g/kg of AFG2, in one sample of saffron, and 79.8_g/kg of AFB2 in one coriander sample (Table I). Samples Nº total of ELISA B1 B2 G1 G2 samples µg/kg >5µ min–max min–max min–max min–max Single 33 8 nd-28.5 nd-79.8 nd-41.8 nd-10.2 Nutmeg 3 2 nd-28.5 8.8-12.1 16.3-41.8 7.3-10.2 Saffron 3 3 nd-16.6 nd nd-12.3 nd-6.6 Curry 3 1 nd nd 25.0 nd Coriander 2 1 nd 79.8 nd nd Pepper 6 0 nd nd nd nd Cinnamon 3 0 nd nd nd nd Paprika 4 1 nd nd nd nd Cumin 3 0 nd nd nd nd Garlic 2 0 nd nd nd nd Origan 1 0 nd nd nd nd Anise 1 0 nd nd nd nd Malaguete pepper 2 0 nd nd nd nd Mixtures 8 2 nd nd nd nd Table 1 Aflatoxin level (_g/kg) in samples by HPLC method ESB UCP 166 References 1 - NOLLET, L. M. L. Food Analysis by HPLC, Marcell Dekker, New England, 1992. 2 - MACRAE, R. HPLC in Food Analysis, Academic Press, London, 1988. 3- ENGSTROM et al. J. Agric. Food Chem., 25, 833-836, 1977. 4 - SAJAN et. al., Ind. J. Experim. Biol., 35, 1187-1190, 1997. 5 - PARK et. al., J. Assoc. Off. Anal. Chem.,72, 638-643, 1989.6 – Lino et al., Proceedings 1st International Meeting of Aromatic and Medicinal Plants, Ansião, Portugal, 112-117, 1998. Acknowledgement The authors thank to FCT the financial support for this project. ESB UCP 167 O papel das vitaminas antioxidantes na actividade mutagénica da capsaicina e da IQ Marques S.1,2, Oliveira N.1,2, Chaveca T.1,2 e Rueff J.1 1 Departamento de Genética, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa, R. Junqueira, 96, 1349-008, Lisboa, Portugal 2 Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa. Av. Forças Armadas, 1600 Lisboa, Portugal Estudos epidemiológicos têm demonstrado que as maiores causas de cancro humano são o tabaco e a dieta alimentar. O Homem, através da sua alimentação pode ficar exposto à presença de substâncias com acção genotóxica, o que tem vindo, nos últimos anos, a ser objecto de grande preocupação (Hayatsu, 1991). Na nossa dieta alimentar, são introduzidos alguns nutrientes que podem ter acções benéficas sobre os genotóxicos. Por exemplo, há uma variedade de moléculas que têm funções antioxidantes, podendo, por isso, apresentar uma acção anticancerígena (Ames, 1983). É o caso das vitaminas, nomeadamente da vitamina A, da vitamina C e da vitamina E. Neste estudo pretendeu-se averiguar o papel destas vitaminas na acção genotóxica de dois compostos presentes na nossa dieta alimentar: a capsaicina e a amina aromática heterocíclica, IQ (2-amino-3-metilimidazo[4,5-f]-quinolina). A maior parte das substâncias presentes nos alimentos por si só, não representam qualquer tipo de risco para a nossa saúde, mas quando são metabolizadas no nosso organismo, podem transformar-se em compostos altamente mutagénicos e/ou cancerígenos, sendo os Citocromos P450 os responsáveis por esta activação metabólica (Knize et al., 1994). A capsaicina é um constituinte natural das pimentas (espécies Capsicum annum e Capsicum frutescens) e é normalmente utilizada para fins terapêuticos, para tratamento de situações como dores de dentes, febres agudas, cólicas, reumatismo e artrite (Surh e Lee, 1996). Considerando a exposição humana à capsaicina, quer em termos de aplicação médica, quer em termos alimentares, como condimento, é essencial uma correcta e precisa avaliação dos efeitos nocivos deste composto para a saúde pública. Não há ainda evidência da capsaicina ser cancerígena para o Homem (Surh et al., 1998), havendo mesmo em animais resultados contraditórios, o que nos levou a aprofundar um pouco mais este tema no presente estudo. ESB UCP 168 A IQ é encontrada numa grande variedade de carnes e peixes cozinhados (fritos e grelhados, bem passados). Quando os alimentos são sujeitos a estes processos culinários, alguns aminoácidos e açúcares são pirolizados, havendo a formação deste tipo de composto. Estudos recentes indicam que algumas destas aminas apresentam uma mutagenicidade 100 vezes maior que a Aflatoxina B1 e cerca de 2000 vezes maior que o Benzopireno, um composto considerado altamente cancerígeno. A IQ é um potente hepatocancerígeno em primatas e ensaios in vitro mostram que o Homem tem uma boa capacidade de activação metabólica desta amina, o que indica que poderá ser também susceptível aos mesmos efeitos cancerígenos (Thorgeirsson et al., 1996). A actividade mutagénica dos dois compostos, com e sem activação metabólica, bem como o papel das vitaminas antioxidantes na modulação dessa actividade, foi avaliada in vitro através de dois testes citogenéticos: o Teste do Micronúcleo (MN) e o Teste das Trocas entre Cromátides Irmãs (SCE – Sister Chromatid Exchange), ambos efectuados em linfócitos de sangue periférico de dadores saudáveis, não fumadores, não expostos a radiações nem a tratamentos médicos, e consumidores de dietas tipicamente ocidentais. Dos resultados obtidos podemos observar uma nítida resposta dos linfócitos humanos à capsaicina e à IQ, quer em termos de aumento na indução de MNs quer em termos de aumento do número de SCEs. No que diz respeito às vitaminas antioxidantes, elas têm um papel eficaz na redução da actividade mutagénica de ambos os compostos, ou seja, quando estão presentes, quer individualmente quer em conjunto, levam a uma diminuição da indução de MNs e de SCEs. No caso particular da capsaicina verificou-se um perfil da curva dose-resposta semelhante, na presença e na ausência de activação metabólica, indicando que quer a capsaicina quer os seus metabolitos têm actividade mutagénica. Na presença de activação metabólica, o efeito protector das vitaminas antioxidantes é menos evidente, o que pode ser devido a uma possível inibição das vitaminas por parte do sistema de activação metabólica. Deste estudo pode-se concluir que os dois compostos estudados exibem uma clara actividade mutagénica em linfócitos humanos. Analisando os resultados obtidos relativamente à acção das vitaminas antioxidantes, poder-se-á sugerir que a capacidade da capsaicina e da IQ de lesar o DNA pode ser devida à produção de espécies reactivas de oxigénio. ESB UCP 169 Referências AMES, B.N., (1983): Dietary carcinogens and anticarcinogens. Science, 221: 12561262. HAYATSU, H., (1991): Introduction. In: Mutagens in food: detection and prevention, pp. 1-2. Hayatsu, H. ed. CRC Press. KNIZE, M.G.; DOLBEARE, F.A.; CARROLL, K.L.; MOORE, D.H.; FELTON, J.S., (1994): Effect of cooking time and temperature on the heterocyclic amine content of fried beef patties. Fd. Chem. Toxic., 32 (7): 595-603. SURH, Y.J.; LEE, S.S., (1996): Capsaicin in hot chili pepper: carcinogen, co-carcinogen or anticarcinogen? Food Chem. Toxicol., 34 (3): 313-316. SURH, Y.J.; LEE, E.; LEE, J.M., (1998): Chemoprotective properties of some pungent ingredients present in red pepper and ginger. Mutat. Res., 402 (1-2): 259-267. THORGEIRSSON, U.P.; SNYDERWINE, E.G.; GOMEZ, D.E.; ADAMSON, R.H., (1996): Dietary heterocyclic amines as potential human carcinogens: experimental data from nonhuman primates. 0, 10 (2): 145-152. ESB UCP 170 Detecção de organismos geneticamente modificados em alimentos para animais por PCR Nunes da Costa J.M. and Sequeira A. J. Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, Departamento de Higiene Pública – Serviço de Química Alimentar e Toxicologia, Estrada de Benfica, nº 701 – 1549-011 Lisboa, Portugal Abstract The authors describe a screenning method for the detection in animal feeds of specifc DNA-sequences obtained by genetical modification in plant materials, the 35S promoter and NOS terminator, by means of polymerase chain reaction (PCR). Introdução Tem-se assistido nos últimos anos, a um aumento substancial da produção de variedades de culturas vegetais geneticamente modificadas, motivadas pelas vantagens económicas e ambientais que a biotecnologia agrícola proporciona. Dando voz à preocupação expressa por alguns sectores da população relativamente à libertação no ambiente e utilização na alimentação humana e animal de OGM, e por forma a garantir o direito à informação que assiste ao consumidor, a União Europeia (UE) regulamentou a rotulagem obrigatória de alimentos e ingredientes alimentares, produzidos ou consistindo em OGM que não sejam substancialmente equivalentes aos respectivos organismos tradicionais [1]. No que se refere à alimentação animal, e pese embora não existir até ao momento qualquer tipo de legislação aplicável, o Livro Branco sobre a Segurança dos Alimentos da Comissão das Comunidades Europeias [2] prevê a obrigatoriedade da declaração de todos os ingredientes utilizados na formulação dos alimentos compostos para animais, pelo que a respectiva rotulagem contemplará a declaração da incorporação de OGM. Ainda de acordo com o referido documento, até ao final do presente ano, é prioritário que o Conselho crie um sistema centralizado de autorização da utilização na alimentação animal de produtos não convencionais, principalmente OGM e seus derivados. De modo a pôr em prática o cumprimento das medidas propostas, torna-se imperativo o desenvolvimento e aplicação sistemática de métodos de controlo analítico dos alimentos para animais que circulam no mercado nacional e comunitário. ESB UCP 171 O presente trabalho teve como objectivo a implementação de um método de análise por PCR (polymerase chain reaction) para pesquisa da presença de OGM em alimentos para animais através da amplificação de fragmentos do promotor CAMV 35S do vírus do mosaico da couve-flor e do terminador nos (nopalina sintetase) do plasmídeo Ti da bactéria do solo Agrobacterium tumefaciens [3]. Materiais e Métodos Amostras de Alimentos Compostos para Animais. As amostras de alimentos compostos para animais foram gentilmente cedidas por Monsanto Agricultura España, S.L. Controlos Positivos e Negativos para a Presença de OGM. Os padrões de soja e milho geneticamente modificados – soja Roundup Ready® a 0 e 2 % e milho Bt-176 a 0 e 2 % – são materiais remanescentes de um estudo interlaboratorial promovido pelo Joint Research Center da UE [4]. Extracção de DNA. O DNA genómico das amostras e padrões foi extraído recorrendo ao kit Wizard® da Promega, e de acordo com o procedimento anteriormente referido [3]. Controlo da Amplificabilidade e Integridade do DNA. O grau de pureza do DNA extraído e, quando adequado, sua respectiva concentração, foram determinados por espectrofotometria de UV. A amplificabilidade e integridade do DNA foi testada por amplificação de um fragmento de uma região não codificante de DNA de cloroplasto, usando o par de oligonucleotídeos iniciadores c e d, descritos por Taberlet et al. [5]. Oligonucleotídeos Iniciadores. Para proceder à amplificação de um fragmento de 195 bp do promotor CAMV 35S e de um fragmento de 180 bp do terminador nos, recorreu-se aos pares de oligonucleotídeos ESB UCP 172 iniciadores com as seguintes sequências: 35S-1 – 5’-GCT CCT ACA AAT GCC ATC A-3’; 35S-2 – 5’-GAT AGT GGG ATT GTG CGT CA-3’; NOS-1 – 5’-GAA TCC TGT TGC CGG TCT TG-3’ e NOS-3 – 5’-TTA TCC TAG TTT GCG CGC TA-3’. No caso de produtos com DNA degradado, decorrente de um processamento térmico agressivo, como é o caso dos expandidos, ou com quantidades residuais de DNA, para além de aplicar um método de extracção que proporcione um maior rendimento de DNA, dever-se-á ainda recorrer a oligonucleotídeos iniciadores que originem fragmentos de amplificação mais curtos. Amplificação por PCR. A amplificação do fragmento do promotor CAMV 35S e do terminador nos foi efectuada em termociclador T3 Thermocycler da Biometra, num volume total de 100 ml segundo condições de concentração dos componentes para PCR e programação do equipamento descritas em 3. Electroforese em Gel de Agarose. O controlo da preparação do DNA foi feito em geis de agarose de 1,5 %. Para análise dos produtos de PCR, é necessária uma concentração de agarose da ordem dos 2 a 4 %. A corrida dos produtos de amplificação efectuou-se à temperatura ambiente durante uma hora, sob um campo eléctrico máximo aplicado de 5 V/cm. A visualização das bandas foi feita através da fluorescência sob luz ultravioleta do brometo de etídeo incorporado. Resultados e Discussão Nas figuras 1 e 2 apresentam-se as fotografias dos geis, onde se pode observar o resultado da amplificação de fragmentos do promotor CAMV 35S e do terminador nos em amostras de alimentos compostos para animais. Conclusões A execução do método validado a nível comunitário para detecção de OGM em farinhas de soja e milho [3], revelou ser aplicável a amostras de alimentos compostos para animais. Desta forma, a sua implementação em rotina laboratorial, permitirá uma monitorização dos produtos utilizados em alimentação animal, constatando do cumprimento da futura legislação sobre rotulagem e novos alimentos para animais. ESB UCP 173 M M 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 Figura 1 Amplificação de um fragmento de 195 bp do promotor CAMV 35S. Poço M: marcador de peso molecular (100 bp DNA Ladder); poço 1: branco dos reagentes (controlo da mastermix); poços 2 e 3: padrão de milho Bt-176 a 0 e 2%, respectivamente (controlos negativo e positivo); poço 4: amostra de milho; poços 5 e 6: padrão de soja RR a 0 e 2%, respectivamente (controlos negativo e positivo); poço 7: amostra de soja; poço 8: amostra de alimento composto. As amostras de milho , soja e alimento composto revelaramse positivas à presença do elemento genético pesquisado Figura 2 Amplificação de um fragmento de 180 bp do terminador nos. Poço M: marcador de peso molecular (100 bp DNA Ladder); poço 1: branco aos reagentes (controlo da mastermix); poços 2 e 3: padrão de milho Bt-176 a 0 e 2%, respectivamente (controlos negativo e positivo); poço 4: amostra de milho; poços 5 e 6: padrão de soja RR a 0 e 2%, respectivamente (controlos negativo e positivo); poço 7: amostra de soja; poço 8: amostra de alimento composto. As amostras de milho, soja e alimento composto revelaramse positivas à presença do elemento genético pesquisado Agradecimentos Os autores agradecem à Drª Teresa Crespo e à Engª Cátia Peres do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica (IBET) a sua preciosa colaboração, sem a qual este trabalho não teria sido possível. ESB UCP 174 Literatura [1] Regulamento (CE) No 258/97 do Parlamento Europeu e do Conselho de 27 de Janeiro de 1997 relativo a novos alimentos e ingredientes alimentares. J. Oficial L 043, 14/02/97, 1-7. [2] Livro Branco sobre Segurança dos Alimentos, Anexo relativo ao Plano de Acção em matéria de Segurança dos Alimentos. Comissão das Comunidades Europeias (1999) 719 Ed. final. 12.1.2000, Bruxelas. [3] DG JRC, Environment Institute, Consumer Protection & Food Unit; Screening method for the identification of genetically modified organisms (GMO) in food: detection of the CAMV 35S promotor and NOS terminator by means of polymerase chain reaction (PCR). [4] LIPP, M.; BROADMANN, P.; PIETSCH, K.; PAUWELS, J. & ANKLAM, E. IUPAC Collaborative Trial Study of a Method To Detect Genetically Modified Soy Beans and Maize in Dried Powder. Journal of AOAC International 1999, 82(4), 923-928. [5] TABERLET, P., GIELLY, L., PAUTOU, G., & BOUVET, J. Universal primers for amplification of three non coding regions of chloroplast DNA. Plant Mol. Biol. 1991,17,1105-1109 ESB UCP 175 As dioxinas e a co-incineração: química, toxicidade e vias de contaminação dos alimentos Ferreira H. E. C. S.1,2,, Martins S.1,2 e Gomes J. F. P.2 1 2 Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa, Av. Prof. Gama Pinto, 1649-003 Lisboa, Portugal Centro de Tecnologias Ambientais, DAES, Instituto de Soldadura e Qualidade, Taguspark, Apart. 119, 2781 Oeiras codex, Portugal De acordo com a USEPA as Dioxinas (PoliChlorinated para-DibenzoDioxins, PCDDs, e os PoliChlorinated para-Dibenzo-Furans, PCDFs) são os compostos orgânicos mais tóxicos que se conhecem. São poluentes característicos das seguintes indústrias e/ou equipamentos: química pesada (siderurgia, cimenteiras), pasta de celulose, papel, indústria de síntese de organoclorados, fornos crematórios, incineradoras (ou coincineradoras) de resíduos urbanos, hospitalares e industriais. Pode dizer-se que onde haja cloro e temperaturas altas (cerca de 400°C) é possível a sua formação. São ainda produzidos como produtos secundários da síntese de pesticidas organoclorados. Por ironia, não é conhecida qualquer utilidade para estes compostos. São fortemente lipossolúveis, e podem portanto acumular-se em todos os alimentos em que exista gordura. A contaminação da cadeia alimentar do Homem é feita através de partículas industriais (fly-ash) que se depositam à superfície de ervas. Estas alimentam gado de vários tipos que fica assim contaminado, e será directa ou indirectamente ingerido por humanos. A inalação directa ou a absorção através da pele são muito limitadas. Estes compostos são desde 1991 reconhecidos como carcinogénicos (com um período de incubação de cerca de 15-20 anos, e doses tóxicas muito baixas), e hepatotóxicos. Apresentam ainda propriedades estereoquímicas que os levam a perturbar os receptores celulares (Ah) que accionam a produção de várias hormonas produzindo uma longa lista de efeitos nocivos para o Homem (com interferências ao nível dos citocromos P450 referência CYP1A1 e CYP1A2). São ainda acumuláveis no tecido ESB UCP 176 adiposo, e no leite materno dos humanos (com aparecimento de hemorragias intracranianas nos recém-nascidos) prolongando os seus efeitos no tempo. Na avaliação do risco em relação a PCDD/PCDF’s, os parâmetros toxicológicos calculados para a espécie mais tóxica, a 2,3,7,8-p-TCDD são os seguintes: TEF=1; TDI=1-4 pg TEQs/Kg/dia; NOAEL(hepatoadenomas)=1 ng/Kg/dia; LOAEL(efeitos hormonais, reprodutivos e do desenvolvimento)=28-73 ng/Kg/dia. Em Portugal, não existem actualmente dados publicados sobre os níveis de PCDD/PCDF’s emitidos pelas chaminés da maior parte das fábricas ou outras fontes (segundo o relatório da UE sobre dioxinas datado de 1999) determinados antes do início da co-incineração. No momento em que a co-incineração se prepara para arrancar em Portugal ainda não são conhecidos estudos epidemiológicos sobre a população portuguesa. A identificação e o estudo de grupos populacionais com exposição elevada são medidas prioritárias a realizar no curto prazo (antes do arranque da co-incineração). O estabelecimento de legislação nacional sobre PCDD/PCDF’s em produtos alimentares é sem dúvida uma necessidade no curto prazo. Discutiremos algumas incidências da legislação comunitária, e portuguesa aplicável às emissões de PCDD/PCDF’s, e o papel que deveria caber ao Ministério do Ambiente. Dados os vastos e graves efeitos tóxicos dos PCDD/PCDF’s sobre o Homem e animais é urgente a criação de um laboratório de referência, capaz de analisar, diagnosticar e comunicar às autoridades competentes os níveis de PCDD/PCDF’s, o que certamente levaria a um controlo apertado dos níveis de emissão destes compostos para o meio ambiente por parte dos responsáveis industriais. ESB UCP 177 Referências [1] BORDADO, J.C.M., FERREIRA, H.M.S. E GOMES, J.F.P. Dioxinas e Dibenzofuranos no Meio Ambiente. Química 72: (1999) 15-19. [2] FERREIRA, L.F.V., et al. Queima de Resíduos em Fornos de Produção de Cimento uma Ameaça à Saúde Humana e Ambiental: Produção de Dibenzodioxinas e Policlorados. Química 72 (1999) 9-14. [3] Enviroweb. EPA: Dioxin does cause cancer in humans. EPA Dioxin Reassessement Summary 4-94–Vol.I, pag.37. Em edição electrónica disponível em URL.:http://rachel.enviroweb/rhwn353.htm [4] HU, K. AND BUNCE, N.J. Metabolism of Polychorinated Dibenzo-p-Dioxins and Related Dioxin – Like Compounds. J. Toxicol. & Environ. Health, Part B 2 (1999) 183-210. ESB UCP 178 Determinação do teor de pesticidas organoclorados em amostras de solo provenientes de explorações agrícolas da região centro Alturas N. S. R., Varejão J. M. T. B., Costa M. L. e Cruz Costa C. M. Laboratório de Química, Escola Superior Agrária de Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbra, 3040 Coimbra Introdução Os pesticidas organoclorados constituiram num passado recente uma classe de compostos largamente utilizados na protecção de culturas agrícolas. Actualmente procura-se restringir o uso destas substâncias, continuando no entanto a ser usados em culturas como o milho e outros cereais. Estes compostos possuem diferentes graus de toxicidade para o Homem, mas são muitas vezes letais para aves e peixes. Os compostos organoclorados, devido às suas propriedades hidrofóbicas, tendem a acumular-se no tecido lipídico vegetal e animal, podendo fácilmente contaminar todo um ecosistema. Possuem também uma elevada estabilidade química o que leva a que possuam tempos dilatados de permanência no solo, da ordem das décadas. A determinação dos seus teores no solo dá indicações acerca do grau de contaminação que poderá resultar de aplicações efectuadas em décadas anteriores. Em Portugal os estudos efectuados de determinação destes compostos incidiram essencialmente na água,[1] não existindo dados relativos aos teores destas substâncias no solo. Este facto levou-nos a que iniciássemos estudos de determinação do teor de alguns compostos organoclorados (a-BHC, g-BHC, heptacloro, aldrina, dieldrina, DDD, DDT, endosulfão e metoxicloro) numa pequena amostra de solos agrícolas e florestais provenientes da região centro (n=11). Parte Experimental A determinação analítica dos pesticidas organoclorados envolveu a sua extracção e concentracção com solventes orgânicos, a purificação do extracto e injecção num cromatógrafo gasoso com detector de captura de electrões (GC-ECD).[2] As amostras de solo foram secas à temperatura ambiente durante vários dias, de modo a ser retirado o excesso de humidade. ESB UCP 179 Método de extracção: As amostras (12 g) foram sujeitas a extracção dos compostos organoclorados em extractor de Soxhlet, durante 16 horas, pela utilização dois solventes: a) diclorometano b) uma mistura de hexano/acetona (1:1). O extracto obtido foi evaporado à secura, dissolvido em 5mL de hexano e purificado por passagem numa coluna de silica-gel G60 (1 g) seguida de eluição dos componentes hidrófobos pela passagem de 15 mL de diclorometano. O solvente foi evaporado e o resíduo foi dissolvido em 2 mL de hexano e injectado no sistema analítico - cromatógrafo HP 6890 equipado com uma coluna HP-1 (30m x 0.22mm), injector divisor (“split ratio”=1/25) e detector ECD. A identificação dos componentes foi efectuada por comparação com padrões comerciais dos pesticidas (a-BHC, g-BHC, heptacloro, aldrina, dieldrina, DDD, DDT, endosulfão e metoxicloro, Supelco) por injecção de misturas dos extractos de amostra contendo o padrão. Resultados Na Tabela são apresentados os resultados de análise das amostras de solo. µg/Kg) Pesticida organoclorado (µ Soloa γ-BHC b Coimbra/milho Dieldrina 6.0(0.3) Tondela/tabaco 1.1(0.3) 0.04(0.1) 1.7(1.1) 0.5(0.5) Cantanhede/feijão Fig. da Foz/arroz Endossulfão 0.3 (-) - (0.2) - Cantanhede/estufa V. N. Barca/mata eucalipto Endrina c 0.5 (0.5) Oliv. Bairro/vinha a DDT 0.2 (-) 1.6(0.4) Tabela 1 Pesticidas organoclorados detectados em amostras de solo provenientes da região centro de Portugal 0.8 (-) - Anadia/cereal 1.3(2.0) Oliv. Bairro/kiwi 1.3(0.4) Condeixa/mata carvalho 1.2(0.3) ESAC/matad 1.4(0.4) - (2.6) 0.2 (-) 0.3 (-) Concelho de proveniência do solo/cultura ou actividade referida para a amostra de solo, b Extracção com diclorometano, c Extracção com uma mistura de hexano/acetona (1:1), d Amostra recolhida na ESAC, numa zona de mata, à profundidade de cerca de 7 metros. Os resultados obtidos indicam que das onze amostras analisadas apenas duas dão resultado negativo ou apresentam valores abaixo do limite de detecção para todos os pesticidas ensaiados. De entre os compostos pesquisados, o DDT foi encontrado com maior frequência (n=9, com teores compreendidos entre 0.3 a 6.0µg/Kg solo). Com menor frequência foram detectados a endrina (n=4; teores de 0.2 a 0.8 µg/Kg solo), ESB UCP 180 a dieldrina (n=2; teores de 0.04 a 2.6 µg/Kg solo), o g-BHC (n=1; 0.2µg/Kg solo) e o endossulfão (n=1; 0.2 µg/Kg). A comparação dos resultados obtidos sugere que a extracção com diclorometano é mais eficaz para o g-BHC, DDT e com a endrina, enquanto a mistura de hexano/acetona levou à obtenção de resultados mais elevados na análise de dieldrina e endossulfão. Os pesticidas organoclorados, nomeadamente o DDT foram encontrados em maior quantidade em solo proveniente de explorações agrícolas, mas também nas amostras de solo florestal e na amostra retirada da mata da ESAC. Estes resultados parecem indicar contaminação de locais para os quais não seria óbvio a utilização destas substâncias e poderá indicar o seu transporte por evaporação/condensação. Agradecimentos. Agradece-se ao Sector de Solos da ESAC o fornecimento das amostras de solo. Notas e referências FERREIRA, J. R. & VAZ, A. (1983), I Congresso Nacional das indústrias agro-alimentares, Lisboa, 22-25 de Março ALPENDURADA, M. F., PINTO, M.T. SARAIVA, E.C. (1996), 5ª Conferência Nacional sobre a Qualidade do Ambiente, 2, pp. 1587-1596 LINO, C. M., PENA, SILVEIRA, M.I.N. (1996), 5ª Conferência Nacional sobre a Qualidade do Ambiente, 2, pp,1587-1596 CEREJEIRA, M. J., SILVA-FERNANDES S., M., BARROS, M., BATISTA, S. & MOURA, M. (1996), 5ª Conferência Nacional sobre a Qualidade do Ambiente, 2, pp.1997-2003 CEREJEIRA, M. J, BATISTA, S., SILVA, E., VIANA, P., CENTENO, M.S. & SILVA-FERNANDES, S., (1999-a), 6ª Conferência Nacional sobre a Qualidade do Ambiente, 2, pp.39-48 CEREJEIRA, M. J, PEREIRA, T., VIANA, P.,ESPÍRITO-SANTO, J., VIANA, P., BRITO, F. & MORBEY, M., (1999-b), 6ª Conferência Nacional sobre a Qualidade do Ambiente, 2, pp.133 –142; OLIVEIRA, M., GIL M. (1999), 6ª Conferência Nacional sobre a Qualidade do Ambiente, 2, pp.313 –318 CASTRO, G. (1997) Comportamento dos PCBs e DDTs no estuário do Sado e bioacumulação em peixes, Tese de doutoramento, Instituto Superior Técnico, Lisboa, 226 pp. 2. Procedimento experimental baseado nos métodos EPA 3540 e 3630C (EPA, USA). ESB UCP 181 Evolution of free amino acids and biogenic amines in short process cured ham Alfaia C.1,2, Castro M.1,3, Reis V.4, Tavares Almeida I.4, Correia A.2 and Dias A.5 Secção de Química Analítica, Faculdade de Farmácia, UL, 2 Secção de Bioquímica, Faculdade de Medicina Veterinária, UTL, 3 Centro de Farmacologia Experimental e Clínica, Faculdade de Medicina, UL, 4 Centro de Patogénese Molecular, Faculdade de Farmácia, UL, 5 Alicontrol – Tecnologia e Controlo de Alimentos, Lda 1 Abstract Free amino acids and other non-protein nitrogen compounds may play an important role in the evaluation of the proteolysis, which takes place during ripening of cured ham. Muscle proteins undergo an intense proteolysis leading to small peptides and higher levels of free amino acids, which may eventually be transformed to biogenic amines through descarboxylation. Biogenic amines have been detected in a wide diversity of food products, such as fish, cheese and meat products. The presence of these compounds may affect the organoleptical properties, and they have been proposed as a quality indicator. The main aim of this study is to evaluate the free amino acids and amines contents along an extended ripening process of dry-cured ham, obtained from early growth white pigs. For this purpose, the ripening process was extended for 6 additional months, in a total period of one year. Nineteen different amino acids and six non-volatile amines (putrescine, cadaverine, histamine, tyramine, spermidine and spermine) were identified and quantified by reversed-phase high performance liquid chromatography (HPLC), as o-phthalaldehyde derivatives and dansyl chloride derivatives, respectively. Introduction Protein breakdown is an important process during the ripening of dry-cured hams. Free amino acids and other non-protein nitrogen compounds may play an important role in the evaluation of the proteolysis. Free amino acids are highly correlated with flavour development in aged ham and some of them could contribute to aromatic compounds formed by different pathways such as Strecker degradation or its reaction with reducing compounds in the Maillard reaction (Baines and Mloztiewicz, 1984 in Córdoba et al., 1994). On the other hand, proteolysis yields free precursor amino acids, which may eventually be transformed into biogenic amines through descarboxylation. This reaction is catalysed either by exogenous or endogenous enzymes, specific for each amino acid. ESB UCP 182 Biogenic amines have been detected in a wide diversity of food products, such as fish, cheese, meat and meat products. The presence of these compounds may affect the organoleptical properties, and they have been proposed as a quality indicator (VecianaNogues et al., 1996). The amines assume a relevant role in public health and the main concern is related to their toxicological effects. It should be take in account that inhibition of the usual amines catabolic pathways may also contribute to the accumulation of these compounds. The main aim of this study is to evaluate the free amino acids and amines contents along an extended ripening process of dry-cured ham elaborated according to the traditional short process (6 months). For this purpose, the ripening process was extended for 6 additional months, in a total period of one year. Materials and Methods Processing of the hams Sixty hams were sampled to avoid PSE (pale, soft and exudative) and DFD (dark, firm and dry) animals. Hams were refrigerated for 48 h at 0-4°C after slaughter and cured with a salt mixture and nitrate potassium for 20 days at 4°C and 90 % relative humidity. Then hams were washed and hung at 5°C for 30 days followed by a period completed in 2 months (drying stage) of controlled increasing temperatures (up to 30°C) and decreasing relative humidity (ranged from 45 to 70 %). During the ripening process and for 6 additional months (temperatures ranging from 12 to 20°C with a relative humidity of 60-70 %) dry-cured ham samples from semimembranosus muscle, in a total number of sixty, were taken for analysis at different aging period: at 5 (n=9), 6 (n=9), 7 (n=9), 8 (n=9), 9 (n=15), 10 (n=3), 11 (n=3) and 12 months (n=3) post salting. Amino acid analysis Ham samples were homogenized in the presence of 0.1 M HCl. After centrifugation and filtration the filtrates were alkalinized with 1 M NaOH and an aliquot was used for amino acids evaluation. Amino acids, as o-phthalaldehyde derivatives, were analyzed by high-performance reversed-phase liquid chromatography (HPLC) with spectrofluorometric detection. As internal standard g-aminobutiric acid (GABA) was used. Biogenic amines analysis Putrescine, cadaverine, histamine, tyramine, spermidine and spermine were determined following the high-performance liquid chromatographic (HPLC) method described by Eerola et al. (1993). The method includes quantitative determination of six amines in ESB UCP 183 dry-cured ham samples by liquid chromatography using perchloric acid extraction, derivatisation with dansyl chloride and chromatographic separations with a reversedphase column, detection at 254 nm (UV) and 1,7-diaminoheptane as internal standard. Results and Discussion Months Xaa 5 6 Asp 886.0 ± 271.51 810.5 ± 272.71 1359.4 ± 292.02 823.1 ± 68.23 Glu 2050.0 ± 351.5 1576.7 ± 474.5 2435.2 ± 455.8 2037.2 ± 702.4 Asn 203.9 ± 71.9 179.4 ± 87.8 274.6 ± 135.3 Ser 1036.8 ± 170.3 His Gln 1 1 7 1 1 2 174.4 ± 66.4 1 9 686.7 ± 138.74 2 3 12 535.6 ± 25.14 1218.9 ± 169.3 1019.6 ± 110.6 3 66.1 ± 64.4 1 561.6 ± 84.84 3 966.1 ± 176.33 1 85.7 ± 40.51 42.7 ± 30.41 498.0 ± 64.4 3 506.4 ± 36.1 489.5 ± 84.83 1215.5 ± 234.2 412.7 ± 72.21 442.1 Ú 190.11 803.4 ± 166.72 435.2 ± 93.53 371.3 ± 61.93 284.3 ± 40.93 174.0 ± 3.53 100.2 ± 28.01 89.9 ± 39.01 139.4 ± 65.91 72.0 ± 18.62 43.2 ± 20.23 41.0 ± 7.63 12.2 ± 2.34 11.4 ± 6.64 698.4 ± 91.74 544.9 ± 6.04 510.1 ± 117.54 2 3 649.7 ± 122.3 11 532.0 ± 68.84 1455.7 ± 187.2 134.1 ± 68.0 1 829.7 ± 226.9 10 1 1 867.9 ± 207.4 8 3 Gly 1422.6 ± 258.41 1184.0 ± 309.01 1741.0 ± 331.52 1014.8 ± 204.93 815.7 ± 112.84 3 182.9 ± 45.23 Thr 1241.9 ± 267.01 1248.8 ± 467.71 2500.1 ± 575.72 1129.6 ± 279.63 921.2 ± 147.73 716.4 ± 64.33 406.9 ± 44.24 365.1 ± 88.74 Arg 1615.6 ± 285.91 1385.4 ± 419.61 1789.6 ± 337.81 1551.7 ± 202.32 875.7 ± 137.93 770.8 ± 150.03 702.5 ± 66.33 740.6 ± 145.93 Tau 703.1 ± 109.51 562.2 ± 155.91 779.1 ± 162.62 444.8 ± 115.53 262.9 ± 36.94 261.4 ± 23.54 123.6 ± 13.45 173.3 ± 38.05 Ala 1667.5 ± 303.0 1340.0 ± 321.0 1878.1 ± 357.5 1172.1 ± 244.8 1046.5 ± 246.3 848.8 ± 59.8 3 883.5 ± 56.33 363.8 ± 106.5 564.9 ± 106.7 412.9 ± 32.0 2 440.8 ± 51.92 238.7 ± 44.23 1 1 2 400.7 ± 68.4 490.4 ± 91.81 457.0 ± 168.21 793.5 ± 181.72 470.2 ± 118.93 390.3 ± 48.43 333.3 ± 42.53 245.9 ± 40.13 Trp 130.7 ± 24.01 133.8 ± 57.31 227.6 ± 55.72 102.4 ± 7.33 107.8 ± 14.43 94.3 ± 14.23 52.9 ± 7.13 45.5 ± 7.13 Val 857.6 ± 146.81 725.0 ± 177.51 1068.8 ± 214.32 783.7 ± 180.03 710.4 ± 149.33 515.8 ± 63.93 598.0 ± 45.63 639.8 ± 51.43 Phe 667.7 ± 125.91 677.5 ± 148.81 1214.4 ± 260.32 661.4 ± 122.43 564.7 ± 70.73 482.3 ± 65.33 345.6 ± 42.23 344.7 ± 65.03 Ile 668.7 ± 116.61 594.4 ± 61.61 944.6 ± 189.32 514.7 ± 102.33 462.3 ± 90.03 351.2 ± 46.83 380.1 Ú 36.73 382.7 ± 48.43 Leu 1168.6 ± 205.0 1 1053.0 ± 286.6 1686.7 ± 318.0 2 826.0 ± 128.7 745.5 ± 150.6 582.0 ± 76.4 611.9 ± 67.8 3 634.5 ± 70.53 Lys 2082.1 ± 407.7 1 1891.6 ± 792.1 4991.8 ± 770.7 2 1732.1 ± 223.0 974.1 ± 97.4 3 940.4 ± 171.73 1 1 2 563.2 ± 148.1 789.3 ± 105.1 3 3 422.4 ± 67.7 3 Tyr 1 2 3 Met 1 670.0 ± 177.9 3 2 3 1579.1 ± 419.8 3 2 3 1493.8 ± 215.0 3 Table 1 Means and standard deviations of free amino acid (Xaa) contents from semimembranosus muscle along the ripening process of dry-cured ham a Results are expressed in mmol per 100 g of dry matter. Values with different numbers as superscript along a row are significantly different (p < 0.05). Table 1 shows the detected amounts of free amino acids in semimembranosus muscle along the ripening extended process of dry-cured ham. Higher significant (p < 0.05) increase in the concentration of almost free amino acids took place on the seventh month of the elaboration process. Lysine, glutamic acid and threonine were the free amino acids present in higher amounts (p < 0.05) followed by alanine, arginine, glycine and leucine as shown in Fig. 1. In contrast to the relative uniformity of amino acids contents in dry-cured ham samples, the levels of biogenic amines showed wide fluctuations, except for spermidine and histamine. Putrescine, cadaverine and tyramine increased significantly (p < 0.05) on the tenth month, while spermine decreased through the ripening extended process. ESB UCP 184 Figure 1 Amino acid concentration evolution along a ripening extended process of dry-cured ham Figure 2 Biogenic amine concentration evolution along a ripening extended process of dry-cured ham Conclusions Amino acids content evolution during the extended ripening of dry-cured ham was not selective and higher levels of free amino acids was reached on the seventh month of the short elaboration process. From a public health point of view, the biogenic amine contents along the extended ripening process never reached the range of toxic levels, even considering that the extension of the ripening time was longer than normal market shelf-life for this type of product. ESB UCP 185 References JOVER, T. H. et al. (1997) – Biogenic amine and polyamine contents in meat and meat products. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 45: 2098-2102. CÓRDOBA, J. J. et al. (1994) – Evolution of free amino acids and amines during ripening of Iberian cured ham. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 42: 2296-2301. EEROLA, S. et al. (1993) – Liquid chromatographic determination of biogenic amines in dry sausages. Journal of AOAC International, 76 (3): 575-577. ESB UCP 186 Estudo do comportamento do óleo de girassol durante a fritura profunda Torres D., Silva F. e Oliveira M. B. P. P. CEQUP/Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4050-047 Porto, Portugal Introdução A fritura é um dos métodos culinários mais antigos da humanidade, originária e desenvolvida nos países da bacia mediterrânea. Actualmente, continua a ser utilizada uma vez que permite obter alimentos com aroma e sabor agradáveis, aparência e textura atractivas e de fácil preparação, características essas tão desejadas no estilo de vida actual [1]. A disponibilidade de óleos vegetais alterou-se ao longo dos tempos e o óleo extraído das sementes do girassol é, actualmente, a principal fonte de gordura vegetal disponível no mercado português e utilizada quer em mistura (óleo alimentar) quer estreme (óleo de girassol) em processos de fritura profunda. Neste trabalho estudou-se a evolução da qualidade do um óleo de girassol durante a fritura profunda de batatas, quando submetido a diferentes temperaturas. Mantiveram-se constantes os outros parâmetros susceptíveis de influenciar o processo de degradação (equipamento, quantidade e tipo de alimento, taxa de fritura, rácio volume de óleo/massa de alimento)[2]. Parte experimental Protocolo experimental. Aquecimento do óleo 5 dias (35h - 7h/dia), em 3 fritadeiras de uso doméstico (Fritadeira A, 200°C; Fritadeira B, 191°C; Fritadeira C, 201°C). Diariamente, fritaram-se batatas nas 2 primeiras e 2 últimas horas de aquecimento. Parâmetros avaliados. Índice de Acidez (IA) (NP 903-1987); Compostos Polares (CP) pelo Food Oil Sensor da Northern Instruments – este método apresenta uma elevada correlação com os métodos padrão para esta determinação [3]; Índice de peróxido (IP) (NP 904-1987); Índice de p-anisidina (IPA) (NP 1819-1984); Composição em ácidos ESB UCP 187 gordos – Cromatografia em fase gasosa dos ésteres metílicos, obtidos por transesterificação. Usou-se uma coluna capilar de cianoprilpolisiloxano CP-Sil 88 (Chrompack) com 50m de comprimento e 0.25 mm de diâmetro interno [3]; Composição em tocoferóis – Cromatografia líquida de alta performance. Usou-se uma coluna Inertsil Si (Chrompack) com 25 cm de comprimento e 3 mm de diâmetro interno; eluição isocrática de uma mistura n-hexano:dioxano (95:5) e detecção por fluorescênca. Resultados e Discussão Nas figuras apresenta-se a evolução dos parâmetros analisados que de alguma forma caracterizam as várias etapas da degradação do óleo. É interessante observar o impacto das temperaturas mais altas nos diferentes parâmetros evolutivos. A Figura 1 apresenta a evolução do IA e de CP, estes parâmetros são os que melhor nos indicam o estado de degradação da gordura apresentando, estas duas variáveis, uma elevada correlação entre elas (r=0,987). Figura 1 Evolução do IA do teor em compostos polares durante as 35 h de aquecimento O IP e IPA apresentados na figura 2 são indicadores de deterioração oxidativa. Após um aumento inicial o decréscimo do IP corresponde à decomposição dos hidroperóxidos. O IPA aumenta ao longo do aquecimento e o seu decréscimo, ao contrário do IP, acontece numa fase avançada de deterioração o que torna este índice um melhor indicador de degradação relativamente ao IP. Figura 2 Evolução do IP e IPA durante as 35 h de aquecimento ESB UCP 188 A composição em ácidos gordos evolui no sentido da perda de insaturação e aumento dos isómeros geométricos trans. A perda dos compostos com actividade antioxidante é também evidente. Ao fim do 2º dia de fritura a 200°C o óleo possui cerca de 10 % dos teores de tocoferóis iniciais, o mesmo acontecendo à temperatura de 191°C ao fim do 4º dia de fritura (figura 3). Referências 1. VARELA, G. (1988) Current facts about frying of food, in Frying of Food: principles, changes, new aproaches, edited by G. Varela, A. E. Bender and I. D. Morton, Ellis Horwood Ltd., Chichester, pp. 9-25. 2. WARNER, CATHLEEN (1999) Impact of high-temperature food processing on fats and oils, in Impact of Processing on Food Safety, edited by Lauren S. Jackson, Mark G. Knize and Jeffrey N. Morgan (Advances in Experimental Medicine and Biology, vol 459), Kluwer Academic/Plenum Publishers, New York), pp. 67-77. 3. M. B. P. P. OLIVEIRA E M. A. FERREIRA (1994) Evolução qualitativa de óleos alimentares durante a fritura semi-industrial de batatas, Revista Portuguesa de Nutrição, vol IV(1), pp. 27-32. ESB UCP 189 Níveis de compostos organoclorados em peixes capturados na Ria de Aveiro Antunes P.1, Gil O.1, Sobral P.2 e Charrão J.1 1 2 Instituto de Investigação das Pescas e do Mar, Av. de Brasília 1449-006 Lisboa Instituto de Investigação das Pescas e do Mar, CRIPC, Canal das Pirâmides 3800 Aveiro Introdução Os compostos organoclorados têm uma ampla distribuição no ambiente aquático costeiro. A sua acumulação pode diferir entre os organismos devido à exposição a fontes de contaminação e a diferenças nos processos de assimilação/eliminação (1) e é influenciada pelo teor em lípidos dos tecidos (2). A Ria de Aveiro é um sistema lagunar que recebe esgotos de fontes industriais e urbanas e tem a influência da actividade agrícola das suas margens. Neste trabalho são apresentadas as concentrações de PCB, DDT, lindano e dieldrina na enguia, taínha e linguado capturados na Ria de Aveiro e avaliada a importância dos lípidos na bioacumulação destes compostos. Material e Métodos Em 1998 foram colhidas, na Ria de Aveiro, quatro espécies de peixes (Tab. 1). Os peixes foram medidos, pesados e retiraram-se amostras de músculo e fígado que foram liofilizadas e analisadas individualmente ou em amostras compostas quando a quantidade de tecido não era suficiente para a análise individual. Na Solea senegalensis foi apenas retirado músculo. As amostras foram extraídos em Soxhlet, determinado o teor em lípidos por gravimetria, e quantificados por cromatografia gás-líquido 18 congéneres de PCB (18, 26, 52, 49, 44, 101, 151, 149, 118, 153, 105, 138, 187, 183, 128, 180, 170 e 194), p,p’-DDT e seus metabolitos, lindano e dieldrina. Espécie Nome vulgar n Comprimento (cm) Peso (g) Anguilla anguilla Enguia 31 22 - 50 20 - 208 Liza aurata Taínha 98 12 - 31 11 - 284 Solea vulgaris Linguado legítimo 34 10 - 22 10 - 122 Solea senegalensis Linguado branco 24 15 - 27 33 - 263 Tabela 1 Gama de comprimento (cm) e de peso (g) dos indivíduos de cada espécie capturados na Ria de Aveiro em 1998 ESB UCP 190 Resultados e Discussão ESB UCP Conc. (ng g-1) Figura 1 Concentrações dos compostos organoclorados, (ng g-1 peso seco) no músculo (A) e no fígado (B), da enguia (Eng.), taínha (Taí.), linguado legítimo (Ling. le.) e linguado branco (Ling. br.) da Ria de Aveiro. Para cada composto as colunas com a mesma letra não são significativamente diferentes (p<0.05) de acordo com os resultados ANOVA seguida do teste Scheffé Conc. (ng g-1) Os compostos analisados foram detectados na maioria das amostras. O tPCB (soma das concentrações dos congéneres individuais) foi o mais abundante em todas as espécies (Fig.1) e o lindano registou as concentrações mais baixas, com excepção do fígado da taínha em que foi semelhante à dieldrina (ANOVA, p<0.05). As concentrações no fígado foram, em geral, superiores às registadas no músculo, sendo apenas na enguia o tDDT (p,p’-DDT e seus metabolitos) semelhante nos dois tecidos (ANOVA, p<0.05). Na Figura 1 comparam-se os níveis dos compostos entre as quatro espécies. O músculo da enguia registou os níveis mais elevados de tPCB (26 ng g-1) e de dieldrina (1.8 ng g-1) e teores de tDDT semelhantes aos da taínha. O lindano não mostrou diferenças significativas (ANOVA, p<0.05) entre os músculos das quatro espécies oscilando os valores médios entre 0.33 e 0.63 ng g-1. No fígado as concentrações dos compostos foram mais uniformes entre as espécies. Apenas o tPCB e o lindano registaram os valores mais elevados na taínha (48 e 2.8 ng g-1, respectivamente) cujo teor de tPCB foi semelhante ao da enguia. Tem sido referida na literatura a influência dos lípidos na acumulação destes compostos (1, 3). Contudo, neste estudo, apenas foram obtidas, para todas as espécies, correlações lineares significativas (p<0.001) entre as concentrações registadas no músculo e o teor em lípidos: r2=0.60, r2=0.70, r2=0.46, r2=0.56, respectivamente, para tPCB, tDDT, lindano, dieldrina. Além dos lípidos, a disponibilidade ambiental e diferenças dos hábitos alimentares entre as espécies podem justificar parte da variabilidade observada nos teores dos compostos. No fígado as concentrações entre as espécies foram independentes dos lípidos. Foram observadas algumas diferenças nas proporções dos congéneres de PCB nas quatro espécies. Os CBs 153, 138 (hexa-) e 180 (heptaclorobifenilo) foram predominantes 191 no músculo da taínha e enguia, e os CBs 18 (tri-), 153 e 138 (hexaclorobifenilo) no músculo do linguado. No fígado as diferenças foram menos evidentes. Dos compostos do p,p’-DDT, o p,p’-DDE foi o mais abundante em todos os tecidos representando mais de 69 % do total. Os valores encontrados neste estudo estão muito abaixo dos limites recomendados pela OMS para consumo humano (2 ppm peso fresco, para PCB e DDT). Agradecimentos Os autores agradecem ao Dr. M. Sobral pela colheita das amostras de peixe. Este trabalho foi co-financiado através do projecto EICOS (PRAXIS XXI 2.2.2. MAR/1750/95). Bibliografia (1) ZHOU, H.Y., CHEUNG, R.Y.H., WONG, M.H. 1999. Wat, Res., 33: 2747-2756. (2) PASTOR, D., BOIX, J., FERNANDEZ, V., ALBAIGÉS, J. 1996. Mar. Pollut. Bull., 32: 257262. (3) HERBERT, C.E., KEENLEYSIDE, K.A. 1995. Environ. Toxicol. Chem., 14: 801-807. ESB UCP 192 Indicadores de higiene e patogénicos em bacalhau Rodrigues M. J., Albuquerque M., e Nunes M. L. IPIMAR, Instituto de Investigação das Pescas e do Mar, Ava. Brasília, 1449-006 Lisboa Introdução O bacalhau salgado seco é um produto muito apreciado pelo consumidor português que o utiliza na confecção de grande número de pratos, alguns dos quais parte integrante da gastronomia nacional. A maior parte do bacalhau é importado como peixe salgado e uma fracção menor como congelado, sendo a indústria nacional responsável pela operação de secagem. As características do produto actual, nomeadamente os teores de humidade e cloretos, são diferentes das que se registavam tradicionalmente, devido a alterações introduzidas nos processos de salga e secagem. Paralelamente, assiste-se a uma procura crescente por produtos prontos a cozinhar, encarando a indústria a hipótese de preparar este tipo de produtos a partir de bacalhau salgado, frequentemente designado por verde. Assim, no sentido de contribuir para um melhor conhecimento da qualidade microbiológica dos produtos, procedeu-se à caracterização de bacalhau salgado e salgado seco, antes e após demolha, no que respeita a indicadores de higiene e à presença de alguns patogénicos. Material e Métodos Foram utilizados 3 lotes de bacalhau, provenientes de 2 produtores diferentes. Efectuaram-se análises de coliformes1, coliformes fecais2, enterococos3, estafilococos4,5, esporos de clostrídeos sulfito redutores6 e pesquisa dos patogénicos Staphylococcus aureus4,5, Vibrio parahaemolyticus7 e Listeria monocytogenes8. Resultados e Discussão Os critérios utilizados na avaliação da qualidade do peixe salgado foram adaptados de Felgueiras9 (esporos de clostrídeos sulfito redutores) e de uma norma norueguesa10 (Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus). ESB UCP 193 Os critérios utilizados na avaliação do peixe demolhado foram baseados igualmente em Felgueiras9 (coliformes e coliformes fecais), numa recomendação dinamarquesa11 (enterococos) e no ICMSF12 (Vibrio parahaemolyticus e Staphylococcus aureus), considerando-se o bacalhau demolhado como peixe fresco. Conforme Tabela 1, o bacalhau salgado não revelou esporos de clostrídeos sulfito redutores, contudo 6 % das amostras apresentaram cerca de 103 coliformes/g e cerca de 102 estafilococos/g. ∪1 % de amostras negativas em 25 g ∪ 10 ∪ 102 ∪ 103 microrganismo/g microrganismos/g microrganismos/g microrganismos/g Coliformes 56 % (18/32) 22 % (7/32) 16 % (5/32) Coliformes fecais 97 % (31/32) 0 % (0/32) 3 % (1/32) Enterococos 73 % (19/26) 15 % (4/26) 12 % (3/26) Estafilococos 16 % (5/32) 41 % (13/32) 38 % (12/32) 0 % (0/32) 6 % (2/32) Tabela 1 Resultados da pesquisa de indicadores de higiene em bacalhau salgado 6 % (2/32) Esporos de clostrídeos 100 % (12/12) sulfito redutores O teor em indicadores de higiene foi superior no bacalhau salgado demolhado (Tabela 2) comparativamente ao bacalhau salgado, exceptuando-se o número de estafilocos e esporos de clostrídeos sulfito redutores. Assim, o primeiro parâmetro foi menor e o segundo semelhante. 8 % das amostras tinham cerca de 104 coliformes/g e 4 % cerca de 102 coliformes fecais/g. O teor em coliformes e coliformes fecais excedeu o critério utilizado. % de amostras negativas em 25 g ∪1 ∪ 10 ∪ 102 ∪ 103 ∪ 104 microrganismo/g microrganismos/g microrganismos/g microrganismos/g microrganismos/g Coliformes 19 % (5/26) 15 % (4/26) 23 % (6/26) 8 % (2/26)* Coliformes fecais 88 % (23/26) 8 % (2/26) 0 % (0/26) 4 % (1/26)* Enterococos 77 % (20/26) 12 % (3/26) 4 % (1/26) 8 % (2/26) Estafilococos 8 % (2/26) 54 % (14/26) 38 % (10/26) 27 % (7/26)* 8 % (2/26)* Tabela 2 Resultados da pesquisa de indicadores de higiene em bacalhau salgado demolhado Esporos de clostrídeos 100 % (6/6) sulfito redutores * Estes resultados exederam o critério utilizado O bacalhau salgado seco, apresentou teores inferiores ao bacalhau salgado, excepto no que respeita aos esporos de clostrídeos sulfito redutores (Tabela 3). De acordo com a Tabela 4, o bacalhau salgado seco demolhado apresentou menor crescimento do que o registado no bacalhau demolhado a partir de salgado, à excepção do número de esporos de clostrídeos sulfito redutores. Os patogénicos Staphyloccus aureus, Vibrio parahaemolyticus e Listeria monocytogenes não foram detectados em nenhuma das amostras. ESB UCP 194 Tabela 3 Resultados da pesquisa de indicadores de higiene em bacalhau salgado seco % de amostras negativas em 25 g Coliformes Coliformes fecais 75 % (9/12) ∪1 ∪ 10 ∪ 102 ∪ 103 microrganismo/g microrganismos/g microrganismos/g microrganismos/g 25 % (3/12) 100 % (12/12) Enterococos 100 % (6/6) Estafilococos 0 % (0/12) 83 % (10/12) 83 % (10/12) 17 % (2/12) % de amostras ∪1 17 % (2/12) Esporos de clostrídeos sulfito redutores Tabela 4 Resultados da pesquisa de indicadores de higiene em bacalhau salgado seco demolhado negativas em 25 g ∪ 10 ∪ 102 ∪ 103 microrganismo/g microrganismos/g microrganismos/g microrganismos/g Coliformes 33 % (4/12) 67 % (8/12) Coliformes fecais 92 % (11/12) 8% (1/12) Enterococos 100 % (6/6) Estafilococos 8 % (1/12) 67 % (8/12) 92 % (11/12) 8 % (1/12) 25 % (3/12) Esporos de clostrídeos sulfito redutores Assim, os parâmetros que poderão ser mais problemáticos no controlo de qualidade do bacalhau parecem ser o teor em coliformes do pescado salgado e demolhado que atingiram respectivamente cerca de 103/g e 104/g e os esporos de clostrídeos sulfito redutores em salgado seco. Referências [1] NP – 1975 (1985). Microbiologia alimentar – Pescado e derivados. Pesquisa de bactérias coliformes. Lisboa. Direcção Geral da Qualidade, 6 p. [2] NP – 2308 (1986). Microbiologia alimentar – Regras gerais para a pesquisa de Escherichia coli. Lisboa. Direcção Geral da Qualidade, 6 p. [3] ISO 7899/1 F (1984). Qualité de l’eau – Recherche et dénombrement des streptocoques fécaux – Partie 1:Méthode par enrichissement en millieu liquide, 20 p. [4] NP – 4196 (1992). Microbiologia alimentar – Regras gerais para a contagem de Staphylococcus aureus a 37°C. Lisboa. Direcção Geral da Qualidade, 12 p. [5] NP – 2260 (1986). Microbiologia alimentar – Regras gerais para a pesquisa de Staphylococcus aureus. Lisboa. Direcção Geral da Qualidade, 11p. [6] NP – 2262 (1986). Microbiologia alimentar – Regras gerais para a pesquisa de esporos de clostrídeos sulfito redutores. Lisboa. Direcção Geral da Qualidade, 8 p. ESB UCP 195 [7] ISO 8914 E (1988). Microbiology – General guidance for the detection of Vibrio parahaemolyticus, 18p. [8] ISO 11290-1 (1995). Microbiologie des aliments – Methode horizontale pour la recherche et le dénombrement de Listeria monocytogenes – Partie 1: Méthode de recherche. Project de norme internationale, 28p. [9] Felgueiras, M. I (1983). Características microbiológicas nacionais e internacionais de alimentos. Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial. Dep. Central de estudos e análises industriais, 183p. [10] Quality regulations relating to fish and fishery products. Ministry of Fisheries 14 June 1996 (Noruega) (comunicação pessoal). [11] Danish Ministry of Fisheries 28 June 1993. Danish Veterinary and Food Administration J.nr.08kt.10-533-0/98, January 1998 (comunicação pessoal). 12.ICMSF (1986). Microrganisms in foods 2. Sampling for microbiological analysis: Principles and specific applications. Blackwell Scientific Publications, 190 p. ESB UCP 196 Introdução do ensaio de inibição da proteína fosfatase 2A na detecção de toxinas diarreicas em moluscos bivalves Botelho M. J., Rodrigues S. M., Costa P. R. e de Sampayo M. A. Instituto de Investigação das Pescas e do Mar, Av. Brasília, 1400 Lisboa, Portugal Introdução A intoxicação diarreica por moluscos bivalves (“Diarrhetic Shellfish Poisoning” – DSP), deve-se ao consumo de bivalves contaminados com elevados níveis de toxinas provenientes de dinoflagelados marinhos. O ácido ocadáico (AO) é a toxina diarreica que ocorre com maior frequência na Europa, sendo possível a sua quantificação e dos seus análogos (dinofisistoxinas-1 e -3) devido à propriedade de inibição potente e específica da proteína fosfatase (PP2A) [1]. O ensaio de inibição da PP2A (EIPP2A), com detecção por fluorescência, inserido no plano nacional de monitorização de biotoxinas marinhas permitirá melhorar o controlo da qualidade dos moluscos bivalves afectados por este tipo de toxicidade. Actualmente o plano de monitorização para DSP engloba como método oficial o bioensaio em ratinhos realizando-se também detecção por cromatografia líquida acoplada a espectrometria de massa (HPLC-MS) [2,3]. O novo método introduz vantagens sobre os anteriores, proporcionando maior sensibilidade, especificidade e rapidez no processamento de elevado número de amostras. Material e Métodos A preparação dos extractos de hepatopâncreas (HP) para o EIPP2A e HPLC-MS realizou-se seguindo o método de Lee [4]. EIPP2A: O ensaio realiza-se segundo o método descrito em [1] com pequenas modificações, nomeadamente a utilização do substrato 6,8-difluoro-4-metilumbeliferil fosfato (DiFMUP). HPLC-MS: Os extractos de bivalves são analisados para toxinas do grupo AO utilizando um cromatógrafo HP-1100 com detecção por espectrometria de massas, com uma interface LC-MS de “ionspray” operando em modo iónico negativo. A separação é efectuada numa coluna de fase reversa em que a fase móvel é CH3CN:CH3COOH 0.05M 65:35 (v/v). Bioensaio: No bioensaio em ratinhos segue-se uma versão modificada do método Yasumoto [5], substituindo-se o éter dietílico por diclorometano. ESB UCP 197 Considera-se o ensaio positivo se morrerem 2 dos 3 ratinhos nas primeiras 5 horas após a injecção ou os 3 até às 24 horas. Resultados e Discussão Comparando os resultados obtidos através do EIPP2A com os dos métodos correntemente utilizados, a análise da Figura 1 revela uma boa concordância entre os resultados de bioensaio e os de EIPP2A, uma vez que as amostras com elevada actividade inibidora de PP2A apresentam resultados positivos no bioensaio, considerando-se este novo método seguro, sem oferecer risco de falsos negativos. Alguma discrepância observada nestes resultados pode dever-se à variabilidade própria de um teste em animais vivos e à maior especificidade e sensibilidade do EIPP2A. Relativamente à comparação com os resultados de HPLC-MS, Figura 2, verificou-se que em geral o EIPP2A produz resultados mais elevados, deduzindo-se que nas amostras analisadas existem outras substâncias tóxicas inibidores de PP2A para além do AO, possivelmente algum seu derivado não detectado em HPLC-MS. Utilizando o EIPP2A para a detecção de toxinas DSP obtêm-se resultados satisfatórios relativamente ao bioensaio e ao HPLC-MS, pelo que a sua introdução no programa de monitorização de biotoxinas revela-se muito favorável. O método oficial utilizado detecta níveis mínimos de 0.8 µg AO/g HP correspondendo a um tempo médio de sobrevivência de 24 horas [6], enquanto que este estudo permitiu detectar níveis compreendidos entre 0.16 e 3.3 µg AO/g HP. Figura 1 Comparação dos resultados obtidos por bioensaio e por EIPP2A, em que TMS é o tempo médio de sobrevivência dos ratinhos ESB UCP 198 Figura 2 Correlação entre as concentrações obtidas de AO através do EIPP2A e HPLC-MS Referências [1] VIEYTES, M. R., FONTAL, O. I., LEIRA, F., BAPTISTA DE SOUSA, J. M. V., BOTANA, L. M., 1997, Anal. Biochem. 248, 258-264. [2] SAMPAYO, M. A. M., FRANCA, S., SOUSA, I., ALVITO, P., VALE, P., BOTELHO, M. J., RODRIGUES, S., VIEIRA, A.,1997, Arq. INSA, 23, 181-188. [3] VALE, P. & SAMPAYO, M.A., 1999, Toxicon 37 (8), 1109-1121 [4] LEE, J. S.; YANAGI, T.; KENMA, R.; YASUMOTO, T.,1987,. Agric. Biol. Chem., 51, 877-81. [5] YASUMOTO,T., MURATA, M., OSHIMA, Y., MATSUMOTO, G.K., & CLARDY, J.,1984, Seafood Toxins, ACS Symp. Series Amer. Chem. Soc., 262, 207-214 [6] MIGUÉZ, A., FERNÁNDEZ, M. L., CACHO, E., MARTÍNEZ, A., 1998, Harmful algae. Xunta de Galicia and IOC of UNESCO, 239-240. ESB UCP 199 Níveis de metais pesados em espécies de aquacultura Lourenço H. M., Martins M. F. e Nunes M. L. Instituto de Investigação das Pescas e do Mar Avenida Brasília, 1449-006 Lisboa, Portugal Introdução A presença de substâncias tóxicas nos produtos da pesca e aquacultura representam um perigo na alimentação humana. De entre estas substâncias destacam-se os metais pesados, nomeadamente o mercúrio, o chumbo e o cádmio aos quais até ao momento, não é atribuída qualquer acção sobre o ponto de vista nutricional (1). O seu efeito no Homem é cumulativo podendo provocar lesões ao nível do fígado, rins e sistema nervoso (2,3,4). No sentido de contribuir para um melhor conhecimento dos teores destes três elementos em peixes de aquicultura produzidos em Portugal, apresenta-se uma compilação de dados obtidos desde 1999. Material e Métodos Todos as amostras de truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss), dourada (Sparus aurata) e robalo (Dicentrarchus labrax) eram provenientes de aquaculturas Portuguesas. A maior parte das amostras era constituída por cinco peixes, excepto quando estes excediam 0,5 kg, caso em que a amostra era constituída apenas por dois exemplares. Após chegada ao Laboratório todos os peixes foram medidos, pesados e de seguida eviscerados, aproveitando somente o fígado. A parte comestível foi de seguida homogenizada e posteriormente utilizada nas determinações de chumbo, cádmio e mercúrio. No fígado só foi determinado o mercúrio. Os teores de chumbo e cádmio foram determinados segundo métodos descritos no AOAC (5) por espectrometria de absorção atómica de chama. O teor em mercúrio foi determinado de acordo com a Norma Portuguesa NP 2928 (6). Resultados e Discussão Os teores de chumbo encontrados para todas as amostras foram sempre inferiores a 0,2 mg/kg de peixe fresco. Em relação ao cádmio só houve uma amostra de truta que ESB UCP 200 Figura 1 Frequências relativas de teores de mercúrio em truta (A), dourada (B) e robalo (C) ESB UCP 201 atingiu 0,02 mg/kg valor este considerado ainda abaixo do valor de 0,05 mg/kg proposto pela UE (7). Os níveis de mercúrio encontrados no músculo das três espécies estudadas (Fig. 1), foram quase sempre inferiores a 0,20 mg/kg à excepção de uma amostra de robalo que ultrapassou esse teor, atingindo cerca de 0,25 mg/kg (Fig. 1C). De realçar que, no geral, as amostras de fígado apresentaram teores de mercúrio mais elevados, sobretudo nos exemplares de truta (cerca de 9% ultrapassaram 0,20 mg/kg), contudo também nunca excederam o limite de 0,50 mg/kg (Fig. 1A). Estes resultados são semelhantes aos encontrados por outros autores para esta espécie (8,9). Não foi possível estabelecer com estes dados qualquer correlação com o tamanho ou a idade. Referências (1) LALL, S. P., 1995. Fish and Fishery Products. Composition, nutritive properties and stability. Editado por A. Ruiter, Cab International. Biddles Ltd, Guildford, UK, pp 187-213. (2) FDA, 1993. Guidance Document for Lead in Shellfish. U.S. FDA, Washington, DC. 29p. (3) FDA, 1993. Guidance Document for Cadmium in Shellfish. U.S. FDA, Washington, DC. 29p. (4) FDA, 1994. Mercury in Fish: Cause or Concern?. U.S. FDA, Washington, DC. 4p. (5) AOAC, 1990. Official Methods of Analysis, 15th Ed.., Vol 1, Association of Official Analytical Chemists, Arlington, 684p. (6) IPQ, 1988. Determinação do teor de mercúrio. Método espectrofotométrico de absorção atómica sem chama. NP-2928, 5p. (7) EU, 2001. Regulamento (CE) N.º 466/2001., JO L 77 de 16.3.2001, 13p. (8) OHLIN, B., 1993. Mercury in fish on general sale. Var-Foeda, 45(8/9):390-397. (9) NEUMANN, C. M.; KAUFFMAN, K. W.; GILROY, D. J., 1997. Methylmercury in fish from Owyhee Reservoir in southeast Oregon: scientific uncertainty and fish advisories. Science-of-theTotal-Environment, 204(3):205-214. ESB UCP 202 Efeito de uma dieta suplementada com sardinha em conserva na fracção lipídica do plasma e eritrócitos Bandarra N. M.1, Palma P.2, Batista I.1, Nunes M. L.1, Morais G.3, Bruges M.4, Dickson J.4, Barata J. D.4 e Silva Lima B.2 Instituto de Investigação das Pescas e do Mar; 2 Unidade de Farmacologia e Farmacotoxilogia da Universidade de Lisboa; 3 Departamento de Bioquímica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa; 4 Hospital de Santa Cruz, Serviço de Nefrologia (ISNI) 1 Inrodução Vários estudos epidemiológicos (Bang e Dyerberg, 1972; Kromhout et al., 1985) mostraram que nas populações com elevado consumo de peixe havia uma menor incidência da doença coronária, hipertensão e cancro. Estes resultados foram confirmados em estudos em animais e em investigação clínica, mostrando que os óleos de peixe apresentavam propriedades hipolipidémicas, hipotensivas, antitrombóticas e anti-inflamatórias. Os mecanismos envolvidos incluem efeitos no metabolismo dos eicosanóides, funções membranares e expressão de genes. Com o objectivo de avaliar o efeito de uma dieta suplementada com ácidos gordos ω3 no perfil de ácidos gordos dos fosfolípidos do plasma e dos eritrócitos, realizou-se um estudo com voluntários que consumiram conservas de sardinha em azeite. Material e Métodos No presente estudo participaram dez voluntários saudáveis, com idades compreendidas entre 25 e 72 anos, emparelhados por sexo e grupo etário. A suplementação decorreu durante 3 meses e consistiu na manutenção do padrão alimentar habitual com ingestão de 3 latas de conserva de sardinha por semana (i.e., 3x4 g de ácidos gordos ω3). Foram recolhidas amostras de sangue dos voluntários no início da experiência, durante os 3 meses em que esta decorreu e um mês após o seu término. Nestas amostras analisou-se a distribuição das classes de lípidos de acordo com o método de Christie e Urwin (1995) e o perfil de ácidos gordos dos fosfolípidos do plasma e dos eritrócitos, seguindo o procedimento descrito por Bandarra et al. (1997). Resultados e Discussão No Quadro 1 apresenta-se o perfil de ácidos gordos da sardinha em conserva usada neste ensaio. O grupo mais importante era o dos monoinsaturados devido ao facto ESB UCP 203 de se tratar de uma conserva em azeite cujo principal ácido gordo é o ácido oleico. O ensaio de suplementação promoveu, no plasma, uma diminuição do teor em lípidos não polares, que variaram de 82 % no início para 61 % no final, com o consequente aumento da percentagem de fosfolípidos. Composição da fracção lipídica Valores de suplementação (g/100 g de parte edível) ΣSaturados 4,07 ΣMonoinsaturados 5,92 Quadro 1 Composição da fracção lipídica da sardinha em conserva ΣPolinsaturados Σ ω3 5,46 4,30 EPA 2,01 DHA 1,33 Gordura 17,0 No que diz respeito aos eritrócitos, a evolução das classes de lípidos apresenta-se na figura abaixo, tendo ocorrido uma diminuição dos lípidos não polares, tal como verificado no plasma, embora menos acentuada. Observou-se ainda, um ligeiro aumento da PC e da PE, com a diminuição da SM. Esta diminuição poderá apresentar vantagens na prevenção de acidentes cardiovasculares dado que, segundo Cooper (1977), a esfingomielina promove a diminuição da fluidez da membrana do eritrócito. As percentagens de EPA e DHA nos fosfolípidos do plasma aumentaram ao longo do ensaio de suplementação, sendo a incorporação de EPA mais acentuada, tal como verificado também por Vidgren et al. (1997). LNP - lípidos não polares; PE - fosfatidilcolina; PC - fosfatidiletanolamina; SM - esfingomielina ESB UCP 204 Em ambos os ácidos gordos, registou-se uma incorporação muito notória até ao segundo mês, após o que as suas percentagens atingiram valores ligeiramente superiores aos iniciais. Nos fosfolípidos dos eritrócitos registou-se também um aumento das percentagens destes dois ácidos gordos, mas o máximo foi atingido ao fim do primeiro mês. Este resultado pode dever-se ao facto destas células apresentarem um tempo médio de vida de 3 meses e incorporarem os ácidos gordos no início da sua maturação (Farquhar e Ahrens, 1963). Por outro lado, verificou-se também um aumento da razão ω3/ω6 ao fim do primeiro mês, tendo-se mantido praticamente constante até ao final do ensaio. Referências BANG, H. O.; DYERBERGER, J., 1972. Acta Med. Scand., 192: 85-94. BANDARRA, N. M.; BATISTA, I.; NUNES, M. L.; EMPIS, J. M. A., CHRISTIE, W. W., 1997. J. of Food Sci. 62(1): 40-43. CHRISTIE, W. W.; URWIN, R. A., 1995. J. High Resol. Chromatogr., 18: 97-100. COOPER, RA., 1970. Semin Hematol., 7:296-305. FARQUHAR, JW.; AHRENS, JR., EH., 1963. Journal of Clinic Investigation, 42(5): 675-685. KROMHOUT, D.; BOSSCHIETER, E. B.; DE LEZENNE; COULANDER, C., 1985. N. Engl J. Med., 312: 1205-1209. VIDGREN, H. M.; AGREN, J. J.; SCHWAB, U.; RISSANEN, T.; HÄNNINEN, O.; UUSITUPA, M.I.J., 1997. Lipids, 32(7): 697-705. ESB UCP 205 Recuperação de vibrio parahaemolyticus a partir de produtos da pesca usando hidrolisados enzimáticos de pescado como fonte de azoto Pedro S., Batista I., Reis T., Albuquerque M. M., Pires C. e Braga V. Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (IPIMAR). Av. Brasília, 1449-006 Lisboa Introdução A quantificação de Vibrio parahaemolyticus no pescado tornou-se importante desde que a International Commission of Microbiological Specifications for Foods (1986) recomendou, para alguns destes produtos, um limite de aceitação de 102UFC/g. Para este efeito tem-se recorrido à técnica do número mais provável (NMP), utilizando vários meios de enriquecimento, dos quais se destaca a água peptonada (APW). Uma vez que esta bactéria tem origem marinha, é provável que a utilização no meio de cultura de fontes de azoto provenientes do pescado aumente a recuperação de células danificadas desta estirpe. Assim, é objectivo deste estudo comparar a capacidade de dois meios de enriquecimento, APW e uma solução de hidrolisados de pescado (AHW), para recuperar V. parahaemolyticus. Material e Métodos A estirpe de V. parahaemolyticus utilizada neste trabalho foi isolada a partir de camarão e conservada a -70°C. Esta estirpe foi inoculada em amostras esterilizadas de 25 g de pescada e camarão com os níveis de 10-102 ufc/25 g (teor baixo), 102-103 ufc/25 g (teor médio) e 104-105 ufc/25g (teor elevado). Para cada nível de inóculo, foram contaminadas 15 amostras. Estas foram divididas em três grupos: o primeiro foi analisado logo após a inoculação, o segundo depois de armazenado em refrigerado a 7°C durante 7 dias e o terceiro após armazenagem em congelado a –20°C, durante 14 dias. A quantificação de V. parahaemolyticus fez-se segundo o método da FDA (Elliot et al., 1995), recorrendo à técnica do Número Mais Provável (NMP) e usando como caldos de enriquecimento APW e AHW. O isolamento foi realizado em agar-TCBS (Thiosulphate-Citrate-Bile salts-Sucrose) e a confirmação com testes bioquímicos. Os resultados obtidos foram apreciados, recorrendo a uma análise de variância. ESB UCP 206 Resultados e Discussão Dos resultados obtidos, apresentam-se apenas os correspondentes a pescada inoculada com baixo nível de Vibrio e a camarão contaminado com nível médio (Figs. 1 e 2), em Figura 1 Recuperação de V. parahaemolyticus com APW e AHW em amostras de pescada contaminadas com um nível baixo de inóculo ESB UCP 207 virtude de serem estas as situações que ocorrem mais frequentemente nestes produtos. De um modo geral, obtiveram-se menores teores de Vibrio a partir de ambos os meios de cultura nas amostras refrigeradas e congeladas. Este facto pode dever-se à perda de Figura 2 Recuperação de V. parahaemolyticus com APW e AHW em amostras de camarão contaminadas com um nível médio de inóculo ESB UCP 208 viabilidade desta estirpe ou à menor capacidade de ambos os caldos de enriquecimento para recuperar células que foram sujeitas a condições de “stress” como a refrigeração ou a congelação. A análise estatística dos resultados obtidos permitiu concluir que, para cada nível de contaminação e condição de armazenamento, a capacidade de recuperação de V. parahaemolyticus pelo APW e AHW não foi significativamente diferente (P<0,05). Este facto foi observado tanto nas amostras de pescada como nas de camarão. Assim, os hidrolisados de pescado podem ser utilizados como substitutos da peptona comercial, na pesquisa e quantificação de V. parahaemolyticus, segundo a técnica da FDA. Referências ELLIOT, E. L.; KAYSNER, C. A.; JACKSON, L.; TAMPLIN, M. L., 1995. In Bacteriological Analytical Manual, 8th ed. FDA, AOAC International, Gaithersburg, p. 9.019.27. INTERNATIONAL COMMISSION OF MICROBIOLOGICAL SPECIFICATIONS FOR FOODS (1986). Microorganisms in Foods 2, 2nd ed., Blackwell Scientific Publications, Toronto, p. 181-196. ESB UCP 209 Identificação dos pontos críticos de controlo (CCP) numa linha de processamento de sardinha avulso congelada em túnel. Identificação do perigo, estabelecimento de medidas de controlo, monitorização e verificação Matos L. C. e Oliveira M. B. P. P. CEQUP/ Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha n.º 64, 4050-047 Porto, Portugal O sistema HACCP foi desenvolvido nos primeiros anos da década de setenta com o fim de garantir a segurança dos alimentos. Os princípios básicos orientadores do conceito não eram novos mas a sua introdução constituiu uma mudança na importância da análise do produto acabado em relação ao controlo dos pontos críticos na produção do alimento. O sistema HACCP responsabiliza os transformadores pela produção de alimentos seguros e simultaneamente permite aos controladores da qualidade melhorar a eficácia do seu controlo. Introduz igualmente uma abordagem sistemática dos procedimentos para garantir a segurança dos alimentos. O conceito HACCP é uma abordagem sistemática à identificação e avaliação dos “Hazards” e riscos associados com a produção, distribuição e utilização de um alimento em particular e a identificação dos meios para o seu controlo. De uma forma mais simples o HACCP consiste nos seguintes elementos: - Identificação de “Hazards” (situações de risco) e avaliação da sua severidade e risco (Análise dos “Hazards”). - Determinação dos Pontos Críticos de Controlo (CCP) requeridos para controlar os “Hazards” identificados. - Especificação dos critérios que indicam se uma operação está sob controlo num dado CCP. - Estabelecimento e implementação de sistemas de monitorização. - Execução de acções correctivas quando os critérios estabelecidos não são atingidos. - Registo e arquivo de dados do sistema. - Verificação do sistema. No presente trabalho efectuou-se uma análise detalhada da linha de processamento de sardinha avulso congelada em túnel, identificando-se os pontos críticos de controlo e os perigos associados, estabelecendo-se um esquema de medidas de controlo, monitorização e verificação, que resumidamente se apresenta na Figura 1. ESB UCP 210 Figura 1 Diagrama da linha de processamento Aquisição do produto na lota CP1 Embalagem CP14 Refrigeração com gelo laminado CP2 Paletização CP15 Transporte refrigerado (ar frio) CP3 Armazenagem CP16 Recepção da sardinha em fábrica CP4 Expedição CP17 Lavagem por imersão em dornas CP5 Disposição da sardinha no tapete transportador de acesso CP6 Escolha inicial CP7 Lavagem por aspersão CP8 Disposição final à entrada do túnel CP9 Escolha final CP10 Congelação CP11 Vidragem em água de rede pública CP12 Recepção em caixas de plástico CP13 Armazenagem CP14 Vidragem final em água de rede CP15 Água salgada de furo tratada Água de rede pública Gelo laminado Gelo laminado O estudo HACCP, quando correctamente implementado e efectuado identifica os factores que afectam directamente a segurança e a qualidade de um produto. Tal facto permite ao produtor de alimentos utilizar os seus recursos técnicos da maneira mais eficiente possível. A identificação antecipada e a monitorização dos CCP é um método mais barato de garantir a segurança do que os tradicionais regimes de inspecção e análise do produto final. ESB UCP 211 Etapa do processo Nível de segurança Perigo Aquisição da sardinha CP1 Mau estado de frescura Refrigeração com gelo laminado CCP1 Crescimento microbiológico e aumento do nível de histamina Transporte refrigerado da lota para a unidade fabril Recepção do pescado na fábrica CP2 Contaminação cruzada CP3 Aumento da temperatura do produto Lavagem do pescado em água salgada por imersão em dornas Disposição do pescado no tapete transportador de lavagem por aspersão Escolha inicial e separação do pescado CP4 Má qualidade microbiológica da água do furo CP5 Distribuição irregular CP6 Triagem ineficaz Lavagem do pescado por aspersão com água doce CP7 Lavagem deficiente Disposição final do pescado à entrada do túnel Escolha final e separação do pescado CP8 Disposição irregular do pescado no tapete Triagem ineficaz Congelação em túnel CCP2 Vidragem CP10 Recepção do pescado em caixas de plástico CP11 Camada de gelo irregular e descontínua Armazenagem em câmara a –25 ºC CP12 Contaminação cruzada Vidragem final CP13 Circulação deficiente do ar frio Embalagem em saco de polietileno inserido em caixa de cartão CP14 Contaminação cruzada Paletização CP15 Armazenagem em câmara a –25 ºC CP16 Aumento da temperatura da câmara Expedição em veículos com caixa térmica CP17 Contaminação cruzada CP9 Congelação deficiente Camada de gelo irregular e descontínua Quantidade excessiva de sardinha por caixa Aumento da temperatura da câmara Medidas de controlo Monitorização Verificação Avaliação do estado de frescura Análise periódica microbiológica e de aminas (reg.(CEE) N.º 103/76) biogénicas Refrigeração a temperaturas Observação do processo de entre 0 e 3 ºC, com gelo de refrigeração (quantidade de gelo água doce potável e homogeneidade de distribuição), medição da temperatura no centro mássico Manutenção dos Manutenção das condições Observação das condições sistemas de máximas de temperatura e de temperatura e higiene refrigeração higiene durante o transporte dos veículos Controlo do número Disponibilização de operários ou Observação das práticas e corde operários meios mecânicos em número recção de erros sistemáticos e treino (formação) suficiente para que a descarga seja mais rápida Análises periódicas Tratamento da água com Observação do funcionamento microbiológicas hipoclorito em dosagem do mecanismo automático de adequada tratamento Assegurar a distribuição Observação do procedimento Sensibilização e treino dos operários homogénea no tapete de colocação do pescado transportador no tapete Assegurar a escolha e Observação do procedimento de Sensibilização e treino dos operários separação de tudo o que não escolha seja Sardina pilchardus Testes periódicos do Garantir o bom funcionamento Responsabilização do pessoal mecanismo e dos bicos de aspersão da manutenção substituição quando necessário Assegurar a distribuição Observação do procedimento de Sensibilização e treino dos operários uniforme distribuição do pescado Assegurar a escolha e Observação do procedimento Sensibilização e treino dos operários separação de tudo o que não de escolha seja Sardina pilchardus Amostragem e medição Calcular o tempo de Observação e controlo da da temperatura no congelação necessário para velocidade do tapete centro mássico do superar a zona crítica e evitar a transportador e da pescado, à saída formação de cristais de gelo de temperatura do túnel do túnel grandes dimensões Medição e análise Manter a temperatura entre 0 e Medição da temperatura e do periódica da temperatu1ºC, mediante a junção de gelo volume da água ra e do sensor de nível laminado de água potável da água no tanque de vidragem Assegurar um espaço de cabeça Observação do procedimento de Amostragem e exame periódico das caixas adequado por caixa por forma a colocação manual da sardinha garantir a circulação do ar vidrada nas caixas Formação e treino Evitar as aberturas excessivas Controlo da temperatura da dos operários. e prolongadas das portas e câmara Controlo dos meios verificar os sistemas mecânicos mecânicos de controlo da temperatura e pressão Medição e análise Manter a temperatura entre Medição da temperatura e do periódica da 0 e 1ºC, mediante a junção volume da água temperatura e do sensor de gelo laminado de nível da água no de água potável tanque de vidragem Sensibilização e treino Garantir a indumentária Vigilância dos operários. adequada e o comportamento Recolha periódica de correcto dos operários amostras para análises microbiológicas Garantir um espaço Observação do procedimento Sensibilização e treino dos operários mínimo entre cada alinhamento de caixas Formação e treino dos Evitar as aberturas excessivas Controlo da temperatura da operários. Controlo dos e prolongadas das portas câmara meios mecânicos e verificar os sistemas mecânicos de controlo da temperatura e pressão Manutenção dos Manutenção das condições Observação das condições sistemas de máximas de temperatura e de temperatura e refrigeração higiene durante o transporte higiene dos veículos Especificações internas de aquisição do produto Quadro 1 Perigos, níveis de segurança, medidas de controlo, monitorização e verificação, aplicados à linha de sardinha avulso congelada em túnel ESB UCP 212 Organochlorine pesticide residues in chicken samples collected in Portugal Lino C. M., Cruz S. M. C., Baeta M. L., Irene M. e Silveira N. Laboratory of Bromatology, Hidrology, and Nutrition - Faculty of Pharmacy, University of Coimbra, 3000 Coimbra, Portugal I. Introduction In spite of the restriction in seventies and the interdiction of some organochlorine pesticides in Portugal by decree (1), their indiscriminate use after forty decades, make them a permanent part of man’s environment and make impossible its absence in animal origin tissues. Another ways contribute to the pesticide presence on chickens: feeds, the direct treatment on chickens by external application of dusts or sprays for insect control, the oral administration in feed and the use of pesticides in chickenhouses (2, 3) like lindane (4) to control flying and crawling insects (5) like mites, and ticks. Poultry are smaller than other livestock animals and may be particularly liable to accumulate high levels of residues, besides the additional g-HCH they get by preening of feathers (6). Many papers about pesticide levels in birds from different areas around the world were found, but studies on poultry are shorter. In Portugal, chickens are an important protein source. The Ministry of Agriculture, Fisheries and Food calculated, in 1991, a consumption of 19.300 Kg per capita. In consequence of the importance for the portuguese population and because the chicken contamination with residues may affect the production and the consumption, we try to study the levels of organochlorine (OC) pesticide residues, such as DDT-t (p,p’DDT, DDD, DDE, o,p’DDT), HCH-t (a, b, g-HCH), HCB, and aldrin in chicken samples. Since these compounds are highly persistent and strongly lipophilic, they tend to accumulate in body fats. Sampling This paper reports the findings of an OC pesticide residues study in thirty chicken samples collected between October and December of 2000. These samples were from aviaries, 19 samples, and from free-range, 11 samples. They were taken up in hyper and supermarkets in an area comprised between Oporto and Setubal cities. ESB UCP 213 Experimental Extraction and clean-up The extraction procedure was made with acetonitrile and acetonitrile-water. That solvent is largely used along the time by various investigators. It is referred with some advantages for fatty foods. Fats and waxes beyond some inconvenients are also commented like formation of azeothropic mixtures. To remove co extracted water and some polar matrix co extractives, the liquid-liquid partition with petroleum ether and the column adsorption chromatography with 2 % deactivated Florisil were used. This adsorbent is also reported, by several analysts, in the activated form, but the deactivated form is preferred when compound’s polarity begins to increase (7). Determination The quantification was made by HRGC-ECD, according the conditions established by Lino (7). Results and discussion Mean concentration of HCHt is higher in aviary, 7.3 µg/kg, than in free-range chicken samples, 2.4 µg/kg. These results are due to higher levels of isomers β and α in the first samples, and of isomer a in the last ones. For DDTt, the results are similar in both kind of samples, 2.56 µg/kg in aviary, and 2.05 µg/kg in free-range samples. Figure 1 Mean concentration (µg/Kg) of OC pesticide residues found in samples ESB UCP 214 p,p’DDE is the isomer with the highest mean concentration and frequency. Mean levels of HCB are higher in free-range, 1.05mg/kg, than in aviary samples, 0.69µg/kg, with a frequency of 45.5 % and 26.3 %, respectively (Tables 1 and 2; Fig.1). Our study reveals the presence of HCH-t and DDT-t in 33.3 % and 23.3 %, respectively in all analysed samples (Table 3). The results obtained in this study were compared with the maximum residue limits of the FAO/WHO and the EC legislation for organochlorine residues and all of them were well below the established limits. Table 1 Levels (µg/Kg ) of organochlorine residues in aviary chicken samples Table 2 Levels (µg/Kg ) of organochlorine residues in free-range chicken samples Table 3 Levels (µg/Kg ) of organochlorine residues in all chicken samples Samples HCB 1 2 3 0.04 4 0.3 5 6.9 6 7 0.5 8 9 10 11 5.4 12 13 14 15 16 17 18 19 Min-Máx 0.04-6.9 Mean Conc. 0.69 A 26.3 Samples HCB 20 0.6 21 9.9 22 0.1 23 24 25 26 27 28 0.6 29 30 0.3 Min-Máx 0.1-9.9 Mean Conc. 1.05 A 45.5 Samples HCB Min-Máx 0.04-9.9 Mean Conc. 0.82 A 33.3 Aldrin α-HCH β-HCH γ-HCH HCHt pp’DDE pp’DDD op’DDT pp’DDT DDTt 9.5 0.1 20.6 0.3 0.1-20.6 1.60 21.1 4.7 43.7 0.03 12.8 1.3 0.4 0.03-43.7 3.30 31.6 3.3 66.8 0.8 1.8 2.0 0.3 0.3-66.8 3.95 31.6 0.3 0.4 0.3-0.4 0.04 10.5 8.0 110.5 0.83 14.9 3.7 0.3 0.4 0.3-110.5 7.30 36.8 0.2 8.2 0.1 4.1 0.2 0.05 0.05-0.1 0.68 31.6 0.2 0.2 0.01 5.3 33.3 2.3 2.3-33.3 1.87 10.5 0 0.4 8.2 37.4 2.5 0.05 0.05-37.4 2.56 26.3 Aldrin α-HCH β-HCH γ-HCH HCHt pp’DDE pp’DDD op’DDT pp’DDT DDTt 0.03 0.03 0.003 9.1 14.9 0.4 0.8 1.2 0.4-14.9 1.57 36.4 0.7 9.6 0.7-9.6 0.94 18.2 0 14.9 1.1 10.4 1.1-14.9 2.4 27.3 11.3 0.2 2.3 0.2-11.3 1.25 27.3 8.7 0.2 0.2-8.7 0.81 18.2 0 0 20.0 2.3 2.3-20.0 2.05 18.2 Aldrin α-HCH HCHt pp’DDE pp’DDD op’DDT pp’DDT DDTt 0.2-8.7 0.30 10 2.3-33.3 1.19 6.7 0 0.05-37.4 2.36 23.3 0.03-20.6 0.03-43.7 1.02 2.67 16.7 33.3 β−HCH γ-HCH 0.3-66.8 2.84 26.7 0.3-0.4 0.02 6.7 A = % of samples with detectable pesticide residues - Frequency - = nd ESB UCP 0.3-110.5 0.05-11.3 5.50 0.89 33.3 30 215 References (1) Decree 660/88, D. R. I Série Nº227, 4004, 30/9/88 (2) FOSTER, T.S. (1974) Res. Rev. 51, 69-121 (3) FOURNIER, E., BONDERF, J. (1983). Technique et Documentation, Paris, 237 (4) ARRAIS, J. Guia de produtos veterinários (1988) (5) WHITACRE, D.M., WARE, G.W.(1967) J. Agric. Food Chem. 15, 492-496 (6) FISCHWICK, F.B., HILL, E.G., RUTTER, I., WARRE, P.R. (1980) Pest. Sci.11, 633-642 (7) LINO, C. M. Resíduos de pesticidas em alimentos: desenvolvimento de estratégias analíticas. PhD thesis, Faculty of Pharmacy, University of Coimbra, 1994 ESB UCP 216 Screening of antimicrobial veterinary residues in chicken samples Pena A.1, Baeta L.1, Calderón V.2 and Silveira I.1 1 2 Laboratory of Bromatology- Faculty of Pharmacy- University of Coimbra- Portugal National Food Centre – Health Institut Carlos III- Majadahonda- Madrid- Spain Introduction The aim of this work was detect antimicrobial residues in chicken tissues in order to evaluate their utilisation in chicken production. There is no doubt that the occurrence of antibiotic residues in human food, arising from the therapeutic or prophylactic treatment of animals is a cause of concern to consumer’s world-wide. To protect consumers, regulatory authorities of the European Community have developed a system maximum residue levels (MRL) for authorised antibiotics in food (1). Many human and animal health concerns include the potential for allergic reactions in sensitized individuals (penicillins), toxicity such as aplasia of the bone marrow (chloramphenicol), effects on the human gut microbial populations, the emergence of resistant bacteria within animals and the transfer of antibiotic resistance genes to human pathogens (2). A WHO meeting with experts in this field in October 1997 (3), stated that “direct evidence now exists that antibiotic use in food-producing animals results in resistant salmonella infections in humans”. They recommended that national authorities should continue to monitor and review levels of antibiotic residues in food from animal sources. Therefore, a pilot, short-term survey was carried out to evaluate the importance of the antibiotic residue incidence in chicken samples obtained from supermarkets from Setubal to Porto. We have proceeded to the screening and post-screening by two microbial techniques: the Four-Plate Test (4) and the Multiple Bioassay (5). The last one gave an indication about the antibiotic group present. Since these microbial inhibition methods are not sensitive enough to detect sulphonamides at the European Community MRL (5) we have proceed to the simultaneous determination of seven sulphonamides by HPTLC. The thirty chicken analysed have no antimicrobial residues. ESB UCP 217 Experimental Samples The chicken samples were chilled to 0-4°C protected from light, for transport to the laboratory. At the laboratory they were frozen at -20°C and analysed as soon as possible. Four Plate Test Culture Media: Testagar pH 6.0 (Merck 10663), Testagar pH 7.2 (Merck 15787) and Testagar pH 8.0 (Merck10664). pH 7.2 Testagar contains 0.05 mg/L of trimethoprim (Sigma T 7883) added after autoclaving. Control discs: Penicillin 0.01 UI/disc (pH 6 plate); sulphamethazine 0.5 mg/disc (pH 7.2 plate) and streptomycin 0.5 mg/disc (pH 8 plates). Multiple Bioassay Culture media: Antibiotic medium nº 2 (Merck 5270), antibiotic medium nº 5 (Merck 4271), antibiotic medium nº 8 (Merck 5272), and antibiotic medium nº 11 (Merck 5269). Control discs (Difco Sens-o-disc): Erytromycin 15 µg/disc; neomycin 5 µg/disc; penicillin 2UI/disc; streptomycin 0.6 mg/disc and tetracycline 30 µg/disc. HPTLC Solid phase: Kielsel 60 F245- 10×10 cm (Merck, Darmstad); mobile phase: chloroform:n-butanol 4:1 (saturated tank); detection at UV light at 254 nm; standard stock solution in methanol at 1 mg/mL. Methodology Four Plate Test The test involves diffusion on four agar plates; trimethoprim is incorporated to the pH 7.2 medium to enhance the sensitivity to sulphonamides. Eventhough the method is not sensitive to detect sulphonamides at EC MRL (100 µg/Kg), high levels may cause inhibition in the pH 7.2 plate. Two tissue discs, each of ca 2 mm thick, were placed on opposite places of each plate and the correspondent control disc for each plate was placed in the centre. Plates were incubated at 30°C (B. subtilis plates) or 37°C (M. luteus plate). Control discs caused a minimum of 6-mm wide inhibition zones and samples causing 2-mm wide zones were considered positives and submitted to the multiple bioassay. ESB UCP 218 Multiple bioassay This technique is based on the combination of pH conditions to favour or obstruct the activity which are provided by media and extraction solvents, and on sensitivity or resistance of the test organisms to the different antibiotics on the presence of penicillinase. The combination of these factors makes possible the identification of antibiotics or antibiotic group’s. Each group of plates allows the identification of an antibiotic group: Plate A and a for tetracyclines, B and C for β-lactam antibiotics, D and G for two aminoglycoside groups (represented each of them by streptomycin and neomycin) and quinolones, and plates E and F for two macrolide groups (represented by erythromycin and tylosin). HPTLC Sample preparation-Minced chicken tissue (5 g) was extracted with 25 mL of ethyl acetate by shaking and centrifuged at 2500 rpm. To the upper layer 10 mL of HCl 1 N was added and the organic layer was discarded. The aqueous layer was extracted with dichloromethane, centrifuged at 2500 rpm. and discarded. The dichloromethane layer was evaporated to dryness under nitrogen at 40°C. The residue was dissolved into methanol. Results We have applied the Four-Plate Test (FPT) to detect the antimicrobial activity of residues present in tissue samples. From the size and the pattern of the inhibition zone on the various plates all the chicken samples analysed on all 4 plates in FPT were negative. The determination of sulphamethazine, sulphadiazine, sulphametoxypyridazine, sulphapyridine, sulphadimethoxine, sulphathiazole and sulphaquinoxaline in chicken samples was made by HPTLC. The chicken samples contain levels of sulphonamides studied below the MRL (100 µg/Kg). Conclusions When many samples need to be examined rapid tests are generally expected to provide an inexpensive, reliable first approach to sample testing that meet the demands for high-volume testing. They are expected to provide qualitative test responses that are used as a basis for determining whether a food product should be released into the chain food or detained pending the results of further laboratory confirmatory testing. ESB UCP 219 As regards to the analytical protocol used, the screening methods by bacterial inhibition and high performance thin liquid chromatography, described in detail in the experiment section, were useful to accomplish the task of monitoring food supply for antibiotic residues in the aim of this study. References 1 EC Regulation Nº1570/98 (17 July 1998). 2 KORSRUD, G.A., BOISON, J.A, NOUWS J.F.M., MAC NEIL, J.D. J.AOAC Int 81 (1998) 21-24. 3 GREGORY H., Health Communications and Public Relations, 1997, WHO, Geneve. 4 CALDERON, V. P., Method 3.5, National Centre of Food, Health Institut Carlos III,Majadahonda, Madrid. 5 CALDERON, V., GONZÁLEZ, J., DIEZ, P,.BERENGUER, J. A., Food Addit. Contam.13 (1996) 13-19. 6 THOMAS M.H., EPSTEIN R.L. J. Assoc. Off. Anal. Chem. 66 (1983) 884-892. ESB UCP 220 Agonistas adrenérgicos ß2 e produção animal: qualidade da carne Ramos F.1, Cruz C.2, Silva J. M.3, Dias M. J.2, Barbosa J.2, Castilho M.1 e Noronha da Silveira M. I.1 1 Laboratório de Bromatologia, Hidrologia e Nutrição - Faculdade de Farmácia Universidade de Coimbra, 3000-295 Coimbra, Portugal 2 Laboratório Nacional de Investigação Veterinária – Estrada de Benfica, 701, 1500 Lisboa, Portugal 3 Serviço de Medicina II – Hospitais da Universidade de Coimbra, Faculdade de Medicina – Universidade de Coimbra, 3000-075 Coimbra, Portugal Introdução A população dos chamados países do primeiro mundo está cada vez mais preocupada com os aspectos da sua saúde, sobretudo ligada ao que come. A BSE, “doença das vacas loucas” colocou a questão da segurança alimentar na ordem do dia, com os consumidores a exigirem, cada vez mais, que a sua dieta não contenha os chamados “OCNIs” (Objectos Comestíveis Não Identificáveis). No caso da carne, o seu controlo de qualidade, mais do que avaliar o produto final como era prática corrente até há pouco tempo atrás, começa a estar, hoje em dia, organizado de forma diferente, compreendendo o rastreio completo da vida do animal, desde o seu nascimento até à sua morte, onde a alimentação e o próprio habitat constituem factores primordiais a ter em conta quanto à excelência pretendida. O controlo completo e permanente em todas as fases do processo da produção, da quinta ao garfo do consumidor, torna-se, assim imperioso, sendo de destacar as condições, entretanto criadas, por forma a facilitar a existência de um sistema de rotulagem da carne, particularmente da de bovino, mais eficaz e que permita conhecer a rastreabilidade dos animais com reflexos positivos na confiança dos consumidores na qualidade da carne do bovino nacional. O presente artigo, tendo em atenção que a quantidade de fármacos utilizados como promotores do crescimento animal tem vindo a crescer exponencialmente, pretende estabelecer a relação entre a utilização de um grupo desses medicamentos, os agonistas adrenérgicos ß2, e os correspondentes efeitos sobre a qualidade da carne produzida, nomeadamente a sua segurança/toxicidade. Parte Experimental Os padrões e os reagentes utilizados foram todos de elevada qualidade analítica [1]. A determinação de clembuterol foi executada por GC-MS com aparelhagem da Hewlett Packard (HP), (Soquimica, Lisboa, Portugal), composta por cromatógrafo gás-liquido HP5890 series II, injector automático HP6890, detector HP5972 MSD, computador HP ESB UCP 221 Vectra VL2 4/50, impressora HP Deskjet 520 e coluna apolar SE30 de 30 m, 0,25 mm ID e 0,25 µm de espessura de filme (J&W Scientific, Folsom, EUA). Os gases utilizados, azoto N45 e hélio N55, foram fornecidos pela Sogafer (Coimbra, Portugal). As amostras de carne de borrego e carne e fígado de bovino foram colhidas, respectivamente em Ourém, Aveiro e Coimbra, depois de um conjunto de pacientes terem recorrido aos serviços de saúde com sintomatologia suspeita de ser devida a intoxicação por agonistas adrenérgicos ß2, nomeadamente tremores facilmente perceptíveis, taquicardia, boca seca, ansiedade e mal estar generalizado. A extracção de amostras que foi seguida encontra-se descrita por Montrade e colaboradores [2], bem assim como as etapas de purificação, derivatização e de cromatografia [3,4]. Resultados e Conclusões As intoxicações devidas à ingestão de fígado ou de carne contendo clembuterol têm vindo a ser relatadas um pouco por todo o Mundo [5 - 8]. Os casos clínicos de intoxicação estudados ficaram-se todos a dever à ingestão de músculo ou de fígado contendo clembuterol. Em Ourém, foram afectadas dez pessoas de duas famílias diferentes com idades compreendidas entre os 5 e os 60 anos, tendose verificado que a sintomatologia começou a manifestar-se 7 a 8 horas após a ingestão de carne de borrego. A determinação de agonistas adrenérgicos ß2 em três amostras de carne idênticas às que haviam sido ingeridas pelas famílias demonstrou a presença de clembuterol em todas elas, sendo que duas apresentavam quantidades relativamente elevadas, 343 e 275 mg/Kg, enquanto a terceira continha apenas 9,7 mg/Kg. Em Aveiro, numa amostra de fígado, já confeccionado, proveniente do frigorífico da família intoxicada foi determinada uma concentração de clembuterol verdadeiramente preocupante, 1171 mg/Kg, enquanto uma amostra de músculo colhida no talho abastecedor continha 116 mg/Kg. Em Coimbra, dois pacientes, pai e filha, de 58 e 28 anos de idade, respectivamente, deram entrada nos serviços de urgência dos HUC, com os sintomas já anteriormente descritos, duas horas após terem ingerido fígado de vitela frito. Uma amostra de fígado remanescente analisada revelou a concentração verdadeiramente absurda de 1420 mg/Kg de clembuterol, confirmando, assim, o diagnóstico médico de intoxicação por agentes beta-miméticos. Os autores, como contributo para a melhoria da segurança alimentar, atrevem-se a sugerir que, em casos semelhantes, as autoridades sanitárias sejam logo alertadas, tendo em vista a sua imediata actuação que, salvo melhor opinião, deverá obedecer ESB UCP 222 aos seguintes procedimentos: após a recolha de urina e de sangue dos pacientes na unidade de saúde bem como dos alimentos envolvidos na intoxicação que ainda permaneçam na casa das famílias afectadas ou no talho onde foram adquiridos, identificar talho, distribuidor de carne, matadouro e exploração pecuária, por forma a poder agir contra a eventual “rede de tráfico de droga para animais” por crime contra a Saúde Pública. Agradecimentos Os autores agradecem o apoio concedido pelo Centro de Estudos Farmacêuticos da FCT. Bibliografia [1] RAMOS, F.; CASTILHO, M.C.; SILVEIRA, M.I.N., Rev. Port. Farm. (2000) Aceite para publicação [2] MONTRADE, M.P.; LE BIZEC, B.; MONTEAU, F.; ANDRÉ, F., Food Addit. Contam. 12, 625 (1995) [3] MONTRADE, M.P.; LE BIZEC, B.; MONTEAU, F.; SILIART, B.; ANDRÉ, F. Anal. Chim. Acta. 275, 253 (1993) [4] RAMOS, F.; BAÑOBRE, M.C.; CASTILHO, M.C.; SILVEIRA, M.I.N., J. Liq. Chromatogr. Relat. Technol. 22, 2307 (1999) [5] MARTINEZ-NAVARRO, J.F., Lancet. 336, 1311 (1990) [6] GARAY, J.B.; JIMÉNEZ, J.F.H.; JIMÉNEZ, M.L.; SEBASTIAN, M.V.; MATESANZ, J.P.; MORENO, P.M.; GALIANA, J.R., Rev. Clin. Esp. 197, 92 (1997) [7] MAISTRO, S.; CHIESA, E.; ANGELETTI, R.; BRAMBILLA, G. - Beta blockers to prevent clenbuterol poisoning. Lancet. 346, 180 (1995) [8] BRAMBILLA, G.; LOIZZO, A.; FONTANA, L.; STROZZI, M.; GUARINO, A.; SOPRANO, V., J. Am. Med. Assoc. 278, 635 (1997) ESB UCP 223 Ocorrência de aflatoxina ß1 em matérias primas e alimentos compostos para bovinos leiteiros Novo R., Fernandes A. e Felgueiras I. DTIA - Departamento de Tecnologia das Industrias Alimentares, INETI-LIA Estrada do Paço de Lumiar, 1649-038, Lisboa, Portugal Introdução Muitas das matérias primas utilizadas no fabrico de alimentos compostos para bovinos, são produtos agrícolas que podem estar contaminados com micotoxinas em teores variáveis, produzidas por fungos de diferentes géneros, que proliferam nestes produtos, dependendo das condições ambientais de crescimento das culturas ou do seu armazenamento. Entre as principais micotoxinas produzidas, encontram-se as aflatoxinas, produzidas por fungos do género Aspergillus, das quais a aflatoxina B1 (AFB1) é a que tem maior poder carcinogénico (IARC - Grupo 1)1. A AFB1 presente nos alimentos fornecidos a bovinos leiteiros vai ser metabolizada em aflatoxina M1 (AFM1), indicada como possível agente carcinogénico para os humanos (IARC – Grupo 2B)1. Este metabolito é excretado no leite cerca de 12 horas depois do consumo de alimentos contaminados e estima-se que 0,5 a 4 % da AFB1 consumida seja transformada em AFM1.2 Esta toxina apresenta propriedades tóxicas e carcinogénicas, mas a sua toxicidade é muito inferior à da AFB1 (cerca de 1/100). Contudo, o efeito cumulativo da ingestão de micro-quantidades de AFM1 pode aumentar a sua carcinogenicidade, o que poderá ser um risco para as crianças, grandes consumidoras de produtos leiteiros. Além disto a AFM1 é uma molécula muito estável, resistente ao calor, ao frio e à liofilização, logo poderá manter os seus teores inalteráveis no leite pasteurizado, refrigerado ou no leite em pó.3 Actualmente, o teor máximo admitido na legislação, para a AFB1, é de 0,02 mg/kg em matérias primas destinadas ao fabrico de alimentos compostos de bovinos leiteiros, de 0,005 mg/kg nos alimentos compostos para bovinos leiteiros e o teor máximo admitido para a AFM1 em leite é de 0,05 µg/l. Material e Métodos Foram analisadas aleatoriamente 104 amostras de matérias primas, utilizadas no fabrico de alimentos compostos para bovinos durante os anos de 1999 e 2000. ESB UCP 224 A amostragem incidiu sobre: milho (n=39), soja (n=10), trigo (n=10), aveia (n=5), bagaço de palmiste (n=22), bagaço de girassol (n=5), subprodutos do fabrico de cerveja (n=7) e silagens (n=6). Foram também analisadas amostras de alimentos compostos (AC) para bovinos (n=57). Para a detecção e quantificação do teor de AFB1, foi utilizado o método descrito na Norma Portuguesa 42754, cujos limites de detecção e quantificação são 0,0005 e 0,001 mg/kg, respectivamente. Resultados e Discussão Das 104 amostras analisadas 34 revelaram contaminação com AFB1, o que representa 32,7 % do total das amostras (Quadro 1). Não foi encontrada AFB1 nas amostras de trigo, aveia, subprodutos do fabrico da cerveja e silagens. Foi encontrada AFB1 nas amostras de milho, soja, bagaço de palmiste e bagaço de girassol, tendo sido as amostras de bagaço de palmiste as mais contaminadas (95,5%) e onde se encontrou o teor mais elevado de AFB1 (0,166 mg/kg). Nas amostras de AC para bovinos encontraram-se 45,6 % de amostras contaminadas com AFB1, tendo os teores variado entre 0,001 e 0,016 mg/kg. Quadro 1 Teores de AFB1 encontrados em algumas matérias primas utilizadas em alimentos compostos de bovinos leiteiros Amostras n n+ % mg AFB1/kg média min - máx Milho 39 7 18,0 0,005 0,001 - 0,009 Soja 10 3 30,0 0,001 0,001 - 0,002 Trigo 10 0 0 —- —- Aveia 5 0 0 —- —- Bagaço de palmiste 22 21 95,5 0,053 0,001 - 0,166 Bagaço de girassol 5 3 60,0 0,001 0,001 – 0,002 Subprodutos do fabrico de cerveja 7 0 0 —- —- Silagens 6 0 0 —- —- Total 104 34 32,7 0,015 0,001 - 0,166 AC para bovinos 57 26 45,6 0,004 0,001 - 0 016 n nº de amostras, n+ nº de amostras positivas Das matérias primas analisadas, o bagaço de palmiste foi a que apresentou teores de AFB1 acima do teor máximo admitido na legislação. Isto deve-se, fundamentalmente, ao facto de o bagaço de palmiste ser proveniente de países com condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento do Aspergillus. Mesmo entrando em conta com o “factor diluição”, na composição dos alimentos compostos, verificou-se que algumas das matérias primas analisadas, apresentavam teores ESB UCP 225 elevados de AFB1, atendendo à sua possível metabolização em AFM1, que se manterá estável no leite excretado e posteriormente consumido. Deste modo será de recomendar um controlo apertado dos teores de AFB1, em todas as matérias primas e alimentos compostos para os bovinos leiteiros. Bibliografia 1. List of IARC Evaluations 2. LAFONT P., LAFONT J., MOUSSET S., FRAYSSINET C., 1980. Etude de la contamination du lait de vache lors de l’ingestion de faibles quantités d’aflatoxines. Ann. Nutr. Alim., 34, 699-708. 3. YOUSSEF A. E., MARTH E. H., 1989. “Stability and degradation of aflatoxin M1”. In: Van Egmond (ed.), Mycotoxins in dairy products, 127-161, Elsevier, London. 4. NP 4275 - Alimentos para animais - Determinação do teor de aflatoxina B1. Método por cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) ESB UCP 226 Modificação da cor do fiambre em função dos tratamentos térmicos de cozedura Ribeiro J., Almeida J. M., Roseiro L.C. e Vieira J. INETI - Departamento de Tecnologia das Indústrias Alimentares, Est. Paço do Lumiar, 1699 Lisboa Codex Introdução A aparência da carne é normalmente considerada como a mais importante característica de qualidade que influencia o consumidor no acto de compra (Warris, 1996). O principal pigmento responsável pela cor da carne é a mioglobina, que após reacção com o óxido nítrico, proveniente do nitrito de sódio, forma o pigmento nitrosil mioglobina, o qual, por acção do calor se converte em nitrosil-hemocromogénio, que origina a cor rósea característica dos fiambres. A cor de um produto cárneo cozido pode depender de vários factores: quantidade de mioglobina presente na carne fresca, relação carne/gordura associada à homogeneidade na distribuição no produto, grau de injecção de salmoura e forma como é efectuado o tratamento de cozedura. Salvaguardando o aspecto microbiológico, o fabrico de um fiambre deve ter em consideração os vários aspectos tecnológicos envolvidos, tendo sempre em atenção a cor do produto final. Este trabalho teve como objectivo estudar a modificação da cor do fiambre, relacionado a temperatura de cozedura com a temperatura interna final. Material e métodos A matéria prima utilizada nestes ensaios foi obtida numa indústria de carnes às 24h post-mortem, sendo os músculos semi-membranosus de qualidade intrínseca Normal, seleccionados em função do pH24 (<5,9) e da reflectância muscular interna (FOP24<50) (Roseiro, 1999). A carne foi injectada com 30 % de salmoura (composta por: água, cloreto de sódio, polifosfatos de sódio e potássio, açúcar, ascorbato de sódio, nitrito de sódio e nitrato de potássio) e malaxada durante 16 horas à temperatura de 4°C. No dia seguinte, as massas cárneas foram enformadas em formas de 1Kg, procedendo-se posteriormente às operações cozedura, as quais foram realizadas num tanque de água termostatizado às temperaturas de 72°, 76°, 80° e 84°C até serem atingidas as temperaturas internas de 40°, 50°, 60°, 65° e 68°C, no centro do fiambre. ESB UCP 227 O controlo e registo das temperaturas foi efectuado com um aparelho Ellab modelo CMC 821 e termopares DCK 33 para a medida da temperatura interna dos fiambres. Após 20 horas de estabilização em câmara a 4°C, o fiambre foi desenformado e a partir de um bloco cúbico central, prepararam-se 5 fatias de 1cm de espessura nas quais foram efectuadas 2 medições em cada face. A cor foi medida com um colorímetro triestímulos Gardner Cologard System/05, equipado com um iluminante CIE C (0° para iluminação e 45°C para leitura) em conformidade com o sistema ASM E97. As medições foram efectuadas no sistema L*a*b* CIE, tendo-se efectuado a transformação para coordenadas Chroma (C*) [(a*2+b*2)0,5] e Hue (H*) [arco tangente (b*/a*)] de acordo com McLaren (1980). Resultados e discussão Os factores estudados, temperatura de cozedura e temperatura interna atingida, influenciaram significativamente (P<0.001) os três atributos avaliados, L*, Chroma e Hue (Quadro 1 e 2). A luminosidade (L*) do fiambre aumenta de igual forma, quer pelo aumento da temperatura de cozedura, quer pelo valor de temperatura interna atingida, indicando que um tratamento térmico de maior valor acumulado, origina um produto mais pálido. A intensidade de cor, expressa pelo Chroma, apresentou uma diminuição inversamente proporcional à temperatura de cozedura e à temperatura interna final. Temperatura cozedura 72°C 76°C 80°C 84°C F L* 62,8a 63,8b 65,4c 64,3b 19,5 *** Chroma 17,2c 16,9c 14,3a 15,1b 112,9 *** Hue 22,4a 23,7b 26,8b 26,5b 29,8 *** Quadro 1 Valores médios e significância dos parâmetros estudados (L*, C* e H*) em função da temperatura de cozedura *** = significativo a 0,1% respectivamente. As médias na mesma linha seguidas por diferentes letras (a, b ou c) diferem significativamente (P<0.05). Temperatura Interna 40°C 50°C 60°C 65°C 68°C F L* 55,4 a 62,4 b 65,1 c 68,1 d 69,2 e 376,9 *** Chroma 18,3 e 16,6 d 15,6 c 14,6 b 14,4 a 113,4 *** Hue 22,2 a 24,1 b 25,1 c 27,1 d 27,9 d 50,1 *** Quadro 2 Valores médios e significância dos parâmetros estudados (L*, C* e H*) em função da temperatura interna *** = significativo a 0,1% respectivamente. As médias na mesma linha seguidas por diferentes letras (a, b ou c) diferem significativamente (P<0.05). A perda da cor vermelha, indicada pelo aumento do valor de Hue, parâmetro significativo num produto cárneo cozido, aumenta com a intensidade do tratamento térmico efectuado. ESB UCP 228 Pelos resultados obtidos pode concluir-se que os tratamentos de cozedura efectuados a temperaturas mais baixas 72 e 76°C, dão origem a fiambre com uma componente vermelha mais acentuada e com maior intensidade de cor. Bibliografia REICHERT, J. E., 1982. Avances en la coccion del jamon cocido y en la esterilizacion rotatoria de platos preparados en envases para colectividades. Rev. Agroquímica Tecnol. Alimentar, 22 (2 178-186). MCLAREN, K., 1980. Food colorimetry. Developments in food colour. Applied Science Publisher Ltd. London. ROSEIRO, L.C., 1999. Caracterização micrbiológica, físico-quimica e sensorial das carnes de porco PSE, Normal e DFD. Tese de Doutoramento pela UTL, Lisboa. WARRIS, P.D., 1996. Instrumental Measurement of colour, meat quality and meat packaging ECCEAMST.III Utrecht. ESB UCP 229 Pesquisa de patulina em maçãs “Bravo Esmolfe” e “Golden Delicious” Nunes J., Peito M. A., Novo R. e Felgueiras I. Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, Departamento de Tecnologia das Indústrias Alimentares, Estrada do Paço do Lumiar – 1649-038 Lisboa Codex Introdução A patulina é uma micotoxina produzida por vários fungos, principalmente pela espécie Penicillium expansum e encontra-se quase exclusivamente em maçãs e produtos derivados (Doors, 1983). A contaminação de maçãs por este fungo está associada a vários factores da sua composição química, ao seu estado higio-sanitário na altura da colheita e condições de pós-colheita e armazenamento. A produção de patulina pode ocorrer numa gama muito alargada de temperaturas entre os 5° e os 25°C. A maçã “Bravo Esmolfe” (MBE) é um produto autóctone, com Denominação de Origem Protegida (DOP), cujas características organolépticas específicas o diferenciam de outras variedades não autóctones. Dada a ocorrência de patulina em sumos de frutos e outros derivados da maçã foi objectivo deste estudo detectar a produção desta micotoxina em MBE, com contaminação fúngica e contaminação por inóculação com P. expansum. Em paralelo, efectuou-se o mesmo estudo em relação à maçã “Golden Delicious” (MGD), dado ser a variedade mais difundida e utilizada industrialmente no país. Material e Métodos Matéria prima: maçãs “Bravo Esmolfe” e “Golden Delicious” adquiridas no mercado. Cada variedade de maçãs foi dividida em 2 lotes, um dos quais foi inoculado por perfuração superficial da casca, com uma cultura pura de Penicillium expansum e conservado 20 dias a temperatura ambiente (17–20°C). O outro lote, considerado de referência, sem contaminação fúgica visível, foi conservado em refrigeração (2–5°C) sem ser inoculado. Estirpe inoculada: Penicillium expansum (ATCC 28877) No 10º e 20º dia de conservação, as maçãs de cada lote foram trituradas e prensadas para a extracção do sumo e da polpa e efectuadas as seguintes determinações: °Brix - refractómetro “ATAGO” ESB UCP 230 pH - potenciómetro “Methrom” Teor de patulina - determinado pelo método descrito por Mac Donald et al., 2000 Contagem de u.f.c. – meio de GYPA (glucose, extracto de levedura, peptona e agar) Identificação da flora fúngica - “Compendium of Soil Fungi” (1980) Resultados e Discussão No Quadro 1 podem observar-se os resultados das determinações efectuadas nos diferentes lotes de maçãs. Quadro 1 Resultados das determinações efectuadas na MBE e na MGD ao 10º e 20º dia de conservação Variedade de maçã Tempo vs. Tratamento Conservação pH °Brix Teor em P. expansum patulina (u.f.c.) total (mg/l) (dias) Micoflora (u.f.c.) MBE 10 4,37 13,0 25,7 4,7 . 105 5,6 . 105 contaminada 20 3,34 13,0 31,6 3,5 . 108 4,6 . 108 2,4 . 105 2,4 . 105 7 2,3 . 107 3 sumo pasteurizado (87°C; 7 min) 30,2 20 30,0 sumo não pasteurizado 10 MGD contaminada MBE não contaminada MGD não contaminada 20 3,85 3,80 14,5 3,9 15,5 15,2 2,3 . 10 10 5,26 13,0 0,02 2,5 . 10 3,8 . 103 20 5,01 12,0 0,74 3,7 . 105 4,7 . 105 10 3,88 14,5 Vestígios N.D. 3,8 . 103 20 3,99 15,5 N.D. N.D. 1,3 . 103 A MBE apresenta uma contaminação inicial elevada de P. Expansum que é dominante em relação à restante flora fúngica determinada. Ao contrário a MGD não revela presença daquele microrganismo. Consequentemente não é detectada patulina nas MGD não inoculadas, mas é detectada patulina nas MBE não inoculadas, embora em teores baixos. Os resultados mostram que a inoculação, com P. Expansum, das duas variedades de maçã vem confirmar que a MBE é um substracto mais favorável ao desenvolvimento do fungo e à produção de teores bastante mais elevados de patulina que aumentam com o tempo de armazenamento. A MBE apresenta valores mais elevados de pH, o que pode ser um factor favorável ao desenvolvimento do fungo e produção da micotoxina. Por outro lado, em relação a produtos processados, constatou-se que um tratamento térmico de pasteurização do sumo de maçã, não tem efeito sobre o teor de patulina inicialmente existente. ESB UCP 231 Conclusões Apesar de as condições de ensaio serem extremas (maçãs inoculadas e conservadas a temperatura ambiente), verificou-se, neste estudo, que a MBE é mais susceptível do que a MGD, ao desenvolvimento do fungo Penicillium expansum e que este fungo tem melhores condições de produção de patulina na MBE. Estes factos deverão ser tomados em conta, em relação à utilização de produtos de segunda escolha pela indústria, evitando-se o consumo de fruta com lesões e danos mecânicos, bem como optimizar a operação de lavagem da fruta. Bibliografia ANDERSON, TH; GAMS, W. AND DOMSCH, K. (1980), “Compendium of soil fungi” - Ed. Academic Press, London DOORS, S. (1983), “The microbiology of apples and apple products” - CRC Crit. Rev. Food Sci. – nutr. 19, 133-149 MAC DONALD S., LONG M. GILBERT J. & FELGUEIRAS I. (2000), “Liquid Chromatographic method for determination of patulin in clear and cloudy apple juices and apple puree: Collaborative study”, Journal of A.O.A.C International, vol. 83, Nº6, 1387-1394. ESB UCP 232 Produção de metabolitos tóxicos em uvas por fungos filamentosos Abrunhosa L. e Venâncio A. Centro de Engenharia Biológica- IBQF, Universidade do Minho, Campus de Gualtar, 4710-057 BRAGA Resumo Em duas regiões vitivinícolas Portuguesas – Região Demarcada dos Vinhos Verdes e Região Demarcada do Douro – realizou-se o isolamento e a identificação de fungos filamentosos. Nos isolados verificou-se a capacidade de as estirpes pertencentes ao género Penicillium produzirem metabolitos tóxicos em meio de suma de uva. Nas estirpes de P. expansum isoladas (51 estirpes) analisou-se a capacidade de produzir patulina, citrinina e ácido penicílico; nas estirpes de P. brevicompactum (10 estirpes) analisou-se a produção de ácido micofenólico e de brevianamida A e B. Verificouse que 33 estirpes de P. expansum (66 %) produzem patulina em sumo de uva, apenas 1 (2 %) produz citrinina e 46 (90 %) produzem ácido penicílico. As 10 estirpes de P. brevicompactum mostraram todas ser produtoras de ácido micofenólico e de brevianamida A e B em sumo de uva. Estas mesmas estirpes quando crescem em meio sintético apresentam um comportamento distinto; por exemplo, a citrinina passa a ser produzida por todas as estirpes de P. expansum, enquanto o número de estirpes produtoras de patulina cai para 20. Estes dados reforçam a nossa convicção de que a produção de metabolitos tóxicos por um qualquer fungo filamentoso deve ser ensaiada no meio natural. Introdução Certas condições naturais como o clima, os solos e a existência de castas nacionais de alta qualidade, aliadas à actualização tecnológica, fazem de Portugal um dos importantes produtores de vinho na Europa. Recentemente, alguns investigadores referiram a presença de micotoxinas em vinhos, nomeadamente de ocratoxina A (OTA) [1;2]. Estes trabalhos concluem que a OTA está sobretudo presente nos vinhos produzidos em países Mediterrânicos. No entanto, publicações mais recentes referem a não detecção de OTA em alguns vinhos nacionais, nomeadamente, em Vinho do Porto e em Vinho Verde [3]. ESB UCP 233 Achou-se portanto pertinente estabelecer um programa para determinar a presença de OTA em vinhos Portugueses. Sendo assim, realiza-se anualmente um rastreio à micoflora das uvas, encontrando-se publicados os dados referentes à campanha de 1999 na RDD e da RDVV [4], e verifica-se se os fungos isolados são capazes de sintetizar metabolitos tóxicos, quando crescidos em meio de uva (UVA) e em meio sintético de extracto de levedura (YES). Aqui apresenta-se o rastreio a metabolitos secundários sintetizados por estirpes de P. expansum (51 estirpes) e P. brevicompactum (10 estirpes) isoladas nas duas regiões vitícolas, pois de entre as estirpes isoladas [4] estas são as mais críticas em termos de produção de metabolitos tóxicos, e.g., patulina, citrinina, ácido penicílico, ácido micofenólico e brevianamidas A e B. Material e Métodos Os fungos testados foram crescidos em meio YES (yeast extract sucrose agar: 20 g de extracto de levedura (Difco); 150 g de sacarose; 20 g de agar (Oxoid nº3); 1000 ml de água destilada) e num meio feito à base de uva (UVA: 200 ml de extracto de uva; 15 g de agar (Oxoid nº3); 800 ml de água destilada), durante 11 dias no escuro a 25°C. Para verificar os perfis metabólicos dos fungos, recorreu-se à cromatografia de camada fina (TLC), conforme referido por Abrunhosa e co-autores [4]. Utilizaram-se placas de sílica gel 60 em folhas de alumínio da Merck (20 X 20 cm e espessura mínima de 0,2 mm) e TEF como fase móvel (tolueno/acetato de etilo/ácido fórmico 90 % (5:4:1, v/v/v)). As placas foram depois observadas à luz visível e à luz ultravioleta (366 nm e 254 nm), de seguida reveladas com MBTH (3-metil-2-benzotiazolina hidrazona hidroclorido) (5 g/l em água destilada) ou p-anisaldeído [(0,5 % v/v em metanol/ácido acético/ácido sulfúrico concentrado (17:2:1 v/v/v)] e novamente observadas à luz visível e à luz ultravioleta. Resultados e Discussão Verificou-se, no meio UVA, que 33 estirpes de P. expansum (66 %) produzem patulina, apenas 1 (2 %) produz citrinina e 46 (90 %) produzem ácido penicílico. No entanto, estas mesmas estirpes quando crescidas no meio sintético apresentam um comportamento diferente, passando a citrinina a ser produzida por todas as estirpes de P. expansum, enquanto o número de estirpes produtoras de patulina e de ácido penicílico diminui (Fig 1). ESB UCP 234 Figura 1 Número de estirpes de Penicillium expansum que sintetizam citrinina, patulina e ácido penicílico, em meio sintético e em meio de uva As 10 estirpes de P. brevicompactum mostraram todas ser produtoras de ácido micofenólico e de brevianamidas A e B em ambos os meios; no entanto, estas foram produzidas em maiores quantidade quando os fungos crescem no meio YES. Conclusão Estes dados reforçam a nossa convicção de que a produção de metabolitos tóxicos por um qualquer fungo filamentoso deve ser ensaiada no meio natural. Indicam ainda que a patulina e o ácido penicílico podem ser sintetizados naturalmente nas uvas pelo P. expansum ao contrário da citrinina que não o deverá ser, o que vem justificar a não detecção de citrinina em sumos de uva referida por outros autores [5]. É de realçar, ainda, que a ocratoxina A não foi detectada em nenhuma das situações, apesar de a sua produção por P. expansum ter sido especulada anteriormente [6]. ESB UCP 235 Bibliografia [1] ZIMMERLI B. E DICK R., 1996. Ochratoxin A in table wine and grape-juice: occurrence and risk assessment. Food Additives and Contaminants. 13, 655-668. [2] MAJERUS P. E OTTENEDER H., 1996. Nachweis und Vorkommen von Ochratoxin A in Wein und Traubensaft. Deutshe Lebensmittel.Rundschau. 92, 388-390. [3] FESTAS I., GUIMARÃES F., HERBERT P., SANTOS L., CABRAL M., BARROS P. E ALVES A., 2000. Ochratoxin A in some Portuguese wines: method validation and screening in Port Wine and Vinho Verde. American Journal of Enology and Viticulture. 51, 150-154. [4] ABRUNHOSA L., PATERSON R.R.M., KOZAKIEWICZ Z., LIMA N. E VENÂNCIO A., 2001. Mycotoxin production from fungi isolated from grapes, Letters in Applied Microbiology, aceite para publicação. [5] SCOTT P. M., FULEKI T. E HARWIG J., 1977. Patulin content of juice and wine produced from mouldy grapes. Journal of Agriculture and Food Chemistry. 25, 434-437. [6] ABO-DAHAB N.F., PATERSON R.R.M. E RAZAK A.A., 1996. Effect of fungistatic agent 2deoxy-D-glucose on mycotoxins from Penicillium expansum. Letters in Applied Microbiology 23. ESB UCP 236 Antioxidant activities of essential oils from some Portuguese Thymus Miguel G., Martins D. and Costa M. Faculdade de Engenharia e de Recursos Naturais, Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, 8000-117 Faro Introduction Lipid peroxides are produced by oxidation of all the common unsaturated fatty acids found in naturally occurring lipids. The most important reaction in lipid peroxidation is the autoxidation of unsaturated fatty acids. Autoxidation is known to proceed by a radical chain reaction (Frankel, 1979). Lipid peroxides is a concern for the food industry, since they cause great deterioration, limiting the shelf life of fresh and processed foodstuffs. In biological membranes, it leads to a decrease in the membrane fluidity, disruption of membrane integrity and function. Cellular damage associated with lipid peroxidation is implicated in heart diseases, atherosclerosis, and carcinogenesis, as well as in ageing processes (Baratta et. al., 1998). In this way, several synthetic antioxidants have been used such as butylated hydroxyanisole (BHA) and butylated hydroxytoluene (BHT). In recent years the safety of synthetic food additives, including the possible toxicity of these chemicals used as antioxidants has received increasing attention. As so, there is need for other components to act as antioxidants and to render food products safer for mankind (Özcan and Akgül, 1995). The most frequent applied natural antioxidants are tocopherols, but unfortunately they are much less effective than BHA and BHT. The search for and development of other antioxidants of natural origin are, therefore, highly desirable. Many natural compounds extracted from plants have demonstrated biological activities and among these, volatile oils from aromatic and medicinal plants are particularly interesting (Baratta et al. 1998). With respect to this, in this study oils from Thymus mastichina, T. albicans, T. carnosus and Thymbra capitata, collected at different zones of Portugal, were used for the determination of their antioxidant ability using olive oil and sunflower oil. Material and methods Essential oil isolation: Essential oils of Thymus mastichina, T. albicans, T. carnosus and Thymbra capita- ESB UCP 237 ta were isolated by hydrodistillation of aerial parts using a Clevenger type apparatus. Antioxidant activity measurement: The antioxidant activity of essential oils was tested on olive and sunflower oils and expressed as the decrease in the rate of peroxide formation. A calculated quantity of the essential oils was added to the oils, and the mixture was stirred. BHT-containing and control samples (without BHT and essential oils) were also prepared under the same conditions. All samples were stored at 60°C, in the dark. The rate of oxidation was followed by periodic determination of peroxide values of the olive and sunflower oils (A.O.C.S., 1989). Results Sample Time (days) 0 15 31 36 43 50 58 Blank 3.9 30.0 58.6 85.7 116.0 142.1 182.2 T. mastichina (Algarve) 3.9 28.5 47.0 71.8 101.0 143.5 169.5 T. mastichina (Estremadura) 3.9 28.5 39.6 50.5 59.5 94.0 82.4 T. albicans (Gambelas) 3.9 24.5 40.1 63.4 61.0 88.6 95.1 T. albicans (Quinta Lago) 3.9 38.0 58.9 54.5 61.0 89.7 89.7 T. carnosus (Algarve) 3.9 29.0 37.9 72.9 68.5 137.5 98.7 Th. capitata (Algarve) 3.9 30.0 39.3 53.2 75.5 79.6 92.0 BHT 3.9 34.5 44.8 73.9 81.0 121.9 132.7 Sample Time (days) 0 3 5 8 15 24 31 40 45 Blank 37.8 29.2 28.6 48.5 46.5 35.8 78.8 196.2 96.6 T. mast. (Alg.) 37.8 25.4 27.0 44.1 41.8 37.7 57.5 111.4 45.8 T. mast. (Estrem.) 37.8 28.4 29.9 41.0 48.5 41.1 63.2 86.6 41.1 T. albic. (Gamb.) 37.8 25.4 27.7 46.5 48.5 38.6 63.2 112.2 55.2 T. albic. (Q. Lago) 37.8 27.5 28.6 46.5 44.0 36.3 61.8 104.9 34.7 T. carnos. (Alg.) 37.8 35.0 35.5 43.3 44.1 34.8 54.5 80.0 38.7 Th. capit. (Alg.) 37.8 35.2 32.8 47.5 45.0 36.0 50.3 81.5 42.1 BHT 37.8 28.8 24.6 36.6 29.7 24.4 58.5 27.7 24.9 Table 1 Antioxidant activities (peroxide value in mmol oxygen /Kg of oil) of the Thymus essential oils from different regions of Portugal, compared with that of the BHT-containing and the control samples in sunflower oil Table 2 Antioxidant activities (peroxide value in mmol oxygen /Kg of oil) of the Thymus essential oils from different regions of Portugal, compared with that of the BHT-containing and the control samples in olive oil The results presented in the two Tables showed that the antioxidant activity of BHT was more effective in olive oil than in sunflower oil. The essential oils from Portuguese Thymus had antioxidant activity. Nevertheless in the sunflower oil, T. mastichina oils from Algarve revealed to be the worst. ESB UCP 238 In olive oil, the antioxidant property differences among the essential oils were only detected in 40th incubation day. In this date, and only considering the essential oils, the lowest peroxide values were obtained from the oils of T. mastichina collected at Estremadura, T. carnosus and Thymbra capitata, both collected at Algarve, in contrast to the oils from T. mastichina collected at Algarve and T. albicans collected at Gambelas. References A.O.C.S. (1989) Official methods and recommended practices. Vol. 1, 4th edn., 2nd print. (including 1990 and 1992 additions and revisions). American Oil Chemists’ Society, Champign, ILL. BARATTA, M. T.; DAMIEN, H. J.; DEANS, S. G.; BIONDI, D. M. AND RUBERTO, G. (1998) Chemical composition and antioxidative activity of laurel, sage, rosemary, oregano and coriander essential oils. J. Essent. Oil Res., 10: 618-627. FRANKEL, E. N. (1979) Analytical methods used in the study of autoxidation processes. In Simic, M. G. and Karel, M. (eds.). Autoxidation in Food and Biological Systems. Plenum Press, New York, 141-170. ÖZCAN, M. AND AKGÜL, A. (1995) Antioxidant activity of extracts and essential oils from Turkish spices on sunflower oil. Acta Alimentaria, 24: 81-90. The authors are grateful to Mr. J. Duarte for his assistance in distillation of the oils as well as CDCTPV for the financial support. ESB UCP 239 Determination of pesticide residues in products of vegetable origin - expression of results with uncertainty Bettencourt da Silva R. J. N.1, Santosa J. R. and Camões M. F. G. F. C.2 1 2 Direcção-Geral de Protecção das Culturas CECUL, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Introduction and Methodology The analytical characterisation of foodstuffs is essential for consumer safety and for protection of the involved economic interests, and can only be fully accomplished through the comparability of the analytical information, which can be reached through the traceability of results to a common reference. These concepts are closely related to the concept of uncertainty which aims at the estimation of the measurement quality. Recently, this concept has gathered more attention after the publication of the ISO 17025 which states that “Testing laboratories shall also have and apply procedures for estimating uncertainties of measurement”. However, the estimation of results uncertainty can be challenging for the complex analytical methodologies currently used in food control. When the analytical methods involve analytical operations with efficiency inherently different from 100 % (mass transfer steps, MTS: extraction, evaporation, digestion, etc.) some difficulties are met in estimating the precision and efficiency of these steps. This work presents a methodology for the estimation of the uncertainty and efficiency associated to each and all analytical steps involved in the determination of pesticide residues in vegetables with the view of estimating the final result with uncertainty and the contribution of the various uncertainty sources to its value. This methodology contributes to the method optimisation and can be applied to other analytical methods or matrices. The analytical methodology begins with the division of the analytical method in steps and sources of uncertainty, described by well established models, WM, (gravimetries, volumetries and instrumental quantification after a careful validation of the model describing the calibration curve) and uncertainty sources that lack describing models, LM, (MTS estimated as a whole and sample processing). Afterwards, the experimental dispersion from the replicated analyses of spiked samples with known content, sexp, is compared with the uncertainty resulting from the previously estimated sources of uncertainty (WM), uSC. ESB UCP 240 When these two precision estimations are statistically different (F-test), the uncertainty associated to LM, uF, is estimated by difference (eqn. 1 and 2). CSC = SC ↔F (1) 2 sexp ↔F = uCSC = CSC ↔ 2 uSC u √ + F√ SC ↵ F ↵ (2) where CSC and SC represent respectively the sample content corrected and uncorrected for F (the reverse of the mean recovery) and ui the standard uncertainty associated to the parameter in subscript. The applicability of the information gathered at one concentration to the whole analytical range involves the application of the developed estimations in the expression of results with uncertainty for single fortifications over the analytical range. If the estimated confidence intervals include the expected result there are no reasons to suspect that the estimated values are not constant over the studied range. Applicability of the conclusions obtained from spikes is tested with real samples. The validated methodology for the expression of results with uncertainty is used to compare information from spiked and incurred samples with the view to distinguish differences in the stability during sample processing, SP (mincing and homogenisation) and in extraction efficiency. The ratio between the results of the extracted analyte, X1, for spiked samples and its value added of the result, X2, of a consecutive extraction, from the extraction cake, {X1/(X1+X2)} is compared with a similar ratio for incurred samples. An equivalent procedure is adopted to assess the effect of SP time on the type of residues. Results The described methodology was applied to the determination of pesticide residues in apples by GC-ECD (EN 12393). The analytical method steps involved are as follows: 1. Sample processing (SP); 2. Weighing of a sub-sample (G); 3. Extraction with ethyl acetate; 4. Filtration; 5. Evaporation; 6. GPC purification; 7. Evaporation; 8. Dissolution; 9. Quantification by GC-ECD, Q. The following table summarises some of the more relevant quantitative information obtained for spiked samples (normal extraction procedure). ESB UCP 241 Analytical steps typical contribution to results uncertainty, c (%) Typical Estimated efficiency correction factor, F, and associated standard result uncertainty, uF (mg kg-1) SP Analyte c F deltamethrin 90.6 1.00 G Q F uF c c 95 % 0.10 8x10-4 ~0* 1.257 ~0* 2.5 6.9 0.132±0.027 ~0* c MTS conf. level. V c uF beta-endosulfan 97.9 1.06 0.13 6x10-4 ~0* 1.193 1.8 0.3 0.0171±0.0042 endosulf. sulphate 93.0 0.94 0.11 6x10-4 5.1 1.237 0.034 1.7 0.2 0.0247±0.0062 iprodione 78.7 0.986 0.095 8x10-4 13.6 1.326 0.053 2.3 5.4 0.214±0.046 permethrin 97.4 1.025 0.11 8x10-4 ~0* 1.166 2.4 0.2 0.249±0.052 ~0* V – combination of all involved volumetries. MTS – includes the filtration, evaporations and GPC purification. * - negligible in relation to the major sources of uncertainty (it can be larger than other quantified sources of uncertainty). Conclusions The obtained results revealed no significant losses of the analyte at the SP and significant losses at the MTS. The uncertainty associated with the SP had similar values for the various analytes and the uncertainty associated to MTS was not negligible for various cases. The obtained results did not reveal difference in the SP and extractability of spiked and incurred residues in the analytical system considering the method’s uncertainty. The estimated parameters were checked and showed to be valid for the several months. ESB UCP 242 Risk assessment of mycotoxins in medicinal plants and tea (green and black tea) Martins M. L.1, Martins H. M.1 and Bernardo F.2 1 2 Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, Est.Benfica, 701, 1500 Lisboa - Portugal CIISA.Faculdade Med.Veterinária, Rua Prof Cid Santos- Ajuda-1300-417 Lisboa-Portugal Abstract The aim of this paper was to evaluate the occurrence of aflatoxins (AF), ochratoxin A(OTA), fumonisins(FB1and FB2) and deoxynivalenol (DON) in medicinal plants and in tea. OTA was analysed in 70 samples of tea and 34.0 % were positives. The levels ranged between 20 and 124 µg/kg. None of the 70 samples contained aflatoxins. FB1 and FB2 were analysed on 18 samples of tea, and in 69 samples of medicinal plants. FB1 was detected in 63.2 % of the samples. The higher incidence of positive samples and also the higher FB1 concentration was found in black tea, with levels from 80 to 280 mg/kg. DON was analysed in 35 samples of medicinal plants and detected in 57.1 % of the samples. The highest incidence and concentration was found in chamomile with levels ranging from 100 to 400 µg/kg. Introduction Under favourable ecological conditions, some genetically competent fungi synthesise toxic secondary metabolites (mycotoxins). These contaminations of food and feeds are a world-wide safety problem for humans and animals health. Aflatoxins (AFs) B1, B2, G1 and G2 are produced by Aspergillus flavus, A. parasiticus and A. nomius (Betina,1989). AFB1 are classified into the difurocoumarocyclopentenone series and the difurocoumarolactones. AFB1 is metabolically converted to a variety of stable metabolites (aflatoxicol, aflatoxin M1 and aflatoxin Q1) “in vivo” or “in vitro” in the presence of NADPH- generating system and cytochrome P-450, which is a requisite step in the formation of the putative active biological effects: carcinogenicity, DNA binding, cytotoxicity and bacterial mutagenicity. The most important producers of ochratoxins are Penicillium verrucosum in temperate climates, P. viridicatum, P. cyclopium, P. commune and Aspergillus ochraceus in warmer and tropical parts of the world and also by A. sulphureus, ESB UCP 243 A. sclerotiorum and A. melleus (OTA) is the most commun and consists of a dihydrocoumarin moiety linked to an L- β- phenylalanine functional group (KuiperGoodman and Scott, 1989). OTA A is a potent nephrotoxin. Fumonisins are a group of mycotoxins, produced by Fusarium moniliforme, F. proliferatum and F. nygamai. FB1 and FB2 are diesters of tricarballylic acid and polyhydric alcohols, and as have similar structure to sphingosine they can interfere with sphingosine metabolism, blocking the biosynthesis of complex sphingolipids and ceramides. FB1 has been pointed as a natural cause of leukoencephalomalacia in horses (ELEM), pulmonary edema in porcine and esophagic cancer in humans (Scott, 1993). Deoxynivalenol (DON), also known as vomitoxin, is produced predominantely, although not exclusively by several species of the genus Fusarium, especially F. graminearum, is one of a group of closely related secondary fungal metabolites, the trichothecenes, DON is inhibitors of protein and DNA synthesis and also affect food intake, body weight and suppressed humoral and cellular immune function (Peslka and Bondy, 1990). The purpose of this study was to give informations about the levels of mycotoxins in different kinds of medicinal plants used to infusions. Material and Methods A survey was carried out to evaluate the possible presence of: aflatoxins and ochratoxin A in 30 samples of black tea and 40 samples of green tea; fumonisins in 69 samples of 4 different kinds of medicinal plants: leaves of orange tree (18), leaves of linden tree (18), corn silk (15) and chamomile (18) and in 18 samples of black tea and deoxynivalenol in 35 samples of medicinal plants; leaves of orange tree (10), leaves and flowers of linden tree (8), corn silk (7) and chamomile (10). Determination and Quantification of mycotoxins by HPLC: The samples were analysed for the quantification of AFs according to the method described by Stroka and Anklam (2000). The detection limit is 1 mg/kg. The ochratoxin determination was performed according to the method described by Entwistle et al. (1999). The detection limit is 20 mg/kg. The determination of FB1 and FB2 were performed by the technique described by Shephard et al (1990). The detection limit is 20 mg/ kg. DON analysis was carried out following the method described by Cahill et al. (1999). The detection limit is 100 mg/kg. ESB UCP 244 Results and Discussion The results are shown in Table 1. Table 1 Incidence and levels of mycotoxins (mg/kg) in green, black tea and medicinal plants Aflatoxins Ochratoxin A Fumonisin B1 Deoxynivalenol nº nº min-max 12/18 350–700 4/10 120–200 12/18 20–200 4/8 167–380 - 8/18 20–70 8/10 100–400 - 9/15 50–150 4/7 150–300 0 - - - - 80–280 - - Samples nº min-max nº min-max Leaves of orange tree *- - - - Leaves, flowers-Linden tree - - - - Flowers of Chamomile - - - Corn silk - - Green tea 0/40 0 0/40 Black tea 0/30 0 24/30 20 – 125 16/18 min-max *- Not analysed Abeywickrama and Bean (1991), detected aflatoxin B1 by TLC, at concentration of 0.5 mg/g in medicinal plant (Aerva lanata). In 1998, Halt, screened 11 samples of medicinal plant and herbal tea contaminated with Aspergillus flavus for the aflatoxin B1, zearalenone and ochratoxin by TLC. Only ochratoxin A was found in one of the 7 samples analysed. In this present survey, the OTA was determined by HPLC allowing lower limits of detection. In other study Martins et al. (2000) surveyed fumonisins, in 87 samples of black tea and medicinal plants and verified that 65.5 % of the samples analysed by HPLC were contaminated with this mycotoxin. This study suggests that medicinal plant and teas, should be analysed for mould and mycotoxins prior to use. ESB UCP 245 References 2. BETINA, V., 1989, Mycotoxins: Chem., Biol. and Environ. Aspects, ed. by Elsevier New York, 114-150. 3.CAHILL, L. M. KRUGER, S. C., MCALICE, B. T., RAMSEY, C. S., PRIOLI, R, KOHN, B., 1999. Quantification of deoxynivalenol in wheat using na immunoaff. column and liq. chromat. J. Chromat. A. 859:23/84. ENTWISTLE, A C.,WILLIAMS, A. C., MANN, P. J. AND SLACK, P.T, 1999, Validation of Analytical Methods to determine the content of Aflatoxin,Ochratoxin and Patulin in Foodstuffs of vegetable origin. European Commission bcr information. Chemical Analysis. ISSN 1018-5593. Report EUR 18954 EN. 5. HALT, M., 1998. Moulds and mycotoxins in herb tea and medicinal plants. Eur. J. Epid.14: 269-274. 6. KUIPER-GOODMAN, T., AND SCOTT, P.M., 1989. Risk assessment of chratoxin. A . Biom. Environ. Sci. 2 (3):179-248. 7. MARTINS M. L, MARTINS H. M, DIAS M. I. AND BERNARDO, F., 2000. Fumonisins B1 and B2 in Black Tea and Medicinal Plants. 6th European Fusarium SeminarBerlin-Germany, p113-114. 8. PESLKA, J. J. AND BONDY, J. S. 1990. Alterations of immune function following dietary mycotoxin exposure. Can. J. Physiol. Pharmacol. 68: 1009-1016. 9. SCOTT, P.M. 1993. Mini revue fumonisins. International. Journal of Food Microbiology, 18: 257-270. 10. SHEPHARD, S., W. SYDENHAM, G. THIEL, AND A. GELDERBLOM, 1990. Quantitative determination of Fumonisin B1 and B2 by HPLC with fluorescence detection. J. Liquid Chromatogr. 13 : 2077-2087. 11. STROKA, J., ANKLAM, E., JORISSEN, U., AND GILBERT, J., 2000. Immunoaff. col. cleanup with liq. chromat. using post-column brominatation for aflatoxins in peanut butter, pistachio paste, fig paste, paprika. J. A. O. A. C. 83, 320-340. ESB UCP 246 Análises físico químicas de polpas de frutos regionais produzidas na região meio-norte do Brasil - Município de Barra do Corda-Ma. da Silva L. M. S. (IC), da Luz D. A. (IC), Miyake T. (PG), Nunes G. S. (PQ), Ferreira M. G. A. B. (PQ), Santos T. C. R. (PQ), Filho V. E. M. (PQ), Marques E. P. (PQ), Nascimento A. R. (PQ) e Marques A. B. (PQ)* DETQI-CT-UFMA – Av. dos Portugueses, s/n, Bacanga - São Luís, MA – Brasil – CEP 65080-040 Resumo Frutos nativos ricos em vitaminas e sais minerais (bacuri, cupuaçú, acerola, etc.), fazem parte da alimentação popular nas regiões norte e nordeste do Brasil. O presente trabalho, além de avaliar a qualidade das polpas de bacurí, cupuaçú e acerola, objetiva orientar os micro-produtores quanto ao credenciamento junto ao Ministério da Agricultura. As análises realizadas englobam os aspectos microbiológicos (coliforme total, E. coli) e físico-químicos (pH, sólidos solúveis, acidez, vitaminas e açúcar total). Os padrões estabelecidos pela Legislação Brasileira indicam os seguintes valores para os parâmetros físico-químicos estudados: pH – entre 2 e 3,8; °Brix - entre 6 a 9°; acidez - entre 0,8 e 3,4 %; ácido ascórbico – mínimo de 23 mg/100 g; açúcares totais – mínimo entre 1,9 e 6 %. Nenhum resíduo de pesticida foi encontrado nas amostras. O teor de ácido ascórbico e açúcares totais estão, em algumas amostras, inferiores aos que a Legislação recomenda. Foi também detectada a presença de E. coli, em valores acima dos níveis permitidos. Esse é um indicativo forte de que estas amostras (polpas) foram diluídas com água, causando a diminuição da concentração de Vitamina C, bem como a contaminação bacteriana. Agradecimentos - BASA/FSADU ESB UCP 247 ESB UCP 248 ESB UCP 249 Efeito da irradiação nas moléculas do amido de pimenta branca: estudos reológicos Esteves M. P.1, Raymundo A.2, de Sousa I.3, Andrade M. E.4 & Empis J.5 1 INETI, Estr. Paço Lumiar, 22 1649-038 Lisboa Instituto Piaget. I.S.E.I.T Almada. Quinta da Arreinela de Cima. 2800-305 Almada 3 Secção de Ciência e Tecnologia dos Alimentos. ISA. Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa. 4 ITN, Estrada Nacional 10 P-2685 Sacavém, Portugal 5 Centro de Engenharia Biológica e Química. IST. Av. Rovisco Pais, 1049 - 001 Lisboa 2 Introdução A pimenta branca é uma especiaria preparada a partir das bagas maduras de Piper nigrum a que foi extraído o mesocarpo. Contém um teor de amido relativamente elevado (cerca de 60 % na m.s.), representando a amilopectina o principal composto macromolecular (cerca de 50 % na m.s.). Este trabalho teve como finalidade estudar o efeito do tratamento por radiação, recentemente aprovado pela Directiva 1999/2/EC, na pimenta branca moída, através das alterações induzidas nas propriedades reológicas de suspensões aquosas aquecidas. A amilose e a amilopectina, os dois polímeros constituintes do amido, foram utilizadas como modelos para o estudo das mesmas propriedades reológicas. Materiais e Métodos Amostras: A pimenta branca foi adquirida no mercado sob a forma moída, embalada em sacos de PA/PE, que foram selados sob atmosfera normal antes de serem irradiados (10 e 15 kGy) à temperatura ambiente, numa instalação de cobalto-60. A amilose de milho (Sigma A-7043) e a amilopectina de milho (Sigma A-7780) foram utilizadas com referência antes e após irradiação a 15 kGy. Preparação das suspensões: As suspensões aquosas (15 % p/v) foram preparadas de acordo com o protocolo anteriormente descrito (Esteves et al., 1995) e mantidas à temperatura ambiente durante 12 horas. Ensaios reológicos: Todos os testes foram efectuados num reómetro de tensão controlada (Haake RS75, Alemanha) com temperatura controlada a 25±1°C. ESB UCP 250 Testes dinâmicos – foram efectuados utilizando um sistema sensor de cone e prato (C35/2, com 35 mm de diâmetro e 2º de ângulo); realizaram-se testes de varrimento de frequência, na zona de viscoelasticidade linear, previamente estabelecida através de testes de varrimento de tensão. Os espectros mecânicos resultantes foram avaliados em termos da evolução do módulo elástico (G’), módulo viscoso (G’’) e da viscosidade complexa (η*). Curvas de escoamento – As curvas de escoamento foram realizadas utilizando um sistema sensor de pratos paralelos serrados (pp20 – com 20 mm de diâmetro); às curvas de escoamento obtidas ajustou-se o modelo de Carreau (Barnes, 1989) para determinação dos valores da viscosidade limite (η0): η = η0 / [1 + (γ./γ.χ)2]s (1) Resultados e Discussão Efectuou-se a caracterização reológicas de geles de pimenta branca não irradiada e irradiada com 5, 10 e 15 kGy e de geles de amilose e amilopectina nas mesmas condições, que funcionaram como sistemas modelo. Testes dinâmicos: A partir das curvas de viscosidade complexa (h*) em função da frequência verificouse que todos os sistemas apresentam um comportamento ajustável ao modelo proposto por Kasapis et al. (1997), para a variação da viscosidade complexa com a frequência, de acordo com a lei de potência: η∗ (ω) = α∗ ω-b∗ (2) Representando numa escala bi-logarítmica η* em função da frequência (w), obtém-se uma recta, onde log a* corresponde à ordenada na origem e b* ao declive. Na Tabela 1 pode observar-se o modo como a irradiação afecta estes dois parâmetros para os geles de pimenta branca e para os sistemas modelo. A partir dos resultados anteriores, verifica-se que a irradiação induziu uma diminuição da força dos geles de pimenta, expressa numa redução nítida dos valores de log a*. Em relação ao tipo de estrutura dos geles, não se registaram alterações importantes com a irradiação, o que se manifesta por valores de b* muito semelhantes para os geles de pimenta não irradiados e irradiados com diferentes doses. O comportamento apresentado pelos geles de pimenta branca irradiada foi idêntico ao verificado com a amilopectina, que constitui o seu principal componente, podendo pensar-se que o efeito da irradiação nos geles de pimenta se deve especialmente aos ESB UCP 251 efeitos provocados a nível das moléculas de amilopectina, já que no caso dos sistemas de amilose o comportamento foi oposto. Sistema Dose (kGy) Log a* b* R2 Pimenta branca 0 3.021 0.855 0.9993 Pimenta branca 5 2.778 0.834 0.9972 Pimenta branca 10 2.704 0.840 0.9992 Pimenta branca 15 2.473 0.737 0.9975 Amilose 0 2.947 0.948 0.9998 Amilose 15 4.365 0.949 0.9999 Amilopectina 0 1.224 0.681 0.9996 Amilopectina 15 0.658 0.762 0.9975 Tabela 1 Parâmetros derivados da equação (2) para geles de pimenta branca, amilose e amilopectina (amostras irradiadas e não irradiadas) Curvas de escoamento: Os valores de viscosidade limite obtidos para os geles de pimenta e para os sistemas modelo estão resumidos na Tabela 2. Sistema Dose (kGy) η0 (Pa s) Pimenta branca 0 1,24 x 105 Pimenta branca 5 8,36 x 104 Pimenta branca 10 6,42 x 104 Pimenta branca 15 2,29 x 104 Amilose 0 4,10 x 104 Amilose 15 1,11 x 106 Amilopectina 0 5,90 x 103 Amilopectina 15 3,33 x 103 Tabela 2 Viscosidade limite η0 para geles de pimenta branca, amilose e amilopectina (amostras irradiadas e não irradiadas) Os resultados obtidos em termos de viscosidade limite, estão de acordo com o que se verificou em termos dos testes oscilatórios. A diminuição do grau de estruturação dos geles irradiados, que se atribuiu essencialmente à amilopectina, implica igualmente uma diminuição da viscosidade limite desses geles, que se traduz por uma diminuição da resistência ao escoamento. Conclusões De acordo com os resultados apresentados, verifica-se uma relação entre as doses de irradiação aplicadas e as propriedades reológicas dos geles de pimenta branca, quer em estudos dinâmicos quer em estado estacionário. Este facto leva-nos a concluir que este tipo de metodologia deverá ser considerada no estabelecimento de métodos oficiais para a detecção de especiarias irradiadas. ESB UCP 252 Referências BARNES H.A., HUTTON, J.F., WALTERS, K. (1989). An introduction to Rheology. Rheology Series 3, Elsevier Applied Science Publ., Amsterdam ESTEVES, M.P., I. POLÓNIA, M.E. ANDRADE & J. EMPIS. Alteration of apparent viscosity of irradiated pepper - a tool for semi-quantitative estimation of irradiation dose. Z. Lebensm. Unters Forsch., 201: 351-354 (1995). KASAPIS, S. PARASKEVOPOULOU, A., KIOSSEOGLOU, V. AND ALEVISOPOULOUS, S. (1997). Small deformation properties of model salad dressing prepared with reduced cholesterol egg yolk. Journal of texture Studies. 28: 221-237. ESB UCP 253 Doseamento de mercúrio em papel 100% reciclado (papel fluting) Soares M. E., Carneiro C. e Bastos M. L. CEQUP, Laboratório de Toxicologia, Faculdade de Farmácia do Porto, Rua Aníbal Cunha, 164, 4050-453 PORTO Introdução A reciclagem do papel constitui nos nossos dias elevada importância, seja do ponto de vista económico, seja do ponto de vista ambiental. Em Portugal 50 % do papel reciclado (fluting) destina-se ao fabrico de embalagens para alimentos (1). São muito restritivas as exigências de qualidade a que devem obedecer os materiais destinados a contactar os alimentos de modo a evitar a sua contaminação. Sendo o papel fluting produzido a partir de papel e cartão velho 100% reciclado, é desejável averiguar a sua qualidade concretamente no que respeita aos teores em metais pesados, uma vez que estes constituem um grupo de contaminantes que suscitam preocupações para a saúde humana e contaminação ambiental. O mercúrio, o chumbo, o cádmio e o crómio hexavalente figuram entre os elementos de maior interesse pelas suas características reconhecidamente tóxicas, estando já estabelecidos na Comunidade Europeia e a nível nacional os teores máximos globais admissíveis nas embalagens (2). Neste estudo apresenta-se a implementação e validação da técnica de Espectrometria de Absorção Atómica por Geração de Vapor Frio (EAA/VF) para doseamento de mercúrio em papel reciclado. A técnica foi aplicada na determinação de mercúrio em papel fluting de diversas gramagens fornecidas por uma unidade de produção, bem como em 35 amostras de embalagens de cartão que continham alimentos recolhidas aleatoriamente no mercado. Os valores encontrados situaram-se entre <0,038 e 0,177 µg/g para o papel fluting e entre <0,038 e 0,220 µg/g para as embalagens de cartão. Material e Métodos Amostras e pré - tratamento Folhas de papel 100 % reciclado de várias gramagens (entre 115 g/m2 e 160 g/m2) foram obtidas directamente de uma unidade de produção. No mercado local foram adquiridas embalagens de cartão que continham vários tipos de alimentos. ESB UCP 254 No laboratório, as amostras foram divididas em pequenos fragmentos (com cerca de 2 mm de diâmetro), usando um objecto cortante de plástico. Porções de 0,1 g de amostra foram pesadas e transferidas para um recipiente de teflon fechado e digeridas com uma mistura de HNO3 e H2O2 em estufa a temperatura controlada (85/90°C) durante cerca de 5 h. O digesto foi transferido para tubo e diluido a volume conveniente com água suprapura. Aos digestos adicionou-se solução de permanganato de potássio a 10 % até oxidação completa do mercúrio presente. O permanganato em excesso foi seguidamente reduzido pela adição de uma solução de cloreto de hidroxilamina a 5 %. O mercúrio foi finalmente reduzido a mercúrio elementar por uma solução de boroidreto de sódio a 0,1 %. Com o fim de evitar contaminações, todo o material usado no pré-tratamento da amostra foi previamente lavado por imersão durante 24 h em solução diluida de ácido nítrico a 15 %, sendo depois lavado com água suprapura e seco em ambiente livre de contaminações. Implementação e validação da técnica de EAA/VF As melhores condições do procedimento analítico foram estabelecidas analisando soluções de padrões de mercúrio e digestos das amostras para análise. A precisão dos procedimentos analítico e experimental global foi de 5,1 % e 6,0 %, respectivamente. O estudo da exactidão foi realizado pelo método das adições de padrões nas concentrações de 2,5, 5,0 e 10,0 µg/l, tendo-se obtido as recuperações médias de 97 %, 97 %, e 98%, respectivamente. A zona de linearidade de resposta situou-se entre 0,38 e 10,0 µg/l. Doseamento do mercúrio O mercúrio foi doseado em Espectrofotómetro de Absorção Atómica Perkin Elmer®, modelo 3110, usando para geração de vapor frio o Sistema de Injecção de Análise em Fluxo FIAS 100. A lâmpada de mercúrio de cátodo oco operou a 253,7 nm, utilizou-se um pipetador automático de amostras AS 90 e um integrador Epson EX-800. Resultados e Discussão O método implementado para doseamento de mercúrio total em papel reciclado e em embalagens de papel apresenta uma boa repetibilidade com coeficientes de variação inferiores a 10 % e percentagens de recuperação superiores a 95 %. Dadas as características do metal em análise, com riscos de contaminação das amostras e perdas por volatilização, o método que se apresenta pode ser considerado fiável para doseamento de mercúrio nesta matriz. ESB UCP 255 A técnica foi aplicada no doseamento de mercúrio em 8 amostras de papel fluting bem como em 35 amostras de embalagens de cartão que continham alimentos. Os valores de mercúrio total encontrados nas amostras de papel fluting 100 % reciclado encontram-se resumidos na Tabela 1, variando entre <0,038 e 0,177 µg/g. Os valores encontrados nas 35 embalagens para alimentos analisadas situaram-se entre <0,038 e 0,220 µg/g, apresentando um valor médio de 0,058 µg/g e um coeficiente de variação de 74,6 %. Fluting Fluting1 Fluting2 Fluting Fluting1 Fluting2 Fluting1* Fluting2* (115 g/m2) (120 g/m2) (120 g/m2) (130 g/m2) (160 g/m2) (160 g/m2) (130 g/m2) (130 g/m2) 0,059 0,177 0,051 0,038 0,038 <0,038 0,038 0,103 Tabela 1 Conteúdo em mercúrio expresso em µg/g de papel *papel pintado O Decreto-Lei nº407/98 de 21 de Dezembro de 1998 fixa em 100 µg/g a soma dos níveis de concentração de chumbo, cádmio, mercúrio e crómio hexavalente presentes nas embalagens ou nos componentes das mesmas (2). A falta de limites individuais estabelecidos dificulta a análise dos resultados obtidos neste estudo. Contudo, do ponto de vista toxicológico, é urgente a fixação de níveis máximos individuais porque o comportamento toxicocinético e os mecanismos de toxicidade dos quatro elementos acima referidos são muito diferentes (3) e devem ser considerados separadamente. A discussão dos valores de mercúrio obtidos no presente estudo por análise de amostras de papel reciclado e de embalagens de papel fica assim comprometida. Bibliografía (1) CANAVARRO, J.M. O Fabrico das embalagens de papel e cartão. Embalagens para a Indúsria Alimentar, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 1991. (2) Decreto-Lei nº 407/98, Série I-A, nº 293/98 (3) GOYER, R.A. Toxic Effects of Metals. In: Casarett & Doull’s Toxicology. The Basic Science of Poisons. Edited by C.D. Klaassen, M.O. Amdur, J. Doull. 5ª Edição. The McGraw-Hill. 1996. ESB UCP 256 Pesquisa de antibióticos em leite pelo método DelvotestSP® Efeito do operador e da idade dos microorganismos Calhau L. e Ravasco F. INETI - Departamento de Tecnologia das Indústrias Alimentares, Paço do Lumiar, nº 22, 1649-038 Lisboa Introdução A presença de antibióticos no leite deve-se sobretudo ao tratamento dos animais em consequência de infecções intra-mamárias. A acção dos antibióticos visa alvos específicos respeitantes ao metabolismo microbiano e, em princípio, seriam inócuos para o homem. No entanto, podem provocar efeitos adversos como sejam reacções alérgicas, problemas renais, etc. A sua presença no leite pode ainda provocar acidentes tecnológicos na produção de leites fermentados e a sua pesquisa consta no quadro de caracterização do leite com vista ao pagamento ao produtor. Assim, a presença destas substâncias no leite deve ser evitada e uma das formas de controlo é a sua pesquisa por métodos microbiológicos. Os resultados dos testes dependem de múltiplos factores, alguns intrínsecos ao operador e outros ao método. Neste estudo pretendemos verificar a influência da idade dos microrganismos e do operador nos resultados obtidos com o método DelvotestSP®. Este método, que é largamente difundido e utilizado na indústria de Lacticínios, apresenta grande sensibilidade para os antibióticos β-lactam e sulfamidas. É um teste de difusão em agar, que se baseia na inibição do desenvolvimento do Bacillus stearothermophilus var. calidolactis na presença de antibiótico. Em amostras isentas de antibióticos o desenvolvimento do microrganismo é evidenciado pela viragem de um indicador presente no meio. Materiais e métodos Reagentes. Kits DelvotestSP® com 8 semanas e 16 semanas, amostras de leite com concentrações variáveis de cloxacilina e sulfametoxazol. ESB UCP 257 Cloxacilina -3 Sulfametoxazol -3 Conc. (ngcm ) n (8 sem.) n (16 sem.) Conc. (ngcm ) n (8 sem.) n (16 sem.) 0 15 15 0 15 15 15 15 15 12,5 15 15 22,5 15 15 25 15 15 15 30 15 15 50 15 37,5 15 15 75 15 15 45 14 14 100 14 14 n=número de ensaios realizados para uma dada concentração e para determinada idade dos microrganismos Pesquisa de antibióticos Seguiram-se as indicações do fabricante. A leitura dos resultados foi efectuada por seis operadores (A a F) que já tinham tido contacto com o método, embora com diferentes níveis de experiência. Fez-se um ensaio prévio com positivos e negativos para harmonizar a identificação da cor de cada um dos resultados. Os registos dos resultados das amostras foram feitos da seguinte forma: Cor do meio Resultado Amarelo Negativo Registo - Púrpura Positivo + Cor intermédia Duvidoso ± Após a incubação, foi imediatamente distribuído a cada operador um kit e após leitura esse kit foi transferido para o operador seguinte. Recomendou-se leitura cuidada, mas não demorada de forma a minimizar o tempo de espera após incubação. Resultados e Discussão Verificou-se que as leituras dos vários operadores diferiam entre si sobretudo para as concentrações 15 e 22,5 ng cm-3 para a cloxacilina e 12.5 e 25 ng cm-3 para o sulfametoxazol. A concentração a partir da qual os operadores consideram os resultados positivos foi variável mas dependente não só do tipo de antibiótico, como da idade dos microrganismos. Para a concentração de cloxacilina correspondente a 15 µg o operador F teve 100 % de leituras positivas, os operadores A, C, D e E, registaram, para a mesma concentração, quase 100 % de duvidosos e o operador B interpretou 50 % dos resultados como negativos. As discrepâncias são menores para o sulfametoxazol (22,5 µgcm-3-16 semanas) para o qual houve maior homogeneidade de resultados. ESB UCP 258 De um modo geral o operador C manteve um elevado nível de resultados duvidosos para concentrações em que a generalidade dos operadores atribuiu resultados positivos. O operador F atribuiu um elevado número de positivos para níveis em que a maioria dos operadores interpretaram como duvidosos. Na globalidade dos resultados, o operador F interpretou apenas 5 % como duvidosos ao passo que esse valor atingiu os 25 % para o operador C. Este aspecto poderá ter a ver com uma visualização das cores ou com uma capacidade de decisão diferente. A consistência dos operadores relativamente aos seus próprios resultados foi variável. O operador B destacou-se como o menos consistente chegando a distribuir os resultados de uma determinada concentração, e para a mesma idade do microrganismo, pelas três categorias possíveis (-, ±, +). Os resultados discrepantes atribuídos pelos diferentes operadores podem resultar dos factores já referidos, mas também dos diferentes níveis de experiências com o método, manipulação do kit durante a leitura (ângulo de incidência da luz), etc. A idade do microrganismo influenciou os resultados do teste embora essa influência fosse mais evidente para a cloxacilina (Figura 1). Figura 1 A : resultados dos testes dos Kits com 8 e 16 semanas, para as várias concentrações de cloxacilina B : resultados dos testes dos Kits com 8 e 16 semanas, para as várias concentrações de sulfametoxazol (resultados correspondentes às leituras de todos os operadores) Verificou-se que os resultados obtidos com os microrganismos do kit com 8 semanas eram mais sensíveis à cloxacilina e o teste (nestas condições) apresenta um limite de detecção mais baixo1. Na figura apresentada contabilizaram-se os resultados duvidosos como negativos. Se estes resultados forem incluídos nos positivos verifica-se um retrocesso da curva relativamente ao eixo das abcissas e um valor de limite de detecção menor. Esse deslocamento é tanto maior quanto maior o número de duvidosos. O efeito da idade para a pesquisa do sulfametoxazol praticamente não se fez sentir (Figura 1, gráfico B). Este facto pode ser devido às diferentes actuações dos antibióticos relativamente ao microrganismo. No caso da cloxacilina, um β-lactam, a sua acção incide na síntese do peptidoglicano constituinte da parede celular e no caso do sulfametoxazol, uma sulfamida, tem como alvo a inibição da síntese do ácido fólico. 1 ESB UCP O limite de detecção para este tipo de testes é definido como a concentração à qual se obtêm 95 % de resultados positivos. 259 Loss of organochlorine pesticide residues during the preparation process of soymilk Peñalvo J. L.1, Lino C. M.1, Silveira M. I. N.1, Matallana M. C.2 and Torija M. E.2 1 2 Grupo de Bromatologia. Faculdade de Farmácia. UC. Coimbra. Portugal. Dpto. Nutrición y Bromatología II. Facultad de Farmacia. UCM. Madrid. Spain. Introduction The soybean is one of the most economical and valuable agricultural commodities because of its unique chemical composition. Similar, soymilk, as an alternative to dairy milk, provides proteins and other nutrients to people in regions where the supply of animal milk is inadequate. It is especially important for infants and children who have a particular need for adequate protein in their diets or exhibit allergic reactions to animal milk. Okara, also called soypulp, is the insoluble residue after filtration of soymilk and is considered a by-product of soymilk and tofu preparation. A rich source of dietary fiber, it also contains a high quality of protein. So, it has found many applications in both human food and animal feed (1, 2). Like any other, soybean crops need a treatment with pesticides in order to minimize pest damages. Therefore, pesticide residues in soybeans and its related products can be found. The purpose of this investigation was to achieve the evolution of the levels of nine organochlorine pesticide residues (a and b-endosulfan, endosulfan-sulphate, lindane, heptachlor, o,p’-DDT, p,p’-DDE, p,p’-DDD and p,p’-DDT) during the preparation process of soymilk. Methodologies Recovery Study A previous study in order to evaluate the recoveries of pesticide residues was carried: 1 mL of fortification solution was added to 10 mL of soymilk and 10 g of Okara and allowed to stand for 15 minutes before extraction over five replications. One sample of each one of the matrices was used like sample blanks. These samples were submitted to the whole procedure (extraction, SPE cleanup and determination). Soymilk and Okara Preparation The procedure was done in triplicate. Four mL of pesticide standard solution were added to 20 g of soybeans in the same concentration used for recovery study. After ESB UCP 260 total evaporation of solvent (@ 3 hours), whole soybeans are soaked in bidestillated water (1:3) overnight. Then, water was discarded and wet soybeans were grounded and added with fresh bidestillated water at a 1:5 ratio. The slurry is then boiled at 8090ºC. After two hours, the slurry is filtrated in order to obtain the soymilk. Soypulp (Okara) was extracted after cooling. Both soymilk and Okara were stored at constant temperature and humidity. Extraction Method Ten mL of soymilk + a mixture of 10 mL of acetonitrile and 20 mL of n-hexane. Shaking for 20 min in a mechanical shaker (420 min-1). Centrifugation: 1510 g for 5 min. The supernatant was decanted into a 50-mL pyriform flask and the residue was washed twice with 20 mL of n-hexane in a mechanical shaker at 250 min-1 for 10 min and centrifuged at 380 g for 5 min. Concentration of the extracts: 2 mL. Ten g of soybean or Okara + a mixture of 10 mL of acetonitrile and 20 mL of n-hexane was sonicated with a probe. Centrifugation at 380 g for 5 min. The n-hexane extract was poured into a 50-mL pyriform flask. The residue was washed twice with 10 mL of n-hexane in the same conditions. Concentration to 2 mL. SPE Clean-up Florisil cartridges (1 g) + 1 cm of sodium sulphate. Wash with 10 mL of n-hexane. The cartridge was not allowed to dry. A 2.0 mL volume of the concentrated n-hexane extract was transferred to the column and was eluted. Two different eluents were used: E1 7.5 mL of n-hex. and E2 7.5 mL of n-hex. - DCM (5+1). Concentration to 1 mL. Determination by GC-ECD: Carlo Erba Mega HRGC 5300 equipped with 63Ni electron detector Temperatures: Column - 30 m x 0.25 mm-0.25 mm - DB-5 (J&W Scientific): 150ºC (1’) 10°C/min 210°C (1’) 3°C/min 230°C (5’) 3°C/min 250°C (3’) Detector - 280°C Injector - 220°C Quantification: a Spectra-Physics 4270 integrator ESB UCP 261 Results and discussion Very good recoveries for pesticide residues in soybean matrix were achieved, varying from 67 % for g-HCH to 115 % for b-endosulfan, except for p,p’-DDD with a recovery of 49 %. For soymilk matrix, low recoveries were obtained for p,p’-DDE with 52 % and g-HCH with 56 %. For the remainder compounds, recoveries vary between 76 % for p,p’-DDD and 117 % for heptachlor. In the case of Okara matrix, low recoveries were obtained for endosulfan sulphate with 33 %, b-endosulfan with 54 %, and p,p’-DDT with 62 % (3). During the preparation process of soymilk, the results show that the losses, in soymilk and Okara, are total for g-HCH, heptachlor, a and b-endosulfan. Loss of o,p’-DDT was also total for soymilk. Losses for other pesticides in Okara vary between 69 % for p,p’-DDT and 84 % for p,p’DDD (Table I-Figure 1). In the case of soymilk, losses of other residues were 61 % for p,p’-DDE, 97 % for p,p’-DDD, and 98 % for endosulfan sulphate (Table I-Figure 1). The preparation process of different foods is determinant in the pesticide losses (4). During the preparation process of soymilk three factors may be involved in the losses of OC pesticide residues: - water solubility: more polar compounds may be loosed, depending also of the time and intensity of soaking, - fugacity ratio of pesticides, - and chemical degradation caused by boiling of the slurry at high temperatures (5). Figure 1 Concn of OC pesticide residues in the preparation of soymilk ESB UCP 262 Table 1 Loss of OC pesticide residues in the preparation process of soymilk Compd % loss Concn in Concn in % loss Concn in soybean soymilk in Okara in µg/kg µg/L soymilk µg/kg Okara γ - HCH 30 - 100 - 100 heptachlor 40 - 100 - 100 α-endosulfan 40 - 100 - 100 p,p'DDE 100 39 61 24 76 β-endosulfan 40 - 100 - 100 p,p'DDD 100 3 97 16 84 o,p'DDT 125 - 100 32.5 74 endosulfan sulphate 50 1 98 8.5 83 p,p'DDT 125 - 100 38.7 69 References 1 LIU, K. Ed. Chapman & Hall, New York, 1997. 2 BUSINCO, L. et al., Am. J. Clin. Nutr., 68 (suppl.), 1447s-1452s, 1998. 3 PEÑALVO, J. L. et al., Poster P-172, Book of Abstracts, Euroanalysis XI, 3-9 September 2000, Lisbon. 4 LINO, C. M. et al., Rev. Port. Farm., XLIX, 171-180, 1999. 5 LINO, C. M., Silveira, M. I. N., J. Agric. Food Chem., 45, 2718-2722, 1997. Acknowledgement The authors thank to FCT the financial support for this project. ESB UCP 263 Aplicação do sistema HACCP no processamento da manteiga Rodrigues A.1, Figueiredo J.1, Silva A. M.1, Henriques M., Correia P.1 1 Escola Superior Agrária de Viseu, Campus Politécnico. Repeses. 3504-510 VISEU Introdução Para que seja possível o consumidor usufruir do melhor produto do ponto de vista qualitativo é imperioso dotar as empresas Portuguesa, de uma imagem de marca que lhes permite competir com os concorrentes estrangeiros que se implantam no mercado pela qualidade do produto oferecido. Há necessidade de existir um equilíbrio que lhe permita ter um produto competitivo do ponto de vista do preço e qualidade mas para que se atinja esse equilíbrio é necessário dotar a empresa de instrumentos que lhe possibilite produzir um produto com qualidade e em qualidade. Um dos sistemas com melhores resultados é o Hazard Analysis Critical Control Points (HACCP), que se baseia na análise de riscos e controlo de pontos críticos. Ao ser aplicado não induz a erros, devido ao seu rigoroso sistema de arquivo de dados, podendo ainda contribuir para a certificação do produto, o que permite à empresa marcar desde logo uma posição de destaque no mercado. Todo este sistema só dará frutos aliado a um importante e determinante factor, a higiene alimentar, isto é, estabelecendo um conjunto de medidas necessárias para garantir a segurança e sanidade dos alimentos, em todas as suas fases, nomeadamente desde a sua produção e transformação, até ao seu consumo final. Neste trabalho foi realizado um estudo preparatório da higienização e implementação do sistema HACCP, com base num caso prático, numa empresa de lacticínios com produção de manteiga. Estudo da implementação do sistema HACCP na produção da manteiga Com o sistema HACCP pretende-se avaliar sistemática e logicamente os processos de manufactura, antecipando possíveis problemas de contaminação da manteiga. Foram aplicados os 7 princípios, bem como as 14 etapas do mesmo. Foram identificados os Pontos Críticos de Controlo (PCC), referentes ao fluxograma e condições de fabrico da indústria onde foi realizado o estudo. O Quadro 1 mostra um exemplo da aplicação do sistema ao processamento da manteiga, nomeadamente à batedura, à malaxagem e salga. ESB UCP 264 Quadro 1 Aplicação das etapas do sistema HACCP numa fase do processo de fabrico da manteiga Objectivos Fases Perigos Limites Críticos Medidas Preventivas do Processo Frequência Diária Batedura Textura Biológicos: Registo de tem- Padrões Verificar e controlar Malaxagem homogénea Desenvolvimento de peraturas; Bacteriológicos dos o tempo e Salga Evitar conta- forem incorrectas minações Correctivas Ajustar a humidade; Ajustar a Diária Alimentos a temperatura; Portugueses: Controlar a quanti- higienização; Manteiga dade de sal a adi- Análises - Bolores e Leveduras cionar; Alterar ou actualizar o Boa concen- microrganismos se o Cumprimento do tração de sal tempo/temperaturas Acções Monitorização Procedimento plano de concentração de sal; Diária físico-químicas por grama Realizar análises (humidade e - 100 UFC/cm2 físico-químicas e plano de cloretos); -Coliformes ausentes microbiológicas higienização Análises em 1 g comparando os microbiológicas. -Salmonella ausente resultados com os em 25g limites legais; do equipamento; Permanente Rejeição do produto. Verificação do cumprimento do Periódica plano de higienização; Manutenção do equipamento Para elaborar o Plano de Higienização estudou-se a forma de usar racionalmente os recursos disponíveis, escolheram-se os produtos, os métodos e a frequência de limpeza. Fez-se uma identificação dos sectores (Quadro 2) e uma descrição do equipamento, frequência e procedimentos da higienização (Quadro 3). Quadro 2 Exemplo da higienização para o sector 2 (Câmara Frigorífica da Manteiga em Blocos) Quadro 3 Descrição do procedimento P9 Sector Descrição Instalação e Frequência Equipamento 2 Câmara Frigorífica da Prateleiras Código de Procedimento Mensal P9 Manteiga em Blocos Empresa Preparação: Plano de HACCP (Higienização) Nº de edição: Nº de páginas: Data de aplicação: Data de revisão: Aprovação: Verificação: Procedimentos Operacionais Código de Procedimento - P9 Título: Limpeza das prateleiras das câmaras dos Sector 2 e 3 (Anexo 6) 1- Material Necessário: Água a20/30ºC; Pistola pulverizadora; Recipiente graduado Detergente Deopress HP; Mangueiras; para medir o detergente; Máquina de pressão; Luvas; 2- Descrição das Operações: Remoção de resíduos; Preparação da solução Deopress Deixar actuar o detergente Enxaguamento com jactos HP de concentração 0,5 a 2%; durante 10 minutos; de água fria; Aplicação da solução; Enxaguar com jactos de água fria; 3- Pontos Críticos: Cantos e dobras. Superfícies irregulares. ESB UCP 265 Conclusão Para se atingir a qualidade, em todos e qualquer produto é necessário cumprir um sem número de pressupostos essenciais. Referiram-se alguns, no entanto seria importante aprofundar e continuar este estudo de modo a contribuir para a obtenção de um produto alimentar com grande qualidade. Bibliografia ARILAIT, R. (1990). Le HACCP et l’índustrière, le méthode, : guide d’ápplication. Volume 1 ASEPT (1992). Microbiologie prédictive et HACCP,. Asert editeur. France CORREIA, P. (1999). Apontamentos da disciplina de Controlo da Qualidade. Escola Superior Agrária de Viseu. MORTIMORE, S.& WALLACE, C. (1994). HACCP, a pratical approach. Champman &Hall. London. NOVAIS, M. R. (1992). Sistema de identificação de riscos e controlo de pontos críticos. Revista Portuguesa de Nutrição.Lisboa. PIERSON, D. M.; CORLE, H ; DONALD, A. JR (1992). HACCP, principles and application. Champman & Hall. New York. ESB UCP 266 Tocoferóis como subprodutos da indústria dos óleos Simões, N., Felgueiras, I. DTIA – Departamento de Tecnologia das Indústrias Alimentares, INETI – LIA Estrada do Paço do Lumiar, 1649 – 038 Lisboa, Portugal Introdução Os tocoferóis, compostos pertencentes ao grupo da vitamina E, são os agentes antioxidantes mais potentes que existem na natureza. São produzidos por plantas, fundamentalmente cereais e oleaginosas, e por algumas algas. Por isso, as fontes mais ricas destes compostos na dieta humana são os óleos vegetais, e produtos derivados. Os tocoferóis - α, β, δ, γ - são derivados metilados do tocol, diferindo entre si pelo número e posição dos grupos metilo no núcleo aromático: Figura 1 Estrutura-base dos tocoferóis: tocol (R1 = R2 = R3 = H); α - tocoferol, ou 5,7,8 – trimetiltocol (R1 = R2 = R3 = Me); β- tocoferol, ou 5,8 – dimetiltocol (R1 = R3 = Me; R1 = H); δ- tocoferol, ou 7,8 – dimetiltocol (R1 = H; R2 = R3 = Me); γ- tocoferol, ou 8 – metiltocol (R1 = R2 = H; R3 = Me) Um factor crítico para a actividade antioxidante dos tocoferóis, e dos restantes elementos da família da vitamina E, é o grupo hidroxilo fenólico, já que o H cedido por este grupo estabiliza os radicais livres. Outro ponto crítico é também a existência de pelo menos um grupo metilo no anel aromático. Alterações na cadeia lateral isoprénica também influenciam o grau de actividade antioxidante. Assim, o α-tocoferol é biologicamente o mais activo, com três grupos metilo, seguido do β, δ e γ. As moléculas dos tocoferóis possuem três centros de assimetria, nomeadamente em C2, C4’ e C8’. Os tocoferóis isolados de fontes naturais apresentam a configuração R nos três centros de assimetria, sendo biologicamente mais activos do que os seus análogos sintéticos, misturas dos oito estereoisómeros possíveis. ESB UCP 267 Material e Métodos Foram analisados destilados de desodorização provenientes de uma indústria de processamento de óleo de soja, pela Norma IUPAC 2.432. As amostras foram extraídas com n-hexano, em banho de ultrasons, e diluídas igualmente com n-hexano. As soluções-padrão de α, β, γ e δ foram preparadas em n-hexano. A determinação do teor de tocoferóis de cada amostra foi efectuada por HPLC, com detecção por ultravioleta a 295 nm. Resultados e Discussão Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 1. Teor mínimo (%) Teor máximo (%) Média (%) α-tocoferol 0,8 1,9 1,4 ± 0,4 β-tocoferol 0,0 0,2 0,1 ± 0,1 γ-tocoferol 2,6 3,3 2,9 ± 0,2 δ-tocoferol 1,3 1,9 1,6 ± 0,2 α+β+γ+δ 5,8 6,3 6,0 ± 0,2 Tabela 1 Teor em tocoferóis, determinado em destilados de desodorização de soja Quando os óleos e azeites não se encontram em condições adequadas para consumo imediato, passam ainda por um processo de refinação, que compreende três etapas: neutralização alcalina, descoloração e desodorização. Os destilados de desodorização são os subprodutos da fase final de refinação. Sabe-se que, em média, o azeite tem 119 ppm de α-tocoferol e 7 ppm de γ-tocoferol, o óleo de soja tem 75 ppm de α-tocoferol, 15 ppm de β-tocoferol, 797 ppm de γ-tocoferol e 266 ppm de δ-tocoferol, e o óleo de girassol tem 487 ppm de α-tocoferol, 51 ppm de γ-tocoferol e 8 ppm de δ-tocoferol. Comparando estes valores com o teor total em tocoferóis das amostras analisadas, verifica-se que estas apresentam valores bastante elevados – a média do teor total em tocoferóis corresponde a 60000 ppm. Deste modo, verificamos que durante o processamento destes óleos, há uma perda extremamente elevada do teor em tocoferóis, e que estes podem ser encontrados em elevadas concentrações nos destilados de desodorização. A relação entre os vários tocoferóis nos destilados de desodorização e o óleo de soja é comparável, já que o γ-tocoferol se encontra em maior quantidade, seguido do δ, α e β. ESB UCP 268 Conclusões Os destilados de desodorização contêm teores de tocoferóis significativos. Por isso, o aproveitamento deste subproduto industrial pode trazer várias vantagens: a extracção dos tocoferóis presentes para posterior utilização e a diminuição de resíduos provenientes deste tipo de indústria. Uma possível aplicação de tocoferóis extraídos de destilados de desodorização é a indústria da cosmética, onde a utilização de vitamina E em pomadas, cremes e protectores solares – para evitar a sua deterioração, mas também pela sua acção antienvelhecimento/antioxidante e protectora dos raios UV – está extremamente difundida. A vantagem destes tocoferóis é a sua elevada actividade biológica, já que são extraídos de fontes naturais e a sua conformação confere-lhes um maior poder anti-oxidante do que a mistura de tocoferóis obtida por síntese, que é utilizada correntemente. Bibliografia 1 BRAMLEY PS, ELMADFA I, KAFATOS A, KELLY FJ, MANIOS Y, ROXBOROUGH HE, SCHUCH W, SHEEHY PJA AND K-H WAGNER. Vitamin E – a review. J Sci Food Agric 80 ESB UCP 269 Pesquisa de pesticidas organoclorados em águas por SPME-GC-ECD Santos S. M. D.,Vidal M. M.,Varejão J. e Conceição Costa M. Laboratório de Química – ESAC; Instituto Politécnico de Coimbra, Bencanta, 3040 Coimbra O trabalho aqui apresentado enquadra-se no esforço recente, desenvolvido no sector de Química/Bioquímica da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), na implementação de análises de rotina, para a detecção e quantificação de compostos organoclorados (a-BHC, lindano, heptacloro, endossulfão, dieldrina, endrina, 4,4’-DDD, 4,4’-DDT e metoxicloro). Nesse sentido, são apresentados resultados preliminares, referentes a amostras de águas, recolhidas em diversos pontos da ESAC, e que incluem águas subterrâneas e águas superficiais ribeirinhas utilizadas para fins agrícolas (cultura do milho e arroz). Os pesticidas foram separados utilizando um cromatógrafo gasoso com detector de captura electrónica e quantificados pelo método de calibração externa, tendo sido feita a extracção dos pesticidas, a partir das soluções padrão e amostras aquosas, por microextracção de fase sólida [1,2]. Parte Experimental Soluções padrão Uma solução stock de pesticidas organoclorados de concentração 550 µg/L em metanol (Riedel-de Haen) foi preparada por diluição a partir de uma mistura de pesticidas fornecida pela Supelco, Bellefonte, PA, USA. A partir desta solução foi preparada uma série de soluções padrão aquosos de concentrações 5,5; 13,8; 27,5; 41,3 µg/L. Técnica cromatográfica Cromatógrafo HP 6890 acoplado a um detector ECD; col capilar HP-5 (crosslinked 5 % PH ME siloxane), 30 m x 0,32 mm x 0,25 µm. temp. do injector 260°C (modo splitless durante 3 min); temp. do detector 310°C; temp. col.: 120°C (durante 1 min.) até à temp. final de 300°C (durante 10 min) a 9°C/min; gás de arraste: Hélio com uma pressão à cabeça da coluna de 25 psi; gás auxiliar Nitrogénio: com um fluxo no detector e ânodo respectivamente 60 e 6 mL/min. Os cromatogramas foram registados utilizando um integrador HP 3395. ESB UCP 270 Técnica de microextracção de fase sólida (SPME) Uma fibra de espessura 100 µm de polidimetil siloxano (PDMS), previamente acondicionada durante 1 hora a 250°C (Supelco, Bellefonte, PA, USA), foi imersa em 5 ml de cada um dos padrões e amostras aquosas. Tempo de extracção 45 min, com agitação magnética à temp. ambiente. Tempo de desabsorção dos analitos no injector a 260°C, 3 min. As amostras aquosas foram analisadas após filtragem (filtros millipore, 0,45 µm). Resultados e Discussão Para todos os pesticidas, obtiveram-se curvas de calibração efectuadas a partir da leitura de 4 padrões (método dos mínimos quadrados). Os valores dos desvios padrão relativo (RSD) variaram entre 12,0 % e 17,6 %, com excepção dos obtidos para os pesticidas DDD e DDT, para os quais se obtiveram valores ligeiramente superiores a 20 %. Em função destes resultados, considerou-se a calibração linear a passar pela origem para todos os pesticidas com excepção do DDD e DDT. Os coeficientes de correlação foram bastante satisfatórios, variando os seus valores entre 0,8930 e 0,9901, encontrando-se representada na Figura 1 a recta de calibração relativa à Dieldrina. Figura 1 Recta de calibração para análise de organoclorados: dieldrina para o intervalo de concentrações entre 5,50 e 41,3 mg/L Foram analisadas amostras, recolhidas de 5 pontos diferentes da área da Escola. Para cada amostra, foi feita a atribuição dos picos por comparação dos respectivos tempos de retenção com os das soluções padrão. O nível de pesticidas na água em análise foi determinado por interpolação da respectiva área na curva de calibração do componente correspondente e considerando que o limite de detecção do método foi de 0,039 µg/L. ESB UCP 271 Foi identificada, em 3 amostras, a presença do pesticida a-BHC com concentrações inferiores a 0,092 µg/L e, em 2 amostras, o pesticida DDT com concentrações inferiores a 0,052 µg/L (figura 2). Em ambos os casos, os teores encontrados foram inferiores ao limite máximo fixado pela legislação portuguesa (0,1 µg/L) [3]. Figura 2 Cromatograma relativo à análise de uma das amostras de água recolhidas na ESAC Bibliografia [1] L.H.KEITH, W.MUELLER, D.L.SMITH, Compilation of EPA’s Sampling and Analysis Methods, Lewis Publishers, inc. (1992) [2] H.LORD, J.PAWLISZYN, Evolution of solid-phase microextraction technology, J. Chromatography A, 885, 153-193 (2000). [3] M.L.MONTEIRO, J. ARAÚJO, Pesquisa de Pesticidas Organoclorados em águas de Abastecimento por SPME-GC-ECD, Tecnologias do Ambiente nº 34, Março 2000 ESB UCP 272 Determinação de corantes artificiais em bebidas por CLAE Prado M. A. e Godoy H. E. Faculdade de Engenharia de Alimentos – UNICAMP - CP 6121 CEP 13081-970, Campinas, SP, Br. Introdução Com o aumento das importações/exportações, a utilização de métodos cada vez mais confiáveis, eficientes e rápidos para a detecção, identificação e principalmente quantificação dos corantes sintéticos se faz mais necessário. A cor é associada a muitos aspectos da nossa vida e influência bastante as nossas decisões, incluindo aquelas que envolvem os alimentos. A aparência, segurança, características sensoriais e aceitabilidade dos alimentos são todas afetadas pela cor. Os aditivos são inofensivos à saúde desde que obedecendo aos percentuais máximos estabelecidos pela legislação. São permitidos no Brasil, o uso de onze corantes artificiais: amaranto, vermelho de eritrosina, vermelho 40, ponceau 4R, amarelo crepúsculo, amarelo tartrazina, azul de indigotina e azul brilhante, azorrubina, verde rápido e azul patente. Material e Métodos Foram analisados 18 tipos de chá com sabores de flores e frutas, 17 bebidas alcoólicas, 16 tipos de preparado sólidos para refresco, 12 tipos de bebidas isotônicas e 6 tipos de refrigerantes. Todas as amostras foram analisados com 2 lotes diferentes, identificados pela data de fabricação. As análises foram sempre realizadas em duplicata. Cromatografia Para análise em CLAE os corantes foram extraídos com água quente e filtrados em filtros de amostra com poro de 5 mm, em seguida injetadas. Os corantes são separados através de eluição isocrático. A coluna é condicionada com água/metanol 70:30 + 0.08 M de acetato de amônio por 12,5 minutos, e após esse período aciona-se a corrida com mudança de fase móvel para água/metanol 70:30. A vazão em ambos os casos é de 0,5 mL/min. ESB UCP 273 O tempo de corrida para a separação dos corantes era de 20 minutos. Essa metodologia permite a análise simultânea de oito dos onze corantes artificiais permitidos no Brasil. Resultados e Discussão O fluxograma da metodologia é apresentado na Figura 1, os valores quantitativos dos corantes artificiais encontrados são apresentados nas Tabelas 1, 2, 3 e 4. Das 17 amostras alcoólicas analisadas 4 apresentaram índices superiores aos permitidos, representando cerca de 24 % do total com problemas em seus teores de corantes artificiais. Já nas amostras não alcoólicas de 52 analisadas somente 6 apresentaram índices acima do permitido, sendo que todas as 6 amostras eram de preparado sólido para refresco, representando um total de 37,5 % dessas amostras (6 em 16 amostras de preparado sólido para refresco com problemas). Em nenhumas das 18 amostras de chá com sabores de frutas e flores, embora todos apresentassem coloração intensa, em nenhuma delas se constatou o uso de corantes artificiais em sua composição. Figura 1 Fluxograma da metodologia para CLAE utilizada na determinação de corantes artificiais pesagem da amostra extração ajuste de volume com H2O centrifugação e filtragem do sobrenadante em membrana tipo HAWP de 0.5 µm injeção no equipamento (loop 20 µL) condições cromatográficas coluna: Spherisorb 150x4.6mm d.i. C18, ODS2 (5mm) coluna de guarda: Micropore 30x4.6mm d.i. C18 (10mm) fase móvel: H2O/MeOH (7:3) vazão: 0.5 mL/min. condições do detector 595 nm para os azuis 525 nm para os vermelhos 450 nm para os amarelos leitura em detector de arranjo de diodos quantificação por padronização externa ESB UCP 274 Tabela 1 Teores de corantes artificiais (mg/100mL) em refrigerante* CORANTES MARCA COR/ tartrazina amarelo SABOR A (mg/100mL) amaranto crepúsculo laranja 0.60±0.03 uva 0.03±0.00 B laranja C laranja 0.46±0.03 uva 0.75±0.02 D laranja azul azul indigotina brilhante 0.01±0.00 0.61 0.27±0.01 0.03±0.00 0.38±0.01 2.83±0.2 TOTAL 0.33 0.38 0.05±0.01 3.56±0.5 3.34 0.46±0.01 4.77 2.9±0.3 2.88 *média e estimativas do desvio padrão das amostras analisadas em duplicata Tabela 2 Teores de corantes artificiais (mg/100mL) em preparados sólidos para refresco em pó* CORANTES A amarelo SABOR laranja tartrazina crepúsculo 11±2 4.8±0.6 morango B C laranja 3.9±0.7 1.7±0.2 2.3±0.5 maracujá 3.3±0.4 0.8±0.2 abacaxi 2±1 0.2±0.1 uva 3±1 11±1 limão 2.7±0.4 morango D 34±6 0.1±0.1 TOTAL 18.3 9±1 55.2 5.6 3±2 5.2 4.1 2.6 3.4±0.2 3.1±0.3 0.17±0.04 6.97 14.7 2.7 7±3 5 ±1 12.0 maracujá 15±1 6.4±0.5 21.4 abacaxi 2.3±0.4 0.18±0.07 2.48 laranja 3.9±0.9 1.6±0.2 5.5 maracujá 3±1 0.78±0.08 4.08 abacaxi 2±1 0.21±0.02 2.01 *média e estimativas do desvio padrão das amostras analisadas em duplicata UCP indigotina 16.2 2.5±0.6 11 ±1 laranja azul amaranto 16±3 uva morango ESB (mg/100mL) COR/ MARCA 275 CORANTES (mg/100mL) COR/ MARCA SABOR amarelo amaranto crepúsculo A vermelho azul 40 brilhante TOTAL uva 0.01±0.00 0.23±0.01 0.08±0.00 0.32 tangerina 0.22±0.01 0.01±0.00 0.01±0.00 0.24 Tabela 3 Teores de corantes artificiais (mg/100mL) em bebidas isotônicas* maracujá B melancia tangerina C 0.38±0.02 0.44±0.02 0.44 0.01±0.00 0.39 uva tangerina D acerola E pêssego laranja tangerina 0.33±0.02 uva 0.02±0.00 0.33 0.14±0.01 0.05±0.00 0.21 *média e estimativas do desvio padrão das amostras analisadas em duplicata CORANTES COR/ CLASSIFICAÇÃO MARCA amarelo SABOR azul tartrazina crepúsculo amaranto brilhante eritrosina A TOTAL Tabela 4 Teores dos corantes artificiais (100mg/100mL) em bebibas alcoólicas cassis cereja creme de cacau licores menta 25,9±0,6 25±1 50,9 kiwi traços 1,22±0.06 1,22 laranja 10,8±0.6 12,2±0.6 23 damasco B cacau kiwi aguardentes C aromatizados aperitivos 9,8±0,5 3,3±0,2 uva 1,64±0,08 traços 13,1 traços 1,64 canela D rosa E vermelho G 9,8±0,5 9,8 amarelo vermelho H vermelho *média e estimativas do desvio padrão das amostras analisadas em duplicata ESB UCP 276 Determinação de Ocratoxina A em cerveja Vicente D.1, Felgueiras I.2, Peito A.2, Catarino M.1 1 Departamento de Imunologia e de Microbiologia da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1600-083 Lisboa – Portugal. 2 Departamento de Tecnologia das Indústrias Alimentares, INETI, Estrada do Paço do Lumiar, 1649-038 Lisboa - Portugal Introdução A Ocratoxina A (OTA) é uma micotoxina biossintetizada essencialmente por várias espécies dos géneros Aspergillus e Penicillium em condições de humidade elevada e temperaturas moderadas (20-25°C). Devido à forte ligação que estabelece com as proteínas plasmáticas, aliado ao fraco poder de eliminação possui um efeito fortemente nefrotóxico, carcinogénico, hepatotóxico, teratogénico e imunossupressivo em variadas espécies de animais, tendo sido classificado pela IARC no grupo 2B como possível agente carcinogénico para os humanos. Esta micotoxina ocorre numa grande variedade de alimentos e bebidas incluindo os cereais, especiarias e frutos secos, assim como em certos produtos de origem animal e nos tecidos dos animais quando alimentados com rações contaminadas, com excepção dos ruminantes (Marquardt e Frohlich, 1992) que possuem enzimas e/ou microorganismos no estômago capazes de degradar parte da dose ingerida. Uma vez que baseado na Comissão do Codex Alimentário, foi estimado que a cerveja seria a 4ª maior fonte de exposição de OTA (Walker, 1999) para os humanos, foi nosso interesse determinar o teor de OTA em cervejas de mercado (Nacional /Internacional), assim como nas matérias primas vulgarmente utilizadas na Indústria Cervejeira (malte e “gritz”), analisados por ELISA e em HPLC com detecção por fluorescência, utilizando colunas de imunoafinidade (IAC). Método Experimental Extracção de ocratoxina em cereais A extracção de OTA em malte e “gritz” (milho triturado) é realizada segundo Sharman et al. (1992), com uma solução de PBS:metanol, utilizando IAC OCHRAEST‚ para purificação do extracto. O extracto eluído é evaporado e posteriormente reconstituído em fase móvel. ESB UCP 277 Extracção de OTA em cervejas e preparação para HPLC As cervejas foram analisadas segundo o método utilizado vulgarmente para vinhos (Visconti et al., 2000) utilizando colunas de imunoafinidade OCHRATEST‚ (Vicam) sendo o extracto eluído evaporado e posteriormente reconstituído em fase móvel. Separação cromatográfica e quantificação O doseamento de OTA foi realizado por HPLC através de uma coluna de fase reversa C18 com detecção por fluorescência (Sharman et al., 1992 e Visconti et al., 2000). Detecção e quantificação de OTA por ELISA As amostras de cereais e cervejas foram analisadas segundo a descrição do Kit (Ridascreen conercializado pela r-biopharm) utilizando rida ochratoxin (IAC) no processo de purificação de cereais. Resultados e Discussão Os resultados das análises diferentes cervejas, assim como das matérias primas (malte e “gritz”) estão resumidas na Tabela 1. Origem da amostra Positivos/Total Variação Malte 5/5 0,121-0,201 µg/Kg (1) “Gritz” 5/5 0,202-0,204 µg/Kg (1) Tabela 1 Ocorrência de Ocratoxina A nas diferentes amostras analisadas por HPLC Cervejas de produção Nacional 0/9 --- Cervejas de produção Estrangeira 2/8 0,043-0,064 ng/ml (2) (1) L. D. = 0,25 g/Kg (2) L. D.= 0,025 ng/ml A percentagem de recuperação do processo foi obtido a partir de amostras reforçadas com padrão de OTA em metanol obtendo-se um valor de 57 % para os cereais e de 63 % para as cervejas. É de salientar que todas as amostras analisadas apresentam pouca variabilidade nos valores obtidos, tal pode ser devido ao facto da Indústria Cervejeira preparar a sua produção a partir de um lote homogéneo, por forma a garantir as características do produto final - a cerveja - durante a produção de um ano. ESB UCP 278 Bibliografia MARQUARDT, R. R. E FROHLICH, A. (1992) - A review of recent advances in understanding ochratoxicosis. J. Anim. Sci. 70:3968-3988. SHARMAN, M.; MACDONALD, S. E GILBERT, J. (1992) -Automated liquid chromatography determination of ochratoxin A in cereals and animal products using immunoaffinity column clean-up. J. Chromatography. 603:285-289. VISCONTI, A.; PASCALE, M. E CENTONZE, G. (2000) - Determination of ochratoxin A in domestic and imported beers in Italy by immunoaffinity clean-up and liquid chromatogrphy”. Journal of Chromatography A. 888: 321-326. WALKER, R. (1999)- 3rd Joint FAO/UNEP International Conference on Mycotoxins, Tunis, 3-6 March. ESB UCP 279 Teores de carbamato de etilo em Vinhos Madeira Marques J. C., Rodrigues S. M. e Câmara J. S. Departamento de Química da Universidade da Madeira; Campus Universitário da Penteada; 9000-390 Funchal Nos nossos dias, a preocupação sobre a qualidade dos alimentos e a informação sobre contaminantes, e a eventual toxicidade dos constituintes alimentares, é uma constante e obriga a um crescente controlo da qualidade alimentar para manter a confiança dos consumidores. Surpreendente é o facto de, se muitas das preocupações da sociedade dizem respeito à detecção de contaminantes exógenos, resultantes do uso indevido de agentes de conservação ou da própria manipulação dos alimentos ou das suas fontes, não poder ser minimizada a possibilidade de compostos de origem endógena serem considerados nocivos para os produtos onde ocorrem, afectando negativamente a segurança da sua utilização. O carbamato de etilo (CE) é um bom exemplo deste facto. Reconhecido como sustância potencialmente carcinogénica e mutagénica, a sua utilização como agente de conservação, ou como anestésico, é actualmente diminuta. No entanto, é reconhecido como um constituinte típico dos alimentos obtidos por fermentação, sendo natural a sua presença em bebidas alcoólicas. A sua formação ainda é objecto de investigação sendo, no entanto, corrente a ideia da ligação primordial à reacção do álcool etílico com a ureia formada durante a fermentação, resultante do metabolismo dos amino-ácidos, nomeadamente da degradação da arginina (1). O aumento do teor em carbamato de etilo é ainda associado ao elevado teor alcoólico dos vinhos fortificados e ao facto da reacção com a ureia ser acelerada a temperaturas elevadas. Estes factores levaram ao levantamento de barreiras de segurança relativas à presença de carbamato de etilo em vinhos, nomeadamente nos países importadores da América do Norte. Por ser fortificado e submetido a estufagem, o Vinho Madeira, fabricado a partir de castas tradicionais, é considerado como potencialmente sujeito a teores elevados de carbamato de etilo. Este estudo incidiu sobre várias amostras de Vinho Madeira submetidas a análise antes e após estufagem, de modo a determinar a prioridade da origem ou do processo no eventual aparecimento de teores elevados de carbamato de etilo. ESB UCP 280 Dada a importância do reconhecimento dos resultados, seguiu-se o mais possível, a metodologia adoptada pela OIV (2), usando colunas de extracção em fase sólida ChemElut (Varian), com eluição em diclorometano e concentração em evaporador rotativo. As amostras foram posteriormente analisadas por GC-MS (Varian - Saturn 3, equipado com detector de armadilha de iões e ionização por impacto electrónico). Figura 1 Cromatogramas obtidos para uma das amostras “contaminada” com CE; topo: corrente total; meio: m/z 62; baixo: m/z 62 + m/z 44 Apesar de uma elevada percentagem de extracção e uma boa reproductibilidade da curva de calibração, o CE, quando presente em pequenas quantidades, sofre a interferência de outras impurezas provenientes do vinho ou da própria eluição das resinas, tornando quase impossível a sua quantificação sem recorrer à detecção selectiva de iões característicos do CE. No entanto, em vez dos iões m/z 62, 74 e 89, recomendados pela OIV e tendo em conta a diminuta intensidade dos dois últimos, optou-se por seleccionar apenas o ião m/z 62 e, para melhor sensibilidade, a soma dos iões de m/z 62 e 44. A monitorização selectiva destes iões permite “limpar” o cromatograma e melhorar de forma significativa a determinação da eventual presença de CE no vinho em causa – ver Figura 1. Os ligeiros aumentos de CE verificados nas amostras estudadas – ver Fig. 2., confirmam estudos anteriores (3) e parecem indicar que os processos de fermentação e estufagem correntemente usados para o vinho Madeira não são determinantes no eventual aparecimento de teores elevados de carbamato de etilo. ESB UCP 281 Figura 2 Cromatogramas obtidos para uma das amostra antes e após estufagem; ião m/z 62 Referências 1. C.S. OUGH, E.A. CROWELL AND L.A. MOONEY; Am.J.Enol.Vitic., Vol. 39, nº 3 (1988) 2. Regulamento (CE) nº 761/1999 da Comissão, de 12 de Abril (1999) 3. M.A. FERREIRA AND J.O. FERNANDES; Am.J.Enol.Vitic., Vol.43, nº 4 (1992) ESB UCP 282 Changes in chemical parameters during breadmaking of Broa as compared with commercial cereals and breads Rocha J. M. and Malcata F. X. Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa, Rua Dr. António Bernardino de Almeida, P-4200-072 Porto, Portugal Broa is a traditional type of bread, which is manufactured at the farm level in Northern Portugal in the absence of a starter culture, usually following ancient protocols. This food is obtained from maize and rye flours, after wetting, which are inoculated with a given amount of previously fermented dough. Like doughs of similar breads in other countries, the dough for Broa contains a complex microflora which, owing to synergistic interactions, produces distinct acidic tastes and unique flavors; its low pH also contributes to extended shelf-lives. The consumption of this kind of sourdough bread has been increasing rapidly throughout the latest few years, especially in Central Europe and Scandinavia; this trend anticipates a major opportunity for expansion of the international market of Broa. In this work, several chemical parameters were studied in maize and rye flours, sourdough and final Broa, obtained from a number of traditional producers, with the purpose of better understanding what happens during the fermentation and baking processes: moisture content (moisture loss method), ashes at 550°C (incineration method), pH (potenciometric method), fermentative quocient and total titratable acidity, buffer capacity (titration method), and lactic and acetic acid contents (enzymatic method). In addition, our results were compared with those pertaining to other flours and breads (viz. samples of commercial wheat flour, rye flour, white bread, oat bran and sourdough rye breads) from Finland, a country where a large number of sourdough breads originate. As expected, the percent moisture in sourdough and Broa is much higher than in flours, due to the water added during preparation of the dough; however, the baking process does not lead to extensive water losses. The moisture value in white bread is much lower than in Broa. The increasing ash content correlates with the increasing acidity and volatile compound content in bread: studies have shown that high volatile concentrations, produced by lactic acid bacteria, are obained when high percent ash and high total titratable acidity are recorded, as well as high amino acid contents (due to strong ESB UCP 283 proteolytic activity). The rye flours exhibit the highest ash contents, and Broa the lowest ones; the percent ash in sourdough rye breads make apparent the contribution of rye flours for the final ash content of the breads. It is usual to rank sourdoughs according to pH, total titratable acidity and fermentative quocient values. It is expected that the total titratable acidity in sourdoughs increases slightly during the initial stage of fermentation, due the low metabolic activity of lactic acid bacteria and the high activity of yeasts. Low pH values, as a result of fermentation by lactic acid bacteria, promote increases in the loaf volume, whereas optimal baking conditions control the enzymatic activity and elasticity (that will extend shelf-life). Mean acidity values are much low in flours when compared with those attained after the fermentation process (in dough and bread). The pH decreases during fermentation, and increases slightly during the baking process due to acid evaporation. The pH values can be used to distinguish between white bread and Broa: wheat flour exhibits a pH value identical to that of maize and rye flours, but a lower acidity. In spite of the similar pH values, white bread has the highest pH and the lowest acidity, and these values are similar to those found in wheat flour. Wheat bread fermentation is brought about only by yeasts, which are determinant for gas production, but lack the heterolactic fermentation, which is responsible for the acidic taste of Broa. Hence, it can be concluded that Broa is an intermediate between wheat bread and rye sourdough breads in terms of acidity. With respect to buffering capacities, maize and rye flours are identical; oat bran has a singular value. The lowest buffering capacity is accounted for by wheat flour, hence indicating that the constant pH and total titratable acidity values obtained in wheat bread are due the type of prevailing fermentation. A high buffering capacity in flours correlates well with a high acid concentration in the bread. A decrease in lactic and acetic acid contents is apparent during the baking process, which is in agreement with results for total titratable acidity. The L-lactic acid concentration is slighly above that of D-lactic acid; the acetic acid is present at lower levels, and is very important to protect bread against microbial contamination. Homofermentative lactic acid bacteria have a higher inhibitory effect than heterofermentative against coliforms. The sourdough capacity to survive microbial spoilage depends upon the amounts of lactic and mainly acetic acids produced by lactic acid bacteria, as well as the strains present and the contents of fermentable substrates, initial pH and buffering capacity. Usually, homofermentative strains promote higher fermentation quocients than heterofermentative strains of lactic acid bacteria. ESB UCP 284 As a general conclusion, one notes that the properties of Broa are indeed unique, and lie somewhere between those of commercial wheat bread and rye sourdough breads. The fermentation time of Broa should in principle be extended so as to take full advantage of acidification, both towards desirable final taste and as means to control undesirable microflora. ESB UCP 285 Produção de aflatoxinas por Aspergillus parasiticus ATCC 15517 em culturas mistas com Aspergillus candidus Marina Martins H. M.1, Bernardo F.2 e Martins M. L.1 1 2 Lab. Nac. Investigação Veterinária, Est. Benfica, 701 ,1549-011, Lisboa. CIISA /Fac. Med. Veterinária, Polo Universitário da Ajuda . Rua Prof Cid Santos-1300-477, Lisboa Resumo O objectivo deste estudo foi avaliar o efeito da interacção biótica de uma estirpe A. candidus, co-residente habitual em alimentos e uma estirpe, produtora de aflatoxinas (A. parasiticus ATCC 15517). Para isso promoveram-se culturas mistas em dois substratos eugenésicos: um natural (milho) e outro sintético (Caldo de “Czapeck” modificado). As culturas foram incubadas durante 8 e 12 dias a 28°C. As culturas mistas revelaram elevado sinergismo obtendo-se ganhos globais de produtividade média superiores a 120 %. O efeito sinérgico foi mais acentuado no substrato sintético do que no milho triturado. Introdução Face ao enorme impacto sanitário e económico da ocorrência das Aflatoxinas nos alimentos, têm-se efectuado diversas tentativas para condicionar ou limitar a respectiva biosíntese em condições naturais (Trucksess et al., 1988). Têm sido preconizadas e aplicadas diversas metodologias de controlo e de destoxificação dos alimentos, recorrendo a processos físicos (tratamentos térmicos, embalagem a vácuo) e químicos, usando substâncias fungistáticas que limitam o desenvolvimento dos bolores produtores ou aplicando, nas matérias-primas, substâncias não absorvíveis adsorventes de micotoxina (silicatos) (Phillips et al.1995). A incorporação dessas substâncias nos alimentos (aditivos), para além de ser bastante onerosa não é totalmente destituída de risco para a saúde dos utilizadores (Wheeler et al. 1991). Por isso, importa estudar a viabilidade e desenvolver de outros métodos alternativos, eficazes na prevenção da biossíntese (Dorner, et al. 1992). As competições bióticas são portanto uma “ferramenta” que têm vindo a ser testada a título experimental na expectativa de se obter uma neutralização ou diminuição dos níveis de produção das Aflatoxinas ou de metabolização das micotoxinas pré-formadas (Lacey, 1986). ESB UCP 286 O objectivo deste trabalho foi avaliar a capacidade competitiva e eventual inibição da Aflatoxinogénese, de uma estirpe indígena de Asp. candidus com Asp. parasiticus toxígeno. Material e Métodos Utilizou-se uma estirpe tipo produtora (Asp. parasiticus ATCC 15517) e uma estirpe desafio Asp.candidus, isolada de uma ração para animais. O modelo de produção e método de pesquisa e doseamento foram os descritos por Martins et al. 1999 . Os resultados dessas quantificações foram tratadas estatisticamente: desvio padrão (DP)e variância (p). Resultados e Discussão Verificou-se que todos os ensaios se revelaram sinérgicos relativamente à produção de aflatoxinas, sendo esse fenómeno mais acentuado no substrato sintético (quadros 1, 2 e 3). Quadro 1 Produções de Aflatoxinas em CCDM aos 8º e ao 12º dias de incubação 8° dia 12° dia A. parasiticus A. parasiticus (testemunha) A. candidus + A.parasiticus (testemunha) A. candidus + A. parasiticus (n=33) (n=33) AFLs mg / 50ml mg / 50ml % mg / 50ml mg / 50ml % B1 0,471 0,600 +27,4 0,598 0,900 +50,5 0,600 +226,1 0,600 +189,9 0,600 +255,0 0,600 +237,1 2,700 +134,4 (DP±0,11) (DP±0,07) B2 0,184 G1 0,175 0,500 +184,1 0,147 0,500 +240,1 0,978 0,178 (DP±0,02) (DP±0,01) Total 0,169 (DP±0,02) (DP±0,02) G2 0,207 (DP±0,04) (DP±0,07) 2,200 (DP±0,07) +124,9 1,152 (DP±0,11) CCDM – Caldo de Czapek Dox Modificado AFLs –Aflatoxinas ; (n=)-Número de ensaios; DP - Desvio padrão Wei et al. (1991) assinalaram a capacidade de algumas estirpes de Asp. candidus para produzir ácido kógico, cuja acção sobre o pH do substrato favorece a conversão da Aflatoxina B1 em B2 e G1 em G2,o que pode ajudar a justificar os aumentos signi- ESB UCP 287 8° dia 12° dia A. parasiticus A. parasiticus ATCC 15517 A. candidus + A.parasiticus ATCC 15517 (testemunha) (n=33) ATCC 15517 (testemunha) (n=33) A. candidus + A.parasiticus ATCC 15517 AFLs mg/50 g mg/5g % mg/50 g mg/50 g % B1 0,520 0,600 +15,4 0,906 0,900 -0,7 0,500 +13,4 0,800 +13,8 0,500 +43,7 0,500 +164,6 2,700 +25,8 (DP±0,06) B2 (DP±0,07) 0,441 (DP±0,04) G1 +118,6 0,400 0,183 0,348 (DP±0,05) +63,9 0,300 0,183 (DP±0,02) Total 0,703 (DP±0,13) (DP±0,02) G2 Quadro 2 Produções de Aflatoxinas em Milho triturado ao 8º e ao 12º dias de incubação 0,189 (DP±0,02) +35,6 1,800 1,327 (DP±0,08) 2,147 (DP±0,19) CCDM – Caldo de Czapek Dox Modificado AFLs –Aflatoxinas ; (n=)-Número de ensaios; DP - Desvio padrão 8° dia 12° dia A. parasiticus A. parasiticus ATCC 15517 Asp candidus + ATCC 15517 Asp candidus + (testemunha) Asp. parasiticus (testemunha) Asp. parasiticus (ATCC 15517) (n=33) (ATCC 15517) (n=33) Total 0,978 2,200 (+124,9 %) 1,152 2,700 (mg AFLs/50 ml) (DP±0,07) 9,37 (DP±0,11) (+134,4 %) Biomassa 8,700 (+54,0 %) (g=) (DP±0,51) 12,620 13,33 (DP±1,33) (+23,7 %) Quadro 3 Rendimento da produção das Aflatoxinas em CCDM aos 8º e ao 12º dias de incubação Rendimento (mg AFLs/g) (a) 0,112 0,235 0,09 0,203 (p=) (p=0,005) (+111,6 %) (p=0,0004) (+125,6 %) CCDM – Caldo de Czapek Dox Modificado AFLs –Aflatoxinas ; (n=)-Número de ensaios; DP - Desvio padrão; p -Variância (a) - mg de Aflatoxinas (B1+B2+G1+G2) / g de Biomassa Fúngica ficativos registados nestas fracções. Boller e Schroeder (1973), realizaram também ensaio de biocompetição com estirpes de Asp. candidus e de Asp. flavus toxígeno, utilizando arroz e tendo constatado um claro antagonismo entre as estirpes. Fizeram, no entanto, incubações a 37°C, o que pode de alguma forma limitar o desenvolvimento de Asp. candidus, que é um bolor com tendência psicrotrópfica. Lee et al. (1986) utilizando milho como substrato, também obtiveram, tal como neste estudo, aumentos substanciais das fracções G1 e G2 em cultura intercativas de Asp. candidus com Asp. flavus toxígeno. ESB UCP 288 Bibliografia 1. BOLLER, R. A. E SCHROEDER, H. W. 1974. Influence of Aspergillus candidus on production of aflatoxin in rice by Asp.parasiticus. Phytopathology, vol: 64, 121123. 2. DORNER,J.W., COLE, R.J. E BLANKENSHIP,P.D. 1992. Use de biocompetitive agent to control preharvest Aflatoxins in drought stressed peanuts. J. Food Protection 55, 888-892. 3. LEE,L. S., PARISH, F. W. E JACKS, T. J.1986. Substrate depletion during formation of aflatoxin and Kojic acid on corn inoculated with Aspergillus flavus. Mycopathol.93: 105-107 4. MARTINS, H.M., BERNARDO,F.M. E MARTINS M. L. 1999. Produção de Aflatoxinas “in vitro”. Rev. Portuguesa Ciências Veter. vol: XCIV,nº 532 :177- 181 5. PHILLPS,T. D., SARR, A. B. E GRANT, P. G. 1995. Selective chemisorption and Detoxification of aflatoxins by phyllosilicate clay. Natural Toxins, 3: 204-213. 6. TRUCKSESS, M.W.; STOLDEF,L. E MISLIVIC, P. B.1988. Effect of temperature, water activity e other toxigenic mold species on growth of Asp. flavus and Aflatoxins prodution on corn, beans and soybeans. J. Food Protection.51, 361-363. 7. WEI, C. S., HUANG, T.S., CHEN,J. S., MARSHALL,M. R. E CHUNG,K. T. 1991. Production of Kogic acid by Asp. candidus in three culture media. J. Food Protection,54:546548. 8. WHEELER,M.H., BHATNAGAR,D. E KLICH,M.A. 1991. Effects of chlobenthiazone on Aflatoxin in biosynthesis in Asp. parasiticus and Asp. flavus. Pestic. Biochemic. Physiol.41, 190-197. ESB UCP 289 Comportamento de leveduras osmotolerantes Pinto, M. Â., Rocha, A. M. M. e Estevinho, M. L. M. F. Departamento de Biologia, Escola Superior Agrária, 5300 Bragança, Portugal O mel é constituído essencialmente por água e açucares. Os açucares representam cerca de 95-99 % da matéria seca deste produto. Os alimentos com elevado teor em açúcar possuem uma flora microbiana constituída quase exclusivamente por bolores osmotolerantes e por leveduras. De entre as leveduras isoladas, salienta-se a predominância da espécie Zygosaccharomyces rouxii, considerada a mais osmotolerante de todas as leveduras. As leveduras pertencentes ao género Candida, por serem leveduras oportunistas de assimilação por excelência, podem provocar quer a deterioração de produtos alimentares quer doenças no homem e nos animais (Larpent, 1991). As alterações provocadas pelas leveduras osmotolerantes, são caracterizadas por um aroma de fermentação devido à produção por parte destes microrganismos de pequenos teores de etanol, esteres, aldeídos e outros produtos voláteis (Phaff et al., 1978). Vários investigadores (Malfeito-Ferreira, 1990; Larpent, 1991; Thomas e Davenport, 1985; Estevinho, 1995) salientam que a principal acção de controle deve incidir sobre a higiene e a esterilidade do equipamento e das operações de enchimento e embalagem. Neste trabalho fomos comparar a resistência, no que respeita ao crescimento, à produção de biomassa e à viabilidade celular, de duas estirpes de leveduras, a diferentes açucares (glucose, frutose e sacarose). As estirpes utilizadas foram Zygosaccharomyces rouxii ESA 17 e Cryptococcus humicolus ESA 51, isoladas pela Escola Superior Agrária de Bragança a partir de um mel de néctar e de um mel de melada, respectivamente. Em qualquer um dos processos estudados, os açucares exerceram basicamente dois tipos de efeitos: inibidores do crescimento e da produção de biomassa e estimuladores da morte térmica. Adicionalmente, e em todos os casos, os efeitos observados obedeceram a cinéticas exponenciais, tendo sido possível estimar as respectivas constantes de estimulação ou inibição, bem como os valores das concentrações necessárias para reduzir em 50 % a taxa específica de crescimento e a produção de biomassa e das concentrações abaixo das quais os efeitos negativos dos açucares no crescimento não foram mensuráveis. ESB UCP 290 Os estudos realizados foram conduzidos em células da Zygosaccharomyces rouxii ESA 17 e Cryptococcus humicolus ESA 51 crescidas num meio com glucose como única fonte de carbono e energia . No que diz respeito ao crescimento observou-se que, a 25°C e a pH 4,0, os diferentes açucares, para concentrações superiores à concentração mínima inibitória induziram efeitos negativos sobre a taxa específica de crescimento e sobre a produção de biomassa, que se acentuaram com a concentração de açucares no meio extracelular. Os resultados obtidos em C. humicolus, de um modo global qualitativamente análogos aos observados em Z. rouxii, foram no entanto, em termos quantitativos distintos, tendo sido os efeitos inibitórios inferiores na primeira levedura. De um modo sistemático, constatou-se que os valores das concentrações de açúcar mínimas necessárias para induzir efeitos inibitórios mensuráveis na taxa específica de crescimento foram mais elevados para C. humicolus, do que para Z. rouxii. Além disso, a toxicidade dos açucares, a temperatura constante e quando expressa pelo parâmetro constante exponencial de inibição do crescimento, foi mais baixa em C. humicolus. Por outro lado, os estudos sobre viabilidade celular, demostraram que, em condições isotérmicas, os vários açucares afectaram a viabilidade celular e estimularam a morte térmica. No entanto, quando fomos comparar, os valores absolutos para os parâmetros utilizados para expressar a toxicidade dos açucares, de novo se verificou que, os efeitos foram menos pronunciados em C. humicolus, do que em Z. rouxii. Com efeito os valores das concentrações mínimas estimuladoras da morte obtidos para cada um dos açucares, foram superiores para C. humicolus. Por sua vez, os valores das constantes exponenciais de estimulação foram mais altos em Z. rouxii. Adicionalmente comparando a resistência das duas leveduras em estudo a diferentes açucares (glucose, frutose e sacarose) verificou-se que, é maior a resistência a elevada pressão osmótica, quando esta é obtida mediante a utilização de sacarose. ESB UCP 291 Bibliografia ESTEVINHO, M. L. M. F. (1995). Resistência da levedura Zygosaccharomyces bailii a ambientes extremos: Estudo sobre toxicidade e utilização dos ácido acético e outros ácidos monocarboxílicos. Tese de doutoramento. Universidade do Minho, Braga. LARPENT, J. P. (1991). Biotechnologie des levedures. Massou, Paris. MALFEITO-FERREIRA, M. (1990). Ecologia, fisiologia e controle microbiológico de leveduras de alteração de alimentos. Síntese bibliográfica apresentada para provas de aptidão pedagógica e capacidade científica, Instituto Superior de Agronomia, Lisboa. PHAFF, H. J., MILLER, M. W. E MRAK, E. M. (1978). The life of yeasts, (2end edition). Harvard University Press, Boston, USA. THOMAS, D. S. E DAVENPORT, R. R. (1985). Zygosaccharomyces bailii- a profile of characteristics and spoilage activities. Food Microbiology, 2, 157-169. ESB UCP 292 Determination of nitrofurans in feeds by HPLC Nunes da Costa, J.M. & Casqueira J. Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, Estrada de Benfica nº701, 1549-011, Lisboa Resumo Medicated animal feedingstuffs play a crucial role in intensive livestock production systems throughout the world. Such products perform two functions: firstly, they act as prophylactics in the prevention of disease, and secondly, as growth promoters when added as sub-therapeutic levels to improve the efficiency of feed conversion. In the European Community the use of these substances in feedingstuffs is controlled by Council Directive 70/254/EEC which has been amended many times over the last few years. Nevertheless, there are some molecules that are completely forbidden in veterinary practice, according to Annex IV of Council Regulation (EC)2377/90. Among others, nitrofurans (NF) were banned due to the their potential toxicological risk posed to the consumers by their protein-bound metabolites, although they can be illegally used in animal production, in order to benefit from their zootechnical effects. A liquid chromatographic method is described for a multiresidue determination of four NF in feeds, namely, nitrofurazone (NFZ), nitrofurantoin (NFT), furazolidone (FZ) and furaltadone (FU). Determination limits of 1 ppm were obtained, allowing a proper monitorization of commercial feeds. The procedure involves a sample extraction with acetonitrile, SPE cleanup, and separation by HPLC using a reverse phase column with UV detection at 365 nm. ESB UCP 293 ESB UCP 294 ESB UCP 295 Dificuldades práticas na implementação de sistemas de autocontrolo em estabelecimentos de restauração colectiva Mendes S., Azevedo D. e Fernandes M. Instituto Técnico De Alimentação Humana, S.A. Introdução Apesar da cadeia alimentar europeia ser uma das mais seguras a nível mundial, a problemática ligada à segurança alimentar ressurgiu à luz dos recentes e tão mediatizados casos de Encefalopatia Bovina Espongiforme (BSE) e de dioxinas no frango, entre outros(1). Neste sentido assiste-se, por um lado, a um alargamento das políticas para modelos mais abrangentes e integrados ao longo de toda a cadeia alimentar (“da exploração agrícola até à mesa”) e, por outro lado, à crescente sensação de que as metodologias preventivas de autocontrolo, das quais a Análise de Riscos e Controlo de Pontos Críticos (HACCP) é a mais conhecida, se apresentam como uma solução eficaz na obtenção de produtos alimentares verdadeiramente seguros.(1,2) A este facto não é alheia a transposição, para o Direito Nacional, da Directiva Comunitária 93/43 sobre a forma do Decreto de Lei (DL) n.º 67/98, que é um dos diplomas legais fundamentais na regulamentação das normas de higiene a que devem estar sujeitos os géneros alimentícios, bem como as modalidades de verificação do cumprimento dessas normas. O presente decreto (alterado pelo DL n.º 425/99 de 21 de Outubro) preconiza que todas as empresas do sector alimentar devem possuir sistemas de autocontrolo, para identificar todas as fases das suas actividades, de forma a garantir a segurança dos alimentos e velar pela criação, aplicação, actualização e cumprimento dos procedimentos de segurança adequados.(3,4,5,6) Metodologia Realizou-se um levantamento das condições de funcionamento em estabelecimentos de restauração colectiva, com o objectivo de identificar as principais dificuldades práticas na implementação de sistemas de autocontrolo. Os dados foram recolhidos durante os meses de Junho e Julho, em 192 estabelecimentos, sendo 154 (80 %) localizados a Norte do Rio Mondego e 38 (20 %) localizados a Sul do Rio Mondego. ESB UCP 296 Discussão e Conclusões Dos resultados obtidos verificou-se que os hábitos de higiene pessoal são prejudicados por: inexistência de vestiários e, por vezes, de sanitários; ausência de vestiários exclusivos, favorecendo a promiscuidade entre roupa de trabalho e corrente; falta de lavatórios com comando de abertura não manual, dificultando as tarefas de higienização de mãos e antebraços; e concepção inadequada das portas com maçaneta tipo “bola”, permitindo a sua abertura apenas com uso das mãos. Por outro lado, muitos dos manipuladores de alimentos não possuem qualquer tipo de formação na área da segurança alimentar. Embora o ITAU realize cursos de actualização periódicos, a alta rotatividade do pessoal, dificulta a abrangência dos programas a todos os colaboradores das equipas, constituindo de per si uma dificuldade na implementação de metodologias de autocontrolo. Dada a importância dos manipuladores, não seria imperativo que estes fossem dotados de formação específica, antes de iniciarem a sua actividade? E esta consciencialização e especialização não contribuiriam, de forma decisiva, para a aquisição de hábitos de preenchimento de registos, sistematização de processos e cumprimento de procedimentos? Quanto às instalações, de um modo geral, a sua concepção dificulta as tarefas de higienização, com consequente aparecimento de focos de contaminação. As janelas e outras aberturas desprotegidas e as portas de comunicação com o exterior sem dispositivo de mola, propiciam o aparecimento de pragas variadas. A contaminação cruzada é favorecida pela inexistência de circuitos de “marcha em frente”, que induz retrocessos no processamento alimentar, e pela falta de zonas, equipamentos e utensílios exclusivos para cada tarefa. A manutenção de temperaturas adequadas, desde a recepção até à distribuição, é impossível num cenário onde os equipamentos são escassos ou, por vezes, inexistentes. Por último, acresce ainda a estas dificuldades práticas o facto de a actividade empresarial da restauração colectiva ser desenvolvida nas instalações do cliente, com as condições disponibilizadas por este. Resta-nos concluir que, previamente à de implementação de qualquer sistema de autocontrolo, em estabelecimentos de restauração colectiva, é necessário investir em pré-requisitos, nomeadamente na elaboração de programas abrangentes de formação profissional, na melhoria global da concepção de instalações e na aquisição de equipamentos e utensílios adequados. ESB UCP 297 Bibliografia (1) Livro Branco Sobre a Segurança dos Alimentos. Bruxelas: Comissão das Comunidades Europeias, 2000. (2) Código de Boas Práticas para a Restauração Colectiva. Lisboa: Associação de Restauração e Similares de Portugal, 2000. (3) Directiva n.º 93/43/CEE de 14 de Junho. JOCE. (4) Directiva n.º 96/3/CEE de 26 de Janeiro. JOCE. (5) DL 67/98 de 18 de Março. DR Iª Série A. (6) DL 425/99 de 21 de Outubro. DR Iª Série A. ESB UCP 298 Traditional delicatessen and hurdle technology Combined technologies system in semi-solid environment Santos A., Tarnow P.(1), Oliveira C., M. Silva A M. and Nabais R. Departamento de Ciência Tecnologia Alimentar, Escola Superior Agrária de Coimbra Technische Universitat Berlin, Alemanha (1) Introduction This work aims an exploratory recognition for scaling up industrialization of curing codfish, Gadus morhua. The specific objectives of the future industrial process are: i - lower down the final salt content in the product and in the liquid effluents; ii - recovery sensorial characteristics of old processes of fish curing; iii - increase the commercial value of the final product; iv - valorization of an increasing scarce raw codfish; vi - increase the safety of the product and its shelf life; v - obtain a valuable product with an excellent final appearance for delicatessen market. Hurdle technologies are unconsciously applied in traditional foods processes[1,2]. The redesign of those processes for codfish will lead to a production in a way environmentally adequate and inherently safe. Ancient process of curing fish, by outdoors drying process, were experimental simulated, considering a fermentation pre-step, followed by environmental controlled sequential-looped drying process (natural and forced convection air) aiming pathogenic contention, minimizing the final salt content in the codfish and of the process wastes and increasing the industrial yield. Along the experimental process, the evolution of physical chemical characteristics (moisture on dry basis, pH, water activity and color development), fermentation agents concentrations and pathogenic consequences of microorganisms presence were quantified, considering their dependence from controlling factors (these are: static pressure, temperature, initial salt content, starter concentration, periods and conditions of drying). Methodologies Samples preparation Standard “geometrical” shapes of unfreeze fish samples (slabs with approximately 1,0 cm height and 20 g) were prepared with different salt concentrations [0.0, 5.0, 7.5, 10.0 ESB UCP 299 and 12.5 % (w/w)] wet basis and a commercial starter concentration [0.0, 1.0 and 2.0 g/kg of fish] wet basis. These samples were submitted to environmental controlled conditions at laboratory level to a solid state fermentation (room temperature and 10°C) - followed by, cycled-sequential drying steps (natural and forced system at 20°C, along different periods). The lab work was based in [5], followed by a preliminary test at industrial scale. Methods Table 1 lists the main methodologies, used in this work. Characteristic Assessment methodology/equipment Moisture, Dry matter, ashes Gravimetric analysis Salt content AOAC - 935.43 Total acidity AOAC - 920.124 Color development Hunter system with a Minolta Chroma meter CR-200 pH Table 1 List of methodologies supporting experimental work AOAC - 981.12 Potentiometer ref. PHM61 and solid electrode CRISSON Water activity at 20ºC (aW) Rotronic - Hygroskop DT Texture Stevens LFRA - Texture analyzer Mesophiles NP-459, 1985, DR III Série n.º 175, 1985/08/01 Lactobacillus spp. NP - 1995, 1982 Molds and yeast NP - 3277- Parte1 e 2 , 1987 NP 1934, DR, III Série n.º 36, 1986/02/13 Escherichia coli NP-2308, 1986, DR III Série n.º 217, 86/09/20 Clostridium perfrigens NP-2261, 1986, DR III Série n.º 217, 86/09/20 Streptococcus faecalis Brain Hart solution, Baird-Parker (directly), microscopic observations, catalase probe Sthaphylococcus aureus NP-2260, 1986, DR III Série n.º 217, 86/09/20 Bacillus cereus Bacillus cereus agar Salmonella ssp TECRA®‚ Unique™ Salmonella Listeria TECRA®‚ Unique™ Listeria Some results and their conclusions Some of the experimental results are synthesized in the Figures 1, a), b) and c), showing salt effects under isothermal conditions for the fermentation step, Figures 2 a) and b) showing starter effect on color development, Figure 3, showing fermentation temperature effect on final moisture content, at industrial level, and Table 2, that resumes situations of unsafe results obtained during fermentation step. ESB UCP 300 From Figure 1a) as it can be foreseen, an higher estimated industrial yield (water retention) and a decrease in water activity were obtained, when salt concentrations increase (Figure 1b), whereas a differential pH of near 0.8 unity is obtained when using starter, being the pH profiles values higher for lower salt concentrations. Figure 1 Salt effect (room temperature) The commercial starter exhibited a strong inhibition to salt content, even in MRS media, at 20°C, with an optimum growth rate at 2.5 % (w/w), and a decreasing rate of 0.25 [expressed as Differential Optical Density/ %(w/w) of added salt]. Not only the optimal temperature for the starter development, in MRS and in codfish, increases with the decreasing of temperature, but also the decreasing rates decrease with the temperatures (data not showed). At industrial level, for instance, tristimulus direct measurements of the color development show for L* values (increasing values: black-white axe, lightness axe); a* (increasing values: green-red axe), and b* (increasing values blue-yellow axe), were estimated from the Hunter scales compared with a white plate, L* (97.8), a* (-0.6) and b* (2.1) as reference. The use of higher starter concentrations induces a darker, a yellowed and an opalescent final processed fish, specially if the salt content and temperatures for both fermentation and drying processes are lower [(Figure 2 a) and b)]. At industrial level and after fermentation and drying process there are no visible deposits of salt crystals, which is a good characteristic for cured foods. Figure 2 Effect of starter in color development (10°) ESB UCP 301 Figure 3 Effect of fermentation temperature in final moisture content Table 2 shows that, during an extended fermentation step, it is apparent the potential of the process for pathogenic contamination. starter [g/kg] Bacillus cereus Staph. aureus Enterococcus Salmonella Clostridium Water activity (aw) pH 10 0 - - - + + + - 0.75 5.8 3 10 1 + + + - + - - 0.70 5.9 3 10 2 + + + + + - - 0.70 6.0 3 12.5 0 - - + + + + - 0.70 5.7 3 12.5 1 + + + - + + - 0.69 6.3 3 12.5 2 - - + + + - - 0.69 6.1 10 10 0 - - - - + - - 0.69 5.7 10 10 1 - + - - + - - 0.69 5.6 10 10 2 - - - - + + - 0.70 5.7 10 12.5 0 - + - - + - - 0.70 6.0 10 12.5 1 - + - - - - - 0.70 6.1 10 12.5 2 - + - - + - - 0.70 5.0 Coliforms Salt content [% (w/w)] 3 E. Coli Days of fermentation Table 2 Identified potential pathogenic effects, in extended fermentation step, with 1g/L of starter, at 10°C ESB UCP 302 Acknowledgements The authors want to thank LUGRADE - Bacalhau de Coimbra, Lda for general support to this work. Biblography [1] CASTRO, JERÓNIMO Osório de - Experiências de cura amarela do bacalhau e seu possível interesse na secagem de peixes em climas quentes, Lisboa, [s.n. DL. 1962] [2] GASPÉ curedTM: in http://www.total.net/~gascured/poindex.html (accessed in Mars, 30, 2001. ESB UCP Área temática 3: Controlo de Qualidade Alimentar (HACCP, novos métodos analíticos, análises químicas e organolépticas) 305 Desenvolvimento e validação de um método de PCR para detecção de tecidos de bovino em rações Torres M. E.1,2, Fonseca E.1, Gomes M. L.2, Nóbrega M. F.2,3, Vidal R.2 1 Instituto Superior de Ciências da Saúde – Sul, Qta. da Granja, 2829-511 Caparica Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Av. Forças Armadas, 1600-083 Lisboa 3 Estação Florestal Nacional – Tapada das Necessidades, R. do Borja, Nº2, 1399-059 Lisboa 2 Introdução A incorporação de tecidos de mamíferos nos alimentos para animais foi proibida de modo a evitar a proliferação da Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), assim como para minimizar o potencial risco da sua transmissão aos humanos. A BSE é uma doença fatal degenerativa que afecta o sistema nervoso central dos bovinos [1] e tem origem alimentar devido à incorporação de farinhas de carne e osso contaminadas nas rações [2]. Neste sentido iniciámos o desenvolvimento e validação de um método de PCR “Polymerase Chain Reaction” para a análise de ADN mitocondrial (mtADN) de bovino em rações. Este estudo pretende conseguir um método qualitativo e semi-quantitativo, testando-se a selectividade, o limite de detecção, a repetibilidade, a reprodutibilidade, o rigor e a robustez. Material e Métodos Efectuou-se inicialmente o tratamento de fígado de bovinos para obtenção da fracção mitocondrial de modo a extrair o mtADN, este foi amplificado por PCR para pesquisa e confirmação. Procedeu-se de igual modo com os fígados obtidos de outras espécies animais. Extraiu-se também mtADN de rações contaminadas com farinha de carne e osso de bovino [3]. Amostras de tecidos: fígados de borrego, bovino, coelho, frango, peru e suíno (obtidas comercialmente). Amostras de rações: amostras consideradas, pelo método microscópico, positivas e negativas (em tecido de mamífero) [3]. Método de extracção do mtDNA: extracção com sílica pulverizada e tiocianato de guanidina [4]. Amplificação pelo método de PCR: o ADN extraído a partir das rações e da fracção mitocondrial dos fígados foi usado como substracto para a amplificação específica por PCR de um fragmento de 271 pb, utilizando os “primers” L8129/H8357 [5]. ESB UCP 306 Separação dos produtos de PCR: os fragmentos de ADN amplificados foram separados por electroforese em gel de agarose a 0,8 % e visualizados pela intercalação de brometo de etídio, sob luz ultravioleta a 302 nm. Resultados e Conclusões O produto de PCR obtido com o mtADN de bovino e com o par de “primers”, corresponde ao fragmento mitocondrial de bovino de 271 pb, coincidindo com resultados anteriormente obtidos [3]. A selectividade é avaliada testando o ADN obtido de várias espécies animais, verificando-se que os “primers” utilizados são específicos, e que o método é altamente selectivo para a análise de mtADN de bovino. O limite de detecção é determinado a partir de soluções sucessivamente mais diluídas da solução de mtADN extraído do fígado de bovino. Efectuaram-se séries de diluições do mtADN em triplicado e respectivos ensaios de PCR para cada série de diluições. Efectuou-se também um ensaio de PCR com as soluções das três séries de diluições. O limite de detecção encontrado foi de ≈1,7 ng.mL-1 (Figura 1 e Tabela 1). Para o estudo da repetibilidade foram analisadas três rações contaminadas com farinha de carne e osso (nas proporções de 20, 10 e 0,5 %) e também seis amostras de mtADN provenientes de seis bovinos diferentes. Concluiu-se que o método apresenta resultados idênticos para as mesmas amostras analisadas. Verificou-se a reprodutibilidade do método uma vez que a amplificação específica de um fragmento de 271 pb foi conseguida com características semelhantes numa série de ensaios de PCR. Os ensaios foram efectuados no tempo e no espaço: duas épocas, Verão e Inverno, e Figura 1 Gel de agarose dos produtos de PCR resultantes da amplificação do fragmento de 271 pb. Ensaios para determinação do limite de detecção: efectuaram-se três séries de diluições a partir da solução de mtADN extraído de fígado de bovino ESB UCP 307 Colunas Descrição das bandas M Marcador “Low DNA Mass Ladder”, (fragmentos): 2000, 1200, 800, 400, 200 e 100 pb 1 amostra sem mtADN, controlo negativo 2, 9, 16 solução mãe (87,7 _g.mL-1): solução de mtADN extraído de fígado de bovino Tabela 1 Descrição das colunas e respectivas bandas, apresentadas na Fig.1 soluções diluídas a partir da solução mãe factores de diluição: 3, 10, 17 1 : 10 4, 11, 18 1 : 102 5, 12, 19 1 : 103 6, 13, 20 1: 5x104 (*) 7, 14, 21 1 : 104 8, 15, 22 1 : 105 * valor considerado para o limite de detecção dois laboratórios distintos. O rigor do método foi testado e verificado pelo ensaio de amostras de rações inicialmente isentas de tecidos de mamíferos e às quais foi adicionada farinha de carne e osso de bovino numa série de concentrações (entre 20 % e 0,125 %). Relativamente à robustez do método foram testados três factores susceptíveis de influenciarem os resultados: a concentação de MgCl2, a concentração de “primers” e a temperatura de hibridação. Para cada factor realizou-se ensaios sobre duas amostras de mtADN bovino, tendo-se concluído que o método apresenta robustez. Bibliografia 1. HILLERTON, J.E. (1998). Bovine Spongiform Encephalopathy: Current Status and Possible Impacts. J. Dairy Sci. 81: 3042-8. 2. NATHASON, N.; WILESMITH, J. & GRIOT, C. (1997). Bovine Spongiform Encephalopathy (BSE): Causes and Consequences of a Common Source Epidemic. Am. J. Epidemiol. 145: 959-969. 3. TORRES, M.E.; FONSECA, E.; GOMES, M.L.; NÓBREGA, M.F. E VIDAL, R. (2000) Detecção de ADN mitocondrial de bovino pelo método de PCR para aplicação na análise de rações. Livro de Resumos, XIV Encontro Luso-Galego de Química, Braga. 4. BOOM, R.; SOL, C.J.A.; SALIMANS, M.M.M.; JANSEN, C.L.; WERTHEIM-VAN DILLEN, P.M.E. & VAN DER NOORDAA, J. (1990). Rapid and Simple Method for Purification of Nucleic Acids. J. Clin. Microbiol. 28: 495-503. 5. TARTAGLIA, M.; SAULLE, E.; PESTALOZZA, S.; MORELLI, L; ANTONUCCI, G. & BATTAGLIA, P.A. (1998). Detection of bovine mitochondrial DNA in ruminant feeds: a molecular approach to test for the presence of bovine-derived materials. J. Food. Prot. 61: 513-518. ESB UCP 308 Gross composition and physico-chemical parameters during the manufacture of dry-cured lacón, a Spanish traditional meat product Lorenzo J. M., Froufe M., Carballo J., Prieto B. and Franco I. Área de Tecnología de los Alimentos, Facultad de Ciencias de Orense, Universidad de Vigo, 32004 Orense, Spain Introduction Traditional cured meat products, made from whole meat pieces of pork or beef, are commonly produced and consumed in different countries throughout the world. Drycured lacón is a salted and ripened meat product made in the north-west of Spain (Galicia) from the fore extremity of the pig following a technological process very similar to those of dry-cured ham. The aim of this work, is to study the gross and the mineral composition and the physico-chemical parameters during the manufacture process of this meat product. Materials and Methods Samples Five batches of lacón were elaborated, as described by Marra et al. (1999). From each batch, samples were taken of fresh pieces (0 days), at the end of the salting stage, at the end of the post salting stage (15 days after removing the pieces from the salt) and at the end of the drying-ripening stage (90 days after removal of the pieces from the salt). Each sample consisted of one whole lacón piece. Analytical methods The gross composition (total solids, protein, fat, ash, NaCl, nitrate and hydroxyproline) and physico-chemical parameters (pH, aw, titratable acidity and nitrosyl-heme pigments) were analysed as described by Marra et al. (1999). The main (P, Ca, Na, Mg and K) and trace (Zn, Fe, Mn and Cu) mineral element contents determination was carried out by ICP-AES, previous incineration and dilution of lacón samples. Statistical analysis Means with a significant difference (p<0.05) were compared by the least squares difference (LSD) test using the program Statistica for Windows 5.1, by StatSoft, Inc., 1996. ESB UCP 309 Results and Discussion Table 1 shows the data of the gross composition and physico-chemical parameters studied during lacón manufacture. Total solids content increased during the manufacture process, reaching final values of 60.38 g/100 g of lacón. Final protein and fat contents (expressed as g/100 g TS) were 52.80 and 22.31, respectively. Protein content was similar and fat content was lower than those observed in other dry-cured products elaborated with whole meat pieces such as Spanish Serrano ham (Astiasarán et al., 1991). Sampling points A Total Solids (TS)1 2 B 39.51±2.16b 50.11±3.63c 60.38±7.40d b c 52.80±4.21c ab 22.31±8.04b c 23.35±3.80c 63.92±1.37 2 30.07±2.47 a 2 a Fat D 29.49±1.31a a Protein C 58.08±3.51 24.09±3.34 ab 15.65±1.89 b 49.78±4.21 27.51±6.13 Ash 2.72±0.51 NaCl2 1.58±0.49a 12.18±2.02b 20.82±2.81 17.90±1.54c 19.50±1.72c Nitrate3 10.14±2.77a 26.73±3.80b 47.89±6.10c 58.37±3.58d Hydroxyproline2 0.75±0.09a 0.61±0.12ab 0.55±0.14b 0.58±0.07b aw 0.992±0.002a 0.938±0.007b 0.855±0.037c 0.766±0.052d 6.11±1.21a 9.08±0.88b 13.42±1.31c 16.44±2.09d 5.98±0.24 a a 0.27±0.06 a Nitrosyl-heme pigments3 pH 4 Titratable acidity 6.16±0.29 0.43±0.12 ab a 6.04±0.18a b 0.72±0.07c 6.12±0.30 0.57±0.13 Table 1 Changes in the gross composition and physico-chemical parameters during the manufacture of dry-cured lacón (average values ± S.D. of the five batches) A, Raw pieces; B, after salting; C, after post-salting stage; D, after drying-ripening stage 1 Expressed as g/100 g lacón, 2 Expressed as g/100 g T, 3 Expressed as mg/Kg lacón, 4 Expressed as g lactic acid/100 g total solids a-d Means in the same row without a common letter are significantly different (p<0.05) Ash and sodium chloride contents were very high after salting, their values reached 23.35 and 19.50 g/100 g TS, respectively, after drying-ripening stage. These values were higher than those found by other authors in similar products (León Crespo et al., 1982). The pH values remained fairly stable throughout the whole process with values close to 6 and the aw values decreased during process reaching final values of 0.766. Table 2 shows the changes of main and trace elements during the manufacture of dry-cured lacón. These were similar to those found by other authors in ham (Alcalde Castiñeira et al., 1995; Lozano et al., 1998). Na and Fe were the most abundant main and trace elements, respectively, during the manufacture process. Their contents increased from 4.50 g/Kg TS and 15.73 mg/Kg TS, in the first sampling point to 53.17 g/Kg TS and 59.34 mg/Kg TS, respectively, at the end of the manufacture process. ESB UCP 310 Table 2 Changes in the main and trace mineral elements during the manufacture of dry-cured lacón (average values±S.D. of the five batches) Sampling points A B C D Ca1 0.08±0.04a 0.10±0.06a 0.12±0.03a 0.23±0.09b P1 5.25±0.55a 3.98±0.52b 3.17±0.59c 2.72±0.51c Na1 4.50±0.86a 31.43±3.07b 45.18±2.53c 53.17±9.49d Mg1 0.20±0.03a 0.21±0.02a 0.22±0.02a 0.38±0.14b 4.03±0.39 a b c 7.24±0.77d 7.42±1.75 a a 10.32±1.00b a ab 5.89±3.31b 1 K Zn 2 2 4.93±0.40 7.46±0.97 a 2.71±1.53 a 5.70±0.33 8.07±1.12 Cu 2.08±1.11 Mn2 0.24±0.08a 0.37±0.23a 3.74±2.29 1.07±0.86ab 2.16±1.99b Fe2 15.73±5.62a 23.18±10.38a 33.26±22.14ab 51.54±30.04b A, Raw pieces; B, after salting; C, after post-salting stage; D, after drying-ripening stage 1 Expressed as g/kg TS, 2 Expressed as mg/kg TS a-d Means in the same row without a common letter are significantly different (p<0.05) References ALCALDE CASTIÑEIRA, E., GÓMEZ, R., CARMONA GONZÁLEZ, M.A. AND FERNÁNDEZ SALGUERO, J. (1995). Alimentaria, 262, 63-67. ASTIASARÁN, I., CID, C. AND BELLO, J. (1991). Rev. Agroquim. Tecnol. Aliment., 31, 3745. LEÓN CRESPO, F., BELTRÁN DE HEREDIA, F., FERNÁNDEZ SALGUERO, J. AND ALCALÁ, M. (1982). Proceedings of the European Meeting of Meat Research Workers. 4.27, 238-240. LOZANO, M., VIDAL -ARAGÓN, M.C., SABIO, E. AND MONTERO DE ESPINOSA, V. (1998). Alimentaria, 294, 39-43. MARRA, A.I., SALGADO, A., PRIETO, B. AND CARBALLO, J. (1999). Food Chem., 67, 33-37. ESB UCP 311 Sistemas de análise por injecção em fluxo (FIA) para a determinação colorimétrica de fósforo em leites Reis Lima M. J.*, Fernandes S. M. V., Rangel A. O. S. S. Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa, R. Dr. António Bernardino de Almeida , 4200-072 Porto, Portugal *Endereço permanente: Escola Superior Agrária de Viseu, Instituto Politécnico de Viseu, Campus Politécnico, Repeses, 3504-510 Viseu, Portugal Introdução A determinação de espécies químicas em leites envolve um conjunto de tratamentos complexos da amostra, de modo a adequar a sua composição aos requisitos dos sistemas instrumentais de medida. Assim, verifica-se que as análises efectuadas em leites são geralmente morosas, sendo a automatização do processo analítico uma prioridade. Nesta comunicação descreve-se o desenvolvimento de dois sistemas FIA para a determinação do fósforo no leite, definindo duas alternativas de trabalho. A primeira teve como objectivo a automatização da determinação colorimétrica do fósforo, baseada na reacção do azul de molibdénio, em amostras de leite previamente digeridas num sistema Kjeldahl. A segunda consistiu na automatização da determinação colorimétrica e do processo de digestão do leite, o qual envolveu uma hidrólise ácida a quente e oxidação com peroxidissulfato de potássio catalisada pela radiação ultravioleta. Procedimentos FIA Os dois sistemas de injecção em fluxo desenvolvidos são apresentados na Figura 1. Figura 1 Sistemas FIA desenvolvidos para a determinação de fósforo em leites A - amostras ou padrões; Qi - reagentes (Q1 = H2SO4 2M; Q2 = peroxidissulfato de potássio 6 g/L; Q3 = água desionizada; Q4 = cloreto de estanho (II) 0,17 g/L; Q5 = molibdato de amónio 9,4 g/L); Ri - comprimento do reactor, em cm (R1 = 400; R2 = 400; R3 = 100; R4 = 200; R5 = 200); V - volume de injecção (30 µL); E - esgoto; tUV - lâmpada de radiação ultravioleta; Bt - banho termostático (90°C); λ - espectrofotómetro (710 nm). ESB UCP 312 Procedimento FIA sem digestão em linha (Fig. 1b) Antes da sua introdução no sistema, as amostras de leite são digeridas pelo método de Kjeldahl. Uma porção de 30 µL deste digerido é injectada num fluxo transportador de água (Q3), dirigida para a confluência c, onde se mistura com o reagente de cor previamente formado na confluência d (Q4 + Q5). A reacção colorimétrica desenvolve-se ao longo do reactor (R5), sendo a variação de absorvância detectada espectrofotometricamente a 710 nm. Procedimento FIA com digestão em linha (Fig. 1a) A amostra (A) é continuamente misturada com uma solução de ácido sulfúrico 2 M (Q1) na confluência a, seguindo depois para um reactor (R1) mergulhado num banho termostático (90°C). Esta solução conflui em b com uma solução de peroxidissulfato de potássio (Q2) e prossegue ao longo do reactor (R2) que se encontra enrolado à volta de uma lâmpada de UV. Por fim, uma alíquota (30 µL) desta amostra digerida, é injectada no sistema FIA anteriormente descrito. Aplicação a amostras de leite Os resultados obtidos na análise de vários tipos de leite com os sistemas desenvolvidos são comparáveis com os obtidos pelo método de referência [1] (Tabela 1), apresentando desvios relativos inferiores a 6,2 %. Ambos os sistemas apresentam boa repetibilidade (desvios padrão relativos inferiores a 1 %) e limites de detecção de 4 e 2 mg P/L, respectivamente para os sistemas com e sem digestão em linha. Tabela 1 Resultados obtidos com os sistemas FIA desenvolvidos Sistemas FIA CFIA = C0 + SCref. C0a Sa rb Nº amostrasc RSDd (%) Sem digestão em linha - 40 (±180) 1,04 (±0,20) 0,974 10 (813 – 984) 0,54 (834 ppm) Com digestão em linha 9 (±112) 0,973 (±0,154) 0,969 14 (647 – 844) 0,66 (668 ppm) a Os valores contidos entre parênteses são os limites dos intervalos de confiança a 95%; b Coeficiente de correlação; c intervalo de concentrações encontrado nas amostras indicado entre parênteses; d desvio padrão relativo obtido após 10 injecções consecutivas da mesma amostra, com a concentração indicada entre parênteses ESB UCP 313 Os resultados obtidos com o sistema FIA com digestão em linha são comparáveis com o método de digestão tradicional Kjeldahl, apresentando ainda boa precisão. Verifica-se que o sistema FIA sem digestão em linha, apesar de apresentar um maior ritmo de determinação (cerca de 30 por hora), apresenta o inconveniente de implicar maior dispêndio de tempo na digestão da amostra, uma vez que são necessárias mais de 3 horas para a sua preparação. Com o sistema FIA com digestão em linha, todo o procedimento (da digestão à determinação) é concluído em cerca de 6 minutos. [1] MSDA (1973). Manuel Suisse des Denrées Alimentaires (5eme ed., vol. 2, chapitre 1/27-28). Berne: Office central fédéral des imprimés et du matériel. ESB UCP 314 Determinação de aminas biogénicas em vinhos e mostos por cromatografia gasosa/espectrometria de massa. Desenvolvimento de uma metodologia baseada num processo de derivatização bifásico com cloroformato de isobutilo J.O. Fernandes e M. A. Ferreira CEQUP/Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha, 4050-047– Porto, Portugal Introdução As aminas biologicamente activas, normalmente designadas por aminas biogénicas, formam-se naturalmente como produtos metabólicos em microorganismos, plantas e animais superiores. A sua presença nos alimentos é resultado de actividade enzimática endógena ou de desenvolvimento microbiano não controlado. Há hoje uma evidência crescente de que podem estar na origem de fenómenos de intolerância alimentar. Tradicionalmente a determinação de aminas em alimentos tem sido feita através de métodos de HPLC na forma de derivados com características espectrais adequadas, geralmente para a sua detecção por fluorescência. A maior debilidade destes métodos diz respeito à limitada capacidade de separação, que reduz o número de compostos passíveis de serem analisados em simultâneo, e aos problemas de instabilidade que caracterizam muitos dos derivados usados. A análise de aminas por cromatografia gasosa, em especial se associada à espectrometria de massa, apresenta-se como uma alternativa interessante, muito usada noutras áreas analíticas. Processos deste tipo têm vindo a ser por nós desenvolvidos para a aplicação a vinhos e mostos [1,2]. Nesta comunicação é apresentado um método de GC-MS baseado num processo bifásico de derivatização com cloroformato de isobutilo, caracterizado pela facilidade de execução (evita um processo prévio de extracção) e pelos elevados níveis de sensibilidade e de precisão atingidos. O método permitiu a detecção e quantificação em mostos e vinhos do Porto de 11 das 20 aminas ensaiadas (metilamina, dimetilamina, etilamina, 2-metilbutilamina, isoamilamina, 1,3-diaminopropano, putrescina, cadaverina, 2-feniletilamina, tiramina e pirrolidina). São apresentados os resultados obtidos nos ensaios de validação efectuados e na sua aplicação a amostras de vinhos do Porto e de mostos. ESB UCP 315 Parte Experimental Processo de derivatização A uma alíquota de 5,0 mL de amostra adicionou-se 100 µL de uma solução em HCl 0,1 M com os 7 padrões internos usados ([2H5]etilamina, [2H3]metilamina, [2H8]pirrolidina, [2H8]putrescina, anfetamina, hidroxianfetamina e heptilamina) de forma a obter uma concentração na amostra de 1 mg/L de cada. Transferiu-se 1,0 mL para um frasco de vidro silanizado de 5 mL, adicionou-se 1,0 ml de tolueno, alcalinizou-se a mistura com 1,0 mL de sol. tampão fosfato 0,5 M (pH 12) e, finalmente, adicionou-se 25 µL do reagente derivatizante, o cloroformato de isobutilo. Agitou-se manualmente durante 10 min (seguidos de cerca de 30 s de agitação em vórtex) e centrifugou-se a 5000 rpm durante 5 min. Dividiu-se então a fase toluénica (fase superior) em duas porções: a) uma porção de 250 µL foi evaporada à secura sob uma ligeira corrente de azoto, a 80 ºC. O resíduo foi redissolvido em 100 µL de tolueno, tendo-se usado a solução obtida para a determinação da tiramina. b) uma segunda porção de 500 µL foi adicionada de 500 µL de metanol alcalino. Agitou-se manualmente o tubo durante 5 minutos, adicionou-se 1,5 mL de NaOH 5 M e voltou a agitar-se manualmente durante mais 5 minutos. Centrifugou-se a 5000 rpm durante 5 min. Usou-se a fase toluénica para a determinação de todas as aminas em estudo, com excepção da tiramina. Equipamento e Condições Operatórias Usou-se um cromatógrafo de gases, modelo HP GC-6890, equipado com um injector split-splitless e com um sistema electrónico de controlo do fluxo gasoso e associado a um detector selectivo de massa, modelo Agilent MSD-5973N. A introdução das soluções a analisar no aparelho de GC-MS foi feita manualmente, no modo splitless, com um pulso de pressão (32 psi; 45 s), à temperatura de 250 ºC. A separação cromatográfica foi feita numa coluna HP5 (30 m x 0,25 mm x 0,25 µm), tendo-se usado 2 diferentes programas de temperatura de acordo com as aminas a determinar. A temperatura da interface foi mantida a 280°C. A aquisição de dados foi feita em modo de monitorização selectiva de iões, tendo-se usado, no caso da tiramina, um único grupo de iões, enquanto no caso das outras aminas se usaram 5 diferentes grupos de iões variáveis no tempo. Resultados e Discussão O método desenvolvido apresentou excelentes características para a quantificação simultânea de aminas voláteis e não voláteis em matrizes complexas como são os vinhos do Porto e os mostos. ESB UCP 316 Figura 1 Exemplos de cromatogramas iónicos reconstruídos (obtidos a partir do mesmo cromatograma iónico total) referentes a uma amostra de vinho do Porto e usados para fins quantitativos ESB UCP 317 O facto dos cloroformatos serem agentes derivatizantes capazes de actuar na presença de água associado ao uso de um processo bifásico de derivatização, tornou dispensável uma fase prévia de extracção dos compostos com os consequentes ganhos em tempo e rendimento daí provenientes. Os derivados obtidos (carbamatos) apresentaram excelentes características cromatográficas e, com o uso apropriado de vários padrões internos, escolhidos de acordo com o tipo de aminas a analisar, foi possível a obtenção de resultados de grande qualidade analítica, como demonstrado pelos resultados obtidos nos testes de linearidade, precisão e recuperação efectuados. A aplicação do método a amostras de vinhos do Porto e de mostos mostrou, genericamente, a presença de pequena quantidades de aminas biogénicas (somatório inferior a 10 mg/L). Para 2 das aminas mais abundantes, putrescina e pirrolidina, foi evidenciada pela 1ª vez a existência de fenómenos de degradação e formação, respectivamente, durante o envelhecimento dos vinhos. Referências [1] FERNANDES, J.O.; FERREIRA, M.A., Simultaneous determination of diamines, polyamines and aromatic amines in Port wine and grape juice by GC-MS after ion-pair extraction and derivatization with heptafluorobutyric anhydride J. Chromatogr. A 2000, 886, 183. [2] FERNANDES, J.O.; FERREIRA, M.A., Determination of histamine in Port wines and grape juices by ion-pair extraction and stable isotope dilution gas chromatography – mass spectrometry Chromatographia 2000, 52, 77. ESB UCP 318 Estudo da interacção cortiça-vinho. Proposta de uma metodologia Duarte A., Barros A., Rocha S. e Delgadillo I. Departamento de Química, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro, Portugal Introdução Uma das mais importantes contaminações da cortiça é o TCA (2,4,6-tricloroanisol) o qual tem sido associado à presença de um defeito conhecido como “mancha amarela”. Esta contaminação pode influenciar negativamente as características do vinho quando em contacto com este tipo de cortiça (Rocha et al. 1996). O TCA é altamente volátil e pode desaparecer do vinho, num curto espaço de tempo, após abertura da garrafa. Assim, em casos de litígio é preciso contar com métodos complementares à metodologia de detecção de TCA para estabelecer se o defeito tem ou não origem na rolha de cortiça. O objectivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia que forneça indicadores para detectar no vinho compostos residuais, provenientes do contacto com cortiça contaminada. Material e Métodos Foram analisados discos de cortiça fornecidos por uma indústria corticeira. Os discos foram divididos em 2 grupos, conforme obtidos de pranchas não contaminadas (N) ou de pranchas contaminadas com “mancha amarela” (MA). Foram preparados 15 erlenmeyers para cada grupo de amostras - N e MA. Em cada erlenmeyer colocaram-se 2 discos (aproximadamente 2 g) e 40 mL de etanol 10 % (v/v). Os discos permaneceram mergulhados na solução, no escuro e à temperatura ambiente durante 15 dias. Em seguida os discos foram retirados e os extractos etanólicos mantidos a 4°C enquanto se procedia à sua análise. Parte da solução foi utilizada para análise directa e a outra parte foi liofilizada. Fluorescência As soluções etanólicas foram analisadas directamente, tendo sido obtido o espectro de excitação entre 300 e 500 nm com emissão a 450nm. ESB UCP 319 Espectroscopia de Infravermelho com Transformadas de Fourier (FTIR) No caso das amostras liofilizadas foi utilizado um ATR horizontal com cristal de diamante de uma reflexão (resolução de 8 cm-1 e 256 scans). Para as soluções etanólicas procedeu-se a uma extracção por SPE (Solid Phase Extraction) sendo a fase sólida discos de 10 mm de Parafilm M (Tilitta et al. 1996). Os discos de Parafilm foram imersos nas amostras durante 24 horas. Foram obtidos espectros de transmissão dos discos de Parafilm (resolução 8 cm-1 e 8 scans). SPME - Cromatografia gasosa com detecção por espectrometria de massa (SPMEGC-MS) As amostras foram extraídas directamente, por imersão na solução, utilizando uma fibra de polidimetilsiloxano (100 mm), analisadas por GCMS-SIM, tendo sido seleccionados, para o TCA, os seguintes iões: m/z 167, 195, 210 e 212. Análise Multivariada Análise de Produtos Externos (OPA). Esta técnica multivariada permite a combinação da informação de dois ou mais domínios com o fim de modelizar as relações que possam existir entre eles, seja ao nível das variáveis ou das amostras (Barros, 1999). Resultados e Discussão O estudo dos componentes principais (PC), no caso da análise espectrofluorimétrica permitiu separar os 2 grupos de amostras, permitindo identificar uma banda a 396nm que se relaciona com a presença da “mancha amarela”, enquanto que os discos não contaminados puderam ser associados à banda a 333 nm. Relativamente aos resultados obtidos por SPE-FTIR, a Análise Multivariada permitiu separar os 2 grupos de amostras e atribuir como indicadoras da presença de “mancha amarela” às bandas a 1456, 1390, 1237 e 730 cm-1. A análise das amostras liofilizadas por ATR-FTIR permitiu igualmente a discriminação. A análise conjunta das duas séries de resultados de FTIR permitiu uma maior discriminação entre os dois grupos de amostras (Fig.1a). As bandas características dos discos com “mancha amarela” são 1726, 1337 e 1190cm-1.Com o objectivo de estudar a relação do ATR-FTIR e a fluorescência, foi efectuada uma análise do produto externo (OPA) entre estes dois domínios. Na Fig.1b estão representadas as coordenadas vectoriais (PC2 vs. PC3) da matriz do produto externo resultante de uma análise de componentes principais. ESB UCP 320 Figura 1 a) Coordenadas factoriais da análise por SPE-FTIR e das amostras liofilizadas por ATR-FTIR, na região entre 1840 e 600 cm-1 b) Coordenadas factoriais da combinação FTIR ⊗Fluorescência A B O eixo PC2 está relacionado com a distinção entre as amostras de ambos os grupos (N e MA), contendo 30 % da variabilidade total. A análise por SPME-GCMS-SIM acusou a presença de TCA em amostras contaminadas com “mancha amarela” enquanto que as amostras consideradas boas não apresentaram TCA. Em conclusão, a Fluorescência e o FTIR mostram-se como técnicas promissoras na detecção de compostos residuais da contaminação ocasionada pela “mancha amarela” quando comparadas com o GCMS-SIM, técnica agora tradicional, para a quantificação de TCA. Projecto Financiado pela FCT, Projecto PRAXIS/P/AGR/11237/1998 Referências ROCHA, S.; DELGADILLO, I.; FERRER CORREIA, A. J. A GC-MS study of volatiles of normal and microbiological attacked cork from Quercus suber L. J. Agric Food Chem. 1996, 44, 865-871 TILOTTA, D.C.; HEGLUND, D. L. Determination of volatile organic compounds in water by solid phase microextraction and infrared spectroscopy Environ. Sci. Technol. 1996, 30, 1212-1219. ESB UCP 321 Caracterização e extracção supercrítica de óleo das sementes da Cucurbita ficifolia Lopes L. e Bernardo-Gil M. G. Centro de Engenharia Biológica e Química, Departamento de Engenharia Química, Intituto Superior Técnico, Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa A Cucurbita ficifolia vulgarmente conhecida pelo nome de abóbora Chila, é tradicionalmente utilizada no fabrico de doces. O objectivo deste trabalho consistiu no estudo dos óleos extraídos das sementes de abóbora Chila, sub-produto das fábricas de produção de doce de Cucurbita ficifolia. Neste sentido, estudou-se a extracção supercrítica (ESC) com dióxido de carbono, que foi realizada numa instalação semelhante à descrita por Esquível e Bernardo - Gil, e compararam-se os resultados obtidos usando a extracção clássica com solventes orgânicos. Esta comparação foi feita ao nível da caracterização química bem como dos parâmetros de extracção de forma a optimizar o processo. Verificou-se que o tamanho da partícula é o factor que mais influencia a velocidade e a eficiência da extracção supercrítica. Nas mesmas condições de pressão, após 2 horas de extracção, usando a farinha com Dp=0.36 mm extraem-se por supercrítica 93 % do óleo extraído por Soxhlet com n-hexano e com farinhas com Dp=0.59 mm apenas se extrai por supercrítica 38 % do óleo extraído por Soxhlet com n-hexano. A percentagem de óleo extraído é máxima para a pressão de 18 MPa a uma temperatura de 308 K e velocidade superficial 0.051cms-1. Em termos de acidez (expressa em % de ácido oleíco), após a eliminação da fracção lipídica obtida nos primeiros quinze minutos por extracção supercrítica, verifica-se que os óleos extraídos por este método, apresentam menor acidez e melhores características organolépticas (quanto à cor e ao aspecto) do que os óleos crus obtidos por extracção em Soxhlet com n-hexano. O óleo quando extraído à pressão de 20 MPa, temperatura de 318 K e velocidade superficial 0.055 cms-1 é o que apresenta melhores resultados em termos de acidez (2.5), tempo de indução (4.19h) e índice de peróxidos (2.1) quando comparado com o obtido por Soxhlet (5.5, 4.77h e 8.3 respectivamente). Verifica-se que os óleos obtidos por extracção supercrítica apresentam menor estabilidade oxidativa do que os obtidos por extracção em Soxhlet. Determinou-se o período de indução em Rancimat 679 (Metrohm) para as várias amostras aquecidas a 383 K e com um caudal de ar de 20L/h. ESB UCP 322 Os óleos das sementes da abóbora Chila colhidas em 1998 e 1999 revelaram como ácidos característicos: o linoleico, o oleico e palmítico constituindo, no primeiro ano, 92,4 % e, no segundo ano, 91.2 % do total dos ácidos gordos presentes no óleo das sementes da abóbora Chila. As variáveis estudadas experimentalmente foram Pressão (MPa), Temperatura (K) e Velocidade superficial (cm/s). Utilizou-se para análise dos dados o programa “Statistica” (versão 5.0), para optimizar a velocidade de extracção inicial, e a percentagem de óleo extraído a 45 e 120 minutos. As superfícies de resposta obtidas são descritas pelas seguintes equações: YVi= 30,933-2.711*P-0.032*T-4.700*P*Vs+0.534*T*Vs+0.078*P_-627.709*Vs_ R2= 99.148; R2 Ajust.= 97.443;p<0.001 YD45min =3665.3-292.0*P -5.3*t-823.2*P*Vs+86.3*T*Vs+9.0*P_-87525.3*Vs_ R2= 99.865; R2 Ajust.= 99.594; p<0.001 YD120min =3810.571-267.939*P –7.492*T+0.396*P*T +3.766*P_ R2= 93.543; R2 Ajust.= 90.177; p<0.002. Verificou-se (Fig. 1) que a velocidade de extracção inicial de óleo das sementes de abóbora Chila depende da pressão e da velocidade superficial sendo o seu valor óptimo obtido à pressão de 18 MPa e velocidade superficial com valores compreendidos entre 0.053 e 0.075 cm/s. Ao fim de 45 minutos (Fig. 2), a percentagem de óleo extraído depende da pressão e da velocidade superficial, sendo máxima para pressões de 18 MPa e 20 MPa e velocidades superficiais com valores compreendidos entre 0.057 e 0.079 cm/s. Figura 1 Influência da velocidade superficial e pressão na extracção inicial para o óleo das sementes de abóbora chila ESB UCP 323 Ao fim de 120 minutos (Fig. 3), a percentagem de óleo extraído depende da pressão e temperatura obtendo-se uma maior percentagem de óleo à pressão de 18 MPa e temperaturas que variam entre 306 e 309 K. Figura 2 Influência da velocidade superficial e pressão na percentagem de óleo extraído das sementes de abóbora chila ao fim de 45 minutos Figura 3 Influência da temperatura e pressão na percentagem de óleo extraído das sementes de abóbora Chila ao fim de 120 minutos Bibliografia ESQUÍVEL, M., AND M.G. BERNARDO-GIL The J. Supercritical Fluids 6: 91-94 (1993). WATTS, D.G. J. of Quality technology, 27:40-44 (1995). LAZOS, EVANGELOS S. J. Food Science, 51(5): 1382-1383 (1986). ESB UCP 324 Avaliação do estado de frescura do pescado Esteves A., Fontes M.C., Caldeira F., Saraiva C., Vieira Pinto M.M. e Martins C. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Apartado 202, 5001-911, Vila Real, Portugal Introdução O pescado assume hoje grande relevo na alimentação, estando o consumidor mais sensível a todos os aspectos relacionados com a sua qualidade e inocuidade. O grau de frescura do pescado, tratando-se de um alimento altamente perecível, depende de factores intrínsecos e extrínsecos, pelo que é importante que a inspecção sanitária se efectue em todos os pontos críticos do seu circuito de obtenção e comercialização. A apreciação dos caracteres organolépticos continua a ser fundamental, senão único instrumento utilizado pelos veterinários inspectores sanitários na avaliação do grau de frescura do pescado. Existe contudo a possibilidade de recurso a metodologias objectivas. A regulamentação europeia refere a determinação do azoto básico volátil total (ABVT), como um método que permite determinar se o pescado está apto para consumo, assim como quantificar o seu grau de alteração (Martin et al., 1997). A determinação do pH muscular é hoje usada com as reservas necessárias, sendo no entanto uma metodologia de fácil e rápida execução. O índice de refracção (IR) do humor aquoso (fluído ocular), aumenta em função da deterioração do pescado (Martin, 1978), sugerindo Farber (1965), existir uma boa correlação entre este e a avaliação organoléptica. Pretendemos neste trabalho comparar metodologias de avaliação do estado de frescura como a avaliação sensorial e a determinação do ABVT, e avaliar o tipo de relação existente entre o pH muscular e o IR com o grau de frescura do pescado. Verificar se a utilização dos métodos objectivos referidos poderá constituir um instrumento auxiliar na avaliação do estado de frescura do pescado vendido em fresco. Material e Métodos Foram analisadas 46 amostras de Trachurus trachurus, vulgar carapau, adquiridos em diferentes estabelecimentos comerciais da cidade de Vila Real. A análise sensorial efectuada por um painel de oito pessoas, consistiu na classificação das amostras uti- ESB UCP 325 lizando uma tabela com 11 descritores, elaborada segundo a NP 2287/88. O ABVT foi determinado pelo método de Conway (NP 2930); o IR utilizando um refractómetro Atago TM e o pH utilizando um potenciómetro Crison TM (modelo MicropH 2002). A análise dos dados foi efectuada no programa STATISTIC 4.3, STATSOFT inc. 1993, tendo sido a significância das diferenças entre as médias avaliada pelo teste LSD. Resultados e Discussão De acordo com a NP 2287, o pescado fresco pode classificar-se em 3 categorias expressas em graus de frescura: Extra (≥2,7), A (≥2 e <2,7) e B (≥1 e <2), correspondendo às definições de pescado em óptimo, bom e satisfatório estado de frescura. Das 46 amostras, não só não foi classificada qualquer amostra em estado de frescura extra, como 15 % (7) foram consideradas impróprias para consumo. Quando o critério de classificação utilizado foi o teor em ABVT este valor ascende para 43 %, ou seja, 20 amostras de Trachurus trachurus apresentavam um teor de ABVT superior a 35 mg N/100g de amostra, sendo consideradas impróprias para consumo (Batista et al., 2000). Na tabela de classificação referida por Farber (1965) apenas o pescado com IR > 1,3394 se encontraria impróprio para consumo. As 46 amostras analisadas seriam classificadas como aptas. Tal resultado poderá ser atribuído ao equipamento utilizado, visto não corresponder ao aconselhado pelos autores e à variabilidade existente nos valores de IR em função da espécie. Segundo Conde (1975), o pH do pescado considerado fresco situa-se entre 6,6 a 6,8 unidades de pH. A generalidade das amostras analisadas apresentou valores de pH inferiores aos esperados. NP2287 ABVT IR pH Categoria A n=11 (24%) Categoria B n=28 (61%) Reprovado n=7 (15%) M ± SD M ± SD M ± SD 23,38 ± 5,96 a 1,3363 ± 0,0002 6,35 ± 0,16 a 34,22 ± 11,73 a b 1,3368 ± 0,0006 6,43 ± 0,23 a 60,30 ± 13,79c b 1,3374 ± 0,0007c 6,8 ±0,19b M – Média; SD – Desvio Padrão; a, b, c – Nas linhas as média seguidas de letras diferentes apresentam diferenças altamente significativas. Quadro 1 Valores médios de ABVT, pH e IR do pescado para cada uma das categorias de frescura estabelecida em função da análise sensorial (NP 2287) na análise de 46 amostras No Quadro 1, as 46 amostras foram classificadas e agrupadas em função da sua avaliação pela análise sensorial, tendo sido os valores médios obtidos nas demais determinações (ABVT, pH, IR), comparados e a significância das diferenças entre as médias avaliada. Verificou-se que, apesar do conjunto de amostras que é classificado em determinada categoria não ser exactamente o mesmo, em função da técnica analítica que lhe serve de suporte, os valores médios obtidos quer para o ABVT quer para o IR são significa- ESB UCP 326 tivamente diferentes (P < 0,001), entre os três grupos de amostras formados em função da análise sensorial. Ao nível do pH os valores médios obtidos apresentam apenas diferenças significativas (P < 0,001), entre o pescado classificado como apto e não apto pela análise sensorial. Todos os métodos físico-químicos executados apresentaram uma correlação significativa (P< 0,05) com a análise sensorial, sendo respectivamente r = -0,80 para o ABVT; r = -0,60 para o IR e r = -0,54 para o pH. Conclusão Considerando como base de comparação a análise sensorial, o pH parece ser o método menos eficiente na diferenciação das várias categorias de frescura do pescado. Todos os métodos demonstraram ser susceptíveis de utilização para diferenciar amostras classificadas através da análise sensorial como aptas e não aptas para consumo. Os valores de IR e pH que tomámos de início como referência devem ser encarados com reservas. A determinação do ABVT, entre os vários métodos objectivos demonstrou ser a metodologia mais exigente na avaliação do grau de frescura do pescado, o que justifica a frequente referência à sua utilização nos casos em que o exame organoléptico suscite dúvidas. Agradecimentos Agradecemos ao Engenheiro Luis Patarata a imprescindível ajuda no tratamento estatístico dos dados assim como as valiosas sugestões. Bibliografia BATISTA I.; M. L. NUNES; A. MARTINS; N. DELGADO; A. MENDES, 2000. Relatório do Projecto Monitorização da Qualidade do Pescado Fresco e Refrigerado. Instituto de Investigação das pescas e do Mar CONDE J.M.M., 1975. Guia del Inspector Veterinário Titular, 1-Bromatologia Sanitaria. Pp. 190-260. Biblioteca Vetrinária Aedos, Barcelona. FARBER L., 1965. Freshness Test. In Fish as Food. Vol.IV, Pp.66-99. Edited by Borgstrom, G. Academic Press inc., New York. MARTIN C.R.A., 1978. Practical Food Inspection. Pp. 358-361. H.K. Lewis & Co Ltd, London. MARTIN R.E.; R.L. COLLETTE AND J.W. SLAVIN, 1997. Fish Inspection, Quality control and HACCP. A global focus http:/www.heads-up.net/. ESB UCP 327 Avaliação físico-química, composição de ácidos graxos e quantificação dos ácidos graxos lna, EPA e DHA em postas de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) produzidos em cativeiro Visentainer J. V.1, Godoy H. T.2, Rodrigo R Catharino R. R.2 e R B Franco M. R. B.2 1 2 Departamento de Química/UEM, CEP 87020-900 - Maringá - PR, BR. Departamento de Ciência de Alimentos/UNICAMP, CEP 13081-970 - Campinas - SP, BR. Introdução A produção brasileira de pescado está em torno de 1 milhão de toneladas, sendo que deste total apenas 25 % correspondem ao pescado de água doce. No entanto, está ocorrendo um significativo aumento na produção de peixes em cativeiro e dentre as espécies cultivadas destaca-se o pintado (Pseudoplatystoma corruscans), que até pouco tempo atrás era obtido somente através da pesca extrativa. Pelo lado nutricional, estudos revelaram a importância dos lipídios de peixes na alimentação humana, por serem uma fonte rica em ácidos graxos poliinsaturados principalmente aqueles da família ômega-3, destacando-se dentre estes os ácidos: 9,12,15- octadecatrienóico (LNA), 5,8,11,14,17- eicosapentaenóico (EPA) e 4,7,10,13,16,19- docosahexaenóico (DHA). No Brasil, dados sobre os conteúdos lipídicos de peixes de cativeiro são praticamente inexistentes. Metodologia Foram utilizados 4 exemplares (peso médio de aproximadamente 1,6 Kg) de pintado (amostragem aleatória) e criados em cativeiro. As postas foram fragmentadas, homogeneizadas e moídas. O conteúdo de água e cinza foi determinado conforme descrito na AOAC (1990) e o teor de proteína bruta foi determinado conforme Silva (1981). As extrações dos lipídios totais e a determinação do teor de lipídeos foram feitas utilizando os métodos de Bligh & Dyer (1959) e Maia & Rodriguez-Amaya (1992), respectivamente. Os lipídios totais foram submetidos ao processo de saponificação e esterificação de acordo com a metodologia de Joseph & Ackman (1992). Os ésteres metílicos foram injetados, em duplicata, num cromatógrafo a gás Varian Mod. 3300 (coluna DB-WAX 30 m - 0,250 mm de diâmetro interno), equipado com detector de ionização de chama e injetor split (razão1:50), injetor 250°C, detector 280°C e temperatura da coluna: 170°C por 16 minutos a 2°C/min. até 210°C. ESB UCP 328 A identificação dos ácidos graxos foi realizada de acordo com vários procedimentos, entre eles, valores de ECL (equivalent chain lenght), tempo de retenção de padrões e espectrometria de massa por impacto de elétrons a 70eV (Shimadzu QP 5000). Na quantificação relativa, utilizou-se o método da normalização de área e na quantificação dos ácidos graxos LNA, EPA e DHA, utilizou-se o método descrito por Joseph & Ackman (1992). Resultados e Discussão O rendimento das postas após o processo de filetagem foi de 50,00 % e os teores de umidade, cinza, proteína bruta e lipídios totais foram de 64,04 %, 1,09 %, 17,90 % e 8,89 %, respectivamente. A Tabela 1 mostra os resultados da quantificação em mg/g de lipídios totais dos ácidos graxos LNA, EPA e DHA. Tabela 1 Quantificação dos ácidos graxos LNA, EPA e DHA em postas de pintado Ác. Graxos mg/g de lipídios totais LNA 7,28± 0,11 EPA 2,17± 0,28 DHA 7,34± 0,16 Os resultados são médias de 4 repetições analisadas em duplicata Foi detectado por cromatografia gasosa um total de 38 ácidos graxos, conforme mostra a Tabela 2. Tabela 2 Composição percentual de ácidos graxos de lipídios totais em postas de pintado Ác. Graxos M± dp Ác. Graxos M± dp Ác. Graxos M± dp 0,25 ± 0,02 14:0 1,24± 0,03 17:1n9 0,24 ± 0,01 20:2n6 14:1n5 0,12± 0,02 18:0 6,97 ± 0,03 20:3n9 0,20 ± 0,01 i15:0 0,10± 0,01 18:1n9 35,12 ± 0,28 20:3n6 1,02 ± 0,03 ai15:0 0,09± 0,01 18:1n7 3,54 ± 0,28 20:4n6 0,67 ± 0,02 15:0 0,23± 0,01 18:1n3 0,12 ± 0,03 20:4n3 0,08 ± 0,01 i16:0 0,08± 0,01 18:2n6 14,88 ± 0,09 20:5n3 0,25 ± 0,03 16:0dma 0,09± 0,01 18:3n6 0,85 ± 0,05 22:0 0,06 ± 0,00 16:0 23,66± 0,22 18:3n3 0,84 ± 0,03 21:5n3 0,11 ± 0,02 16:1n9 0,63± 0,02 18:4n3 0,09 ± 0,03 22:4n6 0,11 ± 0,01 16:1n7 4,70± 0,10 20:0 0,12 ± 0,01 22:5n6 0,16 ± 0,02 i17:0 0,15± 0,01 20:1n11 0,07 ±0,01 22:5n3 0,21 ± 0,01 ai17:0 0,23± 0,02 20:1n9 1,10 ± 0,03 22:6n3 0,90 ± 0,01 M ± dp - São médias de 4 repetições com os desvios. dma- dimetil-acetal. i- iso. ai - anteiso Os ácidos graxos mais abundantes foram: 18:1n9 (35,12 %), 16:0 (23,66 %) e 18:2n6 (14,88 %). ESB UCP 329 A somatória dos AG foi: ∑saturado (33,19 %), ∑AGω-3 (2,58 %) e ∑AGω-6 (17,93 %). O teor de lipídios totais foi superior na posta de pintado produzido em cativeiro (8,89 %) em relação a pintados produzidos naturalmente (1,27 %). Por outro lado, a composição relativa dos ácidos graxos EPA (0,25 %) e DHA (0,90 %) em pintado de cativeiro foram sempre inferiores aos de pintado encontrados naturalmente com valores de 4,32 % e 7,61 % para o EPA e DHA, respectivamente. Não foram encontrados dados de quantificação dos ácidos graxos LNA, EPA e DHA em pintados para comparações. A falta destes dados, não só para o pintado mas também para outros peixes, mostra a necessidade de métodos analíticos que possam fornecer dados confiáveis para aplicações nutricionais e tecnológicas. Bibliografia AOAC Official Methodes of Analysyies of The Association Official Analytical Chemistry. 15 ed; Aligton, 1990, 2v. SILVA, D.J. Analise de Alimentos (métodos químicos e biológicos). Viçosa: Imprensa Universitária da UFV, 1981, 166p. BLIGH, E.G. & DYER W.J. A rapid methods of total lipid extraction and purification. Can J. Biochem. V37, p; 911-917, 1959. MAIA, E. L; RODRIGUEZ-AMAYA, D.B. Otimização de metodología para Caracterização de Constituintes Lipídicos e Determinação da Composição em Ácidos graxos e aminoacidos de peixes de água doce. Campinas, 1992. 237p. Tese de Doutorado UNCAMP, 1992. JOSEPH J.D. & ACKMAN R.G. Capillary column gas chromatography method for analysis of incapsulated fish oil and fish oil ethyl esters: collaboratycal. Journal of AOAC International. V75, p 488-506, 1992. ESB UCP 330 Composição de ácidos graxos e quantificação dos ácidos graxos LNA, EPA e DHA em cabeças de pintado (pseudoplatystoma corruscans) produzidos em cativeiro Visentainer J. V.1, Godoy H. T.2, Rodrigo R Catharino R. R.2 e R B Franco M. R. B.2 1 2 Departamento de Química/UEM, CEP 87020-900 - Maringá - PR, BR. Departamento de Ciência de Alimentos/UNICAMP, CEP 13081-970 - Campinas - SP, BR. Introdução Nas últimas décadas no Brasil houve um crescimento na produção de peixes em cativeiro. Dentre estes destaca-se o pintado (Pseudoplatystoma corruscans), uma espécie que até poucos anos atrás era somente obtida através da pesca extrativa. O pintado apresenta um mercado promissor e pode ser comercializado com preços iguais aos de outros peixes nobres. No entanto, as cabeças de pintado, comumente são descartadas, tanto nos processos de filetagens como pelo consumidor. Por outro lado, estudos com lipídios de peixe nas dietas, comprovaram que o consumo de ácidos graxos poliinsaturados ômega-3, reduz fatores de riscos associados a doenças cardiovasculares, artrite e câncer. Dentre estes destacam-se o ácido 9,12,15- octadecatrienóico (LNA) e principalmente os ácidos 5,8,11,14,17- eicosapentaenóico (EPA) e 4,7,10,13,16,19- docosahexaenóico (DHA). O objetivo deste trabalho foi estabelecer a composição do conteúdo lipídico de cabeças de pintado e asssim fornecer dados ainda não existentes na literatura. Metodologia Uma amostragem aleatória de 4 pintados criados em cativeiro foi obtida para este estudo. As cabeças foram removidas (peso médio de 425 g/cabeça) fragmentadas, homogeneizadas, moídas e na polpa resultante foram realizadas as análises. Foram determinados o conteúdo de água e cinza conforme descrito na AOAC (1990) e o teor de proteína bruta foi determinado conforme Silva (1981). As extrações dos lipídios totais, foram feitas utilizando-se o método de Bligh & Dyer (1959). A determinação do teor de lipídios foi realizada segundo Maia & Rodriguez-Amaya (1992). Os lipídios totais foram submetidos ao processo de saponificação e esterificação de acordo com a metodologia de Joseph & Ackman (1992). ESB UCP 331 Os ésteres metílicos foram injetados, em duplicata, num cromatógrafo a gás Varian Mod. 3300 (coluna DB-WAX 30m - 0,250 mm de diâmetro interno), equipado com detector de ionização de chama e injetor split (razão1:50), injetor 250°C, detector 280°C e temperatura da coluna: 170°C por 16 minutos a 2°C/min. até 210°C. A identificação dos ácidos graxos foi realizada de acordo com vários procedimentos, entre eles, valores de ECL (equivalent chain lenght), tempo de retenção de padrões e espectrometria de massa por impacto de elétrons a 70eV (Shimadzu QP 5000). Na quantificação relativa, utilizou-se o método da normalização de área e na quantificação dos ácidos graxos LNA, EPA e DHA, utilizou-se o método descrito por Joseph & Ackman (1992). Resultados e Discussão O rendimento das cabeças após a remoção foi de 27 % e os teores de umidade, cinza, proteína bruta e lipídios totais foram de 54,88 %, 7,66 %, 18,08 % e 16,50 %, respectivamente. A Tabela 1 mostra os resultados da quantificação em mg/g de lipídios totais dos ácidos graxos LNA, EPA e DHA e a Tabela 2 mostra a composição dos 46 ácidos graxos encontrados. Ác. Graxos mg/g de lipídios totais LNA 10,97 ± 1,68 EPA 2,76 ± 0,26 DHA 12,25 ± 0,92 Tabela 1 Quantificação dos ácidos graxos LNA, EPA e DHA em cabeça de pintado Os resultados são médias de 4 repetições analisadas em duplicata Os ácidos graxos mais abundantes foram: 18:1n9 (33,59 %), 16:0 (22,20 %) e 18:2n6 (17,25 %). A somatória dos AG foi: ∑saturado (31,07%), ∑AGω-3 (3,33 %) e ∑AGω-6 (21,01 %). As cabeças de pintado apresentaram conteúdo de ômega-3 superior aos filés e podem ser utilizadas na alimentação humana como uma fonte viável e barata destes ácidos graxos. Não foi encontrada na literatura a composição de ácidos graxos em cabeça de pintado para a realização de discussões comparativas. ESB UCP 332 Tabela 2 Composição percentual de ácidos graxos de lipídios totais em cabeça de pintado Ác. Graxos M± dp Ác. Graxos M± dp Ác. Graxos M± dp 14:0 1,19 ± 0,03 18:0dma 0,09± 0,01 20:2n6 0,34 ± 0,03 14:1n5 0,09 ± 0,01 18:0 6,40± 0,23 20:3n9 0,21 ± 0,01 i15:0 0,07 ± 0,01 18:1n9 33,59± 0,25 20:3n6 1,22 ± 0,04 ai15:0 0,08 ± 0,01 18:1n7 3,87± 0,09 20:4n6 0,89 ± 0,01 15:0 0,25 ± 0,01 18:1n3 0,13± 0,02 20:4n3 0,08 ± 0,01 i16:0 0,07 ± 0,01 18:2n6 17,25± 0,08 20:5n3 0,29 ± 0,02 16:0dma 0,08 ± 0,01 18:2n4 0,05± 0,01 22:0 0,08 ± 0,01 16:0 22,20 ± 0,70 18:3n6 0,94± 0,02 22:1n11 0,07 ± 0,00 16:1n9 0,56 ± 0,02 18:3n3 1,13± 0,02 22:1n9 0,06 ± 0,01 16:1n7 3,89 ± 0,04 19:2n7 0,05± 0,02 21:5n3 0,07 ± 0,02 16:1n5 0,05 ± 0,01 18:4n3 0,10± 0,01 X1 0,06 ± 0,01 i17:0 0,14 ± 0,01 20:0 0,15± 0,02 22:4n6 0,16 ± 0,02 ai17:0 0,19 ± 0,01 20:1n11 0,08± 0,01 22:5n6 0,23 ± 0,03 16:2n5 0,07 ± 0,01 20:1n9 1,01± 0,06 22:5n3 0,24 ± 0,01 17:0 0,27 ± 0,01 20:2n9 0,22± 0,01 22:6n3 1,31 ± 0,10 17:1n9 0,20 ± 0,03 M ± dp - Médias de 4 repetições com os desvios. dma- dimetil-acetal. i - iso. ai - anteiso. X1 não identificado Bibliografia AOAC Official Methodes of Analysyies of The Association Official Analytical Chemistry. 15 ed; Aligton , 1990, 2v. SILVA, D.J. Analise de Alimentos (métodos químicos e biológicos). Viçosa: Imprensa Universitária da UFV, 1981, 166p. BLIGH, E.G. & DYER W.J. A rapid methods of total lipid extraction and purification. Can J. Biochem. V37, p; 911-917, 1959. MAIA, E. L; RODRIGUEZ-AMAYA, D.B. Otimização de metodología para Caracterização de Constituintes Lipídicos e Determinação da Composição em Ácidos graxos e aminoacidos de peixes de água doce. Campinas, 1992. 237p. Tese de Doutorado UNCAMP, 1992. JOSEPH J.D. & ACKMAN R.G. Capillary column gas chromatography method for analysis of incapsulated fish oil and fish oil ethyl esters: collaboratycal. Journal of AOAC International. V75, p 488-506, 1992. ESB UCP 333 Alterações sensoriais e químicas da gamba (Parapenaeus longirostris) conservada em atmosfera dinâmica Gonçalves A., Tafula J., Alves R. e Nunes M. L. Instituto de Investigação das Pescas e do Mar, Av. Brasília, 1449-006 Lisboa Introdução A utilização de atmosferas ricas em CO2 a baixas temperaturas (0-5°C) tem-se revelado eficaz no prolongamento da vida útil de algumas espécies de peixe. No entanto, a aplicação desta tecnologia na conservação de crustáceos não está muito estudada. No sentido de contribuir para um maior conhecimento nesta área, estudou-se o efeito de três atmosferas, aplicadas em sistema dinâmico (atmosfera dinâmica), na conservação de gamba (Parapenaeus longirostris), simulando as condições existentes a bordo das embarcações de pesca. O efeito das atmosferas foi avaliado através da análise sensorial e química (azoto básico volátil total – ABVT e aminas biogénicas). Material e Métodos A gamba foi capturada por arrasto de fundo, ao largo de Portimão. A bordo, procedeu-se à separação de outras espécies, lavagem, tratamento com um anti-melanósico, aplicado por polvilhamento e acondicionamento em gelo. No IPIMAR a gamba inteira (aproximadamente 7 kg) foi colocada sobre uma camada de gelo em caixas plásticas que foram introduzidas em contentores de aço inox, com 175 l de capacidade, nos quais se injectaram os gases (Tabela 1). A gamba dos lotes controlo foi conservada de forma tradicional (acondicionada em gelo em ambiente refrigerado). A qualidade inicial da gamba de cada ensaio foi avaliada logo após a recepção no IPIMAR. A composição gasosa das atmosferas foi medida com um analisador de gases, marca ABISS modelo PRINT, com uma precisão de 2 % e 1 % para o CO2 e O2, respectivamente. O ABVT e as aminas biogénicas foram doseados em extractos de ácido tricloroacético a 10% pelos métodos de microdifusão (Cobb et al.,1973) e por HPLC, com derivatização pós-coluna e detecção por fluorescência (Ritchie, 1991), respectivamente. As determinações foram efectuadas em amostras em duplicado. A avaliação sensorial foi realizada por um painel constituído por 6–9 provadores treinados, utilizando uma escala de 0-5 pontos. ESB UCP 334 Tabela 1 Condições de conservação da gamba em atmosfera dinâmica Ensaio Código Composição gasosa Temperatura Dias 1 (Abril 200) Z1 (valor inicial) ————- ——— ——— C1 (controlo) Mantido ao ar, em gelo 2,0 ± 0,4°C 4,5 AD1 25 – 35%CO2/10 – 8%O2 1,2 ± 0,4°C Z2 (valor inicial) ————- ——— ——— 2 C2 (controlo) Mantido ao ar, em gelo 2,0 ± 0,4°C 5 (Maio 2000) AD2 13 – 18%CO2/18 – 16%O2 0,8 ± 0,4°C AD3 17 – 37%CO2/17 – 12%O2 Resultados e Discussão Os resultados sensoriais evidenciaram que o principal efeito das atmosferas testadas, em relação aos lotes controlo, foi o retardamento do aparecimento da melanose, associado a uma diminuição do brilho e da cor (Fig. 1). Verificou-se ainda considerável eficácia das atmosferas na manutenção do cheiro típico da gamba e no retardamento do desenvolvimento do cheiro amoniacal, durante o período de conservação. Figura 1 Avaliação sensorial em cru da gamba conservada em atmosfera dinâmica a 1-2°C Relativamente aos compostos voláteis, verificou-se menor acumulação de ABVT nos lotes conservados nas atmosferas do que nos lotes controlo, excepto nas amostras armazenadas na atmosfera mais pobre em CO2 (AD2). A formação de aminas biogénicas tiramina+putrescina (TIR+PUT), cadaverina (CAD) e, especialmente, de agmatina (AGM) foi, em geral, menor do que no controlo apenas na gamba conservada na atmosfera com menor concentração inicial de CO2 (AD3). Em nenhuma das amostras foi detectada a formação de histamina (Fig. 2). Figura 2 Teores de aminas biogénicas em gamba conservada em atmosfera dinâmica a 1-2ºC ESB UCP 335 Conclusões A conservação em atmosferas dinâmicas, contendo até 37 % CO2, a baixa temperatura prolongou o período de vida útil da gamba até 5 dias. No entanto, concentrações iniciais elevadas de CO2 parecem favorecer a formação de algumas aminas biogénicas. Referências COBB, B.F.; ALANIZ, I.; THOMPSON, JR C. A., 1973. J. Food Sci., 38: 431-436. RITCHIE, A. H., 1991. Technical Report Torry Research Station, Aberdeen, Scotland, 14 p. Agradecimentos O presente trabalho foi financiado pelo projecto europeu FAIR CT98-3833 e foi realizado no âmbito de uma tese do mestrado “Controlo da Qualidade e Toxicologia dos Alimentos”, da Faculdade de Farmácia de Lisboa. Os autores agradecem à empresa PRAXAIR, Portugal Gases, S.A. pelo fornecimento dos gases. ESB UCP 336 The sensory quality of salmon prepared using cook-chill and “sous vide” methods García-Linares M. C., García-Arias M. T. and García-Fernández M. C. Departamento de Higiene y Tecnología de los Alimentos. Facultad de Veterinaria. Universidad de León. España Introduction Lipids in seafood quickly undergo oxidation because they are rich in polyunsaturated fatty acids. Secondary oxidation products of the lipids significantly lower the quality of fish and fish products from the point of view of acceptability and nutritional quality (Schellekens, 1996). In “sous vide” cooked food products, the fish could be a popular ingredient as this system allows us to cook this food at very low temperatures and to maintain its intrinsic qualities. The sous vide method has already been applied to meat products and ready-meals but there is little information on its applicability to fish or fish products. The aim of this study was to sensorially evaluate a “sous vide” cooked salmon dish. Material and Methods Salmon slices with vegetables (potatoes, carrots and peas) were processed by “sous vide” method (vacuum-packaging, pasteurised at 90° for 19.5 min) (Sv), and traditionally cooked, by grilling (St). In both treatments we use virgin olive oil. Two types of test were carried out: a sensory descriptive profile and a discriminatory one to study whether or not there exist any noticeable sensory differences between the “sous vide” product and the product cooked using the traditional method. The sensory analysis was carried out on Sv using a panel of 10 selected and trained judges according to ISO-standard (ISO 8586-1, 1993). The quality of each sample was classified using attributes describing: appearance, smell, taste, rancidity and texture. Each characteristic was scored on a scale of 1 to 7 (Table 1). If scores were less than four, the fish was unacceptable. Triangle test and expanded statistical tables proposed by Roessler (1978) were used in a discrimination test (Table 2). ESB UCP 337 CHARACTERISTIC Score 1 2 3 4 5 6 7 APPEARANCE Old/pale — — — — — Fresh/pink SMELL Off-odour — — — — — Fresh TASTE Cloying — — — — — Fresh RANCIDITY Strong rancidity — — —- — — No rancidity TEXTURE Very soft — — — — — Firm Table 1 Quality scale used in sensory analysis (Bergslien, H., 1996) Nª of trials 0.05% 0.01% 0.001% 8 9 6 7 10 7 8 9 11 7 8 10 Table 2 Minimum numbers of correct judgments to establish significance at various probability levels for the triangle test (Roessler et al., 1978) Results and Discussion CHARACTERISTIC MEAN STD APPEARANCE 5.0 0.89 SMELL 5.5 0.55 0.98 TASTE 5.2 RANCIDITY 5.8 1.17 TEXTURE 5.3 1.21 Table 3 Results of descriptive test Figure 1 Sensory descriptive profile of “sous vide” cooked salmon ESB UCP 338 The results of the descriptive test show that none of the attributes evaluated was lower than four (Table 3). The highest attributes quantified was the absence of rancidity (5.8), the lowest attribute quantified was appearance (5.0), probably due to protein precipitation which is produced during the cooking of the fish under controlled conditions of temperature and time inside heat-stable vacuumized pouches (Figure 1). This phenomenon was also found in “sous vide” processed salmon by Bergslien (1996), who proposed carring out a prior treatment of the salmon with a salt solution containing Na2CO3 so as to avoid protein precipitation. The white protein layer on the fish surface may be unacceptable to the consumer. The results of the discriminatory test show that the cooking methods studied (traditional and “sous vide”) bring about significantly different changes (p<0.05) in the organoleptic characteristics of the salmon. References 1. BERGSLIEN, H. Sous vide treatment of salmon, Salmo salar. Second European Symposium on sous vide. Proceedings. pp.281-291 (1996) 2. ISO 8586-1. Sensory analysis- general guidance for selection, training and monitoring of assessors. 1.ed. Switzerland (1993) 3. SCHELLEKENS, M. New research issues in sous vide cooking. Trends in Food Science and Technology, vol 7, pp.256-262 (1996) 4. ROESSLER, E.B. et al. Expanded statistical tables for estimating significance in paired-preference, paired-difference, duo-trio and triangle test. Journal of Food Science, v.43. (1978) ESB UCP 339 Evaluation of the prebiotic effect of different oligosaccharides by the intestinal flora of a young pig Moura P., Kára A., Carvalheiro F., Esteves M. P. e Gírio F. INETI, Biotechnology Department, Estr. Paço Lumiar, 22, 1649-038 Lisboa Introduction Prebiotics are defined as “non digestible food ingredients, that beneficially affect the host by selectively stimulating the growth and/or activity of one or a limited number of bacteria in the colon, and thus improve the host health” [1]. Most potential prebiotics described in the literature are carbohydrates, with a degree of polymerisation between 3 and 10, produced either by enzymatic synthesis from high concentrated sacarose or lactose syrups, or by direct enzymatic, physical or chemical hydrolysis of polysaccharides from vegetal origin. The prebiotic definition does not emphasises the stimulation of a particular group of bacteria. Nevertheless, it is often assumed that prebiotics should increase the number and/or the activity of bifidobacteria and lactic acid bacteria [2]. Materials and Methods In vitro batch fermentations using fresh intestinal contents of a young pig, collected at the terminal ileum, caecum and distal colon, were conducted under strict anaerobic conditions, according to Hungate techniques [3]. The following saccharides were used as fermentation substrate: 1. Fructo-Oligosaccharides (FOs), Raftilose‚P95, Orafti S.A., Belgium. 2. Xylo-Oligosaccharides (XOs), Suntory LTD, Japan. 3. Crude Arabino-Xylo-Oligosaccharides (AXOs), produced in our laboratory from hydrothermal treatments of brewery spent grain (BSG) [4]. 4. Glucose as a readily-assimilable substrate. These fermentation substrates, used in the media as sole carbon and energy sources, were added to the final concentrations of 10 g/L (AXOs and XOs) and 5 g/L (FOs and glucose), being the fermentations performed at 37°C for 72 hours. Basal medium without addition of any carbon source was used as control. Fermentability was evaluated by pH measurement, volume of total gas produced and ESB UCP 340 by the quantification of Short Chain Fatty Acids (SCFA), lactic and formic acids, and free sugars, using HPLC techniques. Oligosaccharides were analysed in the supernatant media by HPLC techniques, before and after sulphuric acid hydrolysis. Aminex 87H (Bio-Rad) and Sugar Pak (Waters) columns were used. The freeze-dried AXOs liquor was chemically characterised according to standard analytical procedures and by HPLC. Results and Discussion Table 1 presents the chemical composition of the crude AXOs liquor used in this study. The relatively high total protein content might have an important role in the course of the fermentation, introducing some differences in the evaluated parameters, when compared with purified commercial XOs and FOs. Table 1 Characterisation of the crude AXOs liquor (% w/w) Moisture Ash Fat Total protein Oligosaccharides Gluco-Os Xylo-Os Arabino-OS Tot. free sugars 4,82 5,79 0,42 30,03 47,52 14,89 27,71 4,93 11,37 Percentages are on a wet basis All the oligosaccharides used in this study were easily and almost completely degraded by the three distinct inocula from the intestinal flora of the young pig. The pH values after 72 hours are shown in Table 2. XOs fermented by the ileal flora induced the Table 1 pH values after 72 hours fermentation (initial pH = 6,76) C-source Ileum Caecum Colon XOs 4,91 5,58 5,60 BSG liq. 5,79 5,84 5,75 FOs 6,37 6,40 6,49 Glucose 6,48 6,48 6,72 None 6,80 6,81 6,85 major pH decrease and the production of the most representative amount of lactic acid (Fig. 1). Acetic acid was the major SCFA produced in all cases. Propionic acid was mainly produced by the fermentation with caecal and colonic contents, indicating the development of a different mixed fermentation flora. ESB UCP 341 The volumes of total gas produced were measured after 11 and 72 hours. The final volume obtained for the BSG liquor was considerably higher for all the inocula, probably due to the fact that AXOs were non-purified and other compounds present in the fermentation media may also contribute to the gas production. Figure 1 SCFA, lactic and formic acids produced after 72 hours fermentation (XOs) Conclusions Presented results show the ability of the three distinct inocula to ferment the studied oligosaccharides. The rate of gas production, the final amount of lactic acid and the marked change in the pH value obtained for XOs with the ileal flora may indicate the fermentation by bifidobacteria and lactobacilli, the two main genera of lactic acid bacteria present in the intestinal flora. This fact is referred in the bibliography as an indication of intestinal health, thus corresponding to a prebiotic effect [5]. ESB UCP 342 References [1] GIBSON,G.R. AND ROBERFROID,M.B., Dietary modulation of the human colonic microbiota: introducing the concept of prebiotics, J. Nutrition, 125 (1995), 1401-1412. [2] HARTEMINK,R., Prebiotic effects of non-digestible oligo- and polysaccharides PhD thesis (1999), Food Microbiology Group, Wageningen Agricultural University, Netherlands. [3] HUNGATE,R.E., A roll tube method for cultivation of strict anaerobes. In: J.R.Norris and D.W.Ribbons (ed.), Methods in Microbiology, vol.3B, Academic Press, New York, (1969), 117-132. [4] CARVALHEIRO,F.,ESTEVES,P.,AMARAL -COLLAÇO,M.T., GÍRIO,F.M., Optimisation of arabino-xylo-oligosaccharides extraction from brewery’s spent grains using hydrothermal treatments, IEA Bioenergy Workshop, 22-26 August 1999, KwaZulu, South Africa. [5] GIBSON,G.R., Dietary modulation of the human gut microflora using prebiotics, British Journal of Nutrition, 80, Suppl.2 (1998), S209-S212. ESB UCP 343 Bioavaliability of mineral elements in bovine meats from national demarcated regions: a speciation approach Leitão A. L., Guiomar S. and dos Santos Oliveira J. F. Unidade de Biotecnologia Ambiental (UBIA) e Grupo de Ecologia da Hidrosfera. Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, Quinta da Torre, 2825-114 Caparica, Portugal Introduction Speciation of a mineral element (determination of its chemical forms) in food and in the gastrointestinal tract is essential to the understanding and prediction of its avaliability for absortion, because of the bioavaliability changes among its different physico-chemical forms (1,3). Minerals are involved in formation and stabilisation of the skeleton, as plastic agents, in the balance of metabolism utilization, and as protective agents, having a relevant role in nutrition. The bovine sector is one of the most important within portuguese and european economy. The present work pretend to analyze in bovine meat, from one of the different regions officially recognized, the influence that different cooking treatments have on the avaliability of iron, magnesium and zinc. The procedure for the speciation and bioavaliability studies was carried out following an enzymatic approach, with model systems simulating gastric and intestinal juice (3,5). Trace metal determination was made using atomic absortion spectroscopy (2,4). Results and discussion Our results showed that the bioavaliability of trace elements were different for both cooking treatments and times. Bioavaliability of magnesium in selected meats was drastically reduced by boiling treatments (56 %). The same effect was not observed when meat was submitted to cooking using a microwave oven (Figure 1 and 2). In the case of iron, no significant variations on bioavaliability were observed in microwave oven treatment (Figure 1 and 2). For boiling, a 25 % reduction of bioavaliability was observed at 15 minutes of treatment. Microwave oven treatment increased slightly the bioavaliability of zinc. However, the opposite effect was observed when the meat was boiled (Figures 1 and 2). ESB UCP 344 Figure 1 Concentration of mineral elements in bovine meat samples from the lower leg part of the animal, after different times of boiling treatment, determined by atomic absortion spectroscopy Figure 2 Concentration of mineral elements in bovine meat samples from the lower leg part of the animal, after different times of microwave oven treatment, determined by atomic absortion spectroscopy In the case of iron, optimal diary dose is about 12-15 mg for an adult and 6 mg for a child. Certified meat analyzed contained around 80 mg/Kg of iron before any treatment. After boiling during 30 minutes iron content was decreased 30 %. Considering a typical meal of 200 g of meat, the final content of iron in the meat submitted to boiling, will be about 17 mg. If we consider that only 20% is metabolically useful iron, we obtain 2.4 mg, that it is less than a child needing. In what concerns to mineral elements Zn and Mg, in spite of significant lost observed when the meats were submitted to boiling treatment during 30 minutes, the excellent titers in these mineral elements, allowed to cover diary human needs. ESB UCP 345 References 1. FLORENCE, T.M. 1989. Trace element speciation: analytical methods and problems, Batley, G.E. (Ed.), CRC Press, Boca Raton, USA. 2. HARRISON, R.M., R APSOMANIKIS, S. 1989. Environmental Analysis using Chromatography Interfaced with Atomic Spectroscopy, Horwood Ltd., Chichester. 3. HOCQUELLET, P., L´HOTELLIER, M.D. 1997. J. AOAC Int., 80 : 920-927. 4. VANDECASTEELE, C., BLOCK, C.B. 1993. Modern Methods for Trace Element Determination, Wiley, Chichester. 5. WILLIS, R.B., ALLEN, P.R. 1999. Analyst, 124 : 425-430. ESB UCP 346 Influência da data de colheita na qualidade do mirtilo Lavadinho C.1, Sousa M. B.2 e Moldão-Martins M.1 1 2 Instituto Superior de Agronomia, Centro de Microbiologia e Industrias Agrícolas, T. da Ajuda, 1499-017 Lisboa EAN-DTPA, Quinta do marquês 2784-505, Oeiras Introdução O progressivo crescimento e desenvolvimento do sector alimentar implicou novos hábitos alimentares, como o consumo de pequenos frutos entre os quais se destaca o mirtilo (Vaccinium sp). Em Portugal o mirtilo é conhecido vulgarmente como arando, mirtilo, erva-escovinha, ou uva-monte. As plantas nativas encontram-se nas regiões de floresta, matos e pinhais de montanha entre 400 a 2500 m de altitude, no Alto Minho, Marão e Serra da Estrela. Actualmente são utilizados híbridos que permitem uma melhor adaptação das cultivares a vários níveis geográficos. O mirtilo é uma baga cujas características sensoriais o tornam apetecível para alguns tipos de mercado, sendo consumido em fresco, conservas, gelados, doces, licores e aguardentes, podendo ser também utilizado como corante graças à sua riqueza em antocianinas [1]. O mirtilo apresenta ainda importantes qualidades medicinais [2]. O elevado teor em taninos das folhas desta planta, confere-lhe aplicações tónicas, adstringentes, anti-sépticas e antioxidantes [2, 3]. Portugal, devido às suas condições climáticas, apresenta um elevado potencial para a cultura do mirtilo. Atendendo a que a data de colheita é um factor primordial na qualidade dos frutos, constituiu objectivo deste trabalho estudar a influência daquele factor na qualidade do mirtilo. Materiais e Métodos Matéria prima Foram estudadas as cultivares “Georgiagem” (G), “Bluecrop” (BC), “Sharpblue” (SH), “Premier” (P) e “Bonita Blue” (BB), provenientes da Herdade Experimental da Fataça, Odemira. Colheram-se amostras semanais durante 2,5 meses. Determinações analíticas Biometria - diâmetros transversal, longitudinal, cicatriz e massa; Cor – Colorímetro Minolta; Textura-Analyser TA-Hdi, com ensaios de KSC, nas condições: célula de ESB UCP 347 carga =500 N, velocidade =3,33 mm/s, resultados em (N/g); Teor de sólidos solúveis - refractómetro; Acidez titulável- [4]; pH - potenciómetro; Actividade respiratória - analisador de gases; Análise sensorial - painel treinado de 8 provadores. Teste descritivo / discriminativo utilizando uma escala linear contínua [5]. Os dados foram submetidos a uma análise de variância (ANOVA / MANOVA: Teste de Sheffé, p < 0.05) e análise de componentes principais. A análise foi efectuada com o programa “Statistica TM” v.6.0. Resultados e Discussão Figura 1 Variação da taxa respiratória a 5ºC ao longo do tempo de conservação (A) e ao longo da data de colheita da Bonita Blue (B) A análise da Fig. 1 permite concluir que o mirtilo é um fruto não-climatérico, não se observando variações significativas na taxa respiratória, quer ao longo do tempo de conservação (A) quer durante o período de colheita (B). Durante o período analisado as alterações não foram muito pronunciadas. No que respeita às análises biométricas verificou-se uma diminuição da massa dos frutos ao longo do período analisado (cerca de 20% no caso da G e 6% nas restantes cultivares). Esta diminuição deveu-se sobretudo à diminuição do diâmetro dos frutos. A cor revelou ser um parâmetro praticamente constante ao longo do período em estudo. Apenas os parâmetros L* e C revelam diferénças significativas a partir da 3ª semana. A textura permaneceu sem alterações significativas. A acidez e o ºBrix apresentaram diferenças significativas apenas no final do período estudado. A análise em componentes principais revelou que as duas primeiras componentes explicam 90,53% da variação dos atributos sensoriais, estando a maioria relacionada com a primeira componente, excepto a cor azul relacionada com a segunda. Esta análise permitiu concluir que as cultivares Premier e Bonita Blue, sendo ambas do tipo “rabbiteye” se caracterizam por produzirem frutos com maior firmeza e acidez (Fig. 2). Numa data de colheita mais tardia os frutos daquelas cultivares perderam firmeza, tornaram-se mais doces e acentuaram a cor azul. ESB UCP 348 Os frutos da cultivar Bluecrop caracterizaram-se por serem doces, suculentos e apresentarem um sabor característico a mirtilo, no entanto, de entre as cultivares estudadas são as que apresentam estrutura menos firme. Figura 2 Projecção dos atributos sensoriais e das datas de colheita no plano definido pelas duas primeiras componentes principais Pode concluir-se, numa primeira análise, que o mirtilo pode ser colhido ao longo de um mês, sem alterações significativas da qualidade. A Bluecrop é uma cultivar com boa aptidão quer para consumo em fresco quer para transformação. A Premier e Bonita Blue são cultivares cuja aptidão para consumo em fresco aumenta ao longo do tempo. Bibliografia [1] SKREDE G., WROLSTAD R.E. E DURST .W. (2000) [2] KALT W. E DUFOUR D. (1997), Health funtionality of blueberries, HorTechnology, 7(3):216-221. [3] PRIOR R. L., (2001), Health promoting aspects of cane and Bush fruits, Cane and Bush Berries Workshop, COST836. [4] NP - EN 12147 (1999), Acidez Titulável. IPQ. [5] ANZALDÚA-MORALES, A. (1994), La Evaluación Sensorial de los Alimentos en la Teoria y la Práctica. S.A, pp, 70-79, Zaragoza, Spain. Acribia Eds. ESB UCP 349 Características físicas, químicas e sensoriais de cultivares de mirtilo (Vaccinium sp) introduzidas em Portugal Sousa M. B., Curado T. e Vieira S. EAN-DTPA, Quinta do Marquês 2784-505 Oeiras Introdução A qualidade pode ser definida como um conjunto de características internas e externas que podem ser apreciadas pelos nossos sentidos e que diferenciam amostras do mesmo produto [1]. De acordo com esta definição a qualidade dos frutos, pode relacionar-se imediatamente com o seu aspecto exterior (tamanho, forma, humidade, defeitos, sanidade) e posteriormente com parâmetros como maturação, aroma, sabor, cor e textura. Nos mirtilos para o mercado em fresco, além dos factores citados, é também desejável que apresentem cor azul com pruína, sendo a remoção desta indicação de sobrematuração ou deficiente manuseamento durante e/ou póscolheita [2,3,4]. É de considerar ainda o número de sementes, porque contribuem para um sabor menos acentuado e um certo grau de arenosidade e a cicatriz (dimensão, configuração e profundidade), porque pode ser um foco de contaminação, provocando perdas de humidade consideráveis e emurchecimento que conduzem à depreciação da qualidade pós-colheita. Deu-se ênfase à avaliação sensorial [5] como método de análise da qualidade através dos nossos sentidos. Neste trabalho avaliaram-se factores objectivos e subjectivos da qualidade, referindo-se os resultados a dois anos de observações. Material e Métodos O estudo incidiu nas cultivares “Bluecrop”, “Sharpblue”, “Bonita Blue” e “Premier”. Determinações analíticas: Sólidos solúveis (SS). refractómetro e resultados em ºBrix. Acidez titulável. [6] expressa em ácido cítrico. PH. potenciómetro. Cor. colorímetro Minolta, resultados convertidos em coloração e saturação. Textura. Analyser TA-Hdi, com ensaios de KSC, nas condições: célula de carga =500 N, velocidade =3,33 mm/s, resultados em (N/g). Análise sensorial. painel teste, de 8 provadores; avaliou-se na cor (intensidade, baço e uniformidade), na textura (firmeza e suculência), na apreciação do sabor (doce, ácido e a mirtilo) e a presença ESB UCP 350 de aromas estranhos. Utilizou-se escala hedónica de cinco pontos (1 - ausência da característica a 5 - presença bem definida. Análise estatística. os resultados foram submetidos ao “Statistical Program v. 5.0”. Resultados e Discussão Submeteram-se os atributos de qualidade mais relevantes à análise de componentes principais e factorial discriminante (Fig 1). As duas primeiras componentes explicam respectivamente 63,30 e 18,98 % num total de variância acumulada de 82,28 %. Figura 1 Análise de componentes principais (I) e factorial discriminante (II) A 1ª relação componente é explicada pela relação entre sólidos solúveis totais e acidez titulável (SS/acidez) com contributo positivo e os restantes parâmetros (luminosidade, saturação, suculência e peso) que apresentam uma influência negativa. A 2ª componente é justificada positivamente pela coloração. Observou-se ainda, a formação de dois grupos distintos, o formado pelas cultivares “Premier” e “Bonita Blue” de 1999, a serem influenciados pela firmeza e relação SS/acidez, devido a baixos valores de acidez, bem como pela suculência de forma inversa; e o grupo constituido pelas restantes cultivares. Verificou-se preferência do painel pelas cultivares de 2000, por apresentarem uma maior suculência associada a valores de SS/acidez e firmeza moderados. Pela análise de variância (ANOVAMANOVA) dos resultados sensoriais de dois anos, verificou-se que apenas a cultivar “Bluecrop” apresentou diferenças significativas nos parâmetros cor azul (0,000***) e suculência (0,005**). Em relação aos resultados da cor, registaram-se apenas diferenças significativas no parâmetro coloração da “Sharpblue” (0,01**) e para o parâmetro saturação as cultivares apresentaram diferenças altamente significativas (0,000***), com a “Bluecrop” a registar menor diferença (0,003**). ESB UCP 351 Estabeleceram-se correlações entre parâmetros subjectivos da análise sensorial e os objectivos da caracterização fisico-química, sem atender às cultivares. Nas condições deste estudo, em 1999 verificou-se que, quanto mais elevados eram os valores do parâmetro cor azul menores os valores da acidez (r=-0,918*). Os valores da firmeza correlacionaram-se inversamente com peso (r=-0,919*) e com acidez. (r=-0,966*). O sabor a mirtilo correlacionou-se directamente com a acidez titulável e inversamente com a relação SS/pH, respectivamente (r=0,976*) e (r=-0,964*). Em 2000, observouse que os parâmetros objectivos da Luminosidade vs cor baça (r=0,999*) e os valores de SS vs doce (r=1,000***) estavam directamente correlacionados. Nestes dois anos de ensaio as cultivares não apresentaram grandes diferenças de ano para ano nem entre elas, excepto a “Premier” e a “Bonita Blue” de 1999, que apresentaram um certo grau de arenosidade, conferido por maior número de sementes. Bibliografia (1) CAMARA, M.; DIEZ, C.; TORIJA, M. E. (1995) - Alimentación, Equipos y Tecnologia, 6, p. 113-116. (2) ECK, P. (1988) - Blueberry Science. Rutgers University Press, New Brunswick and London. (3) MOORE, J. N. (1989) - Breeding. In Blueberry Culture. Eck, P.; Childers, N. Rutgers University Press. P. 45-74. (4) DONAHUE, D.; WORK, T. M. (1998) - Journal of Texture Studies 29 p. 305-312. (5) ANZALDÚA-MORALES, A. (1994) - La Evaluación Sensorial de los Alimentos en la Teoria y la Práctica. S.A, p. 70-79, Zaragoza, Spain. Acribia Eds. (6) NP - EN 12147 (1999) - Acidez Titulável. IPQ. ESB UCP 352 Effect of harvest date and delay of storage: on L-ascorbic acid content of “Rocha” pear Galvis Sánchez A. C. and Miranda Bernardo de Morais A. M. Escola Superior de Biotenologia, Universidade Católica Portuguesa, Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 420-072 PORTO, Portugal Abstract “Rocha” pear (Pyrus communis L.) was picked at three different harvest times and stored in controlled atmosphere immediately (norrnal-CA) or after one month in cold storage (delayed-CA storage), or stored immediately in norrnal atmosphere (NA). One CA storage condition was used with 2.5 % O2 + 0.7 % CO2. L-ascorbic acid (L-AA), color, and firmness were evaluated at harvest, after five and nine months of storage. At harvest time pears from the second harvest date presented higher AA levels than fruits from the other harvests. After five months of storage a decrease in the level of AA was observed for fruits from all the slorage conditions. After five months of storage fruits from delayed-CA storage showed tendency to higher AA content than fruits from normal-CA storage. Fruits stored in air presented the highest AA content. It is of utmost importance to perform studies on the mechanisms of degradation of AA in pears stored under CA. ESB UCP 353 ESB UCP 354 ESB UCP 355 Aroma volatiles in French beans dependent on isolation technique Lemos M. T. INETI-Departamento de Tecnologia das Indústrias Alimentares, Estrada do Paço do Lumiar, 22, 1649-038 Lisboa Introduction Flavour is an important property of foodstuffs. The overall sensory impression induced by the flavour compounds strongly effects the acceptance of a product by the consumer. Therefore, analysis of flavour compounds provides the knowledge needed to objectify and to improve food flavour quality. However, the composition of aroma volatiles from many fruits and vegetables are significantly influenced by the isolation method of the volatile fraction. French beans (Phaseolus vulgaris L.) is widely consumed as a vegetable. It is cultivated in Portugal and in many regions of the world. The beans are marketed either fresh/frozen, dried, or cooked and canned (2). To date, only a few investigations have been performed on the entire set of flavour volatiles of French beans. To investigate the aroma formation in raw French beans (Phaseolus vulgaris L.) two different types of isolation techniques were analysed: steam distillation and high vacuum distillation. Materials and Methods Material French beans (Phaseolus vulgaris L.) pods grown in Germany were purchased from wholesale dealers. Isolation of volatiles Method 1 - Raw French beans (500 g) were blended with 500 ml aroma-free, distilled water for 30 s and placed in a 3 L flask. After immediate steam distillation (5 min.), the solution of the volatiles was extracted five times with chloroform and the combined extracts dried over anhydrous Na2SO4. The extract obtained was concentrated to 100 ml by vacuum. Method 2 - Raw French beans (500 g) were frozen in liquid nitrogen and powdered by means of a Waring blender. After immediate extraction at room temperature with ESB UCP 356 diethyl ether (five times, total volume 1L), the combined extracts were dried over Na2SO4 and finally concentrated to 100 ml by distillation of the solvent at 38°C using a Vigreux column. The volatile fraction was isolated from the non-volatile material by high vacuum distillation using the apparatus recently described (1,3). Chemical analysis The extracts were analysed by High-Resolution Gas Chromatography/Mass Spectrometry (HRGC/MS) using a SE 54 column (30 mx 0.32 mm fused capillary, 0,25 µm). The samples were applied by the on column injection technique at 35°C. After 2 min, the temperature of the oven was raised at 40°C/min to 50°C, held for 2 min isothermally, then raised at 6°C/min to 180°C, and finally raised at 10°C/min to 230°C and held for 10 min. Results and Discussion Immediate extraction of a tissue powder manufactured by milling French beans in liquid nitrogen (method 2) recovered the typical flavour of raw beans as proved by evaluating an aliquot of the extract on a strip of filter paper after evaporation of the solvent diethyl ether. It was found that the composition and amount of aroma volatiles in French beans was considerably dependent on the different type of volatile sample preparation. Table 1 French beans volatiles identified COMPOUND a) RI on SE 54 ODOUR QUALITY b) (Z)-3-Hexenal d) 798 green, leaf-like Hexanal c) d) 800 green (E)-2-Hexenal c) d) 853 green (Z)-3-Hexenol c) d) 858 green Methional d) 900 cooked potato 1-Octen-3-one d) 976 mushroom-like 1-Octen-3-ol c) d) 981 mushroom-like 3-Isopropyl-2-methoxypyrazine d) 1092 earthy, beany Linalool c) d) 1100 flowery, sweet (Z)-2-Nonenal d) 1143 fatty, green (E,Z)-2,6-Nonadienal d) 1149 cucumber-like (E)-2-Nonenal d) 1157 fatty, tallowy 3-Isobutyl-2metoxypyrazine d) 1184 earthy, beany a) The compound was identified by comparing it with the reference substance on the basis of the following criteria: retention index (RI) and mass spectra. b) Odour quality refered in literature (1). c) Compound identified in method 1. d) Compound identified in method 2. ESB UCP 357 The significant change in volatiles induced by steam destillation (method 1) was mirrored by the absence of the two aldehydes (Z)-3-hexenal (green, leaf-like smelling) and (E,Z)-2,6-nonadienal (cucumber-like smelling) and of the two earthy-beany smelling pyrazines 3-isobutyl-2-methoxypyrazine and 3-isopropyl-2-methoxy-pyrazine. Conclusions The data gathered in this study suggest that the vacuum technique seems to be a more sensitive method for evaluating flavour quality (“green odour”) of raw French beans. References 1. HINTERHOLZER, A., LEMOS, T. E SCHIEBERLE, P. (1998). Z. Lebensm. Unters Forsch. A., 207: 219-222. 2. LEMOS, M. T. (1996). Aroma do feijão verde. Relações com os processos tecnológicos de congelação. INETI, DTIA. 3. SCHIEBERLE, P. (1995). New developments in methods for analysis of volatile flavor compounds and their precursors. In: Characterisation of Food - Emerging Methods. ed. A. G. Gaonkar, Elsevier, Amsterdam, pp. 403-431. ESB UCP 358 Vitamin C content as a function of maturity of “Morron pepper of Benavente-los Valles” (Spain) Pablos A., Martínez S., López M. and Bernardo A. Dpto. Higiene y Tecnología de los Alimentos. Universidad de León. Spain Introduction In the last years has considerably increased the interest on substances with natural antioxidant effect such as vitamin C. The ascorbic acid content of vegetables can be an index of quality. From a nutritional point of view, it is important to emphasize that peppers have a high vitamin C content, more than other vegetables and fruits, commonly recognised as sources of this component. However, the levels of this vitamin are very variable and may be affected by maturity, genotype and processing. The aim of this work was to evaluate the ascorbic acid content of “Morron pepper of Benavente-Los Valles” at three ripening stages (green mature, semicolored and red mature). This variety is cultivated in the province of Zamora (North-West of Spain). Materials and Methods Samples of peppers Representative samples harvested from different areas of each ripening stage were collected in September, 2.000. Determination of vitamin C content The quantification was done following the Tsumara et al. (1993) method, which is a technique based on direct spectrophotometry, and the oxidation of the ascorbic acid by the guaiacol peroxidase. All the samples were analysed in duplicate. Results and Discussion Vitamin C content of Morron pepper of Benavente-Los Valles at the three ripening stages is summarized in Table 1 as mean, minimum and maximum values, and standard deviations. It can be seen that the levels of this compound increased progressively on the ripening, reaching media values of 63.5,100.5 and 106.2 mg/100 g fresh ESB UCP 359 weight in green mature, semicolored and red mature peppers, respectively. These values are within the range of those observed by other authors in other pepper varieties (Tsumara, 1993; Lisiewska, 1994; Audisio et al., 1995; Man-Hyun et al., 1997; OruñaMinimum Maximum Media SD Green * 30.0 92.8 63.5 22.5 Semicolored * 63.0 118.0 100.5 15.7 Red * 74.0 137.7 106.2 17.7 Table 1 Vitamin C content (mg/100 g fresh product) in “Morron pepper of Benavente - Los Valles” * Number of samples: 6., S.D. Estándar deviation. Concha et al., 1998), which ranged from 41 (Lisiewska, 1994) to 306 (Man-Hyun et al., 1997) mg/100 g. From a nutritional point of view, the results presented here show that peppers should be consumed when they start turning red because in this moment the natural antioxidant level are present in high levels. Acknowledgments This study was supported by Junta de Castilla y León. References AUDISIO, M.; DANTE, M.; DE CICCO, A. AND SICILIANO (1995). Il contenato dei vitamina C nei peperoni (Capsicum annum) delle cultivar Rubra e Golden King in relazione al grado di maturazione de alle modalitá di conservazione. La Rivista di Scienza dell´Alimentazione 24(4), 543-547. LISIEWSKA, Z.; KMIECIK, W. AND JAWORSKA, G. (1994). The value of polish field grown sweet pepper cultivars for freezing and pickling. Roczn. PZH, XLV NR 4, 311-320. MAN-HYUN, J.; MASATORO, Y.; SACHIKO, M. AND KENJI, M (1997). Fruit yield, and ascorbic acid and capsaicinoid contents in the fruit of intervarietal hybrids of Capsicum annuum L. J. Japan Soc. Hort. Sci. 65(4), 713-722. ORUÑA-CONCHA, M.J.; GONZÁLEZ CASTRO, M.J.; LÓPEZ–HERNÁNDEZ, J. AND SIMAL -LOZANO, J. (1998). Monitoring of the vitamin C content of frozen beans and Padrón peppers by HPLC. Journal of Science and Food Agriculture 76, 477-480. TSUMARA, F.; OHSAKO, Y.; HARAGUCHI, Y.; KUMAGAI, H.;SAKURAI, H. AND ISHII, K.(1993). Rapid enzymatic assay for ascorbic acid in varios food using peroxidase. Journal of Food Science 58(3), 619-622. ESB UCP 360 Evolução da maturação do melão branco. Estabelecimento dos parâmetros de qualidade Alcobia E.M., Beirão da Costa M.L. e Moldão-Martins M. Instituto Superior de Agronomia, Centro de Microbiologia e Industrias Agrícolas, Tapada da Ajuda, 1399-017 Lisboa Introdução As características físico-químicas e sensoriais dos frutos dependem, entre outros, da data de colheita. Em muitos casos ainda não estão devidamente estabelecidas quais as relações entre data de colheita e a qualidade. É o que se verifica com o melão. A produção nacional de melão (Cucumis melo L.) ronda as 80 000 a 90 000 ton/ano correspondendo a uma produtividade média próxima das 30 ton/ha (Avelar, 1993). Sendo a cultura do melão economicamente importante em Portugal há toda a conveniência em definir parâmetros de qualidade com carácter objectivo e facilmente avaliáveis a partir de testes padronizados. A cultivar mais representativa em Portugal é o “Branco do Ribatejo” que tem o inconveniente de ser pouco resistente ao transporte (casca pouco espessa e polpa macia) e de ter um grande calibre (≥ 2 Kg). O melão é um fruto climatérico. Pode por isso ser colhido mais cedo do que aqueles que não pertencem a este grupo. Contudo tem que ter ocorrido primeiro o estado de maturação fisiológico, caso contrário corre-se o risco de nunca se atingir o estado de maturação comercial e consequentemente não se atingirem as características sensoriais desejáveis. Pode considerar-se que o estado de plena maturação é aquele em que o fruto possui um máximo teor em açúcar e a melhor textura (Ctifl, 1985). A colheita deve situar-se no início do pico climatérico, no momento em que o fruto adquire a sua autonomia de maturação, mas antes do aparecimento dos fenómenos de envelhecimento (Chapon e Westercamp, 1996). A medição interna do teor de etileno em frutos permite determinar o início do pico climatérico. Constitui objectivo do presente estudo o estabelecimento da data adequada de colheita com vista a maximizar as características de qualidade. Materiais e métodos Melão Branco do Ribatejo cultivado em Almeirim (área de produção 28 000m2). Estabeleceu-se um plano de amostragem por variáveis recorrendo às tabelas Mil STD 414 tendo-se seleccionado um plano cuja dimensão da amostra é n igual a trinta. ESB UCP 361 O ensaio decorreu durante seis semanas, tendo-se procedido à casualização da amostra (16 570 plantas) para cada semana de colheita. Procedeu-se à determinação de: Textura - texturómetro TA – XT2 - sonda cilíndrica de 8 mm de diâmetro, profundidade de penetraçao de 6 mm e velocidade 2 mms-1. Teor de sólidos solúveis - refractómetro digital (CETI Brixi – 040). PH. Actividade respiratória - Melões inteiros (massa conhecida) foram colocados em excicador de capacidade conhecida. A composição da atmosfera interna do excicador foi avaliada ao fim de 24 h com um analisador de gases (PBI – Dansensor Check Mate 9900 O2/CO2). Análise sensorial - painel treinado de 8 provadores. Teste descritivo/descriminativo utilizando uma escala linear contínua. Os dados obtidos foram submetidos a uma análise de variância (ANOVA / MANOVA: Teste de Sheffé, p <0.05). Os dados da análise sensorial foram submetidos a PCA. Resultados e Discussão A análise de variância evidenciou existirem diferenças significativas no pH, °Brix e acidez a partir da 2ª semana e na textura apenas a partir da 4ª semana de colheita. Este facto, associado à variação verificada na taxa respiratória (Fig.1), pode indicar que o pico climatérico ocorreu por volta da 4ª semana. Neste ponto observou-se um máximo de taxa respiratória, um decréscimo na dureza e um aumento da relação °Brix/pH. Figura 1 Evolução da taxa respiratória ao longo do tempo Também a análise sensorial reforça os dados da análise fisico-química, indicando mudanças por volta da 4ª semana de colheita. A projecção dos atributos sensoriais e das datas de colheita no espaço definido pelas duas primeiras Componentes Principais (Figura 3) permite concluir que a apreciação global (APG), está intimamente relacionada com o °Brix , a suculência dos frutos e o parâmetro C da cor. A textura (aqui, a representar maior dureza do fruto) opõe-se à apreciação global. ESB UCP 362 Figura 2 Evolução da relação ºBrix/pH (®) e da dureza (D) ao longo do tempo A partir da 4ª semana os frutos apresentam características sensoriais que se opõem claramente às dos frutos das semanas anteriores. No entanto as melhores características sensoriais registam-se a partir da 6ª semana. Com base nos resultados do ano em estudo, apesar de pouco representativos por se tratar de um ano climático atípico, podem-se estabelecer alguns valores indicativos do grau de maturação à colheita com vista à melhor aceitabilidade pelo consumidor. Os valores dos parâmetros definidores de qualidade na semana de melhor aceitação foram:°Brix = 10,64 % ±0,88; pH = 6,28±0,04; dureza = 7,98 N±2,81, pelo que poderão, numa primeira aproximação, tomar-se como valores de limiar mínimo destes parâmetros. Figura 3 Projecção dos atributos sensoriais e das datas de colheita no espaço definido pelas duas Componentes Principais Bibliografia Avelar M.L. (1993), Melão, Dossier Produto de Frutas, Legumes e Flores, 11: I-XII. CTIFL (1985), Melon, Centre Tecnique Interprofissionel des Fruits et Legumes, Paris. Chapon J.F. e Westercamp P., (1996), Entreposage frigorifique des pommes et des poires, Tome 2, Conduite de la conservation, Ctifl, Paris. ESB UCP 363 Kinetics of frozen stored green beans (Phaseolus vulgaris, l.) quality changes: vitamin C, reduced sugars and starch Martins R.C. and Silva C.L.M. Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 4200-072 Porto, Portugal Objective Quantify the kinetics for vitamin C (AA and DHAA) and starch degradation and reduced sugars content increase, in frozen stored green beans. Introduction Frozen vegetables consumption has increased in the past years, and also the consumer’s concern about food security, quality, shelf-life and convenience, contributing for the increase in today’s meals nutritional quality. Although freezing is a good preservation technique, important quality losses do occur in vegetables during frozen storage and mainly throughout the distribution chain. Examples of quality attributes that can degrade are texture, vitamin, flavour, and aroma. During freezing the degradation of ascorbic acid can follow three different pathways: mild oxidation, aerobic pathway, and catalysed by copper or iron (Cu2+/Fe3+). The rate of degradation depends on the product, but generally a first order or apparent first order reaction kinetics is expected [1]. The behaviour of AA degradation has been observed to follow Ahrrenius behaviour with temperature. Starch in vegetables can hydrolyse [2] and thus be considered a good indicator of frozen vegetables shelf-life [3]. The reduced sugars content increase is related to the decrease in pH of low protein foods, due to freeze concentration [4], therefore increasing the rate of acid catalysed hydrolysis. Acid-catalysed degradation of starch can be modelled by a first order or apparent first order kinetics. Results and Discussion Frozen green beans were distributed into three laboratory freezers (Fitotherm, model S550 BT) at the temperatures of -7, -15 and -30°C±1°C. The samples were analysed over a period of 250 days and sampled from random locations inside the freezer. ESB UCP 364 Ascorbic Acid content (AA) and Dehydro Ascorbic Acid (DHAA) were quantified by the Zapata & Dufour method [5]. Starch content was measured according to Norma Portuguesa NP-1420, 1987 [6]. Figure 1 presents degradation data for ascorbic acid and starch at -7°C. Kinetic parameters obtained using a one step non-linear regression to the all data, are presented in Table 1. Figure 1 Degradation data: (a) ascorbic acid and (b) starch at -7ºC. Continuous lines are model predicted values Table 1 Ascorbic acid, starch and reduced sugars kinetic parameters Parameter Ascorbic acid Starch Reduced Sugars C0 (g/100g) 146.1×10-3 8.211±0.119 1.145±0.329 ±2.412×10-3 kref × 10-2 (day-1) 15.61±0.351 9.896±0.077 3.744±0.771 Ea × 103 (J.mol-1) 3.861±0.926 12.331±1.204 6.050±7.819* SE 8.565 0.915 1.562 * Non-significant model parameter. Ascorbic acid & Dehydro ascorbic acid content During the blanching and freezing processes, no significant losses occurred to vitamin C, where the levels of AA and DHAA remained equal to the fresh product. However, significant losses occurred during frozen storage. Similar results were already observed by Favel, 1998 [7]. Ascorbic acid oxidation along frozen storage followed a first order reaction kinetics with an Arrhenius behaviour with storage temperature. As expected, ascorbic acid oxidation exhibited a low activation energy and, therefore, a low sensitivity to temperature decrease during frozen storage. Reduced Sugars & Starch content The reduced sugars content increased quite rapidly during storage time. This may be at the expense of acid catalysed starch hydrolysis, where starch content decreases ESB UCP 365 also significantly (p<0.05). Therefore, the starch content decrease and reduced sugars increase are correlated with a correlation coefficient of -0.8099. Starch hydrolysis is not a very temperature sensitive reaction (Ea=1.233×104 J.mol1), but the Arrhenius equation is necessary to describe the kinetic rate with storage temperature (t{Ea}>tcrit). Acknowledgements The author R.C. Martins gratefully acknowledges the Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) for all the academic support and his PhD grant (PRAXIS XXI BD/18541/98). References [1] VILLOTA R., HAWKES J. G. 1992. Reaction kinetics in food systems. In: Heldman DR, Lund DB. editors. Handbook of Food Engineering. New York: Marcel Dekker. p 39-144. [2] ZHEREBTOV N. A., RUADZE I. D., YAKOVLEY, A. N. 1995. Mechanism of acid-catalysed and enzymatic hydrolysis of starch. Applied-Biochemistry and Microbiology, 31(6):511-514. [3] MOHARRAM Y. G., ROFAEL S. D. 1993. Shelf-life of frozen vegetables. In: Shelf-Life Studies of Foods and Beverages. Charlambous G, editor. Amsterdam: Elsevier. [4] FENNEMA O. R., POWRIE W. D., MARTH E. H. 1973. Low-Temperature Preservation of Foods and Living Matter. New York: Marcel Dekker INC. [5] ZAPATA S., DUFOUR J. P. 1992. Ascorbic, Dehydroascorbic and Isoascorbic acid simultaneous determination by reverse phase ion interaction HPLC. Journal of Food Science, 57(2): 506-511. [6] Norma Portuguesa NP-1420. 1987. Determinação dos açúcares totais, dos açúcares redutores e dos açúcares não redutores (sacarose), Técnica de Luff-Schoorl, Processo corrente. [7] FAVELL D. J. 1998. A comparison of the vitamin C content of fresh and frozen vegetables. Food Chemistry, 62(1):59-64. ESB UCP 366 Análise química e sensorial de néctares de pêra Feliciano R.1, Ramos A.2, Bronze M. R.1,2 1 2 Faculdade de Farmácia de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1649-019 Lisboa Instituto de Tecnologia Química e Biológica, Apartado 127, 2784-505 Oeiras Introdução Dada a crescente preocupação na qualidade da alimentação, nomeadamente no que se refere ao consumo de frutas e produtos derivados, o consumo de néctares nos últimos dez anos aumentou significativamente. A pêra Rocha que apresenta uma elevada produção na região do Oeste é muito apreciada em Portugal pelas suas características sensoriais, sendo utilizada na produção de algumas marcas de néctares. No entanto outras variedades de pêra podem ser usadas. A avaliação da qualidade de um produto alimentar passa pela avaliação sensorial e, sendo conhecida a subjectividade deste tipo de análise tem-se tentado correlacionar essa avaliação com os resultados de análises químicas efectuadas aos produtos. Este trabalho teve como objectivo comparar características sensoriais e químicas de néctares de pêra de diferentes marcas adquiridos no supermercado. Parte experimental Amostras de néctar de pêra correspondentes a 8 marcas comerciais em embalagem de vidro, tetrapak e lata foram medidas (7 ml) para frascos de 10 ml de volume. Os frascos foram tapados e procedeu-se à concentração dos compostos voláteis presentes no espaço de cabeça em contacto com a amostra, utilizando uma fibra (Supelco, Inc. 50/30 mm, polidimetilsiloxano/divinilbenzeno/Carboxeno) para MEFS (microextracção em fase sólida), com um tempo de exposição de 30 minutos, à temperatura ambiente e com agitação a 1000 rpm (Bioblock Scientific AM 3003). As análises cromatográficas foram efectuadas por CG (Schimadzu-17A) com detector de massa (Shimadzu QP-5000) equipado com uma coluna J & W Scientific DB‘-1701P de 30 m e 0,25mm d.i.. O sistema de aquisição e tratamento de dados utilizado foi o Class5K (Shimadzu) e a biblioteca de espectros utilizada foi a NIST62. A temperatura do injector era de 250°C e o tempo de dessorção da fibra foi de 3 min. Foi utilizado o ESB UCP 367 seguinte programa de temperaturas: 40°C durante 5 min, rampa de 5°C/min até 230°C. A temperatura da interface era de 250°C e a detecção foi feita na gama de m/z 30 a 300. Relativamente à análise sensorial, 20 provadores seleccionados no laboratório, efectuaram duas provas para determinação das suas preferências e duas provas de ordenação da intensidade das características sensoriais avaliadas nos néctares de pêra. Resultados e Discussão Os resultados obtidos após análise das amostras de néctares de pêra por CG-EM foi submetido ao tratamento matemático por análise por componentes principais. A projecção de todas as amostras analisadas no espaço definido pelas 3 primeiras componentes principais mostrava que um dos néctares se distinguia dos restantes o que pode ser explicado por se tratar de uma mistura de 3 néctares (pêra, uva e maçã) de acordo com indicação no contra-rótulo na embalagem. Na avaliação sensorial esta amostra foi identificada como a que apresentava um flavour menos intenso a pêra e foi a mais penalizada em termos de preferência de flavour e impressão global. Retirada esta amostra do conjunto de dados procedeu-se a uma nova representação que se apresenta na Figura 1. As várias marcas estão identificadas pelas letras: A a H; e a segunda letra refere-se ao tipo de embalagem: V- vidro, T- tetrapak, L-lata. Figura 1 Projecção das amostras de néctar de pêra no espaço definido pelas 3 primeiras componentes principais (CP) (variância total acumulada 73%) ESB UCP 368 Na figura destacam-se vários grupos de amostras (A, B, D e H). Os néctares AV identificados na figura correspondem a um ensaio de repetibilidade em que a amostra que mais se afasta foi analisada a partir do mesmo frasco. Os provadores preferiram as amostras de DV e AT as quais correspondiam respectivamente à amostra com maior e menor intensidade de aroma a pêra. A análise dos vários néctares de pêra mostrou que os compostos maioritários eram habitualmente o acetato de butilo e o acetato de hexilo, sendo excepção o néctar DV que apresentava maioritariamente acetato de isoamilo e o isovalerato de isoamilo. Foram identificados só nesta amostra o acetato de isobutilo e isovalerato de isoamilo descritos [1] como responsáveis por aromas frutados (a maçã e damasco). Quando se comparou sensorialmente a amostra A (aroma, flavour e sabor) em embalagem diferente (frasco de vidro e tetrapak) foram detectadas diferenças estatisticamente significativas entre os néctares (grau de confiança 95 %) . Referências [1] Flavours and fragances, featuring naturals & essential oils, Aldrich International Edition, 2000 ESB UCP 369 Tratamentos osmóticos em ameixa. Cinética e processamento Sapata1 M. M., Ferreira1 A., Leitão A. E.2, Curado T.1, Andrada L.1, Antunes C.1 e Candeias M. 1 1 2 INIA-EAN, Quinta do Marquês, 2784-505 Oeiras IICT-CEPTA, Apartado 3014, 1301-901 Lisboa Introdução A comercialização da ameixa em Portugal constitui um problema, dada a concentração da oferta numa determinada época do ano. Assim, em alternativa, existe todo o interesse em desenvolver novas tecnologias para a obtenção de produtos processados de qualidade. A desidratação osmótica (DO) pode ser uma excelente alternativa (Projecto PIDDAC 116/98, INIA). Com este estudo pretendeu-se dar uma contribuição para a valorização da ameixa, como produto alternativo de elevado valor acrescentado. Foi avaliada a cinética do processo, tendo em conta o efeito da temperatura e o tempo de DO e determinado o comportamento do produto osmodesidratado combinado com processos clássicos de estabilização (pasteurização, secagem e congelação). Material e Métodos Cinética: As ameixas (Prunus domestica L.) cv. “Rainha Claúdia” foram colocadas, inteiras, em solução de sacarose a 60°Brix com 1,5 % de ácido ascórbico, numa relação fruta/solução (p/p) de 1:2. A desidratação foi realizada em banhos termostatizados a 45, 55 e 65°C, com agitação, durante 24 h. Foram determinados a perda de massa (WR), o incremento em sólidos (SG), a perda de água (WL), o conteúdo de água normalizado (NMC), o conteúdo de sólidos normalizado (NSC) e os coeficientes de transporte de massa para os sólidos (K) e para a água (K’) [1, 2]. Processos combinados: Após determinação do tempo e temperatura de DO mais adequados, as ameixas osmodesidratadas foram submetidas aos seguintes processos de estabilização: Pasteurização em frascos de vidro, com solução isotónica de sacarose, em banho termostatizado a 75°C durante 30 min.; Secagem em estufa a 60°C durante 12 h; Congelação em câmara a – 40°C. ESB UCP 370 Determinações analíticas: Determinaram-se os sólidos solúveis (ºBrix), a actividade da água (aW), o pH, a cor (L*a*b*) convertida em coloração e saturação [3, 4], bem como a contagem da flora aeróbia mesófila total, esporos de bactérias aeróbias termófilas totais, bolores xerofílicos e leveduras osmofílicas. A avaliação sensorial global foi realizada por um painel de 17 provadores, com utilização de análise descritiva quantitativa. Resultados e Discussão Cinética do processo e evolução das características físico-químicas: Verificaram-se variações crescentes na perda de massa, no incremento em sólidos e na perda de água, mais evidentes a 65°C. Os coeficientes de transporte de massa para os sólidos foram inferiores aos de transporte para a água, o que significa que as ameixas cedem mais facilmente água do que adquirem sólidos, sendo mais notório a 45 e 55°C. O aw diminuiu muito lentamente, atingindo um valor mínimo às 18 h. O pH apresentou uma ligeira diminuição, em consequência da incorporação do antioxidante. O resíduo seco solúvel aumentou nos frutos e diminuiu na solução, confirmando-se a troca osmótica entre os frutos e a solução, mais acentuada a 65°C. A temperatura e o tempo de DO afectaram a cor à superfície das ameixas; a 65°C apresentaram-se mais escuras, menos brilhantes e com menor intensidade de cor; as temperaturas de 55 e de 65°C ocasionaram uma perda drástica da cor verde nas primeiras horas, verificando-se uma estabilização da cor para todas as temperaturas, a partir das 8 h. De acordo com a cinética obtida, e considerando o ponto de equilíbrio e as propriedades sensoriais do produto osmodesidratado, seleccionou-se a temperatura de 55°C e o tempo de 18 h como condições adequadas. Resultados similares foram obtidos em maçãs, morangos e cerejas [5], e em tangerinas [4]. Processos Combinados: No processo com secagem os valores de humidade, aw e pH foram inferiores, relativamente aos outros processos em estudo. Verificou-se um acréscimo acentuado no ºBrix, nos processos com pasteurização e congelação, justificado pelo incremento em sólidos durante a DO, tendo sido o valor mais elevado detectado no processo combinado da DO com secagem, o que está ainda relacionado com o menor teor de humidade do produto. O processo com secagem conduziu a uma maior degradação da cor, justificada pelos menores valores de luminosidade, saturação e coloração. Todos os produtos transformados mostraram boas condições higiéno-sanitárias e elevada esta- ESB UCP 371 bilidade, dado que os parâmetros microbiológicos, quando comparados com os padrões bacteriológicos de alimentos portugueses, apresentaram-se abaixo dos valores adoptados, ou mesmo nulos. Os produtos finais dos processos combinados tiveram boa aceitação. Conclusões Tendo em atenção o estado de maturação das ameixas, foi seleccionada a temperatura de 55°C e o tempo de 18 h, como condições mais favoráveis de desidratação osmótica. Os processos combinados permitiram obter uma gama de produtos de elevada estabilidade, boa aceitação e valor acrescentado. Bibliografia [1] LAZARIDES, H. N.; MAVROUDIS, N. E., 1995. J. Food Sci., 60: 826-857. [2] TORREGGIANI, M.; SENESI, E.; FORNI, E.; BERTOLO, G., 1989. Influence of pasteurization on the quality of osmodehydrated fruit: cherry, apricot, Clingstone peach. In: Spiess, W.E.L., Schubert, H. (eds) Engineering and food. Preservation processes and related techniques, Vol. 2, Elsevier Applied Science, London, p. 69-77. [3] LITTLE, A. C., 1975. J. Food Sci., 40: 410-411. [4] SAPATA, M. M.; FERREIRA, A.; BRONZE, M. R.; LEITÃO, A. E.; CURADO, T.; ANDRADA, L.; PATRÍCIO, M.C.; CANDEIAS, M., 2000. Osmotic dehydration of mandarins: kinetic evaluation and product quality. Proceedings of the 12th International Drying Symposium, IDS 2000, paper 145, Noordwijkerhout, The Netherlands. [5] LENART, A., 1994. Osmotic dehydration of fruits before drying. In: Singh, R.; Oliveira F. (eds) Minimal processing foods and process optimization, CRC Press, London, p. 87-106. ESB UCP 372 Contributo para o estudo da composição química do xarope utilizado na desidratação osmótica de damascos Fraga A.1,2, Bronze M. R.1,2, Candeias M.3 e Vilas Boas L.2,4 1 Faculdade de Farmácia de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1649-019 Lisboa, ITQB, 2784-505 Oeiras, 3 EAN- DTPA, 2784-505, Oeiras, 4 IST, 1049-001 Lisboa 2 Com o objectivo de aumentar o tempo de consumo de fruta têm sido utilizados diferentes processos, nomeadamente a desidratação osmótica o qual consiste em colocar o fruto em contacto com um xarope (por exemplo, uma solução de sacarose). Em trabalhos anteriores estudou-se a variação da composição química de tangerina e damasco após a desidratação osmótica e posterior utilização de outros processos de conservação (congelação, pasteurização, secagem e liofilização). Um problema na aplicação deste tipo de processo à escala industrial está relacionado com o manuseamento de um elevado volume de xarope desidratante. Com este trabalho pretendeu-se adquirir um maior conhecimento sobre a variação da composição química do efluente resultante do processo de desidratação osmótica. Parte experimental Utilizaram-se damascos (Prunus armeniaca L. Var. “Polida”) da região de Pegões que foram sujeitos a desidratação osmótica (DO) sendo a fruta cortada em quartos e imersa numa solução de sacarose a 60°Brix com ácido ascórbico a 1,5 %. Utilizaramse três temperaturas 45, 55 e 65°C e uma razão fruta:xarope de 1:2 (m/m). Recolheram-se amostras de xarope e de fruta após 8, 20 e 24 h, que foram conservadas a –18°C até se proceder à sua análise. O xarope foi sujeito ao mesmo processamento sem o fruto sendo por isso considerado como um ensaio em branco para cada temperatura e cada tempo em estudo. Amostras de damascos foram extraídas com água, metanol ou acetonitrilo durante 1 h com agitação. Após centrifugação e filtração, os vários extractos e xaropes foram analisados por HPLC [2]. Procedeu-se ainda à concentração dos compostos voláteis por MEFS e análise por CG-EM [1]. Resultados e Discussão Foram comparados os perfis cromatográficos (Figura 1) obtidos na análise por ESB UCP 373 cromatografia líquida com detecção a 280 nm, correspondentes às amostras de xarope desidratante retiradas durante o processo de DO a 45, 55 e 65°C. Figura 1 Cromatogramas obtidos na análise por HPLC com detecção a 280 nm. Legenda: (8) 5-HMF, (12) furfural, (18) ác. p-hidroxibenzóico, (25) ác. clorogénico, (26) ác. cafeíco, (36) ác. p-coumárico, (45) rutina A Figura 1 mostra que no ensaio em branco a 45°C são detectados o 5-HMF e furfural. Quando se compararam os vários perfis deste tipo de ensaios observava-se um aumento do teor destes compostos à medida que a temperatura de processamento aumentava e para a mesma temperatura um aumento com o tempo de processamento. Nos xaropes em contacto com a fruta o número de compostos detectados era superior e estes compostos também estavam presentes no extracto de damasco analisado (Figura 1). Na análise por MEFS-CG-EM foram detectados nos xaropes o furfural, o β-linalol e o a-terpineol sendo os últimos característicos do aroma do damasco. Procedeu-se à análise por componentes principais dos valores das áreas correspondentes aos vários compostos detectados (60 variáveis) nos cromatogramas dos xaropes e dos extractos metanólicos dos damascos processados. Na Figura 2 representa-se a projecção das amostras no espaço definido pelas 3 primeiras componentes e verifica-se que os xaropes estão separados dos extractos de damasco processados nas diferentes condições. À temperatura de 65°C nota-se que as amostras mais próximas dos ensaios em branco do xarope (B) são o xarope processado durante 8 h e o damasco processado após 24 h o que significa que ocorreram efeitos contrários nas duas amostras. O trabalho desenvolvido permitiu concluir que durante o processo de DO alguns compostos fenólicos e voláteis são extraídos para as caldas e outros compostos que se formam no xarope migram para o interior do fruto. ESB UCP 374 Figura 2 Projecção dos xaropes desidratantes (X) e extractos metanólicos de damasco(D) no espaço definido pelas 3 primeiras componentes (CP) Terá que haver algum cuidado na reciclagem e reutilização destes xaropes à escala industrial porque a sua composição química se altera com o processamento do fruto. Referências [1] A. FRAGA, M. R. BRONZE, M. CANDEIAS, L VILAS BOAS, Volatile compouds in processed apricots: analysis by SPME-CG-MS, 23rd International Symposium on Capillary Chromatography”, Riva del Garda, Italy, 2000 [2] A. FRAGA, M. R. BRONZE, M. CANDEIAS, L VILAS BOAS, Análise por cromatografia líquida de damascos sujeitos a um processo de desidratação osmótica, 14º Encontro Luso-Galego de Química, Braga, 2000. ESB UCP 375 Efeito do processo de desidratação osmótica na composição química de ameixa processada Soares M.1, Bronze M. R.1,2, Ferreira A.3, Sapata M.3, Leitão A. E.4, Andrada L.3 e Candeias M.3 1 Faculdade de Farmácia de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1649-019 Lisboa; ITQB, Oeiras; 3 INIA-EAN-DTPA, Oeiras; 4 IICT-CEPTA, Lisboa 2 Introdução O processamento da ameixa por desidratação osmótica (DO) pode ser vantajoso se der origem a um produto de elevada qualidade e que possa ser disponibilizado para certos nichos de mercado, possibilitando a sua comercialização a preços mais elevados. Na sequência de estudos já apresentados, relativos à utilização do processo de DO na conservação de frutos - Projecto PIDDAC 116/98 (INIA) - este trabalho teve por objectivo avaliar a evolução da composição química de ameixa (açúcares, ácidos e compostos voláteis) ao longo do processo de DO, assim como comparar a composição química e a avaliação sensorial de ameixa obtida em processo combinado (ameixa osmodesidratada + processos clássicos de estabilização) com a de ameixa obtida pelos processos clássicos de estabilização (pasteurização, secagem e congelação). Material e Métodos As ameixas (Prunus domestica L.) cv. “Rainha Claúdia” foram desidratadas osmoticamente a 45, 55 e 65°C e foram recolhidas amostras em 3 intervalos de tempo (16, 20 e 24 h). As ameixas em fresco e as osmodesidratadas a 55°C durante 18 h foram posteriormente submetidas a pasteurização, secagem e congelação [1]. Utilizaram-se técnicas de cromatografia líquida (HPLC) para avaliação dos teores de açúcares, ácidos e cromatografia gasosa (MEFS-CG-EM) para o estudo dos compostos voláteis [2]. A avaliação sensorial foi feita por um painel treinado de 17 provadores efectuando um ensaio de comparação por pares. Os resultados das análises químicas foram tratados por análise de componentes principais, utilizando o programa NTSYS (Exeter Software). ESB UCP 376 Resultados e Discussão Evolução da composição química de ameixa ao longo do processo de DO A projecção das várias amostras no espaço definido pelas 3 primeiras componentes (variância total acumulada nas componentes principais 86 %) está representada na Figura 1. Figura 1 Projecção das amostras (A- 45 ºC; B- 55 ºC; C- 65 ºC; durante 16, 20 e 24 h) no espaço definido pelas componentes principais 1 (CP1), 2 (CP2) e 3 (CP3) Para a diferenciação entre as amostras contribuíram as variáveis medidas (35) nomeadamente: os teores em sacarose, ácido málico e succínico diminuiram com o aumento da temperatura de processamento e, para a mesma temperatura, diminuiram com o tempo de processamento. Relativamente aos teores de glucose e frutose os seus valores aumentaram com a temperatura, devido à inversão da sacarose. Os resultados da análise dos compostos voláteis (30 compostos detectados) mostraram que as alterações mais significativas ocorreram nas amostras processadas a partir dos 55°C e de forma mais acentuada aos 65°C devido ao aumento no teor de benzaldeído, 2-heptenal, 2-octenal e furfural. Estes compostos podem ser responsáveis por modificação do aroma e flavour das ameixas porque apresentam aromas característicos. ESB UCP 377 Efeito do processo combinado na composição química e avaliação sensorial da ameixa Os teores de sacarose, ácido málico e succínico diminuíram após processamento com DO enquanto que os teores de glucose e frutose aumentaram. Relativamente aos compostos voláteis o processo de secagem mostrou que o fruto após processamento de DO apresentava teores mais elevados de 2-heptenal, benzaldeído e ácido acético. A DO não provocou modificação nos teores destes compostos após pasteurização. No processo de congelação observaram-se diferenças entre os perfis cromatográficos das ameixas processadas tendo sido detectada maior concentração de hexanal, 2-hexanal e fenilacetaldeído no fruto fresco congelado. Os resultados da avaliação sensorial mostraram que o aroma e o flavour eram mais intensos nas ameixas osmocongeladas do que nas apenas congeladas. A DO não afectou o aroma das ameixas pasteurizadas, no entanto teve efeito no flavour revelando as ameixas osmopasteurizadas uma maior intensidade. No processo de secagem a DO não influenciou o aroma e o sabor das ameixas. O sabor doce era mais intenso nas ameixas sujeitas à DO e o sabor ácido nas ameixas conservadas apenas pelos processos clássicos, o que está de acordo com os resultados das análises químicas. As ameixas obtidas em processo combinado (DO + processo clássico de estabilização) foram preferidas pelos provadores quando comparadas com as ameixas tratadas pelos processos clássicos. Bibliografia [1] SAPATA, M.M.; FERREIRA, A.; LEITÃO, A. E.; CURADO, T.; ANDRADA, L.; ANTUNES, C.; CANDEIAS, 2001 – Tratamentos osmóticos em ameixa. Cinética e processamento. 5º Encontro de Química de Alimentos, Porto, 8-11 de Maio (a apresentar). [2] FERREIRA, A.; SAPATA, M.M.L; LEITÃO, A.E.B.; BRONZE M. R.; CURADO, T.; ANDRADA, L.; ANTUNES, C.; FRAGA, A.M.; CANDEIAS, M., 2000 – Influence of “combined” osmotic dehydration processes on quality of apricots. Proceedings of the 12th International Drying Symposium, IDS2000, paper Nº 146, Noordwijkerhout, The Netherlands. ESB UCP 378 A importância do teor em polpa de marmelo na textura da marmelada Piteira F.1 e Sousa I.2 1 Escola Superior Agrária. Sector da Química. Instituto Politécnico de Santarém- Apartado 310, 2001-904 Santarém 2 Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa, Tapada da Ajuda 1349-017 Lisboa Introdução Com a uniformização da legislação, relativa a doces e geleias, para todos os estados membros da União Europeia2,3,4, a marmelada deixou de ter regulamentação própria o que contribuiu para uma proliferação, no mercado, de doces denominados “marmelada extra”, mas que não têm as características de textura, cor, sabor e aroma da marmelada confeccionada a partir da variedade portuguesa marmelos (Cydonia oblonga lusitanica)10. Neste trabalho pretendeu-se estudar a importância do teor em polpa de marmelo, na textura da marmelada, procurando encontrar uma correlação entre a composição, as propriedades físico-químicas, a cor e os parâmetros de textura. Materiais e Métodos Confeccionámos marmeladas de sete formulações diferentes, fazendo variar o teor em polpa de marmelo (Cydonia oblonga lusitanica), maçã (Golden delicious) e gamboa (Cydonia oblonga gamboa). As polpas foram obtidas por cozimento dos frutos, em água, e conservadas por congelação até serem utilizadas. Na determinação do teor em substâncias pécticas foi seguido o procedimento recomendado pela norma francesa NF V 05-128 (1984). Na determinação da cor utilizámos um colorímetro “Minolta” Chroma Meter CR-300 para a determinação dos parâmetros L*, a* e b*. A textura foi determinada por intermédio de um texturómetro “Texture Analyser Model TA.XT2” da Stable Micro Systems, UK. Para a análise do perfil de textura (TPA) utilizámos uma sonda de alumínio fundido com 11 mm de diâmetro, velocidade de teste 2.00 mm/s, profundidade de penetração da amostra 5 mm, o tempo de repouso entre a primeira e a segunda penetração foi de 5 1,5,9. A marmelada foi testada enformada e a distância entre penetrações, assim como a distância à extremidade da amostra, foi sempre superior a 20 mm, para que uma penetração não influenciasse o resultado da seguinte. ESB UCP 379 Resultados e Discussão Nos quadros seguintes apresentamos os resultados estatísticos obtidos. Para cada amostra foram efectuadas dez réplicas. A análise dos parâmetros de textura, princiAmostras Dureza-C (g) Dureza-P (g) Adesividade (-g.s) a* (Verde/Vermelho) B* (Azul/Amarelo) MR 329,1 a 658,5 b 202,9 b 2,7 a,b,d 3,3 a GA 376,9 b 794,2 a 376,2 a 2,1 a,b 1,8 b -1,4 c MA -c 70,3 f 27,5 c,d 4,2 c MGM 268.2 d 532,3 c 229,2 b 2,7 a,b 0,8 d M1M3 114,0 e 164,5 e 116,5 b,c 3,7 c,d -0,7 e G1M3 151,2 e 162,0 e 68,7 d,c,e 2,7 a,b -0,6 e MRMA 223,4 f 347,8 d 151,6 b,e 2,2 a,b 0,7 d Quadro 1 Valores médios dos parâmetros de textura e cor (a* e b*) das marmeladas, com diferente composição, e resultados do teste de comparação de médias “ANOVA –MANOVA”, (comparações post-hoc, segundo Scheffé) MR-100 % marmelo; GA-100 % gamboa; MA-100 % maçã; MGM-33,3 % de cada; M1M3-25% marmelo e 75 % maçã; G1M3-25 % gamboa e 75 % maçã; MRMA-50 % marmelo e 50 % maçã. palmente a dureza no ensaio TPA, permitiu diferenciar todas as marmeladas, podendo ser um parâmetro a usar futuramente no controlo da qualidade, pela facilidade, rapidez e simplicidade com que se determina. Relativamente à cor, valores decrescentes de a* e crescentes de b* revelam aumento na percentagem de marmelo e/ou gamboa. Verificamos que o teor em polpa de marmelo está muito correlacionado com: o teor em pectinas de alto metoxilo,8 os parâmetros de textura - dureza por corte, Pectinas HM Dureza 0,97 (p< 0,001) Adesividade 0,90 (p< 0,001) b* (Azul/Amarelo) 0,94 (p< 0,001) Quadro 2 Correlação entre os parâmetros de textura e de cor b* e o teor em pectinas de alto metoxilo (HM) Quadro 3 Análise em componentes principais, às amostras com diferente composição, tendo em conta os parâmetros de textura - dureza-p e adesividade, e a sua relação com os parâmetros da análise físico-química mais relevantes - teor em pectinas HM, nível de acidez, e os parâmetros de cor - a* e b* ESB UCP 380 dureza por penetração, o parâmetro de cor b* (amarelo/azul) e a acidez das polpas.7 Deste modo, a utilização destes parâmetros na caracterização da marmelada, poderá contribuir para estabelecer especificações que permitam a sua certificação. Valores de dureza por penetração abaixo dos 600 g e valores do parâmetro b* inferiores à unidade dar-nos-ão forte evidência experimental da existência de maçã na formulação. Bibliografia 1. BOURNE, M.C. (1982). Food Texture and Viscosity: Concept and Measurement. Academic Press. New York. 2. Decreto-Lei nº 97/84. Regulamenta o fabrico e comercialização dos géneros alimentícios destinados ao consumidor final. Diário da República de 28 de Março de 1984 I Série. 3. Decreto-Lei nº 121/98. Transpõe para o ordenamento jurídico interno as Directivas n.os 92/2CE e 96/85/CE, ambas do Parlamento Eurupeu e do Conselho, de 20 de Fevereiro de 1995 e de 19 de Dezembro de 1996, que estabelecem as condições a que deve obedecer a utilização dos aditivos alimentares, com excepção dos corantes e dos edulcorantes. Diário da República de 8 de Maio de 1998 I Série-A. 4. Decreto-Lei nº 97/84. Regulamenta o fabrico e comercialização dos géneros alimentícios destinados ao consumidor final. Diário da República de 28 de Março de 1984 I Série. 5. GASPAR, C.; SOUSA, I E LAUREANO, O. (1998). Production of reduced-calorie grape juice jelly with gelan, Xanthan and locust bean gums; sensory analysis and objective texture. Z. Lebensm. Unters, Forsch., 206: 169-174. 6. NF V 05-128 (1984). Fruits, Legumes et Produits Dérivés. Determination des Substances Pectiques. 7. OAKENFULL, D. G. (1991). The Chemistry of High Methoxyl Pectins, em The Chemistry and Technology of Pectin. Academic Press (ed). New York. 8. SILVA, J. A. L. E RAO, M. A. (1995). Rheology of Structure Development in HighMethoxyl Pectin/Sugar Systems, em Food Technology, October 95, pp70-73. 9. SOUSA, I.; MATIAS. E. E LAUREANO. O. (1997). The Texture of low calorie grape juice jelly. Z. Lebensm. Unters. Forsch., 205: 140-142 10. PITEIRA, M. F. C. (2000). Estudo da Influência da Composição da Marmelada na sua Textura, a importância do Teor em Polpa de Marmelo, dissertação para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia dos Alimentos. Universidade Técnica de Lisboa. ESB UCP 381 Physicochemical evaluation of traditional and dietetetic marmalades Garrido E.1, Gareca S.1, Capote T.2, Cordero B.1 and Reyes D.1 1 Deparment of Ecology and Quality control. Universidad Centroccidental “Lisandro Alvarado”. Barquisimeto. Venezuela 2 Deparment of Chemestry and Soil. Universidad Centroccidental “Lisandro Alvarado. Barquisimeto. Venezuela. Abstract The objet of this study is evaluate the physicochemicals characteristics of commercial traditional (using sacarose) and dietetic marmalades of comsumption in Venezuela. Three types of traditional and two types of dietetic marmalades from pineapple, guava and apricot were evaluated. The parameters analized were: Acidity, pH, Solubles solids, Humidity and Ash. The normal ranges for the physicochemicals characteristics about traditional marmalades are: Acidity (0.38-0.91 mg Citric acid/100 g), pH (2.9-3.2), Solubles solids (65-69 ªBrix), Humidity (14.20-23.80 %) and Ash (0.160.25 %). The normal ranges to this parameters for dietetic marmalades are: Acidity (0.38-0.77 mg citric acid/100g), pH (3.6-3.9), Solubles solids (47.0-63.8°Brix), Humidity (21.50-45.40 %) and Ash (0.20-0.80 %). It was stablished that the parameters of traditional marmalades are agree with the venezuelan standards (COVENIN) for this type of food. The Acidity, pH, and Ash results of dietetic marmalades are agree with the venezuelan standars for traditional marmalades. The results of this evaluation indicates that both types of marmalades are phisicochemical similar. Dietetic marmalades show a porcentage of solubles solids out of the range due probably to the type of sweeter used. In related to reduced sugar, we found one dietetic marmalade had high porcent .We concluded to use reduced sugar in dietetic mar- ESB UCP 382 ESB UCP 383 ESB UCP 384 El hidroximetilfurfural como parámetro de calidad de mieles mono y multiflorales de Frutos Prieto A. y Blázquez Abellán G. Departamento de Nutrición y Bromatología II: Bromatología. Facultad de Farmacia. Universidad Complutense de Madrid. Resumen La miel es un producto azucarado con una alta proporción en azucares simples, que la hace susceptible de sufrir modificaciones y transformaciones que afectan no solamente a sus características organolépticas, sino también a su valor nutritivo. Una de estas transformaciones está relacionada con la aparición del hidroximetilfurfural, compuesto resultante de la descomposición de monosacáridos, principalmente, fructosa en medio ácido. En las mieles siempre existe este componente, si bien en pequeñas cantidades, cuando el producto está recién recolectado, pero a medida que se produce el envejecimiento natural del mismo, un calentamiento, o bien una posible adulteración con jarabe invertido, preparado a partir de sacarosa por hidrólisis ácida, se elevan las cantidades de este compuesto, índice que establece la calidad de una miel. En el presente trabajo, con el fin de establecer la calidad de mieles mono y multiflorales, se ha determinado este parámetro en un total de 50 muestras de mieles comerciales, repartidas de la siguiente manera: 10 de romero, 10 de naranjo, 10 de brezo, 10 de montaña y 10 multiflorales. La metodología seguida ha sido la propuesta en los métodos oficiales de análisis para la miel. (ORDEN de 12 de junio de 1986.B.O.E. 18-6-86) Los resultados obtenidos señalan una gran heterogeneidad de datos, comprobándose que la mayoría de las mieles estudiadas no sobrepasan el valor límite legislado para este parámetro, de 40 mg/Kg., lo que nos induce a pensar que son mieles de buena calidad, mieles frescas y que han recibido un tratamiento adecuado así como un correcto almacenamiento. ESB UCP 385 ESB UCP 386 ESB UCP 387 Heat resistance of Enterococcus faecium grown in different sodium chloride levels Herrera F. C., Martínez S., Feitosa J. G., Bernardo A. and López M. Dpto. Higiene y Tecnología de los Alimentos. Universidad de León. Spain Introduction Enterococci are intrinsically resistant to a number of antimicrobial agents, including salt. However, only partial information can be obtained on the effect of this compound on their thermal inactivation kinetic. This work was carried out to evaluate the effect of different salt concentrations in the medium of incubation on the thermal resistance characteristics of three strains of Enterococcus faecium. Materials and Methods Microorganisms and preparation of suspensions Three strains of E. faecium were used in this study: ATCC (American Type Culture Collection) 49624, CECT (Colección Española de Cultivos Tipo) 4932 and a strain isolated from spoilage canned leeks (wild strain). Subcultures for inocula of each one of these strains were prepared from an isolated colony in BHI (37°C/24h) and kept under refrigeration conditions. When required a colony was incubated in 9 ml of BHI broth for 24 h at 37°C, then 1 ml of each preculture was incubated in 9 ml of BHI broth containing 0.5, 1.0 and 7.5 % (w/v) of NaCl and incubated for 24 h at 37°C. Determination of heat resistance Thermal treatments were carried out in a thermoresistometer TR-SC (1) in a range of temperature of 65-72°C. An aliquot of 0.5 ml of each suspension was inoculated into the chamber containing Sorensen buffer pH 7, that was used as heating menstruum, when the desired temperature was stabilized. D and z-values D-values were estimated from the negative reciprocal of the slopes of the straight portions of survival curves (log survivors vs time). D70 were obtained in triplicate and compared using Student’s t-test (5). ESB UCP 388 z-values were determined as the negative reciprocal of the slopes of the thermal death time plots (log D-values vs temperature at which they were heated). Statistical comparision of z-values was carried out by the homogeneity test (5). Incubation and survival counts In all cases, samples of 0.2 ml of heated suspensions were recovered on BHI agar at 37°C. After 48 h of incubation colonies were enumerated using a Protos Colony Counter (AMS Protos, UK) following the specifications described by Ibarz et al. (3). Results and Discussion Table 1 summarizes D values obtained for the three strains of E. faecium grown in BHI broth containing different salt concentrations. These results showed a different behaviour among the strains tested. Thus, the heat resistance of ATCC 49624 and wild strains decreased as salt concentration increased, obtaining D70 values of 0.95, 0.7 and 0.26 min for cells grown in the presence of 0.5, 1.0 and 7.5 % of this compound, respectively. However, for CECT 4932 strain, cells incubated in the presence of 1.0 % of NaCl ( D70=0.91 min) were more thermotolerant than those grown in presence of 0.5 (D70=0.36 min) or 7.5 % (D70=0.27 min) of salt. Table 1 Effect of sodium chloride concentrations in the growth medium on the heat resistance of three strains of Enterococcus faecium D values (min) STRAIN NaCl (%) 0.5 CECT4932 1.0 D65 5.1 12.4 7.5 ATCC 49624 Z (°C) 0.36±0.04 0.14 4.5 a 1.40 0.91±0.07 b 0.34 4.8 a 0.95 0.27±0.01 c 0.15 5.0 a 9.8 2.86 0.95±0.09 a 0.49 5.0 a 1.0 9.0 1.80 0.72±0.02 b 0.22 4.3 a 7.5 2.5 0.50 0.23±0.06 c 0.08 4.8 a 2.14 0.96±0.13 a 0.37 4.5 a 0.70±0.07 b 0.22 4.7 a 0.29±0.03 c 0.12 5.3 a 14 1.0 7.5 a-c D72 a 0.65 D70 0.5 0.5 WILD D68 1.51 2.6 0.61 Values obtained for each strain with the same superscript were not significantly different at 5 % level. Table 1 also include the z-values obtained in the different conditions assayed. In no case did the salt concentration significantly modify the z-values, obtaining a mean values of 4.7°C for the ATCC strain, 4.8°C for the CECT strain and 4.8°C for the wild strain. It should be noted that a similar behaviour among strains was found. Thus, the variation in z-values reported in the literature (2, 4) could not be attributed to the different strains used by these authors. ESB UCP 389 References 1 CONDÓN, S.; ARRIZUBIETA, M. J. AND SALA, F. J. (1993). J. Microbiol. Meth. 18, 357-366. 2 HOUBEN, J. H. 1982. Fleishwirtschaft 62, 490-493. 3 IBARZ, P.; PALOP, A.; CONDÓN, S. AND SALA, F. J. (1991). Libro de Resúmenes del XII Congreso Nacional de Microbiologia, p.159, Salamanca, España. 4 KORNACKI, J. L. AND MARTH, E. H. (1992). Milchwissenschaft 47,764-769. 5 STEEL, R. G. AND TORRIE, J. H. (1960). Principles and procedures of statistics. McGraw-Hill Company Inc., New York. ESB UCP 390 Heat resistance of Enterococcus faecium in different foods Martínez S., Feitosa J. G., López M. and Bernardo A. Dpto. Higiene y Tecnología de los Alimentos. Universidad de León. Spain. Introduction Enterococcus faecium shows a high thermal resistance, being able to growth under adverse conditions. Thus, it is frequently used as bio-indicator of hygienic and sanitary quality of minimally thermal processed foods. However, much published information on the thermal inactivation kinetics of E. faecium is based on limited experimental studies carried out with buffers as heating medium. Although some authors have pointed out the influence of the composition of the heating medium (4-6), data regarding the heat resistance parameters of E. faecium in different foods are scarce. The aim of this study was to evaluate the thermal inactivation parameters (D and z values) of E. faecium in several foods (ham, trout, leek and tomato broths). Materials and Methods Bacteria and growth conditions E. faecium strain 49624 was obtained from American Type Culture Collection. The lyophilized culture was revived in BHI for 24 h at 37°C, plated on BHI and incubated for 24 h 37°C. Plates were maintained as the stock culture as required in the following way: a preculture was prepared from an isolated colony in BHI (37°C, 24 h) and from this preculture a culture under the same conditions was obtained. Determination of heat resistance Thermal treatments at 60, 62, 65, 68, 70, 72 and 75°C were carried out in a thermoresistometer TR-SC (1). The suspension (0.5 ml) was inoculated into the chamber containing the different heating menstrua when the desired temperature was stabilized. The following heating menstrua were used: ham, trout, leek and tomato broths. All these broths were prepared from 375 g of product suspended in 750 ml of distilled water, after sterilization at 120°C 15 min, then filtered and finally sterilized again. After preparation, pH values were tested, resulting in 6.36 for trout ESB UCP 391 broth, 5.88 for ham broth, 5.70 for leek broth and 4.25 for tomato broth. The extracts were stored frozen prior to use. D and z-values D-values were estimated from the negative reciprocal of the slopes of the straight portions of survival curves (log survivors vs time). D70 were obtained in triplicate and compared using Students t-test (7). z-Values were determined as the negative reciprocal of the slopes of the thermal death time plots (log D-values vs temperature at which they were heated). Statistical comparison of z-values was carried out by the homogeneity test (7). Incubation and survival counts In all cases, samples of 0.2 ml of heated suspension were plated in BHI agar. The number of survivors was determined after incubation at 37°C for 72 h using an automatic cfu (AMS Protos, UK) counter following the specifications described by Ibarz et al. (3). Results and Discussion Fig. 1 shows one of the survival curves obtained at 70°C for E. faecium heated in the different foods studied. Similar D70 values were obtained when this microorganism was suspended in trout (D70=1.4±0.23) and ham (D70=1.3±0.14) broths, which resulted two and ten fold higher than those calculated in leek and tomato broths, respectively. The reduction in D-values observed when tomato broth was used could be attributed to an effect of the medium pH. However, leek broth showed a pH value of 5.70, similar to that of ham broth (5.88) and the D-values obtained in this last substrate were two fold higher. This indicates that the heat resistance of E. faecium is influenced by heating medium. The effect of heating medium on the heat resistance of this microorganism has been previously reported (4-6). However, there are large differences between D-values obtained by these authors and data reported here. This emphasizes the importance of determining thermal resistance studies in the relevant substrate. On the other hand, the quantitative effect of the composition of the heating menstruum on D-values depended on the treatment temperature, being higher at lower temperatures as can be seen in Fig. 2. The z-values calculated when cells were heated in trout, ham, leek and tomato broths were 4.6, 5.4, 5.5 and 6.7°C, respectively. The available information on z-values is uneven and z-values from 2.9 (4) to 11.8°C (2) have been described. Thus further studies are necessary to clarify the thermal resistance of this microorganim. ESB UCP 392 Figure 1 Survival curves obtained at 70ºC for E. faecium ATCC 49624 Figure 2 Thermal death time curves for E. faecium ATCC 49624 in different heating media References 1 CONDÓN, S.; ARRIZUBIETA, M. J. AND SALA, F. J. (1993). J. Microbiol. Meth. 18, 357-366. 2 HOUBEN, J. H. 1982. Fleishwirtschaft 62, 490-493. 3 IBARZ, P.; PALOP, A.; CONDÓN, S. AND SALA, F. J. (1991). Libro de Resúmenes del XII Congreso Nacional de Microbiologia, p.159, Salamanca, España. 4 KORNACKI, J. L. AND MARTH, E. H. (1992). Milchwissenschaft 47,764-769. 5 MULAK, V.; TAILLIEZ, R. AND BECEL, P. (1995). J. Food Prot. 58(1), 49-53. 6 SÁNZ-PÉREZ,B. S.; LÓPEZ-LORENZO, P.; GARCÍA, M. L., HERNÁNDEZ, P. E. AND ORDOÑEZ, J. A. (1982). Milchwissenschaft 37, 724-726. 7 STEEL, R. G. AND TORRIE, J. H. (1960). Principles and procedures of statistics. McgrawHill Company Inc., New York. ESB UCP 393 Sensory descriptive profiles of taste and aroma of raw and canned “Sahagún” leek. Villarino Rodríguez A., Martínez Rollón S., García Fernández M. C and García Arias, M. T. Departamento de Higiene y Tecnología de los Alimentos, Campus de Vegazana SN 24071. Universidad de León (León), Spain Introduction Consumers are faced with a variety of vegetable foods from which to choose, and are forced to assess the product’s factors (e.g., quality, cost, flavour), when making their product selection. Sensory descriptive profiles are a group of measurement techniques designed to describe, and in many cases, quantify the perceptible attributes in a foodstuff. Objective The aim was to elaborate the sensorial profile of the taste and of the aroma of raw and canned leeks with the aim of quantifying the perceptible attributes which affect the ripening of raw leeks and the preparation process of the canning. Materials and Methods Sampling: Fresh leeks were hand harvested in different places and ripening stages of Sahagún Area. The canning process of the leek (cleaning, peeling, cutting, blanching and sterilizing) was carried out with the technological resources of “Vegasahagún” S.A. (León, Spain). Sensory analysis: Ten selected and trained panellists (6 female, 4 male, 27 – 42 years old) were selected to participate based on participation in previous descriptive sensory panels, interest, and availability for the entire study. For the determination of lesser or greater intensity of tastes (onion, fruity, sweet, acid, salty, mouldy, buttery and sandy) and aromas (fruity, onion, sweet, mouldy and vinegar) in both products a six point hedonic scale was used from 1 (absent) to 6 (very pronounced), (Figure 1) and the results were individually recorded. ESB UCP 394 Figure 1 Hedonic scale (six points) Hedonic Scale 1. Absent 3. Slight 5. Pronounced 2. Very slight 4. Obvious 6. Very pronounced Results and Discussion The panellists decided that in the fresh leek the predominant tastes were onion (5.2) and fruity (5.0), while the rest of the tastes (sweet, acid, salty, mouldy and sandy) were found to be absent or very slight, (Table 1.). Table 1 Taste profile of raw leek TASTE MEAN Std. Dev. SWEET 2.5 0.53 ACID 1.4 0.52 SALTY 1 0 ONION 5.2 0.42 MOULDY 1.4 0.52 FRUITY 5 0 SANDY 1.5 0.53 With regard to the canned leek, it was observed that the predominant tastes were fruity (5.0) and sweet (4.4) and to a lesser extent the tastes salty (4.2) and buttery (3.9), The acid, onion, mouldy and sandy tastes were either absent or very slight, (Table 2.). Table 2 Taste profile of canned leek TASTE MEAN Std. Dev. SWEET 4.4 0.49 ACID 2.3 0.46 SALTY 4.2 0.40 ONION 2 0 MOULDY 1 0 FRUITY 5 0 BUTTERY 3.9 0.70 SANDY 1 0 With regard to aroma, in the fresh leek, the fruity (5.4) and onion (5.0) aromas were the highly appraised while the aroma sweet (2.1) was hardly detected by the panellists, (Table 3.), In the canned leek, as what happened with the tastes, the aromas fruity (5.5) and sweet (4.5) continued to predominate. Slightly less appraised was the aroma onion (2.4) and the aromas mouldy and vinegar were absent, (Table 4.). ESB UCP 395 AROMA MEAN Std. Dev. SWEET 2.1 0.30 ONION 5 0 MOULDY 1 0 FRUITY 5.4 0.49 Table 3 Aroma profile of raw leek Therefore, the canning process of leek involves significant sensorial changes in the foodstuff, which makes sweet taste and aroma the predominant factors, as opposed to the onion taste and aroma, which is characteristic in the raw product while still maintaining its fruity taste and aroma. AROMA MEAN Std. Dev. FRUITY 5.5 0.5 ONION 2.4 0.49 0.5 SWEET 4.5 VINEGAR 1 0 MOULDY 1 0 Table 4 Aroma profile of canned leek ESB UCP 396 Relacionamento entre a análise sensorial de conservas de patés de sardinha realizada por um painel treinado e realizada por um painel de consumidores Nobre M. L. (IPIMAR), Freire de Noronha J. (ESAC), do Rosário Bronze M. (FFL) Introdução Neste trabalho procurou relacionar-se a análise sensorial objectiva realizada por um painel treinado composto por um número reduzido de provadores com a análise sensorial subjectiva efectuada por um painel alargado de consumidores de forma a se obter uma função que pode ser usada na optimização sensorial deste tipo de produto. Partiu-se de um número reduzido de termos descritivos previamente seleccionados, tendo sido alguns termos posteriormente eliminados. Material e Métodos Inicialmente foi realizada uma avaliação hedónica de 6 amostras de conservas de paté de sardinha por um painel de 25 consumidores, usando uma ficha com 5 pontos. Seguidamente foi realizada uma avaliação objectiva de outras 6 amostras dos mesmos produtos por um painel de 10 provadores treinados usando uma ficha com 25 termos descritivos e referências. Estabeleceu-se correlações entre as duas avaliações, usou-se a análise de componentes principais e a análise da variância. A correlação foi efectuada com o recurso ao programa de análise estatística NTSYS, procurou-se as correlações existentes entre os termos descritivos avaliados pelo painel treinado e os pontos avaliados pelo painel de consumidores. Considerou-se existir correlação quando o quadrado do coeficiente de correlação (r2) foi superior a 0,88 (_ = 1 %). A análise de componentes principais foi realizada através do programa de análise estatística NTSYS, segundo os componente 1 e 2, de modo a se identificar os termos descritivos que melhor contribuem para a diferenciação das amostras. A análise da variância (ANOVA) foi realizada através do programa Excel existente no Office 97. A função utilizada foi a ANOVA – dois factores sem réplicas. Este estudo permitiu saber para cada termo descritivo se as amostras são significativamente diferentes. De forma a se saber quais as amostras que são significativamente diferentes entre si realizou-se o teste da Diferença Mínima Significativa, DMS (_= 0,1 % ). ESB UCP 397 Resultados Verificou-se por exemplo que uma avaliação elevada nos termos descritivos A1, A4, A7, A8, A9, A10, A11, A16, A17, A18, A19, A25 são um bom indicador da preferência do consumidor por existir uma relação linear com a avaliação hedónica, tal como uma avaliação elevada de A2, A3, A5, e A20 são um bom indicador da rejeição do consumidor. No Quadro 1 apresentam-se os vários resultados obtidos. A partir das ponderações apresentadas no Quadro 1, estabeleceu-se a função objectivo seguinte f (Ai)=, em que pi e AI são as ponderações e os termos descritivos seleccionados apresentados no Quadro1. Figura 1 Correlação. Representação das 6 amostras relativamente aos 25 termos descritivos avaliados pelo painel treinado e aos 5 pontos avaliados pelo painel de consumidores ESB UCP 398 Tabela 1 ACP - Análise de Componentes Principais, ANOVA – Análise da variância, DMS – Diferença Mínima Significativa Aspecto Refª Correlação A1 Ponderação 5 A2 Impressão Global X ACP X X ANOVA DMS B≠ Q,M,N,O, P N≠Q,B O≠Q,B B≠Q,M,N, O,P B≠ Q,M,N, O,P Cheiro Cor Castanha X X Degustação X -5 Aspecto cremoso X X X A3 -5 Brilho X X X X A4 A5 3 -5 Presença de alvéolos Presença de molho óleo ou aspecto oleoso X X X X X X X X A6 Cheiro --- Pasta retraída Cheiro Aspecto X X X Cheiro Cheiro X X X Degustação X X X After Taste X X X Impressão Global X X X ACP Aspecto Cheio ACP X After Taste X X Impressão Global X Degustação X A13 A14 A15 A16 A17 A18 1 ---------------3 1 A19 5 A20 -3 A21 -----A22 -----A23 -----Depois da prova Ponderação A24 -----A25 3 UCP ANOVA DMS Aspecto Ponderação A7 3 A pimenta A8 3 Noz moscada A9 3 Cravinho Durante a degustação Ponderação A10 5 Uniformidade da cor A11 1 Homogeneidade A12 1 Facilidade em barrar ESB ACP Secura Rugosidade Cheiro a especiarias Cheiro a sardinha Picante Sabor a sardinha de conserva Sabor a polpa de tomate Sabor salgado Doçura Sabor ácido Amargura After taste Picante After Taste X X X X X X X X X X X X X X X X X X ANOVA DMS X X X X X X X X X X X X B≠ M,N,O,P Q≠ M,N,O,P ANOVA DMS M≠ B M≠ B Q≠N,O,P M,B≠N,P O≠Q X X X B≠Q,M,N, O,P X X Aspecto Cheiro Degustação After Taste Impressão Global X X X X X ACP X X ANOVA DMS 399 Actividade da fosfatase alcalina em leites de ovinos e caprinos de raças autóctones portuguesas, pelo método fluorimétrico Assis G.1, Roseiro L. B.2 e Barbosa M.2 1 Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIV), Departamento de Higiene Pública, Estrada de Benfica, 701, 1549-011Lisboa 2 Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI), Departamento de Tecnologia das Industrias Alimentares (DTIA), Estrada do Paço do Lumiar, nº 22, 1649-038 Lisboa Introdução Nos países de clima Mediterrânico, nos quais Portugal se inclui, a produção e utilização do leite de ovinos e caprinos têm tido, desde sempre, grande importância. Portugal tem várias raças ovinas e caprinas cujo leite é considerado de grande valor na produção de queijos tradicionais. Tendo em atenção esta realidade, há necessidade de poder aplicar a estes leites um sistema de controlo idêntico ao que já existe para o leite de vaca, nomeadamente quando este se destina ao fabrico de queijo fresco, muito ao gosto do consumidor e com reconhecida importância económica a nível nacional. Dado que existem focos de brucelose, com grande frequência, nalgumas regiões de Portugal, a venda de queijo fresco é muitas vezes proibida, encontrando-se, assim, prejudicado o respectivo sector económico. A legislação vigente (Portaria nº 73/90 de 1 de Fev.), que obriga à pasteurização do leite usado na fabricação do queijo fresco, não especifica como se efectua o controlo rigoroso desta pasteurização nos queijos frescos. Sendo a pasteurização um dos mais importantes procedimentos tecnológicos para assegurar a qualidade microbiológica do leite e seus derivados, a actividade da fosfatase alcalina (enzima natural do leite) tem sido usada há décadas como uma forma de controlo indirecto da sua eficácia. Durante as últimas seis décadas, as únicas técnicas disponíveis para uma determinação quantitativa da actividade fosfatásica eram os métodos fotométricos que apresentam alguma complexidade na medida em que são morosos e utilizam muitos reagentes. Em 1990, R. M. ROCCO apresentou um novo método Fluorimétrico que tem por base a utilização de um substracto específico não fluorescente designado por Fluorophos®, o qual, na presença da fosfatase alcalina se converte por hidrólise num composto de elevada fluorescência designado por Fluoroyellow®. É um método rápido que não utiliza reagentes tóxicos e que tem uma sensibilidade 10 vezes superior ao Método de Referência, podendo detectar vestígios de leite cru entre 0.006 % e 0.01 %. Este método encontra-se já normalizado, para o leite, internacionalmente (IDF Standard 155: 1992). ESB UCP 400 O objectivo deste trabalho é o de fazer um estudo dos níveis da fosfatase alcalina em leites de ovelha e cabra das raças autóctones portuguesas, com a finalidade de caracterizar o leite destas raças e determinar quais os valores característicos da actividade da fosfatase alcalina, uma vez que esta enzima varia essencialmente consoante a espécie, a raça e o período de lactação, bem como avaliar da boa aplicabilidade deste novo método a estas matrizes, assim como dar um contributo para a fixação dos limites mínimos após pasteurização. Materiais e Métodos Colheita de amostras Para cada raça de ovinos [8 raças, nomeadamente Saloia (OS), Merino da Beira Baixa (MBB), Mondegueira (OM), Bordaleira Serra da Estrela (BSE), Churra Badana (CB), Churra da Terra Quente (CTQ), Campaniça (OC) e Merino Branco e Preto (MBP)] e caprinos [4 raças, nomeadamente Serrana (CS), Charnequeira (CC), Serpentina (CSP) e Algarvia (CA)], com peso relevante na respectiva economia regional, foi efectuada a recolha de leite em três explorações diferentes, num total de 201 amostras (126 amostras de leite de ovelha e 75 amostras de leite de cabra). As colheitas foram efectuadas no decurso do período de lactação (três períodos de colheitas anuais) e durante dois anos consecutivos, para atenuação de outros factores que possam eventualmente influenciar os resultados, vindo a ser continuadas por mais um ano. A amostra é colhida do leite de mistura do rebanho de cada exploração. Metodologia A determinação da actividade fosfatásica nas amostras recolhidas foi efectuada nos leites crus de ovelha e de cabra e nos leites pasteurizados das mesmas amostras, sendo a pasteurização efectuada a 63°C durante 30 minutos. Esta determinação foi efectuada utilizando o Fluorophos®, uma metodologia comercializada pela Advanced Instruments, Inc., cujo teste se baseia na reacção da fosfatase alcalina presente no leite com um composto aromático de monoéster ortofosfórico - o Fluorophos -, com a formação de um composto fluorescente, cuja intensidade é lida e registada num aparelho automático. Resultados Os resultados obtidos para as diferentes raças de ovinos e caprinos nos dois primeiros anos de colheitas deste estudo, mostram que o teor de fosfatase alcalina do leite de ESB UCP 401 ovinos variou entre 10,9 x 105 mU/e 46,9 x 105 mU/L, sendo o valor médio de 23,1 x 105 mU/L, e é cerca de 20 vezes superior ao teor de fosfatase alcalina do leite de caprinos. Para este último, o valor médio é de 1,1x105 mU/L, tendo os limites variado entre 0,3 x 105 mU/L e 3,8 x 105 mU/L. Após pasteurização, estes valores descem para níveis médios semelhantes em ambas as espécies (valores médios @ 300 mU/L), variando os limites entre 102,1 mU/L e 497,9 mU/L para o leite de ovelha e entre 42,8 mU/L e 519,4 mU/L para o leite de cabra. Em relação às várias raças de ovinos e caprinos, existem algumas diferenças entre elas relativamente aos valores obtidos de fosfatase alcalina, as quais parecem ser mais acentuadas na espécie caprina. 4. Bibliografia BARBOSA, M.; (1992). Phosphatase activity in milk other than cow milk. LNETI-DTIA, nº 96, Comunicações e Conferências-56 BARBOSA, M.; ROSEIRO, L. B.; CAMPOS, G. C.;(1995). Fosfatase Alcalina em leite de cabra. Método Fluorimétrico. 2º Encontro de Química de Alimentos, Livro de Resumos, pg 67-Univ. de Aveiro. BATTISTOTTI, B., et al.;(1997). Alkaline Phosphatase in milk and ripened cheeses. Scienza e Tecnica Lattiero-Casearia 48 (2), 157-162. ROCCO, R. M.;(1990). Fluorimetric Analysis of Alkaline Phosphatase in Fluid Dairy Products. J. Food Protection, 53, 7, 588-591. ASSIS, G.; ROSEIRO, L. B.; BARBOSA, M.; (2000). Determination of Alkaline Phosphatase Activity in milk from indigenous Portuguese ewe and goat breeds by the Fluorimetric Method. Bulletin of the International Dairy Federation, Safety in Dairy Products, 351/2000, 33. ESB UCP 402 Otimização e validação de metodologia para a determinação de ácido fólico em leites enriquecidos por cromatografia líquida de alta eficiência Catharino R. R e Godoy H. T. Faculdade de Engenharia de Alimentos – UNICAMP, C.P. 6121 CEP – 13083-970, Brasil Introdução O ácido fólico (AF) é uma vitamina hidrossolúvel do complexo B, que apresenta várias funções importantes para o corpo humano e portanto vem sendo utilizado no processo de enriquecimento dos alimentos. Para assegurar a qualidade de produtos enriquecidos e para confirmar ou descobrir novas fontes de folatos é que são desenvolvidas as metodologias de identificação e quantificação de AF e folatos. Os métodos para a determinação dessas vitaminas podem ser agrupados em biológico, microbiológico, químicos, imunológicos e físicos (cromatográficos). Sendo assim, o presente trabalho visa mostrar a importancia da criação de metodologias validadas para a análise de folatos. Metodologia Analítica Para a extração foram tomadas 1,0 mL e 1,0 g de leite esterilizado e leite em pó enriquecido, respectivamente, previamente homogeneizados. O ácido fólico foi extraído com 3 mL de solução de hidróxido de potássio (0,1 mol/L) em banho ultra-sônico por dez (10) minutos. A mistura foi transferida quantitativamente para um balão volumétrico de 10mL, adicionando-se mais 3mL de ácido fosfórico (0,1 mol/L), 2 mL de tampão fosfato, composto por Na2HPO4 (0,25 mol/L)/ KH2PO4 (0,37 mol/L), 350 µL de ácido tricloroacético (TCA) e, por fim, o volume aferido com tampão fosfato. Após homogeneização, o sobrenadante passou por duas etapas de filtração, a primeira em papel de filtro comum e a segunda em membrana durapore (HVLP 01300 MILLIPORE), com poros de 0,45 mm,e a seguir foi injetado no cromatógrafo (100 µL). O AF foi eluido através de um sistema de eluição por gradiente com 90 % de tampão acetato (0,166 mol/L de ácido acético; 0,01 mol/L de hidróxido de sódio; pH2,8) e 10 % de acetonitrila no início da corrida, chegando em 8,5 minutos a 76 % de tampão e 24 % de acetonitrila (v/v), mantendo-se nessas condições até 9,0 minutos. As condições iniciais foram retomadas e a coluna re-equilibrada por 5 minutos, antes do próxima injeção. A vitamina foi detectada a 290 nm. ESB UCP 403 A identificação foi feita por comparação entre o tempo de retenção, obtido com padrão analisado nas mesmas condições, por co-cromatografia e pelos espectros de absorção obtidos com a utilização do detector de arranjo de diodos. O grau de pureza do AF foi avaliado pelo sistema disponível no software Chemstation-HP. A quantificação do ácido fólico foi realizada por padronização externa, construída a curva analítica com 7 níveis de concentração; 2,6; 5,2; 10,5; 105; 525; 1050 ng/mL, sendo cada ponto representado pela média de três determinações. Resultados e Discussão Etapa Analítica O processo cromatográfico desenvolvido neste trabalho, permitiu obter o método mais rápido de análise de ácido fólico disponível na literatura. O emprego de coluna C18 e a utilização do sistema de eluição por gradiente possibilitou a eluição da vitamina, aproximadamente, em 8,3 minutos, com um tempo de análise total de 9,0 minutos. O tempo de re-equilíbrio da coluna (5 minutos), após o final da corrida, foi fundamental para reprodutibilidade do método. Além da rapidez, outra vantagem foi a não utilização de par iônico na FM, que apresentaram o inconveniente de longos períodos de condicionamento de sistema. A escolha do comprimento de onda de leitura a 290 nm permitiu atingir limites de detecção mais baixos, em consequência da diminuição da absorção dos outros componentes da amostra. A pureza do pico correspondente ao AF foi verificada através dos parâmetros de pureza fornecidos pelo software HP-Chemstation confirmando a eficiência do sistema. A Tabela 1 apresenta os teores de AF determinados nas amostras aqui analisadas. *Marca **Rótulo AF (µg/100mL) CV (%) (µg/100mL) M±DP LLA: leite esterilizado enriquecido 300 37,9±0,8 2,0 LLB: leite esterilizado enriquecido 20 15±1 10,0 LLC: leite esterilizado enriquecido 32,5 38,0±0,5 1,2 LPA: leite em pó 320 343±6 1,9 LPK: leite em pó 58 61±2 4,3 LPO: leite em pó 250 266±9 3,6 Tabela 1 Concentrações de ácido fólico em leite esterilizado enriquecido e leite em pó * Média dos 3 diferentes lotes analisados em duplicata. **Concentração de AF descrita na embalagem do produto;M ± D P média e estimativa do desvio padrão de determinações em duplicata; CV coeficiente de variação. ESB UCP 404 Validação de Metodologia O limite de detecção (LD) encontrado para o ácido fólico em solução padrão e em leites enriquecidos foi igual, correspondendo a 1,31ng/mL. O limite de quantificação foi considerado como sendo duas vezes o limite de detecção (2,62 ng/mL). As taxas de recuperação obtidas neste estudo foram superiores às relatadas na literatura, variaram entre 97-99 %, nos dois níveis de enriquecimento em leite em pó. Após análise estatística a metodologia foi considerada com repetibilidade de 90, 95 e 99 % de confiança. ESB UCP 405 Study of non-protein nitrogen fraction of cow’s milk and human milk Ferreira I. M. P. L. V. O., Mendes E., Torres D. and. Ferreira M. A. CEQUP/ Serviço de Bromatologia da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha, 164, 4050- Porto Non-protein nitrogen fraction represents 20 to 25 % of total nitrogen content of human milk, the same fraction of cow’s milk contributes only to 5 % of total nitrogen content. Thus, increased attention has been paid to the appreciation of the functional roles that some minor non-protein nitrogen compounds play in early development and infant growth. Owing to the large number of these compounds, only few were selected for this study, which reflect their importance and actuality. Free amino acids, taurine, nucleotides, orotic and uric acids, free and total L-carnitine were quantified in human and cow’s milks, using methodologies previously optimized, validated and applied to the quantification of these compounds in infant formulae and follow-up milks (1). Four samples of mature raw cow’s milk (with 2 months of lactation, and numbered C21, C22, C23, C24), and 4 samples of mature human milk (with 1 month of lactation, obtained by manual expression and numbered H25, H26, H27, H28) were analysed. These samples were collected to sterile polypropylene containers, transported fresh or frozen and stored at –20°C until analysed. Taurine and free amino acids, nucleotides, orotic and uric acids were analised by RPHPLC and UV detection (1). Free and total L-carnitine contents was determined by using flow injection analyses with an incorporated immobilised carnitine acetyltransferase bioreactor. Global statistical analyses of results was carried out by Cluster (Figure 1) and Principal Component Analysis (Figure 2), which were conducted to determine similarities/differences between samples of cow’s milk, human milk and infant formulae (IF1 to IF14) and follow-up milks (FM15 to FM20) previously analysed (1), considering all the variables under study. As apparent from Figures 1 and 2 cow´s milk and human milk presented different composition respecting to non-protein nitrogen compounds. In spite of the modifications carried out by the industry, the composition of adapted milk formulae, respecting to the same compounds, was very different from that of human milk and more similar to cow’s milk composition. ESB UCP 406 Dendogram Euclidean Distance Figure 1 Dendogram obtained for the analyses of cow’s milk (C21, C22, C23, C24), human milk (H25, H26, H27, H28), infant formulae (IF1 to IP14) and follow-up milks (FM15 to FM20). Variables: adenosine, cytidine, uridine, guanosine and inosine 5’-monophosphates, orotic and uric acids, free and total L-carnitine, taurine, glutamic acid and treonine Figure 2 Principal component analyses of non-protein nitrogen fraction Factor 2 (23,8%) PCA Loadings Factor 1 (60,2%) Factor 2 (23,8%) PCA Scores Factor 1 (60,2%) ESB UCP 407 The differences between human and other milks studied (cow’s milk and adapted milk formulae) is mainly explained by the nucleotides (except CMP) and orotic acid contents. Cow’s milk is separated from infant formulae and follow-up milks mainly owing to the different treonine and uric acid contents. References (1) IMPLVO. Ferreira, E Mendes, MA Ferreira, 4º Encontro de Química dos Alimentos, Coimbra, 1999. ESB UCP 408 Avaliação da estabilidade de ácido fólico em leites enriquecidos e esterilizados Lima J. A. e Godoy H. T. Faculdade de Engenharia de Alimentos - UNICAMP, C.P. 6121 CEP 13081-970, Campinas, SP, BR Introdução O ácido fólico é uma vitamina que tem despertado bastante interesse devido aos seus efeitos em relação à prevenção de doenças como problemas cardíacos, malformações congênitas, câncer, mal de Alzheimer’s e anemia megalobástica, entre outras. A adição desse nutriente aos alimentos deve obedecer a uma série de aspectos, entre eles, a estabilidade às condições de processamento e estocagem. A labilidade característica do ácido fólico a fatores como temperatura, luz, pH, atividade de água e exposição a agentes oxidantes, entre outros, indicam a necessidade de se estudar o comportamento desse nutriente durante as fases de produção, comercialização e consumo dos alimentos, visando assegurar a qualidade dos mesmos. Porém, estudos sobre a estabilidade dessa vitamina após processamento e estocagem são, praticamente, inexistentes. O objetivo desse trabalho foi, portanto, a avaliação da estabilidade do ácido fólico durante o processo de esterilização de leites. Material e Métodos As amostras analisadas foram obtidas de quatro (4) ensaios diferentes para leites esterilizados, enriquecidos com ácido fólico e outras vitaminas hidrossolúveis. O fluxograma apresentado na Figura 1 sintetiza as principais etapas do processamento realizado. Para a análise dos leites, utilizou-se a metodologia desenvolvida e validada para leite por CATHARINO e GODOY (2000). O conteúdo de duas embalagens foram homogeneizados previamente e tomada uma alíquota de 1,0 mL, para cada determinação. O ácido fólico foi extraído com 3,0 mL de solução de hidróxido de potássio (0,1 mol/L) em banho ultra-sônico por 10 minutos. Seguiram-se então as etapas de limpeza em meio ácido, filtração e injeção no cromatógrafo. ESB UCP 409 Figura 1 Fluxograma do processamento de leite com adição de vitaminas Para a separação do ácido fólico foi utilizado sistema de eluição por gradiente, com vazão de 0,5 mL/min. A fase móvel utilizada no início da corrida foi composta por 90 % de tampão acetato (pH 2,8), e 10 % de acetonitrila (v/v), chegando a 76 % de tampão acetato e 24 % acetonitrila (v/v) em 8,5 minutos, mantendo-se a mesma proporção até 9,0 minutos. As condições iniciais foram retomadas e a coluna re-equilibrada durante 7,0 minutos, antes da próxima injeção. Utilizou-se o comprimento de onda de 290 nm para a detecção da vitamina. A pureza do pico foi determinada utilizando-se o software HP-Chemstation. A quantificação foi feita por padronização externa. Resultados e Discussão A Tabela 1 apresenta os valores de porcentagem de perda de ácido fólico ocorridas após os processos de adição e homogeneização das vitaminas. . Ensaios Concentração de ácido fólico (mg/100mL) Adicionada Perda (%) Após homogeneização M ± DP CV(%) 1 705,2 294,7 ± 0,8 0,3 58,2 2 488,9 219,2 ± 0,5 0,2 55.2 3 518,7 232,2 ± 0,3 0,1 55,2 4 506,9 259,4 ± 0,4 0,1 Média dos ensaios Tabela 1 Concentrações de ácido fólico adicionado aos leites e perdas após processo de homogeneização 48,8 54 ± 4 M ± DP -média e estimativa de desvio padrão de determinações em duplicata, CV- coeficiente de variação Já a Tabela 2 mostra os dados referentes a perdas decorrentes do processo térmico. Observa-se que após a adição e homogeneização a perda da vitamina foi muito maior, quando comparada ao processo de esterilização. ESB UCP 410 Tabela 2 Perdas de ácido fólico no processo de esterilização* Ensaios Concentração de ácido fólico (mg/100mL) Antes do UHT Perda (%) Depois do UHT M ± DP CV (%) M ± DP CV (%) 1 294,7 ± 0,8 0,3 274,9 ± 0,4 0,1 2 219,2 ± 0,5 0,2 197,9 ± 0,8 0,4 9,7 3 232,2 ± 0,3 0,1 207,3 ± 0,2 0,1 10,7 4 239,4 ± 0,4 0,1 211,6 ± 0,9 0,4 Média dos valores 6,7 11,6 10 ± 2 * Condições: 140°C por 4 segundos. M ± DP- média e estimativa de desvio padrão de determinações em duplicata, CV- coeficiente de variação Conclusões Para a matriz leite, o ácido fólico mostrou-se relativamente resistente aos tratamentos térmicos a que foi submetido, resistindo às altas temperaturas a que foi exposto durante o processo de esterilização (140°C por 4 segundos). Porém, as etapas de adição e homogeneização da vitamina parecem exigir melhoramentos, a fim de que as perdas sejam minimizadas nessas etapas. As perdas totais ficaram em torno de 64 %. ESB UCP 411 Correlação entre propriedades sensoriais e propriedades mecânicas e reológicas de queijos - Resultados preliminares com amostras de Queijo Rabaçal Batista P. e Lopes da Silva J. A. Departamento de Química, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro – Portugal Estudaram-se amostras de queijo produzidas de acordo com o mesmo método de fabrico, com duas composições diferentes - leite de ovelha/leite de cabra=2 (queijo Rabaçal) e leite de ovelha/leite de cabra=0,05 (queijo Mistura) - e com diferentes tempos de maturação. Para a análise sensorial utilizou-se um painel de provadores treinados, testes descritivos para avaliação da dureza, elasticidade, aderência e friabilidade, e testes afectivos. Para a análise reológica e mecânica realizaram-se ensaios dinâmicos a baixa amplitude de deformação e ensaios de penetração, respectivamente. Analisou-se um total de 25 amostras em duplicado. A análise estatística dos resultados obtidos mostrou a não existência de correlação significativa entre os ensaios realizados com o penetrómetro e qualquer das propriedades sensoriais avaliadas. Obtiveram-se correlações significativas entre determinados parâmetros sensoriais e entre estes e os módulos viscoelásticos (G’ e/ou G”). A análise das propriedades viscoelásticas a baixas deformações apresenta-se assim como uma técnica promissora para avaliação da resposta do consumidor aos estímulos sensoriais do produto. Agradecimentos Agradecemos à COPRORABAÇAL – Cooperativa de Produtores do Queijo Rabaçal, o fornecimento das amostras de queijo estudadas neste trabalho. ESB UCP 412 ESB UCP 413 ESB UCP 414 Caracterização olfactiva de queijo São Jorge Calhau L., Campos G., Partidário A. M. e Barbosa M. INETI - Departamento de Tecnologia das Indústrias Alimentares, Paço do Lumiar, nº 22, 1649-038 Lisboa Introdução O queijo São Jorge é um queijo produzido na ilha com o mesmo nome a partir de leite de vaca cru e que está incluído nos queijos nacionais com Denominação de Origem Protegida (DOP). É também o queijo DOP português com mais expressão no mercado. A preservação das características específicas de um produto deste tipo requer uma caracterização tão completa quanto possível e que passa pelas vertentes física, química, bioquímica e sensorial. A caracterização exaustiva de um queijo DOP, e a definição de características objectivas de composição e qualidade, é uma das formas de defesa da sua tipicidade. A análise físico-química de um queijo permite o conhecimento da sua composição e da evolução ao longo do tempo de maturação, mas sendo o queijo tradicional um produto que se distingue por referências de qualidade no plano gastronómico, a análise sensorial é uma ferramenta imprescindível para a sua caracterização. Assim, foram implementadas metodologias específicas que permitiram uma abordagem mais completa da componente sensorial. A análise olfactiva foi uma das componentes da análise sensorial abordada e que faz parte da presente comunicação. As características de textura, intimamente ligadas ao processo proteolítico que decorre no fabrico e maturação do queijo, e que afectam a qualidade do mesmo, foram também tratadas em estudo mais alargado (Calhau, 2001), que decorreu na Unidade de Indústrias Lácteas do Departamento de Tecnologia das Indústrias Alimentares do INETI em colaboração com a União das Cooperativas de Lacticínios da Ilha de São Jorge (UNIQUEIJO). Materiais e Métodos Amostras As amostras em estudo foram queijos São Jorge com quatro proveniências diferentes, 2 estádios de maturação (três e seis meses) e produzidos em 3 épocas do ano (Julho, Setembro e Dezembro). Fizeram-se 2 fabricos de cada, obtendo-se um total de 48 amostras de queijo. ESB UCP 415 A preparação das amostras para a análise sensorial compreendeu, a divisão do queijo em quatro quadrantes, o corte de uma fatia em forma de cunha de cada um deles, seguindo-se o retirar da casca com cerca de 1,5 cm de espessura e a sua homogeneização em moínho eléctrico de facas. Provadores O painel utilizado foi constituído por 15 provadores, pertencentes ao Instituto, seleccionados (Partidário et al., 1998) e formados para o efeito. Os provadores tiveram um período de treino, para que o seu desempenho fosse adequado à análise específica do queijo São Jorge, no qual apreciaram amostras com vários tempos de maturação e com diferentes características organolépticas e de qualidade. Metodologias Procedeu-se à análise sensorial das sensações olfactivas, para o que foi elaborada uma lista de descritores adequados ao produto, com base no conhecimento do mesmo, na tabela de termos para descrição da qualidade de queijo da Federação Internacional Leiteira (FIL/IDF, 99C:1997) e ainda na colaboração dos provadores no que se refere à redução da lista inicial mais extensa, tendo-se obtido, após um trabalho de harmonização de termos, um total de 14 descritores. A análise realizada foi do tipo descritivo, e incluiu a identificação e quantificação dos termos. Utilizou-se uma escala estruturada unipolar, numerada de 1 a 7. Os provadores registraram as intensidades percebidas para cada atributo. A ausência de registo correspondeu a “não detectado”. Os resultados foram tratados por ANOVA multiway com replicados. Resultados e Discussão Não se efectuou a análise dos atributos referentes ao gosto por medida de prevenção, dado que há data das provas não estavam ainda disponíveis os resultados da análise microbiológica. Dos atributos avaliados referentes ao cheiro, apenas aqueles que foram classificados em todas as amostras foram sujeitos a uma análise de variância: “manteiga”, “ácidos de queijo”, “pungente”, “fermentado” e “putrido”. O cheiro “manteiga”, em geral conotado com a presença de diacetilo, foi discriminativo para os 3 factores considerados. Verificou-se um decréscimo deste atributo com o envelhecimento do queijo. Observou-se também uma certa homogeneidade para os queijos das 3 primeiras origens, para as quais os valores médios foram ESB UCP 416 significativamente mais elevados do que para os queijos provenientes da Origem 4. Verificou-se ainda que os queijos produzidos em Setembro apresentaram os valores mais elevados para este atributo. Atribuiu-se a designação “ácidos de queijo” à percepção olfactiva sentida na presença simultânea dos ácidos butírico e capróico. Para este atributo apenas a idade do queijo contribuiu de maneira significativa para a variabilidade dos resultados, verificandose um aumento do seu valor dos 3 para os 6 meses. O cheiro “pungente” deve-se à presença do ácido acético e/ou propiónico. Pelo teste de Scheffé observaram-se diferenças significativas entre os resultados referentes aos queijos produzidos na Origem 1 e Origem 4, sendo esta a que apresentou resultados mais elevados. Verifica-se também uma diferença significativa entre os resultados obtidos nas amostras produzidas em Julho e Dezembro, sendo estes últimos os que apresentaram valores mais elevados para este atributo. O cheiro “putrido”, geralmente relacionado com a proteólise e reacções catabólicas posteriores, é atribuído à presença de indol e escatol (3-metil-indol). Os dois factores que mais contribuiram para a variância deste atributo foram a origem dos queijos e período do ano em que foram produzidos. Assim, para a Origem 4, a média deste atributo foi praticamente o dobro da apresentada pelas restantes. Os queijos produzidos em Dezembro apresentaram valores significativamente mais elevados para este atributo. Para um nível de confiança de 95 % nenhum dos factores considerados contribuiu de forma significativa para a variabilidade dos resultados do cheiro “fermentado”. Refere-se ainda que a possibilidade dada aos provadores de registarem outros atributos, para além dos mencionados na folha de prova, conduziu ao levantamento de novos termos, o que permitirá uma nova selecção tendo em vista uma melhor adequação da folha de prova à caracterização deste queijo. Tabela 1 Médias para os parâmetros olfativos em função dos factores considerados. Diferenças mínimas determinadas pelo teste de Scheffé Idade Origem O1 O2 Período 3M 6M O3 O4 Jul. Set. Ác.queijo 1,9a 2,3b 2,1 2,1 2,2 2,0 2,2 2,0 2,0 Manteiga 2,4a 2,0a 2,3a 2,4a 2,3a 1,9b 2,1a 2,7b 1,8a 1,5b Pungente 1,2 1,3 1,0a 1,4b 1,3b 1,5b 1,2a 1,3a Fermentado 1,0 1,1 1,1 1,1 0,9 1,1 0,9 1,1 1,2 Pútrido 0,9 1,1 0,8a 0,8a 0,9a 1,5b 0,7a 0,9a 1,4b Médias seguidas de uma letra idêntica não apresentam diferenças significativas Médias que não apresentem qualquer letra não diferem significativamente das restantes médias para o factor considerado A comparação de médias é feita entre os níveis de cada factor ESB UCP Dez. 417 Conclusões O atributo “manteiga” foi discriminativo em relação a todos os factores. O atributo “ácidos de queijo” apresentou boa capacidade discriminativa em relação à idade do queijo. Relativamente a estes dois atributos verificou-se que os queijos mais velhos tinham um cheiro mais intenso a “ácidos de queijo” e mais suave relativamente ao cheiro “manteiga”, confirmando os conhecimentos tecnológicos já existentes. Os resultados dos atributos “pútrido” e “pungente” foram afectados significativamente pelos factores origem e época de produção discriminando as amostras em função da sua qualidade. A ANOVA evidenciou ainda que o atributo “fermentado” não foi discriminativo para estes queijos. Bibliografia CALHAU, L. (2001) Estudo da Maturação em Queijo São Jorge. Caracterização do Perfil Proteolítico. Tese de Doutoramento apresentada ao Instituto Superior de Agronomia, da UTL. FIL/IDF 99C (1997) Sensory Evaluation of Dairy Products by Scoring. Reference Method PARTIDÁRIO, A.M. et al. (1998) Constituição de um Painel de Provadores. Etapas, metodologias e critérios de selecção. DTIA nº 127. ESB UCP 418 Análise sensorial de textura de queijo: avaliação do desempenho individual e global de provadores Campos G., L. Calhau L. e Partidário A. M. Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI), Departamento de Tecnologia das Indústrias Alimentares (DTIA), Estrada do Paço do Lumiar nº 22, 1649-038 Lisboa Introdução A grande maioria das matrizes alimentares são sistemas complexos, cujos componentes interferem na percepção e avaliação dos diferentes atributos organolépticos. Para a defesa da autenticidade de certo tipo de alimentos, nomeadamente queijos, torna-se necessária uma caracterização sensorial específica (Lavanchy, 1994; FIL/IDF, 1997), que complemente os dados provenientes de outras metodologias analíticas. Na análise sensorial de queijo a caracterização da textura assume uma grande importância. A utilização de um painel para análise sensorial de textura necessita previamente de uma formação específica, avaliação e selecção dos candidatos e finalmente verificação das capacidades discriminativas individuais e colectivas dos provadores. Só após esta validação é que o painel se pode considerar como apto a executar, de forma válida, a análise sensorial de textura. Objectivo A realização deste trabalho teve como objectivo avaliar o desempenho individual e colectivo de um grupo de 15 provadores, na análise de textura de queijo de pasta dura e/ou semi-dura, e avaliar a eficiência discriminatória dos 9 atributos utilizados. Paralelamente pretendeu-se verificar se seria possível manter o desempenho do painel restringindo o número de provadores. Materiais e Métodos Amostras Usaram-se quatro queijos: dois São Jorge (E e F); um Gruyère (G) e um Emmental (H). ESB UCP 419 Atributos de textura e referências Foram utilizados nove atributos: rugusidade da superfície; exsudação da superfície (água e gordura); elasticidade; firmeza; deformabilidade; adesividade; friabilidade; solubilidade na boca; e humidade na boca. Utilizou-se uma escala contínua, estruturada com sete pontos, sendo fornecidas referências para alguns desses pontos. As referências usadas foram as indicadas por Lavanchy, et al. (1994), com algumas adaptações. Painel de provadores – treino. O painel foi constituído por 15 provadores, homens e mulheres entre os 25 e os 55 anos, anteriormente seleccionados (Partidário, et al., 1998). Para este trabalho receberam formação e treino específico para avaliação da textura de queijos de pasta dura e semi-dura. Aos provadores foi dada a definição física e sensorial de cada atributo e explicada a técnica de avaliação. Utilizaram-se referências alimentares para clarificar as percepções e ancorar pontos na escala. O treino foi realizado em grupo, com discussão. Sessões de prova Realizaram-se quatro sessões para análise da textura. Os queijos foram mantidos a 16°C, durante 24 horas, antes de serem analisados. As amostras de queijo, cortadas em paralelipípedos de 15 mm x 15 mm x 60 mm, foram apresentadas em placas de vidro e foram analisadas em triplicado, de acordo com um desenho de blocos incompletos e equilibrados, de forma a minimizar os efeitos da ordem de apresentação nos resultados finais. Análise estatística Foi realizada a avaliação da capacidade discriminativa individual, para cada atributo, por meio de análise de variância (ANOVA) para um factor. A avaliação da capacidade discriminativa do painel realizou-se por ANOVA, com dois factores (queijo x provador). Foram utilizados dois níveis de significância na análise dos resultados (α=0,01 e α=0,05). ESB UCP 420 Resultados Tabela 1 Resultados da ANOVA com um factor: desempenho individual de cada provador Provadores Atributo 1 2 3 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Total Rugosidade de Sup. ns ns ** ** ns ** ** ** ** ns * ** * ** 10 Exsudação de Sup. ns ** * ns ns ns * ** ns ns ns ns ns ** 5 Elasticidade ** ** ** ns ns ns ** ** ns ns * ns ** ns 7 Firmeza ** * ns ns ** ** ** ns ns ns ns * ** ns 7 Deformabilidade * ns ns ns ns ns ** ns ns ns ns * ns ns 3 Adesividade * ns * ns ** ns * ** * ns ** ** * ns 9 Friabilidade ns ** ns ns ns ns ** * ns ns ** ** ns ** 6 Solubilidade na boca ns ns ns ns ns ns ** ns ns ns ** ** * ns 4 Humidade na boca ** ns ns ns ns ns ns ** ns ns ns ns ns * 3 Total de atributos 5 4 4 1 2 2 8 6 2 0 5 6 5 4 com significância (p=0.95) ** : significativo para 99 %, * : significativo para 95 % ns : não significativo para 95 % Tabela 2 Resultados da ANOVA, dois factores (queijo e provador), para o Painel inicial e para um grupo restrito (9 provadores). Grupo inicial Grupo restrito (nove provadores) Factor Factor Atributo Queijo Provador Queijo Rugosidade de Sup. ** ** ** Provador ** Exsudação de Sup. ** ** ** ** Elasticidade ** ** ** ** Firmeza ** ** ** ** Deformabilidade ** ns ** ns Adesividade ** ** ** ** Friabilidade ** ** ** ** Solubilidade na boca ** ** ** ** Humidade na boca * ** ** * ** : significativo para 99 %, * : significativo para 95 % ns : não significativo para 95 % Conclusões O painel apresentou boa capacidade discriminativa entre queijos para todos os atributos estudados (Tabela 2). A avaliação individual de cada atributo revelou que a rugosidade de superfície e a adesividade foram os atributos mais eficientes na discriminação entre amostras, seguidos da elasticidade e firmeza (Tabela 1). O grupo restrito, formado pelos nove provadores com melhor desempenho (pelo menos 4 atributos significativos, para p=95 %), manteve a boa capacidade discriminativa entre ESB UCP 421 queijos, melhorando inclusivé o nível de significância para o atributo humidade na boca (Tabela 2). Tanto o painel inicial como o grupo restrito mostraram diferenças significativas para o factor provador (Tabela 2) o que indicia diferentes utilizações da escala e sugere a necessidade de uma maior uniformização de critérios entre os provadores. Bibliografia FIL/IDF, 99C (1997). Sensory Evaluation of Dairy Products by scoring. Reference Method. LAVANCHY P.; BERODIER, F.; ZANONI, M; NÖEL, Y. (1993). Guide d’evaluation Sensorielle de la texture des Fromages à pâte dure ou semi-dure. Paris, INRA edition, 1994 PARTIDÁRIO A., CAMPOS G., CALHAU L. Constituição de um Painel de Provadores. Etapas, Metodologias e Critérios de Selecção. DTIA nº 127-Estudos, Manuais e Doc. de Reflexão - 1. INETI/ Ministério da Economia, Lisboa,1998. ESB UCP 422 Monitorization of free nucleotides in ewe and goat cheeses Eulália Mendes E., Ferreira I. M. P. L. V. O. and Ferreira M. A. CEQUP/ Serviço de Bromatologia da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha, 164, 4050- Porto Introduction The content of free nucleotides in milk varies with the associated mammal species [1]. Hence, the aim of this work was to investigate, on one hand, the nucleotide content of ovine and caprine milks, and, on the other, their distribution when in a solid matrix such as cheese and the “fate” of nucleotides in secondary dairy products resulting from cheese manufacture, namely, whey cheese and whey upon heat treatment. In attempts to achieve the proposed objectives extraction procedures and a methodology using HPLC/coupled to diode array detection were optimised and validated for the determination of adenosine, cytidine, uridine, guanosine and inosine 5’-monophosphates in milk and in the different dairy products analysed. Materials and Methods Apparatus The chromatographic analysis was carried out in an analytical HPLC unit (Jasco) equipped with two pumps model PU-980, a diode array detector model MD-910 (DAD) and an auto-sampler model AS-950. The loop volume selected was 20 ml. The chromatographic column was a Spherisorb C18, (S10 ODS2) 10 µm (250 x 4.6 mm). Samples Samples of fresh raw ovine and caprine mature milks (i.e. with more than two months of lactation) were obtained directly from local farmers in the Trás-osMontes region. Cheeses were manufactured manually using ovine and caprine milks. The drained whey was also analysed per se and further used as a substrate for the production of whey cheeses via the precipitation of whey proteins upon heat treatment. These whey cheeses were sampled, as well as the whey permeate. ESB UCP 423 Sample preparation The principal steps of sample preparation were (i) extraction of the nucleotides followed by (ii) acid precipitation of any macromolecules in the extract with recovery of the free nucleotides. Preparation of milk and whey extracts: 3 ml of sample were added to 2 ml of perchloric acid solution 0.33M and homogenized. After centrifugation (5 x 1000 rpm) for 10 minutes, 3 ml of supernatant were neutralised with 200 ml of potassium carbonate (1.2M). This solution was then centrifuged (5 x 1000 rpm) for 10 minutes and filtered. Preparation of cheese and whey cheese extracts: 25.0 g of each sample was thoroughly homogenized and dispersed with 15 ml of perchloric acid solution 0.33 M in a high-speed homogenizer (Ultraturrax, IKA-Werk, Jakob & Kunkel). After centrifugation (5 x 1000 rpm) for 20 minutes, 3 ml of supernatant were treated as described for milk and whey extracts. Samples were filtered. Chromatographic conditions The HPLC elution required a mixture of two solvents. Solvent A consisted of water/glacial acetic acid/5mM tetrabutyl ammonium hydrogensulphate (TBAHS) in a 97.5:1.5:1.0 (v/v/v) ratio and solvent B consisted of methanol/glacial acetic acid/5 mM TBAHS) in a 97.5:1.5:1.0 (v/v/v) ratio. The two solvents were filtered and degassed before use. Gradient elution was carried out as follows: 0 to 5 min 100 % A, 5 to 20 min linear gradient to 10 % B, 20 to 23 min 10 % B, 23 to 29 min linear gradient to 40 % B, 29 to 30 min 40% B, 30 to 34 linear gradient back to 100 % A (inicial conditions), 2 min re-equilibration wash with 100 % A. The flow rate was 1 ml/min. Results and Discussion A linear relationship was obtained between the concentration of different types of nucleotides and the UV absorvance at 260 nm over the concentration range of 0.2-30 mg/l for CMP and UMP and of 0.4-30 mg/l for GMP, AMP and IMP. Validation of the proposed method was carried out by standard additions method, with recoveries of 98.3 %. The precision of the method reported a CV as less than 3.2 %. The detection limits, were 0.1 mg/l for CMP, UMP, IMP and GMP and 0.2 mg/l for AMP. Table 1 presents the results obtained in the determination of nucleotides in ovine and bovine milks and their distribution in cheese, whey cheese and whey. ESB UCP 424 Table 1 Nucleotides in ovine and caprine milks, respective cheeses and subproducts 5’-CMP 5’-AMP 5’-GMP 5’-UMP 5’-IMP ovine 1.79±0.04 2.11±0.08 n.d. 4.09±0.23 n.d. caprine 2.67±0.05 3.34±0.07 n.d. 8.39±0.21 n.d. milk (mg/100ml) ovine cheese (mg/kg) b 0 d ripening n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. 30 d 0.27±0.01 traces n.d. 0.31±0.02 n.d. caprine cheese (mg/kg)b 0 d ripening n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. 30 d 0.29±0.02 0.19±0.02 n.d. 0.42±0.03 n.d. ovine n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. caprine n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. ovine 2.13±0.06 2.61±0.04 n.d. 4.89±0.10 n.d. caprine 2.97±0.09 3.54±0.11 n.d 8.53±0.16 n.d. ovine 2.39±0.06 2.84±0.03 n.d. 5.61±0.07 n.d. caprine 3.56±0.07 4.20±0.06 n.d. 9.14±0.14 n.d. whey cheese (mg/kg) b whey (mg/100ml) whey after heat treatment (mg/100ml) a b Values are expressed as mean ± standard deviation of three samples analysed in duplicate (n=6). Results are expressed for dry product. n.d. - not detected. Total nucleotide content was significantly different in ovine and caprine milks, 8.0 mg/ml and 14.4 mg/ml, respectively. The major nucleotide in both milks (ca.50 % of the total) was UMP, with concentrations of 4,09±0,23 and 8,39±0,21, respectively. During cheese manufacture the free nucleotides in milk are lost during whey syneresis; nucleotide contents in whey and whey cheeses derived therefrom parallel those found in the original plain milk. Ovine and caprine cheeses ripened at room temperature (ca. 17°C) for 30 d, presented small amounts of CMP, AMP, and UMP by the end of the ripening period as shown in Table 1 total concentration of nucleotides was higher in caprine cheese than in ovine counterpart. References [1] GIL, A. AND SANCHEZ-MEDINA, F; Acid soluble nucleotides of cow´s, goat’s and sheep’s milks, at diferent stages of lactation. J. Dairy Res., 48, 35-44, 1981. ESB UCP 425 Monitoring primary proteolysis of ovine cheese-like systems manufactured with plant rennet Silva S. V. and Malcata F. X. Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa, Rua Dr. António Bernardino de Almeida, P-4200-072 Porto, Portugal. Introduction Proteolysis is probably the most complex process that occurs during cheese ripening, and is likely the most important for development of flavour and texture. Proteolysis is a multistep reaction, the primary steps of which are believed to result mainly from the action of residual rennet and indigenous milk enzymes. Aqueous extracts of the thistle (Cynara cardunculus) have been successfully employed for decades in the manufacture of ewe’s and/or goat’s milk cheeses in several rural areas of Portugal and Spain. The clotting activity of said extracts is accounted for by two aspartic proteinases, tentatively called cardosins A and B, which resemble chymosin and pepsin, respectively, in their catalytic performance. Proteolysis of ovine and caprine cheeses manufactured with raw or slightly pasteurized milk has been studied extensively; however, few data are available concerning fully pasteurized milk. Therefore, the objective of this study was to assess the direct influence of the coagulant concentration on primary proteolysis of cheese-like systems, produced with sterilized milk; for this goal the water soluble nitrogen fraction was measured, and urea polyacrylamide gel electrophoresis was employed for monitoring. Methodology Cheesemaking and sampling Ovine milk portions (100 mL) produced by animals of the Bordaleira breed were sterilised (110°C for 10 min) in 250-mL flasks. Milk sterility was checked via absence of microrganims in plate count agar incubated at 30°C for 48 h. Then, 0.250 mL of aqueous thistle extract (0.6 g of flowers macerated in 10 mL of water) were added to the milk and incubated at 28°C until coagulation occurred (ca. 45 min). The curd was cut, stirred and allowed to set so as to permit draining. The whey produced was removed and the flasks were placed in a chamber maintained at 10°C. Two coagula were taken at 2, 4, 8 and 24 h for biochemical analyses. ESB UCP 426 Proteolysis indices The water soluble nitrogen (WSN) and the water insoluble nitrogen (WISN) were determined by the procedure of Kuchroo and Fox (1982). The trichloroacetic acid soluble nitrogen (TCASN) and the phosphotungstic acid soluble nitrogen (PTASN) were obtained according to McSweeney et al. (1993), with the micro-kjeldahl procedure being employed to determine the WSN, the TCASN and the PTASN. The ripening extension index (WSN/TN), the ripening depth index (TCASN/TN) and the free amino acid index (PTASN/TN) in cheese-like systems were then calculated, where TN denotes total nitrogen. Urea-PAGE Urea-polyacrylamide gel electrophoresis (12.5 % C, 4 % T, pH 8.9) was performed on the water-soluble and –insoluble extracts (Shalabi and Fox, 1987); the gels were stained with Coomassie Blue G250, following the method of Blakesley and Boezi (1977). Results and Conclusions The ripening extension index, which is proportional to the proteolytic activity, increased throughout the whole maturation period, thus producing higher values in cheeses manufactured with the highest concentration of coagulant. The TCASN/TN and PTASN/TN indices increased very slowly throughout ripening. Urea-PAGE analyses of the water insoluble fraction showed that as-casein was more susceptible to proteolysis than b-casein during the duration of the experiment; it was also more affected by the variation in coagulant concentration. The coagulant concentration influences the rate and extent of degradation of caseins, as expected, with higher residual coagulant levels in curdled milk leading to earlier breakdown of caseins. Acknowledgements This research was funded by FCT/PRAXIS XXI (BD / 18479 / 98). References BLAKESLEY, R. W. AND BOEZI, J. A. (1977) Anal. Biochem. 82, 555-581. KUCHROO, C. N. AND FOX, P. F. (1982) Milchwiss. 37, 331-335. MCSWEENEY et al. (1993) J. Dairy Res. 60, 401-412. SHALABI, S. I. AND FOX, P. F. (1987) Ir. J. Food Sci. Technol. 11, 135-151. ESB UCP 427 Optimização de uma metodologia analítica de HPLC para a determinação de aminas biogénicas em café Casal S., Judas I. e Oliveira M. B. P. P. Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha, 164 4050-047 Porto Introdução As aminas biogénicas são compostos presentes nas plantas e em alimentos fermentados e resultam de reacções de descarboxilação de aminoácidos, catalizadas por enzimas específicas, produzidas por diversos microrganismos. No caso particular do café, produto que é sujeito a fermentações durante o seu processamento, as referências à presença destes compostos são muito limitadas1. Dentro da classe das aminas biogénicas, as poliaminas (espermina e espermidina) são caracterizadas por um odor desagradável, não se sabendo até que ponto a sua presença poderá contribuir para um flavour com menor aceitabilidade pelo consumidor. Uma vez que o preço do café depende também do flavour da infusão parece interessante saber: i) qual o comportamento destas aminas durante a torra; ii) se cafés da mesma variedade podem apresentar diferentes flavours influenciados por diferenças no conteúdo destes compostos. O trabalho que se apresenta teve por objectivo desenvolver uma metodologia de cromatografia líquida de fase reversa, com detecção simultânea por detector de díodos e de fluorescência, para a possível determinação de nove aminas biogénicas (triptamina, feniletilamina, putrescina, cadaverina, serotonina, histamina, tiramina, espermina e espermidina) em café. Dada a complexidade química da matriz e a presença destes compostos em pequenas quantidades foi necessário optimizar o processo de extracção e limpeza do extracto obtido. Parte experimental Com vista à obtenção dos melhores resultados para a matriz em causa foram avaliados diversos parâmetros, nomeadamente: agente extractor e sua concentração, influência do pH na extracção e derivatização, concentração do reagente derivatizante, tempo e temperatura de derivatização, purificação por extracção líquido-líquido, etc. As condições finais estão representadas na Tabela 1. ESB UCP 428 Tabela 1 Condições finais de extracção, purificação e separação cromatográfica Extracção das aminas Amostra Sólido/líquido Purificação Líquido/líquido2 Derivatização pH Concentração Tempo Temperatura Consumo excesso derivatizante Extracção dos derivados Armazenamento Cromatografia coluna eluentes detecção Fluxo tempo total 3,0 g 25,0 ml de ácido tricloroacético a 5% Bis-(2-etil-hexil) hidrogenofosfato 0,1M, HCl 0,1M pH 11,0 cloreto de dansilo (7,5 mg/mL) 15 min 60ºC, escuro 100 µL prolina (100 mg/ml) 1,5 mL tolueno secura em corrente de azoto recuperação com 300 µL acetonitrilo congelação (-20ºC), frascos ambar Kromasil 100 C18 5µm (25 cm x 0,4cm) A = ácido fosfórico 0,5 mM B = 50% acetonitrilo / 50% metanol (v/v) díodos, registo a 254 nm, e fluorescência, (Ex. 252 nm, Em. 500 nm) 1 mL/min 40 min A metodologia desenvolvida foi validada em termos de linearidade, limites de detecção e quantificação, precisão, reprodutibilidade e recuperação para as variedades arabica e robusta. Obtiveram-se resultados bastante satisfatórios tendo em conta a dificuldade natural na análise desta matriz e os baixos teores encontrados para algumas aminas. A utilização de dois detectores conectados em série permitiu a distinção entre os picos referentes às aminas e os de substâncias interferentes características da matriz, impedindo falsos positivos. As aminas detectadas foram ainda confirmadas por cromatografia gasosa com detecção de massa. Bibliografia 1 H.V. AMORIM et al., JAFC, 25,4, 1977, 957-958 2 FERNANDES, J.O. & M.A. FERREIRA, J. Chrom.A, 886: 183-195, 2000. Agradecimentos S. Casal agradece o apoio financeiro concedido pelo Sub-Programa Ciência e Tecnologia do 2º Quadro Comunitário de Apoio (BD/9580/96). ESB UCP 429 Efeito de tratamentos de alta pressão na cor e carga microbiológica de Pesto Fonseca S., Saraiva J. A. e Coimbra M. A. Departamento de Química, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro Introdução O Pesto é um molho verde muito utilizado em Itália como condimento, sendo produzido à base de manjericão, azeite, queijo, pinhão, alho e sal sem recorrer a qualquer tipo de processamento. A cor é um dos atributos de qualidade sensorial de primordial importância neste produto, preferindo o consumidor um aspecto verde natural/brilhante. Contudo, é frequente a alteração da cor verde natural num verde brilhante, seguido por um verde escuro ou verde acastanhado, que é atribuída à transformação das clorofilas em feofitinas. (Davidek, 1990). O controlo/minimização desta alteração tem uma óbvia vantagem para a qualidade sensorial do produto. Neste trabalho estudou-se o efeito de tratamentos de alta pressão na carga microbiológica e cor de uma amostra comercial de Pesto. Procedimento experimental Amostras de Pesto foram submetidas a tratamentos de pressão de 50 e 120 MPa durante 10 e 30 min. Após o processamento as amostras foram trituradas com uma solução esterilizada de NaCl a 0,9 % num almofariz em condições assépticas. Recolheram-se alíquotas do líquido resultante para quantificação da carga microbiológica total pela técnica de espalhamento em placas de Petri, em condições assépticas, em meio de nutriente agar das diluições 0 até 10-4 e incubação a 30°C. Para avaliar o efeito do tratamento na cor, após 3 meses de armazenamento à temperatura ambiente, foi adicionado às amostras de Pesto MgCO3. Que foram então processadas a 120 MPa. O efeito na cor foi avaliado por um conjunto de três pessoas que compararam a cor das amostras não tratadas com as amostras submetidas a alta pressão e com uma amostra comercial de Pesto. ESB UCP 430 Resultados e Discussão Os resultados obtidos revelaram que a carga microbiológica total de Pesto não diminui com os tratamentos a 50 MPa (Figura 1). Os tratamentos a 120 MPa revelaram-se eficazes na redução da carga microbiológica, causando uma diminuição de cerca de 80 e 100 % nas Unidades Formadoras de Colónias (CFU), nas amostras processadas durante 10 e 30 min., respectivamente (Figura 1). Figura 1 Efeito do tratamento de alta pressão na carga microbiológica total de Pesto No que diz respeito à cor, os resultados obtidos indicam ainda que o tratamento de alta pressão aplicado é benéfico para a manutenção da cor verde natural do produto original, sendo o resultado mais apreciável da amostra à qual foi adicionado MgCO3 (Tabela 1). A adição de MgCO3 sem aplicação de tratamentos por pressão revelou também ser vantajosa para a manutenção da cor durante os três meses de armazenamento. Este efeito pode estar relacionado com o efeito de aumento de concentração de magnésio, que evitaria a saída deste das clorofilas com a consequente transformação destas em feofitinas, e formação de uma cor verde acastanhada (Davidek, 1990). Dos resultados obtidos neste trabalho pode-se concluir que a alta pressão pode ser usada para diminuir a carga microbiológica total de pesto, contribuindo ao mesmo tempo para uma melhor conservação da cor natural do produto. O MgCO3 tem um efeito positivo muito significativo na manutenção da cor, quer no produto pressurizado quer no não processado. Estudos mais detalhados são necessários para avaliar o efeito de tratamentos de pressão em microrganismos específicos de Pesto. ESB UCP 431 Sem tratamento por pressão Alta pressão (120 MPa) Pesto +/- + Pesto + MgCO3 ++ +++ + Medida da qualidade visual. Tabela 1 Efeito da pressurização a 120 MPa e adição de carbonato de magnésio na cor do Pesto Bibliografia DAVIDEK, J, VELISEK, J. AND POKORRIY, J.; Chemical Changes during Food Processing; Elsevier; 1990. Agradecimentos Os autores agradecem ao Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro a utilização da prensa. ESB UCP 432 Contributo para a caracterização da aguardente de medronho envelhecida Galego L. R.1, Almeida V. R.1, Bento F. J. A.1, Teixeira A. J.2, Jesus J. P.2, Bronze M. R.3 e Vilas Boas L.3 1 Escola Superior de Tecnologia da Univ. do Algarve, Campus da Penha, 8000 - Faro Direcção Regional de Agricultura do Algarve, Patacão, 8000 - Faro 3 Instituto de Tecnologia Química e Biológica, Quinta do Marquês, 2780 – Oeiras 2 Introdução O envelhecimento de destilados em contacto com madeira permite obter um produto de valor acrescentado. Relativamente à aguardente de medronho produzida no Algarve (medronheira do Algarve), o envelhecimento tem estado relacionado com a comercialização do produto, sendo feito sobretudo em anos de maior produção. Não existe um procedimento uniforme, sendo diversos os tempos de estágio dos destilados em pipas de castanho ou carvalho, com tempos de uso diferentes ou mesmo desconhecidos. Neste trabalho, estudou-se o processo de envelhecimento de aguardente de medronho, procedendo-se à análise química e sensorial dos destilados novos e após estágio em madeira. Também foram feitas comparações com os resultados de análises de amostras de destilados envelhecidos por processos tradicionais. Materiais e Métodos Foram seleccionados 8 lotes de aguardente de medronho provenientes de diferentes produtores e que estagiaram durante 18 meses em pipas novas de carvalho nacional de 50 L, previamente sujeitas a tratamento de queima média. Recolheram-se trimestralmente (0M, 3M, etc.) amostras para realização de análises químicas e sensoriais. A avaliação sensorial foi feita por provadores e consumidores. Fizeram-se diversas análises químicas mediante técnicas descritas em normas (teor alcoólico, pH, acidez volátil e total, etanal, acetato de etilo e álcoois), fenóis totais (índice de Folin-Ciocalteau) e por cromatografia: compostos voláteis por GC e compostos fenólicos por HPLC. Para tratamento de resultados das análises químicas foi usado o programa NTSYS (Exeter Software). ESB UCP 433 Resultados e Discussão Os resultados obtidos nas análises químicas das 53 amostras de aguardente de medronho (49 parâmetros, 37 dos quais relacionados com compostos extraídos da madeira) foram tratados mediante análise por componentes principais e na figura, apresenta-se uma projecção no plano das duas primeiras componentes principais. Figura 1 Projecção de 53 amostras de aguardente no plano das duas primeiras componentes principais: cada amostra é identificada pelo nº de lote (1 a 8) e tempo (meses) de estágio em madeira (0M a 18 M) Pode observar-se que as amostras se agrupam preferencialmente por tempo de envelhecimento e não por lote de origem havendo uma inflexão por volta dos 12 meses, ficando as amostras recolhidas aos 18 meses completamente diferenciadas. Por seu lado, os provadores consideraram que nas aguardentes com mais de 12 meses de envelhecimento existia um sabor excessivo a madeira. Entre outros aspectos também foi possível constatar que nos lotes localizados em destilarias com temperaturas mais elevadas se observava uma evolução mais rápida da cor dos destilados (absorvências medidas a 335, 420 e 440 nm). No entanto os 12 parâmetros característico do destilado (por exemplo metanol e teor alcoólico) não se alteram significativamente durante o envelhecimento. Foi também feita a comparação dos perfis cromatográficos (HPLC) com aguardentes de medronho envelhecidas em madeira de castanho usada, cedidas por produtores tradicionais de Monchique. As concentração de compostos aromáticos encontrados eram menores. ESB UCP 434 É conhecido que os compostos aromáticos, sejam aldeidos ou cetonas ocorrem em menor número e/ou menor concentração nas madeiras de castanho enquanto os compostos mais relacionados com a cor ocorrem em concentrações elevadas nesta madeira. Assim, o envelhecimento em madeira de castanho poderia ter a vantagem de obter um produto com a cor característica das aguardentes envelhecidas sem alterar o aroma típico (frutado) da aguardente de medronho. Agradecimentos Ao projecto PAMAF-IED 8005 “Estudo do Envelhecimento da Aguardente de medronho (1ª Fase)”. Aos produtores: José R. Cavaco, José M. Guerreiro, Analídio Graça, António Costa, Manuel S. Martins e José P. Nunes. ESB UCP 435 Influência do tempo de maceração e processo de elaboração nas características cromáticas e sensoriais de licores de uva Jordão A. M. e Correia A. C. Escola Superior Agrária de Viseu, Departamento das Indústrias Agro-Alimentares (Secção de Ciência e Tecnologia dos Alimentos), Campus Politécnico, Repeses. 3504 - 504 Viseu, Portugal. Introdução A elaboração de licores de uva pode ser uma das possíveis alternativas quando se pretende não só escoar os excedentes vitícolas como também realizar o aproveitamento de castas com um baixo potencial enológico que, em virtude das exigências de qualidade por parte dos produtores/consumidores, poderão estar condenadas ao desaparecimento num futuro próximo (Ferreira et al., 1998). Apesar do facto dos licores fazerem parte da cultura gastronómica portuguesa, poucos trabalhos têm sido realizados por forma a optimizar as condições da sua elaboração. A definição de licor é apresentada em termos legais (Decreto-lei n.º 257/87 de 25 de Junho) como sendo: “entende-se por licor a bebida espirituosa resultante da mistura de álcool etílico de origem agrícola ou de aguardente, água potável, açúcar e eventualmente outros géneros alimentícios, de sabor doce e, aromatizada por maceração de substâncias vegetais ou pelo destilado das mesmas substâncias ou ainda por adição de aromatizantes”. No processo de maceração existem três modalidades: a infusão (quando as essências são extraídas a quente), a maceração propriamente dita (processo feito a frio) e a digestão (realizada a uma temperatura intermédia, entre a requerida para a infusão e a necessária para a maceração). A destilação e a maceração são duas vias de extracção das substâncias contidas nas matérias primas para a obtenção de licores. Em virtude da sua simplicidade e baixo custo, a maceração propriamente dita é o processo que usualmente é mais utilizado na elaboração tradicional de licores. Material e Métodos Com o objectivo de estudar os vários processos de elaboração, assim como os diferentes tempos de maceração dos licores de uva elaborados (utilizando a casta tinta Campanário), procedeu-se à execução de um conjunto de ensaios: maceração com bagos esmagados, maceração com películas e maceração com bagos inteiros. Em todos os ensaios, o tempo total de maceração foi de 8 semanas. Assim, de modo a ESB UCP 436 avaliar a forma como a matéria corante evoluiu ao longo do tempo de maceração nos vários ensaios, foram recolhidas amostras de 2 em 2 semanas, tendo-se procedido às seguintes determinações de acordo com as metodologias apresentadas pelo OIV (1990): fenóis totais, antocianinas totais, intensidade e tonalidade da cor. Todas as determinações foram realizadas em duplicado. Em paralelo com estas determinações, procedeu-se à análise sensorial dos licores, tendo os resultados otidos sido analisados com recurso à análise em componentes principais (STATISTICA, versão 5.0). Apresentação e Discussão dos Resultados A todos os licores elaborados (maceração com bagos esmagados, maceração com películas e maceração com bagos inteiros), a quantidade de aguardente adicionada foi de forma a que todos os licores apresentassem um teor alcoólico de cerca de 30 % v/v. Na Figura 1, é apresentada a forma como as características cromáticas objecto de estudo, evoluíram ao longo das várias semanas de maceração nos vários ensaios realizados. Os resultados obtidos apontam para um generalizado aumento dos valores de fenóis totais ao longo das várias semanas de maceração, tendo-se constatado, porém, valores mais elevados no licor elaborado a partir de uma maceração efectuada unicamente com películas. Por outro lado, os valores das antocianinas totais aumentaram nas primeiras 6 semanas, seguindo-se um generalizado decréscimo dos valores em todos os licores elaborados. Esta constatação teve reflexos sobre os valores da intensidade da cor de todos os licores, em virtude do acentuado decréscimo observado a partir da 6º semana de maceração. Figura 1 Evolução da composição fenólica ao longo da maceração nos vários processos de elaboração de licores de uva. (-◆- Maceração c/ bagos esmagados, -■- Maceração c/ películas, -▲- Maceração c/ bagos inteiros) ESB UCP 437 Os licores onde a maceração foi realizada unicamente com películas, assim como com bagos esmagados, foram os que evidenciaram uma maior extracção de fenóis totais. Os licores elaborados foram analisados sensorialmente por um painel de provadores não especializado, tendo-se para tal utilizado uma ficha de prova onde foi analisado a cor, a limpidez, a intensidade e qualidade do aroma, a qualidade e doçura do gosto e ainda a apreciação global. Os resultados obtidos foram submetidos a uma análise em componentes principais, tendo os 2 primeiros componentes principais explicado 90,4 % da variação total. O eixo 1 é descrito pelas variáveis relacionadas com o gosto e com o aspecto visual do licor (limpidez e cor), estando estas bastante correlacionadas entre si, enquanto que o eixo 2 é definido apenas pela intensidade do aroma (Figura 2 - A). Relativamente aos licores projectados no plano definido pelas duas componentes principais (Figura 2 - B), constatou-se que os licores elaborados com maceração de uvas esmagadas foram os que evidenciaram melhores resultados ao nível do gosto e do aspecto visual, tendo estes atributos sido favorecidos com o aumento do tempo de maceração (6 e 8 semanas). Em oposição, nos licores elaborados com o recurso unicamente à maceração das películas, os resultados obtidos revelam uma desvalorização destes relativamente aos atributos associados ao gosto e aspecto visual. Por outro lado, os licores elaborados com maceração de bagos inteiros apresentaram uma valorização da intensidade do aroma com o aumento do tempo de maceração. Figura 2 Projecção das variáveis no plano definido pelas componentes principais (figura 2 - A), assim como a projecção das amostras de licores (figura 2 - B) no plano definido pelos eixos 1 e 2 Figura 2A: L - limpidez; C - cor; IA - intensidade do aroma; QA - qualidade do aroma; QG - qualidade do gosto; DG - doçura do gosto; AG - Apreciação global. Figura 2B: B1 - Maceração com bagos inteiros durante 2 semanas; B2 - Maceração com bagos inteiros durante 4 semanas; B3 - Maceração com bagos inteiros durante 6 semanas; B4 - Maceração com bagos inteiros durante 8 semanas; P1 - Maceração com películas durante 2 semanas; P2 - Maceração com películas durante 4 semanas; P3 - Maceração com películas durante 6 semanas; P4 - Maceração com películas durante 8 semanas; U1 - Maceração com bagos esmagados durante 2 semanas; U2 - Maceração com bagos esmagados durante 4 semanas; U3 Maceração com bagos esmagados durante 6 semanas; U4 - Maceração com bagos esmagados durante 2 semanas. ESB UCP 438 Bibliografia Diário da República (Decreto-lei nº 257/87 de 25 de Junho). I Série. Nº 143. I.N. FERREIRA, A. M.; SOUSA, I.; RICARDO-DA-SILVA, J.; LAUREANO, O. (1998) - Licores de uva. Optimização da sua formulação. 4º Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo. Vol. 2, pp: 341-346. O.I.V. (1990) - Recueil des méthodes internationales d’analyse des vins et des moûts. Office International de la Vigne et du Vin. Paris. ESB UCP 439 Production of sulphur compounds during wine fermentation Moreira N., Mendes F., Bolat I., Guedes de Pinho P., Hogg T. and Vasconcelos I. Escola Superior de Biotecnologia, Porto Volatile sulphur compounds can be classified in two categories: those with a boiling point below 90°C, the highly volatile sulphur compounds, and those with a boiling point above 90°C, the less volatile compounds. Highly volatile sulphur compounds, although responsible for evoking odours of rotten eggs, cabbage, garlic or onions, are not a serious problem to wine, as their boiling point is relatively low and, therefore, most of them are volatilised by simple racking. The less volatile sulphur compounds, on the other hand, can seriously affect wine aroma when present at sufficiently high levels. Their detection threshold is only a few µg/L. Methionol, the most commonly sulphur compound mentioned in the literature, present a cauliflower aroma and is present in wines at concentrations ranging from 0,2 to 5 mg/L. Other identified compounds include 3-methylthiopropyl acetate (mushroom and garlic aroma), ethyl 3-methylthiopropionate (metallic and sulphur aroma), 4-methylthiobutanol (chive-garlic aroma), 2-mercaptoethanol (poultry-like aroma), 2methyltetrahydrothiophen-3-one (metallic, natural gas), 2-methylthioethanol (french bean aroma). Sulphur compounds are usually considered detrimental to the quality of wine, although a sulphur compound responsible for the aroma of Sauvignon Blanc has been identified. The analysis of sulphur compounds during fermentation and in finished wines was performed by gas chromatography with flame photometric detection (Figure 1). The grape musts used were from cultivars of the Dão region in Portugal. The fermentions were carried out by spontaneous microflora of grapes and by inoculation with a specific wine yeast. The experiments were performed using 300 L tanks. During the first four hours of fermentation, sulphur compounds, such as methionol, acetic acid-3-(methylthio)propyl ester, 2-(methylthio)ethanol, 4-(methylthio)-1-butanol and 3-(methylthio)propionic acid, appeared in the media. The H2S, dymethylsulfide, 2-methyltethrahydro-thiophen-3-one, 2-mercaptoethanol, dymethylsulfon and N-(3(methylthio)propyl)-acetamide, as well as some non-identified sulphur compounds, began to be produced after 3-4 days of fermentation. ESB UCP 440 As expected, while the sugar content of the fermenting musts decreases, the contents of sulphur compounds increases considerately. During the last days of fermentation, the concentrations of sulphur compounds with lower boiling point (<90°C) decreased. Some sulphur compounds with higher boiling point (>90°C), such as 2mercaptoethanol and acetic acid-3-(methylthio)propyl ester, presented a lower level after racking and pressing the masses, performed after 5 days of fermentation. Figure 1 Chromatogram of sulphur compounds in wine 1:H2S, 2:dimethylsulfide, 3:peak 1*, 4:s-methylthioacetate, 5:peak 2*, 6:2-mercaptoethanol, 7:2-(methylthio)ethanol, 8:2-methyltethrahydro-thiophen-3-one, 9:acetic acid-3-(methylthio)propil ester, 10:mercaptopropanol, 11:methionol, 12:peak 3*, 13:trans-methyl-2-thiophanol-3, 14:4-(methylthio)-1-butanol, 15: furanthiol, 16:dymethylsulphon, 17:benzothiazole, 18:peak 4*, 19:peak 5*, 20:peak 6*, 21: 3-(methylthio)propionic acid, 22:acetamide, IS:internal standard-ethyl (methylthio)acetate. *unknown compounds. ESB UCP 441 Determination of carotenoid profiles in grapes, musts and fortified wines from Douro varieties of Vitis vinifera. Development of a HPLC method Guedes de Pinho P.1, Silva Ferreira A C.1, Mahringer I.3, Gomez Benitez J.2 and Hogg T.1 1 2 3 Escola Superior de Biotecnologia – UCP Universidad de Cadiz (Espanha)– Faculdade de Ciências Universidade de Trier (Alemanha) – Departamento de Tecnologia Alimentar Abstract β-Carotene and 6 xanthophylls (lutein, neoxanthin, violaxanthin, luteoxanthin, cryptoxanthin and echinenone) have been identified and semi-quantitatively or quantitatively determined in 5 grape cultivars from two distinct sub-regions. An HPLC method was developed and compared with that of one based on thin layer cromatography with scanning densitometry. This study was performed on berries (skin and pulp), musts and fortified wines. The most abundant carotenoids present in red grape varieties are β-carotene, lutein, violaxanthin, luteoxanthin and neoxanthin. The carotenoid content of must was followed during alcoholic fermentation. Although the carotenoid levels of fortified wines (768 µg/l) were lower than those found in musts (1691 mg/l) their presence in young ports suggests a possible scenario in which a direct conversion of carotenoids into nor-isoprenoids could occurs in situ. Key words : carotenoids, aroma precursors, berries, musts, wines, cultivars, alcoholic fermentation. Introduction The two carotenoid species which are most abundant in grapes are β-carotene and lutein, althought violaxanthin and neoxanthin are also present measurable amounts (Razungles et al., 1993). These large non-aromatic molecules are known as precursors of aroma-active compounds, belonging to the nor-isoprenoides family such as α and β-ionona or β-damascenona, responsible for the typical aroma of some grape varieties (Kotseridis, 1999). At present, several compounds belonging to this family have been identified in Port wine : 2,2,6-trimethylcyclohexanone (Freitas et al., 1999), and α and β-ionones-isomers (Silva Ferreira, 1993), and TDN (Simpson, 1978). The evolution of the carotenoid content of grapes during maturation has been studied (Razungles et al., 1988). It has been shown that β-carotene and several xanthophylls ESB UCP 442 (neochrome, neoxanthin, flavoxanthin and lutein), are abundant before veraison, but the amount of these compounds decreases during ripening (Razungles et al., 1996). There is very little published data concerning the post-harvest (non-biochemical) degradation of carotenoids in grape-derived materials. This latter assertion together with initial work in our laboratory suggests that, in the case of ports, the persistence of carotenoids into the post fermentation phase, indicates a potential new source of aroma compounds in aged samples. Material and Methods Grapes, musts and fortified wines used obtained from 5 cultivars from Douro Region harvested at two different sub-regions. Grapes and musts were collecetd in October 1999 and immediately frozen at –20°C. Port wines from were available in February 2000. Reagents and Materials. The reference samples used were purchased, Lutein (SigmaAldrich, USA) and chlorophylls (Fluka, Switzerland), β-carotene (Merck, Germany). The internal standard employed for HPLC study was β-apo-8-carotenal (Fluka, Switzerland) and HPLC grade solvents ethyl acetate, acetonitrile, hexane, ether, acetone (Merck, USA). Extraction of carotenoids from grapes, musts and fortified wines : Grapes - 200 g of grapes were separated into pulp and skin. Both these materials were freeze-dried, and 50 µL of the internal standard were added to the powder obtained. The extraction was performed by stirring overnight with 20 ml of hexane. The organic layer was dried with anhydrous Na2SO4 and concentrated to dryness using a rota-vapor in a bath at 20°C. The dried extract was dissolved in 1 ml of a solution of 50 % of ethylacetate and 50 % of acetonitrile/water (9/1, v/v). A sample volume of 20 ml was injected in the HPLC. Musts - A 100 ml volume of sample and 100 µL of internal standard (β-apo-8-carotenal; 108 mg/L) were placed in a 250 ml volumetric flask, protected from light. This slurry was stirred (1000 rpm) for 12 hours with 50 ml of hexane. The organic layer was separated and the extraction was repeated with 20 mL of the same solvent during 30 minutes. The organic layers were combined and dried with anhydrous Na2SO4. Wines - A 350 mL volume of wine were spiked with 100 µL of internal standard, were placed in a 500 mL flask, 20 mL of hexane was added and the mixture was stirred (1000 rpm) for 30 minutes. The organic layer was separated and the extraction was ESB UCP 443 repeated using 20 ml and 10 ml of the same solvent. The three organic layers were dried with anhydrous Na2SO4. The following steps of the analytical procedure until injection are the same to those described above. Chromatographic procedure: The quantification of carotenoids was done by HPLC, using an Beckman System Gold equipped with the 502 autosampler, 126 programmable solvent and the 168 diode array detector modules. The data were stored and processed using the System Gold software (v6.0). The absorption spectra were recorded between λ=270-550 nm, with an spectral scan rate of 1 (Hz). The wavelength select to monitoring the system and cromatogram integration was 447 nm (Figure 1).Stationary-phase : Spherisorb ODS 2 (25 cm x 4.6 mm x 5mm diameter of particles). (MERK, Germany). Mobile-phase: Solvent A, ethyl acetate; solvent B, acetonitrile/water (9:1 v/v), flow rate of 1 ml/min. The following gradient was used: 0-16 min (0-60 % A); 16-36 (100 % A); 36-46 min (100 % A); 46-56 min (0 % A). Figure 1 HPLC chromatogram of carotenoids in musts. DO=447 Results and Discussion Identification and Quantitative determination: The carotenoids in the samples were identified by comparison of the retardation factor values (Rf) in TLC, retention time in HPLC and UV spectra obtained either from commercially available standards, (β-carotene; lutein), or extracts of nettles and yellow pepper (zeaxanthin, cryptoxanthin, echinenone, neoxanthin, violaxanthin and luteoxanthin) or published data (Matus et al., 1991). ESB UCP 444 β-carotene and lutein were assayed in comparison with the commercial compounds mentioned above. The other xantophylls were quantified as lutein equivalent. The repeatability of the method was assessed with extracts of Port wine for 7 replications and the relative error was 12.4 % for β-carotene, 11.7 % for lutein, 7.8 % for violaxanthin, 2.7 % for neoxanthin, 3.3 % for luteoxanthin and 17.1 % for xantophylls monoesters. β-carotene and lutein were determined with the linear response factor calculated from reference solutions. Violaxanthin, neoxanthin, luteoxanthin, cryptoxanthin concentrations were expressed as lutein equivalents, each determination being performed in duplicate. The concentration given is the mean – the relative error (SD/mean) calculated from 6 replicates of musts was less than 10 % for both β-carotene and lutein. A linearity study performed for β-carotene in musts and wines gave r2 0.9983 and 0.9805 respectively. Figure 2 Carotenoid profile in skin, pulp, musts and Port wine. Xantophylls (neoxanthin, violaxanthin, luteoxanthin) The application of the HPLC method allow the determination of a carotenoid profile of grapes, musts and Port wine. The carotenoid profiles of skin and pulp vary considerably (Figure 2) with the skin contributing aproximately 65 % of the total (lutein, monoesters of xantophylls and β-carotene) with the pulp contributing 35 %. The proportion of β-carotene in the skin is 3 times higher than in pulp. Musts and wines have lesser contents of lutein and β-carotene, but they are richer in oxygenated xantophylls such as as neoxanthin, violaxanthin and luteoxanthin, which can be important precursors of aromatic molecules. ESB UCP 445 Conclusions The development of an HPLC method allowed the study of carotenoids in grapes, musts and fortified wines which led to the following results : - There is a typical profile of carotenoids in grapes, musts and wines. In grapes (skins and pulp) β-carotene, chlorophylls and lutein are dominants. In musts xanthophylls esters and β-carotene exist in higher levels than lutein and other epoxy-xanthophylls. - In fortified wines quantities of carotenoids are less than in grapes and musts, however lutein, neoxanthin and violaxanthin were found in amounts not negligenciables. - This data can suggest that in young Port wines the presence of lutein and other xantophylls could directly be converted into nor-isoprenoids during ageing. Bibliography FREITAS, A P. V., P. S. RAMALHO, Z. AZEVEDO AND A. MACEDO (1999). Identification of some volatile descriptor of the Rock-rose-like aroma of fortified red wines from Douro Demarcated Region. J. Agric. Food Chem. 47, 4327-4331. MATUS Z., DELI J. AND SZABOLCS J. (1991). Carotenoid composition of yellow pepper during ripening: Isolation of β-cryptoxanthin 5,6-epoxide. J. Agric. Food Chem., 39, 1907-1914. RAZUNGLES A, BAYONOVE C., CORDONNIER R., SAPIS J. C. (1988). Grape carotenoids : changes during the maturation period and localization in mature berries. Am. J. Enol. Vitic., 39, 44-48. RAZUNGLE A, BABIC I., SAPIS J. C., BAYONOVE C. (1996). Particular behavior of epoxy xanthophylls during veraisonand maturation of grape. J. Agric. Food Chem., 44, 3821-3825. SILVA FERREIRA A. C. (1993). Evolution de quelques constituants du vin de Porto au cours du vieillissement. Etude particulière des composés carbonylés. DEA d’Oenologie et Ampelologie, Université de Bordeaux II. SIMPSON R. F. (1978). 1,1,6-trimethyl-1,2-dihydronaphthalene: an important contribution to the bottle aged bouquet of wine. Chem Ind., 37-45. ESB UCP 446 Utilização da micro-extracção em fase sólida na quantificação de componentes voláteis de vinhos modelo. Efeito da composição da matriz Rocha S., Ramalheira V., Barros A., Delgadillo I. e Coimbra M. A. Departamento de Química, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro, Portugal A micro-extracção em fase sólida (SPME) é uma técnica que tem sido amplamente utilizada na caracterização de aromas de amostras e/ou para seguir processos industriais. Sabe-se, no entanto, que é uma técnica bastante sensível às condições experimentais (Yang e Peppard, 1994; Garcia et al., 1998), e à composição da matriz (Coleman, 1997) o que levanta certas reservas quando se pretende utilizar com fins quantitativos. O objectivo deste trabalho é estudar o comportamento da fibra relativamente a diferentes tipos de compostos voláteis do vinho. Para tal foram preparadas soluções etanólicas a 10 %, pH de 3,3, contendo uma mistura de nove compostos representativos dos componentes voláteis dos vinhos brancos da Região Demarcada da Bairrada: 3-metil-1-butanol (10-130 mg/L), hexanol (214 mg/L), hexanoato de etilo (1-3 mg/L), octanoato de etilo (0,2-1,2 mg/L), decanoato de etilo (0,1-0,5 mg/L), linalol (0,3-4,2 mg/L), geraniol (0,2-2,4 mg/L), nerol (0,2-1,5 mg/L) e álcool 2-feniletílico (5-70 mg/L). Foi utilizada a fibra de poliacrilato (85 mm). Depois de optimizadas foram utilizadas as seguintes condições experimentais: volume de amostra, 30 mL; agitação, 1000 rpm.; temperatura do ensaio, 25 °C; quantidade de NaCl adicionado: 8 g, tempos de equilíbrio: 15 min. matriz/espaço de cabeça e 45 min. espaço de cabeça/fibra. A relação entre a concentração de um composto na matriz líquida e a área do pico de GC foi estimada para cada composto padrão, tendo-se verificado que os factores de resposta (FR) variam entre 1 (3-metil-1-butanol) e 1473 (decanoato de etilo). A Tabela 1 mostra que em função dos factores de resposta podem ser definidos 3 grupos: Grupo A: moléculas em C5-C7 (álcoois alifáticos e aromáticos); Grupo B: moléculas em C8 e C10 (monoterpenos e o ester de cadeia curta) e Grupo C: moléculas em C10 e C12 (ésteres de cadeia comprida). Para estes compostos verifica-se uma relação entre os factores de resposta e a estrutura molecular. ESB UCP 447 Grupo A (1 - 5) Grupo B (45 - 87) FR = 87 Grupo C (391 - 1473) FR = 1473 MM = 154 p.e. = 198°C Practicamente Insolúvel em água Miscível com etanol FR = 5 FR = 2 2-feniletanol MM = 109 p.e. = 205ºC Pouco solúvel em água Miscível com etanol FR = 1 3-metil-1-butanol MM = 88 p.e. = 112ºC Pouco solúvel em água Miscível com etanol decanoato de etilo MM = 200 p.e. = 245ºC Insolúvel em água Miscível com etanol FR = 391 FR = 56 MM = 154 p.e. = 229°C Practicamente Insolúvel em água Miscível com etanol 1-hexanol MM = 102 p.e. = 157°C Pouco solúvel em água Miscível com etanol Tabela 1 Factores de Resposta para SPME (FR) octanoato de etilo MM = 172 p.e. = 208ºC Insolúvel em água Miscível com etanol FR = 47 MM = 154 p.e. = 225ºC Practicamente insolúvel em água Miscível com etanol FR = 45 hexanoato de etilo MM = 144 p.e. = 168°C Insolúvel em água Miscível com etanol A Figura 1 mostra que, para os compostos estudados, existe uma relação linear entre a massa molecular, numa gama entre 88 e 200, e o ln (FR) existindo um incremento no valor dos FR com o aumento do tamanho da cadeia carbonada, o que sugere a existência de interacções de caracter hidrofóbico entre estes compostos e a fibra. A quantificação por SPME mostrou ser dependente da composição relativa da matriz, sendo os compostos com maior FR os menos influenciados. Este trabalho demonstra que se bem é certo que esta técnica é de fácil manipulação, a obtenção de dados quantitativos fiáveis exige o conhecimento dos componentes da matriz e da sua interacção com a fibra. ESB UCP 448 Figura 1 Relação entre a massa molecular e o logaritmo do factor de resposta FR Bibliografia COLEMAN, III W. M. A study of the behavior of polar and nonpolar solid-phase microextraction fibers for the extraction of Maillard reaction products. J. Chromatogr. Sci. 1997, 35, 245-258. GARCIA, D.; REICHENBÄCHER, M.; DANZER, K. Analysis of wine bouquet using headspace solid-phase microextraction-capillary gas chromatography. J. High Resol. Chromatogr. 1998, 21, 373-377. YANG, X.; PEPPARD, T. Solid-phase microextraction for flavor analysis. J. Agric. Food Chem. 1994, 42, 1925-1930. ESB UCP 449 Estudo da deterioração precoce dos vinhos brancos durante o envelhecimento Silva Ferreira A. C., Guedes de Pinho P., Rodrigues P., Costa Lima R. e Hogg T. Escola Superior de Biotecnologia – UCP Introdução A oxidação precoce, especialmente dos vinhos brancos, é um problema importante na industria vínica, conduzindo, quando acontece, uma deterioração drástica do produto num curto período de tempo. Durante o envelhecimento em garrafa, são formados por oxidação certos compostos cujo aroma contribui de forma nefasta para a qualidade do vinho. O aparecimento destas moléculas é dependente de factores como a temperatura de armazenamento, a quantidade de SO2 livre e a concentração de O2 dissolvido além de outros. Neste estudo foi realizada uma experiência a nível laboratorial de “envelhecimento forçado” dum vinho branco, no qual se fizeram variar alguns dos parâmetros tidos como mais importantes nas alterações aromáticas observáveis durante o armazenamento. Material e Métodos Vinho branco sem SO2 livre, com O2 dissolvido 2.8 mg/L e pH= 3.2 foi submetido a um “envelhecimento acelerado” onde se fizeram variar para algumas das amostras parâmetros importantes tais como o oxigénio dissolvido, (saturação com O2) o pH (ajustado a 4) e concentração em dióxido de enxofre (anti-oxidante) (SO2 livre 30 mg/L). Pretende-se determinar qual dos efeitos em estudo se aproxima mais da evolução natural de um vinho ao longo do tempo de conservação. Assim, de 15 em 15 dias os vinhos são analisados quanto a parâmetros sensoriais como analíticos. Os métodos químicos utilizados nas determinações efectuadas: índices cromáticos (Riberau-Gayon, 1976), [SO2] livre e total foram determinados pelo método de Ripper, esteres (Bertrand, 1981), etanal, acetato de etilo e alcoois superiores (Bertrand, 1981), compostos de enxofre (Anocibar Beloqui e Bertrand, 1995) e outros compostos voláteis por GCMS (método interno ESB). Na análise sensorial foram anotados: diminuição do caracter frutado e floral e aparecimento de determinados aromas, tais como : “mel”, “feno”, “ração”. ESB UCP 450 Resultados e discussão Ao longo da experiência foram acompanhados analiticamente os seguintes parâmetros : A - A evolução da cor, B - A velocidade de degradação das substâncias ligadas ao floral e ao frutado dos vinhos, como p.e. terpenois e os compostos da família dos norisoprenoides, C - A formação de compostos que poderão estar ligados a “offflavours”, como o “mofo”, “maçã verde”, “feno”, “metálico”, “ração”. Existem ainda aqueles descritores aromáticos como “mel”, “damasco”, “torrado” “madeira” que aparecem em vinhos com evolução e que não estão relacionados com a presença de “off-flavours”. Verifica-se que a temperatura faz diminuir os teores em alcoois terpénicos e norisoprenoides, tais como β-ionona, β-damascenona, vitispirano responsáveis por notas “florais” (Figura 1) e que, pelo contrário, aparecem aromas do tipo “mel”, “feno”, “metálico” e “ração” relacionadas com a presença de feniletanoato de etilo, metional, (figura 2) sulfureto de dimetilo (DMS), mercaptoetanol. Figura 1 Variação do linalol responsável pelas notas florais e dos seus óxidos (menos aromáticos) em função dos parâmetros estudados ao longo do tempo Figura 2 Variação do feniletanoato de etilo responsável pelas notas de “mel” (gráfico da esquerda) e do metional “off-flavour” responsável pelas notas de “ração” (gráfico da direita) em função dos parâmetros estudados ao longo do tempo ESB UCP 451 A intensidade destes aromas depende do tempo a que os vinhos estão sujeitos a esta temperatura, mas também do tipo de tratamento efectuado. Assim, o binómio temperatura /oxigénio é a combinação que deteriora mais rapidamente os vinhos, Temperatura/SO2 é a combinação para a qual os aromas defeituosos demoram mais a aparecer. No que respeita à influência do pH, parece que a degradação é menos intensa para pH=4 apesar de a 15°C o vinho a pH=3 se manter frutado muito mais tempo. Conclusão Com este protocolo identificaram-se aromas que se relacionaram com a diminuição de certos compostos químicos, tais como linalol, nor-isoprenoides e com o aparecimento ou aumento dos teores de outros como o etanal, feniletanoato de etilo, metional, durante o envelhecimento precoce de vinhos brancos. Referências ANOCIBAR BELOQUI A E A BERTRAND (1995). Study on sulfur compounds in wine. Preliminary results. Italian J. of Food Sci., 3, 5-9. BERTRAND A (1981). Formation des substances volatiles au cours de la fermentation alcoolique. Incidence sur la qualité des vins. Colloque Soc. Fr. Microb., Reims. 251-267. RIBEREAU-GAYON J. PEYNAUD E., RIBEREAU-GAYON P. E SUDRAUD P. (1976). Traité d’Oenologie. Sciences et techniques du vin. Tome I. Analyse et controle du vin. Dunod, Ed. Paris , France, 753p. ESB UCP 452 Sistema de análise por injecção sequencial para a determinação de sulfatos em vinhos Silva H. R., Segundo M. A., Rangel A. O. S. S. Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa, R. Dr António Bernardino de Almeida, 4200-072, Porto, Portugal Introdução A análise por injecção sequencial (SIA) [1] é uma técnica que visa a implementação de sistemas automáticos para a determinação de parâmetros químicos. Baseada nos mesmos princípios da análise por injecção em fluxo (FIA), a técnica SIA apresenta como vantagem uma maior robustez relativamente à técnica FIA, para além da capacidade de análise multiparamétrica com a mesma montagem. No presente trabalho descreve-se o desenvolvimento de um sistema SIA para a determinação de sulfatos em vinhos. Dada a extrema morosidade do método de referência, baseado numa metodologia gravimétrica, a automatização desta determinação é particularmente interessante para o controlo deste parâmetro. No sistema proposto, a determinação de sulfatos é efectuada a partir da mesma reacção usada no método de referência. A metodologia desenvolvida é turbidimétrica, baseada na formação de um precipitado (BaSO4) em meio ácido, por adição de BaCl2; a absorvância da suspensão formada é medida a 420 nm. Figura 1 Representação esquemática da montagem SIA para a determinação de sulfatos em vinhos VS: válvula de selecção; BP: bomba peristáltica; CC: canal central; R: reactor; D: sistema de detecção; CM: câmara de mistura; A: ácido clorídrico 0,6 mol l-1; S: amostra ou padrão; BaCl2: solução de cloreto de bário 20% (m/v); E: esgoto. ESB UCP 453 Procedimento experimental O sistema SIA desenvolvido está representado na Fig. 1. Sucintamente, o ciclo analítico pode ser dividido em três partes: diluição e acidificação da amostra, medição turbidimétrica e lavagem da câmara de mistura. Na primeira parte, 200 µl de ácido, 300 µl de amostra e 100 µl de ácido são sequencialmente aspirados para o canal central e depois enviados (400 µl) para a câmara de mistura. Após homogeneização, parte do conteúdo da câmara é retirado para preenchimento da ligação câmara de mistura – válvula, sendo o canal central posteriormente lavado. Para a medição turbidimétrica, EDTA (267 µl), água (800 µl), amostra diluída (100 µl) e reagente BaCl2 (75 µl) foram sequencialmente aspirados para o canal central; após inversão do fluxo, o conteúdo do canal central é enviado para o detector onde a absorvância é medida a 420 nm. Finalmente, a câmara de mistura é lavada com 5326 ml de água. Dado o volume da câmara de mistura (c. a. 900 µl), é possível realizar as operações para a medição turbidimétrica até 6 vezes consecutivas a partir da mesma amostra diluída. Este facto permite o aumento do ritmo de amostragem ao evitar a lavagem da câmara de mistura em cada determinação; proporciona ainda a execução de várias determinações e a obtenção do sinal de branco a partir da mesma toma de uma dada amostra. Aplicação a amostras de vinhos Devido à absorção intrínseca dos vinhos ao comprimento de onda usado, foi necessário proceder à medição do sinal de branco da matriz, substituindo para isso no ciclo analítico a solução de BaCl2 por água. Desta forma, foi estabelecida uma curva de calibração entre 300 e 1500 mg l-1 de K2SO4, usando como sinal analítico a diferença entre a absorvância medida com BaCl2 e o valor obtido quando este reagente foi substituído por água. Os resultados obtidos para 10 amostras de vinhos de mesa (6 brancos e 4 tintos) são comparáveis com os fornecidos pelo método de referência [2], apresentando um desvio relativo inferior a 3.5 %. Este facto é evidenciado pela equação de comparação corresponente, CSIA = 6(±47) + 0.99(±0.09) x CREF, sendo os valores entre parênteses os limites do intervalo de confiança a 95 %. Podem ser analisadas cerca de 5 amostras por hora, com desvio padrão relativo também inferior a 3.5 %. ESB UCP 454 Referências [1] RUZICKA J., MARSHALL G. D. (1990) Anal. Chim. Acta 237: 329. [2] Office International de la Vigne et du Vin (OIV) (1990) Recueil des Méthodes Internationales d’Analyse des Vins et des Moûts. OIV, Paris. Agradecimentos À Agência de Inovação e à FCT (Projecto P076-P31B-09/97-INSIA e Bolsa PRAXIS XXI BD/13648/97). ESB UCP 455 Removal of bitter compounds from orange juice by adsorption Silveira D. 1,3, Ferreira-Dias S.2 and Ribeiro M. H. L.1 1 Faculdade de Farmácia, Universidade de Lisboa, Av. Prof. Gama Pinto, 1600 Lisboa Instituto Superior de Agronomia, Centro de Microbiologia e Indústrias Agrícolas, T. da Ajuda, 1349-017 Lisboa. 3 Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, Av. Padre Cruz, 1600 Lisboa 2 Introduction Bitterness in citrus juices can be ascribed to the presence of flavanone glycosides (flavonoids) and limonoids (triterpenes), namely naringin and limonin [1]. In certain varieties of oranges, lemon and grapefruit, an increase in biterness is observed in juices after extraction (“delayed bitterness”), which has restrained the industrial use of those varieties. The observed phenomenon is explained by the conversion of the nonbitter precursor, limonoate A-ring lactone, to limonin, catalysed by limonin D-ring lactone hydrolase, under acidic conditions. The aim of this study was the reduction of bitter taste in orange juices by selective adsorption of limonin and naringin, to the following adsorbents: activated diatomaceous earths, activated granular carbon (20-40 mesh) and Amberlite neutral resins (XAD-4, XAD-7 and XAD-16). Material and Methods Materials: Oranges from Navel variety were harvested in an orange orchard on the South of Portugal, and stored at (-18°C) until use. The diatomaceous earths were from Tonsil, granulated activated carbon (20-40 mesh) from Sigma Chemicals, and “Amberlite™” XAD-4 (apolar; polystyrene), XAD-7 (slightly polar; acrylic ester) and XAD-16 (apolar; polystyrene) resins were a gift from Rohm and Haas, USA. Methods: Juice, immediately after extraction, was centrifuged, paper filtered and mixed, in conical flasks, with varying amounts of the different adsorbents tested, at 25°C and 140 rpm, for 2 hours. Before and after adsorption, the content of limonin and naringin in juice, were assayed by HPLC at 210nm with a RP-C18 column (Merck) and an isocratic mobile phase (45 % acetonitrile and 55% water), and by sphectrophotometry at 280nm, respectively. Total content of sugars were assayed by DNS method [2]. ESB UCP 456 The fit of Langmuir and Freundlich models [3] to experimental data was carried out using a nonlinear curve-fit program in Excel for Windows, by minimizing the residual-sum-of-squares between the experimental data points and the estimated values by the model. Results and Discussion For every adsorbent tested, the equilibrium was attained in less than two hours contact. Concerning the adsorption of limonin, 87 %, 93 %, 66 %, 93 % and 98 %, removal were respectively observed when 1.25 % (m/v) of activated earths, granular carbon and XAD-4, XAD-7 and XAD-16 neutral resins were used (Fig. 1A). When 3 % (m/v) of activated earths, XAD-4, XAD-7 and XAD-16 resins were used, 14 %, 42 %, 59 % and 64 % of the initial content of naringin in juice were adsorbed, respectively (Fig. 1B). Not significant adsorption of sugars was detected. Figure 1 The effect of the amount of adsorbent used on the removal of limonin (A) and naringin (B); (·) earths; ( ) carbon; (▲) XAD-4; (■) XAD-7; (◊) XAD-16 The adsorption isotherms for limonin to XAD-16 resin can be fitted either to Freundlich or Langmuir models (Fig. 2). Figure 2 Adsorption isoherms for limonin (A) and naringin (B) to XAD-16 resin ESB UCP 457 References [1] HASEGAWA, S., MAIER, V. P. (1990), In: Bitterness in Food and Beverages, R.L. Rouseff (ed.), vol.25, Elsevier, Amsterdam, pp. 293-308. [2] MILLER, G. L., (1959), Anal. Chem., 31, 426-428. [3] DORAN P. M. (1995) Bioprocess Engineering Principles. Academic Press, London, pp 234-235 ESB UCP 458 Caracterização e extracção supercrítica de óleo de nozes Oliveira R., Rodrigues M. F. e Bernardo-Gil M. G. Centro de Engenharia Biológica e Química, Departamento de Engenharia Química, Instituto Superior Técnico, Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa O óleo de noz tem sido usado desde há algum tempo como tempero alternativo para saladas (1). O teor de lípidos do tegumento de noz (Juglans regia L.) pode variar de 52 a 70 % em função do cultivar, localização e grau de irrigação do terreno (2-5). Os ácidos gordos maioritários do óleo de noz são o linoleico (18:2), oleico (18:1) e linolénico (18:3). Este último é o que se encontra em quantidade mais significativa e o que apresenta maiores benefícios para a saúde humana (6). O papel preventivo dos ácidos gordos poli-insaturados nas doenças cardiovasculares está reconhecido, estando publicados estudos que relacionam o consumo de noz (tegumento e óleo) com a redução dos teores de colesterol no sangue (7-8). Os óleos referidos foram maioritariamente obtidos por extracção convencional, com hexano à temperatura de ebulição, ou por expressão a frio. Em alternativa pode obter-se óleo por extracção supercrítica (ESC), com rendimentos muito similares aos obtidos nos processos referidos, mas requerendo cuidados especiais na escolha das melhores condições operatórias. O CO2 apresenta baixos valores de temperatura e pressão crítica (304.1K e 7.38MPa, respectivamente) o que o torna um solvente ideal para produtos naturais que desta forma não se degradam termicamente durante o processo extractivo. O objectivo deste trabalho foi a obtenção de óleo de noz, recorrendo a ESC tendo como solvente CO2 supercrítico. Determinaram-se rendimentos e efectuou-se a caracterização dos óleos. Os resultados foram comparados com os obtidos por extracção com hexano. Como matéria-prima foi usada noz de produção portuguesa, da colheita de 1999, conservadas em atmosfera de azoto até à moagem num moinho de martelos Armfield FT2. Após a moagem foram separadas 2 fracções de dimensões médias lineares (Dp) 0.01 e 0.5 mm. Foi determinado o óleo total (71.0 ± 0.1) % (ISO 659). O CO2 usado tinha pureza > 99.995 % e foi fornecido pela AR LIQUIDO-Portugal, todos os outros solventes eram pro analysis e fornecidos pela Merck. ESB UCP 459 A ESC foi realizada numa instalação semelhante à descrita por Esquível e BernardoGil (9), tendo-se utilizado uma velocidade superficial de 0,068 cm/s num extractor tubular de 0,2 L de capacidade e com secção recta de 16,4x10-4m2. Foram realizados ensaios com CO2 em condições supercríticas na gama de temperaturas de 308 a 321 K e na gama de pressões de 18 a 23,4 MPa. A massa de óleo extractada foi determinada em função do tempo de extracção e da massa de CO2 gasta, para cada uma das condições de temperatura, pressão e tamanho de partícula. Os extractos lipídicos obtidos foram analisados de forma a determinar as composições em ácidos gordos, triglicerídos, esteróis e tocoferóis. Para testar a estabilidade oxidativa dos vários extractos foram realizados testes de oxidação acelerada recorrendo ao Rancimat 679 (Metrohm) com amostras de 5 gramas, aquecidas a 383 K e com um caudal de ar forçado de 20L/min, tendo sido determinados os tempos de indução. Foi também calculado o índice de peróxidos (IP) e o índice de acidez (IA) para cada um dos extractos. Foram traçadas curvas de ESC para o óleo de noz recolhido em função da razão (g de CO2/g de noz moída) para as diversas condições de pressão (P), temperatura (T) e Dp. Como esperado o rendimento aumenta com a pressão e diminui com a temperatura. O Dp também se revelou um parâmetro muito importante na extracção. Foi utilizado o programa “Statistica V5” para optimizar as condições de extracção a 150 e 390 minutos em função dos parâmetros P, T, Dp. As superfícies de resposta obtidas são descritas pelas equações: YD150 min = 327.07 – 0.2581 P2 – 1.520 T + 2193.4 Dp – 205.69 Dp2 + 0.0462 P T – 6.634 T Dp 2 R = 0.985; Adj = 0.971 (p<0.05) YD390 min = 90.158 – 0.3566 P2 – 0.00232 T2 – 99.363 Dp2 + 0.0542 P T – 10.8832 P Dp + 0.8289 T Dp R2 = 0.974; Adj = 0.974 (p<0.01) Para o tempo de extracção de 150 min. ocorre um valor óptimo de rendimento na gama de diâmetros estudados, recomendando-se 0.3 mm. A 150 min o rendimento tem grande dependência da pressão e da temperatura, sendo os maiores rendimentos obtidos com as maiores pressões e as temperaturas mais baixas. Para o tempo de extracção de 390 min um valor óptimo de rendimento ocorre a pressões e Dp fora dos estudados, pelo que é possível recomendar valores de 22 MPa para a pressão e 0.1 mm, não sendo significativa a influência da temperatura. ESB UCP 460 Foram também estudados os declives das curvas de extracção (velocidades iniciais de extracção): Y (g óleo/g noz/Kg CO2) = 0.14567 + 0.007009 P – 0.000763 T + 5.0994 Dp – 0.40146 Dp2 – 0.01555 T Dp R2 = 0.983; Adj = 0.971 (p<0.01) Também as velocidades iniciais de extracção apresentam grande dependência da pressão e da temperatura. Tabela 1 Composição em ácidos gordos e trigliceridos dos óleos de noz obtidos por ESC e extracção com hexano ESC Hexano ÁCIDOS GORDOS (mole %) Miristico C14:0 0.01 0.01 Palmítico C16:0 6.49 6.08 Palmitoleico C16:1 0.07 0.07 Esteárico C18:0 2.13 2.10 Oleico C18:1 21.22 20.98 Linoleico C18:2 56.46 56.88 Linolénico C18:3 13.16 13.41 Gadoleico C20:1 0.02 0.01 Beénico C22:0 0.06 0.07 LLL 17.85 18.29 PoLL 0.07 0.07 PoPoL 0.00 0.00 TRIGLICERIDOS ECN 42 (%) OLnL 9.38 9.54 PoOLn 0.01 0.01 3.18 PLnL 3.31 PPoLn 0.01 0.01 SLnLn 0.12 0.12 P – Ácido Palmítico; S – Ácido Esteárico; Po – Ácido Palmitoleico; O – Ácido Oleico; L – Ácido Linoleico; Ln – Ácido Linolénico. Não foi encontrada diferença significativa, em termos de composição, para os óleos extraídos pelos 2 processos. Pode pois concluir-se que a ESC é uma metodologia muito útil na extracção de óleo de noz. ESB UCP 461 ESTEROIS (mole %) ESC Hexano 0.31 colesterol 0.16 campesterol 5.06 4.43 campestanol 0.00 0.00 sigmasterol 0.40 0.39 clesrosterol 0.74 1.05 β-sitosterol 83.86 85.16 7.35 ∆5-avenasterol 8.45 ∆5,24-stigmastadienol 0.63 0.60 ∆7-stigmasterol 0.06 0.15 ∆7-avenasterol 0.10 0.13 Tabela 2 Composição em Esteróis, total (µg/g óleo) e individual (%). Teor de Tocoferois, Tempo de Indução (TI), Índice de Peróxidos (IP) e Índice de Acidez (IA) dos óleos de noz obtidos por ESC e extracção com hexano. TOCOFEROIS α- (%) 6.3 2.7 β- and γ- (%) 82.5 82.0 δ− (%) 11.2 15.3 Total (µg / g óleo) 405.7 303.2 3.62 TI (h) 1.33 IP (meq O2 / kg óleo) 5.7 6.4 IA 0.3 0.3 Bibliografia 1. RATTRAY, J. B., Inform 11: 303-311 (2000). 2. ROCKLAND, L. B., AND C. DE BENEDICT, J. Agric. Food Chem. 18: 228-233 (1970). 3. GREVE, C., G. MCGRANAHAN, J. HANSEY, R. SNYDER, K. KELLY, D. GOLDHAMERER AND J. LABAVITCH, Am. Oil Chem. Soc. 76: 1059-1063 (1999). 4. SAVAGE, G. P., P. C. DUTTA AND D.L. MCNEIL, J. Am. Oil Chem. Soc. 76: 1059-1063 (1999). 5. ZWARTS, L., G. P. SAVAGE AND D. L. MCNEIL, Int. J. Food Sci. Nutr. 50: 189-194 (1999). 6. HORROBIN, D., AND M. MANOU, Lápides 18: 558-562 (1983). 7. SABOTA, J., N. E. FRASE, K. BURLE, S.F. KNUTSEN, H. BENNET, AND K. D. LINSTEAD, New Eng. J. Med. 329: 603-607 (1993). 8. LAVEDRINE, F., D. ZMIROU, A. RAVEL, F. BALDUCCI, AND J. ALARY, Prev. Med. 28: 333339 (1999). 9. ESQUÍVEL, M., AND M. G. BERNARDO-GIL The J. Supercritical Fluids 6: 91-94 (1993). ESB UCP 462 Desenvolvimento de um método de HPLC para determinação da Toxina T-2 em cereais Basto A. I.2, Santos A. P.2 e Felgueiras I.1 1 . Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, INETI-DTIA/UAA. Estrada do Paço do Lumiar, 1649, Lisboa 2. Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa – Av. das Forças Armadas, Lisboa Introdução Os cereais são frequentemente contaminados por várias espécies de fungos com capacidade de, em certas condições, produzirem metabolitos secundários denominados micotoxinas. Os fungos do género Fusarium são responsáveis pela produção de um grupo importante de metabolitos, os Tricotecenos, ao qual pertence a Toxina T-2 que apresenta uma elevada toxicidade para o homem e animais. Figura 1 Estrutura molecular da Toxina T-2 (3_,4_,8_,-12, 13-epoxitricoteceno-9-eno-3,4,8, 15-diacetato 8- (3-metilbutanoato) Estes fungos são encontrados em zonas de clima temperado frio (com amplitudes térmicas elevadas) e desenvolvem-se com facilidade em trigo, milho, cevada, aveia e centeio durante o armazenamento. A Toxina T-2, pela sua acção citotóxica e imunosupressiva, é susceptível de causar problemas nos animais e no homem mesmo em concentrações baixas (ppm). Os estudos existentes sobre a metabolização da Toxina T-2 indicam que é excretada pela bílis para o tracto gastrointestinal onde devido à sua natureza lipofílica é rápida e completamente absorvida. A sua toxicidade deve-se também ao facto de existir reabsorção e recirculação sistémica dos metabolitos da T-2 inclusive dos mais tóxicos. ESB UCP 463 O mecanismo de acção da Toxina T-2 causa graves alterações fundamentais da actividade celular desde a total inibição da síntese protéica até efeitos teratogénicos, mutagénicos e imunosupressores. Uma das primeiras referências à sua toxicidade no Homem, onde está associada a um elevado número de mortes na URSS em 1913 e após a 2ª Grande Guerra Mundial, é conhecida por ATA (Alimentary Toxic Aleukia) onde a sintomatologia refere desde anemia, fadiga, perda de peso a ausência de glóbulos brancos e hemorragias pela pele, perturbações do SNC e SNP, com uma taxa de mortalidade de 60 %. A avaliação do risco de exposição humana a esta toxina, impõe o estabelecimento de limites máximos em produtos alimentares, que dependem de vários factores, de entre os quais dados toxicológicos, dados sobre a ocorrência da micotoxina em produtos alimentares, e da existência de um método analítico eficaz e de fácil execução. Neste trabalho, procedeu-se ao desenvolvimento de uma técnica analítica de extracção e purificação de amostras recorrendo a reacções de antigénio – anticorpo (colunas de imunoafinidade), seguida de quantificação por cromatografia líquida de alta eficácia (HPLC) com um detector UV/Visível. Material e Métodos Material: As amostras utilizadas neste estudo são de trigo e milho utilizados na indústria da panificação. Método: 1. Extracção A extracção foi feita com água e polietilenoglicol, seguida de filtração. 2. Purificação Para a purificação do extracto utilizaram-se colunas de Imunoafinidade. O eluído foi suspenso em fase móvel e posteriormente injectada no HPLC. 3. Separação e detecção cromatográfica O doseamento da Toxina T-2 é feito em HPLC a comprimento de onda de 200,5 nm, com um volume de injecção de 100ul e fluxo de 1 ml/min. A quantificação efectuou-se por comparação com padrão externo. ESB UCP 464 Resultados e Discussão Validação Toxina T-2 Limite de Detecção 0.08 mg/kg Limite de Quantificação 0.24 mg/kg Recuperação 50-90 % Conclusões Os métodos para a determinação da Toxina T-2, descritos na bibliografia são fundamentalmente de GC, o que são técnicas analíticas pouco acessíveis à maioria dos laboratórios, pelo que se procurou neste estudo o desenvolvimento de um método de HPLC, sensível e específico com limites de detecção, que nos permitem quantificar teores desta micotoxina habitualmente presente nos cereais. Associado a uma técnica de fácil execução e de elevada sensibilidade, utilizou-se um processo de purificação muito específico, com o recurso a colunas de imunoafiniddae específicas para as características desta toxina. Dado que Portugal importa muitos cereais oriundos dos países do Norte da Europa, de zonas climáticas onde poderá ser encontrada esta micotoxina, e como não se conhece o grau de contaminação nos alimentos no nosso país, é de vital importância a realização do estudo desta toxina, porque a sua elevada toxicidade é capaz de provocar efeitos nefastos, mesmo em concentrações baixas. Bibliografia SCHMIDT, R. AND DOSE, K., HPLC: A Tool for analysis of T-2 Toxin and HT-2 Toxin in Cereals, Journal of Analytical Toxicology, 8: 43-45, 1984 STRATTON, G. et al, Levels of Five Mycotoxins in Grains Harvested in Atlantic Canada as Measured by High Performance Liquid Chromatography, Arch.Environ. Contam. Toxicol. 24: 399-409, 1993, ESB UCP 465 Isolation and characterisation of Arabinoxylans from wheat bran Lourenço P., Esteves M. P., Carvalheiro F. and Gírio F. INETI, Dep. de Biotecnologia, Estr. do Paço do Lumiar, 22, 1649-038 Lisboa Introduction The arabinoxylans (AXs) consist of a β-D-(1,4) linked xylopyranoside backbone and can be substituted with α–L-arabinofuranose, β-D-glucopyranosyl uronic acid, or acetyl residues[1]. They can be used as viscosity enhancers or thickeners, retaining 4 to 10 times their weight in water, as protein foam stabilisers, improving foam rheological characteristics, source of oligosaccharides with possible physiological functions or as anti-oxidants, making these compounds available to be applied not only in the food industry but also in the cosmetic and pharmaceutical industries. In the present study a method of alkaline extraction of arabinoxylans from wheat bran was improved. Chemical saccharification followed by High Performance Liquid Chromatography (HPLC) was performed to characterise the raw material and the different materials extracted. Preparative Gel Filtration Chromatography (GFC) was performed and polymer molecular weight (MW) was determined using High Performance Size Exclusion Chromatography (HPSEC). Experimental Material: Industrial wheat bran was obtained from Safal, S.A. (Sacavém, Portugal) and was milled using a knife mill (Fritsch, W. Germany) to pass a 0,5 mm sieve. Isolation of the water-unextractable solids: A modification of the modified procedure as described by Verbruggen et al. (1993) was used for the isolation of WUS from milled wheat bran. The starch was extracted by autoclaving the bran at 100°C for one hour. After centrifugation, the residue was washed with hot distilled water (65°C) and dried. Afterwards the residue was suspended in 1.5 % (w/v) lauryl sulphate solution containing 2-mercaptoethanol for 1 h, for protein extraction. After new centrifugation and dryness, the residue was defatted ESB UCP 466 with petroleum ether for 20 minutes in an ultrasonic water bath. The dry residue was kept at –18°C. Extraction of AXs: Arabinoxylans were obtained by the procedure described by Gruppen et al. (1991). WUS were suspended with saturated Ba(OH)2 solution containing NaHB4, for 16 h at 70°C with continuos stirring. The residue was acidified to pH 5 with acetic acid and subsequently freeze dried. Analytical Methods: Purification of the arabinoxylans was performed by GFC on a Superdex 30 prepgrade BPG Column (Amersham Pharmacia Biotech, Sweeden) and elution at room temperature with demineralised water at 25 ml/min. The eluates were monitored using a combined Refractive Index (K 2401, Knauer) and Ultra Violet (UV 900, Amersham Pharmacia Biotech) detectors and collected by a fraction collector (SuperFrac, Amersham Pharmacia Biotech). Calibration was performed using dextrans and glucose. The AXs molecular weight distribution was determined by HPSEC using a LaChrom HPLC system (Merck, USA) equipped with three BIOSEP SEC (Phenomenex, USA) columns (each 300 x 7.80 mm) in series (S4000, S3000 e S2000) in combination with a 35 x 7.80 mm guard column (BIOSEP-SEC-S4000, Phenomenex, USA). Elution took place at 30°C with 0.2 M NaNO3 at 0.8 ml/min. The eluate was monitored using a RI detector (L-7490, Merck, USA). Calibration was performed using dextrans. Sugar composition analysis was performed by HPLC on a LC Module 1 Plus (Waters, USA) equipped with a Aminex HPX-87H (BIO RAD,USA) column and elution at 50°C with 5 mM H2SO4 at 0.4 ml/min. The eluate was monitored using a RI (2410, Waters, USA) detector. Results and Discussion Comparing with Verbruggen (1993) WUS extraction time process, the method in the present work dropped from approximately 28 to 4 hours, which is important concerning industrial grade. As can be seen Table 1, the alkaline extraction with Ba(OH)2 in presence of NaBH4 was highly selective for arabinoxylans, having a final sugar content of 83 % (w/w) of sugar. ESB UCP 467 Polymers Wheat Bran Wheat Bran WUS Arabinoxylan Glucan 32,8 21,3 5,4 Xylan 20,6 30,0 48,1 Arabinan 11,7 16,4 29,5 Total 65,0 67,7 83,0 Table 1 Composition of wheat bran, WUS and alkaline extracted arabinoxylan (g/100g dry weight) The arabinoxylan MW distribution is shown in Figure 1. The value obtained, around 634 Mda, is very similar to that referred by Schoonneveld-Bergmans (1997) for wheat bran AXs. Figure 1 MW distribution of alkaline extracted arabinoxylan and dextrans, determined by HPSEC Conclusions The described process for Axs isolation is considerably time saving since it can be completed in 4 h instead the previous 24-28 h. An aproximately 634 MDa pure AXs were obtained by this extraction from wheat bran WUS, containing 83 % (w/w) of sugars, mainly represented by xylan and arabinan with 48 % and 29,5 % (w/w) respectively. Acknowledgements The authors would like to thank the FCT for its financial support (Praxis XXI/P/BIO/1255). ESB UCP 468 References 1. HUISMAN, M.M.H., SCHOLS, H.A. & VORAGEN, A.G.J. (2000). Carbohydrate Polymers, 43: 269-279. 2. SCHOONEVELD-BERGMANS, M.E.F., BELDMAN, G., GRUPPEN, H. & VORAGEN, A.G.J. (1996). Journal of Cereal Science, 23, 235-245. 3. STEVENS B.H.J. & SELVENDRAN R.R. (1988). Carbohydrate Research, 183: 311-319. 4. VERBRUGGEN, M.A., BELDMAN, G. VORAGEN, A.J. & HOLLEMANS, M. (1993). Journal of Cereal Science, 17: 71-82. 5. SCHOONEVELD-BERGMANS, M.E.F. (1997). Structural features of glucuronoarabinoxylans extracted from wheat bran by barium hydroxide. In Wheat bran glucuronoarabinoxylans – biochemical and physical aspects. PhD Thesis. Landbouwuniversiteit Wageningen, The Netherlands. ESB UCP 469 A espectroscopia de Raman: aplicações em Ciência Alimentar? Moreira da Silva A. Dep. Ciência e Tecnologia Alimentar (ESAC), Instituto Politécnico de Coimbra, 3040 Coimbra, Portugal Introdução A espectroscopia de Raman é um dos ramos da espectroscopia vibracional em que uma amostra é exposta a um feixe de luz monocromática intenso, laser. A luz difundida inelasticamente é analisada, obtendo-se um espectro dos modos vibracionais activos em Raman. A diversidade de aplicações e a elevada informação ao nível molecular, combinadas com os avanços mais recentes na instrumentação, veio aumentar o interesse por esta técnica em diversas disciplinas, incluindo a Ciência Alimentar. A espectroscopia de Raman pode ser utilizada como uma ferramenta no controlo da qualidade, na identificação de compostos ou detecção de adulterações, e também, na determinação de estruturas e alterações conformacionais que ocorrem no processamento alimentar. Apresenta-se um estudo preliminar de desenvolvimento de uma nova metodologia para medir a actividade da água, aw em alimentos, através da espectroscopia de Raman utilizando b-Ciclodextrina como sonda. Material e Métodos β-Ciclodextrina, β-CD, foi oferecida pela Wacker Chemie, Munchen, Alemanha. Os cristais de β-CD expostos a soluções saturadas de sal (Tab. 1), foram selados no interior de um capilar (Kimax). Soluções saturadas a 20°C Actividade da água, aw H2O CuSO4 BaCl2 (NH4) 2SO4 NH4Cl NaC2H3O2 NaBr Na2Cr2O7 Zn(NO3) 2 CaCl2 LiCl 1 0, 98 0, 88 0, 81 0,79 0,76 0,58 0,52 0,42 0,31 0,15 Tabela 1 Humidades, ou aw, correspondentes a diversas soluções saturadas ESB UCP 470 Os espectros de Raman foram registados num espectrómetro T64000 Jobin Yvon com laser Ar+ (modelo Innova 300-05 da Coherent). O tempo total de aquisição foi de 150 s. Resultados e Discussão A banda de elongação OH (nOH) da b-CD corresponde a uma banda alargada, de intensidade moderada, centrada à volta de 3400 cm-1. Esta banda é atribuída aos grupos hidroxilo da β-CD e às moléculas de água do hidrato. A banda mais intensa ocorre para o desvio de Raman de 2908 cm-1 e é atribuída a uma das elongações CH (νCH). Esta banda foi considerada como referência interna na determinação da intensidade da banda νOH (IOH), uma vez que se verificou corresponder a uma frequência constante e a um perfil invariante durante as condições deste estudo, para aw entre 0,15 e 1. (Steiner et al., 1995). Figura 1 a) Espectros de Raman de amostras de β-CD equilibradas em diferentes aw, b) n(H2O) vs. humidade relativa (h=aw*100), IOH=0,24,h+52, R=0,99. a) b) Na Figura 1 a) encontram-se representados os espectros de Raman de 5 amostras dos hidratos de cristais β-CD em equilíbrio com aw = 0; 0,58; 0,79; 0,88; 0,98. A Figura 1 b) apresenta IOH vs, aw (Moreira da Silva et al,1996). Acima de aw = 0,15 , observase uma variação linear (IOH = 0,24 aw +52; R=0,99). De facto, exceptuando os valores de aw abaixo de 0,15, correspondentes à β-CD numa fase diferente [forma quase totalmente desidratada: fase II (Marini et al.,1995)], todos os pontos se situam na recta determinada. A parcela constante nesta expressão corresponde aos grupos hidroxilo das moléculas de β-CD e às moléculas de água que estejam possivelmente retidas na estrutura da β-CD a aw =0. No pressuposto de que todos os osciladores OH apresentam a mesma intensidade intrínseca de Raman, a quantidade de água por mole de β-CD, n(H2O)/β-CD, varia linearmente com IOH. ESB UCP 471 Ora, como são conhecidos os conteúdos de água de b-CD para aw = 0,15 e aw = 1, (n0,15,= 9,4 e n1,= 12,3), e IOH varia linearmente com aw neste domínio de aw, (Steiner e Koellner, 1994), a relação h = (n - n0,15 ) / (n 1 - n0,15 ), é medida experimentalmente por G= (IOH - IOH0,15 ) / (IOH 1 - IOH0,15). Conclusões Durante o trabalho experimental verificou-se que β-Ciclodextrina é uma sonda de Raman muito sensível para 0,15>aw>1,0. Assim, estes resultados preliminares são muito promissores, de modo que os estudos prosseguem no sentido de se desenvolver um novo equipamento baseado na espectroscopia de Raman. Referências MARINI A., BERBENNI V., BRUNI G., MASSAROTTI V., MUSTARELLI P., VILLA M., J.Chem. Phys.,103(17), 7532,(1995) MOREIRA DA SILVA, A., STEINER, TH., SAENGER, W., EMPIS, J., TEIXEIRA-DIAS, J. J. C., J, Chem, Soc, Chem, Commun,, 1871 (1996) MOREIRA DA SILVA A., STEINER TH., SAENGER W., EMPIS J., TEIXEIRA-DIAS J. J. C., J, Chem, Soc, Chem,Commun, 465 (1997) STEINER TH., KOELLER G., [1994], J. Am. Chem. Soc. 116, 5122, STEINER TH., MOREIRA DA SILVA A., TEIXEIRA-DIAS J. J. C., MULLER J., SAENGER W., ANGEW, Chem. Int. Ed. Engl. 34, 1452 (1995) ESB UCP 472 Controlo de produtos alimentares em análise por injecção sequencial Lima J. L. F. C. and Saraiva M. L. M. F. S. CEQUP/Serviço de Química-Física, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha, 164, 4050-047 Porto A avaliação qualitativa e quantitativa da composição dos produtos alimentares assume um papel primordial como garante do seu controlo de qualidade. Para responder a esta exigência os laboratórios e indústrias confrontam-se com a escolha de novos procedimentos analíticos, mais apropriados aos desafios actuais, tendo em vista aumentos de sensibilidade, exactidão, e precisão das metodologias, rapidez, segurança, e especialmente diminuição de custos e aumento de produtividade. Visando a substituição dos métodos convencionais de análise, tem sido procurada a automatização para a análise propriamente dita e, também, como tentativa de minimizar ou anular os procedimentos de pré-tratamento das amostras que constituem ainda hoje uma fase condicionante de um elevado número de metodologias. Neste âmbito, a automatização analítica baseada em técnicas de fluxo tem constituído uma opção atractiva. O importante papel que têm desempenhado na manipulação de soluções visando a sua automatização, aceleração e miniaturização está patente nas propostas que têm surgido desde duas décadas [1]. A eficiência dos procedimentos de pré-tratamento envolvendo separações morosas foram consideravelmente aumentadas bem como diminuídos os consumos de soluções. A análise por injecção sequencial (SIA) [2], uma das evoluções do conceito de automatização em fluxo contínuo, constitui um avanço no campo da fiabilidade e robustez dos sistemas de pré-tratamento, proporcionando uma redução da intervenção manual. Permite o desenvolvimento de sistemas de elevada simplicidade mecânica em que as diferentes variáveis são controlados por microprocessador o que viabiliza a alteração e adaptação a diversas situações químicas sem uma obrigatoriedade de reconfiguração física dos próprios sistemas. Um analisador SIA apresenta como componentes básicos uma válvula selectora multiposições ligada pelo canal central a um dispositivo de aspiração/propulsão. Às diferentes entradas laterais da válvula estão adstritos os restantes componentes da montagem, nomeadamente as soluções e o detector. O seu carácter modular possibilita a fácil incorporação ou substituição de novos dispositivos. ESB UCP 473 Num sistema típico a válvula selecciona sequencialmente amostra e reagentes que sofrem interdispersão durante o período de aspiração para o tubo de armazenamento e posterior propulsão para o detector. Uma das áreas em que esta técnica tem vindo a ser explorada é a alimentar, quer na análise propriamente dita, quer na automatização de tratamentos prévios viabilizando as etapas de transformação preliminar da amostra no interior dos sistemas. Assim, a introdução de procedimentos assistidos por microondas permitiu a admissão de amostras líquidas ou sólidas dispersas num meio líquido, e a diminuição drástica do tempo despendido na mineralização, efectuada em linha numa câmara de digestão [3]. Dispositivos de diálise colocados no tubo de armazenamento, ou numa das entradas laterais da válvula, têm vindo a ser usados não só para separar os analitos da matriz interferente [4, 5] como para isolar a forma gasosa do analito gerado a partir da amostra [6]. A passagem da amostra através de resinas de troca-iónica tem sido outro dos processos usados para eliminar interferentes [7]. Os reagentes sólidos têm sido aplicados, quer para efectuar a pré-concentração de espécies, quer para promover a degradação enzimática dos analitos por forma a aumentar a selectividade e sensibilidade dos procedimentos [8]. Noutros casos em que o tratamento exigido, ou era demasiado complexo, ou dispensável, a implementação por SIA permitiu adequar o volume de amostra ao intervalo de resposta linear da técnica analítica [9], e realizar determinações multiparamétricas [10], sem reconfiguração física do sistema. A flexibilidade das operações de paragem de escoamento foram, também, aproveitadas para prolongar os tempos de reacção em reacções catalíticas [11] ou turbidimétricas [12]. Nesta comunicação referir-se-ão algumas soluções apresentadas para a análise de produtos alimentares utilizando a metodologia SIA. ESB UCP 474 Bibliografia [1] Z.L. FANG, Flow injection separation and preconcentration, VCH Publishers, Weinheim, 1993. [2] J. RUZICKA, E G.D. MARSHALL, Anal. Chim. Acta, 237 (1990) 329. [3] C.C. OLIVEIRA, R.P. SARTINI, E.A.G. ZAGATTO, Anal. Chim. Acta, 413 (2000) 41. [4] A.N. ARAÚJO, J.L.F.C. LIMA, M.L.M.F.S. SARAIVA, E E.A.G. ZAGATTO, Am. J. Enol. Vitic., 48 (1997) 428. [5] F.V. SILVA, G.B. SOUZA, L.F.M. FERRAZ, A.R.A. NOGUEIRA, Food Chem., 67 (1999) 317. [6] M.A. SEGUNDO, A.O.S.S. RANGEL., Anal. Chim. Acta, 427 (2001), 279. [7] G.C LUCA, B.F. REIS, E.A.G. ZAGATTO, M.C.B.S.M. MONTENEGRO, A.N. ARAÚJO, E J.L.F.C. LIMA, Anal. Chim. Acta, 366 (1998) 193. [8] H-C SHU, H. HÅKANSON, E B. MATTIASSON, Anal. Chim. Acta, 283 (1993) 727. [9] R.C.C. COSTA, M.I. CARDOSO, E A.N. ARAÚJO, Am. J. Enol. Vitic., 51 (2000) 131. [10] R. SCHINDLER, R. VONACH, B. LENDL, E R. KELLNER,. Fresenius J. Anal. Chem., 362 (1998) 130. [11] A.N. ARAÚJO, J. GRACIA, J.L.F.C. LIMA, M. POCH, M.L.M.F.S. SARAIVA, Fresenius J. Anal. Chem., 357, 1153 (1997). [12] J.G. MARCH, B.M. SIMONET, F. GRASES, Anal. Chim. Acta, 409 (2000) 9. ESB UCP Área temática 4: Autenticidade dos Produtos Alimentares 477 Caracterização química, organoléptica e espectroscópica de massas de Ovos Moles de Aveiro com vista à sua certificação – resultados do primeiro estudo Naia P.1, Parreira C.1, Barros A.1, Nunes A.1, Mendo S.2 e Coimbra M. A.1 1 Departamento de Química, 2 Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, 3810-193 AVEIRO Os Ovos Moles de Aveiro são um doce característico de Aveiro confeccionado somente com gema de ovo, açúcar e água, seguindo uma receita que tem sido mantida oralmente ao longo de várias gerações. Com vista à protecção do produto, os produtores de Ovos Moles de Aveiro constituíram recentemente a APOMA, Associação de Produtores de Ovos Moles de Aveiro, tendo a Universidade de Aveiro desenvolvido um conjunto de metodologias simples, baratas e rápidas que pudessem ser utilizadas para a análise da qualidade das massas. Para este estudo, nove fabricantes foram convidados, de surpresa, a fornecer massa de Ovos Moles de Aveiro, que foram colocadas em recipientes iguais e identificadas através de um código de 3 algarismos atribuídos arbitrariamente. No dia seguinte à recolha das amostras, os provadores, com base em testes organolépticos, identificaram as massas que deviam ser tomadas como referência de qualidade. Um procedimento sequencial de extracção e análise permitiu desenvolver uma metodologia para a quantificação de matéria gorda, açúcar e proteína insolúvel, tendo também sido quantificadas a humidade e a actividade de água. As massas de ovos moles recolhidas foram analisadas por FT-IR (Espectroscopia de Infravermelho com Transformadas de Fourier) com o objectivo de desenvolver um método rápido e preciso para distinguir as massas. Os resultados da avaliação das características das massas de Ovos Moles de Aveiro pelo painel de produtores/provadores foram relacionados com os das análises químicas através da aplicação de uma análise canónica de correlação entre os dois conjuntos de dados (Figura 1). Obteve-se uma correlação entre os dois domínios de 0,86 para a 1ª variação canónica (eixo CV1) e de 0,76 para o eixo CV2. Estes valores de correlação indiciam uma relação entre as características sensoriais e a sua expressão química. Observam-se três direcções de variabilidade (Figura 1a), uma, no 1º quadrante, relacionada com o teor em sacarose (brilho, cor e cheiro), outra, no 2º quadrante, relacionada com a humidade (quantidade de grânulos) e a terceira direcção, no 4º quadrante, relacionada com o teor em proteína e gordura (sabor, consistência, textura). ESB UCP 478 Verifica-se também que a apreciação global da amostra (AG) se encontra relacionada com o teor em proteína e gordura. Pela Figura 1b verifica-se que as amostras se situam maioritariamente nos quadrantes 1 e 4, correspondentes ao CV1 positivo, caracterizado pelos teores de sacarose, proteína e gordura, o que está de acordo com a apreciação menos positiva das amostras 721 e 582. Figura 1 Análise canónica de correlação: a) Coordenadas factoriais (análise de provadores + análises químicas) b) Projecção dos provadores em função das análise químicas A análise de componentes principais dos espectros de FT-IR das massas de ovos moles de Aveiro está representada na figura 2. Na figura 2a, encontra-se o gráfico da projecção das amostras, observando-se que as amostra 721 e 582 encontram-se na parte positiva do eixo PC2. De acordo com a figura 2b, onde estão representados os “sub-espectros” do PC1 e PC2, pode-se verificar que o PC2 indica que as amostras mais valorizadas apresentam maior quantidade de gordura (2925 e 2855 cm-1) e de proteína (1626 e 1545 cm-1). A gordura dos ovos moles é proveniente da gema do ovo e a proteína, estando associada à gordura, é também proveniente da gema, sofrendo algumas transformações com a cozedura. Os parâmetros “sacarose” e “humidade” parecem ser determinantes em amostras onde a gordura e a proteína não sejam abundantes. Neste caso (PC1), as amostras com maior quantidade de sacarose (1100-1000 cm-1) e menor humidade (1640 cm-1), como a 582, ou com maior humidade e menor quantidade de sacarose, como a 721, são penalizadas. Figura 2 Análise de componentes principais dos espectros de FT-IR das amostra de massa de ovos moles. a) Gráfico da projecção; b) Sub-espectros PC1 e PC2 Em conclusão, das amostras de massa de Ovos Moles de Aveiro analisadas, as mais valorizadas são as que apresentam maiores teores de gordura e proteína, sendo a ESB UCP 479 relação entre a humidade e o teor em sacarose da amostra determinante quando os teores de gordura e proteína são baixos. Estes resultados foram obtidos por dois métodos independentes de análise dos constituintes químicos, permitindo ambos relacionar as características organolépticas com as características químicas dos Ovos Moles de Aveiro. Utilizando as amostras mais pontuadas pelos provadores como sendo as amostras de massa de ovos moles que caracterizam os Ovos Moles de Aveiro, podemos estabelecer a seguinte composição química média: 43 % de sacarose, 29 % de humidade, 20 % de gordura e 5% de proteína, numa massa com uma actividade de água de 0,82. ESB UCP 480 Doseamento dos ácidos orgânicos em sumos e néctares para avaliar a sua autenticidade Cunha S. C., Fernandes J. O., Faria M. A., Ferreira I. M. P. L. V. O. e Ferreira M. A. CEQUP/ Laboratório de Bromatologia, Faculdade de Farmácia - Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha, 164, 4050-047, Porto, Portugal Introdução Os sumos de fruta naturais, os sumos comerciais e os néctares contêm diferentes ácidos orgânicos, quer intrínsecos dos frutos (tartárico, málico e cítrico) quer incorporados como aditivos, nomeadamente, antioxidantes (ácido ascórbico), reguladores de acidez (ácido cítrico) e conservantes (sórbico e benzóico). Deste modo, a identificação e doseamento dos ácidos orgânicos presentes em sumos e néctares tem uma considerável importância, não só porque fornece informações sobre a sua autenticidade, mas também porque permite controlar as alterações microbiológicas que ocorrem durante o seu processamento. O objectivo deste trabalho foi separar e quantificar os principais ácidos orgânicos em sumos e néctares comerciais e comparar a sua composição com os respectivos sumos naturais. Para o efeito optimizou-se uma metodologia de HPLC/UV por nós usada anteriormente noutras matrizes e procedeu-se à respectiva validação. Parte Experimental Amostragem Analisaram-se 38 sumos comerciais, incluindo16 sumos de citrinos (S1 a S13), 7 sumos de maçã (S14-S20) e 15 sumos de ananás (S21-S32). Foram também analisados 3 néctares de citrinos (N1-N3), 1 de maçã (N4) e 2 de ananás (N5-N6). Efectuou-se igualmente a análise de sumos naturais de laranjas (Sn1), tangerinas (Sn2), toranjas (Sn3), maçã (Sn4), ananás dos Açores (Sn5), ananás da África do Sul (Sn6) e abacaxi (Sn7), obtidos por espressão manual dos frutos. Equipamento Utilizou-se um sistema HPLC da Gilson, equipado com duas bombas, injector manual Rheodyne provido de um loop de 10 ml e detector UV Gilson a 265 nm. A separação cromatográfica efectuou-se numa coluna Waters Spherisorb ODS-2 ESB UCP 481 (150x4,6 mm, 3 µm) e uma pré-coluna Nucleosil C18 (30x4 mm, 3 µm). Como eluente utilizou-se um gradiente de água (A) e acetonitrilo (B). O fluxo foi de 1 ml/min. Metodologia As amostras foram purificadas com uma resina de troca catiónica (Dowex 50W-X8). Após filtração, procedeu-se à derivatização dos ácidos orgânicos com O-(4-nitrobenzil)-N,N`diisopropilisourea (PNBDI) em dioxano (60min, 80°C). O excesso de reagente derivatizante foi eliminado, após adição de acetonitrilo, por meio de um segundo tratamento com a mesma resina utilizada anteriormente. Resultados e Discussão A metodologia ensaiada mostrou-se perfeitamente adequada para o doseamento dos principais ácidos orgânicos presentes nas amostras analisadas. Na Figura 1 é apresentado um cromatograma respeitante a uma amostra de sumo de maçã sendo visível a boa resolução obtida para a generalidade dos picos de interesse. A exemplo do verificado noutras matrizes anteriores2 obtiveram-se bons resultados nos ensaios de validação efectuados. Para todos os ácidos obteve-se uma linearidade superior a 0,999, níveis de recuperação superiores a 97,4 % e limites de detecção na ordem dos 50 mg/l. Figura 1 Cromatograma obtido na análise de um sumo de maçã, contendo 0,145 g/l de ác. láctico; 3,414 g/l de ác. málico; 1,874 g/l de ác. cítrico e 2 g/l P.I ESB UCP 482 A aplicação às amostras mostrou a presença de ác. málico e ác. cítrico em todos os sumos de citrinos (Gráfico1), sendo os teores mais elevados nos sumos naturais. A presença de ác. succínico e ác. tartárico foi verificada apenas em alguns sumos e néctares comerciais, parecendo indiciar a adulteração destes sumos com outros frutos. Gráfico 1 Teor de ácidos orgânicos de sumos comerciais (s), néctares (N) e sumos naturais (Sn) de cítrinos Nos sumos de maçã (Gráfico2) verificou-se a presença de ác. málico, ác. cítrico e ác. láctico. O sumo natural apresentou um teor superior de ácido málico comparativamente aos sumos comerciais. No que diz respeito ao ác. cítrico, o teor deste foi mais elevado nos sumos e néctares comerciais do que nos naturais, o que se justifica dado o uso deste ácido como regulador de acidez. Nos sumos de ananás, os ácidos orgânicos identificados foram os ácidos málico e cítrico (Gráfico 3). Gráfico 2 Teor de ácidos orgânicos de sumos comerciais (s), néctares (N) e sumos naturais (Sn) de maçã ESB UCP 483 Os sumos naturais foram os que apresentaram maior teor dos referidos ácidos. De realçar que em 3 sumos comerciais (S23, S31 e S32) não se verificou a presença do ác. cítrico. Este facto constitui, segundo a literatura3, uma prova de adulteração, já que o referido ácido deve estar sempre sempre neste tipo de sumos. Gráfico 3 Teor de ácidos orgânicos de sumos comerciais (s), néctares (N) e sumos naturais (Sn) de ananás Bibliografia 1 BADOUD, R. E PRATZ, G., J. Chromatogr., 360, 119 (1986). 2 S. C. CUNHA, J.O. FERNANDES, M. A. FARIA, I.M.L.P.O. FERREIRA, M. FERREIRA, J. Am. Enol. Vit. (artigo aceite para publicação). 3 LOW, N.L.; BRAUSE, A. E WILHELMSEN, E., J. Assoc. Off Anal. Chem. 77 (4), 965 (1994). ESB UCP 484 Determinação do perfil de di- e trissacarídeos de amostras de mel de diferentes regiões de Portugal Mota P. M. M. A., Varejão J. M. T. B. e Cruz Costa M. C. Laboratório de Química, Escola Superior Agrária de Coimbra, Instituto Politécnico de Coimbra, 3040 COIMBRA Introdução A composição em di e trissacarídeos de amostras de mel recolhidas em diferentes regiões de Portugal apresenta uma variabilidade elevada, que poderá estar relacionada não só com o tipo de flora predominantemente utilizada pelas abelhas, como também com a zona geográfica de produção do mel.1 Não se encontram na literatura dados relativamente aos perfis típicos destes hidratos de carbono (di e trissacarídeos) em amostras de mel de origem predominantemente unifloral. O conhecimento destes perfis, associado a técnicas de reconhecimento de padrões, poderá permitir a determinação do tipo de flora e a região de proveniência do mel. As composições em di- e trissacarídeos relativas a 74 amostras de mel oriundas de diversas regiões do país, as quais foram identificadas pelos apicultores como sendo provenientes de zonas que foram identificadas como contendo predominantemente uma espécie de planta foram determinados por cromatografia líquida de alta resolução com detecção por índice de refracção (HPLC-RI).1 Os hidratos de carbono identificados foram a sacarose, turanose, maltose, trealose, isomaltose, gentiobiose, melibiose, melezitose e maltotriose. Parte Experimental As amostras (n=231) foram recolhidas na cresta do ano de 2000 e são provenientes das zonas correspondentes à Direcção Regional de Agricultura dos Açores, Direcção Regional de Agricultura do Alentejo, Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior, Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral, Direcção Regional de Agricultura da Madeira e Direcção Regional de Agricultura de Ribatejo Oeste. A análise dos hidratos de carbono foi efectuada num sistema de HPLC equipado com uma coluna –NH2, (250 x 4 mm) e a fase móvel era uma mistura de água e acetonitrilo (20/80). A partir do mel foram preparadas soluções que foram purificadas por passagem em colunas de extracção na fase sólida C18. Os teores de hidratos de carbono foram quantificados por comparação com padrões externos.1 ESB UCP 485 Resultados Das 120 amostras a que este trabalho se refere, 74 foram identificadas pelos apicultores como provenientes de flora específica, sendo às restantes atribuída a identificação multiflora. As amostras cuja flora foi identificada foram agrupadas em função do tipo de flora. Na Tabela estão mostrados os tipos de flora considerados e os valores da composição média e desvio padrão em di e trissacarídeos. Açucares Flora predominante %a, Desviob Rosmaninho (n=22) (n=18) Rosmaninho e Rosmaninho/ outras (n=10) esteva (n=8) Eucalipto Urze (n=12) (n=4) Sacarose 2,95a 1,54b 0,64a 0,38b 2,52a 3,05b 2,57a 3,32b 0,48a 0,80b 0,10a 0,14b Turanose 2,05 a b a b a b a b a b 2,01a 0,40b Maltose 2,60a 0,71b 2,23a 0,42b 2,62a 0,49b 2,86a 1,02b 1,90a 0,64b 1,97a 0,62b Trealose 1,31a 0,44b 1,27a 0,39b 1,61a 0,58b 1,14a 0,45b 1,69a 0,52b 1,62a 0,20b Isomaltose 0,39a 0,22b 0,75a 0,37b 0,66a 0,33b 0,58a 0,28b 1,36a 0,87b 1,09a 0,77b Gentiobiose 0,01a 0,05b 0,03a 0,09b 0,00a 0,00b 0,00a 0,00b 0,00a 0,00b 0,00a 0,00b a 0,00 b 0,00 a 0,00 b 0,00 a 0,00 b 0,04 a 0,12 b 0,00 a 0,00 b 0,00a 0,00b 0,11 b 0,28 a 0,89 b 0,54 a 0,92 b 0,09 a 0,14 b 0,11 a 0,22 b 0,03a 0,06b 0,16 b 0,05 a 0,08 b 0,08 a 0,11 b 0,21 a 0,18 b 0,07 a 0,12 b 0,10a 0,20b Melibiose Melezitose Maltotriose a Incenso 0,00 a 0,04 a 0,11 0,87 1,86 0,44 1,82 0,50 1,55 0,61 2,39 0,60 Tabela 1 Composição média em di e trissacarídeos de amostras de mel de diferentes zonas de Portugal b Percentagem em peso relativamente ao mel em “verde”, Desvio padrão. Os resultados obtidos mostram uma maior dispersão de valores quando a flora indicada é rosmaninho e outras e rosmaninho/esteva, e deve reflectir uma maior variedade de flora utilizada pelas abelhas. Relativamente aos açucares a maior dispersão de valores é obtida na determinação da sacarose e dos trissacarídeos. Estes resultados e a conhecida utilização de sacarose no maneio do apiário, mostra que o teor deste dissacarídeo é difícil de ser determinado com exactidão para inclusão nos perfis típicos de acucares. Os teores médios de di e trissacarídeos nas amostras de mel analisadas estão apresentados na forma de gráfico no sentido de facilitar uma melhor comparação dos perfis (ver abaixo). No gráfico, é possível observarem-se dois tipos de perfis. O primeiro é o dos méis de flora de rosmaninho e incenso, que são relativamente semelhantes com excepção do teor de sacarose para o mel de rosmaninho (ver acima) e uma ligeira diferença no teor de trissacarídeos. O outro tipo de perfil inclui os méis de eucalipto e urze, que mostram diferenças importantes ao nível dos teores de sacarose e maltose (mais baixos), trealose e isomaltose (mais elevados) e de trissacarídeos (mais baixos). Estes resultados parecem indicar que a relação entre o teor de isomaltose e maltose poderá constituir um critério para distinguir estes dois grupos de mel. ESB UCP 486 Futuros desenvolvimentos deste trabalho incluirão um maior número de amostras de mel, outros tipos de flora e a tentativa de aplicar técnicas de reconhecimento de padrões2 na identificação dos perfis típicos de amostras de mel unifloral. Trabalho efectuado ao abrigo do Programa de Melhoria da Produção e Comercialização do Mel/Ano 2000/Protocolo ESAC/GPPAA. Referências 1. Contribuição para o Estudo da Composição do Mel em Hidratos de Carbono; Jorge M. T. B. Varejão e M. Conceição Cruz Costa; comunicação apresentada no 2º Encontro de Química de Alimentos, Aveiro (1995). 2. Desenvolvimento de um Método para a Caracterização da Adulteração de Azeite por Mistura de Óleos Vegetais; Jorge M. T. B. Varejão, Sandra M. D. Santos, M. Conceição Cruz Costa, comunicação apresentada no 4º Encontro de Química de Alimentos, Coimbra, 1999. ESB UCP 487 Queijo de cabra português. Caracterização do perfil lipídico de um queijo curado Teixeira de Lemos E.1, Castilho M. C.2, Figueirinha A.3, Silveira Mª I. N.2 1 Engª Ind. Agro-Alimentares, Escola Agrária, Instituto Superior Politécnico de Viseu, Campus Politécnico de Repeses-3504-510 Viseu 2 Lab. de Bromatologia, Hidrologia e Nutrição, Fac. Farmácia, Univ. Coimbra 3 Lab. de Ambiente da Escola Superior de Tecnologia, Instituto Superior Politécnico de Viseu, Campus Politécnico de Repeses-3504-510 Viseu Introdução Avaliar a importância dos produtos tradicionais na defesa do mundo rural é uma tarefa difícil, não só pela dificuldade que constitui a definição de “produto tradicional”, mas também pela falta de indicadores disponíveis, o que resulta, sem dúvida, do facto de se tratar de uma temática que apenas despertou atenção por parte do consumidor e dos agentes governamentais responsáveis pelo sector agrícola e agro alimentar (1). Não é pois de estranhar que os estudos nesta área sejam escassos, contudo não podemos deixar de considerar que um maior conhecimento dos produtos regionais constitui um passo na direcção da divulgação e da melhoria destes que poderá contribuír significativamente para a criação de riqueza, e fixação de populações em zonas despovoadas. Este trabalho pretende ser uma contribuição para a caracterização da fracção lipídica do queijo de cabra, fabricado artesanalmente com leite de cabra extreme e coalho animal. Do ponto de vista nutricional, o conhecimento da fracção lipídica continua a revestir-se de particular importância neste fim de século onde a relação nutrição/doença apresenta interesse crescente por constituir uma das formas de melhoria da qualidade de vida do cidadão (2). Material e Métodos a) Amostragem A zona sobre a qual incidiu este estudo foi uma aldeia do interior da Beira Baixa. As amostras, vinte cinco, foram adquiridas directamente a cinco produtores desta mesma localidade. Trata-se de queijo fabricado com leite proveniente de cabra de raça Serrana, recolhido no mês de Outubro, e submetido a um período de cura de 45 dias, em casa dos agricultores. ESB UCP 488 b) Metodologia Analítica Após preparação da amostra, procedeu-se à hidrólise da fracção protéica com solução hidroalcoolica de HCl, adaptando o método descrito por Partidário (3). A gordura do queijo foi extraída com uma mistura de solventes em partes iguais (éter de petróleo e éter etílico. Os ésteres metílicos dos ácidos gordos foram obtidos por metilação com solução metanólica de KOH (2N). A análise cromatografica efectuou-se de imediato de acordo com as seguintes condições operatórias: Cromatógrafo de fase gasosa modelo Carlo Erba Instruments 6000, equipado com detector de ionização de chama e com sistema de integração electrónico, Spectra Physics SP 4600. Coluna capilar SP-2380 Supelco de 60 metros de comprimento e 0,25 mm de diâmetro interno, com 0,2µm de espessura de fase. Temperatura do injector 250°C, temperatura do detector 260°C. O gás de arraste utilizado foi o hélio com um fluxo de 1 mL/min. A relação de “Split” foi de 1:22. A programação de temperatura estabelecida foi a seguinte: 75°C durante 1 minuto com aumento de 5°C/min até obtenção de 195°C, onde permaneceu durante 15 minutos. Procedeu-se à injecção no modo split de alíquotas de 0,4µl. Cada análise foi efectuada em triplicado. A identificação dos ésteres metílicos fez-se por comparação dos tempos de retenção das amostras com o tempo de retenção de misturas padrões de referência injectadas exactamente nas mesmas condições. Os resultados foram expressos em percentagens relativas de cada ácido gordo, calculada por normalização interna das áreas dos picos, considerando 1 como factor de resposta. Resultados e Discussão A metodologia utilizada permitiu-nos dosear os ácidos gordos de cadeia curta e simultaneamente efectuar a separação de alguns isómeros dos ácidos oleico, (C18:1), linoleico (C18:2) e linolénico (C18:3) e ainda dosear e quantificar o g linolénico (g C18:3). A Figura 1 pretende reflectir os valores médios dos teores observados em ácidos gordos saturados, monoinsaturados e polinsaturados das diferentes amostras. Relativamente aos valores encontrados podemos afirmar que a gordura do queijo de cabra contem teor elevado de ácidos gordos saturados (70 %), o que do ponto de vista nutricional não parece recomendável pela relação estabelecida entre estes e as doenças coronárias (4). ESB UCP 489 Figura 1 Percentagens totais verificadas para Ácidos Gordos Saturados, Monoinsaturados e Polinsaturados doseados em queijo de cabra Butírico (C4) 11,37 % Cáprico (C10) 9,39 % Caproíco(C6) 1,23 % Caprilíco (C8) 2.32 % Quadro 1 Teor médio de Ac. gordos de cadeia curta presentes nas amostras em análise Todos estes ácidos gordos são os responsáveis pelo aroma intenso e característico destes queijos. Palmítico (C16) 21,8 %, Esteárico (C18) 10,3 % Mirístico (C14) 9,11 % Laurico (C12) 4,5 % Quadro 2 Teor médio de Ac.gordos de cadeia média e longa presentes nas amostras em análise Neste grupo encontramos ainda os ácidos undecanoico (C11) , o tridecanoico (C13) o heptadecanoico (C17) e o araquidico (C20) em quantidades que variam entre os 0,1 e 0,7 %. Do ponto de vista nutricional os ácidos gordos com mais de 18 átomos de carbono e menos de 10 parecem ter pouco ou nenhum efeito sobre as alterações dos níveis de colesterol. O ácido esteárico (C18) apresenta no organismo humano um metabolismo diferente dos outros ácidos gordos saturados de cadeia mais curta que lhe permite passar facilmente a ácido oléico (5). No que concerne aos ácidos gordos monoinsaturados, que constituem 26 % do fracção lipídica, salientam-se os valores médios observados para o ácido oleico (C18:1) 16,43 %, apresentando o seu isómero C18:1 t9 concentrações da ordem dos 8 %. Embora os teor das formas trans dos ácidos gordos esteja associado a efeitos negativos na saúde humana estes existem naturalmente nos alimentos de origem animal em particular nos provenientes dos ruminantes (6). Os teores observados para os ácidos polinsaturados no total foram de 4 %, tendo sido identificados e doseados no queijo de cabra os ácidos linoleico (C18:2 ) e os seus ESB UCP 490 isómeros, nomeadamente o cis –9, trans-11- octadecanoíco, ao qual têm sido atribuídas propriedades anti carcinogênicas. De considerar ainda o ácido linolénico (C18:3) e seus isómeros e ainda o ácido gama linolénico (γ C18:3).Este último é um intermediário importante na síntese das prostaglandinas PGE1 e PGE2., sendo-lhe atribuído um papel considerável no restabelecimento das defesas imunitárias (7). Se por um lado, o valor nutricional atribuído aos queijos curados tem vindo ser prejudicado pelo seu teor elevado em gordura saturada, por outro lado através deste trabalho confirmamos que poderá haver um benefício associado a estes produtos quando consumidos com moderação e que poderá vir a ser adicionado à mais valia que representa o seu conteúdo em minerais. No entanto ainda há muito para fazer neste campo! Bibliografia (1) TIBÉRIO, M. L., 1998, Produtos Tradicionais: Importância Sócio-Económica na Defesa do Mundo Rural - I Jornadas de Queijos e Enchidos, Porto, pp7-17 (2) “Conference on Nutrition and Immunity”, Atlanta 1997 (3) PARTIDÁRIO, ANA M., 1998, Queijo Serra da Estrela : Avaliação de Características Químicas e Sensoriais. Estudo da Fracção Lipídica. Tese de Doutoramento. Lisboa:IST (4) MCLENNAN P.L, 1992, Relative effects of dietary saturated, monounsaturated and polyunsaturated fatty acids cardiac arrhythmias in rats, J. Nutr, 125, 1003-1009 (5) ERNST N, LEVY, RI, 1987, Dieta ,hiperlipemia y aterosclerosis. In Nutricion en la Salud y la Enfermedad, Salvat Editores, Barcelona (6) COMBE,N,1992 Incidence Nutritionelle des Produits Formés au Cours des Transformations des Corps Gras, cap.5 in Manuel des Corps Gras, Vol 1, ed A Karleskind, Techn.et Doc., Lavoisier, Paris (7) COURTOIS M, et al., 1992,- Polyunsaturated Fatty Acids in Cultured Cardiomyocytes: Effect on Physiology and b- Adrenoreceptor, Function. Am.J.Physiol., 262, H 451-H456 ESB UCP 491 Análise de vinhos moscatel: caracterização química e sensorial Matos M. N.1,2, Ramos A.2, Bronze M. R.1,2 e Vilas Boas L.2,3 1 Faculdade de Farmácia de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1649-019 Lisboa Instituto de Tecnologia Química e Biológica, Apartado 127, 2784-505 Oeiras 3 Instituto Superior Técnico, Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa 2 Introdução O vinho Moscatel é um dos vinhos licorosos portugueses com importância comercial, existindo as regiões DOC do Douro e de Setúbal e também a região de produção de Lagos. Na produção deste vinho, é adicionada aguardente ao mosto obtido a partir de uvas Moscatel, no momento adequado para parar o processo de fermentação evitando-se a transformação total dos açúcares em álcool, obtendo-se um vinho doce e com um teor alcoólico cerca de 18 %. As características físico-químicas e sensoriais dos vinhos Moscatel dependem das castas das uvas utilizadas, das condições de fermentação, da composição química da aguardente adicionada e do momento em que é feita a sua adição ao mosto e ainda das características das madeiras usadas durante o período de estágio. Foram comparados os resultados obtidos nas análises sensoriais e físico-químicas de modo a caracterizar os vinhos provenientes das diferentes regiões. Experimental Amostras: Analisaram-se 24 amostras de vinhos Moscatel adquiridos no supermercado sendo 3 da região de Lagos (vinho doce e seco), 17 da região de Setúbal e 4 da região do Douro. Medição dos parâmetros da cor: Foram medidos nas amostras filtradas os parâmetros da cor (L*,a*,b*) com o colorímetro Minolta, utilizando o iluminante D65. Teor em fenóis totais: Método do índice de Folin-Ciolcalteu – versão de Blouin et al. (1972) e Mazot (1974), descrita por Brun (1979) e adoptada pelo OIV (anónimo, 1981). ESB UCP 492 Compostos voláteis e não voláteis: Na análise de compostos voláteis utilizou-se a MEFS-CG-EM [1] e os compostos não voláteis foram analisados por HPLC [2,3]. Análise sensorial: seleccionaram-se 28 provadores entre o pessoal do laboratório e foi efectuada uma prova de ordenação da intensidade das características sensoriais em estudo (cor, aroma e sabor) em várias amostras de vinho Moscatel. Foram também colocadas questões relacionadas com as preferências dos provadores. Resultados e Discussão O conjunto de todas as amostras referidas, bem como repetições foi tratado por análise estatística multivariável. No entanto com o objectivo de tentar relacionar informação referente à avaliação sensorial e os resultados das análises físico químicas escolheu-se a titulo exemplificativo uma amostra de cada uma das regiões. Na avaliação sensorial de amostras de vinhos Moscatel provenientes das três regiões em estudo a maioria dos provadores indicou o vinho Moscatel de Setúbal como o que apresentava a cor mais agradável e mais intensa, maior intensidade de aroma, persistência na boca e sabor intenso e prolongado. No entanto a amostra de Moscatel Lagos (doce) era a que recolhia uma impressão global mais favorável. Figura 1 Perfis cromatográficos obtidos na análise por CG-EM de vinhos Moscatel (1-acetato de isoamilo; 2-furaldeído; 3-hexanol; 4-caproato de etilo; 5-benzaldeído; 6-caprilato de etilo; 7-terpenol; 8-succinato de etilo; 9-nerolidol; 10-caprato de etilo) ESB UCP 493 Relativamente à medição da cor o vinho Moscatel de Setúbal apresentava valores superiores de L* e b*. Os teores em fenóis totais eram maiores na amostra de vinho de Lagos (seco) apresentando menores teores os vinhos de Moscatel Favaios e o Lagos doce A comparação dos perfis cromatográficos obtidos por cromatografia líquida (HPLCDAD) deu algumas pistas sobre os compostos existentes nas amostras que contribuem para a cor apresentada pelos várias vinhos em estudo. Na figura comparam-se os perfis cromatográficos obtidos por CG-EM correspondentes à análise de uma amostra de vinhos de cada uma das regiões. As diferenças observadas nos perfis cromatográficos serão discutidas relacionando com os resultados da avaliação sensorial e com as preferências manifestadas pelos provadores. Referências [1] M. NUBÉLIA MATOS et al., Dessert Wines: Analysis by SPME-GC-MS, 23rd International Symposium on Capillary Chromatography, Riva del Garda, 2000. [2] M. NUBÉLIA MATOS et al., Análise de vinhos Moscatel por HPLC com detecção espectrofotométrica e electroquímica, 1º Enc. Nacional de Cromatografia, Lisboa, 1999. [3] M. NUBÉLIA MATOS et al., A evolução de compostos fenólicos em vinhos Moscatel de Setúbal: Análise por cromatografia líquida, XIV Enc. Luso-Galego, Braga, 2000. ESB UCP 494 Cuantificación de los minerales y cenizas de la carne de lechazo de la indicación geográfica protegida “Lechazo de Castilla y León” Miguélez E., ZumalacárreguiJ. M. y Mateo J. Departamento de Higiene y Tecnología de los Alimentos. Universidad de León. 24071 León, España. Introducción La Indicación Geográfica Protegida (IGP) ‘Lechazo de Castilla y León’ es una marca de calidad que ampara la carne de cordero lactante procedente de las razas autóctonas de Castilla y León: Churra, Castellana y Ojalada, o sus cruces. Esta IGP está incluida en el Registro correspondiente mediante reglamento CE 2107/1999. Con el objetivo de contribuir a la tipificación de la carne amparada por dicha IGP, se ha analizado el contenido en cenizas y minerales de la porción comestible de la canal, comparándose las distintas razas y sexos. Material y Métodos Se ha analizado la porción comestible (PC) de 81 medias canales de lechazos amparadas por la IGP ‘Lechazo de Castilla y León’ pertenecientes a las tres razas mencionadas, determinando el contenido en cenizas y el contenido en minerales individualizados. Las cenizas se determinaron por incineración en horno mufla a 550°C a partir de una alícuota de la PC (ISO, R-936). Los minerales individuales se determinaron a partir de 1 g de PC que fue digerido con 10 ml de ácido nítrico concentrado durante 18 horas a temperatura ambiente y otras 5 horas a 90°C. El contenido en minerales se analizó a partir de la muestra digerida mediante espectrofotometría de emisión atómica por plasma inducido por acoplamiento (ICP-AES), excepto el Cr que fue determinado por absorción atómica con cámara de grafito. Resultados y Discusión En la tabla 1, se muestran los resultados obtenidos en los análisis. Se encontraron diferencias significativas entre razas en el contenido en cenizas y en los siguientes minerales: P, Ca, Na, Zn, Mg y Cr. En cuanto al sexo prácticamente no se encontraron diferencias. ESB UCP 495 RAZA SEXO CHURRA Macho (n=25) CENIZAS (%)*** 0,82±0,12 Hembra CASTELLANA Total Macho OJALADA Hembra Total Macho Hembra TOTAL IGP Total Macho Hembra Total (n=21) (n=46) (n=12) (n=8) (n=20) (n=8) (n=7) (n=15) (n=45) (n=36) (n=81) 0,86±0,15 0,84±0,13a 0,67±0,10 0,68±0,05 0,67±0,09b 0,77±0,08 0,62±0,1 0,71±0,1b 0,77±0,13 0,77±0,16 0,77±0,14 P*** 201±18 194±18 198±18b 221±13 213±15 217±14a 218±7 210±6 214±7a 210±18 202±18 206±18 Ca* 10,2±4,5 8,97±4,5 9,64±4,5a 7,66±2,3 7,07±2,3 7,42±2,8b 9,00±2,6 9,80±6,9 9,38±4,0ab 9,31±3,8 8,71±4,3 9,04±4,0 Na** a 98.5±9.5 107±6.6 102±6.7 105±7,0 101±7,8 108±10 105±10 106±10 100±11 96.4±7.2 105±10 102±9,3 K 297±27 293±23 295±25 306±17 293±18 301±19 303±17 296±6 300±13 300±23 294±20 Zn*** 2,1±0,5 2,0±0,2 2,0±0,4b 2,3±0,2 2,3±0,2 2,3±0,2a 2,6±0,6 2,2±0,1 2,4±0,5a 2,2±0,5 2,1±0,3 2,2±0,4 Fe 1,21±0,47 1,06±0,30 1,14±0,40 0,97±0,18 0,96±0,14 0,96±0,16 1,02±0,24 0,95±0,14 0,98±0,20 1,11±0,39 1,02±0,24 1,07±0,33 b ab 297±26 Si 0,32±0,22 0,25±0,17 0,29±0,20 0,32±0,22 0,29±0,21 0,31±0,21 0,17±0,04 0,24±0,19 0,20±0,13 0,30±0,20 0,25±0,18 0,28±0,19 Mg*** 16,0±2,01 14,8±1,72 15,5±1,9b 17,8±1,4 17,0±1,5 17,5±1,4a 17,9±0,8 17,2±0,4 17,6±0,7a 16,8±1,91 15,8±1,82 16,4±1,9 Mn 11±7 8±5 10±6 10±4 11±2 10±3 10±6 6±3 8±5 11±5 8±4 10±6 Cu 96±17 91±14 94±16 98±16 96±12 97±14 93±7 90±8 92±7 96±15 92±13 94±14 Cr *** 45±29 40±31 43±30a 28±21 24±15 26±18b 19±2 22±4 21±3b 36±26 33±26 35±26 n: Número de medias canales. (*) Nivel de significación de la diferencia entre razas obtenido en el análisis de varianza, (*) p<0,05, (**) p<0,01, (***) p<0,005. a,b,c Los totales de las razas sin ninguna letra en común presentaron diferencias significativas (p<0,05). 1,2 Los sexos dentro de la misma raza con un número diferente presentaron diferencias significativas (p<0,05). Tabla 1 Contenido en cenizas (%) y minerales – P, Ca, Na, K, Zn, Fe, Si y Mg expresados como mg/100g y Mn, Cu y Cr expresados como mg/100g– de la porción comestible de las medias canales de lechazo IGP “Lechazo de Castilla y León”, de las distintas razas que la forman (Churra, Castellana y Ojalada) y del total de muestras analizadas La carne de lechazo de esta IGP contiene un porcentaje de cenizas similar al de otras razas de lechazo (Beriain y col., 1993). En cuanto al contenido en minerales individualizados, el lechazo de la IGP mostró bastante semejanza al encontrado por otros autores en carne de ovino (Hazell, 1982; Holland y col., 1992; USDA, 2001), aunque los valores de P y Na fueron en este caso más elevados y el contenido en Fe y Zn algo más bajo. No es de extrañar que el contenido en Fe sea bajo ya que el color de la carne de lechazo de calidad está entre blanco nacarado a rosa pálido (Reglamento CE 2137/92), lo que implica un bajo contenido en mioglobina–proteína ligada al Fe. Bibliografía BERIAIN, J. y col. (1993). Calidad y composición de la carne de corderos de las razas Lacha y Rasa Aragonesa. ITEA Vol. Extra, 12 (2), 651-653. HAZELL, T. (1982). Iron and Zinc compounds in the muscle meat of beef, lamb, pork and chicken. J. Sci. Food. Agric. 33, 1049-1055. HOLLAND, B., WELCH, A.A., UNWIN, I.D., BUSS, D.H., PAUL, A.A. Y SOUTHGATE, D.A.T. (1992). McCance and Widdowson´s The Composition of Foods. Ther Royal Society of Chemistry and Ministry of Agriculture, Fisheries and Food. Letchworth Herts. UNITED STATES DEPARTAMENT OF AGRICULTURE (USDA). (2001). Nutrient Database. Lamb, domestic, composite of trimmed retail cuts, separable lean and fat, trimmed to fat, choice, raw. USDA. ESB UCP 496 Utilização de culturas “starter” no fabrico de chouriço de carne alentejano Correia A. C. e Carmo M. Escola Superior Agrária de Viseu. Departamento das Indústrias Agro-Alimentares, Secção de Ciência e Tecnologia dos Alimentos. Campus Politécnico. Repeses. 3504-504 Viseu Introdução O chouriço de carne, um produto tradicional elaborado de um modo empírico desde tempos ancestrais, por vezes tem apresentado alguns problemas na qualidade higiénica, daí a necessidade de um mais profundo conhecimento e eficaz controlo das matérias primas, ingredientes e fases de fabrico, principalmente quando a produção é realizada a uma escala industrial. O recurso a culturas “starter” (de arranque ou iniciadoras) na tecnologia de fabrico de produtos cárneos transformados tem tido, nos últimos tempos, uma grande importância na medida que para além de acelerar o processo tem contribuído para uma melhoria nas características físico-químicas e microbiológicas destes produtos. A grande parte das preparações comerciais de culturas “starter” utilizadas nos produtos cárneos fermentados, são associações mistas de bactérias lácticas e micrococáceas que se encontram no mercado quer na forma liofilizada quer na forma congelada. Materiais e Métodos Tendo por base o processo de fabrico industrial do chouriço de carne alentejano e as características físico-químicas das culturas “starter” mistas, fornecidas pelos fabricantes, foram realizados 3 ensaios de acordo com as condições descritas no Quadro 1. Quadro 1 Matriz estabelecida para o trabalho experimental Ensaios Cultura “starter” Momento de aplicação das culturas Testemunha Sem adição de cultura --- Ensaio 1 Lactobacillus curvatus Após a operação de maturação Staphylococcus carnusus Ensaio 2 Lactobacillus plantarum Pediococcus pentosaceus Staphylococcus xylosus ESB UCP Na operação de mistura 497 As análises microbiológicas consistiram na contagem de microrganismos mesófilos totais e de bactérias indicadoras de qualidade higiénica (coliformes totais, coliformes fecais e E. coli). Para avaliar a influência dos vários tipos de culturas “starter”, procedeu-se à recolha de amostras em diferentes fases de fabrico do chouriço, nomeadamente: antes da maturação (t1); depois da maturação (t2); ao produto final (t3) e ainda ao produto final após 45 dias ter sido embalado em atmosfera modificada (60 % CO2; 40 % O2) (t4). Foi ainda avaliado o valor de pH das referidas amostras. Para a caracterização do produto final, foram realizadas algumas determinações físico-químicas: humidade (NP-1614); proteína total (NP-1612); cinza total (NP-1615); matéria gorda livre (NP-1224); fósforo (NP-1842) e actividade da água (aw) pelo higrómetro eléctrico Rotronic Hygroscop DT, à temperatura de 25°C. Resultados e discussão Pela observação dos resultados das análises microbiológicas (Quadro 2), verificou-se um aumento do valor numérico de bactérias mesófilas nos ensaios 1 e 2, em comparação com os valores apresentados pela testemunha. Esse acréscimo foi mais notório a partir da amostra recolhida após a maturação (t2), a qual para além de um maior número de bactérias (proveniente das culturas “starter” adicionadas), apresentava condições nutricionais e ambientais favoráveis para o desenvolvimento dos microrganismos inoculados. t1 t2 (log ufc/g) t3 t4 Testemunha 4,30 5,85 5,55 5,45 Ensaio 1 4,24 6,11 7,48 6,23 Ensaio 2 4,30 6,30 7,51 6,78 Amostras de chouriço retiradas em diferentes fases de fabrico: antes da maturação (t1); depois da maturação (t2); ao produto final (t3); produto final após 45 dias (t4). Quadro 2 Valores obtidos na contagem de bactérias mesófilas, pelo método das placas, nas amostras de chouriço de carne alentejano Relativamente aos indicadores de higiene alimentar avaliados (coliformes totais, coliformes fecais e E. coli), a sua presença foi diminuindo até à ausência total, devido à acção conjugada de vários factores: as bacteriocinas, (substâncias antimicrobianas produzidas pelas bactérias lácticas)1, assim como do efeito letal dos compostos existentes no fumo e da temperatura de secagem (T=60°C), a que o produto foi sujeito durante o processo de fabrico. Nas amostras onde se inocularam culturas, constatouse um decréscimo dos valores de pH (Quadro 3) devido a uma maior produção de ácido láctico, tendo o ensaio 1 (amostra t4) apresentou um valor mais próximo de um enchido fermentado (pH=5,3)2. ESB UCP 498 Quadro 3 Valores médios de pH obtidos nas diferentes amostras de chouriço de carne alentejano t1 t2 (log ufc/g) t3 t4 Testemunha 6,98 6,66 6,18 6,10 Ensaio 1 6,60 6,52 5,72 5,10 Ensaio 2 6,89 6,59 5,91 5,73 Amostras de chouriço retiradas em diferentes fases de fabrico: antes da maturação (t1); depois da maturação (t2); ao produto final (t3); produto final após 45 dias (t4). Ao nível das análises físico-químicas, o produto final apresentou uma homogeneidade nos resultados dos parâmetros analisados. Contudo, naqueles que estavam relacionados com a avaliação do teor em água (humidade e aw), verificou-se valores mais baixos nos ensaios 1 e 2 quando comparados com os da testemunha. Nesses ensaios ocorreu uma diminuição na capacidade de retenção da água pelas proteínas da carne devido a uma maior acção das bactérias lácticas2. O ensaio onde foram adicionadas, como culturas “starter”, Lactobacillus curvatus e Staphylococcus carnusus, foi aquele onde se verificaram melhores resultados, quer ao nível microbiológico como físico-químico. Quadro 4 Caracterização físico-química do produto final de chouriço de carne Alentejano Humidade aw (%) Proteína Cinza Matéria Fósforo (%) (%) Gorda (%) (mg P2O5/100g) Testemunha 57 0,913 25 7,6 23 480 Ensaio 1 46 0,894 27 7,9 25 492 Ensaio 2 51 0,911 28 7,2 19 501 Referências 1 VUYST, L. (1996) – Production and applications of bacteriocins from lactic acid bacteria: bioactive peptides for future food preservation, Cerevisia Belgium Journal of Brewing and Biotechnology21 (1): 71-74. 2 PÉREZ, M.A.A. E POLO, M.E.B. (1992) – Microbiologia de los productos cárnicos In: Manual Practico de la Carne, Ed. Martin & Macias, pg. 273-310. ESB UCP 499 Phenolic compounds in “Rocha” pear after storage in controlled atmosphere Galvis Sánchez A. C. and Miranda Bernardo de Morais A. M. Escola Superior de Biotenologia, Universidade Católica Portuguesa, Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 420-072 PORTO, Portugal Phenolic compounds and polyphenoloxydase (PPO) enzyme activity were determined in pears stored in different controlled atmospheres (CA) after nine months of storage at different stages of ripeness. Two levels of oxygen 2 % and 4 %, combined with two Ievels of carbon dioxide 0.5 % and 1.5 % were studied. Fruits stored in air were used as a control. Phenolic compounds were fractionated into acidic and neutral groups. After six days of exposure at room temperature the flavanol fraction increased and the acidic fraction decreased for all the conditions excepting for the fruits from 2 % O2+0.5 % CO2. Flavonol content decreased for fruits stored in air and 4 % O2+0.5 % CO2. Fruits stored in 2 % O2+0.5 % CO2 presented an increase in the flavonol and anthocyanin contents. PPO enzyme activity was significantly higher after nine months of storage for fruits stored in air and the two conditions of 4 % oxygen. PPO enzyme activity drastically decreased in fruits in those fruits after six days of exposure at room temperature. PPO activity decreased also for fruits stored in 2 %O2+0.5 % CO2 but no so drastically and their activity had a tendency to stabilize after exposure to room temperature. Keywords: Phenolic compounds, Pear, Rocha, Poyphenoloxydase, PPO, Colour, Controlled atmosphere, CA. Oxygen, Carbon dioxide, Flavanols. Flavonols, Anthocyanin, Cathechin. ESB UCP 500 ESB UCP 501 ESB UCP 502 Development of an HPLC/DAD method for determination of phenolic profile in portuguese olive fruits Vinha A. F.1, Andrade P. B.1, Silva B. M.1, Pereira J. A.2, Valentão P.1, Seabra R. M.1 and Oliveira M. B.3 CEQUP/ 1 Serviço de Farmacognosia e 3 Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, R. Aníbal Cunha, 4050-047 Porto, Portugal. 2 Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Bragança, Quinta de Sta. Apolónia, Apartado 172, 5300 Bragança, Portugal. Introduction Phenolics are characteristic constituents of green plants occurring in virtually all parts of the plant but with quantitative distributions that vary between different organs of the plant and within different populations of the same plant species. Phenolics in olive pulp and oil constitute a complex mixture and the complete chemical nature has not, as yet, been elucidated1. Phenolic compounds may contribute to fruit quality in a number of ways; for example, by contributing to sensory attributes, such as colour and flavour, and through the contribution of some specific phenolics, in particular oleuropein2, to the intense bitterness of the olive fruit. Factors contributing to the variability in phenolic distribution include cultivar and genetics, geographical origin, maturity, climate, position on tree, rootstock and agricultural practices. In the case of processed products, technological processes to which olive fruits are exposed may also impact significantly on the phenolic content1. Here we studied the following aspects of the determination of polyphenols in Portuguese olive fruits: extraction, chromatographic separation, and quantification. Experimental Extraction of Phenolic Compounds from Portuguese Olive Fruits The lyophilised olive fruit samples were extracted with methanol, until complete extraction of the phenolic compounds (negative reaction to NaOH 20 %). After evaporation of the solvent, the residue obtained was dissolved in acid water (pH 2 with HCl) and passed through a preconditioned C18 SEP-PAK (NEC) cartridge. Each column was preconditioned with 60 mL of methanol and 140 mL of acid water (pH 2 with HCl). The loaded cartridge was washed with n-hexane and phenolic compounds were eluted with methanol. The methanolic extract was then concentrated to dryness, redissolved in methanol and analysed by HPLC. ESB UCP 503 HPLC Analysis of Phenolic Compounds Separation of phenolics was achieved with an analytical HPLC unit (Gilson), using a Spherisorb ODS2 (25.0 x 0.46 cm; 5mm, particle size) column. The solvent system used was a gradient of water-formic acid (19:1) (A) and methanol (B): 0’ - 5% B, 3’ 15 % B, 13’ - 25 % B, 25’ - 30 % B, 35’ - 35 % B, 39’ - 40 % B, 42’ - 45 % B, 45’ - 45 % B, 50’ - 47 % B, 60’ - 48 % B, 64’ - 50 % B, 66’ – 100 % B. The solvent flow rate used was 0.9 mL/min. Detection was achieved with a Gilson diode array detector. Results and Discussion Results of quantification of phenolic compounds applied to three Portuguese olive fruit cultivars – Cobrançosa, Madural and Verdeal – are shown in Table 1. The extract obtained from Cobrançosa olive fruit has the same qualitative composition as that obtained from Madural olive fruit, being characterised by the presence of, at least, ten identified compounds: hydroxytyrosol, oleuropein, 5-O-caffeoylquinic, verbascoside, luteolin 7-O-glucoside, rutin, apigenin 7-O-glucoside, quercetin 3-O-rhamnoside and luteolin. Verdeal olive fruit exhibited a similar phenolic composition, but verbascoside was not present. In all cases, several unidentified anthocyanins were detected. Cultivars Phenolic compounds Cobrançosa Madural Verdeal Hydroxytyrosol 1.440 (0.0284) 4.468 (0.1445) 0.558 (0.0028) 0.001 (0.00002) 5-O-Caffeoylquinic 0.002 (0.0001) 0.004 (0.0001) Verbascoside 0.044 (0.0008) 0.047 (0.0009) - luteolin 7-O-glucoside 0.218 (0.0040) 0.841 (0.0074) 0.037 (0.00005) Oleuropein 1.976 (0.0327) 5.374 (0.5946) 5.706 (0.1132) Rutin 0.505 (0.0041) 0.959 (0.0155) 0.158 (0.0019) Apigenin 7-O-glucoside 0.038 (0.0009) 0.135 (0.0034) 0.015 (0.0001) Quercetin 3-O-rhamnoside 0.060 (0.0013) 0.114 (0.0060) 0.019 (0.0002) Luteolin 0.026 (0.0005) 0.054 (0.0014) 0.002 (0.0005) Table 1 Phenolic compounds of three Portuguese olive fruit cultivars (g/kg)a a Values are expressed as mean (standard deviation) of three determinations In conclusion, the proposed procedure is simple, rapid, sensitive, reproducible and accurate, suitable for routine analysis of phenolics in olive fruits. This procedure also allows the discrimination of different cultivars of Portuguese olive fruits. References 1. D. RYAN AND K. ROBARDS, Analyst, 123, 31 (1998). 2. M.J. AMIOT, A. FLEURIET AND J.J. MACHEIX, J. Agric. Food Chem., 34, 823 (1986). ESB UCP 504 Evolução da humidade e da densidade durante a secagem artesanal de pêras Guiné R. P. F.1 e Castro J. A. A. M.2 1 Dep. de Indústrias Agro-Alimentares, Escola Superior Agrária de Viseu, Campus Politécnico, Repeses, 3504-510 Viseu 2 Dep. de Engenharia Química, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Polo II, Pinhal de Marrocos, 3030-290 Coimbra Introdução A secagem permite a preservação dos frutos pela redução do seu conteúdo em água até um ponto em que a concentração de sólidos solúveis (açúcares, ácidos, sais, etc...) se torna tão elevada que o material deixa de constituir um substracto apropriado para o crescimento de bolores, leveduras e bactérias ou ainda para a ocorrência de modificações enzimáticas no próprio fruto. A secagem ao sol, como processo artesanal, é uma prática de conservação milenar que está no entanto confinada a países de clima tropical ou semi-tropical, principalmente na zona circundante do mediterrâneo. Em condições ideais, e apesar da morosidade do processo e da necessidade de mão de obra abundante e trabalho intensivo, este é sem dúvida o mais barato dos métodos de secagem. No entanto, apresenta alguns inconvenientes importantes, como sejam a dependência de factores naturais, impossíveis de controlar, e a exigência de grandes superfícies de exposição (Sousa, 1992). Os factores que determinam o fim do processo de secagem são uma elevada concentração em açúcares redutores e um baixo teor em água, sendo o teor em água desejável no final do processo variável consoante o tipo de fruto, e estando directamente relacionado com o tamanho do mesmo (Martins, 1988). As espécies que têm sido utilizadas ao longo dos anos com vista à obtenção de frutos secados são essencialmente as uvas, os figos e as prunoideas (ameixas, damascos e pêssegos), e só mais recentemente começaram a surgir com alguma relevância também as pomoideas (maçãs e pêras) (Martins, 1988). Na zona centro do país é produzida pêra passa a partir de pêras da variedade S. Bartolomeu, secadas por um processo artesanal que compreende diversas etapas, de entre as quais se destacam duas fases de secagem distintas, um embarrelamento e uma espalma (Ferreira, 1997). ESB UCP 505 Metodologia Experimental Neste trabalho foram realizadas experiências com o objectivo de recolher informação sobre a evolução de determinados parâmetros durante o processo de secagem das pêras, e que se procurou que fosse o mais semelhante possível ao processo artesanal de secagem utilizado pelos produtores de pêra passa. Nas experiências foram utilizadas quatro variedades de pêras a fim de comparar o seu comportamento face à secagem: pêra D. Joaquina, pêra S. Bartolomeu, pêra Rosa e pêra Rocha. Durante a secagem as 4 variedades de pêras eram analisadas diariamente para determinação da sua humidade (método de secagem em estufa a 105°C) e densidade (picnometria a 25°C). Resultados e Discussão Na Figura 1 são apresentadas, para os 4 tipos de pêras, as variações da humidade ao longo do tempo e ainda as variações da densidade em função da humidade. É possível observar no gráfico (a) que a humidade varia exponencialmente com o tempo de secagem para todos os tipos de pêras, diferindo ligeiramente no início devido aos diferentes conteúdos iniciais de humidade das pêras em função da sua variedade, mas tendendo para valores finais muito próximos. No gráfico (b) observa-se que para todos os tipos de pêras a densidade varia linearmente com a humidade. a) b) Figura 1 (a) Variação da humidade ao longo do tempo de secagem; (b) variação da densidade em função da humidade das pêras Assim, globalmente verifica-se que o comportamento das 4 variedades estudadas não difere substancialmente face à secagem, pelo que as pêras da variedade D. Joaquina, sendo muito semelhantes em tamanho e em forma à variedade S. Bartolomeu, apresentam fortes possibilidades de constituir uma alternativa para a produção de pêra passa, o que se revela de grande importância já que esta variedade é relativamente abundante em Portugal contrariamente à variedade S. Bartolomeu. ESB UCP 506 Bibliografia FERREIRA, D.; COSTA, C. A.; CORREIA, P.; GUINÉ, R. – Caracterização da Pêra Passa de Viseu, Terra Fértil, nº 3, p. 75-79 (1997) MARTINS, M. A. G. N. – Alguns Aspectos da Secagem de Frutos Através da Energia Solar, Colóquio “A Hortifruticultura Algarvia – Que Futuro?”: livro de actas, Faro: Universidade do Algarve (1988) SOUSA, I.; BRAZ, N; PEREIRA, H. – A Secagem do Figo Método Artesanal e Estufa Solar, I Jornadas das Indústrias Agro-Alimentares: livro de Actas, Lisboa: Instituto Superior de Agronomia (1992) ESB UCP 507 Estudo do mel de Trás-os-Montes Rocha A. M., Pinto M. Â., Baessa H., Carreira M. C. e Estevinho M. L. Desde a antiguidade que o mel é conhecido e apreciado como alimento natural. Dentre as diversas características que lhe são atribuídas podemos destacar o seu valor terapêutico, pelas suas propriedades preventivas e por vezes curativas. No entanto, não é um alimento completo, uma vez que carece de proteínas, gorduras e vitaminas em quantidades significativas. No âmbito regional os aspectos mais importantes da apicultura estão aliados ao seu papel ecológico (um vez que a abelha ao garantir a polinização, aumenta a biodiversidade das espécies agrícolas e silvestres), ao seu papel social (como actividade partilhada por todos os estratos sociais) e ao seu valor económico (na medida em que a apicultura se enquadra em zonas desfavorecidas de montanha, não em termos da grande produção, mas de uma produção de qualidade). O mel é um dos produtos da região que necessita ser qualificado porque a grande dificuldade de escoamento dos produtos derivados desta actividade é a falta de um cunho de qualidade que os torne competitivos no mercado de consumo. Por outro lado, é necessário um controlo regular deste produto, com o objectivo das comunidades continuarem a receber um valor acrescentado, e também não defraudar as expectativas dos consumidores sobre o produto. Assim, este estudo teve como objectivo global a caracterização do mel produzido em Trás-os-Montes. Foram efectuadas 830 análises físico-químicas e 230 análises polínicas e microbiológicas ao mel produzido nesta região. Nas análises efectuadas utilizaram-se as metodologias preconizadas pelas normas europeias. Os resultados obtidos neste trabalho indicam que, relativamente às características físico-químicas o mel de Trás-os-Montes apresenta características que se situam dentro dos limites definidos pela Norma Portuguesa (NP) 1307 de 1983. Trata-se de uma solução hipertónica, com teores em açucares redutores, expressos em açucares invertidos da ordem de 79,5, de 72,3 e de 68,30, respectivamente, para méis de cor clara, méis âmbar e méis escuros. Os teores em sacarose aparente oscilaram entre 4,26 (valor máximo obtido nos méis de cor clara) e 2,73 (valor mais reduzido obtido nos méis de melada). ESB UCP 508 Os valores médios obtidos para o pH dos méis foram de 3,6, 3,8 e 4,2 para os méis de cor clara, âmbar e escuros, respectivamente. Os nossos resultados estão de acordo com o referido na literatura em que, valores compreendidos entre 3,5 e 4,5 indicamnos méis de néctar ou com uma ligeira mistura de melada. Entre 4,5 e 5,5 situam-se os méis de melada. A acidez média do méis de melada apresentou valores relativamente mais elevados do que os méis de néctar. O teor em água oscilou entre 19,2 e 16,1, respectivamente, para os méis de cor clara e para os méis de cor escura, consequentemente, não contribuindo a humidade não contribui para a fermentação e alteração do sabor deste produto. A condutividade eléctrica das várias amostras analisadas apresentou uma relação positiva com o teor em cinzas. Com efeito, os méis escuros possuem condutividade mais elevada (1,02mS.cm-1) e maior teor em cinzas (0,52 %). A actividade diastásica foi de 14,78; 14,70 e 14,40 na escala de Gothe em méis claros, âmbar e escuros, respectivamente. Os vários parâmetros bacteriológicos analisados situaram-se dentro dos limites permitidos por lei. Por outro lado, não foram detectados resíduos de antibióticos em nenhuma das amostras em estudo. O teor em HMF (hidroximetilfurfural) variou entre 1,30 e 1,10 mg HMF/g mel (valor máximo correspondente ao méis escuros e valor mínimo relativo aos méis âmbar), sugerindo que as amostras analisadas se encontram pouco alteradas. Do inventário da flora abrangente dos apiários podemos concluir que as principais plantas de interesse melífero na região em estudo são a arçâ (Lavandula stoecha spp. sampaioana), os tomilhos (Thymus spp.), o castanheiro (Castanea sativa) e urzes (Erica spp.), destacando-se também os carvalhos (Quercus pyrenaica) que fornece grande quantidade de melada. Com efeito, da análise da composição polínica do mel podemos concluir que, como não existe qualquer predomínio de um pólen em relação ao outro, trata-se de méis multiflorais. Da análise dos parâmetros físico-químicos, verifica-se que relativamente ao teor em água, todas as amostras apresentaram um valor médio reduzido, situandose próximo dos valores óptimos (17-18 %). Relativamente ao teor em cinzas, verificou-se que todos os méis apresentavam valores relativamente elevados concordantes com os valores obtidos para a condutividade eléctrica, permitindo afirmar que os méis escuros são méis de mielato, os méis âmbar méis de néctar e/ou mistura de mielato, enquanto que os méis claros tem origem fundamentalmente em néctar. ESB UCP 509 Em relação ao pH, os resultados estão em concordância com os anteriormente apresentados, confirmando a origem das amostras do mel em estudo. Os méis de cor escura apresentaram uma acidez mais elevada do que os méis âmbar e os méis claros, o que permite concluir que as amostras têm origens florais distintas. Os valores obtidos associado aos reduzidos valores de HMF, favorecem uma boa conservação do mel não correndo o risco de fermentar. Da análise dos nossos resultados podemos concluir que o mel de Trás-os-Montes é um produto de qualidade que justifica a sua tipificação e Denominação de Origem Protegida. Bibliografia CODEX ALIMENTARIUS COMISSION (1969). Recommended European Standard for Honey. CACIRS-12-1969. JT.FAOIWHO Food Stand. Program. Rome. Reprinted in Bee World. Vol. N.º 51. NORMA PORTUGUESA - 1307.(1976). Mel- classificação e características. Instituto de Qualidade Alimentar. NORMA PORTUGUESA - 1308.(1976). Cinzas. Instituto de Qualidade Alimentar. NORMA PORTUGUESA - 1309.(1976).Acidez. Instituto de Qualidade Alimentar. ESB UCP 510 Recolha e caracterização do leite na Ilha Terceira Vaz R.1, Teixeira F.2 e Correia P.1 1 2 Escola Superior Agrária de Viseu. Campus Politécnico.Repezes. 3504-510 VISEU Pronicol-Produtos Lácteos S.A. Quinta de Sº Luis. Apartado 34. 9700-224 ANGRA DO HEROISMO Introdução O leite na Região Autónoma dos Açores, nomeadamente na Ilha Terceira, mobiliza e sustenta grande parte da população da Ilha. Neste trabalho fez-se um estudo do sistema de recolha do leite e sua caracterização, com base em dados e resultados fornecidos pelo SERCLA (Serviços Regionais de Classificação do Leite nos Açores; Organismo oficial) e pela empresa Pronicol S.A. (empresa da lacticínios sediada na Ilha Terceira e que possui o monopólio dos lacticínios desta Ilha). Sistema de recolha do leite Nesta Ilha a ordenha é feita de três modos: à mão, no campo com sistemas semiautomáticos e em salas de ordenha. O leite proveniente dos dois primeiros processo de ordenha é recolhido em 23 postos de recepção, espalhados pela Ilha; sendo posteriormente transportado para a empresa através de camiões cisterna refrigerados. O leite das 45 salas de ordenha é armazenado em tanques de refrigeração, na própria exploração, sendo posteriormente transportados para a empresa por camiões cisterna refrigerados. A recolha do leite é feita por “voltas”, onde os camiões cisternas têm percursos definidos de recolha. A evolução média da produção de leite (Quadro 1) tem vindo a aumentar gradualmente devido ao aumento do número de efectivos leiteiros e ao melhoramento no sistema de maneio das explorações agro-pecuárias. Quadro 1 Quantidade de leite em natureza recepcionada pela empresa (anos 1994-1999) ESB UCP Anos Milhões de litros 1994 82,0 1995 89,1 1996 91,2 1997 100,8 1998 102,0 1999 119,3 511 Na Região Autónoma dos Açores, as análises ao leite, para efeitos de pagamento ao produtor, são feitas pelo SERCLA, tendo um sistema próprio e bastante controlado. Esta entidade faz as análises ao leite entregue nos postos de recepção e salas de ordenha, duas vezes por semana O pagamento do leite varia ao longo do ano. Verificouse que durante quatro meses do ano 2000 existiu uma percentagem elevada de produtores com leite abaixo dos valores padrão. Para evitar que tal aconteça novamente, sugere-se a adopção generalizada de boas regras de maneio e higiene de ordenha, manutenção das máquinas de ordenha e detecção atempada e tratamento de mamites. Caracterização sumária do leite O leite foi caracterizado durante o ano 2000, (média mensal) relativamente aos seguintes constituintes: proteína, matéria gorda e sólidos não gordos (Quadro 2 e Figura 1). Mês Mov SNG P Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 3,65 3,52 3,43 3,46 3,45 3,51 3,58 3,60 3,68 3,70 3,66 3,74 8,52 8,45 8,52 8,49 8,56 8,49 8,32 8,25 8,39 8,36 8,52 8,71 3,16 3,16 3,14 3,12 3,14 3,08 3,04 3,02 3,12 3,13 3,14 3,17 Quadro 2 Evolução média mensal dos teores de proteína, matéria gorda e sólidos não gordos (ano 2000) Figura 1 Evolução média mensal dos teores de proteína, matéria gorda e sólidos não gordos (ano 2000) ESB UCP 512 A mesma caracterização foi feita durante uma semana, de 25 a 29 de Setembro de 2000, por “voltas”. Conclusões A produção de leite é uma das prioridades das explorações leiteiras. A qualidade do leite depende de vários factores, principalmente das medidas de maneio e higiene adoptadas nas diversas explorações. São várias as medidas que podem ser realizadas para a melhoria qualitativa e quantitativa do leite produzido, nomeadamente as seguintes: - Existência de um programa de melhoramento das pastagens; - Adopção de um sistema de cooperativismo adaptado à realidade terceirense, pois o facto de agrupar animais facilita o sistema de maneio, diminuindo a mão-de-obra e a ordenha podia ficar mais mecanizada; - Adopção de hábitos que promovam a sanidade animal (controlo de mamites) e higiene em todo o processo de ordenha; - Uma vez que o leite vem acondicionado em bilhas de ordenha de 50 litros até ao posto de recepção, deveria existir em cada posto uma máquina que efectua-se a lavagem e desinfecção das bilhas, logo após a descarga do leite; - Torna-se necessário combater o isolamento físico e técnico em relação a alguns produtores, através da realização de acções de formação e através da ida de técnicos à própria exploração. Todas estas medidas poderão ser concretizadas, uma vez que existe uma grande receptividade por parte dos produtores para a modificação de procedimentos que admitem, por vezes, não serem os mais correctos. Bibliografia BRACKENRIDGE, P. J., (1990). Conclusion On Harmonization Of Standards And Of Legislations, In: Proceedings Of The XXIII International Dairy Congress, Vol:2 CHOISY, C. & LENOIR, J. (1984). La Réfrigération Du Lait et Ses Incidences Sur La qualité Bactériologique. In La Composition Chimique Du Lait Et Ses Incidences Technologiques. Journées de Rennes, 26, 27 et 28 Septembre. INRA-ENSA Rennes-INAPG. LABIE, CH. (1991). Cours Ces Hygiène Dans Les Industries Agroalimentaires. 1991 1992. École Nationale Vétérinaire de Toulouse. MATHIEU, H. (1990). Modificações do leite depois da recolha, In: O Leite, do Úbere à Fábrica de Lacticínios. F. M. Luquet ed. Vol. 1. ESB UCP 513 Separação e quantificação das caseínas em leites e queijos de vaca, de ovelha e de cabra por RP-HPLC e por electroforese em gel de poliacrilamida Veloso A. C.1, Teixeira N.2, Ferreira I. M. P. L. V. O.3 e Ferreira M. A.3 1 2 3 Escola Superior Agrária - Instituto Politécnico de Bragança Serviço de Bioquímica da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto CEQUP/ Serviço de Bromatologia da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto Neste trabalho procedeu-se à análise das caseínas de leite crú de vaca (da raça Frísia), de leite crú de ovelha (da raça Churra “Terrincha” da Terra Quente) e de leite crú de cabra (da raça Serrana). Para o efeito, foram implementadas duas metodologias analíticas. A cromatografia líquida em fase reversa, utilizando uma coluna Chrompack P 300 RP (contendo um polímero de poliestireno divinil benzeno) e uma pré-coluna com o mesmo enchimento, detecção no UV e eluição por gradiente com uma mistura de TFA/água/ acetonitrilo, e a electroforese em gel de poliacrilamida com ureia. Avaliou-se a utilidade destas duas metodologias na análise quantitativa e/ou qualitativa das caseínas de leite de vaca, ovelha e cabra e respectivos queijos e na detecção de adulterações. A metodologia da HPLC apresentou linearidade no intervalo de concentrações de 0.038-0.38 mg/ml para a κ-caseína, 0.19-1.9 mg/ml para a α-caseína e 0.15-1.5 mg/ml para a β-caseína. Os limites de detecção foram 0.037, 0.03 e 0.0075 mg/ml, respectivamente. Efectuou-se a validação do método para o leite de vaca. Nos ensaios de recuperação os resultados variaram entre 91 e 100 % e na avaliação da precisão o CV foi inferior a 3.67 %. Figura 1 Perfis cromatográficos obtidos para as caseínas de vaca, ovelha e cabra 1 - κ-caseína bovina; 2 - α-caseína bovina; 3 e 4 - β-caseína bovina, (__ perfil cromatográfico da caseína bovina; ... perfil cromatográfico da caseína ovina; . . __ . . __ perfil cromatográfico da caseína caprina) ESB UCP 514 Obtiveram-se diferentes perfis cromatográficos para as caseínas dos três tipos de leite, quando analisadas individualmente. Resultados semelhantes foram igualmente alcançados por Kaminarides e Anifantakis (1), utilizando HPLC de permuta iónica. No entanto, ao efectuar a análise de misturas destes leites, verificou-se que era mais fácil a detecção da presença de leite de vaca em leite de cabra do que em leite de ovelha. Observando a Fig. 2 verifica-se que se consegue uma boa resolução das várias caseínas por electroforese. As caseínas do leite de vaca, ovelha e cabra (Fig. 2, linhas 3, 4 e 5) apresentam perfis diferentes. A a-caseína bovina apresenta uma maior mobilidade do que a mesma fracção de caseína dos leites de ovelha e cabra. Existem também diferenças na região da κ- e γ- caseínas não sendo, no entanto, tão visíveis. Figura 2 Perfis de caseínas obtidos por ureia-PAGE (1,6) padrão de caseína bovina; (2,10) padrão de caseína ovina; (3) leite de vaca; (4) leite de ovelha; (5) leite de cabra; (7) padrão de a-caseína; (8) padrão de β-caseína e (9) padrão de κ-caseína. A análise por electroforese em gel de poliacrilamida revelou que era possível detectar adulterações iguais ou superiores a 5 % de leite de vaca no leite de ovelha e a 2 % no leite de cabra. Uma das limitações da electroforese consiste na dificuldade em proceder a uma análise quantitativa dos resultados devido a problemas de reprodutibilidade. No entanto, no que refere à pesquisa de adulterações de leite de vaca em leites de ovelha e cabra a electroforese revelou-se mais eficiente. Referências (1) KAMINARIDES, S.E. E ANIFANTAKIS E.M. Journal of Dairy Research ESB UCP 515 O ácido benzóico como metabolito da fermentação em iogurte de leite de vaca e leite de cabra Calhau L. e Barbosa M. INETI - Departamento de Tecnologia das Indústrias Alimentares, Paço do Lumiar, nº 22, 1649-038 Lisboa Introdução O homem ingere diariamente quantidades variáveis de ácido benzóico cuja presença nos alimentos pode ter uma origem natural ou ser consequência da sua adição como conservante. Dada a sua toxicidade, a quantidade total ingerida deve ser, por isso, muito reduzida. No caso do iogurte natural, produto com especial incidência na dieta alimentar de crianças, idosos, grávidas etc., a presença deste conservante não é permitida segundo a legislação portuguesa e de muitos outros países. No entanto, a presença desta substância é comum em muitos produtos lácteos fermentados, embora em teores baixos, e resulta essencialmente do metabolismo do ácido hipúrico, cuja presença no leite é consequência da eliminação do ácido benzóico ingerido pelos animais através da sua alimentação. Nas células do fígado, o ácido benzóico conjuga-se com a glicina, para formar o ácido hipúrico que é posteriormente excretado pela urina e, no caso de animais em lactação, através do leite (Gattley, 1977). Há contudo microrganismos capazes de utilizar o ácido hipúrico libertando novamente o ácido benzóico e a glicina para o meio. No caso do iogurte, das duas espécies presentes, Lactobacillus delbrueckii ssp. bulgaricus e Streptococcus termophilus, apenas o Lactobacillus é capaz de utilizar o ácido hipúrico. Da actividade deste microrganismo resulta que, no iogurte, se detecte a presença do ácido benzóico mesmo quando ele não foi adicionado. Neste estudo determinaram-se os teores em ácido benzóico em iogurtes produzidos com leites de duas espécies produtoras (vaca e cabra), ao longo do fabrico e da armazenagem destes produtos. Materiais e Métodos Fabrico de iogurte. Os iogurtes foram fabricados com leite de vaca de grande mistura, de alta qualidade e pasteurizado proveniente de duas regiões de produção, Lisboa e Porto, e com leite de cabra proveniente da zona da Golegã de um rebanho mantido em semi-estabulação. O processo utilizado foi a tecnologia clássica do iogurte natural ESB UCP 516 sólido e para a preparação de fermentos usou-se a Cultura CH1 da Hansen que é medianamente produtora de ácido e com elevada produção de aroma. Efectuaram-se 6 fabricos de iogurte para cada tipo de leite. Após incubação (2h 45m) os iogurtes foram armazenados a 6ºC onde se mantiveram durante 21 dias, o que corresponde ao prazo médio de validade deste produto. Determinação do ácido benzóico. A determinação do ácido benzóico foi efectuada por RP-HPLC segundo a técnica descrita na Norma FIL-IDF 139. A cromatografia, em sistema isocrático, foi realizada com coluna mBondapak C18 utilizando uma mistura de metanol e tampão fosfato como eluente. Equipamento: injector Waters U6K, bomba Waters 510, detector de UV-VIS Waters 481 e integrador registador Waters 745. Quantificação pelo método do padrão externo. Esta determinação foi efectuada nas matérias primas leite e fermento, no leite após inoculação, após 1h 30 minutos e no fim da incubação, após 1 semana e no fim da armazenagem (3 semanas). Resultados e discussão Os resultados da matéria prima evidenciaram que o leite já apresentava algum ácido benzóico antes da fermentação. No entanto, esses teores foram muito baixos e não apresentaram diferenças significativas quer entre os leites de vaca das duas regiões consideradas quer entre estes e os leites de cabra. Durante o fabrico e armazenagem verificou-se um aumento que foi mais evidente na primeira hora e meia de incubação. Para os iogurtes de leite de vaca isso correspondeu em média a 80 % da variação total e, para os de cabra, esse valor foi de 90 %. Durante a primeira semana de armazenagem ainda se verificou um certo aumento embora muito pequeno (2 % em média para o iogurte de leite de cabra e 4 % em média para o iogurte de leite de vaca). Isto deve-se à rápida utilização do hipurato já que no final da incubação o seu pico apresenta uma área diminuta relativamente à inicial. No que diz respeito aos valores atingidos, o iogurte de leite de cabra apresentou valores que oscilaram entre 28 e 48 mg kg-1. A média, 38 mg kg-1, diferiu significativamente dos resultados médios obtidos para iogurtes de leite de vaca, para ambas as regiões (Tabela 1). Nos iogurtes de leite de vaca observou-se uma menor variação do teor em ácido benzóico com um mínimo de 15 mg kg-1 e um máximo de 24 mg kg-1. Os teores de ácido benzóico atingidos nos diferentes iogurtes pareceram estar sobretudo relacionados com o teor inicial de hipurato no leite já que a evolução da flora específica não condicionou a formação deste metabolito uma vez que todo o ácido hipúrico foi hidrolisado independentemente dos teores em flora específica atingidos. ESB UCP 517 Ác. benzóico (mg kg-1) Iog. Leite de vaca (Lisboa) Iog. leite vaca (Porto) Iog. leite de cabra 19a 20a 38b Médias seguidas de uma letra idêntica não apresentam diferenças significativas Assim, a evolução da flora específica evidenciou que os microrganismos se encontravam melhor adaptados ao crescimento em leite de vaca pois foi para estes iogurtes que se atingiram contagens superiores de flora específica. Além disso, verificou-se que foi no início da fermentação que se deu a maior conversão do ácido hipúrico. Uma vez que nesta fase há sobretudo multiplicação de Streptococcus, parece haver evidência de que o Lactobacillus inicia a hidrólise do ácido hipúrico mesmo sem ter entrado ainda na sua fase de crescimento exponencial (Calhau, 1992). É de referir que a pequena variação verificada ao longo do período de armagenagem permite considerar que a idade do iogurte não deva ser um dos factores a ter em conta para o estabelecimento de limites desta substância como metabolito da fermentação. Tabela 1 Comparação de médias entre iogurtes de leite de vaca e iogurtes de leite de cabra, determinadas a partir dos valores máximos obtidos durante o período considerado, para cada fabrico Conclusões Os níveis de ácido benzóico atingidos para os iogurtes de leite de cabra são muito mais elevados que os teores verificados para iogurte de leite de vaca. No entanto, como as amostras foram circunscritas a uma só exploração não se pode fazer nenhuma inferência genérica para este tipo de produto sem que se determine a ocorrência de ácido benzóico em iogurtes de leites de cabra de outras proveniências. Considera-se que o eventual estabelecimento de limites para a presença natural do ácido benzóico como metabolismo de fermentação em iogurte prende-se essencialmente com as características da matéria prima. No entanto, os valores encontrados neste trabalho, para o iogurte de leite de vaca podem ser já um indicador dado tratarse de iogurtes fabricados com leite de grande mistura. Bibliografia CALHAU, L. (1992) Ocorrência natural do ácido benzóico como metabolito de fermentação em iogurte. Tese apresentada para passagem à categoria de assistente de investigação. FIL-IDF 139 (1987) Milk, dried milk, yogurt and other fermented milks. Determination of benzoic and sorbic acid content. GATTLEY, S. J.; SHERRATT, H. S. (1977) The synthesis of hippurate from benzoate and glycine by liver mitochondria, Biochemical Journal, 166, 39-47. ESB UCP 518 Aplication of the method of solid-phase microextraction (SPME) in the monitorization of volatile compounds profiles during ripening of “Terrincho” cheese Pinho O.2, Ferreira I. M. P. L. V. O.1, Oliveira M. B. P. P.1 and Ferreira M. A.1 1 2 CEQUP/ Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha, 4050-047 – Porto, Portugal Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto Introduction Solid-phase microextraction (SPME) is a new solventless isolation method that can be used to extract and concentrate a wide range of volatile compounds from various matrices in a single step, this method uses a fused-silica fiber coated on the outside with an appropriate stationary phase. The analyte in sample is directly extracted and concentrated to the fiber coating [1]. The method saves preparation time, is economic and among other applications, has been used to measure the volatile flavor profiles of foods and beverages. Few applications of SPME characterizing cheese volatile compounds are reported [2, 3]. The objective of our work was to study the “Terrincho” cheese volatile profiles during ripening, using a headspace SPME-GC methodology previously optimized by us [4]. Materials and Methods Sampling: Three “Terrincho” cheeses from a batch of cheeses manufactured at a Dairy plant Certified for this cheese were analysed. Samples were finely grounded and homogeneised. Then, 1 g of cheese was mixed with 1 ml of deionized water in 15 ml vials (Supelco Bellefonte, PA, U.S.A.) covered with a PTFE/Silicone septa and homogeneised in a vortex (Heidolph Reax, Germany) for 3 min. Headspace SPME: After mixing, and prior to the analysis, the vials were placed in a heating module (Cole-Parmer International, U.S.A.) set at 60°C during 40 min, in order to establish equilibrium between headspace and sample, prior to SPME headspace sampling. An SPME device equipped with either a fiber assembly coated with polyacrylate (PA)85 mm (Supelco) was used for sampling the cheese volatiles. ESB UCP 519 The SPME fiber was inserted into the sample container through the septum, and then exposed to the headspace for 20 min. Thermal desorption of volatiles adsorbed on the fiber was carried out in the GC injector port for 10 min. Gas Chromatography Analysis: Headspace volatile compounds from cheese were thermally desorbed in the injector port (220°C) in a splitless mode. A Hewlett Packard HP 6890 Model equipped with a flame ionization detector (FID, 250°C) was used. The injector port was equipped with a narrow-bore (0.75 mm i.d.) glass liner (Supelco) to minimize peak broadening. Volatiles were separated using a DB-Wax column (30 m x 0.25 mm x 0.25 mm) of J&W. The column temperature was held at 40°C for 2 min, then increased to 230°C (at 5°C/min), and finally held at 230°C for 10 min, in a total of 50 min [2]. Results and Discussion Changes in levels of volatile compounds during “Terrincho” cheese were monitorized during ripening. Differences in volatile profiles extracted by SPME are shown in Figures 1, 2 and 3, for 5, 12 and 30 days of ripening, respectively. Volatile fatty acids, up to estearic acid were readily extracted from the headspace gases by this method. Figure 1 Headspace SPME – GC chromatogram of “Terrincho” cheese with 5 days of ripening Peak identification: 1 (RT 1.80) – ethanol; 2 (RT 1.86)- acetone; 3 (RT 6.34) – ethyl acetate; 4 (RT 9,78) – acetic acid; 5 (RT 13.73) butanoic acid; 6 (RT 18.47) caproic acid; 7 (RT 20.59) – heptanoic acid; 8 (RT 22.72) – caprylic acid; 9 (RT 24.55) – pelargonic acid; 10 (RT 26.53) - capric acid; 11 (RT 27.63) hendecanoic acid; 12 (RT 29.44) – lauric acid; 13 (RT 29.98) hendecanoic acid. When an ANOVA is performed using volatiles as variables, ripening time and their interaction showed statistical significance in a great number of peaks identified. In most compounds the highest values of peak area were found in cheese with 30 days of ripening (Fig.3), this could be attributed to the high fat content of ewe milk and the extent of lipolysis common during “Terrincho” cheese ripening. Irrespective of ESB UCP 520 ripening time, the most abundant compound in the volatile fraction was caprylic acid, followed closely, in decreasing order of peak area, by caproic, capric, butanoic, acetic and hendecenoic acids. By the end of the 30-day ripening period these six acids accounted for ca 90% (peak area basis) of the volatile compouns identified; they might, therefore, contribute significantly to the aroma of “Terrincho” cheese. Figure 2 Headspace SPME – GC chromatogram of “Terrincho” cheese with 12 days of ripening. The numbers correspond to the numbers in Fig. 1 Figure 3 Headspace SPME – GC chromatogram of “Terrincho” cheese with 30 days of ripening. The numbers correspond to the numbers in Fig. 1 References [1] ZANG, Z.; YANG,M.J.; PAWLISZN J. Anal. Chem., 1994, 66, 884 A; [2] CHIN,H.W.; BERNHARD, R.A; ROSENBERG, M. J. Food Sci. 1996, 61, 1118; [3] JAILLAIS B.; BERTRAND V.; AUGER J. Talanta, 1999, 48, 747; [4] PINHO, O.; FERREIRA, I.M.P.L.V.O.; CASAL, S.; FERNANDES, J.O.; OLIVEIRA; FERREIRA, M.A. Chromatographia, 2001, 53 (in press). ESB UCP 521 Caracterização físico - química do queijo de ovelha “Terrincho” Pinho O.1, Sousa A. L.2, Ferreira I. M. P. L. V. O., Oliveira B. e Ferreira M. CEQUP/ Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. Rua Aníbal Cunha, 164,4050-Porto 1 Assistente na Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto. 2 Aluna de Licênciatura da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro O queijo ”Terrincho”, preparado com leite crú de ovelha, coalho de origem animal e com cura natural controlada, é o que adquire maior relevância no Nordeste de Portugal. Unicamente os ovinos da raça Churra da Terra Quente, quando explorados na área de produção definida na lei, têm aptidão para produzir o leite utilizado no fabrico deste queijo. O seu consumo tem vindo a evoluir, nos últimos anos, deixando de ser um produto comercializado essencialmente na região, para ser comercializado a nível nacional, por exemplo, só de 1996 a 1997 a produção passou de 3342 para 6626 (1). Com o objectivo de garantir a Tradição e Qualidade, bem como, contribuir para tipificar as características deste queijo, procedeu-se ao seu estudo físico-químico. Deste modo, avaliou-se o pH, os teores de humidade referida ao queijo isento de matéria gorda (HiMGr), assim como, de matéria gorda (MGrRS), proteínas (PrRS), cloretos (ClRS) e cinzas (CiRS) referidas ao resíduo seco, as metodologias aplicadas foram as descritas nas Normas Portuguesas. Os hidratos de carbono foram determinados por HPLC/RI utilizando um método anteriormente optimizado (2). As amostras de queijo em estudo, devidamente certificadas, foram adquiridas aleatóriamente em supermercados e hipermercados do Grande Porto, no período de Março a Julho de 2000. Os queijos foram transportados para o laboratório em caixa isotérmica (5°C). Uma fina película externa da crosta foi retirada e a pasta homogeneizada em almofariz. Foram analisados 12 lotes, e as análises de cada lote foram realizadas em duplicado. Após tratamento estatístico dos resultados avaliaram-se as oscilações composicionais entre os diferentes lotes e compararam-se os resultados com as características legais estabelecidas na respectiva regulamentação de DOP. A avaliação do pH, realizou-se no centro e na periferia do queijo (a 1cm do bordo) e 5cm de profundidade. Os valores obtidos variam entre 4,93 e 5,85 com um valor médio de 5,26 ± 0,27, e entre 4,77 e 5,52 com um valor médio de 5,15 ± 0,22, respectivamente. Nos Quadros 1 e 2 apresentam-se os resultados obtidos. ESB UCP 522 Quadro 1 Teores médios de Humidade isenta de matéria gorda, Gordura Proteína, Cinzas e Cloretos expressos em % de resíduo seco AMOSTRAS HiMGr MGrRS PrRS CiRS ClRS X ± sd X ± sd X ± sd X ± sd X ± sd 1 42,72 ± 0,55 50,57 ± 0,14 20,93 ± 0,18 4,63 ± 0,04 1,60 ± 0,05 2 44,68 ± 1,11 49,35 ± 0,67 21,53 ± 0,76 4,96 ± 0,01 1,23 ± 0,01 3 51,20 ± 0,37 48,53 ± 0,08 20,45 ± 0,59 4,07 ± 0,02 0,09 ± 0,08 4 59,92 ± 0,86 47,69 ± 1,56 23,96 ± 0,04 4,90 ± 0,02 1,16 ± 0,18 5 47,52 ± 0,17 48,90 ± 0,24 22,65 ± 0,81 4,45 ± 0,01 1,37 ± 0,46 6 36,31 ± 0,36 44,75 ± 0,75 29,17 ± 0,67 4,90 ± 0,01 0,31 ± 0,03 7 55,67 ± 0,81 44,60 ± 1,44 21,12 ± 0,99 4,06 ± 0,03 0,34 ± 0,08 8 57,33 ± 0,55 48,45 ± 0,57 23,86 ± 0,99 4,15 ± 0,01 0,49 ± 0,04 9 57, ± 0,16 50,27 ± 0,28 17,10 ± 0,18 3,97 ± 0,00 0,40 ± 0,08 10 55,44 ± 2,12 47,82 ± 1,78 27,53 ± 0,68 4,23 ± 0,04 0,78 ± 0,07 11 54,76 ± 0,64 48,01 ± 0,86 23,16 ± 0,45 4,20 ± 0,01 1,15 ± 0,19 12 58,04 ± 0,88 45,95 ± 0,13 23,04 ± 0,63 4,60 ± 0,04 1,34 ± 0,00 Os teores de HiMGr variam entre 36,31 ± 0,36 e 59,92 ± 0,86 com um valor médio de 51,16 ± 7,42. O teor de MGrRS variam entre 44,6 ± 1,4 e 50,57 ± 0,14 com um valor médio de 48,08 ± 1,92. De acordo com a legislação a HiMGr deve estar compreendida entre 55-63 % e a MGrRS superior entre 45 E 65 %. Dos 12 lotes analisados 3 apresentavam HiMGr inferiores aos requisitos legais e todos obedecem ao teor em MGrRS. Dos restantes parâmetros analisados os que apresentaram maiores oscilações foram a PrRS e o teor em cloretos. Quadro 2 Teores médios de glucose, lactose e galactose expressos em g/100 g de produto ESB UCP AMOSTRAS Glucose Lactose Galactose X ± sd X ± sd X ± sd n.d 1 1,17 ± 0,29 n.d 2 2,56 ± 0,40 vestígios n.d 3 0,95 ± 0,20 vestígios 1,71 ± 0,59 4 n.d n.d n.d 5 1,11 ± 0,06 n.d 2,04 ± 0,12 6 0.83 ± 0.20 n.d 0,71 ± 0,04 7 1,72 ± 0,02 0,84 0,71 ± 0,00 8 n.d n.d n.d 9 0,80 ± 0,12 n.d n.d 10 1,44 ± 0,06 vestígios n.d 11 1,56 ± 0,38 vestígios n.d 12 1,16 ± 0,07 n.d n.d 523 Em relação às amostras, os valores de glucose variam entre 0 e 2,56 % com um valor médio de 1,33 ± 0,53 os valores de galactose variam entre 0 e 2,04% com um valor médio de 1,29 ±.0,69 e por fim os valores da lactose variam entre 0 e vestígios, só apenas na amostra 7 se conseguiu obter um valor de 0,84 %. Como era de esperar, tratando-se de um produto artesanal não se verificou homogeneidade entre os diferentes lotes. Referências (1) MARTINS, A. P. L. M.,VASCONCELOS M. M. P., ROLO M. (2000), Via Láctea, Nº15, Janeiro, 25-33 (2) PINHO OLÍVIA, et al. (2000) Alimentação Humana, vol.6, nº1 129-135 ESB UCP 524 Caracterizaçao da DOP Queijo Zamorano: evolução do conteúdo de aminoácidos livres durante a maturação Pomar E., Gorostiza A., Tornadijo M. E., Fresno J. M. e González-Prieto J. Dpto. Higiene y Tecnología de Alimentos. Universidad de León. 24071. León (Espanha) A degradação das caseínas do queijo durante a sua maturação, após uma primeira fase caracterizada pela aparição de peptídios de grande e medio tamanho molecular, prossegue sob a acção das proteases e peptidases de origem microbiana liberando no meio peptídios de pequeno tamanho e aminoácidos livres. Estes últimos compostos desempenham um papel importante no aroma do queijo. Por tanto, cada variedade de queijo vai apresentar um perfil característico de aminoácidos livres, os quais vão ser responsáveis de seu flavor específico. O objetivo deste trabalho foi a determinação dos aminoácidos livres mediante HPLC, nas porções superficial e profunda de diversos lotes da Denominação de Origem Protegida (D.O.P.) Queijo Zamorano durante a maturação. Material e métodos Fabricaram-se 4 lotes de queijo por diferentes produtores da província de Zamora (Comunidade de Castilla e León, Espanha) a partir de leite cru de ovelha das raças Churra e Castellana que, uma vez adicionados os starters (1 %), é coagulada a uma temperatura de 30-32°C com coalho animal (20-25 ml de coalho ovino líquido 1/10000). Após 35 minutos, a coalhada é cortada até tamanho de grão de arroz ou milho, seguida de agitação durante 40 minutos e aquecimento da massa até uma temperatura de 36°C. Uma vez que o soro é retirado, a massa é transferida a moldes cilíndricos onde é prensada durante tempo variável (3 a 5 horas). Seguidamente, a coalhada é introduzida na salmoura (18-20° Baumé e Temperatura de 8-10°C) onde permanece de 24-36 horas. Finalmente, os queijos são transferidos a câmaras de maturação onde permanecem a 10-12°C e 85 % de HR durante 6 a 8 meses. Amostras de 1, 7, 15, 30, 60, 120, 180 e 240 dias foram tomadas em diferentes lotes para as análises. Em cada uma das amostras se determinaram, identificaram e quantificaram os aminoácidos livres mediante cromatografía líquida de alta eficácia utilizando um módulo de separação Waters 2690 com um detector UV/VIS Waters 996 ESB UCP 525 Photodiode Array e o um programa informático Millenium 2010 de Waters™ (Milford, MA, EEUU), prévia extração com ácido perclórico e derivatização com fenilisotiocianato das amostras segundo descrevem Alonso et al (1994). A análises realizaram-se utilizando uma columna de fase reversa Symmetry® C18 5 Êm de 4,6 x 250 mm (Waters, Milford, MA, USA). As análises estatísticas realizaram-se mediante análises de variância aplicando o test LSD ao 95 % para a comparação das médias. Resultados Os valores do contéudo em aminoácidos livres nas porções profunda e superficial da D.O.P. Queijo Zamorano durante a maturação são apresentadas nas Figuras 1 e 2, respetivamente. Figura 1 Evolução do conteúdo em aminoácidos livres na porção profunda da Denominação de Origem Queijo Zamorano durante a maturação Figura 2 Evolução do conteúdo em aminoácidos livres na porção superficial da Denominação de Origem Queijo Zamorano durante a maturação ESB UCP 526 Conclusões O conteúdo total de aminoácidos livres incrementava-se significativamente (p<0,05) nas duas porções, sendo mais importante o aumento na porção profunda com valores finais de 3.960,26 mg/100 g de sólidos totais. Estes valores são muito superiores aos descritos por Ibáñez et al (1995) para o queijo Idiazábal e por Innocente (1997) para o queijo Montasio. Na porção superficial, os valores finais foram em 33 % inferiores aos obtidos na porção profunda. O ácido glutâmico, lisina, leucina, asparagina, glutamina e triptofano foram os aminoácidos maioritários em todos os lotes estudados, representando 55,17 % do total de aminoácidos livres no final da maturação. O teor de ácido g-aminobutírico, considerado por alguns autores como índice de qualidade do queijo, aumentava durante a maturação até alcançar valores de 296,18 mg/100 g de sólidos totais na porção profunda. Bibliografía 1 ALONSO, M.L., ALVAREZ, A.I. & ZAPICO, J. 1994. J. Liquid Chromatogr,. 17, 4019-4030. 2 IBÁÑEZ, F.C., TORRES, P. ORDÓÑEZ, A.I. & BARCINA, Y. (1995). Neth. Milk Dairy J., 49, 167-175. 3 INNOCENTE, N. (1997). Lait, 77, 359-369. ESB UCP 527 Avaliação do teor em minerais de queijo de cabra português de Lemos E.1, Figueirinha A.2, Castilho M. C.3, Ramos F. e Silveira M. I.3 1 Departamento das Indústrias Agro-Alimentares, Escola Superior Agrária do Instituto Superior Politécnico de Viseu, Campus Politécnico de Repeses – 3504-510 Viseu, Portugal 2 Departamento de Ambiente - Escola Superior de Tecnologia do Instituto Superior Politécnico de Viseu, Campus Politécnico de Repeses – 3504-510 Viseu, Portugal 3 Laboratório de Bromatologia, Hidrologia e Nutrição -Faculdade de Farmácia- Universidade de Coimbra, - 3000 Coimbra, Portugal Introdução Os produtos alimentares tradicionais obtidos a partir de espécies animais nativas e de acordo com técnicas artesanais possuem um valor intrínseco extremamente elevado. Os queijos de cabra da região beirã assemelham-se aos queijos de pasta mole de crosta “Fleurie”. O leite utilizado para o seu fabrico é o leite de cabra extreme, proveniente de cabra Serrana. A duração do período de cura é variável, resultando queijos com pastas diferentes: frescos, semi-secos, secos e duros apresentando formas diferentes (1). Face à falta de estudos sobre a composição de queijos de cabra curados, afigura-se-nos particularmente interessante a determinação do seu teor em minerais contribuindo deste modo para uma melhor caracterização destes produto que são cada vez mais procurados pelo consumidor. Procedemos à determinação do conteúdo dos seguintes minerais: cálcio, sódio, magnésio, potássio, zinco, ferro, cobre e magnésio, por espectrofotometria de absorção atómica em câmara de grafite. O doseamento do fósforo efectuou-se por espectrofotometria UV/VIS. Material e Métodos As amostras, foram adquiridas directamente a cinco produtores da mesma localidade, após um período de cura de 45 dias. As amostras de queijo a que previamente se retirou a casca, foram moídas em moinhos de facas eléctrico. A digestão das amostras foi feita por via seca em mufla programável permanecendo a amostra a uma temperatura inicial de 100°C durante duas horas, aumentando-a 35°C/h até atingir 450°C. Estas condições foram mantidas durante 12 horas até obtenção de cinzas esbranquiçadas. O resíduo assim obtido foi depois tratado com ácido clorídrico 6 N e ácido nítrico 0,1N. Os elementos, foram determinados por absorção atómica, num Espectrofotómetro de absorção atómica, Perking Elmer Analyst 300, utilizando lâmpadas de cátodo oco correspondentes aos minerais a dosear e chama ar/acetileno (2). ESB UCP 528 O doseamento do fósforo efectuou-se por espectrofotometria UV/Vis a 720 nm, utilizando-se a reacção com o ácido molíbdico em solução ácida e posterior redução pelo sulfato ferroso (3). Para cada um dos parâmetros a análise foi feita em duplicado. Resultados e Discussão As médias obtidas das análises efectuadas estão representadas no Quadro 1. Quadro 1 Determinação do teor médio em minerais e oligoelementos (mg/100g) doseados para os diferentes lotes de queijo MINERAIS (mg/100g) LOTE 1 LOTE2 LOTE 3 LOTE 4 LOTE 5 CÁLCIO (Ca) 117,000 ± 15,400 181,000 ± 18,000 120,000 ± 49,100 69,000 ± 0,100 518,000 ± 81,000 FOSFORO (P) 415,600 ± 2,160 415,400 ± 5,680 417,400 ± 4,880 426,400 ± 6,320 350,000 ± 7,600 SÓDIO (Na) 719,800 ± 161,00 905,500 ± 91,170 1041,000± 109,800 719,00 ± 161,00 627,000 ± 174,4 POTÁSSIO (K) 126,600 ± 10,88 108,000 ± 3,200 121,400 ± 4,880 104,400 ± 11,500 201,600 ± 39,04 MAGNÉSIO (Mg) 21,398 ± 1,242 21,214 ± 1,381 18,966 ± 2,431 21,212 ± 1,136 26,866 ± 4,12 FERRO (Fe) 0,450 ± 0,180 0,440 ± 0,050 0,690 ± 0,250 0,430 ± 0,020 0,670 ± 0,180 COBRE (Cu) 0,093 ± 0,031 0,075 ± 0,009 0,131 ± 0,028 0,187 ± 0,115 0,094 ± 0,012 ZINCO (Zn) 3,000 ± 0,320 3,360 ± 0,352 2,800 ± 0,120 3,640 ± 0,432 4,660 ± 0,904 MANGANÉSIO (Mn) 0,272 ± 0,066 0,386 ± 0,025 0,350 ± 0,068 0,253 ± 0,028 0,486 ± 0,110 O presente quadro mostra bem que os parâmetros tecnológicos que regem a produção deste produto não se encontram devidamente padronizadas observando-se variações entre os diferentes produtores. No entanto, os valores observados assemelham-se aos referidos na bibliografia para os queijos de cabra com teores de humidade entre 3555% de pasta semi-dura (4). As concentrações médias em sódio são muito mais elevadas o que resulta sem dúvida de uma tecnologia empírica utilizada e de um processo de salga arbitrário. Os teores em manganésio são elevados relativamente aos observados na bibliografia (4). O que do ponto de vista nutricional apresenta interesse, dado o papel que este oligoelemento desempenha no metabolismo dos lípidos, dos hidratos de carbono e a nível da transmissão de impulsos nervosos. Os queijos de cabra tradicionais são cada vez mais apreciados sendo o seu valor nutricional influenciado pela composição do leite utilizado como matéria prima, pela tecnologia de produção, condições de maturação e época do ano em que se efectua a produção. A importância atribuída aos minerais, presentes nos alimentos, tem vindo a aumentar devido ao melhor conhecimento do seu papel na regulação dos processos metabólicos. Os estudos epidemiológicos e experimentais mais recentes evidenciam, nomeadamente, o papel protector destes elementos face a várias patologias bem como o reforço das defesas imunitárias e a diminuição da fadiga e de episódios neurodepressivos (5). ESB UCP 529 Com a crescente preocupação dos consumidores com a dieta alimentar, o queijo de cabra apresenta trunfos elevados a serem jogados num futuro próximo e que consistem no facto de este produto se revestir de um valor dietético considerável (6). Agradecimentos Os autores agradecem a colaboração prestada pela Engª Sandra Santos, Engº Miguel Rodrigues, Engª Elsa Figueiredo do Departamento de Ambiente da ESTV, à Joana Marques, aluna do 4ª Ano da Licenciatura em Ciências Farmacêuticas da Univ. de Coimbra e à D. Isabel Loureiro do Laboratório de Bromatologia, Hidrologia e Nutrição da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, pelo auxílio prestado na execução das análises. Referências Bibliográficas (1) BARROS, P. - Saber Ver e Comer o Queijo que Consumimos, Alimentar. Revista Portuguesa de Alimentação, Jul.-Set, 1992, nº 30, pp. 16-18, 70 (2) JORHEM, .L - Determination of metals in foodstuffs by atomic Absortion Spectrometry after Dry Ashing: NMKL Interlaboratory study of lead, cadmium, Zinc Cooper Iron Chromium and Nickel. (1993). Jornal of AOAC, 76 : 798-813 (3) Anónimo. - Phosphorus (total) in cheese and processed cheese products. Photometric.method. In-Official Methods of Analysis of Official Analytical Chemists. Association of Official Analytical Chemists (Ed), 1990, p.34, Avinctar, VI, US (4) HANDS, E. - Nutrients in Food, Lippincott Williams& Wilkins, 1999 (5) REIS, M. F et al.- Trace elements in medecine, health and atherosclerosis, SmithGordon, 1995 (6) BARBOSA, M. - Interesse do leite de cabra para o desenvolvimento de novos produtos. Comunicação apresentada no colóquio da D.G.P. “Problemática da Produção de Ovelha e Cabra” - FILAGRO/86. LNETI, DTIA, Nº63, Comunicações e Conferências - 49, p17 ESB UCP 530 Evolution of free amino acids and soluble nitrogen in “Serra da Estrela” cheese Tavaria F. K., Franco I. and Malcata F. X. Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa, Rua Dr. António Bernardino de Almeida, P-4200-072 Porto, Portugal Introduction The extent of proteolysis during cheese ripening is used as an indicator of cheese flavor development. It is, therefore, of paramount importance to monitor the nitrogen fractions and the free amino acid profile prevailing in the cheese matrix along the maturation process in order to fully understand flavor volatile formation. Serra da Estrela is a Portuguese traditional cheese, produced from raw ewe’s milk according to artisanal protocols, in a rather empirical approach. The result is a dairy product that is very famous for its unique taste and bouquet, but which is quite heterogenous in terms of overall appearance and quality. If improvement of said product quality is to be attained, in-depth knowledge of the various biochemical mechanisms prevailing during cheese ripening is in order. In four batches of Serra da Estrela cheese encompassing 4 dairy farms and 10 ripening periods, the evolution of free amino acids, total nitrogen (TN) and soluble nitrogen (water-soluble nitrogen (WSN), phosphotungstic (PTA)-soluble nitrogen and trichloroacetic acid (TCA)-soluble nitrogen) was dully followed. Methodology The TN content was determined by the micro-Kjeldahl method using a Kjeltec system 1002 distilling unit (Tecator, Höganäs, Sweden). The WSN was obtained via fractionation of the cheese sample with water according to Kuchroo and Fox (1982). The TCASN fraction was prepared by adding 7.5 mL of an aqueous solution of 48 % (w/v) TCA (Merck, Germany) to 22.5 mL of WSE (water-soluble extract); the mixture was allowed to stand for 30 min at room temperature and then filtered through Whatman No. 42 filter paper. The PTASN was prepared by prepared by adding 14 mL of 3.95 M sulfuric acid (Pronalab, Lisbon) and 6 mL of 33.3 % (w/v) PTA to 20 mL of WSE; the mixture was allowed to stand overnight at 4°C and subsequently filtered through Whatman No. 542 filter paper. Aliquots from both fractions were then analysed by the micro-Kjeldahl method. All determinations were made in duplicate. ESB UCP 531 The ripening extension index, represented by the ratio WSN/TN (which is a measure of proteolytic activity), the ripening depth index, represented by the ratio TCASN/TN, and the free amino acid index, represented by the ratio PTASN/TN (which reflects the aminopeptidase activities of the starter bacteria in cheese) were calculated from our experimental data. Free amino acids from cheese were extracted by homogeneizing 5 g of cheese in 50 mL of perchloric acid (0.6N) for 2 min. After centrifugation (1,790 g, for 20 min), the supernatant was filtered through Whatman filter paper No. 54, and its pH was adjusted to 7.1±0.2 by addition of 30 % KOH. Filtrates were kept at refrigeration temperature (4°C) for 20 min, and then were filtered through Millipore filters (0.22 µm) to remove dissolved salts. After derivatization with phenylisotiocyanate, samples were analysed by HPLC. Results and Conclusions Results (see Fig. 1) have shown that the water soluble nitrogen fraction increased along the ripening period, reaching 50 % of the total nitrogen by 180 d. The TCASN/TN fraction represented 15-20 % of the WSN, whereas the PTASN/TN fraction represented ca. 10-15 % of the WSN, hence suggesting that small peptides and free amino acids play a significant role in the ripening of Serra da Estrela cheese. Milk refrigeration prior to cheese manufacture produced statistically significant differences in total nitrogen, but not in the nitrogen content of the other fractions. The factors ripening time and dairy source produced statistically significant differences (p<0.05) for all those variables. g/100 g TN Figure 1 Evolution of the WSN, PTA and TCA in Serra da Estrela cheese along maturation ESB UCP 532 Free amino acids increased in concentration along the ripening period, as reported for other cheeses produced from small ruminants’ milks (e.g. Freitas et al., 1998; Ordónez and Burgos, 1980); glutamic acid, lysine, valine, alanine and leucine were the major ones found at the end of the ripening process (see Fig. 2). The dairy farm where cheeses were produced and the ripening time proved statistically significant (p>0.05) for all amino acids. Cheeses produced from refrigerated milk had smaller amounts of free amino acids (2.093 g/100 g cheese at 180 d) than those produced from non-refrigerated milk (2.332 g/100 g cheese at 180 d); these data are supported by the low values of PTASN; the higher amounts of g-aminobutyric acid (GABA) and the lower amounts of glutamic acid are probably due to decarboxylation of glutamic acid to GABA at lower pH. Figure 2 Evolution of the major free amino acids in Serra da Estrela cheese References KUCHROO C. N. AND P. F. FOX. 1982. Soluble nitrogen in Cheddar cheese: comparison of extraction procedures. Milchwissenchaft 37: 331-335. FREITAS, A. C., J. M. FRESNO, B. PRIETO, I. FRANCO, F. X. MALCATA AND J. CARBALLO. 1998. Influence of milk source and ripening time on free amino acid profile of Picante cheese. Food Control 9: 187-194. ORDÓNEZ, J. A. AND BURGOS, J. 1980. Free amino acids of Manchego cheese ripened in olive oil. Milchwissenchaft ESB UCP 533 Caracterização química de azeites da região de Trás-os-Montes com e sem Denominação de Origem Protegida (DOP) Silva F.1, Torres D.1, Lopes I.1, Pereira J. A.2 e Oliveira M. B. P. P.1 1 CEQUP / Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia; Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha nº 64, 4050-047 Porto 2 Escola Superior Agrária de Bragança, Qta Sta Apolónia, Apartado 172. 5300 Bragança. O despacho n.º 34/94 de 20 de Janeiro reconhece a Denominação de Origem Protegida (DOP) “Azeite de Trás-os-Montes” e surgiu com o objectivo de proteger a denominação de origem e valorizar o azeite de Trás-os-Montes. As cultivares predominantes nesta região e que servem como base dos azeites DOP são a Verdeal Transmontana, a Cobrançosa e a Madural, havendo também outras com alguma expressão, nomeadamente a Santulhana, a Cordovil e a Redondal. O azeite produzido nesta região é considerado de excelente qualidade, facto que se deve não só às características das cultivares usadas, mas também às condições edafoclimáticas. Com o objectivo de caracterizar os azeites de Trás-os-Montes com e sem “DOP” avaliaram-se alguns parâmetros químicos de azeites obtidos na campanha 1999/2000 e cujos resultados se apresentam neste trabalho. Avaliaram-se 20 azeites sendo 5 detentores da designação DOP “Azeite de Trás-osMontes”. Os 15 azeites restantes foram gentilmente cedidos por produtores particulares da região. As amostras foram filtradas por papel de filtro e desidratadas com sulfato de sódio anidro de acordo com a norma portuguesa NP – 896 (1985). Os parâmetros químicos avaliados foram: acidez (NP-903, 1987), Índice de Peróxido (NP-904, 1987), absorvência no Ultravioleta (NP- 970, 1986), resistência à oxidação (aparelho Rancimat Metrohm série 679, 110±2°C, condutividade 200 µS/cm, fluxo de ar de 20L/h e velocidade do papel de 1 cm/h), composição em tocoferóis de acordo com Gama et al. (2000) e composição em ácidos gordos de acordo com Oliveira & Ferreira (1996). O Quadro 1 apresenta os resultados dos parâmetros químicos avaliados nas diferentes amostras. Pela sua análise podemos verificar que os azeites com DOP são os que apresentam de uma forma geral melhores características qualitativas. Relativamente à acidez, os azeites DOP apresentam valores da ordem de 0,4 %. Dos restantes azeites apenas 3 (amostra 4, 9 e 14) apresentam valores semelhantes. No entanto todos as restantes amostras podem classificar-se como “azeite virgem” à excepção da amostra 3. ESB UCP 534 Quadro 1 Valores médios dos parâmetros químicos avaliados em azeites da região de Trás-os-Montes na campanha de 1999/2000 Acidez Índice Absorv. Estabilidade Total de Ácidos gordos Ácidos gordos Ácidos gordos Amostra (g ác. oleico/100g de UV Oxidativa Tocoferóis Saturados Monoinsaturados Polinsaturados de azeite) Peróxido K232 (horas) (mg/kg) (%) (%) (%) DOP 1 0,4 ± 0,02 20 ± 0,7 2,48 9,4 194,8± 6,34 13,8 ± 0,02 77,4 ± 0,03 8,8 ± 0,01 DOP 2 0,4 ± 0,03 11 ± 0,0 2,18 23,6 134,7 ± 0,36 12,2 ± 0,64 79,6 ± 0,54 8,2 ± 0,10 DOP 3 0,4 ± 0,00 17 ± 0,5 2,43 11,9 152,1 ± 3,00 13,6 ± 0,10 78,5 ± 0,17 8,0 ± 0,07 DOP 4 0,3 ± 0,00 18 ± 0,3 2,76 14,0 170,8 ± 8,38 13,8 ± 0,01 77,5 ± 0,01 8,7 ± 0,00 DOP 5 0,3 ± 0,01 14 ± 0,0 2,60 13,3 235,0 ± 0,91 14,9 ± 0,03 75,2 ± 0,04 9,8 ± 0,01 Amostra 1 0,8 ± 0,00 28 ± 0,8 2,31 10,0 80,8 ± 0,17 14,0 ± 0,05 79,9 ± 0,05 Amostra 2 0,5 ± 0,01 36 ± 0,4 2,87 5,3 85,3 ± 1,50 14,6 ± 0,09 78,0 ± 0,14 7,3 ± 0,05 Amostra 3 1,7 ± 0,01 27 ± 1,5 2,75 5,1 106,4 ± 4,18 14,5 ± 0,01 77,9 ± 0,01 7,6 ± 0,00 Amostra 4 0,4 ± 0,01 13 ± 0,2 1,77 23,5 117,6 ± 0,401 12,6 ± 0,02 83,0 ± 0,02 4,3 ± 0,01 Amostra 5 1,3 ± 0,01 22 ± 0,1 2,84 8,6 116,2 ± 2,32 14,0 ± 0,03 79,7 ± 0,25 6,4 ± 0,22 Amostra 6 0,7 ± 0,00 25 ± 0,6 2,56 7,1 110,2 ± 1,72 13,1 ± 0,04 81,6 ± 0,10 5,4 ± 0,06 Amostra 7 0,6 ± 0,02 20 ± 0,4 2,50 9,8 95,2 ±1,10 13,4 ± 0,13 82,3 ± 0,34 4,3 ± 0,21 Amostra 8 1,0 ± 0,00 26 ± 0,4 2,14 8,1 88,1 ± 0,20 13,5 ± 0,00 82,4 ± 0,01 4,1 ± 0,01 Amostra 9 0,4 ± 0,00 29 ± 0,2 2,85 9,5 145,7 ± 0,42 13,6 ± 0,02 83,3 ± 0,01 3,1 ± 0,01 Amostra 10 0,8 ± 0,01 31 ± 1,5 2,80 Amostra 11 1,0 ± 0,02 22 ± 0,9 2,33 9,1 88,5 ± 1,88 13,4 ± 0,12 82,6 ± 0,44 4,0 ± 0,31 Amostra 12 0,6 ± 0,03 19 ± 0,9 1,86 18,2 204,8 ± 3,70 13,2 ± 0,04 78,0 ± 0,05 8,9 ± 0,02 Amostra 13 1,0 ± 0,02 26 ± 1,4 3,68 5,2 124,6 ± 0,89 14,9 ± 0,07 75,3 ± 0,08 9,7 ± 0,03 Amostra 14 0,4 ± 0,01 21 ± 0,5 2,66 7,2 70,1 ± 0,89 13,6 ± 0,03 83,1 ± 0,05 3,4 ± 0,01 Amostra 15 1,3 ± 0,00 21 ± 0,9 3,55 6,6 137,5 ± 1,76 14,2 ± 0,00 78,6 ± 0,03 7,2 ± 0,03 7,6 95,1 ± 1,25 13,6 ±0,01 81,7 ± 0,03 6,1 ± 0,00 5,2 ± 0,02 Ácidos gordos Saturados = ∑(C14 + C15 + C16 + C17 + C18 + C20 + C22 + C24) Ácidos gordos Monoinsaturados = ∑(C16:1t + C16:1c + C17:1 + C18:1t + C18:1c + C20:1) Ácidos gordos Polinsaturados = ∑(C18:2ct + C18:2cc + C18:3c) Os índices de Peróxido nas amostras DOP variam entre 11 e 20, valores que ultrapassam o máximo permitido. Das 15 amostras sem DOP apenas as amostras 4, 7 e 12 têm valores inferiores ao máximo legislado e que é de 20. A análise do perfil em tocoferóis e ácidos gordos evidenciou que estes azeites se encontram dentro dos parâmetros normais para os azeites da região em causa, podendo mesmo através da composição em ácidos gordos determinar a cultivar de origem do azeite. ESB UCP 535 Referências Bibliográficas GAMA, P.; CASAL, S.; OLIVEIRA, B. & FERREIRA, M., 2000. Development of an HPLC/diodoarray/fluorimetric detector method for monitoring tocopherols and tocotrienols in edible oils. J. Liq. Chromat. & Rel. Tech. 23 (19),3011-3022 NORMA PORTUGUESA (NP) 896, 1986. Gorduras e óleos comestíveis. Preparação da amostra. NORMA PORTUGUESA (NP) 903, 1987. Gorduras e óleos comestíveis. Determinação do índice de acidez e da acidez. Método titrimétrico. NORMA PORTUGUESA (NP) 904, 1987. Gorduras e óleos comestíveis. Determinação do índice de peróxido. NORMA PORTUGUESA (NP) 970, 1986. Gorduras e óleos comestíveis. Absorvências no Ultravioleta. OLIVEIRA, M.B. & FERREIRA, M.A., 1996. Capillary gas chromatographic evaluation of trans – fatty acid content of food produced under traditional conditions of semiindustrial frying. J. High Res. Cromat., 19 (3): 180-182. REGULAMENTO CEE 2568/91 da Comissão de 11 de Julho de 1991, relativo às características dos azeites e dos óleos de bagaço de azeitona, bem como aos métodos de análise relacionados. DESPACHO 34/94 de 20 de Janeiro ESB UCP 536 Azeites elementares de cultivares de Trás-os-Montes e Alto Douro: contribuição para a caracterização química Silva S.1, D. Marques D.2, Gomes M.L.1,3, Leitão F.4 e Vilas-Boas L.1,5 1 Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, Apt. 127, 2784-505 Oeiras D.R.A.T.M., Quinta do Valongo, 5370 Mirandela 3 Faculdade de Farmácia de Lisboa, Av. Forças Armadas, 1649-019 Lisboa 4 Estação Agronómica Nacional, Qta. do Marquês, 2784-505 Oeiras 5 Instituto Superior Técnico, Av. Rovisco Pais 1049-001 Lisboa 2 Introdução Este estudo incidiu sobre azeites elementares de dez cultivares de Olea europaea L. de elevado interesse económico na região de Trás-os-Montes e Alto Douro [1]. Estudou-se a composição química destes azeites por técnicas cromatográficas. Os perfis cromatográficos das várias amostras são comparados com os obtidos a partir de amostras comerciais de azeites a fim de procurar compostos que possam ser significativos do ponto de vista sensorial e de qualidade destes produtos. Materiais e Métodos O material em estudo provém de cultivares de Olea europaea L. seleccionadas (originárias do distrito de Bragança, concelhos de Bragança, Mirandela e Vila Flôr): ‘Bical’ (Bic), ‘Borrenta’ (Bor), ‘Cobrançosa’ (Cob), ‘Coimbreira’ (Coim), ‘Lentisca’ (Len), ‘Madural’ (Mad), ‘Negrinha’ (Neg), ‘Redondal’ (Red), ‘Santulhana’ (San) e ‘Verdeal Transmontana’ (Ver). Foram colhidas azeitonas em fase de plena maturação e preparados azeites elementares usando um mini-lagar de laboratório ‘Abencor’.Para comparação, foram analisadas amostras de 4 azeites comerciais (Alf, Gal, Olid e SRos). Os compostos voláteis foram analisados usando preparação de amostras por microextracção em fase sólida e utilizando um cromatógrafo de fase gasosa com detecção por espectrometria de massa (GC/MS). Foram experimentados diversos revestimentos de fibras para micro-extracção e ajustaram-se as condições adequadas de temperatura e tempo de exposição da fibra seleccionada. Utilizando cromatografia de fase líquida com detector de díodos, foram analisados compostos não voláteis (compostos fenólicos) após técnica de extracção com metanol:água [2]. ESB UCP 537 Resultados e discussão As amostras de azeites foram analisadas por cromatografia (GC e HPLC) e os perfis cromatográficos resultantes apresentam grande diversidade, como exemplificado para dois dos azeites, na Figura 1. No entanto, essa diferença é sobretudo quantitativa pois foi verificada semelhança qualitativa para elevado número de compostos. a Figura 1 Perfis cromatográficos de 2 azeites elementares a) – Análise por GC, b) - Análise por HPLC b Na análise por GC, na totalidade das amostras, foram separados cerca de 70 compostos e identificados com espectros do arquivo da biblioteca do aparelho. Uma vez que o número dos resultados obtidos para os diferentes parâmetros é muito elevado, recorreu-se à análise de componentes principais (NTSYS) o que permitiu visualizar o agrupamento das amostras. Na Figura 2 é representada a projecção das 14 amostras de azeites em estudo analisadas por GC e HPLC, no espaço das três primeiras componentes principais. ESB UCP 538 Verifica-se que a amostra do azeite Santulhana é a que mais se destaca de todo o conjunto; nas análises cromatográficas, tanto em GC como em HPLC, corresponde à amostra que revelou maior número de componentes e em quantidades bastante elevadas, diferenciando-se das restantes. As amostras de azeites comerciais surgem agrupadas e muito próximas entre si, não se afastando das amostras dos azeites elementares. Os resultados sugerem que os métodos analíticos ensaiados darão um bom contributo para a caracterização química dos azeites, sendo interessante o relacionamento destes resultados com dados de análise sensorial presentemente em curso. Figura 2 Projecção das 14 amostras de azeites (indicadas pelas abreviaturas) analisadas por GC e HPLC, no espaço das três primeiras componentes principais Agradecimento Este trabalho decorre no âmbito do projecto de investigação PIDDAC/INIA 153/00. Referências 1 SANTOS, M.; MARQUES, D.; LEITÃO, F.; SERRANO, M. C. E LOPES, J. Descrição das cultivares dominantes de Olea europaea L. na região de Trás-os Montes e Alto Douro, II Simpósio Nacional de Olivicultura, Évora, Março 2000 (submetido para publicação na Revista de Ciências Agrárias) 2 CONSTANTE, E. G.; RONCERO, A. V. Estudio de los componentes de oliva por cromatografia líquida de alta eficacia (HPLC) Cromatografia en fase inversa. Grasas e Aceites, vol. 31, 4, 1980 ESB UCP 539 Autenticidade de mostos e discriminação de material vegetativo de Vitis vinifera pela análise de polimorfismos de ADN microssatélite Faria M. A.1, Ferreira-Monteiro F.2,3 e Ferreira M. A.1 1 CEQUP/Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia do Porto, Rua Aníbal Cunha, 164, 4050-047 Porto Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, Universidade do Porto, Largo Prof. Abel Salazar 2, 4000 Porto 3 Instituto Português de Viticultura e Enologia, R. Eng.º Frederico Ulrich 2650, 4470-605 Maia 2 Introdução De acordo com o Catálogo Internacional de Variedades de Videira (Information System for Genetc Resources, Bona, Alemanha) o património mundial de Vitis spp constante da sua base de dados é composto por cerca de 16000 variedades. Tendo em conta esta enorme diversidade e os não pouco frequentes casos de sinonímia a dificuldade de um trabalho de caracterização e catalogação de castas são evidentes. Com o propósito de encontrar um método objectivo de discriminação e caracterização de castas de videira vários grupos de investigação a nível mundial reúnem esforços com o objectivo de desenvolver metodologias eficientes. Assim, estão já descritos múltiplos marcadores moleculares e técnicas para a detecção de polimorfismos em plantas (e.g. RFLP - Restriction Fragment Lenght Polymorphism, RAPD - Random Amplified Polymorphic DNA, AFLP - Amplified Fragment Lenght Polymorphism). No entanto, os microssatélites ou SSRs - Simple Sequence Repeats - (segmentos de sequências repetitivas de ADN de 2, 3 ou 4 pares de bases), sendo aqueles que apresentam maior polimorfismo e precisão são os marcadores seleccionados quando se pretende a discriminação efectiva de variedades. Usando este tipo de metodologia, este trabalho consistiu na análise das cinco variedades de Vitis vinifera de maior importância na produção de Vinho do Porto: Tinta Roriz, Tinto Cão, Touriga Francesa, Touriga Nacional e Tinta Barroca. A discriminação e caracterização genética destas variedades através de extractos de folhas jovens constituíu a primeira fase deste trabalho (Fig. 1). A segunda fase assentou na determinação da constituição varietal de mostos, particularmente importante na autenticação de mostos monovarietais. As amostras usadas correspondem às misturas de 2, 3, 4 e 5 das variedades estudadas (Fig. 2). Numa terceira fase pretendeu-se determinar a percentagem relativa de cada uma das castas constituintes de um mosto. Para tal foi efectuada a determinação das densidades relativas de cada uma das bandas de ADN microssatélite amplificado, após electroforese num gel de poliacrilamida, de alta resolução, a 6 % (Fig. 3). ESB UCP 540 Material e métodos Mostos e folhas das variedades em estudo foram obtidos da colecção mantida no Centro de Estudos Vitivinícolas da Régua. As folhas jovens foram colhidas e imediatamente armazenadas em tubos de 12 ml contendo gel de sílica com indicador de humidade. Os mostos foram obtidos das mesmas plantas que as folhas e armazenados em recipientes plásticos à temperatura de -20°C. As misturas de mostos foram preparadas laboratorialmente em volumes de 100 ml. Extracção de ADN. Aproximadamente 15 mg de tecido vegetal desidratado foi triturado juntamente com 36 mg de Polivinilpirrolidona (PM médio = 40000). O pó resultante foi transferido para microtubos de 2 ml contendo 600 µl de tampão de extracção (2 % CTAB, 1,4 M NaCl, 10 mM Tris-HCl pH=8, 20 mM EDTA, 2 % b-mercaptoetanol). Seguiu-se uma incubação em banho de água a 65°C durante 60 minutos. Um volume de solução de clorofórmio/álcool isoamílico (24:1) foi adicionado a cada tubo e após 5 min. de agitação suave seguida de centrifugação a 1200g o sobrenadante foi transferido para um novo microtubo e extraído novamente com 600 µl de solução clorofórmica. A fase aquosa resultante foi adicionada de 0,7 volumes de isopropanol e os tubos colocados a -20°C overnight. Após centrifugação a 12000g durante 15 minutos os tubos foram refrigerados, a fase líquida rejeitada e o sobrenadante dissolvido em 300 µl de tampão TE (10 mM TrisHCl pH=8, 1 mM EDTA). Cento e cinquenta microlitros de NaCl 5M foram adicionados e após homogeneização, dois volumes de etanol absoluto a -20°C. Seguiu-se nova centrifugação a 12000g por 15 minutos, após a qual a fase líquida foi rejeitada e o precipitado redissolvido em 50 µl de tampão TE 1:10. Os extracções de ADN de mostos seguiram basicamente o mesmo protocolo com a excepção de uma centrifugação inicial para recolha do material celular. A qualidade do ADN extraído foi verificada em gel de agarose a 0,8 % contendo brometo de etídio. Amplificação. Os loci amplificados foram VVMD5, VVMD6, VVMD7 e VVS2 segundo protocolos descritos na literatura(1). Todas as amplificações foram executadas num termociclador da marca MJ Research em volumes de 20 µl, usando 1 unidade de Taq Polimerase. ESB UCP 541 Análise de fragmentos amplificados. A cada microtubo foi adicionado 1 volume de solução desnaturante corada (95 % formamida, 0.5 % azul de bromofenol, 0.5 % xilenocianol). Três a seis microlitros desta mistura foram analisados num gel de sequenciação de 38,5 cm (6 % acrilamida, 7.5 M ureia, em TBE). Após electroforese o gel foi revelado com base num protocolo clássico de coloração pela prata. Análise da imagem dos géis. Depois de completamente secos os géis foram digitalizados em alta resolução e as respectivas imagens tratadas com o software Kodak Digital Science 1D. Resultados Figura 1 Caracterização genética das 5 variedades estudadas para os 4 SSR loci amplificados. Os vários alelos de cada locus são expressos pelas letras A, B, C, D de E Figura 2 Gel de poliacrilamida dos produtos de amplificação no locus VVMD6 de extractos de ADN de mostos contendo misturas de castas Caixa da esquerda: amplificação de extractos de folhas das castas indicadas. Caixa da direita: amplificação de extractos de mostos monovarietais das castas correspondentes aos extractos de folhas. A numeração 1 a 26 indica misturas equitativas de mostos: NF, NR, NC, NB, FR, FC, FB, RC, RB, CB, NFR, NFC, NFB, NRC, NRB, NCB, FRC, FRB, FCB, RCB, NFRC, NFRB, NFCB, NRCB, FRCB, NFRCB. R: Tinta Roriz, C: Tinto Cão, F: Touriga Francesa, N: Touriga Nacional, B: Tinta Barroca ESB UCP 542 Figura 3 Exemplo de um densitograma obtido pela análise da amostra RC1 correspondente às áreas indicadas na tabela Tabela 1 Dados obtidos depois de digitalização e análise de um gel de poliacrilamida das seguintes misturas de castas: RC1 (Tinta Roriz 10 %, Tinto Cão 90%), RC2 (Tinta Roriz 15 %, Tinto Cão 85%), RC3 (Tinta Roriz 25 %, Tinto Cão 75%), RC4 (Tinta Roriz 50 %, Tinto Cão 50%), RC5 (Tinta Roriz 75 %, Tinto Cão 25%), RC6 (Tinta Roriz 85 %, Tinto Cão 15%) RC7 (Tinta Roriz 90 %, Tinto Cão 10%) ESB UCP Castas/Misturas RC1 RC2 RC3 RC4 RC5 RC6 RC7 Área Alelo C1 55220 121451 95990 16038 24235 11471 12524 Área Alelo R1 3886 12208 18532 17650 37265 35581 14073 Área Alelo C2 59670 96621 89796 37016 21083 7794 23950 Área Alelo R2 9305 28258 43713 31326 36715 11309 32846 % Tinta Roriz 10,3 15,7 25,10 48,00 62,01 70,88 56,26 % Tinto Cão 89,7 84,3 74,90 52,00 37,99 29,12 43,74 Resultados (no quadro, com fundo a negro) que indicam uma boa correspondência entre a percentagem esperada (mistura de mostos executada no laboratório) e a obtida após análise do gel. Os restantes valores, amostras RC5, RC6, e RC7, não evidenciam nenhuma correspondência entre a percentagem esperada e a obtida. De notar que, nestas amostras, a casta predominante é a Tinto Cão e nas restantes amostras a predominante é a Tinta Roriz. Provavelmente os extractos com Tinta Roriz em maior quantidade contêm substâncias inibidoras da amplificação que evitam a saturação da reacção em cadeia da polimerase (neste caso não se atinge o plateau máximo de produtos amplificados e a amplificação decorre linearmente para alelos mais e menos frequentes). Uma provável melhoria de resultados será obtida através da limitação do número de ciclos da reacção em cadeia da polimerase. 543 Referências (1) FARIA, M. A., MAGALHÃES, R., FERREIRA, M. A., MEREDITH, C. P., MONTEIRO, F. F., Vitis vinifera Must Varietal Authentication Using Microsatellie Analysis (SSR), Am. J. Agric. Food Chem., 48 (2000) 1096-1100 Agradecimentos Sub-programa Ciência e Tecnologia do 2º Quadro Comunitário de Apoio. BD 9533/96. ESB UCP 544 Acidificação e desacidificação química de vinhos tintos da casta Touriga Nacional (Vitis vinifera L.): influência sobre as características físico-químicas e sensoriais Jordão A. M. e Correia A. C. Escola Superior Agrária de Viseu, Departamento das Indústrias Agro-Alimentares (Secção de Ciência e Tecnologia dos Alimentos), Campus Politécnico, Repeses, 3504 - 504 Viseu, Portugal Introdução Tendo por objectivo tornar os vinhos produzidos mais equilibrados, não só do ponto de vista sensorial, como ao nível da estabilidade e durabilidade dos mesmos, podemos (dentro de certos limites) utilizar vários produtos enológicos, que nos permitem realizar diferentes correcções de acidez: a acidificação e a desacidificação. A acidificação, é uma prática comum em países de clima quente, entre os quais Portugal, sendo o ácido tartárico o produto mais utilizado, quer em mostos, quer em vinhos. Este, permite um decréscimo significativo do pH, além de ser microbiologicamente estável [1;2]. O ácido cítrico, que apesar da regulamentação comunitária não o considerar como acidificante, é também utilizado como tal. No entanto, existem outras possibilidades, nomeadamente a utilização de resinas permutadoras de catiões [3]. Na desacidifacção química, os produtos mais utilizados são: o carbonato de cálcio, o hidrogenocarbonato de potássio e o tartarato neutro de potássio. Em Portugal, é na região dos Vinhos Verdes que esta prática é mais usual, sendo pouco utilizada noutras regiões do país, excepto em situações de má maturação das uvas decorrentes por exemplo de condições climatéricas desfavoráveis. Material e Métodos Com o objectivo de avaliar a influência da operação de acidificação e desacidificação química (tipo e dose) nas características físico-químicas e sensoriais de vinhos tintos, foi utilizado um vinho elaborado a partir da casta tinta Touriga Nacional, tendo este sido dividido em várias amostras (20 litros, cada), por forma a serem efectuados os ensaios de acidificação (ácido tartárico, ácido cítrico e sulfato de cálcio) e de desacidificação química (carbonato de cálcio, carbonato de potássio e hidrogenocarbonato de potássio). Após a adição dos produtos, as amostras foram agitadas por forma a facilitar a sua dissolução e homogeneização. Decorridos 10 dias, cada amostra foi filtrada e sujeita a um conjunto de determinações físico-químicas, realizadas em ESB UCP 545 duplicado. Procedeu-se ainda a uma análise sensorial dos vinhos sujeitos aos vários ensaios, tendo os resultados obtidos sido analisados recorrendo-se à análise em componentes principais, através da utilização do programa STATISTICA (versão 5.0). Apresentação e Discussão dos Resultados Nos Quadros 1 e 2, são apresentados os valores obtidos relativamente ao efeito dos vários produtos utilizados sobre os valores de pH e acidez total. Assim, pela observação do Quadro 1, é possível constatar maiores decréscimos dos valores de pH nos vinhos em que se utilizou o ácido tartárico (1,0 g/l) e o ácido cítrico (1,0 g/l) como acidificantes, relativamente ao vinho testemunha. Este decréscimo nos valores de pH foi mais acentuado, quanto maior a dose destes acidificantes utilizada. Esta tendência foi também observada ao nível da variação dos valores da acidez total. Vinho Testemunha Sulfato de Sulfato de Ac. cítrico Ac. cítrico Ac. tartárico Ac. tartárico (0,5 g/l) (1,0 g/l) (0,5 g/l) (1,0 g/l) cálcio (0,5 g/l) cálcio (1,0g/l) pH 3,47 3,42 3,41 3,4 3,35 3,35 3,31 Acidez total 6,1 6,1 6,2 6,45 7,30 6,1 7,0 Quadro 1 Valores médios do pH e da acidez total obtidos, nos ensaios de acidificação química (g/l ac. tartárico) No que diz respeito aos valores obtidos nos ensaios de desacidificação (Quadro 2), podemos verificar que foram os vinhos tratados com carbonato de potássio (1,0 g/l) e carbonato de cálcio (1,0 g/l) os que evidenciaram maiores acréscimos de pH, relativamente ao valor do vinho testemunha, enquanto que o tratamento com hidrogenocarbonato de potássio foi o que menos influência teve na variação do pH. Estes resultados são similares aos obtidos por Cabral et al. [4], na desacidificação química de vinhos brancos das castas Arinto e Esgana-Cão da região de Bucelas. Relativamente à acidez total, a tendência observada foi similar ao observado para o pH. Vinho Carbonato Carbonato Carbonato Carbonato Testemunha de cálcio de cálcio de potássio de potássio (0,5 g/l) (1,0 g/l) (0,5 g/l) (1,0 g/l) Hidrogenocarbonato Hidrogenocarbonato de potássio de potássio (0,5 g/l) (1,0 g/l) pH 3,47 3,63 3,80 3,63 3,81 3,49 3,50 Ac.idez total 6,1 5,30 4,59 5,70 5,70 6,04 6,05 Quadro 2 Valores médios do pH e da acidez total obtidos, nos ensaios de desacidificação química (g/l ac. tartárico) Relativamente à incidência da aplicação dos vários tratamentos (produtos e doses) sobre a composição mineral e em ácidos orgânicos dos vinhos (Quadro 3), os resultados obtidos apontaram para um aumento dos teores em sulfatos e potássio nas situações em que estes elementos faziam parte da composição dos produtos utilizados. ESB UCP 546 Quadro 3 Valores médios obtidos (ácidos orgânicos e composição mineral) nos ensaios de acidificação e desacidificação química Ac. Ac. Ac. tartárico cítrico acético Cobre Sulfatos Cloretos Sódio Magnésio Potássio Cálcio Cinzas (g/l) (g/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (mg/l) (g/l) Vinho Testemunha 1,57 0,17 197 0,20 749,6 56,5 12,7 93,6 710 73,2 2,8 Sulfato de cálcio (0,5 g/l) 1,55 0,18 195 0,20 1338,6 63,4 13,1 93,5 715 172,2 2,9 Sulfato de cálcio (1,0g/l) 1,52 0,17 197 0,20 1776,4 63,0 14,4 94,4 716 248,2 3,2 Ac. cítrico (0,5 g/l) 1,53 0,60 194 0,20 812,1 61,5 13,4 93,4 709 74,3 3,2 Ac. cítrico (1,0 g/l) 1,45 1,03 195 0,20 854,2 63,2 11,9 94,7 707 77,7 2,7 Ac. tartárico (0,5 g/l) 1,88 0,17 193 0,21 774,8 69,0 15,5 95,0 713 79,8 2,9 Ac. tartárico (1,0 g/l) 2,10 0,18 194 0,21 755,9 75,5 13,3 93,5 716 74,7 3,2 Carbonato de cálcio (0,5 g/l) 1,40 0,18 191 0,21 780,4 64,0 12,6 94,6 713 183,5 3,0 Carbonato de cálcio (1,0 g/l) 1.05 0,18 185 0,19 938,2 62,6 11,9 92,7 716 193,5 2,9 Carbonato de potássio (0,5 g/l) 1,51 0,17 194 0,21 764,0 64,2 12,7 93,4 1000 79,2 2,9 Carbonato de potássio (1,0 g/l) 1,57 0,17 193 0,21 788,0 64,1 13,1 95,0 1193 73,7 3,7 Hidrogenocarbonato de potássio (0,5 g/l) 1,53 0,18 194 0,20 1021,1 63,5 11,8 93,7 950 78,3 2,9 De salientar ainda, que não ocorreram diferenças dignas de realce nos teores em ácidos orgânicos, exceptuando no caso em que o acidificante utilizado correspondia ao próprio elemento quantificado (casos do ácido cítrico e tartárico). Os resultados da análise sensorial obtidos, foram submetidos a uma análise em componentes principais. O 1º e 2º eixos descrevem apenas 53 % da variação total. O eixo 1 é descrito principalmente pelas variáveis relacionadas com o aroma e o gosto (Figura 1 - A), estando estas correlacionadas entre si, enquanto que o eixo 2 é definido essencialmente pela intensidade da cor. No que diz respeito aos vinhos projectados no plano definido pelas duas componentes principais (Figura 2 - A), verificou-se, no geral, que ao nível dos ensaios de desacidificação ocorreu uma melhoria dos vinhos em relação à testemunha ao nível do gosto e do aroma, tendo esta melhoria sido em função da concentração de desacidificante utilizado. Figura 1 Projecção das variáveis no plano definido pelos componentes principais (figura 1 - A), assim como pela projecção das amostras de vinho (figura 1 - B) no plano definido pelos eixos 1 e 2 TC- tonalidade da cor; L- limpidez; ICIntensidade da cor; FA- finura do aroma; PApureza do aroma; INTA- intensidade do aroma; HA- harmonia do aroma; PG- pureza do gosto; IGintensidade do gosto; C- corpo; HG- harmonia do sabor; PG- persistência do gosto; UG- último gosto. ESB UCP T- vinho testemunha; AT-ac. tartárico (0,5 g/l); AT1- ac. tartárico (1,0 g/l); SC- sulfato de cálcio (0,5 g/l); SC1- sulfato de cálcio (1,0 g/l); AC- ac. cítrico (0,5 g/l); AC1- ac. cítrico (1,0 g/l); CCcarbonato de cálcio (0,5 g/l); CC1- carbonato de cálcio (1,0 g/l); CP- carbonato de potássio (0,5 g/l); CP1- carbonato de potássio (1,0 g/l); HPHidrogenocarbonato de potássio (0,5 g/l); HP1Hidrogenocarbonato de potássio (1,0 g/l). 547 Bibliografia [1] JACKSON, R.S. (1994) - Wine Science. Principles and applications. Academic Press. 278-280. [2] DELFINI, C.; BOSIA, P.; MARTELLA, M.; PAGLIARA, A.; GAIA, P.; AMBRÒ, S.; MORIONDO, G.; PRAZ, G. (2000) - Experiments of acidification of musts and wines with DL-malic acid, DL-lactic acid and (+)-tartaric acid. Procedings of XXVème Congrès Mondial de la Vigne et du Vin, France. pp: 135-142. [3] HERNÁNDEZ, P. E MÍNGUEZ, S. (1997) - Uso de resinas de intercâmbio iónico em Enologia. Revue Francaise d’Oenologie. Nº102, pp: 32-35. [4] CABRAL, B. (1997) - Estudo de desacidificação química em vinhos brancos de Bucelas das castas Arinto e Esgana-Cão. Avaliação interlaboratorial do método de doseamento por HPLC dos principais ácidos orgânicos dos vinhos. Relatório de Fim de Curso de Engenharia Agro-Indústrial, ISA - UTL. ESB UCP 548 O papel dos compostos terpénicos e alcoóis aromáticos nas características de aroma das castas brancas Maria Gomes e Bical da Região Demarcada da Bairrada Rocha S.1, Coutinho P.1, Barros A.1, Cardoso A.2, Delgadillo I.1 e Coimbra M. A.1 1 2 Departamento de Química, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro Estação Vitivinícola da Bairrada, Apartado 7, 3781 Anadia Codex Introdução Maria Gomes e Bical são as designações das principais castas brancas da Região Demarcada da Bairrada, as quais representam, respectivamente, 80 e 15 %, da produção. A melhoria das condições de competitividade dos vinhos brancos desta região passa pela avaliação das potencialidades aromáticas destas castas. Os compostos potencialmente responsáveis pelo aroma encontram-se não só na forma livre, volátil e odorante, mas também na forma ligada, não volátil e não odorante (1). O estudo dos compostos voláteis originados a partir de precursores não aromáticos tem vindo a ganhar importância na investigação do aroma dos vinhos (2). Este tipo de estudo ganha relevância para as castas neutras que constituem a maioria das castas portuguesas, entre as quais se incluem a Maria Gomes e a Bical. Com o objectivo de conhecer os compostos responsáveis pelo aroma, foram estudados os componentes voláteis livres (CVL) e os compostos potencialmente voláteis (CPV) dos mostos. Este estudo incidiu sobre os monoterpenóides, compostos associados à tipicidade dos vinhos (1) e os alcoóis aromáticos que, devido ao seu aroma doce e floral, podem ter um papel determinante no aroma de vinhos de castas neutras. Material e Métodos Foram utilizados mostos da colheita de 1998 das castas Maria Gomes e Bical. Os mostos foram tratados com SO2 (60 mg/L), macerados à temperatura ambiente durante 6 h, clarificados por centrifugação, divididos em alíquotas e armazenados a -20°C. Os mostos foram tratados a 100 °C durante 15 min com o objectivo de inactivar as enzimas endógenas e libertar os componentes voláteis livres (1). Seguidamente, adicionou-se um preparado comercial Lallzyme de Lalvin (0.0141 g/250 mL mosto) ao mosto (35°C, 24 h). Este tratamento teve como objectivo estudar os CPV existentes nos mostos. As amostras de mostos, tratadas e não tratadas com enzimas, foram extraídas com diclorometano e analisadas por GC-MS, de acordo com Rocha et al. (3). ESB UCP 549 Discussão e Resultados Foram identificados e quantificados um total de 14 compostos terpénicos e 2 álcoois aromáticos (Tabela I). A casta Maria Gomes apresenta 2,43 mg/L de compostos terpénicos e a casta Bical contém 0,37 mg/L. Em álcoois aromáticos, a casta Bical é mais rica (0,86 mg/L) do que a casta Maria Gomes (0,68 mg/L). Estes resultados mostram que as duas castas apresentam uma composição em termos de compostos terpénicos e álcoois aromáticos bastante distintas. Na casta Maria Gomes, os compostos terpénicos hotrienol e linalol, na forma livre e em potencial (CVL+CPV), ultrapassam o respectivo limite de percepção sensorial: 0,21 e 0,20 mg/L, respectivamente. Este facto explica porque é que a casta Maria Gomes origina vinhos com características frutadas e florais. Na casta Bical, os álcoois benzílico e 2-feniletílico representam 20% de todos os compostos voláteis (3), apresentando os vinhos da casta Bical características de aroma adocicado e floral. Este estudo mostra que as castas brancas Maria Gomes e Bical da Bairrada apresentam potencialidades aromáticas que podem ser exploradas se utilizadas as metodologias de vinificação adequadas. µg/L) Concentraçãoa (µ Composto MGCVL MGCPV trans-óxido de linalol --- 25.7 (7) --- --- cis-óxido de linalol --- 36.2 (4) 16.2 (17) --- BICCVL BICCPV Terpenóides linalol 64.2 (3) 133.0 (9) 6.7 (19) 17.3 (27) hotrienol 56.6 (12) 152.9 (8) 9.9 (10) 20.9 (8) α-terpineol 22.4 (5) 148.6 (3) 3.2 (6) 5.5 (4) E-óxido piranico de linalol 23.9 (5) 23.6 (6) 3.8 (9) 1.6 (8) Z-óxido piranico de linalool 10.1 (3) 13.3 (8) --- --- --- 18.1 (2) --- --- nerol geraniol 53.6 (3) 66.8 (4) --- --- 3,7-dimetilocta-1,5-dien-3,7-diol 621.8 (3) 249.3 (6) 123.4 (4) 41.8 (3) 3,7-dimetilocta-1-en-3,7-diol 94.4 (3) 234.3 (5) --- --- 3,7-dimetilocta-1,7-dien-3,6-diol 23.5 (5) 53.9 (7) --- --- 2,6-dimetilocta-2,7-dien-1,6-diol 95.2 (8) 93.5 (6) 48.8 (8) 55.0 (8) farnesol 35.5 (7) 85.2 (9) 17.0 (6) tr. Sub-total (µg/L) 1101.2 1334.4 229.0 142.1 álcool benzílico 78.0 (3) 142.2 (8) 153.4 (4) 149.7 (6) álcool feniletílico 191.2 (3) 267.8 (5) 298.2 (5) 255.3 (7) Sub-total (µg/L) 289.2 410.0 451.6 405.0 Tabela 1 Compostos voláteis livres (CVL) e compostos potencialmente voláteis (CPV) identificados em extractos de diclorometano de mostos das castas Maria Gomes (MG) e Bical (BIC) Alcoóis Aromáticos a média das réplicas de 6 extracções (coeficiente de variância, %). ESB UCP 550 Agradecimentos Este trabalho teve o suporte financeiro do PAMAF, Projecto 6039. Bibliografia (1) CORDONNIER, R.; BAYONOVE, C. Mise en évidence dans le baie de raisin, variété muscat d´Alexandrie, de monoterpènes liés révélables par une ou plusieurs enzymes du fruit (Highlight, in muscat d’Alexandrie grapes, of bound monoterpens released by one or more fruit enzymes). C. R. Acad. Sc. Paris 1974, 278, 3387-3390. (2) SEFTON, M. A.; FRANCIS, I. L.; WILLIAMS, P. J. The volatile composition of Chardonnay juices: A study by flavor precursor analysis. Am. J. Enol. Vitic. 1993, 44, 359-370. (3) ROCHA, S.; COUTINHO, P.; BARROS, A.; COIMBRA, M. A.; DELGADILLO, I.; DIAS CARDOSO, A. Aroma potential of two Bairrada white grape varieties: Maria Gomes and Bical, J. Agric. Food Chem. 2000, 48, 4802-4807. ESB UCP 551 Grape spirit aroma contribution to the complexity of a single varietal Port-Wine: Tinta Barroca Rogerson F S. S. and de Freitas V. A. P. Centro de Investigação em Química, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre, 687, 4169-007 Porto, Portugal. Introduction Port is a complex aromatic beverage composed of four major groups of volatiles: primary/grape; secondary/yeast fermented; tertiary/extracted during cask ageing; distillation volatiles, originating from the fortification spirit (aguardente). The present study investigates the relative contributions made by the distilled aguardente fraction, and the fermented wine fraction. Methods Two Tinta Barroca Port wines (2000 vintage), were produced from a single batch of fermenting juice, one half was fortified with aguardente (77 % v/v EtOH) and the other half with aqueous ethanol (77 % EtOH). The Ports were quantified for a total of 27 volatiles by either GC-FID or GC-MS. The preparation of volatile extracts (4+4+2mL, 1:1 hexane/diethylether), and component quantification by GC-MS using selected characteristic ions (see Table 1), was as previously reported (de Freitas et al, 1999). The more abundant components were quantified by GC-FID. The relative volatile contributions made by the wine spirit, were calculated from the difference in component levels found in the respective wines fortified with aguardente and aqueous ethanol (blank). Odour units (Table 1) were calculated by dividing component concentrations by sensory threshold limits. Results and Discussion Predominant compounds originating from the aguardente fraction included cis-3hexenol (96 %), ethyllactate (77 %), ethylbutanoate (88 %), ethyloctanoate (70 %), ethyldecanoate (69 %), benzaldehyde (64 %), linalool (95 %), a-terpineol (96 %), pentanoic acid (~100 %), octanoic acid (78 %), decanoic acid (77 %), and dodecanoic acid (~100 %) (Figure 1). Compounds more evenly distributed included isoamylacetate, 2- ESB UCP 552 phenylethylacetate, ethylhexanoate and hexanoic acid, whereas benzyl alcohol (77 %) and 2-phenylethanol (81 %) were principally from the fermented fraction (Figure 1). The aguardente acetal, 1,1,3-triethoxypropane rapidly hydrolysed following juice fortification, resulting in non-detectable wine levels. Table 1 Concentration Levels and Odour Units (O.U.) for Tinta Barroca Port Volatiles Analysis Method Linalool α-Terpineol Isoamylacetate Ethylbutyrate Ethylhexanoate Ethyloctanoate Ethyldecanoate Ethyldodecanoate Diethylsuccinate 2-phenylethylacetate Ethyllactate Ethylhydrocinnamate cis-3-Hexenol Benzyl alcohol 2-Phenylethanol Eugenol 1,3-Dimethoxybenzene Benzaldehyde Acetic acid Isobutyric acid Isopentanoic acid Pentanoic acid Hexanoic acid Octanoic acid Decanoic Acid Dodecanoic Acid 1,1,3-Triethoxypropane GC-MS (93 m/e) GC-MS (93 m/e) GC-MS (70 m/e) GC-MS (117 m/e) GC-FID GC-FID GC-FID GC-FID GC-FID GC-MS (104 m/e) GC-MS (75 m/e) GC-MS (104 m/e) GC-MS (67 m/e) GC-MS (108 m/e) GC-FID GC-MS (164 m/e) GC-MS (138 m/e) GC-MS (105 m/e) GC-MS (60 m/e) GC-MS (88 m/e) GC-MS (87 m/e) GC-MS (60 m/e) GC-MS (60 m/e) GC-MS (101 m/e) GC-MS (129 m/e) GC-MS (129 m/e) GC-MS (103 m/e) Sensory Threshold Level µg/L 100 a 460 a 30 b 20 b 500 c 1000 c 2000 c 3500 d 75 mg/L c 250 b 14 mg/L e 1.9 f 400 b 900 mg/L d 10 mg/L b 5.0 b 62 g 2000 d 200 mg/L b 200 mg/L b 1500 d 8000 d 3 mg/L b 3 mg/L e 10 mg/L e 10 mg/L e “Blank” Port (Ethanol Fortified) µg/L O.U. 3.9 0.039 1.7 0.004 235 7.83 64 3.2 249 0.50 339 0.34 350 0.18 145 0.04 0.85 mg/L 0.01 28.3 0.11 9.34 mg/L 0.67 1.1 0.58 13 0.03 285 0.0003 7.25 mg/L 0.73 2.0 0.40 4.3 0.07 34 0.017 14.5 mg/L 0.07 1.76 mg/L 0.009 553 0.37 trace 0.96 mg/L 0.32 1.22 mg/L 0.41 0.71 mg/L 0.07 trace N/D - Port (Aguardente Fortified) µg/L O.U. 93.0 0.93 44.8 0.10 575 19.2 520 26.0 519 1.04 1370 1.37 1131 0.57 192 0.05 2.10 mg/L 0.03 61.4 0.25 77.6 mg/L 5.54 1.8 0.95 340 0.85 369 0.0004 8.92 mg/L 0.89 4.7 0.94 5.1 0.09 97 0.049 24.8 mg/L 0.12 2.62 mg/L 0.013 1251 0.83 899 0.11 2.30 mg/L 0.77 5.55 mg/L 1.85 3.10 mg/L 0.31 106 0.01 N/D - (a) Ribereau-Gayon,P. et al. 1975. J.Agric.Food Chem. 23:1042-47; (b) Guth,H. 1997. J.Agric.Food Chem. 45:3027-32; (c) Shinohara & Watanabe 1981. Agric.Biol.Chem. 45:2903-5; (d) Meilgaard, MBAA. Technical Quarterly 12:151; (e) Leffingwell: http://www.leffingwell.com/reframe.htm; (f) de Freitas et al. 1999. J.Agric.Food Chem. 47:4327-31; (g) Rogerson et al. XIV Encontro Luso-Galego de Química, Livro de Resumos, Comunicação 03.11, Braga, Novembro 2000. N/D – Not Detected. Conclusions Fortification with aguardente resulted in increased levels of ethylhexanoate, ethyloctanoate (fruity, tropical), ethyllactate (fruity, buttery), octanoic acid (sweaty, goaty), linalool (floral, coriander), ethylhydrocinnamate (balsamic, cherry), and eugenol (clove, spicy) to around or above reported literature sensory thresholds (Table 1). Although only one grape variety and only one fortification spirit was investigated, the results emphasize the importance of aguardente, which contributes floral, fruity, balsamic and herbal aroma complexity to Port. ESB UCP 553 Figure 1 Percentage Contribution of Fermented (Tinta Barroca) and Distilled (Aguardente) Volatiles of Port ESB UCP 554 Optimização da SPME para a análise de compostos aromáticos no vinho Madeira Câmara1 J. S., Marques1 J. C. A. e Alves A.2 1 2 Depto. de Química da Universidade da Madeira, Campus Universitário da Penteada, 9000-390 Funchal, Depto. de Enga Química, Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto, Rua dos Bragas 4099, Porto, Portugal. Introdução Com este trabalho pretende-se desenvolver e optimizar um processo de extracção para determinar alguns compostos aromáticos responsáveis pelo aroma varietal linalol, a-terpineol, citronelol, b-damascenona, nerol a-ionona, geraniol e eugenol, em vinhos Madeira. A baixa concentração destes compostos no vinho, faz com que seja necessário proceder à sua extracção e concentração antes da análise por cromatografia gasosa de alta resolução (HRGC) ou por GC-MS. Métodos como a extracção líquido-líquido, a extracção por ultrasons[1], a destilação-extracção simultâneas, a extracção em fase sólida com a utilização de vários adsorventes[2], a extracção por microondas[3] e outras, têm sido utilizados. Estes, além de laboriosos e morosos, apresentam baixa reprodutibilidade. No início da década de 90, surgiu uma nova técnica desenvolvida por J. Pawliszyn[4], que nos permite extarir e concentrar os analitos de um modo mais simples rápido e menos laborioso, e que tem sido aplicada com algum sucesso à análise de aromas em diferentes vinhos a microextracção em fase sólida - SPME [4]. O método consiste na colocação da fibra adequada no headspace da amostra a 40°C durante um determinado tempo com uma agitação contínua e constante de 1250 rpm. Quando o equilíbrio de adsorção é alcançado, os analitos são termicamente desorvidos no injector do GC. No trabalho serão avaliados alguns dos factores que influenciam o equilíbrio de adsorção como sejam : o tipo de fibra, a cinética de adsorção e a força iónica. Resultados e Discussão A análise por GC-MS foi efectuada num Saturn 3 da Varian, equipado com um detector de massas de armadilha de iões. Como gás de arraste foi utilizado o He (N60) com uma pressão de 13 Psi conferindo um fluxo de, aproximadamente, 1 mL/min. ESB UCP 555 A coluna capilar utilizada foi uma Stabilwax (i.d.=0,25mm, df=0,25 µm, L=30 m). A temperatura do injector foi de 270°C, a da linha de transferência de 220°C e a da fonte de iões de 180°C. As injecções foram efectuadas em modo splitless com a válvula de split fechada durante 2 minutos. Todas as análises foram efectuadas no modo scan com ionização por impacto electrónico. A energia de ionização foi de 10 µA, o tempo de ionização de 25000 µs, a modulação axial 5,1 V, e o multiplicador 2350 V. Os espectros foram adquiridos numa gama de massa de 30-220 m/z, sendo o background das massas de 35 m/z e o delay time de 20 minutos. A selecção do tipo de fibra para a extracção dos analitos em estudo, foi efectuada analisando uma solução hidroalcoólica a 18 % dos terpenóis com cada uma das fibras sob estudo - PDMS, PDMS-DVB, Car-PDMS e PA-85. De todas, a fibra de PA-85 µm mostrou-se a mais adequada para a extracção dos terpenóis extraindo todos os analitos com boa eficiência. Estudaram-se os perfis dos tempos de extracção entre 5 e 240 minutos. Dos resultados obtidos até então, é evidente que o tempo necessário para atingir o equilíbrio de adsorção depende da polaridade e da massa molecular relativa do composto. Figura 1 Cinética de adsorção dos monoterpenóis em estudo extraídos por HS-SPME com fibra PA-85µm durante 240 min. a 40°C O tempo de adsorção a utilizar será de 120 minutos dado permitir uma extracção suficiente dos compostos (a maioria dos analitos atinge mais de 80 % do seu valor de equilíbrio em 90 minutos) e possibilitar que a amostragem por SPME se efectue ao mesmo tempo que o requerido para a análise por GC-MS (120 min.). ESB UCP 556 Na Figura 2 está representado um cromatograma de corrente iónica total de uma solução padrão dos terpenóis em estudo. Figura 2 Cromatograma de corrente iónica total dos monoterpenóis extraídos por HS/SPME com fibra PA-extraídos por HS/SPME com a fibra de PA-85µm durante 60 min. a 40°C Referências [1] C. COCITO, G. GAETANO, C DELFINI, Food Chem. 52 (1995) 311. [2] S. VOIRIN, R. BAUMES, J.C. SAPIS, C. BAYONNOVE, J. Chromatogr. 595 (1992) 269. [3] A RAZUNGLES, H. TARHI, R BAUMES, C. GUNATA, C. TAPIERO, C. BAYONNOVE, Sciences des alimments. 14 (1994) 725. [4] C. ARTHUR, J. PAWLIZYN, Anal. Chem. 62 (1990), 2145. ESB UCP 557 Chemical composition of Broa, a Portuguese traditional sourdough bread Rocha J. M. and Malcata F. X. Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa, Rua Dr. António Bernardino de Almeida, P-4200-072 Porto, Portugal The earliest method of obtaining reliable leavens was to keep back a piece of fermenting dough to be used later in subsequent batches; the piece of dough kept for the next production is called the sour ferment. One type of bread that is still manufactured via such ancient manufacturing procedures, at the farm level only, is Broa. From an economic point of view, Broa has a great importance in Portugal, due to the significant number of small farmers who are involved in their production. Such artisanal farmers are encompassed by the directives of the Common Agriculture Policy, as long as they contribute to the protection of the environment. Broa plays also a social role, via helping the fixation of people in rural areas, and hence stopping the desertification phenomenon which has become more and more noticed in Portugal. Finally, consumption of this product has a major potential for increase, as todays consumers tend to prefer natural foods. However, preservation of Broa in the open market will require a greater quality, and a more constant set of characteristics of the final product. This quality can only be legally guaranteed via certification, which might occur via definition of Appélation d’Origine Protegée (AOP) regions. In order to reach this goal, chemical characterization of Broa is a crucial step. Several chemical analyses were performed: moisture content (NP-515), ashes at 550°C (NP518), pH (potenciometry method), total titratable acidity (NP-2967), chlorides (Mohr process), total sugars (Munson & Walker method), total dietary fiber (Weende method), total proteins (NP-1996) and total lipids (NP-4168) were determined on samples of maize and rye flours, as well as of Broa, made available by traditional producers in different geografical locations and in two different periods. It was concluded that samples from the same geographical zone can not be separated by their chemical characteristics; there was a slight diversity in samples from the ESB UCP 558 same producer, but obtained in different periods. However, it was obvious that clustering exists for different kind of products: samples of maize flour had the highest lipid content; samples of rye flours had the highest ash and sugar contents (when compared with maize flour); and samples of Broa had the highest moisture and sugar contents, owing to water addition during the breadmaking process. The enzymatic and microbial activity (that uses the flours as substrate) can explain the increase of total sugar content in Broa. The lowest values in proteins and lipids of the final product, can be explained by the proteolytic and lipidic activities of the prevailing microflora, complemented with the thermal acceleration of said processes during baking. The results produced in our study also indicated that rye flour has a somewhat unexpected contribution for the ash content in Broa; increasing ash content is related with increasing acidity and volatile content in dough and in bread. The amino acid content is also higher when the ash content is higher. The pH decreases in Broa as a result of the fermentation process; when compared with the flours, the acidity has a reverse behaviour, as expected. Lipids, ashes and sugars are the best parameters to differenciate between maize and rye flours. ESB UCP Área temática 5: Inovação na Indústria Alimentar [alimentos funcionais, compostos fitoquímicos (caratenóides, ácidos gordos polinsaturados e antioxidantes); novos processos (alta pressão e aquecimento ómico)] 561 Comparative analysis of two strawberry varieties (Selva and Camarosa), considering their potential for industrial application using ohmic heating technology Gonçalves O., Castro I., Teixeira J. A. and Vicente A. A. Centro de Engenharia Biológica – IBQF, Universidade do Minho, Campus de Gualtar, 4710-057 Braga Introduction Considering the potential interest of a Portuguese fruit processing industry to replace an imported strawberry variety (Camarosa) by a locally produced one (Selva), the physical and chemical composition of the fruits was analysed. A third variety, Senga Sengana, imported from Poland (frozen) was also assayed. The analyses were carried out for several situations (treatments): 48 and 72 hours after harvesting, with and without the stem and 5 and 30 minutes after cutting. Analyses were also made after 6 months storage in a freezer (- 18°C). Despite most of the values showed no significant variation between treatments, some alterations could be observed. Further, noteworthy differences were found when comparing the two varieties with respect to sugar content and quality, protein and phenolics content. The electrical conductivity of strawberries was also determined for several field strengths, in order to evaluate the potential application of ohmic heating as a processing alternative to the actual pasteurisation process. Methodology For the strawberry varieties studied a number of physical and chemical characteristics were determined, namely soluble and total solids, ash, total fat, sugars (fructose, glucose and sucrose), cellulose and lignin, pH, titratable acidity, ascorbic, malic and citric acid, total protein, polyphenol oxidase, polygalacturonase, b-glucosidase, total phenolics and anthocyans. Three assays were made for each parameter and presented results are mean values with the respective standard deviation. Results Resistance to thawing is a very important parameter when processing frozen fruits, due to the possible water losses leading to a lower process efficiency. Selva straw- ESB UCP 562 berries present by far the lowest % water loss during thawing (Fig. 1), which is in agreement with its higher content in lignin, leading to a higher mechanical resistance. Figure 1 Dripping losses during thawing Selva strawberries also present a higher content of total phenolics (Fig. 2), which can act as a natural antioxidizing agent, but have a lower content of anthocyans (Fig. 3), which reflects the lighter colour of the fruits when compared to the other varieties. Figure 2 Content of total phenolics The amount of ascorbic acid is also significantly higher (up to two fold) in Selva when compared with the two other varieties (Fig. 4), suggesting advantages in terms of a better resistance to oxidizing agents during processing. Experiments were performed to determine the electrical conductivity of strawberries, as this parameter is fundamental to characterise the process and to design the equipment (Fig. 5). ESB UCP 563 Figure 3 Content of total anthocyans Figure 4 Content of ascorbic acid Figure 5 Electrical conductivity of fresh strawberry at different field strengths ESB UCP 564 The values obtained depend on the quality, amount and mobility of the electrolytes present in the samples and are also dependent on sample structure and composition. In the case of strawberries, these two characteristics seem to have no significant influence on the results, due to the linearity of the curves obtained in the selected range of temperatures and electric fields studied, having in mind that each curve was obtained using a different fruit (of the same variety). Conclusions The Selva strawberries show very interesting properties for industrial use when compared to the other two varieties, namely in terms of resistance to thawing, total phenolics and ascorbic acid content. It is possible to ohmically heat strawberries at rates which are compatible with the objectives of fruit processing (pasteurisation). ESB UCP 565 Estabelecimento de metodologia de análise da oxidação dos lípidos do miolo de noz Sousa M. M. D., Ferreira-Dias S e Moldão-Martins M. Instituto Superior de Agronomia, Centro de Microbiologia e Industrias Agrícolas, Tapada da Ajuda, 1399-017 Lisboa Introdução A conservação do miolo de noz apresenta alguns problemas devido ao seu elevado teor de óleo (c.a. 60 %), rico em ácidos gordos polinsaturados (c.a. de 14 % de ácido oleico, 60 % de ácido linoleico e 14 % de ácido linolénico) facilmente oxidáveis. A auto-oxidação dos lípidos apresenta um mecanismo complexo de reacções em cadeia. De uma forma simplista, pode-se considerar que o processo se inicia com a formação de hidroperóxidos conjugados (produtos primários de oxidação). Estes compostos são instáveis e, através de reacções em cadeia, de propagação e terminação, vão originar moléculas mais curtas (aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos de cadeia curta). São estes compostos secundários de oxidação os responsáveis pelo aparecimento de características organolépticas indesejáveis (ranço oxidativo). A temperatura e a presença de metais de transição são factores, entre outros, que catalisam a oxidação lipídica (Boskou, 1996). No âmbito de estudos de conservação de miolo de noz, surgiu a necessidade de estabelecer uma metodologia adequada ao acompanhamento da oxidação dos lípidos presentes. Nesse sentido, foi necessário estabelecer uma técnica de extracção simultânea do óleo de noz e dos produtos primários e secundários de oxidação. Assim, testaramse a extracção por solventes, em aparelho de Soxhlet, e a extracção por via física (pressão). De modo a perceber o efeito da temperatura na oxidação dos lípidos do miolo de noz, realizaram-se estudos cinéticos a diferentes temperaturas. Estes ensaios decorreram sob actividade da água controlada (aw = 0,75), valor a que corresponde uma velocidade de oxidação dos lípidos máxima. Materiais & Métodos Materiais As nozes utilizadas eram provenientes de um pomar regado da zona de Estremoz. O lote era formado por uma mistura de variedades: Hartley (50 %), Serr (20 %), Scharsch ESB UCP 566 Franquette (10 %), Pedro (10 %), Tehama (3 %) e o restante de outras variedades. Os solventes utilizados foram de pureza p.a. e obtidos em diferentes fornecedores. Estudos de extracção O miolo de noz foi triturado num moinho de café de uso doméstico durante 1 minuto. A extracção por via química foi realizada em aparelho de Soxhlet durante 3 horas. Testaram-se os seguintes solventes: (1) n-hexano, (2) éter dietílico (Wolff, 1997), (3) solução de diclorometano com pentano (1:1 v/v). Após extracção os solventes foram evaporados a 40°C em evaporador rotativo de vácuo. Na extracção por via física utilizou-se uma prensa manual. Estudos de oxidação O miolo de noz foi colocado em recipientes com atmosfera de humidade controlada através de solução saturada de NaCl (75 % H.R.). As amostras foram colocadas em estufa a diferentes temperaturas (30°C, 40°C, 50°C e 60°C) e os ensaios decorreram ao longo de dois meses. Determinação dos produtos de oxidação A formação de produtos primários e produtos secundários de oxidação foi avaliada, respectivamente, pelas absorvâncias a 232 nm (Abs232nm) e 270 nm (Abs270nm) de soluções de óleo em iso-octano (1 %) (NP 970/1986). Para cada temperatura de conservação do miolo de noz, os resultados de absorvância obtidos ao longo do tempo foram representados graficamente. O declive da zona inicial linear do gráfico foi utilizado como estimador da velocidade inicial de formação de cada grupo de compostos. Resultados e Discussão Verificaram-se diferenças na capacidade extractiva dos solventes testados: os melhores resultados foram obtidos com éter dietílico, sobretudo no que respeita à extracção dos produtos primários de oxidação. Relativamente à extracção dos produtos secundários de oxidação, as amostras de óleo de noz com atributo “ranço” intenso revelaram valores médios de Abs270nm de 0,161, 0,633 e 0,904, quando se utilizou na extracção n-hexano, a mistura diclorometano/pentano ou éter dietílico, respectivamente. Os baixos teores de produtos secundários de oxidação, detectados nos extractos obtidos por solvente, poderão ser explicados, não só pela diferente selectividade dos solventes, mas também pela elevada volatilidade destes compostos, o que con- ESB UCP 567 duzirá ao seu desaparecimento durante o processo de obtenção e concentração do extracto. A aplicação de pressão mostrou ser o método com maior capacidade extractiva dos produtos de oxidação (Abs232nm de 3,141; Abs270nm de 1,137, para a mesma amostra de noz), para além de ser o mais económico e expedito. Realizaram-se ainda estudos cinéticos de oxidação dos lípidos do miolo de noz, a diferentes temperaturas e actividade da água igual a 0,75. Tanto para os produtos primários, como para os secundários de oxidação, verificou-se um aumento exponencial da sua velocidade de formação com a temperatura de conservação (Fig.1), que pode ser descrito pelo modelo de Arrhenius (Doran, 1995). Contudo, uma vez que o método utilizado neste estudo, para acompanhamento da oxidação térmica do óleo, não quantifica os produtos formados, não foi possível estimar as energias de activação envolvidas em cada etapa da oxidação. Figura 1 Velocidades iniciais de formação dos produtos primários (®) e secundários (D) de oxidação em função da temperatura de conservação do miolo de noz Os resultado observados na Fig.1 apontam para uma activação da velocidade de formação dos produtos primários de oxidação a partir de 40°C, enquanto que, no caso dos produtos secundários de oxidação, tal parece ocorrer apenas a partir dos 50°C. Pode-se concluir que a temperatura é um factor preponderante na conservação do miolo de noz, sendo que este efeito é mais vincado a temperaturas superiores a 40°C. Bibliografia BOSKOU, D. (1995), Olive Oil. Chemistry and Technology, D. Boskou (Ed.) AOCS Press, Champaign, Il., pp. 96-100. DORAN, P. (1995), Bioprocess Engineering Principles. Academic Press, London, pp 262. WOLFF, J.P. (1997), Analysis of Food Constituents, J.-L. Multon (Ed.), Wiley-VCH, New York, pp.175-219. ESB UCP 568 Modelação da glicerólise de óleo de bagaço de azeitona catalisada pela lipase da Candida rugosa imobilizada em espumas de poliuretano Correia A. C.1, da Fonseca M. M. R.2, Ferreira-Dias S.3 1 Escola Superior Agrária de Viseu, Departamento das Indústrias Agro-Alimentares, Secção de Ciência e Tecnologia dos Alimentos. Campus Politécnico, Repeses, 3504-504 Viseu. Instituto Superior Técnico, Centro de Engenharia Biológica e Química. Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa. 3 Instituto Superior de Agronomia, Departamento Agro-Indústrias e Agronomia Tropical. Tapada da Ajuda, 1349017 Lisboa. 2 Introdução Os monoglicéridos (MG) e diglicéridos (DG) são dos emulsionantes mais utilizados na Indústria Alimentar. Industrialmente são obtidos por via química a partir da interesterificação dos triglicéridos com glicerol (glicerólise) na presença de catalisadores inorgânicos a elevadas temperaturas (200-250°C). A via enzimática, com recurso a lipases (E.C. 3.1.1.3.) como catalisadores, apresenta vantagens nomeadamente na redução dos efeitos poluentes, nos consumos de energia (condições moderadas de pressão e temperatura) e na eliminação de reacções secundárias indesejáveis1. Contudo, a via enzimática só poderá competir com a via química se a lipase for imobilizada, de modo a permitir a sua reutilização ou utilização em reactores contínuos, com consequente redução dos custos do biocatalisador. Com a imobilização consegue-se ainda proteger a lipase da acção de alguns compostos inibitórios, pela criação dum microambiente propício à actividade enzimática. Com este trabalho, pretendeu-se modelar a reacção de glicerólise de óleo de bagaço de azeitona refinado, em n-hexano, catalisada pela lipase da Candida rugosa imobilizada em duas espumas de poliuretano de diferentes hidrofilicidades. Materiais e Métodos Materiais: Óleo de Bagaço de Azeitona refinado cedido por José Carvalho Coimbra, Portugal; lipase da Candida rugosa (lipase AY) oferta da Amano, Reino Unido; dois prépolímeros de poliuretano de diferentes hidrofilicidades Hypol (FHP X4300 e FHP 2002, com aquafilicidades de 2,8 e 3,7, respectivamente)2 oferecidos pela Hampshire Chemical GmbH, Alemanha. ESB UCP 569 Imobilização: A lipase (350 mg) foi imobilizada em espumas de poliuretano preparadas a partir de 0,4g e 0,6g de pré-polímero de FHP X4300 e FHP 2002, respectivamente2,3. As preparações foram utilizadas a diferentes valores de actividade da água (aw), conseguidas por secagem em estufa sob pressão reduzida2. A aw foi avaliada, a 30°C, num higróscopo munido de sensor de humidade de cloreto de lítio, ROTRONIC HYGROSKOP DT (DMS-100H). Reacção de glicerólise: A lipase imobilizada nas espumas foi adicionada a 12 cm3 de um sistema reaccional constituído por uma solução a 30 % (m/v) de óleo de bagaço de azeitona refinado em n-hexano e quantidades variáveis de glicerol. Os ensaios decorreram em reactores cilíndricos (50 cm3) sob agitação magnética, a 30°C. Após 24 horas de reacção foram retiradas amostras do meio orgânico onde se analisaram os triglicéridos (TG) não consumidos e os produtos de glicerólise presentes. Para a modelação da reacção de glicerólise recorreu-se à metodologia das superfícies de resposta. Os ensaios foram realizados segundo uma matriz “Central Composite Rotatable” (CCDR), em função da razão molar glicerol/triglicéridos (Gli/TG) (0,52,0), e do valor de aw inicial das espumas (FHP X4300: 0,37-0,91; FHP 2002: 0,240,91). Métodos analíticos: Os DG e TG foram separados por cromatografia em camada fina e quantificados por cromatografia gasosa sob a forma de ésteres metílicos dos ácidos gordos constituintes4. Os ácidos gordos livres (AGL), resultantes de eventual hidrólise dos glicéridos e do mecanismo de glicerólise enzimática4, foram quantificados pelo método de Lowry e Tinsley6 (1976) modificado e os MG foram calculados por via indirecta5. Resultados e discussão As produções de glicéridos parciais pela lipase da Candida rugosa imobilizada nas espumas de poliuretano, a diferentes valores de aw e Gli/TG, encontram-se nas Fig. 1 e 2. Quando se utilizou a lipase em FHP X4300, as produções de MG e DG puderam ser descritas por modelos polinomiais de segunda ordem, correspondentes a uma superfície côncava e em sela, respectivamente. Com a lipase em FHP 2002, as conversões em MG e DG foram descritas por polinómios de primeira ordem (superfícies planas). ESB UCP 570 A conversão em MG observada com a lipase na espuma FHP X4300 (32 %, m/m) foi superior à obtida com a lipase na FHP 2002 (14 %, m/m). Essa diferença pode ser explicada pela diferença de valores de aquafilicidade das espumas: sendo o glicerol um composto hidrofílico, terá tendência para migrar preferencialmente para o interior da espuma de maior aquafilicidade (FHP 2002). Tal poderá ocasionar no microambiente condições de inibição da lipase e/ou dificultar o acesso dos substratos hidrofóbicos, como é o caso do óleo de bagaço de azeitona. Com a espuma FHP X4300, verifica-se um mínimo na produção de MG para valores de aw cerca de 0,5 (Fig.1). Abaixo e acima desse valor de aw ocorreu um aumento da produção de MG, que poderá resultar da predominância da reacção de glicerólise para valores baixos e da reacção de hidrólise para valores mais altos4. Figura 1 Superfícies de resposta ajustadas aos pontos experimentais da produção de MG durante a glicerólise do óleo de bagaço de azeitona em n-hexano catalisada pela lipase da Candida rugosa imobilizada nas espumas, em função da razão molar Gli/TG e de aw inicial das espumas Figura 2 Superfícies de resposta ajustadas aos pontos experimentais da produção de DG durante a glicerólise do óleo de bagaço de azeitona em n-hexano catalisada pela lipase da Candida rugosa imobilizada nas espumas, em função da razão molar Gli/TG e de aw inicial das espumas FHP X4300 FHP 2002 FHP X4300 FHP 2002 A maior produção de DG, observada com a lipase imobilizada em FHP X4300 (fig.2), coincidiu com o mínimo na produção de MG (Fig. 1). Nas duas preparações enzimáticas observou-se uma elevada produção de AGL (20 %, m/m), para valores elevados de aw ESB UCP 571 e razões molares de Gli/TG baixas. A matriz de poliuretano FHP X4300 foi a que se mostrou mais adequada para a produção de MG e DG. Com esta preparação enzimática a uma aw inicial de 0,83, conseguiu-se uma conversão de 62 % (m/m) dos TG, com produção de 32 % (m/m) de MG e 18 % de DG (m/m), após 24 horas de reacção, quando a razão Gli/TG foi de 1. Bibliografia 1 ROSU, R.; UOZAKI, Y; IWASAKI, Y.; YAMANE, T. (1997), J. Am. Oil Chem. Soc., 74 (4) 445-450. 2 FERREIRA-DIAS, S.; CORREIA, A.C.; BAPTISTA, F.O. (1999), Bioprocess Eng., 21 (12)517-524. 3 DIAS, S.F.; VILAS-BOAS, L.; CABRAL, J.M.S.; FONSECA, M.M.R. (1991), Biocatalysis, 5: 21-34. 4 FERREIRA-DIAS, S.; DA FONSECA, M.M.R. (1995), Bioprocess Eng., 12 (5) 327-337. 5 FERREIRA-DIAS, S.; DA FONSECA, M.M.R. (1993), Biotech Tech., 7 (7) 447-452. 6 LOWRY, R.R., TINSLEY, I.J. (1976), J. Am. Oil Chem. Soc. 53. ESB UCP 572 Influence of the polarity of the derivatization medium on fatty acid assays in cod liver oil Carvalho A. P. and Malcata F. X. Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa, R. Dr. António Bernardino de Almeida, P-4200-072 Porto, Portugal The rate of transmethylation of fatty acid residues of a given lipid depends not only on the type of catalyst and processing conditions used, but also on the solubility of said lipid in the reaction medium (which is in turn a function of the polarities of both the lipid and the medium). In this work, the influence of the reaction medium polarity, employed to bring about acidic transmethylation, was studied using cod liver oil as model system; acetyl chloride solubilized with various amounts of methanol, diethyl ether and chloroform has produced different yields of transmethylated fatty acids. The accuracies of these methods were tested via comparison with the AOCS standard method, whereas their reproducibilities were assessed via analysis of variance of replicated data. Experimental Procedure Sample and reagents. Cod liver oil was purchased in gelatine capsules from Bioarga (Portugal). Acidic methylation. 4 mL of a freshly prepared 5 % (v/v) solution mixture of acetyl chloride/solvent and tricosanoic acid (Sigma, USA) (used as internal standard) were added to the sample in a light-protected teflon-capped tube, under nitrogen, and then heated at 80°C for 1 h; after cooling, 2 mL of water and 2 mL of hexane were added; finally, the two phases were allowed to separate, the upper phase was recovered, dried over anhydrous Na2SO4 (Merck) and subjected to gas chromatography. Seven different solvent mixtures were tested: A1 (3 ml of methanol and 1 ml of diethyl ether), A2 (2.5 ml of methanol and 1.5 ml of diethyl ether), A3 (2 ml of methanol and 2 ml of diethyl ether), A4 (2 ml of methanol and 2 ml of chloroform), A5 (2.5 ml of methanol, 0.75 ml of diethyl ether and 0.75 ml of chloroform), A6 ((2 ml of methanol, 1 ml of diethyl ether and 1 ml of chloroform) and A7 (4 ml of methanol). Standard method. The AOCS Official Method Ce1b-89 using BF3 (Supelco) (1) was followed thoroughly. This method will hereafter be denoted as BF3. ESB UCP 573 Experimental analysis. Assay of FAME was carried out with a 5890 gas chromatograph from Hewlett Packard (USA), equipped with a flame ionization detector and a polar, 50-m capillary column of fused silica (CP-Sil 88, Chrompack). Helium was used as carrier gas at a split ratio of 1:40, and the remaining conditions were as specified elsewhere (1). Pure standards (Sigma) were used for fatty acid identification. Peak areas were quantified with an HP-3395 integrator, and calculations were performed according to the AOCS method. Statistical design and analysis. The methods described above were tested following a randomized experimental design replicated at least five times. Analyses of variance (ANOVA) of the overall dataset, and Fisher’s protected least significant difference (PLSD) test for pairwise comparison, were performed using the software StatViewTM (Abacus Concepts, USA). Results and Discussion Results of the assays regarding some of the fatty acids obtained during transmethylation of cod liver oil samples using the solvent mixtures described and the standard method are presented in the Figure 1 below. Figure 1 Combination of all pieces of experimental and statistical information generated indicates that the reference analytical method (BF3) should be selected for assays of total fatty acids, since it provides the highest yields. However, if one is interested only in the concentrations of EPA, the method A1 is also a suitable choice, since the differences found between this method and BF3 are not statistically significant. For DHA, provided that a solvent other than hexane is used in the extraction step (because, ESB UCP 574 according to some authors (2), the extraction of FAME with hexane does in fact lead to a decrease in DHA amounts), A1 could also be a suitable method. The use of acetyl chloride, instead of the standard method, has several advantages, viz. lower cost, higher shelf life without the need of refrigeration, higher simplicity of implementation arising from the lower number of preparation steps and smaller amount of catalyst used (5% solution instead of 12%). Acknowledgements Financial support (Ph.D. grant, ref. BD/2838/93-IF) by PRAXIS XXI (Portugal) is hereby gratefully acknowledged. References 1. Official Methods and Recommended Practices of the American Oil Chemists’ Society, 4th edn., edited by D. Firestone, AOCS, Champaign, (1994), Official Method Ce 1b-89. 2. LAMOTHE-DOUCET, F., M. C. IATRIDES, AND J. ARTAUD, Adéquation de Méthodes Classiques a L’Analyse de Huiles Riches en Acides Gras Polyinsatures (Huiles de Poissons), Ann. Fals. Exp. Chim. 875: 89-96 (1989). ESB UCP 575 Effects of “sous vide” processing on the amino acid composition of trout fillets. Comparison with traditional cooking García-Linares M. C., García-Fernández M. C. and García-Arias, M. T. Departamento de Higiene y Tecnología de los Alimentos. Facultad de Veterinaria. Universidad de León. España Introduction An increasing demand exist on the part of consumer for high quality fresh and minimally processed foods. Sous vide fish products have a higher degree of convenience since these products do not need thawing, are easier to prepare, and taste and texture are much closer to the fresh product. Depending on the species of fish and the conditions of the treatment (time, temperature), heat will affect various chemical and physical changes in all of the fish constituents. As a result, oxidized unsaturated lipids could bind to proteins and form insoluble lipid-protein complexes (Khayat and Schwall, 1983). Objective The aim of this paper was to analyse the changes in protein content and amino acid composition of trout fillets when cooked using a new technological treatment (sous vide) followed by a chilled storage for three days. This analysis was undertaken with the same culinary technique using conventional methods. Material and Methods In this study, three samples of trout fillets were used: raw trout (T) sous vide processing (vacuum-packaging, pasteurised at 90° for 19.5 min) (Tv) and traditionally cooked “in their juice” (Tt). The analyses were undertaken on products freshly made and after a storage at 4° for three days (Tv3 and Tt3). From all the samples the following values were determined: Moisture. Four homogeneous mixtures of each fillet (3-5 g) were dried at 100°C to constant weight by standard methods (method 240.03, AOAC, 1980). Total protein was calculated from Kjeldahl nitrogen using a 6,25 conversion factor (AOAC, 1984). ESB UCP 576 Amino Acid composition. Amino acids content was determined by high-performance liquid chromatography (Waters 2690 Separations Module and 474 Scanning Fluorescent Detector) using the AccQ-Tag method. Waters standard amino acid solution was used to calibrate. a aminobutiric acid was used as internal standard. Acid hydrolysis (6N HCl, 110°C, 24h) was used for all Amino Acids except sulphur-Amino Acids (method 43.263a, AOAC, 1984) Performic acid oxidation followed by acid hydrolysis was used for methionine and cyst(e)ine (method 43.263b, AOAC, 1984) (methionine is converted to methionine sulfone and cyst(e)ine to cycteic acid). The data were analysed using one-way analysis of variance (ANOVA). The Student’s t-test was used to compare averages when a significant variation was highlighted by ANOVA. Significance was established at p<0,01 level. Results and Discussion Table 1 Moisture and total protein contents of traditional and sous vide processed trout fillets. Effects of storage time Moisture Protein wet weight Protein dry weight T 75,27±0,46 16,04±0,52 64,86±2,11 Tt 72.39±0.17* 19.56±0.80* 70.84±2.90* Tt3 70.85±0.28* 20.01±0.65* 68.63±2.23 Tv 70,19±0,49*ρ 19,84±0,53* 66,56±1,79 Tv3 69,85±0,09*ρ 20,15±0,07* 66,84±0,23 Values are means±standard deviations of six homogeneous samples. T: Raw Trout ; Tv, Tv3: Trout processed by the sous vide method after storage for 0 and 3 days respectively, Tt, Tt3: Trout traditionally processed after storage of 0 and 3 days respectively. *: Significantly different (p<0.01) vs raw trout r: Significantly different (p<0.01) vs Tt and Tt3 respectively. Sous vide and traditional treatments and storage for three days diminished the water content in trout fillets, however the decrease in water content was higher in sous vide processed fish (Tv) than in the traditionally cooked fish (Tt) (Table 1). This fact was also observed on day three of storage (Tv3 vs Tt3). Total protein content was significantly higher in Tt, Tt3, Tv and Tv3 with regard to raw trout, and there did not exist any differences either when using the treatment or with the storage studied. However, the sous vide cooked trout (Tv) showed significantly higher contents (p<0.01) in Ser, Glu, Gly, His, Arg and Lys compared with traditionally cooked trout (Tt) (Table 2), nevertheless, only increases de His and Gly were observed after refrigeration storage for three days (Tv3). The contents in sulphur amino acids did not change with the sous vide treatment. However, the trout which was sous vide processed and stored for three days (Tv3) did show significantly higher Methionine contents. ESB UCP 577 T T Tt Tt3 Tv Tv3 1.01±0.01*♦• ASP 0.81±0.00 1.03±0.01* 1.08±0.01* 1.05±0.00* SER 0.58±0.00 0.68±0.01* 0.72±0.00* 0.71±0.00*• 0.75±0.00*♦ GLU 1.21±0.01 1.47±0.02* 1.54±0.00* 1.52±0.01*• 1.48±0.01*♦• GLY 0.94±0.01 1.01±0.02* 1.05±0.01* 1.09±0.01*• 1.10±0.01*• HIS 0.38±0.01 0.41±0.01 0.44±0.01* 0.44±0.01*• 0.46±0.01*• ARG 0.66±0.00 0.79±0.01* 0.82±0.00* 0.82±0.00*• 0.83±0.00*♦ THR 0.67±0.00 0.81±0.01* 0.86±0.00* 0.84±0.00* 0.88±0.00*♦ ALA 1.15±0.02 1.47±0.05* 1.46±0.02* 1.46±0.03* 1.45±0.03*• PRO 0.29±0.00 0.35±0.00* 0.36±0.00* 0.36±0.00* 0.36±0.00* CYS 0.03±0.00 0.03±0.00 0.02±0.00* 0.04±0.00 0.03±0.00 TYR 0.41±0.00 0.50±0.00* 0.51±0.00* 0.51±0.00* 0.55±0.01*• VAL 1.53±0.00 1.91±0.00* 1.94±0.00* 1.89±0.01* 1.91±0.01*• MET 0.61±0.00 0.75±0.00* 0.76±0.00* 0.75±0.00* 0.78±0.00*♦• LYS 1.01±0.00 1.20±0.01* 1.26±0.01* 1.26±0.01*• 1.25±0.02* ILE 1.53±0.00 1.93±0.01* 1.93±0.00* 1.89±0.01* 1.92±0.01* LEU 2.62±0.00 3.26±0.03* 3.30±0.01* 3.23±0.00* 3.33±0.01*♦• PHE 1.38±0.00 1.70±0.02* 1.71±0.01* 1.69±0.01* 1.75±0.01*♦• Table 2 Amino acid composition of trout fillets (g Amino Acid/100 g edible portion) Values are means±standard deviations of six homogeneous samples. T: Raw Trout ; Tv, Tv3: Trout processed by the sous vide method after a storage for 0 and 3 days respectively. Tt, Tt3: Trout traditionally processed after a storage of 0 and 3 days respectively. *: Significantly different (p<0,01) vs raw fish. ®: Significantly different (p< 0,01) vs Tv. r: Significantly different (p<0.01) vs Tt and Tt3 respectively. References 1. AOAC (1980). Official Methods of Analysis, 13th ed. W. Horwitz (ed.). Association of official Analytical Chemists, Washington, D.C. 2. AOAC (1984). Official Methods of Analysis, 14th ed. W. Horwitz (ed.). Association of official Analytical Chemists, Washington, D.C. 3. KHAYAT, A. AND SCHWALL, D. (1983). Lipid oxidation in seafood. Food Tech. July, 130-140. ESB UCP 578 Carotenóides microalgais na alimentação de carpas Koi Gouveia L.1,. Gomes M2, Rema P.3, Pereira O.3 e Empis J.4 1 Instituto Nac Eng. Tec Industrial (INETI). Estrada Paço Lumiar, 22, Ed. G, 1649-038 Lisboa. Fac. Medicina Veterinária, UTL, R. Prof. Side dos Santos, Polo Univ. Alto Ajuda, 1300-477 Lisboa. 3 Dep. Zootecnia, Secção Piscicultura, Univ de Trás-os- Montes Alto Douro (UTAD), Ap. 202, 5001 Vila Real 4 Lab Eng Bioquímica, Sec Biote, IST, Av. Rovisco Pais, P-1096 - Lisboa Codex, Portugal. 2 Resumo As carpas Koi, espécie ornamental por excelência, é valorizada pelos seus padrões e intensidades da cor da pele, e função dos pigmentos carotenóides ingeridos via dietética, uma vez que são incapazes de sintetizar de novo esses pigmentos. Neste trabalho estudaram-se várias fontes de pigmentos de biomassa microalgal: Chlorella vulgaris (Cv), Haematococcus pluvialis (Hp), Spirulina platensis (Sp) e um pigmento de síntese, astaxantina (Astax), na pigmentação da pele de três variedades cromáticas de carpas Koi: vermelha (Kawari), preta e vermelha (Showa) e preta e branca (Bekko). Os pigmentos que se mostraram mais eficientes foram os naturalmente encapsulados na biomassa de Cv, tanto ao nível dos carotenóides totais depositados na pele (análise espectrofotométrica), como na tonalidade vermelha (análise colorimétrica, do sistema Lab), para as três variedades de carpas Koi estudadas. Introdução Os peixes ornamentais apresentam um valor comercial elevado com um mercado internacional muito activo e exigente (Nash, 1991). As carpas Koi são dos peixes mais procurados pelos aquarofilistas pelas grande variedade de cores muito atractivas, forma, movimentos e comportamento (são muito sociáveis). São muito resistentes, saudáveis, de fácil reprodução e adaptabilidade a diferentes temperaturas e oxigénio dissolvido, de manutenção barata, transformando estes cipríneos ornamentais num grupo de peixes muito requisitado para tanques e lagos exteriores. Um dos critérios que determina o valor elevado das carpas Koi é o padrão e a intensidade das suas cores, função dos pigmentos carotenóides ingeridos. No estudo que se apresenta utilizaram-se quatro fontes de pigmentos: biomassa de microalgas: Cv, Hp, Sp, e Astaxantina sintética com o objectivo de avaliar a sua capacidade de pigmentação ao nível da pele de três variedades cromáticas de carpa Koi (vermelha - Kawari; preta e vermelha - Showa; preta e branca - Bekko). ESB UCP 579 Materiais e Métodos Microalgas. As microalgas foram cultivadas no INETI (DER, Biomassa) segundo Gouveia et al. (1996a; 2001). Peixes. A experiência realizou-se na Unidade Experimental de Piscicultura da UTAD, durante 70 dias, com 12 grupos de 30 juvenis de carpas Cyprinus carpio, Koi (24,6 + 0,7 g), distribuídos aleatoriamente numa bateria de 10 tanques rectangulares de fibra de vidro de 300 litros de capacidade a um fluxo de 1,8 L min-1. A temperatura da água foi mantida a 14 + 2°C e os peixes foram submetidos a fotoperíodo natural durante as 10 semanas de duração do ensaio. Dietas. As dietas foram preparadas a partir de uma dieta comercial base com a incorporação dos vários pigmentos (Gouveia et al., 1996b). Foram testadas em duplicado e distribuídas manualmente pelos grupos de peixes, duas vezes ao dia (9.00 e 17.00 horas) até à saciedade aparente. Amostragem. Retirou-se pele da zona dorsal de cinco peixes de cada variedade cromática e de cada tratamento, de ambos os lados do peixe. Análises. As análises de proteína bruta, gordura bruta, humidade e cinzas foram efectuadas pelos métodos convencionais (AOAC 1975). A análise dos carotenóides foi efectuada segundo Gouveia et al (1996a) e através do sistema Lab (Skrede et al. 1990), como método directo de avaliação da cor, dado por um colorímetro Minolta CR300, calibrado previamente com o branco. A análise estatística efectuou-se segundo Steel e Torrie (1989), utilizando o programa Statgraphics 7.0. Resultados Crescimento. Não se observaram diferenças significativas nos parâmetros zootécnicos de crescimento para as várias dietas experimentais (P>0,05). ESB UCP 580 Pigmentação. Nas Figuras 1. representam-se, respectivamente os carotenóides totais (mg/kg MS) e a tonalidade vermelha da pele das três variedades cromáticas estudadas. Discussão e Conclusões Os resultados obtidos neste trabalho sugerem que a biomassa microalgal, sobretudo a Chlorella vulgaris e a Haematococcus pluvialis são uma fonte de pigmentação eficiente da pele das carpas Koi, sobretudo para as variedades Kawari e Showa, comparável (e em certos casos superior P<0.05) ao pigmento sintético normalmente utilizado. Referências A.O.A.C. Association of Official Agricultural Chemists 1975. Official Methods of Analysis, 12ªEd., Washington DC. billard, r., 1995. The major carps and other cyprinids. In: C.E. Nash and A.J. Novotny (Edits.). Production of aquatic animals. Fisches. World Animal Science C8, Elsevier, pp: 21-55. CHAPMAN, F.A., FITZCOY, S.A., THUNBERG, E.M., ADAMS, C.M., 1997. United States of America trade in ornamental fish. Journal of the World Aquaculture Society, 28-1:1-10. GOUVEIA, L.; VELOSO, V.; REIS, A.; FERNANDES, H.L.; EMPIS, J.; NOVAIS, J.M. (1996a). Evolution of the pigments in Chlorella vulgaris during carotenogenesis. Biores Tech, 57, 157-163. GOUVEIA, L.; GOMES, E.; EMPIS, J. (1996b). Potential use of a microalgal (Chlorella vulgaris) in the pigmentation of rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) muscle. LebenUnter Fors 202, 75-79. GOUVEIA, L.; EMPIS, J. (2001). Relative stabilities of microalgal carotenoids in microalgal extracts, biomass, and fish feed; effect of storage conditions. Submetido Inovative Food Science. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC), 1993. Nutrient Requirements of Fishes. National Academy Press, Washington DC, 114 pp. STEEL, R.G., TORRIE, J.H., 1981. Principles and Procedures of Statistics-Abiometrical Approach. McGraw- Hill, Inc., New York, p: 633.nash, c.e., 1991. Introduction and background to aquaculture. In: Production of Aquatic Animals. ESB UCP 581 Modelling the production of ethyl butyrate catalysed by Candida rugosa lipase immobilized in a polyurethane foam Pires-Cabral P.1, da Fonseca M. M. R.2, Almeida V. R.1, Ferreira-Dias S.3 1 Escola Superior de Tecnologia, Universidade do Algarve, Campus da Penha, 8000 Faro Instituto Superior Técnico, Centro de Engenharia Biológica e Química, Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa. 3 Instituto Superior de Agronomia, Centro de Microbiologia e Indústrias Agrícolas. Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa 2 Introduction In recent years, Candida rugosa lipase (CRL) has been used in both aqueous and water-restricted environments as a catalyst for hydrolysis, ester synthesis and interesterification. Low molecular weight esters have found applications in the food, cosmetic and pharmaceutical industries as flavour and fragance compounds. Moreover, when these compounds are obtained by enzymatic processes, they may be labeled “natural”[1]. Due to its high price, CRL is preferably utilized in the immobilized form, being entrapped in durable and cheap supports with prolonged life [2]. The aim of this study was the production of ethyl butyrate in n-hexane catalysed by Candida rugosa lipase immobilized in a biocompatible hydrophilic polyurethane foam. The experiments were carried out according to a central composite rotatable design (CCRD), as a function of the initial thermodynamic water activity (aw) of biocatalyst, the initial butyric acid concentration and the molar ratio ethanol/butyric acid. Using a Response Surface Methodology a model was developed which describes the production of ethyl butyrate. Materials The lyophilised Candida rugosa lipase (lipase AY 30) was a gift from Amano Enzyme Europe Ltd; the hydrophilic polyurethane pre-polymer (“Hypol FHP 2002TM”), for lipase immobilization, was donated by Dow Company, U.K. Methods Immobilization of Lipase: The lipase was immobilized in “Hypol FHP 2002TM”foams by mixing 0.6 g of pre-polymer with 0.6 g of phosphate buffer (0.020M KH2PO4+0.027M Na2HPO4; pH 7.0) and 350 mg of lipase powder [3, 4]. Different initial aw of the immobilised preparation were attained by drying at 40°C under 15 kPa absolute pressure [5]. ESB UCP 582 Esterification Reaction: The immobilized lipase was added to 12 cm3 of reaction medium. Esterification was carried out at 30°C, under magnetic stirring at 1400 rev/min. After 18 hours reaction time, samples were taken and concentrations of substrates and ester were measured by gas chromatography, using 4-methyl-2-penthanol as internal standard. Experimental Design: 1stCCRD- aw from 0.21 to 0.88; AC from 0.03 to 0.62M; R from 0.26 to 2.44. 2ndCCRD- aw at 0.99; AC from 0.08 to 0.57M; R from 0.43 to 2.27 M. Results and Discussion The results from the first CCRD indicate that the production of the ethyl butyrate significantly increases with the biocatalyst aw, both at linear and quadratic levels, described by a concave surface (Fig. 1A). This apparent dependence on the aw of the biocatalyst may be ascribed to the affinity of the immobilization matrix for ethanol [4], which migrates to the microenvironment, reducing the aw. Thus, in the second CCRD, the biocatalyst was used at a constant and high initial aw (0.99). The three-dimensional plot of the production of ethyl butyrate shows a convex surface (Fig. 1B), which is described by the following equation: Figure 1 Production of ethyl butyrate as a function of the butyric acid concentration and the molar ratio ethanol/butyric acid, in n-hexane, catalysed by immobilised C. rugosa lipase at different initial aw values (A) or at constant aw of 0.99 (B) The maximum production is attained with an initial butyric acid concentration of 0.35M and a molar ratio ethanol/butyric acid of 1.5. ESB UCP 583 References [1] F. FONTEYN, C. BLECKER, G. LOGNAY, M. MARLIER, M. Severin, Biotechnology Letters, 16, 693-696, 1994 [2] S. BENJAMIN AND A. PANDEY, Yeast, 14, 1069-1087, 1998 [3] S. FERREIRA-DIAS, AND M.M.R DA FONSECA, Bioprocess Eng., 12(5), 327-337, 1995 [4] S. FERREIRA-DIAS, L. VILAS-BOAS, J.M.S. CABRAL E M.M.R DA FONSECA, Biocatalysis, 5, 21-34, 1991 [5] S. FERREIRA-DIAS, A.C. CORREIA, F.O. BAPTISTA, Bioprocess Eng. ESB UCP 584 Determinação dos tempos teóricos de congelação da sardinha congelada num túnel de banda transportadora em espiral. Verificação da temperatura no centro mássico do produto Matos L. C. e Oliveira M. B. P. P. CEQUP/ Serviço de Bromatologia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha n.º 64, 4050-047 Porto, Portugal. Os alimentos são sistemas heterogéneos que contêm de uma forma geral uma elevada concentração em água, na qual se encontram solubilizados diversos componentes. Se esta solução aquosa é arrefecida abaixo do ponto de congelação da água, verifica-se inicialmente a separação da água em cristais de gelo que não contêm as substâncias em solução ou em suspensão (sais, ácidos orgânicos, substâncias aromáticas, proteínas, gorduras, etc.) sendo o ponto de congelação da água nessas condições inferior ao da água pura. Esta fase provoca na solução restante um aumento da concentração dos componentes, o que implica não só um processo de mudança de fase como também sucessivas cristalizações. A duração real do processo de congelação depende de diversos factores, uns relativos ao produto e outros ao equipamento utilizado. Entre outros os mais importantes são: dimensões e forma do produto; temperatura inicial e final; temperatura do fluido refrigerante; coeficiente de transferência superficial do produto; variação de entalpia; condutividade térmica do produto. O processo de congelação é teoricamente dividido em três fases: 1ª fase – redução da temperatura inicial do produto até à temperatura média de congelação. 2ª fase – formação de cristais de gelo. 3ª fase – redução da temperatura do alimento para a temperatura de armazenamento desejada (-18/-30°C). No presente trabalho determinaram-se os tempos teóricos relativos a cada uma das fases, tendo por base as condições reais de processamento. Compara-se o tempo teórico total com o tempo industrialmente aplicado, verificando-se a temperatura média no centro mássico à saída do túnel, usando-se um termómetro de perfuração. Considerando a forma de placa, os factores de correcção aplicados na equação de Plank são P=2-1 e R=8-1. Os coeficientes de filme foram calculados tendo por base uma velocidade média do ar de 26,57 ms-1 no túnel e 3 ms-1 na câmara frigorífica. Para efeitos de cálculo foi desprezado o hr (coeficiente de transferência de calor por radiação) e considerado apenas o hc (coeficiente de transferência de calor por convecção), o qual é calculado pela aplicação das seguintes equações: hc=7,4v0,8 para 5 ms-1<v<30 ms-1 e hc=5,7+3,9v para v<5 ms-1. ESB UCP 585 Símbolo Designação Dados Unidades S.I. K1 Condutividade térmica acima do ponto de congelação 557×10-3 J(mKs)-1 K2 Condutividade térmica abaixo do ponto de congelação 134×10-2 J(mKs)-1 λ Calor latente de congelação médio do pescado 276×103 J(kg)-1 ρ Massa específica do pescado 1314,8 Kg(m3)-1 J(kgK)-1 Cps Calor específico acima do ponto de congelação 3,18×103 Cpi Calor específico abaixo do ponto de congelação 1,67×103 J(kgK)-1 hs Coeficiente de transferência superficial ou de filme 102 J(m2Ks)-1 a Espessura da semi-placa 8,5×10-3 m Ta Temperatura média do ar 235,16 K Tc Temperatura média de congelação do produto 271,16 K Ti Temperatura média inicial do produto 277,16 K Tf Temperatura média final no centro mássico do produto 255,16 K Bi Número de Biot Adimensional TA Temperatura Adimensional Adimensional R Factor de correcção 8-1 P Factor de correcção 2-1 NF0 Número de Fourrier Quadro 1 Nomenclatura e dados utilizados no cálculo dos tempos de congelação Adimensional Adimensional Adimensional A Área relativa ao produto 1,42×10-2 m2 V Volume relativo ao produto 7,2×10-6 m3 x Comprimento médio do produto 141,1×10-3 m y Largura média do produto 3×10-2 m z Espessura média do produto 1,7×10-2 m Método de cálculo 1ª e 3ª Fases Cálculo de TATA=(Tc-Ta)×(Ti-Ta)-1 (1ª fase) TA=(Tf-Ta)×(Tc-Ta)-1 (3ª fase) Cálculo do número de Biot (Bi)Bi=hs×a×K1-1 (1ª fase) Bi=hs×a×K2-1 (3ª fase) Quando Bi<0,2 considera-se que o interior e a superfície externa do produto atingem simultaneamente uma mesma temperatura. Neste caso aplica-se directamente a equação geral de transferência de energia em regime transiente. Considerando: Tempo1=[-Cps×ρ×V×(hs×A)-1]×ln[(Tc-Ta)×(Ti-Ta)-1] A=2[(x×y)+z(x+y)] -1 -1 Tempo3=[-Cpi×ρ×V×(hs×A) ]×ln[(Tf-Ta)×(Tc-Ta) ] V=x×y×z Quando Bi>0,2 é importante considerar a resistência à transferência de energia térmica por condução, isto é, o interior do produto arrefece muito mais lentamente que a superfície. Neste caso a determinação pode ser feita por intermédio da equação geral de transferência de energia em regime transiente, considerando o adimensional de Fourrier e o factor de forma. NF0=K1×Tempo1×(Cps×ρ×a2)-1 ou seja Tempo1=NF0×Cps×ρ×a2×K1-1 NF0=K2×Tempo2×(Cpi×ρ×a2)-1 ou seja Tempo2=NF0×Cpi×ρ×a2×K2-1 ESB UCP 586 2ª Fase - A determinação do tempo necessário a esta fase pode ser efectuada pela equação de Plank corrigida pelos factores de forma P e R. Tempo2=[(λ×ρ)×(Tc-Ta)-1]×[(P×z×hs-1)+(R×z2×K1-1)] Tempo total=Tempo1+Tempo2+Tempo3 Tabela 2 Tempos teóricos e tempo total de congelação industrialmente aplicado, temperatura média no centro mássico do produto à saída do túnel Tempo1 2,5 min. Tempo2 24,9 min. Tempo3 2,8 min. Tempo Tempo Temperatura média teórico total real no centro mássico 30,2 min. 28 min. 263,22 K Considerando os tempos teóricos calculados e comparando com o tempo real de túnel, verifica-se que o processo de congelação é interrompido no decorrer da terceira fase, aos 28 minutos, encontrando-se o produto com uma temperatura média de –9,94°C (263,22 K), ultrapassando claramente a zona de temperatura crítica, estabelecida entre –1°C e –5°C, na qual se verifica a formação de cristais de gelo. O tamanho e localização dos cristais de gelo depende da velocidade de congelação, isto é, do tempo requerido para ultrapassar a zona de temperatura crítica. A congelação rápida proporciona a formação de cristais de gelo muito pequenos localizados no espaço intracelular, não provocando o rompimento das células. Além disso, pode ocorrer um período de tempo menor para a difusão dos sais e a separação da água na forma de gelo, impedindo a formação de soluções hipertónicas prejudiciais ao produto. Com a congelação lenta ocorre o contrário,ou seja formam-se cristais grandes que rompem as células e desorganizam totalmente a estrutura do alimento. A terceira fase do processo de congelação é terminada na câmara de armazenamento a uma temperatura média de –22°C (251,16 K). Referências MATOS, L. C., 1995, “Org. do cont. da qual. numa fáb. de proc. de pescado”, Esc. Sup. Agrária de Coimbra EARLE, R. L., 1983. Unit Operation in Food Processing. Perganom Press Ltd, Headinton Hill Hall. Oxford, Inglaterra. ESB UCP 587 Degradation of hydrocarbon carotenoids (β-carotene) and oxygenated carotenoids (capsanthin, lutein and zeaxanthin) of hot red pepper stored in different environmental conditions Morais H.1,2, Ramos C.1,2, Forgács E.3,Cserháti T.3, Gomes L.1, Matos N.1, Almeida V.1, Oliveira J.2 1 2 3 DTPA/EAN, Quinta do Marquês, 2784-505 Oeiras - Portugal; GDEH, FCT/UNL, 2825 Monte da Caparica - Portugal; CRC, Hungarian Academy of Sciences, Putsztaszeri ut 59-67, Budapest - Hungary Abstract The commercial quality of a paprika depends almost entirely on three basic characteristics: a high concentration of pigments, the correct proportions of these pigments and a sufficient stability to guarantee that the initial chromatic characteristics last throughout its useful life. In simple terms, paprika powder can be denominated of quality when its colour can. During storage there is loss of pigments, lowering the quality of the paprika powder. The purpose of the present work was the study of kinetic parameters of the degradative reactions of hydrocarbon carotenoid (β-carotene) and oxygenated carotenoids (capsanthin, lutein and zeaxanthin) of hot red pepper stored in oxygen atmosphere (at light and at dark) and in vacuum atmosphere (at light and at dark). The colour pigments of paprika powder were separated under reversed-phase HPLC conditions. The degradation of the pigments was achieved in two stages. In first stage the degradations reactions followed a first order kinetic model. We compare the degradative specific rates of degradative reactions of each pigment with its structure and with the environmental conditions of storage. The degradation reaction of carotenoid pigments does not affect them all similarly, being the deterioration selective. Material and methods Sampling and storage: The study was carried out on hot red pepper powder (capsicum annuum), obtained in a pepper industry (Mação, Portugal). The samples were stored in vacuum and normal atmosphere at light and dark. The pigments were extracted with acetone. HPLC analysis was done on nonsaponified pigments.The separation of carotenoid pigments was carried out on endcapped reversed-phase C18 column, according Fisher & Kocis, (1987). ESB UCP 588 The experimental data referring to storage time and β-carotene, lutein, zeaxanthin and capsanthin concentrations were fitted by non-linear regression, corresponding to firstorder kinetics. The half-life gives the elapsed time to reduce pigment content to 50 %. Results µg β-carotene/g d.m. µ zeaxanthin/g d.m. µ lutein/g d.m. Figure 1 The effect of environmental conditions on loss of pigments µ capsanthin/g d.m. As seen from Fig. 1 the degradation of pigments was achieved in two stages. The reactions were performed at different rates in the first stage, as compared to the second one. In general terms, it can be seen that all of the reactions can be fitted to a first order kinetic model, in the first stage (Table 1). [(-◆-D); (-■-L); (-▲-VD); (-×-VL); ] The degradation specific rates of the four carotenoids show that they differ in their stability to the oxidative degradation being β-carotene the most unstable pigment. The difference in reactivity cannot be explained by differences in the length of their conjugated systems but must be due to the different structure of pigments. Observing Table 1 and Fig. 1 one can see that the four pigments are degraded even in the dark and in atmosphere without oxygen, but the specific rates of the reactions are different. Also it can be seen that the reactions that take place under illumination conditions and atmosphere with oxygen have higher specific degradation rate due to degradative synergism. ESB UCP 589 Pigment Specific rate (d-1) t1/2(d) r2 Specific rate (d-1) t1/2(d) r2 Absence of oxygen Darkness (D) Light (L) β-Carotene 0.1493±0.0240 4.64 0.95 0.2098±0.0183 3.30 0.96 Zeaxanthin 0.1385±0.0143 5.01 0.94 0.1981±0.0179 3.50 0.97 Lutein 0.1496±0.0254 4.63 0.91 0.1458±0.0211 4.75 0.93 Capsanthin 0.1183±0.0176 5.86 0.92 0.1392±0.0112 4.98 0.98 Table 1 Degradation specific rates (d-1) of pigments. Hot red pepper powder was stored at dark (D) and at light (L) in atmosphere with oxygen and atmosphere without oxygen Oxygen atmosphere Darkness (D) Light (L) _-Carotene 0.1981±0.0134 3.50 0.97 0.2953±0.0102 2.35 0.94 Zeaxanthin 0.1790±0.0158 3.87 0.93 0.2549±0.0178 2.72 0.96 Lutein 0.1538±0.0234 4.51 0.91 0.2268±0.0155 3.06 0.93 Capsanthin 0.1440±0.0121 4.81 0.92 0.2089±0.0104 3.32 0.95 References 1. FISHER, C., KOCIS, J. 1987. Separation of paprika pigments by HPLC. Journal of Agriculture and Food Chemistry 35: 55. ESB UCP 590 Estudo da composição em carotenóides presentes em fruta fresca e processada Patrício M. C.1, Bronze M. R.2,3, Ferreira A.4, Candeias M.4 e Vilas Boas L.3 1 Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, Apartado 12, 2781-901 Oeiras Faculdade de Farmácia de Lisboa, Av. das Forças Armadas, 1649-019 Lisboa 3 Instituto de Tecnologia Química e Biológica, Apartado 127, 2784-505 Oeiras 4 EAN- DTPA, Quinta do Marquês, 2784-505, Oeiras 2 Introdução Os carotenóides são compostos naturais presentes fundamentalmente em frutas e vegetais, sendo importante a sua ingestão através da dieta humana por contribuirem para uma alimentação saudável. Alguns destes compostos além de percursores de vitaminas têm funções antioxidantes, como por exemplo o β-caroteno. As frutas constituem a fonte principal de β-criptoxantina. Os carotenóides por degradação oxidativa podem originar compostos aromáticos (por exemplo o β-caroteno origina β-ionona). Durante a conservação e processamento de alimentos, podem ocorrer alterações na composição em carotenóides provocando também modificações na cor dos produtos o que pode condicionar a sua aceitabilidade pelos consumidores. Neste trabalho pretendeu-se avaliar a variação da composição em carotenóides em frutas frescas e sujeitas a um processo de conservação, a desidratação osmótica (DO) e posterior estabilização por congelação, pasteurização, secagem e liofilização. Experimental Foram analisadas amostras de frutas frescas (tomate, cenoura, damasco, tangerina), fruta processada por DO (tangerina e damasco), fruta fresca estabilizada por congelação, pasteurização, secagem e liofilização e fruta sujeita a processo combinado (DO+processo de estabilização) [1]. A análise de carotenóides foi feita segundo o método proposto por Hart et al [2]. A extracção dos carotenóides consistiu na utilização de uma mistura de Tetrahidrofurano:Metanol com 0.1 % de BHT e posterior saponificação com uma solução metanólica de KOH a 10 %. Nesta fase da preparação da amostra era adicionado um padrão interno (PI) de β-apo-8’-carotenal (Fluka). As análises foram realizadas por HPLC num equipamento Philips (PU 4100) equipado com detector de díodos (PU 4021). Foi utilizada uma coluna analítica Vydac 201TP54, 5 mm (Dionex). ESB UCP 591 A fase móvel era constítuida por Acetonitrilo:Metanol (com acetato de amónio 0.05M): Diclorometano (75:20:5 v/v/v) com 0.1 % de BHT e 0.05 % de trietilamina. O fluxo dos eluentes era de 1.5 mL/min e a coluna estava à temperatura ambiente. Os compostos foram detectados a 450 nm. Para determinação dos parâmetros da cor utilizou-se um colorímetro de reflectância Minolta Chroma Meter CR 200b. Resultados e Discussão Numa fase inicial do trabalho prepararam-se 3 extractos de tomate e procedeu-se para cada amostra à injecção em triplicado. O desvio padrão relativo da área dos picos variava entre 0.6-3.0 % para o b-caroteno e 9-19 % para o licopeno. Nos extractos de tangerinas fresca e osmodesidratada analisados, o carotenóide detectado em concentrações mais elevadas foi a β–criptoxantina, seguido do βcaroteno conforme se pode observar na Figura 1. Tendo em atenção os perfis cromatográficos das amostras liofilizadas e congeladas nota-se a presença de compostos com baixo tempo de retenção, que não foram ainda identificados, mas cujo espectro de absorção se assemelha aos espectros característicos dos carotenóides, com máximos de absorção entre os 400-550 nm. Figura 1 Cromatogramas obtidos a 450 nm de tangerina fresca sujeita diferentes a processos de estabilização O teor em carotenóides totais é, regra geral, superior nas tangerinas osmodesidratadas o que será devido à perda de água que ocorre no fruto durante o processo de DO, ESB UCP 592 no entanto no processo de estabilização por liofilização observou-se um decréscimo na concentração de β-criptoxantina no produto obtido. O processo de secagem no fruto osmodesidratado origina um produto com concentração muito superior em β-caroteno. As medições dos parâmetros de cor (L*, a*, b*), mostravam que as amostras sujeitas a secagem apresentavam valores de L* e a* superiores (na amostra fresca e osmodesidratada) enquanto que os valor de b* não diferiam muito das amostras sujeitas aos outros processos de estabilização. As amostras secadas eram as que reuniam uma pontuação superior quando foi feita a apreciação global dos frutos pelos provadores. O mesmo tipo de estudo foi efectuado para damascos processados por DO. Referências [1] M.M. SAPATA; et al., Osmotic dehydration of mandarins: kinetic evaluation and product quality, Proceedings of the 12th International Drying Symposium, IDS2000, paper Nº 146, Noordwijkerhout, The Netherlands, 2000. [2] DAVID J. HART; K. JOHN SCOTT; Food Chemistry, ESB UCP 593 Efeito de tratamentos de alta pressão na actividade enzimática endógena de azeitonas VitorinoR. M. P., Nunes C. S. C., Saraiva J. A. e Coimbra M. A. Departamento de Química, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro Introdução De alguns anos a esta parte a aplicação de altas pressões para o processamento de alimentos tem merecido interesse crescente por parte da indústria alimentar e instituições de investigação. A aplicação desta tecnologia ao processamento de alimentos requer o conhecimento do seu efeito nos vários constituintes dos alimentos, como por exemplo as enzimas. Neste trabalho estudou-se o efeito de tratamentos de alta pressão a 50 e 110 MPa, com duração de 15 e 30 min. em ambos os casos, nas actividades enzimáticas da peroxidase e da pectina metilesterase de azeitonas maduras pretas da variedade Douro. Após o processamento as actividades enzimáticas da peroxidase e da pectina metilesterase foram quantificadas nas fracções solúvel (FS) e ligadas iónica (FI) e covalentemente (FC) à parede celular. O efeito do armazenamento pós-processamento, a 4°C durante 7 e 15 dias, foi também estudado para as amostras processadas durante 15 min. Metodologia experimental A extracção das enzimas foi feita a partir de pó de acetona obtido de acordo com o procedimento descrito por Fernández-Bolaños et al. (1995) e com base no método apresentado por Sciancalepore e Longone (1984), com a alteração de que as formas solúveis (FS) e ionicamente ligadas à parede celular (FI) foram extraídas separadamente. O resíduo final obtido foi usado como fonte da forma das enzimas covalentemente ligadas à parede celular (FC). Para quantificação da actividade da peroxidase usou-se o método referido por Saraiva et al. (1996), enquanto a actividade da pectina metilesterase foi quantificada com base no procedimento descrito por Alonso et al. (1995). Para as duas enzimas o procedimento para quantificação da actividade da fracção FC foi adaptado de acordo com Ingham et al. (1998). ESB UCP 594 Resultados e Discussão No caso da peroxidase verificou-se um aumento da actividade (activação) com os tratamentos, com um máximo de cerca de 60 % para 50 MPa e 110 MPa e 30 e 15 min., respectivamente (Figura 1). Activação ligeira foi também observada para peroxidase de morango para tratamentos acima de 300 MPa durante 15 min. a 20°C (Hendrickx et al., 1998). O armazenamento durante 7 e 15 dias das amostras processadas durante 15 min. revelou um aumento da actividade para a amostra tratada a 50 MPa, com a actividade a diminuir em ambos os casos com o tempo de armazenamento. Verificou-se ainda que a fracção FC é responsável por cerca de 95 % da actividade total, distribuição que não é afectada pelos tratamentos aplicados. Figura 1 Efeito dos tratamentos aplicados na actividade total da peroxidase No caso da pectina metilesterase, os tratamentos de pressão aplicados causaram uma redução da actividade em todas as amostras, que variam entre um mínimo de 50 e um máximo de 80 % (Figura 2). O armazenamento das amostras processadas provocou variações ligeiras na actividade total, com tendência para a diminuição. A amostra não processada apresentou uma distribuição praticamente equitativa da actividade pelas três fracções quantificadas, enquanto as amostras submetidas a pressão apresentaram a totalidade da actividade residual na fracção FC. Os resultados obtidos indicam que a peroxidase e a pectina metilesterase estudadas têm comportamentos diferentes quando submetidas a tratamentos de pressão de 50 e 110 MPa à temperatura ambiente, o que se tem verificado para outras enzimas (Hendrickx et al., 1998) e que as fracções FS e FI da pectina metilesterase são mais sensíveis que a fracção FC. ESB UCP 595 Figura 2 Efeito dos tratamentos aplicados na actividade total da pectina metilesterase Bibliografia ALONSO, J., RODRIGUES, T. AND WENSCELAO, C. (1995). J. Agric. Food Chem., 43:10111016. FERNÁNDEZ-BOLAÑOS, J., RODRÍGUEZ, R., GUILLÉN, R., JIMÉNEZ, A. AND HEREDIA, A. (1995) Physiol. Plant., 93: 651-658. HENDRICKX, M., LUDOKHUYZE, L., VAN DEN BROEK, I. AND WEEMAES, C. (1998). Trends Food Sci. Technol., 9:197-203. INGHAN, L. M., PARKER, M. L. AND ALDRON, K. W. (1998). Physiol. Plant., 102: 93-100. SCIANCALEPORE, V. AND LONGONE, V. (1984). J. Agric. Food Chem., 32: 320-321. SARAIVA, J. M. A., OLIVEIRA, J. C., LEMOS, A. E HENDRICKX, M. (1996). Int. J. Food Sci. Technol., 31: 223-231. Agradecimentos Os autores agradecem à empresa Maçarico, S.A. o fornecimento das azeitonas usadas e ao Departamento de Engenharia Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro pela utilização da prensa. ESB UCP 596 Effects of controlled atmosphere on pectinmethylesterase activity and texture of “Rocha” pear Galvis Sánchez A. C. and Miranda Bernardo de Morais A. M. Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 420-072 PORTO, Portugal Firmness and pectinmethylesterase (PME) activity were evaluated in pears (cv. Rocha) after nine months of storage in controlled atmosphere (CA) and after different periods of exposure to air at room temperature. The free calcium content was also evaluated in fruit tissues. Firmness decreased along the time of exposure at room temperature for all four different CA conditions tested. After nine days of exposure to condition 2 % O2+1.5 % CO2 fruits presented tendency to lower firmness in opposition to the control (fruits stored in air). PME activity increased and had tendency to be higher for fruits from that same CA condition and after the same period of exposure. Fruits from 1.5 % CO2 atmosphere compositions presented tendency to higher Ca2+ ions along the time of exposure at room temperature. In spite of a normal textural change being noticed along the time of exposure to air at room temperature, it seems that the underlying metabolism was affected by CA storage. ESB UCP 597 ESB UCP 598 ESB UCP 599 Efeito dos tratamentos térmicos brandos na cor e textura da pêra “Rocha” minimamente processada Abreu M.1, Gonçalves E. M.1, Vieira J.1, Silva C. L. M.2 1 2 Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial, Lisboa, Portugal Escola Superior de Biotecnologia, Universidade Católica Portuguesa, Porto, Portugal Introdução Os frutos frescos cortados, também designados frutos minimamente processados, são produtos de conveniência com características de qualidade em fresco indo de encontro às exigências do consumidor actual. Uma das maiores limitações para a comercialização destes produtos, deve-se ao excessivo amolecimento dos tecidos vegetais e à grande susceptibilidade ao escurecimento que ocorre no fruto, após o corte (1). Os efeitos benéficos da aplicação do calor relativamente à textura são geralmente explicados pela activação da enzima pectina esterase (PE) que ocorre na gama de temperatura de 55-70°C. A PE é responsável pela clivagem dos grupos metóxilo, a partir dos resíduos do ácido galacturónico metilado das moléculas de pectina, dando origem a ácidos pécticos livres que disponibilizam novos grupos carboxilo livres para a ligação com o cálcio endógeno que actua como agente endurecedor dos tecidos (2). O objectivo deste estudo foi determinar e comparar o efeito destes tratamentos na deterioração dos parâmetros de cor e textura em pêra “Rocha”, após o corte e ao longo de 8 dias de armazenamento em refrigeração. Materiais e Métodos Foi utilizada a variedade de pêra “Rocha”, adquirida num supermercado local, com estado de maturação e tamanho uniforme. Os frutos inteiros foram imersos em banho termoestatizado, com circulação de água, nas seguintes condições de tempo temperatura: (Tabela 1). Após o tratamento térmico, os frutos foram armazenados em refrigeração (2ºC, HR= 90%). Efectuou-se, no dia seguinte, o descasque e corte do fruto em secções (cerca de 1.5 cm de altura) e, após a sua imersão numa solução de hipoclorito de sódio (100 ppm, pH=6.0; t= 30 s), foram embalados em sacos de polietileno abertos. O ensaio em branco corresponde aos frutos sujeitos às mesmas operações exceptuando o tratamento térmico. ESB UCP 600 Ao longo de 8 dias de armazenamento em refrigeração (2°C, HR=90 %) foram medidos os parâmetros de cor, textura e perdas de peso, de dois em dois dias (0, 2, 4, 6 e 8). A avaliação de cor, parâmetro L, foi efectuada em colorímetro triestímulos BikGardned e a textura, força máxima (g), em texturómetro TA-Hdi através do ensaio de penetração (v=3.0 mm/seg.; d=4.0 mm), 10 determinações por amostra. A comparação dos resultados entre os diferentes tratamentos térmicos, nos diferentes dias de armazenamento fez-se através do t-Test (95 % confiança) e para a avaliação de cada tratamento ao longo do período de armazenamento fez-se a análise de variância (Anova, Statistica v. 5.0). Tabela 1 Tempos e temperaturas de tratamento térmico das pêras inteiras Temperatura (ºC) Tempo (minutos) 40 60 120 180 240 45 30 60 90 120 50 15 30 45 60 55 8 16 24 32 60 3 6 9 12 Resultados e Discussão As perdas de peso verificadas em todas as amostras foram muito pequenas, (sem significado estatístico) correspondendo em média a 0.2 % do peso inicial. A aplicação dos tratamentos térmicos , 45°C - 120 min e 50°C – 60 min., no fruto inteiro de pêra “Rocha”, produziu efeitos benéficos na textura, verificando-se um aumento significativo da textura inicial, relativamente ao ensaio em branco (EB) e a manutenção da mesma ao longo do período de armazenamento de 8 dias (Figura 1). A análise estatística dos resultados da cor não foi conclusiva, relativamente à retenção da cor inicial, excepto para o tratamento 40°C-240 min., como se mostra na Figura 2. Os restantes tratamentos térmicos apresentaram grandes variações no parâmetro L ao longo do tempo de armazenamento, relativamente ao ensaio em branco (EB), no qual a degradação de cor foi diminuindo significativamente até ao dia 4, mantendo-se constante até ao último dia. A observação visual das amostras submetidas aos tratamentos efectuados à temperatura de 60°C evidenciaram um escurecimento da casca (despigmentação e acastanhamento intenso) que se estendeu ao interior da polpa (cerca de 1 mm) no fruto após o descasque, o que permite por si só eliminar os tratamentos térmicos desta intensidade. ESB UCP 601 Figura 1 Degradação da textura ao longo do tempo de armazenamento ● 45-120 ■ 50-60 ▲EB Figura 2 Variação da cor (parâmetro L) ao longo do tempo de armazenamento ■ 40°C _240 min ● EB Bibliografia 1. GORNY, J.R. KADER, A.A. “Postharvest Phisiology and Quality Maintenance of Fresh Cut Pears”, http://www.calpear.com/ind/research/postharv/ph1996/post_phys/post/phys_96.htm. 2. LUNA-GUZMÁN, I., CANTWELL, M. E BARRET, D. M. (2000) “Fresh-cut cantaloupe: effects of CaCl2 dips and heat treatments on firmness and metabolic activity”. Postharvest Biology and Technology, 19, 61-72. ESB UCP 602 Pectinmethylesterase and polyphenoloxidase activities in “Rocha” pear after controlled atmosphere storage Galvis Sánchez A. C. and Miranda Bernardo de Morais A. M. Escola Superior de Biotenologia, Universidade Católica Portuguesa Rua Dr. António Bernardino de Almeida, 420-072 PORTO, Portugal Pectinmethylesterase (PME) and polyphenoloxidase (PPO) activities were evaluated in pear (cv. Rocha) after nine months of storage in controlled atmosphere (CA) in order to select the composition, which could maintain the quality of the fruits, after long storage. Among the conditions tested, 2 % O2+1.5 % CO2 seemed to be the best since PME activity was reduced just after removal from CA storage and became higher than the other conditions along the time of exposure to room temperature. Both PME and PPO seemed to be good indicators of the effects that different storage atmosphere compositions may have on ‘Rocha’ pear. ESB UCP 603 ESB UCP 604 ESB UCP 605 “Maioneses” de tremoço branco: uma alternativa às maioneses tradicionais? Raymundo A.1, Nunes M.1, Sousa I.2, Empis J.3 1 Instituto Piaget. I.S.E.I.T Mirandela. – Centro de Estudos de Reologia e Tecnologia Alimentar. Av. 25 de Abril. 5370-202 Mirandela, Portugal 2 Secção de Ciência e Tecnologia dos Alimentos. Instituto Superior de Agronomia. Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa. Portugal. 3 Centro de Engenharia Biológica e Química. Instituto Superior Tecnico. Av. Rovisco Pais, 1049 - 001 Lisboa. Portugal A evolução do conceito de dieta alimentar equilibrada imprime uma constante dinâmica na área do desenvolvimento de novos produtos. A procura crescente de fontes proteicas alternativas às tradicionais constitui uma linha de trabalho em plena expansão, nomeadamente no que se refere à substituição de proteínas animais por proteínas de origem vegetal. A utilização de isolados proteicos de tremoço em produtos de panificação e massas alimentares foi já estudada com sucesso (Reys e Gross, 1982; Beirão da Costa, 1984). A excelente capacidade das proteínas de L.albus na estabilização de espumas alimentares foi igualmente demonstrada (Raymundo et al., 1998), abrindo um amplo campo de aplicações, tal como sobremesas, gelados e mousses. A capacidade emulsionante dos isolados proteicos de L. albus foi igualmente verificada, tornando viável a sua aplicação na produção de “maioneses” e molhos para salada (Franco et al., 1998; Raymundo et al., 1998a,b,1999). O desenvolvimento deste novo produto – “maioneses” de tremoço – foi efectuado tendo por base a definição de uma maionese alvo, a partir da caracterização das maioneses disponíveis no mercado, cujas propriedades físico químicas serviram de referência às etapas de optimização do processamento para obtenção das “maioneses” de tremoço. No presente trabalho, pretendese comparar sensorialmente diversas formulações de “maioneses” de tremoço, previamente optimizadas de acordo com o seu comportamento reológico. Materiais e Métodos Preparação das “maioneses”: As emulsões foram preparadas a partir de soluções proteicas de dois isolados de proveniências distintas - L9020 (Mittex, Anlagenbau GmbH, D-88250 Weingarten, Alemanha) e LupiE (Fraunhofer, D-85354 Freising, Alemanha). ESB UCP 606 Após a preparação das soluções protéicas (efectuada sob forte agitação magnética durante 30 min), procedeu-se à adição de óleo de girassol, sob dispersão num Ultra Turrax T-25 (IKA, Alemanha), à temperatura ambiente. Todas as “maioneses” (cuja composição se encontra resumida na Tabela 1), foram preparadas com teores de NaCl de 1 %, 0,7 % de ácido cítrico e 0,5 % de vinagre, que correspondem aos valores comuns das maioneses comerciais. Algumas formulações apresentadas incluem goma xantana como agente espessante, cuja concentração foi previamente optimizada. Tabela 1 Formulações optimizadas de “maioneses” de L. albus, a testar sensorialmente código isolado tipo de % proteína (m/m) % óleo % xantana proteico produto (m/m) (m/m) (m/m) LN1 L9020 maionese normal 5 65 0 LL1 L9020 maionese dietética 7 52 0,36 LM L9020 molho para salada 3 65 0 AM1 LupiE molho para salada 2 65 0 AM2 LupiE molho para salada 3 65 0 Avaliação sensorial: As “maioneses” foram avaliadas sensorialmente por um painel de provadores seleccionado e treinado, de acordo com os procedimentos estabelecidos na normas ISO8586 e ISO-5496, tendo-se realizado ensaios de perfil de textura. A folha de prova foi desenvolvida pelo painel, tendo em conta os atributos considerados mais importantes para a avaliação deste tipo de produtos, sendo composta por cinco categorias de atributos - aspecto, aroma, textura, sabor e sensação residual. Resultados e Discussão Na Figura 1 estão resumidos os resultados referentes ao perfil sensorial das maioneses de tremoço e de uma maionese padrão, previamente seleccionada por uma painel de consumidores. A partir desses resultados, verifica-se que em termos sensoriais, todas as emulsões estudadas têm aspecto semelhante, excepto a maionese com baixo teor de óleo que tem uma cor atípica e pouco brilho. Esta emulsão foi também considerada mais adesiva, o que é uma consequência da adição de goma xantana. Verificou-se que as emulsões obtidas a partir de L9020 têm um aroma e sabor a ranço acentuado, um aroma e sabor estranho e uma elevada granulosidade,o que pode em parte, ficar a dever-se às diferentes condições de armazenamento dos dois isolados. No entanto, o maior teor de óleo residual do L9020, terá também contribuído para o agravamento dessa situação. ESB UCP 607 Figura 1 Perfil sensorial das maioneses e molhos para salada obtidas a partir de isolados proteicos de L. albus de origem distinta e de uma maionese comercial padrão Conclusões A partir dos resultados apresentados, verifica-se que do ponto de vista sensorial, é possível obter “maioneses” de tremoço com características muito idênticas às das maioneses comerciais. Este facto, associado às suas propriedades reológicas, previamente estudadas e optimizadas, permite-nos considerar as proteínas de tremoço branco como excelentes substitutos da proteína de ovo na formação de maioneses. ESB UCP 608 Bibliografia BEIRÃO DA COSTA, M.L. (1984). Yellow Lupin flour (L. luteus) as a flour improver. Proceedings of the III International Lupin Conference, La Rochelle, France. p. 653 - 655. Franco, J. Raymundo, A.; Sousa, I. & Gallegos, C. (1998). Influence of processing variables on the rheological and textural properties of lupin protein-stabilized emulsions. Journal of Agric. Food Chem., 46: 3109 - 3115. RAYMUNDO, A.; EMPIS, J. E SOUSA, I. (1998a). White Lupin Protein Isolate as a Foaming Agent. Z. Lebensm. Unters. Forsch,207: 91-96. Raymundo, A.; Franco, J.; Gallegos, C.; Empis, J. & Sousa, I. (1998b). Effect of thermal denaturation of lupin protein on its emulsifying properties. Nahrung Food, 42: 220 - 224. RAYMUNDO, A.; EMPIS, J. & SOUSA, I. (1998c). Optimisation of Lupin Protein Emulsion Composition. Pol. J. Nutr. Sci., 7, 48: 127-134. RAYMUNDO, A. FRANCO, J.M., PARTA, P., SOUSA, I., GALLEGOS,C. (1999). Effect of the Lupin Protein/surfactant ratio on linear viscoelasticity properties of oil-in-water emulsions. JSD - AOCS. 2, 4: 545 - 551. REYES, M. & GROSS, U. (1982). Utilizacion del Lupinus mutabilis en la alimentacion humana. Proceedings of the IIIrd International Lupin Conference ESB UCP 609 Efeito da concentração protéica nas propriedades físicas de geles de tremoço branco Nunes M. C.1, Raymundo A.1, Alves M. M.1, Sousa I.2 e Empis J.3 1 Instituto Piaget. I.S.E.I.T. Mirandela. C.E.R.T.A. Avenida 25 de Abril. 5370-202 Mirandela. Secção de Ciência e Tecnologia dos Alimentos. Instituto Superior de Agronomia. Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa. Portugal. 3 Centro de Engenharia Biológica e Química. Instituto Superior Técnico. Avenida Rovisco Pais, 1049 - 001 Lisboa. Portugal. 2 Introdução Nos últimos anos tem-se verificado a necessidade de substituir as fontes protéicas animais por proteínas de origem vegetal, tendo as proteínas de leguminosas merecido a atenção de vários investigadores (Rossi et al., 1985; Morr, 1990) e agentes económicos. A produção de isolados proteicos de tremoço, cultura com alguma tradição na alimentação portuguesa, tem fomentado a sua utilização no desenvolvimento de novos produtos. Estudos recentes demonstraram as excelentes propriedades da proteína de tremoço branco (L. albus) na estabilização de espumas (Raymundo et al., 1998a) e de emulsões (Raymundo et al., 1998b), conduzindo ao desenvolvimento de mousses, maioneses e molhos para salada nos quais se substituem totalmente as proteínas do ovo e do leite. O presente estudo está enquadrado num trabalho em que se pretende utilizar a proteína do tremoço branco no desenvolvimento de sobremesas com estrutura tipo gel – do tipo de pudins e papas para crianças. Neste trabalho, apresenta-se um estudo prévio sobre a influência da concentração proteica nas propriedades de texturais e na cor de geles de tremoço branco. Materiais e Métodos Os geles foram preparados a partir de soluções aquosas do isolado proteico LupiE, produzido na Alemanha pela Fraunhofer (D-85354 Freising), utilizando uma gama de concentrações entre 14-30 % (m/m) de isolado. Os geles foram preparados segundo o método descrito num estudo prévio (Nunes et al., 2001). As determinações físicas efectuaram-se numa sala com temperatura controlada a 20±2°C. Após a saída do banho (a 5°C), considera-se um período de espera de 6 horas para estabilização da temperatura. Os parâmetros texturais foram determinados através do teste empírico de perfil de textura (TPA) recorrendo a um texturómetro TAX-T2i (Stable Micro System, U.K.). ESB UCP 610 As análises foram efectuadas nos frascos de vidro (6×53 mm), utilizando uma sonda cilíndrica de 25 mm de diâmetro (distância de penetração de 10 mm e velocidade de 2 mm/s) e um intervalo de espera de 5 segundos entre cada dentada. Os resultados apresentados resultam da média de 3 réplicas. Para determinação da cor dos geles recorreu-se a um colorímetro (Minolta CR 300, Japão), utilizando o sistema de coordenadas Lab* (CIELAB). Os valores apresentados resultam da média de 5 determinações. Resultados e Discussão O isolado protéico em estudo apresentou propriedades gelificantes para as concentrações entre 16 e 26 % (m/m). As soluções de isolado de tremoço a 14 % (m/m) não gelificaram. Por outro lado, para as concentrações mais elevadas, correspondentes a 28 e 30 % (m/m), a quantidade de espuma formada durante o processo de diluição por agitação magnética foi muito elevada, manifestando-se insolubilização do isolado. Na Figura 1 estão representados os texturogramas referentes as geles com concentrações protéicas entre 16 e 26 %. Figura 1 Texturogramas dos geles obtidos utilizando diferentes concentrações de LupiE (preto-16 %; azul escuro–18 %; vermelho–20 %; verde–22 %; azul claro–24 %; cinzento–25 %; lilás–26 %) Os parâmetros de textura que melhor caracterizam estes geles são a firmeza e a adesividade, verificando-se que estes geles não apresentam fracturabilidade. Através da Figura 2 é possível verificar que, no intervalo de concentrações considerado, tanto a firmeza como a adesividade, aumentam com o aumento da concentração de isolado. ESB UCP 611 Contudo, até 24 % de proteína esse aumento é linear, enquanto que a partir dessa concentração, ocorre um aumento mais acentuado. Este facto poderá revelar que para essa gama de concentrações já se verificam problemas de insolubilidade do isolado. Figura 2 Variação dos parâmetros de textura (firmeza e adesividade) com a concentração de LupiE A partir das determinações de cor concluiu-se que apenas os parâmetros L* e b* variam com a concentração. A análise da Figura 3 permite concluir que o parâmetro L* decresce com o aumento da concentração proteica, o que corresponde a um escurecimento dos geles. A componente b* aumenta com a concentração de proteína, correspondendo a um aumento da componente amarela, relacionado com o facto do isolado proteico ser amarelo. Figura 3 Variação das coordenadas L* e b* com a concentração de LupiE Conclusões A partir dos resultados apresentados, verifica-se que a firmeza e a adesividade dos geles de proteína de tremoço branco aumentam linearmente com a concentração de isolado entre 16 e 24 %. Para concentrações proteicas mais elevadas, parece evidente a existência de fenómenos de insolubilização dos isolados. O aumento dos teores protéicos também se traduz por um escurecimento dos geles e aumento de intensidade ESB UCP 612 da tonalidade amarela, sendo importante considerar este factor nos processos de optimização dos produtos comerciais a desenvolver. Referências Bibliográficas MORR, C.V. (1990). Current status of soy protein functionality in food systems. J. Am. Oil Chem. Soc., 67: 265-271. NUNES, M.C., RAYMUNDO, A., ALVES, M.M., SOUSA, I. (2001). The effect of gelation conditions on viscoelastic linear properties of white lupin protein gels. Livro de Actas do 3º Encontro da Sociedade Portuguesa de Reologia (in press). RAYMUNDO, A., EMPIS, J., SOUSA, I. (1998a). White lupin protein isolate as a foaming agent. Z. Lebensm. Unters. Forsch. 207 RAYMUNDO, A., EMPIS, J., SOUSA, I. (1998b). Optimisation of lupin protein emulsion composition. Pol. J. Nutr. Sci. 7, 48: 127-134. ROSSI, M., PALIARINI, E., PERI, E. (1985). Emulsifying and foaming properties of sunflower protein derivatives. Lebens. Wiss Technol ESB UCP 613 Goiaba (in natura) e produtos processados de goiaba como fonte de licopeno Porcú O. M.1 e Rodriguez-Amaya D. B.2 1 Centro Federal de Educação Tecnologia do Paraná, Unidade de Medianeira – Av. Brasil 4232 – Parque Independência, C.P.391 – CEP 85884000, Medianeira ,Paraná-Brasil 2 Departamento de Ciências de Alimentos – Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas. C.P. 6121 –CEP: 13083-970, Campinas, SP – Brasil Introdução A goiabeira é uma fruteira que se encontra amplamente espalhada por todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo. Pertence ao gênero Psidium L., da família Myrtaceae e produz um fruto denominado vulgarmente de goiaba (português), guayaba (espanhol), guava (inglês), goyava ou goiaver (francês) (PEREIRA, 1995). No Brasil, dentre as variedades mais conhecidas e disponíveis aos produtores de goiaba, destacam-se os cultivares de Paluma e Ogawa. A goiaba, de aroma penetrante, pode ser consumida cru ou ao natural, e tem grande importância comercial nas industrias de doces, dos quais se destaca a apreciada goiabada que é largamente consumida e, portanto, freqüentemente encontrada nas prateleiras dos supermercados. Estes alimentos são de grande importância nutricional devido a excepcional riqueza em ácido ascórbico e vários minerais como também pelo conteúdo de carotenóides pró-vitamínicos A (b-caroteno) e de níveis elevados de carotenóides não pró-vitamínicos A (particularmente em licopeno). O licopeno, um carotenóide acíclico de 11 ligações duplas conjugadas, normalmente na configuração trans, é responsável pela pigmentação vermelha da goiaba. Estudos indicam a ação do licopeno como agente antioxidante com eficiência melhor que o b-caroteno (DI MASCIO, 2000) O seu consumo tem sido correlacionado o com risco diminuído contra doenças degenerativas como certos tipos de câncer (cervical, mama, pulmão, esôfago, estomago, cólon, reto e principalmente câncer de próstata), degeneração macular e doenças cardiovasculares. Uma vez que o homem não é capaz de sintetizar carotenóides uma maneira de obtêlos é a partir de alimentos carotenogênicos. A quantidade de carotenóides varia grandemente dependendo da espécie, variedade, clima, região geográfica, tipo de solo e grau de maturidade (RODRIGUEZ-AMAYA, 2000). O Brasil é um dos maiores produtores de goiaba vermelha. As goiabas comerciais são encontradas nos Estados de São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Minas Gerais. Esta fruta é um item de exportação e está tendo grande aceitabilidade em outros países. ESB UCP 614 Deste modo, o presente trabalho teve por finalidade determinar os principais carotenóides de goiaba vermelha (in natura) e de seu produto processado, a goiabada. Materiais e Métodos Amostras Amostras de goiaba (in natura) da variedade Paluma e Ogawa foram fornecidas pela empresa GOIABRÀS (Associação Brasileira dos Produtores de Goiabas) localizada no Estado de São Paulo. As goiabas estudadas caracterizaram-se pela forma ovóide tendo em média 7 e 6 cm de comprimento para Paluma e Ogawa respectivamente. Cada amostra foi constituída de 15 frutas de maturidade e tamanho homogêneo. As goiabas sofreram quarteamento e partes opostas foram combinadas e homogeneizadas; amostras de 6 gramas foram submetidas a análise. Três marcas diferentes da goiabada, oriundas dos supermercados da cidade de Campinas no Estado de São Paulo foram também estudadas. Para cada amostra, três unidades de 500 gramas foram misturadas e homogeinizadas, tomando-se para análise 5 gramas do produto. Determinação de Carotenóides Carotenóides padrões foram isolados por cromatografia em coluna aberta(CCA) segundo método de RODRIGUEZ-AMAYA et al (1976, 1999) e a quantificação foi realizada através da absorção no lmáx, sendo que a pureza foi observada por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Os carotenóides foram extraídos com acetona e transferidos para éter de petróleo. Após concentração em rotaevaporador e completa evaporação do solvente com nitrogênio, foram redissolvidas em acetona e injetadas no cromatográfo. O cromatográfo com detetor de arranjo de diodos foi munido de uma coluna Vydac C18 218TP254 (5 mm de tamanho de partícula, 250x4,5 mm d.i.). Um sistema isocrático de THF:H2O:MeOH (15:4:81, v/v) como fase móvel, com velocidade de fluxo de 0,5 mL/min., foi empregado. Resultados e Discussão O licopeno é o carotenóide majoritário, representando cerca de 93 % para o cultivar Paluma e 94 % para Ogawa. Na goiabada, o licopeno é cerca de 98 %, 92% e 78 % para as marcas A, B e C respectivamente. ESB UCP 615 Os cultivares de Paluma e Ogawa, apresentaram teores de b-caroteno e de licopeno de 69 ± 5 µg/g e 58 ± 9 µg/g, e de b-caroteno de 2,1 ± 0,7 µg/g e 2,2 ± 0,7 µg/g, respectivamente (Tabela 1). Em goiabada, os teores de licopeno foram 84 ± 7 µg/g, 60 ± 6 µg/g e 64 ± 14 µg/g, e de β-caroteno 7 ± 4 µg/g, 4 ± 3 µg/g e 4 ± 2 µg/g, respectivamente, para as marcas A, B e C (Tabela 2). Outros carotenóides como o β-caroteno, γ-caroteno, ζ-caroteno, e zeionoxantina foram encontrados, mas em quantidade bem menor. A influência do processamento industrial na composição dos carotenóides de goiabada demonstrou ser pouco significativa, pois os teores de b-caroteno e de licopeno da goiaba (in natura) e goiabada se mostraram bastante similares com exceção da goiabada de marca A que apresentou concentrações maiores. Cultivar Origem (Estado) β-caroteno licopeno Paluma São Paulo 2,1 ± 0,7 69 ± 5 Ogawa São Paulo 2,2 ± 0,7 58 ± 9 * Marca Conteúdo de Carotenóides (µg/g) Conteúdo de Carotenóides (µg/g) β-caroteno licopeno A 7±4 84 ± 7 B 4±3 60 ± 6 C 4±2 64 ± 14 Tabela 1 Concentrações de carotenóides principais em dois cultivares de goiaba Tabela 2 Concentrações de carotenóides principais em três marcas de goiabada *Estes produtos processados foram obtidos de diversos supermercados da cidade de Campinas, Estado de São Paulo. Conclusão A goiaba vermelha e a goiabada são fontes ricas de licopeno, portanto, sua produção, comercialização e consumo devem ser incentivados. Agradecimentos Órgãos financiadores: CAPES, MCT-CNPq-FINEP (PRONEX processo nº66.2307/1996-8) ESB UCP 616 Referências Bibliográficas DI MASCIO, P., MURPHY, M.C. & SIES, H. Antioxidant defense systems the role of carotenoid, tocopherol and thiols American Journal of Clinical Nutrition (Supp.) 53, 194-200, 2000. Edge, R., McGarvey, D.J. & Truscott, T.G. The Carotenoids as anti-oxidants – a review Journal of Phytochemistry and Photobiology B: Biology 41, 189-200, 1997. PEREIRA, FERNANDO MENDES, Cultura da goiabeira Jaboticabal, FUNEP, 1995, 47p. RAO,V. & AGARWAL S., Role of lycopene as antioxidant carotenoid in the prevention of chronic diseases: a review Nutrional research, vol.19, nº2 , 305-323, 1999. RODRIGUEZ-AMAYA, D.B., Some considerations in generating carotenoid data for food composition tables Journal of Food Composition and Analysis 13, 641-647, 2000. RODRIGUEZ-AMAYA, D.B., A guide to carotenoid analysis in foods U.S.A., 64p., 1999. RODRIGUEZ-AMAYA, D.B.; RAYMONDO, L.C.; LEE, T.C.; SIMPSON, K.L.; CHICHESTER, C.O. Carotenoid pigment changes in ripening Marmodica charantia fruits Annals of Botany, v.44, 615-624, 1976. ESB UCP 617 Efeito da fertilização e tempo de armazenagem nos óleos essenciais de plantas aromáticas secadas Guerreiro M.1, Ribeiros P.1, Carvalho A. P. 1, Martins A. N.2 e Figueira A. C. O. L.1 1 2 Esc. Sup. de Tecnologia, Universidade do Algarve, Campus da Penha, 8000-117 Faro Lab. de Tec. Agr., Dir. Regional de Agricultura do Algarve, Aptº 282, 8001-904 Faro Introdução São referidos os resultados de um estudo da eficácia de diferentes métodos extractivos aplicados a amostras de plantas frescas, ou secadas. As espécies investigadas foram Thymus capitatus L. (tomilho), Rosmarinus officinalis L. (alecrim), Origanum vulgare ssp. Virens Hoffmans & Link (orégão), Mentha pulegium L. (poejo), Achillea ageratum L. (macela de S. João) e Salvia officinalis L. (salva). Apresentam-se ainda resultados tanto de um ensaio de fertilização, como do efeito do tempo de armazenagem, sobre a percentagem de óleo essencial e o perfil de ácidos gordos. Este estudo incidiu sobre as espécies Thymus capitatus L. e Rosmarinus officinalis L. Material e Métodos Foram utilizadas plantas cultivadas ao ar livre num ensaio de produção e fertilização efectuado segundo um esquema de blocos casualizados de três repetições por tratamento (com e sem adubação), tendo cada repetição 3,75 x 2,5 m. A secagem das plantas foi realizada logo após a colheita, em secadores também localizados no Centro de Experimentação Hortofrutícola do Patacão (Faro). Nas extracções foram utilizados todos os componentes das plantas, frescas ou secadas (caule, folhas e flores). A extracção dos óleos essenciais foi efectuada utilizando um dos seguintes métodos: a) Arrastamento de vapor, durante 4 horas, sendo o óleo essencial extraído com clorofórmio e a solução resultante seca de acordo com um dos procedimentos; b) Hidrodestilação, utilizando um aparelho de Clevenger modificado, sendo o volume de óleo extraído determinado por leitura directa no próprio extractor. Procedimento Temp. água aquecimento (°C) A 50 24 h, sem tampa B 50 40 h, com tampa C Tempo/estufa 60 24 h, com tampa 60 40 h com tampa + 30 min. sem tampa ESB UCP 618 Os óleos essenciais foram analisados por cromatografia em fase gasosa, num aparelho HP modelo 5890 série II, equipado com um detector de ionização de chama (FID), uma coluna DB Wax (30 m x 0,25 mm x 0,25 mm) e um débito de hélio de 2,6 mL/minuto. Resultados Da análise dos valores dos rendimentos médios de extracção para os procedimentos A, B e C, aplicados às plantas secadas (PS, Tabela 1), verificou-se que o procedimento C originou percentagens de óleos essenciais significativamente mais elevadas (P> 90 % ou superiores) que o procedimento A (excepto para o tomilho) e também que o procedimento B, quando aplicado à extracção de alecrim e poejo (P> 90 %). Tabela 1 Rendimentos médios de extracção em função do procedimento utilizado Alecrim Macela S. João Oregão Poejo Salva P. S. - A 0,03 0,19 0,22 1,57 0,07 Tomilho 2,32 P. S. - B 0,55 0,92 1,5 1,59 0,86 2,43 P. S. - C 1,27 1,37 0,7 2,16 0,84 2,42 P. F. - C 0,54 0,67 0,32 0,48 0,47 0,8 P. S. - Clevenger 0,1 1,19 1,31 1,57 1,39 2,75 P. F. - Clevenger 0,08 0,13 0,24 0,32 0,26 0,2 No respeitante aos rendimentos médios de extracção obtidos por aplicação do procedimento C e do método de Clevenger às plantas em fresco (PF) e secadas (Tabela 1), observou-se que, com excepção da salva, a extracção das plantas secadas resultou na obtenção de percentagens de óleos essenciais significativamente superiores (P> 90 %). Tanto no caso do tomilho, como para o alecrim, verificou-se uma diminuição significativa (P> 95 %) nos rendimentos médios de extracção com o armazenamento (Fig. 1 a e b). No ensaio de fertilização (Figura 1 a e b), não se observou, para as plantas estudadas, uma diferença significativa nos rendimentos médios. As diferenças entre os perfis de ácidos gordos para o controlo (plantas não adubadas, produzidas em 2000) e as armazenadas (Fig. 2, a e c) revelaram, em ambos os casos, uma redução na intensidade relativa de alguns dos componentes. No respeitante à fertilização esta parece ter um efeito contraproducente, no caso do tomilho (Fig. 2, b), e bastante positivo, para o alecrim (Fig. 2, d). ESB UCP 619 (a) (a) (c) (b) (b) Figura 1 Rendimentos relativos em função do tempo de armazenamento (adub./ n. adub. 99 vs adub. ou vs. n. adub. 00) e da fertilização em tomilho (a) e alecrim (b) Figura 2 Diferenças entre os perfis de ácidos gordos resultantes dos ensaios de armazenamento e de fertilização de tomilho (a e b) e alecrim (c e d) (d) ESB UCP 620 Influência das misturas do leite bovino com “leite de soja” nos parâmetros físico-químicos, sensoriais e tecnológicos Ferrazza Nardes R. E.1, Antunes P. L.2 e Fresno Baro J. M.3 1 CAVG,UFPel, Pelotas, RS, Brasil DCTA,Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel,UFPel, Pelotas, RS, Brasil 3 DHT, Faculdade de Veterinária, León, Espanha 2 Introdução A escassez de alimentos tem dificultado a obtenção das fontes de material nitrogenado. Alternativas alimentares devem ser encontradas como fontes de proteínas, sobressaindo a importância dos produtos de soja. O “leite de soja”, produto de baixo custo e elevado rendimento proteico, encontra limitações com relação a aceitação (5). Estes podem ser sanados empregando maceração e cozimento, inativando as enzimas e os fatores anti-nutricionais. Para o consumidor, os atributos mais importantes são os aspectos organolépticos e nutricionais (7). O leite bovino apresenta problemas de insuficiência no período de entre-safra e alto custo para população carente. Propõe-se neste trabalho como alternativa uma mistura de leite bovino acrescido de “leite de soja” nas proporções de 10, 15 e 20 %. Realizou-se estudos físico-químicos, microbiológicos e sensoriais. Observou-se o poder de coagulação para posterior elaboração de queijos. Consubstanciado no exposto, testou-se a preferência e aceitabilidade das misturas. Materiais e Métodos As matérias primas, leite bovino tipo C da COSULATI (Cooperativa Sul Riograndense de Laticínios) e o “leite de soja”, processado em escala de laboratório, utilizando as sementes de soja variedades Br4, IAS5, Bragg, proveniente da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). As misturas de leite bovino acrescido de leite de soja nas proporções de 10, 15 e 20 %, foram realizadas nos laboratórios do DCTA/FAEM/UFPel, seguindo normas de assepsia. Na coagulação para obtenção do queijo, utilizou-se coalho comercial líquido de origem bovina com um poder coagulante de 1:10.000 (1), observou-se o tempo e tipos de coágulos. A análise sensorial ocorreu com degustadores não treinados. Na Escola Estadual Adolfo Feter, foram avaliadas as misturas com crianças de 7 - 11 anos de diferentes classes sociais. ESB UCP 621 E no CNPFT-EMBRAPA e UFPel, participaram 100 adultos de diferentes faixas etárias, adotou-se o critério voluntário. As análises realizadas microbiológicas colimetria e contagem total (2). As análises físico-químicas: densidade, acidez e EST(Extrato seco total) (4). Gordura por analisador Milko-tester, método de Gerber e proteínas por Kjeldahl (%N x 6.25) (3). Análises de pH em pHmetro e Crioscopia em crioscópio eletrônico. As análises sensoriais: teste de preferência, participaram juízes não treinados, utilizou-se Escala Hedônica Facial para crianças, escala modificada (8) e para adultos escala de preferência-ordenação (6). Teste de Aceitabilidade segundo escala FACT. Análise estatística, testes não-paramétricos do qui-quadrado de Fridman a nível de significância de 5 %. Os níveis de aceitabilidade foram expressos em percentagem. Resultados e Discussão A tabela abaixo mostra os resultados das análises fisico químicas realizadas no leite bovino, “leite de soja” e mistura A com 10 %, mistura B com 15 % e mistura C com 20 % acrescidas de leite de soja ao leite bovino, possibilitando ter ideia da qualidade dos leites das misturas e do seu valor nutricional. Observou-se também os diferentes tipos de cultivares quanto a influência na obtenção do “leite de soja” em termos de composição centesimal. PARAMETROS DENSIDADE ACIDEZ (15º C) g/l TITULÁVEL (º D) 14 1.031,93 15,00 2 1.031,90 3 1.032,00 PROTEÍNA GORDURA (%) (%) 6,73 3,12 16,00 6,64 15,00 6,65 <1.015,00 13,00 2 <1.015,00 3 1 EST2 ESD3 3,06 11,85 8,78 - 0,531 3,02 3,05 11,79 8,74 - 0,532 3,04 3,07 11,87 8,80 - 0,532 6,63 2,89 1,76 * * - 0,167 12,00 6,49 2,76 1,63 11,50 8,51 - 0,163 1.016,70 13,00 6,61 2,69 1,82 * * - 0,193 16 1.030,50 15,00 6,75 3,09 3,06 11,52 8,45 - 0,492 2 1.030,60 15,00 6,66 2,99 2,99 11,50 8,51 - 0,496 3 1.031,10 15,00 6,64 3,00 3,03 11,64 8,61 - 0,490 16 1.029,70 14,00 6,75 3,08 2,95 11,25 8,30 - 0,480 2 1.030,00 15,00 6,65 2,98 2,96 11,35 8,39 - 0,482 3 1.030,85 14,00 6,62 2,98 3,00 11,58 8,58 - 0,480 16 1.028,83 14,00 6,75 3,07 2,86 11,05 8,18 - 0,464 2 1.029,60 14,00 6,60 2,97 2,88 10,93 8,05 - 0,463 3 1.030,57 14,00 6,61 2,97 2,96 11,35 8,36 - 0,461 PRODUTOS LEITE BOVINO LEITE DE SOJA 15 MISTURA A MISTURA B MISTURA C CRIOSCOPIA pH (0º C) Tabela 1 Análises físico-químicas do leite bovino, do “leite de soja” das cultivares Bragg, BR4 e IAS5 e das misturas 1Misturas A, B e C, respectivamente, são as misturas de 10, 15 e 20% de “leite de soja” com leite bovino tipo C. 2Extrato Seco Total. 3Extrato Seco Desengordurado. 41, 2 e 3 leite bovino utilizados no preparo das misturas. 51, 2 e 3 “leite de soja” obtidos das cultivares Bragg, BR4 e IAS5 respectivamente. 61, 2 e 3 misturas A, B e C, de leite bovino acrescido de “leite de soja” das diferentes cultivares utilizadas. (*) ausência de dados. ESB UCP 622 Figura 1 Aceitabilidade da mistura contendo 20% de “leite de soja” misturado com leite bovino tipo C 1. Beberia isto sempre que tivesse oportunidade 2. Beberia isto muito frequentemente 3. Beberia isto frequentemente 4. Gosto disto e beberia de vez em quando 5. Beberia isto se estivesse acessível, mas não me esforçaria para isso 6. Não gosto disso, mas beberia ocasionalmente 7. Raramente beberia isto 8. Só beberia isto se não pudesse escolher outro alimento Aplicou-se testes de aceitabilidade em escala FACT, os resultados obtidos foram expressos em percentagens, conforme mostra Fig. 1 sendo o “leite de soja” utilizados para os dados abaixo, os elaborados com a variedade Bragg. Observando o tempo de coagulação e o tipo de coágulo das misturas de leite bovino e “leite de soja”, comparando a testemunha “leite de soja”, constatou-se que esta levou muito tempo para a coagulação. As misturas A, B e C formaram um coágulo bom, o que pode ser aproveitado como alternativa para produção de queijos. Conclusão As misturas são viáveis sob o ponto de vista de composição físico-química, aceitabilidade e coagulação e, os parâmetros estudados foram se afastando dos valores normais de leite bovino com o aumento de % de “leite de soja” nas misturas, embora aceitáveis até o nível testado de 20%. Referências Bibliográficas 1. ALAIS C. (1971) Ciência de la leche. Compañía Editorial Continental. México, 583p. 2. AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Compendium of Methods for Microbiological Examination. Washington, 1976. 701p. 3. AOAC.(1975) Official Methods of Analysis. Association of Official Agricultural Chemists. Washington. 4. BRASIL, (1985) Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. São Paulo. ESB UCP 623 5. CANTO, W.L. et al. (1982) Leite de Soja Líquido: Uma Opção Alimentar. Instituto de Tecnologia dos Alimentos. Campinas. 6. ELLIS B.H. (1968)Preference Testing Methodology. Food Technology. 49-56. 7. FRAU M. et. al. (2000) Las Propiedades Texturales del Queso y su Papel en la Industria Láctea, Revista Alimentaria, nº 310. 8. MORI E. M.(1987) Análise Sensorial dos Alimentos. Apostila do Governo do Estado de São Paulo , Coordenadoria da Pesquisa Agropecuária, Instituto de Tecnologia de Alimentos. Campinas. 104p. ESB UCP 624 Actividade antioxidante de óleos essenciais de Thymus mastichina e Menta x piperita Neves C., Beirão da Costa S., Beirão da Costa M. L., Gouveia, J. M. e Moldão-Martins, M. Instituto Superior de Agronomia, Centro de Microbiologia e Industrias Agrícolas, T. da Ajuda, 1399-017 Lisboa Introdução O ranço oxidativo é uma das principais formas de deterioração e diminuição da qualidade nutricional do azeite, conduzindo à destruição de certos ácidos gordos essenciais, como o linoleico e o linolénico, e algumas vitaminas lipossolúveis [1]. Numa primeira fase da oxidação formam-se os hidroperóxidos, compostos inodoros e insípidos, bastante instáveis e reactivos [2]. Numa segunda fase formam-se os produtos secundários de oxidação, resultante da decomposição dos primeiros, que são estáveis e constituídos principalmente por aldeídos, álcoois, cetonas e hidrocarbonetos [3]. Os produtos secundários são os compostos responsáveis pelo cheiro e sabor característicos do ranço [4]. A utilização de antioxidantes, nomeadamente naturais, está muito difundida na indústria alimentar. De entre os compostos que se pensa apresentarem maior actividade antioxidante destacam-se alguns compostos fenólicos, presentes em elevadas quantidades nos óleos essenciais (OE) de plantas aromáticas. Materiais e Métodos Utilizou-se-se OE de Mentha x piperita (MP) (maioritáriamente constituído por acetato de linalilo - 72,0 % e linalol - 12,3 %) e de Thymus mastichina L.(TM) (maio ritáriamente constituído por cineol 64,1 %). Os óleos essenciais foram incorporados em azeite virgem extra com 0,7º de acidez nas cocentrações de: 1 % OE de MP, 1 % OE de TM e 0.5 %+0.5 % OE de MP e TM. A actividade antioxidante dos OE de TM e MP foi avaliada espectrofotometricamente, de acordo com o Regulamento CEE nº 2568 / 91, durante um período de 230 dias. Utilizou-se azeite não aromatizado, mantido nas mesmas condições, para termo de comparação. Os resultados obtidos foram submetidos a uma análise de variância (ANOVA). ESB UCP 625 Resultados e Discussão As Figuras 1 e 2 traduzem, respectivamente, as tendências da evolução dos produtos primários e secundários de oxidação. Figura 1 Tendência de evolução dos produtos primários de oxidação das soluções em estudo Dias Azeite Mentha Tomilho Mentha + Tomilho Figura 2 Tendência de evolução dos produtos secundários de oxidação das soluções em estudo Dias Azeite Mentha Tomilho Mentha + Tomilho No que se refere à tendência de evolução dos produtos de oxidação primários, verifica-se que o azeite, para o período compreendido entre os 43 e 56 dias, revela um aumento, a partir do qual apresenta um acréscimo mais lento e parece estabilizar a partir dos 196 dias. ESB UCP 626 O azeite aromatizado com OE de tomilho não apresenta alterações significativas. Por outro lado, o azeite aromatizado com o OE de menta apresenta, logo a partir dos 13 dias após a sua preparação, um aumento acentuado do nível de hidroperóxidos, mantendo-se constante até aos 196 dias voltando de seguida a aumentar, embora de forma menos marcada. O azeite aromatizado com os OE das duas espécies aromáticas, ao contrário do verificado anteriormente, não apresenta nenhum período estável, observando-se uma tendência para um aumento contínuo dos produtos primários de oxidação. Quanto aos produtos secundários de oxidação, verifica-se que esta é muito semelhante para o azeite e as várias soluções aromatizadas. No entanto o azeite adicionado do OE de menta apresenta, logo ao fim de 8 dias após a preparação das soluções, um aumento acentuado. No período compreendido entre os 56 e os 196 dias, o azeite apresenta um acréscimo mais marcante comparativamente com as soluções aromatizadas. Assim observou-se, tanto para os produtos primários como para os produtos secundários de oxidação, uma ligeira actividade pró-oxidante do OE de menta nas concentrações estudadas. O tomilho, pelo contrário, apresenta um ligeiro efeito antioxidante. Bibliografia [1] KIRITSAKIS, A. K. (1992). El Aceite de Oliva. A. Madrid Vicente, Madrid [2] GOUVEIA, JOSÉ (1995). Azeites Virgens do Alto Alentejo: Comportamentos Químico, Tecnológico e Sensorial. Dissertação para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia Agro-Industrial, U.T.L., I.S.A., Lisboa [3] FAÍSCA, IDALINO (1998). Obtenção de Extractos de Murta (Myrtus communis L.) Avaliação da sua Actividade Antioxidante. Dissertação apresentada para o grau de Mestre em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, U.T.L., I.S.A, Lisboa [4] PERES, M. (1995). Sobre a Oxidação de Azeite Catalizada por Metais. Dissertação apresentada para o grau de Mestre em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, U.T.L., I.S.A, Lisboa ESB UCP 627 Actividade antioxidante da Mentha piperita em gorduras vegetais Rodrigues J.1, Ribeiro M. A.1, Moldão Martins M.2, Esquível M. M.1 e Bernardo-Gil M. G.1 1 Centro de Engenharia Biológica e Química, Departamento de Engenharia Química Instituto Superior Técnico, Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa. 2 Instituto Superior de Agronomia, Tapada da Ajuda, 1399 Lisboa Neste trabalho pesquisou-se a actividade antioxidante de extractos de Mentha piperita (hortelã-pimenta), bem como do seu óleo essencial em óleo de girassol refinado, em azeite refinado e no azeite extra virgem da região de Moura. Avaliou-se o efeito da concentração e da temperatura na estabilidade oxidativa das gorduras vegetais. A hortelã-pimenta, Mentha piperita, foi fornecida pela D.G.A. de Trás-os-Montes. Os extractos e o óleo essencial da hortelã-pimenta foram testados em óleo de girassol refinado (aaa Girassol), em azeite extra virgem da Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos com acidez máxima de 0,7° e em azeite refinado cedido pela empresa Vitor Guedes. Todos os outros reagentes utilizados foram de grau analítico indicado nas técnicas de análise. O óleo essencial foi obtido por destilação por arrastamento de vapor. Os extractos foram obtidos por extracção líquido-líquido seguida da evaporação do solvente a baixa pressão. Os métodos utilizados para determinar a actividade antioxidante dos extractos nos óleos vegetais foram o Rancimat [1] e o Índice de Peróxidos [2]. Para a comparação da estabilidade oxidativa dos óleos com extractos adicionados recorre-se a um parâmetro adimensional, factor de protecção, FP, definido como a razão entre o tempo de indução da amostra e o tempo de indução do óleo sem antioxidante. Os resultados dos factores de protecção para as várias concentrações de extracto em óleo de girassol, azeite extra virgem e azeite refinado, a temperaturas entre 100°C e 150°C são apresentados nas Figuras 1 a 3. Os resultados obtidos pelo método Rancimat, indicam que o extracto manifesta uma actividade antioxidante apreciável independentemente da temperatura, dentro da gama utilizada. No caso do azeite virgem extra obteve-se um factor de protecção superior a 8,0, substancialmente superior ao valor máximo de 3,0 para o óleo de girassol. Este facto pode ser explicado por o azeite, ao contrário do óleo de girassol, não ser refinado e possuir, por isso, antioxidantes naturais como os tocoferóis. ESB UCP 628 Figura 1 Factores de protecção em função da concentração de extracto para óleo de girassol Figura 2 Factores de protecção em função da concentração de extracto para azeite Figura 3 Factores de protecção em função da concentração de extracto para azeite refinado Figura 4 Valores de índice de peróxido para amostras de óleo de girassol ESB UCP valores a 100°C; valores a 110°C; valores a 120°C; valores a 130°C valores a 110°C; valores a 120°C; valores a 130°C; valores a 140°C; valores a 150°C valores a 110°C; valores a 150°C branco; 1ppm óleo essencial; 10ppm óleo essencial; 100ppm extracto; 1000ppm extracto 629 Quanto ao índice de peróxido, no que diz respeito aos valores obtidos à temperatura ambiente, foi impossível obter resultados conclusivos acerca da actividade do óleo essencial ou do extracto, como se pode ver na Figura 4, muito por culpa da elevada estabilidade dos óleos vegetais utilizados à temperatura ambiente. Apesar de não se poder calcular o tempo de indução, pode-se no entanto ver que tanto os extractos como o óleo essencial manifestam uma ligeira actividade antioxidante no óleo de girassol. Agradecimentos Este trabalho foi parcialmente suportado pelos projectos INIA/PAMAF nº 6008 e ADI/PME - Pharmaoil. Referências [1] GORDON, M.H., E. MURSI, JAOCS 71(1994) 649-651. [2] AOAC Official Methods of Analysis 920.158B (1990) 955-956, AOCS Press. ESB UCP 630 Modificação das propriedades funcionais das farinhas através do melhoramento genético do trigo Brites C. e Bagulho A. S. Estação Nacional de Melhoramento de Plantas, Apartado 6 7350-951 Elvas Resumo As propriedades funcionais das farinhas dependem da variedade de trigo e das características edafo-climáticas do ambiente agrícola. A influência desses factores é avaliada em função das principais utilizações do trigo. A força do glúten está associada às proteínas de reserva do trigo; as variedades de trigo com as gluteninas (HMW) 5+10 apresentam um glúten mais forte e tenaz do que aquelas que têm as subunidades 2+12. A viscoelasticidade do glúten está relacionada com a composição em gluteninas (LMW) do trigo duro. A capacidade de absorção de água das farinhas pode modificar-se através da selecção da textura do grão e das proteínas associadas ao amido e lípidos (puroindolinas a e b) das variedades de trigo mole. As propriedades de solubilização, gelatinização, e retrogradação do amido podem alterar-se através da selecção de trigos com mutações nas enzimas responsáveis pela síntese do amido (amido-sintases ou proteínas “waxy”). Nas variedades de trigo em que as proteínas “waxy” estão ausentes o teor de amilose é reduzido e a gelatinização do amido ocorre a temperaturas mais baixas e com maiores viscosidades. Discutem-se os resultados obtidos com as variedades comerciais de trigo mole e trigo duro e em linhas em fase avançada de melhoramento. ESB UCP 631 ESB UCP 632 ESB UCP 633 Extracellular enzymes utilised by the edible mushroom Pleurotus ostreatus for the breakdown of lignocellulosic wastes produced by agricultural industries Ramos C.1,2, Morais H.1,2, Forgács E.3, Cserháti T.3, Matos N.1, Almeida V.1 and Oliveira J.2 1 2 3 DTPA/EAN, Quinta do Marquês, 2784-505 Oeiras - Portugal GDEH, FCT/UNL, 2825 Monte da Caparica - Portugal CRC, Hungarian Academy of Sciences, Putsztaszeri ut 59-67, Budapest - Hungary Introduction Fungi of the genus Pleurotus cause white-rot of lignocellulosic materials. Some species of this genus have the capacity to remove lignin preferentially, a characteristic relevant to biotechnological delignification processes for feed production and paper-pulp manufacture. They can produce a wide range of extracellular enzymes that enable them to degrade complex lignocellulosic substrates into soluble substances, which can then be absorbed by the mushroom for its growth. The purpose of this work was to study the activities of enzymes (laccase, MnP, LiP, MiP, xylanase, CMC, β-glucosidase) produced during the complete life cycle of P. ostreatus when cultivated in a liquid medium containing lignocellulosic wastes produced by agricultural industries (straw, potato and pepper) and some biochemical characteristics of two purified enzymes (xylanase and β-glucosidase) produced by P. ostreatus. Material and methods Enzyme production: P. ostreatus was cultivated in a liquid medium containing 50 % of wheat straw extract, 40 % of pepper extract and 10 % of potato extract, during 63 days (samples of the medium were collected, with an interval of 7 days). Enzyme assays: MnP and MiP activities were measured in a combined assay and laccase activity was determined following the method described by De Jong et al. (1994); xylanase activity was measured according to Copa-Patiño et al. (1993); b-glucosidase activity was measured according to Wood (1968); for determination of CMC activity the sugar concentration produced was measured by the Somogyi method (Somogyi, 1952). ESB UCP 634 Preparation and purification of enzymes: Purification was performed with a low-performance liquid chromatography (LPLC) system, equipped with an anionic-exchange Fractogel column EMD-TMAE 650 (S) (Merck-Superformance 50-10 mm). Gel electrophoresis and isoelectric focusing: SDS-PAGE was performed by Laemmli (1970) method using ExcelGel“ SDS gradient 818 (Pharmacia Biotech.). Isoelectric focusing (IEF) was carried out on PreCast gels in the pH range from 3.0 to 10.0 [Ampholine“ PAGplate pH 3.5-9.5 (Pharmacia Biotech)]. Biochemical characteristics: The biochemical characteristics of the enzymes were studied for the purified forms. Results and Discussion P. ostreatus produced enzymes during all growth cycle. Fig. 1 shows the evolution of the activity of the enzymes involved in the degradation of lignin, cellulose and hemicelluloses during growth of fungi. LiP activity was not detected at all. Figure 1 Time courses of enzyme activities during P. ostreatus growth. A - CMC and β-glucosidase. B - MiP, MnP, laccase and xylanase A B Separation of proteins was carried out by anionic exchange in a LPLC system. It was possible to obtain purify forms of xylanase and b-glucosidase produced by P. ostreatus. Table I shows molecular masses, pIs, optimal temperature, optimal pH and kinetic parameters from the purified enzymes produced by P. ostreatus. ESB UCP 635 β-glucosidase xylanase Molecular mass (kDa) 50 49 Isoelectric point 7.3 7.8 Optimal temperature (°C) 50 70 Optimal pH 4.0 4.0 Vmáx (U.mL-1) 98* 202.3** Km (mg.mL-1) 0.713* 37.4** Table 1 Some biochemical characteristics of the purified enzymes produced by P. ostreatus β–D-glucopiranoside as enzyme substrate *p-nitrophenil-β **birchwood xylan as enzyme substrate References COPA-PATIÑO J. L.; Y. G. KIM; P. BRODA. 1993. Production and initial characterisation of the xylan-degrading system of Phanerochaete chrysosporium. Appl. Microbiol. Biotechnol. 40: 69-76. DE JONG, E.; J. A. FIELD; A. M. DE BONT. 1994. Aryl alcohols in the physiology of the ligninolytic fungi. FEMS Microbiology Reviews. 13: 153-188. LAEMMLI, U. K. 1970. Cleavage of structural proteins during the assembly of the head of bacteriophage T4. Nature. 227: 680-685. SOMOGYI, M. 1952. Notes on sugar determination. J. Biol. Chem. 195:19-23. WOOD, T. M. 1968. Cellulolytic enzyme system of Trichoderma koningii. Biochem. J. 109: 217-227. ESB UCP 636 Characterization of traditional degrees of sugar boiling: hydroxymethylfurfural (hmf), 5-methylfurfural and 2-furaldheyde Quintas M. and Silva C. L. M Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa Summary Thermal degradation of sucrose produces, among others, hydroxymethylfurfural, a colouring and flavouring compound, that can be further degraded into 5-methylfurfural and 2- furaldheyde (furfural). The research reported in this paper is concerned with the content in these compounds of the syrups traditionally used in Portuguese pastry. The method used to quantify these compounds is HPLC with diode array detection. Results indicate the presence of hydroxymethylfurfural and furfural in the syrups produced at 168 and 180°C. Introduction The traditional Portuguese pastry is very rich and diversified. There is, however, an “ingredient” that is common to many formulations: sugar boils. These sugar boils are made of a mixture of 3 parts of sugar (sucrose) and 1 part of water, that is heated in an open pan to relatively high temperatures. There are thirteen different syrups, which only differ in the heating temperature and, when this temperature is high enough, in the final water content (Table 1). Very little is known about these widely used syrups. The goal of this research is to characterise the composition of the traditional sugar boils, used in the pastry industry, and later use this information to develop new “sugar free” formulations to substitute these boils. Thermal degradation of sucrose has been studied by several authors [2,3,4]. Sucrose is degraded into fructose and glucose and at high temperatures breakdown products, such as hydroxymethylfurfural (HMF), are formed, causing coloration and characteristic caramel flavour[1]. The reaction, which initiates the thermal degradation of the monosaccharides, fructose and sucrose, is the enolisation, known as the Bruijn van Eckenstein rearrangement. When the temperature is high enough, HMF can be further degraded into products such as 5-methylfurfural and 2-furaldheyde (furfural)[5]. ESB UCP 637 Name Traditional Test * Observation * Approx.Temp. (°C) 103 Thread (gloss) A Thin strands Large Thread (Large gloss) A Stronger and more strands 104 Small Pearl B Forms small droplets 105 106 Large Pearl B Forms large droplets Blow (soufflé) C Bubbles set on syrup 110 Feather B Forms feathery hard strands 111 Small Ball B Syrup forms soft ball 116 Large Ball B Syrup forms hard ball 120 Light Crack B Forms thin sheet 129 Medium Crack B Sheet forms, slightly brittle 133 Hard Crack B Rapidly formed sheet 143 Extra Hard Crack B Sheet shows signs of browning 168 Caramel B Brown brittle sheet forms 180 Table 1 The Traditional Degrees of Sugar Boiling (from Lees & Jackson [1]) * traditional test used before the general availability of thermometers: A - Place sample, of cooked syrup, between two wetted fingers and open; B - Dip finger or spatula in water, then in portion of boil, return to cold water; C - Blow on spatula dipped in syrup Previous research carried out in our group [6] indicated that sucrose degraded only in the syrups prepared at 168 and 180°C. These boils presented also colour and distinctive aroma formation. The study presented in this paper was conducted to investigate the content in HMF, 5-methylfurfural and furfural (using HPLC) in syrups that presented sucrose degradation. Methods Samples of sugar syrups were prepared, following traditional recipes, and were injected in a Beckman System Gold with a Waters Spherisorb®S5 ODS2 column, using a acetonitrile/water (60:40) mobile phase running at 1.2 ml/min. The peaks were detected using a diode array detector and analysed at a wavelength of 284 nm [7]. Standard solutions of hydroxymethylfurfural, 5-methylfurfural and 2-furaldheyde were prepared and analysed. Results and Discussion Within the experimental conditions, the separation of HMF, furfural and 5-methylfurfural was achieved and the retention times identified were 2.22, 3.33 and 4.10 minutes, respectively. The results from the HPLC analysis of the samples show the presence of HMF (peak at 2.22 min) and furfural (peak at 3.33 min) in the traditional syrups prepared at 168 and 180°C. ESB UCP 638 The chromatograms did not revealed a peak at 4.10 min, indicating the absence of 5methylfurfural in the samples. The concentrations of HMF and furfural determined in the samples are presented in Table 2. Table 2 Concentrations of HMF and furfural determined in the sugar boils prepared at 168 and 180°C Temp. (ºC) CHMF (g/g) Cfurfural (g/g) 168 7.78E-05 4.28E-06 180 4.52E-03 1.68E-04 References [1] LEES, R., JACKSON, E.B., 1975, Sugar Confectionery and Chocolate Manufacture, Chemical Publishing, New York [2] PONCINI, L., 1980, Thermal Degradation of Sucrose in Solution – A Review, The Int. Sugar J., 332-335 [3] MANLEY-HARRIS, M., RICHARDS, G.N., 1996, Di-D-Fructose Dianhydrides and Related Oligomers from Thermal Treatments of Inulin and Sucrose, Carbohydrate Research, 287, 183-202 [4] DEFAYE, J., GARCÍA FERNANDEZ, J.M., 1995, The Oligosaccharide Components of Caramel, Zuckerindustrie, 120 (8), 700-704 [5] KROH, L.W., 1994, Caramelisation in Food and Beverages, Food Chem., 51, 373379 [6] QUINTAS, M., SILVA, M.F.B., SILVA, C.L.M, 2001, Characterization of Traditional Degrees of Sugar Boiling: Sucrose Degradation and Water Content – presented as a poster in III Congresso Ibero Americano de Ingeniería dos Alimentos, March 2001, Valencia, Spain. [7] HO, P., HOGG, T. A., SILVA, M.C.M., 1999, Application of a Liquid Chromatographic Method for the Determination of Phenolic Compounds and Furans in Fortified Wines, Food Chem., 64, 115-122 Acknowledgements Authors would like to acknowledge Ligia Lobo and Luis Ribeiro for their precious help for the experimental work. Author M. Quintas would like to thank Praxis XXI Ph.D. grant BD/20057/99 to Fundação para a Ciência e Tecnologia – Ministério da Ciência e Tecnologia. ESB UCP 639 Desenvolvimento de novas formulações de recheio para bombons de chocolate Caeiro Portela Rosa J.1, Ferreira-Dias S.2, Moldão-Martins M.2, Guimarães de Almeida M. H.1 Departamento de Agro-indústrias e Agronomia Tropical, 1 Secção de Agronomia Tropical e Subtropical; 2 Secção de Tecnologia de Alimentos, Instituto Superior de Agronomia, Tapada da Ajuda, 1349-017 Lisboa Introdução A procura cada vez maior de novos produtos pelos consumidores, induz a que as empresas estejam constantemente a inovar as suas gamas de oferta habituais. Este trabalho foi realizado em colaboração com a fábrica “Avianense” com o objectivo de criar um novo recheio para bombom aromatizado com Vinho do Porto. Os estudos atenderam não só às características organolépticas pretendidas para o recheio, como também às características tecnológicas do equipamento actualmente existente na fábrica. O trabalho desenvolveu-se em três etapas: 1) Ensaios preliminares com vista a determinar o tipo de fórmula que melhor respondia aos objectivos propostos; 2) Optimização da fórmula utilizando diferentes concentrações e tipos de Vinho do Porto. A selecção da formulação definitiva foi baseada nos resultados de análise sensorial; 3) Adaptação da fórmula criada em laboratório à escala industrial. Material Cobertura dos bombons: Chocolate de leite e chocolate de cobertura. Recheio: sacarose sob a forma comercial de açúcar branco em pó; glucose 80 DE; ácido cítrico p.a.; pectina de baixo metoxilo, invertase; Vinho do Porto Original Tawny (Osborne Portugal), Ruby Porto e Founders Reserve (ambos da Sandman & Ca., SA). Métodos Ensaios de formulação: 1. Estudos preliminares: Fez-se variar a concentração da pectina e o teor de sólidos solúveis, de forma a obter uma “fórmula base” que se aproximasse do tipo de recheio pretendido. ESB UCP 640 2. Optimização da “fórmula base”: foi realizada por duas fases em que apenas se introduziu modificações no ingrediente Vinho do Porto. A avaliação dos produtos confeccionados foi feita por análise sensorial. Na primeira fase, fez-se variar a concentração do Vinho do Porto mantendo constante o tipo de vinho (Original Tawny). O recheio foi sujeito a análise sensorial, isolamente e também incorporado em bombons confeccionados no laboratório. Na segunda fase, fez-se variar o tipo de Vinho do Porto (Original Tawny, Ruby Porto e Founders Reserve) adoptando a concentração seleccionada na fase anterior. Análise sensorial: O painel de provadores foi constituído por 15 elementos, grupo deliberadamente muito heterogéneo que incluía pessoas com diferente experiência em provas sensoriais. As amostras foram analisadas segundo provas de ordenação de preferência, as quais são definidas como um teste em que uma série de três ou mais amostras é apresentada a um provador ao mesmo tempo e que terá que ser ordenada de acordo com um atributo específico. A análise estatística dos resultados das sessões de provas realizadas durante a primeira fase dos estudos de optimização da “fórmula base” foi feita recorrendo ao teste de Page, uma vez que há uma ordem das amostras de recheio em função da concentração de Vinho do Porto. Os resultados da segunda fase de optimização foram analisados através do teste de Friedman já que, ao contrário do caso anterior, não existe uma ordem pré-determinada das amostras. Resultados e discussão Quando os recheios foram provados individualmente, durante os estudos de optimização da concentração do Vinho, os provadores conseguiram distinguir entre as diferentes concentrações de Vinho do Porto. Contudo, o mesmo não aconteceu quando se apresentou os recheios incorporados em bombons. Foi evidente que a presença do chocolate dificultou a detecção da diferença da concentração de Vinho do Porto, o que se deverá ao facto de o chocolate apresentar uma intensidade de flavour muito superior ao do recheio, o que tem a ver com respectiva composição em compostos do flavour. De acordo com esta prova, qualquer concentração de Vinho do Porto, de entre as utilizadas, poderia ser usada para seleccionar o Vinho do Porto. ESB UCP 641 Os resultados obtidos durante o estudos de selecção do tipo de Vinho mostraram que qualquer um dos três tipos de Vinho do Porto pode ser usado na confecção destes bombons, já que não foram detectadas sensorialmente diferenças entre eles. Adaptação da fórmula obtida no laboratório à escala industrial Os ensaios foram realizados na máquina de sistema “one-shot”, que é usada na elaboração dos bombons recheados da Avianense. Utilizou-se, no recheio, o Vinho do Porto Founders Reserve e uma cobertura de chocola